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Professor-Tafner- (1)

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Evandro André de Souza
Jonas Felácio Júnior
Não basta 
saber, 
é preciso 
saber fazer
PROFESSOR 
TAFNER
Não basta saber, 
é preciso saber fazer
2021
Florianópolis
Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior
PROFESSOR 
TAFNER
Não basta saber, 
é preciso saber fazer
EDITORA INSULAR
(48) 3232-9591
editora@insular.com.br
twitter.com/EditoraInsular
www.insular.com.br
 facebook.com/EditoraInsular
INSULAR LIVROS
Rua Antonio Carlos Ferreira, 537
Bairro Agronômica
Florianópolis/SC – CEP 88025-210
(48) 3334-2729
insularlivros@gmail.com
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Tuxped Serviços Editoriais (São Paulo, SP)
Souza, Evandro André de; Felácio Júnior, Jonas.
Professor Tafner: Não basta saber, é preciso saber fazer / Evandro André de Souza e 
Jonas Felácio Júnior; Prefácio de João Vianney. – 1. ed. – Florianópolis, SC : Editora 
Insular, 2021.
368 p.; fotografias. 
E-Book: 13 Mb; PDF. 
ISBN 978-65-88401-64-4.
1. Educação. 2. Ensino Superior. 3. História de Vida. 4. José Tafner. I. Título. II. 
Assunto. III. Souza, Evandro André de. IV. Felácio Júnior, Jonas.
 CDD 923.7:378.81
21-30246069 CDU 929:378
S729p
ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO
1. Biografia, genealogia, heráldica: de educadores; Ensino superior no Brasil.
2. Biografia; Ensino superior.
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Pedro Anizio Gomes CRB-8 8846
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SOUZA, Evandro André de; FELÁCIO JÚNIOR, Jonas. Professor Tafner: Não basta saber, é preciso sa-
ber fazer. 1. ed. Florianópolis, SC: Editora Insular, 2021. E-Book (PDF; 13 Mb). ISBN 978-65-88401-64-4.
Copyright © Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 2021
EDIÇÃO 
Nelson Rolim de Moura
CONSELHO EDITORIAL 
Dilvo Ristoff, Eduardo Meditsch, Jali Meirinho, Jéferson Silveira Dantas, 
Nilson Cesar Fraga, Pablo Ornelas Rosa e Waldir José Rampinelli
REVISÃO
Sílvio Melatti
PLANEJAMENTO GRÁFICO E CAPA
Estúdio Insular
FOTOS DE CAPA
Aldo Pasqualini, Centro de Memória Universitária – CMU/Arquivos da Furb 
e Kako Waldrich
FOTOS
Acervo Centro de Memória Universitária – CMU/Arquivo da Furb
Acervo José Tafner
Acervo Malcon Tafner
Acervo Rodolfo Leite
Acervo Valquíria Luiza Tafner da Cunha/Ampesc
Aldo Pasqualini
Fábio Queiroz/Agência AL
Kako Waldrich
mailto:editora%40insular.com.br?subject=
https://twitter.com/EditoraInsular
http://www.insular.com.br
https://www.facebook.com/EditoraInsular
Esse livro é dedicado às pessoas 
que transformam sonhos em realidade.
Dalla mente alle mani. 
Leonardo da Vinci
SUMÁRIO
Prefácio | João Vianney ......................................................................... 15
Apresentação | Malcon Tafner .............................................................. 17
Introdução ............................................................................................. 23
Capítulo 1 | Infância de José Tafner em Rio dos Cedros ...................... 31
O pioneiro Ângelo Marcello Tafner na Colônia Blumenau .....................31
Curiosidades sobre a família Tafner em Rio dos Cedros .........................35
Escola de aprendizes na propriedade da família Tafner ...........................39
Recordações sobre a infância de José Tafner .............................................39
Lembranças do tempo da “querida escola” ................................................46
Capítulo 2 | A busca precoce por novos conhecimentos ...................... 51
A ida para o Seminário de Ascurra .............................................................51
A rotina de atividades no Seminário ..........................................................52
A prática de atividades desportivas .............................................................53
Envolvimento com o teatro ..........................................................................54
A tradicional Festa de São João ...................................................................55
As aventuras no dia de folga escolar ...........................................................56
O desafio de ser um jovem seminarista ......................................................57
Capítulo 3 | A mudança de estado para ampliar conhecimentos ......... 59
É preciso pagar por uma espiga de milho? .................................................59
O Curso Científico do Colégio Salesiano de Lavrinhas ...........................60
O falecimento de Clara Tafner .....................................................................62
Noviciado em Pindamonhangaba ...............................................................62
O estudo superior na faculdade de Lorena ................................................63
A expulsão do seminário ..............................................................................66
Capítulo 4 | Educador no Mato Grosso e São Paulo ............................. 73
A oportunidade no momento de preocupação .........................................74
Experiência profissional no Colégio Dom Bosco......................................75
Trabalho humanitário para ajudar os índios Xavante ..............................77
Amizade com profissionais da FAB ............................................................79
Obtendo a carteirinha de professor do MEC .............................................81
Experiência como professor em São Paulo ................................................81
O drama de ser assaltado em São Paulo .....................................................83
Capítulo 5 | A trajetória educacional no Vale do Itajaí ........................ 85
Experiência com Educação a Distância nos anos 1960 ............................88
A excelência enquanto professor de Desenho ...........................................89
Casamento entre José Tafner e Verônica ....................................................90
O primeiro desafio da vida matrimonial ....................................................92
Batalhando um lugar ao sol ..........................................................................93
A possibilidade de ofertar licenciaturas .....................................................95
Cursando Pedagogia em São Paulo .............................................................96
Capítulo 6 | Os primeiros momentos da trajetória acadêmica 
de 25 anos na Furb ........................................................................ 99
Início das atividades de Ensino Superior em Blumenau ..........................99
Mestrado no Rio de Janeiro........................................................................101
Instituto de Planejamento da Furb ............................................................111
Eleito diretor da Faculdade de Ciências e Letras.....................................111
Capítulo 7 | O primeiro mandato como reitor da Furb ...................... 113
Transformações na Furb, na década de 1970 ...........................................113
Eficiência para enfrentar os desafios financeiros ....................................115
A ampliação da estrutura física da faculdade ..........................................116
O status de referência nacional à Furb .....................................................120
Mais vagas .....................................................................................................120
Apoio às atividades culturais .....................................................................123
Realização de convênios, projetos e parcerias .........................................124
Retornando à sala de aula ...........................................................................126
O reconhecimento da Furb como Universidade .....................................130
Capítulo 8 | O segundo mandato como reitor .................................... 133
Ampliação do número de vagas ................................................................138
Ampliação da estrutura física da universidade........................................140
Recuperando a saúde financeira da Furb .................................................143Ensino, Pesquisa e Extensão .......................................................................147
A batalha no Conselho Universitário da Furb .........................................152
O hábito de proporcionar oportunidades aos jovens .............................154
O último desafio antes da aposentadoria na Furb ...................................157
Do gabinete da reitoria para os bancos escolares ....................................158
Capítulo 9 | A contribuição do professor Tafner para a educação 
de Santa Catarina ........................................................................ 161
O legado de José Tafner como Secretário de Educação ..........................161
A dedicação ao ocupar um cargo público ................................................163
O sonho de criar uma Faculdade ..............................................................164
O desafio como diretor de Ensino Superior .............................................165
Uma parceria exitosa em prol da educação catarinense .........................170
A frustração no Conselho Estadual de Educação ...................................173
Capítulo 10 | Realizando o sonho de criação de uma Instituição 
de Ensino Superior ...................................................................... 175
Protocolando o projeto da Asselvi no MEC.............................................177
A parceria do prefeito com o projeto da Asselvi .....................................177
A escolha do espaço para funcionamento das atividades ......................179
Arregaçando as mangas e colocando a mão na massa ...........................181
Incentivando os servidores a cursar graduações .....................................185
O progresso em Indaial graças à Asselvi ..................................................186
Apoio às novas empresas e à qualificação dos colaboradores................187
A Asselvi poderia ter se instalado em Gaspar .........................................187
A contratação dos primeiros professores da Asselvi ...............................188
A ousadia em contratar professores jovens ..............................................190
A valorização do corpo docente da instituição .......................................191
As confraternizações marcantes da Asselvi ..............................................194
Capítulo 11 | Buscando apoio financeiro da classe empresarial ........ 197
A parceria com o empreendedor Valmor Pedrini ...................................197
Aventura nos sebos de São Paulo ..............................................................200
Capítulo 12 | As primeiras atividades educativas realizadas 
pela Asselvi .................................................................................. 203
A autorização para funcionamento da Asselvi ........................................205
Recebimento das primeiras comissões do MEC .....................................207
A divulgação dos cursos superiores da Asselvi .......................................210
O primeiro Exame de Seleção da Asselvi .................................................211
O emocionante primeiro dia de aula da graduação ................................215
Conforto e estrutura diferenciada para os alunos ...................................217
Os desafios nos primeiros semestres de atividades .................................218
A concepção educacional de Tafner na criação da Asselvi ....................219
A escolha do nome Leonardo da Vinci ....................................................220
Escolha do amarelo na identidade visual da Asselvi ...............................221
Capítulo 13 | A cultura como ferramenta educativa 
e de transformação da sociedade ................................................ 223
A criação da Asselvi como forma de protesto à manutenção do status 
quo na educação superior ...........................................................................223
Jornal Balestra ................................................................................ 226
