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Introdução à economia ALEKSANDRA SLIWOWSKA BARTSCH 1ª Edição Brasília/DF - 2018 Autores Aleksandra Sliwowska Bartsch Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário Organização do Livro Didático....................................................................................................................................... 4 Introdução ............................................................................................................................................................................. 6 Capítulo 1 Conceito de Economia ................................................................................................................................................ 7 Capítulo 2 Sistemas Econômicos ................................................................................................................................................16 Capítulo 3 Microeconomia ............................................................................................................................................................27 Capítulo 4 Macroeconomia ...........................................................................................................................................................36 Capítulo 5 Economia Internacional ...........................................................................................................................................66 Capítulo 6 Economia do Setor Público .....................................................................................................................................79 Referências ..........................................................................................................................................................................94 4 Organização do Livro Didático Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Cuidado Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. Importante Indicado para ressaltar trechos importantes do texto. Observe a Lei Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, a fonte primária sobre um determinado assunto. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. 5 ORganIzaçãO DO LIvRO DIDátICO Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Posicionamento do autor Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. 6 Introdução Querendo ou sem querer, a Economia dita os nossos passos. Precisamos de dinheiro para viver. Precisamos também saber administrar esse dinheiro, a fim de que possamos ter nossas necessidades atendidas. Outra necessidade é fazer com que parte do que ganhamos sobre no final do mês. Poupar é uma arte, assim como multiplicar o que ganhamos. A Economia é uma ciência da vida. Engloba tanto os indivíduos quanto os países e está em permanente transformação. Nossas necessidades mudam, catástrofes acontecem, previsões se alteram. Estar atento ao mundo em permanente transformação é uma necessidade para que, como profissionais, possamos conduzir nossa empresa pelo caminho tão almejado da lucratividade. Mas a Economia não é movida apenas pelo lucro. Tem como metas o alto nível de emprego, nível de preços estável, eficiência, distribuição equitativa de renda, crescimento e desenvolvimento. Esse último envolve não só a questão econômica, como, também, questões ligadas ao bem-estar das nações como segurança, educação, infraestrutura. No final desta disciplina, você estará apto a entender como as medidas adotadas pelo governo podem afetar-lhe diretamente, bem como espera-se que se sinta motivado a contribuir com seu conhecimento para o desenvolvimento sustentado do Brasil do presente e das futuras gerações. Objetivos » Entender o conceito de Economia. » Compreender as diferenças entre a postura econômica de países e indivíduos. » Conhecer a evolução histórica dos sistemas econômicos. » Avaliar os impactos de políticas econômicas, oriundas da macroeconomia e da microeconomia nas empresas e nas decisões individuais. » Compreender a importância da economia internacional e do papel do estado para o bom funcionamento de empresas e da sociedade. 7 Introdução Neste primeiro capítulo você será apresentado ao estudo da Economia, que é uma ciência relativamente jovem, que teve seu marco em 1776. Será abordado o conceito da disciplina, bem como algumas definições da Economia. Você também conhecerá as metas almejadas pelos economistas, a saber: alto nível de emprego, nível de preços estável, eficiência, distribuição equitativa de renda e crescimento/desenvolvimento. Também será abordada a divisão do estudo dessa ciência, que busca equalizar desejos ilimitados com recursos escassos, visando sempre ao bem-estar da população e à riqueza das nações. Objetivos » A Economia é uma ciência humana, a qual tem no homem a sua principal variável, que muda constantemente. » A Teoria Econômica divide-se em Macroeconomia e Microeconomia, que possuem uma série de subdivisões, procurando atender, cada uma com políticas específicas, às necessidades de indivíduos, empresas e nações. » A Economia é a ciência da escassez, que obriga aos agentes considerarem ininterruptamente as questões do que será produzido e de que maneira, bem como quem será o demandante. 1CAPÍTULOCOnCEItO DE ECOnOMIa 8 CAPÍTULO 1 • COnCEItO DE ECOnOMIa Figura 1. Desejos ilimitados, recursos escassos... Fonte: <http://outraspalavras.net/posts/cronicas-do-consumismo-a-entrada-de-dezembro/>. Você já parou para pensar que somos eternamente insatisfeitos? Sim, é verdade! Se você trabalha, lembre-se de quando ganhou seu primeiro salário. Com certeza, você se sentiu o máximo, com o poder em suas mãos. Comprou várias coisinhas, mas... com o fim da euforia inicial, certamente aqueles itens tão festejados foram, aos poucos, perdendo a importância, e você começou a sonhar com outros produtos. Algum problema? Nenhum para você, mas para a economia, sim, pois enquanto nossos desejos são ilimitados, os recursos são absolutamente escassos. É exatamente esse o grande problema que a economia procura resolver e que não é tarefa fácil. Isso porque se pararmos para pensar, necessidades básicas podem ser resumidas em dois pares de sapato, duas mudas de roupa, um prato de arroz e feijão e uma casa que não precisa ser nossa, precisamos apenas ter dinheiropara pagar o aluguel. Assim, nada mais é necessário, o restante é desejo. E, para o desejo, o céu é o limite. E os recursos? Esses englobam terra, capital e trabalho. São finitos e, além de nos ajudarem a realizar nossos desejos, precisam buscar atingir cinco metas básicas da Economia que são: alto nível de emprego Um dos primeiros sinais de que algo está errado é o aumento do desemprego. Maior desemprego significa menos gente recebendo salários e um consumo menor. Por outro lado, quando se atinge essa meta, mais pessoas passam a ter uma renda e a comprar mais. Quando o setor produtivo vende mais, torna-se interessante investir, comprar mais máquinas, mais matérias-primas para produzir mais. Claro que alguém precisa operar essas máquinas, trabalhar para que mais produtos sejam colocados no mercado. Então, mais trabalhadores serão necessários, ou seja, trabalho gera renda, que gera trabalho, que leva ao crescimento. nível de preços estável Preços estáveis contribuem para o equilíbrio da economia que é fundamental para um crescimento sustentado. Você se imagina fazendo um crediário para os próximos 12 meses se a cada dia 9 COnCEItO DE ECOnOMIa • CAPÍTULO 1 ou a cada semana o preço aumenta? Isso é inflação, que pode ser definida como o aumento sistemático de preços. E, acredite, até 1994 essa era exatamente a situação em que os brasileiros se encontravam, com preços subindo duas, três vezes ao dia! Impossível planejar qualquer coisa em longo prazo. Figura 2. Fonte: <http://odia.ig.com.br/noticia/economia/2015-03-08/com-alta-da-inflacao-e-necessario-planejar-orcamento-e- quitar-as-dividas.html>. Pois é, como vemos na figura, o ano de 2015 começou com os brasileiros tendo de apertar os cintos, inflação, desemprego. Cenário pessimista, na contramão do que é positivo para a economia. Quando os preços sobem, a incerteza aumenta também. E a incerteza é inimiga do investimento, do crescimento. Do ponto de vista pessoal, é bom lembrar que, em momentos assim, é fundamental planejar a partir do conhecimento de todos os gastos. Além disso, sintonizar o orçamento doméstico com a atividade econômica, cortando despesas, fugindo dos gastos desnecessários, não comprometendo a renda com parcelamentos longos e procurando aposentar o máximo possível o cartão de crédito, pois o que os olhos não veem, o coração não sente, mas o banco sempre lembra e manda a fatura! Outro ponto é procurar economizar ao máximo, seja substituindo alimentos mais caros por produtos similares, com preços mais em conta, e na hora da tentação da compra se perguntar: “eu preciso?”