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Boa tarde! Pediculose •A pediculose é uma ectoparasitose de alta prevalência e tem grande importância em âmbito mundial. •Acomete mais as populações marginalizadas, de baixa renda e que vivem em aglomerações, especialmente crianças. •Gera uma dermatite característica, com prurido no local em que o parasita se instala, seja no couro cabeludo ou em outro local do corpo. •Possível visualizar a olho nu o parasita, um inseto. •Pode levar a infecções secundárias quando o infectado coça o local em que há o prurido e gera fissuras. Visão geral •Os piolhos são parte da ordem Phthiraptera e todos são altamente específicos aos seus hospedeiros, então o humano não pode ser infectado por piolhos de outros animais. •3 espécies são parasitas humanos obrigatórios: •Pediculus humanus capitis: presente no couro cabeludo e as lêndeas dessa espécie são ovos depositados pela fêmea na base dos cabelos. Mais comum em crianças. Etiologia •Pediculus humanus corporis: presente no corpo. Conhecido popularmente como “muquirana”. Fica abaixo das vestes do hospedeiro e a fêmea deposita os ovos aderidos às fibras das roupas. Mais comum em países e em populações marginalizadas. •Pthirus púbis: infecta a região pubiana ou perianal. Sua infecção também é chamada de fitiríase. É mais uma IST e não pode ser prevenida pelo uso de preservativos. Mais comum em adultos. Pode acometer outras regiões com pelos, como barba, bigode, tórax, axilas, sobrancelhas, cílios e couro cabeludo. Etiologia •Achatados dorsoventralmente, com olhos pequenos e antenas de 3 a 5 segmentos. •O corpo pode ser dividido em 3 partes: cabeça, tórax e abdome. Podem chegar a 3,5mm e, normalmente, os machos tendem a ser menores que as fêmeas. •Aparelho bucal: localizado na parte anterior da cabeça. Perfura vasos sanguíneos e libera substâncias anticoagulantes locais. Costumam liberar fezes vermelho-escurecidas ao mesmo tempo em que se alimentam. Só é visualizável quando está sendo usado, se não invagina. Aspectos morfológicos •O tórax possui 6 patas, 3 de cada lado. Ao final de cada uma, há uma garra que funciona como uma pinça para que o parasita consiga se agarrar aos cabelos ou às fibras das roupas do hospedeiro. •O piolho do púbis tende a ser menor do que os demais. Seu tórax e abdome são fundidos. É menos ativo que os demais e pode permanecer dias estático com o aparelho bucal preso à pele. Aspectos morfológicos •O piolho do couro cabeludo e o do corpo são indistinguíveis, então são diferenciados de acordo com seu habitat de preferência. Ambos são considerados da mesma espécie, a Pediculus humanus. Aspectos morfológicos Aspectos morfológicos •O ciclo inteiro ocorre no hospedeiro. •Fases evolutivas: ovo, ninfa e fase adulta. •A fêmea põe de 4 a 10 ovos por dia quando encontra a temperatura ótima, que é de 30ºC. Esses ovos são conhecidos como lêndeas e são branco-amarelados. •Os ovos contém uma substância quitinosa cinzenta em um de seus polos, que é produzida pela fêmea para dar ao ovo a capacidade de aderir às roupas ou ao fios de cabelos do hospedeiro. Ciclo biológico •O ovo eclode após cerca de 6 dias e se transformam em ninfas. •As ninfas sofrem 3 mudas e em cerca de 25 dias de metamorfose, elas se tornam insetos adultos. •Os piolhos que completam 10 horas de vida adulta já estão prontos para a cópula e após cerca de 24 horas a fêmea consegue fazer a ovoposição. Ciclo biológico •Longevidade do piolho adulto: 1 mês, aproximadamente. •Os piolhos têm preferência por ambientes quentes e úmidos. As crianças do sexo feminino costumam ser mais afetadas, principalmente na nuca (local mais aquecido), devido ao uso dos cabelos longos. •A alteração no calor do local onde o parasita está pode comprometer seu ciclo de vida e levá-lo à morte. Ciclo biológico •Transmissão: apenas por contato direto entre as pessoas. Não são capazes de pular de um indivíduo para outro. Além disso, não sobrevivem muito tempo fora do seu local de parasitismo. •Vias possíveis de transmissão: •Utilização comum de leitos. •Compartilhamento de roupas, bonés e