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Joice de Melo Agripino Larissa Coelho Pereira Luciana Ângelo de Souza Victor Hugo Ferraz da Silva CULTIVO CELULAR E ANÁLISE DE CITOTOXICIDADE APLICADOS À BUSCA DE NOVOS FÁRMACOS EM MODELO DE CÉLULA DE MAMÍFERO Outubro/2020 P á g i n a | 1 Cultivo Celular e seu Progresso Histórico O cultivo celular representa uma grande mudança nas pesquisas das últimas décadas contribuindo de forma versátil em estudos e experimentos de diversas áreas no qual se aplica, sendo uma importante ferramenta de pesquisa nos laboratórios do mundo inteiro. A história dessa técnica denota do final do século XIX quando o zoólogo e embriologista alemão Wilhelm Roux, em seus estudos com embriões, conseguiu manter as células da placa neural de embriões de galinha viáveis por alguns dias em solução salina. Em 1907, o biólogo e anatomista americano Ross Granville Harrison, na busca por compreender a dinâmica do desenvolvimento do tecido nervoso deu início ao uso de cultura de células. Harrison queria provar que as fibras nervosas eram formadas a partir de células nervosas. Para isso, desenvolveu um experimento capaz de mimetizar as condições básicas de crescimento para uma célula. Ele dissecou o tubo medular de um embrião de sapo e o mergulhou em sua linfa fresca. Em instantes, a linfa se coagulou. Prosseguindo, Harrison selou o frasco com parafina e observou a sua preparação ao microscópio todos os dias, com os devidos cuidados de assepsia. Com esse experimento, a sua hipótese foi confirmada, a de que as fibras nervosas são formadas a partir de células nervosas. A possibilidade de se manter in vitro células vivas por mais de uma semana foi um marco para a cultura de células. O sucesso da técnica despertou o interesse de muitos outros cientistas que passaram a adotar o modelo experimental proposto por Harrison em seu artigo intitulado “Cultivo de células nervosas e monitoramento do desenvolvimento de fibras nervosas”. No artigo, Harrison escreve: Em 1912, o biólogo francês Alexis Carrel, baseado na descoberta feita por Harrison, publicou um trabalho com formas de prolongar o tempo de vida das células em cultura. Carrel trabalhou com células cardíacas de embrião de galinha e tecidos de “Quando se tomam as precauções assépticas adequadas, os tecidos sobrevivem nessas condições por uma semana e, em alguns casos, foram mantidos espécimes vivos durante aproximadamente quatro semanas”. P á g i n a | 2 cachorro em seus experimentos. A temperatura do cultivo das células era controlada, 38°C, e a cultura era suplementada com extrato de embrião ou músculos. Carrel verificou a necessidade da troca do meio de cultivo onde as células cresciam. A renovação constante de nutrientes prolongava o tempo de vida das células permitindo o cultivo das mesmas por períodos ainda maiores do que os utilizados por Harrison. Em 1951, o biologista celular americano, George Otto Gey, diretor do Laboratório de Cultura de Tecidos da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins (EUA), recebeu uma amostra de biópsia cervical proveniente da paciente Henrietta Lacks, diagnosticada com tumor cervical. Gey cultivou as células recebidas e descobriu que a linhagem celular era extremamente durável e apresentava divisão celular a cada 20 horas. Essa nova linhagem celular chamada HeLa (Henrietta Lacks), forneceu-lhe o meio mais eficaz para o desenvolvimento do poliovírus, permitindo o desenvolvimento da vacina Salk. As células HeLa foram então distribuídas para vários laboratórios e empresas farmacêuticas, tornando-se um dos recursos mais preciosos para estudos de tumores. Os experimentos dos americanos Leonard Hayflick e Paul Moorhead, em 1961, contribuíram, em grande parte, com o avanço no cultivo celular. Seus experimentos são considerados clássicos, uma vez que utilizaram células de vida finita. Motivados em desenvolver sistemas de células humanas não-tumorigênicas que pudessem ser cultivadas por longos períodos de tempo, em especial, para o crescimento de vírus e produção de vacinas, Hayflick e Moorhead descobriram que as células humanas derivadas de tecidos embrionários podem se dividir apenas por um número finito de vezes (50 vezes) em cultura. Esse fato contribui para o uso do cultivo celular como valiosa ferramenta para o entendimento de processos biológicos, como a senescência celular. Nakamura e colaboradores, em 1962 no Japão, estabeleceram a linhagem celular VERO, proveniente de rim de macaco-verde africano (Cercopithecus aethiops). Na atualidade, a linhagem VERO é uma das poucas aprovadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para uso em produção de vacinas. Atualmente, o cultivo celular vai muito além do estudo do comportamento de determinados tecidos ou células in vitro. A técnica é uma ferramenta essencial para o estudo e pesquisa de: P á g i n a | 3 ▪ Atividade Intracelular: transcrição de DNA, síntese proteica, metabolismo energético, ciclo celular, diferenciação, apoptose; ▪ Fluxo Intracelular: processamento de RNA, receptores hormonais, fluxos metabólicos, mobilização de cálcio, transdução de sinais, tráfico de membranas; ▪ Interação