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Resumo Medicina Legal - Bruna Krug

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MEDICINA LEGAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRUNA REIS KRUG ATM 2023/2 MEDICINA ULBRA 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
2 
 
SUMÁRIO 
Introdução à Medicina Legal.................................................................. .......................................................................................................................................................... ................3 
Tanatologia Forense........................................................... ............................................. ...................................................................................................................... .............................5 
Asfixiologia Forense........................................................... ................................................................................................................................................................... ..............................8 
Balística Forense........................................................... ................................................................................................................................................................... ..................................12 
Traumatologia Forense........................................................... ................................................................................................................................................................... .....................13 
Sexologia Forense........................................................... ................................................................................................................................................................... ................................18 
Psiquiatria Forense........................................................... ................................................................................................................................................................... ..............................21 
Erro Médico........................................................... ............................................. ...................................................................................................................... ..............................................27 
Código de Ética Médica........................................................... ................................................................................................................................................................... .......................29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
3 
 
INTRODUÇÃO À MEDICINA LEGAL 
• O que é Medicina Legal? É o ramo da medicina que aplica conhecimentos médicos no esclarecimento de fatos 
que interessam à justiça. Originou-se da necessidade do Direito de elucidar fatos de conteúdo biológico e médico, ou 
seja, é a medicina a serviço do direito. 
• Qual a sua importância? É importante na elaboração e no auxílio na formação de novas leis; nas suas 
interpretações, explicando o conteúdo biológico das leis; e na sua aplicação, executando leis, isto é, realizando pericias 
sobre vestígios deixados nos indivíduos e também na saúde mental do indiciado. 
• É dividida em: antropologia forense, traumatologia forense, tanatologia forense, asfixiologia forense, 
sexologia forense, toxicologia forense, psiquiatria forense, infortunística, criminalística, genética ML, vitimologia. 
• Princípio clássico: visum et repercum (ver e relatar), atualmente discutir, fundamentar, deduzir. 
• Demais princípios: conclusões para autoridade solicitante; imparcialidade; segredo pericial; conhecimento 
técnico; conhecimento jurídico; autonomia = IML não ligado a polícia; credibilidade = fé pública, padronização, 
impessoalidade, linguagem clara (para leigos). 
• O que o médico-legista faz? 
- Casos de necropsia: Avalia se houve morte, descobre a causa, o 
instrumento que causou a morte, coleta material biológico para 
exames complementares. 
- Sem ser necropsia: exames de: lesão corporal, em custodiados, de 
maus-tratos e abusos sexual a crianças, de embriaguez, de ossadas, 
de DNA; verificação de violência sexual; perícia de local de crime; 
perícias psíquicas; casos de erro médico; exumações. 
- O médico-legista une conhecimento médico ao conhecimento 
jurídico e criminal para fornecer informações à justiça e auxiliar na 
investigação de casos e condenação de criminosos. Sem o médico-
legista, todos os crimes relacionados à vida ficam sem punição. 
Se praticarem um crime contra uma pessoa... 
• O Estado detém o monopólio da justiça e da investigação criminal; 
• Mesmo que eu seja vítima de um crime, não posso investiga-lo e nem punir o acusado (isso é crime). Está é 
uma característica dos estados democráticos 
Órgãos de Segurança Pública: 
• Brigada militar: polícia administrativa = patrulhamento ostensivo, preservação da ordem pública, prisões em 
flagrante; 
• Polícia civil: polícia judiciária = investigação criminal, prevenção de crimes, cumprimento de mandados 
judiciais; 
• Corpo de bombeiros: combate a incêndios, defesa civil (combate a desastres), buscas, salvamentos, socorros; 
• Instituto Geral de Perícias (IGP): perícias em geral; 
Perícia Médico-Legal: 
 É um exame minucioso realizado por técnico habilitado para esclarecer fatos de interessa da justiça quando 
há solicitação de autoridade competente. Prova técnica. Produzir a prova (de vestígios → evidências). 
• Vestígios: as infrações penais deixam vestígios; os vestígios de crimes são elementos que tem qualquer relação 
com o crime. 
• Evidência: se o vestígio tiver relação com o crime, muda de nome e torna-se uma evidência. Elas tornam-se 
provas utilizadas em um processo. A justiça necessita de provas para fundamentar uma acusação, e poder 
condenar alguém pela prática de um crime. 
• Prova: elemento demonstrativo da veracidade de um fato. 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
4 
 
• Perícia: exame dos elementos materiais com objetivo de produzir a prova. 
• Perito: elemento com capacidade técnica. 
• Peritos oficiais: são funcionários públicos concursados, curso superior. 
• Peritos nomeados ou “ad hoc”: são aquelas pessoas que, na falta de um perito oficial, a autoridade nomeia 
através de portaria para realizar uma perícia específica. 
Deveres do perito: 
1. Informação; 2. Atualização; 3. Abstenção de abusos (prova ilícita); 4. Vigilância (quanto a obtenção de prova). 
Corpo de delito: Conjunto de vestígios que ficam no corpo do indivíduo em consequência de um ato violento. Conjunto 
de elementos que denunciam um fato criminoso. Nas ocorrências que deixam vestígios, é obrigatório por lei a 
realização do exame de corpo de delito. 
• Exame direto: o perito deve ver e examinar o indivíduo verificando pessoalmente a lesão/lesões ou suas 
sequelas. 
• Exame indireto: realizado a ausência do periciado, através de atestados médicos, boletins hospitalares ou 
outros documentos médico-hospitalares. 
Documentos Médico-legais: todas as informações escritas de assunto médico que têm interesse jurídico. 
• Consulta médico-legal; Parecer médico-legal; Depoimento oral; Declaração de óbito; 
• Laudo médico-legal: preâmbulo, quesitos, histórico, descrição, discussão, conclusão, respostas quesitos. 
Notificações: são comunicações obrigatórias às autoridades competentes de um fato médico sobre moléstia 
infectocontagiosa e doenças profissionais o do trabalho. Isso não é quebra de sigilo profissional. 
Atestados médicos: são declarações por escrito de fatos médicos e de suas consequências jurídicas. Existem diversos 
tipos (como de sanidade física/mental, de afastamento do trabalho, de gestante, de vacina). Falsidade de atestado 
médico é necessário que o médico tenha agido com consciência da falsidade daquilo que atesta. 
Declaração de óbito: documento indispensável para quese possa fazer o registro em cartório do falecimento de alguém 
e, com isso, obter uma “certidão de óbito” para que se possa realizar a cremação ou o sepultamento, encerrando 
assim a vida civil de uma pessoa. O preenchimento é responsabilidade do médico. 
Parecer médico-legal: é uma opinião técnica sobre determinado assunto fornecido em resposta a uma consulta 
anteriormente feira por parte interessada. O parecer não tem valor de prova técnica, seu valor advém da reconhecida 
autoridade científica e moral de quem o emite. Preâmbulo, exposição, discussão e conclusão. 
Relatórios médico-legais: são descrições minuciosas por escrito de uma perícia médica para responder a uma solicitação 
de autoridade responsável. 
• Laudos: quanto o perito faz o exame e, após, faz a redação incluindo ou não novos dados. 
• Autos: quando o perito dita oralmente para o escrivão que os datilografa. 
• Preâmbulo, quesitos, histórico, descrição, discussão, conclusão, resposta aos quesitos. 
 
 
 
 
 
 
 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
5 
 
TANATOLOGIA FORENSE 
• É a parte da Medicina Legal (ML) que estuda a morte e o morto, e as suas repercussões na esfera jurídica. 
• Não se deve pensar na morte associada pela parada ou falência de um só órgão, mas sim um conjunto que se 
associava para a integração da vida – por isso existem transformações em diversas 
partes do corpo que se alteram após a morte. 
• Importância: 
- Com o término da vida, cessam todos os direitos e abrem-se novos direitos; 
- Confirmar oficialmente a morte; 
- Confirmar a causa mortis; 
- Estudos estatísticos e epidemiológicos; 
- Esclarecer a causa jurídica de morte; 
- Ajudar na investigação criminal. 
• Tipos de mortes: 
- Morte natural: consecutiva a doença ou velhice. Tem origem internar e é um fenômeno natural. 
- Morte súbita: ocorre de maneira mais ou menos rápida em pessoa aparentemente com bom estado de saúde. É 
inesperado. 
- Morte violenta: consecutiva a uma energia externa que se origina sempre de uma dessas três fontes: homicídio, 
suicídio ou acidente. Nesses casos, a realização de necropsia é obrigatória por lei. 
- Morte Suspeita: aquela que não se sabe, inicialmente, se foi natural ou violenta. Para esclarecer, é obrigatório a 
realização de necropsia → somente o legista pode fazer a declaração de óbito. 
- Morte indeterminada / sem identificação: aquela que, após a necropsia e realização de exames subsidiários, não se 
encontra uma causa que justifique a morte. 
- Morte agônica: aquele que ocorre de maneira lenta estendendo-se por dias, semanas ou meses. É própria de 
moléstias crônicas ou asfixia. 
- Morte aparente: falso diagnóstico de morte. 
• Alguns conceitos para melhor entendimento: 
- Inumação: enterrar. 
- Exsumação: desenterrar. 
- Cremação: destruição do cadáver. Morte violenta não pode ser cremada, somente com autorização do juiz. Para 
cremar deve ter assinatura de dois médicos. 
- Embalsamento: método para conservação. Injeção endovenosa de desinfectantes. 
- Formolização: conservar em tanques com formaldeído. 
- Diagnóstico (causa morte): importância jurídica, legal/criminal, médica/epidemiológica. 
 
Fenômenos abióticos/cadavéricos: são mudanças que ocorrem no corpo a partir do momento em que se inicia a morte. 
 