. Agora, se você já estiver 10 CAPÍTULO 1 • COnCEItO DE ECOnOMIa inadimplente, a regra é partir para a renegociação. Os credores sempre preferem receber parcelas menores que nada. Então, não se esconda, encare-os e proponha valores que você possa pagar! Eficiência Aqui estão em jogo dois conceitos: eficiência técnica e eficiência alocativa. A eficiência técnica busca produzir mais, utilizando menos recursos. Então, quanto menos terra, capital e trabalho você precisar para produzir um produto, mais eficiente tecnicamente você será. Mas, também é necessário fazer as escolhas certas, possuir eficiência alocativa. Por exemplo, a sociedade brasileira encontra-se cada vez mais em processo de envelhecimento, logo, reorientar os produtos, as cidades, os serviços para essa faixa da população é um exemplo de busca pela eficiência alocativa. Acertar nas escolhas é um pouco mais complicado. Depende de pesquisa, de investimentos, de mão de obra qualificada, para sempre procurar produzir bens de valor agregado mais alto e lucrar mais com isso. Distribuição equitativa de renda Veja! Não é distribuição igualitária de renda. Não é todo mundo ganhando a mesma coisa. Um assistente administrativo não deve ganhar a mesma coisa que um presidente de uma empresa, mas, de acordo com essa meta, a renda precisa permitir com que aqueles que a recebem tenham uma vida digna, com acesso a moradia, alimentação e educação de qualidade. Infelizmente, essa situação não tem sido realidade no Brasil. Segundo a Receita Federal, de 2012 para 2013, os brasileiros com renda mensal superior a 160 salários mínimos e que corresponde a 0,3% dos declarantes de IR – concentrou, em 2013, 14% da renda total e 21,7% da riqueza, totalizando rendimentos de R$ 298 bilhões e patrimônio de R$ 1,2 trilhão. Se adicionarmos a esse grupo aqueles com renda mensal acima de 80 salários mínimos, chega-se a 208.158 brasileiros (0,8% dos contribuintes), que respondem, sozinhos, por 30% da riqueza total declarada à Receita. Crescimento/desenvolvimento Uma das medidas de crescimento de uma economia é o aumento do PIB, que é o somatório das riquezas produzidas pelo País. Mas, é fundamental que essa riqueza seja redistribuída entre seus habitantes, bem como que seja convertida em saúde, educação, segurança, mobilidade urbana. Quando isso ocorre, diz-se que o país se desenvolveu. Em 2015, entretanto, o Brasil perdeu uma posição no ranking que mede o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos países e ficou em 75º lugar em 2014, segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre 188 países, sendo superado pelo Sri Lanka. A busca pelo atingimento dessas metas não é tarefa fácil, envolve, como foi dito no início deste capítulo, a utilização de recursos que são finitos e cuja dinâmica ajuda a definir a Economia segundo Paul A. Samuelson, por exemplo, que diz 11 COnCEItO DE ECOnOMIa • CAPÍTULO 1 A Economia é a ciência que se preocupa com o estudo das leis econômicas indicadoras do caminho que deve ser seguido para que seja mantida em nível elevado a produtividade, melhorado o padrão de vida das populações e empregados corretamente os recursos escassos. E segundo Rossetti: Não houvesse escassez nem necessidade de repartir os bens entre os homens, não existiriam tampouco sistemas econômicos nem Economia. A Economia é, fundamentalmente, o estudo da escassez e dos problemas dela decorrentes. Figura 3. Fonte: <http://apartamento38.com/dieta-da-maca/>. Pode-se, ainda, dizer, tranquilamente, que quando nas Sagradas Escrituras Deus, ao expulsar Adão do paraíso, disse que ele viveria do suor do seu rosto, estava definido o início da Economia, pois para não morrer de fome, o homem teve de aprender a usar os recursos a seu favor: produzir, coletar, caçar, gerar trabalho, enfim, transformar os bens da natureza para a sua utilidade, transformar os recursos disponíveis em riqueza. E, para equalizar metas, desejos e escassez, a economia formula três questões fundamentais: o que e quanto, como e para quem produzir, o que não é tarefa das mais fáceis, uma vez que diferentes variáveis têm impactado as decisões de empresas e da sociedade em geral. Evolução histórica da Economia A ciência econômica tem início formalmente em 1776, quando Adam Smith publica, na Inglaterra, A Riqueza das Nações, neste livro o autor defende a ideia da economia de mercado e o governo apenas para prover educação e segurança pública para os cidadãos. A Economia já existia há muito tempo. Aristóteles (384-322 a.C.), foi considerado o primeiro analista econômico, embora na sua época a Economia fosse considerada como a ciência da administração da comunidade doméstica. A palavra economia vem do grego (oikonomia, de oikos = casa, nomos = lei). Tratava-se, pois, de um ramo do conhecimento destinado a abranger apenas o campo da atividade econômica, 12 CAPÍTULO 1 • COnCEItO DE ECOnOMIa em suas mais simples funções de produção e distribuição. Como a teria definido Aristóteles, a Economia era “a ciência do abastecimento, que trata da arte da aquisição”. Da Antiguidade à Renascença, as questões econômicas assumiram gradualmente maior importância, com o aparecimento de formas de organização mais complexas que as do primitivo regime de comunidades domésticas. Nesse período, foram abundantemente discutidos os sistemas da posse territorial, a servidão, a arrecadaçãotributária, a organização das corporações de possessores, dos artífices e das fraternidades, a exploração pré-capitalista das fazendas e, ainda, as questões relacionadas à concessão de mercados, ao comércio inter-regional, às guildas e à cunhagem e emprego de moedas. Todavia, as dimensões da Economia só se alargariam no período pós-renascentista, quando o desenvolvimento dos novos Estados-nações da França, Alemanha, Inglaterra, Espanha e Portugal e, particularmente, a descoberta da América impuseram a necessidade de a Análise Econômica se desligar das questões puramente éticas, às quais se mantivera ligada como que por um cordão umbilical e pelas quais se deixara eclipsar durante longos séculos. Nesse novo período, os escritores mercantilistas desenvolveriam diversos estudos sobre a administração dos bens e rendas do Estado, ampliando-se, então, de forma extraordinária, o campo de ação da Economia. Esse grande salto, porém, não seria definitivo, pois só no século XVIII é que a Economia iria desenvolver-se e ingressar em sua fase científica. Naquele século, considerado como a Idade da Razão ou a Época do Iluminismo, os pensadores econômicos procurariam reformular os princípios fundamentais da Economia. Duas importantes obras foram publicadas, em 1758 e 1776: Tableau Économique, de François Quesnay, e An lnquiry into the Nature and Causes of the Wedth of Nations, de Adam Smith. A partir das obras desses dois autores – fundadores de duas importantes escolas econômicas na França e na Inglaterra –, os pensadores econômicos iriam dedicar-se à descoberta e análise dos princípios, das teorias e das leis que pudessem ser estabelecidas em cada um dos três grandes compartimentos da atividade econômica: formação, distribuição e consumo das riquezas. As definições clássicas da Economia fundamentavam-se, assim, nos três compartimentos básicos da atividade econômica. Da formação ao consumo das riquezas, passando pela sua distribuição, toda a atividade econômica haveria de ser cuidadosamente classificada, investigada e submetida a um coerente e completo conjunto de princípios, teorias e leis. Essa nova concepção indicaria que as Ciências Econômicas se haviam definitivamente libertado dos padrões pós-renascentistas, não se subjugando apenas ao atendimento dos objetivos políticos do Estado. A partir das aberturas liberais desenvolvidas no século XVIII, cuidaria a Economia de penetrar em cada um dos aspectos da atividade econômica livre, investigando os fatores envolvidos no processo de formação das riquezas, examinando os aspectos relacionados à sua distribuição e chegando, afinal, a considerar a etapa última do consumo. 13 COnCEItO DE ECOnOMIa • CAPÍTULO 1 No século XIX, à concepção clássica da economia somou-se a abordagem socialista, de inspiração marxista. O binômio produção-distribuição (entendendo-se distribuição no sentido de processo repartitivo ou, mais simplesmente, como repartição) foi a base a partir da qual a perspectiva socialista construiu sua concepção sobre a matéria de que se ocupa a economia. Na transição dos séculos XIX-XX, uma nova linha conceitual seria proposta por Alfred Marshall, ilustre professor de Economia em Cambridge, responsável pela chamada síntese neoclássica. Em seu Principies of Economics, editado em 1890, Marshall centrou sua atenção na constatação de que o processo econômico visa atender às aspirações humanas e à satisfação de suas necessidades materiais. Deslocou, assim, para conceitos mais abrangentes, como os de riqueza e bem-estar social, as questões cruciais da economia. Os pontos fundamentais dessa abordagem estabelecem que a economia é o estudo dos homens tal como vivem, agem e pensam nos assuntos ordinários da vida. Mas diz respeito, principalmente, aos motivos que afetam, de modo intenso e constante, a condução do homem no trato com as questões que interferem em sua riqueza e nas condições materiais do seu bem-estar. O despertar dos povos subdesenvolvidos – vale dizer, pela conscientização dos contrastes entre a opulência e a miséria, fez com que a Economia passasse a ser considerada, na mais simples das suas definições, como a ciência da escassez. Definições de Economia Outras definições podem ser apresentadas: Richard H. Leftwich A Economia é o estudo da organização social através da qual os homens satisfazem suas necessidades de bens e serviços escassos. Assim, embora nem sempre seja fácil a demarcação das fronteiras que separam a Economia de outras disciplinas ou campos do conhecimento social, há atualmente concordância geral em relação ao seu conteúdo principal. Ao se ocupar das condições gerais do bem-estar, o estudo da Economia inclui a organização social que implica distribuição de recursos escassos entre necessidades humanas alternativas e uso desses recursos com a finalidade de satisfazê-las a nível ótimo. Raymond Barre A Economia é a ciência voltada para a administração dos escassos recursos das sociedades humanas: ela estuda as formas assumidas pelo comportamento humano na disposição onerosa do mundo exterior em decorrência da tensão existente entre os desejos ilimitados e os meios limitados aos agentes da atividade econômica. 