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Prévia do material em texto

Evandro André de Souza
Jonas Felácio Júnior
Não basta 
saber, 
é preciso 
saber fazer
PROFESSOR 
TAFNER
Não basta saber, 
é preciso saber fazer
2021
Florianópolis
Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior
PROFESSOR 
TAFNER
Não basta saber, 
é preciso saber fazer
EDITORA INSULAR
(48) 3232-9591
editora@insular.com.br
twitter.com/EditoraInsular
www.insular.com.br
 facebook.com/EditoraInsular
INSULAR LIVROS
Rua Antonio Carlos Ferreira, 537
Bairro Agronômica
Florianópolis/SC – CEP 88025-210
(48) 3334-2729
insularlivros@gmail.com
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Tuxped Serviços Editoriais (São Paulo, SP)
Souza, Evandro André de; Felácio Júnior, Jonas.
Professor Tafner: Não basta saber, é preciso saber fazer / Evandro André de Souza e 
Jonas Felácio Júnior; Prefácio de João Vianney. – 1. ed. – Florianópolis, SC : Editora 
Insular, 2021.
368 p.; fotografias. 
E-Book: 13 Mb; PDF. 
ISBN 978-65-88401-64-4.
1. Educação. 2. Ensino Superior. 3. História de Vida. 4. José Tafner. I. Título. II. 
Assunto. III. Souza, Evandro André de. IV. Felácio Júnior, Jonas.
 CDD 923.7:378.81
21-30246069 CDU 929:378
S729p
ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO
1. Biografia, genealogia, heráldica: de educadores; Ensino superior no Brasil.
2. Biografia; Ensino superior.
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Pedro Anizio Gomes CRB-8 8846
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SOUZA, Evandro André de; FELÁCIO JÚNIOR, Jonas. Professor Tafner: Não basta saber, é preciso sa-
ber fazer. 1. ed. Florianópolis, SC: Editora Insular, 2021. E-Book (PDF; 13 Mb). ISBN 978-65-88401-64-4.
Copyright © Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 2021
EDIÇÃO 
Nelson Rolim de Moura
CONSELHO EDITORIAL 
Dilvo Ristoff, Eduardo Meditsch, Jali Meirinho, Jéferson Silveira Dantas, 
Nilson Cesar Fraga, Pablo Ornelas Rosa e Waldir José Rampinelli
REVISÃO
Sílvio Melatti
PLANEJAMENTO GRÁFICO E CAPA
Estúdio Insular
FOTOS DE CAPA
Aldo Pasqualini, Centro de Memória Universitária – CMU/Arquivos da Furb 
e Kako Waldrich
FOTOS
Acervo Centro de Memória Universitária – CMU/Arquivo da Furb
Acervo José Tafner
Acervo Malcon Tafner
Acervo Rodolfo Leite
Acervo Valquíria Luiza Tafner da Cunha/Ampesc
Aldo Pasqualini
Fábio Queiroz/Agência AL
Kako Waldrich
mailto:editora%40insular.com.br?subject=
https://twitter.com/EditoraInsular
http://www.insular.com.br
https://www.facebook.com/EditoraInsular
Esse livro é dedicado às pessoas 
que transformam sonhos em realidade.
Dalla mente alle mani. 
Leonardo da Vinci
SUMÁRIO
Prefácio | João Vianney ......................................................................... 15
Apresentação | Malcon Tafner .............................................................. 17
Introdução ............................................................................................. 23
Capítulo 1 | Infância de José Tafner em Rio dos Cedros ...................... 31
O pioneiro Ângelo Marcello Tafner na Colônia Blumenau .....................31
Curiosidades sobre a família Tafner em Rio dos Cedros .........................35
Escola de aprendizes na propriedade da família Tafner ...........................39
Recordações sobre a infância de José Tafner .............................................39
Lembranças do tempo da “querida escola” ................................................46
Capítulo 2 | A busca precoce por novos conhecimentos ...................... 51
A ida para o Seminário de Ascurra .............................................................51
A rotina de atividades no Seminário ..........................................................52
A prática de atividades desportivas .............................................................53
Envolvimento com o teatro ..........................................................................54
A tradicional Festa de São João ...................................................................55
As aventuras no dia de folga escolar ...........................................................56
O desafio de ser um jovem seminarista ......................................................57
Capítulo 3 | A mudança de estado para ampliar conhecimentos ......... 59
É preciso pagar por uma espiga de milho? .................................................59
O Curso Científico do Colégio Salesiano de Lavrinhas ...........................60
O falecimento de Clara Tafner .....................................................................62
Noviciado em Pindamonhangaba ...............................................................62
O estudo superior na faculdade de Lorena ................................................63
A expulsão do seminário ..............................................................................66
Capítulo 4 | Educador no Mato Grosso e São Paulo ............................. 73
A oportunidade no momento de preocupação .........................................74
Experiência profissional no Colégio Dom Bosco......................................75
Trabalho humanitário para ajudar os índios Xavante ..............................77
Amizade com profissionais da FAB ............................................................79
Obtendo a carteirinha de professor do MEC .............................................81
Experiência como professor em São Paulo ................................................81
O drama de ser assaltado em São Paulo .....................................................83
Capítulo 5 | A trajetória educacional no Vale do Itajaí ........................ 85
Experiência com Educação a Distância nos anos 1960 ............................88
A excelência enquanto professor de Desenho ...........................................89
Casamento entre José Tafner e Verônica ....................................................90
O primeiro desafio da vida matrimonial ....................................................92
Batalhando um lugar ao sol ..........................................................................93
A possibilidade de ofertar licenciaturas .....................................................95
Cursando Pedagogia em São Paulo .............................................................96
Capítulo 6 | Os primeiros momentos da trajetória acadêmica 
de 25 anos na Furb ........................................................................ 99
Início das atividades de Ensino Superior em Blumenau ..........................99
Mestrado no Rio de Janeiro........................................................................101
Instituto de Planejamento da Furb ............................................................111
Eleito diretor da Faculdade de Ciências e Letras.....................................111
Capítulo 7 | O primeiro mandato como reitor da Furb ...................... 113
Transformações na Furb, na década de 1970 ...........................................113
Eficiência para enfrentar os desafios financeiros ....................................115
A ampliação da estrutura física da faculdade ..........................................116
O status de referência nacional à Furb .....................................................120
Mais vagas .....................................................................................................120
Apoio às atividades culturais .....................................................................123
Realização de convênios, projetos e parcerias .........................................124
Retornando à sala de aula ...........................................................................126
O reconhecimento da Furb como Universidade .....................................130
Capítulo 8 | O segundo mandato como reitor .................................... 133
Ampliação do número de vagas ................................................................138
Ampliação da estrutura física da universidade........................................140
Recuperando a saúde financeira da Furb .................................................143Ensino, Pesquisa e Extensão .......................................................................147
A batalha no Conselho Universitário da Furb .........................................152
O hábito de proporcionar oportunidades aos jovens .............................154
O último desafio antes da aposentadoria na Furb ...................................157
Do gabinete da reitoria para os bancos escolares ....................................158
Capítulo 9 | A contribuição do professor Tafner para a educação 
de Santa Catarina ........................................................................ 161
O legado de José Tafner como Secretário de Educação ..........................161
A dedicação ao ocupar um cargo público ................................................163
O sonho de criar uma Faculdade ..............................................................164
O desafio como diretor de Ensino Superior .............................................165
Uma parceria exitosa em prol da educação catarinense .........................170
A frustração no Conselho Estadual de Educação ...................................173
Capítulo 10 | Realizando o sonho de criação de uma Instituição 
de Ensino Superior ...................................................................... 175
Protocolando o projeto da Asselvi no MEC.............................................177
A parceria do prefeito com o projeto da Asselvi .....................................177
A escolha do espaço para funcionamento das atividades ......................179
Arregaçando as mangas e colocando a mão na massa ...........................181
Incentivando os servidores a cursar graduações .....................................185
O progresso em Indaial graças à Asselvi ..................................................186
Apoio às novas empresas e à qualificação dos colaboradores................187
A Asselvi poderia ter se instalado em Gaspar .........................................187
A contratação dos primeiros professores da Asselvi ...............................188
A ousadia em contratar professores jovens ..............................................190
A valorização do corpo docente da instituição .......................................191
As confraternizações marcantes da Asselvi ..............................................194
Capítulo 11 | Buscando apoio financeiro da classe empresarial ........ 197
A parceria com o empreendedor Valmor Pedrini ...................................197
Aventura nos sebos de São Paulo ..............................................................200
Capítulo 12 | As primeiras atividades educativas realizadas 
pela Asselvi .................................................................................. 203
A autorização para funcionamento da Asselvi ........................................205
Recebimento das primeiras comissões do MEC .....................................207
A divulgação dos cursos superiores da Asselvi .......................................210
O primeiro Exame de Seleção da Asselvi .................................................211
O emocionante primeiro dia de aula da graduação ................................215
Conforto e estrutura diferenciada para os alunos ...................................217
Os desafios nos primeiros semestres de atividades .................................218
A concepção educacional de Tafner na criação da Asselvi ....................219
A escolha do nome Leonardo da Vinci ....................................................220
Escolha do amarelo na identidade visual da Asselvi ...............................221
Capítulo 13 | A cultura como ferramenta educativa 
e de transformação da sociedade ................................................ 223
A criação da Asselvi como forma de protesto à manutenção do status 
quo na educação superior ...........................................................................223
Jornal Balestra ................................................................................ 226
Editora da Asselvi ........................................................................................227
Coleção Memórias do Vale.........................................................................229
Casa Amarela em Blumenau ......................................................................230
Casa Azul ......................................................................................................234
Desenvolvimento de ações culturais e comunitárias ..............................235
O resgate histórico-cultural da região ......................................................240
Casa Reinecke ..............................................................................................245
O olhar especial com as questões sociais ..................................................246
Capítulo 14 | Tudo ensina, tudo educa ............................................... 251
A filosofia educacional criada por Tafner ................................................253
A implementação dos princípios norteadores por meio do Centro de 
Aperfeiçoamento Docente da Asselvi .......................................................259
A contribuição dos valores seminaristas ..................................................266
Capítulo 15 | Inovações pedagógicas da Uniasselvi............................ 269
Disciplinas semipresenciais ........................................................................269
Professores autores e inovações tecnológicas ..........................................270
Avaliação interdisciplinar ...........................................................................272
Avaliação docente ........................................................................................275
Capítulo 16 | A transformação da Asselvi em Centro Universitário . 279
Crescimento de 100% a cada 18 meses .....................................................279
O envolvimento da Asselvi com a comunidade regional .......................281
Não basta saber, é preciso saber fazer .......................................................282
Marcos regulatórios institucionais ............................................................285
A preparação da equipe para receber as comissões ................................288
A importância do status de Centro Universitário ..................................291
Horário Diferenciado de Férias (HDF) ....................................................293
A fundação do Instituto Catarinense de Pós-graduação ........................293
Capítulo 17 | O início das atividades da EaD e a expansão 
da Uniasselvi ............................................................................... 299
Os desafios para estruturar o programa de EaD .....................................301
A criação da metodologia da EaD .............................................................301
Tutor em sala de aula ..................................................................................303
Plataforma da EaD e os materiais instrucionais ......................................304
Autorização para ofertar EAD ...................................................................304
A resistência diante da quebra de paradigmas ........................................305
A formação dos primeiros polos da EaD Uniasselvi ..............................306
O sucesso do primeiro vestibular na modalidade EaD ..........................307
O diferencial do modelo pedagógico ........................................................308
Núcleo de Ensino a Distância (Nead) .......................................................309
O papel da EaD da Uniasselvi para fortalecer outras ............................310
instituições catarinenses .............................................................................310
Capítulo 18 | A organização do Grupo Uniasselvi 
e a fase expansionista .................................................................. 313
José Tafner: o chanceler da Uniasselvi......................................................318
O legado da EaD para a educação brasileira ............................................320
A realização do sonho de milhares de brasileiros ...................................322
Capítulo 19 | Associação de Mantenedoras Particulares de Educação 
Superior de Santa Catarina (Ampesc) ........................................ 325
Missão e finalidades da Ampesc ................................................................326
O surgimento das faculdades particulares ...............................................326
A batalha para obter bolsas para os universitários..................................329
O esforço pela democratização do Ensino Superior ...............................334
Enfrentamento contra decisões da classe política ...................................335
A união de estudantes com a Ampesc ......................................................336
Galeria de presidentes da Ampesc ............................................................338
Capítulo 20 | A expansão do Ensino Superior no Pará ...................... 341
A construção da faculdade em Marabá ....................................................344
O início das atividades da Metropolitana de Marabá .............................346
O primeiro Exame de Seleção ....................................................................347
A contratação dos professores pioneiros ..................................................349
Inovações para oferecer um ambiente diferenciado ...............................349
Ampliação das instalações da Metropolitana ..........................................350
A participação de Fronza no recredenciamento .....................................351
Faculdades em Parauapebas e Paragominas ............................................352
Faculdade Metropolitana de Parauapebas................................................353
Faculdade Metropolitana de Paragominas ...............................................354
Referências bibliográficas ................................................................... 360
Entrevistas ....................................................................................................360
Outras fontes ................................................................................................361
Agradecimentos................................................................................... 362
Sobre os autores ................................................................................... 363
“A ideologia cega, só o conhecimento liberta.”
José Tafner
15
PREFÁCIO
João Vianney 
Convido você a ler este livro com a cabeça aberta para encarar uma trilha de aventuras. É uma história daquelas que a gente 
engata e não larga o livro até a última página. A vida do José Tafner 
é uma coleção de sucessivos desafios que pareciam impossíveis de 
superar. E com ameaças uma atrás da outra, a ponto de colocar tudo 
em risco e fazer tudo desabar numa fração de segundos.
É assim este livro que o Evandro Souza e o Jonas Felácio escre-
veram para contar a inusitada trajetória do José Tafner. Em pratica-
mente todas as fases da vida dele o inesperado estava à espreita para 
lhe passar a perna, para lhe dar uma rasteira nos sonhos.
Na infância, na adolescência, no seminário, nas cidades e 
pela vida afora, com a esposa e filhos a tiracolo, são incontáveis 
as vezes em que os sonhos estiveram à beira de se soterrar em 
meio a enxurradas de cobrir por tudo. Mas, o arfar de peito se 
manteve sempre até a volta do sol. Calçar as galochas e se botar 
pra limpar tudo, reconstruir, e seguir adiante – este é o Tafner 
que o livro mostra.
De onde vem essa força? Nas grandes jornadas, tal como Evan-
dro e Jonas colocaram no livro, as vitórias, para terem o sabor ver-
dadeiro, nunca são apenas “do personagem”. Tem sempre uma força 
que lhe é protetora, e que nos momentos de maior perigo, quando 
tudo está por um fio, vem sempre aquela energia extra que o faz bus-
car – de onde já não mais se imaginava que tinha, aquele sopro de 
vida que faz a diferença pra virar o jogo.
Eu conheci o José Tafner já com sucessivas denominações es-
petadas no peito: professor, diretor, mestre, reitor, secretário Esta-
dual de Educação e outras tantas honrarias resumidas em “Professor 
Tafner”. Ele era uma eminência quando cruzei com ele pela primeira 
vez. Na época, ele era diretor de Ensino Superior na Secretaria da 
Educação de Santa Catarina, em 1996.
16
Mas, em meio às pompas e circunstâncias do cargo, percebi 
que naquele jeito macio de falar, nas anotações sempre presentes 
nos rabiscos de reunião, e no olhar ao horizonte em direção ao mar 
na Baía Sul, em Florianópolis, nos altos da sede da Secretaria da 
Educação, eu percebi que ali tinha um “José” debaixo da pele do 
“Professor Tafner”.
Ele tinha um mote, um bordão, de que “a ideologia cega, só o 
conhecimento liberta”. Fazia eco de cinco séculos com os renascen-
tistas, os enciclopedistas, os iluministas e os grandes pensadores que 
moldaram a sociedade contemporânea. Era o sonho da humanidade 
fora das amarras da realeza, do poder em nome de uma divindade, 
ou de uma supremacia de qualquer ordem que fosse.
Maturava por aquele tempo a ideia — por obra e graça da te-
nacidade — de uma faculdade que viria a ter em seu nome, em sua 
filosofia e em seus prédios a consagração do professor Tafner ao hu-
manismo, representado por Leonardo da Vinci. Está tudo no livro, 
tim-tim por tim-tim, com as vitórias impossíveis uma atrás da outra.
Na época cheguei mesmo a pensar que o “Professor Tafner” e 
todos os distintivos que ele trazia eram “uma consequência do co-
nhecimento”, realizada pelo próprio ser, uma vez que ele os adquirira 
na penosa jornada educacional. Desde a infância, depois no seminá-
rio, na faculdade pioneira, no mestrado com a família morando no 
aperto e, às vezes, comendo fortaia, que tinha mais leite do que ovo e 
queijo. Quanta garra, e tudo isso graças à força pessoal e ao conheci-
mento. Era assim que eu via o professor Tafner.
Mas foi só agora, lendo o livro “do pé à ponta”, como se diz no 
Vale do Itajaí, é que fui descobrir de onde vem a energia secreta do 
José Tafner para ter feito o que fez no mundo da educação em Santa 
Catarina e todo o Brasil. Se um Padawan se torna Jedi apenas quando 
a Força com ele se conecta, descobri no livro que a poção mágica que 
sempre deu a Força para o José Tafner vencer o imponderável tem 
nome e sobrenome: Verônica. Verônica Teresinha Machado Tafner, e 
os filhos que ela deu a ele.
Se você quer ler uma biografia careta, não compre este livro. 
Não faça o download e nem veja a série depois.
Agora, se você quer ler um livro de aventuras, com personagens 
mágicos, e que tem uma história de amor que sempre vence como 
pano de fundo, o livro é este mesmo que está em suas mãos.
17
APRESENTAÇÃO
Malcon Tafner 
O projeto deste livro surgiu da ideia de registrar uma pequena parte da história do Ensino Superior catarinense que pode-
mos considerar muito significativa, dadas as transformações ocor-
ridas nas últimas quatro décadas graças à atuação do meu pai como 
educador e empreendedor da educação. Apesar de a história estar 
sempre em movimento, é fato que são poucas as vezes em que te-
mos a oportunidade de presenciar tantas mudanças e revoluções, 
ainda mais quando muitas delas estão conectadas com uma pessoa 
próxima a nós.
Em 2019, lembro-me do dia em que estava em Florianópolis, 
num final de tarde, tomando um café carioca com um amigo de mui-
tos anos, Luciano Formighieri. Era para ser apenas uma prosa entre 
dois amigos. O Luciano é uma pessoa com o qual tive o prazer e a 
honra de dividir o front de lutas intensas pela Educação Superior 
catarinense, que foram travadas dentro da Assembleia Legislativa de 
Santa Catarina, e por isso se tornou um grande amigo.
Lembramos de algumas das batalhas, como a luta por bolsas de 
estudo do Artigo 170 para que alunos das instituições privadas tam-
bém pudessemser beneficiados, da legislação estadual defendendo 
os alunos de Educação a Distância do preconceito que sofriam na 
época, por bolsas de estudo do Artigo 171, que escrevemos e luta-
mos juntos, e muitas outras trincheiras pouco conhecidas que pas-
sam despercebidas da sociedade, mas que fortuitamente dão frutos 
a todos até hoje.
No meio dessa conversa repleta de notas de nostalgia, surgiu 
a ideia de registrar em um livro parte das histórias para que não se 
perdessem no tempo e no espaço em um momento social com tantas 
novidades. Foram histórias que transformaram a sociedade do ponto 
de vista educacional, que fizeram a diferença na vida de muitas pes-
soas e que poucos conhecem. E, conversando, fomos percebendo que 
18
muitas delas perpassavam, invariavelmente, pela história do meu pai, 
Professor José Tafner. Era preciso escrever um livro sobre isso tudo 
e sobre o quanto ele tinha contribuído para a história da Educação 
Superior de Santa Catarina e também do Brasil.
Desafio lançado, desafio aceito
Procurei então o professor Evandro André de Souza, historia-
dor, escritor reconhecido e ex-coordenador do curso a distância de 
História da Uniasselvi, onde havia trabalhado com meu pai desde o 
início da EaD e depois comigo no tempo em que eu havia desem-
penhado também a função de reitor. Somos amigos desde então. 
Conversamos muito sobre como deveria ser a obra e qual seria a 
sua função editorial. É verdade que tínhamos em mente algo menor, 
como sendo um registro da participação do meu pai na história da 
Educação Superior catarinense. Logo, entre tantas conversas e listas 
de pontos marcantes, fomos descobrindo que não seria possível que 
fosse algo menor... Não havia como.
A história do meu pai e de tudo o que tinha acontecido na edu-
cação nos últimos anos falava por si, na verdade, gritava alto, mas era 
preciso registrar, escrever, imprimir para que pudéssemos mantê-la 
viva e devidamente documentada. Estava começando um verdadei-
ro trabalho de registro histórico para a sociedade catarinense, para 
os nossos historiadores, professores, educadores, empreendedores e, 
sobretudo, para os nossos conterrâneos vindouros.
Diante do volume de trabalho, Evandro trouxe o jornalista e 
amigo Jonas Felácio para dentro do projeto, e tão logo começaram a 
coletar os dados e a entrevistar as pessoas que participaram da histó-
ria, percebeu-se que havia muito mais elementos conectados entre si 
do que imaginávamos, e que remetiam a um tempo anterior às mu-
danças que visualizávamos, e que se não tivessem acontecido talvez 
as mudanças todas também não teriam ocorrido, certamente não da 
forma ou na velocidade como aconteceram.
Se acreditamos que nada neste mundo é por acaso, estávamos 
diante de uma dessas histórias de destino e de propósito de vida, e 
diante disso víamos com clareza a necessidade do registro histórico e 
de vida desse personagem.
O trabalho então começou... foram meses buscando peças jor-
nalísticas, pessoas, documentos históricos, entrevistas, artigos, li-
vros, fotografias e tudo o mais que um trabalho dessa envergadura 
exige dos profissionais. E foi durante a organização do livro que nos 
19
convencemos da indissociabilidade da biografia do meu pai com as 
transformações ocorridas na educação catarinense, e também brasi-
leira. Reuniões foram feitas sobre isso e no final aceitamos o inevitá-
vel: a sua biografia se confundia com parte da história da educação 
catarinense, e por isso essa obra tem um viés biográfico no início que 
se funde com a evolução da educação de Santa Catarina e amplia 
para regiões remotas do Brasil, promovendo a verdadeira democra-
tização da educação.
Da mesma forma como uma andorinha só não faz verão, essa 
história também traz à luz a vida e a contribuição de muitas outras 
pessoas, lembradas e citadas dentro deste livro. Seria injustiça da 
nossa parte resguardar tal empenho de tantos, mas o foco desse do-
cumento histórico ainda é o meu pai.
Certa vez, ainda quando meu pai era reitor da Furb, em uma 
cerimônia de colação de grau da qual participei, eu o ouvi dizendo 
em seu discurso final uma frase que ele havia lido em um calendário, 
e que dizia que o exemplo não era a melhor lição, mas a única lição. 
Posso dizer que talvez essa tenha sido a lição que ele deixa como 
legado para todos nós, filhos, amigos e professores. A sua vida como 
exemplo de dedicação à educação e a sua luta pela expansão do co-
nhecimento para todos.
Desejo a você uma ótima leitura, e agradeço à família, aos ami-
gos, e todos que participaram deste projeto de vida pelo empenho 
dispendido e por compartilhar dos mesmos valores educacionais. 
Obrigado a todos.
“NÃO 
BASTA 
SABER, 
É PRECISO 
SABER 
FAZER.”
23
INTRODUÇÃO
Escrever parte da história de José Tafner não foi tarefa fácil. Foi um trabalho árduo e repleto de descobertas, que a cada nova pá-
gina mostrava-se mais apaixonante, revelando um ser humano que 
soube dar materialidade aos seus sonhos e ideias.
Logo no início da empreitada, combinamos, eu e o Jonas, que 
iríamos montar a narrativa do livro a partir de entrevistas com pessoas 
que participaram da vida do protagonista: esposa, filhos, amigos, edu-
cadores. Surgiu uma lista com diversos nomes, e boa parte consegui-
mos entrevistar. Porém, em alguns casos, tivemos que declinar, ou por 
problema de agenda, ou por desencontro, ou falta de tempo.
A primeira pessoa entrevistada foi o próprio José Tafner, pro-
tagonista do livro. Ele nos recebeu em sua residência na cidade de 
Blumenau, no dia 24 de junho de 2019. Logo cedo nos encontramos 
e tivemos um dia dedicado às memórias e histórias contadas com 
entusiasmo por ele. A cada acontecimento lembrado seus olhos bri-
lhavam, revelando uma pessoa apaixonada, que viveu e ainda vive os 
seus dias de maneira intensa e nem um pouco despropositada.
Ao final daquela manhã, saímos a pé e almoçamos em um res-
taurante próximo. Com seu estilo de vestir peculiar, nos pagou um 
almoço e fez questão de brindar, antes da refeição, com um bom gole 
de schnaps1. Após, retornamos e seguimos a entrevista até o entar-
decer. No dia seguinte foi a vez de entrevistar a sua esposa, Verônica 
Tafner, que, apaixonada, nos relatou as histórias que entrelaçaram o 
casal em matrimônio, bem como os desafios e projetos de vida, tanto 
familiares como profissionais. Foi fantástico ter iniciado o trabalho 
com os relatos de José e Verônica, pois suas histórias abriram cami-
nho para a montagem de um enredo que iria facilitar a organização 
da narrativa do livro.
1 A palavra de origem alemã é usada para se referir a qualquer tipo de aguardente. Popularmente 
os imigrantes alemães chamavam por schnaps, a bebida que hoje conhecemos por cachaça.
24
Após esses dois dias de entrevistas, reunimos um bom material 
e começamos a escrever os textos, dando forma aos capítulos que 
iriam construir a linha do tempo, reunindo passagens da sua infância 
em Rio dos Cedros, da “querida escola”, do seminário em Ascurra e 
de São Paulo, das aventuras no Mato Grosso, do retorno a Santa Ca-
tarina e do início da sua vida profissional e posterior afirmação como 
professor e gestor educacional de sucesso.
Depois das entrevistas com o casal e com os filhos Malcon e 
Marlon, montamos o enredo para dar continuidade aos trabalhos. 
Os familiares se envolveram com a pesquisa e compartilharam de-
talhes interessantes2, que criaram a ambientação de uma história 
que poderia ser enriquecida com os depoimentos de outros per-
sonagens. Essas pessoas passaram a contar suas lembranças sobre 
José Tafner, ampliando o texto e fornecendo à narrativa uma escrita 
espontânea e exclusiva.
Nos meses seguintes realizamos diversas entrevistas com pes-
soas que participaram de acontecimentos vividos por Tafner. Elas ti-
veram a oportunidade de expressar a sua admiração, como também 
descrever um pouco do convívio e de como isso transformou as suas 
vidas. Foi possível constatar a curiosidade de Tafner pelos aspectos 
2 O casal José e Verônica, atéesta data, não teve nenhuma perda humana nesta trajetória de 
16 pessoas; iniciou recentemente uma nova etapa com a chegada de bisnetos. A primeira, já 
ensaiando os primeiros passos, é a menina Helena Tafner da Silva, nascida no dia 15 de março 
de 2021, em Indaial/SC.
Acima: Heron 
Kauê Tafner, 
Malcon 
Anderson 
Tafner, Julianne 
Fischer, Marlen 
Cláudia Tafner, 
Marylin Ítala 
Tafner, Isabela 
Luiza Tafner, 
Marlon Jackson 
Tafner, Thaysa 
Andrea Tafner, 
Matheus 
Leonardo 
Tafner. 
Abaixo: Rafael 
Iraê Tafner 
da Silva, 
Patrícia Helena 
Fischer Tafner, 
José Tafner, 
Verônica 
Teresinha 
Machado 
Tafner, Gabriel 
Fischer Tafner e 
Nícolas Eduard 
Tafner. Acervo: 
José Tafner
25
diferenciados do cotidiano e a busca por novidades que sempre esti-
veram presentes em sua infância.
Com menos de 6 anos de idade, acompanhou os trabalhos de 
um senhor que esteve na propriedade para definir o local onde seria 
cavado um poço. O pequeno Tafner acompanhou esse homem, que 
andava pelo terreno com uma vareta de pessegueiro, buscando esco-
lher a melhor localização. Tafner ficou admirado quando, ao térmi-
no dos trabalhos, aquele homem puxou um balde cheio de água de 
dentro do poço.
Nos momentos em que não estava na escola, auxiliava nos ser-
viços da propriedade, cortava lenha, tratava os animais, entre outros 
afazeres. Quando concluía as atividades na roça, trabalhava então na 
sapataria do pai, Ermínio, batendo sola e fazendo outros pequenos 
serviços. O contato com o ofício desenvolvido pelos antepassados e 
com a escola de aprendizes que funcionava na propriedade da famí-
lia Tafner possibilitou que pensasse em novas perspectivas de vida, 
que iam além dos trabalhos agrícolas.
A dedicação ao trabalho é um dos principais marcos da trajetó-
ria de vida de José Tafner. Os filhos dos colonos começavam a auxi-
liar na lavoura ainda pequenos, precisavam se esforçar bastante para 
contribuir com o sustento da família. Com apenas 8 anos, Tafner 
prestava serviços para uma família produtora de milho e de araruta, 
em períodos de férias escolares.
Ainda na infância começou a desenvolver o espírito empreen-
dedor e inventivo, que era algo inerente a sua índole. Participava 
de brincadeiras diferentes e procurava fazer invenções de acordo 
com as possibilidades do cotidiano interiorano. Não é possível 
afirmar que significaram a origem de suas ações empreendedoras 
na fase adulta, mas, com certeza, influenciaram de alguma forma 
neste sentido.
José Tafner é integrante de uma geração de educadores de Rio 
dos Cedros que vivenciou a formação religiosa e educacional no se-
minário. Posteriormente esses profissionais se destacaram na área 
educacional catarinense e até mesmo em outros estados brasileiros.
Após retornar do Mato Grosso e de São Paulo, José Tafner pas-
sou a lecionar em unidades educacionais de Blumenau. Naquela épo-
ca, vários educadores naturais de Rio dos Cedros, como Joaquim Flo-
riani, Valdir Floriani, Leandro Longo, Almerindo Brancher, Lourival 
Busarello e Olivo Pedron, já trabalhavam em escolas blumenauenses.
Na década de 1960, os professores mais benquistos e concei-
tuados pela população eram quase todos de Rio dos Cedros. Esses 
educadores haviam vivenciado a experiência como seminaristas 
26
no tempo da juventude. Devido à contribuição de vários educado-
res rio-cedrenses para a área educacional catarinense e brasileira, 
o município de Rio dos Cedros recebeu o título simbólico de Celeiro 
Cultural do Vale do Itajaí.
O nível cultural e intelectual dessa geração realmente foi dife-
renciado. Os jovens que optaram por seguir a vida religiosa se des-
tacaram nos municípios onde construíram suas trajetórias. Podemos 
mencionar o exemplo de Victor Vicenzi, pesquisador, escritor e au-
tor de livros. Esse padre salesiano marcou seu nome na história da 
comunidade católica de Rio do Sul porque foi o vigário do período 
de construção da Catedral São João Batista. A igreja apresenta ca-
racterísticas arquitetônicas diferenciadas, sendo uma das mais belas 
construções religiosas do sul do Brasil. Da mesma forma, houve vi-
gários naturais de Rio dos Cedros que coordenaram obras de cons-
trução de igrejas católicas, verdadeiros símbolos de religiosidade e 
identidade cultural das comunidades.
Após cursar a formação salesiana e religiosa no seminário, Tafner 
trabalhou em colégios salesianos nos estados do Mato Grosso e de São 
Paulo. Desenvolveu um trabalho com a juventude e organizou compe-
tições de futebol, com apoio da comunidade de Campo Grande.
Chama atenção a sua capacidade de articulação para estabe-
lecer novos contatos. Fez amizade com profissionais do Correio 
Aéreo Nacional e em períodos de férias sobrevoou grande parte 
do Estado do Mato Grosso, conhecendo rios, pontos geográficos e 
turísticos de destaque.
Também nos períodos de recesso das aulas realizou trabalho 
voluntário para auxiliar comunidades indígenas. Vivenciou inten-
samente este intercâmbio com os índios, presenciando rituais reli-
giosos, costumes e tradições. Através das memórias compartilhadas 
por Tafner, é possível compreender a importância dessa experiência 
cultural em sua vida.
Depois de trabalhar praticamente dois anos no Mato Gros-
so, lecionou por um período em colégios salesianos de São Paulo. 
Tafner não recebia salário, apenas ganhava a alimentação e vesti-
mentas. Com certeza esse período de dificuldades é um dos aspectos 
mais curiosos de sua trajetória profissional, dificilmente imaginado 
pelas pessoas que associam a imagem de Tafner ao case de sucesso 
da Uniasselvi e à sua importância no cenário educacional brasileiro.
Mas nem tudo foram flores em sua caminhada. Por enfren-
tar tantas intempéries longe de casa, optou por retornar para Santa 
Catarina. Permaneceu por poucos dias em Rio do Cedros, porque 
logo recebeu convite de professores rio-cedrenses que já lecionavam 
27
em escolas de Blumenau. Desta forma iniciou sua trajetória como 
educador no Vale do Itajaí, na metade da década de 1960.
Após trabalhar por alguns anos em colégios de Blumenau e 
região, ingressou como docente no Ensino Superior. Conforme é 
possível observar por meio dos depoimentos concedidos pelos en-
trevistados para elaboração do conteúdo desse livro, constata-se a 
importância da trajetória de 25 anos que Tafner construiu na Univer-
sidade Regional de Blumenau.
Ainda na década de 1970 aventurou-se em busca do saber. 
Junto com os familiares vivenciou inúmeros desafios financeiros e 
logísticos para realizar o sonho de cursar o mestrado, em uma épo-
ca em que existiam poucos educadores com esse nível de formação 
acadêmica. Após vencer todos esses sacrifícios retornou para Blu-
menau, trazendo na bagagem novos saberes sobre gestão educacio-
nal universitária.
Posteriormente ocupou por duas oportunidades o cargo de 
reitor da Furb, entre outras funções administrativas e educacionais 
relevantes. Transformou a instituição para melhor, ampliando o nú-
mero de graduações, sanando os problemas financeiros, evidencian-
do a sua capacidade enquanto gestor administrativo e educacional 
eficiente. Durante as décadas em que atuou em sala de aula, Tafner 
estabeleceu vínculo com turmas de estudantes que até hoje recordam 
de sua ética profissional e dedicação como educador.
Toda essa experiência de professor e gestor foi colocada à dis-
posição da sociedade catarinense no momento que desempenhou 
a função de secretário estadual de Educação. Alguns anos depois 
colocou novamente seus conhecimentos em prol da educação ca-
tarinense, quando trabalhou como diretor de Ensino Superior de 
Santa Catarina.
Idealizou o Projeto Magister, que representou uma quebra de 
paradigmas em termos de formação superior para os professores ca-
tarinenses. Através desse projeto inovador contribuiu efetivamente 
para elevar a qualidade do trabalho docente, contemplando assim 
milhares de estudantes por toda Santa Catarina.
Além de se dedicar a projetos coletivos, Tafner não mediu esfor-
ços para realizar o sonho de criar suaprópria instituição de ensino. A 
Associação Educacional Leonardo da Vinci foi concebida da mente 
para as mãos, inspirada nos ideais renascentistas, do iluminismo e 
na genialidade de Leonardo da Vinci. A partir dos conhecimentos 
adquiridos em décadas de estudo e de experiência profissional, idea-
lizou princípios filosóficos para nortear a atuação educacional de sua 
instituição de ensino.
28
Com o passar dos anos, a Asselvi se transformou na Uniassel-
vi e o projeto de Tafner obteve reconhecimento nacional. Milhares 
de brasileiros vivenciaram a oportunidade de cursar uma faculdade 
através das inovações geradas pela instituição criada por José Tafner.
Enquanto a grande maioria das pessoas utiliza a aposentado-
ria para relaxar e descansar dos anos trabalhados anteriormente, 
Tafner continuou produzindo com exigência e determinação, lide-
rando sua equipe, comprometido com a comunidade e com tudo que 
se propunha a fazer. Apesar de todo o conhecimento e experiência 
na área educacional, permitiu que mais pessoas compartilhassem 
desse sonho, idealizado “da mente para as mãos”, considerando sua 
realização de forma coletiva.
Da mesma maneira que colocou a mão na massa e ajudou a cons-
truir a sua faculdade, caminhando lado a lado com a equipe, anos de-
pois dividiu com todos a oportunidade de saborear as vitórias conquis-
tadas, mas sempre com humildade e com os pés no chão, sem soberba 
ou qualquer forma de arrogância, conforme poderá ser constatado nas 
memórias obtidas pelas entrevistas. O professor Francisco Fronza afir-
ma que José Tafner é a personificação da razão prática: “Se Kant escre-
veu a Crítica da Razão Pura, o professor Tafner é a personificação da 
razão prática, aquela ideia de que as coisas devem funcionar”.3
A filosofia salesiana aprendida no período do seminário esteve 
presente em diversos momentos de sua atuação enquanto docente e 
gestor educacional. Por não conseguir aceitar a situação de ver alunos 
interessados em adquirir conhecimentos, mas sem ter sala de aula 
para estudar, Tafner se envolveu com os problemas educacionais do 
Estado do Pará. Com ousadia e determinação, idealizou a Faculdade 
Metropolitana de Marabá. Com o passar dos anos essa instituição se 
transformou em outro case de sucesso e apresentou efetivamente a 
sua contribuição para elevar o nível de conhecimento dos estudantes.
Após mais de 50 anos de dedicação profissional na área da edu-
cação, Tafner fez amizades em diversos estados. Um dos principais 
legados do professor Tafner para a história da educação brasileira 
está relacionado a sua preocupação em levar o conhecimento para 
todos. Enquanto filósofo da educação e educador, dedicou sua vida 
profissional para oportunizar o acesso das pessoas ao ensino. Este 
pressuposto de José Tafner representava quase que um propósito de 
vida, porque acreditava que ao proporcionar a expansão do conhe-
cimento do ser humano, este aspecto faria diferença e melhoraria 
a vida destas pessoas e das comunidades onde estavam inseridas.
3 FRONZA, Francisco. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 25 de julho de 2019.
29
Torna-se uma missão quase impossível descrever detalhadamente 
cada etapa da trajetória de mais de 50 anos que Tafner dedicou à educa-
ção. Por essa razão optou-se por apresentar esses momentos importantes 
de forma sintetizada, dando vida a essa história através dos depoimentos 
concedidos por familiares e educadores que conviveram com Tafner.
Vários fatores elucidam a dimensão quase indescritível do rele-
vante trabalho desenvolvido por José Tafner para o Ensino Superior 
brasileiro. A determinação em realizar plenamente os seus projetos, 
a busca incansável pelo conhecimento, o amor pelo ato de educar, a 
coragem para superar inúmeros desafios e a capacidade em acreditar 
na realização de seus sonhos, são alguns aspectos que poderão ser 
conhecidos através da leitura dessa obra.
José Tafner 
em solenidade 
de Outorga 
Nobre 
Acadêmico 
da Câmara 
Temática de 
Filosofia, da 
Academia 
Latino-
Americana 
de Ciências 
Humanas, 
em 30 de 
abril de 2016, 
Brasilia/DF
“Certo dia, talvez com 7 anos, fiz um anzol com alfinete. 
O alicate da sapataria do meu pai me possibilitou esse feito. 
Fui a uma lagoa do nosso vizinho que tirou muita terra para 
a sua olaria. Com um pedaço de minhoca nesse anzol, 
peguei uma traíra de 350 gramas, corri ao encontro do meu pai, 
que me elogiou diante do feito.”
José Tafner
31
CAPÍTULO 1
Infância de José Tafner 
em Rio dos Cedros
José Tafner nasceu no dia 21 de dezembro de 1940. Difícil imaginar que o menino nascido no pequeno município de Rio dos Cedros 
se transformaria em um dos principais personagens da história da 
educação catarinense e empreendedor reconhecido nacionalmente, 
por ser pioneiro em diversas atividades do Ensino Superior brasi-
leiro. Naquela época, a maioria das famílias obtinha a sobrevivência 
por meio da agricultura e o lugar ainda era um distrito que pertencia 
ao município de Timbó.
José Tafner é o primeiro filho homem do casal Ermínio Tafner 
e Clara Mattedi, possuindo descendência italiana paterna e materna. 
José Tafner teve onze irmãos: Elide (falecida), Realdino, Mário (fa-
lecido), Jaime, Evanilde, Mauro, Valdir e Dimas. Uma irmã faleceu 
ainda na infância e outra no momento do parto. Teve como avós 
paternos Giovanni Tafner e Rosina Dalpiaz, e como avós maternos 
Paulo Mattedi e Teresinha Mattedi.
O pioneiro Ângelo Marcello Tafner na Colônia Blumenau
A família Tafner é originária da localidade de Mattarello, situa-
da na Província de Trento. Após a vinda da Itália, Ângelo Marcello 
Tafner fez a escolha pelo sul do país, instalando-se no ano de 1876 
na Colônia Blumenau, situada na região do Vale do Itajaí. Adquiriu o 
lote colonial número 59, na localidade de Santo Antônio, em Rio dos 
Cedros. A partir deste momento, tem início a trajetória da família 
Tafner em Santa Catarina, tendo como patriarca Ângelo Tafner, que 
é bisavô de José Tafner.
A comunidade de Santo Antônio faz divisa com o município 
de Pomerode. Popularmente ficou conhecida por Matarel, em razão 
de seus moradores pioneiros serem provenientes da região italiana 
32
de Mattarello. Portanto, o nome do lugar foi escolhido como forma 
de homenagem à terra natal. No caminho dos pomeranos, vindo 
da direção de Timbó, Santo Antônio é a primeira comunidade dos 
tiroleses do sul, imigrantes de fala italiana, que hoje são chamados 
de trentinos. Cabe contextualizar que, atualmente, esses pioneiros 
são considerados como imigrantes italianos. No entanto, o bisavô 
de José Tafner não nasceu na Itália, porque naquele período Trento 
pertencia à Áustria. Somente a partir do ano de 1919, através de 
uma convenção com participação da Itália, Áustria, Suíça e Fran-
ça, as questões de fronteira foram apaziguadas e a região trentina 
deixou de pertencer ao Império Austríaco, passando a integrar o 
território italiano.
Uma das dificuldades do período da colonização era a questão 
da comunicação. Não contavam ainda com o telefone e nem se ima-
ginava que existiriam os modernos aparelhos tecnológicos da atua-
lidade. Os irmãos Tafner procuravam trocar cartas para descobrir 
onde estavam morando os parentes. José Tafner explica que seu bisa-
vô falava o dialeto trentino italiano. Também sabia se comunicar no 
dialeto mocheno, falado pelos antepassados no Val dei Mocheni, em 
Trento. Apesar de não ser exatamente o idioma alemão oficial, era 
um dialeto parecido, que possibilitava a comunicação com descen-
dentes alemães.4
Cabe contextualizar que a Colônia Blumenau era constituída, 
principalmente, por imigrantes alemães, italianos, tiroleses do sul 
e cidadãos austríacos, que foram colonizando o território do Vale 
do Itajaí. Por saber falar os dois principais idiomas da colônia, Ân-
gelo Tafner se tornou um intérprete do Dr. Hermann Bruno Otto 
Blumenau. Repassava as informações do diretor da Colônia Blu-
menau para os colonos trentinos, que não sabiam se comunicarem alemão.5
É interessante mencionar que as famílias de imigrantes ita-
lianos foram instaladas na Pommernstrasse. A Rua dos Pomeranos 
recebeu este nome em decorrência da colonização inicial realizada 
por alemães. Estes imigrantes eram provenientes da região de ori-
gem germânica chamada por Pomerânia. Os imigrantes pioneiros 
que vieram da Alemanha para a Colônia Blumenau chegaram pra-
ticamente 25 anos antes do início da imigração italiana para terras 
catarinenses. Com a chegada das famílias italianas, a região rece-
beu o nome de Santo Antônio.
4 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
5 Idem.
33
No passado a Pommernstrasse possibilitava a ligação entre Rio 
dos Cedros, Timbó e Pomerode. José Tafner comenta que devido 
ao fato de a comunidade de Santo Antônio estar situada geografi-
camente na divisa entre Rio dos Cedros e Pomerode, pelo menos 
três gerações da família Tafner conseguiram manter o bilinguismo 
dos idiomas alemão e italiano. Esses familiares sabiam falar o dialeto 
trentino e o platt-deutsch, dialeto alemão falado até os dias atuais em 
Pomerode. Cabe destacar que este município é reconhecido nacio-
nalmente pela continuidade das tradições germânicas, repassadas de 
geração para geração.6
Ângelo Marcello Tafner casou-se com Ângela Lúcia Perini, filha 
de Francesco Perini e de Lúcia Girardi, também imigrantes italianos 
de Mattarello. O casal teve cinco filhos: Guglielmo, Albina Maria Te-
resa, Cattarina Melania, José Francisco (que faleceu com apenas sete 
anos de idade), além de Giovanni Ermínio, avô de José Tafner. Os 
descendentes de segunda geração da família Tafner foram morar em 
diferentes comunidades entre Rio dos Cedros e Timbó.
O casal pioneiro vivenciou grandes desafios para conseguir 
criar os filhos. Havia a necessidade de derrubar a mata para organi-
zar áreas de produção agrícola. A religiosidade e a fé em viver dias 
6 Idem.
O pioneiro 
da família 
Tafner em 
Santa Catarina, 
Ângelo Tafner, 
com familiares. 
Acervo José 
Tafner
34
melhores foram os principais alicerces para a família vencer as difi-
culdades iniciais e obter boas condições de vida.
Giovanni Tafner casou-se com Rosina Dalpiaz e desta união 
nasceram os filhos Eugênia, Celestina, Artur, Maria, Angelina e 
Ermínio, pai de José Tafner. Os avós paternos de Tafner herdaram a 
casa que pertencia ao casal pioneiro da família em Rio dos Cedros, 
Ângelo Marcello Tafner e Ângela Perini. Mas as enfermidades afeta-
vam as famílias dos imigrantes e colonizadores. Duas irmãs de Ermí-
nio morreram jovens, com menos de 30 anos de idade, em função da 
peste chamada na região por “tifo preto”.
Mesmo diante de todos os desafios enfrentados, o esforço do pio-
neiro Ângelo Tafner valeu a pena. Na atualidade residem no Vale do 
Itajaí os seus descendentes de terceira e quarta geração. Esses familia-
res contribuíram em diversos segmentos da sociedade, garantindo a 
continuidade e a trajetória da família Tafner em Santa Catarina.
Com o passar dos anos, Ermínio Tafner construiu uma casa na 
localidade de Encruzilhada. Esta comunidade possuía uma locali-
zação estratégica: havia um encruzo que possibilitava a ligação com 
diversas comunidades interioranas. As pessoas vindas de Timbó pas-
savam por esse local e depois conseguiam chegar nas comunidades 
de São Roque e Santo Antônio, que receberam as primeiras levas de 
imigrantes italianos. A localidade era ainda chamada de Caminho 
dos Pomeranos, mas as famílias italianas a nomearam popularmente 
como “Crosara”.
A região de Encruzilhada era considerada a sede de toda a colo-
nização. Inclusive, as famílias se uniram e foi construída a capela de 
Nossa Senhora das Dores, “L’Addolorata” para os italianos. A igreja 
foi edificada em um morro, conforme era padrão, para que se desta-
casse na colônia. Seria um marco referencial, a partir do momento 
em que a localidade de “Crosara” se transformasse na sede do futuro 
município de Rio dos Cedros. No entanto, esse planejamento não 
ocorreu conforme o esperado.7
José Tafner recorda que uma das particularidades históricas 
mais interessantes de Rio dos Cedros relaciona-se a um litígio que 
ocorreu entre diferentes correntes migratórias. Os imigrantes que 
chegaram anos depois do início do processo de colonização do mu-
nicípio contavam com maior poder econômico, em relação aos pio-
neiros. Desta forma obtiveram influência política na execução de 
seus projetos coloniais. Lamentavelmente, não respeitaram o que 
foi construído na comunidade de Encruzilhada, com muito esforço 
7 Idem.
35
pelas famílias pioneiras. Deslocaram a igreja e o antigo centro de Rio 
dos Cedros para outra região.8
Constituíram desta forma outra localidade, onde seria formado o 
novo centro do município e construída uma nova igreja matriz. Havia 
uma distância de seis quilômetros entre essas duas comunidades e a 
situação ficou crítica. O batalhão de Blumenau do Exército brasileiro 
precisou intervir, para apaziguar os ânimos.9 Nessa época o lugar ainda 
era conhecido como Distrito de Encruzilhada, pertencendo ao mu-
nicípio de Timbó. A área hoje integra o território de Rio dos Cedros.
Como tentativa de amenizar o conflito, o Exército fez um sor-
teio para definir qual dos dois lugares seria a sede do município. Os 
colonos do segundo ciclo imigratório venceram e a localidade de En-
cruzilhada deixou de ser o centro da colonização de Rio dos Cedros. 