Célula-célula: morfogênese, controle parácrino, proliferação celular, cooperação metabólica, adesão, motilidade, interação com a matriz, invasividade; ▪ Produtos celulares: proteômica, secreção, biotecnologia, biorreatores. O cultivo celular tem ainda aplicações em diversas áreas: ▪ Farmacologia: ação de fármacos, interação entre ligante-receptor, metabolismo de fármaco, resistência a drogas; ▪ Imunologia: produção de anticorpos monoclonais, pesquisa de epítopos na superfície celular, hibridomas, citocinas, processo inflamatório; ▪ Genômica: análises genéticas, transfecção, infecção, transformação, imortalização, senescência; ▪ Toxicologia: infecção, citotoxicidade, mutagênese, carcinogênese, inflamação; ▪ Engenharia Tecidual: construção de tecidos, matrizes, propagação, diferenciação. Vantagens e Limitações do Cultivo Celular O cultivo celular possibilita estudar fenômenos inacessíveis em tecidos intactos, controlar o ambiente extracelular, conhecer o comportamento e função de uma população isolada de células, além de reduzir a utilização de animais como modelos experimentais. Quando executado com qualidade, proporciona consistência e reprodutibilidade dos resultados obtidos, característica esta primordial na pesquisa científica. Apesar das diversas vantagens, vale lembrar que, como toda e qualquer técnica, o cultivo celular possui algumas limitações, a começar pela proliferação em condições in vitro que diferem das condições in vivo. No ambiente in vitro a adesão célula-célula e célula-matriz é reduzida. As células são cultivadas em um ambiente que mimetiza as condições necessárias às células, mas que não apresentam as mesmas características P á g i n a | 4 nutricionais e hormonais de um tecido in vivo, tampouco a heterogeneidade e arquitetura tridimensional. A técnica deve ser executada com cautela e qualidade, pois existe a possibilidade de contaminação cruzada por outros tipos celulares, contaminação microbiana, fúngica e por vírus durante a manipulação. O local de trabalho deve conter uma infraestrutura apropriada. De maneira geral, o laboratório necessita dos seguintes espaços: área para lavagem e esterilização de materiais; área para preparo de meios de cultivo; área para incubação e observação das culturas; área para manipulação asséptica das culturas. Deve ainda obedecer rigorosamente às normas de biossegurança estabelecidas para cada classe de agentes biológicos, como será visto mais adiante. Normas Básicas para se Trabalhar com Culturas Celulares O sucesso no cultivo celular depende de uma série de cuidados para que os riscos de contaminação sejam os mínimos possíveis. A contaminação,além da perda de material biológico, leva à perda de tempo no prosseguimento dos experimentos, perda de reagentes e materiais e pode ainda expor o manipulador a riscos de contaminação com cepas de microrganismos patogênicos. Portanto, a BIOSSEGURANÇA é primordial e indispensável! Atente-se para as dicas e instruções: 1- Toda vez em que se for manipular as células em cultivo, observe-as previamente sob o microscópio, a fim de observar qualquer indício de contaminação e se o crescimento está dentro da normalidade. 2- As garrafas de meio de cultura não devem ser emprestadas e/ou compartilhadas com outras pessoas. 3- A limpeza da sala de cultivo deve ser feita pelo menos uma vez por semana. Fluxo, estufas, microscópio, bancadas, banho-maria e o chão. Cada laboratório deve estabelecer os protocolos que melhor atendem às necessidades de trabalho. P á g i n a | 5 4- A porta da sala de cultivo deve ser mantida sempre fechada. É proibido fumar ou comer na sala. A permanência de pessoas que não estejam trabalhando deve ser evitada. 5- Use sempre jalecos limpos e exclusivos para o trabalho na sala de cultivo. 6- O uso de luvas é indispensável. 7- Utilize o álcool 70% nas luvas sempre antes de iniciar e/ou voltar a trabalhar na câmara de fluxo laminar. 8- Limpe a câmara de fluxo laminar com álcool 70% sempre antes e depois dos experimentos. 9- TODO o material a ser utilizado na câmara de fluxo laminar deve ser previamente limpo com álcool 70%. 10- Evite falar enquanto está trabalhando na câmara de fluxo laminar. 11- Antes de descartar o material biológico na pia, adicione hipoclorito de sódio 2% (concentração final de 0,1- 0,2%) por pelo menos 30 min. 12- Em caso de derramamento de material biológico, neutralizar a solução derramada com hipoclorito 2% e deixar agir por 30 minutos. Classe de Risco e Nível de Biossegurança (NB) Os agentes biológicos que afetam o homem, os animais e as plantas são distribuídos em classes de risco: I, II, III e IV. Quanto maior a classe (Ex: classe IV), maior é o grau de risco e, portanto, maiores são os cuidados de biossegurança exigidos para sua manipulação. ▪ Classe I: baixo risco individual e para a coletividade. Exemplo: Lactobacillus sp., E. coli. ▪ Classe II: moderado risco individual e limitado risco para a comunidade. Exemplo: bactérias - Clostridium tetani, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus; vírus-Epstein-Barr (EBV), herpes; fungos - Candida albicans; parasitos - Plasmodium, Schistosoma. ▪ Classe III: alto risco individual e