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Medicina Legal final

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MÓDULO I 
CURSO LIVRE AUXILIAR EM NECROPSIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO LIVRE AUXILIAR EM NECROPSIA 
 
 
 
 
 
 
 
MEDICINA LEGAL 
 
 
 
 
 
 
 
2019 
 
 
 
Índice 
Conteúdo Programático .................................................................................................................. 1 
Unidade I .................................................................................................................................... 1 
Unidade II ................................................................................................................................... 1 
Unidade III .................................................................................................................................. 1 
Unidade IV .................................................................................................................................. 1 
Unidade I ........................................................................................................................................... 2 
História da Medicina Legal ............................................................................................................. 2 
Introdução .................................................................................................................................. 2 
Subgrupos da Medicina Legal ..................................................................................................... 2 
Perícia ........................................................................................................................................ 3 
Corpo de Delito ........................................................................................................................... 4 
Lesões Corporais ........................................................................................................................... 5 
Lesão Corporal de Natureza Leve ............................................................................................... 5 
Lesão Corporal de Natureza Grave ............................................................................................. 5 
Lesão Corporal de Natureza Gravíssima (Não elencado no CP) ................................................. 5 
Algumas Considerações sobre Lesão Corporal .............................................................................. 6 
I - Incapacidade Permanente para o Trabalho ............................................................................. 6 
II - Enfermidade Incurável ........................................................................................................... 6 
III - Perda ou Inutilização de Membro, Sentido ou Função ........................................................... 7 
IV - Deformidade Permanente como Deformidade Irreparável ..................................................... 7 
V - Aborto ................................................................................................................................... 7 
Documentos Médicos Legais ...................................................................................................... 7 
Psicologia Forense ..................................................................................................................... 8 
Sexologia Forense .................................................................................................................... 10 
Unidade II ........................................................................................................................................ 13 
Traumatologia Forense I .............................................................................................................. 13 
Conceitos Básicos .................................................................................................................... 13 
Lesão ....................................................................................................................................... 13 
Classificação das Lesões .......................................................................................................... 13 
Com Causa Absolutamente Independente ................................................................................ 13 
Com Causa Relativamente Independente ................................................................................. 14 
Agentes Traumatizantes ........................................................................................................... 14 
Energias de Ordem Mecânica (Instrumento) ................................................................................. 14 
I - Instrumento Perfurante ......................................................................................................... 14 
II – Instrumento Cortante .......................................................................................................... 15 
Traumatologia Forense II.............................................................................................................. 15 
Instrumento Contundente .......................................................................................................... 15 
Mecanismo de Ação ................................................................................................................. 16 
 
 
Unidade III ....................................................................................................................................... 17 
Asfixiologia ................................................................................................................................... 17 
Fases das Asfixias .................................................................................................................... 17 
Diagnóstico ............................................................................................................................... 18 
Classificação das Asfixias ......................................................................................................... 19 
Enforcamento ........................................................................................................................... 19 
Fases da Morte por Enforcamento ............................................................................................ 19 
Estrangulamento ....................................................................................................................... 20 
Esganadura .............................................................................................................................. 20 
Sufocação ................................................................................................................................ 21 
Sufocação Direta ...................................................................................................................... 21 
Sufocação Indireta .................................................................................................................... 21 
Paralisia Espástica.................................................................................................................... 21 
Paralisia Flácida ....................................................................................................................... 21 
Asfixias por Parada Respiratória Central ou Cerebral ................................................................ 22 
Asfixias por Paralisia Central .................................................................................................... 22 
Afogamento .............................................................................................................................. 22 
Mecanismos Jurídicos da Morte por Afogamento ...................................................................... 23 
Soterramento............................................................................................................................ 24 
Confinamento ........................................................................................................................... 24 
Gases Tóxicos .......................................................................................................................... 25 
Gases industriais ...................................................................................................................... 25 
Gases Anestésicos ................................................................................................................... 25 
Tanatologia ............................................................................................................................... 26 
Tipos de Morte ............................................................................................................................. 26 
Realidade da Morte................................................................................................................... 26 
Fenômenos Abióticos Consecutivos .......................................................................................... 27 
Putrefação ................................................................................................................................ 27 
Fenômenos Abióticos Transformativos Conservadores ............................................................. 27 
Processo do Morrer e Luto ........................................................................................................ 27 
Unidade IV ....................................................................................................................................... 30 
Infortunística ................................................................................................................................ 30 
Teoria do Risco......................................................................................................................... 30 
Acidentes de Trabalho .............................................................................................................. 30 
Doenças de Trabalho ................................................................................................................ 30 
Perícia Médica .......................................................................................................................... 31 
Referências Bibliograficas: ........................................................................................................... 32 
 
 
 
 
Medicina Legal Curso Livre Auxiliar em Necropsia 1 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 
Unidade I 
• Introdução à Medicina Legal; aplicação correta da terminologia; 
• Perícias e Peritos; 
• Local e Autoridades solicitantes 
• Documentos Médicos Legal 
• Identidade e Identificação Legal 
Unidade II 
• Traumatologia Forense 
• Energias Químicas 
• Energias Físicas 
• Tanatologia Forense 
Unidade III 
• Asfixias Mecânicas 
• Sexologia Forense 
Unidade IV 
• Infortunística 
 
 
Medicina Legal Curso Livre Auxiliar em Necropsia 2 
UNIDADE I 
HISTÓRIA DA MEDICINA LEGAL 
Introdução 
Medicina Legal é a reunião de conhecimentos e práticas médicas e paramédicas direcionadas a 
questões relacionadas às ciências jurídicas, destinadas a auxiliar a elaboração, bem como a 
interpretação e execução dos mais diversos dispositivos legais relacionados ao campo da Medicina 
aplicada. O especialista médico praticante é denominado médico legista. 
A medicina legal, em seus traços originários podem ser detectados desde a Antiguidade. Naquele 
período, ainda que esporadicamente, médicos eram convocados para esclarecer questões pertinentes 
ao que poderíamos chamar de esboço dos princípios e lógica médico-legais. Não era ainda medicina 
legal, como a concebemos hoje, mas a semente já estava ali. 
Os antigos egípcios, por exemplo, já dispunham de uma forma de medicina que poderíamos chamar 
legal, que era exercida pelos sacerdotes, os praticantes da medicinada época, que eram, 
consequentemente, os encarregados das perícias. Havia já uma utilização legal dos conhecimentos 
médicos, e a lei egípcia, por exemplo, protegia as mulheres grávidas e punia os crimes sexuais. Na 
Babilônia de XVIII A. c, pelo Código de Hamurabi, 
Já se estabelecia uma relação jurídica entre médico e paciente, e os antigos hebreus referiam-se a 
esse relacionamento nas leis de Moisés e no Antigo Testamento. Na Índia de 1300 a 800 A. c, loucos, 
crianças, velhos e embriagados não poderiam testemunhar, conforme prescrevia o chamado Código 
de Manu. Esse tipo de interdição só chegará ao Ocidente cerca de quatro séculos depois, já no Império 
Romano. 
Também os persas, classificavam as lesões sob o ponto de vista pericial, e há reflexos dessa prática 
no seu livro sagrado, o Zend Avesta. E mesmo a antiga Grécia conhecia referências legais que podem 
ser consideradas pertinentes à medicina legal. 
Assim, a medicina legal coloca os conhecimentos científicos à disposição do estudo e do 
esclarecimento de inúmeros fatos de interesse jurídico, especialmente àqueles ligados ao âmbito 
criminal. Sua ciência se aplica nos conhecimentos médicos-biológicos, ligando-os aos interesses do 
Direito constituído, do Direito constituendo e à fiscalização do exercício médico profissional. A medicina 
legal também fornece diretrizes para a elaboração de leis relacionadas ao seu estudo, coopera na 
execução de leis existentes e interpreta dispositivos legais de significação médica. 
Subgrupos da Medicina Legal 
O período científico da Medicina Legal se caracteriza pela regulamentação das perícias. Na nossa 
legislação, essa regulamentação se encontra tanto no Código de Processo Penal quanto no de 
Processo Civil. Maranhão (1989) divide a Medicina Legal em Medicina Legal Profissional, Medicina 
Legal Social e Medicina Legal Judiciária. 
Há três subgrupos onde a área da Medicina legal exerce sua influência: 
• Medicina Legal Profissional: vertente relacionada com os direitos e deveres dos médicos. 
• Medicina Legal Social: nesta vertente temos a Medicina Legal Trabalhista, a Medicina Legal 
Securitária, bem como a Medicina Legal Preventiva. 
• Medicina Legal Judiciária: tal vertente concentra-se nos assuntos gerais relacionados a Direito 
Penal, Direito Civil e Direito Processual; merece destaque nos direitos da ideologia e dos deveres 
e é dividido nos seguintes capítulos da Antropologia Forense: 
• Antropologia: numa definição bem genérica, é a ciência que estuda o ser humano tanto no 
aspecto biológico como no sociocultural. Aqui nos limitaremos ao estudo da identidade, da 
identificação e da determinação pericial da idade. 
• Psicopatologia Forense: Seguindo a orientação de Hélio Gomes, subdivide-se em: 
 