14 CAPÍTULO 1 • COnCEItO DE ECOnOMIa Divisão do Estudo Econômico A análise econômica, para fins metodológicos e didáticos, é normalmente dividida em quatro áreas de estudo: » Microeconomia ou Teoria da Formação de Preços. » Macroeconomia. » Economia Internacional. » Desenvolvimento e Crescimento Econômico. a teoria Econômica A Teoria Econômica pode ser dividida em duas partes: microeconomia e macroeconomia. A primeira estuda o comportamento dos consumidores e das empresas em seus mercados, as razões que levam os consumidores a comprar mais, ou menos, de determinado produto e a pagar mais, ou menos, por ele. Estuda também os motivos que levam uma empresa a produzir maior ou menor quantidade de uma mercadoria e de que forma seus preços são determinados. Consideram os mercados nos quais as empresas e consumidoras atuam. Já a macroeconomia é o estudo do comportamento agregado de uma economia, ou seja, das principais tendências (a partir de processos microeconômicos) da economia no que concerne principalmente à produção, à geração de renda, ao uso de recursos, ao comportamento dos preços, e ao comércio exterior. Os objetivos da macroeconomia são principalmente: o crescimento da produção e consumo, o pleno emprego, a estabilidade de preços, o controle inflacionário e uma balança comercial favorável. Um conceito fundamental à macroeconomia é o de sistema econômico, ou seja, uma organização que envolva recursos produtivos. O objetivo central da teoria econômica é a solução dos problemas econômicos fundamentais. Da escassez dos recursos ou dos fatores de produção, associa-se às necessidades ilimitadas do homem, originando problemas econômicos fundamentais: » O quê e quanto produzir: dada a escassez de recursos de produção, a sociedade terá de escolher quais produtos serão produzidos e em que quantidades. » Como produzir: a sociedade terá de escolher ainda quais recursos de produção serão utilizados para a produção de bens e serviços, dado o nível tecnológico existente. » Para quem produzir: a sociedade terá também que decidir como seus membros participarão da distribuição dos resultados de sua produção (demanda, oferta, determinação de salários, das rendas das terras, dos juros etc.). 15 COnCEItO DE ECOnOMIa • CAPÍTULO 1 A Economia busca, com o auxílio, tanto da Macroeconomia quanto da Microeconomia, resolver essas questões relacionadas à escassez. Uma parte dos Economistas defendem que esses problemas devem ser solucionados com o auxílio do Estado, outros que apenas o Estado é capaz de solucionar os males da humanidade. Há ainda outro grupo que defende que o Estado deve se dedicar apenas a questões como Segurança Pública e Educação Básica, deixado a responsabilidade de fazer a sociedade desenvolver-se a cargo do livremercado. Sintetizando Vimos até agora: » A Economia trata da questão da escassez e dos problemas dela decorrentes, formulando questões como: O quê? Para quem produzir? Como produzir? » São metas da Economia: alto nível de emprego, nível de preços estável, eficiência, distribuição equitativa de renda e crescimento/desenvolvimento. » A ciência econômica tem início formalmente em 1776, quando Adam Smith publica, na Inglaterra, A Riqueza das Nações, nesse livro o autor defende a ideia da economia de mercado e o governo apenas para prover educação e segurança pública para os cidadãos. » A análise econômica, para fins metodológicos e didáticos, é normalmente dividida em quatro áreas de estudo: Microeconomia ou Teoria da Formação de Preços, Macroeconomia, Economia Internacional e Desenvolvimento e Crescimento Econômico. 16 Introdução Neste nosso segundo capítulo abordaremos os sistemas econômicos. Sejam eles capitalistas, com a maximização dos lucros, propriedade privada e concorrência; sejam eles socialistas com a planificação estatal como ponto fundamental, todos os sistemas possuem estoque de recursos, unidades de produção e instituições que operam fluxos reais e monetários. Além disso, contam com agentes de mercado, ou seja, ofertantes e demandantes, os quais podem operar na forma de concorrência perfeita ou imperfeita. Mas, com terra chegando cada vez mais cedo no cheque especial, cada vez mais a lógica capitalista precisa de adaptações visando à sustentabilidade desta e das futuras gerações. Boa leitura! Objetivos » Identificar os estoques de recursos produtivos ou fatores de produção. » Compreender a dinâmica das unidades de produção, o conjunto de instituições políticas e suas respectivas circulações de fatores e de moeda. » Compreender a diferença entre a gestão tradicional e a gestão ecocêntrica e sua necessidade de adoção face à saturação do modelo econômico vigente. 2CAPÍTULOSIStEMaS ECOnÔMICOS 17 SIStEMaS ECOnÔMICOS • CAPÍTULO 2 Elementos básicos dos Sistemas Econômicos A busca pela melhor solução dos problemas centrais da Economia ocorre em sistemas econômicos, os quais podem ser definidos como a forma política, social e econômica pela qual está organizada uma sociedade. É composto por pessoas, instituições e envolve a produção, distribuição e consumo de bens e serviços em uma economia. Os elementos básicos de um sistema econômico são: 1. Estoques de recursos produtivos ou fatores de produção: recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), capital, terra, reservas naturais e a tecnologia. 2. Complexo de unidades de produção: constituído pelas empresas. 3. Conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais: que são à base da organização da sociedade. Os sistemas econômicos possuem dois tipos de circulação. A primeira, que envolve a circulação dos fatores de produção em troca de bens e serviços (fluxo real). Já a segunda traz a circulação de fatores de produção e bens e serviços em troca de moeda (fluxo monetário). O Fluxo Real descreve o processo produtivo no sistema econômico, em que as famílias fornecem recursos produtivos às empresas, que, por sua vez, transformam em bens e serviços, que serão consumidos pelas famílias. Já o Fluxo Monetário descreve o processo de geração de renda, pois as famílias são remuneradas ao fornecerem recursos produtivos às empresas. Com a renda obtida, pagam pelos bens e serviços consumidos. Para entender o funcionamento do sistema econômico, vamos supor uma economia de mercado que não tenha interferência do governo e não tenha transações com exterior (economia fechada). Os agentes econômicos são as famílias e as empresas. As famílias são proprietárias de fatores de produção e os fornecem às empresas, por meio do mercado dos fatores de produção. As empresas, pela combinação dos fatores de produção, produzem bens e serviços e os fornecem às famílias por meio do mercado de bens e serviços. Figura 5. Fluxo Real da Economia. Mercado de Bens e serviços Famílias Demanda DemandaOferta Oferta Empresas Mercado de fatores de produção Fonte: <unipvirtual.com.br>. http://unipvirtual.com.br/material/MATERIAL_ANTIGO/economia_mercado/modulo2/mod_2.html 18 CAPÍTULO 2 • SIStEMaS ECOnÔMICOS No entanto, o fluxo real da economia só se torna possível com a presença da moeda, que é utilizada para remunerar os fatores de produção e para o pagamento dos bens e serviços. Desse modo, paralelamente ao fluxo real temos um fluxo monetário da economia. Figura 6. Fluxo Monetário da Economia. Pagamento dos bens e serviços Famílias Empresas Remuneração dos fatores de produção Fonte: <unipvirtual.com.br>. Evolução Histórica Figura 7. Fonte: <https://www.timetoast.com/timelines/sistemas-economicos-de-produccion-7825e96e-49a6-48ac-b488- 11222e460f1a>. Os sistemas econômicos evoluíram junto com a história da humanidade. Começaram a partir dos sistemas primitivos, a Tradição e a Autoridade, onde havia um caráter hereditário das ocupações e inexistia um sistema monetário. Posteriormente, tradição e autoridade se fundiram e resultaram no Feudalismo, que se dividiu em duas fases. A primeira, caracterizada pelo localismo e autossuficiência e pelo poder da Igreja Católica. Posteriormente, a partir do século XV, o Feudalismo começou uma segunda fase, na qual os limites dos Feudos foram ultrapassados, sendo formados os Estado Nacionais, os quais precisavam enriquecer seus cofres. Começou, então, a busca pela acumulação de riqueza, a qual poderia acontecer perto ou longe, em terras distantes. Aliás, nesse momento, pode-se dizer que Portugal inaugura a globalização. http://unipvirtual.com.br/material/MATERIAL_ANTIGO/economia_mercado/modulo2/mod_2.html 19 SIStEMaS ECOnÔMICOS • CAPÍTULO 2 Figura 8. Fonte: <http://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/compreendendo-mudanca-sociedade-feudal.htm>. O fim do Feudalismo foi marcado, também, por reformas religiosas, técnicas e científicas. Houve a valorização do progresso técnico e os Estados Nacionais se sedimentaram. Teve início um novo sistema, o Mercantilismo e, com ele, o engrandecimento do poder central, o Estado, o qual comandava todas as áreas, tanto da colônia quanto da metrópole. Seu poder era tão grande que gerou uma aversão ao controle. Em função disso, em 1776 houve uma mudança de pensamento. De um lado, na Inglaterra, Adam Smith lançou seu livro A Riqueza das Nações, e, com ele, o Capitalismo e a ciência econômica, e de outro, os Estados Unidos, proclamaram a sua independência. O Capitalismo pregava o lucro e a concorrência a qualquer preço e à custa da exploração dos trabalhadores, pois ainda não existiam regras que protegessem os trabalhadores. Por conta disso, Karl Marx, lançou O Capital, em 1867, dando início ao Socialismo. Este, por sua vez, defendia a planificação global, bem como que os fatores de produção deveriam pertencer à sociedade. Figura 9. Fonte: <https://www.youtube.com/watch?v=54YDa4JwoYY>. 