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1- Prestação de contas

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AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRESTAÇÃO DE CONTAS 
(ACCOUNTABILITY) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Ricardo Suave 
 
 
02 
CONVERSA INICIAL 
A prestação de contas por parte dos administradores públicos é uma 
atividade necessária, pois tem por objetivo tornar sua administração transparente 
perante aos mais diversos stakeholders, desde os delegantes do poder (eleitores) 
até os órgãos fiscalizadores. A maior transparência, por sua vez, permite deixar a 
sociedade consciente acerca da destinação dos recursos públicos. 
Saiba mais 
Para saber mais sobre o processo de prestação de contas e o que inclui, 
assista ao vídeo Falando de Coisa Pública – Prestação de Contas, disponível 
em: <https://www.youtube.com/watch?v=_3-3afNReu8&t=20s>. Acesso em: 23 
mar. 2018. 
A presente aula tem por objetivo elucidar a prestação de contas, bem como 
a transparência dos atos públicos à luz da Lei de Responsabilidade Fiscal. Para 
tal, a aula está divida entre os temas: 
1. Prestação de contas; 
2. Lei da Responsabilidade Fiscal: equilíbrio das contas públicas; 
3. Conceitos de transparência; 
4. Transparência na Lei da Responsabilidade Fiscal e a Lei da Transparência; 
5. Transparência dos atos públicos. 
CONTEXTUALIZANDO 
A administração pública, de maneira semelhante às empresas de 
propriedade privada, necessita de gestores que tenham a competência de gerir 
uma instituição. Porém, dado que essas instituições são públicas, tais gestores 
precisam atentar para a legislação que rege a sua forma de gerir, de governar. 
Em virtude da legislação que norteia a administração pública, seus gestores 
devem prestar contas à sociedade como forma de esclarecer o que têm feito com 
os recursos públicos, tendo em vista que muitos dos cargos públicos são 
preenchidos por meio de eleição, ou seja, poderes que a sociedade os instituiu. 
Além disso, os recursos públicos que tais gestores administram são provenientes 
de impostos e contribuições que a sociedade paga. 
A Lei da Responsabilidade Fiscal, por exemplo, teve como intuito 
proporcionar maior equilíbrio econômico para o país, mas também prevê a 
necessidade de transparência da administração pública. Se os gestores estão 
 
 
03 
conscientes da exigência da prestação de contas e das sanções que podem sofrer 
ao infringir a legislação, eles atuarão de maneira mais prudente na forma de 
administrar, em particular, e com os recursos públicos, em geral. 
Onipresente no noticiário nacional, a corrupção é um dos principais 
problemas que a legislação brasileira também visa coibir. A prestação de contas 
(por exemplo, de como acontecem os processos licitatórios, contratação de 
pessoal, recolhimento de impostos, observação de limites com gastos em 
diferentes áreas e tudo o que envolve a gestão da coisa pública) é uma das formas 
de exigir maior transparência acerca da gestão dos recursos públicos, bem como 
de avaliar a competência de gestores, e até punir quando necessário, seja punição 
no voto ou de órgãos fiscalizadores. 
TEMA 1 – PRESTAÇÃO DE CONTAS 
A população, ao eleger seus representantes, concede-lhes e os confia, 
entre outros, a administração do patrimônio público. O patrimônio público é 
definido pelas Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público, 
especificamente pela NBC T 16.3, por meio da Resolução CFC 1.129/08, da 
seguinte maneira: 
Patrimônio Público é o conjunto de direitos e bens, tangíveis ou 
intangíveis, onerados ou não, adquiridos, formados, produzidos, 
recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do setor público, que 
seja portador ou represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro, 
inerente à prestação de serviços públicos ou à exploração econômica 
por entidades do setor público e suas obrigações (CFC, 2012, p. 9). 
Ainda de acordo com o CFC (2012, p. 10), o sistema contábil no setor 
público tem a finalidade de identificar, avaliar, mensurar, registrar, controlar e 
informar os atos e fatos “da gestão do patrimônio público, com o objetivo de 
orientar e suprir o processo de decisão, a prestação de contas e a 
instrumentalização do controle social”. Os subsistemas que registram, processam 
e evidenciam os fatos são o orçamentário, patrimonial, de custos e de 
compensação. O orçamentário envolve o planejamento e a execução 
orçamentária. O patrimonial verifica as variações qualitativas e quantitativas no 
patrimônio público. O subsistema de custos engloba os custos dos bens e serviços 
ofertados à sociedade. Por fim, o subsistema de compensação envolve a gestão 
com efeitos sobre o patrimônio público, e também funções específicas de controle. 
Portanto, percebe-se a importância do sistema contábil para o registro dos 
fatos ocorridos na administração pública, bem como seu papel de municiar os 
 