Da mesma forma, a Igreja Nossa Senhora das Dores perdeu o status 
de igreja matriz do distrito. Considerável parcela dos imigrantes não 
acreditou na veracidade do resultado do sorteio. Achavam que havia 
ocorrido alguma interferência política ou econômica.10
Essa desavença interferiu diretamente no cotidiano dos descen-
dentes de alemães que viviam nas proximidades do Caminho dos 
Pomeranos. A decisão também afetou os imigrantes austro-húnga-
ros. Tafner recorda de algumas famílias de origem alemã que viviam 
na localidade, a exemplo dos Stinger, Stolf, Volk e Campregher. A 
integração cultural e étnica, que era um dos aspectos diferenciados 
do processo colonizatório, sofreu uma ruptura de grandes propor-
ções. Alguns italianos, revoltados com o resultado final do embate, 
esconderam o tabernáculo “na mata”. O episódio foi tão marcante 
que as famílias Stinger e Mondini se mudaram de Rio dos Cedros 
para Jaraguá do Sul.11
Curiosidades sobre a família Tafner em Rio dos Cedros
Após casar-se com Clara Mattedi, Ermínio Tafner construiu 
uma casa no mesmo terreno onde residiam seus pais. As casas fica-
vam separadas por uma pequena distância de 20 metros. José Tafner 
vivenciou sua primeira infância nessa casa, até os 6 anos de idade. 
Aproveitou os momentos de convivência com os pais e constante-
mente visitava a residência dos avós paternos.
8 Idem.
9 Idem.
10 Idem.
11 Idem, em 1o de maio de 2020.
36
No ano de 1946, a casa da família Tafner foi removida para a 
localidade de Encruzilhada. Ficou situada a cerca de 700 metros de 
distância da residência dos avós paternos de José Tafner. A nova 
morada também ficava próxima dos avós maternos, Paulo Mattedi 
e Teresinha Mattedi. O terreno comprado por Ermínio contava com 
aproximadamente quatro hectares.12
Um dos fatos curiosos que recorda relaciona-se ao momento 
em que um senhor esteve na propriedade para definir o local onde 
seria cavado um poço. O pequeno Tafner acompanhou este homem, 
que andava pelo terreno com uma vareta de pessegueiro, buscando 
12 Idem.
José Tafner 
com o pai 
Ermínio Tafner, 
em frente à 
casa que foi 
desmontada e 
transportada 
em carroça, de 
uma distância 
de 800 metros 
onde se 
encontrava 
inicialmente, 
por volta de 
1945. Tafner 
acompanhou 
tanto o 
desmonte como 
a montagem 
da casa, que 
permaneceu 
intacta até 
1995. Ali 
viviam 8 
irmãos e 2 
irmãs, além do 
seu tio surdo/
mudo e de 
uma sobrinha 
adotiva. Acervo 
José Tafner
37
a melhor localização. Após a definição sobre o lugar ideal, cavou-
sea terra para construir um poço com 8 metros de profundidade e 
1,3 metro de diâmetro. A finalidade do poço era trazer água para a 
superfície. É importante mencionar que no tempo da colônia não 
contavam ainda com rede de abastecimento e água encanada. Com 
menos de 6 anos de idade, Tafner ficou admirado quando ao término 
dos trabalhos aquele homem puxou um balde cheio de água de den-
tro do poço. Logo após, um pedreiro fez a mureta externa de material 
e a estrutura de madeira necessária para a instalação do balde e da 
roldana para retirada da água.13
A família Tafner trabalhava na propriedade rural visando obter 
o sustento dos familiares. Ermínio realizava as tarefas diárias da co-
lônia e contava com auxílio de seus ajudantes. Organizavam lavouras 
de subsistência e produziam fumo em folha para a empresa Souza 
Cruz. Após se esforçar na roça durante o dia, trabalhavam ainda no 
período noturno na sapataria. Este estabelecimento prestava tam-
bém serviços de selaria, representando uma forma de obtenção de 
renda.14 Trabalhava na sapataria principalmente aos sábados à tarde, 
para pintar e lustrar sapatos.
Nos momentos em que não estavam na escola, os filhos de Er-
mínio auxiliavam nos serviços da propriedade. Entre as atividades 
realizadas, cortavam lenha e tratavam os animais. A pastagem da 
propriedade dos Tafner era pequena, por isso diariamente levavam 
as vacas para pastar, no começo da tarde, em uma propriedade alu-
gada de algum parente ou vizinho. No entardecer traziam as criações 
de volta. Quando não havia o que fazer na roça, trabalhavam então 
na sapataria do pai, batendo sola e fazendo outros pequenos serviços. 
O período da noite era destinado aos deveres da escola. Iluminavam 
o ambiente com a luz de uma lamparina a óleo.15
O ofício de sapateiro foi uma tradição que a família Tafner 
trouxe da Europa e que teve continuidade no Brasil. Ângelo sabia 
consertar sapatos e ensinou essa profissão para seu filho Giovanni, 
que por sua vez repassou a atividade para Ermínio. Quando preci-
sava comprar alicates, couro, sola, tachinhas de madeira, ferramen-
tas, qualquer item para os trabalhos da sapataria, ou para o dia a 
dia da propriedade agrícola, Ermínio viajava até Blumenau. Utiliza-
va a bicicleta para ir até Indaial, pedalando por um trajeto de mais 
de 20 quilômetros. Deixava a bicicleta na estação ferroviária e em-
barcava no trem em direção ao centro de Blumenau. Após comprar 
13 Idem.
14 Idem.
15 Idem.
A mãe de José Tafner, Clara Mattedi Tafner. Acervo José Tafner
39
o que era necessário, retornava para Indaial com a “Maria Fumaça”. 
Pegava a bicicleta e fazia o percurso de volta para casa. Em diversas 
ocasiões foi acompanhado pelos aprendizes, que auxiliavam nessa 
tarefa desafiadora. José Tafner até hoje não consegue entender como 
o pai e seus ajudantes conseguiam transportar tantas mercadorias de 
Indaial até Rio dos Cedros usando a bicicleta.16
Escola de aprendizes na propriedade da família Tafner
Uma das situações mais interessantes do cotidiano da proprie-
dade rural da família Tafner era uma espécie de escola de formação 
de sapateiros. Esta atividade funcionava nos moldes de uma escola 
de aprendizes, de uma confraria de ofícios da Idade Média. Geral-
mente moravam quatro ou cinco aprendizes do ofício de sapatei-
ro com a família Tafner. No primeiro semestre de atividades, esses 
jovens não recebiam remuneração, mas ganhavam alimentação e 
moravam no sótão da residência dos Tafner. Após seis meses co-
meçavam a realizar serviços mais caprichados, como bater sola, por 
exemplo. No terceiro semestre do aprendizado passavam a contar 
com um pequeno rendimento e já podiam usar esses valores para ir 
ao baile no final de semana.17
Depois de dois anos e meio como aprendiz, o jovem então re-
cebia a “liberdade” para poder procurar outro local, para morar e 
trabalhar. Formalmente não recebia um diploma. No entanto, a ex-
periência vivenciada e os conhecimentos adquiridos eram de gran-
de importância para as fases seguintes da vida. Depois da saída dos 
jovens da propriedade da família Tafner, Ermínio acompanhava os 
aprendizes por determinado período. Em diversas oportunidades os 
auxiliou, ajudando a escolher um local onde fosse possível iniciar a 
propriedade agrícola e se dedicar ao ofício de sapateiro.18
Recordações sobre a infância de José Tafner
José Tafner é detentor de uma memória privilegiada e tem 
inúmeras recordações sobre o tempo da primeira infância, até os 
6 anos de idade. Comenta que aos domingos, às 9 horas, aguar-
dava ansiosamente o seu avô Giovanni, que ao retornar da missa 
16 Idem.
17 Idem.
18 Idem.
40
dominical sempre lhe trazia um pacote de 12 a 15 balas, ou uma 
bala chupeta.19 A partir dos 5 anos, Tafner começou a auxiliar nas 
atividades da propriedade agrícola. “Muito curioso, certo dia fui até 
o rancho para ver o corte de trato para as duas vacas que tínhamos. 
Coloquei o dedo da mão esquerda na engrenagem, ocasionando 
um ferimento. Logo chamaram o senhor Arduino Dalpiaz, vizinho 
em frente da nossa casa e meu padrinho de batismo, irmão da mi-
nha avó. Fez um curativo com banha de porco, repetido por diver-
sos dias e sempre com tiras de pano. Tempos depois fiquei curado 
e livre desse curativo”, recorda.20
19 Idem.
20 Idem.
José Tafner com 
8 anos de idade, 
no período 
que realizou 
a Primeira 
Comunhão. 
Acervo José 
Tafner
41
O menino Tafner acompanhou algumas particularidades cultu-
rais, que estavam presentes no cotidiano das famílias italianas de Rio 
dos Cedros. Nas tardes de domingo, em uma casa próxima da pro-
priedade do avô Giovanni, reuniam-se alguns casais vizinhos para 
jogar a víspora. “Eu aproveitava a presença do meu padrinho para 
pedir alguns centavos, que ele fazia questão de me dar.”21 Cabe expli-
car que a víspora era um jogo italiano com cartões numerados, uma 
diversão que podemos comparar com o bingo da atualidade.
Nem todas as recordações são sobre momentos felizes. Algu-
mas rememoram episódios de tristeza. “Lembro da saída da casa da 
nona, o meu falecido avó paterno numa maca, carregado por quatro 
homens. Havia chovido e a estrada de barro tinha diversas poças de 
água. Eu andava com meu pai, preso em sua mão e ficava vendo mi-
nha avó, debruçada na janela da casa, chorando e pedindo ao avô que 
retornasse à casa.”22
A avó materna de José Tafner, Teresinha Mattedi, era uma par-
teira conhecida em Rio dos Cedros e região. Auxiliou diversas famí-
lias italianas e realizou aproximadamente 200 partos. Por uma ironia 
do destino, não foi possível ajudar a filha Clara, que enfrentava pro-
blemas de saúde em períodos de gravidez, especialmente no momen-
to de nascimento das crianças. Ficava com a perna inchada e aver-
melhada. Recorria aos curandeiros de Rio dos Cedros, como forma 
de amenizar esse desconforto. Havia duas pessoas que realizavam 
essa atividade, considerando-se que outras mulheres do município 
também enfrentavam o mesmo problema. O curandeiro então pe-
gava uma navalha bem limpa e fazia pequenos cortes na perna, para 
que o sangue ruim pudesse escorrer e desta forma aliviar a dor. Os 
italianos chamavam popularmente essa enfermidade de “rosapila”.23
Em decorrência desse problema de saúde, Clara Tafner sempre 
precisou ir para o hospital, no momento de nascimento dos filhos. 
O esposo contava com alguma reserva financeira, obtida através da 
atividade de sapateiro, viabilizando a busca por recursos médicos. 
Os partos sempre foram difíceis e alguns anos depois, na ocasião do 
nascimento do décimo segundo filho, lamentavelmente Clara não re-
sistiu e acabou morrendo. O bebê também faleceu, sendo essa uma 
memória de tristeza para as famílias Tafner e Mattedi.24
As lembranças sobre os elementos da natureza também são 
marcantes. Próximo à casa da nona Teresinha havia uma figueira 
21 Idem.
22 Idem.
23 Idem, em 1o de maio de 2020.
24 Idem.
O pai de José Tafner, Ermínio Tafner, em frente à casa da família em Encruzilhada. Acervo José Tafner
43
mateira, “onde nós,como crianças, lançávamos periquitos e derru-
bávamos muitos pássaros com o estilingue”. Na propriedade existia 
uma pequena lagoa, junto a uma fonte de água límpida, debaixo de 
um bambuzal. “A avó gostava de peixe e lá ela sempre pegava uma 
traíra de 100 a 200 gramas, que ela chamava de truta.”25
Tafner menciona que o tio Vitório, irmão do seu pai, era surdo-
mudo e um ótimo seleiro. “A frente da casa da avó estava sempre 
cheia de carroças e de cavalos. Esse meu tio tinha numa parte da 
frente da casa, no lado esquerdo, uma sala onde trabalhava à mão, to-
dos os apetrechos para os cavalos, sem o uso de máquinas, ou outros 
instrumentos, exceto os barbantes com cera de abelha e os pequenos 
instrumentos fabricados por ele, ou por um ferreiro.”26
Por ser o filho homem mais velho, José foi incumbido da res-
ponsabilidade de cuidar dos irmãos mais novos. Após retornar da es-
cola, conciliava as tarefas escolares com as atividades da roça e ainda 
com a responsabilidade de zelar pelas crianças menores. Considera 
como sua segunda infância o período dos 6 aos 12 anos de idade, 
onde residiu na casa em Encruzilhada, antes da ida para o seminário. 
Várias das recordações da infância estão relacionadas com a 
natureza. O terreno da propriedade era cercado por um pequeno 
riacho e Tafner e seus familiares aproveitavam para tomar banho e 
brincar nas águas baixas e calmas. “A pescaria era contínua, usando 
material que fabricávamos. O jequi era feito de bambu e alguns ami-
gos faziam de cipó. Usávamos também o sistema de labirinto, onde 
o peixe entrava e não conseguia sair. Esse mesmo sistema era usado 
para pegar pássaros.”27 Cabe explicar que o jequi seria uma espécie 
de armadilha, para que os peixes entrassem dentro de um cesto de 
pesca, afunilado e feito com taquaras flexíveis.
“A ceva era muito usada nessa etapa da vida, tanto para a pesca 
como para a caça de aves e de pequenos animais.”28 É interessante men-
cionar que a ceva servia como uma forma de isca, especialmente nas 
pescarias. Vários pescadores utilizam essa prática, porque entendem 
que a armadilha é uma das melhores maneiras para atrair os cardumes e 
ampliar o resultado da pescaria. As pescarias faziam parte do cotidiano 
da família e representavam ótima alternativa para alimentação saudável.
Apesar de viver na colônia, a família Tafner comia mais peixe do 
que carne vermelha. Não contavam com criação de gado para abate, 
25 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
26 Idem.
27 Idem.
28 Idem.
44
nem mesmo com criações de suínos. Saboreavam carne uma vez por 
semana, aos domingos. Outro alimento preparado exclusivamente 
para o almoço dominical era o arroz, que acompanhava a carne de 
panela. Geralmente no sábado passava o carroceiro que vendia pe-
daços de carne. Nos demais dias da semana comiam polenta acom-
panhada de ovo e pão de milho. Criavam galinha para obtenção de 
ovos, e patos que eram abatidos em datas especiais.
Algumas experiências vivenciadas pelo menino José ainda são 
recordadas com detalhes: “Certo dia, talvez com 7 anos, fiz um anzol 
com alfinete. O alicate da sapataria do meu pai me possibilitou esse 
feito. Fui a uma lagoa do nosso vizinho que tirou muita terra para 
a sua olaria. Com um pedaço de minhoca nesse anzol, peguei uma 
traíra de 350 gramas, corri ao encontro do meu pai, que me elogiou 
diante do feito”.29
Um dos desafios do passado relacionava-se ao controle de en-
fermidades que afetavam a saúde das crianças. “Eu era muito per-
seguido pelos furúnculos. Lembro-me que certo dia, à tarde, sentia 
muita febre, oriunda dos furúnculos. Estava na pastagem, próxima 
da casa, e resolvi deitar e descansar na relva. Fui acordado pelo meu 
pai, à noite, perto das 18 horas.”30
29 Idem.
30 Idem.
Irmãos de José 
Tafner. Da 
esquerda para a 
direita na linha 
superior: Elide, 
José, Realdino, 
Mário e Jaime. 
Da direita para 
a esquerda na 
linha inferior: 
Mauro, 
Evanilde, Emir, 
Valdir e Dimas. 
Acervo José 
Tafner
45
Nos momentos em que estavam bem saudáveis, as crianças 
aprontavam inúmeras “artes”. Não havia a tecnologia que existe 
na atualidade e não tinham a oportunidade de utilizar aparelhos 
de rádio e televisão. Naquela época Rio dos Cedros não era aten-
dida pelas redes de distribuição de energia elétrica. Também não 
havia acesso a jornais impressos e nem se imaginava a infinidade 
de divertimentos com recursos eletrônicos que existe hoje. Mesmo 
assim buscavam alternativas para se divertir, sendo uma das prin-
cipais a descida do morro aos domingos. “Quando a grama não 
estivesse molhada, em função da chuva, tínhamos o trabalho de 
banhá-la carregando latas de água morro acima. Descíamos depois 
em cascas de cachos de coco do coqueiro indaiá, ou fabricávamos 
um carrinho simples com quatro rodinhas, as duas da frente com 
o eixo preso somente com um fixador ao centro, que servia como 
volante a ser movido com os pés”, rememora Tafner sobre as aven-
turas da infância.31
A dedicação ao trabalho é um dos principais marcos da tra-
jetória de vida de José Tafner. Os filhos dos colonos começavam a 
trabalhar ainda pequenos e precisavam se esforçar bastante para 
contribuir com o sustento da família – uma realidade totalmente di-
ferenciada da sociedade atual, considerando-se as legislações exis-
tentes. Com apenas 8 anos de idade, Tafner prestava serviços para 
uma família produtora de milho e de araruta, em período de férias. 
“Lembro-me com muita satisfação: saía às 6h30min da manhã e tra-
balhava o dia inteiro na colheita da araruta, nas férias escolares, na 
casa da Frida. Aos poucos veio também o meu irmão Realdino. Eu 
ganhava 4 cruzeiros por dia e meu irmão Realdino, um ano e meio 
mais novo, iniciou com 3,5 cruzeiros, porque não tinha ainda 8 anos. 
Fiz uma reclamação à senhora Frida e fui atendido: o meu irmão 
passou a receber também os 4 cruzeiros por dia. Passávamos as férias 
escolares trabalhando.”32
Ainda na infância começou a desenvolver o espírito empreen-
dedor e inventivo, que era algo inerente a sua índole. Em determi-
nado dia estava pescando e começou a andar pelo riacho, nas ad-
jacências do terreno da família, quando encontrou um ovo de pata 
mais comprido que o normal. Levou para casa e colocou debaixo de 
uma galinha que estava chocando outros ovos, no sótão do pequeno 
rancho que tinham atrás da residência. “Visitava todos os dias para 
ver o que nascia. Certo dia vi o patinho duplo. Fiquei tão surpreso 
31 Idem.
32 Idem.
46
que minha primeira ação foi levá-lo a meu pai, para mostrar-lhe a 
novidade. Ele ficou feliz, me deu os parabéns e me pediu para levar 
logo ao ninho, para ver se sobrevivia. Fiquei magoado ao verificar no 
dia seguinte, que o meu patinho estava morto.” Houve alguma falha 
de formação genética e nasceram dois filhotes em um mesmo corpo, 
o que ocasionou a morte deles. Tafner se impressiona com a inicia-
tiva que teve, com essa curiosidade em ver coisas diferentes, que foi 
despertada desde os primeiros anos de vida.33
As crianças da colônia não tinham acesso à infinidade de brin-
quedos que existem hoje e precisavam usar a criatividade para en-
contrar maneiras de se divertir. Sabiam fazer revólver para brincar de 
bangue-bangue na roça. Pegavam um pedaço de madeira e cortavam 
com facão, conforme o formato do revólver. Utilizavam carretéis 
grandes com linha grossa e ajeitavam ao redor. Por último, coloca-
vam uma borrachinha de câmara de pneu de bicicleta.
Outra invenção era uma arma para matar moscas. Utilizavam 
um cano de bambu e colocavam um arco em cima. Na frente bota-
vam um pauzinho de borracha e quando apertavam saía um pedaço 
de bambu. Nesta brincadeira procuravam matar as moscas pousadas 
e o vencedor era quem conseguisse acertar o alvo com maior distân-
cia.34 Esses divertimentos eram simples, mas faziam a infância ser 
diferente e alegre. A busca por inovações e atividades diferenciadas 
auxiliaram o menino Tafner a se distanciar das coisas comuns.Lembranças do tempo da “querida escola”
Dois anos após seus pais realizarem a mudança para a locali-
dade de Encruzilhada, José Tafner começou os estudos primários 
elementares até a 3a série. É importante destacar que na comunida-
de de “Crosara” existia uma escola isolada. No entanto, o professor 
sofria com problemas de alcoolismo e por essa razão não possuía 
bom prestígio junto às famílias italianas. Devido a essa circunstância, 
Ermínio Tafner matriculou todos os seus filhos na Escolas Reunidas 
Irmã Maria Goeldner de Oliveira35, situada na sede do então Distrito 
de Arrozeira, que naquele período pertencia ao município de Timbó. 
Posteriormente o lugar obteve a emancipação político-administrati-
va, passando a se chamar Arrozeira e depois Rio dos Cedros, a partir 
da década de 1960.
33 Idem.
34 Idem.
35 Idem, em 1o de maio de 2020.
47
A criança precisava ter completado 7 anos para poder iniciar os 
estudos. Por completar essa idade no mês de dezembro, José Tafner 
só conseguiu se matricular no ano seguinte. Por essa razão, iniciou o 
Primário com 8 anos, em 1948. Naquele tempo o estudante cursava 
obrigatoriamente o 1o ano A e o 1o ano B. Portanto, frequentava dois 
anos de alfabetização, para aprender corretamente a ler e escrever. Dia-
riamente precisava acordar bem cedo e caminhar quatro quilômetros, 
junto com os irmãos e irmãs, para chegar até a escola. As aulas ocor-
riam de segunda a sábado, sempre no período matutino. A unidade 
de ensino era uma construção grande para os padrões daquela época, 
pois contava com dois andares. Funcionava no local onde hoje está 
situada a igreja católica Nossa Senhora Imaculada Conceição.36
As professoras eram irmãs catequistas provenientes da Con-
gregação da Madre Paulina. Lecionavam em diversas escolas públi-
cas das localidades de Rio dos Cedros e região. Era destinada uma 
casa para essas religiosas, e neste local também ocorriam atividades 
educativas. Os estudantes aprendiam a trabalhar na horta da pro-
priedade. As religiosas viviam para o propósito de ensinar. Quan-
do havia necessidade, eram transferidas para outras comunidades 
onde faltavam educadores.
36 Idem, em 23 de julho de 2019.
Escola Primária 
onde José 
Tafner cursou 
os quatro 
primeiros anos 
de estudos até 
1951. A escola 
era comandada 
pelas irmãs da 
Congregação 
criada pela 
Santa Paulina. 
Na foto se 
vislumbra 
também, no 
alto do morro, a 
Igreja Matriz de 
Rio dos Cedros, 
onde Tafner 
fez a Primeira 
Comunhão em 
1948. Acervo 
José Tafner
48
Na colônia as crianças se comunicavam no dialeto italiano, 
mas na escola precisavam aprender o português. Os conteúdos eram 
repassados na língua portuguesa. Além de alunos de descendência 
italiana, havia também aqueles que eram de famílias alemãs. Nos 
primeiros momentos de estudos do Primário, alguns filhos de imi-
grantes passavam dificuldades na questão da comunicação. Com 
nostalgia, Tafner tem uma recordação curiosa sobre esse tempo da 
escola. Recorda que a Irmã Ana Fachini chamou a atenção de um co-
lega de turma, que não estava escrevendo. O menino alemão pegou 
o lápis e o levantou, gritando “capute, capute”. O lápis estava com a 
ponta quebrada e aquela criança não sabia como resolver o problema 
e estava com dificuldades para se comunicar em português e pedir 
ajuda. Este exemplo ilustra bem a dificuldade dos imigrantes e seus 
descendentes para se adaptarem a uma cultura totalmente diferente, 
em relação à pátria de origem.37
Tafner cursou até o terceiro ano Primário na Escolas Reunidas 
Irmã Maria Goeldner de Oliveira. Destaca que o ensino era forte e 
que as professoras exigiam bastante dos pequenos alunos. Chega-
ram inclusive a realizar atividades que incentivavam o desenvol-
vimento de habilidades artísticas. Certa vez a professora Ana pe-
diu para os estudantes levarem um passarinho para a sala de aula. 
Tafner matou com o estilingue um gaturamo e levou para a escola. 
A educadora encaminhou um trabalho para a turma e começou 
a empalhar a ave. Retirou o coro do pássaro com uma gilete e em 
pouco tempo concluiu o empalhamento. Montou uma arvorezinha, 
colocando o gaturamo em cima de um galho. Solicitou em seguida 
que os alunos fizessem um desenho desse cenário. Tafner destaca 
que a atividade era atraente para os alunos, que se interessavam em 
realizar algo diferenciado.38
“Em relação à escola lembro do Pelotão de Saúde: meninos da 
vila, com uniformes brancos, eram escolhidos mensalmente para 
fiscalizar os demais companheiros. Olhavam as orelhas, o nariz, as 
unhas, as mãos, a sujeira no pescoço e nos pés. Quem não estivesse em 
ordem era mandado se lavar no riacho que corria ao lado da escola. 
Havia uma armação de madeira que levava até a água. Outro fato do 
qual me recordo é o caso do lanche. Levávamos para lanche, muitas 
vezes durante a semana, polenta com queijo, outros dias a mandio-
ca com açúcar semiqueimada. Esses lanches serviam para o escam-
bo com o pão francês, ou um pedaço de cuca, ou ainda um pacote 
37 Idem.
38 Idem.
49
de balas de 10 unidades; eram balas de coco ou de chocolate – nada a 
ver nem com coco e nem com chocolate. Algumas vezes chegávamos 
na escola com tangerinas colhidas durante os 3,5 km que andávamos 
até a escola. Havia muitos moradores que as cultivavam.”39
Desde os primeiros anos de escola, José Tafner tinha facilidade 
para desenhar o mapa de Santa Catarina e montar cartolinas mais 
elaboradas. Gostava de fazer vários desenhos, pois se sentia estimu-
lado pela questão artística. Recorda da exposição de desenhos pro-
duzidos pelos alunos: “Os pais participavam e levavam o trabalho do 
filho para casa com a nota expressa no canto do desenho. Recebía-
mos cartolina, lápis de cor, borracha e outros materiais necessários 
ao trabalho”.40 E continua: “Não posso deixar de mencionar os even-
tos culturais. Fazíamos passeios e os pais pagavam o ônibus contra-
tado. Fomos para Blumenau e também para Camboriú. Na época era 
um grande passeio para nós, da roça”.41
O terceiro ano Primário era o estudo máximo que existia na 
escola e para ir além disso era preciso estudar no Seminário em As-
curra. As irmãs catequistas realizavam um trabalho religioso intenso, 
em localidades interioranas de Rio do Cedros, como Rio Usina, Rio 
Arda, Santo Antônio e São Roque. Periodicamente algum padre vi-
sitava as unidades educacionais e fazia a pregação para que os jovens 
prosseguissem seus estudos no seminário. As professoras indicavam 
os alunos com melhores notas e perfil de seriedade.42
Quando concluiu a terceira série participou da cerimônia de 
formatura e ganhou o prêmio de melhor aluno da escola. Recebeu 
uma caneta-tinteiro como reconhecimento ao seu esforço e dedi-
cação enquanto estudante. Antes de ir para o seminário, o jovem 
Tafner fez a comunhão junto com a irmã Elide. Apesar de ser um 
ano e meio mais novo do que a irmã e ainda não ter cursado a 
quarta série, foi permitido que participasse da celebração religiosa 
católica. Cabe mencionar que na época da escola também acompa-
nhava as aulas de Religião. Aos sábados também frequentava um 
curso, onde recebia as instruções religiosas preparatórias para fazer 
a Primeira Comunhão. A doutrina era administrada no oratório 
Dom Bosco. Em razão do carinho que tem ao se lembrar deste tem-
po, cita a Escolas Reunidas Irmã Maria Goeldner de Oliveira como 
a “querida escola”.
39 Idem, em 1o de maio de 2020.
40 Idem.
41 Idem.
42 Idem.
50
Recordações pitorescas da época da escola
Além das lembranças sobre os conhecimentos obtidos no tem-
po da escola, que possibilitaram a sua ida para o seminário, Tafner 
também tem recordações sobre aspectos pitorescos, de várias “artes” 
aprontadas pelos jovens daquela época.
“No porão do bar da esquina, que era também pousada, os jo-
vens da região central montaram uma área para jogos: lançamento 
de dardo ao disco, um pequeno palco para o teatro feito pelo filho 
do João, que quando fazia alguma desordem ficava preso debaixo do 
barril de cachaça. Lembro de algunsnomes proeminentes do pessoal 
do Vila: Valdemar Claudino, Alceu Longo, os Cluk, eram conside-
rados ricos e de pouca conversa com a gente, todavia nos aceitavam 
para esses jogos depois das aulas.”43
Outra recordação inusitada refere-se ao jogo de futebol: “Lem-
bro do caso do Tibério Bagátoli que, certo dia, pintou uma bocha de 
madeira que ficou idêntica à bola de borracha, muito comum naque-
la época. A bola de couro não era acessível a nós jovens. O Tibério, 
entrando no campo, chamou o companheiro que estava cerca de 20 
metros dele e jogou a bola (de madeira pintada) para o Waldemar. 
Criou-se aquela confusão e as irmãs tiveram que levar o Waldemar 
para o hospital, que voltou com a perna e o pé enfaixado. No dia 
seguinte, a família do Tibério estava na escola dando explicações e 
pedindo desculpas a todos os jovens”.44
“No sábado de manhã tínhamos o hasteamento da bandeira, o 
canto do Hino Nacional, a declamação de poesia – sendo a cada sá-
bado um jovem ou menina diferente –, a leitura de textos livres e ao 
final jogos coletivos de atenção. Fazíamos uma roda e iniciava o jogo, 
um escolhido saía correndo ao redor do círculo e colocava o lenço 
atrás de um companheiro e corria em volta. O premiado com o lenço 
devia levantar e correr atrás do colocador e colocava o lenço atrás de 
outro e assim passávamos horas nessa brincadeira.”45
43 Idem.
44 Idem.
45 Idem.
51
CAPÍTULO 2
A busca precoce por 
novos conhecimentos
Em fevereiro de 1953, com 12 anos de idade, José Tafner ingres-sou no Colégio Salesiano São Paulo, seminário localizado no 
município de Ascurra. Caso permanecesse residindo com seus fa-
miliares, provavelmente trabalharia o resto da vida na agricultura, 
ou na sapataria do pai. Através dessa mudança quebrou paradig-
mas, pois abraçou a oportunidade de estudar em uma época de 
muitas dificuldades.
Um dos aspectos singulares que vivenciou em sua infância foi a 
atividade na sapataria, que representou uma ruptura com o trabalho 
agrícola tradicional. Outros jovens que trabalhavam integralmente 
na agricultura não tiveram a mesma oportunidade. Seria impossível 
imaginar, naquele instante, que o menino do interior se tornaria um 
professor universitário respeitado. No entanto, somente o fato de vi-
venciar a oportunidade de ser padre já era algo extraordinário para 
as famílias interioranas, considerando-se a fervorosa religiosidade 
dos imigrantes italianos.
A ida para o Seminário de Ascurra
Em uma madrugada do mês de fevereiro de 1953, 39 jovens de 
diversas localidades da região embarcaram em Rio dos Cedros em 
um caminhão de transporte. Os meninos estavam com faixa de idade 
entre 10 e 12 anos. O destino da viagem era o Seminário de Ascurra, 
onde passariam os próximos quatro anos como seminaristas. Acom-
panhariam os ensinamentos dos padres salesianos para obter conhe-
cimentos religiosos, pedagógicos, cívicos, musicais, teatrais, morais, 
históricos e linguísticos. José Tafner recorda que foram sentados em 
um banco de madeira improvisado, para abrigar a todos. Cada ga-
roto levava consigo dois sacos com pertences. Improvisou um saco 
52
de linhagem para colocar roupas de cama, lençóis, fronhas, além de 
acolchoados para os períodos de baixa temperatura.46
Também levou outro saco de algodão com as roupas que usaria 
no dia a dia, além de material de higiene pessoal. Uma curiosidade 
daquela viagem refere-se ao fato de que nenhum menino contava com 
mala para transportar seus pertences pessoais e vestimentas. “É inte-
ressante salientar que destes 39, nove chegaram ao sacerdócio e a cele-
bração como sacerdotes salesianos foi realizada na Paróquia de Rio dos 
Cedros, município de onde partiram. A maioria deles hoje não está na 
missão sacerdotal, porque buscou o caminho do matrimônio.”47
Dois dias após a chegada no seminário precisou enfrentar o pri-
meiro desafio dessa etapa de estudos: realizou o exame de admissão 
para o primeiro ano ginasial. Tafner havia estudado até a terceira série 
primária em Rio dos Cedros. “Eu não havia feito o quarto ano Primá-
rio. Todavia, diante do meu boletim da escola primária, me deixaram 
tentar o exame de admissão para iniciar o ginasial, caso conseguisse a 
aprovação.”48 Respondeu alguns questionamentos feitos pelos padres 
salesianos, fez contas e cálculos de tabuada, obteve a aprovação e desta 
forma passou a ser um aluno salesiano do curso ginasial. “Fui aprova-
do com nota 6,5 e iniciei o primeiro ano do Ginásio.”49
Os alunos enfrentavam um nível de exigência intenso. Tafner 
conseguiu obter boas notas em disciplinas como Geografia, História, 
Português e Matemática. Os maiores desafios estiveram relacionados 
ao aprendizado de “línguas mortas”. Precisou se empenhar bastan-
te para ter bom aproveitamento nos conteúdos de Grego e Latim. 
“Nesse seminário fiz o primeiro período do Ensino Fundamental, na 
época era chamado Ginásio.”50
A rotina de atividades no Seminário
Os jovens precisavam levantar bem cedo, às 5h30min da manhã. 
Deveriam tomar banho e se arrumar até às 6 horas. Tomavam café e às 
6h30min já participavam do momento de orações. A partir das 7 ho-
ras se dedicavam ao estudo religioso, com 30 minutos de duração. Em 
seguida, iniciavam as aulas das disciplinas da grade escolar salesiana. 
46 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
47 Idem.
48 Idem.
49 Idem.
50 Idem, em 1o de maio de 2020.
53
Estudavam em um salão grande com capacidade para 350 seminaristas. 
Cada aluno tinha a sua carteira, onde guardava os materiais escolares.
“As aulas eram ministradas todos os dias no período da manhã. 
Entre as disciplinas comuns também estudamos francês, inglês, grego, 
além das normais dessa fase, Matemática, Português, História, Geogra-
fia, Religião e Música para quem tinha dotes para instrumentos: piano, 
sanfona, clarineta, harmônio, diversos instrumentos de banda; na verdade 
havia campo para todos os que quisessem aprender algum instrumento.”51
Em relação à alimentação, no café da manhã cada seminarista rece-
bia uma xícara grande de café, além de pão caseiro de fubá puro, bem no 
estilo italiano, acompanhado por um potinho de mousse (chimia). O al-
moço apresentava uma organização diferente e cada mesa contava com 
um chefe. Por exemplo, se estavam sentados dez alunos naquela mesa, 
receberiam dez pedaços de carne, um para cada interno. O molho tam-
bém era controlado e cada seminarista poderia pegar duas colheres. Os 
demais alimentos, como arroz e aipim, eram disponibilizados à vontade.
As refeições eram preparadas pelas freiras, que ficavam respon-
sáveis pela cozinha. Apesar desse controle, Tafner menciona que nin-
guém passou fome por causa disso. No café da tarde era oferecida a 
fruta de cada época. Quando era tempo de colheita da banana, então 
se disponibilizava quatro ou cinco cachos desta fruta para alimenta-
ção dos jovens. À noite, se alimentavam com sopa e pão.52
“Eu era bom, modéstia à parte, nos trabalhos mais pesados e es-
pecíficos. Nesses 4 anos passei como responsável pelo refeitório-mor, 
refeitório dos 300 estudantes e refeitório dos padres; sacristão-mor, res-
ponsável pela sacristia, vinho, hóstias, limpeza geral da capela; dirigi a 
fabricação de cabos de enxada; fui responsável pela produção de rapadu-
ras de amendoim e do cozimento do pinhão para a festa popular de São 
João. Isto era vendido nas barracas para o povo participante da festa.”53
A prática de atividades desportivas
Após o almoço, os seminaristas participavam de jogos ame-
ricanos, com bastante corrida e movimentação. Tafner explica que 
ninguém podia ficar parado, sendo obrigatória a participação nas 
atividades desportivas. O futebol era praticado em alguns momen-
tos da semana e também jogavam vôlei. Uma das brincadeiras era o 
jogo de mata-mata, onde cada time ficava localizado em uma metade 
51 Idem.
52 Idem.
53 Idem, em 1o de maio de 2020.
54
do campo, sem poder cruzar a divisa. Os jogadores precisavam atirar 
a bola e acertaros adversários que então eram eliminados do jogo.
“O mais importante eram os jogos gerais. Todos eram obrigados 
a participar, tipo jogos militares. Aconteciam logo após o almoço. Os 
jogos mais comuns eram o futebol, o espirobol, o vôlei, o pingue-
pongue e os jogos de mesa: dama, trilha e tantos outros.”54
No período de recesso escolar, os seminaristas passavam 15 dias de 
férias no município de Rio do Sul. A área de descanso era uma fazenda 
de amigos dos padres que lecionavam no Colégio Dom Bosco, de Rio 
do Sul. Tafner recorda que uma das frutas existentes no lugar era a pera, 
uma fruta que não conseguiam plantar e colher em Rio dos Cedros. Sa-
borear as peras era algo diferente, uma nova sensação experimentada.55
Envolvimento com o teatro
Apesar de ter talento e um carinho especial pela arte de desenhar, 
José Tafner se envolveu culturalmente com o teatro. Um dos padres 
do Seminário de Ascurra era o salesiano Azevedo, que era filho de um 
radialista e deputado do Estado de São Paulo. Esse religioso era teatró-
logo e muito dinâmico. A cada mês acontecia uma atividade de teatro, 
envolvendo os jovens seminaristas. Tafner foi convidado a participar 
e decorava alguns contos, de uma página ou uma página e meia, que 
eram declamados entre os intervalos das cenas teatrais. Precisava estu-
dar aquele conto e se preparar para o momento do espetáculo teatral.56
Teve algumas participações como ator e ainda aprendeu a fazer 
efeitos especiais interessantes com o padre Azevedo. Para demonstrar 
à plateia que estava escurecendo na cena, utilizavam duas manilhas co-
locadas em um recipiente com sal e conforme iam levantando os fios, a 
claridade diminuía, proporcionando o efeito. Quando queriam repre-
sentar o barulho de trovões, utilizavam um cone de madeira grande, 
com mais de um metro de altura. Empurravam o cone contra um tabla-
do grande, ocasionando um barulhão que representava os raios e tro-
vões. Para obter o som semelhante à chuva, colocavam arroz dentro de 
um recipiente e faziam o pau de chuva.“Todos os meses havia uma peça 
teatral apresentada pelos estudantes. A banda, o grupo de canto juvenil e 
as declamações de poesias e de contos eram momentos importantes que 
aconteciam nos intervalos das peças teatrais.”57
54 Idem.
55 Idem, em 23 de julho de 2019.
56 Idem.
57 Idem, em 1o de maio de 2020.
55
Tafner também frequentou as atividades de fanfarra, mas seu 
hobby era realmente a pintura. Dedicou seu talento artístico no seminá-
rio para desenhar os cenários e paisagens que ficavam ao fundo do local 
onde eram apresentadas as peças teatrais. A forma como obtinha o ma-
terial para fazer o desenho representa uma curiosidade. Naquele tempo 
o saco de cimento continha três cartuchos, então pegavam o saco usado 
e vazio, e abriam totalmente. Faziam quadrados e iam colando um pano 
em cima. Em seguida, era feito o desenho sobre esse pano. Portanto, a 
improvisação e a criatividade eram marcos das atividades teatrais.
No momento da folga escolar dos seminaristas, desenhava rama-
lhetes e capas de trabalhos para colegas e superiores.58 “Eu era bom em 
Matemática e Desenho. Ajudava com aulas extras alguns companhei-
ros. Fazia muitos trabalhos em desenho para assistentes e companhei-
ros, cobrava com santinhos ou cartões postais de cidades. Havia tam-
bém um colega produtor de palitos de bambu que me fornecia pacotes 
de 50 palitos pelo desenho.”59
A tradicional Festa de São João
Um dos momentos mais aguardados pela população de Ascurra 
era a realização da tradicional Festa de São João. O evento religioso 
acontecia uma vez por ano, sendo bastante popular. Por serem muito 
respeitados na sociedade, os padres salesianos contavam com influên-
cia na comunidade local e até mesmo em âmbito estadual e nacional. 
Existiam várias paróquias e colégios salesianos no Estado de São Paulo 
nesse período e obtinham considerável apoio para realização da tradi-
cional Festa de São João. Através da proximidade com a Congregação 
do Sagrado Coração de Jesus e em virtude desses contatos, conseguiam 
trazer inúmeras atividades culturais de destaque para a festividade.60
As atrações se tornavam um diferencial em comparação com ou-
tras festas religiosas regionais. Por este motivo, além de contar com a 
presença dos moradores de Ascurra, o concorrido evento recebia visi-
tantes de vários municípios da região do Vale do Itajaí, como Apiúna, 
Rio do Sul, Rio dos Cedros e Indaial. Tafner tem lembrança da apresen-
tação da peça de teatro Os Saltimbancos, inspirada no conto Os Músicos 
de Bremen, dos irmãos Grimm. Também ocorreram apresentações de 
trapezistas, malabaristas, cantores e ginastas, atividades realmente di-
ferenciadas para a população de Ascurra apreciar na década de 1950. 
58 Idem, em 23 de julho de 2019.
59 Idem, em 1o de maio de 2020.
60 Idem, em 23 de julho de 2019.
56
Por compreender a importância da Festa de São João para o seminário e 
para a comunidade da região, Tafner, enquanto seminarista, auxiliava no 
que fosse solicitado. Em algumas ocasiões, auxiliou preparando o amen-
doim para fazer a rapadura e cuidou do cozimento do pinhão.61
Havia uma disputa curiosa para saber quem acenderia a famosa fo-
gueira de São João. O vencedor dessa brincadeira era quem arrematasse 
o maior valor. A pessoa então recebia o direito de acender a fogueira, uti-
lizando o revólver para dar um tiro em uma lata de querosene, colocada 
estrategicamente no topo para possibilitar o acendimento após o disparo.62
As aventuras no dia de folga escolar
José Tafner sempre foi um defensor das inovações nas práticas de 
ensino. Em razão de sua filosofia de vida e concepções educacionais, pre-
cisou ser criativo para sair da mesmice, no ambiente extremamente orga-
nizado e metódico do seminário. Procurou se envolver ao máximo com 
as atividades nas quintas-feiras, que significavam o momento de folga es-
colar. Nesse dia da semana os jovens precisavam desenvolver atividades 
agrícolas e demais serviços de limpeza que fossem solicitados. “Fazia com 
perfeição o que me solicitavam, queria conquistar a confiança pelo traba-
lho bem feito”, explica. Roçava o campo de futebol com o zenzo63 e chegou 
a fabricar cabos de enxada junto com dois colegas de Benedito Novo.64
Por estar acostumado desde pequeno com a lida da roça, não en-
frentou dificuldades para realizar essas tarefas. O dia sem aula não ficava 
restrito à realização do trabalho braçal na lavoura. Após concluir as ati-
vidades ordenadas, podiam jogar futebol e pescar. As aventuras foram se 
sucedendo para fugir da monotonia e foi nessa época que Tafner apren-
deu a nadar. “Passamos diversas quintas-feiras limpando uma grande la-
goa, totalmente coberta de capim. Cortávamos em tiras, laçávamos e um 
pequeno trator postado na margem puxava para fora da lagoa. Todas as 
vezes terminava esse serviço com um banho na lagoa.”65
“Muitas vezes me responsabilizei também pela limpeza dos está-
bulos do gado leiteiro, do galinheiro, da limpeza das lagoas e da limpe-
za dos pastos. Foi na limpeza das lagoas de peixe que aprendi a nadar. 
Os trabalhos se mesclavam com as horas de aula, as horas de estudo 
61 Idem.
62 Idem, em 1o de maio de 2020.
63 É uma foice comprida e de cabo longo. Além de ceifar, servia também como instrumento para o corte 
da grama e do jardim. Manuseá-lo é uma tarefa que exige muita habilidade e um ótimo fio de corte.
64 Idem, em 23 de julho de 2019.
65 Idem.
57
e as horas de esporte. Era comum o serviço de transportar lenha ser-
rada em metro, roçar o pasto, capinar, tratar as vacas de leite, bater os 
tapetes da igreja.”66
Uma quinta-feira do mês era dedicada ao passeio geral dos se-
minaristas. A propriedade onde estava instalado o seminário apre-
sentava considerável extensão territorial e contava com bastante na-
tureza. Foi também nessa época que o jovem Tafner começou a caçar 
cobras, uma atividade totalmente diferenciada e que exigia coragem. 
As cobras capturadas eram enviadas para o Instituto Butantã de São 
Paulo. “Uma simplescartinha eu enviei ao Butantã, me mandaram o 
laço e duas caixas para colocar a cobra e enviá-la pelo correio. Sem-
pre que recebiam, me enviavam outra caixa.”67
“Uma vez por mês trocávamos de ambiente, saíamos para um 
passeio geral. Íamos numa pequena fazenda, que na região se chamava 
de colônia, ou seja, uma área de aproximadamente 250.000 m² de terra 
que os colonizadores receberam ao se instalar na região. Nessa época 
a terra era bem cultivada e arrumada para a moradia da família com 
gado, aves, lagoas de peixe, ranchos e equipamentos de trabalho na 
terra, pastagens e a mata preservada e com trilhas para passeio. Nessa 
colônia cada um inventava o que fazer: pescaria, trilha, salto com vara, 
procurar e laçar cobras venenosas, tomar garapa, jogar bola. O almoço 
era feito por equipes e traziam os ingredientes do colégio.”68
O desafio de ser um jovem seminarista
Os conhecimentos obtidos no seminário foram de grande im-
portância para etapas posteriores da trajetória de José Tafner, espe-
cialmente a partir do momento em que passou a atuar efetivamente 
na área educacional. Contudo, no tempo em que era seminarista, 
passou por algumas dificuldades. “Fui um seminarista muito revol-
tado, afinal estava na adolescência, era um jovem revoltado. Não me 
agrada o direcionamento em todas as áreas. Na área religiosa, era 
evidente, estava num seminário. Todavia, isto também acontecia nos 
demais setores, nas leituras, nos currículos, nas orientações, na deli-
mitação de fazer as atividades. Tudo era pré-determinado, tudo era 
pré-definido. Às vezes as coisas me pareciam irracionais, e era isso 
que me revoltava. Como tenho um caráter um pouco racionalista 
e emotivo, sofri muito, não só no seminário, mas em toda a minha 
66 Idem, em 1o de maio de 2020.
67 Idem, em 23 de julho de 2019.
68 Idem, em 1o de maio de 2020.
58
vida. Eu sempre quis ter a liberdade de dizer aquilo que eu penso e 
ser aquilo que eu sou”, relata Tafner.69
Natural do município de Benedito Novo, Lorival Beckhauser nasceu 
no dia 24 de outubro de 1943. Estava com 10 anos de idade, em 1954, 
quando ingressou no Seminário de Ascurra. Foi colega de divisão de José 
Tafner durante determinado período. Destaca que desde a juventude Taf-
ner era um contestador da rotina diária e não aceitava as coisas de antemão. 
Lorival era favorável a essa postura, pois da mesma forma se considerava 
um seminarista questionador. Precisavam seguir uma rotina programa-
da pelos padres e ficavam incomodados com essas circunstâncias, porque 
não aceitavam certas imposições que aconteciam no cotidiano de ativida-
des do seminário. Lorival comenta que Tafner contava com habilidade nas 
práticas desportivas. Por ser canhoto, se destacava no futebol. Também 
escrevia com as duas mãos, sendo habilidoso para desenhar.70
Quando entrou no seminário, o menino Tafner estava com so-
mente 12 anos de idade. Permaneceu até os 17 anos no sistema de 
internato, sem poder retornar para casa, conforme as normas que 
existiam e precisavam ser respeitadas. Mesmo diante dessas regras 
rígidas, era permitida a visita de familiares dos seminaristas. O casal 
Ermínio e Clara conseguiu uma carroça emprestada com familiares 
para se deslocar de Rio dos Cedros até Ascurra. Visitaram o filho 
na ocasião da Festa de São João. Em outras ocasiões, o pai veio de 
bicicleta para visitá-lo. “A mãe, em geral, vinha na Festa de São João e 
perto do Natal. Nunca se esqueceu de me trazer um bolo.”71
Apesar de ter saído muito novo de casa, Tafner comenta que não 
foi difícil ficar longe do pai e da mãe e que se acostumou facilmente com 
essa nova condição de vida. Mesmo diante do desafio de abrir mão de 
anos da juventude para desde cedo aprimorar o aspecto intelectual, José 
Tafner reconhece a importância desse período para sua trajetória profis-
sional: “Tem um aspecto positivo que quero destacar: o desenvolvimen-
to de algumas atitudes e habilidades importantes para a vida, a vontade 
de fazer, a dedicação ao trabalho e ao estudo, o amor àquilo que se faz e a 
disciplina”.72 Tafner permaneceu no Seminário de Ascurra até dezembro 
de 1956, quando concluiu os estudos do Ginásio.
69 Entrevista concedida por José Tafner ao Projeto Universidade Regional de Blumenau e sua 
História, em 15 de abril de 2000, para os entrevistadores Balbino Simor Rocha, Luís Vendelino 
Colombi, Andréia Ferreti e Clarice Ehmke.
70 BECKHAUSER, Lorival. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 5 de setembro de 2019.
71 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
72 Entrevista concedida por José Tafner ao Projeto Universidade Regional de Blumenau e sua 
História, em 15 de abril de 2000, para os entrevistadores Balbino Simor Rocha, Luís Vendelino 
Colombi, Andréia Ferreti e Clarice Ehmke.
59
CAPÍTULO 3
A mudança de estado para 
ampliar conhecimentos
Após ter concluído o Ginásio no Seminário de Ascurra, José Tafner retornou para a casa dos pais em Rio dos Cedros. Permaneceu 
por algumas semanas na terra natal, para rever familiares e amigos. 