20 CAPÍTULO 2 • SIStEMaS ECOnÔMICOS Capitalismo e Socialismo são os dois sistemas econômicos predominantes e podem ser caracterizados: » Sistema capitalista, ou economia de mercado, é aquele regido pelas forças de mercado, predominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produção. É um sistema caracterizado por crises frequentes que geram inflação, desemprego, falências. Além disso, também há tendência para a formação de cartéis e monopólios. Para amenizar os efeitos dessas crises, é crescente a intervenção do Estado na economia. » Sistema socialista ou economia centralizada, ou, ainda, economia planificada, é aquele em que as questões econômicas fundamentais são resolvidas por um órgão central de planejamento, predominando a propriedade pública dos fatores de produção. O sistema socialista tem suas doutrinas e movimentos políticos voltados para os interesses dos trabalhadores, priorizando eliminar as diferenças entre as classes sociais e planificara economia. Sistemas econômicos e sustentabilidade O Contrato Social, de Rousseau, publicado em 1762, preconizava a soberania da sociedade em detrimento dos valores individuais. Pode-se dizer que essa visão do coletivo tem se mostrado cada vez mais necessária nos dias atuais, pois, com o crescimento acelerado das economias, a demanda da humanidade por recursos naturais em um ano tem excedido, cada vez mais cedo, a capacidade da Terra de regenerar tais recursos no mesmo período. O Dia da Sobrecarga da Terra, como é chamado o momento em que a Terra começa a operar no vermelho, ocorreu, em 2015, no dia 13 de agosto. Muito mais cedo do que em 1970, quando a Terra atingiu sua capacidade máxima no dia 23 de dezembro. Desde então, a data vem sendo antecipada de maneira preocupante (3 de novembro em 1980; 4 outubro em 2000; 3 de setembro em 2005 e 28 de agosto em 2010). Se nada for feito, em 2030, a data acontecerá em junho, segundo previsões dos cientistas. O fato é que nos tornamos herdeiros de um impasse civilizatório: como desfrutar da vida e, ao mesmo tempo, viver dentro dos limites do planeta? As tecnologias, as máquinas, os computadores, o conhecimento científico, são úteis no processo de descoberta de alternativas, mas não são capazes de “cuidar” do planeta, da natureza e dos seres humanos. Satisfazer as necessidades das gerações atuais, sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazerem as suas próprias necessidades. Esse é o conceito da sustentabilidade. A grande questão é que o universo da sustentabilidade engloba questões econômicas, políticas, sociais e culturais, além de um ambiente equilibrado que seja capaz de vencer a desigualdade social, trazendo melhores condições de vida para a geração presente e seus descendentes, com valores pautados na ética e no respeito ao próximo. 21 SIStEMaS ECOnÔMICOS • CAPÍTULO 2 O conceito de sustentabilidade comporta sete aspectos ou dimensões principais, a saber: » Sustentabilidade social: melhoria da qualidade de vida da população, equidade na distribuição de renda e de diminuição das diferenças sociais, com participação e organização popular; » Sustentabilidade econômica: públicos e privados, regularização do fluxo desses investimentos, compatibilidade entre padrões de produção e consumo, equilíbrio de balanço de pagamento, acesso à ciência e tecnologia; » Sustentabilidade ecológica: o uso dos recursos naturais deve minimizar danos aos sistemas de sustentação da vida: redução dos resíduos tóxicos e da poluição, reciclagem de materiais e energia, conservação, tecnologias limpas e de maior eficiência e regras para uma adequada proteção ambiental; » Sustentabilidade cultural; respeito aos diferentes valores entre os povos e incentivo a processos de mudança que acolham as especificidades locais; » Sustentabilidade espacial: equilíbrio entre o rural e o urbano, equilíbrio de migrações, desconcentração das metrópoles, adoção de práticas agrícolas mais inteligentes e não agressivas à saúde e ao ambiente, manejo sustentado das florestas e industrialização descentralizada; » Sustentabilidade política: no caso do Brasil, a evolução da democracia representativa para sistemas descentralizados e participativos, construção de espaços públicos comunitários, maior autonomia dos governos locais e descentralização da gestão de recursos; » Sustentabilidade ambiental: conservação geográfica, equilíbrio de ecossistemas, erradicação da pobreza e da exclusão, respeito aos direitos humanos e integração social. Abarca todas as dimensões anteriores por meio de processos complexos. Sachs, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2000. Outra visão aborda que a sustentabilidade não pode ser reduzida apenas a uma dimensão social ou ambiental e, sim, é resultado de uma visão integrada de várias dimensões. A partir dessa visão, ganha destaque a chamada gestão ecocêntrica, que olha na direção de um novo modelo focando nas relações humanas entre si e com o ambiente, independentemente dos limites temporais ou espaciais, diferentemente da visão tradicional que objetiva a maximização dos lucros. O quadro a seguir mostra as diferenças entre os dois modelos de gestão: Quadro 1. gestão tradicional x gestão econcêntrica Variáveis Gestão tradicional Gestão ecocêntrica objetivos Crescimento econômico e lucros Riqueza dos acionistas Sustentabilidade e qualidade de vida. Bem-estar dos interessados 22 CAPÍTULO 2 • SIStEMaS ECOnÔMICOS Variáveis Gestão tradicional Gestão ecocêntrica valores antropocêntrico Conhecimento racional e “pronto para uso” Ecocêntrico Compreensão das reais necessidades dos indivíduos e da sociedade Produtos voltados para atender aos desejos dos consumidores Desperdício nas embalagens Desenhados para o ambiente Embalagens não agressivas ao ambiente Sistemas de produção Intensivos em energia e recursos Eficiência técnica Baixo uso de energia e recursos Eficiência ambiental Organização Estrutura hierárquica Processo decisório autoritário autoridade centralizada Estrutura não hierárquica Processo decisório participativo autoridade descentralizada ambiente Dominação sobre a natureza ambiente gerenciado como recurso Poluição é externalidade Harmonia com a natureza Recursos entendidos como finitos Eliminação/gestão da poluição Funções de negócios Marketing age para aumento do consumo Finanças atuam para a maximização dos lucros Contabilidade dedica-se aos custos convencionais gestão de Recursos Humanos voltada para o aumento da produtividade no trabalho Marketing age para a educação do ato de consumo Finanças atuam para o crescimento sustentável de longo prazo Contabilidade focaliza os custos ambientais gestão de Recursos Humanos dedica-se a tornar o trabalho significativo e o ambiente seguro e saudável para o trabalho Fonte: aSHLEY, Patrícia. Ética e Responsabilidade Social nos negócios, 2002. No contexto atual, se, por um lado, a inovação é considerada um processo irreversível pelo grau de conhecimento técnico-científico alcançado pela humanidade, por outro, o apreço desmedido pelo consumo de “novidades”, um comportamento típico do homem contemporâneo, está se transformando em uma doença cada vez mais comum entre os indivíduos de nosso tempo – a oneomania (ou compulsão pelo consumo). Em um cenário de crescimento econômico e ascensão de mais da metade dos cidadãos brasileiros à classe média, o Brasil se depara com a oportunidade histórica de delinear um novo padrão de desenvolvimento. Os padrões de consumo observados nos países de primeira industrialização mostraram-se predatórios e insustentáveis, avançando sobre os recursos naturais em seu território e fora dele. O estímulo ao consumo excessivo e a pouca preocupação em ofertar tecnologias e produtos menos nocivos ao meio ambiente agravaram problemas globais, como as mudanças climáticas, a poluição dos oceanos e a geração de lixo. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2014) 23 SIStEMaS ECOnÔMICOS • CAPÍTULO 2 a agenda 21 e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992 (a Rio 92) foi o grande marco para o desenvolvimento sustentável e na qual foi concebida a Agenda 21, um plano de ação mundial para orientar a transformação desenvolvimentista, identificando, em 40 capítulos, 115 áreas de ação prioritária. Dentre alguns dos focos discriminados na Agenda 21, pode-se destacar: cooperação internacional, combate à pobreza, mudança dos padrões de consumo, habitação adequada, integração entre meio ambiente e desenvolvimento na tomada de decisões, proteção da atmosfera, abordagem integrada do planejamento e do gerenciamento dos recursos terrestres, combate ao desflorestamento, manejo de ecossistemas frágeis, luta contra a desertificação e a seca, promoção do desenvolvimento rural e agrícola sustentável, conservação dadiversidade biológica, manejo ambientalmente saudável dos resíduos sólidos e questões relacionadas com os esgotos, fortalecimento do papel das organizações não governamentais, fortalecimento do papel dos agricultores, transferência de tecnologia ambientalmente saudável, cooperação e fortalecimento institucional, a ciência para o desenvolvimento sustentável, promoção do ensino, da conscientização e do treinamento. Em 2015, a ONU obteve em Paris um novo compromisso intitulado Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) com um total de 17 objetivos e 169 metas sobre questões de desenvolvimento