 
Medicina Legal Curso Livre Auxiliar em Necropsia 3 
• Psicologia Forense: em que se estudam as funções mentais, Psicologia da Testemunha e da 
Confissão, além de se apresentar o modelo Psicanalítico Psicopatologia Forense, propriamente 
dita, na qual se estudam os fatores mentais que determinam alteração na responsabilidade penal 
e na capacidade civil. 
• Sexologia Forense: estudo da sexualidade humana e as implicações médico-legais das suas 
aberrações, como os crimes sexuais, abortamento e infanticídio. 
• Traumatologia Forense: estudo dos agentes lesivos de modo geral, as lesões por eles causadas 
e as consequências médico-legais destas lesões bem especificadas no art. 129 do Código Penal. 
• Asfixiologia: estudo das asfixias em geral afogamento, estrangulamento, confinamento, 
soterramento, enforcamento etc. 
• Tanatologia Forense: estudo da morte e dos assuntos a ela relacionados que sejam do interesse 
da Medicina Legal, tais como: o conceito de morte; a morte real e a morte encefálica; o diagnóstico 
de certeza da morte; causa médica da morte e natureza jurídica da morte; destino dos cadáveres;os fenômenos transformativos. 
Perícia 
Dentro da Medicina Legal, o operador da ciência é geralmente denominado "perito", e o seu relatório 
abordando o fato objetivo de sua investigação é denominada "perícia". O perito é uma pessoa técnica, 
profissional e especialista que, a serviço do Poder Judiciário, mediante compromisso, fornece 
esclarecimentos necessários a respeito de conhecimentos inerentes à sua profissão, emprestando o 
caráter técnico e científico. A perícia, assim define o nosso Código de Processo Civil (art. 420), é 
qualquer exame, vistoria ou avaliação. Podemos deduzir, por este enunciado, que em qualquer área 
da atividade humana, e não somente na área médica, pode-se requerer uma perícia. 
Quando a matéria a ser examinada for do interesse da Medicina, teremos então a chamada perícia 
médico-legal. Desse modo, podemos definir a perícia médica como qualquer procedimento médico, 
uma consulta, um exame etc., realizado a serviço da Justiça. Note-se que o a serviço da Justiça é que 
caracteriza uma perícia judiciária. Em se tratando do mesmíssimo exame, feito pelo mesmo médico, 
mas que não seja por determinação da Justiça, embora seja um serviço feito por um especialista no 
assunto, não constitui uma perícia judiciária, embora este exame possa vir a servir de subsídio, como 
veremos adiante, para uma ulterior perícia retrospectiva. 
Os peritos podem apresentar-se, de acordo com a ocasião, sob três condições: 
• Oficiais: profissionais que realizam as perícias "em função de ofício", devido à sua posição de 
funcionário de repartição oficial que se ocupa exatamente da prática pericial, como por exemplo, 
os médicos do IML – Instituto Médico Legal, Manicômio Judiciário, entre outros. 
• Nomeados ou louvados: são peritos não oficiais, requisitados pela autoridade judiciária, quando 
se necessita de um determinado exame o qual não está disponível via Poder Público, ou então 
este não disponha de repartição adequada. 
• Assistentes técnicos: designados para questões de cunho cível, sendo profissionais de confiança 
das partes, que acompanham os exames realizados pelo perito principal. 
Já a perícia, produto final do trabalho do profissional perito, possui três subespécies: 
• Perícia direta: realizada pelo perito em contato direto com o indivíduo ou material submetido 
a exame. 
• Perícia indireta: realizada por perito, levando-se em consideração dados fornecidos de antemão 
sobre aquele caso em específico. 
• Contraditória: perícia que diverge do conteúdo de outra com a mesma matéria em exame. 
Em matéria civil, o juiz pode designar nova perícia ou prolatar a decisão. Já em matéria penal, o 
juiz solicita que ambos apresentem suas conclusões (ao mesmo tempo ou em separado) e 
submetam suas conclusões à análise de um terceiro perito, que, em caso que gere nova 
divergência, acarretará no início do mesmo ciclo processual de análise pericial do zero. 
 
https://www.infoescola.com/direito/poder-judiciario/
 
Medicina Legal Curso Livre Auxiliar em Necropsia 4 
A Medicina Legal, como disciplina, consta no currículo de dois cursos de graduação: Medicina e Direito. 
Trata-se, pois, de um verdadeiro elo entre estas duas ciências. Não é por acaso que o professor 
Flamínio Fávero (1973), um dos expoentes da Medicina Legal no Brasil, enfatizava não basta ser 
médico para ser legista, é preciso ter uma formação médico-legal, ou seja, o médico, para poder atuar 
numa perícia, necessita ter conhecimentos jurídicos, além, da sua formação médica. O programa 
curricular, porém, é o mesmo em ambas as faculdades. 
Todavia, enquanto o aluno de Medicina tem aulas teóricas e práticas, o de Direito tem apenas aulas 
teóricas, pois o médico poderá ser convocado para realizar uma perícia mesmo ele não sendo médico 
legista e o profissional da área jurídica terá atribuições de solicitar uma perícia e interpretar o laudo 
pericial documento elaborado pelo médico que realizou o exame. 
A Medicina Legal surgiu juntamente com o Direito como instituição. Tão logo surgiram as penas houve 
a necessidade de elucidar certas dúvidas para não se cometerem, em nome da Justiça, verdadeiras 
injustiças. Tomemos como exemplo que se tenha encontrado um cadáver. Suspeitam de homicídio, 
mas a perícia revela tratar-se de um suicídio. Sem esse fundamental esclarecimento, algum inocente 
seria injustamente penalizado. Por outro lado, poderia se pensar que fosse morte natural, mas a perícia 
elucida que se trata de um homicídio. O processo seria então reaberto e iniciariam as investigações 
para se chegar ao homicida. 
Vejam outro exemplo: como antigamente, com certa frequência, ocorria, o caso de uma mãe aflita 
porque a filha chegou em casa de madrugada, que recorre a um médico conhecido para que este 
verifique se a honra da família não foi ultrajada. Neste caso, o médico poderá até fornecer um atestado 
médico para a mãe (se a filha for menor) relatando se houve ou não conjunção carnal; mas não terá a 
validade de uma perícia. 
Porém, considerando ainda a filha de menor idade, se a mãe recorrer à Delegacia e fizer uma 
ocorrência acusando o namorado do crime de pedofilia; o mesmo médico, fazendo o mesmo exame, 
agora a serviço da Justiça, por determinação do delegado, estará, então, realizando uma perícia. 
Determina o artigo 158 do Código de Processo Penal (CPP) que quando houver vestígios deixados 
pelo ato delituoso, será necessário o exame de corpo de delito, não podendo supri-lo a confissão do 
acusado. Ou seja, a realização da perícia é um imperativo legal. 
Corpo de Delito 
Mas o que é corpo de delito? É todo e qualquer vestígio deixado pelo ato delituoso. Assim é corpo de 
delito uma fratura, uma equimose, uma cadeira quebrada, um toco de cigarro, uma mancha de sangue 
ou de esperma, uma impressão digital etc. Ao médico legista competirá examinar os vestígios deixados 
no corpo da vítima, bem como no do agressor; enquanto competirá ao perito criminalista o exame dos 
outros vestígios deixados no local. 
Cada um, atuando a serviço da Justiça, elabora o seu laudo pericial e o encaminha à autoridade. 
Esses dois peritos atuam de forma paralela, mas complementar. 
Antigamente o médico-legista realizava as duas funções. Por esta razão é que nos livros mais antigos 
de Medicina Legal encontram-se muitas informações da Criminalística propriamente dita. Assim, 
qualquer perícia judiciária é, na verdade, um exame de corpo de delito. 
Segundo Camargo Jr. (1987), os vestígios deixados pelo ato delituoso podem ser: transeuntes e 
permanentes. Os primeiros desaparecem com o passar do tempo sem deixar nenhum sinal a 
rubefação, a equimose, o hematoma etc. Já os outros os permanentes deixam marcas indeléveis a 
cicatriz deixada por uma cirurgia ou por uma queimadura de terceiro grau. 
Podemos classificar as perícias em diretas e indiretas. Perícia Direta - o perito examina os vestígios, 
deixados pelo ato delituoso antes deles se extinguirem. Importa ressaltar que tanto podem ficar 
vestígios na vítima como no agressor as chamadas lesões de defesa. Entende-se, portanto, a 
importância de o exame de corpo de delito ser realizado o mais cedo possível. Por exemplo, numa 
briga de bar um sujeito leva um soco no rosto, resultando uma equimose. 
Feita a ocorrência na Delegacia, a vítima imediatamente é encaminhada ao Instituto de Medicina Legal 
(IML) para que se faça a perícia. Os peritos descrevem as lesões e respondem aos quesitos. 
Mas, supomos que não se faça o exame de imediato. 
 