Ainda no primeiro semestre de 1957, deu continuidade à busca por 
novos conhecimentos. Partiu em direção ao Estado de São Paulo, para 
poder iniciar os estudos no Científico. A primeira parte da viagem co-
meçou de madrugada e foi realizada em uma VW Kombi. Quando 
chegaram à estação ferroviária de Jaraguá do Sul, embarcaram no trem 
que subiu a Serra da Lapa e chegou no Paraná. Posteriormente segui-
ram viagem para terras paulistas. “Passamos alguns dias em casa para 
se despedir da família, no final de 1956, e numa madrugada de janeiro 
partimos de Kombi de Ascurra para Jaraguá, em uma estrada de barro 
e muito pó. Em Jaraguá tomamos o trem para São Paulo.”73
É preciso pagar por uma espiga de milho?
A viagem para a nova etapa de estudos possibilitou alguns mo-
mentos diferenciados e curiosos. Em uma das paradas nas estações 
ferroviárias, Tafner e outros jovens do interior avistaram um homem 
com espigas de milho cozido. Na colônia, geralmente, preparavam 
o milho na brasa, diferentemente da forma como foi preparada 
por aquela pessoa. Automaticamente, Tafner e os demais garotos 
pegaram o milho e seguiram adiante. Logo após, o vendedor veio 
correndo atrás deles e chamou a atenção para que pagassem pelo 
milho. De forma humorada, recorda que aquela situação foi um cho-
que para ele, porque foi a primeira vez na vida que viu um indiví-
duo pagar por uma espiga de milho. Os jovens ficaram abismados, 
73 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
60
porque no interior podiam comer milho a hora que bem entendes-
sem, sem pagar nada por esse alimento.74
“Depois de muitas peripécias, como descer do trem para apa-
nhar goiabas na subida de Rio Vermelho, tivemos uma parada na 
Lapa onde o milho verde cozido foi a novidade porque aceitamos 
e comemos, todavia, não sabíamos que isto era pago. Não passava 
pelos nossos costumes que o milho verde cozido na água devia ser 
pago. Acertamos tudo.”75
“Depois paramos em Ponta Grossa para dormir num grande gal-
pão. Depois veio Itararé e finalmente São Paulo. Descemos na Estação 
Central, perto do Liceu Coração de Jesus, colégio orientado para o tra-
balho onde passamos alguns dias. A cidade grande que ninguém co-
nhecia foi uma peripécia, onde o companheiro Vandal entrou em uma 
tabacaria para comprar lanche – a gozação foi grande –, e onde todos 
queriam bater uma foto na praça para mandar para casa. Eu fui nessa e 
achei muito cara. Fiz a foto que guardo como recordação.”76
Pouco conhecia de Blumenau, mas naquele momento estava em 
São Paulo, algo realmente extraordinário para um jovem do interior 
de Rio dos Cedros. Os jovens seguiram viagem para a cidade de La-
vrinhas, situada no Vale do Paraíba, praticamente na divisa dos esta-
dos de São Paulo e do Rio de Janeiro.
O Curso Científico do Colégio Salesiano de Lavrinhas
Tafner estava com 17 anosquando ingressou no Curso Científi-
co do Colégio Salesiano São Manuel de Lavrinhas, em 1957. Estudou 
durante dois anos em Lavrinhas e por mais um ano em Pindamo-
nhangaba, em instituições pertencentes à Congregação Salesiana, 
para concluir o Curso Científico. O colégio contava com 17 estudan-
tes de Santa Catarina e existia uma rivalidade dos jovens paulistas 
com os catarinenses. Em decorrência dessa animosidade aconteciam 
muitas brigas, principalmente na escadaria do colégio. “Nos aloja-
mos e começamos a vida normal de seminaristas do Ensino Médio. 
Aprendemos o que é manga e a brigar depois do futebol. Perdíamos 
muito porque os paulistas eram bons de bola. Depois de umas par-
tidas, os nossos bons começaram a perder o medo e passamos a ser 
vencedores. A piscina em concreto era alimentada por água natural, 
era contínua e vinha de uma nascente muito forte.”
74 Idem.
75 Idem, em 1o de maio de 2020.
76 Idem.
61
Os seminaristas provenientes de Rio dos Cedros e municípios 
da região do Alto Vale do Itajaí se destacavam, em comparação com 
os demais colegas. Era notório o desempenho dos catarinenses e 
raramente um aluno de outro estado ficava entre os 17 melhores, 
em termos de desempenho escolar.77 “O destaque maior, porém, 
eram as nossas notas. Éramos 17 catarinas e em média, em todas 
as disciplinas éramos classificados entre os 17 primeiros. Muito ra-
ramente, em alguma disciplina, um dos paulistas conseguia furar a 
fila dos catarinas. Lembro que os professores eram muito compe-
tentes e exigentes.”78
No período em que cursou o Científico, Tafner conseguiu uti-
lizar várias das habilidades aprendidas no Seminário de Ascurra, 
especialmente na questão do teatro e na parte artística. “Em Lavri-
nhas havia também, todos os meses, apresentações de teatro; os ato-
res éramos nós, os estudantes. Os catarinas eram bem vistos porque 
não se negavam a nada, estudos, teatro, trabalhos caseiros, incluindo 
cozinha e qualquer atividade em que eram chamados. Era o nosso 
destaque, desde a limpeza diária dos banheiros até a preparação do 
refeitório e das quatro refeições: café, almoço, café da tarde e jantar. 
Foi nesse colégio que aprendi a fazer a maionese com ovo natural. 
Batíamos a gema o dia inteiro até ficar maionese para colocar na ba-
tatinha. Isto acontecia sempre que havia alguma celebração ou festa. 
Aprendi a fazer o doce de leite: passava cerca de 20 horas, entrando 
noite a dentro, na caldeira de leite, colocando fogo constantemente e 
mexendo o leite até ficar leite condensado. O doce de leite era tam-
bém parte da preparação de festas, para a sobremesa.”79
É relevante mencionar o esforço de Tafner na busca por novos 
conhecimentos. Vivenciou experiências em um local desconhecido, 
a centenas de quilômetros da propriedade de sua família, no inte-
rior de Rio dos Cedros. Um dos principais fatores que contribuíram 
para sua formação cultural e intelectual foi o contato com ótimos 
professores, profissionais bem instruídos e fontes de conhecimento. 
A maioria dos docentes havia publicado livros relacionados às dis-
ciplinas que lecionavam, eram reconhecidos no meio educacional e 
utilizavam o livro de sua autoria para ministrar as aulas.80
Ainda no período do Científico, o jovem rio-cedrense começou 
a ler as primeiras obras escritas em italiano. Recorda com nostal-
gia que inicialmente leu os livros Le Mie Prigione, de Sílvio Pellico, 
77 Idem.
78 Idem.
79 Idem.
80 Idem.
62
e I Promessi Sposi, de Alessandro F.T. Manzoni. Outra recordação diz 
respeito às aulas práticas de física realizadas em laboratório. Tafner 
se surpreende ao lembrar das atividades relevantes que eram desen-
volvidas. Vale destacar que naquela época havia menos recursos tec-
nológicos em comparação com a era digital da contemporaneidade.81
O falecimento de Clara Tafner
No período que José Tafner estava estudando em Lavrinhas, 
ocorreu o falecimento de sua mãe, Clara Tafner (Mattedi). A ques-
tão de comunicações era totalmente diferente dos dias atuais, porque 
existiam limitações neste sentido. No município de Rio dos Cedros 
havia somente um telefone, que ficava localizado na agência dos 
Correios. Clara faleceu no sábado, dia 11 de agosto de 1958, sen-
do enterrada no dia seguinte. Apenas na segunda-feira os familiares 
conseguiram avisar o filho sobre a morte da mãe.82
No seminário existia um telefone de parede e quando a família 
conseguiu realizar a ligação, os padres chamaram o seminarista, que 
ficou sabendo da triste notícia. Por causa das regras vigentes naquele 
período, não existia a possibilidade de sair do seminário para visi-
tar os familiares. Somente conseguiu retornar para Rio dos Cedros 
e prestar as homenagens no túmulo da falecida mãe quatro anos de-
pois, já na época da faculdade em Lorena.
Noviciado em Pindamonhangaba
“Depois de terminar os estudos do Ensino Médio, em Lavri-
nhas, em 1959 fui deslocado para Pindamonhangaba para fazer o 
noviciado, termo usado para a formação espiritual e salesiana para 
ter acesso à faculdade. Foi nessa Instituição que aprendi muito a jo-
gar futebol, tinha uns amigos de São Paulo que jogavam bem. Todos 
os dias, após o almoço, no espaço destinado ao descanso, jogávamos 
futebol e aprendi a controlar a bola. Não houve nenhuma disputa, 
apenas ensaios de ficar com a bola nos pés.”83
“Como tinha algumas noções de sapataria aprendidas em casa, 
me coloquei à disposição para fazer pequenos consertos e fazer a 
limpeza de calçados. Tive um excelente companheiro paraense que 
81 Idem, em 23 de julho de 2019.
82 Idem.
83 Idem, em 1o de maio de 2020.
63
entendia mais do que eu de sapataria. Começamos inclusive a fabri-
car calçados novos. Foi uma grande experiência.”84
“Foi aqui também que aprendi a gostar muito de manga e dis-
tinguir os diversos tipos de manga. O colégio tinha um bom man-
guezal. Aprendi também a usar material adequado para exterminar 
ninhos enormes de saúva. No campo havia uma praga desconheci-
da para mim, era o carrapato ‘micuim’; entrava via pernas ou cal-
ças e ocupava todo o corpo, produzia uma coceira perturbadora. 
O Dorcílio Bona, colega de Rio dos Cedros, proveniente do povoado 
de Rio Rosinha, trouxe um irmão para trabalhar de jardineiro no 
colégio; não se adequou e retornou logo a Santa Catarina.”85
O estudo superior na faculdade de Lorena
José Tafner concluiu os estudos do Científico no Colégio Sale-
siano São Manuel de Lavrinhas em 1960, com 20 anos. Em seguida, 
ingressou no Instituto Salesiano de Filosofia, Ciências e Letras de 
Lorena, que ofertava as faculdades de Pedagogia, Letras e Filosofia. 
“Fiz o vestibular e optei pelo curso de Pedagogia.”86
Ingressou no curso de Filosofia, que era etapa obrigatória para 
posteriormente cursar Pedagogia e Letras. A instituição ofertava for-
mação de Ensino Superior e seguia os valores salesianos. Os cursos 
superiores contavam com a presença de alunos de vários lugares do 
país, diferentemente do curso Científico, que reunia uma quantidade 
maior de estudantes catarinenses e paulistas. Naquele período fica-
va caro para os estados organizarem as suas universidades e em ra-
zão dessa particularidade muitos jovens iam estudar em Lorena.87 A 
instituição de ensino no passado era denominada como Instituto de 
Pedagogia de Lorena. Na atualidade passou a ter a denominação de 
Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal).
No período da faculdade, José Tafner conheceu José Paulino da 
Silva. A amizade iniciada na década de 1960 permanece até os dias 
atuais. “Sou originário do Agreste Setentrional de Pernambuco, nasci-
do na localidade Cachoeira do Taepe, no município de Surubim. Até 
os 13 anos de idade vivi minha infância em uma família de 11 irmãos 
no meio rural, em perfeita harmonia com o mundo que me cercava. 
Completados os 13 anos fui estudar num internato que era o seminário 
84 Idem.
85 Idem.
86 Idem.
87 Idem, em 23 de julho de 2019.
64
menor dos padres salesianos de Dom Bosco, na cidade do Recife. De-
pois fui estudar na cidade de Carpina paraconcluir o curso Científico. 
Em 1962 fui encaminhado pelos padres da citada congregação para 
fazer meus estudos de Filosofia e de Pedagogia na Faculdade de Lore-
na. Ali estudavam também jovens clérigos vindos de outros estados do 
Sul e do Centro-Oeste. Aqueles provenientes de Santa Catarina foram 
também estudar em Lorena, razão porque me encontrei com José Taf-
ner, que já se encontrava cursando o terceiro ano.”88
“Ali estávamos na condição de religiosos daquela congregação, 
continuando nossa formação acadêmica superior. A faculdade ofe-
recia, além de Filosofia, os cursos de Pedagogia, História e Geogra-
fia, Letras. Embora todos fôssemos adultos, vivíamos num regime 
de internato, sem liberdade de ir e vir para além daquele ambiente, 
sem a devida autorização de nossos superiores. Ainda no ambiente 
da Faculdade de Lorena, o Tafner se destacava como artista plásti-
co. Quando necessário, pintava os cenários para as representações 
das peças de teatro que faziam parte de nossas atividades culturais”, 
recorda José Paulino da Silva.89
Quando Tafner estava no terceiro ano de faculdade, o padre 
Mário Bonatti, que era seu primo-irmão, passou a trabalhar como 
professor em Lorena. Esse religioso salesiano havia realizado o es-
tudo superior e inclusive feito doutorado na Itália. Foi através desse 
familiar que Tafner obteve autorização no ano de 1962 para retornar 
para casa, visitar os familiares e o túmulo de sua mãe. No momen-
to em que chegou na localidade de Santo Antônio, foi recepcionado 
pela tia Clara Lenzi, que o levou de carroça até a casa da família.90
Ao recordar desta passagem de sua juventude, Tafner ainda se 
surpreende com a percepção e os sentimentos das pessoas daquela 
geração. Sua tia foi buscá-lo com o intuito de conversar e contar que 
havia uma novidade em casa. A irmã havia gerado uma filha que já 
estava com 4 anos. Por isso, a conversa foi uma preparação para que 
não se espantasse quando chegasse em casa e visse a menina. Após 
prestar as homenagens para a mãe in memoriam e rever os familiares, 
retornou para São Paulo.91
“Por influência do padre Mário, tive a oportunidade de visitar 
a família em 1962. Já sabia das dificuldades e vi o trabalho da Elide 
88 SILVA, José Paulino da. Entrevista concedida a Evandro André de Souza, em 10 de julho de 
2020 (via e-mail).
89 Idem.
90 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
91 Idem.
65
e da Evanilde para dar conta de tudo, inclusive do tio Vitório. Vi o tra-
balho do Realdino e do Mário que sempre socorriam o pai, na sapata-
ria e nos serviços da roça. Os outros sete irmãos eram ainda pequenos 
e estudavam, dois eram falecidos: o Lourival, nascido em 27 de julho 
1946, faleceu em 25 de maio de 1947, com menos de 1 ano, e o outro 
foi natimorto em 11 de agosto de 1958, juntamente com a mãe. Sei que 
eles ajudavam da mesma forma que eu ajudei antes de ir ao seminário. 
A família era grande e vivia basicamente dos produtos da roça. Muitos 
serviços eram feitos pelos irmãos mais novos. O pai continuava com a 
sapataria, auxiliado por dois a quatro aprendizes que viviam na nossa 
casa, incluindo a pousada e a alimentação. Minha intenção era ficar 
em casa, já nessa época, porém o pai me recomendou que continuasse 
minha vida no seminário. Eu voltei para São Paulo, para o Instituto 
Salesiano de Filosofia, que hoje é a Universidade Salesiana. Creio que 
ele imaginava que iria ser padre em breve, todavia faltavam ainda oito 
a nove anos para chegar a este objetivo.”92
As atividades esportivas
José Paulino da Silva destaca que Tafner era habilidoso no fute-
bol: “A vida ali dentro, além dos estudos acadêmicos, era preenchida 
com atividades religiosas, culturais e desportivas. Entre as práticas 
esportivas, o futebol de campo era a preferida pela maioria. José 
Tafner era um dos melhores atletas do futebol, jogava como centroa-
vante da nossa seleção”.93
Tafner relata: “Jogava bem o futebol, na posição de center-half 
esquerdo. Jogava basquete e tinha como colegas dois mexicanos que 
eram feras nesse esporte. Jogava também vôlei e algumas vezes tênis. 
Convivia bem com todos os estudantes da faculdade. Era sempre es-
colhido para as disputas internas nesses esportes e, especialmente, 
quando vinham clubes externos que, aliás, eram frequentes. Joguei 
contra o Bangu, do Rio de Janeiro, no ano em que ele foi vice-cam-
peão da Copa Rio. Ganhamos de 2 a 0. Fui chamado também para 
jogar contra o Pelé numa disputa da seleção do Exército, da região do 
Vale do Paraíba, contra o time da cidade de Lorena. Fiquei com medo 
e envergonhado e não aceitei. Numa ida à cidade de Itapeva, onde 
os padres tinham uma fazenda, eu e mais três colegas que jogavam 
92 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
93 SILVA, José Paulino da. Entrevista concedida a Evandro André de Souza, em 10 de julho de 
2020 (via e-mail).
66
muita bola – eram seminaristas de São Paulo – integramos um time 
local e fomos jogar contra o Ituano. Vencemos por 2 a 0 também. 
Foi a única vez que, ao final do jogo, senti câimbra nas duas pernas 
e fui substituído. Não estava acostumado com campo grande oficial. 
Era moço de 20 a 21 anos de idade, pouco pensava na carreira do 
sacerdócio. Era rebelde e contrário a muitas normas estabelecidas”.94
A expulsão do seminário
Tafner foi expulso do seminário por ter agido em desacordo 
com padrões culturais e de comportamentos vigentes naquela época. 
As informações foram se espalhando e grande parcela dos estudan-
tes ficou sabendo desses fatos. O diretor do Instituto de Pedagogia 
de Lorena disse que não seria mais possível que Tafner continuasse 
os estudos. Apresentamos a seguir algumas das aventuras realizadas 
na época de estudante universitário, que resultaram na expulsão do 
jovem de Rio dos Cedros da faculdade salesiana.
“É evidente que a vida reclusa em que vivíamos no ambiente 
da faculdade nem sempre era totalmente aceita por todos os que ali 
viviam. José Tafner era um deles. De quando em vez, junto com al-
guns colegas, sem a devida autorização dos superiores, saía à noite 
para assistir filmes nos cinemas da cidade ou assistir algum jogo de 
futebol”, comenta José Paulino da Silva.95
Jogando futebol sem batina
No final da década de 1950, os seminaristas precisavam jogar 
futebol de batina. Esta situação incomodava Tafner. Quem não usas-
se esta vestimenta era proibido de entrar em campo. Com o passar do 
tempo ocorreu uma pequena modificação e os jovens podiam então 
utilizar uma espécie de capotinho um pouco mais leve até o joelho. 
Mesmo com essa novidade, José Tafner queria poder se movimentar 
melhor durante o jogo, com mais liberdade. Em determinada opor-
tunidade entrou em campo apenas de calça, sem usar o capote.96
94 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
95 SILVA, José Paulino da. Entrevista concedida a Evandro André de Souza, em 10 de julho de 
2020 (via e-mail).
96 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
67
A atitude gerou polêmica e o diretor do Instituto foi chama-
do para averiguar a situação. O padre Carlos Leôncio da Silva pediu 
para que Tafner saísse do jogo. A ordem foi acatada, mas a atitude 
ficou marcada como uma forma de questionar uma norma daquele 
momento que dificultava a prática da atividade desportiva. É inte-
ressante mencionar que ocorriam periodicamente campeonatos in-
ternos, que envolviam os estudantes de diferentes turmas e anos da 
faculdade. Desta forma, o futebol era uma diversão que fazia parte da 
vida dos seminaristas.97
Monumento para a panelinha
É algo comum nas unidades educacionais a aproximação de 
alunos com mais afinidade, o que acaba gerando a famosa panelinha. 
José Tafner, Luís Costa e Genésio Ronchi formavam uma panelinha 
de catarinenses que estudavam no Instituto dePedagogia de Lorena. 
Os três jovens eram provenientes do interior e sabiam realizar alguns 
afazeres que os jovens urbanos não conseguiam. No período de fé-
rias escolares, os estudantes do seminário iam de Lorena para São 
Paulo. O trio de catarinenses sempre era enviado antes, para efetuar 
serviços de roçada, de plantio e para capinar a área da fazenda. A 
propriedade pertencia à congregação religiosa dos padres que admi-
nistravam o instituto.98
Posteriormente vinham os demais estudantes para esse lugar, 
onde todos ficavam hospedados. Como já tinham deixado tudo em 
ordem, os amigos se separavam do restante do grupo e iam jogar 
futebol no campo da fazenda. Uma das aventuras da juventude de 
Tafner foi a construção de um monumento dedicado para a pane-
linha que formou no seminário. Os colegas de faculdade roubaram 
uma panela velha e fizeram um monumento para homenagear a ami-
zade do trio, próximo do campo de futebol. O local foi escolhido de 
forma estratégica, porque a prática desse esporte possibilitou várias 
oportunidades de lazer. Por jogarem bem, foram convidados em di-
versos momentos para disputar partidas pelo time do Ituano, do mu-
nicípio de Itu, nos finais de semana. Eles representaram as cores do 
Ituano e enfrentaram equipes de cidades vizinhas.99
97 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
98 Idem.
99 Idem.
68
O rapel sem cordas
José Paulino da Silva compartilha detalhes sobre uma das aven-
turas vivenciadas por Tafner no tempo da faculdade: “Certa feita 
fomos todos dar um passeio na Serra da Mantiqueira, mais preci-
samente onde se localizam os famosos picos no município de Ita-
tiaia/SP. Após passarmos o dia usufruindo as belezas daquela natu-
reza exuberante, repleta de pequenos riachos e quedas d’água com 
muitas piscinas naturais, eis que chegou a hora da volta. Conforme 
o combinado, às 17 horas todos deveriam se dirigir ao ônibus que 
nos traria de volta. Entretanto faltavam chegar três colegas, dos quais 
um era José Tafner. Teriam fugido? Teriam se perdido? O tempo ia 
passando, a noite chegando, e eles nada de aparecer. Até que nossos 
superiores resolveram dividir todos em grupos de dez e nos espalhar 
pela mata chamando por eles, com a orientação de voltar ao ônibus 
depois de passados trinta minutos. Lá pelas tantas, um dos grupos os 
encontrou. Dois daqueles colegas estavam no sopé de uma cachoeira, 
tentando orientar o Tafner, que havia escalado as pedras pontiagudas 
e se encontrava aproximadamente à altura de uns quatro metros da 
lâmina d’água tentando descer sem conseguir. Até que ele resolveu 
pular de costas para a piscina. Foi um alívio ao vê-lo nadar são e 
salvo até as margens. Em seguida fomos todos para o ônibus que nos 
levou para Lorena”.100
O Carnaval proibido
No tempo em que cursava a faculdade, os seminaristas eram 
proibidos de acompanhar o Carnaval. Não podiam ver mulheres e 
por esta razão somente homens estudavam no Instituto de Pedagogia 
de Lorena. Tafner organizou um esquema para romper com esse pa-
drão moral e religioso. Por ser do interior, contava com algumas ha-
bilidades agrícolas que os jovens de outros lugares não possuíam. Era 
o único que sabia afiar e manusear adequadamente o zenzo. Por isso 
ficou responsável em fazer a roçada do campo de futebol. Também 
auxiliava como sacristão-mor e na organização do café da manhã e 
do almoço.
A realização desses trabalhos possibilitou algumas condições 
diferenciadas. Conseguia arrumar chaves e formas para entrar e 
sair do seminário. Foi desta maneira que planejou uma aventura, 
100 SILVA, José Paulino da. Entrevista concedida a Evandro André de Souza, em 10 de julho de 
2020 (via e-mail).
69
para poder então acompanhar o Carnaval proibido. Comunicou-se 
com colegas mais próximos e no dia da festa pulou o muro e cami-
nhou em direção à cidade. Acompanhou os desfiles e a movimenta-
ção do Carnaval, retornando depois para o seminário. Uma situação 
que naquela época era algo proibido, um grave pecado.101
Campanha da vassoura contra a espadinha
Um dos atos mais marcantes de Tafner no período da facul-
dade foi quando buscou manifestar sua liberdade de expressão, em 
um ambiente que não possibilitava uma atitude tão revolucionária 
assim para a época. Naquele período estava ocorrendo a campanha 
presidencial entre Jânio da Silva Quadros e Henrique Batista Duffles 
Teixeira Lott. A disputa apresentava uma particularidade simbólica, 
pois Jânio Quadros usava uma vassoura para divulgar sua campanha, 
enquanto o Marechal Lott utilizava uma espadinha.
Os padres recebiam os jornais na portaria do seminário e recor-
tavam as propagandas do Marechal Lott. Como forma de divulgar o 
candidato que apoiavam, colocavam os recortes nas paredes dos cor-
redores. Certo dia, Tafner inventou de acordar ainda mais cedo que 
os religiosos, às 4 horas da madrugada. Roubou o jornal e recortou as 
propagandas de Jânio Quadros. Em seguida, retirou as propagandas 
do Marechal Lott, substituindo-as pelas divulgações de Jânio Qua-
dros. Foi dessa forma que fez oposição, com muita ousadia, traba-
lhando para a campanha de Jânio Quadros. Obviamente, todos os 
300 jovens estudantes acompanharam o movimento de questiona-
mento idealizado por Tafner.102
Além de ter trabalhado na campanha presidencial, se envol-
veu ainda com campanhas no Diretório Central dos Estudantes, 
porque havia disputa entre os internos e os semi-internos. Tafner 
diz que não se arrepende destas aventuras porque as atitudes fa-
ziam parte do seu temperamento, estavam relacionadas com a sua 
maneira de ser. Também foram expulsos outros dois jovens com 
espírito aventureiro.103
Apesar das consequências causadas de forma imediata pela ex-
pulsão do seminário, José Tafner considera que este é um dos títulos 
101 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
102 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
103 Idem.
Quando José Tafner saiu do Instituto Salesiano de Lorena/SP, em 1962, com destino à casa de seus pais, 
parou em São Paulo, no Liceu Coração de Jesus que era uma Escola de Ofícios dos Padres Salesianos. 
Foi ali que um padre alemão, responsável da Inspetoria Salesiana do Centro-Oeste do Brasil, convidou 
José Tafner para ministrar aulas no Colégio Dom Bosco Campo Grande. Acervo José Tafner
71
mais significativos que tem em seu currículo. Mesmo diante de tantas 
regras conservadoras, viveu de acordo com sua essência. Valorizou a 
liberdade de expressão e se contrapôs às normas que não concorda-
va. Com certeza, uma postura diferenciada e de maturidade para um 
jovem com apenas 22 anos de idade.
“Como manifestei abertamente a minha insatisfação com o 
caminho que estava trilhando, fui convidado a me retirar da Insti-
tuição, ou seja, eu e mais dois colegas fomos mandados para o con-
sulado, colocados à disposição do diretor regional para os últimos 
conselhos antes de mandar para casa dos pais.”104
“Como eu era uma pessoa sempre pronta para qualquer tare-
fa, era suportado, porém, com esse comportamento incomodava a 
direção e acabei, depois de muitas ações contrárias às normas, sen-
do afastado da faculdade, juntamente com colegas que tinham com-
portamento semelhante: Luís Costa e Genésio Ronchi. Sem dinheiro 
e sem roupas normais (tínhamos a batina), fomos de ônibus para 
São Paulo, para o Liceu Coração de Jesus, dos salesianos. Os meus 
companheiros desceram para Santa Catarina, para as casas de seus 
familiares.”105
104 Idem, em 1o de maio de 2020.
105 Idem.
“De São Paulo, com 24 anos, deixei o trabalho junto aos 
salesianos, depois de trabalhos e andanças, como professor, 
em diversas cidades de Mato Grosso do Sul e Noroeste de São 
Paulo retornei à Santa Catarina. Sem dinheiro, sempre trabalhei 
sem salário, trabalhava e vivia como membro da Congregação 
Salesiana, vim para minha terra, Rio dos Cedros.”José Tafner
73
Por ter sido expulso do seminário antes de completar os es-tudos em Filosofia, José Tafner recebeu somente o diploma 
de bacharelado em Pedagogia. Havia cursado três anos da facul-
dade, quando ocorreu essa situação. Além de não ter recebido o 
diploma de licenciado em Filosofia, somente com a formação de 
bacharel não seria possível lecionar. Estava preocupado com qual 
rumo seguir. Não queria retornar para Rio dos Cedros nesta con-
dição adversa. “Eu fiquei com medo de chegar em Rio dos Cedros 
e ser julgado pela população. Os italianos costumavam menospre-
zar os jovens que saíam do seminário e os apelidavam de ‘padres 
falsos’, de excomungados. ‘Padre falso’ tinha um significado bem 
pesado.”106
Tafner estava procurando alguma saída para não precisar vol-
tar para casa sem diploma. Seria desgastante explicar a situação 
ocorrida para a família, considerando-se que estava usando batina 
no momento em que retornou para visitar o túmulo da mãe. Os 
vizinhos e praticamente toda a comunidade rio-cedrense sabiam 
que estava estudando fora do município, por essa razão sofreria um 
bullyng muito forte.
“Eu não quis dar esse desgosto ao meu pai, de chegar em casa 
sem dinheiro e sem o sacerdócio. Fiquei uns dias no Liceu. Como 
o Liceu ficava no centro da cidade de São Paulo, muitas pessoas da 
Congregação dos Salesianos paravam nele. Pensei que ali encontra-
ria a possibilidade de arrumar um dinheiro para viajar ao Sul.”107
106 Entrevista concedida por José Tafner ao Projeto Universidade Regional de Blumenau e sua 
História, em 15 de abril de 2000, para os entrevistadores Balbino Simor Rocha, Luís Vendelino 
Colombi, Andréia Ferreti e Clarice Ehmke.
107 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
CAPÍTULO 4
Educador no Mato Grosso 
e São Paulo
74
A oportunidade no momento de preocupação
O complexo da Congregação do Sagrado Coração de Jesus 
era um local estratégico para os salesianos paulistas. Apresen-
tava uma considerável estrutura, que ocupava praticamente um 
quarteirão. A escola oferecia diversos cursos técnicos e entre as 
construções havia um campo de futebol. Enquanto decidia o seu 
futuro, jogou algumas partidas de futebol. Sem perspectivas, es-
tava pensando na possibilidade de retornar para o Sul, mesmo 
sem ter completado a formação superior. Houve um momento de 
reviravolta da situação e recebeu um convite inesperado de um 
religioso de descendência alemã. Além de ser um ex-combatente 
da Segunda Guerra Mundial, o padre João Greiner era o respon-
sável pela Inspetoria dos Salesianos na região Centro-Oeste do 
Brasil, com sede em Campo Grande.108
Tafner foi convidado para trabalhar no Colégio Dom Bosco de 
Campo Grande. Não receberia rendimento financeiro, mas ganharia 
alimentação, vestuário e roupa lavada. Aceitou a proposta por cau-
sa do momento de dificuldade que enfrentava. “A gente se apega a 
qualquer coisa que lhe der um amparo, que permita a sobrevivência”, 
comenta, referindo-se ao período adverso que vivenciou.109
Antes de fazer a mudança para Mato Grosso, esteve em Rio 
dos Cedros e visitou os familiares durante duas semanas. Comen-
tou com a família que existia a necessidade de realizar três anos 
de práticas educativas. Explicou que essa atividade era necessária 
para então conseguir completar os estudos religiosos no seminá-
rio. Omitiu qualquer informação referente à expulsão, para evitar 
situações desgastantes.110
“O padre Greiner era o responsável da Congregação Salesiana 
na região Centro-Oeste do Brasil, com sede em Campo Grande, uma 
cidade de 40 mil habitantes na época. Recebi o convite para lecionar 
no Colégio Dom Bosco e cuidar dos estudantes internos. Estava sem 
dinheiro para vir a Santa Catarina e não tive outra alternativa. Aceitei 
o desafio e recebi o dinheiro para viajar para Campo Grande. Além 
disso, como me viu sem relógio, o padre me presenteou com o reló-
gio que usou como capelão na Segunda Guerra Mundial.”111
108 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
109 Idem.
110 Idem.
111 Idem, em 1o de maio de 2020.
75
Experiência profissional no Colégio Dom Bosco
José Tafner trabalhou durante dois anos no Colégio Salesiano 
Dom Bosco de Campo Grande, de 1962 a 1964. Naquele tempo a 
cidade pertencia ao Estado do Mato Grosso. Hoje é a capital do Mato 
Grosso do Sul. Vários padres descendentes de italianos e alemães, 
que eram ex-combatentes da Segunda Guerra Mundial, trabalhavam 
nessa unidade educacional. Quase todos apresentavam sequelas e 
problemas de saúde, físicos e psicológicos, em decorrência das situa-
ções enfrentadas na guerra.
“Ao chegar em Campo Grande estava um pouco assustado, por-
que um salesiano mexicano chamado Raul Hernandes me orientou 
sobre os perigos da cidade. O fato é que nos primeiros dias, da ja-
nela do quarto, presenciei um bangue-bangue na rua e um assassi-
nato num posto de gasolina, existente do outro lado da pista. Mas 
aos poucos fui acalmando, e ao chegar os alunos internos comecei a 
recebê-los e a vida melhorou.”112
“Não havia professores formados e os religiosos eram quase 
todos de origem alemã ou italiana, que viveram a Segunda Guerra 
Mundial. Diante dessa situação assumi muitas disciplinas da Edu-
cação Fundamental e do Ensino Médio que eram ministradas no 
período da manhã.”113 Mesmo sem receber remuneração financeira, 
existia a responsabilidade de lecionar e paralelamente cuidar do in-
ternato. A maioria dos alunos era filho de fazendeiros da região. O 
colégio contava com aproximadamente 350 educandos, consideran-
do-se nessa soma os internos e os semi-internos. Existia uma organi-
zação de dormitório dos internos, que eram divididos em pequenos, 
médios e maiores, conforme o nível de escolaridade que possuíam. 
Tafner ficou responsável pelo internato dos alunos médios, que con-
tava com jovens na faixa de 12 a 15 anos.114
“Fiquei responsável pela turma dos médios, cerca de 60 jovens es-
tudantes. A turma dos maiores era comandada pelo mexicano, teatró-
logo, muito divertido e amigo. Até hoje nos comunicamos via e-mail. 
A turma dos pequenos era o grupo maior de todos. Vivíamos com 
eles as 24 horas do dia, no dormitório único de um andar do prédio 
do colégio. Nós, como responsáveis, tínhamos uma cela fechada ao re-
dor com pano branco. Os estudantes eram divididos por divisórias de 
madeira, de acordo com a sua divisão, maiores, médios e menores.”115
112 Idem.
113 Idem.
114 Idem, em 23 de julho de 2019.
115 Idem, em 1o de maio de 2020.
76
No período matutino lecionava várias disciplinas, como Mate-
mática, Português, Geografia, História, Biologia, Desenho Descritivo 
e Técnico. Na parte da tarde os estudantes participavam de práticas 
desportivas. O período noturno era dedicado à realização das tarefas 
escolares. “O atendimento aos alunos médios me ocupava desde às 
6h30min da manhã até a hora de dormir, às 21 horas. Acompanhava 
esses jovens durante todo o dia, no estudo, nas aulas, no dormitório 
comum a todos, no refeitório e na hora dos esportes.”116
Apesar de não ser uma instituição com finalidade religiosa, a 
organização apresentava semelhança com a estrutura de um seminá-
rio. Os professores que estavam na direção dos trabalhos contavam 
com formação salesiana.
Tafner exerceu grande liderança junto aos internos do Co-
légio Dom Bosco de Campo Grande. Organizou várias saídas de 
campo e levava os alunos para passear em cidades vizinhas. Ge-
ralmente os jovens jogavam futebol nestas ocasiões. Em razão do 
envolvimento da juventude com a prática do esporte, Tafner criou 
um torneio de futebol. A competição envolvia rapazes de 12 a 15 
anos de idade. O campeonato era disputado por 16 times e movi-
mentava o cenário esportivo de Campo Grande. Obteve apoio do 
comércio local e de incentivadores que doavam o uniforme para 
as equipes participantes.117
“Apesar de todo esse trabalho, vivia feliz e animado, coordenan-
do um campeonatode futebol de jovens, com idade e altura controla-
da. Coordenava em média de 16 a 18 clubes participantes da cidade. 
Os treinos eram no sábado à tarde e os jogos no domingo, a partir 
das 9 horas até às 17h30min. Às vezes, eu era convidado para jogar 
no clube profissional Dom Bosco. Joguei diversas vezes aos domin-
gos à tarde.”118
“Em todo esse trabalho diário os encarregados pela divisão 
respectiva eram responsáveis pela ordem, pela organização e pela 
condução tranquila das atividades do dia. Um trabalho cansativo, 
porém, divertido e gostoso de realizar, principalmente pela com-
preensão dos estudantes. Eles estavam ali para estudar, a mando 
dos pais. Aos sábados eram liberados e, em geral, os pais vinham 
buscá-los. Algumas famílias pediam a nossa presença em suas casas 
no final de semana. Alguns finais de semana eram reservados para 
passeio com o grupo, até para jogar futebol com times de cidades 
vizinhas. Muito se aproveitava dos finais de semana para conhecer 
116 Idem.
117 Idem, em 23 de julho de 2019.
118 Idem, em 1o de maio de 2020.
77
locais especiais da cidade e de cidades próximas: jardins, praças, 
fazendas vizinhas, cachoeiras, hospitais diferentes – dos leprosos, 
do fogo selvagem.”119
“Em 31 de março de 1964, dia de eclosão da Revolução, eu vivia 
em Campo Grande. Na madrugada desse dia a cidade ficou toma-
da pelos militares armados, principalmente nas marquises das ca-
sas comerciais, nas esquinas, nas sedes de organizações sociais, nos 
hospitais. Soube depois, em conversas com pessoas da cidade, que 
o hospital público foi tomado e estava com os ambientes cheios de 
armas dos revolucionários. Não sei se ainda existem, mas lembro que 
em Campo Grande havia hospitais bem montados: hospital dos le-
prosos, hospital do fogo, um grande hospital público e muitos des-
tacamentos militares; a cidade era considerada área de fronteira e de 
segurança nacional.”120
Trabalho humanitário para ajudar os índios Xavante
O Colégio Dom Bosco era particular, contava com ótima estru-
tura e considerável espaço físico. No período em que trabalhou nes-
sa instituição de ensino, Tafner conheceu pesquisadores envolvidos 
com a Igreja Católica. Os profissionais estavam realizando uma pes-
quisa importante sobre os indígenas brasileiros. Já haviam publicado 
uma enciclopédia apresentando informações sobre os tupi-guarani e 
trabalhavam na organização de mais uma publicação.
Apesar de não ter concluído a formação sacerdotal e desem-
penhado oficialmente a função de padre, José Tafner aprendeu no 
seminário valores morais e humanísticos que levou consigo duran-
te toda a vida. Um dos principais aprendizados refere-se a ajudar o 
próximo. No período em que trabalhou como professor, através dos 
pesquisadores indígenas que conheceu, fez contato com os índios 
Xavante. Fazia apenas um ano que este povo indígena “havia sido 
descoberto pelo homem branco” (não indígena). Portanto, o contato 
entre as diferentes culturas era muito recente. Tafner foi um dos pri-
meiros a conhecer de perto essa etnia.121
Realizou diversas ações voluntárias no período de férias es-
colares. Dedicou seu talento artístico e cultural para oferecer lazer 
para os indígenas. Com auxílio de dois paulistanos e de um mexi-
cano, foram apresentadas peças de teatro para os Xavante. Utilizou 
119 Idem.
120 Idem.
121 Idem, em 23 de julho de 2019.
78
o aprendizado obtido no tempo de seminário para preparar o cenário 
das apresentações teatrais. Além do aspecto cultural, também leva-
vam ajuda humanitária. Demoravam uma semana para ir de Campo 
Grande até a aldeia dos Xavante.
O grupo de voluntários se deslocava com três caminhões. O 
primeiro estava carregado com toras de madeira de espécies fortes, 
como a canela. A madeira era utilizada para possibilitar o desloca-
mento, pois durante o trajeto existia a necessidade de fazer pontes 
improvisadas para garantir a travessia dos veículos em determinadas 
áreas. O segundo caminhão transportava materiais de construção 
e canos, com o intuito de ajudar as tribos indígenas. A questão de 
abastecimento de água era algo muito deficiente, um grande pro-
blema enfrentado pelos índios. O terceiro veículo seguia abastecido 
com alimentos que seriam doados para as tribos. Tafner destaca que 
o índio Xavante era muito forte e trabalhador. Os voluntários leva-
vam sementes e ensinavam os indígenas a fazer o plantio. O intuito 
era nobre, mas os desafios do trajeto também eram grandiosos. Em 
diversas ocasiões os caminhões atolavam, porque precisavam passar 
por dentro de estradas de fazendas.122
Caso o motorista não soubesse dirigir na região de Cerrado, en-
frentava muitas dificuldades para passar pelos trechos de areia solta. 
Para resolver os problemas de atolamento, precisavam cortar madei-
ra da mata, utilizando-a como macaco improvisado, para ir erguen-
do aos poucos os pneus atolados. Levavam mantimentos e dormiam 
no caminhão, uma verdadeira aventura na selva.123 Na ocasião em 
que desenvolveu esse trabalho humanitário em prol dos índios Xa-
vante, Tafner estava com 22 anos de idade.
“Durante as férias escolares de dezembro até março os padres 
tinham duas missões religiosas: uma com os índios Bororo e outra 
com os índios Xavante. Eu e mais dois professores que faziam Filo-
sofia no Instituto de Campo Grande, um mexicano e outro paulista, 
ex-seminaristas, passávamos grande parte desse período com as tri-
bos. Íamos com três caminhões em viagens de seis a sete dias até às 
margens do Rio das Mortes, nas missões dos salesianos junto às tri-
bos dos Bororo e Xavante. Sempre que íamos, levávamos alimentos, 
material de construção – canos plásticos, arame, ferro, cimento –, 
material de cozinha, sementes, e uma carga grande de pran-
chões para refazer pontilhões destruídos pelas águas. O caminho 
era pelas fazendas, principalmente de Rondonópolis em diante. 
122 Idem.
123 Idem.
79
Abrir porteiras, parar os três caminhões para desatolá-los dos arei-
ões ou para montar uma miniponte de travessia sobre pequenos 
ribeirões era coisa constante. Aproveitavam-se essas paradas para 
esquentar a comida, pescar algum pacu ou dourado e, algumas ve-
zes, passar a noite numa tenda ao lado do caminhão. Viajando com 
caminhões tive também a oportunidade de conhecer por períodos 
maiores, mais a fundo, os índios Bororo e os índios Xavante – esses 
tinham contato com os brancos apenas há um ano. Preparávamos 
até apresentações do tipo esquete para os índios.”124
“Um colega alemão chamado Rudolph Lumkeibaim, muito 
amigo, veio ao Brasil como missionário e estava se preparando no 
seminário salesiano de Campo Grande, depois passou a dirigir a 
Missão dos Xavante. Numa noite, tentando defender os plantios dos 
índios Xavante que eram trabalhadores e produziam muito milho e 
aipim para o seu sustento, foi flechado e morto pelos índios de um 
grupo que estava furtando aipim.”125
Amizade com profissionais da FAB
Através do trabalho humanitário realizado para proporcionar 
melhores condições de vida para os indígenas, José Tafner acabou 
fazendo novas amizades. Conheceu profissionais que trabalhavam 
na Força Aérea Brasileira (FAB). Esse contato possibilitou que vi-
venciasse novas experiências no período de férias. Naquela época o 
recesso escolar iniciava na metade de dezembro e prosseguia até o 
final de fevereiro. No tempo de descanso aproveitou a oportunidade 
para viajar junto com a equipe da FAB, que desenvolvia o trabalho do 
Correio Aéreo Nacional.
Os aviões pousavam em todas as cidades do Mato Grosso, le-
vando revistas, correspondências, entre outras cargas e materiais. 
Inclusive, havia um ponto de pouso dentro da aldeia indígena. Os 
trabalhos iniciavam pela manhã: a saída de Campo Grande aconte-
cia às 9 horas. Após percorrer várias cidades, o avião retornava para 
Campo Grande por voltas das 17 horas. A aeronave DC3 era gran-
de para a época, contava com bancos de madeira e capacidade para 
20 lugares.126 Esse aspecto da vida de Tafner é relevante porque de-
monstra suacapacidade de articulação e a inteligência para fazer no-
vos contatos. Curiosamente, as novas amizades foram feitas através 
124 Idem, em 1o de maio de 2020.
125 Idem.
126 Idem, em 23 de julho de 2019.
80
da realização de um trabalho humanitário. Também chama atenção 
o fato de um jovem do interior possuir tal desenvoltura e estabelecer 
contato com profissionais da Força Aérea Brasileira.
Sobrevoou praticamente toda a extensão territorial do Estado 
do Mato Grosso. Conheceu enormes planícies, amplos planaltos, 
além de trechos dos rios Xingu, Araguaia e Paraguai. Por meio dessa 
aventura, viu de perto as belezas naturais da Amazônia. Ao relatar a 
experiência, marcante em sua vida, comenta que naquela oportuni-
dade conheceu mais o Mato Grosso do que conhecia Rio dos Cedros 
e o próprio Estado de Santa Catarina.127 “Nesse período de três anos, 
nas férias escolares, de 15 de dezembro a 30 de fevereiro, viajava gra-
tuitamente com o avião da FAB. Tive a oportunidade de conhecer 
grande parte do então Mato Grosso, alguma coisa de Rondônia e 
Pará, porque esses aviões faziam o Correio Aéreo Nacional e aterris-
savam em muitos aldeamentos indígenas entregando correspondên-
cias e propagandas. Conheci também o Sul de Mato Grosso indo a 
serviço para Dourados e dali para Ponta Porã e, no Paraguai, para a 
cidade de Pedro Juan Caballero.”128
Tafner tem algumas lembranças curiosas sobre este período de 
aventuras. Em locais onde existiam condições, as pessoas limpavam 
a área com foices e machados, com o objetivo de fazer uma pista 
improvisada para o pouso do avião. Naquele período já existiam 
grandes fazendas, no entanto praticamente não havia estradas. Em 
determinada ocasião, encontraram um fazendeiro natural de Santa 
Catarina. O homem apresentou as belezas naturais de sua proprie-
dade. A vegetação era típica de Cerrado e parte das terras contavam 
com águas termais. O local ainda não era explorado turisticamente, 
mas o grupo utilizou enxadas para abrir buracos na terra e desfrutar 
da água quente proporcionada pela natureza.129
“Em Dourados, o Colégio Dom Bosco de Campo Grande, dos 
salesianos, tinha uma pequena fazenda onde produziam milho, soja, 
trigo e mamona. Em Ponta Porã havia uma escola de americanos que 
viviam numa casa grande, bem construída, e nos serviram bebidas 
alcoólicas sofisticadas e a possibilidade de vermos uma TV transmi-
tindo normalmente os programas, inclusive americanos. Na época e 
naquela região, para nós foi surpreendente.”130
127 Idem.
128 Idem, em 1o de maio de 2020.
129 Idem.
130 Idem.
81
Obtendo a carteirinha de professor do MEC
No período em que Tafner estava trabalhando como professor 
no Mato Grosso, o Ministério da Educação propiciou várias possibi-
lidades de capacitação aos educadores, especialmente em momentos 
de recesso escolar. Através do Decreto no 34.638, de 17 de novembro 
de 1953, assinado pelo presidente Getúlio Vargas, o governo federal 
instituiu a Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Se-
cundário. A Cades foi uma ação do MEC para qualificar os chamados 
professores leigos, que não tinham formação. O intuito desta iniciativa 
era promover, por todos os meios a seu alcance, as medidas necessárias 
à elevação do nível e à difusão do ensino secundário no país.
Tafner aproveitou as oportunidades geradas por esse programa 
do MEC. Na época das férias, viajava para Presidente Prudente, no 
Estado de São Paulo, para realizar os estudos. A pessoa interessada em 
obter a carteirinha de professor precisava estudar por alguns meses e 
depois prestar exame de aprovação. Utilizava a época de recesso esco-
lar do início e do meio do ano para conseguir alcançar a carga horária 
exigida e ter o direito de fazer a prova. O exame apresentava um nível 
de dificuldade extrema, sendo realizado na Universidade de São Paulo 
(USP). Graças à dedicação aos estudos, Tafner conseguiu ser aprova-
do. Obteve a carteirinha de professor do MEC para as disciplinas de 
Desenho, Matemática e Português. A carteirinha não significava que 
havia obtido a condição de licenciatura. Entretanto, representava uma 
autorização para lecionar disciplinas em regiões brasileiras onde não 
houvesse profissional licenciado para essas áreas.131
Experiência como professor em São Paulo
Depois de trabalhar durante dois anos na região Centro-Oeste, 
José Tafner retornou para o Sudeste brasileiro em maio de 1964. No 
início, auxiliou em uma escola salesiana da cidade de Três Lagoas, 
situada na divisa entre São Paulo e Mato Grosso. Acompanhou as au-
las de recuperação de alunos que haviam reprovado em Matemática. 
As atividades ocorriam diariamente, inclusive nos finais de semana.
“Na saída de Campo Grande e indo para Tupã, passei pela ci-
dade de Três Lagoas. Os salesianos tinham uma paróquia e uma 
escola nessa cidade. Quando cheguei na rodoviária já havia o di-
retor da escola me aguardando. Faltavam professores de Português 
131 Idem, em 23 de julho de 2019.
82
e de Matemática para as aulas de recuperação. Atendi ao seu pedido 
e ali fiquei durante 15 dias ministrando aulas de manhã e à tarde.”132
Após cumprir essa missão inicial foi enviado para Tupã, que era 
o seu destino. É importante contextualizar que quando ainda esta-
va em Campo Grande foi informado sobre essa mudança. O clérigo 
responsável em cuidar dos alunos maiores do Colégio Salesiano de 
Tupã havia enfrentado algumas dificuldades e deixou de desempe-
nhar a função.133
Tafner lecionou durante um ano no Colégio Dom Bosco de 
Tupã, sendo a maioria dos estudantes filhos de fazendeiros da região. 
Paralelamente, atuava como assistente na organização do internato. 
No período das férias escolares trabalhava no colégio salesiano de 
Araçatuba, na recuperação de alunos que haviam reprovado.