sustentável: » ODS1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares; » ODS2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição, e promover a agricultura sustentável; » ODS3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades; » ODS4. Garantir educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizado ao longo da vida para todos; » ODS5. Alcançar igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas; » ODS6. Garantir disponibilidade e manejo sustentável da água e saneamento para todos; » ODS7. Garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável e moderna para todos; » ODS8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para todos; » ODS9. Construir infraestrutura resiliente, promover a industrialização inclusiva e sustentável, e fomentar a inovação; 24 CAPÍTULO 2 • SIStEMaS ECOnÔMICOS » ODS10. Reduzir a desigualdade entre os países e dentro deles; » ODS11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis; » ODS12. Assegurar padrões de consumo e produção sustentáveis; » ODS13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos;* *Reconhecendo que a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CQNUMC) é o principal fórum internacional e intergovernamental para negociar a resposta global à mudança do clima. » ODS14. Conservar e promover o uso sustentável dos oceanos, mares e recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável; » ODS15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, bem como deter e reverter a degradação do solo e a perda de biodiversidade; » ODS16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis; » ODS17. Fortalecer os mecanismos de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável. (Publicado originalmente no EcoD, via PNUD com informações do UN News Centre). Fonte: www.akatu.org.br. No contexto atual, as esferas da vida social e individual se organizam em função da lógica do consumo. Se a primeira e a segunda fase da modernidade produziram o consumidor moderno, a última consolida o domínio ilimitado do consumo como lógica social, nada parece escapar ao seu domínio. Mas será que na era do consumo emocional a motivação consumista é totalmente hegemônica, capaz de tudo absorver e reciclar segundo sua própria racionalidade? Será que dispomos de atores e domínios sociais capazes de escapar à esfera exclusiva do lucro e do consumo pelo consumo? Encontrar respostas para essas questões se faz urgente, o futuro da sociedade contemporânea depende cada vez mais da capacidade de fazer a ética da responsabilidade triunfar sobre os comportamentos irresponsáveis, mas, para isso, é preciso a consciência de que tais comportamentos não irão desaparecer sozinhos, por terem sido inscritos na lógica social de nosso tempo. Será preciso conceber um processo de alfabetização ecológica, disposição para rever hábitos de consumo e, acima de tudo, comprometimento para desenvolver uma ética de cuidado com o planeta no qual vivemos e única garantia de nossa permanência no mundo. 25 SIStEMaS ECOnÔMICOS • CAPÍTULO 2 É urgente sobrevivermos ao ridículo do mundo contemporâneo. E para sobreviver a ele, devemos desprezá-lo de alguma forma (...). A verdadeira sabedoria passa, em algum momento, pelo desprezo do mundo a sua volta. Em mil anos seremos esquecidos. Nossa época não ocupará mais do que um parágrafo nos livros de História no futuro. Passarão da bomba atômica (...) para as grandes trevas do final do século XXI, causadas por nossas manias com saúde, luxo, alimentação, sexualidade, liberdade e narcisismo. A Idade Média perderá seu título de era das trevas e nós receberemos essa maldição. Lembrar-se-ão de nós como mimados, ressentidos e covardes. (...) Ouvirão falar vagamente de nossas redes sociais e de nossa crença em seu potencial revolucionário (...). Levarão mais a sério os gregos, os romanos e hebreus, porque verão neles povos que buscavam o conhecimento, e não suas próprias imagens no rosto do universo. Uma agenda para o contemporâneo é um ato de coragem. Sua missão é nos fazer ver quem somos numa época afogada em narcisismo. (PONDÉ, 2014, p. 17-20) Nesse ponto torna-se importante pontuar algumas informações essenciais sobre o consumo consciente. A humanidade já consome 30% mais de recursos naturais do que a capacidade de renovação da terra, segundo informações publicadas na página do Ministério do Meio Ambiente, se o padrão atual de consumo e produção for mantido, em menos de 50 anos precisaremos de dois planetas para atender às necessidades de água, energia e alimentos. Esse é um dado crítico, principalmente se observamos que até mesmo no caso dos países mais desenvolvidos, como os EUA (cuja cultura influencia o modo de ser, pensar e sentir de muitos brasileiros), a banalização do consumo, resultante do encorajamento para que as pessoas consumam mais do que necessitam, tem sido questionada em função dos diversos efeitos negativos que vão desde a obesidade infantil até o estresse familiar, quando o responsável pelo sustento da família é obrigado a negar aos apelos consumistas de um dos membros, gerando frustração que, não raro, deixa um rastro de brigas, conflitos e desentendimentos que minam a solidariedade e os afetos dos envolvidos na disputa. “Fala-se muito em sonho de consumo. Estamos imersos numa cultura consumista, com a promessa de que, quanto mais compras eu fizer e mais coisas eu tiver, mais feliz serei” (TRIGUEIRO, 2012, p. 27). Em termos globais, o consumo não consciente consiste no consumo acima da capacidade de renovação dos recursos naturais, na compra por impulso e desprovida da reflexão sobre o ato da compra, do uso ou descarte de produtos ou serviços. Segundo Trigueiro (2012), não se trata simplesmente de dizer para as pessoas que parem de comprar, pois é sabido que o consumo faz parte da vida (consumir água, energia, alimentos, roupa, lazer e cultura), mas de promover uma reflexão sobre as consequências do consumo. Repensar o que realmente é importante e priorizar as coisas importantes. Em outras palavras, o discurso do consumo consciente tem por objetivo promover a reflexão e conscientização, sobre os impactos que o consumo terá sobre a sociedade, o meio ambiente e sobre o próprio consumidor. 26 CAPÍTULO 2 • SIStEMaS ECOnÔMICOS Sintetizando Vimos até agora: » Neste capítulo, foram apresentadas as principais características de Sistemas Econômicos, que passaram pelo Feudalismo, Mercantilismo, Socialismo e Capitalismo. Esses sistemas, independentemente de questões sociopolíticas possuem conjuntos de instituições e agentes que operam trocando entre si terra, capital e trabalho e moeda. » Os elementos básicos de um sistema econômico são: estoques de recursos produtivos ou fatores de produção, complexo de unidades de produção e conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais. » Os sistemas econômicospossuem dois tipos de circulação. A primeira, que envolve a circulação dos fatores de produção em troca de bens e serviços (fluxo real). Já a segunda, traz a circulação de fatores de produção e bens e serviços em troca de moeda (fluxo monetário). » A chamada gestão ecocêntrica, que olha na direção de um novo modelo focando nas relações humanas entre si e com o ambiente, independentemente dos limites temporais ou espaciais, diferentemente da visão tradicional que objetiva a maximização dos lucros. 27 SIStEMaS ECOnÔMICOS • CAPÍTULO 2 Introdução A Teoria Econômica divide-se em dois eixos fundamentais: a Microeconomia e a Macroeconomia. Neste terceiro capítulo, serão apresentados os conceitos relativos à análise microeconômica, que traz a visão empresarial e do consumidor dentro dos mercados. Serão também abordados os conceitos de mercado e de concorrência, tanto perfeita quanto imperfeita. Cabe ressaltar que o mercado prescinde de uma localização específica. Ele existe quando compradores e vendedores interagem para comprar e vender um produto específico. Boa leitura! Objetivos » Compreender como funciona o sistema de mercado. » Determinar o que é oferta. » Determinar o que é demanda. » Explicar como a oferta e a demanda determinam o preço. » Compreender a diferença entre concorrência perfeita e imperfeita. 3CAPÍTULOMICROECOnOMIa 28 CAPÍTULO 3 • MICROECOnOMIa O que é Microeconomia? A Microeconomia é definida como um problema de alocação de recursos escassos em relação a uma série possível de fins. As famílias são consideradas fornecedores de trabalho e capital, e demandantes de bens de consumo. As firmas são consideradas demandantes de trabalho e fatores de produção e fornecedoras de produtos. Os consumidores maximizam a utilidade a partir de um orçamento determinado. As firmas maximizam lucro a partir de custos e receitas possíveis. A Microeconomia procura analisar o mercado e outros tipos de mecanismos que estabelecem preços relativos entre os produtos e serviços, alocando de modos alternativos os recursos dos quais dispõem determinados indivíduos organizados numa sociedade. Divide-se em: » Teoria do consumidor: estuda as preferências do consumidor, analisando o seu comportamento, as suas escolhas, as restrições quanto a valores e à demanda de mercado. A partir dessa teoria se determina a curva de demanda. » Teoria da firma: estuda a estrutura econômica de organizações cujo objetivo é maximizar lucros. Organizações que, para isso, compram fatores de produção e vendem o produto desses fatores de produção para os consumidores. Estuda estruturas de mercado tanto competitivas quanto monopolísticas. A partir dessa teoria se determina a curva de oferta. » Teoria da produção: estuda o processo de transformação de fatores adquiridos pela empresa em produtos finais para a venda no mercado. Estuda as relações entre as variações dos fatores de produção e suas consequências no produto final. Determina as curvas de custo, que são utilizadas pelas firmas para determinar o volume ótimo de oferta. Pressupostos básicos da análise microeconômica » Hipótese coeteris paribus (tudo o mais permanece constante): o foco de estudo é dirigido apenas àquele mercado, analisando o papel que a oferta e a demanda nele exercem, supondo que outras variáveis interfiram muito pouco, ou que não interfiram de maneira absoluta. » Papel dos preços relativos: são mais relevantes os preços relativos, isto é, os preços dos bens em relação aos demais, do que os preços absolutos (isolados) das mercadorias. » Princípio da racionalidade: os empresários tentam sempre maximizar lucros condicionados pelos custos de produção, os consumidores procuram maximizar sua satisfação no consumo de bens e serviços (limitados por sua renda e pelos preços das mercadorias). 