Editora da Asselvi ........................................................................................227
Coleção Memórias do Vale.........................................................................229
Casa Amarela em Blumenau ......................................................................230
Casa Azul ......................................................................................................234
Desenvolvimento de ações culturais e comunitárias ..............................235
O resgate histórico-cultural da região ......................................................240
Casa Reinecke ..............................................................................................245
O olhar especial com as questões sociais ..................................................246
Capítulo 14 | Tudo ensina, tudo educa ............................................... 251
A filosofia educacional criada por Tafner ................................................253
A implementação dos princípios norteadores por meio do Centro de 
Aperfeiçoamento Docente da Asselvi .......................................................259
A contribuição dos valores seminaristas ..................................................266
Capítulo 15 | Inovações pedagógicas da Uniasselvi............................ 269
Disciplinas semipresenciais ........................................................................269
Professores autores e inovações tecnológicas ..........................................270
Avaliação interdisciplinar ...........................................................................272
Avaliação docente ........................................................................................275
Capítulo 16 | A transformação da Asselvi em Centro Universitário . 279
Crescimento de 100% a cada 18 meses .....................................................279
O envolvimento da Asselvi com a comunidade regional .......................281
Não basta saber, é preciso saber fazer .......................................................282
Marcos regulatórios institucionais ............................................................285
A preparação da equipe para receber as comissões ................................288
A importância do status de Centro Universitário ..................................291
Horário Diferenciado de Férias (HDF) ....................................................293
A fundação do Instituto Catarinense de Pós-graduação ........................293
Capítulo 17 | O início das atividades da EaD e a expansão 
da Uniasselvi ............................................................................... 299
Os desafios para estruturar o programa de EaD .....................................301
A criação da metodologia da EaD .............................................................301
Tutor em sala de aula ..................................................................................303
Plataforma da EaD e os materiais instrucionais ......................................304
Autorização para ofertar EAD ...................................................................304
A resistência diante da quebra de paradigmas ........................................305
A formação dos primeiros polos da EaD Uniasselvi ..............................306
O sucesso do primeiro vestibular na modalidade EaD ..........................307
O diferencial do modelo pedagógico ........................................................308
Núcleo de Ensino a Distância (Nead) .......................................................309
O papel da EaD da Uniasselvi para fortalecer outras ............................310
instituições catarinenses .............................................................................310
Capítulo 18 | A organização do Grupo Uniasselvi 
e a fase expansionista .................................................................. 313
José Tafner: o chanceler da Uniasselvi......................................................318
O legado da EaD para a educação brasileira ............................................320
A realização do sonho de milhares de brasileiros ...................................322
Capítulo 19 | Associação de Mantenedoras Particulares de Educação 
Superior de Santa Catarina (Ampesc) ........................................ 325
Missão e finalidades da Ampesc ................................................................326
O surgimento das faculdades particulares ...............................................326
A batalha para obter bolsas para os universitários..................................329
O esforço pela democratização do Ensino Superior ...............................334
Enfrentamento contra decisões da classe política ...................................335
A união de estudantes com a Ampesc ......................................................336
Galeria de presidentes da Ampesc ............................................................338
Capítulo 20 | A expansão do Ensino Superior no Pará ...................... 341
A construção da faculdade em Marabá ....................................................344
O início das atividades da Metropolitana de Marabá .............................346
O primeiro Exame de Seleção ....................................................................347
A contratação dos professores pioneiros ..................................................349
Inovações para oferecer um ambiente diferenciado ...............................349
Ampliação das instalações da Metropolitana ..........................................350
A participação de Fronza no recredenciamento .....................................351
Faculdades em Parauapebas e Paragominas ............................................352
Faculdade Metropolitana de Parauapebas................................................353
Faculdade Metropolitana de Paragominas ...............................................354
Referências bibliográficas ................................................................... 360
Entrevistas ....................................................................................................360
Outras fontes ................................................................................................361
Agradecimentos................................................................................... 362
Sobre os autores ................................................................................... 363
“A ideologia cega, só o conhecimento liberta.”
José Tafner
15
PREFÁCIO
João Vianney 
Convido você a ler este livro com a cabeça aberta para encarar uma trilha de aventuras. É uma história daquelas que a gente 
engata e não larga o livro até a última página. A vida do José Tafner 
é uma coleção de sucessivos desafios que pareciam impossíveis de 
superar. E com ameaças uma atrás da outra, a ponto de colocar tudo 
em risco e fazer tudo desabar numa fração de segundos.
É assim este livro que o Evandro Souza e o Jonas Felácio escre-
veram para contar a inusitada trajetória do José Tafner. Em pratica-
mente todas as fases da vida dele o inesperado estava à espreita para 
lhe passar a perna, para lhe dar uma rasteira nos sonhos.
Na infância, na adolescência, no seminário, nas cidades e 
pela vida afora, com a esposa e filhos a tiracolo, são incontáveis 
as vezes em que os sonhos estiveram à beira de se soterrar em 
meio a enxurradas de cobrir por tudo. Mas, o arfar de peito se 
manteve sempre até a volta do sol. Calçar as galochas e se botar 
pra limpar tudo, reconstruir, e seguir adiante – este é o Tafner 
que o livro mostra.
De onde vem essa força? Nas grandes jornadas, tal como Evan-
dro e Jonas colocaram no livro, as vitórias, para terem o sabor ver-
dadeiro, nunca são apenas “do personagem”. Tem sempre uma força 
que lhe é protetora, e que nos momentos de maior perigo, quando 
tudo está por um fio, vem sempre aquela energia extra que o faz bus-
car – de onde já não mais se imaginava que tinha, aquele sopro de 
vida que faz a diferença pra virar o jogo.
Eu conheci o José Tafner já com sucessivas denominações es-
petadas no peito: professor, diretor, mestre, reitor, secretário Esta-
dual de Educação e outras tantas honrarias resumidas em “Professor 
Tafner”. Ele era uma eminência quando cruzei com ele pela primeira 
vez. Na época, ele era diretor de Ensino Superior na Secretaria da 
Educação de Santa Catarina, em 1996.
16
Mas, em meio às pompas e circunstâncias do cargo, percebi 
que naquele jeito macio de falar, nas anotações sempre presentes 
nos rabiscos de reunião, e no olhar ao horizonte em direção ao mar 
na Baía Sul, em Florianópolis, nos altos da sede da Secretaria da 
Educação, eu percebi que ali tinha um “José” debaixo da pele do 
“Professor Tafner”.
Ele tinha um mote, um bordão, de que “a ideologia cega, só o 
conhecimento liberta”. Fazia eco de cinco séculos com os renascen-
tistas, os enciclopedistas, os iluministas e os grandes pensadores que 
moldaram a sociedade contemporânea. Era o sonho da humanidade 
fora das amarras da realeza, do poder em nome de uma divindade, 
ou de uma supremacia de qualquer ordem que fosse.
Maturava por aquele tempo a ideia — por obra e graça da te-
nacidade — de uma faculdade que viria a ter em seu nome, em sua 
filosofia e em seus prédios a consagração do professor Tafner ao hu-
manismo, representado por Leonardo da Vinci. Está tudo no livro, 
tim-tim por tim-tim, com as vitórias impossíveis uma atrás da outra.
Na época cheguei mesmo a pensar que o “Professor Tafner” e 
todos os distintivos que ele trazia eram “uma consequência do co-
nhecimento”, realizada pelo próprio ser, uma vez que ele os adquirira 
na penosa jornada educacional. Desde a infância, depois no seminá-
rio, na faculdade pioneira, no mestrado com a família morando no 
aperto e, às vezes, comendo fortaia, que tinha mais leite do que ovo e 
queijo. Quanta garra, e tudo isso graças à força pessoal e ao conheci-
mento. Era assim que eu via o professor Tafner.
Mas foi só agora, lendo o livro “do pé à ponta”, como se diz no 
Vale do Itajaí, é que fui descobrir de onde vem a energia secreta do 
José Tafner para ter feito o que fez no mundo da educação em Santa 
Catarina e todo o Brasil. Se um Padawan se torna Jedi apenas quando 
a Força com ele se conecta, descobri no livro que a poção mágica que 
sempre deu a Força para o José Tafner vencer o imponderável tem 
nome e sobrenome: Verônica. Verônica Teresinha Machado Tafner, e 
os filhos que ela deu a ele.
Se você quer ler uma biografia careta, não compre este livro. 
Não faça o download e nem veja a série depois.
Agora, se você quer ler um livro de aventuras, com personagens 
mágicos, e que tem uma história de amor que sempre vence como 
pano de fundo, o livro é este mesmo que está em suas mãos.
17
APRESENTAÇÃO
Malcon Tafner 
O projeto deste livro surgiu da ideia de registrar uma pequena parte da história do Ensino Superior catarinense que pode-
mos considerar muito significativa, dadas as transformações ocor-
ridas nas últimas quatro décadas graças à atuação do meu pai como 
educador e empreendedor da educação. Apesar de a história estar 
sempre em movimento, é fato que são poucas as vezes em que te-
mos a oportunidade de presenciar tantas mudanças e revoluções, 
ainda mais quando muitas delas estão conectadas com uma pessoa 
próxima a nós.
Em 2019, lembro-me do dia em que estava em Florianópolis, 
num final de tarde, tomando um café carioca com um amigo de mui-
tos anos, Luciano Formighieri. Era para ser apenas uma prosa entre 
dois amigos. O Luciano é uma pessoa com o qual tive o prazer e a 
honra de dividir o front de lutas intensas pela Educação Superior 
catarinense, que foram travadas dentro da Assembleia Legislativa de 
Santa Catarina, e por isso se tornou um grande amigo.
Lembramos de algumas das batalhas, como a luta por bolsas de 
estudo do Artigo 170 para que alunos das instituições privadas tam-
bém pudessemser beneficiados, da legislação estadual defendendo 
os alunos de Educação a Distância do preconceito que sofriam na 
época, por bolsas de estudo do Artigo 171, que escrevemos e luta-
mos juntos, e muitas outras trincheiras pouco conhecidas que pas-
sam despercebidas da sociedade, mas que fortuitamente dão frutos 
a todos até hoje.
