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Economia do Meio Ambiente
Prof.ª Aline Cristina Matos
1ª Edição | Junho | 2014
Impressão em São Paulo / SP
Coordenação Geral
Nelson Boni
Coordenação de Projetos
Leandro Lousada
Professor Responsável
Aline Cristina Matos
Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353
Copyright © EaD KnowHow 2011
Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida por 
qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.
Projeto Gráfico, Capa 
e Diagramação
Marilia Lopes
Revisão Ortográfica
Vanessa Almeida
1a Edição: Junho de 2014
Impressão em São Paulo/SP
Economia do Meio Ambiental
Sumário
Unidade 1 41
Recursos Naturais E Recursos Pesqueiros
Unidade 2 49
Agentes Poluidores e Estratégia de Mercado
Unidade 3 63
Instrumentos Econômicos Para A Gestão Ambiental
Unidade 4 71
Valoração Dos Recursos Naturais
Unidade 5 79
Indicadores e Estatísticas Ambientais 
Referencias Bibliografi cas
41
Unidade 1
1. Recursos Naturais E Recursos Pesqueiros
Uma das grandes inquietações dos indivídu-
os que se preocupam com o futuro da humanida-
de é o problema da escassez de recursos naturais. 
Historicamente, esta preocupação se iniciou com 
um economista e filósofo do século XVIII, Tho-
mas Robert Malthus, que considerou que o cres-
cimento econômico se estagnaria pela ausência 
de alimentos e de outros recursos naturais. Isso 
porque a população não deixaria de crescer, de 
modo geométrico e numérico, sendo a terra fixa e 
com limites temporais para desenvolver sua pro-
dução, não suportaria a demanda populacional. 
Assim, seria inevitável criar mecanismos de con-
trole populacional.
Séculos depois, para ser mais preciso no século 
XX, na década de 70, a preocupação se estendia a 
outros elementos naturais. Choques com o petróleo 
intensificam as apreensões a respeito da escassez, e 
criou-se um pessimismo sobre o panorama de cres-
cimento econômico em longo prazo, que gerou no 
meio científico a incorporação dos recursos esgotá-
veis nos modelos de crescimento econômico. Com 
esses estudos científicos foi possível compreender 
várias propriedades dos recursos não renováveis sob 
o ponto de vista do seu papel na economia.
42
Sendo assim, a economia dos recursos naturais 
tem como foco determinar métodos e políticas que 
visam ao crescimento econômico sustentável.
Mas, antes de dar sequência à proposta da eco-
nomia dos recursos naturais, é preciso definir, classi-
ficar e especificar os recursos naturais.
O termo ficou conhecido com o economista 
inglês E.F.Schumacher que, ao escrever seu livro O 
negócio é ser pequeno, enfatizou uma reformulação 
no modo de vida ocidental no que diz respeito ao 
uso desenfreado de recursos naturais e ao trabalho 
humano exagerado. Schumacher passou a ser um dos 
mais importantes nomes do ecologismo moderno.
O termo “recursos naturais” é definido em seu 
livro como os elementos da natureza com utilidade 
para o homem, objetivando o desenvolvimento e so-
brevivência das sociedades. Estes são componentes, 
materiais ou não, da paisagem geográfica. Conforme 
um recurso é consumido, sua quantidade diminui, 
podem-se considerar recursos naturais: alimentos, 
água, espaço, esconderijos e outros. A temperatura 
não é considerada um recurso, pois, apesar de in-
terferir na reprodução e sobrevivência dos seres, ela 
não é consumida e não pode ser mudada por um 
indivíduo para prejudicar outro.
Quanto à classificação dos recursos naturais, te-
mos os renováveis e não renováveis. Os renováveis 
são aqueles que, usados de forma moderada, podem 
43
ser revitalizados. Exemplos: solos, ar, águas, flores-
tas, fauna e flora no geral. Os não renováveis, ou 
exauríveis (esgotados), são aqueles que de alguma 
forma não se renovam, ou demoram séculos para 
se transformar. Exemplos: minérios e combustíveis. 
Além dos mencionados, têm-se os inesgotáveis, 
considerados como eficientes fontes de energia, são 
aqueles que não se acabam, como o sol e o vento.
Voltando à questão da economia dos recursos 
naturais, uma de suas preocupações é a utilização 
dos recursos ao longo do tempo, uma vez que é fato 
defrontar-se com o problema de alocação intertem-
poral de extração, ou seja, não há uma reserva es-
pecifica que dure por tempo indeterminado e que 
possibilite extração de recursos.
Quanto à proposta de políticas econômicas 
para o uso dos recursos naturais, sua principal fun-
ção é garantir a utilização possível de um recuso não 
renovável da melhor forma de aplicação, social e am-
biental, ao longo do tempo.
Para os modelos de extração ótima serem colo-
cados em prática, é preciso estabelecer relações bá-
sicas e seguir alguns passos definidos, sendo assim, 
os elementos fundamentais são: uma função objetiva 
que deve ser maximizada, as equações, algébricas ou 
diferenciais, que restringem as ações que podem ser 
tomadas sobre o sistema e que representam, de uma 
maneira geral, as condições de equilíbrio, e algumas 
44
condições de contorno (transversalidade), que expli-
citam os estados inicial e final da economia.
Uma função objetiva representa um número 
real ou uma medida que forneça ao formulador de 
políticas condições de cálculos. Ele mede o resultado 
operacional das políticas a serem implementadas e 
os define previamente. Por ser uma atividade fun-
cional, os seus argumentos são funções que, por sua 
vez, podem ser compostas (sistemas com x e y) e 
vetoriais (formas geométricas). Estas, por seu turno, 
incluem termos de status quo e de políticas. A última 
variável é o tempo, variável fundamental no estudo 
de sistemas dinâmicos de otimização. 
Portanto, um funcional é uma função real de 
argumentos compostos geométricos, a relação entre 
políticas e status quo e a satisfação do formulador 
fica muito clara na expressão analítica funcional ob-
jetiva. O estabelecimento deste é o primeiro passo 
na elaboração de uma política econômica.