29 MICROECOnOMIa • CAPÍTULO 3 Para as empresas, a análise microeconômica pode subsidiar as seguintes decisões: » Políticas de preços da empresa. » Previsão de demanda e faturamento. » Previsão de custos de produção. » Decisões ótimas de produção (melhor combinação dos custos de produção). » Avaliação e elaboração de projetos de investimentos (análise custo/benefício). » Política de propaganda e publicidade. » Localização da empresa. Em relação à política econômica, pode contribuir na análise e tomada de decisões das seguintes questões: » Efeitos de impostos sobre mercados específicos. » Política de subsídios. » Fixação de preços mínimos na agricultura. » Controle de preços » Política salarial. » Políticas de tarifas públicas. (água, luz etc.). Os estudos microeconômicos visam atingir o equilíbrio geral que leva em conta as inter-relações entre todos os mercados, procurando analisar se o comportamento, independente de cada agente econômico, conduz todos a uma posição de equilíbrio global, embora todos sejam, na realidade, interdependentes. Os agentes de mercado: oferta e demanda A Microeconomia parte dos agentes de mercado, ou seja, dos ofertantes e demandantes. » Demanda: quantidade de bem ou serviço procurada pelo consumidor, a certo preço, em determinado período de tempo. A demanda é inversamente proporcional ao preço, ou seja, quanto maior este for, menor será o desejo de consumo. » Oferta: quantidade de bem ou serviço oferecida pelo produtor/vendedor, a certo preço, em determinado período de tempo. A oferta é diretamente proporcional ao preço, ou seja, quanto maior este for, maior será o desejo de vender. 30 CAPÍTULO 3 • MICROECOnOMIa Demanda de Mercado Conforme foi descrito anteriormente, a demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de determinado bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir em determinado período de tempo. A procura depende de variáveis que influenciam a escolha do consumidor. São elas: renda, gostos, preços dos bens ou serviços afins, expectativas de consumidores e número de compradores. Há uma relação inversamente proporcional entre a quantidade procurada e o preço do bem. É a chamada Lei Geral da Demanda. Essa relação pode ser observada a partir dos conceitos de escala de procura, curva de procura ou função demanda. A relação preço/quantidade procurada pode ser representada por uma escala de procura, conforme apresentada a seguir: tabela 1. Preço ($) Quantidade Demandada 1,00 12.000 3,00 8.000 6,00 4.000 8,00 3.000 10,00 2.000 Fonte: Elaboração da própria autora, 2016. A curva da demanda é negativamente inclinada devido ao efeito conjunto de dois fatores: o efeito substituição e o efeito renda. Se o preço de um bem aumenta, a queda da quantidade demandada será provocada por esses dois efeitos somados: » Efeito substituição: se um bem possui um substituto, ou seja, outro bem similar que satisfaça a mesma necessidade, quando seu preço aumenta, o consumidor passa adquirir o bem substituto, reduzindo, assim, sua demanda. Exemplo: Fósforo. Figura 10. Demanda. DEMANDA 0 2 4 6 8 10 12 2000 3000 4000 8000 12000 Quantidade Pr eç o Fonte: Elaboração da própria autora, 2016. 31 MICROECOnOMIa • CAPÍTULO 3 » Efeito renda: quando aumenta o preço de um bem, o consumidor perde o poder aquisitivo, e a demanda por esse produto diminui. A procura de uma mercadoria não é influenciada apenas por seu preço. Existem outras variáveis que também afetam a procura. Quando há um aumento da renda, o consumidor tende a substituir suas compras por outros produtos de maior valor agregado. Por exemplo, diminuirá o consumo de carne de segunda, e aumentará o consumo da carne de primeira. Influencia também a demanda se o consumidor possui uma renda permanente, como aposentadorias ou, também, quando há variações nas taxas de juros. Quando essas caem, o dinheiro fica mais barato e logo há um acesso maior ao crédito. Há, também, a questão dos bens relacionados. Esses podem ser substitutos ou complementares. No caso dos substitutos, temos, por exemplo, as frutas. Quando o preço da maçã sobe, tendemosa comprar outras frutas que estejam mais baratas. Bens complementares são aqueles em que um depende do outro. Por exemplo, se o preço do cartucho de determinado tipo de impressora aumentar, a tendência será diminuir a aquisição desse tipo de equipamento. Oferta de Mercado A oferta consiste nas várias quantidades que os produtores desejam oferecer ao mercado em determinado período de tempo. Da mesma maneira que a demanda, a oferta depende de vários fatores; dentre eles, de seu próprio preço, dos demais preços, dos preços dos fatores de produção, das preferências do empresário e da tecnologia. Diferentemente da função demanda, a função de oferta mostra uma correlação direta entre a quantidade ofertada e nível de preços. É a chamada Lei Geral da Oferta. Podemos expressar uma escala de oferta de um bem X, ou seja, dada uma série de preços, quais seriam as quantidades ofertadas a cada preço: tabela 2. Preço ($) Quantidade Ofertada 1,00 2.000 3,00 3.000 6,00 4.000 8,00 8.000 10,00 12.000 Fonte: Elaboração da própria autora, 2016. 32 CAPÍTULO 3 • MICROECOnOMIa Figura 11. Oferta. OFERTA 0 2 4 6 8 10 12 1000 3000 4000 11000 13000 Quantidade Pr eç o Fonte: Elaboração da própria autora, 2016. Equilíbrio de Mercado A interação das curvas de demanda e de oferta determina o preço e a quantidade de equilíbrio de um bem ou serviço em dado mercado. Veja o quadro a seguir representativo da oferta e da demanda do bem X: tabela 3. Preço Quantidade Situação de Mercado Procurada Ofertada 1,00 12 1 Excesso de procura (escassez de oferta) 3,00 8 3 Excesso de procura (escassez de oferta) 6,00 4 4 Equilíbrio entre oferta e procura 8,00 3 11 Excesso de oferta (escassez de procura) 10,00 2 13 Excesso de oferta (escassez de procura) Fonte: Elaboração da própria autora, 2016. Figura 12. Equilíbrio. EQUILÍBRIO 0 2 4 6 8 10 12 1000 3000 4000 11000 13000 Quantidade Pr eç o Fonte: Elaboração da própria autora, 2016. Como se observa na tabela, existe equilíbrio entre oferta e demanda do bem X, quando o preço é igual a 6,00 unidades monetárias. 33 MICROECOnOMIa • CAPÍTULO 3 Estruturas de mercado Foram estudadas anteriormente quais variáveis afetam a demanda e a oferta de bens e serviços, e como são determinados os preços, supondo sem interferências, o mercado automaticamente encontra seu equilíbrio. Implicitamente, estava sendo suposta uma estrutura específica de mercado, qual seja, a de concorrência perfeita. As várias formas ou estruturas de mercados dependem fundamentalmente de três características: » número de empresas que compõem esse mercado; » tipo do produto (se as firmas fabricam produtos idênticos ou diferenciados); » se existem ou não barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado. Concorrência pura ou perfeita Figura 13. Fonte: <http://empreendedorx.com.br/brasil-e-empreendedorismo/analisar-redes-sociais-da-concorrencia.>. É um tipo de mercado em que há grande número de vendedores (empresas), de tal sorte uma empresa, isoladamente, por ser insignificante, não afeta os níveis de oferta do mercado e, consequentemente, o preço de equilíbrio. Nesse tipo de mercado ainda existem as seguintes características: não existe diferenciação entre os produtos ofertados pelas empresas concorrentes, não existem barreiras para o ingresso de empresas no mercado e todas as informações sobre lucros e preços são conhecidas por todos os participantes do mercado. Concorrência Imperfeita Figura 14. Fonte: <http://www.doctorfit.com.br/noticias/capitulo-2-santa-concorrencia>. 