No meio dessa conversa repleta de notas de nostalgia, surgiu 
a ideia de registrar em um livro parte das histórias para que não se 
perdessem no tempo e no espaço em um momento social com tantas 
novidades. Foram histórias que transformaram a sociedade do ponto 
de vista educacional, que fizeram a diferença na vida de muitas pes-
soas e que poucos conhecem. E, conversando, fomos percebendo que 
18
muitas delas perpassavam, invariavelmente, pela história do meu pai, 
Professor José Tafner. Era preciso escrever um livro sobre isso tudo 
e sobre o quanto ele tinha contribuído para a história da Educação 
Superior de Santa Catarina e também do Brasil.
Desafio lançado, desafio aceito
Procurei então o professor Evandro André de Souza, historia-
dor, escritor reconhecido e ex-coordenador do curso a distância de 
História da Uniasselvi, onde havia trabalhado com meu pai desde o 
início da EaD e depois comigo no tempo em que eu havia desem-
penhado também a função de reitor. Somos amigos desde então. 
Conversamos muito sobre como deveria ser a obra e qual seria a 
sua função editorial. É verdade que tínhamos em mente algo menor, 
como sendo um registro da participação do meu pai na história da 
Educação Superior catarinense. Logo, entre tantas conversas e listas 
de pontos marcantes, fomos descobrindo que não seria possível que 
fosse algo menor... Não havia como.
A história do meu pai e de tudo o que tinha acontecido na edu-
cação nos últimos anos falava por si, na verdade, gritava alto, mas era 
preciso registrar, escrever, imprimir para que pudéssemos mantê-la 
viva e devidamente documentada. Estava começando um verdadei-
ro trabalho de registro histórico para a sociedade catarinense, para 
os nossos historiadores, professores, educadores, empreendedores e, 
sobretudo, para os nossos conterrâneos vindouros.
Diante do volume de trabalho, Evandro trouxe o jornalista e 
amigo Jonas Felácio para dentro do projeto, e tão logo começaram a 
coletar os dados e a entrevistar as pessoas que participaram da histó-
ria, percebeu-se que havia muito mais elementos conectados entre si 
do que imaginávamos, e que remetiam a um tempo anterior às mu-
danças que visualizávamos, e que se não tivessem acontecido talvez 
as mudanças todas também não teriam ocorrido, certamente não da 
forma ou na velocidade como aconteceram.
Se acreditamos que nada neste mundo é por acaso, estávamos 
diante de uma dessas histórias de destino e de propósito de vida, e 
diante disso víamos com clareza a necessidade do registro histórico e 
de vida desse personagem.
O trabalho então começou... foram meses buscando peças jor-
nalísticas, pessoas, documentos históricos, entrevistas, artigos, li-
vros, fotografias e tudo o mais que um trabalho dessa envergadura 
exige dos profissionais. E foi durante a organização do livro que nos 
19
convencemos da indissociabilidade da biografia do meu pai com as 
transformações ocorridas na educação catarinense, e também brasi-
leira. Reuniões foram feitas sobre isso e no final aceitamos o inevitá-
vel: a sua biografia se confundia com parte da história da educação 
catarinense, e por isso essa obra tem um viés biográfico no início que 
se funde com a evolução da educação de Santa Catarina e amplia 
para regiões remotas do Brasil, promovendo a verdadeira democra-
tização da educação.
Da mesma forma como uma andorinha só não faz verão, essa 
história também traz à luz a vida e a contribuição de muitas outras 
pessoas, lembradas e citadas dentro deste livro. Seria injustiça da 
nossa parte resguardar tal empenho de tantos, mas o foco desse do-
cumento histórico ainda é o meu pai.
Certa vez, ainda quando meu pai era reitor da Furb, em uma 
cerimônia de colação de grau da qual participei, eu o ouvi dizendo 
em seu discurso final uma frase que ele havia lido em um calendário, 
e que dizia que o exemplo não era a melhor lição, mas a única lição. 
Posso dizer que talvez essa tenha sido a lição que ele deixa como 
legado para todos nós, filhos, amigos e professores. A sua vida como 
exemplo de dedicação à educação e a sua luta pela expansão do co-
nhecimento para todos.
Desejo a você uma ótima leitura, e agradeço à família, aos ami-
gos, e todos que participaram deste projeto de vida pelo empenho 
dispendido e por compartilhar dos mesmos valores educacionais. 
Obrigado a todos.
“NÃO 
BASTA 
SABER, 
É PRECISO 
SABER 
FAZER.”
23
INTRODUÇÃO
Escrever parte da história de José Tafner não foi tarefa fácil. Foi um trabalho árduo e repleto de descobertas, que a cada nova pá-
gina mostrava-se mais apaixonante, revelando um ser humano que 
soube dar materialidade aos seus sonhos e ideias.
Logo no início da empreitada, combinamos, eu e o Jonas, que 
iríamos montar a narrativa do livro a partir de entrevistas com pessoas 
que participaram da vida do protagonista: esposa, filhos, amigos, edu-
cadores. Surgiu uma lista com diversos nomes, e boa parte consegui-
mos entrevistar. Porém, em alguns casos, tivemos que declinar, ou por 
problema de agenda, ou por desencontro, ou falta de tempo.
A primeira pessoa entrevistada foi o próprio José Tafner, pro-
tagonista do livro. Ele nos recebeu em sua residência na cidade de 
Blumenau, no dia 24 de junho de 2019. Logo cedo nos encontramos 
e tivemos um dia dedicado às memórias e histórias contadas com 
entusiasmo por ele. A cada acontecimento lembrado seus olhos bri-
lhavam, revelando uma pessoa apaixonada, que viveu e ainda vive os 
seus dias de maneira intensa e nem um pouco despropositada.
Ao final daquela manhã, saímos a pé e almoçamos em um res-
taurante próximo. Com seu estilo de vestir peculiar, nos pagou um 
almoço e fez questão de brindar, antes da refeição, com um bom gole 
de schnaps1. Após, retornamos e seguimos a entrevista até o entar-
decer. No dia seguinte foi a vez de entrevistar a sua esposa, Verônica 
Tafner, que, apaixonada, nos relatou as histórias que entrelaçaram o 
casal em matrimônio, bem como os desafios e projetos de vida, tanto 
familiares como profissionais. Foi fantástico ter iniciado o trabalho 
com os relatos de José e Verônica, pois suas histórias abriram cami-
nho para a montagem de um enredo que iria facilitar a organização 
da narrativa do livro.
1 A palavra de origem alemã é usada para se referir a qualquer tipo de aguardente. Popularmente 
os imigrantes alemães chamavam por schnaps, a bebida que hoje conhecemos por cachaça.
24
Após esses dois dias de entrevistas, reunimos um bom material 
e começamos a escrever os textos, dando forma aos capítulos que 
iriam construir a linha do tempo, reunindo passagens da sua infância 
em Rio dos Cedros, da “querida escola”, do seminário em Ascurra e 
de São Paulo, das aventuras no Mato Grosso, do retorno a Santa Ca-
tarina e do início da sua vida profissional e posterior afirmação como 
professor e gestor educacional de sucesso.
Depois das entrevistas com o casal e com os filhos Malcon e 
Marlon, montamos o enredo para dar continuidade aos trabalhos. 
Os familiares se envolveram com a pesquisa e compartilharam de-
talhes interessantes2, que criaram a ambientação de uma história 
que poderia ser enriquecida com os depoimentos de outros per-
sonagens. Essas pessoas passaram a contar suas lembranças sobre 
José Tafner, ampliando o texto e fornecendo à narrativa uma escrita 
espontânea e exclusiva.
Nos meses seguintes realizamos diversas entrevistas com pes-
soas que participaram de acontecimentos vividos por Tafner. Elas ti-
veram a oportunidade de expressar a sua admiração, como também 
descrever um pouco do convívio e de como isso transformou as suas 
vidas. Foi possível constatar a curiosidade de Tafner pelos aspectos 
2 O casal José e Verônica, atéesta data, não teve nenhuma perda humana nesta trajetória de 
16 pessoas; iniciou recentemente uma nova etapa com a chegada de bisnetos. A primeira, já 
ensaiando os primeiros passos, é a menina Helena Tafner da Silva, nascida no dia 15 de março 
de 2021, em Indaial/SC.
Acima: Heron 
Kauê Tafner, 
Malcon 
Anderson 
Tafner, Julianne 
Fischer, Marlen 
Cláudia Tafner, 
Marylin Ítala 
Tafner, Isabela 
Luiza Tafner, 
Marlon Jackson 
Tafner, Thaysa 
Andrea Tafner, 
Matheus 
Leonardo 
Tafner. 
Abaixo: Rafael 
Iraê Tafner 
da Silva, 
Patrícia Helena 
Fischer Tafner, 
José Tafner, 
Verônica 
Teresinha 
Machado 
Tafner, Gabriel 
Fischer Tafner e 
Nícolas Eduard 
Tafner. Acervo: 
José Tafner
25
diferenciados do cotidiano e a busca por novidades que sempre esti-
veram presentes em sua infância.
Com menos de 6 anos de idade, acompanhou os trabalhos de 
um senhor que esteve na propriedade para definir o local onde seria 
cavado um poço. O pequeno Tafner acompanhou esse homem, que 
andava pelo terreno com uma vareta de pessegueiro, buscando esco-
lher a melhor localização. Tafner ficou admirado quando, ao térmi-
no dos trabalhos, aquele homem puxou um balde cheio de água de 
dentro do poço.
Nos momentos em que não estava na escola, auxiliava nos ser-
viços da propriedade, cortava lenha, tratava os animais, entre outros 
afazeres. Quando concluía as atividades na roça, trabalhava então na 
sapataria do pai, Ermínio, batendo sola e fazendo outros pequenos 
serviços. O contato com o ofício desenvolvido pelos antepassados e 
com a escola de aprendizes que funcionava na propriedade da famí-
lia Tafner possibilitou que pensasse em novas perspectivas de vida, 
que iam além dos trabalhos agrícolas.