Os instrumentos de política não têm efeito 
instantâneo ao que se quer. É necessário considerar 
que a natureza não trabalha rapidamente. Há uma 
lentidão neste processo que o caracteriza como um 
sistema dinâmico. Para que as políticas tenham um 
efeito positivo, é preciso que se estabeleça um pra-
zo. Se comparar ao contexto econômico isto tem a 
ver, por exemplo, com o fenômeno de acumulação 
de capital, ou seja, tem que se buscar um equilíbrio, 
45
taxas de acumulação têm que ser equilibradas por 
fluxos de entrada.
1.1. Histórico dos Modelos de Extração 
Ótima
Como já mencionado, Malthus (1798) foi um 
dos primeiros pensadores economistas que se pre-
ocupou com o esgotamento dos recursos naturais. 
No início do século XX, o filósofo e economista 
Gray procurou tratar o problema com mais forma-
lidade e com intervenção política, examinando o 
comportamento da oferta de um extrator individual 
que antecipava uma sequência de preços e tentava 
aumentar seus lucros descontados. Mais tarde Ha-
rold Hotelling, economista e matemático aperfeiçoa 
o trabalho de Gray e apresenta a política ótima, com 
o uso de ferramentas matemáticas mais avançadas, o 
cálculo das variações.
As políticas, no modelo de Hotelling, são oriun-
das das condições ótimas de extração, por isso, a eco-
nomia dos recursos naturais nasce com seu trabalho. 
Os pressupostos do modelo de Hotelling estão 
voltados aos seguintes itens definidores:
• responsável pela reserva é um proprietário 
privado que atual em um mercado competitivo;
• a procura acumulada que esgota o estoque do 
recurso é decrescente em relação ao preço do recurso;
46
• o volume do estoque inicial é conhecido e di-
vulgado;
• o custo marginal é nulo ou constante;
• a informação acontece ao longo de toda ex-
tração;
• a taxa de desconto do produtor é constante e 
igual à taxa de juros.
Como regras de Hotelling, têm-se:
dado que o valor deste estoque é o valor presente de 
suas vendas futuras, em equilíbrio intertemporal a taxa 
de retorno segundo a qual este valor deve crescer é a 
taxa de juros, e portanto, com base no desconto a esta 
taxa, determina-seassim as quantidades ótimas a serem 
extraídas a cada momento no tempo, ou seja, determi-
na-se a Taxa Ótima de Extração. (Amazonas).
Além dos modelos de Hotelling, existem ou-
tros presentes na sociedade que trabalham na inclu-
são de recursos vivos. São exemplos: Modelo Geral 
de Exploração; Gerenciamento Ótimo de Recursos 
Pesqueiros; Fischer e Faustman para Recursos Flo-
restais e Gordon-Schafer-Clark para Recursos da 
Biodiversidade. 
Sobre estes vamos conhecer o Gerenciamento 
Ótimo de Recursos Pesqueiros. De acordo com o 
IBAMA, este modelo consiste em um processo de 
47
análise, planejamento, tomado de decisões, regula-
mentações e normas que administram de modo sus-
tentável das atividades pesqueiras. 
Ainda dentro da proposta do IBAMA sobre a 
gestão da atividade pesqueira, é possível ressaltar de-
terminações estabelecidas para a pescaria sustentável. 
Entre elas podemos destacar: obtenção da captura 
máxima sustentável ao longo do tempo; obtenção 
máxima de rendimento econômico; recuperação de 
estoques explorados intensamente; obtenção máxi-
ma de alimentos, emprego e exploradores; reduzir 
ao mínimo os conflitos entre grupos de pescadores 
e melhoria das condições de vida de alguns grupos 
ou de determinada região. 
Agora que já verificamos os significados dos 
recursos naturais e modelos de extração ótima, par-
tiremos no próximo capítulo para a compreensão de 
agentes poluidores e estratégias econômicas que tra-
balham na tentativa de solucionar as consequências 
causadas pela poluição. 
48
Atividades Complementares:
1. Recursos naturais e fontes de energia podem 
ser definidos e classificados do mesmo modo? Jus-
tifique-se.
2. Aponte os objetivos do modelo de extração 
ótima.
3. Dentro da proposta do modelo ótimo, por 
que se faz necessário a presença de uma função ob-
jetiva (ou função matemática)?
4. Ainda no contexto ótimo de extração, qual a 
função do status quo?
5. Qual a contribuição de Malthus para a cons-
trução de políticas de intervenção a extração natural?
6. Outros modelos de extração ótima são 
mencionados, como por exemplo: Modelo Geral 
de Exploração; Fischer e Faustman para Recursos 
Florestais e Gordon-Schafer-Clark para Recursos da 
Biodiversidade. Selecione um modelo e elabore um 
mapa conceitual sintetizando suas ideias centrais.
49
Unidade 2
2. Agentes Poluidores e Estratégia de 
Mercado
O advento da Revolução Industrial, Inglater-
ra - século XVIII propiciou à sociedade mudanças 
existenciais no modo de produção, no uso da mão 
de obra e na estrutura urbana das cidades. Apesar da 
evolução tecnológica promovida a partir deste fato 
histórico, a relação indústria e sociedade gerou uma 
problemática de alto impacto ambiental: a poluição.
Desde o século XVIII até os dias atuais, indi-
víduos preocupados com seu espaço natural desem-
penham trabalhos de conscientização ambiental e 
buscam estratégias que visam regulamentar as conse-
quências das ações desenfreadas da produção fabril.
Sendo impossível e inviável a estagnação do 
desenvolvimento tecnológico de cunho capitalis-
ta, faz-se necessária uma economia voltada a um 
processo horizontal entre sistemas de produção, 
consumo e diminuição da emissão de agentes po-
luidores. Neste propósito, empresas começaram 
a se engajar em meios sustentáveis de produção, 
embora seja possível observar que estes propósitos 
são puramente competitivos e normativos, não são 
assim voltados à conscientização e preocupação 
pela escassez de recursos naturais ou pela condição 
degradante do ar e da água.