 
Fenômenos abióticos imediatos: 
• Resposta ao fim das funções vitais, sinais presuntivos de morte. 
• Perda da sensibilidade; ausência de tônus muscular; cessação da respiração, circulação, atividade cerebral; 
• Face hipocrática: fronte enrugada e árida, olhos fundos, nariz afinalado, orla escura, têmporas deprimidas, 
vazias e enrugadas, orelhas repuxadas para cima, lábios caídos, maças deprimidas, queixo enrugado e seco, 
pele seca e lívida, semblante carregado e desconhecido → “a cara da morte”. 
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Fenômenos abióticos consecutivos, sucessivos ou tardios: 
• Devido à instalação de fenômenos cadavéricos, sinais de certeza de morte. 
- Evaporação tegumentar cadavérica/desidratação: perda de água na forma de gás 
que promove: perda de peso, apergaminhamentos da pele, ressecamento mucosas, 
alterações oculares (hipotonia do globo ocular, opacificação da córnea, tela viscosa -
uma película formada por poeira e restos epiteliais -, mancha negra da esclerótica. 
- Resfriamento cadavérico (algor mortis): com a cessação do metabolismo, o corpo 
tende a produzir equilíbrio térmico com o ambiente. Resfria 1ºC por hora nas primeiras 12 horas, depois resfria 0,5ºC 
nas 12 seguintes. Em 24 horas, geralmente, se equilibra com o ambiente. Há variáveis: tamanho, temperatura do 
ambiente, ventilação, idade... 20º graus é incompatível à vida. Para calcular horário da morte: 37,2 – C / 1,5. 
- Rigidez cadavérica (rigor mortis): o cadáver fica “duro" por um estado de contratura 
muscular causada pela escassez de oxigênio e aumento de lactato dos tecidos começa 
1 hora após a morte, atinge seu máximo em 8-12 horas, e começa a se desfazer em 
24-36 horas, com o início da putrefação. Ocorre no sentido crânio-caudal primeiro 
pálpebra, mandíbula, cervical, membros superiores, tronco e membros inferiores 
- Livores de hipóstase (livor mortis): com a parada da 
circulação a pressão vascular se torna nula e o sangue tende a se acumular por ação 
gravitacional sangue se desloca para região mais baixa do corpo formando livros 
aspecto de manchas vinhosas. Livores de hipóstase não se depositam em locais de 
˜pressão” do corpo sobre uma superfície, iniciam em 1-2 horas e tornam-se fixos em 
12 horas, depois não desaparecem mais. 
Fenômenos transformativos destrutivos: 
Putrefação: ação dos microrganismos presentes no trato digestivo, produzindo grande quantidade de gases 
nauseantes e irritativos. Inicia em 24 horas (junto com a mancha verde abdominal), assume o máximo em 3-4 dias. 
Fase Início Duração 
Da coloração 20 – 24 horas Até 7 dias 
Gasosa 24 – 48 horas De 7 – 30 dias 
Coliquativa 9 – 30 dias 1 mês – 3 anos 
Esqueletização Fase final 
 
1. Fase da Coloração: começa com a mancha verde e se espalha pelo corpo, deixando-o preto. Aparecem em 24 
horas e dura uma semana. A mancha verde abdominal se inicia na fosse ilíaca direita (ceco = muita bactéria) 
e, progressivamente, vai se expandindo para o resto do corpo. Nos afogados, inicia pela cabeça e terço 
superior do esterno = “cabeça negroide”. 
Bactérias ↑ produção → gases liberados → mancha verde → fossa ilíaca D → abdome → tórax → cabeça → membros 
2. Fase gasosa ou de enfisema: distensão gasosa proveniente da produção bacteriana (cadaverina e putrescina), 
o odor é repulsivo. Enfisema gasoso sulfurado, dando ao cadáver aspecto gigantóide. Protrusão gasosa da 
língua, descolamento de epiderme, cheiro putrefativo intenso, aumento de volume abdominal e escrotal. O 
sangue é comprimido para a periferia distendendo as veias e tornando-as visíveis (circulação póstuma de 
Brouardel). 
 
3. Fase coliquativa: partes moles começam a se desmanchar, liquefazendo-se. Os órgãos vão perdendo sua forma 
e transformando-se em um líquido escuro, fétido e espesso. Proliferação de larvas necrófagas e insetos. Inicia 
mais ou menos na terceira semana e tem duração variável. Decomposição pútrida do cadáver. 
 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
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4. Fase de Esqueletização: tem início em um mês (depende de onde se encontra o corpo), com exposição 
progressiva dos ossos por destruição completa das partes moles. Restam apenas ossos, cabelos e alguns 
ligamentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fenômenos transformativos conservativos: são aqueles que preservam o cadáver 
Mumificação: 
• Natural ou artificial; 
• Só ocorre em ambientes secos e quentes, com solo arejado 
(arenoso); 
• Tecidos moles endurecem pelo ressecamento e não se 
decompõe pela putrefação; 
• Ressecamento rápido = impede atuação bacteriana; 
• Pele com aspecto “apergaminhado”, em “couro”, com início 
em alguns meses, podendo durar anos. 
Saponificação: 
•Só pode ocorrer em ambientes úmidos e rico em sais e bases, 
por hidrólise da gordura corporal, com solo argiloso e 
impermeável ao ar atmosférico; 
• Formação de “adipocera”, uma massa esbranquiçada e 
rançosa, com aspecto de cera ressecada/parafina. 
 
Outros.... 
Maceração: 
• Feto que morre dentro do útero e se dissolve em um líquido 
asséptico. 
• Fetos do 6º ao 9º mês. 
Calcificação: 
• Quando o organismo não consegue remover. 
• Fetos = litopédios. 
 
 
 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
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ASFIXIOLOGIA FORENSE 
• Ocorre quando energias de ordem físico-químicas impedem a passagem do ar pelas vias 
aéreas ou a composição bioquímica do sangue impedindo a hematose. 
• Asfixia é uma síndrome clínica resultante da hipoxemia ou anoxemia consecutiva a uma 
ação externa súbita e violenta que impede a ventilação pulmonar. 
• “Asfixia” significa “ausência de pulso”, embora se use o termo para definir situações de 
ausência de oxigênio. Nem todas se referem necessariamente a ausência de oxigênio, mas 
a indisponibilidade de oxigênio pelos tecidos. 
• Qualquer forma de distúrbio no metabolismo do oxigênio pode ser genericamente 
chamada de asfixia. 
• Nos casos de homicídio, a legislação considera como um meio cruel, isto é, um meio demorado de produzir 
morte (em torno de minutos), com sofrimento da vítima = homicídio qualificado. 
Condições para a Respiração 
• Ambiente externo gasoso sem gases tóxicos: 21%O2, 78%N2, 0,03%CO2. 
<7% O2 = perturbações orgânicas graves. 
<3% de O2 = morte. 
• Vias respiratórias permeáveis. 
• Movimentação tóraco-diafragmática. 
• Expansibilidade pulmonar. 
• Circulação sanguínea e volemia adequada para garantir hematose. 
• O principio básico da respiração é disponibilizar o oxigênio atmosférico em oxigênio tissular. 
Tipos de Anoxias: 
1. Anóxia de Ventilação (anóxica): toda modalidade de asfixia que impedem ou limitem a livre circulação do 
oxigênio até as hemácias. Ex.: ↓concentração de O2; constrição da laringe; compressão tórax (pneumotórax); 
2. Anóxia Anêmica: quando existe uma diminuição quantitativa ou qualitativa da hemoglobina. Ex.: anemias 
crônicas, intoxicação por CO, hemorragias. 
3. Anóxia de Circulação ou Estase: qualquer alteração que afete a pequena ou grande circulação. Ex.: coartação 
da aorta, embolia pulmonar. 
4. Anóxia Tissular ou Histológica: qualquer situação que impeça O2 ser reaproveitado pelos tecidos. Ex.: ácido 
cianídrico impede as enzimas oxidantes de extrair O2 da Hb. 
Sintomas: 
1ª Fase (1-2 min): Fase Cerebral = enjoos, vertigem, angústia, bradispneia, aumento ou depressão da pressão arterial. 
2ª Fase (1-2): Fase Excitação Cortical = convulsões, relaxamento esfíncter, aumento peristaltismo, bradicardia, ↓TA. 
3ª Fase (1-2): Fase Respiratória = diminuição e superficialidade do movimento respiratório. 
4ª Fase (3-5 min): Fase Cardíaca = bradicardia, hipotensão, arritmias. 
Fases da Asfixia: 
1. Fase de irritação: 
- dispneia inspiratória: indivíduo consciente, decorre da hipoxemia, dura 1 min. 
- dispneia expiratória: individuo inconsciente, ocorrem convulsões, deve-se à hipercapnia, dura 3 min. 
2. Fase de esgotamento: 
- ocorre parada respiratória (morte aparente) seguida de parada respiratória definitiva (morte real), dura 3 
min. 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
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* quando a pessoa não morre de uma asfixia, pode recuperar-se totalmente ou ficar com sequelas, como 
amnésias, paralisias, convulsões. 
Sinais Gerais das Asfixias: : 
• Hemorragias petequiais: ocorrem por extravasamento de sangue por aumento da pressão venosa capilar, que 
leva à ruptura das finas paredes do vaso. 
• Cianose e edema da face (máscara equimótica); 
• Congestão e edema visceral; 
• Exolftalmia e protusão da língua; 
• Sangue escuro e líquido (exceto nas asfixias por CO); 
 
Classificação das Asfixias: 
Sufocação Direta: 
• Obstrução das vias respiratórias da vítima; 
• Oclusão da boca e das fossas nasais; 
• Quase sempre de caráter criminoso; 
• Sugere uma desproporção de forças entre vítima e agente – infanticídio; 
• Objetos, tecidos umedecidos, sacos plásticos em torno da cabeça; 
• Quando há obstrução da laringe geralmente é acidental e por corpo estranho (goma 
de mascar, leite materno, “coffe coronary syndrome”. 
Sufocação Indireta: 
• Supressão da expansão torácica, ocasionada por atuação de força externa 
sobre o corpo da vítima; 
• Mais comum em grandes acidentes ou grandes multidões em pânico, 
crianças dormindo com os pais; 
• Colapso de escavações, minas, silos, mesmo que a cabeça fique ao ar livre; 
• Não confundir com soterramento; 
• Escoriações, equimoses e outros ferimentos causados por ação contundente, fraturas de arcos costais, roturas 
pulmonares. 
Afogamento: 
• Substituição do meio gasoso para o meio líquido; 
• Penetração de líquido nas vias respiratórias, impedindo troca gasosa; 
• Geralmente acidental ou homicida; 
• Verdadeiro afogado/afogado azul/molhado: morre por aspiração de um 
meio líquido, imersão total ou parcial, apresenta coloração cianótica; 
• Falso afogado/ afogado branco/seco: morte que ocorreu dentro da água 
(infarto, AVC...), não há aspiração de água. 
• Sinais externos do afogado: pele anserina, maceração da epiderme, livores 
cadavéricos mais claros, cogumelo de espuma, lesão por animais 
aquáticos; 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
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• Sinais internos: líquido nas vias respiratórias e no trato digestivo, presença de corpo estranho (lama, plâncton), 
diluição de sangue. 
Soterramento: 
• Substituição do meio gasosos para o meio sólido; 
• Penetração de matéria nas vias respiratórias impedindo troca gasosa; 
• Geralmente acidental – silos; 
• Desmoronamento ou desabamento; 
• Substâncias sólidas nas vias respiratórias e digestivas – reação vital; 
• Lesões traumáticas contundentes; 
Confinamento e asfixia por monóxido de carbono: 
• Permanência em ambiente restrito ou fechado sem renovação de ar respirável; 
• Consumo gradual de oxigênio com liberação de gás carbônico; 
• CO: altíssima ligação estável com a hemoglobina; 
• Livores e sangue rosa-cereja. 
 