 
Medicina Legal Curso Livre Auxiliar em Necropsia 5 
Decorrido aproximadamente vinte dias a equimose que é um vestígio transeunte já desapareceu. 
Perícia Indireta - os peritos dão o seu parecer analisando relatórios dos médicos que examinaram e 
atenderam à vítima por ocasião do delito. Outro exemplo, uma pessoa esfaqueada é atendida no Pronto 
Socorro, submete-se a uma delicada cirurgia e permanece duas semanas na Unidade de Terapia 
Intensiva - UTI. 
Um mês depois recebe alta, porém continua debilitada.Seis meses depois é submetida a exame de 
corpo de delito. Os peritos, para responderem aos quesitos, se apropriam dos prontuários médicos que 
serão requisitados pela Justiça e anexados ao processo. No Direito Penal, a perícia é, em regra, uma 
prova material (art. 160 do CPP): os peritos descreverão minuciosamente o que examinaram e 
responderão aos quesitos. 
Ou seja, os peritos devem responder aos quesitos a partir do que estão examinando. Isso significa que 
devem responder aos quesitos baseados no que estão vendo e não no que viram ou dizem as 
testemunhas. Entretanto, há uma exceção, prevista em lei, onde os peritos poderão ouvir testemunhas. 
Vejamos o que diz o artigo Art.167do CPP: Não sendo possível o exame de corpo de delito, por 
haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. Na área cível, por 
outro lado, a regra é os peritos ouvirem as testemunhas para poderem formar o seu juízo. 
Reza o art. 429 do Código de Processo Civil: Para o desempenho de sua função, podem o perito e os 
assistentes técnicos utilizarem-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo 
informações, e outras quaisquer peças. 
O Decreto n° 5.515, de 13 de agosto de 1928 devolve às autoridades policiais a competência para a 
instrução criminal dos processos; o Instituto Médico Legal passa, então, a integrar o Departamento 
Federal de Segurança Pública. 
LESÕES CORPORAIS 
Lesão Corporal de Natureza Leve 
De acordo com o art.129, do Código Penal, é lesão corporal de natureza leve ofender a integridade 
corporal ou a saúde de outrem: A pena prevista é a de detenção de três meses a um ano. 
Lesão Corporal de Natureza Grave 
De acordo com o § 1º do Código Penal, é considerada grave a lesão que resulta em: 
I. Incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 (trinta) dias; 
II. Perigo de Vida; 
III. Debilidade permanente de membro sentido ou função; 
IV. Aceleração de parto. 
A pena prevista é a de reclusão de um a cinco anos. 
Lesão Corporal de Natureza Gravíssima (Não elencado no CP) 
De acordo com o § 2° do Código Penal, torna-se gravíssima a lesão corporal que resulta em: 
I. Incapacidade permanente para o trabalho; 
II. Enfermidade incurável; 
III. Perda ou inutilização de membro, sentido ou função; 
IV. Deformidade permanente; 
V. Aborto. 
A pena prevista é a de reclusão de dois a oito anos. 
 
 
Medicina Legal Curso Livre Auxiliar em Necropsia 6 
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE LESÃO CORPORAL 
No que diz respeito à lesão corporal leve ou simples, embora, no artigo 129 não se entre em detalhes 
sobre a sua natureza, deduz-se a sua característica leve por comparação como que consta nos demais 
tipos de lesão corporal. O que constar nesses demais tipos não existe na lesão leve. Embora violentas, 
essas lesões são produzidas sem danos maior ou permanente à pessoa afetada. No tocante às lesões 
graves, contempladas no § 1º do artigo 129 do Código Penal, não são elementos constitutivos de crime 
autônomo, mas de condições de maior punibilidade. 
I. Na incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias fala-se não apenas da 
atividade laboral, mas das ocupações habituais do indivíduo. Trata-se de um conceito 
funcional, e econômico. Se assim não fosse, os considerados incapazes, como as crianças, 
por exemplo, que não trabalham, não poderiam ser considerados sujeitos passivos desse tipo 
de lesão. 
II. De caráter físico ou psíquico, a alegada incapacidade precisa ser real. A chamada relutância 
voluntária, definida pela vergonha de se deixar perceber os sinais da lesão sofrida não pode 
ser considerada. E função é a atividade que os vários órgãos e sistemas exercem, sendo as 
principais funções a respiração, a circulação, a digestão, s secreção, a reprodução, a 
sensitividade e a locomoção. 
III. Há partes do corpo humano que podem ser perdidas sem maiores consequências, como um 
dente, por exemplo, que não impedirá e nem comprovará redução da capacidade da 
mastigação. Já os órgãos como que se confundem com a sua função, e a perda de um deles 
afetará, no todo ou em parte, a função em si mesma. No caso de órgãos duplos, como o são 
os olhos e os pulmões, a perda dupla caracteriza a agravante de que falamos, uma vez que 
significam a perda total da função. 
IV. A agravante prevista neste inciso fala da aceleração de parto, pela expulsão do feto antes de 
concluída a gravidez, mas conseguindo o feto sobreviver de parto. Mas se perece o feto no 
útero, então se trata de aborto e é aí que a lesão é considerada gravíssima. Para que assim 
se a caracterize, é fundamental o estabelecimento de nexo causal entre a agressão e a 
expulsão precoce do feto, pela perícia. 
Conforme o§2°do artigo 129, as lesões gravíssimas são em número de cinco. Abaixo, alguns 
comentários sobre as mesmas. 
I - Incapacidade Permanente para o Trabalho 
É diferente da agravante verificada no inciso I do parágrafo anterior. Diferentemente desta última, que 
prevê incapacidades temporárias paras ocupações habituais do sujeito, a incapacidade permanente 
para o trabalho contempla o trabalho de uma forma geral, e não especificamente a atividade laboral 
exercida pelo ofendido. 
Enquanto aquela prevê a incapacidade temporária para as ocupações habituais da vítima, esta cogita 
da incapacidade permanente para o trabalho em geral, se ater à atividade específica que vinha sendo 
exercida pelo ofendido. Isto significa que se o indivíduo vier a ser prejudicado a ponto de não poder 
exercer uma atividade laboral específica, poderá, ainda assim, obter outro tipo de trabalho. Se, no 
entanto, o profissional afetado for alguém extremamente bem sucedido no que faz, percebendo altas 
somas e já tendo adquirido um nível de vida bastante elevado, e em virtude da lesão, tiver de procurar 
outra atividade de ganhos inferiores, precisando iniciar-se na nova profissão e ainda adquirir 
consistentemente as habilidades necessárias a um bom desempenho, a lesão é caracterizada 
como gravíssima. 
II - Enfermidade Incurável 
De acordo com Almeida, enfermidade é qualquer estado mórbido de evolução lenta, ou de processo 
patológico em curso. Para caracterizar incurabilidade, basta o prognóstico da perícia que, por si só, já 
caracteriza circunstância agravante, não precisando o ofendido submeter-se a situações de risco como 
cirurgias difíceis, por exemplo. Não estará o ofendido obrigado a submeter-se a intervenções cirúrgicas 
arriscadas, numa tentativa de debelar o mal. 
 
Medicina Legal Curso Livre Auxiliar em Necropsia 7 
III - Perda ou Inutilização de Membro, Sentido ou Função 
Trata-se de dano definitivo do membro, tornado inútil, e não mais apenas de sua debilidade. 
Essa inutilização não significa mutilação ou amputação, pois que, nesse caso, o membro é separado 
do corpo e deixa de existir como membro. Na inutilização, o membro permanece, mas não é mais 
capaz de exercer as funções que lhe são próprias. 
IV - Deformidade Permanente como Deformidade Irreparável 
A deformidade não se descaracteriza pela possibilidade de ser dissimulada por objetos que 
reproduzam a aparência do órgão ou da parte afetada, ou pela possibilidade de ser suavizada por 
intervenção plástica. Deve a deformidade, ainda, se causadora de mal-estar, constrangimento ou 
mesmo horror a terceiros. Não importa a parte do corpo que foi lesionada, desde que seja perceptível 
a lesão. No contexto pericial, deve a deformidade permanente ser comprovada pela ação do perito, e 
acompanhamento de fotografias. Idade, sexo, profissão e outras circunstâncias específicas da vítima 
são importantes na caracterização e avaliação da deformidade. 
V - Aborto 
Se o aborto for o objetivo do agente, este deverá responder também a esse crime, especificamente, 
em conjunto com o crime de haver infligido à lesão. Se ficar comprovado, no entanto, que ao concorrer 
para o aborto pela vítima, o agente ignorava a gravidez desta ele responderá apenas pelas lesões que 
provocou, sem se considerara agravante do aborto. 
Documentos Médicos Legais 
 
Há três tipos de documentos médico-legais: relatórios, atestados relatórios e pareceres atestados. Em 
termos de atestados, nós os temos em número de três: oficiosos, administrativos e judiciários. 
• O atestado médico é o mais conhecido e mais frequente documento médico. O atestado médico 
oficioso o mais comum dos atestados, é aquele fornecido diretamente pelo médico ao seu cliente 
e a pedido deste. 
• O atestado administrativo é aquele que o médico fornece no intuito de atender exigências, em 
virtude da incidência de serviço de biometria, de companhias de seguro, etc. 
• O atestado judiciário é aquele fornecido em atendimento a exigências da Justiça. Não há um 
formato ou regras fixas, oficiais para a feitura do atestado, embora devam ser imperiosamente 
observadas a ética profissional e o sigilo médico. Assim, os atestados – elaborados unicamente 
com base na honestidade, credibilidade, fé e ética daquele que os confecciona - podem ser 
passados em qualquer papel (em geral o são no receituário do médico). No caso de atestado 
oficioso, é preferível e mais prudente citar que o documento em questão está sendo feito a pedido 
do paciente. E se for o caso de se prestar informações relativas a diagnose, é indispensável fazer 
uso do código da classificação internacional de doenças. 
• O atestado de óbito é uma exceção. Precisa ser obrigatoriamente passado em formulário próprio, 
padronizado, fornecido pelas repartições sanitárias. O atestado de óbito, como o próprio nome o 
indica, comprova que a vida de um determinado indivíduo teve fim. Esclarece juridicamente a 
causa mortis e ainda preenche objetivos de cunho sanitário e estatístico. Tamanha a importância 
desse atestado, que em caso de falsificação, o artigo302 do Código Penal prevê, para o médico 
responsável, pena de detenção de até um ano, com adicional de multa, caso se comprove que a 
falsificação objetivou lucro. 
• Relatório Médico-Legal, ou laudo médico-legal, conforme utilizado nos formulários do IML é a 
descrição minuciosa e por escrito de todo o procedimento da perícia médica, por um ou mais 
profissionais previamente nomeados e comprometidos na forma da lei, por autoridade policial 
ou judiciária. No foro criminal, os peritos precisavam ser, anteriormente pelo menos dois, uma vez 
que o Código de Processo Penal falava em peritos oficiais e não em perito oficial. Isto mudou e o 
Código de Processo atual prevê hoje apenas um perito. 
 