34 CAPÍTULO 3 • MICROECOnOMIa Ocorre quando um dos agentes (ofertante ou demandante) tem o poder de determinar o preço de um bem. Nesse caso, diz-se que esse agente possui o poder de mercado. Existem quatro tipos diferentes de concorrência imperfeita. Do lado da oferta há o monopólio e o oligopólio. Do lado da demanda o monopsônio e o oligopsônio. Monopólio O mercado monopolista caracteriza-se por apresentar condições opostas às da concorrência perfeita. Nele existe, de um lado, uma única empresa, dominando inteiramente a oferta e, de outro, todos os consumidores. Não há, portanto, concorrência, nem produto substituto ou concorrente. Nesse caso, ou os consumidores se submetem às condições impostas pelo vendedor, ou simplesmente deixaram de consumir o produto. Para a existência de monopólios, deve haver barreiras que praticamente impeçam a entrada de novas firmas no mercado. Essas barreiras podem advir das seguintes condições: monopólio puro, elevado volume de capital, patente e controle de matérias-primas básicas, existem, ainda, os monopólios institucionais ou estatais em setores considerados estratégicos ou de segurança nacional (petróleo, energia, comunicação). Oligopólio É um tipo de estrutura normalmente caracterizada por um pequeno número de empresas que dominam a oferta de mercado. Pode caracterizar-se como um mercado em que há um pequeno número de empresas, como a indústria automobilística, ou, então, onde há um grande número de empresas, mas poucas dominam o mercado, como a indústria de bebidas. O setor produtivo no Brasil é altamente oligopolizado, sendo possível encontrar inúmeros exemplos: montadoras de veículos, setor de cosméticos, indústria de papel, indústria farmacêutica etc. Nos oligopólios, tanto as quantidades ofertadas quanto os preços são fixados entre as empresas por meio de cartéis. O cartel é uma organização formal ou informal de produtores dentro de um setor que determina a política de preços para todas as empresas que a ele pertencem. Monopsônio Trata-se de uma forma de mercado na qual há somente um comprador para muitos vendedores dos serviços dos insumos. É o caso da empresa que se instala em determinada cidade do interior e, por ser a única, torna-se demandante exclusiva da mão de obra local e das cidades próximas, tendo para si a totalidade da oferta de mão de obra. Oligopsônio É um mercado em que existem poucos compradores que dominam o mercado para muitos vendedores. Exemplo: indústria de laticínios. Em cada cidade existem dois ou três laticínios que 35 MICROECOnOMIa • CAPÍTULO 3 adquirem a maior parte do leite dos inúmeros produtores rurais locais. A indústria automobilística, além de oligopolista no mercado de bens e serviços, também é oligopsonista na compra de autopeças. Quadro 2. Principais Características das Estruturas Básicas de Mercado. Característica Concorrência perfeita Monopólio Oligopólio 1. Quanto ao número de empresas Muito grande Só há uma empresa Pequeno 2. Quanto ao produto Homogêneo. não há diferenças não há substitutos próximos Pode ser homogêneo ou diferenciado 3. Quanto ao controle das empresas sobre os preços não há possibilidade de manobras pelas empresas as empresas têm grande poder para manter preços relativamente elevados Embora dificultado pela interdependência entre as empresas, estas tendem a formar cartéis 4. Quanto à concorrência extrapreço Não é possível Nem seria eficaz a empresa geralmente recorre a campanhas institucionais É intensa, sobretudo quando há diferenciação do produto 5. Quanto às condições de ingresso no mercado não há barreiras Barreiras de acesso de novas empresas Barreiras de acesso de novas empresas Fonte: Elaboração da própria autora, 2016. Sintetizando Vimos até agora: » Neste capítulo, foram apresentadas as principais questões referentes aos mercados, seus agentes e sistemas de operação. Foi demonstrado que em um mercado livre, ou seja, sem interferência dos governos, os consumidores decidem o que será produzido. Quando há alguma mudança nas preferências dos consumidores, os produtores precisam alocar os recursos para oferecer aquilo que os consumidores desejam e podem comprar. Essa situação é oposta aos mercados em concorrência imperfeita em que um dos agentes determina o comportamento de uma imensa maioria, a qual tem de se adaptar às diretrizes estabelecidas por esses agentes dominantes. » AMicroeconomia procura analisar o mercado e outros tipos de mecanismos que estabelecem preços relativos entre os produtos e serviços, alocando de modos alternativos os recursos dos quais dispõem determinados indivíduos organizados numa sociedade. » Existem dois tipos de concorrência. O primeiro é a concorrência perfeita, em que nenhum dos agentes tem o chamado poder de mercado ou poder de determinar o preço. Já na concorrência imperfeita, um grupo pequeno, de ofertantes ou demandantes, determina o valor a ser pago, constituindo uma relação desigual. 36 Introdução Neste capítulo será estudada a Macroeconomia, que considera, para a formulação das políticas econômicas o comportamento da economia em seu conjunto. A unidade de referência é o todo e não suas partes individualizadas.Também serão estudados alguns indicadores macroeconômicos que permitem avaliar o desempenho totalizado da economia, os quais auxiliam os governos para encontrar as causas e os mecanismos corretivos das grandes flutuações conjunturais, os altos e baixos da economia como um todo. Boas leituras! Objetivos » O que é oferta agregada. » O que é demanda agregada. » As diferenças entre Renda Nacional, Produto Interno Bruto e Produto Nacional Bruto. » As ações utilizadas para a implementação das políticas econômicas. 4CAPÍTULOMaCROECOnOMIa 37 MaCROECOnOMIa • CAPÍTULO 4 O que é Macroeconomia? A macroeconomia preocupa-se com o conjunto de decisões de todos os agentes econômicos, que se refletirá em maior ou menor produção e nível de emprego. Inflação, taxa de juros, taxa de câmbio, nível de emprego global, crescimento econômico são objetos da análise macroeconômica. Estuda, também, as decisões tomadas pelo formulador de política econômica do País. Estuda a realidade econômica de forma global. Ela se preocupa com a relação entre os agentes econômicos e o funcionamento da economia em seu conjunto. Procura obter uma visão simplificada da economia, utilizando um número reduzido de variáveis, como: produto agregado; demanda agregada; consumo; emprego; investimento; nível geral de preços; equilíbrio geral; crescimento econômico etc. A Análise Macroeconômica foi particularmente desenvolvida após a publicação, em 1936, da principal obra de J. M. Keynes (1883-1946), The general theory of employment, interest and money1. Essa obra é de enorme significado histórico, pode ser considerada, de um lado, fruto dos difíceis anos da Grande Depressão, e de outro, da incapacidade revelada pela Microeconomia clássica e neoclássica para solucionar os problemas macroeconômicos do desemprego em massa. A Macroeconomia está voltada, fundamentalmente, para: » O comportamento da economia em seu conjunto, agregadamente considerado. A unidade de referência é o todo e não suas partes individualizadas. » O desempenho totalizado da economia. As causas e os mecanismos corretivos das grandes flutuações conjunturais. Os altos e baixos da economia como um todo etc. Assim sendo, a Macroeconomia ocupa-se, basicamente, de garantir a manutenção do pleno emprego dos recursos disponíveis dos sistemas econômicos, eliminando todos os possíveis focos de subemprego ou de desemprego generalizado; ocupa-se, ainda, das condições necessárias ao desenvolvimento econômico, bem como de seu significado, custos e benefícios; finalmente, ocupa-se, também, das questões relacionadas à inflação, procurando determinar as causas e os efeitos das elevações gerais dos níveis de preços como um todo. Oferta agregada Consiste na quantidade total de bens e serviços que as empresas de um país estão dispostas a produzir e a vender num dado período. É dependente do nível de preços, da capacidade produtiva e dos custos a suportar pela economia. A Oferta Agregada representa o que as empresas, no seu conjunto, estão dispostas a produzir e a vender para cada nível geral de preços, assumindo como constantes todas as restantes variáveis 1 Teoria geral do emprego, dos juros e da moeda. 38 CAPÍTULO 4 • MaCROECOnOMIa determinantes da oferta agregada, tais com as tecnologias disponíveis e as quantidades e preços dos fatores produtivos. Conjugada com a procura agregada, a oferta agregada permite encontrar o equilíbrio macroeconômico. Demanda agregada A Demanda Agregada corresponde à totalidade da despesa desejada pelo conjunto dos agentes econômicos (famílias, empresas, Estado e exterior) para um determinado nível de preços, mantendo-se constantes outros fatores, tais como a política orçamentária, a oferta de moeda, a disponibilidade de capital, entre outras, e tem quatro componentes: » Consumo: consiste nas despesas de consumo das famílias, o qual é determinado, além dos preços, pelo rendimento disponível, pelas tendências demográficas e pela riqueza acumulada; » Investimento: corresponde às despesas realizadas pelas empresas em equipamentos e instalações, as quais são determinadas em grande medida pelo custo dos fatores produtivos, pela evolução da economia e pelas expectativas dos empresários; » Gastos do Governo (ou despesa pública): referem-se às despesas realizadas pelo Estado com a aquisição de bens e serviços, sendo determinada diretamente por este, constituindo, por isso, um importante instrumento de política econômica; » Exportações líquidas: correspondem às exportações subtraídas das importações; no caso das importações, estas são determinadas pelos mesmos fatores que determinam o consumo, o investimento e os gastos do Estado e, ainda, pela relação entre os preços internos e os preços externos e pela taxa de câmbio do país; quanto às importações, estas são determinadas pelo rendimento dos outros países e também pela relação entre os preços internos e externos e pelas taxas de câmbio. Política econômica A esta altura na nossa trajetória, você deve estar se perguntando como, então, o governo faz tudo funcionar, como ele atua na prática, como ele faz uma imensa engrenagem como o nosso Brasil de magnitude continental funcionar. Essas ações governamentais, planejadas no sentido de garantir estabilidade, eficiência, crescimento e desenvolvimento recebem o nome de política econômica, que é executada pelo próprio governo e pelo Banco Central. A política econômica é determinada por um conjunto de medidas governamentais, que atuam sobre a Economia do País. Consiste