50
Para ser mais preciso quanto à lógica da eco-
nomia do meio ambiente e sua real necessidade de 
existência, é importante salientar conceitos básicos, 
que são muito bem definidos pela economista con-
temporânea Simone Thomazi Costa.
A economista conceitua algumas funções da 
economia ambiental por meio da interpretação de 
uma ilustração esquematizada, observe a figura:
Figura 1: Atividades econômicas de consumo e de produção em 
relação ao meio ambiente.
FONTE: Oliveira, 1999, p. 568.
Nesta figura, podem-se observar três funções 
básicas: a prestação de serviços diretos ao consumo 
(ar e água), o fornecimento de insumos para a pro-
51
dução (combustíveis e matérias prima) e a recepção 
de resíduos provenientes do consumo das famílias, 
quanto da produção.
Segundo COSTA (2005), não se podem disso-
ciar essas funções, pois as mesmas podem entrar em 
conflito entre si. Por exemplo:
Quando a água de um rio é receptora de resíduos pro-
venientes de uma indústria, torna-se pouco adequado 
ao consumo. Por isso, podemos dizer que os recursos 
naturais são, em sua maioria, escassos e apresentam 
possibilidades de usos alternativos. Como alocar efi-
cientemente esses recursos é, portanto, um problema 
tipicamente econômico.
Para fundamentar, teoricamente, estes contex-
tos especialistas da economia ambiental sugerem o 
estudo de conceitos que são fundamentais aos ins-
trumentos de análise do fator poluição – Externali-
dades e Teorema de Coase.
2.1. Economia da Poluição: Externalidades
De modo geral, externalidades podem ser defi-
nidas como uma visão superficial da sociedade dos 
recursos naturais, no qual não se atribui o valor a 
“esses bens por usufruir deles gratuitamente”. Isso 
52
significa que externalidade pode ser vista como uma 
falha ou impacto no mercado, sendo classificado em 
positiva e negativa.
Segundo o economista OLIVEIRA (1999), 
uma externalidade é negativa quando a ação de um 
agente econômico (empresário) afeta negativamente 
o bem-estar ou o lucro de outro agente e não há ne-
nhum mecanismo que faça com que este último seja 
compensado por isso.
Traçando um paralelo com a realidade am-
biental, a poluição causa sérios danos a todos 
em uma sociedade e proporciona uma espécie 
de “efeito dominó”. De acordo com COSTA, a 
contaminação dos recursos hídricos tem com-
prometido a pesca e a agricultura e aumentado o 
custo do tratamento da água para consumo hu-
mano. Os resíduos poluentes presentes em gran-
des cidades acarretam significativos aumentos na 
incidência de doenças respiratórias, além de uma 
série de desconfortos, como irritação dos olhos e 
da garganta. 
Esta relação de prejuízo pode acontecer entre 
consumidores ou entre empresas. Quando as exter-
nalidades são positivas, os recursos naturais são de-
volvidos à fonte de impacto; negativas quando os 
recursos naturais são sobrealocados à fonte.
Sobre este tipo de externalidade, COSTA faz a 
seguinte classificação:
53
• Externalidade consumo – consumo: caracteri-
za-se por um tipo de impacto direto quando os con-
sumidores são fontes e receptores da externalidade.
• Externalidade produção – produção: ocor-
re quando os produtores são fontes e receptores 
da externalidade.
• Externalidade consumo – produção: ocorre 
quando um ou mais consumidores são fonte e um 
ou mais produtores são receptores da externalidade.
• Externalidade produção – consumo: surge quan-
do um ou mais produtores são as fontes e um ou mais 
consumidores são os receptores de externalidades.
Na tentativa de amenizar os impactos das exter-
nalidades a economia ambiental busca soluções para 
negociação de todos os envolvidos. Estas podem 
ocorrer sem a intervenção governamental quando 
envolve poucas pessoas e quando os agentes perten-
cem à propriedade privada. Sendo viável a realização 
de códigos morais e sanções sociais e contrato entre 
os interessados.
O Teorema de Coase busca esta proposta como 
solução, resumidamente o Teorema sugere que agen-
tes privados podem negociar sem custos a extração 
e uso dos recursos naturais, mantendo uma relação 
confortável de mercado e solucionando externalida-
des que sejam assim envolvidos.
54
2.2. Teorema de Coase
Partindo da ideia de que o Teorema de Coase 
busca negociar entre a sociedade e as indústrias 
poluidoras, para assim chegar a um equilíbrio óti-
mo, realizaremos a leitura de empresas que segui-
ram este princípio.
Utilizaremos o exemplo apresentado por COS-TA em seu artigo para a Revista Análise: o uso da 
celulose pela empresa “Papel Branco S/A”. Então, 
observe a tabela, verifique que se apresenta de forma 
numérica a influência do “Papel Branco S/A” sobre 
a indústria de cooperativas agropastoris “Cooperati-
vas Boi Bumbá”. É notável que para cada “nível de 
emissão de poluição por parte da indústria de celulo-
se”, variam os lucros de ambas as empresas.
55
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56
De acordo com a economista, a interpretação 
da tabela segue as seguintes descrições:
a poluição traz custos e benefícios sob o ponto de 
vista social (no exemplo a sociedade é composta 
apenas por duas indústrias). O custo associado à 
poluição é a redução no lucro das cooperativas e o 
benefício é o aumento no lucro da empresa de ce-
lulose. O nível eficiente de emissão seria atingido 
quando a diferença entre o benefício total e o custo 
total fosse máxima... O aumento do lucro da empre-
sa de celulose decorrente da emissão dessa unidade 
adicional será chamado de benefício marginal. O 
custo associado à emissão dessa unidade adicional, 
ou seja, a redução no lucro das cooperativas associa-
da à emissão dessa unidade adicional, será chamado 
de custo marginal da poluição. As colunas 4 e 5 da 
Tabela 1 mostram como se comportam o custo e o 
benefício marginais da poluição no nosso exemplo.
