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Prévia do material em texto

ANTONIO UMBERTO BENETTI QUEIROZ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTRIBUIÇÕES PARA OS ESTUDOS PROSPECTIVOS EM AMBIENTES 
COMPLEXOS: O CASO DOS BIOPLÁSTICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPINAS 
 2015 
 
 
 
 
 NÚMERO: 339/2015 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS 
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS 
 
 
 
 
ANTONIO UMBERTO BENETTI QUEIROZ 
 
 
“CONTRIBUIÇÕES PARA OS ESTUDOS PROSPECTIVOS EM AMBIENTES 
COMPLEXOS: O CASO DOS BIOPLÁSTICOS” 
 
 
 
ORIENTADOR: PROF. DR. SÉRGIO LUIZ MONTEIRO SALLES FILHO 
 
 
 
TESE DE DOUTORADO APRESENTADA AO INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DA 
UNICAMP PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE DOUTOR EM POLÍTICA 
CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA 
 
 
 
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL 
DA TESE DEFENDIDA PELO ALUNO ANTONIO 
UMBERTO BENETTI QUEIROZ E ORIENTADO PELO 
PROF. DR. SÉRGIO LUIZ MONTEIRO SALLES FILHO 
 
 
CAMPINAS 
2015 
Agência de fomento: Não se aplica
Nº processo: Não se aplica
Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca do Instituto de Geociências
Márcia A. Schenfel Baena - CRB 8/3655
 
 Queiroz, Antonio Umberto Benetti, 1958- 
 Q32c QueContribuições para os estudos prospectivos em ambientes complexos : o
caso dos bioplásticos / Antonio Umberto Benetti Queiroz. – Campinas, SP :
[s.n.], 2015.
 
 
 QueOrientador: Sérgio Luiz Monteiro Salles Filho.
 QueTese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de
Geociências.
 
 
 Que1. Bioplásticos. 2. Estudos. 3. Prospecção. 4. Desenvolvimento
tecnológico. I. Salles Filho, Sérgio Luiz Monteiro,1959-. II. Universidade
Estadual de Campinas. Instituto de Geociências. III. Título.
 
Informações para Biblioteca Digital
Título em outro idioma: Contributions to foresight studies in complex systems : the case of
bioplastics
Palavras-chave em inglês:
Bioplastics
Technology foresight
Technological development
Área de concentração: Política Científica e Tecnológica
Titulação: Doutor em Política Científica e Tecnológica
Banca examinadora:
Sérgio Luiz Monteiro Salles Filho [Orientador]
Sérgio Robles Reis de Queiroz
Carlos Américo Pacheco
Adelaide Maria de Souza Antunes
Pedro Wongtschowski
Data de defesa: 14-08-2015
Programa de Pós-Graduação: Política Científica e Tecnológica
Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)
 
 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS 
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS 
PÓS-GRADUAÇÃO EM 
POLÍTICA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA 
 
AUTOR: Antonio Umberto Benetti Queiroz 
 
 
“Contribuições para os estudos prospectivos em ambientes complexos: 
o caso dos bioplásticos”. 
 
 
ORIENTADOR: Prof. Dr. Sérgio Luiz Monteiro Salles Filho 
 
 
Aprovada em: 14 / 08 / 2015 
 
 
EXAMINADORES: 
 
Prof. Dr. Sérgio Luiz Monteiro Salles Filho - Presidente 
 
Prof. Dr. Sérgio Robles Reis de Queiroz 
 
Prof. Dr. Carlos Américo Pacheco 
 
Profa. Dra. Adelaide Maria de Souza Antunes 
 
Dr. Pedro Wongtschowski 
 
 
A Ata de Defesa assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no 
processo de vida acadêmica do aluno. 
 
 
Campinas, 14 de agosto de 2015. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Às mulheres da minha vida, Fernanda, Giovanna, Verônica e Yolanda 
e ao meu pai. 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
À minha querida esposa, Fernanda, por todo o apoio na elaboração desta tese. Além do 
carinho ao me ouvir, me ajudou muito, com sua experiência acadêmica e competência, na 
estruturação de minhas ideias de forma clara e assertiva. 
Aos meus pais, Yolanda e José Carlos, in memoriam, expresso o meu maior reconhecimento 
pela educação e exemplos de perseverança, resiliência e superação, que me moldaram e, cujo 
caminho eu sigo trilhando, agradecido pela benção que tenho recebido de Deus e motivado 
pela admiração de minhas filhas, Verônica e Giovanna. 
Ao Professor Sérgio Salles, pela orientação e conceitos que não só foram essenciais para a 
elaboração desta tese, como têm sido de muito valor na minha atividade profissional. 
Aos professores das disciplinas de pós-graduação, pelos ensinamentos e à Valdirene, pelo 
eficaz suporte de secretaria, ao longo destes anos. 
Aos meus amigos, Professores Gonçalo Guimarães Pereira e Saul D’Ávila e, novamente, à 
Fernanda, pelo forte e decisivo estímulo para que eu iniciasse este doutorado, que era um de 
meus sonhos e não seria tarde para realizá-lo. 
Aos meus irmãos, cunhados, amigos e, em especial, ao meu sogro e à minha sogra, Edgard e 
Marta, pelo estímulo e interesse, ao longo deste período, com que acompanharam meu 
doutorado. 
Aos meus líderes na Braskem, Luiz de Mendonça, Alfredo Tellechea, Edmundo Aires, Rui 
Chammas e Marcelo Cerqueira, que me apoiaram com flexibilidade para que eu pudesse 
voltar à Universidade, em paralelo a uma agenda profissional tão carregada. E aos amigos, 
Antonio Morschbacker, Paulo Coutinho, Lucas Lopes, Marilia da Silva, Claudinéia Delanhese 
e Ana Paula Fabbrini, que me ajudaram com preciosas informações e apoio. 
A todos vocês, meu muito obrigado, na proporção da alegria da minha realização. 
 
 
 
 
 
CONTRIBUIÇÕES PARA OS ESTUDOS PROSPECTIVOS EM AMBIENTES 
COMPLEXOS: O CASO DOS BIOPLÁSTICOS 
 
RESUMO 
 
Tese de Doutorado 
Antonio Umberto Benetti Queiroz 
O consumo crescente de óleo, gás e commodities agrícolas (milho, açúcar e outros), associado ao 
desenvolvimento econômico e crescimento populacional em várias partes do mundo, suas fortes 
oscilações de preços por razões político-estratégicas e/ou climáticas, e o aumento da emissão de gases 
de efeito estufa responsáveis pelo aquecimento global, continuam influenciando a velocidade de 
desenvolvimento da Petroquímica Verde. Frente ao conjunto de incertezas que cercam este tema, esta 
tese propõe um caminho metodológico para a prospecção de trajetórias tecnológicas emergentes, com 
base na abordagem do problema, escolha e combinação de métodos disponíveis na literatura e 
utilizados sob a ótica de uma análise da complexidade e situação de elevada incerteza e baixo nível de 
concordância entre as partes interessadas. Estuda-se, em particular, o caso dos bioplásticos, 
identificando o movimento histórico percorrido até o estado da arte, as múltiplas variáveis envolvidas 
e as perspectivas para o futuro próximo, analisando como as prospecções vêm sendo feitas, seus vieses 
e algumas limitações dos métodos, especialmente as ligadas ao conceito de incerteza. Abordam-se, 
igualmente, as possibilidades de escolhas entre matérias-primas, tecnologias e a natureza dos 
bioplásticos em desenvolvimento (sendo estes, novos materiais ou produtos drop-in, idênticos aos 
plásticos de origem fóssil, porém oriundos de fonte renovável) e a análise de alguns cenários de longo 
prazo. O trabalho conclui com uma proposta de abordagem metodológica para prospecção em 
bioplásticos. O estudo realizado com base nesta proposta aponta na direção da continuidade do 
crescimento e do desenvolvimento das trajetórias tecnológicas do setor de bioplásticos, que competem 
entre si, ainda com desafios tecnológicos e de concordância na cadeia de valor, porém, a uma 
velocidade incerta e dependente da taxa de crescimento econômico mundial e em particular dos países 
emergentes. 
Palavras-chave: Bioplásticos, Estudos prospectivos, Desenvolvimento tecnológico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTRIBUTIONS TO FORESIGHT STUDIES IN COMPLEX SYSTEMS: THE 
CASE OF BIOPLASTICS 
 