 
04 
gestores com informações para a tomada de decisões. A importância desse 
registro e evidenciação é devido ao fato de as decisões dos gestores causarem 
mudanças no patrimônio público por meio de transações. Entende-se por 
transações no setor público 
os atos e os fatos que promovem alterações qualitativas ou quantitativas, 
efetivas ou potenciais, no patrimônio das entidades do setor público, as 
quais são objeto de registro contábil em estrita observância aos 
Princípios Fundamentais de Contabilidade e às Normas Brasileiras de 
Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (CFC, 2012, p. 16). 
Dividem-se as transações em econômico-financeiras e administrativas 
(CFC, 2012, p. 16). As transações econômico-financeiras são fatos que podem 
afetar o patrimônio público “em decorrência, ou não, da execução de orçamento, 
podendo provocar alterações qualitativas ou quantitativas, efetivas ou potenciais”. 
As transações administrativas, por sua vez, não afetam o patrimônio público e 
estão relacionas ao cumprimento de metas e manutenção de atividades. 
Dessa maneira, a partir do momento que o sistema contábil assume o papel 
de evidenciar as informações das transações ocorridas, ele também pode auxiliar 
no atendimento às necessidades da sociedade no que diz respeito à transparência 
e prestação de contas. As demonstrações contábeis, como pontua Costa (2016), 
têm, entre suas finalidades, a de avaliar o desempenho dos administradores, bem 
como o de prestar contas. 
A prestação de contas está prevista no Artigo 70 da constituição federal de 
1988: 
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e 
patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, 
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das 
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso 
Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno 
de cada Poder. 
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, 
pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre 
dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou 
que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. 
Braga (2013, p. 1) menciona que a prestação de contas, seja na gestão 
pública ou privada, acontece devido às relações de poder e de delegação. Ainda 
sobre a prestação de contas, o autor faz a seguinte inserção: 
É uma discussão de poder, de submissão a um ordenamento, 
demonstrado pelo ato de provar o seu fiel cumprimento. Mas também é 
uma discussão contratual, sinalagmática, de adimplemento de uma parte 
de um acordo. E dessa demonstração da exatidão do cumprimento 
deriva a ideia de prestar contas, contas que devem “fechar”, pois o uso 
 
 
05 
de cálculos permite que seja aferido o recebido, as ações e os 
resultados, em uma estrutura aritmética de igualdade simples. 
Como finalidade da prestação de contas, Braga (2013) sustenta que tem o 
propósito de demonstrar à autoridade delegante se os objetivos propostos foram 
cumpridos. De acordo com o autor, as contas 
são prestadas a alguém,que analisa o apresentado a luz da 
conformidade e dos resultados, emitindo uma opinião, que certifica as 
contas, determinando providências corretivas, preventivas e até 
punitivas. Isso por que a delegação de hoje será substituída por outra 
amanhã, com outro ator, e as informações obtidas no processo de 
prestação de contas servem para melhorar os processos e até excluir do 
sistema os agentes que a ele não se adequam. 
Fernandes (1995) afirma que o artigo 70 da constituição federal, sobre 
prestação de contas, também se aplica aos Estados e Municípios e clarifica que 
as pessoas estão submetidas ao controle por meio dessas normas, e que tais 
normas permitem o conhecimento dos atos públicos realizados pelos gestores no 
uso de recursos públicos. Dessa maneira, os gestores devem apresentar “suas 
contas, organizadas e elaboradas conforme as normas de caráter financeiro 
emanadas do Poder Legislativo e subsidiadas pelas normas expedidas pelos 
órgãos de controle” (Fernandes, 1995, p. 7). 
A prestação de contas a que estão obrigados os administradores 
públicos não representa [...] uma desconfiança em relação às atividades 
por estes desenvolvidas. Representa, apenas, uma informação que é 
prestada ao povo, a respeito do modo como seu dinheiro foi utilizado. É 
o mínimo a que o povo tem direito, no tocante a condução dos seus 
negócios, por parte dos que dele receberam delegação (Fernandes, 
1995, p. 7). 
Portanto, os gestores públicos, ao assumirem um cargo público em que 
lhes é delegada a função de administrar bens da população, têm o dever de 
prestar contas à sociedade acerca da utilização dos recursos públicos. A 
contabilidade, além dos papeis de registrar os atos e fatos e auxiliar os gestores 
públicos na tomada de decisão, também contribui para organização e 
evidenciação, para a sociedade, das informações referentes à maneira como os 
recursos públicos são geridos. 
TEMA 2 – LEI DA RESPONSABILIDADE FISCAL (LRF): EQUILÍBRIO DAS 
CONTAS PÚBLICAS 
O advento da Lei da Responsabilidade Fiscal (LRF) – Lei Complementar n. 
101 de 2000 – foi de fundamental importância para a sociedade em termos de 
 