na determinação dos setores ou polos econômicos, que prioritariamente devem ser impulsionados e desenvolvidos, mediante apoio técnico, financeiro ou fiscal. Como não é possível atuar de forma efetiva em todos os campos da Economia, o governo deve priorizar determinados setores que mais necessitam da ação do Estado e canalizar http://www.notapositiva.com/dicionario_economia/procuraagregada.htm http://www.notapositiva.com/dicionario_economia/agenteeconom.htm http://www.notapositiva.com/dicionario_economia/agenteeconom.htm http://www.notapositiva.com/dicionario_economia/rendimentodisponivel.htm http://www.notapositiva.com/dicionario_economia/factoresprod.htm http://www.notapositiva.com/dicionario_economia/factoresprod.htm 39 MaCROECOnOMIa • CAPÍTULO 4 recursos orçamentários para apoiar uma ação, que deve ser minuciosamente estudada para que os recursos sejam aplicados de forma eficiente e eficaz. Vamos recordar que as principais metas das políticas econômicas são: » Alto nível de emprego; » Estabilidade de preços; » Eficiência; » Distribuição de renda socialmente justa; » Crescimento econômico. Para que essas metas sejam atingidas, o governo adota alguns instrumentos de políticas econômicas, as quais têm como última função a de estabilizar/controlar os grandes agregados macroeconômicos. A política econômica envolve a atuação do governo sobre a capacidade produtiva (oferta agregada) e despesas planejadas (demanda agregada), com o objetivo de permitir que a economia opere em pleno emprego, com baixa taxa de inflação e uma distribuição justa de renda. Dentro dessa função do setor público, os principais agregados econômicossão: taxa de juros, crescimento econômico, nível de preços, taxa de desemprego e taxa de câmbio. Assim, para que esses objetivos do setor público sejam alcançados de forma eficaz, o governo utiliza-se de um conjunto de políticas e instrumentos econômicos destacados a seguir. Política monetária A política monetária tem como objetivo controlar a oferta de moeda na economia. Determinar a quantidade de moeda (dinheiro) na economia é função do Conselho Monetário Nacional (CMN), com participação do Banco Central do Brasil (Bacen). Ao determinar a quantidade de dinheiro, tem-se a formação da taxa de juros, ou seja, a taxa de juro pode ser simplificadamente interpretada como o preço do dinheiro. O que é moeda? Deparamo-nos todos os dias com questões que envolvem moedas. Para iniciarmos o nosso estudo sobre moeda, vamos voltar um pouco na história por meio do Texto apresentado no livro Moeda, de onde veio para onde foi (GALBRAITH, 1997, p. 5). Selecionamos alguns autores renomados para entendermos o conceito de moeda: Moeda é a representação concreta do dinheiro. Consiste numa terceira mercadoria, convencional e representativa do valor de troca dos bens e mercadorias, destinando-se a decompor a troca em compra e venda. (GASTALDI, 2000, p. 227). 40 CAPÍTULO 4 • MaCROECOnOMIa De acordo com o Dicionário de Economia, a moeda é um signo de valor. A mais antiga representação do dinheiro, muitas vezes empregada como sinônimo. (SANDRONI, 1999) Uma moeda corrente, ou dinheiro, pode ser qualquer coisa em que as pessoas confiam e que utilizam como meio de realizar comércio ou trocas. (SPARROWE, 2003, p. 61) De acordo com Sparrowe (2003) as primeiras moedas padronizadas podem ter sido pequenos pedaços de eletro, um liga natural de ouro ou prata utilizada na Lídia, atual Turquia, em 600 a.C. O rei da Lídia garantia a uniformidade dos pedaços por meio da autorização da impressão de um desenho de cada um. Como vimos no texto anterior, ao longo da história, muitos outros meios foram utilizados. Para entender melhor o que é moeda, você conhecerá os tipos de moedas existentes, de acordo com Sandroni (1999). » Moeda-chave. moeda utilizada como padrão para o cálculo de paridade entre duas moedas. Em lugar de se calcular diretamente a cotação de uma moeda em relação a outra, faz-se a conversão das duas em uma terceira, a moeda-chave. Ex.: Nas transações comerciais internacionais costuma-se utilizar o dólar como moeda- chave. » Moeda conversível. moeda que, de acordo com os termos de sua emissão e durante a vigência do padrão-ouro ou do padrão-cambio ouro, podia ser convertida, numa determinada cotação fixa, em ouro monetário ou em moedas fortes. Ex.: O dólar e a libra. » Moeda de boa lei (Bona Monetas). esta expressão admite dois sentidos: 1) quando o toque e o peso de uma moeda corresponde àquele que a lei lhe determina; 2) quando tem credibilidade no mercado. Ex.: a expressão pagamento em bona monetas significa pagamento realizado com moeda de boa lei. » Moeda corrente: constitui no dinheiro legalmente autorizado a circular no País como meio de pagamento, em geral emitido (células de papel-moeda) ou cunhado (moedas metálicas) pelo próprio governo. Ex.: Nosso Real em papel e em moeda. » Moeda escritural: é a ordem de pagamento que se originou da generalização do uso do papel moeda. Ex.: a abertura de uma conta corrente por meio de determinado depósito em dinheiro permite a qualquer pessoa movimentar esse fundo depositado no banco, utilizando, por exemplo, o cheque. 41 MaCROECOnOMIa • CAPÍTULO 4 » Moeda estrangeira: moeda de outro país, que pode ou não ser cotada em relação à moeda corrente na tabela de câmbio que regula as transações internacionais. Ex.: O poder de compra das moedas estrangeiras é expresso pela taxa cambial, fixa ou livre, que tende a refletir a efetiva relação de troca existente entre as distintas moedas de diferentes países. » Moeda forte: a que apresenta facilidade de circulação e conversibilidade nas transações internacionais, por oferecer ampla garantia como meio de pagamento ou reserva de valor. Ex.: Entre as moedas fortes mais utilizadas até a década de 1970 destacam-se o dólar norte-americano, a libra esterlina e o marco alemão, que ainda mantêm relativa paridade com o padrão câmbio ouro e servem de referência nas cotações cambiai em todo o mundo. » Moeda fraca: aquela que circula com dificuldade no mercado internacional ou nem mesmo é aceita como meio de pagamento em operações de comércio exterior. Ex.: Nesse caso, incluem-se praticamente todas as moedas dos países subdesenvolvidos. » Moeda internacional: qualquer moeda aceita internacionalmente como forma de pagamento. Até a Segunda Guerra Mundial, a libra, como moeda forte, era a mais aceita internacionalmente, sendo substituída de forma gradual pelo dólar norte-americano. Ex.: qualquer moeda forte (iene japonês, marco alemão etc.) pode ser utilizada em pagamentos internacionais, devido a sua procura nas casas de câmbio e a sua relativa estabilidade. Além desses tipos de moedas, uma ferramenta muito utilizada nos dias atuais para as trocas comerciais é o plástico, na forma de cartões de crédito e cartões para transações em caixas eletrônicos. Segundo Sparrowe (2003), graças a uma complexa rede de comunicações computadorizada, ou seja, a informatização, uma pessoa de Chicago de férias no Rio de Janeiro, no Brasil, pode acessar suas contas bancárias e, em segundos, receber dinheiro em moeda local, utilizando a taxa de conversão apropriada. Quais são as funções básicas da moeda? Para Gastaldi (2002), as funções básicas da moeda são três: » Unidade de conta: a moeda serve para comparar o valor de mercadorias diversas (os diversos bens e serviços são expressos em quantidade de moeda, por meio dos preços). Além disso, a moeda resolve o problema de se somar coisas distintas, embora os preços de diferentes produtos e mercadorias guardem entre si relação. Um quilo de café corresponde, por exemplo, a quatro quilos de gasolina. 42 CAPÍTULO 4 • MaCROECOnOMIa » Meio de troca: significa que a compra e venda de bens e serviços opera-se com a utilização de moeda. São comprados por moeda e vendidos em troca de moeda, mesmo sem necessidade de transferência física de meio circulante. Entende-se que a moeda serve como meio de troca, aceitação, obrigatória num país ou região. Ex.: o Real, no Brasil; a libra, na Inglaterra etc. » Reserva de valor: um indivíduo que recebe moeda por alguma transação que tenha realizado, ou até mesmo, como prêmio, não precisa gastá-la imediatamente. Pode guardá-la para uso posterior. Isso significa que ela serve como reserva de valor. Para que se cumpra seu papel, é necessário que tenha valor estável, de forma que quem a possua tenha ideia precisa do quanto pode obter em troca. Verifica-se, pelo exposto, que os tipos e funções da moeda são de grande importância para a atividade econômica. Sem elas não existiria a troca de bens e serviços. Como estamos tratando de serviços, temos que atentar aos serviços públicos. De que forma está sendo utilizada a moeda nos serviços públicos? A lógica da política monetária consiste em controlar a oferta de moeda (liquidez) para determinar a taxa de juros de referência do mercado. Nesse sentido, o Banco Central, seja qual for o país, eleva a taxa de juros, enxugando (diminuindo) a oferta monetária, e a reduz, atuando de forma inversa. Cabe destacar que em um sistema econômico, moeda representa os meios de pagamentos. Esses, na sua forma mais líquida, podem ser representados pelo papel-moeda e pelos depósitos à vista nos bancos comerciais. Tanto as cédulas/moedas metálicas quanto os valores existentes em contas bancárias representam os meios de pagamento. A política monetária, ao controlar os meios de pagamentos, está visando estabilizar o nível de preços geral da economia. Os governos que necessitam diminuir a taxa de inflação reduzem a oferta de monetária e aumentam
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