No entanto, as ações de uma empresa em poluir 
menos ou mais, não ficam soltas. Assim como uma 
indústria ao querer ampliar sua planta (espaço real) 
deverá pedir autorização aos órgãos públicos ou ao 
próprio Estado, que por sua vez autorizará ou não, a 
emissão de gases poluentes também seguem o pro-
cesso de autorização do Estado. 
57
Na visão de COSTA, este poder de emitir ou 
não licenças ambientais pode gerar uma “arma po-
lítica”, favorecendo ou prejudicando um ou outro 
grupo de poder. Afirma que para evitar o protecio-
nismo a alguns grupos em detrimento de outros 
seria preciso estipular o nível máximo de poluição 
aceito pela sociedade em determinada região, assim 
fixar quotas de poluição para as indústrias de uma 
localidade. Neste caso, o Estado define a proprieda-
de e permite que haja um livre mercado de quotas de 
poluição, garantindo à sociedade que seu limite de 
aceitação de poluição não será ultrapassado, já que as 
próprias indústrias envolvidas auxiliarão os órgãos 
públicos, por meios de comissões a fiscalizar e criar 
mecanismos de controle.
Nesta esfera se faz presente a ideia da tributa-
ção como instrumento de gestão ambiental, sendo 
incorporado pela legislação brasileira como princí-
pio poluidor – pagador.
O princípio poluidor pagador é uma ação nor-
mativa do direito ambiental. Este se encarrega de 
exigir o poluidor a cumprir com os encargos finan-
ceiros destinados a recuperação dos danos causados 
ao meio ambiente.
Esta medida não é algo novo, determinações 
a esse princípio já estavam previstos no Código de 
Águas de 1934:
58
(...) o Código de Águas admite que, mediante expressa 
autorização administrativa, e se os interesses da agri-
cultura ou da indústria o exigirem, as águas podem ser 
inquinadas, mas os agricultores ou industriais devem 
providenciar para que elas se purifiquem, ou sigam o 
seu esgoto natural. Pelo favor concedido, os agriculto-
res ou industriais devem indenizar os poderes públicos 
ou os particulares lesados (Pompeu 1997, baseado nos 
arts. 111-112 do Código de Águas).
O princípio também se faz presente em outras 
legislações nacionais, com a que estabelece a Políti-
ca Nacional do Meio Ambiente (Lei n.º 6.938/91), 
Art.4, VII:
“A imposição, ao poluidor e ao predador, da 
obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos cau-
sados, e ao usuário, de contribuição pela utilização 
de recursos ambientais com fins econômicos”.
No entanto, é bom ressaltar que muito mais 
importante do que determinar penalidades ao po-
luidor, é promover a conscientização de preservação 
ambiental. Os códigos e as taxas cobradas não são 
sinônimos de “permissão para poluir”. As normas 
têm caráter disciplinador e visam, em longo prazo, o 
condicionamento de propriedades privadas e consu-
midores em geral a pratica sustentável de produção.
59
No próximo capítulo, direcionaremos os estu-
dos para instrumentos econômicos que podem auxi-
liar o controle dos recursos naturais, como a água e 
o controle da qualidade do ar.
60
Atividades Complementares:
1. Explique os exemplos de funções da econo-
mia ambiental expressada pela Figura 1. 
2. Defina externalidades.
3. Busque exemplos de externalidades positivas 
e negativas. Apresente-as como ilustrações e justifi-
cativas.
4. Entre as externalidades de consumidores e 
empresas, quem são os beneficiados e os prejudica-
dos por este fenômeno?
5. Qual a proposta do Teorema de Coase?
6. Explique a tabela numérica sobre as ações 
poluidoras geradas pela “Papel Branco S/A” sobre 
a Indústria de cooperativas agropastoris “Cooperati-
vas Boi Bumbá”
7. Pesquise outras situações como da questão 
anterior e a descreva resumidamente.
8. O Estado exerce algum papel na lógica do 
Teorema de Coase? Explique.
61
9. Faça uma pesquisa sobre o Teorema de Co-
ase. Contextualize sua época e explique a situação 
problema que gerou tal Teorema.
10. Para que serve o princípio poluidor-paga-
dor? Existe alguma legislação que formaliza este 
princípio? Cite algumas referências.
63
Unidade 3
Instrumentos Econômicos Para A Gestão 
Ambiental
Os Instrumentos Econômicos - IEs podem ser 
considerados como incentivos, medidas que geram 
isenções de impostos e redução fiscal (baixa de pre-
ços) ou por certificados de méritos à propriedade. 
No entanto, para que os instrumentos ocorram, 
de fato, precisam ser analisados e observados em 
tempo considerável para certificar-se se tais instru-
mentos foram efetivos.
Segundo o Relatório Final do Projeto Instru-
mentos Econômicos para Gestão Ambiental de 
1997, coordenados por MOTTA e YOUNG, as 
principais vantagens dos incentivos econômicos 
via valores e preços podem ser sintetizados da se-
guinte forma:
a) geração de receitas fiscais e tarifárias, através 
da cobrança de taxas, tarifas ou emissão de certifica-
dos. Podem também servir para reduzir a carga fiscal 
sobre outros bens e serviços da economia que são 
mais desejáveis que a degradação, como são os casos 
de investimentos e geração de emprego. 
b) considerar as diferenças de custo de con-
trole entre os agentes e, portanto, alocam de for-
ma mais eficiente os recursos econômicos à dis-
posição da sociedade, ao permitirem que aqueles 
64
com custos menores tenham incentivos para ex-
pandir as ações de controle; 
c) tecnologias menos intensivas em bens e ser-
viços ambientais, sendo estimuladas pela redução da 
despesa fiscal que será obtida em função da redução 
da carga poluente ou da taxa de extração; 
d) atuando no início do processo de uso dos 
bens e serviços ambientais, o uso de IE pode anular 
ou minimizar os efeitos das políticas setoriais que, 
com base em outros incentivos, atuam negativamen-
te na base ambiental; 
e) evitam os dispêndios em pendências judiciais 
para aplicação de penalidades;
f) um sistema de taxação progressiva ou de alo-
cação inicial de certificados pode ser efetivado segun-
do critérios distributivos em que a capacidade de pa-
gamento de cada agente econômico seja considerada.