“Em Tupã também fui bem recebido. Era um colégio parti-
cular dos salesianos, funcionava em regime de internato, como 
o Colégio de Campo Grande, mas tinha também estudantes em 
regime normal, no período da manhã. Eu fui colocado como res-
ponsável pela turma dos maiores. No início foi um pouco difícil, 
depois que perceberam a minha paixão pelo esporte e viram que 
era um bom esportista e muito podia ajudar a turma dos maiores, 
ficou tudo muito fácil. Ministrei muitas aulas de Matemática e de 
Desenho. Ministrava aulas no período da manhã. A programação 
do dia era idêntica à programação do Colégio de Campo Grande. 
Nos finais de semana estava mais livre porque o grupo era menor 
e o deslocamento para as regiões vizinhas para esportes ou banhos 
de rio eram mais fáceis. Nesse período fiz duas disputas de futebol, 
defendendo o colégio.”134
Somando o período que foi professor nos estados do Mato 
Grosso e de São Paulo, trabalhou durante quatro anos em institui-
ções de ensino salesianas. Obteve considerável experiência docen-
te. No entanto, não recebia rendimentos financeiros, apenas a ali-
mentação e hospedagem para garantir a subsistência. Cansado desta 
situação, resolveu voltar para casa, mesmo sem contar com diploma 
para comprovar aos familiares que havia concluído a etapa de estu-
dos religiosos e de formação.
“De São Paulo, com 24 anos, deixei o trabalho junto aos sale-
sianos, depois de trabalhos e andanças, como professor, em diver-
sas cidades de Mato Grosso do Sul e Noroeste de São Paulo retor-
nei à Santa Catarina. Sem dinheiro, sempre trabalhei sem salário, 
132 Idem, em 1o de maio de 2020.
133 Idem.
134 Idem.
83
trabalhava e vivia como membro da Congregação Salesiana, vim 
para minha terra, Rio dos Cedros.”
O drama de ser assaltado em São Paulo
Tafner precisou solicitar ajuda do pai Ermínio para conseguir 
dinheiro e então retornar a Rio dos Cedros. Afirma que sofreu bas-
tante após trabalhar nos colégios salesianos, porque saiu literalmente 
sem nada, apenas com algumas mudas de roupa. Não estava pre-
parado para enfrentar a vida sozinho, observando-se que trabalha-
va sem receber ordenado. Durante a viagem de Tupã para Rio dos 
Cedros fez uma parada em Marília. Encaminhou a possibilidadede 
trabalhar em colégios daquele município e sentiu-se aliviado com a 
perspectiva de obter emprego remunerado.
“De Tupã, no final de 1964, saí para Blumenau. A convite de um 
colégio de Marília, parei na cidade. A oferta de trabalho era muito 
boa e o salário era atraente. Acharam que o diploma de bacharel era 
suficiente para o contrato como professor do Ensino Fundamental e 
Médio. Eu, porém, queria chegar em casa. Em São Paulo, por indica-
ção de um professor de Marília que me dizia que estavam com vaga 
para pintor de cenários, fui até a TV, senão me engano era a Record, 
onde precisavam de um desenhista. A oferta era boa, porém não me 
vi apto a enfrentar o que precisavam, não tinha tamanha capacidade. 
Estava com o tempo escasso, porque o diretor do Colégio Salesiano 
de Tupã havia comprado a passagem para que eu viajasse até Blume-
nau. Fui até a rodoviária. Havia recebido em Tupã, alguns cruzeiros, 
uma camisa banlon, um terno azul claro e nada mais.”135
Quando chegou na rodoviária de São Paulo, sentou em um 
banco para descansar. Em poucos minutos, a sensação de alegria se 
transformou em angústia. Enquanto descansava, sua pasta foi rou-
bada. O ladrão levou todos os documentos que Tafner havia con-
seguido reunir. A documentação representava a possibilidade de 
comprovar os estudos no seminário e a atuação como professor nos 
colégios salesianos. “Me deparei com a situação de estar sem ne-
nhum documento.”136
“Sentei num banco perto da saída do ônibus para Blumenau, era 
meia noite; coloquei a pasta ao meu lado com todos os documentos 
135 Idem.
136 Entrevista concedida por José Tafner ao Projeto Universidade Regional de Blumenau e sua 
História, em 15 de abril de 2000, para os entrevistadores Balbino Simor Rocha, Luís Vendelino 
Colombi, Andréia Ferreti e Clarice Ehmke.
84
e a mala de roupa aos meus pés. Cansado como estava, dormi. Acor-
dei e não vi a pasta com o diploma de bacharel em Pedagogia e outros 
documentos, o ônibus já tinha partido. Por sorte, ainda era cedo e 
consegui, no guichê da empresa, trocar a passagem para o dia 26, 
num horário da manhã, às 9 horas.”
Estas situações de furto não aconteciam em Rio dos Cedros e 
por estar muito tempo morando em instituições religiosas e de en-
sino, não sabia como proceder naquele momento de caos. Demorou 
algum tempo até conseguir informações sobre como registrar a quei-
xa. Permaneceu durante três dias na capital paulista. Lamentavel-
mente, não obteve nenhuma informação em relação ao paradeiro de 
seus documentos. Após vivenciar esta situação dramática retornou 
para a terra natal sem nenhuma documentação.
“Se não me engano, perto das 5 horas da tarde desse dia 26, che-
guei em casa, num táxi particular da localidade de Santo Antônio, do 
senhor Uber. Como não tinha mais dinheiro algum, pedi ao meu pai 
para pagar o táxi. Sem dúvida, passei por um grande sacrifício, mas 
também uma grande felicidade para mim, chegar em casa e abraçar 
toda a família, menos a querida mãe.”137
137 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
85
O ano de 1965 foi marcado pelo retorno para Rio dos Cedros. Apesar de não ter voltado com reservas financeiras, José Tafner 
vivenciou experiências incríveis para um jovem com 25 anos. Não 
existia alguém com sua faixa de idade na terra natal que havia en-
frentado tantos desafios e conhecido vários lugares do Brasil. Mesmo 
sem contar com a certificação dos estudos, não houve tempo para re-
tornar definitivamente às atividades agrícolas da propriedade. Logo 
após sua vinda para o Vale do Itajaí, recebeu convite para trabalhar 
na área da educação.
Naquela época vários educadores naturais de Rio dos Cedros lecio-
navam em Blumenau. Joaquim Floriani, Valdir Floriani, Leandro Longo, 
Almerindo Brancher, Lourival Busarello e Olivo Pedron já trabalhavam 
com atividades educacionais em escolas blumenauenses. Após saberem 
do retorno de José Tafner, intermediaram para que começasse a lecionar 
em Blumenau. Em sua primeira experiência como educador em Santa 
Catarina, agiu com sinceridade no momento que foi contratado. Expli-
cou que não contava com documentação em decorrência do roubo de 
sua pasta em São Paulo. Acreditaram em sua palavra e desta forma ini-
ciou a trajetória educacional na região do Vale do Itajaí.138 “Iniciei minha 
vida professoral, como profissional remunerado, em 1965. O motivo do 
retorno à família foi a busca de trabalho remunerado para ajudar a famí-
lia e principalmente meu pai, que desde 1958, sem a nossa mãe, susten-
tava a família com honradez e muita dedicação.”139
“Com a orientação de professores que atuavam em Blumenau, 
logo fui convidado para trabalhar no Colégio Santo Antônio e no 
138 Entrevista concedida por José Tafner ao Projeto Universidade Regional de Blumenau e sua 
História, em 15 de abril de 2000, para os entrevistadores Balbino Simor Rocha, Luís Vendelino 
Colombi, Andréia Ferreti e Clarice Ehmke.
139 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
CAPÍTULO 5
A trajetória educacional 
no Vale do Itajaí
86
Pedro II. Lembro dos professores Onésio Girardi, Gelíndio Busa-
rello, Valdir Floriani, Leandro Longo, Almerindo Brancher e outros 
que me iniciaram no trabalho como professor em Blumenau. A par-
tir dali trabalhei em diversos colégios particulares de Blumenau, de 
Brusque e de Itajaí.”140
“A partir do dia 27 de janeiro de 1965 comecei a peregrinação 
pelos colégios de Blumenau e logo, com o apoio de colegas que 
atuavam nesses colégios, fui chamado e contratado para ministrar 
aulas nas disciplinas que tinha autorização para lecionar. No Colé-
gio Santo Antônio a partir do dia 27 fui contratado para trabalhar 
todos os dias no período da manhã; no Colégio Pedro II passei a 
lecionar no período da tarde e da noite. Com o passar do tempo, 
também fui convidado para lecionar no Colégio Sagrada Família, 
no Colégio São Luís, de Brusque; no Colégio Dom Bosco, de Ita-
jaí; e no Colégio das Irmãs, de Rio do Sul. Aceitei tudo e depois, 
de acordo com o tempo disponível e das vantagens advindas, fui 
assumindo paulatinamente e de acordo com a disponibilidade de 
tempo essas ofertas.”141
Em seguida, Tafner tratou de resolver a sua pendência com a 
Junta Militar. Na época do seminário os jovens não foram informa-
dos sobre a obrigação de servir o Exército Brasileiro. Não sabiam da 
existência desse compromisso com a pátria. “Me apresentei ao 23o 
Batalhão de Infantaria de Blumenau para obter a dispensa da incor-
poração. Já era professor no Pedro II e com apoio do colégio con-
segui a dispensa. Sei de muitos colegas que saíram do seminário e 
precisaram servir o Exército, depois dos 25 anos de idade.”142
Inicialmente lecionou as disciplinas Desenho, Matemática e 
Português. Conforme o tempo foi passando, seu trabalho como pro-
fessor ganhou notoriedade. Em razão das experiências profissionais 
anteriores nos colégios salesianos, estava desempenhando as ativida-
des docentes com excelência. Por esta razão também foi contratado 
pelo Colégio Santo Antônio, de Blumenau, onde lecionou durante 
vários anos. Logo passou a receber inúmeros convites de escolas de 
municípios vizinhos. Tornou-se professor de disciplinas como Geo-
grafia, História e Organização Social e Política do Brasil.143
140 Idem.
141 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
142 Entrevista concedida por José Tafner ao Projeto Universidade Regional de Blumenau e sua 
História, em 15 de abril de 2000, para os entrevistadores Balbino Simor Rocha, Luís Vendelino 
Colombi, Andréia Ferreti e Clarice Ehmke.
143 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
87
“Em março ou abril de 1965 comecei a trabalhar em Blume-
nau, como professor. Ajudei muito o pai na compra de máquinas 
para a sapataria, colocação de alguns equipamentos para melhorara casa, energia elétrica, motor de água, caixa d’água, pintura externa 
da casa, chuveiro, canalização do esgoto – águas da lavação, das tor-
neiras até o ribeirão –, tudo muito simples, mas dentro das minhas 
possibilidades.”144
Em decorrência da intensa formação educacional realizada no 
período do seminário, recebeu diversas oportunidades. Conforme 
ocorresse a falta de docente nas áreas sociais e humanas, assumia 
então novos desafios educacionais. Tafner destaca que os professores 
mais benquistos e conceituados pela população eram quase todos de 
Rio dos Cedros. Esses educadores haviam vivenciado a experiência 
como seminaristas no tempo da juventude. Mas apesar da existência 
desse quadro profissional competente, o Colégio Pedro II contratou 
muitos professores de São Paulo, principalmente de Química e Fí-
sica. A região do Vale do Itajaí não contava com profissionais com 
formação adequada e conhecimento aprofundado nestas áreas.145
No ano de 1966, Tafner recebeu proposta para trabalhar no Co-
légio Dom Bosco, de Rio do Sul. Permaneceu apenas uma semana 
nessa instituição salesiana. Fazia o trajeto de ida e volta todos os dias, 
chegando em Blumenau por volta das 2 horas da madrugada. Na-
quele tempo a estrada era de barro, não existindo ainda a BR-470. 
Em determinada ocasião, quase se acidentou na serra de Ibirama e 
então desistiu de lecionar em Rio do Sul.146 Com o decorrer dos me-
ses passou a receber novas propostas para ser professor em escolas de 
Segundo Grau dos municípios de Itajaí e Brusque.
Apesar de contarem com diferença de idade, após a breve con-
vivência no seminário, Lorival Beckhauser e José Tafner voltaram a 
se encontrar alguns anos depois no Colégio Pedro II, em Blumenau. 
Após cursar a faculdade em Porto Alegre, Beckhauser retornou com 
a condição de ser o primeiro professor com formação na área de Edu-
cação Física de Blumenau. Passou a dar aulas de Educação Física no 
Colégio Pedro II. Neste ínterim conheceu melhor o lado educador 
de José Tafner. Recorda que o professor Tafner dava aulas de Dese-
nho e que era ambidestro, sabia fazer o círculo com as duas mãos.147 
De acordo com Beckhauser, Tafner sempre foi um pesquisador. 
144 Idem.
145 Idem.
146 Idem, em 23 de julho de 2019.
147 BECKHAUSER, Lorival. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 5 de setembro de 2019.
88
Naquela época o diretor do Colégio Pedro II era Joaquim Floriani, 
educador natural de Rio dos Cedros.148
Aloir Arno Spengler conheceu José Tafner em 1966, quando 
trabalhava como professor no Colégio Santo Antônio. Menciona 
que na atualidade essa instituição tem o nome de Colégio Bom Je-
sus. Continua sendo mantida pelos padres franciscanos, conforme 
ocorria na época. Spengler lecionava a disciplina de Ciências e pos-
teriormente Biologia, enquanto o professor Tafner dava aulas de 
Geometria e Estatística.149
Os professores Aloir e Tafner foram construindo uma relação 
profissional e vínculo de amizade. Conversavam nos períodos de 
recreio, quando iam tomar um cafezinho na sala dos professores e 
também nas reuniões pedagógicas. Spengler passou a ter uma óti-
ma impressão sobre o profissionalismo de José Tafner. “Muito me 
impressionava no Colégio Santo Antônio a facilidade com que ele 
traçava os desenhos geométricos, sem usar qualquer régua, transfe-
ridor ou outro instrumento. Simplesmente traçava aquelas curvas, 
com todos os ângulos corretos e linhas retas.”150
Experiência com Educação a Distância nos anos 1960
A primeira experiência com Educação a Distância na vida de 
José Tafner ocorreu na década de 1960. Naquela oportunidade co-
meçou a cursar Arquitetura pelo Instituto Universal Brasileiro, com 
duração de seis meses. O aluno recebia pelos Correios a revista ela-
borada pelo instituto. Conforme o estudante pagava as prestações, 
era enviado mensalmente por correspondência o material de estudo 
e o formulário com atividades que precisavam ser realizadas. A partir 
do momento em que concluía os deveres, era necessário enviar pelo 
Correios. Posteriormente receberia o conteúdo seguinte e a correção 
das questões da apostila anterior. Ao término das atividades, Tafner 
obteve o certificado do curso de Arquitetura.151
Uma curiosidade dessa etapa de estudos está relacionada à vi-
sita na sede do Instituto Universal Brasileiro, em São Paulo, no ano 
de 1966. Conheceu o prédio de dois andares, a biblioteca e conferiu 
148 Idem.
149 SPENGLER, Aloir Arno. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 6 de setembro de 2019.
150 Idem.
151 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
89
de perto toda a organização existente. O intuito desta visitação foi 
saber se realmente era algo sério e isso ficou comprovado. A obten-
ção do certificado auxiliou a complementar a renda familiar. Passou 
a ter autorização para assinar plantas com até 80 metros quadrados. 
Durante a semana lecionava para turmas do Segundo Grau, no sába-
do e domingo atendia pessoas de Blumenau e municípios vizinhos. 
Utilizava sua habilidade com desenhos para fazer plantas de casas. 
Desenhava no papel-manteiga usando a caneta nanquim e depois 
carimbava. Como seus trabalhos eram sempre aprovados pela Pre-
feitura, aumentou o número de interessados que procuravam pelo 
serviço. Cobrava 50 cruzeiros novos por cada planta desenhada.152
É importante mencionar que José Tafner não foi apenas pio-
neiro na oferta de Educação a Distância, como gestor universitário 
à frente da Uniasselvi. Como aluno, participou de um curso total-
mente a distância, no início da década de 1960, vivência essa que lhe 
permitiu aumentar os seus rendimentos financeiros e garantir uma 
vida mais confortável. Anos depois, essa experiência discente na EaD 
seria decisiva na tomada de decisão sobre a implantação e opera-
cionalização de um programa consistente e inovador de Educação a 
Distância no Ensino Superior brasileiro.
A excelência enquanto professor de Desenho
É válido contextualizar que somente no ano de 1960 ocorreu a cria-
ção da Universidade Federal de Santa Catarina. Nas décadas anteriores 
os jovens podiam cursar a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, que 
funcionava no Colégio Catarinense e formava professores para o Ensino 
Secundário. Outra alternativa era morar em São Paulo, Curitiba ou Por-
to Alegre para conseguir cursar uma faculdade. Em decorrência daquela 
realidade, existiam poucos professores em Santa Catarina.
Tafner era um professor de Desenho com trabalho reconhecido 
na região de Blumenau. No antigo Segundo Grau os alunos esco-
lhiam algumas disciplinas que queriam cursar, conforme a pretensão 
acadêmica que almejavam. Os estudantes que buscavam se tornar 
engenheiros optavam por matérias como Matemática, Química, Fí-
sica e Desenho. Concentravam seus esforços na área de exatas. Saber 
desenhar bem representava praticamente a aprovação dos candida-
tos nos vestibulares para o curso de Engenharia. O desenho valia 
6 pontos, em um total de 10. É importante contextualizar que não 
152 Idem.
90
contavam na década de 1960 com computadores pessoais e com as 
ferramentas do software Auto Cad, por isso havia a necessidade de 
desenhar tudo a mão.153
O professor Tafner ensinava seus alunos a desenhar no papel-man-
teiga, com a caneta nanquim. Explicava em suas aulas a importância 
de os estudantes desenvolverem a visão espacial. Desta forma, no mo-
mento em que fossem desenhar a planta de uma casa, já conseguiriam 
visualizar mentalmente como ficaria após ser construída. A cobrança 
apresentava bons resultados e praticamente todos os seus alunos eram 
aprovados para a faculdade de Engenharia de Porto Alegre.
Quando ingressavam no Ensino Superior, estes jovens vinham 
agradecê-lo. Nos dois primeiros anos de faculdade cursavam as dis-
ciplinas fundamentais, com atividades que envolviam bastante a prá-
tica do desenho. Enquanto vários universitários sofriam para passar 
nessas matérias,os ex-alunos de Tafner eram aprovados com tran-
quilidade, em virtude dos conhecimentos de desenho que aprendiam 
no tempo do Curso Científico. Para alcançar esse nível de excelência, 
Tafner procurava se atualizar no assunto, sempre aprimorando os co-
nhecimentos que obteve na formação inicial. Convidava engenheiros 
para irem até a sala de aula. Através dessa atividade diferenciada, 
analisavam as questões de vestibulares dos anos anteriores. Todo esse 
esforço resultava em um aprendizado maior dos seus alunos.154
Casamento entre José Tafner e Verônica
José Tafner passou a frequentar os bailes de final de semana no in-
terior de Rio dos Cedros, Timbó, Pomerode e Indaial. Junto com os ir-
mãos e amigos formaram um animado grupo. Utilizavam um carro ve-
lho para se deslocar até as festas e pintaram no veículo os dizeres “Brega 
Turismo”. As domingueiras iniciavam as 2 horas da tarde e prosseguiam 
até 8 da noite. Representavam uma ótima oportunidade de diversão.
O casal José e Verônica se conheceu em uma tarde dançante 
no município de Indaial. Os jovens trocaram olhares, conversaram, 
dançaram e começaram a namorar em março de 1968. Noivaram 
em outubro e em dezembro daquele ano foi realizado o casamento 
na Igreja Matriz Santa Inês, de Indaial. O namoro aconteceu de for-
ma rápida, mas o compromisso foi duradouro: o casal completou 50 
anos de união matrimonial em 21 de dezembro de 2018.
153 Idem.
154 Idem.
José Tafner e Verônica a caminho da Igreja Matriz 
de Indaial/SC, acompanhados pela avó materna 
Ignês Machado. Acervo José Tafner
Casamento de José Tafner e Verônica Tafner. 
Acervo José Tafner
92
Verônica Teresinha Machado, que passou a adotar o sobreno-
me Tafner após o casamento, é natural do município de Indaial. É 
a quarta filha de uma descendência de oito mulheres, sendo prove-
niente de uma família humilde. Filha de Ambrósio Machado e Ignês 
Machado, nasceu no dia 2 de abril de 1948. Antes do casamento com 
Tafner, Verônica era funcionária em uma malharia. Naquela época 
praticamente todas as moças indaialenses trabalhavam em malharias 
e não se cogitava buscar outra atividade profissional.155
Geralmente o emprego passava de irmã para irmã, por isso 
algumas famílias maiores tiveram várias filhas empregadas nesses 
estabelecimentos. Quando a irmã com mais idade saía da firma 
para casar e se dedicar à família, a vaga de trabalho era então re-
passada para a irmã mais nova. Nas escolas de Indaial existia ape-
nas a possibilidade de os jovens cursarem o Primário, não sendo 
oferecidas oportunidades para continuar estudando ao término 
da formação inicial.
Depois de completar o quarto ano, Verônica começou a traba-
lhar em uma indústria têxtil, com 13 anos de idade. Naquela época 
os homens trabalhavam nas atividades administrativas das empresas, 
enquanto as mulheres realizavam os serviços de tecelagem. Tempos 
depois passou a ser empregada da Malharia Indaial, onde permane-
ceu até o momento do casamento. O jovem casal foi residir em uma 
casa alugada, no bairro Garcia, em Blumenau.156
O primeiro desafio da vida matrimonial
O espírito de vida comunitária e a vontade em ajudar o pró-
ximo eram valores presentes no cotidiano dos imigrantes italianos 
do Vale do Itajaí. Além desses valores familiares e culturais, José 
Tafner recebeu a formação salesiana no seminário. Em suas ações 
cotidianas, sempre visava o ato de educar e procurava incentivar 
o acesso ao conhecimento. Quando casou e se mudou para o mu-
nicípio de Blumenau, Tafner viabilizou que quatro irmãos fossem 
morar na mesma casa, para que tivessem a oportunidade de conti-
nuar os estudos. O detalhe é que o casamento havia acontecido em 
dezembro e no mês seguinte os jovens já estavam morando junto 
com o casal. Diante dessa situação, o início da vida matrimonial foi 
bastante complicado.
155 TAFNER, Verônica Teresinha. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 24 de julho de 2019.
156 Idem.
93
Verônica comenta que era uma moça recém-casada e precisa-
va conviver com vários homens da família. Havia a necessidade de 
manter a casa arrumada, fazer comida, lavar roupa, entre outros afa-
zeres domésticos. Em certa ocasião, uma vizinha contou que havia 
21 calças masculinas penduradas no varal. Outro desafio era obter 
o sustento da casa, pois era preciso auxiliar os jovens estudantes da 
família. Apesar da situação desgastante, Verônica entendia que pre-
cisavam fazer esse esforço para oportunizar que os familiares conse-
guissem concluir a etapa de estudos.157
“No dia 26 de dezembro de 1968, eu e a Verônica já tínhamos 
uma casa alugada localizada na Rua Engenheiro Odebrecht. Os ir-
mãos Jaime, Mauro, Emir, já conviviam comigo nos anos de 67 e 68 
numa casa na Pastor Osvaldo Hesse. A partir de 27 de dezembro 
de 1968, todos os meus irmãos vieram junto conosco. Mais tarde 
vieram também o meu primo Paulo Mattedi e a Dorlaci Macha-
do, irmã da Verônica; todos passaram a viver conosco. Em 1970 
construímos a nossa casa e no início de 1971 passamos a morar na 
casa nova, localizada na Rua Antônio Cândido de Figueiredo, na 
Vila Nova. Nessa oportunidade trouxemos os meus irmãos para 
essa casa, Jaime, Mauro, Emir e com eles veio também mais tarde 
o Dimas e o Valdir, para que pudessem estudar e trabalhar. Houve 
alguns dissabores, é bem verdade. Alguns resolveram encontrar um 
lugar próprio para morar e outros permaneceram ainda por muito 
tempo conosco. O pai me dizia sempre que o fato de o ajudar para 
que os irmãos fossem estudar, era o maior presente que eu trouxe 
para ele do seminário.”158
Batalhando um lugar ao sol
Quando se escuta atualmente alguém falar sobre a biografia, 
trajetória acadêmica ou empreendedora de José Tafner, facilmente 
se associa seu nome ao case da Uniasselvi e a uma história vito-
riosa e de sucesso. Porém, para conseguir um lugar ao sol e uma 
vida com mais oportunidades, foi necessário muito esforço e suor. 
Nos primeiros anos de atividades na área da educação em Blu-
menau, Tafner trabalhava incansavelmente. Verônica recorda que 
o marido lecionava pela manhã em uma escola, à tarde em outra 
unidade educacional, e à noite em mais uma instituição de ensino. 
157 Idem.
158 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
94
Portanto, se dedicava às ações educativas nos três turnos, em três 
escolas diferentes. Além das atividades de preparação de aulas, cor-
reção de provas, de aperfeiçoamento intelectual e busca por novos 
conhecimentos, lecionava no sábado em uma instituição de Itajaí e 
no domingo dava aulas particulares.159
Tafner aproveitava a época de férias para preparar apostilas de 
desenho para seus alunos. Não contava ainda com computador e re-
cursos tecnológicos da atualidade, por isso precisava desenhar as ma-
trizes. A esposa ajudava a passar álcool no mimeógrafo, onde eram 
feitas as cópias a partir dessa matriz, para poder reunir os conteúdos 
e formar a apostila. Algo que hoje é feito em poucos minutos com a 
impressora, naquele tempo demandava a dedicação de várias horas. 
As apostilas do professor Tafner eram muito requisitadas e a venda 
desses materiais significava mais uma possibilidade de renda extra. 
O material não chegou a ser publicado em forma de livro, mas foi 
reconhecido por educadores e alunos pelo conteúdo relevante que 
auxiliava efetivamente nos estudos.160
Em decorrência da dedicação intensa, usava o período de férias 
para trabalhar e complementar a renda da família. Fazer passeios e 
descansar era algo que não tinha relação com o período de recesso 
escolar do casal. Isso demonstra o caminho desafiador que Tafner 
precisou percorrer para alcançar o reconhecimento profissional e se 
tornar um dos principais nomes da educação catarinense.
Verônica vendia produtos de beleza da Avon de casa em casa, 
batendo de porta em porta. Saía pela manhã e retornava ao meio-dia 
para fazer almoço e lavar roupa. Depois prosseguia com a atividade 
como vendedora.Conforme foi criando sua clientela, conseguiu ob-
ter um bom rendimento. Na época de solteira Verônica havia feito 
um curso de costura. Começou a utilizar esse conhecimento prático 
e dar aula de costura em casa. Também ministrou vários cursos em 
firmas de Blumenau, como a Cremer.161
Todo esse esforço valeu a pena. No ano de 1970 o casal Tafner 
saiu do aluguel para morar na casa própria. Construíram uma re-
sidência no bairro Vila Nova. Conforme compravam as madeiras, 
eram então construídos os cômodos da casa. Fizeram o muro e, en-
quanto Tafner estava lecionando, a esposa ajudou a pintar a casa. O 
ano em que ocorreu a mudança para a nova residência foi também 
159 TAFNER, Verônica Teresinha. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 24 de julho de 2019.
160 TAFNER, Verônica Teresinha. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 24 de julho de 2019.
161 Idem.
95
marcado pelo nascimento do primeiro filho, Malcon Tafner, no dia 
26 de dezembro de 1970.162
O exemplo de determinação do casal lembra a saga dos imi-
grantes alemães e italianos que vieram morar na região do Vale do 
Itajaí, enfrentando as mais diversas intempéries e adversidades. Com 
muita garra e coragem foram vencendo cada um dos desafios que o 
cotidiano apresentava. Após muita dedicação, o esforço era compen-
sado e então vivenciavam melhores condições de vida.
“Não se pode negar o esforço feito nessa caminhada até chegar 
na Rua Pastor Osvaldo Hesse e depois na Rua Engenheiro Odebre-
cht e, finalmente, na casa da Vila Nova. Depois de termos sido sur-
preendidos três vezes por invasores que nos furtaram muitos bens, 
passamos a morar no Edifício Alameda Residence, 900, 7o andar, 
onde permanecemos até hoje e, neste momento, apenas com a filha 
Marylin em casa. O Malcon, o Marlon e a Marlen constituíram suas 
famílias e nos deram sete netos.”163
A possibilidade de ofertar licenciaturas
As novas questões regulatórias do Ensino Superior brasileiro 
representaram um marco na história da educação do Brasil, ocasio-
nando inúmeras transformações significativas. Cabe mencionar que 
ocorreu a liberação do Ministério da Educação para que algumas 
instituições ofertassem cursos de licenciatura, como Filosofia, Ma-
temática, Português, entre outras opções de estudo. “O MEC havia 
autorizado as universidades e faculdades, através de uma portaria, a 
oferecer em períodos de férias e finais de semana a complementação 
de estudos para os que tivessem somente o bacharelado. O objeti-
vo era qualificar professores para que pudessem lecionar nas escolas 
onde não houvesse professores licenciados. O que trouxe do seminá-
rio foi o bacharelado em Pedagogia. A licenciatura de Pedagogia e de 
Filosofia fui obrigado a buscá-las depois, a partir de 1969 e 1970, em 
períodos de férias.”164
Uma das principais características da trajetória de José Tafner 
foi a busca constante por qualificação profissional e aperfeiçoa-
mento. Aproveitou a nova oportunidade viabilizada pelo governo 
e inscreveu-se para cursar a licenciatura em Filosofia na Faculdade 
162 Idem.
163 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
164 Idem.
96
Unijuí, de Ijuí, no Rio Grande do Sul. A instituição de ensino rea-
lizou as aulas de graduação no período de férias das escolas. Mes-
mo em regime especial, contemplava a carga horária exigida pelo 
Ministério da Educação para que o diploma fosse válido. Depois 
de ter cursado três anos do bacharelado em Filosofia e obtido o 
conhecimento para se tornar um filósofo, Tafner cursou um ano de 
disciplinas pedagógicas, habilitando-se para receber a certificação 
como licenciado.165
“A Faculdade de IJU/RS, hoje Unijuí, lançou a sua campanha 
e foi para lá que me candidatei, com todas as despesas para isto 
por conta própria.”166 Era necessário fazer o deslocamento de carro, 
porque não existiam linhas de ônibus que atendiam o trajeto. Uti-
lizavam um veículo DKV durante a aventura de fazer uma viagem 
interestadual, em uma época de péssimas estradas. Eram compa-
nheiros de viagem do casal José e Verônica os professores Gervásio 
Luz e Geraldo Luz, do Colégio Pedro II, dois educadores reconhe-
cidos em Blumenau.167
Cursando Pedagogia em São Paulo
Em termos de busca por conhecimento, formação intelectual 
e acadêmica, o professor Tafner foi incansável e persistente. Não 
mediu esforços para se deslocar até outros estados e frequentar as 
aulas, em horários diferenciados, em uma época de dificuldades de 
locomoção. “Com o diploma de bacharel e licenciado em Filosofia, 
me inscrevi para fazer a licenciatura em Pedagogia na faculdade 
que oferecia esse curso. Com a licenciatura poderia lecionar tam-
bém Matemática.”168
Em horário especial, cursou a licenciatura em Pedagogia na 
Faculdade Anhanguera, nos anos de 1969 e 1970, na cidade de São 
Paulo. Essa instituição de ensino passou a funcionar no espaço onde 
anteriormente existia um Colégio Jesuíta. Tafner recorda com en-
tusiasmo que teve aula com professores de primeira linha, como o 
padre e parapsicólogo espanhol Óscar González-Quevedo Bruzón, 
o popular Padre Quevedo. Em razão das formações acadêmicas 
165 Idem, em 23 de julho de 2019.
166 Idem, em 1o de maio de 2020.
167 TAFNER, Verônica Teresinha. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 24 de julho de 2019.
168 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
97
anteriores, existiu a possibilidade de convalidar algumas disciplinas 
e então se formar em um período menor.169
A esposa Verônica sempre apoiou a busca constante de conhe-
cimentos por parte do marido, inclusive ia junto até Curitiba, onde 
ficava hospedada na casa de uma irmã. No retorno de São Paulo, 
Tafner reencontrava a esposa e voltavam para Blumenau. O casal ain-
da não tinha filhos, o que possibilitava aventuras em busca do saber. 
Além de atividades em finais de semana e datas pré-estabelecidas, 
havia a necessidade de dedicar o mês das férias escolares para cursar 
essas disciplinas. Tafner conseguiu hospedagem na casa de um pri-
mo. Como forma de economizar, preparava sempre no almoço arroz, 
feijão e ovo frito.
Com menos de cinco anos de atividades como professor de es-
colas públicas de Blumenau e municípios da região, Tafner recebeu 
convite para ser professor universitário. Antes de trabalhar na Furb, 
lecionou na Faculdade de Pedagogia da Fepevi (atual Universidade 
do Vale do Itajaí), de Itajaí, em 1968.
169 Idem, em 23 de julho de 2019.
“O colegiado da época só permitiu que assumisse 4 horas 
semanais, para lecionar a disciplina História da Educação. 
Foi desta forma que iniciou sua trajetória na Furb, 
em agosto de 1970.”
Os autores
99
José Tafner prestou concurso público para as disciplinas de His-tória da Educação, Introdução à Estatística e Testes Psicométri-
cos no Curso de Pedagogia da Fundação Universidade Regional de 
Blumenau, em 4 de agosto de 1970. Após realizar a prova escrita, 
foi avaliado por uma qualificada e exigente banca examinadora, 
constituída por dois professores que vieram de Curitiba, além da 
professora Hella Altenburg, de Blumenau, que havia cursado mes-
trado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Apesar de ob-
ter a aprovação nas três cadeiras, o colegiado da época só permitiu 
que assumisse 4 horas semanais, para lecionar a disciplina História 
da Educação. Foi desta forma que iniciou sua trajetória na Furb, em 
agosto de 1970. Paralelamente, continuou lecionando nos colégios 
Pedro II e Santo Antônio, de Blumenau.170
Início das atividades de Ensino Superior em Blumenau
Na década de 1950 surgiram as primeiras manifestações públi-
cas pela implantação do ensino universitário em Blumenau. O pri-
meiro marco foi o requerimento do vereador Bernardo Wolfgang 
Werner à Câmara Municipal, no dia 16 de outubro de 1956, para 
que fosse requisitado junto ao Governo do Estadode Santa Catarina 
a doação de uma área para a instalação do Ensino Superior na cida-
de.171 Também foram publicados artigos de estudantes defendendo a 
implantação de uma universidade, considerando-se que somente os 
descendentes das famílias com maior poder econômico poderiam 
170 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
171 SCHMIT, Darlan Jeaver (Org.)..., et al. Em qualquer época, uma universidade se faz com pes-
soas. Blumenau: Edifurb, 2016.
CAPÍTULO 6
Os primeiros momentos 
da trajetória acadêmica 
de 25 anos na Furb
100
pensar na possibilidade de estudar em centros maiores, como Floria-
nópolis ou Curitiba.
Com o passar dos anos começou a ser ofertado de forma pública o 
curso Secundário no Colégio Pedro II. No dia 8 de novembro de 1956 
iniciaram oficialmente os cursos Científico e Ginasial, em horário notur-
no.172 Esse contexto de popularização do Ensino Médio em Blumenau 
contribuiu para o fortalecimento das reivindicações.173 No ano de 1962, 
a União Blumenauense de Estudantes iniciou a campanha “Blumenau 
precisa de uma Faculdade”, com apoio da Associação de Imprensa e 
Rádio do Vale do Itajaí.174 Como resultado desse histórico movimento, 
que uniu lideranças políticas e comunidade, através da Lei Municipal no 
1.233, de 5 de março de 1964, o município de Blumenau criou a Facul-
dade de Ciências Econômicas de Blumenau, primeira unidade de Ensi-
no Superior a ser implantada no interior de Santa Catarina.175
O primeiro exame de admissão realizado no ano de 1964 ofere-
ceu 35 vagas para o curso de Ciências Econômicas. O processo seletivo 
contou com 79 candidatos inscritos. A aula inaugural foi realizada no 
histórico dia 2 de maio de 1964, sendo posteriormente considerada 
esta data como a fundação oficial da Furb.176 O professor Lorival Be-
ckhauser ressalta que os alunos das primeiras turmas eram provenien-
tes do Curso Técnico em Contabilidade do Colégio Santo Antônio.177
No dia 24 de dezembro de 1968, através da Lei Municipal no 
1.557, o prefeito Carlos Curt Zadrozny instituiu a Fundação Uni-
versidade Regional de Blumenau178 Nos momentos iniciais as aulas 
aconteciam em unidades escolares. Com apoio da comunidade foi 
organizado o movimento para construção da sede própria. A inicia-
tiva logrou êxito e no dia 2 de agosto de 1969 foram inaugurados os 
blocos A, B e C do campus I da Furb, na Rua Antônio da Veiga, onde 
atualmente funciona a maioria dos cursos superiores.179
Após trabalharem juntos no Colégio Pedro II, José Tafner e Lo-
rival Beckhauser continuaram sendo colegas de trabalho e partici-
param da façanha educacional de implantação da Furb, lecionando 
172 SOARES, Luiz Antônio. PETRY, Sueli. Uma Contribuição para a História da Furb. Blumenau: 
Editora da Furb, 1992.
173 SCHMIT, op. cit., p. 9.
174 SOARES, op. cit., p. 17.
175 SCHMIT, op. cit., p. 11.
176 SOARES, op. cit., p. 25.
177 BECKHAUSER, Lorival. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, no dia 05 de setembro de 2019.
178 SCHMIT, op. cit., p. 13.
179 SCHMIT, op. cit., p. 12.
101
logo nos primeiros anos de atividades.180 A instituição ofertava sete 
cursos superiores: Economia, Direito, Letras com habilitações e li-
cenciatura em Língua Portuguesa e Língua Inglesa; Pedagogia e Ma-
temática (licenciatura e bacharelado); Química (bacharelado); e His-
tória Natural (licenciatura e bacharelado).181
No momento histórico da fundação da universidade existiam 
poucos profissionais com formação acadêmica e que haviam cursado 
licenciaturas. O professor Lorival Beckhauser dedicou-se ao desafio 
de implantação da Faculdade de Educação Física, enquanto o pro-
fessor Tafner estava envolvido com os cursos superiores nas áreas de 
Filosofia, Ciências e Letras, e iniciou o ensino especial de Estatística. 
Beckhauser complementa que José Tafner contribuiu nessa fase de 
implantação da Furb junto com os professores Rivadávia Wollstein, 
Buzarello, Fronza, Rufino, Arlindo e Milton Pompeu da Costa Ribei-
ro, cada um colaborando na sua área de formação e conhecimento.182
Mestrado no Rio de Janeiro
Uma das principais razões que motivaram José Tafner a viven-
ciar um novo desafio em termos de capacitação acadêmica foram 
as transformações intensas que ocorreram na área educacional na 
década de 1970.
“Com a implantação do vestibular unificado em todo o Ensino 
Superior brasileiro, foi excluída dos exames a disciplina de Desenho 
e os alunos passaram a deixá-la de lado. Anteriormente o vestibu-
lar era ponderado de acordo com o curso superior que pretendiam, 
ou seja, para os que queriam ser engenheiros, arquitetos ou mesmo 
matemáticos, a nota de desenho tinha o valor ponderado de 6 pon-
tos. Se os estudantes tirassem nota 6 no desenho, complementavam 
outros 4 pontos com as demais disciplinas. Quem era bom em dese-
nho, praticamente já estava aprovado até nas melhores universidades 
brasileiras. Nessa época, além de lecionar diversas disciplinas, Tafner 
era professor de Desenho no Ensino Médio de alguns colégios parti-
culares e públicos da região: Colégio Santo Antônio e Colégio Pedro 
II, em Blumenau; Colégio São Luís, em Brusque; e Colégio Salesiano 
Dom Bosco, de Itajaí. Com a queda dessa disciplina no vestibular, 
180 BECKHAUSER, Lorival. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 5 de setembro de 2019.
181 SCHMIT, op. cit., p. 12.
182 BECKHAUSER, Lorival. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 5 de setembro de 2019.
102
os estudantes também perderam o estímulo de cursá-la, razão pela 
qual foi extinta. Depois de verificar o desestímulo dos estudantes do 
Ensino Fundamental e Médio, pedi demissão dos colégios particu-
lares e exoneração dos públicos. Me candidatei para o mestrado da 
Fundação Getúlio Vargas na área da Educação, em Administração de 
Sistemas Educacionais. Fui fazer o exame de seleção em novembro 
de 1973 e fui aprovado com nota 9,5.”183
O professor Tafner sempre procurou vivenciar desafios profis-
sionais e intelectuais. Dificilmente permanecia seguindo a mesma 
rotina por muito tempo. A busca incansável por novos rumos e pers-
pectivas proporcionou uma mudança radical em sua vida. No ano de 
1974, abriu mão do momento de estabilidade em que se encontrava, 
deixando de lecionar nos colégios de Blumenau e na faculdade, para 
realizar o projeto de cursar o mestrado no Rio de Janeiro. Naquela 
época era raro encontrar um profissional com mestrado na região do 
Vale do Itajaí, porque existiam poucas oportunidades para se alcan-
çar esse nível de formação acadêmica.184
O Mestrado em Administração de Sistemas Educacionais do 
Instituto de Estudos Avançados em Educação da Fundação Getú-
lio Vargas (Iesae/FGV) reunia pessoas de várias regiões brasileiras. 
Tafner foi o único inscrito de Santa Catarina que conseguiu ser apro-
vado para ingressar no mestrado da FGV. A turma contemplou qua-
se todas as regiões brasileiras, contando com alunos dos estados do 
Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Minas 
Gerais, Pernambuco, Paraíba, Sergipe e Ceará.
Grande parte dos mestrandos era composta por professores de 
instituições de ensino federal, por isso conseguiam liberação para es-
tudar, mas continuavam recebendo a remuneração salarial. Naquela 
época a Furb não contava com uma política de liberação remunerada 
para capacitação de seus professores. José Tafner precisou pedir exo-
neração e ficar sem renda.185 O objetivo de cursar o mestrado estava 
relacionado ao interesse específico na área da gestão educacional.
Um dos aspectos marcantes dessa época relaciona-se ao encon-
tro de José Tafner com José Paulino da Silva, muitos anos após cursa-
rem os estudos em Lorena. Paulino destaca que os laços de amizade 
foram fortalecidos: “Em Lorena nossa convivência era mais próxi-
ma entre os colegas da mesma turma. Sendo Tafner de uma turma 
dois anos adiantados, eu não tinha com ele e os demais de sua turma183 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
184 Idem, em 23 de julho de 2019.
185 Idem.
103
o mesmo grau de aproximação que mantinha com os da minha. O 
que foi diferente quando de nossa convivência durante o curso de 
Mestrado em Educação que realizamos juntos na Fundação Getúlio 
Vargas, no Rio de Janeiro, de 1974 a 76”.186
José Paulino recorda detalhes de sua ida para o Rio: “Em 1974, 
eu era professor concursado da Universidade Federal de Sergipe e fui 
liberado para fazer meu curso de pós-graduação ‘stricto sensu’. Optei 
por fazer o curso na FGV, que oferecia o Mestrado em Educação em 
duas áreas de concentração: Administração e Filosofia e História da 
Educação. Após processo de seleção, recebi a comunicação que havia 
sido aprovado e que as aulas começariam em março. Tive os meses 
de janeiro e fevereiro para providenciar minha mudança de Aracaju 
para o Rio de Janeiro, o que não foi tão complicado, uma vez que eu 
era solteiro. Na quinzena que antecedia o início das aulas, cheguei 
no Rio e me hospedei num hotel no bairro da Lapa Antiga, cuja diá-
ria era compatível com minha condição de estudante, que dispunha 
apenas de meu salário de professor Auxiliar de Ensino. No primeiro 
dia de aula lá estava eu em frente ao imponente prédio da FGV na 
enseada do Botafogo. Nosso curso era num casarão anexo ao prédio 
onde funcionavam os demais cursos daquela instituição”.187
O terror do professor de Metodologia Científica
José Paulino da Silva relembra de um fato inusitado ocorrido 
durante a primeira aula de Metodologia Científica, oferecida aos alu-
nos das duas turmas do mestrado:
“O professor era um jovem de aproximadamente 25 anos, frente 
a todos nós que já passávamos dos 40. Não bastasse este impacto 
que a idade dele me causou, muito também me impressionou seu 
tipo físico. Bem magro e esbelto, com uma vasta cabeleira, tipo black 
power, óculos de aros finos e redondos à la Mahatma Gandhi, calças 
tipo boca de sino, e ao redor do pescoço, um cachecol de lã colorido, 
o que para mim, nordestino, era uma verdadeira novidade. Ao ini-
ciar sua aula foi logo dizendo que aquela disciplina era eliminatória. 
Ou seja, quem ficasse reprovado nela, não poderia continuar o cur-
so. Colocou no birô dois grossos livros e disse que naquele semestre 
íamos estudar o estruturalismo. E começou a falar com a rapidez de 
186 SILVA, José Paulino da. Entrevista concedida a Evandro André de Souza, em 10 de julho de 
2020 (via e-mail).
187 SILVA, José Paulino da. Entrevista concedida a Evandro André de Souza, em 10 de julho de 
2020 (via e-mail).
104
quem manuseava uma metralhadora. Citou vários autores franceses 
que iríamos estudar. Falava um ‘carioquês’ com um timbre de voz 
que me lembrava o personagem Fedegoso, da música Felomena, de 
Jackson do Pandeiro. Os colegas sentados em semicírculo estavam 
todos de olhos vidrados no jovem professor falante, com a exceção 
de um, que parecia olhar perdido além do horizonte em direção de 
uma janela que dava para a rua. Olhei bem seu perfil, o que me deu a 
impressão de que o conhecia de algum lugar. Mas tentei prestar aten-
ção no que o professor falava. Já se passavam trinta minutos de aula, 
e eu sem entender bulhufas. Pensei comigo mesmo: se as demais au-
las forem iguais a esta, estou lascado! Comecei a imaginar uma su-
cessão de fracassos. Já me sentia reprovado e, o pior, sem condições 
de voltar para o Nordeste. Como justificar aos colegas da universida-
de que ficara reprovado na primeira disciplina do curso? Ai, meu pai 
eterno, onde foi que eu errei para merecer tamanho castigo? Nesse 
instante, termina a aula. Parecia que eu estava acordando de um pe-
sadelo. Vi que a maioria dos colegas saíram cabisbaixos pelo corre-
dor daquele velho prédio em direção a uma cantina que ficava anexa 
ao prédio vizinho. O clima era de pânico para não dizer de velório. 
Foi quando, ao chegar na cantina, me aproximei daquele colega que 
parecia ter conhecido em algum lugar e perguntei: como é teu nome? 
Respondeu-me: José Tafner. Quando me identifiquei, ele me deu um 
forte abraço. E, a partir daquele momento reiniciamos uma amizade 
mais estreita do que aquela que vivíamos em Lorena 12 anos atrás.”188
Sobre o tempo compartilhado com o amigo Tafner durante o 
mestrado, José Paulino da Silva traz algumas recordações: “Posso as-
segurar que para mim não foi fácil enfrentar os desafios que a vida 
numa cidade cosmopolita me impunha. E, muito mais difícil foi para 
o Tafner, que de início deixara em Blumenau a esposa e dois filhos 
pequenos. Asseguro também que foi o grau de nossa amizade sadia 
que nos ajudou a vencer com êxito as dificuldades que o cotidiano 
da cidade grande nos apresentava e mais a tensão que a dinâmica 
do próprio curso nos impunha. Vencemos com êxito o pavor que 
foi criado, quando do estudo da disciplina Metodologia Científica e 
outras, formando grupos de estudo com outros colegas”.189
José Paulino destaca algumas lembranças sobre a turma do 
mestrado: “Um dado positivo que de certo modo também nos aju-
dou a vencer as vicissitudes da vida no Rio de Janeiro foi a união 
que aos poucos nossa turma foi estabelecendo. Éramos dois gaúchos, 
188 Idem.
189 Idem.
105
Gaudêncio Frigotto e Antônio Fagundes; uma goiana, Darcy; um pa-
raibano, Ivanildo Coelho de Holanda; uma mineira, Olinda Noronha; 
uma pernambucana, Ivoneide Anacleto Porto; um maranhense, Ma-
noel de Jesus; uma paranaense, Ana Neotti; e uma carioca, Filomena. 
Comigo e Tafner, perfazia 11. Entre esses colegas nossa aproximação 
maior foi com os dois gaúchos e com o paraibano. Mas todos con-
tribuíram, cada um a seu modo, para amenizar nosso convívio não 
apenas no curso, como também os dias transcorridos naquela cidade 
sempre agitada, de paisagens belas, muitas das quais só apreciávamos 
à distância, como a famosa praia de Copacabana, o morro do Pão de 
Açúcar com seus bondinhos, a Barra da Tijuca. Com a exceção do 
Cristo Redentor, que fomos uma vez, num domingo de tarde”.190
Os desafios econômicos que precisavam ser superados
José Tafner e José Paulino da Silva passaram a compartilhar 
um quarto, como forma de possibilitar uma economia dos recursos. 