ESTUDO DAS CONSTRIÇÕES CERVICAIS: 
Mecanismos envolvidos na morte por constrição do pescoço: 
1. Obstrução a passagem de ar por compressão da traqueia e laringe; 
2. Oclusão de veias jugulares: responsável pelos sinais de congestão e cianose da face e pela protusão da língua; 
3. Oclusão de artérias carótidas: inconsciência imediata por obstrução de fluxo cerebral; 
4. Efeito nevrálgico – compressão do seio carotídeo: estímulo vagal promovendo inibição, com rápida progressão 
para parada cardiorrespiratória. 
 
Esganadura: 
• Constrição cervical pelo uso das mãos; 
• É impossível suicídio ou acidente, é sempre homicida; 
• Presume desproporção de forças entre agente e vítima; 
• Muitas lesões na região cervical: equimoses, escoriação, estigmas ungueais, 
fraturas de cartilagem. 
• Sinais externos: 
- Lesões de ataque e defesa (luta), ferimentos ao redor da boca, face posterior 
da cabeça, escoriações nas mãos e antebraços; 
- Congestão da face; 
- Equimoses puntiformes na face, pescoço e tórax; 
- Presença de escoriações de unhas sobre o pescoço = estigmas unqueais, mais evidentes de um lado do 
pescoço (destro ou canhoto); 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
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• Sinais internos: 
- Hemorragias dos planos moles em graus variados e difusos (não simétricas); 
- Fraturas da laringe e traqueia; 
- Lesões de vasos sanguíneos (raras); 
Enforcamento: 
• Constrição cervical por um laço em que a força atuante é a 
gravitacional do peso da vítima; 
• Mais comum em suicídio, mas pode ser homicida, acidental ou 
por execução judicial; 
• Enforcamento completo: totalmente suspenso no ar; 
• Enforcamento incompleto: parcialmente suspendo; 
• Ocorre por uma variedade de 
tipos de laço, que produzem um ou mais sulcos no pescoço; 
• Sulco: 
- Ascendente, com mais marcas (pressão) na porção contralateraldo nó, e menos 
pressão próximo ao nó – profundidade desigual; 
- Interrupção do sulco no local do nó; 
- O sulco se projeta acima da cartilagem tireoide, e pode ser único ou múltiplo. 
Estrangulamento: 
• Constrição cervical por um laço em que a força atuante proveniente é externa ao corpo da vítima; 
• Corpo da vítima age passivamente, e a força constritiva do laço age de forma ativa; 
• Mais comum no homicídio; estrangulamento auto-erótico; 
• Ocorre por uma variedade de tipos de laço; 
• Sulco: 
- Horizontal ou linear, geralmente múltiplo; 
- Regular em praticamente toda a sua extensão, sem interrupção; 
- Se projeta para baixo da cartilagem tireoide; 
- Mata-leão ou “gravata”; 
 
 
 
 
 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
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BALÍSTICA FORENSE 
• Ramo da medicina legal que tem como objeto particular de estudo as armas de fogo e 
os fenômenos e efeitos dos tiros destas armas; 
• Arma = todo objeto concebido e executado com a finalidade de ser utilizado pelo 
homem para o ataque ou para a defesa; 
• Os efeitos das armas podem ser diversos (aula de traumatologia forense), mas vamos 
nos ater aos efeitos perfuro-contundentes das armas de fogo; 
• As lesões perfuro-contundentes são lesões em profundidade, que perfuram e laceram, 
rompem e/ou esmagam tecidos; 
• As armas de fogo curtas são de longe as de uso mais 
frequente em todas as formas de crimes (homicídio, suicídio, acidente); 
• Condições vantajosas das armas curtas para a prática de crimes: 
- Tem pequenas dimensões; 
- Pouco peso; 
- Cômodas de conduzir e de velar; 
- Uso com uma das mãos; 
- Múltiplos disparos; 
- Fácil de se desfazer; 
• O uso de armas longas (rifles automáticos, espingardas, etc) realmente tem sido mais e mais comum 
especialmente em localidades bem violentas e determinadas. Mas o uso de armas curtas é muito mais 
difundidas. 
• Em medicina legal, analisa-se a balística terminal, ou seja, os efeitos do disparo de arma de fogo sobre o corpo. 
Tiro a distância 
• Lesão de entrada é arrendondada/oval, com bordos investidos 
(“para dentro”); 
• Orla de escoriação/contusão: aréola de contusão causada pela 
pressão do projetil sobre a pele, provocando seu rompimento; 
• Orla de enxugo: causada pelas impurezas presentes no projetil; 
• Orla equimótica: microequimoses causada pela ruptura de capilares 
e vasos próximos ao orifício. 
Tiro a curta distância / queima-roupa 
• Manifestação dos efeitos secundários do tiro (resultantes da combustão); 
• Orla de escoriação/contusão (igual); 
• Orla de enxugo (igual); 
• Orla equimótica (igual); 
• Zona de esfumaçamento: depósito de fuligem (que era fumaça) sobre a pele. 
podem não aparecer em áreas cobertas por roupas. saem com a água 
• Zona de tatuagem: resulta pela penetração de pólvora incombusta na pele. muito 
importante para estimar distância do disparo!!! 
Tiro encostado 
• Câmara/buraco de mina de Hoffmann: orifício estrelado, com bordos evertidos 
(para fora), formado por ação dos gases que descolam os tecidos. 
• Não há zona de tatuagem nem de esfumaçamento, pois os elementos penetram 
inteiramente na pele, deixando aspecto enegrecido “em buraco de mina”. 
 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
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 TRAUMATOLOGIA FORENSE 
• Ramo da medicina legal que estuda as lesões corporais e suas consequências 
jurídicas; 
• Traumatismo é a transferência de energia sobre o corpo humano provocando 
desvio da normalidade; 
Lesão corporal: toda ofensa à integridade corporal ou à saúde de alguém, classificadas pela gravidade. 
- Lesão Leve: aquela diagnosticada por exclusão = se não for grave e nem gravíssima, é leve. Pena de 3 meses a 1 ano. 
- Lesão Grave: incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias = não é necessário que haja uma 
incapacidade total, basta uma dificuldade na realização dessas ações. A resposta a esse quesito precisa sempre se 
realizar em 30 dias depois da ocorrência da lesão, e não da realização da perícia. 
• Perigo de vida: é uma situação real, efetiva, decorrente da lesão sofrida em que, se o ofendido não receber 
um tratamento especializado, virá a morrer. É um diagnostico feito na hora da ocorrência do fato * não 
confundir perigo de vida com risco de vida, que é uma presunção, possibilidade de que algo possa ocorrer. 
• Debilidade permanente de membro, sentido ou função: diminuição efetiva da função de um ou mais 
membros, sentidos ou órgãos. 
• Aceleração do parto: não interessa a idade da gestação, mas sim que nasça vivo e permaneça vivo. Se o RN 
vier a morrer em consequência dessa prematuridade ou de outro fato que relacione causa-efeito, será 
considerado aborto. Pena de 1 a 5 anos. 
- Lesão Gravíssima: 
• Perda ou inutilização de membro, sentido ou função; 
• Incapacidade permanente para o trabalho; 
• Enfermidade incurável; 
• Deformidade permanente: é todo dano que provoque vergonha ou mal-estar no ofendido e repulsão ou 
repugnância em quem vê; 
• Aborto: interrupção da gravidez antes da data prevista do parto resultando em um concepto morto; 
• Pena de 4 a 8 anos. 
- Lesão corporal seguida de Morte: 
• Ocorre quando uma pessoa agride alguém sem a intenção de produzir um mal mais intenso, mas que, por 
outro fator, termina provocando-lhe a morte; 
• A ação inicial é dolosa, mas o resultado é culposo; 
• Pena de 4 a 12 anos. 
Agentes Lesivos: 
• São as diferentes formas de energia que, atuando sobre o ser humana, produzem lesões corporais; 
• Agentes físicos: aqueles que não alteram a natureza dos elementos participantes. Podem ser mecânicos ou 
não-mecênicos; 
• Agentes químicos: aqueles que alteram a constituição dos elementos participantes de tal modo que os 
elementos finais são diferentes dos iniciais. Ex.: venenos, cáusticos, drogas. 
• Agentes biológicos: aqueles que atuam através de seres vivos como as bactérias, vírus, fungos. 
 
 
 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
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AGENTES FÍSICOS MECÂNICOS 
 
Agem por choque, pressão, torção, 
deslizamento, etc. 
 
 
Instrumentos Perfurantes: 
• Atuam por pressão ou percussão em um ponto, afastam os tecidos, sem seccioná-las; 
• São objetos com uma ponta e corpo fusiforme ou cilíndrico, com o comprimento 
predominando sobre a largura e a espessura: alfinete, prego, agulha; 
• Produzem lesões cuja gravidade depende do local atingido e da profundidade; 
• Feridas: puntiformes ou punctótias, seu aspecto exterior é de um ponto; 
• Leis de Filhós e Langer: As feridas sofrem ação das linhas de tração da pele, podendo 
tomar a forma de botoeira, em ponta de seta e pode ter forma bizarra de acordo com 
a confluência de linhas de tração. 
• Lei de Langer: Onde convergem linhas de força de sentidos diferentes, produz ferida forma triangular, 
quadrilátera, ou em ponta de seta. 
 