 
 
Medicina Legal Curso Livre Auxiliar em Necropsia 8 
O procedimento será requisitado pela autoridade judiciária e policial, e executado por médico de 
instituto médico-legal. No foro cível, apenas um perito é nomeado pelo juiz, mas as partes podem 
indicar assistentes técnicos. Compõe-se o laudo de: 
• Preâmbulo; 
• Histórico; 
• Descrição: 
• Discussão; 
• Conclusão e respostas aos quesitos 
Psicologia Forense 
Psicologia Forense é o estudo do comportamento desenvolvido dentro de ambientes regulados 
juridicamente, assim como da evolução dessas regulamentações jurídicas e de como os grupos sociais 
desenvolvem-se nesse processo. (CLEMENTE, 1998). 
 
Essa é uma área da Psicologia aplicada que busca promover um melhor exercício do Direito. As áreas 
de atuação do psicólogo forense: 
Psicologia do Testemunho 
• Obtenção de evidência delituosa (confissão com provas); 
• Compreensão do delito (motivação psicológica); 
• Informação forense a seu respeito; 
• Reforma moral do delinquente; 
Higiene mental (como evitar que ocorram conflitos com as leis?). O tema da “higiene mental” é muito 
abordado e pesquisado pelos psicólogos jurídicos dos Estados Unidos, Alemanha, Áustria e Inglaterra. 
Esse ramo da Psicologia é a ciência que trata da aplicação de todos os ramos e saberes da Psicologia 
para responder as perguntas da Justiça e colaborar com a sua administração, promovendo a melhora 
do exercício do Direito (URRA, 1993). Com isso, o psicólogo forense busca compreender o humano a 
partir dos princípios da: 
• Ênfase na análise individual relacionada com o seu contexto social, político, econômico; 
• Ideia de que os comportamentos devem ser analisados em todos os âmbitos, não só no aspecto 
criminal, mas também no ambiental e emocional; 
• Crença na ideia de que o ser humano orienta-se por sua “escala de necessidades”, que vão desde 
a subsistência à dimensão moral, religiosa, etc.; 
Avaliação da motivação psicológica e de como os estímulos do ambiente são processados e 
interpretados e de como adquirem significado pessoal. A Psicologia Forense é uma das atividades do 
psicólogo, que é relativa à descrição dos processos mentais e comportamentais, conforme o uso de 
técnicas psicológicas reconhecidas, respondendo estritamente à demanda judicial, sem emitir juízo de 
valor. Nesse sentido, vale a lembrança de que o psicólogo responde judicialmente pelos efeitos e 
resultados da medida judicial pautada pelo seu trabalho. (SHINE, 2008). 
 
 
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Essa área da Psicologia nasce em um espaço no qual o psicólogo coloca os seus conhecimentos a 
serviço do juiz (o julgador), trazendo a este âmbito a dimensão da realidade psicológica dos agentes 
envolvidos. A perícia psicológica é uma vertente da psicologia, especializada na aplicação dos 
conhecimentos psicológicos aos assuntos relacionados ao direito. Estudos de personalidade, saúde 
mental, conduta criminosa e desordens comportamentais fazem parte do cotidiano do psicólogo 
jurídico, tendo um papel importante em processos e questões jurídicas. São diversas áreas de atuação: 
Varas de Família, Infância e Juventude, Práticas de Adoção, Conselhos Tutelares, Abrigos, Unidades 
de Internação, Direitos Civil, Direito Trabalhista, Direito Penal, entre outros. 
Alguns exemplos onde a psicologia forense pode contribuir: 
• Ações de disputa de guarda de filho(s) menor(es); 
• Situações de violência familiar; 
• Regulamentação de visitas; 
• Interdições -Divórcios; 
• Emancipações; 
• Avaliar crianças que podem ter sofrido algum tipo de abuso; 
• Aposentadorias; 
• Revisão do laudo psicológico no processo; 
• Testamentos contestados; 
• Aceitação em lares adotivos; 
• Avaliação das características da personalidade e de periculosidade no sistema penitenciário; 
• Prestar atendimento e orientação a detentos e seus familiars; 
• Avaliação mental para imputação. 
Enfim, em todas as oportunidades em que se exige um psicólogo jurídico para melhor instruir o 
processo, oferecendo elementos de convicção ao julgador para bem decidir as questões 
judiciais pendentes. 
O que faz o psicólogo perito judicial? 
A avaliação psicológica pericial vai entender o que está acontecendo com as partes envolvidas no 
processo. Envolve muita pesquisa, investigação, técnicas e métodos reconhecidos pela psicologia para 
avaliar as condições intelectuais e emocionais de crianças, adolescentes e adultos que fazem parte 
do processo. Vale lembrar que a psicologia jurídica não se constitui como uma “verdade soberana”. O 
psicólogo perito auxilia na decisão do juiz quanto ao processo, entregando um laudo psicológico 
pericial contendo de forma clara e lógica seus achados e conclusões. O laudo psicológico pericial é 
um forte a ser somado junto a outras provas como confissão, testemunhas, documentos e investigação 
judicial para o desfecho do processo. 
O que faz o psicólogo assistente técnico perito? 
O psicólogo assistente técnico é contratado pelas partes em litígio para realizar acompanhamento junto 
ao processo. Seu papel pode ir muito além da atividade de avaliação do laudo psicológico do perito 
judicial. O assistente técnico fórmula também documentos que vão desde a criação de perguntas 
judiciais (quesitos), orientação ao advogado sobre temas que envolvem a relação entre Psicologia e 
Direito, análise documental, avaliação do litigante, entre várias outras atividades. No final, o psicólogo 
assistente técnico irá gerarum documento contemplando comentários divergentes e concordantes 
sobre todos os aspectos pertinentes a sua área constando no processo. Esse documento leva o nome 
de “parecer crítico”. O psicólogo assistente técnico pode ser chamado também de “perito parcial”, 
“assessor da parte”, “perito particular”, “perito contraditório” ou “parecerista”. O Psicólogo Jurídico 
busca colaborar para que as pessoas tenham garantidos os seus direitos em questões que estejam 
envoltas com o mundo jurídico. Com o uso dos seus métodos e técnicas científicas, o psicólogo jurídico 
auxilia os demais profissionais do mundo do Direito como magistrados, advogados, promotores e 
defensores, a fim de que a justiça seja feita. 
 
 
Medicina Legal Curso Livre Auxiliar em Necropsia 10 
A atuação do Psicólogo como Perito judicial nas Varas Cíveis, Criminais, Justiça do Trabalho, da 
Família, da Criança e do Adolescente assim como nas situações de interdições e aposentadorias é de 
elaborar laudos, pareceres e perícias para serem anexados aos processos. No que diz respeito a 
perícia psicológica criminal, o psicólogo investiga os aspectos psíquicos / emocionais oferecendo 
argumentos e provas documentais para decidir o julgamento. 
Na área da perícia criminal fica estabelecido a necessidade de que a perícia oficial seja realizada por 
dois psicólogos peritos que atuem de forma concomitante. 
Nos casos em que envolvam a avaliação da saúde mental para imputação de responsabilidades e /ou 
periculosidade para medida de segurança é também necessário o exame médico-legal 
(laudo psiquiátrico). Em casos de suspeita de abuso, violência ao menor, bullying, é de extrema 
importância a avaliação do psicólogo para constatar a veracidade das informações. 
Sexologia Forense 
A sexologia no campo da medicina legal, conhecida como sexologia forense estuda os chamados 
“Crimes Contra os Costumes” do Código Penal Brasileiro. Esses crimes são: estupro ou atentado 
violento ao pudor, sedução e corrupção de menores, rapto, ultraje público, lenocínio (prática criminal 
de estimular ou facilitar a prostituição) e tráfico de mulheres. A sexologia no campo da psicologia trata 
dos problemas sexuais. A sexologia clínica procura tratar desses problemas com terapias psicológicas 
ou remédios. A sexologia forense em sua essência atua na tutela da liberdade sexual da pessoa 
humana. A garantia da inviolabilidade do direito à liberdade está prevista no: 
Artigo 5º da Constituição Federal (CF) que diz: Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. 
Quem garante a inviolabilidade do direito à liberdade, neste caso a liberdade sexual, é o Estado. 
Por meio do Poder Legislativo o Estado define como crime as condutas que violam esta garantia. 
A sexologia forense tem como finalidade estudar as práticas libidinosas definidas pela lei penal como 
crime. Este estudo é do interesse judicial. Uma vez ocorrida infração à lei cabe ao Estado apurar a 
infração e sua autoria para então processar, julgar e quando cabível aplicar, ao infrator, a 
pena adequada. 
As Instituições Públicas encarregadas desse trabalho são: 
• a Polícia Judiciária, 
• o Ministério Público, 
• o Poder Judiciário. 
O artigo 156 do Código de Processo Penal (CPP) orienta: A prova da alegação incumbirá a quem a 
fizer. Em outras palavras este artigo diz que o ônus da prova é da acusação. 
No crime quem acusa é o Estado por meio do Ministério Público. Por esta razão é do Estado o ônus 
de provar que o crime ocorreu e Ele o faz por meio das Instituições acima citadas. É da atribuição da 
polícia judiciária apurar a infração penal e sua autoria conforme preceitua o artigo 4º do CPP. 
Nesta fase inquisitorial cabe à autoridade policial reunir todos os elementos probatórios que possam 
indicar evidências da infração. Dentre eles está previsto o exame de corpo de delito conforme 
normatiza o inciso VII do artigo 6º do CPP. Já o artigo 158 do CPP disciplina: Quando a infração deixar 
vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a 
confissão de acusado. 
Este artigo torna o exame de corpo de delito indispensável, mesmo diante da confissão do acusado, 
isto porque ele é a base para a produção da prova técnica que é considerada a melhor das provas, por 
ser realizada por técnico especializado. O artigo 159 do CPP particulariza como privativa do perito 
oficial a realização do exame de corpo de delito. Os vestígios que formam o corpo de delito, 
principalmente nos crimes sexuais, são perecíveis e em poucos dias desaparecem, por isso o seu 
exame deve ser realizado logo após o cometimento do delito. 
 