A dedicação ao trabalho é um dos principais marcos da trajetó-
ria de vida de José Tafner. Os filhos dos colonos começavam a auxi-
liar na lavoura ainda pequenos, precisavam se esforçar bastante para 
contribuir com o sustento da família. Com apenas 8 anos, Tafner 
prestava serviços para uma família produtora de milho e de araruta, 
em períodos de férias escolares.
Ainda na infância começou a desenvolver o espírito empreen-
dedor e inventivo, que era algo inerente a sua índole. Participava 
de brincadeiras diferentes e procurava fazer invenções de acordo 
com as possibilidades do cotidiano interiorano. Não é possível 
afirmar que significaram a origem de suas ações empreendedoras 
na fase adulta, mas, com certeza, influenciaram de alguma forma 
neste sentido.
José Tafner é integrante de uma geração de educadores de Rio 
dos Cedros que vivenciou a formação religiosa e educacional no se-
minário. Posteriormente esses profissionais se destacaram na área 
educacional catarinense e até mesmo em outros estados brasileiros.
Após retornar do Mato Grosso e de São Paulo, José Tafner pas-
sou a lecionar em unidades educacionais de Blumenau. Naquela épo-
ca, vários educadores naturais de Rio dos Cedros, como Joaquim Flo-
riani, Valdir Floriani, Leandro Longo, Almerindo Brancher, Lourival 
Busarello e Olivo Pedron, já trabalhavam em escolas blumenauenses.
Na década de 1960, os professores mais benquistos e concei-
tuados pela população eram quase todos de Rio dos Cedros. Esses 
educadores haviam vivenciado a experiência como seminaristas 
26
no tempo da juventude. Devido à contribuição de vários educado-
res rio-cedrenses para a área educacional catarinense e brasileira, 
o município de Rio dos Cedros recebeu o título simbólico de Celeiro 
Cultural do Vale do Itajaí.
O nível cultural e intelectual dessa geração realmente foi dife-
renciado. Os jovens que optaram por seguir a vida religiosa se des-
tacaram nos municípios onde construíram suas trajetórias. Podemos 
mencionar o exemplo de Victor Vicenzi, pesquisador, escritor e au-
tor de livros. Esse padre salesiano marcou seu nome na história da 
comunidade católica de Rio do Sul porque foi o vigário do período 
de construção da Catedral São João Batista. A igreja apresenta ca-
racterísticas arquitetônicas diferenciadas, sendo uma das mais belas 
construções religiosas do sul do Brasil. Da mesma forma, houve vi-
gários naturais de Rio dos Cedros que coordenaram obras de cons-
trução de igrejas católicas, verdadeiros símbolos de religiosidade e 
identidade cultural das comunidades.
Após cursar a formação salesiana e religiosa no seminário, Tafner 
trabalhou em colégios salesianos nos estados do Mato Grosso e de São 
Paulo. Desenvolveu um trabalho com a juventude e organizou compe-
tições de futebol, com apoio da comunidade de Campo Grande.
Chama atenção a sua capacidade de articulação para estabe-
lecer novos contatos. Fez amizade com profissionais do Correio 
Aéreo Nacional e em períodos de férias sobrevoou grande parte 
do Estado do Mato Grosso, conhecendo rios, pontos geográficos e 
turísticos de destaque.
Também nos períodos de recesso das aulas realizou trabalho 
voluntário para auxiliar comunidades indígenas. Vivenciou inten-
samente este intercâmbio com os índios, presenciando rituais reli-
giosos, costumes e tradições. Através das memórias compartilhadas 
por Tafner, é possível compreender a importância dessa experiência 
cultural em sua vida.
Depois de trabalhar praticamente dois anos no Mato Gros-
so, lecionou por um período em colégios salesianos de São Paulo. 
Tafner não recebia salário, apenas ganhava a alimentação e vesti-
mentas. Com certeza esse período de dificuldades é um dos aspectos 
mais curiosos de sua trajetória profissional, dificilmente imaginado 
pelas pessoas que associam a imagem de Tafner ao case de sucesso 
da Uniasselvi e à sua importância no cenário educacional brasileiro.
Mas nem tudo foram flores em sua caminhada. Por enfren-
tar tantas intempéries longe de casa, optou por retornar para Santa 
Catarina. Permaneceu por poucos dias em Rio do Cedros, porque 
logo recebeu convite de professores rio-cedrenses que já lecionavam 
27
em escolas de Blumenau. Desta forma iniciou sua trajetória como 
educador no Vale do Itajaí, na metade da década de 1960.
Após trabalhar por alguns anos em colégios de Blumenau e 
região, ingressou como docente no Ensino Superior. Conforme é 
possível observar por meio dos depoimentos concedidos pelos en-
trevistados para elaboração do conteúdo desse livro, constata-se a 
importância da trajetória de 25 anos que Tafner construiu na Univer-
sidade Regional de Blumenau.
Ainda na década de 1970 aventurou-se em busca do saber. 
Junto com os familiares vivenciou inúmeros desafios financeiros e 
logísticos para realizar o sonho de cursar o mestrado, em uma épo-
ca em que existiam poucos educadores com esse nível de formação 
acadêmica. Após vencer todos esses sacrifícios retornou para Blu-
menau, trazendo na bagagem novos saberes sobre gestão educacio-
nal universitária.
Posteriormente ocupou por duas oportunidades o cargo de 
reitor da Furb, entre outras funções administrativas e educacionais 
relevantes. Transformou a instituição para melhor, ampliando o nú-
mero de graduações, sanando os problemas financeiros, evidencian-
do a sua capacidade enquanto gestor administrativo e educacional 
eficiente. Durante as décadas em que atuou em sala de aula, Tafner 
estabeleceu vínculo com turmas de estudantes que até hoje recordam 
de sua ética profissional e dedicação como educador.
Toda essa experiência de professor e gestor foi colocada à dis-
posição da sociedade catarinense no momento que desempenhou 
a função de secretário estadual de Educação. Alguns anos depois 
colocou novamente seus conhecimentos em prol da educação ca-
tarinense, quando trabalhou como diretor de Ensino Superior de 
Santa Catarina.
Idealizou o Projeto Magister, que representou uma quebra de 
paradigmas em termos de formação superior para os professores ca-
tarinenses. Através desse projeto inovador contribuiu efetivamente 
para elevar a qualidade do trabalho docente, contemplando assim 
milhares de estudantes por toda Santa Catarina.
Além de se dedicar a projetos coletivos, Tafner não mediu esfor-
ços para realizar o sonho de criar suaprópria instituição de ensino. A 
Associação Educacional Leonardo da Vinci foi concebida da mente 
para as mãos, inspirada nos ideais renascentistas, do iluminismo e 
na genialidade de Leonardo da Vinci. A partir dos conhecimentos 
adquiridos em décadas de estudo e de experiência profissional, idea-
lizou princípios filosóficos para nortear a atuação educacional de sua 
instituição de ensino.
28
Com o passar dos anos, a Asselvi se transformou na Uniassel-
vi e o projeto de Tafner obteve reconhecimento nacional. Milhares 
de brasileiros vivenciaram a oportunidade de cursar uma faculdade 
através das inovações geradas pela instituição criada por José Tafner.
Enquanto a grande maioria das pessoas utiliza a aposentado-
ria para relaxar e descansar dos anos trabalhados anteriormente, 
Tafner continuou produzindo com exigência e determinação, lide-
rando sua equipe, comprometido com a comunidade e com tudo que 
se propunha a fazer. Apesar de todo o conhecimento e experiência 
na área educacional, permitiu que mais pessoas compartilhassem 
desse sonho, idealizado “da mente para as mãos”, considerando sua 
realização de forma coletiva.
Da mesma maneira que colocou a mão na massa e ajudou a cons-
truir a sua faculdade, caminhando lado a lado com a equipe, anos de-
pois dividiu com todos a oportunidade de saborear as vitórias conquis-
tadas, mas sempre com humildade e com os pés no chão, sem soberba 
ou qualquer forma de arrogância, conforme poderá ser constatado nas 
memórias obtidas pelas entrevistas. O professor Francisco Fronza afir-
ma que José Tafner é a personificação da razão prática: “Se Kant escre-
veu a Crítica da Razão Pura, o professor Tafner é a personificação da 
razão prática, aquela ideia de que as coisas devem funcionar”.3
A filosofia salesiana aprendida no período do seminário esteve 
presente em diversos momentos de sua atuação enquanto docente e 
gestor educacional. Por não conseguir aceitar a situação de ver alunos 
interessados em adquirir conhecimentos, mas sem ter sala de aula 
para estudar, Tafner se envolveu com os problemas educacionais do 
Estado do Pará. Com ousadia e determinação, idealizou a Faculdade 
Metropolitana de Marabá. Com o passar dos anos essa instituição se 
transformou em outro case de sucesso e apresentou efetivamente a 
sua contribuição para elevar o nível de conhecimento dos estudantes.
Após mais de 50 anos de dedicação profissional na área da edu-
cação, Tafner fez amizades em diversos estados. Um dos principais 
legados do professor Tafner para a história da educação brasileira 
está relacionado a sua preocupação em levar o conhecimento para 
todos. Enquanto filósofo da educação e educador, dedicou sua vida 
profissional para oportunizar o acesso das pessoas ao ensino. Este 
pressuposto de José Tafner representava quase que um propósito de 
vida, porque acreditava que ao proporcionar a expansão do conhe-
cimento do ser humano, este aspecto faria diferença e melhoraria 
a vida destas pessoas e das comunidades onde estavam inseridas.
3 FRONZA, Francisco. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, 
em 25 de julho de 2019.
29
Torna-se uma missão quase impossível descrever detalhadamente 
cada etapa da trajetória de mais de 50 anos que Tafner dedicou à educa-
ção. Por essa razão optou-se por apresentar esses momentos importantes 
de forma sintetizada, dando vida a essa história através dos depoimentos 
concedidos por familiares e educadores que conviveram com Tafner.