chapéus. •Coabitação. •Contato sexual direto. Ciclo biológico •A principal substância “pruridogênica” é a histamina, seguidamente de protesases, citocinas e leucotrienos. •Quando o hospedeiro ainda não desenvolveu resposta imune satisfatória ao parasito, há possibilidade de não apresentar nenhuma queixa, principalmente em primeiras infecções. •Quando aparecem as manifestações da parasitose o sistema imune pode demorar de 2 a 6 semanas para reagir, porém, em uma reinfestação, essa resposta é mais rápida, demorando até 48 horas para o surgimento do prurido. Imunologia e patologia •A pediculose pode causar dermatite, podendo também evoluir com infecções secundárias. •O piolho do corpo pode transmitir doenças, como o tifo exantemático, febre das trincheiras e a febre recorrente. •A principal alteração clínica da pediculose é o prurido, que se manifesta cerca de 10 dias após o início da infestação. Esse prurido é provocado por substâncias produzidas pelas glândulas salivares do piolho, introduzidas na pele do hospedeiro, durante o repasto sanguíneo. Aspectos clínicos •O resultado é uma reação de hipersensibilidade, que faz com que o indivíduo comece a coçar o local, causando fissuras, que se tornamporta de entrada para bactérias, o que pode resultar em infecções secundárias como impetigo, furunculose ou eczema. Aspectos clínicos •Em alguns enfermos ocorre dermatite com lesões papulosas, hiperpigmentadas e elevadas, com formação de crosta em sua superfície ao longo do tempo. A infestação pode causar também irritabilidade, insônia, repercussão em linfonodos regionais e alopecia. Crianças com infestação grave, além de sofrerem discriminação social, também podem ter distúrbios do sono e redução da atenção e do foco nas suas atividades diárias, devido ao prurido intenso. Aspectos clínicos •O método de diagnóstico mais antigo e mais utilizado para as três espécies de piolho é baseado na catação manual e observação do artrópode a olho nu, porém, esse não é o mais confiável para Pediculus capitis, porque há uma elevada densidade de fios de cabelo no couro cabeludo, impedindo o examinador de constatar adequadamente a quantidade e a proporção de lêndeas, ninfas e piolhos adultos. Além disso, o examinador pode não conseguir discriminar infestações inativas de ativas. Diagnóstico •A segunda técnica é mais confiável, o diagnóstico é feito com o uso de pente com dentes microcanaliculados. É considerado mais rápido e mais eficiente do que o primeiro método, possibilitando a remoção e detecção de mais insetos, dada a resistência de seu material e a distância entre os dentes do pente. Porém, sempre que necessária a confirmação devido ao caso de primeira investigação negativa, esse método deverá ser aliado ao primeiro. Diagnóstico •Para Pediculus corporis, não se pode esquecer de examinar as vestes, principalmente em suas costuras e roupas íntimas. Em caso de dificuldade, podem-se usar pentes finos ou lentes de aumento. •Em fitiríase, podem ser encontradas manchas azuladas ou acinzentadas (macula cerulae) no abdome ou na face interna da coxa. Após confirmação do diagnóstico de Pthirus pubis, o paciente deverá ser investigado para outras IST. Diagnóstico •Objetivos: controle dos sintomas, cura da infestação, prevenção de reinfestação e quebra da cadeia de transmissão do patógeno (devem ser incluídos cuidados aos familiares e àqueles que têm contato direto com o paciente). Tratamento •Medidas mecânicas: “catação” - retirada mecânica de piolhos vivos com posterior esmagamento manual dos insetos; deve ser feita várias vezes para ser efetiva. •Associação com a retirada de lêndeas (pente fino). •Piolhos no corpo: fervura das roupas a cada 2 dias e repouso de 2 horas das roupas em água fria com formol ou com desinfetante Lysoform®. •Piolhos na cabeça ou região pubiana: raspagem dos cabelos (nem sempre é aceito, principalmente por mulheres). Tratamento •Tratamento medicamentoso:pode ser associado com as medidas já citadas. Uso deve ser feito com cautela (risco de intoxicação e efeitos colaterais). •Lindano a 1% (uso tópico): tóxico para o sistema nervoso