ABSTRACT 
 
PhD Thesis 
Antonio Umberto Benetti Queiroz 
The rate of growth of the Green Petrochemical has been influenced by the complex technological 
environment encircled by uncertainties caused by the worldwide human dependence on oil, gas and 
agricultural commodities (corn, sugar and others) usually subject to strong price volatility caused by 
political, strategic, and/or economically adverse factors such as climate change, and the emission of 
greenhouse gases; deemed major playersin global warming impact. In this context, this thesis 
proposes a methodological framework based upon a comprehensive meta-analysis of selected methods 
present in the literature for foresight and strategic planning, with focus on methods that analyze 
situations where uncertainty is high and agreement among stakeholders is low. The application of the 
framework to the bioplastic industry allows one to identify and organize its historical context, from its 
origins to the state of the art, the multiple variables that have been listed as conditioners of its 
development, and the forecasts that have been made for the near future of the industry. The framework 
guides the analysis of how these studies have been carried out, their biases and limits regarding the 
methods employed, especially those linked to uncertainty assessment. The meta-analysis carried out 
discusses the trade-off concerning feedstock, different technologies and types of bioplastics produced 
(new materials or drop-in products like petrochemical plastics but made from renewable feedstock) 
and probable outlook scenarios. The results of the meta-analysis points out towards the continuation of 
the growth and development of competing bioplastic technological trends subject to major 
technological challenges and better stakeholder alignment. However, the rate of growth and 
development remain uncertain and highly dependent on the rate of growth of the global economy, but 
mainly in emerging countries. 
Keywords: Bioplastics, Foresight studies, Technological development. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 18 
Capítulo 1 - Contextualização e conceituação da prospecção tecnológica .............................. 22 
1.1 Introdução ............................................................................................................................. 22 
1.2 Trajetórias, paradigmas tecnológicos e caráter evolucionário da mudança tecnológica ...... 23 
1.3 Apropriação da inovação ...................................................................................................... 35 
1.4 As escolhas face às oportunidades, incertezas e riscos ........................................................ 40 
1.5 Conclusões ............................................................................................................................ 53 
Capítulo 2 - Caracterização dos mercados emergentes de plásticos oriundos de matérias 
primas renováveis e das oportunidades para o desenvolvimento deste segmento da 
indústria ........................................................................................................................................ 55 
2.1 Introdução ............................................................................................................................. 55 
2.2 O surgimento de uma demanda por Bioplásticos ................................................................. 55 
2.3 Conceituação de Biopolímeros e Bioplásticos ..................................................................... 62 
2.4 O desenvolvimento recente da indústria de bioplásticos ...................................................... 66 
2.5 O impacto da conjuntura macroeconômica .......................................................................... 75 
2.6 As limitações do estado da arte tecnológica e a necessidade de rupturas ............................ 79 
2.7 Conclusões ............................................................................................................................ 84 
Capítulo 3 – Metodologias de Prospecção .................................................................................. 86 
3.1 Introdução ............................................................................................................................. 86 
3.2 Elementos gerais sobre a abordagem de prospecção ............................................................ 86 
3.2.1 Visão sistêmica do Processo de Prospecção ...................................................................... 88 
3.3 Classificação e breve descrição dos métodos de prospecção por tipo de técnica ................. 92 
3.3.1 Métodos Qualitativos ..................................................................................................... 93 
3.3.2 Métodos Semi-Quantitativos ......................................................................................... 97 
 
 
 
 
3.3.3 Métodos Quantitativos ................................................................................................... 99 
3.4 Orientações para a seleção dos métodos de Prospecção ..................................................... 101 
3.5 Conclusões .......................................................................................................................... 108 
Capítulo 4 – Análise de algumas prospecções realizadas acerca do futuro das trajetórias 
tecnológicas dos bioplásticos ..................................................................................................... 109 
4.1 Introdução ........................................................................................................................... 109 
4.2 Análise de Cenários ............................................................................................................ 114 
4.3 Análise sob o ângulo da matéria-prima .............................................................................. 121 
4.3.1 A reação das fontes fósseis .......................................................................................... 122 
4.3.2 A tendência do preço de açúcares como matéria-prima para fermentação .................. 131 
4.4 Análise sob o ângulo Tecnológico...................................................................................... 136 
4.4.1 Desafios das pesquisas em bioenergia e da glicose celulósica .................................... 136 
4.4.2 Evolução das publicações científicas e patentes sobre bioplásticos ............................ 140 
4.5 Análise sob o ângulo do Mercado ...................................................................................... 146 
4.5.1 Análise de alguns casos de novas trajetórias tecnológicas em bioplásticos ................ 146 
4.5.1.1 Desenvolvimento do PLA ..................................................................................... 149 
4.5.1.2 Desenvolvimento do PHA ..................................................................................... 153 
4.5.1.3 Desenvolvimento do PE Verde ou BioPE ............................................................. 156 
4.5.1.4 Desenvolvimento do BioPET – parcialmente e/ou totalmente verde ................... 158 
4.5.2 O impacto do preço ...................................................................................................... 162 
4.6 Identificação de métodos utilizados nestas prospecções .................................................... 163 
4.7 Conclusões .......................................................................................................................... 164 
Capítulo 5 – Contribuições metodológicas para a prospecção em ambiente Complexo ..... 167 
5.1 Introdução ........................................................................................................................... 167 
5.2 Prospecções em ambiente Complexo ................................................................................. 171 
 
 
 
 
5.3 Elementos para prospecção de bioplásticos em ambiente Complexo ................................ 173 
5.4 Conclusões .......................................................................................................................... 183 
Capítulo 6 – Conclusões Gerais .................................................................................................185 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 193 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1.1 - Diagrama de Stacey .................................................................................................... 51 
Figura 1.2 - Versão modificada do Diagrama de Stacey ................................................................ 52 
Figura 2.1 - Evolução do preço do barril de petróleo em US$ ....................................................... 56 
Figura 2.2 - Variação da temperatura global em relação aos níveis de referência de 1951-1980 .. 58 
Figura 2.3 - Efeito acumulativo de Carbono na Atmosfera no aquecimento global ...................... 59 
Figura 2.4 -Principais polímeros extraídos de biomassas ou sintetizados a partir de bio-
intermediários ou produzidos por microrganismos ........................................................................ 63 
Figura 2.5 - Ondas de evolução tecnológicas ................................................................................. 69 
Figura 2.6 - Previsão da expansão da capacidade mundial de produção de bioplásticos .............. 70 
Figura 2.7 - Capacidade mundial de produção de bioplásticos (mil toneladas anuais) ................. 70 
Figura 2.8 - Capacidade mundial de produção por tipo de bioplástico em 2011 e previsão 
2016 ................................................................................................................................................ 74 
Figura 2.9 - Índice Dow Jones da Bolsa de Nova Iorque ............................................................... 76 
Figura 2.10 - Posicionamento do capital de diferentes origens no ciclo de desenvolvimento de 
novas tecnologias ........................................................................................................................... 78 
Figura 2.11 - Conceito de biorrefinarias integradas ....................................................................... 82 
Figura 3.1 - Diamante de Prospecção ........................................................................................... 102 
Figura 3.2 - Frequência de utilização de métodos de prospecção em uma amostra de 785 
estudos .......................................................................................................................................... 103 
Figura 3.3 - Posicionamento dos métodos de predição no Diagrama de Stacey .......................... 104 
Figura 4.1 - Análise de alternativas sob 3 ângulos: Matéria-prima, Tecnologia e Mercado ....... 113 
Figura 4.2 - Preço do gás natural nos EUA e Europa e preço do petróleo até 2013 .................... 124 
Figura 4.3 - Produção de gás natural nos EUA até 2040 ............................................................. 120 
Figura 4.4 - Tendências do preço da Energia Elétrica para a Indústria nos EUA e Europa ........ 126 
 
 
 
 
Figura 4.5 - Custo da produção de Etileno no mundo: Comparação de 2005 a 2012 .................. 127 
Figura 4.6 - Mapa das bacias de shale gas e shale oil acessíveis no mundo ................................ 128 
Figura 4.7 - Preço do petróleo – Crude Oil Brent ........................................................................ 130 
Figura 4.8 - Preço do açúcar em cents de US$ por libra de 2005 a 2014 .................................... 132 
Figura 4.9 - Projeção do preço do açúcar até 2018 ...................................................................... 133 
Figura 4.10 - Projeção do preço do açúcar até 2022 .................................................................... 133 
Figura 4.11 - Cenário para o preço do etanol em US$ no mercado internacional ....................... 134 
Figura 4.12 - Evolução da produção global de etanol por matéria-prima utilizada ..................... 135 
Figura 4.13 - Número de artigos publicados de 1998 a 2012 sobre alguns bioplásticos ............. 143 
Figura 4.14 - Comparação do número de artigos publicados de 1998 a 2012 entre bioplásticos 
e plásticos fósseis ......................................................................................................................... 139 
Figura 4.15 - Número de patentes depositadas de 1998 a 2012 sobre alguns bioplásticos .......... 145 
Figura 4.16 - Comparação entre o número de patentes depositadas de 1998 a 2012 sobre 
alguns bioplásticos e plásticos fósseis .......................................................................................... 146 
Figura 4.17 - Previsão da capacidade de produção mundial de bioplásticos ............................... 148 
Figura 4.18 - Previsão da distribuição da capacidade de produção por tipo de Bioplástico em 
2018 .............................................................................................................................................. 149 
Figura 4.19 - Previsão da distribuição geográfica da produção de Bioplásticos em 2018 ........... 149 
Figura 4.20 - Cotação das ações da Metabolix na NASDAQ no período jan / 2007 a dez / 
2014 .............................................................................................................................................. 155 
Figura 4.21 - Posicionamento dos métodos selecionados no Diamante de Prospecção .............. 164 
Figura 5.1 - Posicionamento de alguns bioplásticos no Diagrama de Stacey .............................. 168 
Figura 5.2 - Caminho metodológico para prospecção e desenvolvimento em ambiente 
complexo ...................................................................................................................................... 177 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 2.1- Reservas mundiais comprovadas de petróleo e gás natural ........................................ 57 
Tabela 2.2- Prós e Contras da produção e uso dos biocombustíveis e produtos renováveis ......... 61 
Tabela 2.3 - Principais bioplásticos produzidos em escala industrial ou em desenvolvimento. .... 65 
Tabela 2.4 - Capacidade de produção de bioplásticos em 2010 (mil toneladas anuais) ................ 72 
Tabela 2.5 - Capacidade de produção de bioplásticos em 2015 (mil toneladas anuais) ................ 72 
Tabela 2.6 - Desafios na cadeia de desenvolvimento de um novo produto de fonte renovável .... 83 
Tabela 3.1 - Potencial contribuição de métodos qualitativos, quantitativos e semi-quantitativos . 91 
Tabela 4.1 - Estimativa de volume de shale gas (com risco) e com potencial técnico de ser 
recuperável, nos diferentes continentes ........................................................................................ 125 
Tabela 4.2 - Número de artigos publicados de 1998 a 2012 sobre alguns bioplásticos ............... 142 
Tabela 4.3 - Número de patentes depositadas de 1998 a 2012 sobre alguns bioplásticos ........... 144 
Tabela 4.4 - Empresas e projetos com potencial de desenvolver o BioPET100 .......................... 159 
Tabela 4.5 - Comparação dos processos em relação a aspectos técnicos chave .......................... 160 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 
ABS - Acrilonitrila Butadieno Estireno 
ADM - Archer Daniels Midland 
ASTM - American Society for Testing and Materials 
Bio-PA - Bio-Poliamida 
Bio-PC - Bio-policarbonato 
Bio-PDO - 1,3 Propanodiol 
BioPE - Bio-Polietileno 
BioPET - Bio-Polietileno tereftalato 
BioPET30 - Bio Polietileno tereftalato com 30% de carbono renovável 
BioPET100 - Bio Polietileno tereftalato com 100% de carbono renovável 
BioPP - Bio-Polipropileno 
Bio-PVC - Bio-Policloreto de vinila 
BPA - Poliamida base bio ou Bio-Poliamida 
BPC - Bio-policarbonato 
BPUR - Poliuretano base bio 
CEL - Termoplástico base celulose 
CNRS - Centre National de la Recherche Scientifique 
DMT - Dimetiltereftalato 
DOE - US Department of Energy 
EIA - US Energy Information Administration 
EPA -Environmental Protection Agency 
FAO - Food and Agriculture Organization 
 