Vários fatores elucidam a dimensão quase indescritível do rele-
vante trabalho desenvolvido por José Tafner para o Ensino Superior 
brasileiro. A determinação em realizar plenamente os seus projetos, 
a busca incansável pelo conhecimento, o amor pelo ato de educar, a 
coragem para superar inúmeros desafios e a capacidade em acreditar 
na realização de seus sonhos, são alguns aspectos que poderão ser 
conhecidos através da leitura dessa obra.
José Tafner 
em solenidade 
de Outorga 
Nobre 
Acadêmico 
da Câmara 
Temática de 
Filosofia, da 
Academia 
Latino-
Americana 
de Ciências 
Humanas, 
em 30 de 
abril de 2016, 
Brasilia/DF
“Certo dia, talvez com 7 anos, fiz um anzol com alfinete. 
O alicate da sapataria do meu pai me possibilitou esse feito. 
Fui a uma lagoa do nosso vizinho que tirou muita terra para 
a sua olaria. Com um pedaço de minhoca nesse anzol, 
peguei uma traíra de 350 gramas, corri ao encontro do meu pai, 
que me elogiou diante do feito.”
José Tafner
31
CAPÍTULO 1
Infância de José Tafner 
em Rio dos Cedros
José Tafner nasceu no dia 21 de dezembro de 1940. Difícil imaginar que o menino nascido no pequeno município de Rio dos Cedros 
se transformaria em um dos principais personagens da história da 
educação catarinense e empreendedor reconhecido nacionalmente, 
por ser pioneiro em diversas atividades do Ensino Superior brasi-
leiro. Naquela época, a maioria das famílias obtinha a sobrevivência 
por meio da agricultura e o lugar ainda era um distrito que pertencia 
ao município de Timbó.
José Tafner é o primeiro filho homem do casal Ermínio Tafner 
e Clara Mattedi, possuindo descendência italiana paterna e materna. 
José Tafner teve onze irmãos: Elide (falecida), Realdino, Mário (fa-
lecido), Jaime, Evanilde, Mauro, Valdir e Dimas. Uma irmã faleceu 
ainda na infância e outra no momento do parto. Teve como avós 
paternos Giovanni Tafner e Rosina Dalpiaz, e como avós maternos 
Paulo Mattedi e Teresinha Mattedi.
O pioneiro Ângelo Marcello Tafner na Colônia Blumenau
A família Tafner é originária da localidade de Mattarello, situa-
da na Província de Trento. Após a vinda da Itália, Ângelo Marcello 
Tafner fez a escolha pelo sul do país, instalando-se no ano de 1876 
na Colônia Blumenau, situada na região do Vale do Itajaí. Adquiriu o 
lote colonial número 59, na localidade de Santo Antônio, em Rio dos 
Cedros. A partir deste momento, tem início a trajetória da família 
Tafner em Santa Catarina, tendo como patriarca Ângelo Tafner, que 
é bisavô de José Tafner.
A comunidade de Santo Antônio faz divisa com o município 
de Pomerode. Popularmente ficou conhecida por Matarel, em razão 
de seus moradores pioneiros serem provenientes da região italiana 
32
de Mattarello. Portanto, o nome do lugar foi escolhido como forma 
de homenagem à terra natal. No caminho dos pomeranos, vindo 
da direção de Timbó, Santo Antônio é a primeira comunidade dos 
tiroleses do sul, imigrantes de fala italiana, que hoje são chamados 
de trentinos. Cabe contextualizar que, atualmente, esses pioneiros 
são considerados como imigrantes italianos. No entanto, o bisavô 
de José Tafner não nasceu na Itália, porque naquele período Trento 
pertencia à Áustria. Somente a partir do ano de 1919, através de 
uma convenção com participação da Itália, Áustria, Suíça e Fran-
ça, as questões de fronteira foram apaziguadas e a região trentina 
deixou de pertencer ao Império Austríaco, passando a integrar o 
território italiano.
Uma das dificuldades do período da colonização era a questão 
da comunicação. Não contavam ainda com o telefone e nem se ima-
ginava que existiriam os modernos aparelhos tecnológicos da atua-
lidade. Os irmãos Tafner procuravam trocar cartas para descobrir 
onde estavam morando os parentes. José Tafner explica que seu bisa-
vô falava o dialeto trentino italiano. Também sabia se comunicar no 
dialeto mocheno, falado pelos antepassados no Val dei Mocheni, em 
Trento. Apesar de não ser exatamente o idioma alemão oficial, era 
um dialeto parecido, que possibilitava a comunicação com descen-
dentes alemães.4
Cabe contextualizar que a Colônia Blumenau era constituída, 
principalmente, por imigrantes alemães, italianos, tiroleses do sul 
e cidadãos austríacos, que foram colonizando o território do Vale 
do Itajaí. Por saber falar os dois principais idiomas da colônia, Ân-
gelo Tafner se tornou um intérprete do Dr. Hermann Bruno Otto 
Blumenau. Repassava as informações do diretor da Colônia Blu-
menau para os colonos trentinos, que não sabiam se comunicarem alemão.5
É interessante mencionar que as famílias de imigrantes ita-
lianos foram instaladas na Pommernstrasse. A Rua dos Pomeranos 
recebeu este nome em decorrência da colonização inicial realizada 
por alemães. Estes imigrantes eram provenientes da região de ori-
gem germânica chamada por Pomerânia. Os imigrantes pioneiros 
que vieram da Alemanha para a Colônia Blumenau chegaram pra-
ticamente 25 anos antes do início da imigração italiana para terras 
catarinenses. Com a chegada das famílias italianas, a região rece-
beu o nome de Santo Antônio.
4 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
5 Idem.
33
No passado a Pommernstrasse possibilitava a ligação entre Rio 
dos Cedros, Timbó e Pomerode. José Tafner comenta que devido 
ao fato de a comunidade de Santo Antônio estar situada geografi-
camente na divisa entre Rio dos Cedros e Pomerode, pelo menos 
três gerações da família Tafner conseguiram manter o bilinguismo 
dos idiomas alemão e italiano. Esses familiares sabiam falar o dialeto 
trentino e o platt-deutsch, dialeto alemão falado até os dias atuais em 
Pomerode. Cabe destacar que este município é reconhecido nacio-
nalmente pela continuidade das tradições germânicas, repassadas de 
geração para geração.6
Ângelo Marcello Tafner casou-se com Ângela Lúcia Perini, filha 
de Francesco Perini e de Lúcia Girardi, também imigrantes italianos 
de Mattarello. O casal teve cinco filhos: Guglielmo, Albina Maria Te-
resa, Cattarina Melania, José Francisco (que faleceu com apenas sete 
anos de idade), além de Giovanni Ermínio, avô de José Tafner. Os 
descendentes de segunda geração da família Tafner foram morar em 
diferentes comunidades entre Rio dos Cedros e Timbó.
O casal pioneiro vivenciou grandes desafios para conseguir 
criar os filhos. Havia a necessidade de derrubar a mata para organi-
zar áreas de produção agrícola. A religiosidade e a fé em viver dias 
6 Idem.
O pioneiro 
da família 
Tafner em 
Santa Catarina, 
Ângelo Tafner, 
com familiares. 
Acervo José 
Tafner
34
melhores foram os principais alicerces para a família vencer as difi-
culdades iniciais e obter boas condições de vida.
Giovanni Tafner casou-se com Rosina Dalpiaz e desta união 
nasceram os filhos Eugênia, Celestina, Artur, Maria, Angelina e 
Ermínio, pai de José Tafner. Os avós paternos de Tafner herdaram a 
casa que pertencia ao casal pioneiro da família em Rio dos Cedros, 
Ângelo Marcello Tafner e Ângela Perini. Mas as enfermidades afeta-
vam as famílias dos imigrantes e colonizadores. Duas irmãs de Ermí-
nio morreram jovens, com menos de 30 anos de idade, em função da 
peste chamada na região por “tifo preto”.
Mesmo diante de todos os desafios enfrentados, o esforço do pio-
neiro Ângelo Tafner valeu a pena. Na atualidade residem no Vale do 
Itajaí os seus descendentes de terceira e quarta geração. Esses familia-
res contribuíram em diversos segmentos da sociedade, garantindo a 
continuidade e a trajetória da família Tafner em Santa Catarina.
Com o passar dos anos, Ermínio Tafner construiu uma casa na 
localidade de Encruzilhada. Esta comunidade possuía uma locali-
zação estratégica: havia um encruzo que possibilitava a ligação com 
diversas comunidades interioranas. As pessoas vindas de Timbó pas-
savam por esse local e depois conseguiam chegar nas comunidades 
de São Roque e Santo Antônio, que receberam as primeiras levas de 
imigrantes italianos. A localidade era ainda chamada de Caminho 
dos Pomeranos, mas as famílias italianas a nomearam popularmente 
como “Crosara”.
A região de Encruzilhada era considerada a sede de toda a colo-
nização. Inclusive, as famílias se uniram e foi construída a capela de 
Nossa Senhora das Dores, “L’Addolorata” para os italianos. A igreja 
foi edificada em um morro, conforme era padrão, para que se desta-
casse na colônia. Seria um marco referencial, a partir do momento 
em que a localidade de “Crosara” se transformasse na sede do futuro 
município de Rio dos Cedros. No entanto, esse planejamento não 
ocorreu conforme o esperado.7
José Tafner recorda que uma das particularidades históricas 
mais interessantes de Rio dos Cedros relaciona-se a um litígio que 
ocorreu entre diferentes correntes migratórias. Os imigrantes que 
chegaram anos depois do início do processo de colonização do mu-
nicípio contavam com maior poder econômico, em relação aos pio-
neiros. Desta forma obtiveram influência política na execução de 
seus projetos coloniais. Lamentavelmente, não respeitaram o que 
foi construído na comunidade de Encruzilhada, com muito esforço 
7 Idem.
35
pelas famílias pioneiras. Deslocaram a igreja e o antigo centro de Rio 
dos Cedros para outra região.8
Constituíram desta forma outra localidade, onde seria formado o 
novo centro do município e construída uma nova igreja matriz. Havia 
uma distância de seis quilômetros entre essas duas comunidades e a 
situação ficou crítica. O batalhão de Blumenau do Exército brasileiro 
precisou intervir, para apaziguar os ânimos.9 Nessa época o lugar ainda 
era conhecido como Distrito de Encruzilhada, pertencendo ao mu-
nicípio de Timbó. A área hoje integra o território de Rio dos Cedros.