“Desde o primeiro momento de nosso encontro na cantina, combi-
namos dividir o aluguel de um quarto ou quitinete, pois o aluguel 
de um apartamento fugia às nossas condições financeiras. Depois 
de vasculhar os classificados dos jornais, encontramos vaga em um 
quarto de apartamento na Enseada do Botafogo. Era uma senhora 
paraense que alugava um apartamento e sublocava os três quartos, 
com três camas, cada um. Fomos até o local e fechamos negócio. Ela 
só oferecia no café da manhã um pão com manteiga e uma xícara de 
café puro. Na mesma noite já estávamos lá. Uma das vagas de nosso 
quarto já estava alugada a um vendedor de remédios, que ficava o dia 
todo na rua e só vinha à noite”, recorda Paulino.191
Além dos desafios no âmbito acadêmico, Tafner precisou enfren-
tar os problemas financeiros. Para garantir a sobrevivência nas primei-
ras semanas de mestrado, utilizou a reserva que obteve com a venda de 
um terreno. Porém, os custos eram elevados, precisava se manter no 
Rio de Janeiro e ainda sustentar os familiares que ficaram em Blume-
nau. Mesmo diante do sonho de se tornar mestre, decidiu que desisti-
ria dessa etapa de estudos caso não encontrasse alguma possibilidade 
de renda.192 Umas das alternativas foi solicitar uma bolsa da Capes. 
Esteve pessoalmente no prédio da Coordenação de Aperfeiçoamento 
190 Idem.
191 Idem.
192 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
106
de Pessoal de Nível Superior, que na época funcionava na cidade do 
Rio de Janeiro. Tafner literalmente implorou por uma bolsa de pesqui-
sa, pois caso não conseguisse o auxílio teria que desistir do mestrado. 
Recebeu ótimo atendimento e os profissionais pediram que aguardas-
se alguns dias para que tentassemencontrar uma solução.
Verônica Tafner recorda que havia a preocupação para encon-
trar uma maneira de se manter economicamente. Ao mesmo tempo 
que seu marido deveria fazer o mestrado, porque o colegiado da Furb 
era exigente, a família estava ficando sem renda. Tafner precisava se 
manter no Rio de Janeiro e os familiares também necessitavam de 
suporte em Blumenau. Em determinada ocasião, teve a intuição de 
pedir ajuda para o deputado Aldo Pereira de Andrade, que atendia 
a população em um escritório na Rua 7 de Setembro, em Blumenau. 
Foi atendida e relatou ao parlamentar a situação de dificuldade que 
sua família estava vivenciando.
Verônica explicou que a única forma de seu marido prosseguir 
o mestrado era a obtenção de uma bolsa de estudos, pois precisou 
abrir mão de seu trabalho como professor para poder realizar essa 
etapa de formação acadêmica. O deputado Aldo foi atencioso e se 
comprometeu em tentar auxiliar para que o professor Tafner fosse 
contemplado com uma bolsa de estudos. Inclusive, aconselhou Ve-
rônica a ir para o Rio de Janeiro com os filhos, para apoiar o marido 
durante o mestrado.193 Pouco tempo após as solicitações de apoio, 
José Tafner foi então contemplado com a bolsa da Capes. Abraçou a 
todos quando soube da notícia positiva. O benefício estudantil per-
mitiu a continuidade do mestrado e, paralelamente, a mudança de 
seus familiares para o Rio de Janeiro, no segundo semestre de 1974.
Após a confirmação de que receberia a bolsa de estudos, a famí-
lia comemorou a boa notícia e desfrutou da sensação de alívio. Para 
receber os familiares, Tafner alugou um pequeno apartamento, uma 
espécie de quitinete, no bairro Botafogo. José Paulino comenta que 
depois de um mês residindo no quarto alugado foi possível então 
a mudança para outro imóvel: “Conseguimos alugar uma quitinete 
também na Enseada do Botafogo. Era no 10o andar de um edifício 
que ficava em cima da livraria Entre Livros e de um bar movimenta-
díssimo. Mas a quitinete ficava na parte central do prédio, não dava 
para ouvir o menor ruído da rua. Era um pequeno quarto, que só 
dispunha de um fogãozinho de duas bocas, um pequeno banheiro 
com um vaso sanitário, um chuveiro e uma piazinha que mal cabiam 
as palmas das mãos. Com o aluguel da quitinete garantido por três 
193 TAFNER, Verônica Teresinha. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 24 de julho de 2019.
107
meses, Tafner resolveu buscar a família em Blumenau. Antes, porém, 
fomos comprar um sofá bicama, um colchão de casal, um armário 
de casal e uma mesinha de quatro lugares dobrável, com respectivas 
cadeiras também dobráveis. Era toda nossa mobília. Fizemos uma 
divisória na quitinete usando o guarda-roupa. De um lado, a bicama 
e do outro lado, o colchão de casal. Na bicama eu dormia na parte de 
cima, e uma das crianças, o Malcon, na parte de baixo”.194
Verônica se mudou então para o Rio de Janeiro com os filhos. 
Malcon estava com 3 anos e meio e Marlon com apenas 1 ano e 
meio.195 O apartamento situava-se bem próximo da Fundação Ge-
túlio Vargas. Dessa forma Tafner podia fazer o trajeto caminhando e 
assim economizava no transporte. A passagem da família no Rio de 
Janeiro apresenta uma série de particularidades, sendo a principal 
delas a ajuda que receberam de pessoas que antes eram desconheci-
das. Da mesma forma que foram solidários com os irmãos de Tafner, 
que estudaram em Blumenau, alguns anos depois receberam auxílio 
das mais diversas maneiras no período do mestrado. Em razão da 
mudança para o Rio de Janeiro, faltava de tudo um pouco, porque os 
móveis e utensílios domésticos haviam ficado na residência de Blu-
menau. A solidariedade dos professores da FGV foi algo especial e 
que até hoje é lembrado com carinho pela família Tafner.
Apesar da simplicidade em que se encontravam, nunca pensou 
em reclamar dos desafios que estava enfrentando e seguiu em frente. 
“Quando a família chegou de Blumenau, fiquei pensando o quanto 
iria ser difícil para aquelas crianças em idade de se movimentar, viver 
naquele aperto. E para a mãe, Verônica, que deixara em Blumenau 
o conforto de uma casa grande com jardim, como ela iria aguentar? 
Que sacrifício, meu Deus! Para nós que vivíamos grande parte do 
tempo na FGV, o sacrifício da vida confinada na quitinete era bem 
menor”, pondera Paulino.196
As crianças brincavam dentro do pequeno apartamento e, em 
uma dessas travessuras, Malcon caiu da cama sobre o seu braço, oca-
sionando muitas dores. Como os dias passaram e a situação não me-
lhorava, foram procurar por auxílio médico em Ipanema. Tafner re-
corda que o médico tirou raios-X de várias posições e constatou que 
não havia ocorrido nenhuma fratura, ou mesmo fissuras nos ossos. 
194 SILVA, José Paulino da. Entrevista concedida a Evandro André de Souza, em 10 de julho de 
2020 (via e-mail).
195 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
196 SILVA, José Paulino da. Entrevista concedida a Evandro André de Souza, em 10 de julho de 
2020 (via e-mail).
108
O doutor não receitou remédios e indicou que os familiares fizessem 
uma compressa com água quente e toalha, que deveria ser trocada e 
assim sucessivamente. O resultado foi surpreendente e a lembrança 
sobre esse acontecimento permanece na memória da família Tafner 
até os dias atuais. No dia seguinte ao acontecimento, contou o fato 
para os colegas de mestrado e para os professores. Uma professora 
também quis ajudar e deu uma pomada para que fosse aplicada no 
braço de Malcon. Cabe mencionar que de vez em quando as crianças 
iam com o pai na FGV e eram conhecidas por todos.197
O companheiro da família Tafner, José Paulino, periodicamente 
fazia algum passeio, ou saía de noite. No retorno sempre trazia algo 
para casa, fosse uma colher, um garfo, uma faca, ou pratos descar-
táveis. De forma descontraída, Verônica lembra que em Blumenau 
não conheciam os pratos descartáveis, sendo uma novidade para a 
família, enquanto que no Rio de Janeiro já era algo comum. Ape-
sar da bolsa de estudos, era preciso saber usar bem os recursos e ter 
bastante criatividade. Chegavam a lavar os pratos descartáveis, para 
reaproveitá-los em outras refeições.198
Essas informações são relevantes porque demonstram todo o es-
forço do professor José Tafner em obter novos conhecimentos e pros-
seguir em sua carreira acadêmica. Quem o conheceu na época de gló-
rias, de recebimento de homenagens e títulos, muitos anos depois, não 
faz ideia da dedicação hercúlea para superar essa etapa de estudos, um 
dos momentos mais desafiadores da história da família Tafner.
Os sacrifícios daquele período, que resultaram em momentos 
desgastantes e de angústia, hoje são recordados com nostalgia, por-
que fazem parte de uma etapa que foi vencida. José Paulino recorda 
do dia em que foi necessário empenhar a máquina de datilografia: 
“Nossos salários algumas vezes atrasavam. Foi o que aconteceu no 
mês em que faltava pagar a última prestação do sofá-cama. A loja não 
quis conversa. Mandou um funcionário recolher o sofá. Por sorte tí-
nhamos uma pequena máquina de datilografia, também comprada a 
prestação, e a entregamos como garantia na loja em que compramos 
o sofá, até conseguir pagar. O que foi feito dois dias depois”.199
Em relação às acomodações na quitinete, Paulino relata algu-
mas particularidades: “Para dormir, as crianças eram acomodadas 
197 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
198 TAFNER, Verônica Teresinha. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 24 de julho de 2019.
199 SILVA, José Paulino da. Entrevista concedida a Evandro André de Souza, em 10 de julho de 
2020 (via e-mail).
109
assim: o mais novo, Marlon, dormia com os pais, e o mais velho, 
Malcon, dormia na parte de baixo do sofá-cama. De vez em quando 
ele fazia xixi, molhando seus lençóis, e de imediato subia para vir 
dormir comigo. E,quando acontecia de fazer xixi no meu lado, o 
jeito era eu pegar umas toalhas de banho enxutas e forrar nosso leito 
até o dia amanhecer. Numa dessas vezes, ao ver meu sofá molhado, 
ele me perguntou bem baixinho: ‘Paulino, foi você que fez xixi na 
cama?’ Eu disse: ‘Foi, mas não conta pra ninguém não!’. Ele, bem 
sério, balançou a cabeça garantindo que não contaria”.200
Posteriormente passaram a residir em um subsolo, onde ante-
riormente estava morando um mestrando do Rio Grande do Sul que 
havia concluído sua formação. “Depois de certo tempo conseguimos 
informação de que havia para alugar um apartamento num subsolo 
de uma casa situada na rua que iniciava ao lado do famoso Hotel 
Glória, na subida da ladeira do outeiro da igreja da Glória, uma das 
mais antigas do Rio. E lá fomos, ladeira acima, verificar. Apesar de 
ser um subsolo, era bem melhor que a quitinete. Tinha um quarto, 
uma sala e uma pequena área por onde se via o azul do céu e as an-
tenas da Rádio Globo. Como a proprietária da casa morava no andar 
superior, fechamos negócio e no dia seguinte tratamos da mudan-
ça. Ali nos instalamos até o fim do curso. Três anos de convivência 
na cidade maravilhosa, sem condições de usufruir das maravilhas 
daquela capital das mais importantes do país, cantadas em prosa e 
verso. Salvo uma vez que fomos de ônibus ao estádio do Maracanã, 
assistir uma partida final de campeonato entre Flamengo e Flumi-
nense. Uma verdadeira aventura.”201
Um fato pitoresco dessa época diz respeito ao sono dos peixinhos. 
“Num sábado pela manhã passamos por uma loja que vendia aquários 
pequenos e peixinhos coloridos. Compramos dois peixinhos e uma 
caixinha de vidro. Levamos para as crianças. Imagine a festa que fize-
ram! Dois dias depois, ao chegarmos para o almoço, fomos recebidos 
pelo Malcon pedindo que não fizéssemos barulho. Nos pegou pelas 
mãos e nos levou até a pequena área de serviço, onde ele e o irmão 
fizeram uma caminha com trapos de pano e onde haviam colocado os 
peixinhos para ‘dormir’ E lá estavam os dois peixinhos já duros, mas 
bem cobertos, num profundo sono”, conta Paulino.202
José Paulino da Silva criou um forte vínculo com a família 
Tafner: “Foram três anos que enriqueceram nosso currículo com as 
aprendizagens significativas que até hoje perduram. A mais preciosa 
200 Idem.
201 Idem.
202 Idem.
110
delas foi a consolidação de uma amizade construída no dia a dia 
com mútuo respeito e compreensão. Em todo nosso cotidiano, nun-
ca tivemos o menor desentendimento em nada. Pelo contrário, a 
boa vontade e a paciência eram forças que nos uniam de segunda 
a segunda”.203 Alguns anos depois, no momento do nascimento da 
primeira filha do casal José e Verônica, José Paulino foi convidado 
para ser o padrinho do batizado de Marlen, realizado em Blumenau.
Aperfeiçoamento enquanto acadêmico e educador
Concomitantemente aos estudos acadêmicos, José Tafner passou 
a realizar um projeto para analisar os cursos de mestrado em Educa-
ção ofertados no país. Na década de 1970 existiam 12 cursos de mes-
trado nessa área de formação, enquanto atualmente existem centenas. 
Para desenvolver o trabalho de pesquisa, visitou pessoalmente todas as 
instituições que ofertavam essa modalidade de mestrado. Conversou 
com professores, esteve nas bibliotecas e conheceu de perto a estrutu-
ra oferecida por cada curso de pós-graduação.204 Após desenvolver o 
projeto por alguns meses, apresentou um relatório para o Ministério 
da Educação, com suas constatações e análise de dados sobre as uni-
versidades que ofertavam mestrado em Educação.
Depois de quase desistir do mestrado e ter vivenciado muitos 
sacrifícios, a situação ficou bem melhor. Além da bolsa da Capes, 
Tafner recebeu convite para auxiliar a equipe de pesquisas da Fun-
dação Getúlio Vargas na área de estatística. A nova proposta ajudou 
consideravelmente no sustento da família e significou uma motiva-
ção a mais, por considerar estatística como uma paixão em sua vida 
profissional e por causa da relação desse tipo de conhecimento com 
a área de medidas educacionais.205
Tafner lecionou a disciplina de Estatística Educacional na Uni-
versidade Gama Filho do Rio de Janeiro, no segundo semestre de 
1974 e também no primeiro semestre de 1975. Considera que foi 
uma experiência proveitosa.
Em parceria com um colega de estudos na Fundação Getúlio Var-
gas, Tafner desenvolveu outro projeto de relevância na época do mes-
trado. Precisou acompanhar atividades de formação de professores 
203 Idem.
204 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
205 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
111
e desenvolver capacitações sobre administração do ensino e discipli-
nas relacionadas. O público-alvo desse treinamento era o de admi-
nistradores educacionais de vários estados do Brasil. Na região Sul as 
ações foram desenvolvidas em Porto Alegre e em Florianópolis. Os 
mestrandos da FGV realizavam toda a etapa preparatória e de plane-
jamento, prestando a assessoria que fosse necessária para professores 
e técnicos das secretarias de Educação do país.
Instituto de Planejamento da Furb
Ao retornar do Rio de Janeiro em 1976, Tafner recebeu convite 
para integrar a equipe do Instituto de Planejamento da Furb. O Iplan 
era coordenado pela professora Hella Altenburg e também fazia par-
te dessa estrutura a professora Gertrudes Kniess Medeiros. O trio 
de pesquisadores educacionais trabalhou em projetos relevantes. Um 
dos principais foi o desenvolvimento do Plano de Organização do 
Ensino Fundamental do Estado de Santa Catarina. O projeto-piloto 
foi aplicado em cinco regiões de Santa Catarina. Através de pesquisa 
buscou-se analisar como a população estava recebendo as mudanças 
realizadas pelo governo estadual na questão do ensino primário.
Outro projeto importante desenvolvido pelo instituto na déca-
da de 1970 relaciona-se a aplicação de pesquisa sobre a possibilidade 
de colocação de um segundo professor nas primeiras séries do Ensi-
no Fundamental em Santa Catarina. Desta forma os professores titu-
lares das classes de alfabetização receberiam auxílio, especialmente 
em relação aos estudantes com maior dificuldade de aprendizagem. 
Com caráter experimental, a iniciativa foi aplicada em cinco escolas 
estaduais. Tafner trabalhava 40 horas na Furb, conciliando projetos e 
pesquisas no Iplan com as atividades docentes, sendo que lecionava 
as disciplinas de Desenho e Matemática.206
Eleito diretor da Faculdade de Ciências e Letras
O ano de 1977 ficou marcado na vida do professor José Tafner 
como um momento de desafios e resolução de problemas. A Furb 
era uma instituição de Ensino Superior que não havia conquista-
do ainda a condição e o status de universidade. Um dos principais 
desafios enfrentados naquele período estava relacionado à questão 
206 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
112
dos currículos. Os novos professores mudavam os conteúdos pro-
gramáticos das disciplinas, até mesmo de um semestre para outro. 
As diferentes matrizes existentes impediam que ocorresse uma pa-
dronização.207
Um grupo de professores começou a divulgar que acreditava 
no potencial de José Tafner para assumir a direção da Faculdade de 
Filosofia, Ciências e Letras e resolver a confusão generalizada. Tafner 
aceitou o desafio e se candidatou, sendo vitorioso no processo eleito-
ral realizado no primeiro semestre de 1977. Foi eleito praticamente 
por unanimidade, para desempenhar essa função nos anos de 1977 
e 1978. O grande marco de Tafner enquanto diretor da faculdade foi 
a organização de um currículo único, que beneficiou os acadêmicos 
e impactou positivamente o cotidiano de atividades da instituição. 
Tafner considera que a realização desse trabalho administrativo ga-
rantiu o respaldo para disputar a eleição como reitor.208
207 Idem.
208 Idem.
113O trabalho desenvolvido como diretor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Furb habilitou José Tafner para concorrer 
ao cargo de reitor. O processo eletivo representa um dos aspectos 
mais interessantes de sua trajetória na instituição. Poucos meses 
depois de ter vencido uma eleição, já estava participando de outra, 
tamanha foi a repercussão da organização das matrizes curricula-
res da graduação.209
A eleição para reitor em 1978 apresentava algumas particulari-
dades. Os alunos não tinham direito a voto, somente poderiam votar 
os servidores e professores. Tafner obteve êxito na disputa e foi o 
mais votado.210 A eleição para reitor significou um feito de grandes 
proporções para a trajetória profissional de José Tafner. Com apenas 
três anos de atividades após o retorno do mestrado, logrou êxito para 
ocupar o principal cargo da instituição.
Transformações na Furb, na década de 1970
José Tafner foi nomeado reitor no dia 16 de março de 1978, ten-
do como vice-reitor Mário Wisintainer, um dos profissionais pionei-
ros da história da faculdade. Tafner sucedeu na reitoria o professor 
Ignácio Ricken, que exerceu esta função de 1974 a 1978. Anterior-
mente, os reitores foram o padre Orlando Maria Murphy, de 1970 a 
1974 e Martinho Cardoso da Veiga, de 31 de dezembro de 1968, até 
18 de março de 1970. Tafner foi o quarto educador a ocupar a prin-
cipal função administrativa universitária.
209 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
210 Idem.
CAPÍTULO 7
O primeiro mandato 
como reitor da Furb
114
Assumiu a gestão no final de uma década marcada por uma sé-
rie de acontecimentos importantes para a instituição. O Ministério 
da Educação reconheceu os cursos superiores pioneiros no ano de 
1972. Em maio de 1974 foi instituída a Faculdade de Educação Físi-
ca e Desportos, e posteriormente a Faculdade de Engenharia. A Lei 
Municipal no 2.016, de 22 de julho de 1974, alterou a denominação 
de Fundação Universidade Regional de Blumenau, para Fundação 
Educacional da Região de Blumenau. Em 1976 aconteceu a criação 
da Divisão de Assistência aos Estudantes e no mesmo ano teve início 
as atividades do Diretório Central dos Estudantes.211
O professor Lorival Beckhauser foi nomeado chefe da Divisão 
de Assistência aos Estudantes e auxiliou na implantação e organiza-
ção das moradias estudantis. Recebeu bastante apoio de Tafner, que 
possuía sensibilidade comunitária, em atender o aluno que vinha de 
fora de Blumenau para estudar na Furb, mas não contava com um 
local para ficar alojado.212 Outra ação que ocorreu nesse período foi 
a fundação da Associação de Professores da Furb. Sobre a atuação de 
José Tafner enquanto reitor da Furb, Beckhauser cita o entusiasmo 
nas atividades da reitoria: “O Tafner não andava, corria por tudo, 
quem quisesse acompanhá-lo tinha que sair correndo atrás dele”.213
211 SCHMIT, Darlan Jeaver (organizador)... {et al.}. Em qualquer época, uma universidade se faz 
com pessoas. Blumenau: Edifurb, 2016.
212 BECKHAUSER, Lorival. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 5 de setembro de 2019.
213 Idem.
José Tafner 
iniciou a 
carreira na 
Furb como 
docente e 
posteriormente 
ocupou a 
função de 
reitor desta 
instituição. 
Acervo Centro 
de Memória 
Universitária – 
CMU/Arquivo 
da Furb
115
Eficiência para enfrentar os desafios financeiros
Passado o momento de euforia e felicidade da posse na reitoria, 
houve a necessidade de colocar a casa em ordem, considerando-se o 
cenário de endividamento da faculdade. Tafner começou a desenvol-
ver seu ritmo de trabalho, sempre com o pensamento na instituição, 
mesmo que fosse necessário adotar medidas impopulares. Existia um 
grupo de professores provenientes de Porto Alegre que semanalmen-
te se deslocava para lecionar em Blumenau. Os educadores ficavam 
hospedados em hotel, davam aula no sábado de manhã e então retor-
navam para suas respectivas cidades de origem. A faculdade investia 
um valor elevado para custear as passagens aéreas, deslocamentos, 
hospedagem e alimentação. Da mesma forma havia educadores que 
vinham todas as semanas de Curitiba.214
214 Entrevista concedida por José Tafner ao Projeto Universidade Regional de Blumenau e sua 
História, em 15 de abril de 2000, para os entrevistadores Balbino Simor Rocha, Luís Vendelino 
Colombi, Andréia Ferreti e Clarice Ehmke.
Reitor José 
Tafner 
prestigiando a 
posse da Gestão 
1981/82 do 
DCE da Furb. 
Acervo Centro 
de Memória 
Universitária – 
CMU/Arquivo 
da Furb
116
Tafner negociou a demissão desses profissionais e realizou os 
acordos trabalhistas. Naquela época os funcionários eram contrata-
dos sob o regime da CLT. Existiu uma repercussão contrária a essa 
decisão, no entanto, fez o que era melhor para a instituição e auxiliou 
efetivamente para equilibrar as finanças. Tafner menciona que no 
final da década de 1970, a região de Blumenau já contava com pro-
fessores qualificados que poderiam lecionar as disciplinas, não ha-
vendo a necessidade de trazer docentes de outras regiões.215 Segundo 
o chefe de gabinete da reitoria da Furb daquele período, Aloir Arno 
Spengler, “o professor Tafner agia com um senso de administração 
muito justo”. Mesmo que existisse a necessidade de demitir alguém, 
de enxugar a máquina e fazer os ajustes administrativos e financeiros 
necessários, sempre pautava suas ações no objetivo comum, visando 
o bem-estar de todos.216
A ampliação da estrutura física da faculdade
Quando assumiu a reitoria em 1978, Tafner conheceu o projeto 
que previa a construção de um novo campus da Furb, na localidade 
de Passo Manso. A proposta elaborada por arquitetos de uma em-
presa de Campinas projetava uma área física para atender até 20 mil 
alunos, mas a instituição não contava com recursos para executá-la. 
Caso o projeto fosse realmente implantado, haveria a necessidade de 
aquisição de terrenos de quase 20 famílias, o que exigiria uma nego-
ciação de grandes proporções.217
Diante da necessidade de crescimento, foram encontradas alter-
nativas de acordo com a realidade econômica da instituição. José Ta-
fner participou de audiência com o governador Jorge Bornhausen no 
dia 30 de maio de 1979. Na oportunidade foram apresentadas várias 
reivindicações, de fundamental importância para a Furb. Um dos 
principais pedidos esteve relacionado ao aumento da área do campus 
universitário, considerando-se a saturação que estava ocorrendo. So-
licitou-se dotação orçamentária visando à viabilização desse projeto. 
Tafner expôs ainda para Bornhausen a necessidade de construção de 
um anfiteatro, que possibilitaria a realização de cursos, conferências 
215 Idem.
216 SPENGLER, Aloir Arno. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 6 de setembro de 2019.
217 Entrevista concedida por José Tafner ao Projeto Universidade Regional de Blumenau e sua 
História, em 15 de abril de 2000, para os entrevistadores Balbino Simor Rocha, Luís Vendelino 
Colombi, Andréia Ferreti e Clarice Ehmke.
117
Inauguração do 
Complexo Esportivo. 
Destaque: Sala 
de ginástica e 
musculação. Local: 
Campus I da Furb – 
Blumenau. 
Data: 11/06/1982. 
Acervo Centro 
de Memória 
Universitária – CMU/
Arquivo da Furb
Inauguração do 
Complexo Esportivo. 
Destaque: quadra 
poliesportiva. Local: 
Campus I da Furb – 
Blumenau. Data: 
11/06/1982. 
Acervo Centro de 
Memória Universitária 
– CMU/Arquivo da 
Furb
Construção 
do Bloco G. 
Data: 1981. 
Fotógrafo: 
Rogério Neri. 
Acervo Centro 
de Memória 
Universitária – 
CMU/Arquivo 
da Furb
118
Vista aérea do Campus I da Furb. Destaque: construção do Bloco G. Data: 1981. 
Acervo Centro de Memória Universitária – CMU/Arquivo da Furb
Vista parcial do Campus I da Furb. Data: 1981. Acervo Centro de Memória Universitária – 
CMU/Arquivo da Furb
119
Vista parcial 
do campus I da 
Furb. Destaque: 
construção 
do Bloco G. 
Acervo Centro 
de Memória 
Universitária – 
CMU/Arquivo 
da Furbe debates. Da mesma forma abordou-se a demanda de se construir 
mais salas de aula.218
O planejamento estratégico apresentou resultados expressivos. 
No ano de 1981 foi entregue à comunidade acadêmica o novo prédio 
da Furb, localizado defronte à Faculdade de Engenharia. A nova es-
trutura, com capacidade para atender aproximadamente 600 alunos, 
apresentava área de 1.384 metros quadrados e três pavimentos. O 
espaço contava com salas de aula e laboratórios, com a obra sendo 
orçada em 17 milhões de cruzeiros. Parte desse montante foi subven-
cionada pelos governos estadual e federal.219 Vale ressaltar que a ins-
tituição obteve considerável incentivo da comunidade, que apoiou 
a campanha comunitária pró-ampliação do espaço físico da Furb. 
Através da participação da sociedade blumenauense e regional, foi 
possível angariar cerca de 7 milhões de cruzeiros, o que contribuiu 
efetivamente para viabilizar a construção.220 Em termos de infraes-
trutura e melhorias, destaque também para a ampliação dos blocos 
B e C, construção do bloco G em 1981, além da construção do com-
plexo esportivo, em 1982.221
218 Informações extraídas do Boletim Universitário da Fundação Educacional da Região de Blu-
menau. Blumenau, 1o a 15 de maio de 1979, no 11.
219 Informações extraídas do Informativo da Reitoria. Blumenau, abril de 1981, no 17.
220 Idem.
221 SCHMIT, op. cit., p. 16.
120
O status de referência nacional à Furb
Enquanto reitor, José Tafner fazia questão de trazer para Blume-
nau alguns dos principais profissionais da equipe de trabalho do Mi-
nistério da Educação. As autoridades ficavam impressionadas com a 
organização que presenciavam. Esse diferencial projetou a institui-
ção nacionalmente. Além da questão da limpeza impecável, existia o 
cuidado com os jardins floridos, que embelezavam o ambiente uni-
versitário. Os técnicos do MEC se deparavam constantemente com 
realidades totalmente diferentes Brasil afora. Era bastante comum se 
depararem com paredes sujas, ambientes pichados e muita sujeira. O 
diferencial de organização e ordem foram fatores essenciais para que 
a equipe de gestão de Tafner conseguisse a liberação de recursos. O 
aporte financeiro foi fundamental para viabilizar projetos e ações da 
Furb.222 Na edição de 15 de julho de 1978, a revista Manchete publi-
cou um suplemento especial intitulado “Universidade 78”. No con-
teúdo desse volumoso material, constava a reportagem “Furb – uma 
Universidade Modelo”.
Mais vagas
Uma das principais contribuições de José Tafner para o cresci-
mento da Furb, em sua primeira gestão como reitor, relaciona-se à 
ampliação do número de vagas ofertadas anualmente. Ele encami-
nhou pedido formal ao Conselho Federal de Educação, solicitando 
o aumento das vagas nos cursos. Obteve resposta positiva e a partir 
de 1979 a instituição começou a realizar dois vestibulares durante o 
ano letivo, com a entrada de novos acadêmicos ocorrendo em janei-
ro e agosto. Portanto, a cada semestre poderiam entrar 50 alunos, 
em cada curso de graduação, totalizando cem por ano, o dobro do 
que era ofertado anteriormente. Além de propiciar condições para o 
fortalecimento da faculdade, a ação foi de grande importância para 
a democratização do acesso ao Ensino Superior, beneficiando a co-
munidade regional.223
Tafner se posicionou no âmbito acadêmico em prol do aluno, 
no sentido de proporcionar o estudo para o maior número possível 
de pessoas. Sempre defendeu a possibilidade de mais indivíduos 
222 Entrevista concedida por José Tafner ao Projeto Universidade Regional de Blumenau e sua 
História, em 15 de abril de 2000, para os entrevistadores Balbino Simor Rocha, Luís Vendelino 
Colombi, Andréia Ferreti e Clarice Ehmke.
223 Idem.
121
obterem a formação intelectual e universitária. Durante a década 
de 1970 a Furb iniciou as atividades dos cursos de Ciências Con-
tábeis, Administração, Engenharia Civil, Engenharia Química, 
Educação Artística e Educação Física.224 Posteriormente ocorreu o 
reconhecimento da habilitação Orientação Educacional do curso 
de Pedagogia. Esta foi a quarta habilitação obtida pela graduação, 
considerando-se que já contava com Magistério, Administração 
Escolar para o Exercício na Escolas de 1o grau e Administração Es-
colar para o Exercício na Escolas de 1o e 2o graus.225 Naquela opor-
tunidade o diretor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras era 
o professor João Joaquim Fronza.
Entre 1978 e 1981 foram implantados cursos de pós-graduação 
em nível de especialização nas áreas de negócios, Economia, Admi-
nistração e Ciências Contábeis. A Furb passou a ofertar os seguintes 
cursos de pós-graduação lato sensu: Educação Física, Letras, Peda-
gogia e Engenharia Civil. Com o início das atividades da pós, a ins-
tituição contribuiu efetivamente no processo de especialização dos 
profissionais de Blumenau e região.226
A parceria com instituições de ensino do Vale do Itajaí foi outro 
aspecto importante de sua primeira gestão. Os projetos protocolados 
junto ao Conselho Federal de Educação foram aprovados, oportu-
nizando desta forma a implantação de novos cursos. A Fundação 
Educacional do Alto Vale do Itajaí (Fedavi), situada em Rio do Sul, 
passou a oferecer as graduações de Letras, Pedagogia, Direito e Quí-
mica, através de convênio com a Furb. Tafner esteve em diversas oca-
siões no município de Rio do Sul. Recebia convites para realizar as 
solenidades de formatura. Na época os eventos aconteciam no Cine 
Teatro Dom Bosco. Inclusive, seu irmão Emir se formou em uma 
das primeiras turmas de Administração da Fedavi. Considera que 
o município de Rio do Sul ganhou muito com a condição de ser um 
polo da Furb.227
Desde o início de suas atividades a Fundação Universidade Re-
gional de Blumenau contribuiu com a formação de estruturas do 
Ensino Superior em municípios do Vale do Itajaí. A Furb organi-
zou duas divisões universitárias. O padre Orlando Murphy assumiu 
a função de diretor da Divisão Educacional de Brusque, enquanto 
224 SCHMIT, op. cit., p. 14.
225 Informações extraídas do Boletim Universitário da Fundação Educacional da Região de Blu-
menau. Blumenau, maio de 1978, no 06.
226 SCHMIT, op. cit., p. 29.
227 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
José Tafner participando da formatura 
da Faculdade de Filosofia, Ciências 
e Letras, no ano de 1980. Acervo 
do Centro de Memória Universitária – 
CMU/Arquivo da Furb
123
a direção da Divisão Educacional de Rio do Sul era desempenhada 
pelo professor Viegand Eger.228
Além das ações que contemplaram o Ensino Superior, foi de-
dicada atenção para auxiliar a resolver o problema do êxodo rural e 
da falta de mão de obra especializada na área agrícola e pecuária do 
Vale do Itajaí. Com esse objetivo foi criada a Escola Técnica de Agro-
pecuária do Vale do Itajaí. No dia 3 de março de 1980 iniciaram as 
atividades do Curso Técnico de Agropecuária em nível de 2o Grau.229
Através dessa iniciativa foram desenvolvidos diversos projetos 
nas áreas de suinocultura, avicultura e hortaliças no campus de Gas-
par. Em 1981 houve mudança na nomenclatura da instituição: pas-
sou a ser chamada Escola Técnica Vale do Itajaí (Etevi). Outra ação 
relevante diz respeito à criação dos cursos de Técnico em Processa-
mento de Dados, Técnico em Estatística e Técnico em Desportos.230 
Posteriormente foram criados os cursos técnicos em Eletrônica Di-
gital e o Colegial, equivalente ao Ensino Médio.
Apoio às atividades culturais
A realização de atividades especiais para comemorar o ani-
versário de fundação da instituição representou um marco da pri-
meira gestão de Tafner. Com apoio de estruturas universitárias, o 
Setor de Divulgação e Cultura organizou solenidades para home-
nagear fundadores, professores pioneiros e demais pessoas que 
contribuíram ao longo da história da Furb. As festividades eram 
planejadas com esmero e contemplavam vários segmentos da área 
cultural e artística.
Destaque para os eventos de lançamentode livros e conversas 
com os respectivos autores, palestras literárias, apresentações de co-
rais, exposições artísticas e fotográficas e espetáculos musicais. Outro 
diferencial relaciona-se às peças teatrais e às palestras com temáticas 
culturais. Portanto, ocorria com frequência na instituição a presença 
de poetas, contistas, jornalistas, artistas plásticos, escultores, entre 
outros artistas e personalidades com destaque estadual e alguns até 
mesmo com renome internacional. Uma das principais ações dessa 
época foi a criação do Coral da Furb, no ano de 1979. Cabe mencio-
nar o papel desempenhado por José Tafner, um verdadeiro entusiasta 
pelas questões culturais. No decorrer de seu primeiro mandato como 
228 SCHMIT, op. cit.
229 Informações extraídas do Informativo da Reitoria. Blumenau, Março de 1980, no 14.
230 SCHMIT, op. cit.
124
reitor, foram realizadas dezenas de atividades de relevância na área 
da cultura, oportunizando experiências de lazer e intelectuais para a 
comunidade acadêmica.
Realização de convênios, projetos e parcerias
Durante os quatro anos da gestão de Tafner foram celebrados 
convênios e organizadas parcerias relevantes, que contemplaram 
inúmeros aspectos da instituição. Os professores contratados em 
tempo integral para o Departamento de Química elaboraram car-
tas-consulta destinadas aos órgãos financiadores de pesquisa. O 
objetivo estava relacionado à realização de pesquisas que contem-
plassem necessidades tecnológicas regionais, além da qualificação 
no ensino. Naquela época encontrava-se em fase bem adiantada 
o projeto para criação da infraestrutura necessária ao desenvolvi-
mento da pesquisa na instituição.231 Deve-se ressaltar a assinatura 
de um convênio entre a Furb e a Fundação do Meio Ambiente 
de Santa Catarina (Fatma) com objetivo de desenvolver estudos e 
análises dos poluentes comumente encontrados na região, visan-
do à implantação da rede básica de controle de qualidade da água 
no rio Itajaí-açu.232
231 Informações extraídas Boletim Universitário da Fundação Educacional da Região de Blume-
nau. Blumenau, Maio de 1978, no 06.
232 Idem, 1 a 15 de junho de 1979, no 12.
José Tafner 
durante 
reunião do 
IPT, em 1981. 
Acervo Centro 
de Memória 
Universitária – 
CMU/Arquivo 
da Furb
125
Através de projeto aprovado em 1979 junto à Capes/MEC foi 
possível obter recursos e firmar uma parceria com a Universidade 
Federal do Rio Grande do Sul. Por meio desse convênio estabelecido 
com a UFRGS foi realizado o curso de pós-graduação lato sensu na 
área de Administração e Ciências Contábeis, oferecido aos professo-
res do sistema Acafe. Essa formação acadêmica atendeu inicialmente 
150 professores de instituições de ensino de Santa Catarina.
A Furb conseguiu a aprovação de outro projeto educacional 
no ano de 1979. Com apoio do Ministério da Educação, foi oferta-
do o curso de pós-graduação lato sensu (especialização) em Meto-
dologia Científica.
Paralelamente à realização de parcerias de âmbito regional e 
estadual, a equipe de Tafner também recebeu visitas de comitivas 
internacionais de reitores latino-americanos de instituições de en-
sino do México e da Colômbia, além de ministros da Educação de 
países da América do Sul, entre outras autoridades que vieram co-
nhecer as dependências e estrutura física e acadêmica da Furb. Vale 
destacar que Tafner também participou de encontros de abrangên-
cia nacional sobre temas de relevância para o Ensino Superior bra-
sileiro e que discutiram os problemas financeiros das instituições. 
Esteve presente em eventos que ocorreram na capital federal e em 
vários estados brasileiros, estabelecendo contato com reitores de 
outras faculdades, que resultaram na realização de intercâmbios 
científicos e culturais.
Em termos de parcerias internacionais, em 1980 a Furb recebeu 
a doação de equipamentos provenientes da República Democrática 
Alemã. Esse aparato tecnológico contemplou os cursos de Biologia e 
Química, com destaque para a doação de equipamentos de micros-
copia.233 Outro projeto desenvolvido com recursos internacionais foi 
o Radiociência, que teve início no campus de Gaspar, com o objeti-
vo de estudar a anomalia geomagnética do Atlântico Sul, fenômeno 
este com profundas implicações nos sistemas de telecomunicações. 
O projeto foi desenvolvido por meio de convênio da Furb com o Mi-
nistério da Aeronáutica, através do Centro Técnico Aeroespacial e do 
Ministério das Telecomunicações.234
Além de promover ações que contemplaram a comunidade aca-
dêmica, a primeira gestão de Tafner na reitoria da Furb proporcionou 
uma série de atividades que beneficiaram a sociedade blumenauense 
e regional. Foram organizadas palestras sobre temas interessantes, 
233 Idem, 30 de janeiro de 1980, no 12.
234 SCHMIT, op. cit.
126
além de ações de formação educacional. Destaque para a realização 
do Projeto Freinet e para o curso Aperfeiçoamento para Professores 
Alfabetizadores, realizado através de convênio com a Secretaria de 
Estado da Educação. A capacitação foi ministrada para professores 
da 1a série do 1o Grau, com carga horária de 150 horas-aula, sendo 
realizado em três etapas durante o ano letivo. Outra capacitação re-
levante foi o curso Aperfeiçoamento para Diretores do Ensino do 
2o Grau. Ambas as capacitações foram organizadas pela Assessoria 
Técnica de Ensino da Furb.235
Retornando à sala de aula
O mandato como reitor foi concluído em março de 1982. Na-
quela ocasião não existia legalmente a possibilidade de disputar a re-
eleição. No período seguinte esteve atuando somente como docente 
e também começou a cursar Direito. Estudou até o sétimo semestre 
dessa graduação. Além de obter novos conhecimentos acadêmicos, 
acompanhou de perto a rotina dos universitários. Observou quais 
eram as situações que precisavam ser aperfeiçoadas na instituição, 
no sentido de sempre almejar a excelência nas ações educativas.236 
235 Informações extraídas do Boletim Informativo da Reitoria. Fevereiro/março de 1981, no 16.
236 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
O reitor 
José Tafner 
participando da 
inauguração do 
Centro Técnico 
Aeroespacial 
da Furb, no 
município de 
Gaspar, em 
novembro de 
1978
Reitor José Tafner 
durante a entrega dos 
carros aos ganhadores 
da rifa da Furb, 
em 1981. Acervo 
Centro de Memória 
Universitária – CMU/
Arquivo da Furb
O professor José Tafner ministrando aula na Furb, na década de 1980
129
Conciliou as atividades de professor e acadêmico, criando forte vín-
culo com os alunos. Tafner trabalhou entre 1982 e 1986 como asses-
sor de projetos e convênios da Furb.
No período de 1982 a 1984, Tafner também desenvolveu ativida-
des paralelas como assessor do Ministério da Educação, trabalhando 
com a equipe de reitores para a legislação das anuidades escolares e 
como assessor pedagógico e administrativo junto a instituições com 
problemas com o MEC.
Julianne Fischer teve seu primeiro contato com José Tafner em 
1982, quando estava cursando Pedagogia na Furb. Tafner lecionava a 
disciplina de Estatística para essa graduação. Julianne ficou admira-
da e encantada com a postura do professor em sala de aula. Na época 
era uma jovem com 18 anos de idade e sua mãe também cursava 
a faculdade. Como as duas estavam obtendo ótimas notas, algumas 
pessoas diziam que a filha estava passando cola e beneficiando a mãe, 
que conciliava a atividade de estudante com a rotina de trabalho e os 
afazeres familiares.237
Julianne comenta que além de ser um docente qualificado, 
Tafner era divertido. Como forma de averiguar se havia alguma 
interferência, separou mãe e filha durante uma avaliação e ambas 
obtiveram a nota dez. A partir desse momento, o professor Tafner 
começou a defendê-las em reuniões de colegiado, diante de outros 
professores que argumentavam que a mãe estava se beneficiando 
com as colas repassadas pela filha. Em razão dessa postura justa e 
correta, Julianne passou a respeitar aindamais José Tafner.238
No ano de 1985 ocorreu a formatura dessa turma e Tafner 
foi indicado para ser o paraninfo. Julianne mandou fazer uma 
bandeja de prata e presenteou Tafner no momento da colação de 
grau. Alguns anos depois Julianne se casou com Malcon Tafner. 
Por uma coincidência da vida, em um almoço familiar realizado 
há poucos anos na residência do casal José e Verônica, foi servi-
do um alimento nessa bandeja de prata e então se recordou da 
homenagem feita no ano de 1985. O fato demonstra o envolvi-
mento de Tafner com a área da educação e a relação fraterna que 
construiu com seus alunos. Três décadas depois ainda guardava 
em sua residência o presente recebido pela turma de Pedagogia 
da Furb de 1985.239
237 FISCHER, Julianne. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 17 de abril de 2020.
238 Idem.
239 Idem.
130
O reconhecimento da Furb como Universidade
Aloir Arno Spengler trabalhou por mais de 20 anos na função 
de chefe de gabinete na Furb. Informa que foram elaborados e enca-
minhados três projetos para o Ministério da Educação, solicitando 
a transformação da Furb em Universidade. O reitor Ignácio Ricken 
protocolou um projeto no MEC, que não obteve a aprovação neces-
sária. Conforme explica Aloir, o MEC frequentemente mudava as 
normas de avaliação, o que dificultava lograr êxito nesses encami-
nhamentos.240 Em 1974 tem início o longo caminho que levaria a 
Furb ao reconhecimento como Universidade. O reitor Ignácio Ri-
cken produziu um volumoso processo entregue ao Conselho Federal 
de Educação, sem alcançar êxito.241
O segundo projeto foi protocolado durante o primeiro mandato 
de José Tafner. Infelizmente, também não foi aprovado. Por ter par-
ticipado da elaboração desses projetos enquanto chefe de gabinete, 
Aloir explica que já havia ocorrido mudanças significativas entre os 
mandatos dos professores Ricken e Tafner, mas o crescimento ocor-
rido ainda não era suficiente para almejar o status de Universidade. 
240 SPENGLER, Aloir Arno. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 6 de setembro de 2019.
241 SCHMIT, op. cit.
Vista aérea 
do Campus 
I da Furb. 
Data: 1982. 
Acervo Centro 
de Memória 
Universitária – 
CMU/Arquivo 
da Furb
131
O Ministério da Educação exigia um número de mestres e doutores 
atuando em tempo integral na instituição.242
Na metade da década de 1980, o reitor Arlindo Bernart pro-
tocolou uma terceira tentativa no MEC. Desta vez o projeto obteve 
resultado positivo no Conselho Federal de Educação. A Furb rece-
beu autorização para ser transformada em Universidade. No ano de 
1982, a Câmara Municipal de Blumenau decretou e sancionou a Lei 
no 2.876, que consolidou a legislação referente à Fundação Educa-
cional da Região de Blumenau, criando o Regimento Unificado das 
Faculdades que integravam a fundação e efetivamente dando início 
ao processo para transformação da Furb em Universidade.243
No mês de setembro de 1985, uma comissão do Ministério da 
Educação verificou as condições da instituição. No dia 6 de novem-
bro de 1985, o Conselho Federal de Educação reconheceu a Furb 
como Universidade. Após várias visitas a Brasília, envios de rela-
tórios e vistorias técnicas do MEC, a Furb acaba tendo seu proces-
so de reconhecimento aceito. A instituição passou a denominar-se 
novamente Fundação Universidade Regional de Blumenau. A ceri-
mônia de instalação oficial da Universidade aconteceu no dia 6 de 
fevereiro de 1986, com a presença do ministro da Educação, Mar-
cos Antônio de Oliveira Maciel. Durante os festejos também foi 
realizada a inauguração das novas instalações da Biblioteca Univer-
sitária Professor Martinho Cardoso da Veiga.244
242 SPENGLER, Aloir Arno. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 6 de setembro de 2019.
243 SCHMIT, op. cit., p. 16.
244 CARESIA, Roberto Marcelo; SASSE, Liane Kirsten. Memórias da Furb: (1964-2004). Blume-
nau: Edifurb, 2005.
“Já fui reitor durante dois períodos de 4 anos não consecutivos 
na Universidade de Blumenau e o tratamento de ‘magnífico reitor’ 
nunca me preocupou. Hoje esse tratamento me preocupa 
e eu diria até que me agride.”
José Tafner
133
Após não participar da eleição para reitor de 1982, José Tafner retornou na disputa eleitoral de 1986, que foi a primeira da Furb 
na condição de universidade. O pleito de 1986 foi mais democrático 
que os anteriores, porque havia a possibilidade de os alunos de Blu-
menau e demais campus votarem nos candidatos, além dos técnicos 
administrativos e professores da instituição. A campanha envolveu 
quatro candidaturas e contou com disputa acirrada. Tafner venceu 
com vantagem significativa, em todos os segmentos. O resultado po-
sitivo proporcionou a oportunidade para exercer o segundo manda-
to como reitor.
O ano de 1986 foi marcado por alguns acontecimentos impor-
tantes, com destaque para o reconhecimento da Furb como universi-
dade e para a inauguração do novo prédio da Biblioteca Central. Em 
abril ocorreu a primeira eleição direta para reitor e vice-reitor, sendo 
eleitos os professores José Tafner e João Joaquim Fronza.245
Apesar da vitória legítima nas urnas, ocorreram manobras de 
pessoas que queriam impedir a posse da chapa vitoriosa na reitoria. 
“Muitos diziam que eu nunca iria assumir. Tafner, você ganhou, 
mas não vai levar.”246 José Tafner precisou participar de uma segun-
da votação, em um colegiado interno da Furb, onde obteve 75% dos 
votos. Os adversários usaram de novas artimanhas para impedir 
que fosse empossado para o principal cargo de gestão da institui-
ção. Houve a necessidade de entrar com um mandado de segurança 
na Justiça Federal, levando-se em consideração o direito adquirido 
245 CARESIA, Roberto Marcelo; SASSE, Liane Kirsten. Memórias da Furb: (1964-2004). Blume-
nau: EdiFurb, 2005, p. 76.
246 Entrevista concedida por José Tafner ao Projeto Universidade Regional de Blumenau e sua 
História, em 15 de abril de 2000, para os entrevistadores Balbino Simor Rocha, Luís Vendelino 
Colombi, Andréia Ferreti e Clarice Ehmke.
CAPÍTULO 8
O segundo mandato como reitor
Prefeito Dalton dos Reis nomeia José 
Tafner como reitor da Furb e como vice 
João Joaquim Fronza, em ato realizado 
na Prefeitura de Blumenau. Acervo 
Centro de Memória Universitária – CMU/
Arquivo da Furb
135
legitimamente para desempenhar a função de reitor.247 Depois de 
semanas de encaminhamentos de âmbito jurídico, ocorreu o agen-
damento de um terceiro processo eleitoral, que seria disputado em 
um colegiado interno da instituição, com os nomes dos candidatos 
sendo submetidos a uma lista sêxtupla. Tafner venceu novamente 
e as pessoas que não aceitaram o resultado democrático das urnas 
acabaram vivenciando uma situação vexatória, perdendo três elei-
ções no mesmo ano.
É fundamental analisar as consequências ocasionadas por esse 
imbróglio e que prejudicaram o cotidiano de atividades da instituição. 