 
 
 
FDCA - 2,5 Dicarboxílico furano 
GLP - Gás liquefeito de petróleo 
GN - Gás natural 
GNL - Gás natural liquefeito 
GPS - Global Positioning System (Posicionamento Global por Satélite) 
IPCC - Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas 
IUPAC - International Union of Pure and Applied Chemistry 
LIG - Termoplástico base lignina 
MTO - Methanol to Olefins 
OECD - Organization for Economic Cooperation and Development 
OGM - Organismo geneticamente modificado 
ONG - Organizações não governamentais 
ONU - Organização das Nações Unidas 
PBAT - Polibutilenoadipato-tereftalato 
PBS - Polibutileno succinato 
PCL - Policaprolactona 
P&D - Pesquisa e Desenvolvimento 
PEF - Polietileno furanoato 
PEST - Polietileno succinato-tereftalato 
PHA - Poli-hidroxi-alcanoatos 
PHB - Polihidroxibutirato 
PHV - Polihidroxivalerato 
PHBV – Polihidroxibutirato-co-hidroxivalerato 
PIB - Produto Interno Bruto 
 
 
 
 
PLA - Poli-láctico ácido 
PTA - Ácido tereftálico puro 
PTMAT - Politetrametilenoadipato-tereftalato 
PTT - Politrimetileno-tereftalato 
PVOH - Álcoois polivinílicos 
RCP - Representative Concentration Pathways 
RFS - Renewable Fuel Standards 
SBT - Termoplástico base amido 
SWOT - Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats 
TPE - Elastômero termoplástico 
WEF - World Economic Forum 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
INTRODUÇÃO 
As descobertas de abundantes jazidas de petróleo, logo nas primeiras décadas do 
século XX, deram origem a um forte desenvolvimento de tecnologias de processamento do 
óleo e do gás. As inovações em catalisadores possibilitaram a obtenção de novos produtos 
com novas funções e aplicações, substituindo de maneira muito mais competitiva alguns 
produtos naturais, até então obtidos de matérias-primas renováveis. Novos processos surgiram 
cada vez mais produtivos, motivando os investimentos em grandes unidades de produção e na 
criação de redes de distribuição, associadas ao crescimento econômico e da população. Os 
períodos de prosperidade econômica motivaram maiores consumos e demandas por 
quantidade e diversidade. Eles foram intercalados por períodos de recessão, depressão e 
guerras que exigiram inovações, gerando ciclos de negócios e por uma sucessão de ciclos de 
inovação de ruptura em processos químicos, transporte, eletrônica, computação e informação, 
para mencionar alguns dos mais conhecidos. Evoluções tecnológicas, em números 
exponencialmente crescentes, enriqueceram as novas trajetórias tecnológicas e consolidaram 
os novos paradigmas. Nesse contexto, o mercado mundial de plásticos petroquímicos atingiu 
em 2012, segundo estimativa da ABIPLAST (2014), volumes de consumo anual de 288 
milhões de toneladas. 
Em meio a essas evoluções, o consumo sempre crescente de óleo e gás, 
principalmente na geração de energia para possibilitar o crescimento industrial, levou à 
exploração de grande parte das jazidas. Na década de 1970, surgiram os primeiros sinais de 
uma potencial escassez de fontes fósseis, estimulando o desenvolvimento de soluções na 
busca de uma química com base em matérias-primas alternativas e, dentre elas, as renováveis, 
como o etanol produzido a partir de cana de açúcar, beterraba e milho. Mas, os custos de 
entrada destas novas trajetórias tecnológicas mostraram-se elevados e logo surgiram reações. 
As novas unidades de produção não tinham processos e escala competitivos, nem produtos 
que satisfizessem plenamente os consumidores já acostumados com uma ampla gama de 
soluções existentes. 
O custo de saída do paradigma existente vem se mostrando elevado, considerando 
todos os investimentos realizados pela indústria de óleo e gás em Pesquisa e Desenvolvimento 
(P&D), produção e distribuição. Houve maiores esforços para defender as trajetórias dentro 
do paradigma petroquímico vigente e novas técnicas de exploração foram desenvolvidas, 
19 
 
 
possibilitando a descoberta de novas jazidas de óleo e gás. Novas tecnologias permitiram 
explorar fontes fósseis não convencionais (shale gas, tight oil e sand oil) e esse 
desenvolvimento foi dificultando e, por vezes, inviabilizando o aparecimento de um 
paradigma de petroquímica verde e, em particular, de bioplásticos, objeto desta tese. Seria 
necessário um grande esforço em P&D e de investimento empresarial para desenvolver novas 
trajetórias tecnológicas competitivas com as trajetórias vigentes. 
Ao longo deste período, iniciado na década de 70, por razões político-estratégicas, 
fortes oscilações do preço do petróleo também impactaram o ritmo de desenvolvimento dos 
bioplásticos e até mesmo da prospecção e exploração de fontes fósseis não convencionais. O 
crescimento econômico acelerado em várias partes do planeta trouxe uma maior emissão de 
gases de efeito estufa, considerados responsáveis por mudanças climáticas associadas ao 
aquecimento global. A sociedade começou a se sensibilizar muito mais com as questões 
ambientais, com a reciclagem de produtos, com a biodegradabilidade e, finalmente, de uma 
forma mais sistêmica, com o ciclo do carbono. 
No início do século XXI, uma nova onda de apelação mercadológica, motivada 
pelas sociedades economicamente mais desenvolvidas, fez ressurgir o interesse pela produção 
de plásticos a partir de matérias-primas renováveis que permitiriam fechar o ciclo, não 
aumentando, ou até mesmo reduzindo, a concentração de CO2 na atmosfera. Para a 
petroquímica verde, e para os bioplásticos em geral, o desafio assim reapareceu, com várias 
alternativas de trajetórias tecnológicas com base no conhecimento acumulado ao longo de 
décadas. Alternativas que envolvem: (i) novas matérias-primas que precisam ser abundantes, 
baratas, acessíveis, renováveis e que não concorram com os alimentos; (ii) desenvolvimento 
de processos que podem ser catalíticos, via biotecnologia ou a combinação entre eles, em uma 
única etapa ou múltiplas etapas; (iii) a difícil escolha entre se fazer os mesmos produtos atuais 
para minimizar o custo de entrada no mercado ou de se buscar novos plásticos diferenciados 
em suas funções e aplicações que facilitariam sobrepor o custo de saída dos plásticos 
existentes. Os trade-offs são enormes, pois não há solução perfeita e nenhuma que não exija 
muito esforço de P&D, muito investimento e que não represente, portanto, um grande risco 
para o empresário. Somam-se, a este processo já complexo, as incertezas das escolhas e a 
impossibilidade de se fazer comparações objetivas ex-ante. As limitações da racionalidade 
humana não permitem considerar e tratar todos os potenciais efeitos de tantas variáveis. 
20 
 