Ambos os relatores afirmam que o uso de in-
centivos econômicos “promoveria não só a melho-
ria ambiental como também a melhoria econômica, 
através da maior eficiência produtiva e equidade” 
(igualdade de direitos).
Ainda no Relatório de IEs, de 1997, é possível 
constatar dois exemplos de aplicação dos instrumen-
tos, um no controle do ar e outrono controle da 
água. No qual seus resultados foram observados e 
conferidos em vários países. 
65
3.1. Como podem ser aplicados os IEs ao 
controle do ar?
É do conhecimento geral que a poluição do ar 
não fica reservada em um só espaço. A poluição se 
espalha por várias regiões por intermédio natural 
das correntes de ar. Assim, o controle deste tipo de 
poluição não tem possibilidades de ocorrer no es-
paço já poluído, mas, sim, nos meios que articulam 
este tipo de poluição. Exemplo simples: automó-
veis e indústrias.
Como ferramenta de controle aos automó-
veis, a sociedade paulistana conhece bem, pois a 
cidade vivencia o “rodízio semanal de placas” que 
tem como propósito a melhoria das condições 
ambientais reduzindo a carga de poluentes na at-
mosfera. Em relação às fábricas, é viável a adoção 
de fontes de energia alternativas e econômicas, 
como a solar e a eólica.
Em nível global é possível constatar no Re-
latório em questão, os incentivos fiscais e subsí-
dios financeiros (créditos) que alguns países têm 
adotado para incentivar a redução da emissão de 
poluentes do ar.
66
Tabela 2: Incentivos fiscais para o controle da poluição do ar.
Fonte: Mendes e Motta – Experiências Internacional na Aplicação 
dos IEs para o Controle do Ar, 1997.
67
3.2. Como podem ser aplicados os IEs ao 
controle da água?
Neste caso, a ação dos IEs direciona-se à inves-
tigação da liberação de resíduos poluentes, de ori-
gem doméstica ou industrial aos recursos hídricos. 
A ideia é impedir que bacias hidrográficas ou rios 
locais, em condições viáveis, não sejam contamina-
dos. Em relação ao que já está poluído, o propósito 
é a criação de redes de tratamento patrocinadas pelo 
setor público e privado (projetos ambientais – sus-
tentabilidade). 
Quanto ao pagamento de contas, deduções 
sobre impostos, créditos, subsídios e certificados 
de excelência, são assim estabelecidos segundo os 
critérios normativos de cada país. Como segue na 
tabela a seguir.
68
Tabela 3: Incentivos fiscais para o controle da poluição da água.
Fonte: Fonte: Mendes e Motta – Experiências Internacional 
na Aplicação dos IEs para o Controle do Ar, 1997.
No próximo capítulo daremos seguimento ao 
contexto, tratando em específico de técnicas de valo-
rização empregadas ao meio ambiente que têm por 
finalidade colocar em prática estratégias sustentáveis 
de produção e consumo.
69
Atividades Complementares:
1. Defina e exemplifique os Instrumentos Eco-
nômicos aplicados na gestão ambiental.
2. Você considera que a elaboração de receitas 
fiscais e tarifárias, cobrança de taxas, tarifas ou emis-
são de certificados podem limitar a emissão de po-
luentes ao ambiente? Justifique-se.
3. Faça uma pesquisa e verifique os possíveis 
tipos de poluição presentes na Terra.
4. Após sua pesquisa, formule técnicas e ideias 
de incentivos ou créditos que poderiam ser aplicadas 
à propriedade privada.
5. O que são recursos hídricos? Busque referên-
cias em um Atlas e cite os principais recursos hídri-
cos do nosso país.
6. Você sabe o que é um aquífero? Faça uma 
pesquise e verifique se há algum no território brasi-
leiro. Mencione sua localidade, condição e caracte-
rísticas específicas.
7. Na cidade onde reside há a presença de rios 
ou outros leitos d’água? Caso tenha, faça uma des-
70
crição de sua condição: disponibilidade de uso, nível 
de contaminação, presença de área verde preservada 
e outras observações. 
8. Após responder a questão anterior, verifique 
em sua cidade os possíveis instrumentos econômi-
cos que têm sido aplicado aos recursos hídricos. 
Caso não tenha nenhum IE, pesquise instrumentos 
que se enquadram à realidade de sua cidade.
9. Faça uma leitura das duas tabelas presentes 
no capítulo e identifique os créditos e subsídios que 
mais se repetem entre os países.
71
Unidade 4
4. Valoração Dos Recursos Naturais
A ameaça da escassez dos recursos naturais 
tem solicitado às sociedades alternativas para o de-
senvolvimento socioeconômico. No que diz respei-
to à economia dos recursos naturais, hoje, se faz 
necessário unir custos da degradação ambiental, 
consumo e processos produtivos. Tudo para que os 
recursos não sejam interrompidos antes que o seu 
limite de extração seja ultrapassado. Esta estratégia 
é denominada valoração ambiental e será caracteri-
zada neste capítulo.
Para melhor compreensão do conceito e uso 
da valoração, partiremos dos estudos do Profes-
sor Jorge Madeira Nogueira (Brasília – UNB), 
editado no Caderno de Ciências e Tecnologia de 
Brasília, 2000, e do artigo de Katty Maria da Costa 
Mattos, apresentado no XII SIMPEP - Simpósio 
de Engenharia de Produções, no qual faz uso do 
plantio de cana de açúcar para exemplificar os ins-
trumentos de valoração.
Segundo as pesquisas do Professor Nogueira, 
os métodos de valoração econômica ambiental são 
técnicas específicas para quantificar (em termos mo-
netários) os impactos econômicos e sociais de pro-
jetos cujos resultados numéricos vão permitir uma 
avaliação mais abrangente.