Instrumentos Cortantes: 
• Gume (um ou mais) atuam para deslizamento na superfície corporal: 
faca, navalha, bisturi, caco de vidro. 
• Feridas: incisas, cortantes, bordas lisas, nítidas e regulares, afastadas 
e com bastante hemorragia; 
• O comprimento é maior que a profundidade; 
• Tem uma ou nas duas extremidades uma solução linear de 
continuidade superficial chamada cauda; 
• Quando em extremidades como dedos, nariz, orelhas, são mutilantes 
e deixam deformidades; 
• Esgorjamento: face anterior do pescoço; Os esgorjamentos suicidas 
geralmente tem mais de uma incisão e trajeto descendente. A morte 
ocorre por hemorragia, asfixia ou embolia gasosa; 
• Degolamento: face posterior do pescoço (lembrar da gola); 
• Esquartejamento: divisão do corpo em partes mais ou menos 
regulares provocadas por instrumentos cortantes. 
• Castração: intuito de vingança; 
• Decapitação: separar completamente a cabeça do pescoço 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
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Instrumentos Contundentes: 
• Agem por pressão, explosão, 
deslizamento, percussão, distensão, torção, 
fricção, por contragolpe ou de forma mista. 
Geralmente, são meios de superfície plana; 
• Contusãoativa: apenas o meio ou o instrumento se desloca; 
• Contusão passiva: corpo humano está em movimento; 
• Mistas, biconvergentes ou biativas: corpo e instrumento se movimentam. 
• Edema traumático: aumento difuso de volume, traumatismo de pouca 
intensidade, desaparece; 
• Eritema traumático ou rubefação: mancha de coloração avermelhada na 
pele provocada pela vasodilatação. Origina-se de traumatismos mínimos; 
• Equimose: mancha violácea, traumatismo mais intenso. Quando 
puntiforme; são chamadas de petéquias, quando extensas, de sufusão, e, 
quando alongadas, como estrias de víbices. 
• Escoriação: atinge a epiderme e arranca; perna ralada de uma criança. 
• Bossas sanguíneas: derramamento de sangue numa região pequena do 
tecido subcutâneo delimitada por outras impermeáveis, como o osso. 
• Hematoma: aumento localizado de volume provocado pelo acúmulo de sangue em um local. Decorre de um 
impacto mais intenso que provoca ruptura de vasos maiores e mais saída de sangue. 
• Fratura: solução de continuidade óssea. 
• Luxação: afastamento súbito e permanente de duas extremidades ósseas. São 
lesões graves que deixam mais sequelas que fraturas; 
• Ferida contusa: quando a energia do objeto que atinge a superfície corporal 
é maior, a pele não resiste e se rompe. Ferida de bordas irregulares, 
escoriados com infiltração sanguínea, os tecidos profundos se rompem de 
maneira irregular, deixando “pontes” de tecido entre uma borda e outra. 
• Entorse: ruptura completa ou incompleta de ligamentos que formam a cápsula articular. Ocorre quando uma 
articulação é submetida a mais movimentos do que lhe é permitido. 
• Ruptura visceral: sendo as mais frequentes de baço e fígado. Os órgãos ocos se rompem mais facilmente 
quando estão cheios. 
Instrumentos Perfurocortantes: 
• Aqueles que têm uma ponta e um ou mais gumes: punhal, espada, faca com 
ponta; 
• Atuam inicialmente por pressão em um ponto e, à medida que vão penetrando 
por deslizamento, seccionam os tecidos; 
• Feridas: perfuro-incisas ou “em botoeira”, bordas lisas, nítidas e regulares sem 
cauda; 
• A profundidade é maior que o comprimento; 
• Apresentam gravidade por atingir órgãos profundos e seccionar vasos de maior 
calibre. 
Instrumentos Corto-contundentes: 
• Gume mais ou menos afiado e um corpo com peso: facão, foice, machado, 
gadanha, dentes humanos ou de animais; 
• Funcionam num primeiro momento pelo choque do gume contra a pele 
seccionando-a e depois atua o peso do objeto, esmagando e destruindo os 
tecidos, produzindo até fraturas e atingindo cavidades; 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
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• Lesões com grandes destruições teciduais, até amputações, tecidos macerados, esmagados, com infiltrações 
sanguíneas e muitas vezes com fraturas, amputações; bordas mais ou menos lisas. 
Instrumentos Perfurocontundentes: 
• Atuam inicialmente num ponto e, pela liberação de energia cinética que o objeto traz, produzem uma ação 
contundente: projétil de arma de fogo, bala; 
• Ferida: orifício de entrada, de saída e trajeto, que é o túnel de destruição que une os dois orifícios. 
• Orifício de entrada: forma arredondada ou ovalada, bordas invertidas (para dentro), geralmente menor que o 
calibre da arma (com exceção dos tiros encostados, que dai é maior); 
• Orifício de saída: tem formas variadas, como de fenda, estrelada e também circular ou elíptica, bordas 
evertidas (para fora). 
 
AGENTES FÍSICOS NÃO-MECÂNICOS 
Vitriolagem: 
• Crime que resulta do arremesso de vitríolos contra a vítima, com o 
objetivo de lhe causar lesões corporais deformantes da pele e dos 
tecidos subjacentes. 
• Predomina arremesso das substâncias em áreas expostas; 
• Vitríolo = Designação comum dos ácidos azótico, clorídrico, sulfúrico, 
entre outros. São substâncias cáusticas. 
Eletricidade: 
• Natural ou cósmica: : calor local que resulta em ruptura de vasos e vísceras. Sinal de 
Lichtenberg. 
- Fulminação: morte; 
- Fulguração: lesões corporais 
• Eletricidade artificial ou industrial: porta de entrada da corrente nem sempre é 
evidente. Nos pés, na maioria das vezes se observa a marca de saída. Bordas nítidas. 
Sinal de Jellinek. 
- Eletroplessão: acidental (morte ou lesões); 
- Eletrocussão: morte de um condenado. 
• Etiologia da morte por corrente elétrica: morte pulmonar, cerebral ou cardíaca. 
Calor e Frio: 
Termonoses: quadros resultantes da ação do calor difuso. 
• Insolação: ação direta ou indireta da elevada temperatura, dos raios solares, da excessiva umidade relativa e 
viciação do ar. Escassa importância médico-legal, por ser de origem frequentemente acidental. 
• Intermação: ocorrida em espaços confinados ou abertos, sem o suficiente arejamento, quando há elevação 
excessiva do calor radiante. Possui interesse médico-legal, pois além de acidental pode ser criminosa. 
Frio: Pouca importância médico-legal no Brasil devido ao clima, exceto na região sul. Afeta principalmente mendigos, 
pessoas alcoolizadas, idosos desamparados e crianças. As lesões provocadas pelo frio são designadas “geladuras”, que 
possuem três graus: eritema, flictenas e necrose ou gangrena. 
Queimaduras: Lesões resultantes da atuação direta do calor, em qualquer de suas formas, sobre o revestimento 
cutâneo e/ou o organismo. 
• 1º grau: Atinge a camada superficial da pele, que fica vermelha, quente e dolorosa, mas não forma bolhas; 
• 2.º grau: Atinge mais profundamente a pele, que se apresenta dolorosa, vermelha e com bolhas; 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
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• 3.º grau: Todas as camadas da pele são lesadas. A ferida é seca, brancacenta ou marrom, e a dor é menos 
intensa devido aos danos nos nervos. 
 