 
06 
maior transparência dos gastos públicos por parte de seus administradores. 
Discutem-se nesse tópico as principais características da LRF. 
O advento da LRF teve por objetivo, principalmente, o saneamento de 
problemas relacionados ao desequilíbrio fiscal e gastos mais altos do que as 
despesas por parte da administração pública no Brasil, problemas esses que 
geram consequências (como a inflação, altas taxas de juros, endividamento 
público e carga tributária altos, além de falta de recursos para áreas prioritárias, 
como saúde, educação e segurança) para até mais de uma geração do nosso 
povo (Brasil, 2015). 
Logo em seu parágrafo 1º do art. 1º, a LRF dispõe acerca do mecanismo 
que auxilia os governantes na gestão dos recursos públicos. 
A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e 
transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de 
afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de 
metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites 
e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas 
com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e 
mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, 
concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar (BRASIL, 2000, 
p. 1). 
Além disso, vale destacar que as “disposições desta Lei Complementar 
obrigam a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios”, sendo que 
I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão 
compreendidos: 
a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os Tribunais 
de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público; 
b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, fundações 
e empresas estatais dependentes; 
II - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal; 
III - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da União, 
Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de Contas dos 
Municípios e Tribunal de Contas do Município (BRASIL, 2000, p. 1). 
O que a LRF pretende é fortalecer o processo orçamentário como peça de 
planejamento, prevenindo desequilíbrios indesejáveis (Brasil, 2015). Dessa 
maneira, a LRF prevê a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que estabelece 
regras para o Orçamento, contendo metas, avaliação, entre outros. A Lei 
Orçamentária Anual (LOA) deve respeitar diretrizes e prioridades da LDO e 
parâmetros e limites da LRF, contendo o demonstrativo da compatibilização do 
orçamento com os objetivos e metas definidos na LDO e definindo a reserva de 
contingência. 
O Quadro a seguir evidencia as principais características da LRF: 
 
 
 