72
Os benefícios de um projeto são os valores de produ-
ção de bens e serviços, incluindo serviços ambientais, 
tornados possíveis pelo projeto, e os custos são os va-
lores dos recursos incrementais reais usados no projeto. 
Ambos os benefícios e custos do projeto são apropria-
damente descontados através do tempo para torná-los 
comparáveis. (Hufschmidt et. al., 1983, p.2-3).
De posse desses resultados comparáveis, ex-
pressos na mesma unidade de medida – unidades 
monetárias -, pode-se fazer uma avaliação da pre-
ponderância de um ou de outro fator (benefício ou 
custo) e ter subsídios técnicos para escolher a me-
lhor opção, também em termos sociais.
O artigo de Mattos pode nos auxiliar quanto ao 
entendimento do uso da valoração ambiental através 
do estudo sobre o plantio de cana de açúcar e seus de-
rivados: açúcar, álcool e bagaço. De acordo com seu 
artigo as regiões canavieiras vêm sofrendo crescentes 
pressões ambientalistas para o controle da emissão de 
poluentes resultantes da queima da cana. Devido a es-
tas pressões surgiu o Decreto Lei n.º 42.056 de 06 de 
agosto de 1997 (D.O.E. 07/08/1997) que, na tentativa 
de normatizar o assunto, fixou um prazo para adoção 
de medidas que eliminam a queima da cana.
Neste caso, a ideia do uso dos valores mone-
tários dos recursos naturais justifica-se pelo fato de 
73
que estes valores monetários podem ser utilizados 
como padrão de medida.
Segundo o artigo de Mattos, o valor econômico 
total (VET) de um recurso consiste em seu valor de 
uso (VU) em seu valor de não uso (VNU). O valor de 
uso pode, ainda, ser subdividido em valor de uso dire-
to (VUD), valor de uso indireto (VUI) e valor de op-
ção (VO), que significa valor de uso potencial. O valor 
de existência (VE) é uma das principais categorias do 
valor de não uso. Pode ser escrito da seguinte forma:
VET = VU + VNU ou
VET = (VUD + VUI + VO) + VNU
Desta forma, o valor de uso direto é determi-
nado pela contribuição direta que um recurso natural 
faz para o processo de produção e consumo. O valor 
de uso indireto inclui os benefícios derivados, basi-
camente, dos serviços que o ambiente proporciona 
para suportar o processo de produção e consumo. O 
valor de opção é a quantia que os consumidores es-
tão dispostos a pagar por um recurso não utilizado na 
produção, para evitar o risco de não tê-lo no futuro.
O valor de uso é atribuído pelas pessoas que 
realmente usam e usufruem o meio ambiente em ris-
co, por meio de dados estatísticos. Os valores de uso 
direto e indireto estão associados com as possibilida-
des presentes do uso dos recursos. Aquelas pessoas, 
porém, que não usufruem do meio ambiente podem 
74
também valorizá-lo em relação a usos futuros, seja 
para elas mesmas ou para gerações futuras. Esse va-
lor é referido como valor de opção, ou seja, opção 
para uso futuro ao invés do uso presente conforme 
compreendido no valor de uso. O valor de existência 
representa um valor atribuído à existência do meioambiente independentemente do uso atual e futuro.
O valor de opção é baseado em quanto os 
indivíduos estão dispostos a pagar pela opção de 
preservar um bem para uso pessoal direto ou in-
direto no futuro.
Os métodos de valoração ambiental podem 
ser classificados em métodos diretos e indiretos. Os 
métodos diretos podem estar diretamente relaciona-
dos aos preços de mercado ou produtividade, são 
baseados nas relações fiscais que descrevem causa 
e efeito do consumo e do capital natural. Já os mé-
todos indiretos são aplicados quando um impacto 
ambiental ou um elemento do ecossistema que não 
pode ser valorado, ter preço ou valor de mercado. 
Assim, estes métodos repousam sobre a utilização 
de um mercado de substituição definido pela análise 
dos comportamentos reais.
No artigo de Mattos, pode-se observar um 
quadro sinóptico para o setor agroindustrial cana-
vieiro, e, com isso, analisar os possíveis métodos 
para captar os seus valores e conseguir uma valora-
ção ambiental ideal. O método de valoração desta 
75
análise consiste na aplicação da equação do valor 
econômico total (VET):
VET = (VUD + VUI + VO) + VNU
Veja o quadro a seguir:
Legenda explicativa:
VET – Valor Econômico Total; VUD – Valor de Uso Direto; 
VUI – Valor de Uso Indireto; VO – Valor de Opção; VNU – 
Valor de Não Uso.
76
Deste modo, Mattos conclui seu artigo mos-
trando que a valorização permite identificar e 
ponderar os diferentes incentivos econômicos 
que interferem na decisão dos agentes em rela-
ção ao uso dos recursos naturais, em específico 
na motivação de se optar pela não queimada da 
colheita de cana de açúcar.
77
Atividades Complementares:
1. Elabore uma pesquisa sobre a economia co-
lonial brasileira. Investigue as técnicas de produção 
agrícola. Os principais latifúndios, o consumo e a 
comercialização dos produtos.
2. Quais as finalidades dos instrumentos de va-
loração ambiental?
3. O plantio de cana de açúcar pode causar a 
degradação do meio natural? De que maneira?
4. O que mais o Decreto Lei n.º 42.056, de 06 
de agosto de 1997 (D.O.E. 07/08/1997), determina 
sobre a queima ou cultivo da cana?
5. Em quais circunstâncias a equação do Valor 
Econômico Total (VET) pode ser aplicada?
6. Quais as diferenças entre Valor de Opção e 
Valor de Uso?
7.Aponte os resultados relevantes expostos no 
quadro sinóptico do setor Agroindustrial Canavieiro.
78
79
Unidade 5
5. Indicadores e Estatísticas Ambientais 
O grande desafio da nossa sociedade é pro-
duzir uma atividade sustentável. Para realizar este 
fim não significa que tenhamos que eliminar ou até 
mesmo reduzir o nível geral de desenvolvimento. 