Oscilações de temperatura: Na dependência de fatores predisponentes, da resistência individual e da falta de 
necessária aclimatação, as elevações ou diminuições bruscas de temperatura podem favorecer o organismo à 
exposição de estados infecciosos, assestados especialmente no aparelho respiratório, como a broncopneumonia, a 
tuberculose, e até a danos mortais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
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SEXOLOGIA FORENSE 
• Parte da medicina legal que trata das questões médico-biológicas e 
perícias ligadas a delitos contra a dignidade e liberdade sexual, 
relacionados a: 
- Crimes contra liberdade sexual; 
- Desvios sexuais; 
- Abortos; 
- Infanticídios. 
Legislação: Código Penal, título VI, Dos crimes contra a dignidade sexual – Capítulo 
I, dos crimes contra a liberdade sexual: 
Estupro: Art. 213 – Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a 
praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. Pena de 6 a 10 anos. 
§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior 
de 14 (catorze) anos: Pena – reclusão, de 8 a 12 anos. 
§ 2º Se da conduta resulta morte:” “Pena – reclusão, de 12 a 30 anos 
Ou seja: 
1. Constranger = forçar, obrigar, subjugar; 
2. Alguém = qualquer pessoa homem, mulher ou criança; 
3. Praticar ou permitir que com ele se pratique = a. agente obriga a vitima a praticar um ato libidinoso no 
corpo do agente que a constrange (conduta ativa da vítima); b. vítima permite que com ela seja praticado 
o ato, dessa forma a vítima tem conduta passiva. 
4. Violência ou grave ameaça = direta ou indireta, implícita ou explícita (diretamente contra a vítima ou 
contra pessoas ou coisas que lhe são próximas, fazendo a vítima temer o agente). 
5. Conjunção carnal = introdução do pênis na vagina, de forma completa ou incompleta, com ou sem ruptura 
himenal, podendo ou não ser acompanhada de ejaculação. 
6. Ato libidinoso = todos os atos de natureza sexual, diversos da conjunção carnal, que tenham como 
finalidade satisfazer o apetite sexual do agente; 
Estupro de vulnerável: Art. 217 – Ter conjunção carnal ou praticar ato libidinoso em menor de 14 anos. Pena: 
reclusão de 8 a 15 anos; 
§ 1ºIncorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou 
deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra 
causa, não pode oferecer resistência. 
§ 2º (Vetado) 
§ 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: Pena – reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. 
§ 4º Se da conduta resulta morte: Pena – reclusão, de 
12 (doze) a 30 (trinta) anos.” 
Quem são os agressores sexuais? 
• 70% dos estupros são cometidos por parentes, 
namorados ou amigos/conhecidos da vítima, o que 
indica que o principal inimigo está dentro de casa e que 
a violência nasce dentro dos lares. 
• No Brasil a violência sexual é doméstica! 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
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Perda da virgindade: 
• Ruptura himenal (prega mucosa que separa a vulva da vagina): 
- Pode ocorrer em qualquer parte da membrana himenal; 
- Utiliza-se o método cronográfico para indicar o local de ruptura; 
- É importante para o médico legista estabelecer se a ruptura é recente ou tardia; 
- Ruptura himenal recente: que ainda não completou seu processo de cicatrização (edema, equimoses, áreas 
hemorrágicas, coágulos). 
• Presença de espermatozoides na vagina; 
• Gestação; 
O que é ato libidinoso diverso da conjunção carnal? 
• Cópula anal; 
• Cunilíngua; 
• Felação; 
• Cópula inter-cruris; 
• Masturbação; 
• Palpação intima; 
• Sucção intima. 
Vestígios deixados por atos libidinosos diversos da conjunção carnal: 
• Lesão em ânus, lesões em tegumento de zonas erógenas; 
• Presença de espermatozóides na região ampola retal/ anal. 
• Presença de dna, que não da vítima, de origem masculina, na região ampola retal/anal; 
• Presença de antígeno prostático específico (psa) na região ampola retal/anal; 
• Presença de espermatozoides e dna em vestes e pele. 
Perícia: o que a lei quer que o médico-legista esclareça? : 
• Se houve conjunção carnal; 
• Se houve outro ato libidinoso. 
• Se o agressor conseguiu o intento com o uso de violência. 
• Se a vítima é menor de 14 anos, ou maior de 14 anos menor que 18 anos. 
• Se houve o emprego de grave ameaça. 
• Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave. 
• Se do crime resultou gravidez. Se o agente transmitiu à vítima doença sexualmente transmissível. 
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 Última chance de: prevenir DST/AIDS; prevenir gestação; coletar material para incriminar o estuprador. 
Aborto: 
• Conceito médico/obstétrico: interrupção da gravidez antes da vigésima semana de gestação. Visa identificar 
o aborto espontâneo, descobrir suas causas e sua prevenção. 
• Conceito jurídico: interrupção da gravidez em qualquer fase da gestação, com morte do concepto. Visa 
identificar o aborto provocado, seu caráter doloso e a proteção da vida como bem jurídico. 
• Em medicina legal, a idade gestacional não é relevante, pois não há esta distinção no código penal. Sempre 
que a gravidez for interrompida dolosamente, está configurado o crime de aborto. 
• Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento ART. 124. PROVOCAR ABORTO EM SI MESMA OU 
CONSENTIR QUE OUTREM LHO PROVOQUE: Pena – detenção, de um a três anos. 
• Aborto provocado por terceiro ART. 125. PROVOCAR ABORTO, SEM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE: Pena 
– reclusão, de três a dez anos. 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
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• As cinco modalidades de aborto: 
1. Aborto provocado pela própria gestante (auto-aborto); 
2. Aborto com o consentimento da gestante; 
3. Aborto sem o consentimento da gestante (pode decorrer de violência, ameaça ou fraude); 
4. Aborto qualificado (se resulta em lesão grave ou morte da gestante) 
5. Aborto permitido. 
• Código penal brasileiro excludente de ilicitude: 
ART. 128. NÃO SE PUNE O ABORTO PRATICADO POR MÉDICO: 
- ABORTO NECESSÁRIO: 
I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
- ABORTO NO CASO DE GRAVIDEZ RESULTANTE DE ESTUPRO: 
II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, 
de seu representante legal. 
• Prescinde de autorização judicial ou policial: 
• O pressuposto de validade está, com exclusividade, no consentimento da gestante ou de representante legal. 
• Aborto eugênico: a lei não permite o aborto eugênico (feto com defeitos físicos ou mentais); Exceto…. Quando 
o feto não terá sobrevivência após o parto (“inviável”): existem sentenças judiciais que autorizam a 
interrupção da gravidez; ato legítimo e humanitário para atenuar sofrimentos. É o caso dos fetos com 
anencefalia (sem hemisférios cerebrais ou minimamente desenvolvidos). 
Infanticídio:: 
• ART. 123. MATAR, SOB A INFLUÊNCIA DO ESTADO PUERPERAL, O PRÓPRIO FILHO, DURANTE O PARTO OU 
LOGO APÓS. Pena – detenção, de dois a seis anos. 
• Para que se caracterize o infanticídio, segundo a nossa lei, são necessários a principio, quatro elementos: 
1. Que se trate de feto nascente ou de infante recém-nascido; 
2. Que tenha havido vida extra-uterina; 
3. Que a morte seja intencional; 
4. Influência do estado puerperal.. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
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PSIQUIATRIA FORENSE 
Grandes Síndrome Psiquiátricas 
Síndrome Ansiosa: 
• Transtorno de ansiedade generalizada; 
• Transtorno de pânico; 
• Crises de abstinência; 
• Sintomas: 
- Apreensão; 
- Nervosismo; 
- Dificuldade de concentração; 
- Antecipação preocupante; 
- Incapacidade de relaxar; 
- Movimentação inquieta; 
- Sudorese; 
- Taquicardia; 
- Insônia; 
- Tremores; 
Síndrome Depressiva: 
• Transtorno depressivo maior; 
• Transtorno de humor bipolar; 
• Sintomas: 
- Humor deprimido; 
- Anedonia; 
- Cansaço/fraqueza; 
- Redução de rendimento; 
- Alterações do sono; 
- Pessimismo; 
- Irritabilidade; 
- Concentração e atenção reduzidas; 
- Baixa autoestima; 
- Ideias de culpa e inutilidade; 
- Automutilação; 
- Ideação suicida; 
Síndrome Maníaca: 
• Transtorno de humor bipolar e abuso de álcool ou alucinógenos; 
• Sintomas: 
- Agitação 
- Ideias de grandeza; 
- Euforia; 
- Desinibição sexual; 
- Exibicionismo; 
- Materialismo excessivo; 
- Taquilalia, fuga de ideias; 
- Redução da necessidade de sono; 
- Agitação psicomotora; 
- Humor elevado. 
Síndrome Paranoide: 
• Psicose orgânica; 
• Esquizofrenia; 
• Abuso de substâncias; 
• Sintomas: 
- Delírio; 
- Alucinações; 
- Agressividade; 
- Pensamento mágico; 
- Hostilidade; 
- Desleixo pessoal; 
- Desconexão com a realidade; 
- Isolacionismo; 
- Comprometimento social; 
- Discurso religioso; 
 