 
Surgem, assim, questões que esta tese buscará responder: (i) Quais variáveis da 
trajetória dos bioplásticos devem ser consideradas e como devem ser tratadas, frente ao 
conjunto de incertezas que cercam este tema?; (ii) Que metodologias ajudariam no processo 
de prospecção e de tomada de decisões, relacionado ao desenvolvimento dessa trajetória, 
minimizando os riscos mensuráveis e lidando com as incertezas do futuro? 
O objetivo desta tese é propor um caminho metodológico para a prospecção de 
trajetórias tecnológicas emergentes em ambientes Complexos, contribuindo para a tomada de 
decisão com base na identificação das alternativas mais promissoras. A originalidade baseia-
se na abordagem do problema, escolha e combinação de métodos disponíveis na literatura e 
comumente utilizados na prospecção e elaboração de estratégias de desenvolvimento de 
tecnologias emergentes nas indústrias química, petroquímica e de biotecnologia, mas sob a 
ótica de uma análise da complexidade e situação de elevada incerteza e baixo nível de 
concordância entre as partes interessadas. Para tanto, será utilizado o caso dos bioplásticos, 
identificando o movimento histórico percorrido até o presente,as variáveis envolvidas e as 
perspectivas para o futuro próximo. 
Esta tese está organizada em seis capítulos. O primeiro capítulo identifica e 
analisa conceitos essenciais que envolvem o desenvolvimento de novas tecnologias, como as 
escolhas das trajetórias tecnológicas, o processo evolutivo, a criação de novos paradigmas, as 
previsões acerca do futuro, os riscos e as incertezas, limitações da racionalidade humana e as 
condições de apropriação dos benefícios da inovação. 
O segundo capítulo apresenta informações sobre as características técnicas e 
econômicas da indústria mundial de bioplásticos, estes últimos oriundos de matérias-primas 
renováveis, as variáveis que os definem, além das oportunidades e os desafios para o seu 
desenvolvimento. 
O terceiro capítulo traz um resumo dos métodos publicados em literatura e 
comumente utilizados em estudos prospectivos (foresight) para a construção de uma visão 
acerca das alternativas do futuro para as trajetórias tecnológicas em desenvolvimento e de 
apoio à decisão sobre a realização de investimentos em situação de incerteza substantiva e 
múltiplas variáveis. 
O quarto capítulo apresenta a aplicação dessas metodologias de prospecção para o 
caso dos bioplásticos. Analisa as possibilidades de escolha (trade-offs) entre matérias-primas, 
21 
 
 
tecnologias e novos produtos versus bioplásticos drop-in (idênticos aos plásticos de origem 
fóssil, porém oriundos de fonte renovável) e exemplifica ações de lock-in (trancamento) para 
defender a continuidade da solução existente, custos relacionados à saída de trajetórias 
vigentes e custos de entrada em novas trajetórias tecnológicas. Avalia como estas prospecções 
foram feitas, os vieses, os obstáculos e algumas limitações dos métodos, especialmente as 
ligadas ao conceito de incerteza. 
O quinto capítulo propõe e justifica um caminho metodológico para os estudos 
prospectivos no caso dos bioplásticos em ambiente Complexo, em que um grande número de 
variáveis tecnológicas, empresariais, sociais e políticas revela-se indefinido, gerando um 
baixo nível de concordância entre as partes interessadas e um elevado grau de incerteza no 
longo prazo. O reconhecimento da incerteza fundamental e das limitações da racionalidade 
humana para tratar tantas variáveis em um sistema de alta complexidade desafia a construção 
de uma visão acerca das possibilidades do futuro das trajetórias tecnológicas em 
desenvolvimento no setor dos bioplásticos. 
Segue-se um capítulo de conclusões gerais, em que o estudo prospectivo realizado 
neste trabalho, com base no caminho metodológico proposto, aponta na direção de que o 
desenvolvimento dos bioplásticos prosseguirá, numa velocidade que dependerá das múltiplas 
variáveis que definem as oportunidades e os desafios, da gestão e decisões em ambiente 
Complexo e dos cenários futuros de crescimento econômico, em particular, dos países em 
desenvolvimento. 
22 
 
 
Capítulo 1 - Contextualização e conceituação da prospecção tecnológica 
1.1 Introdução 
Quando desenvolvemos uma nova tecnologia, nos perguntamos: Ela terá sucesso? 
Somos nós que nos apropriaremos deste sucesso? 
O propósito deste capítulo é de identificar e analisar os conceitos essenciais que 
envolvem o desenvolvimento de novas tecnologias. Iniciaremos pela forma como elas são 
desenvolvidas, as relações entre ciência e tecnologia, a criação de novos paradigmas e das 
possíveis trajetórias tecnológicas. Por fim, como as tecnologias evoluem e como criam 
dependências do caminho tomado e trancam as possibilidades de desenvolvimento de 
trajetórias tecnológicas alternativas. 
Não se sabe o que vai predominar em termos de novas tecnologias porque, além 
das incertezas, há trajetórias alternativas e há muitas variáveis de entrada e de saída não 
totalmente controláveis. Uma nova tecnologia, por melhor que possa parecer sob o ponto de 
vista científico e tecnológico, é submetida a um conjunto de variáveis que nada tem a ver com 
o esforço tecnológico, mas que diz respeito aos esforços produtivos e de mercado para se criar 
um novo paradigma e para se sair do já estabelecido. O custo de mudança é assim 
multiplicado pelo custo do desenvolvimento, pelo esforço de entrada e pelo custo de saída ou 
mudança de trajetórias. 
Abordaremos a racionalidade limitada das decisões, os trade-offs, os riscos e as 
incertezas. Será que a disponibilidade cada vez mais abundante de informações na era do Big 
Data nos dará maiores e melhores condições de escolher a trajetória tecnológica vencedora? 
Lidamos com um mundo complexo, com quantidades enormes de informações 
boas e ruins, completas e incompletas, e a certeza de que não disporemos nunca das 
informações do futuro, que ainda não existem. Sabemos que informações de uma mesma base 
de dados podem ser processadas de forma diferente pelos diferentes agentes econômicos, 
sofrendo influências das competências e dos vieses dos tomadores de decisões que serão 
incapazes de saber se decisões maximizadoras ex-ante serão mesmo as que melhor 
maximizarão no futuro. 
23 
 
 
Abordaremos a apropriação das inovações, buscando analisar como as empresas 
podem obter o retorno econômico de suas inovações e não falhar nesta apropriação que 
resultaria em que apenas os consumidores, imitadores e outros participantes da indústria se 
beneficiassem. 
Finalmente, faremos uma introdução aos conceitos da ciência da complexidade 
que traz uma perspectiva de lidar com paradoxos, destruição criativa, adaptação espontânea, 
emergência, etc e prepara a organização para lidar com a imponderável incerteza e solução 
final aberta, olhando para o longo prazo, para o inovador, para as novas trajetórias 
tecnológicas e paradigmas. 
1.2 Trajetórias, paradigmas tecnológicos e caráter evolucionário da mudança 
tecnológica 
Uma das questões que sempre gera debate é o que caracteriza o “primeiro 
movimento” para que um conjunto de invenções se transforme em inovações. Na literatura 
sobre este assunto, encontramos bem desenvolvidas basicamente duas abordagens extremas 
que posicionam forças polarizadas como as determinantes para as mudanças tecnológicas: (i) 
demand-pull ou puxadas pelo mercado e (ii) science/technology-push ou empurradas pela 
ciência e pela tecnologia. A diferença entre elas é quase autoexplicativa e está relacionada 
com o grau de autonomia da atividade de inovação no contexto de mudanças econômicas. 
Naturalmente haverá, na maioria das vezes, uma sobreposição entre essas duas abordagens, 
que se complementam. Porém, sob o ponto de vista de uma análise conceitual é muito 
importante entendermos como esses extremos se caracterizam. 
Segundo Dosi (1984a), numa abordagem puramente demand-pull, o motor 
principal será a identificação de necessidades dos consumidores. As empresas mobilizarão um 
esforço concentrado para o desenvolvimento tecnológico no sentido de preencher essas 
necessidades que, muitas vezes, serão apenas desejos dos compradores potenciais. Estas 
necessidades são interpretadas a partir da expressão de preferências quanto às funções e 
utilidade dos produtos ou dispositivos que os consumidores desejam. Portanto, este padrão de 
demanda muda em função do crescimento econômico, da relatividade dos preços e da 
elasticidade do volume da demanda. Os consumidores vão desejar com intensidade variada, 
em função destes fatores externos, uma evolução dos produtos e soluções que preencham 
melhor suas aspirações, comparativamente com produtos ou soluções já existentes no 
24 
 
 
mercado e que já satisfazem, de alguma forma ou da melhor forma possível, suas 
necessidades. Os produtores vão buscar satisfazê-los por meio do processo de inovação, que 
será essencialmente baseado no conhecimento a priori do que precisa ser inventado. 
Mesmo que tenhamos de incluir variáveis de risco quanto à real aceitação das 
funcionalidades e das utilidades do novo produto ou docusto acrescido que os consumidores 
estarão dispostos a pagar por essas novas funções, a hipótese de base nesta abordagem é que 
sabemos onde queremos chegar com um dado finito de características a alcançar. 
Na sua análise crítica, Dosi (1984a) aponta para o fato que a teoria da inovação 
não se limita ao progresso tecnológico incremental de produtos e processos existentes, mas, 
sim, engloba pequenas e grandes rupturas tecnológicas. Portanto, a relação 
fornecedor/consumidor nem sempre preexistirá. E mesmo quando se identifica certo número 
de atributos desejados (que podem ser potencialmente infinitos), o que pressupõe a existência 
de um referencial para ser melhorado, é difícil definir as funções de utilidade ou os atributos 
de valorização do produto. E ainda, com as tecnologias existentes, pode não ser viável atingir 
essas novas funcionalidades, conhecidas a priori. Dosi (1984a) resume que há três fraquezas 
básicas nesta versão extrema de abordagem demand-pull: a primeira, de reatividade passiva 
para as mudanças tecnológicas frente às condições de mercado; a segunda, da incapacidade de 
definir o porquê e o quando de um determinado desenvolvimento tecnológico em lugar de 
outro; e a terceira, por desconsiderar que ao longo do tempo, a capacidade inventiva não possa 
tomar outra direção que estas relacionadas às condições de mercado. 
Segundo Dosi (1984a), há um comum entendimento entre os autores Dosi, 
Mowery e Rosenberg de que esta abordagem demand-pull não é suficiente para explicar a 
evolução histórica das inovações e a existência de descontinuidade no seu percurso. Além 
disso, ela aborda de forma superficial as interações entre o progresso científico, o percurso 
das mudanças tecnológicas e a evolução das variáveis econômicas, tendo dificuldade em 
considerar a complexidade, a relativa autonomia e as incertezas associadas com as mudanças 
tecnológicas e as inovações. A percepção de um mercado potencial é, em geral, uma condição 
necessária para motivar o processo de inovação, mas não é uma condição suficiente. 
Na abordagem extrema da teoria do science/technology-push, de certa forma, 
ocorre o oposto. A tendência é de se subestimar a importância dos fatores econômicos 
explícitos para direcionar o processo de inovação, tais como o crescimento, as mudanças na 
25 
 