Para se atingir este fim, deve-se alterar o tipo ou 
a forma do nosso desenvolvimento, modelando-o 
de modo que ocasione o menor impacto possível 
no meio ambiente.
Historicamente, a sociedade brasileira vem evo-
luindo na questão ambiental, aos poucos e nas úl-
timas décadas as indústrias situadas no Brasil tem 
se adaptado às necessidades ambientais e tem evi-
denciado seu perfil de potencial poluidor. Mas nem 
sempre foi assim.
No auge do processo da industrialização bra-
sileira, com a chegada em massa de várias multi-
nacionais (década de 70), as autoridades presentes 
e os grandes empresários não faziam questão de se 
preocupar com possíveis índices poluidores. O pri-
mordial era abrir as portas para todos os tipos de 
indústrias e promover, a qualquer custo, o desenvol-
vimento do país.
Indústrias automobilísticas eram apresentadas 
como grandes vitrines da política econômica adota-
da pelo governo do Período Militar Brasileiro.
80
Nos anos 80, cidades como Cubatão – SP já 
estavam altamente poluídas, devido à grande con-
centração de indústrias emissoras de resíduos po-
luentes. De acordo com a reportagem de Débora 
Spitzcovsky para a Editora Abril (2009), o levanta-
mento inicial da poluição do ar, realizado no início 
dos anos 80, apontava para o lançamento de 1300 
toneladas por dia de poluentes particulados e ga-
sosos emitidos por fontes industriais na atmosfera 
da cidade. As consequências para a saúde humana 
foram dramáticas, podemos constatar o fato no de-
poimento a seguir:
Que lugar era esse, onde cada homem e mulher, velho 
e criança, recebia a cada dia 12 quilos de compostos 
venenosos e cancerígenos? Onde 18% da população 
sofriam de doenças respiratórias? Onde se registravam 
os mais altos índices de anencefalia (crianças nascidas 
sem cérebro) do hemisfério (um caso para cada 250 
nascimentos)? (Millaré e Magri, 1992, p.103, citado em 
Almeida, 1997, p.158).
Após leituras foi possível verificar que uma das 
consequências desse descaso com a questão ambien-
tal é a ausência de estatísticas sobre emissões de po-
luentes, o que dificulta uma análise mais complexa 
do desempenho ambiental da indústria brasileira. 
81
Para nos auxiliar, buscaremos apoio nos estu-
dos estatísticos do Grupo de Pesquisa em Economia 
do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, 
do Instituto de Economia da UFRJ.
Por meio dos indicadores construídos pelo De-
partamento de Indústria do IBGE, pesquisadores 
do Grupo procuraram medir a expansão dos setores 
de maior potencial de emissão de poluentes. Esses 
indicadores mostram que o crescimento das indús-
trias de alto potencial poluidor no período de 1981 
a 1999 foi nitidamente superior ao da média geral da 
indústria, sugerindo uma especialização relativa em 
atividades potencialmente “sujas” (gráfico 1).
Gráfico 1 - Produção física, produto industrial com alto potencial 
poluidor e total, Brasil, 1981/99 (1981 = 100)
Segundo Young e Lustosa, pesquisadores do 
Grupo da UFRJ, uma série de razões pode ser apon-
tada para explicar a intensificação das atividades 
poluentes na composição setorial do produto indus-
82
trial. Em primeiro lugar, o atraso no estabelecimento 
de normas ambientais e agências especializadas no 
controle da poluição industrial demonstra que, de 
fato, a questão ambiental não configurava entre as 
prioridades de política pública – apenas na segunda 
metade dos anos setenta foi criado o primeiro órgão 
especificamente para esse fim (FEEMA/RJ). 
Em segundo lugar, a estratégia de crescimento 
associada à industrialização por substituição de im-
portações (ISI) no Brasil privilegiou setores intensi-
vos em emissão. A motivação inicial do processo de 
ISI – Industrialização por Substituição de Importa-
ção - era baseada na percepção de que o crescimento 
de uma economia periférica não poderia ser apenas 
sustentado em produtos diretamente baseados em 
recursos naturais (extração mineral, agricultura, ou 
outras formas de aproveitamento de vantagens com-
parativas absolutas definidas a partir da dotação de 
recursos naturais). 
Contudo, embora o Brasil tenha avançado na 
consolidação de uma base industrial diversificada, 
esse avanço esteve calcado no uso indireto de re-
cursos naturais (energia e matérias-primas baratas), 
ao invés de expandir – se através do incremento na 
capacidade de gerar ou absorver progresso técnico 
– chave para o crescimento, mas que ficou limitado 
a algumas áreas de excelência. Tal concentração em 
atividades intensivas em emissão aumentou ainda 
83
mais a partir da consolidação dos investimentos do 
II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), 
que resultou em forte expansão de indústrias de 
grande potencial poluidor – especialmente dos com-
plexos metalúrgico e químico/petroquímico – sem 
o devido acompanhamento de tratamento dessas 
emissões (tabela 4).
Tabela 4– Setores industriais com maior potencial de emissão
De acordo com a tabela, continuava a percep-
ção de que o controle ambiental é uma barreira ao 
desenvolvimento industrial, ignorando-se seu poten-
cial para a geração de progresso técnico. Segundo 
pesquisas de Young, outro fator que contribuiu para 
as atividades industriais poluidoras foi a tendência 
de especialização do setor exportador em atividades 
potencialmente poluentes. Notou-se que estudos ba-
seados em técnicas que associam emissõestotais às 
categorias de demanda final mostram que a intensi-
84
dade média de emissão de poluentes no complexo 
exportador é quase sempre superior à da média da 
indústria brasileira. 
Essa tendência foi acentuada a partir da década 
de oitenta, com a já referida expansão da capacidade 
produtiva ligada aos investimentos do II PND, mas 
não foi alterada com a liberalização comercial da pri-
meira metade dos anos noventa.