moderado risco para a comunidade. Exemplo: Bacillus anthracis; Mycobacterium tuberculosis; vírus – hepatites B e C. P á g i n a | 6 ▪ Classe IV: alto risco individual e para a comunidade. Exemplo: vírus Ebola. Existem quatro níveis de biossegurança (NB): NB-1, NB-2, NB-3 e NB-4, crescentes no maior grau de contenção e complexidade do nível de proteção, que consistem de combinações de práticas e técnicas de laboratório e barreiras primárias e secundárias de um laboratório. O responsável técnico pelo laboratório é o responsável pela avaliação dos riscos e pela aplicação adequada dos níveis de biossegurança, em função dos tipos de agentes e das atividades a serem realizadas. ▪ NB1: laboratórios de ensino básico, onde são manipulados os microrganismos pertencentes à classe de risco I. Não é requerida nenhuma característica de desenho, além de um bom planejamento espacial e funcional e a adoção de boas práticas laboratoriais. ▪ NB2: manipulação de microrganismos da classe de risco II. Laboratórios clínicos ou hospitalares de níveis primários de diagnóstico, sendo necessário, além da adoção das boas práticas, o uso de barreiras físicas primárias (cabine de segurança biológica e equipamentos de proteção individual) e secundárias (desenho e organização do laboratório). ▪ NB3: microrganismos da classe de risco III ou para manipulação de grandes volumes e altas concentrações de microrganismos da classe de risco II. Para este nível de contenção são requeridos além dos itens referidos no nível 2, desenho e construções laboratoriais especiais. Deve ser mantido controle rígido quanto à operação, inspeção e manutenção das instalações e equipamentos e o pessoal técnico deve receber treinamento específico sobre procedimentos de segurança para a manipulação. ▪ NB4: ou laboratório de contenção máxima, destina-se a manipulação de microrganismos da classe de risco IV, onde há o mais alto nível de contenção, além de representar uma unidade geográfica e funcionalmente independente de outras áreas. Esses laboratórios requerem, além dos requisitos físicos e operacionais dos níveis de contenção 1, 2 e 3, barreiras de contenção (instalações, desenho equipamentos de proteção) e procedimentos especiais de segurança. P á g i n a | 7 Cultura de Células: o que é? A cultura de células consiste na retirada de células de um animal ou um vegetal com seu subsequente crescimento em um ambiente artificial. As células podem ser removidas diretamente do tecido ou desagregadas por meio mecânico ou enzimático antes do cultivo celular. Em outro caso, podem ser derivadas de uma linguagem celular previamente estabelecida. O crescimento de células provenientes de um fragmento de tecido obtido por desagregação mecânica ou enzimática se refere à cultura primária. As células que sobrevivem ao processo de desagregação e conseguem se aderir à garrafa formam a primeira monocamada de células daquele tecido. Essas células possuem as características genotípicas e fenotípicas do tecido de origem, são capazes de crescer em cultura por um determinado período de tempo e são denominadas células primárias. À medida que as células em cultura são repicadas, as que possuem maior capacidade proliferativa predominam na garrafa em detrimento das células que menos se adaptam às condições de cultivo in vitro, ou que não possuem uma taxa normal de proliferação devido a traumas decorrentes do processo de desagregação. Após o primeiro subcultivo (repique), a cultura primária é chamada de linhagem celular. Essas células ainda possuem as características do tecido de origem e alta proliferação. A linhagem celular pode ser do tipo finita ou contínua. ▪ Linhagem celular finita: as células se dividem por período limitado de tempo antes de perderem sua capacidade proliferativa (senescência). ▪ Linhagem celular contínua: após processo de transformação, as células se tornam imortais com capacidade proliferativa indefinida. As células transformadas também podem ser obtidas diretamente de tecidos já mutados, como é o caso de tecidos tumorais. O exemplo mais conhecido desse tipo de célula são as células HeLa. Subcultivo = Passagem (repique) Deve ser sempre escrita no frasco/placa como P# P á g i n a | 8 Confluência Celular e Inibição por Contato Quando as células em cultura proliferam até ocuparem todo o substrato disponível, dizemos que elas alcançaram a confluência celular. Nesse estágio, as células têm que ser subcultivadas, transferindo-as para um novo recipiente com as condições apropriadas ao seu crescimento. A confluência ótima para transferir as células para um novo frasco ou placa é de 70 a 80%. A confluência muito baixa significa que as células ainda estão em fase lag (fase de adaptação) e, portanto, não conseguirão proliferar-se. Já em confluência elevada, as células podem ter sofrido alterações desfavoráveis para seu subcultivo podendo ainda ser difícil sua remoção do frasco ou placa. O crescimento celular in vitro pode ser inibido por contato de uma célula com outra. Quando as células fazem contato entre si, elas cessam seu crescimento, entram na fase G0 do ciclo celular. Células transformadas, como as células Hela, podem continuar a