 
Medicina Legal Curso Livre Auxiliar em Necropsia 11 
Trata-se de prova cautelar, não repetível e por isso antecipada, como são as provas oriundas do exame 
de corpo de delito, que sempre serão produzidas na fase do inquérito policial, porque não podem ser 
reproduzidas na fase processual pelos motivos acima apresentados. A prova tem como finalidade 
demonstrar a realidade do fato delituoso, ela é o instrumento que objetiva revelar a verdade da 
ocorrência da infração. Mas revelar a verdade é tarefa árdua. A verdade se estratifica em verdade real 
e verdade material. A verdade real é aquela que aconteceu durante a prática da ação delituosa, ela é 
prisioneira daquele momento, depois dele não pode mais ser alcançada. Ficam disponíveis apenas os 
vestígios deixados pela prática do delito, sendo estes utilizados, posteriormente, para reconstituir 
a verdade. 
A realização do exame pericial é requisitada pela autoridade policial, de ofício, conforme preceitua o 
artigo 6º do CPP que diz: Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade 
policial deverá: 
• Determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias. 
O artigo deixa claro que a requisição do exame de corpo de delito é uma determinação. O perito 
deve ter isto presente. Não é um pedido, uma solicitação, é uma determinação e ele deverá cumpri-
la. O que o perito examina é o corpo de delito, que são os vestígios deixados pelo ato delituoso. 
• A requisição de exame pericial é uma das linhas mestras que sustentam a sexologia forense. 
A autoridade policial, ao requisitar o exame pericial, deverá sempre, de forma impreterível, informar 
qual infração está apurando e quando ela ocorreu. Isto porque o exame de corpo de delito tem por 
escopo encontrar vestígios de um crime. Só é possível encontrar vestígio de um crime específico 
ou suspeito quando se sabe qual ele é. 
É também atribuição do perito oficial, para que o laudo seja tecnicamente correto, estabelecer nexo 
temporal entre o vestígio encontrado, com a data da ocorrência do crime, porque é isso que a lei espera 
que ele faça, e isto só é possível se o perito souber quando o delito ocorreu. Se o perito não souber 
qual crime motivou a realização do exame, nem quando ele ocorreu, ele jamais será capaz de fazer 
um laudo médico legal de boa qualidade técnica. 
O que sustenta a Sexologia Forense é: 
• A preservação dos vestígios deixados pela prática do crime - Uma boa perícia só é possível 
se os vestígios estiverem presentes e bem preservados. Se os vestígios estiverem ausentes não 
há como realizar de forma conclusiva a perícia. Os vestígios são perecíveis, podem ser removidos 
por higienização, duchas, banhos e podem ser eliminados com o passar do tempo, etc. Além dos 
vestígios deixados pelo agressor, podem estar presentes, no corpo da provável vítima, vestígios 
deixados por práticas libidinosas consentidas ocorridas próximo à data da prática do delito. O perito 
precisa ter cautela e realizar uma boa entrevista com a provável vítima, para conhecer 
criteriosamente, tudo que ocorreu com ela, principalmente se praticou algum ato libidinoso 
consentidopróximo à data do evento, e assim ter todos os elementos para realizar uma perícia 
tecnicamente correta, caso contrário ele poderá materializar um delito utilizando vestígio de uma 
prática libidinosa consentida. Neste caso o laudo não representa a realidade da ocorrência do 
crime e o perito, ao emiti-lo, pode induzir a autoridade policial a deter um inocente. 
• A padronização do trabalho pericial - Infelizmente apesar de mais de dois séculos da perícia no 
Brasil, ainda não existe uma padronização do trabalho pericial no país. Esta lacuna é simplesmente 
inexplicável. Não houve empenho da Associação Brasileira de Medicina Legal, depois da 
Associação Brasileira de Medicina Legal e Perícias Médicas, nem foi tema dos mais de 25 
Congressos Brasileiros de Medicina Legal, ocorridos, fora os Congressos Regionais, para 
estabelecer uma padronização da perícia oficial. Não houve empenho de cada um dos médicos 
legistas para lutar por esta causa de extrema relevância. Por quê? Cabe a cada um encontrar a 
resposta. Mas uma das linhas mestras que integra os fundamentos da sexologia forense é a 
padronização da atividade pericial. O eixo do trabalho pericial é, minimamente, a estrutura do laudo 
técnico. Ele deve ser composto pelo: Preâmbulo; Quesitos para o exame de práticas libidinosas; 
Histórico; Descrição; Discussão ou Comentários; Conclusão e Resposta aos Quesitos. Há muitas 
localidades, no país, onde os laudos não têm esta estrutura. Muitos não apresentam o tópico: 
Discussão, nem a Conclusão. Ainda hoje, há localidades onde os quesitos utilizados nos laudos 
nada têm a ver com a Lei N. 12.015/2009, que alterou a definição dos crimes sexuais. Estes 
quesitos estão dissociados da legislação atual, por isto não atendem a lei vigente. Porém os laudos 
emitidos por estas localidades ainda hoje utilizam estes quesitos ultrapassados, insatisfatórios para 
esclarecer o delito. 
 
 
Medicina Legal Curso Livre Auxiliar em Necropsia 12 
Os quesitos para a realização do exame de práticas libidinosas de acordo com a legislação 
penal atual. 
Os quesitos propostos que estão no livro Medicina Legal Prática Compreensível e no livro da SENASP, 
são os seguintes: 
Quesitos para exame de práticas libidinosas. 
1º Houve conjunção carnal que possa ser relacionada ao delito em apuração? 
2º Houve outro ato libidinoso que possa ser relacionado ao delito em apuração? 
3º Houve violência para essa prática? 
4º Qual o meio dessa violência? 
5º Da conduta resultou para o (a) periciando (a): incapacidade para as ocupações habituais por mais 
de 30 dias, ou perigo de vida, ou debilidade permanente de membro, sentido ou função, ou aceleração 
de parto, ou incapacidade permanente para o trabalho, ou enfermidade incurável, ou perda ou 
inutilização de membro, sentido ou função, ou deformidade permanente, ou aborto? (resposta 
especificada) 
6º Tem o (a) periciando (a) idade menor de 18 e maior de 14 anos? 
7º É o (a) periciando (a) menor de 14 anos? 
8º Tem o (a) periciando (a) enfermidade ou deficiência mental? 
9º O (A) periciando (a), por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência? 
10º Da conduta resultou gravidez? 
11º O agente transmitiu para o (a) periciando (a) doença sexualmente transmissível? 
Estes quesitos, que foram extraídos, ipsis literis, da Lei N. 12.015/2009, funcionam como uma bussola 
para que o perito faça seu exame sem perder o crime de vista e saiba exatamente o que tem que 
procurar para elaborar o laudo de forma segura e clara. 
A última das linhas mestras da sexologia forense é justamente o perito oficial médico legista. 
Este profissional é o expert qualificado para realizar o trabalho técnico com todo o rigor que o laudo 
médico legal necessita para cumprir sua finalidade. O perito oficial médico legista é qualificado pelo 
adjetivo: legista, o que significa que ele executa seu trabalho de acordo com a legislação penal vigente. 
Significa que este profissional conhece com segurança: 
• A Constituição Federal, 
• O Código Penal Brasileiro, 
• O Código de Processo Penal Brasileiro, 
• O Código de Trânsito Brasileiro, 
A Lei das Contravenções Penais, a Lei N. 11.343/2006, que instituiu o Sistema Nacional de 
Políticas Públicas sobre Drogas – SISNAD, entre outras legislações, o que lhe permite realizar, 
cada perícia, atendendo especificamente o que a lei que motivou o exame pericial espera que ele 
esclareça. O perito oficial médico legista, que realiza seu trabalho sem conhecer esta legislação, 
pode ser tudo, menos um perito oficial médico legista, porque ao desconhecer a legislação ele 
simplesmente não merece receber o qualificador: legista. Ele é remunerado pelo Estado 
justamente para esclarecer, exclusivamente, assunto dessa legislação. O Estado para garantir 
direitos essenciais individuais e coletivos necessita de uma perícia oficial que lhe ofereça um laudo 
técnico que tenha a capacidade de demonstrar a realidade do fato alegado. O perito oficial médico 
legista precisa, ainda, ter os conhecimentos extraídos da doutrina médico-legal, deve conhecer a 
metodologia que norteia a realização do exame, deve conhecer os elementos que tipificam cada 
crime, deve ter bom senso, cautela e prudência, para saber, com segurança: porque fazer, o que 
fazer, quando fazer, como fazer, como descrever e como fundamentar, com lógica, com técnica, 
com clareza e com bom senso seu laudo oficial médico legal. É isto que a sociedade espera que 
ele faça. Os fundamentos da sexologia forense, aqui elencados como linhas mestras da sexologia 
forense, são as ferramentas necessárias para a realização, com sucesso, da perícia dos 
crimes sexuais. 
 