A tabela 5 apresenta as intensidades de emissão 
segundo o IPPS (IndustrialPollution Projection Sys-
tem), construído pelo Banco Mundial, e que assume 
que a indústria brasileira teria um perfil de emissão 
por unidade de valor da produção semelhante ao da 
indústria norte- americana em 1987.
Tabela 5 – Intensidade de emissão por unidade de valor da produção, 
Brasil, 1996 (kg/US$ Milhão), segundo coeficientes do IPPS
85
Outro argumento apresentado pelo Instituto da 
UFRJ, associado a essa tendência de especialização 
crescente das exportações brasileiras em produtos 
intensivos em emissão, é o da migração dos investi-
mentos de indústrias consideradas “sujas” dos países 
desenvolvidos para países com legislação ambiental 
mais branda (ou mesmo inexistente), a fim de evitar 
maiores custos de produção impostos por controles 
ambientais mais rigorosos. 
A transferência de capitais poderia levar a uma 
redistribuição da renda mundial em favor daqueles 
que estivessem dispostos a poluir mais em troca de 
maior crescimento econômico no curto prazo, le-
vando a que cada país “exercesse melhor suas prefe-
rências”. Assim, a migração de indústrias poluentes 
para países subdesenvolvidos aumentaria o bem- es-
tar mundial, pois os países desenvolvidos aceitariam 
perdas econômicas para obter um meio ambiente 
mais saudável, enquanto que o aumento de utilidade 
nos países em desenvolvimento gerado pelo maior 
crescimento econômico mais que compensaria a de-
sutilidade causada pela poluição.
A intensificação da abertura comercial brasilei-
ra durante a década de 90 pode ter levado a uma 
maior especialização em atividades poluidoras, mas 
por outro lado expôs as empresas brasileiras à con-
corrência internacional, mais acirrada do que a in-
terna. A questão ambiental começou, portanto, a fa-
86
zer parte da gestão empresarial, principalmente das 
empresas de inserção internacional – seja por meio 
de exportações, de participação acionária estrangei-
ra, de filiais de multinacionais ou da dependência de 
financiamentos de bancos internacionais, que con-
dicionam os empréstimos a relatórios de impacto 
ambiental (RIMA).
Algumas empresas passaram de uma posição 
reativa para uma postura proativa, incorporando 
uma atitude ecologicamente correta e antecipando 
suas ações face às regulamentações, como pode ser 
observado para as empresas do Estado de São Paulo.
O Grupo de Pesquisas – UFRJ utilizou-se dos 
dados da Pesquisa da Atividade Econômica Paulista 
(PAEP) para expor a ação das empresas paulista. De 
acordo com as estatísticas, alguns aspectos do com-
portamento ambiental das empresas foram identifi-
cados e calculados. Observando a tabela 6, das 843 
empresas de controle total ou parcial do capital es-
trangeiro, 52,4% acham que o desenvolvimento de 
produtos e processos produtivos menos agressivos 
ao meio ambiente pode ser uma oportunidade de 
negócios. Dentre as empresas de capital nacional, 
esse percentual cai para 29,2%. Independentemen-
te da origem do capital, as empresas que conside-
ram o meio ambiente como uma oportunidade de 
negócios são as que têm maior proporção de ven-
das voltada para o exterior. Essa diferença só não é 
87
acentuada para as empresas estrangeiras, mas que, 
contudo, possuem os níveis mais altos de vendas 
para o exterior. Como uma primeira aproximação, 
pode-se concluir que as empresas de maior inserção 
internacional – participação do capital estrangeiro e 
maior percentual de vendas para o exterior – vêm 
mais o meio ambiente como uma oportunidade de 
negócios do que as demais.
Tabela 6: Empresas que consideram o meio ambiente uma oportuni-
dade de negócios e seus percentuais médios de exportações sobre o 
total das vendas, segundo origem do capital controlador – 1996.
De modo geral, podemos concluir que os da-
dos apresentados pela UFRJ revelam que as empre-
sas brasileiras, principalmente as de inserção inter-
nacional, estão tomando consciência da importância 
da variável ambiental sobre sua competitividade. Há 
88
também outros motivos para as empresas adotarem 
uma postura mais proativa em relação ao meio am-
biente, como a melhoria da imagem da empresa pe-
rante os seus clientes e a comunidade, a adaptação às 
exigências dos importadores, a redução de conflitos 
com órgãos de fiscalização ambiental e a diferencia-
ção em relação aos concorrentes.
89
Fórum de Debates:
• Faça uma pesquisa sobre o Decreto n.º 6.101, de 26 de abril 
de 2007, que trata das atribuições do Ministério do Meio Am-
biente (MMA) para com o uso sustentável dos recursos na-
turais. Logo após sua pesquisa desenvolva um pequeno texto 
dissertativo, relacionando a proposta do Decreto com os ins-
trumentos econômicos e sociais para a melhoria da qualidade 
ambiental.
• Selecione uma indústria que se encontre em solo brasilei-
ro. Faça uma pesquisa detalhada sobre sua filosofia, meios de 
produção, gestão administrativa e projetos de incentivo ao uso 
sustentável dos recursos naturais e do meio ambiente de modo 
geral. Organize todos os dados pesquisados em um mapa con-
ceitual.
Atividades Complementares:
1. Conceitue os seguintes termos: 
a) Indicadores
b) Estatísticas
c) Emissores
d) Qualidade
2. Qual a proposta de industrialização aplicada 
pelos governos da Ditadura Militar?
3. Explique e contextualize o trecho a seguir: 
“Onde 18% da população sofriam de doenças respi-
ratórias? Onde se registravam os mais altos índices 
de anencefalia (crianças nascidas sem cérebro) do 
hemisfério (um caso para cada 250 nascimentos)?”
90
4. Caracterize as indústrias brasileiras durante a 
década de 90. Aponte suas possíveis ações para com 
a questão ambiental.
5. Quando e como a postura das indústrias bra-
sileiras passou a ser direcionada para um comporta-
mento ecologicamente mais correto?
91
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