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FISIOLOGIA: RESPIRAÇÃO 1 Ventilação Pulmonar A respiração pode ser dividida em 4 componentes principais: • Ventilação pulmonar: inspiração e expiração • Difusão de O2 e CO2 entre os alvéolos e o sangue • Transporte desses gases pelo sangue e líquidos corporais e suas trocas com os tecidos • Regulação da ventilação Determinantes do volume pulmonar Os pulmões contêm fibras elásticas que se estiram quando alguma pressão é exercida sobre eles, aumentando o volume dos pulmões; quando essa pressão é removida, esse órgãos se retraem passivamente, diminuindo o seu volume (e expulsando o seu conteúdo). Os pulmões e a caixa torácica se movem em conjunto; assim, a expansão dessa cx. causará uma pressão nos pulmões para que ocorra a sua expansão também. Expansão e contração dos pulmões Os pulmões podem fazer tais ações de 2 maneiras: • Movimentos de subida e descida do diafragma → aumenta (↑) ou diminui (↓) a cavidade torácica (respiração tranquila) ❖ Inspiração: diafragma contrai e puxa as superfícies inferiores dos pulmões para baixo ❖ Expiração: diafragma relaxa e a retração elástica dos pulmões, da parede torácica e das estruturas abdominais comprime os pulmões e expele o ar. Na respiração vigorosa, a musculatura abdominal empurra o conteúdo abdominal contra a parte inferior do diafragma, comprimindo ainda mais os pulmões, potencializando a expiração. • Elevação e depressão das costelas por outros músculos → ↑ ou ↓ o diâmetro anteroposterior da cavidade torácica. Isso se deve, pois as costelas de inclinam para baixo, logo, a elevação essa estruturas faz com que o esterno e se projete para a frente (mais longe da coluna), aumentando o diâmetro anteroposterior do tórax e potencializando a inspiração. ❖ Músculos elevadores da caixa torácica (inspiração): intercostais externos, ECMs (elevam o esterno), serráteis anteriores (elevam as costelas) e escalenos (elevam a 1º e 2º costelas) ❖ Músculos que deprimem a caixa torácica (expiração): reto abdominal (puxa as costelas para baixo e comprime o conteúdo abdominal contra o diafragma) e intercostais internos PRESSÕES PULMONARES Como dito, os pulmões são estruturas elásticas, como balões, que colapsam e expelem todo o ar quando não existe mais forças para mantê-los inflados. Os pulmões flutuam na cavidade torácica cercado pelo líquido pleural (presente na cavidade pleural), que lubrifica os movimentos dos pulmões dentro da cavidade. Além disso, a sucção contínua do excesso de líquido da cavidade pleural para os canais linfáticos mantém leve tração entre a superfície visceral da pleura pulmonar e a superfície parietal da pleura da cavidade torácica. Portanto, os FISIOLOGIA: RESPIRAÇÃO 2 pulmões são presos à parede torácica, como se estivessem colados; no entanto, eles estão bem lubrificados e podem deslizar livremente quando o tórax se expande e contrai. Pressão pleural É a pressão do líquido pleural. Ela é uma espécie de sucção ligeira causada pela absorção do líquido em excesso pelos vasos linfáticos, que tem pressão no sentido da inspiração (pleura visceral → pleura parietal), ou seja, no sentido para a expansão dos pulmões. Pode ser tida também como a pressão que o líquido pleural exerce sobre o pulmão. OBS! Todas as pressões pulmonares são convencionadas de acordo com a pressão atmosférica; logo, pressões menores que a atmosférica são negativas. As pressões negativas permitem a expansão pulmonar, pois o ar sairá da pressão de 0 cmH2O da atmosfera para a região de menor pressão, que será os pulmões, causando sua expansão. A pressão pleural no início da inspiração é cerca de -5 cmH2O que é a quantidade de sucção necessária para manter os pulmões abertos no seu nível de repouso (evita o colabamento do pulmão com a sua retração elástica). Quando ocorre a expansão dos pulmões, essa pressão aumenta para -7,5 cmH2O, pois ocorre a expansão da caixa torácica, que leva a um “vácuo” criado entre a pleura parietal (conectada à caixa torácica) e a pleura visceral (conectada aos pulmões), diminuindo, portanto, a pressão pleural; dessa forma, a pressão atmosférica promove a expansão dos pulmões, devido à diminuição da pressão pleural. A medida que os gases fluem pelas vias aéreas, a pressão pleural vai aumentando e dificultando a entrada de mais ar. Na expiração, o relaxamento do diafragma causa a compressão do espaço pleural, que torna a pressão pleural menos negativa. Pressão alveolar A pressão alveolar é determinada pela pressão que o ar dentro dos pulmões exerce sobre os alvéolos. Quando a glote está aberta e não existe fluxo de ar nos pulmões, as pressões em todas as partes da árvore respiratória são iguais à pressão atmosférica (0 cmH2O). No início da inspiração, a