 
economia, na cadeia de distribuição e nos preços relativos. O risco desta abordagem está na 
concepção unidirecional de “ciência-tecnologia-produção”, em que ciência seria um fator 
exógeno e neutro. 
Assim, Dosi (1984a) pondera que há uma complexa estrutura de feedbacks, ou 
seja, de retroalimentação entre as variáveis do entorno econômico e os fatores relacionados à 
ciência e à tecnologia, na direção das mudanças tecnológicas. Há uma interconexão 
fundamental e forte entre progresso científico, mudanças tecnológicas e desenvolvimento 
econômico e cita alguns aspectos do processo de inovação que devem ser considerados nesta 
análise: 
1. Papel dos cientistas, cada vez mais importante e o aumento da complexidade das 
atividades de P&D, exigindo planejamento de longo prazo contra uma expectativa de 
resultados de curto prazo, apenas em resposta às necessidades de mudanças 
incrementais dos consumidores. 
2. Correlação significativa, em vários setores industriais, entre o esforço de P&D e o 
resultado em capacidade inventiva, medido pelo número de patentes depositadas. 
Assim como o aumento do número de entidades com atividades de P&D de alto risco 
e incerteza. 
3. Aparição de novas tecnologias no tempo define etapas de mudanças em termos de 
características tecnológicas e econômicas dos produtos e processos, que 
posteriormente provocam um aumento significativo de inovações e evoluções 
tecnológicas através do “aprender fazendo”. 
4. Mudanças tecnológicas normalmente ocorrem primeiramente direcionadas pelo estado 
da arte das tecnologias existentes e já em uso. Essas tecnologias são aperfeiçoadas 
para proporcionarem novos atributos e funções nos produtos e processos já 
explorados, aproximando-os cada vez mais das novas necessidades ou desejos dos 
consumidores. 
Esses elementos estão muito alinhados com a sua própria definição de tecnologia 
(DOSI, 1984a): “um conjunto de peças de conhecimento de caráter prático, relacionado com 
dispositivos e problemas concretos e de caráter teórico que pode ser aplicado em domínios 
mais amplos que aqueles em que já são aplicados”. Esse conjunto inclui também outras 
26 
 
 
formas de conhecimento como o know-how, métodos, procedimentos, experiências de sucesso 
e de fracasso e, ainda, dispositivos físicos e equipamentos. A tecnologia inclui a percepção de 
um conjunto finito, mesmo que seja amplo, de alternativas possíveis e uma noção de futuros 
desenvolvimentos. 
Uma abordagem de technology-push poderia criar tecnologias de ruptura, que 
descontinuam os produtos e serviços usuais e criam a base de novos paradigmas. Para 
corresponder com os objetivos de desempenho de múltiplos clientes, essas tecnologias são 
tipicamente originárias de um conjunto de diversas tecnologias (KOSTOFF; BOYLAN; 
SIMONS, 2004). Por exemplo, produtos de tamanhos muito pequenos incorporarão avançadas 
micro e nanotecnologias; produtos muito leves incorporarão materiais avançados e os 
produtos muito baratos estarão também associados com novos processos produtivos e 
componentes tecnológicos avançados. Na verdade, até mesmo o processo de planejamento da 
P&D de tecnologias de ruptura exige novos métodos, diferentes dos tradicionais, para 
incorporar essas novas tecnologias alinhadas com toda uma estratégia de rupturas em 
desenvolvimento. 
Ao contrário das tecnologias existentes que são gradativamente aperfeiçoadas para 
melhor satisfazer os desejos dos clientes (demand-pull), as tecnologias de ruptura trazem 
atributos ainda não diretamente percebidos e reconhecidos pelos clientes. São mais difíceis de 
serem preditas, percebidas, avaliadas a priori quanto à sua rentabilidade, aceitabilidade pelo 
mercado, risco associado de retorno do investimento e, assim, os processos de seleção de 
projetos de P&D nas empresas acabam favorecendo os projetos de melhorias das tecnologias 
existentes (KOSTOFF; BOYLAN; SIMONS, 2004). Muitas empresas de sucesso, 
acostumadas com grandes mercados, clientes mais exigentes, maiores margens, acabam, por 
vezes, a não mais se interessar em desenvolvimento das tecnologias emergentes de ruptura 
que se endereçam a nichos de mercado e cuja rentabilidade se dará em uma escala de tempo 
mais longa. Esta é uma das razões apontadas por alguns autores como Kirschoff, Cristensen e 
Moore (KOSTOFF; BOYLAN; SIMONS, 2004), pelas quais essas empresas não investem em 
tecnologias de ruptura e não desenvolvem inovações radicais, perdendo competividade em 
seus mercados no futuro, vindo, até mesmo, a desaparecer pela obsolescência de suas 
tecnologias. Outra razão apontada por Kostoff, Boylan e Simons (2004), são os processos de 
seleção tecnológica que, de modo geral, não privilegiam uma ampla seleção de alternativas 
para cenários de ruptura. As empresas, muitas vezes, não dispõem das competências e 
habilidades gerenciais para conduzir os programas de desenvolvimento de ruptura. O uso de 
27 
 
 
metodologias, como: pesquisas bibliográficas utilizando meios poderosos de informação (text 
mining), geração de ideias (brainstorming), construção e análise de cenários e mapas de 
alternativas (roadmaps), que permitem uma sistematização na avaliação de diversas 
oportunidades, com base em suas forças e fraquezas, é um elemento chave de sucesso para 
que se planeje e desenvolva tecnologias de ruptura e, assim, assegure a sobrevivência das 
organizações no longo prazo. 
Tecnologias de ruptura criam crescimento na indústria em que são introduzidas e 
podem criar novos setores da indústria por produtos ou serviços que são inteiramente novos, 
dramaticamente baratos, melhorese mais convenientes que os existentes. No processo cíclico 
dos negócios e nas flutuações de longo prazo do crescimento da economia mundial, ocorrem 
certos tipos de mudanças tecnológicas de ruptura com consequências sobre vários setores da 
economia e que são acompanhadas de crises de ajustes estruturais em que mudanças sociais e 
institucionais são necessárias para uma melhor conciliação entre a nova tecnologia, o sistema 
social e o contexto econômico. Uma das principais razões destas flutuações econômicas 
cíclicas é a instabilidade nos investimentos, sendo a queda no consumo muito mais uma 
consequência do que a causa. Fatores como: a aparição de inovações tecnológicas de ruptura, 
a dinâmica de crescimento populacional ou de expansão territorial e a confiança dos 
empreendedores nos negócios com base na crença de um maior consumo, resultam em 
otimismo e criam condições favoráveis aos investimentos em inovação e em bens de capital. 
Mesmo que a aparição de novas invenções e/ou inovações possa surgir de forma independente 
do ciclo dos negócios, a introdução de uma inovação no mercado será favorecida pelo 
momento cíclico de alta da economia (FREEMAN e PEREZ, 1988). 
Nesta mesma linha de raciocínio, Schumpeter (1939) dizia que a inovação 
desestabiliza a economia mundial num mecanismo de ciclos de progresso, cujas ondas não 
são de amplitudes iguais, pois o período de gestação e absorção dos efeitos provocados pelas 
inovações, de um modo geral, não são homogêneos. Isso sugere uma multiplicidade de 
flutuações e de interferências entre elas. Quando uma onda de maior amplitude está numa fase 
de prosperidade, isso facilita que pequenas inovações de menor impacto se desenvolvam; 
porém, numa fase de depressão, torna-se mais difícil se desenvolverem, dando espaço para 
uma inovação de ruptura que criará um novo ciclo de desenvolvimento e de prosperidade. 
Schumpeter (1939) sugeriu uma relação entre as teorias de ciclos longos de Kondriev (50-60 
anos), englobando ciclos médios de Juglars (9 anos) e ciclos curtos de Kitchins (4 anos) e 
criando esta multiplicidade de flutuações. 
28 
 