Medicina Legal Curso Livre Auxiliar em Necropsia 13 
UNIDADE II 
TRAUMATOLOGIA FORENSE I 
A Traumatologia Forense estuda os aspectos médico-jurídicos das lesões causadas pelos agentes 
lesivos. Tem por objeto o estudo dos efeitos na pessoa das agressões físicas e morais, como também 
a determinação de seus agentes causadores. Este reconhecimento é feito através do exame pericial 
na vítima, bem como no local do crime, denominado exame de corpo de delito, o corpo do delito ao 
contrário do que muitos pensam não é apenas a vítima, mas todo o local e instrumentos utilizados para 
a prática do delito, pelo qual se atribui a extensão dos danos provocados. 
Conceitos Básicos 
• Traumatismo (trauma): Atuação de energia externa sobre o corpo, com intensidade suficiente 
para provocar desvio da normalidade com/sem expressão morfológica. 
Lesão 
• Medicina Curativa: É a alteração anatômica ou funcional do órgão. 
• Medicina Pericial: Qualquer modificação de normalidade de origem externa, capaz de provocar 
danos pessoal em decorrência de culpa, dolo ou acidente. 
• Doutrina Penal: Conseqüência de um ato violento, capaz de produzir direta ou indiretamente, 
qualquer dano a integridade ou a saúde de alguém ou responsável pelo agravamento ou 
continuidade de uma perturbação já existente. 
• Lesão Corporal: São as que atingem a integridade física e/ou psíquica de alguém. 
Classificação das Lesões 
• Quanto a intensidade: Leves, Graves, Gravíssimas e Seguida de Morte. 
• Quanto a qualidade: Ofensa a integridade corporal; 
• Incapacidade para as ocupações habituais; 
• Incapacidade permanente para o trabalho. 
• Violência: É toda ação material ou pressão moral exercida contra uma pessoa, visando submetê-
la a vontade de outrem (Física, Moral, Presumida). 
• Causa: É o que leva a resultados imediatos e responsáveis por determinada lesão, suscitando 
uma relação entre causa e efeito. 
• Com causa: São as causas ou fatores que se associam para o agravamento ou melhora de uma 
lesão; geralmente são alegadas quando se produz agravamento. 
Com Causa Absolutamente Independente 
• Pré-existentes: quando se atira em; ingestão de veneno e morte. Tentativa de Homicídio. 
• Concomitantes: atira em, está infartando e morre do infarto. Tentativa de Homicídio 
• Supervenientes: atira em; entra em casa e o teto cai eo mata. Tentativa de Homicídio. 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Corpo_de_delito
 
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Com Causa Relativamente Independente 
• Existente: é hemofílico e morre de hemorragia. Homicídio 
• Concomitante: atira em; está infartando e piora (contribui p/ o êxito letal) * Homicídio 
• Superveniente: atira em; na ambulância sofre colisão e morre. * Tentativa de Homicídio 
• Desdobramento físico da ação: atira em complicar da cirurgia. *Homicídio 
• Ferida: É o retrato do ferimento e este é o ato, a ação de ferir. Ex: Pedro foi atropelado (ferimento) 
e sofreu as seguintes lesões (feridas). 
• Sede das lesões: É a região anatômica da vítima onde foi aplicado o trauma. É de interesse 
médico e jurídico. 
• Saúde: É o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência 
de doença 
Agentes Traumatizantes 
Energia de ordem são Física mecânica (cinética), Barométrica, Térmica, Elétrica, Radiante. 
• Energia de ordem: Química; Físico Química; 
• Energia de ordem física: Térmica (temperatura) calor e frio; 
Exaustão térmica: É a perda excessiva de fluidos e eletrólitos devido à sudorese, resultando em 
hipovolemia e desequilíbrio de eletrólitos; 
Intermação: Estado mórbido produzido pelo calor, sem exposição direta aos raios solares. É a 
inadequação ou falha nos mecanismos de perda de calor resultando em hiperpirexia perigosa. 
Insolação: Resultado mórbido da exposição ao sol. Temperatura alta e desidratação, pele 
vermelha, tontura, convulsão, vomito. 
Calor Direto Queimaduras; 
Frio Direto Geladuras: 
1º Grau - palidez; 
2º Grau - bolhas hemorrágicas 
3º Grau - necrose; 
Frio -Difuso; 
Oscilações 
ENERGIAS DE ORDEM MECÂNICA (INSTRUMENTO) 
I - Instrumento Perfurante 
• Definição: É todo instrumento capaz de produzir uma lesão punctória. 
• Instrumento: Esses instrumentos propriamente ditos possuem forma cilíndricacônica, são 
alongados, finos e pontiagudos, tais como: agulha, estilete, prego, alfinete etc. 
• Mecanismos de ação: Atuam por pressão através da ponta e afastamento das fibras do tecido. 
• Lesões: As lesões produzidas por estes instrumentos são soluções de continuidade que se 
denominam feridas punctórias. 
• Diagnóstico: O tipo de instrumento será diagnosticado pela qualidade das lesões. Mas o 
diagnóstico da lesão em si, não permite que para avaliação do seu alcance, se façam sondagens, 
desaconselhadas formalmente pela possibilidade de elas mesmas, produzirem falsos trajetos ou 
alterarem os correspondentes ao instrumento empregado. 
 
 
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• Prognóstico: É extremamente variável, pois, o instrumento não contaminado facilitará a 
recuperação, mas caso ocorra processo infeccioso tudo se modificará. 
• Natureza Jurídica: Geralmente homicídios, principalmente entre detentos. Recém-nascidos 
também podem ser vítimas desse tipo de lesão (infanticídio). Não é de se desprezar a possibilidade 
de acidente comum ou do trabalho. Como meio de suicídio não é muito freqüente. 
• Perícia: A perícia envolve sempre o exame das lesões em sua forma, aspecto, dimensões e 
demais caracteres que sirvam não só para a determinação diagnóstica, mais ainda para pesquisar 
o instrumento que as produziu. 
II – Instrumento Cortante 
• Definição: É todo instrumento que atuando linearmente sobre a pele ou sobre os órgãos, produz 
feridas incisas. 
• Instrumentos: Navalha, bisturi, lâmina, canivete, faca de gume cerrado, pedaço de vidro etc. 
• Mecanismos de ação: Agem por pressão e deslizamento produzindo a secção uniforme 
dos tecidos. 
• Lesões: Possuem bordas nítidas e regulares, há hemorragia geralmente abundante, corte perfeito 
dos tecidos moles, ausência de outro trauma em torno da lesão. 
• Diagnóstico: É necessário estudar cuidadosamente os caracteres da lesão, não sendo omitido o 
exame minucioso das vestes quando a região afetada era coberta por ela. 
• Prognóstico: Depende da sede comprometida, da extensão e profundidade do ferimento, são 
mortais quando atingem a região do pescoço (denominasse esgorjamento, se atingir a região 
anterior e degolamento, se atingir a região posterior). Não sendo isso, em geral não assumem essa 
gravidade extrema, mas podem ser gravíssimas quando situadas no rosto (cicatriz queloideana - 
deformidade permanente). No caso de atingir nervos de membros, podem produzir perturbações 
motora e sensitiva, e daí debilidade do segmento, enfermidade incurável que pode impedir o 
trabalho etc. Não havendo essas consequências, elas são consideradas leves. 
• Natureza Jurídica: Podem variar, é homicida frequentemente, mas pode tratar-se de lesão de 
defesa (indicativo de luta) ou mesmo suicida. A lesão acidental pode ocorrer, mas geralmente é de 
menor gravidade e não chega ao legista, senão ao clínico. 
• Perícia: Elemento cortante, número de lesões, sede, direção, características, profundidade, 
regularidade, lesões de defesa. O médico legista através de fatos relatados e observados, poderá 
prestar esclarecimentos à justiça. 
TRAUMATOLOGIA FORENSE II 
Instrumento Contundente 
• Definição: É todo instrumento ou objeto rombo capaz de agir traumaticamente sobre o organismo. 
• Instrumentos: Sólido: pau, tijolo, mão de pilão; Líquido: queda n'água, jato d'água; Gasoso: jato 
forte de ar sobre pressão; Naturais: mãos, pés, cabeça, chifres de boi etc.; Usuais: bengala, bastão, 
cacetete etc.; Eventuais: pedra, martelo. 
 