07 
Quadro 1 – Principais aspectos da Lei de Responsabilidade Fiscal 
Item Descrição 
Receitas e 
renúncia fiscal 
À União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cabe instituir, 
prever e efetivamente arrecadar todos os tributos de sua competência 
constitucional, ou seja, sua base. A renúncia de receita deverá estar 
acompanhada de estimativa de impacto orçamentário-financeiro no 
exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois exercícios seguintes. 
Cada governante deverá demonstrar que a renúncia de receita foi 
considerada na LOA e que não afetará as metas previstas na LDO. O ato 
que implique em renúncia só entra em vigor quando estiver assegurada a 
compensação pelo aumento de receita (elevação de alíquotas, ampliação 
da base de cálculo, aumento ou criação de tributo ou contribuição). 
Despesas e 
mecanismos de 
compensação 
Além das despesas previstas em lei, os governantes podem realizar outras 
em decorrência de criação, expansão ou aperfeiçoamento da ação 
governamental. Tais despesas devem estar acompanhadas de estimativa 
do impacto orçamentário-financeiro por 3 anos e de demonstração de que 
estejam compatíveis à LDO, além de estarem adequadas à LOA. Ao criar 
nova despesa obrigatória, esta deve ser compensada por aumento 
permanente de receita ou redução permanente de outras despesas. 
Despesas com 
pessoal 
O principal aspecto das despesas com pessoal são os limites previstos: 
União: 50% da Receita Corrente Líquida com a distribuição de 2,5% para o 
Poder Legislativo, incluído o Tribunal de Contas, 6% para o Poder 
Judiciário, 0,6% para o Ministério Público da União, 3% para custeio de 
despesas do DF e de ex territórios, e 37,9% para o Poder Executivo. 
Estados: 60% da Receita Corrente Líquida com a distribuição de 3% para 
o Poder Legislativo, incluído o Tribunal de Contas, 6% para o Poder 
Judiciário, 2% para o Ministério Público, e 49% para o Poder Executivo. 
Municípios: 60% da Receita Corrente Líquida com a distribuição de 6% 
para o Poder Legislativo, incluído o Tribunal de Contas, quando houver e 
54% para o Poder Executivo. 
Mecanismos de 
correção de 
desvios de 
despesas com 
pessoal 
Ao exceder 95% do limite, ficam vedados ao Poder ou órgão referido que 
houver incorrido no excesso: concessão de vantagem, aumento, reajuste 
ou adequação de remuneração a qualquer título; criação de cargo, 
emprego ou função; alteração de estrutura de carreira que implique 
aumento de despesa; provimento de cargo público, salvo reposições por 
aposentadoria ou falecimento nas áreas de saúde, educação e segurança; 
contratação de hora extra, salvo em situações previstas na LDO. 
Além disso, ultrapassado o limite máximo no quadrimestre, o excedente 
deve ser eliminado em 2 quadrimestres; instituição de regra transitória 
quando da entrada em vigor da LRF; previsão de ajustes em caso de 
despesas abaixo do limite. Atos que provoquem aumento de despesa com 
pessoal não podem ser editados nos 180 dias anteriores ao final de 
legislatura. A contagem de prazos referente ao limite fica suspensa em 
casos de calamidade pública, estado de defesa ou de sítio, ou crescimento 
econômiconegativo ou inferior a 1% nos quatro últimos trimestres. 
(continua) 
 
 
08 
(continuação do Quadro 1) 
O 
endividamento 
econômico 
A LRF define conceitos e normas a serem observados por todos os 
entes da Federação quanto à dívida pública, dívida mobiliária, operações 
de crédito e garantias. 
Com relação à dívida pública, os limites serão fixados em percentual da 
Receita Corrente Líquida (RCL) para cada esfera de governo e aplicados 
igualmente a todos os entes da Federação que façam parte de seu cálculo, 
constituindo, para cada um deles, limites máximos. Quando o limite for 
excedido ao final de um quadrimestre, deverá ser eliminado o excesso nos 
3 subsequentes. Enquanto existir o excesso, a União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios ficarão proibidos de realizar novas operações de 
crédito, internas ou externas, inclusive por antecipação de receita 
orçamentária (ARO), obrigados a obter resultado primário necessário à 
recondução da dívida ao limite e impedidos de receber transferências 
voluntárias. 
O Ministério da Fazenda verificará o cumprimento dos limites e condições 
da realização de operações de crédito da União, Estados, Distrito Federal 
e Municípios, inclusive das empresas por eles controladas, direta ou 
indiretamente. Segundo a LRF, deverá sempre ser obedecida a “Regra de 
Ouro”, que diz o seguinte: a contratação de operações de crédito em cada 
exercício fica limitada ao montante da despesa de capital. Na prática, isso 
significa que os empréstimos somente deverão ser destinados a gastos 
com investimentos. As operações de crédito por ARO deverão destinar-se 
exclusivamente a atender a insuficiência de caixa durante o exercício 
financeiro e deverão cumprir as exigências da contratação de operações 
de crédito. 
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão conceder 
garantias em operações de crédito internas ou externas, desde que 
observem as regras de contratação de operações de crédito, e, no caso da 
União, os limites e as condições fixados pelo Senado. 
Sanções Institucionais: suspensão das transferências voluntárias para aquele 
governo que não instituir, prever e arrecadar impostos de sua competência. 
No caso de limites de despesas com pessoal, ficam suspensas as 
transferências voluntárias, obtenção de garantias e contratação de 
operações de crédito, exceto para refinanciamento da dívida e redução de 
despesas com pessoal. Existem sanções também para os casos de 
descumprimentos relacionados aos limites de estoque de dívidas, 
operações de crédito irregulares e concessão de garantias. 
Pessoais: previstas em um projeto de lei ordinária denominada Lei de 
Crimes de Responsabilidade Fiscal, preveem que os governantes poderão 
ser responsabilizados pessoalmente e punidos com a perda de cargo, 
inabilitação para exercício de emprego público, prisão e multa. 
As penalidades alcançam todos os responsáveis, dos Três Poderes da 
União, Estados e Municípios, e todo cidadão será parte legítima para 
denunciar. 
Fonte: elaborado com base em Brasil (2015). 
Percebe-se a grande ênfase por parte da LRF no objetivo de equilibrar as 
contas públicas. Por conta dessa preocupação com o desequilíbrio fiscal, além 
das sanções previstas em lei, casos de descumprimento da LRF viram destaque 
na mídia. Uma matéria do G1 (2017), por exemplo, evidencia que cerca de 20% 
dos municípios fluminenses descumprem a LRF, principalmente excedendo o 
limite de gastos com pessoal, e que alguns municípios criam decretos de 
calamidade com base em insuficiência artificial. Para deixar a população ciente 
da destinação dos recursos públicos, a LRF também prevê a transparência da 
gestão fiscal. 
 