A posse não se concretiza no prazo estipulado (em maio) por incom-
patibilidade entre o antigo e o novo regimento interno da instituição, 
fazendo com que novas eleições, indiretas e com lista sêxtupla, legiti-
massem a candidatura Tafner/Fronza. Tal processo, no entanto, tam-
bém é demorado e arrastado, fazendo com que os estudantes promo-
vessem uma greve geral, em agosto de 1986, trancando as portas da 
universidade com cadeados e exigindo a posse imediata do reitor elei-
to. Importante observar que anteriormente a esse impasse sem prece-
dentes na história da universidade, as posses dos reitores eleitos ocor-
riam sempre em maio, coincidindo com o mês em que começaram as 
aulas da Faceb, em 1964. Em razão da posse de 1986 ter acontecido 
somente em outubro, desde então todas as posses de reitor ocorrem 
nesse mês, para fechar os quatro anos de gestão.248
“Em 1986, diante das alterações estatutárias aprovadas, me 
candidatei para o cargo de reitor. Tive inicialmente a vitória nos 
quatro grupos de eleitores: professores, funcionários,estudantes e 
líderes comunitários (vereadores, prefeito, pastores, vigários de pa-
róquias, presidentes de sindicatos). Não foi aceito o resultado pela 
reitoria existente e incluiu-se no estatuto uma nova eleição, através 
de um colegiado composto de 75 membros. Recebi desse colegia-
do a expressiva votação de 75% dos votantes. O resultado também 
não foi aceito e a discussão passou para a esfera judicial e nada se 
decidiu. Em agosto, os conselhos da Furb reunidos decidiram por 
uma nova votação em 24 de outubro de 1986, com o retorno às 
listas sêxtuplas, elaboradas na imitação dos estatutos federais. Fui 
vitorioso nas quatro eleições realizadas na lista sêxtupla. Foi desta 
forma que em 24 de outubro de 1986 assumi a Reitoria da Furb 
para o período de quatro anos.”249
247 Idem.
248 CARESIA; SASSE, op. cit., p. 79.
249 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
O reitor pró-tempori Gentil Telles 
transfere o cargo de reitor a José Tafner 
e ao vice João Joaquim Fronza. Acervo 
do Centro de Memória Universitária – 
CMU/Arquivo da Furb A solenidade de posse foi realizada em 
outubro de 1986, nas dependências 
da Biblioteca da Furb. Acervo 
do Centro de Memória Universitária – 
CMU/Arquivo da Furb
Cerimônia de posse do reitor José 
Tafner (à direita) e do vice-reitor 
João Joaquim Fronza, no dia 24 
de outubro de 1986. Fotógrafo: 
Raimundo Pereira dos Santos. 
Acervo Centro de Memória 
Universitária – CMU/Arquivo 
da Furb
José Tafner quando assumiu 
a reitoria pela segunda 
oportunidade, no ano de 1986. 
Acervo Centro de Memória 
Universitária – CMU/Arquivo 
da Furb
138
Ampliação do número de vagas
A vitória de José Tafner nas eleições representou um capítulo 
importante para a história da Furb, considerando-se os avanços que 
ocorreram na sua gestão. A posse estava agendada para o dia 24 de 
outubro de 1986. No dia 20 de outubro daquele ano várias esferas co-
meçaram a ventilar a informação de que o governo federal publicaria 
até o final de 1986 um decreto proibindo a criação de novos cursos 
superiores. Em razão dessa mudança, a instituição precisaria agilizar 
os processos internos para efetuar a solicitação de novas graduações.
Com apenas quatro dias do segundo mandato, José Tafner con-
vocou uma grande reunião com a presença de todos os colegiados 
e estruturas internas da instituição, que aprovaram integralmente a 
tabela de cursos apresentada por Tafner e inclusive acrescentaram 
novas graduações. A ação de Tafner foi ousada. Após obter o status 
de universidade em fevereiro de 1986, em outubro a instituição criou 
17 novos cursos. Cabe contextualizar que a legislação educacional 
brasileira permite que uma universidade tenha autonomia para criar 
novos cursos superiores.250
A política de expansão da Furb apresentada por José Tafner pre-
via a criação de 17 novos cursos superiores para a instituição. Con-
forme as possibilidades, seriam implantadas graduações em todas 
as áreas do conhecimento, com destaque para a área da saúde e das 
engenharias.251 Os cursos previstos dependeriam de levantamento 
das condições financeiras e acadêmicas para serem definitivamente 
implantados.252
A tentativa de fazer algo diferente sempre incomoda os conser-
vadores, e a Furb recebeu críticas por essas decisões. Contudo, deve-
se considerar que grande parcela dos cursos em atividade hoje foram 
implantados a partir daquela listagem.253 Francisco Fronza lembra 
deste episódio que gerou enorme repercussão institucional. O espa-
ço da sala dos professores era compartilhado pelos jovens docentes, 
mas também por nomes de expressão da Furb. Grande parcela des-
ses educadores reclamava da medida administrativa argumentando 
250 Entrevista concedida por José Tafner ao Projeto Universidade Regional de Blumenau e sua 
História, em 15 de abril de 2000, para os entrevistadores Balbino Simor Rocha, Luís Vendelino 
Colombi, Andréia Ferreti e Clarice Ehmke.
251 Informações extraídas do Boletim da Universidade Regional de Blumenau. Blumenau, novem-
bro de 1986, no 63, Ano 9.
252 Idem.
253 Entrevista concedida por José Tafner ao Projeto Universidade Regional de Blumenau e sua 
História, em 15 de abril de 2000, para os entrevistadores Balbino Simor Rocha, Luís Vendelino 
Colombi, Andréia Ferreti e Clarice Ehmke.
139
que universidade é local de pesquisa, que a Furb se transformaria 
em um “colegião” com essa quantidade de cursos. Enquanto alguns 
faziam suas reclamações de forma enérgica, outros estavam espanta-
dos com tamanha ousadia de Tafner.254
O professor Aloir Spengler acompanhou diversas etapas das ati-
vidades da Furb e considera a importância desse momento. Afirma 
que a oportunidade de criação de graduações contemplou um núme-
ro maior de universitários.255 Com as obras de ampliação e a criação 
de novas faculdades, estudantes de outras regiões catarinenses e até 
mesmo de outros estados passaram a estudar na Furb. “Houve um 
crescimento do número de estudantes bem significativo.”256
A criação da Faculdade de Medicina
Logo nas primeiras semanas de atuação à frente da reitoria, 
Tafner recebeu um documento com aproximadamente 50 assinatu-
ras da classe médica de Blumenau, que solicitava a criação do curso 
de Medicina, diante da necessidade de aprimorar os conhecimentos 
médicos na região. Cabe contextualizar que naquela época o municí-
pio de Blumenau contava com uma população de aproximadamente 
200 mil habitantes, sendo o centro de influência de uma região com 
cerca de 800 mil habitantes. Através de portaria institucional, José 
Tafner formalizou a Comissão Especial para estudar a implantação 
da faculdade de Medicina.
Após os levantamentos e estudos necessários, ocorreu efetiva-
mente a implantação do curso de Medicina e no ano de 1990 foi rea-
lizado o primeiro vestibular. O início das aulas do curso de Medicina, 
no mês de março de 1990, proporcionou a expansão dos serviços 
oferecidos pela universidade na área da saúde.257 Portanto, faz três 
décadas que esta graduação apresenta sua contribuição para o Vale 
do Itajaí. Da mesma forma foram sendo implantados outros cursos 
importantes para promover o desenvolvimento regional. Beckhauser 
analisa que foi providencial o empenho do professor Tafner no mo-
mento da implantação de carreiras nobres.
254 FRONZA, Francisco. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 25 de julho de 2019.
255 SPENGLER, Aloir Arno. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 6 de setembro de 2019.
256 Idem.
257 SCHMIT, Darlan Jeaver (organizador)... {et al.} Em qualquer época, uma universidade se faz 
com pessoas. Blumenau: EdiFurb, 2016, p. 16.
140
Ampliação da estrutura física da universidade
A abertura de novos cursos superiores foi um fator prepon-
derante para o crescimento da Furb. No entanto, com a entrada 
de centenas de alunos a cada semestre, faltavam salas de aula para 
atender plenamente os acadêmicos. Diante do cenário de aumen-
to expressivo do número de universitários, tornava-se urgente a 
expansão física da Furb. José Tafner participou de audiências em 
Brasília e em Florianópolis, buscando encontrar alternativas para 
resolver o problema.258
Com recursos provenientes do Ministério da Educação, reali-
zou-se a reforma do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, no cam-
pus II da Furb. Após a recuperação das instalações do IPT, 16 novas 
258 Informações extraídas do Boletim Furb. Informativo da Universidade Regional de Blumenau. 
Blumenau, Março de 1987, no 65. Ano 10.
Vista aérea 
do Campus 
I da Furb. 
Data: 1984. 
Acervo Centro 
de Memória 
Universitária – 
CMU/Arquivo 
da Furb
141
salas de aula passaram a funcionar nesse espaço, oportunizando a 
entrada de mais 800 alunos na instituição.259 Posteriormente, a uni-
versidade buscou recursos externos, a fundo perdido, para come-
çar a construção do bloco R. A Furb também procurou encontrar 
maneiras de viabilizar a edificação do blocoT. A construção des-
ses dois novos blocos representou a perspectiva de atender aproxi-
madamente mais 1.500 alunos e contemplar plenamente as novas 
graduações ofertadas.260
Ao término dessas obras estratégicas, o bloco R apresenta-
va cerca de 2 mil m2, com novas salas de aula, enquanto o bloco 
T contava com mais de 5 mil m2, com mais laboratórios, núcleos 
de pesquisa e extensão e também salas de aula.261 Paralelamente, 
ocorreu a construção do bloco L, com 560m2, destinado ao Ser-
viço Judiciário e ao estágio da Faculdade de Direito. Também foi 
realizada a construção de acessos aos blocos R e T, área esportiva, 
escadas e calçamento. A instituição construiu ainda um bloco des-
tinado à Estação Transformadora. Em pouco mais de dois anos, 
a área construída da universidade foi duplicada. A ampliação da 
estrutura física resolveu praticamente todos os problemas de falta 
de espaço para salas de aula e laboratórios.262 Também foram cria-
das áreas de convivência, estacionamentos e locais de atendimento 
aos estudantes.
A construção de novos prédios e a realização de obras físicas 
para expandir a instituição demonstram na prática o empenho da 
gestão de Tafner em transformar a Furb numa universidade de fato. 
As benfeitorias somente foram concretizadas graças ao apoio da pre-
feitura de Blumenau, do governo de Santa Catarina e do governo 
federal. Vale destacar o apoio fundamental do ministro da Educação, 
Jorge Bornhausen, que foi um parceiro incansável na viabilização de 
recursos que transformaram a universidade em um verdadeiro can-
teiro de obras.263
As benfeitorias foram executadas com recursos provenientes de 
repasses governamentais, sem gerar dívidas para a Furb. Em relação 
ao período de expansão, Aloir Spengler explica que a instituição en-
frentava dificuldades para crescer por causa das limitações físicas. 
259 Idem, no 67. Junho de 1987. Ano 10.
260 Idem.
261 Informações extraídas do Boletim da Furb. Edição Especial Tafner/Fronza 2 anos. Ano 1988.
262 Idem.
263 Entrevista concedida por José Tafner ao Projeto Universidade Regional de Blumenau e sua 
História, em 15 de abril de 2000, para os entrevistadores Balbino Simor Rocha, Luís Vendelino 
Colombi, Andréia Ferreti e Clarice Ehmke.
142
Aloir ressalta o empenho de Tafner para reverter essa situação 
adversa: “ele conseguiu construir blocos novos para expandir, teve 
uma participação decisiva”.
Malcon Tafner destaca que ouviu vários relatos de professo-
res que trabalharam na Furb no período da segunda gestão de José 
Tafner como reitor. Os profissionais comentavam sobre a importân-
cia das gestões do professor Tafner, considerando-se que a institui-
ção praticamente triplicou de tamanho. O aumento extraordinário 
em termos de estrutura consequentemente oportunizou que mais 
estudantes cursassem as graduações ofertadas. Essa ação de expan-
sionismo do campus e de ampliação de cursos superiores demonstra 
na prática a capacidade empreendedora que Tafner desempenhou na 
área educacional do Vale do Itajaí.264
264 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
Vista aérea 
do Campus 
I da Furb. 
Data: 1988. 
Acervo Centro 
de Memória 
Universitária – 
CMU/Arquivo 
da Furb
143
Recuperando a saúde financeira da Furb
Quando José Tafner assumiu a reitoria da Furb, a cada 20 dias 
vencia uma nota promissória. O endividamento era tão grave que o 
valor das pendências equivalia ao orçamento de um ano inteiro da 
universidade. Francisco Fronza analisa que se a Furb fosse apenas 
uma empresa poderia-se dizer que estava no caminho da falência. 
Por se tratar de uma instituição de ensino, que desenvolve um papel 
relevante para a sociedade, essa condição especial proporcionou que 
fossem oportunizadas muitas negociações.265
A organização de uma assessoria econômica para a reitoria da 
Furb foi essencial no processo de recuperação das finanças. Eram 
realizadas reuniões semanais com a participação de representantes 
265 FRONZA, Francisco. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 25 de julho de 2019.
Campus I da 
Furb – vista 
aérea. Data: 
1991. Acervo 
Centro de 
Memória 
Universitária – 
CMU/Arquivo 
da Furb
144
da Associação Comercial e Industrial de Blumenau e de grandes em-
presas como Artex, Cremer, Eletro Aço Altona, Hering, Karsten, Sul 
Fabril e Teka. A assessoria desenvolvida por esse qualificado grupo 
de gestores administrativos apresentou resultados expressivos, prin-
cipalmente na negociação das dívidas com instituições bancárias. A 
redução dos juros e a renegociação dos valores pendentes em 36 me-
ses representou uma economia significativa de Cr$ 5 milhões266 para 
a universidade.267
Malcon Tafner ressalta a capacidade administrativa que 
seu pai desempenhou para conseguir tirar a Furb da situação fi-
nanceira adversa que estava enfrentando. Apesar de não existir 
concorrência competitiva na região, a instituição sofria com as 
consequências de falhas na gestão. A quantidade de alunos inte-
ressados em cursar graduação era sempre superior ao número de 
vagas ofertadas, e mesmo assim a Furb passava por problemas de 
ordem econômica.268
Outra ação proposta para dar continuidade ao processo de re-
cuperação econômica da Furb relaciona-se à constituição da Comis-
são de Arrecadação de Recursos, que posteriormente foi dividida em 
duas subcomissões. A Subcomissão Governamental buscou obter 
apoio da classe política regional, enquanto a Subcomissão Comuni-
tária solicitou apoio da comunidade de Blumenau e região.269
O elevado grau de endividamento e o desequilíbrio entre re-
ceitas e despesas exigiram medidas criativas para tornar a Furb viá-
vel financeiramente. Uma das principais ações realizadas refere-se à 
Campanha de Venda Antecipada de Créditos. As negociações com 
pessoas físicas e empresas ocorreram com certa facilidade, porque 
proporcionavam um desconto considerável para quem comprasse 
os créditos educativos de forma antecipada. A proposta idealizada 
por Tafner prontamente recebeu apoio da classe empresarial blume-
nauense e da comunidade acadêmica.
A equipe administrativa comercializou créditos que corres-
pondiam a no máximo 20% do valor do orçamento da universi-
dade, como precaução para não inviabilizar a estrutura financeira. 
266 Nota do editor. Em novembro de 2020, R$ 3,8 milhões, valor corrigido pelo IPCA (IBGE), 
economista Juliano Giassi Goularti.
267 Entrevista concedida por José Tafner ao Projeto Universidade Regional de Blumenau e sua 
História, em 15 de abril de 2000, para os entrevistadores Balbino Simor Rocha, Luís Vendelino 
Colombi, Andréia Ferreti e Clarice Ehmke.
268 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
269 Informações extraídas do Informativo da Universidade Regional de Blumenau, no 67, junho de 
1987, ano 10.
145
Com o apoio de um economista que lecionava na Furb, foi organi-
zada uma planilha para acompanhamento da utilização dos créditos, 
conforme o andamento dos semestres letivos. Assim conseguiam 
atualizar o sistema, gerar os relatórios e administrar as atividades 
desse projeto inédito no âmbito universitário catarinense. Através 
da medida obteve-se um valor expressivo, que correspondeu a quase 
metade da dívida existente.270
Outra ação relevante desenvolvida pela Comissão de Arreca-
dação de Recursos foi a organização de uma “tombola” de cinco au-
tomóveis. Os valores angariados por meio dessa campanha foram 
destinados para auxiliar na construção do bloco R. O sucesso dessas 
iniciativas que ajudaram a instituição a minimizar os problemas fi-
nanceiros somente foi possível em razão do envolvimento do em-
presariado de Blumenau, participação das lideranças comunitárias e 
educacionais, sociedade blumenauense e regional, além da comuni-
dade acadêmica da Furb.
De acordo com Malcon Tafner, no momento em que um em-
preendimento se encontra em crise, José Tafner tem a capacidade de 
exercerliderança e desenvolver boa capacidade de gestão. Foi desta 
forma que recuperou a saúde financeira da Fundação Regional de 
Blumenau. Foram resolvidos os problemas de salários atrasados e de 
endividamentos que comprometiam as perspectivas de crescimento 
da instituição.271
Quando José Tafner e João Joaquim Fronza assumiram a reito-
ria, o valor das mensalidades representava 95% da receita orçamen-
tária da instituição. Através dos esforços empreendidos pela gestão, 
em termos de elaboração de projetos e realização de convênios, a 
arrecadação com a cobrança das mensalidades passou a represen-
tar 57% do orçamento. Também foram desenvolvidas medidas de 
contenção de gastos, que possibilitaram uma redução de 30% nas 
despesas operacionais e contribuíram para viabilizar o equilíbrio 
financeiro. Em quase 30 meses de administração, Tafner e Fronza 
sanearam integralmente as finanças da universidade. Pagaram uma 
dívida equivalente ao orçamento anual da instituição e o número de 
alunos praticamente dobrou, considerando-se que a universidade 
passou a contar com mais de 7 mil alunos.272
270 Entrevista concedida por José Tafner ao Projeto Universidade Regional de Blumenau e sua 
História, em 15 de abril de 2000, para os entrevistadores Balbino Simor Rocha, Luís Vendelino 
Colombi, Andréia Ferreti e Clarice Ehmke.
271 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
272 Informações extraídas do Boletim da Furb. Edição Especial Tafner/Fronza 2 anos. Ano 1988.
146
“Encontrei a Furb numa situação financeira péssima. Conse-
gui atravessar essa situação mediante o projeto de venda anteci-
pada de créditos, aprovação pelos colegiados superiores da Furb 
e pela assessoria econômico-financeira que criei, composta pe-
los diretores financeiros das sete maiores empresas de Blumenau 
(Hering, Teka, Artex, Sul Fabril, Cremer, Eletro Aço Altona e Kart-
sen) e um representante da Furb, Baungarten e Acib. O resultado 
de 24 milhões de cruzeiros do projeto foi entregue à assessoria que, 
inicialmente, renegociou a dívida com o banco Bradesco e a redu-
ziu a 24 milhões de cruzeiros – a dívida era superior a 30 milhões, 
lembro que estávamos na época de juros mensais com dois dígitos, 
muito altos, chegavam a 60% ao mês – e fechou o contrato com o 
pagamento de 18 milhões, deixando no caixa da Furb o valor de 6 
milhões de cruzeiros para fazer frente às despesas gerais dos próxi-
mos meses. Esse valor deveria ser pago até o final do mandato, ou 
seja, no ano 1990. Assim aconteceu. Em 26 de outubro de 1990 foi 
entregue o cargo, sem dívidas.”273
273 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
Alunos do 
curso de 
Educação 
Física na sala 
de ginástica e 
musculação 
do Complexo 
Esportivo. 
Local: Campus 
I da Furb – 
Blumenau. 
Data: 
01/08/1991. 
Fotógrafo: 
Roberto Luiz 
Zen. Acervo 
Centro de 
Memória 
Universitária – 
CMU/Arquivo 
da Furb
147
Ensino, Pesquisa e Extensão
Ensino
No campo do ensino teve continuidade o convênio com as fun-
dações educacionais dos municípios de Rio do Sul e Brusque, que 
beneficiaram centenas de alunos, com a implantação dos cursos su-
periores de Administração e Pedagogia. O professor Francisco Fron-
za lecionava na Fedavi e tem lembranças desse período. A expansão 
das atividades da universidade contemplou consideravelmente Rio 
do Sul e região. Fronza explica que a parceria era relevante e que sua 
importância poderia ser confirmada a partir do número de acadêmi-
cos matriculados nas graduações de Pedagogia, Letras e Direito, que 
eram ofertadas através desse convênio. Havia o dobro do número de 
alunos inscritos nos cursos ofertados pela Furb, em comparação com 
as graduações oferecidas pela Fedavi.274
Em decorrência da autorização para a Furb atuar como univer-
sidade, ocorreu uma série de modificações, como a organização do 
Estatuto do Magistério e a criação do Programa de Incentivo à Pes-
quisa para os estudantes. Outra grande mudança realizada foi a im-
plementação do Plano de Carreira e de concursos para docentes. Da 
década de 1970 até o ano de 1986, os professores eram contratados 
por meio de processos seletivos, ou seleção por currículo. A partir do 
reconhecimento da Furb como universidade, as contratações passa-
ram a ocorrer através de concurso público.275
A assessoria de pós-graduação da instituição foi criada em mar-
ço de 1988. A finalidade dessa nova repartição era organizar as pós-
graduações da universidade, que já contavam nesse período com 943 
pós-graduandos.276 No final da década de 1980 foram elaborados os 
projetos para implantação de cursos de mestrado, ainda no final da 
gestão de Tafner. Lorival Beckhauser menciona a dedicação de Taf-
ner e dos demais docentes da Furb, que vestiram a camisa e ajudaram 
a transformar a instituição em uma universidade renomada e respei-
tada no Estado.
Com grande incentivo de José Tafner, sua equipe de trabalho 
desenvolveu atividades relevantes no âmbito cultural, a exemplo do 
que ocorreu na sua primeira gestão. 
274 FRONZA, Francisco. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 25 de julho de 2019.
275 SCHMIT, op. cit., p. 29.
276 Informações extraídas do Boletim da Furb. Edição Especial Tafner/Fronza 2 anos. Ano 1988.
Reunião do Conselho Gráfico da Editora 
Universitária da Furb. Na foto: Arlindo 
Bernart, Bráulio Maria Schloegel, Sálvio 
Alexandre Müller e Olivo Pedron. 
Fotógrafo: Raimundo Pereira dos Santos. 
Acervo Centro de Memória Universitária – 
CMU/Arquivo da Furb
Reunião do primeiro Conselho Editorial da 
recém-fundada Editora Universitária da Furb, 
em agosto de 1986. Na foto: Oldemar Olsen 
Jr., Anamaria Kovacs, Aloir Arno Spengler, 
Arlindo Bernart, Bráulio Maria Schloegel, 
Sálvio Alexandre Müller e Olivo Pedron
149
Festival de 
Atletismo. 
Local: 
Complexo 
Esportivo – 
Campus I da 
Furb. Data: 
03/11/1988. 
Fotógrafa: 
Marcia Ehmke. 
Acervo Centro 
de Memória 
Universitária – 
CMU/Arquivo 
da Furb
Projetos culturais e educacionais
Uma das ações primordiais refere-se à criação da Editora Uni-
versitária da Furb, que oportunizou naquela época a edição de 15 
obras de autores regionais. Destaque também para a criação do 
Festival Universitário de Teatro de Blumenau, que teve a sua pri-
meira edição realizada no ano de 1987. Este evento foi considera-
do um dos mais importantes e tradicionais festivais de teatro do 
país.277 Outro momento marcante diz respeito à gravação do primei-
ro LP do Coral da Furb, que ocorreu no ano de 1985, na Alemanha. 
O trabalho foi intitulado “Memória Musical I”. O coral fundado no 
ano de 1979, durante a primeira gestão de Tafner, consolidou-se 
com o passar dos anos, tornando-se uma referência cultural em 
Blumenau e região.278
Pesquisa
Os investimentos da gestão de Tafner não ficaram restritos à 
questão estrutural. Também foram investidas quantias conside-
ráveis no aprimoramento de espaços educativos, que contempla-
vam as áreas de ensino e pesquisa. Durante a sua primeira gestão, 
277 Informações extraídas do Boletim Furb. Informativo da Universidade Regional de Blumenau. 
Blumenau, dezembro de 1986, no 64. Ano 9.
278 Idem.
O casal Verônica Tafner e José Tafner 
participando do lançamento da revista 
Etevi – 25 anos, no restaurante Castelo Suíço, 
em junho de 2005. Fotógrafo: Rogério Pires. 
Acervo Centro de Memória Universitária – 
CMU/Arquivo da Furb
José Tafner, enquanto ex-reitor, 
prestigiando o lançamento da 
revista da Etevi e conversando com 
o reitor Egon José Schramm
151
José Tafner organizou o primeiro laboratório de informática da Furb, 
com o último lançamento em termos de computação no Brasil da-
quela época, o Cobra 530.
Tafner se empenhou para aperfeiçoar o laboratório no decor-
rer do segundo mandato. Através de parceria com o Ministério da 
Educação, a universidade foi contemplada com a quantia de Cr$ 1,5 
milhões. O recurso foi destinado para a comprade equipamentos 
atualizados, modelo mainframe, da empresa francesa ABC-Bull. A 
Furb organizou um laboratório de informática com 120 terminais 
implantados, contando com tecnologia de ponta, um diferencial 
para seus alunos.
Outro fator marcante da segunda gestão de Tafner relaciona-
se aos inúmeros convênios de colaboração científica e tecnológica 
que a Furb firmou com centros de pesquisa, com instituições de 
ensino catarinenses, empresas e governo do Estado de Santa Cata-
rina. Da mesma forma foram estabelecidas algumas parcerias edu-
cacionais em âmbito internacional, através de convênios de coope-
ração cultural e científica entre a Furb e a Universidade Nacional de 
Asunción, do Paraguai, e também com a Universidade de Açores, 
de Portugal.
Extensão
A construção de um laboratório de eletricidade contribuiu sig-
nificativamente para que fossem ampliadas as atividades desenvolvi-
das no Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Conforme o projeto da 
obra, havia a necessidade de investir 53 milhões de cruzeiros para 
contemplar a construção da estrutura e instalação dos equipamen-
tos necessários para pleno funcionamento deste espaço de ensino e 
pesquisa. Obteve-se parte do valor através de convênio com o Minis-
tério da Educação e o restante foi custeado pela Financiadora de Es-
tudos e Projetos, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia. Além 
de ser utilizado para as práticas acadêmicas, a estrutura contemplou 
a sociedade regional, diante da possibilidade de emissão de certifica-
do de qualidade e de laudos. Anteriormente as indústrias da região 
precisavam realizar as análises de amostragens em outros estados 
brasileiros.279 Em 1988, o IPT realizou 33.390 testes e emitiu 3.320 
laudos técnicos para cerca de 500 empresas.
279 Informações extraídas do Boletim da Universidade Regional de Blumenau. Blumenau, novem-
bro de 1986, no 63, ano 9.
152
A prestação de serviços foi se consolidando e sendo expandi-
da, com destaque para o Projeto Crise, biblioteca, serviço judiciá-
rio, entre outras iniciativas sediadas nos departamentos, núcleos 
e órgãos suplementares da universidade, com financiamento de 
agências de fomento280 Foram mais de 50 projetos de pesquisa ou 
extensão financiados por órgãos externos à Furb, além dos traba-
lhos que estavam sendo realizados por professores que atuavam em 
tempo integral.281
No âmbito de envolvimento com a comunidade, uma das 
principais ações foi o Projeto Salas de Leitura. Esta iniciativa con-
templou 184 escolas de nove municípios do Vale do Itajaí, com 
a doação de 20 mil livros para as unidades educacionais, através 
do Departamento de Letras da Universidade Regional de Blume-
nau.282 O projeto ajudou na organização de ambientes de leitura 
nessas escolas.283
Tafner também dedicou atenção especial para que fosse via-
bilizada a construção de uma estação de piscicultura. Através de 
parceria firmada com o município de Timbó, foi criada a Fundação 
de Piscicultura Integrada do Vale do Itajaí. A Funpivi conta hoje 
com aproximadamente 2 mil m2 de área construída e 80 mil m2 
de espelho d’água, beneficiando a comunidade acadêmica regional 
desde aquele período.
A batalha no Conselho Universitário da Furb
Aloir Spengler lembra que estava em sua residência em Gas-
par quando recebeu uma ligação telefônica por volta das 10 horas da 
noite. Tafner solicitou que na manhã seguinte sua primeira atividade 
fosse ir até o gabinete da reitoria. Precisava conversar a respeito do 
convite que havia recebido para assumir a função de secretário de 
Estado da Educação, no governo de Pedro Ivo Campos. Na manhã 
seguinte conversaram sobre esse assunto e, enquanto amigo e com-
panheiro de jornada educacional de muitos anos, Aloir aconselhou 
o professor Tafner no sentido de assumir a missão. O desenvolvi-
mento da função poderia ser favorável ao Sistema Acafe e contem-
plar o fortalecimento das universidades do interior. Após a conversa, 
280 Informações extraídas do Boletim da Furb. Edição Especial Tafner/Fronza 2 anos. Ano 1988.
281 Idem. 
282 Informações extraídas do Boletim Furb. Informativo da Universidade Regional de Blumenau. 
Blumenau, dezembro de 1986, no 64. Ano 9.
283 Idem. 
153
José Tafner ligou para o chefe da Casa Civil, Saulo Vieira, informan-
do que aceitaria o convite feito pelo governador.284
No momento seguinte à decisão, existiu a necessidade de en-
caminhar o assunto para o Conselho Universitário da Furb. Aloir 
Spengler secretariou essa longa e dura reunião, que se transformou 
em uma intensa batalha. Os antagonistas de Tafner queriam que ele 
renunciasse ao cargo de reitor para poder assumir a função de se-
cretário de Estado da Educação.285 Mesmo diante de integrantes da 
oposição interna à sua gestão, Tafner manteve a posição de assumir 
a atividade como secretário sem renunciar, existindo a possibilidade 
de reassumir a reitoria, no momento que retornasse da Secretaria de 
Estado da Educação. Ao término da longa reunião, José Tafner saiu 
vitorioso do embate. De acordo com Aloir, mesmo nos momentos de 
adversidade, Tafner se empenhava para evitar derrotas, especialmen-
te no período que precisava enfrentar seus antagonistas na Furb. “Ele 
era obstinado, empreendedor, determinado, não se deixa derrotar, 
quando quer um objetivo, ele vai e alcança.”
Outra curiosidade desse período refere-se ao fato de o professor 
João Joaquim Fronza, que era o vice-reitor de José Tafner, somen-
te aceitar a condição de assumir a reitoria caso o chefe de gabinete, 
Aloir Spengler, permanecesse exercendo a função. Tafner se licen-
ciou da Furb no dia 30 de março de 1989 para desempenhar a função 
de secretário de Estado da Educação. Retornou para a universidade 
em 6 de abril de 1990, permanecendo no cargo até o término da ges-
tão, em 24 de outubro de 1990.
No momento que encerrou o segundo mandato como reitor, 
entregou a instituição com as dívidas quitadas e as finanças em or-
dem, com uma ampliação de espaço sem precedentes na história da 
universidade. Uma das recordações que guarda com carinho foi o 
fato de ter sido muito aplaudido por sua equipe de trabalho, ao con-
cluir esse período de intensa dedicação profissional.286
“Já fui reitor durante dois períodos de 4 anos não consecutivos na 
Universidade de Blumenau e o tratamento de ‘magnífico reitor’ nunca 
me preocupou. Hoje esse tratamento me preocupa e eu diria até que me 
agride. Fui ao dicionário buscar o seu significado e lá encontrei signifi-
cações que não se adequam a uma pessoa que veio lá de Rio dos Cedros, 
284 SPENGLER, Aloir Arno. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 6 de setembro de 2019.
285 Idem.
286 Entrevista concedida por José Tafner ao Projeto Universidade Regional de Blumenau e sua 
História, em 15 de abril de 2000, para os entrevistadores Balbino Simor Rocha, Luís Vendelino 
Colombi, Andréia Ferreti e Clarice Ehmke.
154
na localidade de Nossa Senhora das Dores, chamada carinhosamente 
pelo povo da região ‘Dolorata’ e, anteriormente, Encruzilhada, e Crojara 
no dialeto trentino local. Uma família de 12 irmãos, dez vivos e mais os 
agregados de sangue, ou seja, um tio surdo-mudo e uma sobrinha, além 
dos quatro ou cinco agregados aprendizes do ofício de sapateiro. A sapa-
taria, o cultivo de subsistência, os afazeres domésticos e a escola, sempre 
obrigatória, sempre à luz de candeeiros de querosene, era o nosso dia a 
dia. Os candeeiros foram substituídos pela luz elétrica no Natal de 1966. 
Eu já ultrapassava os cinco lustros de vida.”287
O hábito de proporcionar oportunidades aos jovens
Desde o ano de 1982, Julianne Fischer lecionava na Escola Barão 
do Rio Branco, em Blumenau. Quando se formou na Faculdade de 
Pedagogia da Furb, em 1985, foi para São Paulo e passou a lecionar 
nos colégios Rio Branco e Objetivo Júnior. Retornou para Blumenau 
no final de 1989. Em 1990 voltou a ser professora na Escola Barão do 
Rio Branco e iniciou o trabalho no curso de Pedagogia da Furb. En-
controu uma universidade totalmente transformadaem relação ao 
momento em que havia concluído sua graduação. Observou as obras 
de expansão que ocasionaram a ampliação considerável do espaço 
universitário e a abertura de novos cursos, que foi de fundamental 
importância para a comunidade de Blumenau.288
Pondera que várias pessoas achavam complicado conseguir abrir 
a faculdade de Medicina, mas Tafner teve coragem para alcançar este 
feito. Relata que no exercício da docência Tafner agia com seriedade e 
alegria em sala de aula. Estes elementos continuaram presentes na sua 
segunda gestão como reitor, com a vontade de fazer as coisas darem cer-
to, com a ousadia para realizar a expansão e não deixar que os pequenos 
obstáculos atrapalhassem o que precisava ser feito. Enquanto moradora 
de Blumenau e pedagoga, enfatiza a importância da abertura das novas 
graduações, com destaque para o grande avanço na área da saúde.289
Quando Julianne Fischer ingressou como professora universitá-
ria na Furb, José Tafner coordenava a Pós-graduação em Alfabetiza-
ção. Naquele período, Tafner foi o criador e executor do Programa de 
Alfabetização e Cidadania, viabilizado através de recursos do Inep/
287 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
288 FISCHER, Julianne. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 17 de abril de 2020.
289 Idem.
155
MEC. A iniciativa educacional foi realizada entre os anos de 1991 e 
1994, contemplando 523 professores treinados nos ensinamentos de 
Emília Ferreira e 75 professores especialistas em alfabetização.
Em decorrência de outras atividades institucionais que preci-
saria desenvolver, Tafner deixaria de exercer a coordenação. Antes 
de realizar a mudança em sua rotina de trabalho, indicou o nome de 
Julianne para desempenhar a função. A indicação gerou polêmica na 
época, porque Julianne era uma jovem educadora e ainda não havia 
feito o concurso para ser professora. Sua contratação ocorreu por in-
termédio da saudosa professora Gertrudes Kniess de Medeiros e na-
quela ocasião estava lecionando disciplinas no curso de Pedagogia.290
290 Idem.
O professor 
José Tafner 
dedicou 25 anos 
de sua trajetória 
profissional 
em atividades 
na Furb. 
Acervo Centro 
de Memória 
Universitária – 
CMU/Arquivo 
da Furb
157
Este episódio aconteceu no início da década de 1990 e Tafner 
batalhou para que o nome de Julianne fosse aceito. Cabe ressaltar 
que esse tipo de atitude esteve presente em diversos momentos da 
trajetória educacional e profissional de José Tafner. Sempre buscou 
encontrar maneiras de oportunizar desafios aos jovens, com intui-
to de possibilitar o desenvolvimento e o progresso das pessoas em 
suas respectivas áreas de atuação. Julianne comenta que Tafner ge-
rou perspectivas de crescimento para diversos profissionais e sempre 
incentivava para que seguissem adiante. As suas gestões como reitor 
da Furb comprovam essa postura inclusiva. A expansão física possi-
bilitou a abertura de mais cursos superiores e a entrada de milhares 
de estudantes na instituição. Consequentemente, foi realizada a con-
tratação de novos docentes, oportunizando para esses indivíduos o 
horizonte de construir uma carreira acadêmica.291
É importante esclarecer que nesta ocasião, Julianne ainda não 
fazia parte da família Tafner. Somente algum tempo depois conheceu 
Malcon Tafner, namoraram e posteriormente casaram. Quando as-
sumiu a coordenação da Pós-graduação em Alfabetização, Julianne 
Fischer não imaginava que seu futuro profissional seria nessa área. 
Conforme foi desenvolvendo as atividades docentes, direcionou suas 
pesquisas acadêmicas para esse campo do conhecimento. No ano de 
1993 começou a trabalhar alfabetização com Marilyn, filha de José 
Tafner e Verônica. Através dessa experiência aprendeu novos cami-
nhos para alfabetizar. Desenvolveu um método neuropedagógico 
durante o doutorado e em sua tese apresentou atividades de alfabe-
tização. Menciona que atualmente várias pessoas estão citando em 
livros e dissertações o método que foi elaborado no período do seu 
doutoramento.292
O último desafio antes da aposentadoria na Furb
Tafner trabalhou na Furb até o final do primeiro semestre de 
1995, quando se aposentou, após mais de duas décadas de ativida-
des e dedicação para a universidade. Entre os anos de 1992 e 1993 
trabalhou como coordenador do Curso de Pedagogia. Antes da apo-
sentadoria ainda desempenhou um último desafio na instituição. 
Candidatou-se para a eleição de diretor do Centro de Educação da uni-
versidade, tendo como vice-diretor o professor Lorival Beckhauser. 
291 Idem.
292 Idem.
José Tafner 
lecionando na 
Furb, em abril 
de 1986
158
Obteve 92% dos votos através da dobradinha com Lorival e conse-
guiu apresentar sua contribuição à frente dessa estrutura universitá-
ria entre os anos de 1994 e 1995.293
Durante esse período foram realizados grandes projetos com 
recursos obtidos através do MEC. Um dos principais projetos foi o 
“Minha Casa”. Por meio dessa iniciativa, disponibilizou-se apoio lo-
gístico e de materiais para todas as escolas isoladas do Vale do Itajaí, 
beneficiando professores e alunos.
“Outra ação de destaque foi a oferta de dois cursos consecu-
tivos de pós-graduação lato sensu: especialização em alfabetização. 
Essa formação acadêmica foi oferecida somente para professores que 
estavam atuando em atividades de alfabetização nas séries iniciais 
das escolas do Vale do Itajaí. As especializações foram oferecidas em 
regime integral e de forma gratuita para os educadores participantes, 
que receberam inclusive alimentação e estadia no hotel do Sesc.”294
Julianne Fischer trabalhava como docente em disciplinas da 
área pedagógica quando José Tafner exerceu a função de diretor do 
Centro de Educação. Relembra que Tafner dedicou atenção especial 
para a questão de formação acadêmica e educacional dos estudantes 
das licenciaturas, especialmente da Pedagogia.295 De acordo com Be-
ckhauser, mesmo após exercer os mandatos como reitor, José Tafner 
manteve o modo simples e humilde que lhe era peculiar.
Do gabinete da reitoria para os bancos escolares
Em paralelo às atividades de docência e administrativas, Tafner 
continuou buscando aperfeiçoamento intelectual. No ano de 1994 
a Furb abriu mestrado com o intuito principal de capacitar os seus 
professores. Julianne Fischer cursou esse mestrado e informa que 
a capacitação acadêmica contou com a participação de vários do-
centes de carreira da instituição. Os educadores com mais idade e 
experiência não contavam ainda com esse nível de formação. Além 
de obterem novos conhecimentos e a titulação de mestre, contri-
buíam para que a instituição aumentasse a quantidade de docen-
tes com mestrado, considerando-se que era necessário contemplar 
293 Entrevista concedida por José Tafner ao Projeto Universidade Regional de Blumenau e sua 
História, em 15 de abril de 2000, para os entrevistadores Balbino Simor Rocha, Luís Vendelino 
Colombi, Andréia Ferreti e Clarice Ehmke.
294 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
295 FISCHER, Julianne. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 17 de abril de 2020.
159
as exigências do Ministério da Educação, devido ao status de uni-
versidade. Ao mesmo tempo as atividades formativas eram essen-
ciais para os jovens professores, que com o transcorrer dos anos 
estariam substituindo os docentes da velha guarda, conforme ocor-
ressem as aposentadorias.296
Um dos mestrandos foi José Tafner, que retornou aos bancos 
escolares para ampliar seus conhecimentos. Conforme recordações 
de Julianne Fischer, é fundamental ressaltar a postura de Tafner em 
sala de aula. Mesmo após ter desempenhado dois mandatos como 
reitor da Furb, tratava os colegas com humildade, conviveu bem 
com sua turma e nunca exigiu um tratamento hierárquico dife-
renciado. Sua postura questionadora evitava que as aulas caíssem 
namesmice e essa troca de conhecimentos foi interessante para os 
mestrandos. As ideias de Tafner qualificavam o debate e instigavam 
novas discussões acadêmicas. Nos encontros festivos da turma do 
mestrado, tratava os demais colegas com gentileza. No entanto, en-
frentava dificuldades para aceitar as normas e regras do mestrado, 
sendo essa uma característica peculiar de sua personalidade. Sem-
pre que possível, ia contra as regras.297
Pouco tempo antes de se aposentar no ano de 1995, obteve o 
título de mestre em Ensino Superior pela Furb, após defender dis-
sertação na área de Avaliação Educacional. Após o momento da 
aposentadoria, continuou mantendo proximidade com a instituição, 
participando de eventos, recebendo homenagens, mas sem vínculo 
trabalhista. José Tafner era contrário à possibilidade de uma pes-
soa continuar trabalhando na Furb, mesmo depois de aposentada. 
Defendia a ideia de que era preciso deixar espaço para os mais jo-
vens também terem a oportunidade de construírem suas histórias de 
atuação na universidade.
296 Idem.
297 Idem.
“Impediu-se a votação do projeto que proporcionaria inovação 
para a educação catarinense. José Tafner não se abalou e poucos 
anos depois aprimorou a proposta, que contemplou milhares 
de estudantes de Santa Catarina e posteriormente de outras 
regiões. Com sua visão futurista e revolucionária, já previa as 
inovações que aconteceriam na área educacional brasileira, fato 
este não compreendido pelas mentes conservadoras.”
Os autores
161
No final da década de 1980, José Tafner estava trabalhando há quase trinta anos na área da educação. Seu trabalho enquanto 
educador já era reconhecido em Santa Catarina e ficou ainda mais 
em evidência através dos mandatos como reitor da Furb. No primei-
ro trimestre do ano de 1989, foi convidado pelo governador de Santa 
Catarina, Pedro Ivo Campos, para assumir a função de Secretário de 
Estado da Educação. Caso aceitasse a missão, a posse já ocorreria na 
semana seguinte na capital catarinense. O professor Tafner aceitou o 
desafio e se colocou à disposição do governo estadual, se licenciando 
de suas atividades na Furb.298
O legado de José Tafner como Secretário de Educação
Tafner deixou um grande legado durante o período em que 
atuou como Secretário de Estado da Educação. Um dos principais di-
ferenciais da sua gestão relaciona-se à forma como organizou a equi-
pe de trabalho. Optou por utilizar os servidores, ao invés de efetuar 
a contratação de cargos comissionados. Portanto, as funções foram 
delegadas para os funcionários de carreira. Paralelamente, organi-
zou-se o trabalho de campo, com intuito de visitação às prefeituras e 
regiões catarinenses. Desta forma seria possível verificar quais eram 
as demandas educacionais, que necessitavam de atenção e encami-
nhamentos urgentes.299
No período em que esteve à frente da Secretaria Estadual 
da Educação, José Tafner enfrentou inúmeros desafios relacio-
nados a aspectos burocráticos. Precisava seguir os cronogramas 
298 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
299 Idem, em 1o de maio de 2020.
CAPÍTULO 9
A contribuição do professor Tafner 
para a educação de Santa Catarina
162
de prestação de contas das obras que estavam sendo realizadas, 
como forma de possibilitar a transparência e comprovar a utiliza-
ção dos recursos públicos nessas benfeitorias. No entanto, existia 
uma dificuldade enorme em repassar os dados para a União. Em 
inúmeras ocasiões, as escolas demoravam muito para encaminhar 
as informações para a Secretaria. Em decorrência desse atraso, o 
governo do estado perdia os prazos para prestar contas ao governo 
federal, o que gerava multas como penalidade. A situação adversa 
não se restringia apenas às obras em andamento: também ocor-
riam atrasos no envio de dados em relação ao desenvolvimento 
de projetos educacionais. Lamentavelmente, havia falta de zelo de 
vários gestores educacionais e esse fator dificultava as atividades 
da Secretaria de Educação no momento de comprovar que o di-
nheiro estava sendo aplicado corretamente. O cenário ocasionava 
situações extremamente desgastantes.300
Aloir Arno Spengler menciona que o secretário Tafner procu-
rou auxiliar as fundações educacionais do Sistema Acafe, especial-
mente as instituições do interior catarinense. Em decorrência dos 
aspectos burocráticos, ocorreu uma dificuldade em disponibilizar 
recursos financeiros além do que estava previsto no orçamento da 
secretaria. “Houve ajuda dentro das possibilidades para as fundações 
educacionais”. Aloir avalia que o professor Tafner realizou inovações 
importantes no ensino de Primeiro Grau (atual Ensino Fundamen-
tal) e da mesma forma no Ensino Médio.
A rotina de trabalho era dinâmica e demandava encaminha-
mentos ágeis e eficientes. Havia a necessidade de resolver os proble-
mas que surgiam a cada semana. Tafner se reunia com a equipe de 
coordenadores com a finalidade de planejar as ações e encontrar so-
luções para as situações pendentes. Realizavam um raio-X da ques-
tão estrutural das unidades educacionais. Procurou otimizar a utili-
zação dos recursos e evitou ações populistas. Portanto, desenvolveu 
um trabalho administrativo técnico.301 Foram firmados inúmeros 
convênios com a Universidade Federal de Santa Catarina e com ou-
tras instituições de ensino, contemplando iniciativas educacionais.
Outro aspecto primordial esteve relacionado ao treinamento 
dos professores. Tafner sempre foi favorável à capacitação dos do-
centes e ao aprimoramento intelectual. No entanto, entendia que o 
professor deveria participar da formação educacional no momen-
to em que não estivesse lecionando. Era fundamental evitar que 
300 Idem.
301 Idem.
163
os alunos ficassem sem aula. Este pensamento foi aprimorado e 
alguns anos depois resultou na concepção do projeto Magister, no 
período em que exerceu a função de diretor de Ensino Superior de 
Santa Catarina.
José Tafner permaneceu à frente da Secretaria de Estado da 
Educação de Santa Catarina por pouco mais de um ano. Nesse ín-
terim, aconteceu o falecimento precoce do governador Pedro Ivo 
Campos, em 27 de fevereiro de 1990, com apenas 59 anos de idade. 
O cargo passou então a ser desempenhado pelo vice-governador, Ca-
sildo Maldaner. Tafner foi convidado para permanecer na função de 
secretário estadual da Educação. Apesar do convite feito por Malda-
ner, disse que o seu compromisso era com o governador Pedro Ivo.302
José Tafner retornou para Blumenau e reassumiu o mandato de 
reitor na Furb. Além do respeito no âmbito profissional, possuía uma 
relação de amizade com o professor João Joaquim Fronza, que esteve 
desempenhando as funções na reitoria enquanto Tafner trabalhou 
na capital catarinense. Em decorrência da relação respeitosa, conver-
savam periodicamente por telefone sobre os assuntos de interesse da 
instituição. Desta forma, quando retornou para reassumir a reta final 
do segundo mandato, estava inteirado sobre os principais aconteci-
mentos do ano em que ficou afastado de Blumenau.
A dedicação ao ocupar um cargo público
Quando se ouve algo a respeito de um homem público que de-
sempenha uma função relevante, pode-se imaginar que esta condição 
proporcione um status diferenciado e de destaque na sociedade. No 
entanto, existe um outro lado da moeda, desconhecido pela maioria 
das pessoas. Devido à dedicação que um cargo de alto escalão exi-
ge, José Tafner precisou abrir mão de diversos momentos em família 
para procurar exercer com excelência a missão que foi oportunizada 
pelo governador Pedro Ivo Campos.
Em diversas ocasiões, Tafner saía da capital, passava na sua casa 
em Blumenau, revia os familiares e depois já se deslocava para o in-
terior do Estado para acompanhar obras de construção ou reforma 
de unidades escolares. Não se contentava somente em saber que esta-
vam ocorrendo melhorias de infraestrutura. Precisava acompanhar 
de perto e fiscalizar os trabalhos, para que fossem realizadoscom 
qualidade e conforme o que estava previsto no planejamento.