 
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Mecanismo de Ação 
• Ativo: quando o objeto possuidor de força viva se choca contra o corpo da vítima; 
• Passivo: quando o corpo da vítima, sob ação da força viva, choca-se contra o objeto; 
• Misto: quando tanto os corpos da vítima, quanto o objeto possuidor de força viva, chocam-se 
entre si. 
• Lesões: A resultante da ação desses instrumentos depende da intensidade do seu movimento, de 
sua dinâmica traumatizante, e, conjugado este fato, a região do corpo atingida e as condições da 
próxima ação, as lesões decorrentes poderão ser superficiais ou profundas, citam-se das mais 
leves às mais graves: 
• Rubefação: alteração vasomotora da região; dura cerca de duas horas no máximo; 
• Edema: derrame seroso; 
• Escoriação: perda traumática da epiderme (serosidade, gotas de sangue, crosta); 
• Equimose: derrame hemático que infiltra e coagula nas malhas do tecido. Permite dizer qual o 
ponto onde se produziu a violência. Indica a natureza do atentado. 
 
 
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UNIDADE III 
ASFIXIOLOGIA 
Asfixiologia é uma área da medicina legal que estuda as asfixias de um modo geral. 
Tem por objetivo reconhecer e analisar os diagnósticos médico-legais nos fenômenos cadavéricos 
imediatos e consecutivos, bem como nos fenômenos transformativos, e nas lesões produzidas intra-
vitam e post-mortem. 
Visa identificar e interpretar as perícias médico-legais, tendo por base o conhecimento dos conceitos, 
terminologias e técnicas médico-legais. 
Visa conhecer a relação entre a Medicina e o Direito, identificar os documentos médico-legais e as 
suas devidas utilizações e necessidades. 
É uma síndrome clínica resultante da hipoxemia ou anoxemia consecutiva a uma ação externa súbita 
e violenta que impede a ventilação pulmonar. 
A palavra asfixia advém do grego (sem) sphyksis (pulso), que os antigos achavam que as artérias se 
encontravam o elemento (espírito) da vida. Com o passar do tempo, esse entendimento mudou, fixando 
outro significado que é a supressão da respiração. 
A morte ocorre em asfixia quando as causas são de origem interna, como asma, pneumonia, enfisema, 
insuficiência cardíaca, etc. Essas Interessam a medicina clínica. Já as causas de origem externa 
interessam a medicina legal. 
A asfixia pode levar a morte, há sequelas, amnésias, convulsões e a paralisias. Ou a um resultado 
menos agressivo, permitindo ao indivíduo se recuperar completamente. 
O DireitoPenal, trata do homicídio decorrente de asfixia como um meio cruel, uma vez que exige do 
agente um tempo de 5 minutos até produzir o resultado morte. Tempo em que poderia arrepender-se 
e sustá-la. 
As condições para a respiração normalmente são: O equilíbrio percentual gasoso adequado, a 
permeabilidade dos orifícios das vias aéreas, permeabilidade das vias aéreas, movimentos 
respiratórios e hemodinâmica da circulação e bioquímica do sangue corretas. 
 
Fases das Asfixias 
• Dispneia inspiratória: O indivíduo está consciente, e faz um grande esforço para receber 
oxigênio. Decorre da Hipoxemia (baixa concentração de oxigênio no sangue arterial). Dura cerca 
de um minuto. 
• Dispneia expiratória: O indivíduo perde parte da consciência e pode vir a convulsionar, devido a 
hipercapnia (alta concentração de gás carbônico). Dura cerca de três minutos. 
• Esgotamento: Ocorre uma parada respiratória aparente, e então uma parada respiratória 
definitiva, levando a morte. Dura cerca de 3 minutos. 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Medicina_legal
https://pt.wikipedia.org/wiki/Oxig%C3%AAnio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sangue_arterial
 
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Diagnóstico 
Não existem sinais exclusivos da asfixia, mas que combinados com outras patologias caracterizam a 
morte por asfixia. 
Os sinais externos costumam ser por: 
• Manchas de hipóstase: O indivíduo morre e, em consequência da morte, o coração não bate. O 
sangue contido nos pequenos vasos próximos à pele, com a morte, acumula-se, por força 
gravitacional, nas regiões de maior declive. Se o morto está em pé (enforcado), o sangue vai para 
as extremidades (mãos, pés, pernas). Se o morto está deitado, as manchas tendem a se formar 
nas costas, se ele estiver em decúbito dorsal, ou no tórax, se ele estiver em decúbito ventral. Nas 
regiões de apoio, o sangue não chega, portanto, não se formam as manchas nessas regiões. 
Essas manchas começam a se formar 1 ou 2 horas depois da morte. 
Nos casos de asfixia, as manchas hipostásicas são mais marcadas (pronunciadas) e mais 
precoces, porque o sangue está sem oxigênio, com gás carbônico. O sangue venoso (com gás 
carbônico) é mais escuro, por isso que as manchas hipostásicas são mais visíveis nos asfixiados. 
São, também, mais precoces, porque, em decorrência do aumento da pressão, há um acúmulo 
muito maior de sangue nas extremidades. 
• Cianose: Face, rosto, parte alta do pescoço nos asfixiados são cianóticos. Encontradas em certos 
tipos especiais de asfixia, como na esganadura, na estrangulação e na compressão torácica. A 
cianose é uma tonalidade azulada da pele e mucosas. 
• Equimose: Manchas na pele, em consequência do aumento da pressão, os vasos se rompem 
formando as manchas equimóticas. Arredondadas e diminutas, localizam-se na pele das 
pálpebras, pescoço, face e tórax, e nas mucosas exteriores das conjuntivas, dos lábios e, menos 
comumente, das asas do nariz. 
• Espuma: De aspecto semelhante a um cogumelo sanguinolento exteriorizado pela boca e/ou pelo 
nariz, manifesta-se frequentemente nos casos de submersão, podendo faltar em outros tipos 
de asfixia. 
• Procidência da língua: Encontradiça no enforcamento e no estrangulamento em que a língua 
escurecida é projetada além das arcadas dentárias; pode, também, esporadicamente, ocorrer no 
afogamento, no início da putrefação. 
• Livor cadavérico: Aparece precocemente. É rosado na submersão, devido às modificações do 
sangue ocorridas nessa síndrome, vermelho vivo quando o agente é o óxido de carbono, e escuro 
nas asfixias mecânicas em geral. 
Os sinais internos, por sua vez, são mais comuns em todas as asfixias, sendo: 
• Os caracteres do sangue: Abrangem o aspecto, cor e fluidez. Na morte por asfixia o sangue é 
fluido e de cor negra. Fazem exceção os que sucumbiram sob o efeito do monóxido de carbono, 
ficando a cor do sangue vermelho vivo e os afogados que ingeriram grande quantidade de líquido, 
com a cor rosada. 
• Equimoses viscerais: Conhecidas vulgarmente por petéquias, são também chamadas manchas 
de Tardieu. As manchas de Tardieu são petéquias violáceas, em pequeno número - três ou quatro, 
ou aglomeradas em grande quantidade, recobrindo a superfície pleural, interlobares e basilares 
dos pulmões, do pericrânio e, nos recém-nascidos, do timo. As manchas de Paltauf são equimoses 
viscerais nos pulmões dos afogados. 
• Congestão poli visceral: Quase todos os órgãos do corpo são passíveis de congestão nos 
diferentes tipos de asfixia. O fígado e o os rins são os de maior interesse na asfixia. 
• Maior quantidade de sangue nos órgãos: Órgãos que normalmente contêm sangue, como o 
fígado, ficam muito cheios. Esse mesmo aumento da pressão, durante a asfixia, pode provocar um 
aumento de sangue nos alvéolos dos pulmões e pode ocorrer ruptura de vasos dos alvéolos; por 
isso é comum a secreção sanguinolenta nos casos de asfixia. 
 
 
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Classificação das Asfixias 
• Por constrição do pescoço: Enforcamento, Esganadura ou Estrangulamento. 
• Por alteração do meio ambiente: Afogamento, Soterramento, Confinamento, Gases Tóxicos. 
• Obstaculizarão a passagem de ar para os pulmões: Sufocação direta, Sufocação indireta. 
Enforcamento 
O enforcamento é realizado por corda/laço/fita que é acionado pelo próprio peso da pessoa. Podendo 
ser completo, aquele que o indivíduo fica totalmente suspenso no ar. Ou indireto, que parte do corpo 
fica apoiada em algum objeto. Bastando um peso de 2kg para atingir as veias jugulares. 
Enforcamento é a constrição do pescoço por um instrumento chamado laço e a força que constrange 
é a do próprio indivíduo. 
No enforcamento, a força constritiva é o próprio peso do indivíduo. 15 kg são suficientes para que 
ocorra o enforcamento. 
No enforcamento e no estrangulamento, o laço que circunda o pescoço, levando o indivíduo à morte 
por asfixia, deixa uma marca característica, que se chama sulco. É uma marca, em baixo relevo, do 
material utilizado no laço que provocou o enforcamento, que desenha o instrumento que constringiu o 
pescoço, caracterizando o sulco. 
Além do sulco, embaixo da pele há lesões: hemorragias e fraturas em cartilagens, ruptura de vasos, 
nervos achatados e secção da artéria carótida, que recebe o nome de sinal de Amussat. 
A principal causa jurídica do enforcamento é por suicídio, visto que o homicídio é pouco frequente, pois 
se necessita de uma grande desproporção de forças, ou inconsciência da vítima. 
Há dois tipos de enforcamento: 
• Suspensão completa: Quando há uma distância considerável entre o corpo e o chão. O corpo, 
verticalizado, fica solto no espaço, sem contato com o plano de sustentação. 
• Suspensão incompleta: Quando o corpo não fica inteiramente pendurado. Ex.: amarrar o laço 
numa janela. 
Nas asfixias por enforcamento, o mecanismo é misto, pois, além da constrição das vias respiratórias, 
constringe-se, também, a circulação sanguínea e o sistema nervoso que comanda a respiração e os 
batimentos cardíacos 
Fases da Morte por Enforcamento 
Fase da resistência: agitação; o indivíduo tem alucinações, visão turva, torpor, perda da consciência 
(quase coma). Essa fase dura de 40 a 80 segundos. 
Fase da agitação: ausência de consciência, convulsões intensas, alterações na cor da pele, língua 
protusa, olhos esoftalmos. Essa fase dura de 3 a 5 minutos. 
Fase de prostração ou morte aparente: o coração bate e essa fase pode durar até 10 minutos. 
No enforcamento, o sulco é oblíquo ascendente, tem profundidade variável, é interrompido no nó, fica 
por cima da cartilagem tireóidea. 
Para identificar qual o tipo de enforcamento ocorreu existem sinais internos e sinais externos. 
Os sinais internos podem ser: infiltração sanguínea nos tecidos subjacentes do sulco, fratura óssea 
hioide, fratura ou luxação cervical quando a queda do corpo, ruptura transversa da túnica interna da 
carótida primitiva (é o sinal de Amussat), infiltração sanguíneada túnica externa dos vasos do pescoço 
(é o sinal de Friedberg). 
 