pressão pleural mais negativa é transmitida para o tecido pulmonar e resulta na redução da pressão alveolar. Quando a pressão alveolar cai abaixo de 0 (diminuindo até -1 cmH2O), ocorre a entrada de cerca de 0,5 L de ar para os pulmões, pois a pressão atm. > pressão alveolar, criando um gradiente de pressão que causa a entrada de ar nos pulmões. Na expiração, a pressão alveolar sobre para +1 cmH2O, devido ao aumento da pressão pleural e das forças de retração elástica dos pulmões, forçando a saída do ar inspirado. OBS! Pressão Transpulmonar: é a diferença de pressão entre os alvéolos e as superfícies externas dos pulmões (pressão pleural), sendo medida das forças elásticas nos pulmões que tendem a colapsá-los a cada instante da respiração, a chamada pressão de retração. A pressão transpulmonar máxima determina a expansão dos pulmões, pois há uma pequena pressão pleural e a pressão alveolar é menor que a pressão atmosférica. Durante a inspiração, a pressão alveolar vai aumentando pelo fluxo de ar atmosférico que vai igualando as pressões atmosférica e alveolar; a p. pleural continua a diminuir pela expansão torácica. Na expiração, com o aumento da pressão pleural, a retração elástica pulmonar e a atividade dos músculos expiratórios, há o aumento da pressão do ar que está nos alvéolos, ou seja, a p. alveolar; sendo assim, o ar flui do lugar de maior pressão (pressão alveolar) para o de menor pressão (p. atmosférica), causando a saída do ar dos pulmões. Gráfico que demonstra como ocorre a respiração. Na inspiração, há o aumento da caixa torácica Complacência pulmonar É a medida do quão facilmente o pulmão se distende de acordo com as suas propriedades elásticas. A complacência pulmonar (Cp) é definida como a mudança do volume pulmonar que resulta de mudança de 1 cmH2O na pressão de distensão do pulmão. A complacência dos pulmões em um adulto é de 200 mL de ar por cmH2O, mas esse valor varia com o volume pulmonar. Uma CP ↑ (elevada) significa um pulmão distensível; já uma CP ↓ significa um pulmão rígido. FISIOLOGIA: RESPIRAÇÃO 3 Assim, a CP pode ser tida por CP = ΔVolume/ ΔPressão, sendo que a variação de pressão pode ser total ou apenas da pressão pleural, no qual, esta última, forma o diagrama de complacência dos pulmões, apresentando duas curvas: curva de complacência inspiratória e curva de complacência expiratória. As características do diagrama de complacência são determinadas pelas forças elásticas dos pulmões, que podem ser divididas em duas partes: • Força elástica do tecido pulmonar propriamente dito → fibras de elastina e de colágeno entrelaçadas no parênquima pulmonar. Forma 1/3 da elasticidade pulmonar total • Forças elásticas de tensão superficial → força elástica causada pela tensão superficial que se forma dentro dos alvéolos, no contato entre água-ar, que cria uma membrana contrátil de tensão superficial que faz força para o alvéolo colabar, expulsando o ar que está dentro. Forma 2/3 da elasticidade pulmonar total Surfactante O surfactante é um agente ativo da superfície da água que ↓ a tensão superficial (e, portanto, a força elástica queela cria nos alvéolos); ele é liberado por células epiteliais especiais dos alvéolos, chamadas de células especiais alveolares tipo II (ou pneumócitos tipo II), que são células granulares, com inclusões lipídicas. O surfactante é formado por uma mistura complexa de vários fosfolipídeos, proteínas e íons. Os componentes mais importantes são o fosfolipídeo dipalmitoilfosfatidilcolina, as apoproteínas surfactantes e os íons cálcio EFEITO DA CAIXA TORÁCICA A complacência de todo o sistema pulmonar (dos pulmões e da caixa torácica juntos) é quase o dobro da do pulmão isolado. VOLUMES E CAPACIDADES PULMONARES A ventilação pulmonar pode ser estudada por meio da espirometria, o qual utiliza a ferramenta do espirômetro. Os pulmões apresentam diferentes volumes que podem ser classificados: • Capacidade Pulmonar Total (CPT): é o volume o total de ar que pode ser contido nos pulmões. CPT = CV + VR • Capacidade Vital (CV): volume total de ar exalado desde a máxima inspiração até a máxima expiração → volume total que pode ser movido. • Volume Residual (VR): ar remanescente no pulmão após a expiração completa → volume que sempre está retido nos pulmões • Capacidade Residual Funcional (CRF): também chamada de volume de repouso, é o vol. de ar no pulmão, ao fim de uma expiração, na respiração calma. CRF = VR + VRE • Volume de Reserva Expiratório (VRE): volume de pode ser expirado da CRF até sobrar só o VR • Volume Corrente (VC): volume de ar inspirado ou expirado, em cada respiração normal • Volume de Reserva Inspiratório (VRI): volume extra de ar que pode ser inspirado, além do volume corrente normal, quando a pessoa