Como tentativa de amenizar o conflito, o Exército fez um sor-
teio para definir qual dos dois lugares seria a sede do município. Os 
colonos do segundo ciclo imigratório venceram e a localidade de En-
cruzilhada deixou de ser o centro da colonização de Rio dos Cedros. 
Da mesma forma, a Igreja Nossa Senhora das Dores perdeu o status 
de igreja matriz do distrito. Considerável parcela dos imigrantes não 
acreditou na veracidade do resultado do sorteio. Achavam que havia 
ocorrido alguma interferência política ou econômica.10
Essa desavença interferiu diretamente no cotidiano dos descen-
dentes de alemães que viviam nas proximidades do Caminho dos 
Pomeranos. A decisão também afetou os imigrantes austro-húnga-
ros. Tafner recorda de algumas famílias de origem alemã que viviam 
na localidade, a exemplo dos Stinger, Stolf, Volk e Campregher. A 
integração cultural e étnica, que era um dos aspectos diferenciados 
do processo colonizatório, sofreu uma ruptura de grandes propor-
ções. Alguns italianos, revoltados com o resultado final do embate, 
esconderam o tabernáculo “na mata”. O episódio foi tão marcante 
que as famílias Stinger e Mondini se mudaram de Rio dos Cedros 
para Jaraguá do Sul.11
Curiosidades sobre a família Tafner em Rio dos Cedros
Após casar-se com Clara Mattedi, Ermínio Tafner construiu 
uma casa no mesmo terreno onde residiam seus pais. As casas fica-
vam separadas por uma pequena distância de 20 metros. José Tafner 
vivenciou sua primeira infância nessa casa, até os 6 anos de idade. 
Aproveitou os momentos de convivência com os pais e constante-
mente visitava a residência dos avós paternos.
8 Idem.
9 Idem.
10 Idem.
11 Idem, em 1o de maio de 2020.
36
No ano de 1946, a casa da família Tafner foi removida para a 
localidade de Encruzilhada. Ficou situada a cerca de 700 metros de 
distância da residência dos avós paternos de José Tafner. A nova 
morada também ficava próxima dos avós maternos, Paulo Mattedi 
e Teresinha Mattedi. O terreno comprado por Ermínio contava com 
aproximadamente quatro hectares.12
Um dos fatos curiosos que recorda relaciona-se ao momento 
em que um senhor esteve na propriedade para definir o local onde 
seria cavado um poço. O pequeno Tafner acompanhou este homem, 
que andava pelo terreno com uma vareta de pessegueiro, buscando 
12 Idem.
José Tafner 
com o pai 
Ermínio Tafner, 
em frente à 
casa que foi 
desmontada e 
transportada 
em carroça, de 
uma distância 
de 800 metros 
onde se 
encontrava 
inicialmente, 
por volta de 
1945. Tafner 
acompanhou 
tanto o 
desmonte como 
a montagem 
da casa, que 
permaneceu 
intacta até 
1995. Ali 
viviam 8 
irmãos e 2 
irmãs, além do 
seu tio surdo/
mudo e de 
uma sobrinha 
adotiva. Acervo 
José Tafner
37
a melhor localização. Após a definição sobre o lugar ideal, cavou-
sea terra para construir um poço com 8 metros de profundidade e 
1,3 metro de diâmetro. A finalidade do poço era trazer água para a 
superfície. É importante mencionar que no tempo da colônia não 
contavam ainda com rede de abastecimento e água encanada. Com 
menos de 6 anos de idade, Tafner ficou admirado quando ao término 
dos trabalhos aquele homem puxou um balde cheio de água de den-
tro do poço. Logo após, um pedreiro fez a mureta externa de material 
e a estrutura de madeira necessária para a instalação do balde e da 
roldana para retirada da água.13
A família Tafner trabalhava na propriedade rural visando obter 
o sustento dos familiares. Ermínio realizava as tarefas diárias da co-
lônia e contava com auxílio de seus ajudantes. Organizavam lavouras 
de subsistência e produziam fumo em folha para a empresa Souza 
Cruz. Após se esforçar na roça durante o dia, trabalhavam ainda no 
período noturno na sapataria. Este estabelecimento prestava tam-
bém serviços de selaria, representando uma forma de obtenção de 
renda.14 Trabalhava na sapataria principalmente aos sábados à tarde, 
para pintar e lustrar sapatos.
Nos momentos em que não estavam na escola, os filhos de Er-
mínio auxiliavam nos serviços da propriedade. Entre as atividades 
realizadas, cortavam lenha e tratavam os animais. A pastagem da 
propriedade dos Tafner era pequena, por isso diariamente levavam 
as vacas para pastar, no começo da tarde, em uma propriedade alu-
gada de algum parente ou vizinho. No entardecer traziam as criações 
de volta. Quando não havia o que fazer na roça, trabalhavam então 
na sapataria do pai, batendo sola e fazendo outros pequenos serviços. 
O período da noite era destinado aos deveres da escola. Iluminavam 
o ambiente com a luz de uma lamparina a óleo.15
O ofício de sapateiro foi uma tradição que a família Tafner 
trouxe da Europa e que teve continuidade no Brasil. Ângelo sabia 
consertar sapatos e ensinou essa profissão para seu filho Giovanni, 
que por sua vez repassou a atividade para Ermínio. Quando preci-
sava comprar alicates, couro, sola, tachinhas de madeira, ferramen-
tas, qualquer item para os trabalhos da sapataria, ou para o dia a 
dia da propriedade agrícola, Ermínio viajava até Blumenau. Utiliza-
va a bicicleta para ir até Indaial, pedalando por um trajeto de mais 
de 20 quilômetros. Deixava a bicicleta na estação ferroviária e em-
barcava no trem em direção ao centro de Blumenau. Após comprar 
13 Idem.
14 Idem.
15 Idem.
A mãe de José Tafner, Clara Mattedi Tafner. Acervo José Tafner
39
o que era necessário, retornava para Indaial com a “Maria Fumaça”. 
Pegava a bicicleta e fazia o percurso de volta para casa. Em diversas 
ocasiões foi acompanhado pelos aprendizes, que auxiliavam nessa 
tarefa desafiadora. José Tafner até hoje não consegue entender como 
o pai e seus ajudantes conseguiam transportar tantas mercadorias de 
Indaial até Rio dos Cedros usando a bicicleta.16
Escola de aprendizes na propriedade da família Tafner
Uma das situações mais interessantes do cotidiano da proprie-
dade rural da família Tafner era uma espécie de escola de formação 
de sapateiros. Esta atividade funcionava nos moldes de uma escola 
de aprendizes, de uma confraria de ofícios da Idade Média. Geral-
mente moravam quatro ou cinco aprendizes do ofício de sapatei-
ro com a família Tafner. No primeiro semestre de atividades, esses 
jovens não recebiam remuneração, mas ganhavam alimentação e 
moravam no sótão da residência dos Tafner. Após seis meses co-
meçavam a realizar serviços mais caprichados, como bater sola, por 
exemplo. No terceiro semestre do aprendizado passavam a contar 
com um pequeno rendimento e já podiam usar esses valores para ir 
ao baile no final de semana.17
Depois de dois anos e meio como aprendiz, o jovem então re-
cebia a “liberdade” para poder procurar outro local, para morar e 
trabalhar. Formalmente não recebia um diploma. No entanto, a ex-
periência vivenciada e os conhecimentos adquiridos eram de gran-
de importância para as fases seguintes da vida. Depois da saída dos 
jovens da propriedade da família Tafner, Ermínio acompanhava os 
aprendizes por determinado período. Em diversas oportunidades os 
auxiliou, ajudando a escolher um local onde fosse possível iniciar a 
propriedade agrícola e se dedicar ao ofício de sapateiro.18
Recordações sobre a infância de José Tafner
José Tafner é detentor de uma memória privilegiada e tem 
inúmeras recordações sobre o tempo da primeira infância, até os 
6 anos de idade. Comenta que aos domingos, às 9 horas, aguar-
dava ansiosamente o seu avô Giovanni, que ao retornar da missa 
16 Idem.
17 Idem.
18 Idem.
40
dominical sempre lhe trazia um pacote de 12 a 15 balas, ou uma 
bala chupeta.19 A partir dos 5 anos, Tafner começou a auxiliar nas 
atividades da propriedade agrícola. “Muito curioso, certo dia fui até 
o rancho para ver o corte de trato para as duas vacas que tínhamos. 
Coloquei o dedo da mão esquerda na engrenagem, ocasionando 
um ferimento. Logo chamaram o senhor Arduino Dalpiaz, vizinho 
em frente da nossa casa e meu padrinho de batismo, irmão da mi-
nha avó. Fez um curativo com banha de porco, repetido por diver-
sos dias e sempre com tiras de pano. Tempos depois fiquei curado 
e livre desse curativo”, recorda.20
19 Idem.
20 Idem.
José Tafner com 
8 anos de idade, 
no período 
que realizou 
a Primeira 
Comunhão. 
Acervo José 
Tafner
41
O menino Tafner acompanhou algumas particularidades cultu-
rais, que estavam presentes no cotidiano das famílias italianas de Rio 
dos Cedros. Nas tardes de domingo, em uma casa próxima da pro-
priedade do avô Giovanni, reuniam-se alguns casais vizinhos para 
jogar a víspora. “Eu aproveitava a presença do meu padrinho para 
pedir alguns centavos, que ele fazia questão de me dar.”21 Cabe expli-
car que a víspora era um jogo italiano com cartões numerados, uma 
diversão que podemos comparar com o bingo da atualidade.