 
Quando essas mudanças de maior magnitude ocorrem, surge um novo paradigma 
tecnológico, definido por Dosi (1984a), como um modelo e um padrão de soluções de uma 
seleção de problemas tecnológicos, baseados numa seleção de princípios derivados das 
ciências naturais e uma seleção de tecnologias materiais. Essa definição está em analogia com 
a definição de paradigma científico de Kuhn (2000), que seria uma previsão que estabelece 
um modelo, um padrão de procedimentos, um campo de investigação para determinados 
problemas e desenvolve os conhecimentos que encurtam a distância entre os fatos reais e as 
previsões deste paradigma. A ciência normal é a atualização das promessas de um paradigma 
científico, assim como, o progresso técnico, o é para o paradigma tecnológico. 
A trajetória tecnológica é um padrão de atividades normais de resolução de 
problemas, isto é, de progresso, no campo do paradigma tecnológico. No entanto, mesmo 
havendo esta similaridade nos conceitos de paradigmas científicos e tecnológicos, há certas 
diferenças intrínsecas como, por exemplo, o conhecimento que é muito menos articulado na 
tecnologia do que o é na ciência, baseando-se preponderantemente em experiências, 
habilidades e know-how. 
O paradigma tecnológico é forte na definição das direções a serem seguidas e 
naquelas a serem evitadas. Ele tem, portanto, um poderoso poder de exclusão e pode, assim, 
cegar alguns pesquisadores e engenheiros na visualização de alternativas tecnológicas 
possíveis. Uma questão crucial passa a ser como um determinado paradigma tecnológico 
emerge em primeiro lugar, preferencialmente aos alternativos. Se, na primeira ponta dos 
sistemas ciência-tecnologia-produção, há um amplo número de possibilidades (fase mais 
difusa do “quebra-cabeça”), no outro extremo, teremos um conjunto de soluções práticas 
(tecnologias) concretizadas em dispositivos e equipamentos. 
Entre ciência e produção, a tecnologia precisará se preocupar com critérios 
econômicos, definindo de forma cada vez mais precisa os próximos passos, selecionando 
alternativas. Nelson e Winter (1977) vão, assim, definir as trajetórias naturais do progresso 
tecnológico ou as atividades consideradas “normais” da resolução dos problemas 
determinadas pelo paradigma, fazendo as escolhas das variáveis econômicas e tecnológicas 
mais relevantes, em múltiplas direções. 
Assim, as trajetórias tecnológicas são agrupamentos de possíveis direções 
tecnológicas dentro de uma fronteira estabelecida pelo paradigma. A fronteira tecnológica 
29 
 
 
neste modelo de Dosi (1982) será o mais alto nível alcançado pela etapa tecnológica com 
relação à relevância das dimensões tecnológicas e econômicas. O progresso numa trajetória 
tecnológica retrata o efeito cumulativo dos avanços em relação à fronteira tecnológica 
(NELSON e WINTER, 1977). 
Durante a fase de emergência de um novo paradigma tecnológico, há o 
nascimento e morte de novas empresas inovadoras de alta dinâmica, que aprendem fazendo. 
Neste momento de mudança, a economia favorece os novos entrantes. Isso ocorreu, por 
exemplo, com a indústria automotiva no período de 1880-1920, aviação de 1920-1940, 
semicondutores de 1950-60, a biotecnologia nos anos 80 (DOSI, 1984b) e, atualmente, as 
tecnologias de informação. 
Na fase das trajetórias tecnológicas já estabelecidas, desenvolvem-se estruturas 
mais competitivas, mais estáveis, com menos divórcios e mudanças técnicas, desenvolvendo 
vantagens de P&D, produção e comercialização, com base na cumulatividade e forte 
apropriação privada, estabelecendo barreiras contra a entrada para novos atores. Surge, então, 
uma fase de evolução tecnológica (NELSON e WINTER, 1982) na qual as empresas atuam 
com uma combinação de rotinas e regras para se adaptarem às mudanças do entorno 
econômico, que são intrinsicamente incertas. Assim, a evolução tecnológica é, ao mesmo 
tempo, um instrumento de sobrevivência e um seguro, para futuros benefícios econômicos. 
Este método ou esta regularidade nas rotinas, limitadas dentro de um contorno ou uma 
fronteira de racionalidade, estabelece as regras do jogo e faz os ajustes no tempo, cujo 
resultado atua na redução das assimetrias entre as empresas. A evolução tecnológica aponta 
para a direção da teoria da regularidade em comportamentos com base no conhecimento que 
se acumula de natureza social e cultural específicas para um país, um período histórico e uma 
indústria (DOSI, 1984b). Na teoria de Nelson e Winter (1982), as empresas são motivadas por 
resultados financeiros e engajadas na busca de caminhos que maximizem sua rentabilidade, 
mas as ações não serão escolhidas ignorando ou indo além de um determinado conjunto de 
padrões bem definidos. As empresas de maior desempenho conduzirão suas ações para tentar 
eliminar as de menor desempenho para fora do negócio, para que não haja equilíbrio na 
indústria. O mercado definirá condições para as empresas de sucesso que terão habilidades 
para sobreviverem e crescerem no longo prazo e mediante progressivas e constantes 
mudanças. A regularidade observada neste processo não é interpretada como uma solução 
para um problema estático, mas como um resultado produzido pelo conhecimento de um 
conjunto de condições plausíveis do passado e das características de um futuro emergente, em 
30 
 
 
um processo dinâmico. Os autores reforçam os aspectos de evolução num contexto de 
regularidade e continuidade do processo econômico, mas não rejeitam a ideia de que algumas 
mudanças são muito rápidas e, assim, não colocam evolução em oposição à revolução. E 
reconhecem que ao longo do processo algumas características irão “cegar” caminhos de 
evolução, assim como outras irão deliberadamente visar certos alvos para esta evolução. 
Dosi (1982) faz uma sugestão de processo paraempresas que precisam alcançar 
seus concorrentes (catching-up): (i) identificar com suficiente precisão as dimensões que 
caracterizam cada paradigma tecnológico importante e o que os diferencia entre eles; (ii) 
separar os períodos de evolução incremental dos períodos de ruptura tecnológica; (iii) 
identificar as grandes dificuldades e problemas não resolvidos de um paradigma que serão 
necessários para se mudar no outro e, (iv) descrever as transições de um para outro 
paradigma, avaliando os fatores chave que permitiram à emergente ser uma tecnologia 
vencedora. 
Segundo as definições de Arthur (2009), a palavra evolução pode ser o 
desenvolvimento gradual de alguma coisa ou o processo pelo qual todas as coisas de um 
determinado conjunto evoluem, ligadas entre si, em relação a uma situação prévia. Com isso, 
todas as tecnologias numa extrema abordagem da teoria da evolução, descendem de 
tecnologias anteriores. Mas, esta teoria tem tido insucesso para explicar o aparecimento do 
laser, do motor a jato e do radar, citando alguns poucos exemplos, que não parece ter se 
originado em tecnologias predecessoras. Não explicar essas novidades radicais é um 
obstáculo para a teoria pura de evolução. No entanto, ao observarmos muitas tecnologias 
consideradas novidades, é possível encontrarmos uma combinação de tecnologias novas com 
outras já existentes que, colocadas juntas, dão a aparência de uma ruptura radical. Em 1910, 
Joseph Schumpeter já desenvolvia esse conceito para a evolução na economia de que produzir 
significaria combinar materiais e forças para produzir outras coisas ou as mesmas coisas por 
diferentes métodos (ARTHUR, 2009). Essas possíveis combinações desestabilizam até um 
sistema que tenderia a ser estático ou permanecer em equilíbrio, se não houvesse perturbações 
externas. A economia continuamente cria novidades a partir de novas combinações do 
existente e provocam distúrbios no sistema e, assim, Arthur (2009) faz o paralelo com a 
combinação de tecnologias, conduzindo às evoluções e inovações tecnológicas. 
 
31 
 
 
Ideias que se originam na ciência são incorporadas, ao longo do tempo, no corpo 
das tecnologias e isso ocorre cumulativamente e de forma simultânea, uma estando 
entrelaçada à outra. A ciência se enriquece pela razão, observação e experiências, se 
materializa e se inspira, via tecnologia, por métodos, equipamentos, produtos e aplicações. 
Novas descobertas científicas possibilitam novas descobertas tecnológicas, assim como novos 
métodos e equipamentos tecnológicos possibilitam novas descobertas científicas. A ciência 
moderna não existiria sem microscópios eletrônicos, sem espectroscopia, difração de raios-X, 
métodos químicos analíticos, instrumentos precisos de medição dos efeitos magnéticos e 
elétricos, potentes computadores, etc. Não é comum se pensar desta forma e seria inocência 
achar que tecnologia é somente ciência aplicada (ARTHUR, 2009). 
Quando uma tecnologia se torna comercial ou potencialmente de sucesso 
comercial, ela é pressionada a melhorar rapidamente seu desempenho: melhores 
componentes, melhor arquitetura, ajustes finos, novos balanços entre as partes e muito esforço 
para competir com a concorrência. Mas, o princípio básico de uma nova tecnologia somente 
atinge este estágio de pressão, se conseguir sobreviver a algumas barreiras técnicas, 
econômicas e sociais iniciais que limitam seu desempenho. Muitas vezes, os componentes não 
têm ainda a qualidade necessária e outros componentes precisam ser adicionados para 
compensar o baixo desempenho, provocando a necessidade de uma nova arquitetura e um 
novo balanço entre as partes para ser mais confiável e segura. Mas, em algumas situações ou 
momentos, essa estratégia não é suficiente para competir contra as tecnologias maduras que já 
foram otimizadas. A diferença de desempenho na fase emergente de uma nova tecnologia é 
uma das razões pela qual ela encontrará dificuldades para substituir a tecnologia dominante e, 
assim, as empresas tendem a ficar “travadas” na tecnologia madura (locked-in). Outra razão 
para uma nova tecnologia tender a ficar locked-in é a econômica, mesmo quando ela já atingiu 
um desempenho mais competitivo ou mesmo superior à tecnologia dominante. A nova 
tecnologia terá que ganhar competitividade econômica com o fator de escala de produção, ela 
poderá ter que mudar a infraestrutura e o modelo organizacional do entorno, o que 
representam custos adicionais. E, ainda, há o fator psicológico em que muitos usuários se 
sentem mais confortáveis com a tecnologia existente e podem ser resistentes a terem de 
reaprender uma nova forma de fazer as coisas ou simplesmente mudarem seus hábitos 
(ARTHUR, 2009). Quanto maior for a distância entre essa nova solução e a dominante, maior 
será o efeito de lock-in, de travar na solução existente e de fazer com que o tempo de mudança 
seja mais longo e mais difícil. Esse fenômeno de lock-in, causa, segundo Arthur (2009), um 
32 
 