multiplicar e empilhar umas sobre as outras.Linhagens Celulares e Manutenção É importante salientar que as células em cultivo apresentam, inicialmente, características dos seus tecidos de origem. Desta forma, células epiteliais terão uma maior dependência do contato célula-célula, enquanto as células hematopoiéticas não necessitarão de nenhum contato. Células em cultivo podem ser classificadas quanto a dois aspectos distintos: podem ser aderentes ou não aderentes, ou seja, algumas podem se aderir ao fundo da garrafa de cultivo ou ficarem suspensas no meio de cultura, respectivamente (Figura 1). P á g i n a | 9 As células aderentes são originadas a partir de um tecido com parênquima estrutural definido (exemplo: tecido epitelial, muscular). Para que ocorra seu crescimento em meio de cultura é preciso uma superfície de contato para adesão. Para o cultivo de células aderentes, é necessário o uso de garrafas que contentam uma carga negativa. Esta carga irá estimular a produção de proteínas de adesão e proteoglicanos, que permitirão o início do processo de adesão da célula a superfície de contato. A matriz extracelular, que circunda as células, interage com a carga negativa da garrafa e com as células, através de receptores específicos (Figura 2). Quando em cultura, as células aderentes se espalham pelo fundo da garrafa formando uma monocamada celular. Fig. 2: Processo de adesão celular mediado por proteínas de adesão. Fonte: ALVES, E.M.; GUIMARÃES, A.C.R, in Cultivo Celular. Fig. 1: A) Linhagem aderente (Linhagem MA 104); B) Linhagem não aderente (protozoários Leishmania sp.). P á g i n a | 10 As células não aderentes são cultivadas em suspensão no meio e são oriundas de tecidos que não necessitam de ancoragem para a proliferação e sobrevivência. São exemplos de células não aderentes: células hematopoiéticas, linhagens transformadas, parasitos Leishmania sp. A manutenção das células aderentes em cultivo é feita quando há confluência em torno de 70 – 90% ou quando o meio está metabolizado. Para fazer o repique celular, serão necessários aparatos que possam descolar as células do fundo da garrafa. Este “descolamento” pode ser feito por meio proteolítico, com o auxílio de solução de Tripsina-EDTA (ácido etilenodiamino tetra- acético), ou por meios mecânicos, como o auxílio de um espalhador de células (Figura 3). A Tripsina-EDTA é uma solução balanceada com tripsina sem íons e com um agente quelante, o EDTA. Ela age permitindo o "descolamento" das células de frascos de cultivo e/ou desagregando células entre si através de sua propriedade proteolítica sobre proteínas intercelulares, e ainda alterando a estabilidade das membranas ao quelar o íon cálcio. Como o processo de descolamento e separação de células pode ser acompanhado ao microscópio, pode-se interromper a sua ação quando desejado, pela simples adição de meio contendo soro animal ou humano. Esta solução não dever ficar em contato com a cultura por longos períodos, devido ao risco de reduzir a viabilidade celular (lise celular). O movimento de vai- e- vem do espalhador de células sobre a monocamada celular cria um atrito mecânico que permite o descolamento das células do fundo da garrafa de cultura. A desvantagem desta técnica é que ela pode ser muito danosa para a célula, devido a sua agressividade. Em ambos os casos, o resultado será uma suspensão de células. A partir desta suspensão é possível retirar uma alíquota e transferi-la para outra garrafa de cultura com acréscimo de meio específico, formando uma nova garrafa de cultura, ou apenas retirar o volume de célula e acrescentar novo meio, mantendo-se assim a cultura na mesma garrafa. Fig. 3: Espalhador de células, também conhecido como “rodinho”. P á g i n a | 11 Curva de Crescimento Celular Células em cultura possuem um padrão de crescimento representado por uma curva sigmóide (Figura 4), chamada curva de crescimento. Essa curva reflete as fases de adaptação das células às condições ambientais, à disponibilidade de nutrientes e ao suporte de ancoragem necessários a proliferação celular. A determinação da curva de crescimento é importante para a caracterização de uma cultura celular. Cada fase da curva é acompanhada por modificações na biologia das células. Através dessa curva, é possível prever qual a melhor época para o repique celular ou quando novos nutrientes devem ser acrescentados ao meio. Fig. 4: Curva de crescimento celular padrão. A curva de crescimento é dividida nas seguintes fases: • Fase Lag: corresponde ao período de adaptação. Nesta fase não ocorre proliferação celular. É um período caracterizado por intensa atividade metabólica. • Fase Log: fase exponencial ou logarítmica, caracterizada por uma intensa proliferação celular, com crescimento constante. É o período de maior viabilidade celular, sendo por isso ideal para experimentos e estudos. • Fase estacionária ou plateau: caracterizado por redução da atividade metabólica. O número de células que morrem é equivalente ao número de células novas. P á g i n a | 12 • Fase de declínio ou morte celular: Caracterizada por uma redução drástica do número celular, onde o número de células mortas excede