302 Idem.
164
A esposa Verônica Tafner acompanhou algumas das vistorias 
para viajar com o marido e poder conversar um pouco sobre a fa-
mília. Diversas obras estavam acontecendo na região Oeste de Santa 
Catarina, o que demandava várias horas de viagem, considerando 
o trajeto de ida e volta. Com o passar do tempo, Verônica se inco-
modou com a situação de ver o esposo se doando tanto assim para 
a política e deixou de acompanhar os momentos de fiscalização das 
obras. Ficava preocupada ao ver todo o sacrifício de Tafner, que tra-
balhava durante a semana inteira e passava poucas horas do final de 
semana com os familiares.303
Nesse período a BR-101 ainda não era duplicada. José Tafner 
precisava sair de Blumenau na segunda-feira, entre 3h30min e 4 ho-
ras da manhã, para chegar às 7 horas em Florianópolis e desta forma 
iniciar os trabalhos da semana. Verônica comenta que se fosse pos-
sível gostaria de apagar da sua mente o período em que o marido 
foi secretário estadual da Educação, porque o casamento ficou pra-
ticamente anulado nessa fase. Considera que essa época se tornou a 
pior da história de vida do casal, em decorrência da dedicação que a 
função exigia.304
O sonho de criar uma Faculdade
No período que desempenhou a função de secretário estadual 
de Educação, Tafner começou a idealizar o primeiro projeto de facul-
dade. Alguns profissionais da Secretaria da Educação estavam con-
tribuindo com ideias para aperfeiçoar a proposta, e seriam sócios-
fundadores junto com José Tafner. A ideia era instalar a faculdade 
às margens da BR-101, em Palhoça. No entanto, a proposta não saiu 
do papel porque faltavam recursos financeiros para implementação 
do projeto. Os sócios não contavam com maneiras de viabilizar a 
iniciativa educacional.305
O sonho de Tafner foi adiado por alguns anos, mas desde 
aquele momento já estava convicto sobre a implantação do ensino 
a distância. Inclusive, havia visitado a FernUniversität de Hagen, na 
Alemanha. Esta instituição de ensino trabalha há mais de 40 anos 
com a EaD. Tafner solicitou e obteve diversos materiais didáticos 
303 TAFNER, Verônica Teresinha. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 24 de julho de 2019.
304 Idem.
305 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
165
utilizados no ensino a distância. Pensava em traduzir os conteúdos 
e adaptá-los à realidade brasileira. Desta forma serviriam de base 
para implantação de um projeto de EaD em Santa Catarina. Os 
pensamentos inovadores foram colocados em prática no momento 
de organização da EaD da Uniasselvi, que se tornou um case de 
sucesso no Brasil.306
O desafio como diretor de Ensino Superior
Após se aposentar como professor da Furb, José Tafner nem 
teve a possibilidade para desfrutar do tempo livre e ser considerado 
uma pessoa aposentada. Recebeu o convite para integrar o governo 
Paulo Afonso e desempenhar a função de diretor de Ensino Superior 
de Santa Catarina, na Secretaria de Estado da Educação.
Programa Magister: a formação de milhares de professores para 
a educação catarinense
Enquanto diretor de Ensino Superior da Secretaria da Educação 
de Santa Catarina, José Tafner desenvolveu inúmeras ações que con-
tribuíram para a área educacional, com destaque para a idealização 
do Programa Magister. O projeto organizado pelo governo do estado, 
através da Secretaria de Educação e da Diretoria de Ensino Superior, 
ajudou a escrever uma página de destaque na história da educação 
catarinense. Em relação ao nome da iniciativa, Tafner explica que a 
palavra magister faz uma referência ao mestre, reconhecendo a im-
portância do professor.
O Programa Magister teve como objetivos principais: possibi-
litar a melhoria científico-pedagógica da qualidade de ensino nas 
escolas de Educação Básica; oportunizar a formação profissional de 
professores que atuavam no Estado de Santa Catarina no período de 
sua realização; viabilizar, mediante o intercâmbio da Educação Bási-
ca com a Educação Superior, a atualização e adequação às exigências 
do desenvolvimento científico e tecnológico moderno às necessida-
des dos professores-alunos.307
Para alcançar o objetivo de formação educacional e acadêmi-
ca, o programa contou com um arcabouço filosófico para nortear 
306 Idem.
307 SANTA CATARINA. Programa Magister. Florianópolis: Ioesc, 1998.
166
as ações desenvolvidas. Tafner idealizou os seguintes princípios 
orientadores308:
1 – A revolução da qualidade da educação se faz em sala de aula, 
portanto, o professor-aluno do Magister está em efetivo exercício. 
Não deixa a sala de aula para fazer o seu curso, possibilitando desta 
forma a verdadeira dialética do ensino-aprendizagem e a aplicação 
do novo paradigma do conhecimento: não basta saber, é preciso sa-
ber fazer;
2 – Cada indivíduo é diferente e é na diversidade que emerge 
a criatividade. São instituições, locais, currículos e professores dife-
rentes. Consequentemente, metodologias e quadros teóricos diferen-
tes, professores-alunos, cada um com suas experiências e conteúdos. 
Esta diversidade cultural possibilita ao aluno a liberdade de construir 
a sua história, em resposta à realidade circundante;
3 – Não existem tendências, conteúdos e metodologias piores 
ou melhores. Devem existir professores mais bem preparados em 
termos de conteúdo e de formação. No Magister o aluno é preparado 
para ser professor e educador e não apenas treinado para ministrar 
determinadas aulas e conteúdos;
4 – No convívio escolar não há decisões, há acordos. Cada curso 
do Magister é único. O convívio de quatro anos, em média, obriga a 
todos – instituição, coordenação, professores, alunos – a desenvolve-
rem uma negociação constante, para que todos saiam vencedores em 
todas as ocasiões. É a vivência do novo paradigma do relacionamen-
to humano: a negociação. Todos crescem.
Um dos principais diferenciais dessa iniciativa refere-se à pers-
pectiva de formação acadêmica, para contemplar áreas que estavam 
com falta de profissionais capacitados. Desta forma seria possível 
transformar o cenário educacional catarinense. É fundamental con-
textualizar que anteriormente à realização do projeto, centenas de pro-
fessores leigos lecionavam disciplinas sem possuir formação na área 
em que estavam atuando educacionalmente. Outro aspecto primordial 
diz respeito à possibilidade do profissional que já possuía formação 
universitária cursar uma segunda licenciatura, obter novos conheci-
mentos e vislumbrar oportunidades de trabalho educacional.309
Com a finalidade de oportunizar a formação de professores 
em efetivo exercício das redes estadual e municipal de ensino, que 
atuavam sem formação superior, a Secretaria da Educação estabe-
leceu parceria com várias instituições de ensino de Santa Catarina. 
308 Idem.
309 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
167
O governo do estado firmou convênio com as seguintes IES: Funda-
ção Educacional de Brusque (Febe/Unifebe); Fundação Educacional 
do Alto Vale do Itajaí (Fedavi/Unidavi); Fundação Educacional Re-
gional Jaraguaense (Ferj), Fundação Universidade Regional de Blu-
menau (Furb); Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc); 
Universidade do Contestado (UNC); Universidade do Extremo-Sul 
Catarinense (Unesc); Fundação das Escolas Unidas do Planalto Ca-
tarinense (Uniplac); Fundação Universidade do Sul de Santa Cata-
rina (Unisul); Fundação Universidade do Vale do Itajaí (Univali); 
Universidade da Região de Joinville (Univille); Fundação Universi-
dade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc) e Universidade Federal de 
Santa Catarina (UFSC).
Após firmar as parcerias com universidades e faculdades, a 
Secretaria da Educação realizou a etapa de inscrições para o Pro-
grama Magister. As fases de ingresso das atividades apresentaram 
números consideráveis e se inscreveram 14.343pessoas, para 5.130 
vagas. Através desse projeto foram ofertados 104 cursos superiores 
de licenciatura, proporcionando gratuitamente ações que capacita-
ram cerca de 5 mil participantes em 46 cidades catarinenses, sendo 
a maioria dos cursos realizados em cidades do interior, distantes das 
cidades-sede das instituições ministrantes. Foram realizadas quatro 
etapas do projeto, sendo a primeira no segundo semestre de 1995, a 
segunda no primeiro semestre de 1996, a terceira no segundo semes-
tre de 1996 e a quarta no segundo semestre de 1997. Em cada fase 
do Magister ocorreu o lançamento de editais para garantir a transpa-
rência das ações. Cabe mencionar que o acesso dos participantes foi 
feito mediante processo seletivo.310
O Magister oportunizou a possibilidade de os alunos estudarem 
em horário flexibilizado, em comparação com o ensino tradicional. As 
turmas eram formadas com 50 pessoas no máximo. Os estudos acon-
teciam de forma presencial, nas sextas-feiras à noite, nos sábados e 
também no período das férias de janeiro e de julho, de forma mais 
intensiva. As aulas foram ofertadas em horários alternativos para que 
os docentes não se ausentassem das escolas nos dias letivos. O pla-
nejamento evitou a falta de professor nas unidades educacionais. De 
forma simples, resolveu-se o problema e nenhuma pessoa foi impe-
dida de participar das graduações.311 Cabe mencionar que os currí-
culos dos cursos de Licenciatura Plena do Programa Magister segui-
ram as diretrizes curriculares nacionais, bem como as especificidades 
310 SANTA CATARINA. Programa Magister. Florianópolis: Ioesc, 1998.
311 FRONZA, Francisco. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 25 de julho de 2019.
168
das instituições onde foram ofertados, em termos de dias letivos e car-
ga horária prevista, inclusive com a mesma duração.
As graduações contemplaram as questões mais deficitárias do 
magistério catarinense, especialmente a área de Ciências e a forma-
ção dos professores das séries iniciais do Ensino Fundamental. Fo-
ram ofertados os seguintes cursos: Pedagogia, Educação Especial, 
Matemática, Física, Biologia, Geografia, História, Química, Religião, 
Letras – Português e Inglês, Letras – Português e Espanhol, Letras – 
Português e Italiano, Letras – Português e Alemão, Educação Artísti-
ca. Alguns desses cursos, principalmente na área de Ciências, foram 
de complementação da licenciatura curta para a licenciatura plena.312
Excetuando-se a UFSC e a Udesc, as demais instituições parcei-
ras do programa cobravam mensalidades. Por essa razão, a participa-
ção dos educadores no Magister foi totalmente custeada pelo Estado 
de Santa Catarina. A metodologia seguiu o princípio da formação 
continuada, com o curso acontecendo o mais próximo possível do 
local de trabalho e residência do aluno. Além da gratuidade para 
cursar as graduações, o projeto oportunizou apoio financeiro para 
deslocamento do estudante e para custear outras despesas. As licen-
ciaturas foram ofertadas em 46 cidades catarinenses.
A instituição que se prontificava a ofertar determinada gra-
duação, obrigatoriamente precisava ter o reconhecimento daquele 
curso para emitir o diploma ao término das atividades. Algumas 
instituições de grande porte, a exemplo da Universidade Federal 
de Santa Catarina e da Universidade do Estado de Santa Catari-
na, contavam com uma quantidade expressiva de graduações re-
conhecidas e participaram de forma estratégica neste projeto. A 
UFSC ofertou cursos que contemplaram várias regiões catarinen-
ses e aproximadamente 700 alunos. Da mesma forma foi realizado 
o convênio com a Udesc. Outras instituições também atenderam 
expressiva quantidade de estudantes.
Tafner chama a atenção para a dedicação dos professores do 
ensino universitário, que entenderam a essência do projeto. Vários 
docentes se deslocavam de Florianópolis para lecionar nas regiões 
mais distantes, como no extremo-oeste do Estado. Além de benefi-
ciar os alunos participantes, o Magister contemplava as instituições 
de Ensino Superior. As faculdades recebiam um repasse financeiro a 
cada semestre, para colocar sua estrutura à disposição dos estudan-
tes, além de contratar os professores que seriam os responsáveis em 
lecionar os conteúdos.
312 SANTA CATARINA. Programa Magister. Florianópolis: Ioesc, 1998.
169
Praticamente quase 30 anos depois de sua realização, o Progra-
ma Magister ainda é lembrado como uma proposta inovadora, que 
foi de fundamental importância para a qualificação dos professores e 
melhoria do ensino nas escolas. A iniciativa licenciou 4.947 professo-
res das redes estadual e municipal de ensino e de escolas particulares 
de Santa Catarina.
É válido destacar que o projeto foi idealizado por José Tafner e 
sua realização somente foi possível em razão do apoio do então go-
vernador Paulo Afonso. Da mesma forma tornou-se essencial o em-
penho do secretário de Estado da Educação, João Batista Matos, que 
deu carta branca para o professor Tafner coordenar as atividades.313
A equipe do Magister que esteve acompanhando toda as etapas 
de realização do projeto foi composta pelos seguintes profissionais:
Diretor: professor José Tafner. Gerente: professor Guerino Beb-
ber. Coordenador pedagógico: Antônio César Becker. Equipe técni-
ca: Adriana Gava Menezes de Albuquerque, Ana Paula Seara, Eliana 
da Silva Antunes, Fátima Rosana Genovez Scoz, Ida Antunes, Lia 
Soares de Albuquerque de Oliveira, Paulo Bernadi. Equipe de apoio: 
Oldair Schroeder, Márcia Bernadete da Silva, Fernando Rodrigo Dri 
e Maicon Marangoni.
Participação de Verônica Tafner no Programa Magister
Verônica Tafner prestou vestibular na Furb, com primeira op-
ção para o curso de Direito e segunda opção para a licenciatura em 
Letras. Optou por fazer Letras e gostou da experiência de ter cursa-
do essa graduação. Concluiu a formação acadêmica no ano de 1984. 
Praticamente uma década depois surgiu a oportunidade de os edu-
cadores participarem das atividades do Programa Magister. Verônica 
ficou interessada em realizar uma segunda licenciatura, por isso se 
inscreveu no curso Letras – Espanhol, que foi ofertado no município 
de Ibirama. As atividades do Magister eram desenvolvidas por pro-
fessores gabaritados nas áreas do conhecimento. Durante dois anos 
e meio, Verônica dedicou seus finais de semana para se deslocar até 
Ibirama e frequentar as aulas. Era oferecido espaço para as profes-
soras dormirem na própria escola.314 Ao término dessa etapa de es-
tudos, Verônica obteve o diploma de Espanhol, passando a ter duas 
formações acadêmicas.
313 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
314 Idem.
170
Marlon Tafner comenta que na época de realização do Programa 
Magister ainda não existiam as faculdades particulares, desta forma 
o governo estadual fez convênios com universidades públicas como 
a UFSC e a Udesc, além de instituições fundacionais que integravam 
o Sistema Acafe. Quando lembra do projeto, fica impressionado com 
a quantidade de recursos que o governo do estado conseguiu obter 
e disponibilizar para esse programa educacional. As ações foram tão 
marcantes que a parceria entre José Tafner e João Matos continua até 
os dias atuais. Marlon revela que João Matos tem um carinho pela 
família Tafner e boa relação de amizade.315
Uma parceria exitosa em prol da educação catarinense
Os professores José Tafner e João Matos são profissionais reco-
nhecidos na área educacional catarinense. Desenvolveram inúmeras 
ações e projetos de abrangência estadual que contribuíram efetiva-
mente para o aprimoramento da educação em Santa Catarina. A par-
ceria de sucesso foi iniciada na década de 1980, quando João Matos 
lecionou na Fundação Educacional do Alto Vale do Itajaí, atual Uni-
davi. Naquela época existia um convênio para que fossem ofertados 
cursos superiores da Furb no espaço das Fedavi. Em inúmeras oca-
siões Tafner esteve em Rio do Sul participando de reuniõesou de 
momentos de colação de grau dos formandos das licenciaturas. Em 
decorrência desse vínculo educacional, o professor João Matos co-
nheceu pessoalmente José Tafner. A partir daí teve início uma parce-
ria relevante e essencial para a educação catarinense. Durante novos 
encontros profissionais os vínculos foram fortalecidos.
Matos acompanhou a trajetória de Tafner como professor, reitor 
da Furb por dois mandatos e enquanto secretário estadual de Educa-
ção, no final do governo Pedro Ivo Campos. Periodicamente conver-
savam e foi estabelecida uma amizade para além do relacionamento 
profissional. Nessas oportunidades, Tafner manifestava várias ideias 
para o Ensino Superior catarinense, especialmente no âmbito de for-
mação dos professores.316
Posteriormente o professor João Matos foi convidado pelo go-
vernador Paulo Afonso para exercer a função de secretário de Estado 
da Educação. No momento de formar sua equipe de trabalho, Matos 
315 TAFNER, Marlon. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 
agosto de 2019.
316 MATOS. João Batista. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 3 de junho de 2020.
171
convidou José Tafner para desempenhar a função de diretor de Ensi-
no Superior de Santa Catarina e implementar as ideias que havia de-
senvolvido para esse segmento educacional. Tafner aceitou o desafio 
e desta forma foram viabilizadas ações de relevância que até hoje são 
consideradas marcos da história da educação catarinense, principal-
mente na questão de formação acadêmica docente.
Matos enfatiza que o projeto Magister envolveu milhares de pro-
fessores que não contavam ainda com habilitação de nível superior. 
Através das mais de cem turmas formadas, foram contemplados inú-
meros educadores das regiões interioranas de Santa Catarina. O ex-se-
cretário de Estado da Educação destaca que a realização dessa iniciati-
va educacional somente foi possível graças à parceria entre o governo 
de Santa Catarina e as instituições de Ensino Superior. Por meio do 
projeto foram atendidas dezenas de turmas na Universidade Federal 
de Santa Catarina e Universidade do Estado de Santa Catarina. A ini-
ciativa contribuiu também para capitalizar as faculdades e universida-
des fundacionais que integravam o Sistema Acafe, revitalizando-as.317
Antes de ocorrer a implantação em definitivo do projeto Ma-
gister, o secretário João Matos fez um roteiro por alguns países euro-
peus, com a finalidade de firmar parcerias no âmbito tecnológico e 
educacional. Participou de reuniões nos ministérios de Educação da 
Espanha, Alemanha e Itália, onde também recebeu materiais didá-
ticos que posteriormente foram aproveitados nas aulas do Magister.
De acordo com Matos, o Magister apresentou inúmeros aspec-
tos inovadores. Pela primeira vez na história da educação catarinen-
se, a Secretaria de Educação ofertou o curso de Espanhol em diver-
sas cidades do estado. Como forma de contribuir para a preservação 
da cultura das etnias de Santa Catarina, nas regiões de colonização 
alemã ofertou-se a graduação em Letras – Alemão, enquanto nas 
regiões de colonização italiana aconteceu a oferta da graduação em 
Letras – Italiano.
Ao término desse período formativo, constatou-se na prática 
o aspecto revolucionário proporcionado pelo Programa Magister. 
Em momentos anteriores, havia ocorrido ações de capacitação dos 
educadores. O Magister conseguiu avançar neste sentido e oportu-
nizar formação acadêmica, disponibilizando o diploma no final da 
graduação. Além de aumentar consideravelmente o número de pro-
fissionais da educação habilitados, o modelo diferenciado e qualifi-
cado proporcionou a elevação do nível intelectual e pedagógico dos 
professores participantes.
317 Idem.
172
É fundamental mencionar que na época de conclusão do Ma-
gister, poucos estados brasileiros contavam com um corpo docente 
tão qualificado como o de Santa Catarina. Realmente um diferencial 
que beneficiou os estudantes catarinenses, que passaram a contar 
com um número significativo de professores capacitados na área em 
que lecionavam. Conforme destaca Matos, além de beneficiar ini-
cialmente a rede pública de ensino, em um segundo momento os 
profissionais passaram a trabalhar paralelamente em instituições de 
ensino da rede particular.318
João Matos comenta que José Tafner apresenta algumas carac-
terísticas diferenciadas. Além de ser objetivo e determinado em suas 
ações, age de forma arrojada no desenvolvimento dos projetos. Res-
salta o otimismo, a persistência e a coragem de Tafner, que são fato-
res essenciais para alcançar o êxito em suas iniciativas.
Matos desempenhou a função de conselheiro estadual de Edu-
cação de Santa Catarina e recorda que em várias reuniões do conse-
lho os integrantes destacaram positivamente a realização do projeto 
Magister. Portanto, muitos anos depois da execução da iniciativa, 
diversos educadores se recordam com nostalgia da relevância desse 
projeto para a sociedade catarinense.
Recorda que apoiou a realização do Magister desde o momento 
em que a ideia foi apresentada por José Tafner. Além do apoio do se-
cretário de Educação, a implantação do projeto também contou com 
o aval do governador da época, Paulo Afonso Evangelista Vieira. Um 
dos fatos que comprova que o Magister obteve respaldo na sociedade 
catarinense é a sua continuidade após a troca de comando no execu-
tivo estadual. O governador Esperidião Amin sucedeu Paulo Afon-
so e possibilitou a continuidade do projeto de forma plena: seguiu 
destinando recursos para as faculdades que integravam o programa 
educacional. Com certeza trata-se de um fenômeno raro no âmbito 
político, porque geralmente os projetos não têm continuidade a par-
tir do momento em que ocorre a transição. Portanto, deve-se desta-
car que a finalidade educacional do Magister sempre esteve acima de 
questões políticas. Prova disso foi a sua continuidade por homens 
públicos que integravam outra agremiação partidária.
No cotidiano de atividades da Secretaria da Educação, pe-
riodicamente Tafner e Matos se reuniam. Deliberavam sobre 
os encaminhamentos do cotidiano de trabalho e sobre os pro-
jetos que estavam sendo desenvolvidos no período. Da mesma 
forma, trocavam ideias sobre o futuro da educação catarinense. 
318 MATOS. João Batista. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 3 de junho de 2020.
173
Nesses diálogos compartilhavam saberes e debatiam os principais 
desafios da área educacional. Matos menciona que Tafner abor-
dava os assuntos relevantes com profundidade e conhecimento. 
Procurava defender as ideias que acreditava, mas sempre diante 
da perspectiva do diálogo.319
Matos afirma que confiava muito na capacidade do profes-
sor José Tafner em razão de sua ampla experiência como ex-reitor, 
ex-secretário e educador com visão futurista. Encaminhava as de-
mandas de trabalho de forma racional e obtinha resultados rápidos 
e positivos. O conhecimento de Tafner era aproveitado em outras 
deliberações e ações do dia a dia da Secretaria Estadual da Educa-
ção. Mesmo atuando como diretor de Ensino Superior, contribuía no 
aperfeiçoamento dos demais projetos desenvolvidos pela equipe de 
trabalho. Além do Programa Magister, que foi o grande diferencial 
daquela gestão, João Matos informa que ocorreram outras iniciativas 
relevantes e que contemplaram a Educação Básica.320
A frustração no Conselho Estadual de Educação
José Tafner participou do Conselho Estadual de Educação no 
período de 1997 a 2002. Aceitou o desafio de desempenhar a função 
devido a sua participação como fundador e primeiro presidente da 
Associação de Mantenedoras Particulares de Educação Superior de 
Santa Catarina (Ampesc). Apesar da expectativa em desempenhar 
um papel atuante nessa estrutura, a participação como conselheiro 
estadual tornou-se uma das experiências mais frustrantes de Tafner 
na área educacional. A maioria dos conselheiros assumiam a função 
em decorrência de indicaçõespolíticas. Dos 22 integrantes do Con-
selho, somente dois eram da Educação Básica.
Na época de atuação como conselheiro, o governador Luiz 
Henrique da Silveira abriu a possibilidade dos cidadãos catarinenses, 
prefeituras, secretarias municipais de Educação, ou instituições de 
ensino, apresentarem um projeto de Educação a Distância. Caso a 
iniciativa fosse aprovada após a avaliação do Conselho Estadual de 
Educação, receberia então recursos provenientes do governo do esta-
do, no momento de sua implantação. Mesmo diante da oportunidade 
viabilizada pelo governador, os demais conselheiros e representantes 
das faculdades não apresentaram propostas. José Tafner foi o único 
319 Idem.
320 Idem.
174
conselheiro a apresentar o seu projeto através da Associação Educa-
cional Leonardo da Vinci.321 Vale ressaltar que até esse momento, a 
Asselvi ofertava apenas o ensino presencial.
Em seguida, o presidente do Conselho Estadual de Educação 
nomeou a comissão que realizou uma fiscalização na sede da Asselvi 
em Indaial. Os conselheiros aprovaram por unanimidade essa etapa 
do projeto, que foi encaminhado para análise de um colegiado. A 
partir daí, constatou-se que outras instituições de ensino ficaram in-
comodadas com a ousadia de Tafner. A cada nova reunião de análise 
dos projetos, algum conselheiro apresentava um novo impedimento, 
ou argumentava que a proposta não contemplava determinada lei. 
Cabe mencionar que grande parte dos conselheiros representavam 
instituições de ensino fundacionais de Santa Catarina. Em decorrên-
cia da estratégia de apresentar impedimentos, o projeto nunca foi 
votado definitivamente, o que impediu a sua aprovação.
Esse fato chama atenção porque mesmo com o aval do gover-
nador e com a experiência administrativa e educacional de Tafner, 
impediu-se a votação do projeto que proporcionaria inovação para 
a educação catarinense. José Tafner não se abalou e poucos anos de-
pois aprimorou a proposta, que contemplou milhares de estudantes 
de Santa Catarina e posteriormente de outras regiões. Com sua visão 
futurista e revolucionária, já previa as inovações que aconteceriam 
na área educacional brasileira, fato este não compreendido pelas 
mentes conservadoras.
321 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
175
O sonho de criar uma faculdade já era algo presente no imagi-nário de José Tafner, desde o final da década de 1980. Através 
das experiências profissionais como professor universitário, reitor da 
Furb e secretário de Estado da Educação, aperfeiçoou seu arcabouço 
científico e intelectual. Da mesma forma ampliou a capacidade de 
gestão educacional no período entre o final dos anos 70 e a metade 
da década de 1990, quando se aposentou na Furb.
Tafner estava atuando profissionalmente em 1996 como diretor 
de Ensino Superior da Secretaria Estadual de Educação. Nessa época 
começaram a surgir rumores sobre a possibilidade de abertura para 
credenciamento de novas instituições de Ensino Superior. Cabe con-
textualizar que desde 1966 não havia ocorrido liberações de forma 
tão ampla. É importante mencionar que o ano de 1996 apresentou 
grande relevância para a história da educação brasileira em razão da 
aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). 
Esta legislação foi promulgada pelo presidente Fernando Henrique 
Cardoso, em 20 de dezembro de 1996.
Com visão empreendedora e de futuro, Tafner anteviu a opor-
tunidade efetiva para credenciamento de novas faculdades. Apesar 
de apreciar sua atividade na Secretaria Estadual da Educação, pediu 
exoneração do governo Paulo Afonso para realizar o sonho de criar a 
própria instituição educacional. Passou a se dedicar exclusivamente 
ao projeto de criação da Associação Educacional Leonardo da Vinci.
Em relação ao surgimento da Asselvi, Verônica Tafner menciona 
que seu marido tinha em mente que precisava fazer alguma ativida-
de após se aposentar na Furb.322 “Nesse momento comecei a colocar 
em prática o projeto que sonhei em 1989, para criar uma faculda-
de. Todos os filhos estavam estudando e sabia que a aposentadoria 
322 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
CAPÍTULO 10
Realizando o sonho de criação de 
uma Instituição de Ensino Superior
176
não me dava condições de continuar vivendo com tranquilidade, com 
três filhos estudando e crescendo e a Marylin necessitando de condi-
ções cada vez melhores para o seu bem-estar. Todo o projeto foi escrito 
por mim, linha por linha”, destaca Tafner.323
Outro aspecto relaciona-se à dedicação do professor Tafner ao 
trabalho, sendo que não conseguia ficar ocioso. Precisava sempre es-
tar envolvido em alguma atividade, produzindo ou empreendendo. 
O casal passava os finais de semana em um apartamento na praia 
de Gravatá, onde conversava a respeito e buscava idealizar novos 
projetos para o futuro. Verônica comenta que seu esposo sempre foi 
estudioso. Apresentava vontade de aprender cada vez mais e nunca 
encerrava a busca por novos saberes. Além de fazer a leitura dos li-
vros, acompanhava também o noticiário e se inteirava sobre as atua-
lizações da legislação brasileira concernente à área educacional.324
Através da imprensa soube da expectativa sobre a liberação do go-
verno brasileiro para que fossem abertas novas faculdades no país, uma 
situação que praticamente não ocorreu no período da administração 
dos militares. Verônica tem a recordação de Tafner almoçando, cercado 
de papel, lápis e caneta. Com entusiasmo desenhava como seria a sua fa-
culdade e fazia planos. Buscava alternativas para tornar o sonho em algo 
prático e real. Naquele momento começou efetivamente a desenvolver o 
projeto de idealização da Asselvi. Com auxílio da esposa, Tafner ia tro-
cando ideias e fazendo anotações em relação à estrutura que precisaria 
no primeiro ano de atividades, quantidade de professores, infraestrutura 
necessária, entre outros inúmeros aspectos.325
Almejava deixar o projeto totalmente organizado até o momen-
to em que ocorresse a autorização do governo, em seguida já proto-
colaria o pedido de abertura da faculdade. Tafner contou com a de-
dicação do filho Malcon, que ajudou a escrever os projetos de cursos, 
mas sempre com sua orientação e revisão. Por causa da quantidade 
expressiva de informações, houve a contratação de um ajudante que 
digitava os projetos de cursos manuscritos. O trabalho também era 
realizado nos sábados e domingos.326
“No segundo semestre de 1996 e no primeiro semestre de 1997, 
com o apoio dos filhos Marlon, Malcon, Marlen e de dois funcio-
nários contratados para o projeto da faculdade, conseguimos deixar 
323 Idem, em 1o de maio de 2020.
324 TAFNER, Verônica Teresinha. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 24 de julho de 2019.
325 Idem.
326 TAFNER, Malcon. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 24 de julho de 2019.
177
prontos os volumes que faziam parte do projeto pedagógico. Eu que-
ria realizar o meu sonho: criar uma faculdade. Tinha a esperança de 
ser bem-sucedido”, afirma Tafner.327
Protocolando o projeto da Asselvi no MEC
No final do mês de junho de 1997 ocorreu a liberação para aber-
tura de novas faculdades, algo que não acontecia há 30 anos no país. 
No dia 1o de julho de 1997, às oito horas da manhã, José Tafner estava 
em Brasília. Acompanhado pelo filho Marlon, protocolou o projeto 
de criação da Associação Educacional Leonardo da Vinci no Minis-
tério da Educação. Naquele período não contavam ainda com algu-
mas das facilidades tecnológicas da atualidade. O material precisava 
ser entregue de forma impressa, por essa razão foram protocolados 
15 volumes encadernados. Nessa quantidade expressiva de papel 
constavam os projetos de constituição da faculdade e de criação de 
cursos superiores. A documentação passou a ser analisada pelas co-
missões específicas do MEC.328
A parceria do prefeitocom o projeto da Asselvi
No período em que a Asselvi se instalou em Indaial, a prefei-
tura era administrada por Luiz Polidoro. Em um primeiro contato, 
Tafner procurou Polidoro para convidá-lo para ser sócio da facul-
dade. O prefeito que desempenhou seu mandato entre 1997 e 2000, 
agradeceu o convite. Informou que não contava com recursos para 
participar de um investimento tão grandioso, mas abriu as portas 
da prefeitura para auxiliar no que fosse necessário.329 “A ideia da fa-
culdade estava viva, tanto para mim como para a minha família. Eu 
e Verônica resolvemos pedir apoio à Prefeitura de Indaial, dirigida 
pelo Luiz Polidoro. Dissemos a ele que estávamos vendendo as cotas 
e pedimos a sua ajuda no que fosse possível. De imediato o prefeito 
se prontificou em ajudar”, informa Tafner.330
327 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
328 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
329 POLIDORO, Luiz. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
no dia 5 de setembro de 2019.
330 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, no dia 
1o de maio de 2020.
178
Polidoro esclarece que já fazia alguns anos que os municípios de 
Indaial e Timbó estavam reivindicando a instalação de um campus, 
ou de uma extensão da Furb. A solicitação era justificada diante dos 
desafios de deslocamento diário até Blumenau, em razão do aumen-
to do tráfego de veículos na BR-470. Todavia, não obtiveram uma 
resposta positiva da universidade. O interesse de criação de um em-
preendimento educacional no município trazia nova esperança para 
a comunidade de Indaial, em termos de acesso ao Ensino Superior.331
Momento de pânico, o projeto desapareceu
Enquanto prefeito, Luiz Polidoro utilizou toda a rede de con-
tatos que possuía em benefício desse projeto educacional. Com-
preendia a importância da instalação da Asselvi, pensando no 
futuro de Indaial. Esteve em Brasília em algumas ocasiões, junto 
com Tafner. Acompanhou o momento em que o processo solici-
tando a autorização de funcionamento da instituição foi proto-
colado no Ministério da Educação. Naquela oportunidade, Lilian 
Fenzer trabalhava em uma estrutura governamental, em Brasília. 
A servidora federal é natural de Indaial e contava com familiares 
residindo no município.332
O então prefeito de Indaial solicitou que Lilian acompanhasse 
a tramitação do processo e que informasse os avanços que fossem 
ocorrendo. Algum tempo depois Lilian ligou para informar que o 
projeto havia desaparecido. Polidoro lembra que o professor Tafner 
ficou apavorado após saber dessa situação absurda e inexplicável. O 
processo foi refeito e protocolado novamente na capital federal.
Polidoro compreendia a perspectiva de desenvolvimento que a 
Asselvi representaria para o município, conforme entrasse em pleno 
funcionamento. Procurava ajudar de todas as formas possíveis. Um 
dos encaminhamentos foi a ligação feita para o político catarinense 
Jorge Konder Bornhausen, que naquele período exercia a função de 
embaixador em Portugal.333 Bornhausen solicitou que Polidoro en-
caminhasse uma correspondência oficial, com informações sobre a 
situação que precisava obter encaminhamentos.
O ofício foi enviado conforme as orientações e posteriormente 
Polidoro recebeu uma resposta do embaixador. A correspondência 
331 POLIDORO, Luiz. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 5 de setembro de 2019.
332 Idem.
333 Idem.
179
informava que Bornhausen havia conversado com o ministro da 
Educação e que provavelmente ocorreria a liberação para a criação 
da Asselvi, no município de Indaial. Por ser um documento histó-
rico, o original está arquivado na Prefeitura de Indaial.334
A escolha do espaço para funcionamento das atividades
Após o encaminhamento realizado junto ao Ministério da 
Educação, surgiu o desafio de encontrar um local para instalação 
da faculdade. Em um momento inicial, a família Tafner se infor-
mou sobre o terreno onde funcionava anteriormente a empresa Ce-
leiro do Vale Administração de Bens, em Blumenau. Porém, exis-
tiam questões judiciais devido à falência desse empreendimento, 
uma situação extremamente complexa. Outra ideia foi utilizar o 
espaço onde funcionava a danceteria Harpia, nas imediações do 
trevo de Indaial e da BR-470. O estabelecimento era de propriedade 
de um irmão de Tafner. No entanto, não chegaram a um acordo e a 
questão da escolha do local da faculdade retornou à estaca zero.335 
O entrave relacionava-se à falta de recursos para realizar os inves-
timentos necessários.
Posteriormente Polidoro demonstrou interesse em viabilizar a 
doação de um terreno do município de Indaial para a construção da 
Asselvi. No entanto, Tafner precisava resolver com urgência a defi-
nição do lugar onde seria instalada a faculdade. “Inicialmente o pre-
feito nos ofereceu uma área junto ao complexo Ribeirão das Pedras, 
com quase 100 mil metros quadrados. Fomos ver e depois de avaliar 
dissemos que não era viável no momento, por ser longe do centro, do 
outro lado da cidade.”336
A atuação política do prefeito de Indaial foi fundamental para 
que a Asselvi fosse instalada no município. Polidoro dedicou atenção 
especial para o empreendimento da família Tafner. Até mesmo fez 
a indicação de um terreno com localização estratégica e capacidade 
de contemplar as necessidades da instituição de ensino, que estava 
sendo criada no município.337
334 Idem.
335 TAFNER, Malcon. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 24 de julho de 2019.
336 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
337 POLIDORO, Luiz. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 5 de setembro de 2019.
180
Polidoro acompanhou o casal José Tafner e Verônica e o filho 
Malcon quando foram verificar um grande terreno localizado nas 
margens da BR-470, praticamente ao lado do trevo de acesso ao mu-
nicípio de Indaial. Nesse lugar funcionava anteriormente a indús-
tria têxtil Mabu, que havia falido e deixado dívidas trabalhistas. O 
local foi um grande achado para a família Tafner, considerando-se 
a urgência em deixar tudo pronto para iniciar o funcionamento.338 
“Achamos que daria para fazer as adaptações necessárias. Colocou a 
nossa disposição o setor de engenharia da prefeitura, que fez o proje-
to completo da reforma. Procurou o diretor do fórum, o juiz Lorival 
Krüguer, intercedendo para que os prédios fossem disponibilizados 
à Asselvi. O juiz autorizou que ocupássemos os prédios da massa 
falida. O síndico da massa falida ficou contente porque ia ter alguém 
cuidando dos prédios e recebendo um aluguel por mês.”339
Anteriormente a área havia sido disponibilizada pelo municí-
pio para organização de um polo industrial e instalação de pequenas 
empresas. Lamentavelmente, ocorreu um período de crise econômi-
ca que ocasionou o fechamento dos estabelecimentos industriais. Os 
terrenos não foram repassados para o patrimônio da prefeitura de 
Indaial no momento de falência das empresas, o que ocasionou um 
imbróglio jurídico.340
Além do prefeito Luiz Polidoro, outros dois nomes desempe-
nharam papel relevante nesse processo. Graças ao trabalho do juiz 
Lorival Krüger, que também era professor da Furb, e do advogado e 
procurador da indústria têxtil, Henrique Kloch, ocorreu um acordo 
que beneficiou os trabalhadores que estavam sem receber o que ti-
nham direito. Ficou deliberado que a faculdade pagaria um aluguel 
mensal pela utilização da área e que este valor seria repassado aos 
ex-funcionários até que fossem quitadas as dívidas trabalhistas da 
indústria têxtil. O acordo agradou a todos: aos trabalhadores, que 
receberiam seus valores; à família Tafner, que passou a ter um local 
para instalar seu empreendimento; e ao município de Indaial,que 
sabia da importância de uma faculdade para o desenvolvimento eco-
nômico e cultural da região.341
338 TAFNER, Verônica Teresinha. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 24 de julho de 2019.
339 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
340 POLIDORO, Luiz. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 5 de setembro de 2019.
341 TAFNER, Verônica Teresinha. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 24 de julho de 2019.
181
Arregaçando as mangas e colocando a mão na massa
Vencida a etapa de encontrar um local estratégico para insta-
lação da Asselvi, surgiu o desafio de organização desta grande área. 
O terreno estava praticamente abandonado desde a falência da ma-
lharia. Existia a necessidade de realização de um intenso trabalho de 
limpeza. O sonho de implantação da faculdade já não era mais algo 
particular da família Tafner. Várias pessoas estavam compartilhando 
a possibilidade de a região poder ser contemplada com uma institui-
ção de Ensino Superior.342
A Prefeitura de Indaial foi uma parceira na etapa de limpeza e 
terraplanagem do terreno irregular. O município disponibilizou ma-
quinários, carregadeira, patrola e caminhões para efetuar os traba-
lhos. As benfeitorias foram realizadas com o aval dos vereadores. A 
administração municipal procurou auxiliar de todas as formas possí-
veis. A empolgação era tanta que até mesmo o prefeito Luiz Polidoro 
foi trabalhar no final de semana na limpeza da área. Além da família 
Tafner, os primeiros professores contratados também participaram 
do momento de organização do local.
Todos os participantes do mutirão, fossem eles familiares ou 
voluntários, realmente arregaçaram as mangas e colocaram a mão 
na massa. O esforço pode ser comparado aos trabalhos coletivos or-
ganizados pelos imigrantes, em localidades interioranas do Vale do 
Itajaí. Nesses mutirões comunitários dos primórdios da colonização 
regional, as famílias da comunidade se reuniam para construir a resi-
dência de um jovem casal, ou fazer a colheita na roça de uma família 
de agricultores.
Até mesmo pessoas de outros municípios vieram ajudar, como 
foi o caso dos irmãos de Hermínio Kloch e Henrique Kloch, que 
posteriormente se tornaram professores da instituição. Esses ho-
mens eram agricultores no município de Rio do Campo, no Alto 
Vale do Itajaí, e voluntariamente vieram somar forças na limpe-
za do terreno. Por serem pessoas do interior e com bastante vigor, 
contribuíram de forma significativa em uma etapa que exigiu bas-
tante esforço físico.343
“Na segunda quinzena de abril de 1998, contando com o apoio 
da prefeitura, foram iniciadas as obras de adaptação e de reforma que 
formaram as instalações da Asselvi, bloco A e bloco B, em Indaial. A 
prefeitura disponibilizou máquinas e pessoal para a limpeza externa 
342 Idem.
343 KLOCH, Hermínio. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 5 de setembro.
182
e para fazer o esgoto das águas pluviais. A nossa família e a família do 
síndico da massa falida (família Klock) colocaram verdadeiramente 
a mão na massa. Com enxadas, pincéis, escovões, pás, martelos e 
tantas outras ferramentas, partimos para o ataque. Era bonito de ver”, 
relata Tafner.344
Junto com o casal Tafner, os filhos Malcon, Marlon e Marlen es-
tiveram participando desses momentos. Verônica Tafner recorda que 
a nora Taysa Andrea Tonet Tafner (esposa de Marlon), que estava 
grávida, também ajudava como podia. Desta etapa de bastante traba-
lho, ela lembra de um fato curioso: um advogado amigo de Marlon, 
Rafael Rossi Vieira, foi auxiliar na limpeza. Ao observar o hidrante 
de bombeiro da antiga fábrica, acionou o equipamento. Com o forte 
jato de água, conseguiram empurrar uma quantidade impressionan-
te de sujeira para fora do galpão.345
Procuraram lavar móveis para reutilização e da mesma for-
ma aproveitaram a estrutura dos galpões. Tudo o que se encon-
trava em boas condições era reaproveitado. Havia limitações de 
recursos financeiros, por isso era preciso usar a criatividade. No 
decorrer da etapa de limpeza do galpão, o grupo amontoava os 
materiais, que depois seriam eliminados. Um fato inusitado acon-
teceu quando Verônica Tafner passou ao lado do amontoado e 
recolheu alguns objetos que estavam sendo descartados. Em se-
guida, comentou para a equipe que era importante guardar as ré-
guas de madeira. Existiam diversas indústrias têxteis em Indaial e 
futuramente a instituição poderia oferecer um curso nessa área.346 
Alguns anos depois a instituição passou a ofertar o curso de De-
sign de Moda, que atualmente é uma das graduações com maior 
aceitabilidade na região de Indaial, conforme menciona o atual 
reitor da Uniasselvi, Hermínio Kloch.
Este foco do casal Tafner em procurar ser econômico, mas reali-
zar tudo da melhor forma possível, demonstrou o respeito por aquele 
momento de início de organização da instituição. A atitude inusitada 
sensibilizou a equipe, que ficou ainda mais focada no trabalho.347
Kloch esclarece que o professor Tafner contava com um pro-
jeto maravilhoso e com vontade de empreender. Para realizar esse 
objetivo, precisava da união do seu time para superar os desafios 
344 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
345 TAFNER, Verônica Teresinha. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 24 de julho de 2019.
346 KLOCH, Hermínio. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 5 de setembro.
347 Idem.
183
econômicos enfrentados nos primórdios da fundação da Associa-
ção Educacional Leonardo da Vinci. Afirma que um dos episó-
dios mais marcantes da etapa de construção da estrutura física da 
Asselvi foi a dedicação de Tafner, que não mediu esforços para que 
a obra fosse realizada. Este aspecto marcou bastante a equipe de vo-
luntários e de profissionais pioneiros da instituição. Afinal de con-
tas, admiravam a trajetória de José Tafner enquanto ex-reitor da 
Furb e empresário visionário. Naquele momento Tafner estava tra-
balhando como um peão de obra, literalmente colocando a mão na 
massa, desenvolvendo atividades que exigiam considerável esfor-
ço físico. A entrega total inspirou os demais integrantes do grupo. 
“Poxa, se ele faz, por que eu não posso fazer?”, relembra Hermínio 
ao falar sobre o quanto se impressionaram naquele período com o 
empenho de Tafner.348
Essa fase gerou alguns fatos pitorescos e um dos principais re-
laciona-se ao momento em que acabou o combustível de uma pa-
trola durante o trabalho de terraplanagem. Após ser restabelecido 
de forma improvisada, o maquinário precisou ser empurrado mor-
ro abaixo para funcionar novamente. A patrola foi empurrada por 
José Tafner, pelo prefeito de Indaial, Luiz Polidoro, e por Henrique 
Kloch.349 O episódio aconteceu quando estava sendo feita a terrapla-
nagem, entre os espaços que depois foram transformados na Biblio-
teca Dante Alighieri e em salas de aula.
348 Idem.
349 Idem.
Primeiro 
laboratório 
do Curso de 
Design de Moda 
da Uniasselvi. 
Acervo Rodolfo 
Leite
184
Tudo era aproveitado da maneira que fosse possível. Utilizou-se 
um caminhão que pertencia à massa falida para transportar o que 
era necessário neste legítimo canteiro de obras. O voluntariado da 
família Kloch foi fundamental para o prosseguimento das ativida-
des. Os familiares de Hermínio e Henrique eram acostumados com a 
lida da roça e por isso contavam com expressiva força física. A ajuda 
desses homens tornou-se estratégica, especialmente no trabalho de 
transformação dos galpões.
Hermínio faz questão de mencionar que a estrutura física da As-
selvi não foi construída por uma grande empreiteira. A paixão pela 
área educacional e o brilho nos olhos do professor Tafner, por estar 
fazendo algo diferenciado, contagiava a equipe que estava auxiliandonessa etapa de trabalho. De acordo com Kloch, desde as primeiras 
reuniões com Tafner, ficou bem claro que não estava apenas ocorren-
do uma limpeza de galpão. Paralelamente acontecia a implantação de 
uma ideia que representaria uma nova etapa para a cidade.350
Uma das características de Tafner era motivar e incentivar as 
pessoas para que fossem persistentes e buscassem realizar o desa-
fio que haviam recebido. Durante a fase de limpeza do espaço, le-
vou algumas cucas e guaranás para agradar o grupo. De forma bem 
humorada, Kloch lembra desse episódio e da empolgação de seus 
familiares de Rio do Campo, que comentaram: “Meu Deus do céu, 
esse patrão de vocês aí é diferente, né cara, imagina como não vai ser 
divertido trabalhar com ele”.351
350 Idem.
351 Idem.
Primeiros 
momentos da 
Asselvi em 
Indaial. Acervo 
Malcon Tafner
185
A partir da finalização da reforma do bloco A, a sala A1 foi des-
tinada para receber os alunos pós-graduandos, através do convênio 
firmado com a Univille.
Valquíria Luiza Tafner da Cunha trabalhou como secretária 
na fase pioneira da instituição e destaca que José Tafner construiu 
a Asselvi com as próprias mãos: “Literalmente, porque em inúmeras 
oportunidades o MEC ligava e eu ia chamá-lo com o telefone sem 
fio, nos arredores onde ele estava até roçando o terreno. Outras vezes 
sugeria que limpasse o calçado, porque vinha dos terrenos onde aju-
dava e orientava o pessoal da construção. Certa vez entrei na sala e 
ele estava desenhando o projeto dos novos blocos, das salas de aula. 
Ele é muito bom de desenho, por isso creio que o seu inspirador seja 
Leonardo da Vinci, o multifacetado”.352
Incentivando os servidores a cursar graduações
Além dos incentivos fiscais e em termos de maquinários, a Pre-
feitura de Indaial procurou estimular os servidores municipais para 
que cursassem uma faculdade. Anteriormente existia uma dificuldade 
de acesso ao Ensino Superior, considerando-se que a outra instituição 
de Ensino Superior regional contava com determinada quantidade de 
vagas. Outro desafio era viabilizar o custo da mensalidade, mais os 
gastos com transporte até Blumenau. Conforme ocorreu o início das 
atividades da Asselvi, o prefeito Polidoro encaminhou um projeto para 
a Câmara de Vereadores. A proposta era o poder público municipal 
subsidiar a mensalidade dos funcionários da municipalidade.353
A iniciativa recebeu apoio dos parlamentares indaialenses por-
que representava uma ótima oportunidade de qualificação profissio-
nal e acadêmica para as pessoas contempladas com o auxílio edu-
cacional. Durante os dois mandatos como prefeito de Indaial, Luiz 
Polidoro procurou apoiar a área da educação através da criação de 
várias escolas básicas. Considera como um dos marcos do período 
que esteve à frente da gestão municipal o incentivo para os servido-
res municipais cursarem uma faculdade na Asselvi.354
Polidoro exerceu a função de secretário de Desenvolvimento 
Regional de Timbó a partir do ano de 2007. Esta estrutura pública 
352 CUNHA, Valquíria Luiza Tafner da. Entrevista concedida a Evandro André de Souza, em 9 de 
janeiro de 2020.
353 POLIDORO, Luiz. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 
5 de setembro de 2019.
354 Idem.
186
estadual abrangia os municípios de Timbó, Indaial, Ascurra, Benedi-
to Novo, Doutor Pedrinho, Rio dos Cedros e Rodeio. Durante a rea-
lização dessa atividade, esteve em contato frequente com lideranças 
de vários municípios do Médio Vale do Itajaí. Procurou incentivar os 
gestores para que proporcionassem alguma forma de subsídio para 
os servidores municipais estudarem na Uniasselvi, especialmente 
para os educadores que não contavam com formação universitária. 