 
segundo fenômeno que ele chamou de adaptive stretch, isto é, uma elasticidade criativa como 
forma para que a tecnologia antiga (dominante) seja adaptada se “esticando” sobre o campo 
de domínio do novo conceito e ganhando uma sobrevida que dificulta ainda mais a entrada da 
novidade. Na prática, isso significa recombinar os antigos componentes e/ou adicionar novos 
para atingir, ou melhor, se aproximar do novo propósito. Na medida em que a nova tecnologia 
vai se aprimorando e vencendo as barreiras iniciais no tempo, fica cada vez mais difícil para a 
tecnologia existente permanecer dominante. Este é um ciclo que dificulta a entrada de novas 
tecnologias ou mesmo que as impede, se não forem empurradas com muita força, a se 
implantarem com sucesso. 
Arthur (2009) também defende um processo de autocriação, no qual novas 
tecnologias são construídas da combinação de tecnologias já existentes ou que, pelo menos, as 
tecnologias existentes tornam possível o desenvolvimento das novas tecnologias. Elas serão 
criadas na medida em que surgem oportunidades, que podem ser necessidades humanas, como 
se alimentar, se vestir, se exercitar, o transporte, a diversão, etc. Mas as tecnologias criam 
suas próprias necessidades, em serem mais baratas ou mais eficientes e criam necessidades de 
tecnologias que suportem sua produção, distribuição, manutenção e aumente seu desempenho. 
O automóvel veio ocupar um nicho de oportunidade de mercado no transporte de pessoas e 
criou o sistema de produção em linha, estradas pavimentadas, refino de gasolina, postos de 
distribuição de combustíveis, oficinas de reparo e manutenção, etc. Outra razão, segundo 
Arthur (2009), está baseada no conceito focusing devices de Rosenberg (1976) de que novas 
tecnologias sempre acabam criando também problemas e indiretamente criam novas 
necessidades ou oportunidades para soluções. 
Haverá trajetórias tecnológicas mais poderosas, outras menos poderosas e muitas 
vezes complementares entre elas com diferentes formas de conhecimento, de experiências e 
habilidades, que facilitarão ou dificultarão a redução das lacunas do conhecimento e do 
desenvolvimento de uma tecnologia. Quando uma for muito poderosa, será difícil mudar para 
uma alternativa; além disso, a comparação entre elas será sempre muito difícil a priori, se é 
que possível. Teriam de existir critérios comuns e a escolha de indicadores, o que 
normalmente só ocorre a posteriori. Esta é uma das incertezas intrínsecas do processo de 
inovação, mesmo considerando apenas os indicadores de desempenho de uma tecnologia, sem 
ainda considerar a avaliação do mercado pelos resultados de sua comercialização (DOSI, 
1984a). O papel das variáveis econômicas, instituições e fatores sociais precisam ser sempre 
considerados em grande detalhe (viabilidade técnica, aceitação pelo mercado e sociedade, 
33 
 
 
interesses institucionais, histórico e investimentos passados, potencial reduçãode custos, 
rentabilidade econômica, etc.) nas escolhas (trade-offs) que serão feitas ao longo da etapa 
tecnologia-produção. As trajetórias tecnológicas sofrem influência de variadas formas, 
ficando muito difícil qualquer comparação criteriosa entre elas. As escolhas são realizadas ao 
longo do tempo e passo a passo. 
Na ponta final do sistema de ciência-tecnologia-produção, haverá uma seleção 
final que tem características diferentes das precedentes, pois aqui o mercado opera a 
posteriori na seleção do melhor dispositivo, produto, equipamento ou processo. O mercado 
atua em um sistema “Schumpeteriano” de tentativa e erro, de prêmio e penalidade, testando e 
selecionando diferentes alternativas. O empresário do processo de inovação é que tomaria o 
grande risco ao selecionar e lançar um novo paradigma tecnológico, mas sua motivação para 
isso é o potencial de prêmio a ser pago pelos consumidores, quando fazem suas escolhas e que 
resultam no sucesso comercial. 
As novas trajetórias tecnológicas precisam, geralmente, enfrentar o tempo 
(algumas vezes muitos anos) e as incertezas (de mercado, tecnológicas e políticas) e vencer 
muitos obstáculos no seu processo de desenvolvimento para a consolidação de um novo 
paradigma tecnológico (BERGEK; HEKKERT; JACOBSON, 2007). O estabelecimento de 
um novo sistema de inovação tecnológico, definido por Carlsson e Stankiewicz (1991) como 
“redes de agentes interagindo em uma área tecnológica específica sob uma infraestrutura 
institucional particular para gerar, difundir e utilizar a tecnologia” envolve, além de toda a 
cadeia de valor do produto (da matéria-prima ao mercado), as universidades, instituições de 
pesquisas, ONGs, entidades de classe, entidades políticas, órgãos reguladores, etc. 
Bergek (2002) e Johnson (2001) (apud BERGEK; HEKKERT; JACOBSON, 
2007) desenvolveram o conceito de “funções para o sistema de inovação tecnológico” e, 
baseados numa revisão de estudos das universidades Chalmers, Linkoping e Utrecht, 
propuseram o seguinte conjunto de funções: 
1. Difusão e desenvolvimento do conhecimento – inclui, além do conhecimento gerado 
na academia e na P&D da firma, todo aprendizado acumulado quando se está fazendo, 
usando, imitando, importando, etc. 
34 
 
 
2. Influência na direção da pesquisa – processo interativo e cumulativo de troca de ideias 
entre produtores e usuários de tecnologia, estendendo para uma comunidade muito 
ampla de atores. 
3. Experimentação e atividades empreendedoras – que permitem a coleta de dados, 
conhecimentos e feedbacks nas diversas redes de influência, para melhor lidar com as 
incertezas que surgem nos laboratórios de pesquisas e se estendem até o mercado. 
4. Formação do mercado – que pode ser através da formação inicial de nichos de 
mercado para algumas aplicações específicas, segmentos de mercado onde a nova 
tecnologia tem uma vantagem específica, criação de uma vantagem temporária por 
questões regulatórias ou por incentivos fiscais, etc. 
5. Mobilização dos recursos – capital humano, financeiro, ativos de produção, serviços, 
infraestrutura, etc. 
6. Legitimação – aceitação social e em conformidade com instituições relevantes. Ela é 
formada por ações conscientes de várias organizações que se oporão às forças da 
“destruição criativa” e em defesa do sistema de inovação tecnológico existente. A 
legitimação pode, assim, levar muito tempo para ser conquistada. 
7. “Positive externalities” - este conceito descreve os outros resultados que são obtidos 
pela nova tecnologia, mas que o investidor não consegue se apropriar totalmente 
quando da comercialização da nova tecnologia: o conhecimento gerado, a redução de 
incertezas para se desenvolver o novo paradigma tecnológico, etc. 
Mudanças nas condições econômicas (preços relativos, mudanças na cadeia de 
distribuição e repartição dos benefícios, padrão desejado, custo de produção, dentre outras.) 
poderão claramente interferir e interagir com o processo de escolha de trajetórias tecnológicas 
ou sua obsolescência e substituição. Além disso, um dos critérios que pesa no mundo 
capitalista é o potencial de redução de custos de uma nova tecnologia e em particular quando 
está associado à redução da mão de obra de produção. Isso, naturalmente, depende muito do 
país, de seu estágio de desenvolvimento e de suas características sociais e culturais. Mas os 
produtores certamente reagirão a esses sinais econômicos, tentando responder por intermédio 
de progressos ou evoluções tecnológicas, porém limitados às fronteiras de uma dada 
trajetória. Sendo assim, novos paradigmas tecnológicos poderão ser estimulados pela abertura 
35 
 
 
de novas oportunidades do desenvolvimento científico ou pelas mudanças nas condições 
econômicas, ou ambos num processo conjugado por technology-push e demand-pull. 
1.3 Apropriação da inovação 
Observando as relações entre os padrões das mudanças tecnológicas e as 
estruturas industriais, isto é, em relação à infraestrutura instalada de produção e os indicadores 
de desempenho destas indústrias (produtividade e custos), percebemos a incidência de 
critérios de racionalidade no processo de tomada de decisão nas mudanças tecnológicas. 
Empresas em economias capitalistas privilegiarão mudanças que tragam retorno econômico 
ou que reduzam a ameaça de perder os benefícios econômicos vigentes. Dosi (1984b) 
explorou neste sentido três conceitos citados na literatura: cumulatividade do progresso 
técnico, oportunidade tecnológica e apropriação privada dos efeitos das mudanças 
tecnológicas. 
A cumulatividade do conhecimento é uma consequência do progresso técnico e do 
aprendizado pela execução (aprender fazendo), pela imitação, pela troca de experiências entre 
pesquisadores, entre empresas, entre setores da indústria e países na difusão da tecnologia. 
Envolve a capacidade de uma organização de identificar e sentir as oportunidades que se 
apresentam na proximidade periférica envolvendo clientes, fornecedores e parceiros, ou que 
poderão surgir no ecossistema do negócio. Indo além, deve idealmente praticar uma inovação 
mais aberta (open innovation) envolvendo universidades, entidades e Centros de P&D 
públicos e privados, não se limitando à busca de novos insights, mas desenvolvendo 
cooperações, com base na complementariedade de competências (ativos tangíveis e 
intangíveis) para acelerar o processo de inovação (TEECE, 2007). 
A percepção de uma oportunidade tecnológica que resulte em um retorno 
financeiro superior ao investimento realizado é um incentivo que motiva os empresários no 
processo de inovação, visando maiores resultados econômicos (apropriação) ou para manter a 
situação de rentabilidade dos negócios (dinâmica da concorrência). E ele precisa estar 
confiante de poder se apropriar deste benefício da inovação e dos outros fatores que 
normalmente acompanham as atividades de P&D como conhecimento, know-how e as 
expertises diferenciadoras (DOSI, 1984b). Esses dois conceitos de oportunidade tecnológica e 
36 
 