o número de células novas. Quantificação Celular Para a realização de experimentos é essencial a quantificação celular, ou seja, dizer quantas células existem em uma garrafa de cultura. A quantificação pode ser feita de forma direta, através da contagem de células, ou de forma indireta, através da dosagem indireta de determinadas estruturas celulares, como proteínas, ou pela medição do metabolismo celular. Para quantificação direta, o método mais utilizado é a contagem em Câmara de Neubauer, onde as células devem estar totalmente individualizadas. A câmara de Neubauer é uma lâmina de vidro com divisões que auxiliam na contagem. Possui 9 quadrados que medem 1 mm2 de área (Figura 5). Somente os quatro quadrados externos são utilizados na contagem de células animais. Cada quadrado externo é composto por mais 16 quadrados menores. Fig. 5: A) Câmara de Neubauer; B) Esquema da Câmara de Neubauer Para a contagem, é preciso colocar uma lamínula de vidro sobre a câmara. Isto irá conter a suspensão de células. O espaço formado entre a lamínula e a câmara corresponde A) B) P á g i n a | 13 a 0,1 mm. Sendo assim, o volume determinado em cada quadrante é de 0,1mm3. As células contadas em um quadrante contidas em 1mL correspondem ao valor de células contadas multiplicadas por 104 (fator de correção da câmara). O número de células contadas por mL na câmara de Neubauer pode ser obtido através da seguinte equação: Para a análise de viabilidade celular, utiliza-se o corante vital azul de Trypan. Em células com membranas comprometidas, ocorre um fluxo de corante para o interior da célula, que adquire a coloração azulada. Em células com grande motilidade, como é o caso de Leishmania sp., utiliza-se solução de formalina a 4%, que mata a célula sem alterar sua estrutura. Desta forma, é possível fazer a contagem sem que elas se movam de um lado para o outro, correndo o risco de se contar a mesma célula mais de uma vez. Meios de Cultivo Celular Os meios nutritivos (ou meios de cultivo) são essenciais para o crescimento celular, pois fornecem às células carbono, energia e elementos essenciais para o seu crescimento in vitro. As mesmas vias metabólicas básicas nos organismos são consideradas nas células em cultivo. Para complementar as várias substancias sintetizadas pelas células, vários compostos são adicionados para suprir as necessidades metabólicas e energéticas das células. Desta forma, os meios de cultivo devem apresentar em sua composição sais minerais, carboidratos, vitaminas, aminoácidos e ácidos graxos (Tabela 1). Em alguns casos também são adicionadostambém soro, tampões, antibióticos e indicadores de pH. Tudo vai depender do tipo de célula que está em cultivo e qual o seu propósito com este Nº de células/mL = Nº total de células contadas x fator de diluição x 10 4 4 P á g i n a | 14 cultivo. De uma maneira geral, quanto maior a complexidade da célula em questão, maior será a sua exigência nutricional. Para definir qual melhor meio para seu cultivo é necessário consultar a literatura e as referências dos bancos oficiais. Tabela 1: Tabelas de componentes básicos de um meio típico Aminoácidos Vitaminas Sais Minerais Outros Proteínas •Arginina •Cistina •Glutamina •Histidina •Isoleucina •Leucina •Lisina •Metionina •Fenilalanina •Treonina •Triptofano •Tirosina •Valina •Biotina •Colina •Folato •Nicotinamida •Pantotenato •Piridoxal •Tiamina •Riboflavina •NaCl •KCl •NaH2 •PO4 •NaHCO3 •CaCl2 •MgCl2 •Glicose •Penicilina •Estreptomicina •Vermelho de fenol •Soro • Hemina • Urina humana • Adenina •Insulina •Transferrina •Fatores específicos de crescimento Adaptado de ALVES, E.M.; GUIMARÃES, A.C.R, in Cultivo Celular. Cuidados no Preparo do Meio de Cultivo Para meios que apresentam em sua composição substâncias orgânicas que não resistem a altas temperaturas e pressão das autoclaves, convém dispor de um dispositivo de filtração por membrana. Para isso utiliza-se um filtro especial de acetato de celulose com porosidade inferior de 0,22 µm. P á g i n a | 15 O processo de filtração consiste na passagem do líquido por uma membrana filtrante com pequenos poros que impedem a passagem de microrganismos. Filtros reutilizáveis podem ser esterilizados por meio da autoclavação, sendo os descartáveis também muito utilizados e, apesar de mais caros, o processo é mais rápido e mais seguro. A maioria dos meios de cultivo são esterilizados por meio da filtração. Contudo, algumas soluções podem ser esterilizadas por autoclavação a 121ºC por 15 minutos. Vale ressaltar que todo o processo de filtração deve ser realizado em câmara de fluxo laminar e após o processo de filtração deve-se testar o material filtrado para verificar a eficiência do procedimento. Neste caso, o meio pode ser incubado junto a outro meio de crescimento próprio de microrganismos ou simplesmente pode-se incubar uma alíquota do meio por 48h a 37ºC em estufa contendo 5% de CO2. Criopreservação A manutenção de linhagens celulares no laboratório requer uma série de cuidados e normas que devem ser seguidos minunciosamente, como mostrado anteriormente. E mesmo quando todos os protocolos são seguidos, ainda assim a cultura celular pode sofrer