 
 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
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Interação entre a psiquiatria e a lei: 
• As doenças orgânicas em princípio não alteram gravemente o comportamento, a conduta ou os valores e juízo 
crítico diante da realidade. Caso isso ocorra, estaremos diante de uma complicação neurológica ou psiquiátrica 
decorrente destas doenças ou mesmo de seu tratamento; 
• As doenças mentais graves mudam o comportamento do paciente e a sua maneira de interação com a 
sociedade, distorcendo a sua conduta social. Perde-se a orientação temporal e espacial apresentação pessoal, 
postura e atitudes tornam-se anômalas ou bizarras; 
• Os valores morais, éticos, estéticos e religiosos desaparecem. O humor torna-se instável e imprevisível. O 
pensamento sai da realidade e utiliza-se de premissas falsas para chegar a conclusões equivocadas; 
• Vontade, desejo, tendências, inclinações e motivações mudam; 
• Linguagem deixa de servir para comunicação efetiva; 
• Isso tudo provoca perda ou grave redução da faculdade de entender a realidade e de agir de acordo com ela 
o doente passa a ter uma cosmovisão própria (cosmovisão é a maneira pela qual a pessoa vê o mundo); 
• Esta cosmovisão não é mais a que havia antes, e deixa de servir para sua inserção social e vida plena; 
• Dificuldade de manter relações sociais saudáveis; 
• Piora significativada capacidade de interação; 
• Envolvimento em atividades perigosas, uso de substâncias e incapacidade de entrar em contato com 
sentimentos superiores; 
• O direito criminal dedica-se ao estudo e às aplicações das sanções aos comportamentos mais desviantes e 
criminosos; 
• Da união do direito criminal com a psiquiatria surge a psiquiatria forense, como especialidade qualificada para 
fornecer subsídios às decisões justiça em questões que relacionam o crime à doença mental. 
Como o psiquiatra pode auxiliar a justiça? 
• Há um conceito objetivo e subjetivo no conceito de crime: 
- Parte objetiva: tipicidade e ilicitude – problema dos operadores do direito; 
- Subjetiva: culpabilidade – problema da psiquiatria forense; 
• Culpabilidade pode se dar através de dolo ou culpa: 
- Dolo: conduta voluntaria e intencional de alguém que praticando ou 
deixando de praticar uma ação = objetiva um resultado ilícito ou que cause 
dano a outrem. 
PRÁTICA DO ATO → VONTADE DE CAUSAR DANO → CAUSAR DANO 
- Culpa: conduta voluntaria, porém descuidada, de um agente que causa dano involuntário a outrem. O agente 
deseja praticar um ato conforme as normas e regras da sociedade, mas não toma os cuidados adequados para 
isto, e através de negligência, imprudência ou imperícia provoca um dano que não era de seu desejo. 
PRÁTICA DO ATO → SEM VONTADE DE CAUSAR DANO → CAUSAR DANO 
• Perícia de imputabilidade penal: 
1. Houve um crime; 
2. O individuo deve responder perante a justiça pelo crime que praticou; 
3. A imputabilidade é uma pré-condição para que seja apreciada a culpabilidade do agente; 
4. A responsabilização pelo crime ocorre se, imputável o agente, vier este a ser considerado culpado. 
• Código Penal: 
- Art. 27: Os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na 
legislação especial; 
- Art. 26: é isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato 
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento; 
- Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de 
saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de 
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
• Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado = elemento biológico; 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
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• Ao tempo da ação ou omissão = elemento cronológico; 
• Incapaz de entender o caráter ilícito do fato = elemento psicológico (cognição e volição); 
- Capacidade de entendimento (cognição): possibilidade de compreender que o fato é reprovado pela 
sociedade e pela justiça; avaliação psiquiátrica é no sentido de determinar a preservação, redução ou abolição 
desse entendimento. 
O que o psiquiatra forense precisa fazer? 
• Verificação da existência ou não de transtorno mental; 
• Constatação de relação causa-efeito entre a doença e o fato em questão; 
• Avaliação da capacidade de autodeterminação ou autogoverno do individuo no momento do ato infracional; 
• Autodeterminação/volição = capacidade de haver força de vontade para resistir ao impulso para a ação e agir 
em conformidade com a consciência ética e jurídica geral. É a capacidade de resistência ou/e de inibição ao 
impulso criminal. 
Conclusão pericial: 
1. Há transtorno mental? Sim, não; 
2. Este transtorno mental estava presenta à época do delito? 
3. Qual o diagnóstico? Converter o diagnóstico em terminologia jurídica: doença mental ou desenvolvimento 
mental retardado; 
4. Devido ao transtorno mental diagnosticado, qual a capacidade de entendimento à época dos fatos? Normal, 
abolida, reduzida; 
5. Devido ao transtorno mental diagnosticado, qual a capacidade de determinação à época dos fatos? Normal, 
abolida, reduzida. 
Por que punir? 
• Pena (restritiva de liberdade) é uma sanção imposta pelo estado, através de uma ação penal, ao autor de uma 
infração, como retribuição de seu ato ilícito, que tem três finalidades básicas: 
- Retribuir ao delinquente o mal causado; 
- Prevenir práticas semelhantes por intimidação e pelo exemplo; 
- Regeneração e reabilitação do preso. 
• Medidas de segurança são procedimentos jurídico-penais de que se serve o estado para remover ou atenuar 
o potencial do homem perigoso; 
• Aplicado às pessoas que cometeram algum delito mas que em decorrência de motivos psiquiátricos nã0 
podem responder penalmente pelo ato; 
• Seu fim não é punir, mas corrigir ou segregar. 
Espécies de medidas de segurança: 
• Art.96.CP: 
I. Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento 
adequado; 
II. Sujeição a tratamento ambulatorial 
• Imposição da medida de segurança para inimputável – Art.97. CP: 
- Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). se, todavia, o fato previsto como 
crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. 
• Prazo: 
- ART. 97 § 1º: A internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando 
enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação de periculosidade. 
“Muitos crimes são cometidos por pessoas que eram capazes de compreender e discernir o certo do errado, mas 
escolheram fazer o mal. Se foi a doença que causou esta má escolha ou se foi um ato de livre arbítrio, será esclarecido 
pela perícia psiquiátrico-forense. A psiquiatria forense deve buscar um equilíbrio: pro reo ou pro sociedade”. 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
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PARAFILIAS E DESVIOS SEXUAIS 
Transtornos Sexuais (disfunções): 
Os transtornos sexuais englobam as disfunções sexuais: 
• Transtornos de desejo sexual: 
- Desejo sexual hipoativo ou aversão ao sexo; 
- Desejo sexual hiperativo; 
• Transtornos de excitação sexual; 
- Impotência sexual do homem; 
- Ressecamento vaginal; 
• Transtornos orgásticos; 
- Ejaculação precoce; 
- Anorgasmia; 
• Transtornos sexuais dolorosos: 
- Dispareunia; 
- Vaginismo; 
- Anismo; 
• Transtornos sexuais medicamentosos. 
Transtorno da identidade sexual: 
• Consciência que alguém tem de pertencer ao outro gênero que não o de seu sexo biológico; 
• Identificação persistente com o outro gênero; 
• Mal-estar persistente em relação ao seu corpo, seu fenótipo, sua aparência... 
• Não tem nada a ver com preferência sexual (homo ou heteroafetividade). 
Parafilia: 
• Representa qualquer interesse sexual intenso e persistente que não aquele voltado para a estimulação genital 
ou para carícias preliminares com parceiros humanos que consentem e apresentam fenótipo normal e 
maturidade física. 
• A parafilia é uma doença ou crime quando está causando sofrimento ou prejuízo ao indivíduo (doença), ou 
cuja satisfação implica dano ou risco pessoal a outros (crime, transtorno); 
• Somente a sua existência não é, necessariamente, um crime, nem necessita de uma intervenção médica. 
• Estímulos parafílicos: são obrigatórios para a excitação erótica, e sempre estão incluídos nas atividades 
sexuais. Exemplo: indivíduo que precisa sempre ser machucado para atingir o orgasmo. 
• Em outras pessoas pode ser apenas episódico, e o indivíduo é capaz de funcionar sexualmente sem estes 
estímulos. Exemplo: pessoa que tem uma vida sexual funcional, mas se masturba eventualmente com 
pornografia infantil pela internet; 
• As mais comuns: pedofilia, voyeurismo e exibicionismo, seguidos de masoquismo e o sadismo sexual. 
• A maior parte dos agressores sexuais presos apresentaram práticas criminosas de pedofilia, voyeurismo e 
exibicionismo (raramente buscam auxílio médico, só são pegas quando cometem crimes); 
Transtorno Fetichista: 
• Envolve o uso persistente e repetido ou a dependência de objetos inanimados ou um foco altamente 
específico em uma parte do corpo(geralmente não genital); 
• Comuns: roupa íntima feminina, calçados femininos, artigos de borracha, roupas de couro; 
• Partes do corpo: pés, dedos dos pés, 
cabelos. 
• Os fetiches sexualizados podem incluir 
tanto objetos inanimados quanto 
partes do corpo. Ex.: meias e pés sujos, 
roupas intimas usadas; 
• Prejuízos associados ao transtorno: 
disfunção sexual durante 
relacionamentos amorosos recíprocos, 
quando o objeto de fetiche ou a parte 
do corpo não está disponível durante a 
relação. 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
25 
 
Transtorno Voyeurista: 
 
Transtorno Exibicionista: 
 
Transtorno Pedofílico: 
 