 
de apropriação privada representam as condições de interconexão para uma atividade de 
inovação na economia de mercado capitalista. 
A oportunidade de participar temporariamente de uma posição monopolista e/ou 
no longo termo oligopolista em novos produtos e processos é um grande e poderoso incentivo 
para o processo de inovação. A perspectiva de uma vantagem competitiva diferenciada como 
líder de uma tecnologia e de sucesso comercial é, no ponto de vista de Dosi (1984b), mais 
estimulante para a inovação que o conhecimento a priori de uma demanda de mercado. 
Empresas bem sucedidas em inovação e comercialização exploram as oportunidades de 
crescimento, ampliando sua participação no mercado, muito mais rapidamente do que as 
empresas retardatárias. Este mesmo fenômeno se observa na melhoria dos processos de 
produção, reduzindo custos e esta dinâmica reforça ainda mais o posicionamentodestas 
empresas inovadoras. Esta assimetria entre as empresas é, mais uma vez, crucial para a 
motivação das mudanças tecnológicas, pois elas são tão importantes quanto as barreiras à 
entrada de novos concorrentes, possibilitando rentabilidades acima da média. Por outro lado, 
elas igualmente motivam as empresas concorrentes a imitar e/ou absorver essas evoluções 
tecnológicas mais rapidamente, na busca de reduzir esta assimetria e aumentando a dinâmica 
do processo de inovação. 
Fatores como regime de apropriação, complementariedade de ativos e paradigma 
dominante de concepção (design) são determinantes para estabelecer se a empresa vencedora 
é aquela que é a primeira a levar ao mercado a inovação, a empresa seguidora rápida ou a 
empresa que tem as competências e habilidades de uma empresa inovadora (TEECE, 1986). O 
regime de apropriação refere-se aos fatores externos, que dependem da natureza da tecnologia 
e da eficácia com que os mecanismos legais de proteção favorecem ao inovador, para que ele 
possa capturar o resultado pela inovação. 
Esses mecanismos vão além das patentes, pois muitas vezes oferecem apenas uma 
pequena proteção à invenção, ou do segredo industrial, que podem ser ineficientes na proteção 
do processo de inovação e de garantir a captura do benefício pelo inventor na fase de 
comercialização. Em muitos casos, o sucesso da comercialização também depende de 
conhecimentos e ativos complementares, como marketing, ativos industriais adequados e 
competitivos, rede de distribuição, suporte após venda, etc. Ainda segundo Teece (1986) a 
competição entre as empresas ocorrerá desde a fase que antecede a dominância de um novo 
paradigma (fase da ruptura tecnológica), em que cada uma apresentará seu próprio design, até 
37 
 
 
que um estreito conjunto deles emergirá como os mais promissores no mercado. Quando isso 
ocorre, a competição no novo paradigma passa a ser em preço e se afasta da diferenciação do 
design. Um novo conjunto de atributos como escala, processos de produção, produtividade e 
aprendizado com os clientes passam a ser muito mais importantes (fase de evolução da nova 
tecnologia). A redução das incertezas sobre o design dominante em um novo paradigma 
emergente proporciona uma oportunidade para amortizar os investimentos especializados de 
longo prazo. 
O inventor que tem a capacidade de criar uma nova ruptura científica ou o 
inovador que apresentou essa invenção com pioneirismo ao mercado pode ainda ser 
fortemente ameaçado por um seguidor rápido. Este, mediante alterações no design, tem ainda 
boa chance de apresentar o design dominante da nova invenção científica, sobretudo se ele 
possui os ativos complementares mais competitivos, posicionando-se como o inovador de 
sucesso (TEECE, 1986). Esse fenômeno será dependente do regime de proteção, que poderá 
criar barreiras à penetração de novos entrantes por um mecanismo de patentes fortes, como 
por exemplo, nas indústrias farmacêutica e química em relação às novas moléculas, 
microrganismos ou catalisadores, dificultando a entrada do seguidor rápido nesta fase de 
competição que precede o novo paradigma. No entanto, estes regimes fortes de proteção são 
na maioria das vezes exceções e não a regra. Na indústria de microeletrônica, o design torna-
se estabelecido e travado (locked in) quando um novo circuito é escolhido e as modificações 
dos produtos se darão pelas modificações nos softwares. 
O longo ciclo de vida dos produtos químicos e farmacêuticos também favorece o 
processo de proteção contra as imitações e dão maior tempo (sob a proteção das patentes) para 
a amortização dos custos de desenvolvimento. A complexidade na integração de uma nova 
tecnologia com outros processos existentes também favorece a apropriação, assim como os 
custos da fase de protótipos, a facilidade com que a inovação pode ser imitada 
(conhecimentos tangíveis e tácitos) e os investimentos para sua produção (TEECE, 1998). Por 
tudo que já foi dito, investimentos em P&D precisam contemplar uma análise estratégica da 
indústria, do mercado, dos mecanismos legais de proteção e comercialização e, como a 
empresa se posiciona nesse contexto. O risco de não conseguir se apropriar corretamente dos 
benefícios de uma inovação afasta as empresas do investimento em movimentos de 
pioneirismo devido à forte ameaça dos seguidores rápidos, particularmente quando eles têm 
uma melhor posição em relação aos ativos complementares (TEECE, 1986). 
38 
 
 
Como dificilmente uma empresa é forte o suficiente em todas as áreas, o 
desenvolvimento de parcerias torna-se muito importante para fortalecer o conjunto de ativos 
complementares necessários a uma maior competitividade, reduzindo a ameaça dos 
seguidores rápidos. Decisões entre os extremos de integrar ou licenciar completamente, 
exigem trade-offs, compromissos e normalmente escolhas de soluções intermediárias e 
envolvendo opções mistas judiciosas. 
Outro ativo fundamental é o conjunto de competências empresariais, regras de 
decisão e estrutura de governança interna, que coexistem com o ambiente onde estão 
localizadas as empresas. Em 1959, Edith Penrose em sua obra “The Theory of the Growth of 
the Firm” (A teoria do crescimento da firma) lançava o conceito de como os recursos da 
empresa influenciavam o seu crescimento e em particular, como este crescimento se limitava, 
quando os recursos eram inadequados. Este foi um dos primeiros trabalhos que evoluiu para o 
conceito de Resource Based View (visão baseada em recursos) desenvolvido por vários 
autores a partir da década de 80. Wernerfelt (1984, apud BARNEY; KETCHEN; WRIGHT, 
2011), que criou o termo, enfatizou que o foco deveria estar nos recursos da empresa e não em 
seus produtos. Barney (1986, 1991 e 2001, apud BARNEY; KETCHEN; WRIGHT, 2011) 
explicitou como a cultura organizacional estaria na origem de vantagens competitivas 
sustentáveis, valiosas, raras, irreprodutíveis e insubstituíveis. Durante mais de três décadas, 
vários trabalhos contribuíram para estabelecer que recursos e competências seriam 
importantes ativos intangíveis, que incluem as habilidades gerenciais da empresa, seus 
processos organizacionais, suas rotinas, informações e conhecimentos que ajudam a escolher 
e implementar estratégias. Na década de 2010, a academia vem utilizando cada vez mais o 
termo de Resource Based Theory, o que reflete o amadurecimento deste conceito que se 
aproxima mais de uma teoria que de uma visão (BARNEY; KETCHEN; WRIGHT, 2011). 
Neste contexto, Wernerfelt (2011, apud BARNEY; KETCHEN; WRIGHT, 2011) considera 
que a questão central do momento é o processo como as empresas desenvolvem esses 
recursos, com base em suas competências existentes e como adquirem os novos recursos, 
criando uma pequena heterogeneidade, que se amplifica no tempo, até se integrarem no 
portfólio das competências da firma. 
As forças das normas, das rotinas e da cultura corporativa residem na persistência 
ao longo do tempo, influenciando o comportamento consistente dos indivíduos, a motivação 
pela ação e fazendo com que mudanças organizacionais e aprendizado tecnológico sejam 
path-dependent, isto é, dependente deste contexto e história. Isso pode criar uma habilidade 
39 
 
 
não otimizada de aproveitar as oportunidades tecnológicas e de mercado (DOSI e 
MARENGO, 1994). O passado é raramente apenas o passado, pois a história tem grande 
importância no conceito de path-dependencies. Os investimentos prévios e o repertório das 
práticas influenciam no comportamento futuro e também influenciam para que o aprendizado 
seja preponderantemente local e frequentemente baseado em um processo de tentativa, 
opinião (feedbacks) e avaliação. Penrose, em seu trabalho de 1959, argumentava que os 
serviços gerados pelos recursos da firma dependem da competência dos homens que os 
utilizam, assim como suas competências são em parte moldadas pelos recursos da firma

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