 
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Já os sinais externos, podem ser: sulco obliquo incompleto de profundidade variável no pescoço 
(o sulco, ascendente, interrompe-se no local do nó. É mais profundo no lado oposto ao nó e desaparece 
ao seu nível, cabeça pende oposta ao nó, livores de hipóstase situados nas partes pendentes quando 
a suspensão permanecer por várias horas, globos oculares e língua procidentes e cianose de 
face discreta. 
Estrangulamento 
No estrangulamento, que também é uma constrição por um laço, a força constritiva é externa. O que 
constringe é o laço, acionado por uma força externa, geralmente homicida. 
Para determinar se a causa da morte foi enforcamento ou estrangulamento, é necessário a análise das 
características do sulco deixado pelo laço. 
No estrangulamento, o Sulco é horizontal, tem profundidade uniforme, não é interrompido e fica no 
meio do pescoço. 
O homicídio é a causa jurídica mais frequente do estrangulamento, a morte acidental é rara. 
Os principais sinais externos do estrangulamento são: 
a) Sulco horizontal completo com a mesma profundidade (o sulco pode se único ou múltiplo), é 
totalmente fechado, porque não apresenta nó que impeça seu fechamento total. 
b) Face tumefeita e com cianose acentuada (a tumefação e a cianose são mais acentuadas que o 
enforcamento, pois a força que oclui os vasos cervicais não é suficiente para fechar as artérias 
cervicais, e então, enquanto as jugulares estão ocluídas, continua chegando sangue a cabeça. 
Como não há retorno do sangue, produz-se o grande edema facial com cianose intensa. 
c) Equimose na face e conjuntivas (são pequenas e em grande quantidade). 
d) Exoftalmia e procidência da língua (bem mais acentuadas que o enforcamento). 
Os sinais internos são: 
a) Sinais gerais de asfixias, infiltração dos tecidos subjacentes ao laço, fratura ou não o hioide, e sinal 
de Amussat e Friedberg. 
O mecanismo da morte do estrangulamento é o mesmo do enforcamento. 
Esganadura 
Esganadura é a constrição do pescoço por um membro do corpo humano: mãos, pés, cotovelos 
e joelhos. 
A esganadura é sempre um homicídio, porque a força constritiva será sempre um segmento do 
corpo humano. 
Na esganadura, sempre há disparidade de forças entre os sujeitos. 
Os principais sinais externos são: 
a) Presença de equimoses, escoriações, hematomas, e feridas contusas no pescoço. As escoriações 
têm a forma semilunar, provocada pelas unhas do agressor. Encontram-se frequentemente lesões 
de defesa e também lesões na boca e narina. 
Já os sinais internos são: 
a) Infiltração sanguínea, nos tecidos subcutâneos. Mais acentuada que nas outras formas de asfixia 
por constrição do pescoço. 
b) Fraturas de hioide e apófise estiloide e cartilagens tireoide e cricóide podem ocorrer. 
c) Sinais gerais de asfixias 
 
 
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A morte por esganadura é discutível sobre o mecanismo envolvido, a morte por mecanismo nervoso é 
pouco provável, alguns autores defendem ao mecanismo respiratório e outros ao vascular. 
A causa jurídica da morte é praticamente só homicida, existindo raríssimos casos de suicidas. 
Sufocação 
É a asfixia mecânica provocada pela obstaculização direta ou indireta à penetração do ar atmosférico 
nas vias respiratórias ou por permanência forçada em espaço fechado. 
Sufocação Direta 
A sufocação direta compreende as seguintes modalidades: 
a) Oclusão dos orifícios externos respiratórios: Pelo emprego da mão ou de corpos moles, é de 
etiologia sempre criminosa, pois supõe acentuada desproporção de forças entre o agressor e a 
vítima, sendo praticada usualmente no infanticídio. 
b) Oclusão das vias respiratórias: Frequentemente acidental por aspiração brusca de corpos 
estranhos (dentaduras, porções de alimentos, rolha de garrafa, bolinhas de gude), na árvore 
respiratória, impedindo a passagem do oxigênio até os pulmões e desencadeando êxito letal por 
asfixia, pode excepcionalmente ser autocida. 
Os sinais cadavéricos locais, discretos e inconstantes, são representados pelas equimoses nos lábios, 
sinais de dentes na mucosa labial interna e marcas ungueais nas proximidades da boca e das fossas 
nasais, nos casos de sufocação manual, podendo não existir quando o agente emprega corpos moles 
(travesseiros, panos), e provável fratura de dentes e hemorragias punctiformes oriundas da introdução 
forçada do corpo estranho dentro da boca. 
Valor probatório diagnóstico é o achado necroscópico do corpo estranho causador da sufocação 
encravado no interior das vias aéreas, conjuntamente com os sinais clássicos já relatados nas asfixias 
em geral. 
Sufocação Indireta 
Diz respeito a todo e qualquer fenômeno que comprima o tórax, impedindo a sua expansão 
(ex.: acidente de veículos, homicídio, estouro de pessoas contra a parede, morte por pisoteamento 
contínuo entre os seres humanos). 
Há uma compressão do tórax ou abdômen, que impede a respiração, provocando a asfixia. 
Afundamento de tórax, Fraturas múltiplas nas costas que bloqueiam a respiração, provocando a morte 
por asfixia. 
Paralisia Espástica 
É a contratura dos músculos. Ocorre nos casos de morte por eletroplessão. 
Alguns tóxicos também podem levar a esse estado. O tétano é também outra causa da paralisia 
espástica (um veneno que leva a essa paralisia é a estricnina). 
Paralisia Flácida 
A paralisia flácida é causada por substância vegetal, utilizada pelos índios da Amazônia, de nome 
curare. O curare é utilizado, também, nas anestesias. 
Outra hipótese remota, mas que também pode ocasionar paralisia flácida, é o traumatismo de medula 
(raquimedular). 
 
 
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Asfixias por Parada Respiratória Central ou Cerebral 
• Traumatismo cranioencefálico:O traumatismo cranioencefálico pode ser ocasionado por uma 
pancada violenta na cabeça, que afunda o cérebro. Esse traumatismo lesa os centros de comando 
e o indivíduo para de respirar. 
• Eletroplessão: A carga elétrica leva à parada cerebral ocasionada por hemorragia das meninges, 
das paredes ventriculares, do bulbo e da medula espinhal. 
Asfixias por Paralisia Central 
• Depressão do sistema nervoso central:É ocasionada por drogas que levam o sistema nervoso 
a parar. O modelo clássico inclui as substâncias barbitúricas, álcool e overdose por cocaína (asfixia 
por depressão do sistema nervoso central). 
Afogamento 
Afogamento é a asfixia no meio líquido: pode ser água, álcool, gasolina etc. 
Num primeiro momento, o afogado tem a fase de surpresa: fica agitado e segura ao máximo a 
respiração. Quando não aguenta mais, respira profundamente inundando os pulmões de água. 
Entra em concussão e morte aparente. Após isso, o coração bate por mais ou menos 9 minutos. 
Sinais externos atípicos, são os que se manifestam também em outras formas de morte que não o 
afogamento, em que o cadáver permanece por qualquer motivo submerso por certo período. 
a) Pele anserina ou "pele de galinha": É determinada pela saliência dos folículos pilosos pela 
contração dos músculos eretores cutâneos. Situam-se frequentemente nos ombros, na região 
lateral das coxas e dos antebraços, constituindo o sinal de Bernt. 
b) Retração dos mamilos: Tem significado idêntico ao da pele anserina. 
c) Retração dos testículos e do pênis - Provocada pelo desequilíbrio térmico inicial entre o corpo e 
a massa líquida. 
d) Temperatura baixa da pele - Tem valor relativo. 
e) Maceração epidérmica - Mais acentuada nas mãos e nos pés, por embebição da pele, 
destacando-se por grandes retalhos, ou quando nas mãos, em dedos de luva junto com as unhas. 
f) Rigidez cadavérica precoce. 
g) Cor da face - Será lívida ou azulada nos afogados brancos de Parrot, e cianosada nos mortos por 
submersão-asfixia. 
h) Queda fácil dos pelos nos que permaneceram durante algum tempo submersos. 
i) Destruição frequente das

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