inspira com força total • Capacidade Inspiratória (CI): é a capacidade inspiratória, começando a partir do nível expiratório normal até o final. CI = VC + VRI FISIOLOGIA: RESPIRAÇÃO 4 OBS! A proporção VR/CPT é utilizada para verificar doenças; geralmente, em uma pessoa normal a proporção é de 0,25 De acordo com os volumes e capacidades, diversas funções podem ser feitas, como: A CPT é determinada quando os músculos da cx. torácica ficam incapazes de gerar força para distender ainda mais essa estrutura; já o VR é tido quando os músculos expiratórios também não apresentam mais força. Além disso, a CRF é determinada pelo balanço entre a pressão de retração gerada pelo parênquima pulmonar (retração interna → para dentro, no sentido de colabamento dos pulmões) e a pressão gerada pela caixa torácica para aumentar o seu volume (retração externa → para fora, no sentido de expansão dos pulmões, já que a cx. torácica não colaba). Em uma situação de enfraquecimento dos músculos torácicos, a CRF diminui, pois, a pressão de retração elástica pulmonar > força muscular da caixa torácica. Volume respiratório-minuto A ventilação-minuto é a quantidade total de novo ar levado para o interior das vias aéreas a cada minuto e é igual ao volume corrente multiplicado pela frequência respiratória por minuto. O volume corrente normal é cerca de 500 mililitros, e a frequência respiratória normal é de aproximadamente 12 respirações por minuto. Portanto, a ventilação-minuto é, em média, de 6 L/min. VENTILAÇÃO ALVEOLAR Espaço morto Parte do ar que a pessoa respira nunca chega às áreas de trocas gasosas, pois ficam nos locais como nariz, faringe e traqueia (não realizam as trocas → espaço morto). Então, esse é o ar do espaço morto; ele é o primeiro a ser expirado, antes de qualquer ar dos alvéolos alcançar a atmosfera. Para calcular o volume do espaço morto a pessoa deve inspirar rapidamente O2 a 100%, ocupando todo o espaço morto. Então, a pessoa assopra esse volume em um medidor de nitrogênio. No início da expiração, o medidor de nitrogênio não mostrará nada, pois haverá apenas a expiração do O2 presente no espaço morto; depois de um tempo, os níveis de N2 começam a subir, pois o ar presente nos alvéolos é rico em nitrogênio; por conseguinte, a [N2] chega ao seu limite máximo e mantém estável, que significa toda a lavagem do ar morto. Destacando todo esse processo no gráfico, temos: Assim, podemos utilizar a equação para descobrir o volume: Vm é o volume de ar do espaço morto e VE é o volume total de ar expirado. Volumes aumentados de espaço morto podem indicar a redução de alvéolos funcionantes ou redução do fluxo sanguíneo pelos capilares pulmonares. Ventilação alveolar É o volume total de novo ar que entra nos alvéolos e áreas adjacentes de trocas gasosas a cada minuto. É igual à frequência respiratória vezes a quantidade de ar novo que entra nessas áreas a cada respiração. VA é o volume de ventilação alveolar por minuto, Freq é a frequência da respiração por minuto, VC é o volume corrente e VM é o volume de espaço morto FUNÇÕES DAS VIAS RESPIRATÓRIAS Traqueia, Brônquios e Bronquíolos O ar é distribuído nos pulmões por essas estruturas. A principal função delas é de evitar o colapso delas mesmos; para isso, elas apresentam: • Traqueia: múltiplos anéis cartilaginosos formam as traqueias • Paredes brônquicas: placas cartilaginosas encurvadas menos extensas que mantêm a rigidez dessas paredes • Bronquíolos: são mantidos expandidos pelas mesmas pressões transpulmonares que expandem os alvéolos A resistência aérea na árvore brônquica é muito grande, principalmente nos bronquíolos maiores e brônquios adjacentes à traqueia, por existirem poucas estruturas dessas. Em algumas condições patológicas, os bronquíolos menores têm papel muito maior na determinação da resistência ao fluxo aéreo, por causa de seu pequeno diâmetro e por serem facilmente ocluídos por FISIOLOGIA: RESPIRAÇÃO 5 (1) contração muscular de suas paredes; (2) edema que ocorre em suas paredes; ou (3) acúmulo de muco no lúmen dos bronquíolos. A arvore brônquica sofre de certo controle simpático e parassimpático. • Simpático: a liberação de norepinefrina e epinefrina na corrente sanguínea causa a estimulação de receptores betadrenérgicos, que levam à dilatação da árvore brônquica, devido à musculatura lisa da sua parede • Parassimpático: fibras oriundas do nervo Vago penetram no parênquima pulmonar; elas secretam acetilcolina e provocam constrição dos bronquíolos Outras substâncias liberadas pelo próprio tecido pulmonar, como histamina e a substância de reação lenta da anafilaxia, liberadas pelos mastócitos em processo alérgicos, causam a vasoconstrição das vias aéreas.
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