contaminação microbiana. Quando isso acontece, o reestabelecimento da linhagem celular perdida pode demandar muito tempo e pode ter alto custo, sendo ambos os fatores limitantes para o sucesso e continuidade da pesquisa. Dessa forma, faz-se necessária a existência de um banco de células, o qual será composto por congelamentos dos diferentes tipos celulares utilizados no laboratório de cultivo celular, devendo estes serem armazenados em nitrogênio líquido. Para a realização do congelamento celular alguns passos devem ser seguidos, como descrito a seguir: 1) Escolha do agente crioprotetor. Exemplo: dimetilsulfóxido (DMSO) ou glicerol, que diminuem o ponto de congelamento do meio e permitem um congelamento lento, reduzindo o risco de formação de cristais de gelo que podem danificar as células e levá-las à morte. 2) Número de células: pelo menos 90% das células a serem congeladas devem estar vivas a fim de que quando forem descongeladas, possam se recuperar e isso ocorra em um menor tempo. P á g i n a | 16 3) Passagem celular: dê preferência às passagens mais baixas para o congelamento. 4) Escolha do meio de congelamento: o meio de congelamento pode ser feito pelo próprio meio cultivo em que as células são cultivadas juntamente com o agente crioprotetor ou ser feito pelo soro fetal bovino junto ao agente crioprotetor. Observação: cada laboratório e/ou pesquisador pode estabelecer a % de crioprotetor a ser utilizada para cada tipo celular no meio de congelamento, ou esta % pode ser recomendada pela empresa de onde as células foram compradas. Exemplo: Macrófagos Raw 264.7 (5% DMSO); Leishmania braziliensis (6,5% DMSO). 5) Temperatura: Como mencionado, o congelamento deve ser lento. Assim, é necessário estabelecer o tempo para que a amostra passe desde a geladeira, freezer, - 80ºC até o nitrogênio líquido, onde ela deverá permanecer. 6) Criotubos: devem ser estéreis, assim como todos os materiais a serem utilizados para o congelamento celular. Geralmente, adiciona-se 1mL de cultura a ser congelada (meio de congelamento juntamente com as células). 7) Identificação dos criotubos: cada critotubo deve ser identificado com o nome da linhagem congelada; qual passagem; número de células congeladas; data do congelamento; nome de quem congelou. Ao contrário do congelamento, o descongelamento celular deve ser rápido, uma vez que é um procedimento estressante para as células. Ao retirar o criotubo do nitrogênio líquido, deixe-o à temperatura ambiente ou descongele em banho-maria a 37ºC (variável segundo o tipo celular). Tão logo isso ocorra, transfira a cultura presente no criotubo para uma garrafa de cultivo, adicione o meio de cultivo e incube adequadamente. Observação: os procedimentos de congelamento e descongelamento são os mesmos para as células aderentes e para aquelas que crescem em suspensão. P á g i n a | 17 Contaminação no Cultivo Celular A contaminação da cultura de células é um dos problemas mais comuns enfrentados em um laboratório de cultivo celular. Assim, como já mencionado anteriormente, regras e cuidados devem ser seguidos para que essa contaminação seja mínima e que de forma alguma se torne algo recorrente, caso contrário, haverá perda não só da cultura, como também de tempo e de materiais, que em geral, são caros. As contaminações na cultura celular podem ser químicas, como detergentes e impurezas presentes no meio de cultivo, no soro e na água, e contaminações biológicas, como bactérias, leveduras e fungos filamentosos, vírus e micoplasma. A contaminação cruzada por outras linhagens celulares também pode ocorrer. Essas contaminações podem ser introduzidas pelo próprio pesquisador, como também podem ser oriundas do ar, bancadas, soluções, vidrarias e outros materiais. Na Figura 6, observe a contaminação por fungos filamentosos de uma cultura de células HEK 293. Fig. 6: Contaminação por fungos filamentosos de uma cultura de células HEK 293. No caso de contaminação por micoplasma, esta é de difícil detecção na rotina do laboratório, uma vez que essas bactérias podem sobreviver na cultura celular sem ocasionar a morte das outras células ali presentes e não serem visualizadas ao microscópio. Entretanto, alguns indícios de contaminação por micoplasma podem ser observados, como diminuição da proliferação das células na cultura, aglutinação celular no caso de células em suspensão, e ativação de macrófagos. Além disso, o meio de cultivo pode ficar turvo e ter o seu pH alterado repentinamente. A identificação de contaminação da cultura por micoplasma pode ser feita por kits, por testes enzimáticos (ELISA) e testes P á g i n a | 18 moleculares (PCR). Porém, por serem métodos caros, geralmente não são empregados na rotina. Esterilização de Materiais para a Cultura de Células e Câmara de Fluxo Laminar Trabalhar com cultura de células deve ser sinônimo de ambiente estéril. Os meios de cultura são ricos em nutrientes que facilitam o crescimento de microrganismos contaminantes. Assim, TODOS os materiais utilizados no cultivo celular devem ser esterilizados,como pipetas, garrafas para meio de cultivo, ponteiras, água, DMSO, entre outros. A esterilização garante a destruição