Mencionava que anteriormente as pessoas precisavam estudar em 
outros centros e depois em Blumenau. Através das graduações ofer-
tadas pela Uniasselvi, já não precisavam mais se deslocar tão longe 
para realizar o sonho de cursar o Ensino Superior.355
O progresso em Indaial graças à Asselvi
Ao observar o crescimento econômico vivenciado pelo muni-
cípio de Indaial graças à instalação da Asselvi, Polidoro comemora 
essa conquista importante que beneficiou toda a comunidade indaia-
lense. Com o início das atividades da Associação Educacional Leo-
nardo da Vinci, o comércio obteve uma projeção de destaque. Além 
dos moradores de Indaial, passaram a estudar na faculdade pessoas 
vindas de municípios próximos, como Timbó, Rio dos Cedros, Apiú-
na, Ascurra, Presidente Getúlio, Ibirama, Rio do Sul e Blumenau. Os 
estudantes acabam fazendo compras nos estabelecimentos comer-
ciais e desta forma movimentam a economia local. A valorização dos 
imóveis também foi outro aspecto marcante.356
Polidoro se surpreendeu com o fenômeno proporcionado pe-
las atividades da Asselvi. O município de Indaial se beneficiou ainda 
mais a partir do momento em que a instituição obteve a condição de 
centro universitário, transformando-se na Uniasselvi. Pessoas prove-
nientes de outras regiões catarinenses, e até mesmo de outros estados 
do Brasil, vieram morar em Indaial para cursar as novas graduações 
abertas pela Uniasselvi. De acordo com Luiz Polidoro, é possível di-
mensionar Indaial antes e depois da Asselvi, como forma de ilustrar a 
fase de desenvolvimento econômico que ocorreu. “Mudou totalmen-
te a vida de Indaial com a instalação da Asselvi. Foi uma das maiores 
conquistas da história do município. Indaial é conhecida em Santa 
Catarina, no Brasil e até no exterior, graças à instalação da Asselvi.”357
355 Idem.
356 Idem.
357 Idem.
187
Apoio às novas empresas e à qualificação 
dos colaboradores
No decorrer das gestões de Luiz Polidoro foram instaladas deze-
nas de empresas em Indaial. A prefeitura procurou incentivar a cria-
ção de novos empreendimentos que contribuíssem para o desenvol-
vimento do município. Enquanto prefeito, Polidoro enviava projetos 
para a Câmara de Vereadores com a finalidade de oficializar a doação 
de terrenos que pertenciam à municipalidade. Com apoio dos parla-
mentares municipais, foram concedidos incentivos para importantes 
empresas, com destaque para Albany, Taschibra, Teka, Proeco, Ipel, 
Dopel, HJ Hering e Asselvi.358 Além de proporcionarem a geração de 
empregos e renda, com o início das atividades da Associação Educa-
cional Leonardo da Vinci essas empresas passaram a subsidiar parte 
do valor das mensalidades como forma de incentivar seus colabora-
dores a cursarem uma graduação.359
Luiz Polidoro realizou os estudos iniciais no Seminário Sale-
siano de Ascurra e posteriormente obteve o diploma para trabalhar 
como responsável técnico de farmácia. Desempenhou esta função 
durante 40 anos. Também foi vereador, vice-prefeito e prefeito em 
duas oportunidades. Em 2019 completou 80 anos de idade. Conside-
ra que um dos marcos de sua trajetória pública foi ter contribuído de 
alguma forma para a história de sucesso da Uniasselvi.360
A Asselvi poderia ter se instalado em Gaspar
Um dos aspectos mais curiosos sobre os primórdios da Associa-
ção Educacional Leonardo da Vinci e pouco conhecido pela comuni-
dade educacional relaciona-se à possibilidade de a Asselvi ser insta-
lada no município de Gaspar. Quando Tafner se aposentou na Furb, 
aceitou o convite para desempenhar a função de diretor de Ensino 
Superior da Secretaria Estadual da Educação. Nesse período conti-
nuou mantendo contato com Aloir Arno Spengler, que foi chefe de 
gabinete da reitoria da Furb nos dois mandatos que Tafner exerceu 
como reitor.
Aloir se aposentou na Furb em 30 de agosto de 1996. Poucos 
meses depois, recebeu o convite para contribuir com sua experiên-
cia profissional na Prefeitura de Gaspar. A partir de 1o de janeiro 
358 Idem.
359 Idem.
360 Idem.
188
de 1997, assumiu a Secretaria do Interior e Assuntos Estratégicos de 
Desenvolvimento. Spengler passou a desenvolver projetos para opor-
tunizar que o município buscasse recursos dos governos estadual e 
federal. Por realizar esta atividade, deslocava-se com frequênciaaté 
Florianópolis. Em diversas ocasiões, manteve contato com Tafner, 
que nessa fase estava elaborando o projeto da Asselvi.361
Houve um período em que Aloir desempenhou a função de se-
cretário municipal de Educação de Gaspar. Da mesma forma, conti-
nuou buscando parcerias do governo estadual. Em determinada oca-
sião, estava cumprindo agenda na Secretaria da Educação, quando foi 
chamado por Tafner para um espaço mais reservado. O assunto da 
conversa sigilosa relacionava-se à organização de um Plano B para 
instalação da Asselvi. Neste período Tafner realizava tratativas com o 
prefeito Luiz Polidoro, de Indaial, para que a faculdade fosse instala-
da naquele município. Mesmo assim, desejava ter outra possibilidade, 
caso viesse a ocorrer qualquer imprevisto que inviabilizasse a abertura 
do empreendimento educacional no município de Indaial.362
Aloir aprovou a ideia e afirmou, enquanto secretário municipal 
de Gaspar, que o professor Tafner receberia total apoio do município 
caso acontecesse algum impedimento em relação às negociações em 
Indaial. O Plano B não chegou a ser concretizado porque a institui-
ção recebeu grande incentivo do prefeito Polidoro e se concretizou a 
instalação da Asselvi em Indaial. Mesmo não tendo sido concretiza-
do, este fato representa um dos aspectos mais curiosos dos primór-
dios da história da Associação Educacional Leonardo da Vinci.363
A contratação dos primeiros professores da Asselvi
Com o credenciamento da Asselvi, iniciou-se então a etapa de 
contratação dos professores, para que os nomes dos profissionais 
constassem nos projetos dos cursos de graduação. A informação so-
bre a instalação de uma nova faculdade circulou por toda a região. 
No meio universitário os comentários também eram constantes. 
Chamava atenção a possibilidade do surgimento de uma instituição 
de Ensino Superior particular que representasse mais uma oportu-
nidade de acesso das pessoas ao conhecimento e à formação acadê-
mica e intelectual.
361 SPENGLER, Aloir Arno. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 6 de setembro de 2019.
362 Idem.
363 Idem.
189
No período de contratação dos professores pioneiros, optou-se 
inicialmente em divulgar as vagas para docentes nos cursos de mes-
trado e doutorado das instituições de Ensino Superior de Florianó-
polis. Verônica e Marlon foram então para a capital catarinense, onde 
passaram uma semana fazendo a divulgação das vagas de professor 
universitário. Visitaram as universidades e fixaram a propaganda em 
locais estratégicos, informando os endereços para que os interessa-
dos entrassem em contato. Nos cartazes colocaram como referência 
um endereço de Florianópolis. Depois de uma semana os candidatos 
precisavam entrar em contato com Verônica Teresinha Machado, em 
Blumenau. Por opção, não foi utilizado o sobrenome Tafner na pro-
paganda da Asselvi.364
Bernardo Knabben avistou alguns cartazes que foram espalha-
dos nas dependências da UFSC. Os professores interessados deve-
riam entrar em contato através do número informado e falar com 
Teresinha. Fez a ligação e depois foi até a quitinete da família Tafner 
em Florianópolis, entregando o currículo em mãos. Somente algum 
tempo depois Knabben soube que Teresinha era o segundo nome de 
Verônica Tafner.365
Posteriormente, Bernardo recebeu retorno e compareceu à 
entrevista de emprego em Blumenau. O escritório de início das 
atividades da Asselvi situava-se na Rua 7 de Setembro. O primeiro 
funcionário da faculdade foi Marlon Tafner e Verônica auxiliava se-
cretariando o filho. Knabben foi entrevistado por Verônica e este foi 
o seu primeiro contato com a Associação Educacional Leonardo da 
Vinci. Após apresentar um ótimo currículo, Bernardo Knabben foi o 
primeiro professor contratado pela Asselvi. Com o passar dos anos, 
o jovem se tornaria um profissional de destaque na instituição, esta-
belecendo forte vínculo com a família Tafner.366
“Com coragem, em julho de 1997 tínhamos protocolado o 
projeto pedagógico da faculdade. Com o protocolo em mãos, pre-
cisávamos de um local para receber informações e diligências da 
parte pedagógica e de um telefone para contatos. Montamos um 
escritório em Blumenau, na Rua Sete de Setembro. Era o escritó-
rio de advocacia do Marlon. Foi dali que acompanhamos o projeto 
da faculdade e respondíamos às diligências que vinham do MEC. 
364 TAFNER, Verônica Teresinha. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 24 de julho de 2019.
365 KNABBEN, Bernardo. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 17 de abril de 2020.
366 TAFNER, Verônica Teresinha. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 24 de julho de 2019.
190
De agosto a dezembro de 1997 foram solicitadas pelo MEC diver-
sas alterações e esclarecimentos. A primeira foi a retirada de todo 
o projeto pedagógico. O projeto pedagógico era Unesvi, Unidade 
de Ensino Superior do Vale do Itajaí. Tivemos que trazer de volta 
e refazer todos os nove volumes porque em todas as páginas tinha 
no cabeçalho Unesvi. Foi ali que trocamos para Facivi – Faculdades 
Integradas do Vale do Itajaí. Não deixaram usar ‘Uni’, porque so-
mente as universidades podiam usar ‘Uni’. O regimento foi baixado 
em diligência diversas vezes e passou a ser assinado apenas pelo 
presidente da Facivi. A respeito dos cursos, sempre vinha alguma 
coisa para complementar. Se fossem aprovados os cursos, assina-
ríamos um documento que nos obrigava a pedir as comissões de 
verificação in loco, nos próximos 12 meses. Caso não tivéssemos 
condições de pedir, por falta do espaço físico e outras exigências, só 
poderíamos retornar com o projeto dois anos depois. Apesar disso, 
tínhamos esperança de conseguir a faculdade, embora não contás-
semos com nenhum lugar definido. Nossos filhos estavam muito 
empenhados em todo o processo”, contextualiza Tafner.
A ousadia em contratar professores jovens
A contratação de Bernardo Knabben seguia uma orientação de 
José Tafner. A Asselvi pretendia constituir um corpo docente forma-
do por jovens, com novas ideias e visões de mundo. Quando se fala 
em experiência docente, naturalmente imagina-se um educador com 
bastante idade, com anos de prática em sala de aula e convivência 
com o universo educativo. Normalmente, seriam esses os profissio-
nais que iniciariam um projeto educacional de uma instituição de 
Ensino Superior. A Asselvi promoveu um grande diferencial e rom-
peu com o padrão desde o início das atividades.
De acordo com Mauro Fistarol, uma das principais caracterís-
ticas desse momento foi o arrojo do professor Tafner: “Ele quebrou 
paradigmas, esse é um novo momento da educação, que necessita 
de novas ideias”. Enquanto gestor, Tafner orientou a contratação de 
professores jovens, dispostos a se entregarem para a área da educa-
ção. Os educadores da Asselvi deveriam transmitir o conhecimen-
to tácito da área acadêmica e, paralelamente, o conhecimento do 
mundo dos negócios, especialmente nas graduações no segmento 
da administração.367
367 FISTAROL, Mauro. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 6 de setembro de 2019.
191
Antes de iniciar as atividades de docência, os primeiros educa-
dores da instituição participaram de reuniões com Tafner e conhe-
ceram os princípios filosóficos norteadores da Asselvi. Da mesma 
forma ficaram sabendo dos princípios de negócios, que almejavam 
preparar o aluno para o mercado de trabalho, para que fosse um 
profissional bem-sucedido no seu ramo de atuação. Os renomados 
e experientes profissionais Sálvio Müller e Lorival Beckhauser, que 
já integravam a instituição e foram contratados por Tafner anterior-
mente, receberam a missão de operacionalizar o Centro de Aper-
feiçoamento Docente (CAD) dentro dos princípios definidos, para 
orientar e assessorar o núcleo de docentes. Esses educadores da velha 
guarda da Furb estavam aposentados e aceitaram o desafio de repas-
sar a experiênciaque adquiriram, após décadas de trabalho educati-
vo em sala de aula.368
A valorização do corpo docente da instituição
Malcon Tafner e Bernardo Knabben realizaram o trabalho de 
seleção dos demais profissionais que integrariam o corpo docente 
da Asselvi. Analisavam os currículos e faziam as entrevistas, procu-
rando identificar o quanto a pessoa conhecia do assunto que estava 
se propondo a lecionar. Também averiguavam quais eram as expe-
riências profissionais vivenciadas anteriormente. Malcon chegou a 
negar a contratação de indivíduos com titulação considerável, mas 
sem prática docente.369
Janes Fidélis Tomelin acompanhou as notícias sobre a implanta-
ção de uma nova faculdade em Indaial no final do ano de 1998. Tra-
balhava como professor de escola pública no município de Timbó e 
presenciou naquele período a instalação dos laboratórios de informá-
tica nas unidades educacionais. Estava participando de congressos e 
impactado pelas estratégias inovadoras de educação, que poderiam ser 
desenvolvidas através das novas tecnologias. Existiam as instituições 
clássicas e comunitárias de Santa Catarina e chamou sua atenção o sur-
gimento de uma nova instituição, que estava abrindo oportunidades 
de trabalho aos docentes e de formação para as comunidades.370
368 TAFNER, Verônica Teresinha. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 24 de julho de 2019.
369 TAFNER, Malcon. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 24 de julho de 2019.
370 TOMELIN, Janes Fidélis. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 25 de abril de 2020.
192
Naquele momento estava com 23 anos e havia iniciado o processo 
seletivo do mestrado. No retorno de Blumenau foi conhecer a proposta 
da Asselvi. Quando chegou na portaria, conversou com uma secretária e 
foi encaminhado para conversar com Marlen Tafner na biblioteca. Janes 
tem ótima recordação desse momento. Marlen apresentou as salas de 
aula e os espaços que integravam a estrutura da faculdade, que estavam 
em fase final de reforma e construção. Chamou sua atenção o fato de que 
Marlen falava com bastante carinho sobre o projeto da Asselvi e se mos-
trava empolgada com a biblioteca, um espaço amplo e que já contava 
com muitos livros catalogados e guardados nas estantes.371
Janes foi bem acolhido, entregou o currículo e ficou esperan-
çoso por constatar que se tratava de um projeto verdadeiro. Marlen 
explicou que a instituição já estava com o corpo docente inicial es-
truturado, mas mesmo assim recebeu o currículo e agradeceu pela 
visita do professor. Alguns dias depois, quando retornava das au-
las do mestrado em Blumenau, Tomelin recebeu uma ligação para 
participar de uma entrevista com o coordenador de curso, Alfredo 
Kühnen, com Bernardo Knabben e Malcon Tafner. No momento de 
apresentação, Janes levou um material didático que havia desenvol-
vido na área de Filosofia para o Ensino Médio.372
Bernardo ressaltou que a Asselvi estava buscando fazer uma sele-
ção de professores com perfil de escrita. Malcon recorda de quando foi 
entrevistar o candidato à vaga de professor Janes Tomelin, que, além 
de educador, era escritor e trouxe um exemplar do livro Pedagogia da 
dúvida. Após apreciar a obra, constatou que Tomelin deveria fazer par-
te do grupo inicial de professores.373 Posteriormente ao momento da 
entrevista, Janes recebeu uma ligação com a notícia da confirmação 
de que faria parte do grupo de profissionais da instituição. Assumiu as 
disciplinas de Sociologia da Educação nas turmas de Pedagogia, e de 
Sociologia nas turmas de Administração. Recorda que tudo começou 
no dia 22 de fevereiro de 1999. Mesmo sendo jovem, estava com garra 
e vontade de vencer junto com aquele projeto.374
Mauro César Fistarol foi acadêmico de Administração na Furb, 
no início da década de 1990. No cotidiano de atividades na universi-
dade, sempre ouvia comentários sobre como era a instituição antes da 
gestão de Tafner como reitor e em relação aos avanços que ocorreram. 
371 Idem.
372 Idem.
373 TAFNER, Malcon. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 24 de julho de 2019.
374 TOMELIN, Janes Fidélis. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 25 de abril de 2020.
193
Após concluir a faculdade, Fistarol ingressou na pós-graduação em Con-
tabilidade, na Fundação Getúlio Vargas. Na época de estudos na FGV, 
ficou sabendo que existia uma pessoa de Blumenau com a intenção de 
desenvolver um projeto de criação de uma faculdade na região de Blu-
menau ou no Médio Vale do Itajaí. Não sabia maiores detalhes a respeito 
dessa iniciativa, mas ficou interessado na proposta porque teve alguns 
familiares que trabalharam no magistério e da mesma forma almejava 
lecionar e desenvolver atividades em uma instituição de ensino.375
Fistarol destaca que por uma sinergia e sincronicidade da vida, um 
dos profissionais que estava trabalhando com José Tafner nos primeiros 
momentos da Asselvi era Bernardo Knabben, seu colega de pós-gradua-
ção na FGV. Certo dia foi surpreendido em seu local de trabalho com a 
visita de Bernardo, que fez o convite para que fosse conversar com Mal-
con Tafner. No dia seguinte Fistarol foi até a Asselvi, onde participou da 
entrevista e foi contratado. Recorda que ficou maravilhado e honrado 
com a oportunidade de integrar o primeiro grupo de professores.376
Giancarlo Moser lecionou no Programa Magister pela Furb e na-
quele período estabeleceu os primeiros contatos com a família Tafner. 
Na época de organização da Asselvi foi orientado por Julianne Fischer 
e Malcon Tafner a levar o seu currículo na instituição. Estava finalizan-
do o mestrado na área de Patrimônio Cultural e foi então conhecer a 
nova faculdade. Quando chegou na Asselvi, avistou Bernardo Knab-
ben e José Tafner. Entregou o currículo em mãos e destaca a atenção e 
gentileza de Tafner durante a conversa. Obteve a oportunidade de ser 
contratado e desta forma iniciou sua trajetória na instituição.377
Um dos principais diferenciais da Asselvi relacionava-se à aten-
ção da família Tafner em termos de valorização do corpo docente. José 
Tafner e seus filhos decidiram que a instituição pagaria um valor de 
hora-aula maior do que a instituição concorrente. Além do aspecto 
motivacional, essa realidade positiva era um fator essencial para que a 
equipe vestisse a camisa e contribuísse para o fortalecimento da insti-
tuição. Do ponto de vista financeiro, não faria sentido para o professor 
sair da Asselvi e ir lecionar em outra faculdade, onde não receberia 
esta valorização profissional e financeira.378 O reconhecimento aos 
profissionais que trabalhavam na Asselvi e depois na Uniasselvi sem-
pre foi algo muito marcante nas gestões da família Tafner.
375 FISTAROL, Mauro. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 6 de setembro de 2019.
376 Idem.
377 MOSER, Giancarlo. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 6 de setembro de 2020.
378 TAFNER, Malcon. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 21 de abril de 2020.
194
José Tafner 
participando 
do desfile da 
Oktoberfest 
em Blumenau. 
Acervo Malcon 
Tafner
As confraternizações marcantes da Asselvi
Verônica comenta com entusiasmo que acompanhou diversas 
fases da vida dos professores pioneiros da instituição. Nas primeiras 
festas de final de ano, estavam namorando, depois noivaram, casa-
ram e tiveram filhos. Desta forma os encerramentos passaram a con-
tar com a alegria de várias crianças pequenas. Os funcionários foram 
formando suas trajetórias de vida, enquanto também auxiliavam a 
construir a história de sucesso da Asselvi.379
Bernardo Knabben estava noivo quando se mudou para Blumenau 
com a futura esposa. Iniciou sua trajetória na Asselvi como funcionário 
efetivo no dia 11 de janeiro de 1999 e casou-se em 17 de fevereiro daque-
le ano. Em 2003 ocorreu o nascimento doseu filho. Comenta que esse 
fato também aconteceu com outros professores, que tiveram aspectos 
familiares relacionados com a vida profissional na faculdade.380
O clima especial das confraternizações de final de ano e mo-
mentos festivos é algo presente na memória dos profissionais que 
trabalharam na Asselvi e depois na Uniasselvi. Mauro Fistarol desta-
ca que o professor Tafner sempre foi preocupado com o ser humano, 
por isso nas ocasiões festivas desejava que as pessoas se divertissem, 
de forma animada, que conversassem sobre assuntos de interesse co-
mum. Gostava de presenciar essa verdadeira congregação para que 
seus colaboradores se sentissem de fato pertencentes a uma grande 
379 TAFNER, Verônica Teresinha. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 24 de julho de 2019.
380 KNABBEN, Bernardo. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 17 de abril de 2020.
195
família. “Para quem conhece o Tafner fora do ambiente de trabalho, 
ele é uma pessoa muito alegre, muito divertida.”381
Aloir Spengler esclarece que os indivíduos que conhecem o pro-
fessor Tafner apenas no exercício das atividades profissionais podem 
ter uma visão equivocada, de que ele seja um sujeito muito duro, 
até mesmo antipático. “No momento de confraternizar é uma pessoa 
amável, dócil, uma pessoa ótima pra conversar, um grande amigo.”382
Valquíria Luiza Tafner da Cunha trabalhou como secretária 
de José Tafner na Asselvi e tem recordações para compartilhar: “A 
Asselvi era tão preocupada com detalhes que no primeiro Natal a 
dona Verônica, a Marlen e eu fomos a Brusque, na Havan, comprar 
os enfeites de Natal que depois foram ornamentados por nós, em 
todos os cantinhos da instituição. Foi numa festa de encerramento 
de final de ano que conheci pistache” (risos).383
Bernardo Knabben destaca que o casal José e Verônica foi sem-
pre muito alegre e festivo. Além dessa característica da personalidade 
deles, também havia o fato de que existiam inúmeros motivos para 
a instituição comemorar. A Asselvi estava obtendo excelentes taxas 
de crescimento e o reconhecimento da sociedade de Indaial e região. 
Menciona que ocorriam jantares de acolhida para comemorar o Dia 
do Professor, festas de encerramento de semestre e de final de ano. 
Knabben menciona que as festas foram um carimbo do casal Tafner 
durante a consolidação da instituição naqueles primeiros anos.384
381 FISTAROL, Mauro. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 6 de setembro de 2019.
382 SPENGLER, Aloir Arno. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 6 de setembro de 2019.
383 TAFNER, Valquíria. Entrevista concedida a Evandro André de Souza, em 9 de janeiro de 2020.
384 KNABBEN, Bernardo. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 17 de abril de 2020.
Participação 
da Uniasselvi 
no desfile da 
Oktoberfest 
em Blumenau. 
Acervo Malcon 
Tafner
“A união das famílias Tafner e Pedrini foi essencial para 
concretização do projeto da Asselvi. Enquanto José, Verônica, 
os filhos Malcon, Marlon e Marlen trabalhavam assiduamente 
para preparar o local, com o objetivo de receber os primeiros 
alunos da instituição, Pedrini atuava como investidor, 
realizando um significativo aporte financeiro mensal.”
Os autores
197
Desde o ano de 1997 a estrutura da faculdade já estava organizada para receber os primeiros alunos. Nesse período de quase três 
anos de expectativa pela liberação das portarias, a família Tafner de-
senvolveu diversas atividades. Destaque para a reforma do espaço fí-
sico, organização das estruturas acadêmicas e busca de parceria com 
empresários. José Tafner contava com uma ideia empreendedora e 
viável, mas não possuía o aporte financeiro para colocar seu projeto 
em execução.
Esteve reunido com grupos empresariais e empreendedores 
com capacidade de investimentos de Blumenau e região. Apresenta-
va uma planilha demonstrando as perspectivas de rendimentos que a 
Asselvi poderia proporcionar aos investidores e possíveis sócios. Po-
rém, estava difícil encontrar um parceiro para apoiar a viabilização 
do empreendimento educacional.385 Mesmo com o projeto totalmen-
te elaborado e com a perspectiva de liberação do MEC para funcio-
namento da faculdade e abertura de cursos superiores, era necessá-
rio e urgente viabilizar a questão do aporte financeiro. “A ideia de 
montar uma faculdade continuava firme na esperança de conseguir 
o dinheiro para a estrutura física e os equipamentos necessários.”386
A parceria com o empreendedor Valmor Pedrini
Tafner visitou vários empresários de renome de Blumenau e re-
gião. Apesar dos esforços, não estava conseguindo encontrar algum 
empreendedor que auxiliasse a viabilizar a proposta. Mesmo contando 
385 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
386 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
CAPÍTULO 11
Buscando apoio financeiro 
da classe empresarial
198
com considerável rede de contatos, não conseguia obter êxito nas ne-
gociações. “Com o espaço definido, eu e a Verônica passamos a cor-
rer ao encontro de pessoas que conhecíamos e que julgávamos que 
poderiam nos ajudar a concretizar o projeto da faculdade colocando 
o dinheiro necessário. Todos tinham a mesma resposta: não é o meu 
negócio, não disponho desse valor no momento.”387
Certo dia, a sorte mudou e ficou do lado da família Tafner. 
O casal José e Verônica estava passeando no Shopping Neumarkt 
quando avistaram Valmor Pedrini. O empresário tinha um apreço 
pelo professor Tafner, pois na época que Pedrini era acadêmico de 
Administração, José Tafner desempenhava a função de reitor da 
Furb. O tempo passou e o jovem estudante se tornou um empresá-
rio bem-sucedido. Sua família estava envolvida com vários negó-
cios, no ramo empresarial e industrial. O casal José e Verônica cha-
mou Pedrini e no shopping mesmo explicaram sobre o projeto da 
faculdade. Após a conversa informal, ficou agendada uma visita ao 
município de Pomerode, onde ficava situado o empreendimento da 
família Pedrini. Verônica tem uma recordação positiva sobre a vi-
sita que fizeram a Pomerode. Quando chegaram no estacionamen-
to, avistaram uma faixa de recepção com os dizeres: “Bem-vindos 
professor Tafner e Dona Verônica”. A forma agradável e simpáti-
ca como foram recebidos é uma lembrança especial da família, da 
época de concepção da Asselvi.388
Em 2 de fevereiro de 1998 chegaram os ofícios nos 1.042 e 1.047 
comunicando os pareceres técnicos das comissões de especialistas 
que assinalavam a manifestação favorável dos cursos de Administra-
ção e Ciências Contábeis. Paulatinamente foram chegando os pare-
ceres dos demais cursos. A manifestação efetivamente favorável do 
primeiro curso chegou em 18 de fevereiro de 1998, data em que se 
vislumbrou a perspectiva da implantação da Faculdades Integradas 
do Vale do Itajaí (Facivi).
“No final de março de 1998, assinamos um termo de compro-
misso com o Ministério da Educação pelo qual dentro de 12 me-
ses chamaríamos a comissão do MEC para analisar as instalações, 
professores, biblioteca, laboratórios, auditório e caso não chamás-
semos, só poderíamos retornar com o projeto dois anos depois”, 
explica Tafner.389
387 Idem.
388 TAFNER, Verônica Teresinha. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 24 de julho de 2019.
389 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
199
“Falei com o filho Malcon para fazer uma tabela mostrando cla-
ramente receitas e despesas pelo período de 5 anos, provando que 
o projeto da faculdade era viável financeiramente. Naturalmente 
acompanhava a tabela de custos da reforma (R$ 750 mil), elaborada 
por mim, pelo Malcon e por um engenheiro da prefeitura. O senhor 
Pedrini, depois de algumas entrevistas,resolveu estudar o assunto. 
Com as tabelas em mãos e depois de muitas demonstrações, conse-
guimos convencer o Pedrini a aceitar o desafio. Já era o final do mês 
de abril de 1998”, conta Tafner.390 Inclusive, Pedrini acompanhou a 
visita a Mabu, antes de ser fechado o acordo do espaço.
Enquanto empresário, Pedrini possuía planos de expandir os 
seus negócios para outras áreas de atuação. Aceitou a proposta para 
injetar capital de giro no empreendimento de José Tafner. Esta parce-
ria viabilizou os primeiros momentos de funcionamento da faculda-
de. Graças ao apoio, houve a possibilidade de a família Tafner colocar 
seu projeto em prática. Portanto, é fundamental registrar que da re-
gião do Vale do Itajaí, o único empresário que apoiou a proposta da 
Asselvi foi Valmor Pedrini.391
Tafner recorda que naquela época a empresa de plásticos da 
família Pedrini fornecia 10 milhões de tampas por mês para a Ca-
chaça 51 de Piracicaba. Valmor Pedrini viabilizou o sonho de José 
Tafner de fundar uma instituição de Ensino Superior. A cada dez 
dias, repassava o valor de R$ 15 mil, totalizando R$ 45 mil por 
mês e 49 cotas. Foram investidos R$ 750 mil na reforma dos blo-
cos centrais, organização da biblioteca, laboratório de informática, 
cantina, entre outras estruturas necessárias para o funcionamento 
de uma faculdade.392
A união das famílias Tafner e Pedrini foi essencial para con-
cretização do projeto da Asselvi. Enquanto José, Verônica, os filhos 
Malcon, Marlon e Marlen trabalhavam assiduamente para preparar 
o local, com o objetivo de receber os primeiros alunos da instituição, 
Pedrini atuava como investidor, realizando um significativo aporte 
financeiro mensal.393
Alguns desafios precisavam ser vencidos, principalmente a organi-
zação da biblioteca, laboratórios, entre outros itens exigidos pelo MEC. 
Mesmo que levasse ainda alguns meses para ocorrer a vistoria, precisa-
vam deixar tudo pronto e com condições de pleno funcionamento.
390 Idem.
391 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
392 Idem.
393 Idem.
200
“Com o dinheiro e com a coragem começaram os consertos 
de telhado, limpeza interna, pinturas, divisórias, forros, carteiras e 
cadeiras para alunos e professores, novos banheiros, gerência aca-
dêmica e financeira, administração da instituição, laboratório de 
informática, auditório, cantina, biblioteca. Enquanto isso a Mar-
len negociou livros novos para os dois primeiros semestres de cada 
curso, pois o MEC exigia que a biblioteca tivesse no mínimo 4 mil 
livros. Nas salas de aula foi colocado ar condicionado, TV e retro-
projetor. Tudo isso foi feito com o dinheiro que estava sendo libera-
do conforme o combinado pelo sócio e com os pequenos emprésti-
mos, de curto prazo, junto aos bancos. Houve também amigos que 
nos socorreram”, lembra Tafner.394
Aventura nos sebos de São Paulo
Após resolver o desafio de obter o aporte financeiro para viabi-
lizar a etapa inicial de funcionamento da faculdade, era necessário 
vencer outras demandas. A família Tafner precisou transpirar bas-
tante e se esforçar para resolver todas as situações. Tudo deveria es-
tar organizado antes da visita dos representantes do Ministério da 
Educação. A organização do acervo bibliográfico foi um dos prin-
cipais desafios, no período que antecedeu o início das atividades 
letivas na Asselvi.
Por uma questão de limitação de recursos financeiros, pensou-
se na estratégia de adquirir livros em sebos. Houve a necessidade 
de fazer aquisições em São Paulo. Não seria possível organizar a bi-
blioteca somente com os estabelecimentos deste ramo existentes em 
Santa Catarina. Elaborar a relação de referências bibliográficas dos 
planos de ensino representava um desafio hercúleo. Nesse período 
não contavam ainda com a facilidade proporcionada pelas editoras 
eletrônicas. Era impossível saber quais títulos estavam disponíveis 
no mercado editorial e quais já estavam esgotados.395
Malcon Tafner comenta que ficava atento à realização de even-
tos, onde existia a possibilidade de comprar livros. Da mesma forma, 
acompanhava as promoções de livrarias. Como forma de agilizar o 
processo, foram visitar os sebos paulistas. Ficaram surpreendidos 
com o tamanho expressivo dos estabelecimentos, que apresentavam 
394 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
395 TAFNER, Malcon. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 24 de julho de 2019.
201
corredores imensos e com significativa altura. Inclusive, existiam 
distribuidores para atender exclusivamente os sebos. Conforme José 
Tafner e Malcon escolhiam os títulos, colocavam os livros nos corre-
dores. Os funcionários do sebo já limpavam o exemplar para tirar o 
pó, colocando-o em seguida nas caixas.396
Foi através dessa aventura nos sebos paulistas que a família 
Tafner organizou o acervo inicial da Biblioteca Dante Alighieri da 
Asselvi. Malcon considera que a opção por adquirir parte dos livros 
em sebos foi uma estratégia criativa e econômica.397 “Eu, o Malcon 
e o Marlon ficamos três dias em sebos de livros em São Paulo”, diz 
José Tafner. “Trouxemos mais de 4 mil livros nas áreas dos primei-
ros cursos.”398
Na época em que realizaram essa aventura, não existia ainda a 
possibilidade de compra on-line de títulos literários e obras cientí-
ficas. Os aparelhos celulares eram primitivos e não contavam com 
as tecnologias atuais, que ainda estavam em processo de aperfeiçoa-
mento. Com a considerável abertura de faculdades que ocorreu nos 
últimos anos, hoje as editoras entregam as bibliotecas prontas, com 
todo acervo adquirido. Entretanto, no período de criação da Asselvi, 
esta era uma possibilidade que nem se pensava ainda no mercado de 
venda de livros.399 A partir do momento que essa etapa desafiadora 
foi concluída, a Asselvi passou a contar com a principal biblioteca da 
região de Indaial, Timbó e Pomerode. O fato de o espaço ser aberto 
para a comunidade oportunizou que estudantes desses municípios 
realizassem pesquisas no acervo.
396 Idem.
397 Idem.
398 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
399 TAFNER, Malcon. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 24 de julho de 2019.
“Quando souberam da notícia que o Ministério da Educação havia 
autorizado o funcionamento da Asselvi, os filhos Malcon e Marlon 
colocaram uma faixa na frente da casa da família, com os dizeres: 
'A Asselvi é nossa, parabéns Tafner!'.”
Os autores
203
“Em novembro de 1997 recebemos o primeiro sinal verde, um relâmpago de esperança. A Asselvi recebeu o pedido de com-
plementação de dados da Comissão de Especialistas do Curso de 
Sistemas de Informação do MEC. Era sinal de que o nosso processo 
estava sendo ao menos analisado. O Malcon vibrou, era o indicado 
como coordenador”, destaca Tafner.400
Enquanto aguardava ansiosamente pela liberação das portarias 
de autorização das graduações, a família Tafner procurou encontrar 
uma maneira de utilizar a estrutura organizada e ao mesmo tempo 
oportunizar a entrada de receitas. Tafner conhecia o pró-reitor da 
Univille e foi firmada uma parceria entre essa instituição de Ensi-
no Superior de Joinville e um instituto de educação. “Com o espaço 
pronto e sem as portarias dos cursos que nos permitissem lançar o 
Exame de Seleção, fomos ao encontro de faculdades que pudessem, 
legalmente, implantar cursos de pós-graduação lato sensu, no intui-
to de buscar recursos para ocupar o espaço que já estava pronto e 
começar a arrecadar algum dinheiro. A Universidade da Região de 
Joinville aceitou o desafio.”401
O convênio possibilitou que fossem realizadas aulas de pós-gra-
duação utilizando a estrutura física da Asselvi. Foram ofertadas três 
especializações na área da educação e uma no segmento da informá-
tica. Malcon auxiliou na organização da grade curricular e no con-tato com docentes da área da informática. Julianne Fischer conhecia 
vários professores com mestrado no campo da educação e ajudou 
convidando-os para lecionar nessas pós-graduações.402
400 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 1o 
de maio de 2020.
401 Idem.
402 TAFNER, Marlon. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em agosto de 2019.
CAPÍTULO 12
As primeiras atividades educativas 
realizadas pela Asselvi
204
Verônica Tafner e o filho Marlon foram divulgar os primeiros 
cursos de pós-graduação. Conversaram com todos os prefeitos da 
região do Vale do Itajaí, que indicavam alguns professores que po-
deriam ser visitados. A divulgação ocorria em escolas e visavam re-
passar a informação para o maior número possível de pessoas. Tam-
bém estiveram nas câmaras de vereadores, nas empresas e bateram 
de porta em porta para entregar o folder sobre as especializações. 
Permaneciam o dia inteiro nessa atividade e o trabalho apresentou 
ótimo resultado: conseguiram matricular 180 alunos. Os certificados 
eram emitidos pela Univille, que recebia um percentual das mensali-
dades dos pós-graduandos.403
No começo do ano de 1998, Hermínio Kloch cursava bacharela-
do em Ciências da Computação, sendo colega de faculdade de Mal-
con Tafner, que o convidou para auxiliar na empreitada de limpeza 
do prédio da antiga massa falida e de estruturas da empresa Malbu, 
que atuava no segmento da tecelagem. Com a finalização da reforma 
do bloco A, a sala A1 foi destinada para receber os alunos pós-gra-
duandos, através do convênio firmado com a Univille. Poucos meses 
depois, Kloch foi um dos primeiros alunos da pós-graduação.
A especialização em Psicopedagogia era destinada principalmen-
te para os educadores. A pós-graduação em Informática Aplicada à 
Gestão Empresarial contemplava profissionais da área da informática 
e do segmento empresarial. A primeira aula foi sobre Planejamento Es-
tratégico, sendo ministrada por Bernardo Knabben. Hermínio Kloch 
trabalhava nesse período em uma empresa de tecnologia da informa-
ção. Recorda que Marlon Tafner visitou seu local de trabalho para fa-
zer a divulgação sobre essa especialização. Afirma que a estratégia se 
mostrou eficaz porque, além de recrutar alunos para a pós-graduação, 
paralelamente divulgava o empreendimento educacional do professor 
Tafner.404 Kloch menciona que a turma pioneira da especialização em 
informática contou com a participação de vários empresários da re-
gião, que atuavam profissionalmente na área de gestão.405
No dia 23 de outubro de 1998, em convênio com a Universi-
dade da Região de Joinville (Univille), iniciaram as aulas dos cursos 
de especialização em nível de pós-graduação lato sensu nas áreas de 
Psicopedagogia e Informática Aplicada à Gestão Empresarial. Mar-
lon Tafner fazia de tudo um pouco: coordenava as atividades, tirava 
403 TAFNER, Verônica Teresinha. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio 
Júnior, em 24 de julho de 2019.
404 KLOCH, Hermínio. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 5 de setembro de 2019.
405 Idem.
205
fotocópias, atendia professores e alunos, buscava no aeroporto os do-
centes vindos de outros estados, transportando-os até Indaial.
Foi desta forma que iniciaram as primeiras atividades educativas 
no espaço da Asselvi. Além de Marlon, se dedicavam nesse trabalho 
Verônica Tafner, Claudinei Bagatolli e uma funcionária que realiza-
va a limpeza do ambiente.406 Julianne Fischer participou ativamente 
do processo de organização da pós-graduação em Psicopedagogia. 
O início das aulas da especialização proporcionou um sentimento 
de felicidade, considerando-se que a instituição ainda aguardava a 
liberação para poder ofertar as graduações.407
A autorização para funcionamento da Asselvi
Na época de expectativa sobre a liberação do Ministério da Edu-
cação para se poder efetivamente iniciar as atividades da Asselvi, a 
família Tafner residia na Rua Antônio Cândido Figueiredo, no bairro 
Vila Nova, em Blumenau. Nesta via moravam vários professores que 
foram colegas de José Tafner na Furb. Quando souberam da notícia 
que o Ministério da Educação havia autorizado o funcionamento da 
Asselvi, os filhos Malcon e Marlon colocaram uma faixa na frente da 
casa da família, com os dizeres “A Asselvi é nossa, parabéns Tafner!”. 
Desta forma receberam o pai com alegria, para comemorar em famí-
lia a novidade tão aguardada.408
406 TAFNER, Marlon. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em agosto de 2019.
407 FISCHER, Julianne. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 17 de abril de 2020.
408 TAFNER, Marlon. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em agosto de 2019.
Estrutura da 
sede da Asselvi 
em Indaial. 
Acervo Malcon 
Tafner
206
Várias pessoas que passavam na frente da residência pergunta-
ram do que se tratava, então colocaram mais um faixa, com a infor-
mação “Faculdade de Indaial”. Após obter autorização para a Asselvi 
entrar legalmente em funcionamento, a expectativa girava em torno 
da autorização dos cursos, para que fosse lançado o primeiro Exa-
me de Seleção. Obter a portaria de liberação para criar uma nova 
instituição de Ensino Superior na região representava um desafio de 
grandes proporções. Por isso Marlon Tafner não julga as pessoas que 
não acreditavam que o projeto da Asselvi seria exitoso. Fazia muitos 
anos que não acontecia a abertura de novas instituições de ensino 
no país. Além dessa particularidade, as faculdades abertas na década 
de 1980 estavam inseridas em grandes centros brasileiros, como São 
Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Brasília.409
Considerando esse contexto, seria inimaginável, praticamente 
impossível, que um professor aposentado da Furb, sem capital para 
investimentos e que não era proprietário de um prédio grande, con-
seguisse abrir uma faculdade particular. Analisando as circunstân-
cias, considerável parcela da comunidade regional ignorava essa pos-
sibilidade por ser uma situação nova, algo totalmente improvável. 
Ao mencionar as barreiras existentes, percebe-se facilmente a im-
portância deste projeto de José Tafner, em termos de interiorização 
do Ensino Superior, uma quebra de paradigmas sem precedentes na 
história da educação catarinense.410
409 Idem.
410 Idem.
Uniasselvi, 
Indfaial/SC. 
Acervo Aldo 
Pasqualoni
207
Recebimento das primeiras comissões do MEC
Com o parecer favorável dos cursos emitido pelo Conselho Na-
cional de Educação, a Asselvi encaminhou o pedido ao MEC para 
que fossem enviadas as comissões de avaliação in loco. No primeiro 
semestre do ano de 1998, José Tafner recebeu os primeiros indícios 
de que em breve ocorreriam as visitas de comissões do Ministério da 
Educação. Entrou em contato com Bernardo Knabben e estabelece-
ram uma parceria inicial, visando o recebimento dos profissionais do 
MEC. Bernardo então começou a participar do projeto da Asselvi, a 
partir de junho daquele ano. Paralelamente, foi estabelecendo um 
vínculo de amizade com a família Tafner. Viajou com Malcon até 
Curitiba com a finalidade de comprar livros para a biblioteca.411
Knabben esclarece que a Asselvi recebeu cinco comissões em 1998, 
visando a perspectiva de autorização para ofertar os cursos superiores. 
Atenderam a comissão de Administração, de Sistemas de Informação, de 
Ciências Contábeis, de Pedagogia (Normal Superior) e de Economia. Re-
corda que a primeira comissão atendida foi a de Administração, no mês 
de agosto. Os desafios daquele período eram maiores, em comparação 
com a atualidade. O processo era completamente diferente, porque tudo 
era documental e nenhum procedimento ocorria de forma virtual.412
A instituição ficava responsável em ofertar a logística e hospeda-
gem dos integrantes dessas comissões. Bernardo trabalhava em Indaial 
de segunda a sexta-feira e retornava no final de semana paraFloria-
nópolis. A Delegacia do Ministério da Educação em Santa Catarina 
funcionava na capital catarinense. Por isso ficou incumbido de trazer 
uma delegada dessa estrutura, Leonor Schroeder, que foi escalada pelo 
MEC para participar do processo e acompanhar o trabalho da comis-
são. Havia recebido a orientação para levar a profissional para jantar 
no Restaurante Frohsinn e depois para o hotel. Porém, quando chegou 
no restaurante percebeu que estava sendo realizada a Noite do Fondue 
para casais. Knabben foi até o banheiro e ligou para Malcon, explican-
do a situação e solicitando que o amigo fosse até o restaurante jun-
to com a esposa Julianne. Ficou preocupado sobre o que a professora 
pensaria dele. No entanto, Malcon participava naquele momento de 
outro compromisso e não foi possível evitar a situação constrangedora. 
Com o passar dos anos na área da educação, Bernardo tornou-se ami-
go de Leonor e sempre dão boas risadas ao recordarem do episódio.413
411 KNABBEN, Bernardo. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 17 de abril de 2020.
412 Idem.
413 Idem.
208
Quando se pensa hoje na história da Asselvi, que se transfor-
mou em Uniasselvi e se tornou um case de sucesso, pode-se con-
siderar que tudo ocorreu facilmente, sem maiores desafios. Na 
prática as coisas não aconteceram dessa forma. No período do re-
conhecimento dos cursos, a instituição enfrentou dificuldades para 
atender a Comissão de Pedagogia do Ministério da Educação. A 
Asselvi pretendia ofertar as graduações de Normal Superior e Edu-
cação Especial. Na primeira reunião com os profissionais do MEC, 
estavam presentes José Tafner e a coordenadora Julianne Fischer. 
Uma das integrantes da comissão trabalhava em uma universida-
de federal e fez uma pergunta sem sentido. Questionou porque 
a Asselvi cobraria mensalidade. Tafner ficou incomodado com o 
questionamento sem nexo e respondeu de forma impulsiva. Em se-
guida, foi convidado a se retirar da reunião. Julianne informa que 
Tafner foi então substituído por Bernardo Knabben e desta forma 
prosseguiram as tratativas.414
Bernardo conta que a Comissão de Pedagogia foi nomeada para 
o trabalho entre os dias 2 e 5 de novembro. No dia 2, feriado de Fina-
dos, era aniversário de sua falecida avó. “Eu conversei com o professor 
Tafner e expliquei que gostaria de participar do aniversário dela, que 
era uma comissão de Pedagogia e minha contribuição seria limitada, 
pois não tenho formação na área, que a Julianne era a coordenadora 
do curso e isso já era mais da metade do caminho andado. Tafner dis-
pensou Bernardo, que chegaria no dia seguinte, após o feriado. Eu che-
guei dia 3 de novembro, bem cedo, pouco depois das 7 horas. Não vi o 
carro do Tafner no estacionamento, mas quando entrei na faculdade as 
luzes da sala dele estavam acesas. Eu entrei e o cumprimentei e ele me 
disse ‘deu problema ontem’. Me explicou o ocorrido e disse que iria se 
afastar um pouco do processo e que eu então assumisse.”415
Tafner saiu da instituição naquele momento para evitar qual-
quer complicação. Ficou combinado que Bernardo repassaria todas 
as informações, conforme fossem ocorrendo as tratativas. Em se-
guida, chegou a comissão acompanhada pelo professor Lorival Be-
ckhauser. Bernardo então reuniu os avaliadores em uma sala e exal-
tou o papel da comissão. Procurou colocar panos quentes na situação 
adversa. “Chamei todos para ‘resetarmos’ todo o ocorrido e iniciar-
mos do zero de novo.” A comissão aceitou este encaminhamento e o 
trabalho começou a fluir, até o momento em que uma das integrantes 
414 FISCHER, Julianne. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 17 de abril de 2020.
415 KNABBEN, Bernardo. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 17 de abril de 2020.
209
perguntou qual era o papel que Bernardo desempenhava na estrutu-
ra da Asselvi. Prontamente respondeu que atuava como diretor de 
Ensino, sendo braço direito do professor Tafner. Com o intuito de 
demonstrar segurança diante da situação que estavam enfrentando, 
reforçou que qualquer compromisso que assumisse, da mesma for-
ma seria assumido por Tafner.416
A reunião foi realmente desafiadora e umas das avaliadoras do 
MEC questionou a razão de a instituição querer ofertar a graduação 
de Educação Especial. Julianne precisou então falar um pouco sobre 
sua trajetória, enquanto docente na área educacional. Mencionou 
que a Asselvi propôs ofertar o curso considerando os encaminha-
mentos da Declaração de Salamanca, realizada na Espanha no ano 
de 1994, que formalizou um documento internacional que previa 
a melhoria do acesso à educação para as pessoas com necessidades 
educativas especiais.417
Mesmo diante da argumentação de Julianne, os membros da 
comissão negaram a abertura do curso de Educação Especial. Tam-
bém houve o questionamento sobre o número de alunos previstos 
para o curso de Normal Superior. A instituição pretendia ofertar 150 
vagas nessa graduação e os profissionais do Ministério da Educação 
argumentaram que era uma quantidade expressiva demais. Somente 
autorizaram essa quantia em razão do credenciamento negado para 
a abertura da faculdade de Educação Especial.
Julianne pondera que foi um momento exaustivo e desgastante, 
porque a instituição correu o risco de não conseguir abrir nenhum 
curso na área pedagógica. Afirma que foi fundamental nesse diálo-
go o papel desempenhado por Bernardo Knabben, que atuou como 
um mediador e de forma ponderada. Com sua postura de gentleman, 
auxiliou efetivamente na conversa com a comissão. De acordo com 
Julianne, o trabalho desenvolvido por Knabben foi excelente e fun-
damental para que a Asselvi saísse exitosa nos processos de autoriza-
ção de cursos superiores.418
O recebimento das comissões iniciado no começo do segun-
do semestre de 1998 seguia de forma intensa. As comissões foram 
emitindo pareceres favoráveis e desta forma ocorria a autorização 
para funcionamento dos cursos. Bernardo continuava envolvi-
do com a instituição, porque existiam alguns processos para re-
solver junto ao MEC. José Tafner então fez uma proposta para 
416 Idem.
417 FISCHER, Julianne. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 17 de abril de 2020.
418 Idem.
210
que trabalhasse por mais 60 dias na divulgação da faculdade. 
Knabben renovou a parceria e ficou acordado que trabalharia até 
o final de dezembro, quando estava prevista a conclusão das ati-
vidades da Comissão de Economia do MEC.419 Esta comissão foi 
atendida entre os dias 17 e 20 de dezembro. No entanto, já não 
haveria possibilidade de abrir o curso no semestre seguinte, por-
que já tinha sido realizado o Exame de Seleção e seria necessário 
ainda aguardar a publicação da portaria.
A divulgação dos cursos superiores da Asselvi
Bernardo recebeu de José Tafner a missão de divulgar o primei-
ro Exame de Seleção da Asselvi. Para realizar essa tarefa precisaria 
visitar todos os colégios de Indaial e região. Por não ter conhecimen-
to da realidade educacional local, contou com a parceria de um aju-
dante de renome para conseguir desempenhar a atividade. Foi nessa 
oportunidade que conheceu o professor Lorival Beckhauser, que co-
nhecia todas as escolas e seus respectivos diretores. A dupla traba-
lhou em parceria durante 60 dias, realizando uma ampla divulgação 
dos primeiros cursos superiores ofertados pela instituição. Knabben 
destaca que era inacreditável o conhecimento que Beckhauser pos-
suía em relação às unidades educacionais da região. Chamava todos 
os diretores e professores pelo nome. Este aspecto foi favorável du-
rante o processo e assim foram conversando com as turmas de ter-
ceiro ano do Ensino Médio, que eram o público-alvo da campanha.420
Paralelamente às ações de divulgação nas escolas, foi desenvol-
vido um trabalho junto aos clubes de serviço e entidades de classe de 
Indaial e região. José Tafner esteve pessoalmente nas reuniões e apre-
sentou a proposta

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