• O foco envolve crianças pré-púberes, em geral de 13 anos ou menos; 
• O indivíduo deve ter 16 anos ou mais, e ser cinco anos mais velho que a criança; 
• Os que têm preferência por crianças do sexo feminino, em geral, buscam vítimas mais novas; 
• Técnicas de acesso à criança: 
- Obtenção da confiança dos pais; 
- Relacionamento com mãe de criança pequena; 
- Adotar ou raptar crianças; 
- Obtenção do afeto e da lealdade da criança, evitando denúncias. 
• Pode se limitar aos próprios filhos, crianças da família ou extra-familiares; 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
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• O curso, em geral, é crônico; 
• Meninas são mais vitimas que meninos. 
• O termo "pedófilo" é usado com frequência para descrever criminosos que cometem atos sexuais com 
crianças, mas isto é errôneo. A maior parte dos agressores sexuais de crianças não preenche critérios clínicos 
para pedofilia, pois não tem atração sexual primária por crianças. Da mesma maneira, indivíduos pedófilos 
podem jamais chegar a cometer a prática da pedofilia. 
• Pornografia infantil: 
- Forma específica de abuso infantil; 
- ONU: “Qualquer representação, por quaisquer meios, de uma criança em atividades sexuais explícitas reais 
ou simuladas, ou qualquer representação das partes de uma criança para propósitos principalmente sexuais”. 
• Brasil – Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): 
- Art. 241-A: Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, 
inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha 
cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: pena - reclusão, de 3 (três) a 6 
(seis) anos, e multa. 
- Art. 241-B: Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro 
que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: pena - reclusão, de 
1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
Outras Parafilias: 
• Coprofilia: fezes; 
• Urofilia: urina; 
• Clismafilia: uso de enemas = aplicação de um tubo com líquido no reto. 
• Emetofilia: vômito; 
• Zoofilia: animais; 
• Necrofilia: cadáver; 
• Pigmalionismo: estátuas, bonecos, manequins; 
• Dollismo: bonecas; 
• Gerontofilia/Cronoinversão: idade avançada; 
• Etnoinversão: etnia; 
• Riparofilia: prazer naquilo que aos outros causa nojo; 
• Frotteurismo: tocar/esfregar-se em uma pessoa sem seu consentimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
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ERRO MÉDICO 
Código Penal 
Art. 18. Diz-se o crime: 
Crime doloso I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; 
Crime culposo II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia 
Dolo: conduta voluntaria e intencional de alguém que praticando ou deixando de 
praticar uma ação —> objetiva um resultado ilícito ou que cause dano a outrem. 
Prática do ato + vontade de causar dano = causa dano. 
Culpa: conduta voluntária, porém descuidada, de um agente que causa dano 
involuntário a outrem. O agente deseja praticar um ato conforme as normas, mas 
não toma os cuidados adequados para isto. Prática do ato + sem vontade de causar dano = causa dano. 
O médico, como qualquer cidadão, responde penalmente quando produz um dano ao seu paciente, a não ser 
que prove a inexistência de culpabilidade 
Quem prova que houve erro médico? 
• Lei brasileira (código de processo civil) preceitua que o ônus da prova incumbe a quem acusa, mas, o código 
de defesa do consumidor permite a inversão do ônus dessa prova (art. 6, viii, do cdc), caso solicitado pela 
parte acusatória, e autorizado pelo juiz; 
• A inversão consiste em fazer com que não recaia sobre o paciente a obrigação de provar o erro médico pois o 
paciente está em situação de “desvantagem”, de “hipossuficiência”… então cabe ao médico a obrigatoriedade 
de provar que agiu lex artis ou, pelo menos, que não há nexo causal entre o dano alegado e sua conduta. 
• O código penal fornece as modalidades de conduta que fazem com que o agente deixa de observar o seu dever 
de cuidado. Essa falta ao dever de cuidado pode decorrer em virtude de imprudência, negligência ou imperícia. 
O que são? 
• Negligência: culpa caracterizada por omissão. (culpa omissiva). É a falta de fazer a ação necessária. É fazer 
menos do que deveria fazer, em determinada situação. Exemplos: 
- Ocorre quando um médico esquece uma compressa no abdômen de um paciente. 
- Ocorre quando fazemos um exame superficial, e não valorizamos as queixas do paciente, e por isso tomamos 
decisões ruins, que acabam por prejudicar o paciente. 
- Ocorre quando o médico deixa de solicitar uma radiografia para controle de localização de uma sonda 
nasoentérica, que está posicionada na traqueia, e libera a dieta enteral para o paciente. Conclusão: aspiração 
maciça de dieta para as vias aéreas, pneumonia aspirativa ou insuficiência ventilatória; 
- Ocorre quando damos alta a um paciente com ideação suicida, que vem a suicidar-se logo que tem alta. 
• Imprudência: culpa decorre de ato comissão. O agente culpado resolve enfrentar um perigo desnecessário, 
fazendo mais do que deveria, agindo em excesso. Ação tomada sem a devida cautela. Exemplos: 
- Transporte de longa distância de um paciente em instabilidade hemodinâmica, que vem a morrer durante o 
transporte; 
- Anestesista realiza duas anestesias simultaneamente, e algum paciente sofre uma complicação por causa 
disso. 
• Imperícia: é a carência de aptidão para o desempenho de uma tarefa técnica. É a pessoa não ser boa no que 
faz. Decorre da falta de observação das normas técnicas, despreparo prático ou insuficiência de 
conhecimentos. Exemplos: 
- Recém-formado em sala vermelha, e ao invés de intubar um paciente em insuficiência ventilatória, deixa ele 
com um óculos nasal, vindo a ter uma pcr causada por hipoxemia; 
- Atender paciente com avc hemorrágico, e confundir com ave isquêmico, e administrar anticoagulantes; 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
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- Médico que punciona um acesso central na jugular de um paciente com coagulopatia, e acaba por lesar a 
carótida externa… levando a um choque hemorrágico por ruptura de carótida. 
Obrigação de Meios: 
• Quando a prestação do serviço exige o emprego de um meio da forma mais correta possível (lex artis), mas o 
profissional não se compromete em obter determinado resultado (cura, remissão, melhora, alta, sucesso, etc); 
• É o caso do médico, que se obriga a utilizar seus melhores esforços e conhecimentos para obtenção da cura 
do doente mas sem jamais assegurar o resultado, ou seja, a própria cura. 
Existem fatores que: 
1. Intervêm no sucesso da terapia; 
2. Impedem ou retardam a cura; 
3. Provocam efeitos colaterais indesejáveis. 
Quais são estes fatores que intervém em nossos resultados? 
1. Doenças orgânicas; 
2. Predisposição genética; 
3. Infecções; 
4. Culpa do próprio paciente; 
5. Efeitos adversos dos medicamentos; 
6. Outros... 
Obrigação de Resultados 
• Ocorre quando o prestador se obriga a alcanças determinado fim, sem o qual não terá cumprido sua obrigação. 
• Ou consegue o resultado avançado, ou terá que arcar com as consequências. 
• Especialidades médicas com obrigação de resultado: 
- Cirurgiaplástica estética; 
- Medicina estética; 
- Dermatologia estética; 
• Procedimentos estéticos: mesmo não provada a culpa do cirurgião plástico, basta o resultado insatisfatório 
para que se caracterize a obrigação de indenizar. E submete à presunção de culpa correspondente e ao ônus 
da prova para eximir-se da responsabilidade pelo dano eventualmente decorrente da intervenção 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
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CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA 
CAPÍTULO I – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
I - A MEDICINA É UMA PROFISSÃO A SERVIÇO DA SAÚDE DO SER HUMANO E DA COLETIVIDADE E SERÁ EXERCIDA SEM 
DISCRIMINAÇÃO DE NENHUMA NATUREZA. 
III - PARA EXERCER A MEDICINA COM HONRA E DIGNIDADE, O MÉDICO NECESSITA TER BOAS CONDIÇÕES DE 
TRABALHO E SER REMUNERADO DE FORMA JUSTA. 
IV - AO MÉDICO CABE ZELAR E TRABALHAR PELO PERFEITO DESEMPENHO ÉTICO DA MEDICINA, BEM COMO PELO 
PRESTÍGIO E BOM CONCEITO DA PROFISSÃO. 
VII - O MÉDICO EXERCERÁ SUA PROFISSÃO COM AUTONOMIA, NÃO SENDO OBRIGADO A PRESTAR SERVIÇOS QUE 
CONTRARIEM OS DITAMES DE SUA CONSCIÊNCIA OU A QUEM NÃO DESEJE, EXCETUADAS AS SITUAÇÕES DE AUSÊNCIA 
DE OUTRO MÉDICO, EM CASO DE URGÊNCIA OU EMERGÊNCIA, OU QUANDO SUA RECUSA POSSA TRAZER DANOS À 
SAÚDE DO PACIENTE. 
IX - A MEDICINA NÃO PODE, EM NENHUMA CIRCUNSTÂNCIA OU FORMA, SER EXERCIDA COMO COMÉRCIO. 
XI - O MÉDICO GUARDARÁ SIGILO A RESPEITO DAS INFORMAÇÕES DE QUE DETENHA CONHECIMENTO NO 