de todas as formas de vida microbiana, inclusive, de esporos, que são mais resistentes. Agentes físicos utilizados normalmente para esterilização são: autoclave, radiação ultravioleta, radiação gama e filtração. Autoclave: emprega o calor úmido, e geralmente, a temperatura de 121ºC por 15 a 30 minutos garante a esterilidade dos materiais. Radiação UV: utiliza-se o intervalo entre 200 e 300 nm, pois tem conhecida ação bactericida ao causar danos no DNA. O seu uso na esterilização não é aceito por todos os pesquisadores, uma vez que a sua aplicação direta na superfície possui baixo poder de penetração. Radiação Gama: utilização mais comum é do 60Co ou o 137Cs. A sua eficiência depende de diversos fatores, entre eles, a fase de crescimento em que os microrganismos se encontram. Possui alto poder de penetração. Filtração: utilização de membranas filtrantes de 0,22 µm. Pode ser a vácuo (pressão negativa), que é empregada para filtragem de volumes maiores, ou por seringa (pressão positiva), utilizada para volumes menores. Em relação à utilização do álcool a 70%, este é utilizado na desinfecção de materiais e na assepsia das mãos e/ou braços, não garantindo, portanto, a esterilidade. É eficaz contra bactérias na forma vegetativa, vírus envelopados, como vírus das hepatites B e C, micobactérias e fungos. Não apresenta ação contra esporos e vírus não- envelopados, como vírus da hepatite A. desnaturação proteica é a hipótese mais aceita para o efeito bactericida do álcool a 70%. P á g i n a | 19 A manipulação das células e dos materiais para o cultivo celular é feita em câmara de fluxo de laminar (cabines de segurança biológica), um ambiente estéril cujo objetivo é proteger o operador, o meio ambiente e as amostras manipuladas. Há três tipos de câmara de fluxo laminar, designadas como classes I, II e III. ▪ Classe I: entrada frontal de ar que circula dentro da área de trabalho e é aspirado por filtro HEPA; proteção pessoal e do ambiente. Não protege a cultura de contaminação. ▪ Classe II: abertura frontal, fonte de ar e exaustão com filtro HEPA. Principal tipo encontrado nos laboratórios de cultivo celular e garante proteção ao operador e à cultura. As câmaras de fluxo laminar de classe II são projetadas para o manuseio de agentes pertencentes aos níveis de biossegurança (NB) NB 1 (sem risco conhecido de contaminação), NB 2 (risco moderado) e NB 3 (infecções sérias e letais). Classe III: câmara de contenção máxima. O sistema é totalmente fechado, com ventilação própria, construído em aço inox à prova de escape de ar, operando com pressão negativa. Utilizada para o manuseio de agentes pertencentes ao NB 4 (alto risco de contaminação individual). Protege o operador, a cultura e o ambiente. Análise de Viabilidade Celular e Citotoxicidade A detecção da viabilidade celular e a avaliação da citotoxicidade são frequentemente empregadas no cultivo celular quando o objetivo é a triagem de compostos com possível efeito sobre determinado tipo celular, como por exemplo, triagem de compostos com potencial efeito antiparasitário e/ou anticâncer. Ensaios colorimétricos in vitro como 3-(4,5-dimetil tiazol-2-il)-2,5-difenil tetrazólio (MTT) e aqueles que empregam a resazurina, como o Alamar blue, são bastante utilizados para este fim, visto serem simples, eficientes, sensíveis e de baixo custo. MTT: Baseado na redução do MTT (um sal de coloração amarela e solúvel em água) a formazan (sal de coloração arroxeada e insolúvel em água) por desidrogenases mitocondriais. A redução do MTT a formazan (Figura 7) será diretamente proporcional à atividade mitocondrial e à viabilidade celular. A detecção é feita a 540 nm. P á g i n a | 20 . Fig. 7: Redução do MTT a Formazan. Resazurina: Em sua forma oxidada, a resazurina é um corante azul. Na presença de atividade metabólica celular, ela é reduzida a resorufina (Figura 8), de coloração rosa, que pode ser medida por leitura colorimétrica a 570/600 nm ou fluorimétrica 575/585 nm. Fig. 8: Redução da Resazurina a Resofurina. Os ensaios de viabilidade celular e citotoxicidade empregados na triagem de compostos requerem alguns parâmetros de controle que garantem a funcionalidade do experimento. Assim, faz-se necessária a presença de um controle positivo, um controle negativo, células sem tratamento e meio de cultivo. O controle positivo é um composto conhecido capaz de matar as células de interesse; o controle negativo, que pode ser o DMSO (diluente dos compostos em teste), não é capaz de matar as células de interesse; as células sem tratamento refletem o comportamento normal destas sem a ação de qualquer composto e o meio de cultivo é o branco na leitura espectrofotométrica. É importante ressaltar, que cada composto de interesse na triagem deve ser testado em cada experimento, pelo menos em triplicata, a fim de garantia de reprodutibilidade, e pelo menos dois experimentos independentes devem ser realizados. Na Figura 9 está representado um experimento de toxicidade para Macrófagos RAW 264.7 feito em placa de 96 poços, indicando quadruplicata para os controles positivo (Anfotericina B), negativo (DMSO), células sem tratamento, meio de cultivo (branco) e