do piolho e pode ser neurotóxico para o homem. Deve permanecer no local durante 8-12h (em pacientes maiores de 10 anos) e o processo deve ser repetido durante 3 dias seguidos. Caso a infestação persista – repetir em 15 dias. •Inseticidas: derivados piretroides, crotamiton e malation (não disponível no Brasil). Malation e permetrina possuem efeito ovicida (muito utilizados). Tratamento •Xampus, cremes e loções contendo inseticidas: são os mais indicados tanto para Pediculus quanto para Pthirus; maior eficácia quando aplicados ao cabelo seco. •Xampu com permetrina: aplicação em todo o couro cabeludo, massageando durante 10 minutos, seguido de enxague. Se não resolver a infestação – repetir o processo após 1 semana. •Crianças maiores de 5 anos com infestação persistente mesmo após uso correto do xampu ou creme: associar com ivermectina (VO) – baixo custo, elevada eficácia e menor risco de efeitos colaterais. Tratamento •Pacientes com infecção secundária (Staphylococcus aureus): tratamento com antibióticos sistêmicos (cefalexina, amoxicilina + clavulanato, clindamicina ou eritromicina). •Cabelos que rotineiramente usam mais óleos e cremes para seus cuidados, principalmente na raiz, tendem a ter melhores repostas ao tratamento, pois o produto colocado na base dos fios atrapalha a fixação do “cemento” pelas lêndeas. Tratamento •Esquema de tratamento tópico da pediculose: Tratamento •Esquema de tratamento tópico da pediculose: Tratamento •Esquema de tratamento oral da pediculose: Tratamento •Risco de anemia ferropriva em crianças infestadas – hematofagia do piolho. •Consumo de alimentos ricos em ferro (vegetais com folhas verde-escuras, leguminosas, chocolate amargo). •Casos mais graves: medicamentos para reposição do ferro. Aspectos nutricionais •Dermatose: afeta pessoas de todas as classes sociais, principalmente em situações de miséria, aglomerações (escolas, presídeos) e falta de higiene. •Brasil: mais comum em comunidades carentes (problema de saúde pública) – não é parasitose de notificação compulsória (dificulta identificar sua real taxa de incidência). •Artrópodes – desenvolvimento de resistência aos tratamentos convencionais: desconhecimento da população (uso do medicamento, profilaxia e tratamentos manuais). Ecologia e epidemiologia •Boas práticas de higiene – cabelo e corpo. •Evitar contato direto com pessoas infestadas: não dormir na mesma cama e não compartilhar bonés, chapéus, roupas e roupas íntimas. •Ferver roupas, lençóis e camas a cada 2 dias. •Roupa de cama, toalhas e vestuário: descontaminação por lavagem em água quente (60°C) e secagem a quente em secadora. Em seguida, devem ser passadas a ferro com cuidado, principalmente nas regiões da costura. Itens que não podem ser higienizados com água devem ser lavados a seco ou selados em um saco plástico por duas semanas, pois os piolhos não sobrevivem muitos dias longe do corpo do hospedeiro. Profilaxia e controle •Boas práticas de higiene – cabelo e corpo. •Evitar contato direto com pessoas infestadas: não dormir na mesma cama e não compartilhar bonés, chapéus, roupas e roupas íntimas. •Ferver roupas, lençóis e camas a cada 2 dias. •Roupa de cama, toalhas e vestuário: descontaminação por lavagem em água quente (60°C) e secagem a quente em secadora. Em seguida, devem ser passadas a ferro com cuidado, principalmente nas regiões da costura. Itens que não podem ser higienizados com água devem ser lavados a seco ou selados em um saco plástico por duas semanas, pois os piolhos não sobrevivem muitos dias longe do corpo do hospedeiro. •Trocar roupas de uso pessoal diariamente. •Aspirar móveis e pisos para remover pelos que possam conter lêndeas viáveis. Profilaxia e controle Referência SIQUEIRA-BATISTA, Rodrigo; GOMES, Andréia Patrícia; SANTOS, Sávio Silva. Santana, Luiz Alberto. Parasitologia: fundamentos e prática clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2020. Ebook. (1 recurso online). ISBN 9788527736473. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788527736473. Acesso em: 20 out. 2020.
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