DESEMPENHO DE SUAS FUNÇÕES, COM EXCEÇÃO DOS CASOS PREVISTOS EM LEI. 
XVII - AS RELAÇÕES DO MÉDICO COM OS DEMAIS PROFISSIONAIS DEVEM BASEAR-SE NO RESPEITO MÚTUO, NA 
LIBERDADE E NA INDEPENDÊNCIA DE CADA UM, BUSCANDO SEMPRE O INTERESSE E O BEM-ESTAR DO PACIENTE. 
XVIII - O MÉDICO TERÁ, PARA COM OS COLEGAS, RESPEITO, CONSIDERAÇÃO E SOLIDARIEDADE, SEM SE EXIMIR DE 
DENUNCIAR ATOS QUE CONTRARIEM OS POSTULADOS ÉTICOS. 
XXI - NO PROCESSO DE TOMADA DE DECISÕES PROFISSIONAIS, DE ACORDO COM SEUS DITAMES DE CONSCIÊNCIA E 
AS PREVISÕES LEGAIS, O MÉDICO ACEITARÁ AS ESCOLHAS DE SEUS PACIENTES RELATIVAS AOS PROCEDIMENTOS 
DIAGNÓSTICOS E TERAPÊUTICOS POR ELES EXPRESSOS, DESDE QUE ADEQUADAS AO CASO E CIENTIFICAMENTE 
RECONHECIDAS. 
XXII - NAS SITUAÇÕES CLÍNICAS IRREVERSÍVEIS E TERMINAIS, O MÉDICO EVITARÁ A REALIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS 
DIAGNÓSTICOS E TERAPÊUTICOS DESNECESSÁRIOS E PROPICIARÁ AOS PACIENTES SOB SUA ATENÇÃO TODOS OS 
CUIDADOS PALIATIVOS APROPRIADOS. 
CAPÍTULO II – DIREITO DOS MÉDICOS 
I - EXERCER A MEDICINA SEM SER DISCRIMINADO POR QUESTÕES DE RELIGIÃO, ETNIA, COR, SEXO, ORIENTAÇÃO 
SEXUAL, NACIONALIDADE, IDADE, CONDIÇÃO SOCIAL, OPINIÃO POLÍTICA, DEFICIÊNCIA OU DE QUALQUER OUTRA 
NATUREZA. 
V - SUSPENDER SUAS ATIVIDADES, INDIVIDUALMENTE OU COLETIVAMENTE, QUANDO A INSTITUIÇÃO PÚBLICA OU 
PRIVADA PARA A QUAL TRABALHE NÃO OFERECER CONDIÇÕES ADEQUADAS PARA O EXERCÍCIO PROFISSIONAL OU 
NÃO O REMUNERAR DIGNA E JUSTAMENTE, RESSALVADAS AS SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA, DEVENDO 
COMUNICAR IMEDIATAMENTE SUA DECISÃO AO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA. 
VIII - DECIDIR, EM QUALQUER CIRCUNSTÂNCIA, LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO SUA EXPERIÊNCIA E CAPACIDADE 
PROFISSIONAL, O TEMPO A SER DEDICADO AO PACIENTE SEM PERMITIR QUE O ACÚMULO DE ENCARGOS OU DE 
CONSULTAS VENHA PREJUDICAR SEU TRABALHO. 
IX - RECUSAR-SE A REALIZAR ATOS MÉDICOS QUE, EMBORA PERMITIDOS POR LEI, SEJAM CONTRÁRIOS AOS DITAMES 
DE SUA CONSCIÊNCIA. 
X - ESTABELECER SEUS HONORÁRIOS DE FORMA JUSTA E DIGNA. 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
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XI - É DIREITO DO MÉDICO COM DEFICIÊNCIA OU COM DOENÇA, NOS LIMITES DE SUAS CAPACIDADES E DA 
SEGURANÇA DOS PACIENTES, EXERCER A PROFISSÃO SEM SER DISCRIMINADO. 
CAPÍTULO III – RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL 
É VEDADO DO MÉDICO: 
ART. 1 CAUSAR DANO AO PACIENTE, POR AÇÃO OU OMISSÃO, CARACTERIZÁVEL COMO IMPERÍCIA, IMPRUDÊNCIA OU 
NEGLIGÊNCIA. 
ART. 2 DELEGAR A OUTROS PROFISSIONAIS ATOS OU ATRIBUIÇÕES EXCLUSIVAS DA PROFISSÃO MÉDICA. 
ART. 3 DEIXAR DE ASSUMIR RESPONSABILIDADE SOBRE PROCEDIMENTO MÉDICO QUE INDICOU OU DO QUAL 
PARTICIPOU, MESMO QUANDO VÁRIOS MÉDICOS TENHAM ASSISTIDO O PACIENTE. 
ART. 6 ATRIBUIR SEUS INSUCESSOS A TERCEIROS E A CIRCUNSTÂNCIAS OCASIONAIS, EXCETO NOS CASOS EM QUE ISSO 
POSSA SER DEVIDAMENTE COMPROVADO. 
ART. 7 DEIXAR DE ATENDER EM SETORES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA, QUANDO FOR DE SUA OBRIGAÇÃO FAZÊ-LO, 
MESMO RESPALDADO POR DECISÃO MAJORITÁRIA DA CATEGORIA. 
ART. 9 DEIXAR DE COMPARECER A PLANTÃO EM HORÁRIO PRÉ-ESTABELECIDO OU ABANDONÁ-LO SEM A PRESENÇA 
DE SUBSTITUTO, SALVO POR JUSTO IMPEDIMENTO. PARÁGRAFO ÚNICO. NA AUSÊNCIA DE MÉDICO PLANTONISTA 
SUBSTITUTO, A DIREÇÃO TÉCNICA DO ESTABELECIMENTO DE SAÚDE DEVE PROVIDENCIAR A SUBSTITUIÇÃO. 
CAPÍTULO IV – DIREITOS HUMANOS 
É VEDADO DO MÉDICO: 
ART. 22. DEIXAR DE OBTER CONSENTIMENTO DO PACIENTE OU DE SEU REPRESENTANTE LEGAL APÓS ESCLARECÊ-LO 
SOBRE O PROCEDIMENTO A SER REALIZADO, SALVO EM CASO DE RISCO IMINENTE DE MORTE. 
ART. 24. DEIXAR DE GARANTIR AO PACIENTE O EXERCÍCIO DO DIREITO DE DECIDIR LIVREMENTE SOBRE SUA PESSOA 
OU SEU BEM-ESTAR, BEM COMO EXERCER SUA AUTORIDADE PARA LIMITÁ-LO. 
ART. 26. DEIXAR DE RESPEITAR A VONTADE DE QUALQUER PESSOA CONSIDERADA CAPAZ FÍSICA E MENTALMENTE, 
EM GREVE DE FOME, OU ALIMENTÁLA COMPULSORIAMENTE, DEVENDO CIENTIFICÁ-LA DAS PROVÁVEIS 
COMPLICAÇÕES DO JEJUM PROLONGADO E, NA HIPÓTESE DE RISCO IMINENTE DE MORTE, TRATÁ-LA. 
ART. 27. DESRESPEITAR A INTEGRIDADE FÍSICA E MENTAL DO PACIENTE OU UTILIZAR-SE DE MEIO QUE POSSA ALTERAR 
SUA PERSONALIDADE OU SUA CONSCIÊNCIA EM INVESTIGAÇÃO POLICIAL OU DE QUALQUER OUTRA NATUREZA. 
ART. 29. PARTICIPAR, DIRETA OU INDIRETAMENTE, DA EXECUÇÃO DE PENA DE MORTE. 
CAPÍTULO V – RELAÇÃO COM PACIENTES E FAMILIARES 
É VEDADO DO MÉDICO: 
ART. 31 DESRESPEITAR O DIREITO DO PACIENTE OU DE SEU REPRESENTANTE LEGAL DE DECIDIR LIVREMENTE SOBRE 
A EXECUÇÃO DE PRÁTICAS DIAGNÓSTICAS OU TERAPÊUTICAS, SALVO EM CASO DE IMINENTE RISCO DE MORTE. 
ART. 34. DEIXAR DE INFORMAR AO PACIENTE O DIAGNÓSTICO, O PROGNÓSTICO, OS RISCOS E OS OBJETIVOS DO 
TRATAMENTO, SALVO QUANDO A COMUNICAÇÃO DIRETA POSSA LHE PROVOCAR DANO, DEVENDO, NESSE CASO, 
FAZER A COMUNICAÇÃO A SEU REPRESENTANTE LEGAL. 
ART. 35. EXAGERAR A GRAVIDADE DO DIAGNÓSTICO OU DO PROGNÓSTICO, COMPLICAR A TERAPÊUTICA OU 
EXCEDER-SE NO NÚMERO DE VISITAS, CONSULTAS OU QUAISQUER OUTROS PROCEDIMENTOS MÉDICOS. 
ART. 36. ABANDONAR PACIENTE SOB SEUS CUIDADOS. 
 § 1° OCORRENDO FATOS QUE, A SEU CRITÉRIO, PREJUDIQUEM O BOM RELACIONAMENTO COM O PACIENTE OU O 
PLENO DESEMPENHO PROFISSIONAL, O MÉDICO TEM O DIREITO DE RENUNCIAR AO ATENDIMENTO, DESDE QUE 
Bruna Reis Krug – ATM 2023/2 
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COMUNIQUE PREVIAMENTE AO PACIENTE OU A SEU REPRESENTANTE LEGAL, ASSEGURANDO-SE DA CONTINUIDADE 
DOS CUIDADOS E FORNECENDO TODAS AS INFORMAÇÕES NECESSÁRIAS AO MÉDICO QUE O SUCEDER. 
 § 2° SALVO POR MOTIVO JUSTO, O MÉDICO NÃO O ABANDONARÁ POR ESTE TER DOENÇA CRÔNICA OU INCURÁVEL 
E CONTINUARÁ A ASSISTI-LO E A PROPICIAR-LHE OS CUIDADOS NECESSÁRIOS, INCLUSIVE OS PALIATIVOS. 
ART. 37. PRESCREVER TRATAMENTO E OUTROS PROCEDIMENTOS SEM EXAME DIRETO DO PACIENTE, SALVO EM 
CASOS DE URGÊNCIA OU EMERGÊNCIA E IMPOSSIBILIDADE COMPROVADA DE REALIZÁ-LO, DEVENDO, NESSE CASO, 
FAZÊ-LO IMEDIATAMENTE DEPOIS DE CESSADO O IMPEDIMENTO, ASSIM COMO CONSULTAR, DIAGNOSTICAR OU 
PRESCREVER POR QUALQUER MEIO DE COMUNICAÇÃO DE MASSA. 
ART. 40. APROVEITAR-SE DE SITUAÇÕES DECORRENTES DA RELAÇÃO MÉDICO- PACIENTE PARA OBTER VANTAGEM 
FÍSICA, EMOCIONAL, FINANCEIRA OU DE QUALQUER OUTRA NATUREZA. 
ART. 41. ABREVIAR A VIDA DO PACIENTE, AINDA QUE A PEDIDO DESTE OU DE SEU REPRESENTANTE LEGAL. 
PARÁGRAFO ÚNICO. NOS CASOS DE DOENÇA INCURÁVEL E TERMINAL, DEVE O MÉDICO OFERECER TODOS OS 
CUIDADOS PALIATIVOS DISPONÍVEIS SEM EMPREENDER AÇÕES DIAGNÓSTICAS OU TERAPÊUTICAS INÚTEIS OU 
OBSTINADAS, LEVANDO SEMPRE EM CONSIDERAÇÃO A VONTADE EXPRESSA DO PACIENTE OU, NA SUA 
IMPOSSIBILIDADE, A DE SEU REPRESENTANTE LEGAL. 
ART. 42. DESRESPEITAR O DIREITO DO PACIENTE DE DECIDIRLIVREMENTE SOBRE MÉTODO CONTRACEPTIVO, 
DEVENDO SEMPRE ESCLARECÊ-LO SOBRE INDICAÇÃO, SEGURANÇA, REVERSIBILIDADE E RISCO DE CADA MÉTODO. 
CAPÍTULO VI – DOAÇÃO E TRANSPLANTE DE ÓRGAOS E TECIDOS 
É VEDADO DO MÉDICO: 
ART. 43. PARTICIPAR DO PROCESSO DE DIAGNÓSTICO DA MORTE OU DA DECISÃO DE SUSPENDER MEIOS ARTIFICIAIS 
PARA PROLONGAR A VIDA DO POSSÍVEL DOADOR, QUANDO PERTENCENTE À EQUIPE DE TRANSPLANTE. 
ART. 46. PARTICIPAR DIRETA OU INDIRETAMENTE DA COMERCIALIZAÇÃO DE ÓRGÃOS OU DE TECIDOS HUMANOS. 
CAPÍTULO VIII – REMUNERAÇÃO PROFISSIONAL 
É VEDADO DO MÉDICO: 
ART. 58. O EXERCÍCIO MERCANTILISTA DA MEDICINA. 
ART. 60. PERMITIR A INCLUSÃO DE NOMES DE PROFISSIONAIS QUE NÃO PARTICIPARAM DO ATO MÉDICO PARA EFEITO 
DE COBRANÇA DE HONORÁRIOS. 
ART. 66. PRATICAR DUPLA COBRANÇA POR ATO MÉDICO REALIZADO. PARÁGRAFO ÚNICO. A COMPLEMENTAÇÃO DE 
HONORÁRIOS EM SERVIÇO PRIVADO PODE SER COBRADA QUANDO PREVISTA EM CONTRATO. 
ART. 69. EXERCER SIMULTANEAMENTE A MEDICINA E A FARMÁCIA OU OBTER VANTAGEM PELO ENCAMINHAMENTO 
DE PROCEDIMENTOS, PELA PRESCRIÇÃO E/OU COMERCIALIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS, ÓRTESES, PRÓTESES OU 
IMPLANTES DE QUALQUER NATUREZA, CUJA COMPRA DECORRA DE INFLUÊNCIA DIRETA EM VIRTUDE DE SUA 
ATIVIDADE PROFISSIONAL. 
ART. 71. OFERECER SEUS SERVIÇOS PROFISSIONAIS COMO PRÊMIO, QUALQUER QUE SEJA SUA NATUREZA. 
ART. 73. REVELAR FATO DE QUE TENHA CONHECIMENTO EM VIRTUDE DO EXERCÍCIO DE SUA PROFISSÃO, SALVO POR 
MOTIVO JUSTO, DEVER LEGAL OU CONSENTIMENTO, POR ESCRITO, DO PACIENTE. PARÁGRAFO ÚNICO. PERMANECE 
ESSA PROIBIÇÃO: A) MESMO QUE O FATO SEJA DE CONHECIMENTO PÚBLICO OU O PACIENTE TENHA FALECIDO; B) 
QUANDO DE SEU DEPOIMENTO COMO TESTEMUNHA (NESSA HIPÓTESE, O MÉDICO COMPARECERÁ PERANTE A 
AUTORIDADE E DECLARARÁ SEU IMPEDIMENTO); C) NA INVESTIGAÇÃO DE SUSPEITA DE CRIME, O MÉDICO ESTARÁ 
IMPEDIDO DE REVELAR SEGREDO QUE POSSA EXPOR O PACIENTE A PROCESSO PENAL.

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