Nem todas as recordações são sobre momentos felizes. Algu-
mas rememoram episódios de tristeza. “Lembro da saída da casa da 
nona, o meu falecido avó paterno numa maca, carregado por quatro 
homens. Havia chovido e a estrada de barro tinha diversas poças de 
água. Eu andava com meu pai, preso em sua mão e ficava vendo mi-
nha avó, debruçada na janela da casa, chorando e pedindo ao avô que 
retornasse à casa.”22
A avó materna de José Tafner, Teresinha Mattedi, era uma par-
teira conhecida em Rio dos Cedros e região. Auxiliou diversas famí-
lias italianas e realizou aproximadamente 200 partos. Por uma ironia 
do destino, não foi possível ajudar a filha Clara, que enfrentava pro-
blemas de saúde em períodos de gravidez, especialmente no momen-
to de nascimento das crianças. Ficava com a perna inchada e aver-
melhada. Recorria aos curandeiros de Rio dos Cedros, como forma 
de amenizar esse desconforto. Havia duas pessoas que realizavam 
essa atividade, considerando-se que outras mulheres do município 
também enfrentavam o mesmo problema. O curandeiro então pe-
gava uma navalha bem limpa e fazia pequenos cortes na perna, para 
que o sangue ruim pudesse escorrer e desta forma aliviar a dor. Os 
italianos chamavam popularmente essa enfermidade de “rosapila”.23
Em decorrência desse problema de saúde, Clara Tafner sempre 
precisou ir para o hospital, no momento de nascimento dos filhos. 
O esposo contava com alguma reserva financeira, obtida através da 
atividade de sapateiro, viabilizando a busca por recursos médicos. 
Os partos sempre foram difíceis e alguns anos depois, na ocasião do 
nascimento do décimo segundo filho, lamentavelmente Clara não re-
sistiu e acabou morrendo. O bebê também faleceu, sendo essa uma 
memória de tristeza para as famílias Tafner e Mattedi.24
As lembranças sobre os elementos da natureza também são 
marcantes. Próximo à casa da nona Teresinha havia uma figueira 
21 Idem.
22 Idem.
23 Idem, em 1o de maio de 2020.
24 Idem.
O pai de José Tafner, Ermínio Tafner, em frente à casa da família em Encruzilhada. Acervo José Tafner
43
mateira, “onde nós,como crianças, lançávamos periquitos e derru-
bávamos muitos pássaros com o estilingue”. Na propriedade existia 
uma pequena lagoa, junto a uma fonte de água límpida, debaixo de 
um bambuzal. “A avó gostava de peixe e lá ela sempre pegava uma 
traíra de 100 a 200 gramas, que ela chamava de truta.”25
Tafner menciona que o tio Vitório, irmão do seu pai, era surdo-
mudo e um ótimo seleiro. “A frente da casa da avó estava sempre 
cheia de carroças e de cavalos. Esse meu tio tinha numa parte da 
frente da casa, no lado esquerdo, uma sala onde trabalhava à mão, to-
dos os apetrechos para os cavalos, sem o uso de máquinas, ou outros 
instrumentos, exceto os barbantes com cera de abelha e os pequenos 
instrumentos fabricados por ele, ou por um ferreiro.”26
Por ser o filho homem mais velho, José foi incumbido da res-
ponsabilidade de cuidar dos irmãos mais novos. Após retornar da es-
cola, conciliava as tarefas escolares com as atividades da roça e ainda 
com a responsabilidade de zelar pelas crianças menores. Considera 
como sua segunda infância o período dos 6 aos 12 anos de idade, 
onde residiu na casa em Encruzilhada, antes da ida para o seminário. 
Várias das recordações da infância estão relacionadas com a 
natureza. O terreno da propriedade era cercado por um pequeno 
riacho e Tafner e seus familiares aproveitavam para tomar banho e 
brincar nas águas baixas e calmas. “A pescaria era contínua, usando 
material que fabricávamos. O jequi era feito de bambu e alguns ami-
gos faziam de cipó. Usávamos também o sistema de labirinto, onde 
o peixe entrava e não conseguia sair. Esse mesmo sistema era usado 
para pegar pássaros.”27 Cabe explicar que o jequi seria uma espécie 
de armadilha, para que os peixes entrassem dentro de um cesto de 
pesca, afunilado e feito com taquaras flexíveis.
“A ceva era muito usada nessa etapa da vida, tanto para a pesca 
como para a caça de aves e de pequenos animais.”28 É interessante men-
cionar que a ceva servia como uma forma de isca, especialmente nas 
pescarias. Vários pescadores utilizam essa prática, porque entendem 
que a armadilha é uma das melhores maneiras para atrair os cardumes e 
ampliar o resultado da pescaria. As pescarias faziam parte do cotidiano 
da família e representavam ótima alternativa para alimentação saudável.
Apesar de viver na colônia, a família Tafner comia mais peixe do 
que carne vermelha. Não contavam com criação de gado para abate, 
25 TAFNER, José. Entrevista concedida a Evandro André de Souza e Jonas Felácio Júnior, em 23 
de julho de 2019.
26 Idem.
27 Idem.
28 Idem.
44
nem mesmo com criações de suínos. Saboreavam carne uma vez por 
semana, aos domingos. Outro alimento preparado exclusivamente 
para o almoço dominical era o arroz, que acompanhava a carne de 
panela. Geralmente no sábado passava o carroceiro que vendia pe-
daços de carne. Nos demais dias da semana comiam polenta acom-
panhada de ovo e pão de milho. Criavam galinha para obtenção de 
ovos, e patos que eram abatidos em datas especiais.
Algumas experiências vivenciadas pelo menino José ainda são 
recordadas com detalhes: “Certo dia, talvez com 7 anos, fiz um anzol 
com alfinete. O alicate da sapataria do meu pai me possibilitou esse 
feito. Fui a uma lagoa do nosso vizinho que tirou muita terra para 
a sua olaria. Com um pedaço de minhoca nesse anzol, peguei uma 
traíra de 350 gramas, corri ao encontro do meu pai, que me elogiou 
diante do feito”.29
Um dos desafios do passado relacionava-se ao controle de en-
fermidades que afetavam a saúde das crianças. “Eu era muito per-
seguido pelos furúnculos. Lembro-me que certo dia, à tarde, sentia 
muita febre, oriunda dos furúnculos. Estava na pastagem, próxima 
da casa, e resolvi deitar e descansar na relva. Fui acordado pelo meu 
pai, à noite, perto das 18 horas.”30
29 Idem.
30 Idem.
Irmãos de José 
Tafner. Da 
esquerda para a 
direita na linha 
superior: Elide, 
José, Realdino, 
Mário e Jaime. 
Da direita para 
a esquerda na 
linha inferior: 
Mauro, 
Evanilde, Emir, 
Valdir e Dimas. 
Acervo José 
Tafner
45
Nos momentos em que estavam bem saudáveis, as crianças 
aprontavam inúmeras “artes”. Não havia a tecnologia que existe 
na atualidade e não tinham a oportunidade de utilizar aparelhos 
de rádio e televisão. Naquela época Rio dos Cedros não era aten-
dida pelas redes de distribuição de energia elétrica. Também não 
havia acesso a jornais impressos e nem se imaginava a infinidade 
de divertimentos com recursos eletrônicos que existe hoje. Mesmo 
assim buscavam alternativas para se divertir, sendo uma das prin-
cipais a descida do morro aos domingos. “Quando a grama não 
estivesse molhada, em função da chuva, tínhamos o trabalho de 
banhá-la carregando latas de água morro acima. Descíamos depois 
em cascas de cachos de coco do coqueiro indaiá, ou fabricávamos 
um carrinho simples com quatro rodinhas, as duas da frente com 
o eixo preso somente com um fixador ao centro, que servia como 
volante a ser movido com os pés”, rememora Tafner sobre as aven-
turas da infância.31
A dedicação ao trabalho é um dos principais marcos da tra-
jetória de vida de José Tafner. Os filhos dos colonos começavam a 
trabalhar ainda pequenos e precisavam se esforçar bastante para 
contribuir com o sustento da família – uma realidade totalmente di-
ferenciada da sociedade atual, considerando-se as legislações exis-
tentes. Com apenas 8 anos de idade, Tafner prestava serviços para 
uma família produtora de milho e de araruta, em período de férias. 
“Lembro-me com muita satisfação: saía às 6h30min da manhã e tra-
balhava o dia inteiro na colheita da araruta, nas férias escolares, na 
casa da Frida. Aos poucos veio também o meu irmão Realdino. Eu 
ganhava 4 cruzeiros por dia e meu irmão Realdino, um ano e meio 
mais novo, iniciou com 3,5 cruzeiros, porque não tinha ainda 8 anos. 
Fiz uma reclamação à senhora Frida e fui atendido: o meu irmão 
passou a receber também os 4 cruzeiros por dia. Passávamos as férias 
escolares trabalhando.”32
Ainda na infância começou a desenvolver o espírito empreen-
dedor e inventivo, que era algo inerente a sua índole. Em determi-
nado dia estava pescando e começou a andar pelo riacho, nas ad-
jacências do terreno da família, quando encontrou um ovo de pata 
mais comprido que o normal. Levou para casa e colocou debaixo de 
uma galinha que estava chocando outros ovos, no sótão do pequeno 
rancho que tinham atrás da residência. “Visitava todos os dias para 
ver o que nascia. Certo dia vi o patinho duplo. Fiquei tão surpreso 
31 Idem.
32 Idem.
46
que minha primeira ação foi levá-lo a meu pai, para mostrar-lhe a 
novidade. Ele ficou feliz, me deu os parabéns e me pediu para levar 
logo ao ninho, para ver se sobrevivia. Fiquei magoado ao verificar no 
dia seguinte, que o meu patinho estava morto.” Houve alguma falha 
de formação genética e nasceram dois filhotes em um mesmo corpo, 
o que ocasionou a morte deles. Tafner se impressiona com a inicia-
tiva que teve, com essa curiosidade em ver coisas diferentes, que foi 
despertada desde os primeiros anos de vida.33
As crianças da colônia não tinham acesso à infinidade de brin-
quedos que existem hoje e precisavam usar a criatividade para en-
contrar maneiras de se divertir. Sabiam fazer revólver para brincar de 
bangue-bangue na roça. Pegavam um pedaço de madeira e cortavam 
com facão, conforme o formato do revólver. Utilizavam carretéis 
grandes com linha grossa e ajeitavam ao redor. Por último, coloca-
vam uma borrachinha de câmara de pneu de bicicleta.