compostos 1 e 2. P á g i n a | 21 Fig. 9: Experimento de toxicidade para Macrófagos RAW 264.7 CONCENTRAÇÃO INIBITÓRIA DE 50% (IC50) e ÍNDICE DE SELETIVIDADE (IS) A concentração inibitória de 50% é a medida da efetividade de um composto em inibir o crescimento celular em 50%. Geralmente, é determinado a partir de diversas concentrações, partindo-se de uma concentração mais alta, que seja capaz de matar totalidade das células de interesse, até uma concentração mais baixa, em que as células permanecem todas vivas. O IC50 reflete a eficácia de determinado composto, quanto maior o valor do IC50, menos eficaz é o composto; quanto menor o valor, maior a eficácia. O IC50 pode ser determinado após uma triagem inicial dos compostos com uma concentração fixa, a partir da qual ele somente será calculado para os melhores compostos, ou o próprio IC50 pode ser a triagem, já que várias concentrações são testadas ao mesmo tempo. O GraphPad Prism é um programa que pode ser utilizado na determinação do IC50 e requer pelo menos seis concentrações do composto teste para este fim. O Índice de Seletividade (IS) é utilizado em ensaios de citotoxicidade para avaliar o quanto um composto é mais eficaz contra determinado parasito sem causar danos à viabilidade de células mamíferos. Quanto maior o IS, mais seletivo é o composto sobre o parasito e menos efeito ele tem sobre as células de mamíferos. Segundo a Drugs for Neglected Diseases initiative (DNDi), que é uma organização sem fins lucrativos que visa P á g i n a | 22 IS = IC50 células de mamíferos IC50 composto o desenvolvimento de novas drogas para doenças negligenciadas, incluindo as leishmanioses, um IS > 10 em um ensaio de infecção com Leishmania, valida determinado composto para testes in vivo. O IS é calculado dividindo-se o IC50 do composto para células de mamíferos pelo IC50 do composto para o protozoário parasito: P á g i n a | 23 ANEXO 1: Protocolo de citotoxicidade em Macrófagos Raw 264.7 pelo método da resazurina Procedimentos: 1- Preparar suspensões celulares nas concentrações de 1 x 105 células/mL, 5 x 104 células/mL e 2,5 x 104 células/mL. Levar em consideração o número de poços a serem utilizados para a triagem dos compostos e o fato de que em cada poço, devem ser adicionados 200 µL dessas suspensões celulares. O número de células seguirá o tempo de avaliação da ação do composto, 24, 48 e 72 horas, respectivamente. Quanto maior o tempo,menos células deverão estar em cada poço. 2- Adicionar em cada poço, 200 µL da suspensão celular. 3- Incubar a placa na estufa de CO2 a 37ºC por 24 horas. 4- Retirar o meio de cultura metabolizado. 5- Adicionar 200 µL de meio de cultivo novo. 6 – Adicionar os compostos previamente diluídos a serem testados, bem como os controles. 7- Incubar a placa na estufa de CO2 a 37ºC pelo tempo que se deseja avaliar a ação dos compostos: 24 horas, 48 horas, 72 horas, por exemplo. 8- Retirar a placa da estufa e adicionar em cada poço 20 µL de resazurina. Se o tempo de ação do composto for 24 horas, a resazurina deverá ser adicionada na 23ª hora; se 48 horas, a adição da resazurina deverá ser na 47ª hora; se 72 horas, na 71ª hora e assim por diante. O importante é adicionar a resazurina 1 hora antes do tempo determinado para a avaliação da ação do composto, para que ela seja metabolizada e seja possível fazer a leitura no tempo preestabelecido. 9- Incubar a placa na estufa de CO2 a 37ºC por 1 hora. 10 – Retirar a placa da estufa e proceder à leitura na leitora de microplacas. A leitura poderá ser colorimétrica a 570/600 nm ou fluorimétrica 575/585 nm. Observação: Deverão ser feitas três leituras, 1 a cada hora. A porcentagem de redução da resazurina, em cada tempo avaliado, será calculada segundo a fórmula a seguir para a leitura colorimétrica: P á g i n a | 24 Redução da resazurina = [A570 – (A600 X R0)] Nessa fórmula, A570 significa a absorbância da resazurina a 570 nm, A600 equivale à absorbância da resazurina a 600 nm, e R0 é um fator de correção (branco), representado pela média das absorbâncias do controle negativo contendo somente meio de cultivo com resazurina. A porcentagem de células viáveis será calculada segundo a seguinte fórmula: % Células viáveis = [A570 – (A600 X R0)Tratado] x 100/ Média[A570 –(A600 X R0)]Não tratado P á g i n a | 25 Referências Bibliográficas: ▪ PERES, C.M; CURI, R. Como cultivar células. Gunabara Koogan S.A., Rio de Janeiro, 2005. ▪ ALVES, E.M.; GUIMARÃES, A.C.R. Cultivo Celular. Disponível em: <http://www.epsjv.fiocruz.br/sites/default/files/capitulo_5_vol 2.pdf> ▪ INVITROGEN. Cell culture basics. Disponível em: <https://www.thermofisher.com/content/dam/LifeTech/global/promotions/global /images/aai-2015/aai-pdfs/GibcoCellCultureBasicsHandbook.pdf> ▪ Vareschini, D.T. Cultivo celular. Disponível em: <www.lance- ufrj.org/uploads/3/2/2/5/.../aula_cultivo_celular_daniel_tait_2011_2.pdf> ▪ Rodríguez-Hernández, C.O. et al. Cell Culture: History, Development and Prospects. Int.J.Curr.Res.Aca.Rev, 2014. ▪ FIOCRUZ. Níveis de biossegurança. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/niveis_de_bioseguranca.ht ml>
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