Outra invenção era uma arma para matar moscas. Utilizavam 
um cano de bambu e colocavam um arco em cima. Na frente bota-
vam um pauzinho de borracha e quando apertavam saía um pedaço 
de bambu. Nesta brincadeira procuravam matar as moscas pousadas 
e o vencedor era quem conseguisse acertar o alvo com maior distân-
cia.34 Esses divertimentos eram simples, mas faziam a infância ser 
diferente e alegre. A busca por inovações e atividades diferenciadas 
auxiliaram o menino Tafner a se distanciar das coisas comuns.Lembranças do tempo da “querida escola”
Dois anos após seus pais realizarem a mudança para a locali-
dade de Encruzilhada, José Tafner começou os estudos primários 
elementares até a 3a série. É importante destacar que na comunida-
de de “Crosara” existia uma escola isolada. No entanto, o professor 
sofria com problemas de alcoolismo e por essa razão não possuía 
bom prestígio junto às famílias italianas. Devido a essa circunstância, 
Ermínio Tafner matriculou todos os seus filhos na Escolas Reunidas 
Irmã Maria Goeldner de Oliveira35, situada na sede do então Distrito 
de Arrozeira, que naquele período pertencia ao município de Timbó. 
Posteriormente o lugar obteve a emancipação político-administrati-
va, passando a se chamar Arrozeira e depois Rio dos Cedros, a partir 
da década de 1960.
33 Idem.
34 Idem.
35 Idem, em 1o de maio de 2020.
47
A criança precisava ter completado 7 anos para poder iniciar os 
estudos. Por completar essa idade no mês de dezembro, José Tafner 
só conseguiu se matricular no ano seguinte. Por essa razão, iniciou o 
Primário com 8 anos, em 1948. Naquele tempo o estudante cursava 
obrigatoriamente o 1o ano A e o 1o ano B. Portanto, frequentava dois 
anos de alfabetização, para aprender corretamente a ler e escrever. Dia-
riamente precisava acordar bem cedo e caminhar quatro quilômetros, 
junto com os irmãos e irmãs, para chegar até a escola. As aulas ocor-
riam de segunda a sábado, sempre no período matutino. A unidade 
de ensino era uma construção grande para os padrões daquela época, 
pois contava com dois andares. Funcionava no local onde hoje está 
situada a igreja católica Nossa Senhora Imaculada Conceição.36
As professoras eram irmãs catequistas provenientes da Con-
gregação da Madre Paulina. Lecionavam em diversas escolas públi-
cas das localidades de Rio dos Cedros e região. Era destinada uma 
casa para essas religiosas, e neste local também ocorriam atividades 
educativas. Os estudantes aprendiam a trabalhar na horta da pro-
priedade. As religiosas viviam para o propósito de ensinar. Quan-
do havia necessidade, eram transferidas para outras comunidades 
onde faltavam educadores.
36 Idem, em 23 de julho de 2019.
Escola Primária 
onde José 
Tafner cursou 
os quatro 
primeiros anos 
de estudos até 
1951. A escola 
era comandada 
pelas irmãs da 
Congregação 
criada pela 
Santa Paulina. 
Na foto se 
vislumbra 
também, no 
alto do morro, a 
Igreja Matriz de 
Rio dos Cedros, 
onde Tafner 
fez a Primeira 
Comunhão em 
1948. Acervo 
José Tafner
48
Na colônia as crianças se comunicavam no dialeto italiano, 
mas na escola precisavam aprender o português. Os conteúdos eram 
repassados na língua portuguesa. Além de alunos de descendência 
italiana, havia também aqueles que eram de famílias alemãs. Nos 
primeiros momentos de estudos do Primário, alguns filhos de imi-
grantes passavam dificuldades na questão da comunicação. Com 
nostalgia, Tafner tem uma recordação curiosa sobre esse tempo da 
escola. Recorda que a Irmã Ana Fachini chamou a atenção de um co-
lega de turma, que não estava escrevendo. O menino alemão pegou 
o lápis e o levantou, gritando “capute, capute”. O lápis estava com a 
ponta quebrada e aquela criança não sabia como resolver o problema 
e estava com dificuldades para se comunicar em português e pedir 
ajuda. Este exemplo ilustra bem a dificuldade dos imigrantes e seus 
descendentes para se adaptarem a uma cultura totalmente diferente, 
em relação à pátria de origem.37
Tafner cursou até o terceiro ano Primário na Escolas Reunidas 
Irmã Maria Goeldner de Oliveira. Destaca que o ensino era forte e 
que as professoras exigiam bastante dos pequenos alunos. Chega-
ram inclusive a realizar atividades que incentivavam o desenvol-
vimento de habilidades artísticas. Certa vez a professora Ana pe-
diu para os estudantes levarem um passarinho para a sala de aula. 
Tafner matou com o estilingue um gaturamo e levou para a escola. 
A educadora encaminhou um trabalho para a turma e começou 
a empalhar a ave. Retirou o coro do pássaro com uma gilete e em 
pouco tempo concluiu o empalhamento. Montou uma arvorezinha, 
colocando o gaturamo em cima de um galho. Solicitou em seguida 
que os alunos fizessem um desenho desse cenário. Tafner destaca 
que a atividade era atraente para os alunos, que se interessavam em 
realizar algo diferenciado.38
“Em relação à escola lembro do Pelotão de Saúde: meninos da 
vila, com uniformes brancos, eram escolhidos mensalmente para 
fiscalizar os demais companheiros. Olhavam as orelhas, o nariz, as 
unhas, as mãos, a sujeira no pescoço e nos pés. Quem não estivesse em 
ordem era mandado se lavar no riacho que corria ao lado da escola. 
Havia uma armação de madeira que levava até a água. Outro fato do 
qual me recordo é o caso do lanche. Levávamos para lanche, muitas 
vezes durante a semana, polenta com queijo, outros dias a mandio-
ca com açúcar semiqueimada. Esses lanches serviam para o escam-
bo com o pão francês, ou um pedaço de cuca, ou ainda um pacote 
37 Idem.
38 Idem.
49
de balas de 10 unidades; eram balas de coco ou de chocolate – nada a 
ver nem com coco e nem com chocolate. Algumas vezes chegávamos 
na escola com tangerinas colhidas durante os 3,5 km que andávamos 
até a escola. Havia muitos moradores que as cultivavam.”39
Desde os primeiros anos de escola, José Tafner tinha facilidade 
para desenhar o mapa de Santa Catarina e montar cartolinas mais 
elaboradas. Gostava de fazer vários desenhos, pois se sentia estimu-
lado pela questão artística. Recorda da exposição de desenhos pro-
duzidos pelos alunos: “Os pais participavam e levavam o trabalho do 
filho para casa com a nota expressa no canto do desenho. Recebía-
mos cartolina, lápis de cor, borracha e outros materiais necessários 
ao trabalho”.40 E continua: “Não posso deixar de mencionar os even-
tos culturais. Fazíamos passeios e os pais pagavam o ônibus contra-
tado. Fomos para Blumenau e também para Camboriú. Na época era 
um grande passeio para nós, da roça”.41
O terceiro ano Primário era o estudo máximo que existia na 
escola e para ir além disso era preciso estudar no Seminário em As-
curra. As irmãs catequistas realizavam um trabalho religioso intenso, 
em localidades interioranas de Rio do Cedros, como Rio Usina, Rio 
Arda, Santo Antônio e São Roque. Periodicamente algum padre vi-
sitava as unidades educacionais e fazia a pregação para que os jovens 
prosseguissem seus estudos no seminário. As professoras indicavam 
os alunos com melhores notas e perfil de seriedade.42
Quando concluiu a terceira série participou da cerimônia de 
formatura e ganhou o prêmio de melhor aluno da escola. Recebeu 
uma caneta-tinteiro como reconhecimento ao seu esforço e dedi-
cação enquanto estudante. Antes de ir para o seminário, o jovem 
Tafner fez a comunhão junto com a irmã Elide. Apesar de ser um 
ano e meio mais novo do que a irmã e ainda não ter cursado a 
quarta série, foi permitido que participasse da celebração religiosa 
católica. Cabe mencionar que na época da escola também acompa-
nhava as aulas de Religião. Aos sábados também frequentava um 
curso, onde recebia as instruções religiosas preparatórias para fazer 
a Primeira Comunhão. A doutrina era administrada no oratório 
Dom Bosco. Em razão do carinho que tem ao se lembrar deste tem-
po, cita a Escolas Reunidas Irmã Maria Goeldner de Oliveira como 
a “querida escola”.
39 Idem, em 1o de maio de 2020.
40 Idem.
41 Idem.
42 Idem.
50
Recordações pitorescas da época da escola
Além das lembranças sobre os conhecimentos obtidos no tem-
po da escola, que possibilitaram a sua ida para o seminário, Tafner 
também tem recordações sobre aspectos pitorescos, de várias “artes” 
aprontadas pelos jovens daquela época.
“No porão do bar da esquina, que era também pousada, os jo-
vens da região central montaram uma área para jogos: lançamento 
de dardo ao disco, um pequeno palco para o teatro feito pelo filho 
do João, que quando fazia alguma desordem ficava preso debaixo do 
barril de cachaça. Lembro de alguns

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