 
09 
Saiba mais 
Assista ao vídeo “O que é a Lei de Responsabilidade Fiscal?”. Nele há uma 
explicação didática acerca da LRF e seus objetivos. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=2h4CwoMgLrw>. Acesso em: 24 mar. 2018. 
TEMA 3 – CONCEITOS DE TRANSPARÊNCIA 
Antes de tratar dos aspectos da transparência exigida na LRF, 
abordaremos alguns conceitos. Segundo Fernandes (1995), o administrador age 
de maneira transparente quando presta contas, ou seja, quando segue a 
Constituição atual, os princípios para a elaboração da prestação de contas e se 
subordina aos órgãos fiscalizadores; o administrador público age com a 
necessária transparência. 
Transparente quer dizer, segundo os léxicos, claro, límpido, cristalino. O 
que é claro é desprovido de manchas. Administração transparente é 
aquela em relação à qual nada é encoberto, manchado, sombreado. 
Tudo é revelado. E melhor instrumento para a transparência da 
Administração não há do que a prestação de contas dos atos por ela 
praticados (Fernandes, 1995, p. 7). 
Armstrong (2005) enfatiza que os conceitos de integridade, transparência 
e accountability têm sido reconhecidos pelos países integrantes da ONU, de 
maneira coletiva ou individual, como princípios fundamentais da administração 
pública. De maneira direta, Armstrong (2005, p. 1) afirma que a “transparência se 
refere ao acesso irrestrito do público a informações oportunas e confiáveis sobre 
decisões e desempenho no setor público”. 
Zuccolotto, Teixeira e Riccio (2015) afirmam que devido ao recente foco 
que se tem dado à accountability, a transparência é um tema que passou a 
receber maior atenção, inclusive da mídia e comunidade científica, porém sem os 
devidos cuidados conceituais. Os autores realizaram uma revisão da literatura 
internacional sobre conceitos e classificações de transparência com o objetivo de 
auxiliar pesquisadores nacionais acerca do tema. Dessa maneira, apresentam-se 
a seguir alguns dos principais conceitos e perspectivas analíticas de transparência 
por eles discutidos. 
Na verdade, Zuccolotto, Teixeira e Riccio (2015) reconhecem que o 
conceito de transparência está em construção, que seu significado permanece 
fluído. Os autores listam conceitos de transparência, por exemplo, para casos de 
conflito entre países, estudos sobre regimes internacionais, e em estudos sobre 
corrupção, em que há transparência quando existem ferramentas e instituições 
 
 
010 
que inibem tal prática. Na Ciência Política, a transparência se refere à divulgação 
de informações dos atos do governo para agentes internos e externos, e seu uso 
para responsabilização. Na Administração Pública, pode significar a gestão de 
assuntos públicos para o público. 
Por fim, de ordem normativa, Zuccolotto e seus colegas citam Meijer (2009, 
p. 258), que sustentam que “a transparência faz-se a partir de três elementos: um 
observador, algo disponível a ser observado e os meios ou métodos para se 
realizar a observação” e Moser (2001, p. 3), por definirem transparência como a 
“abertura dos procedimentos de funcionamento imediatamente visíveis para 
aqueles que não estão diretamente envolvidos (o público) para demonstrar o bom 
funcionamento de uma instituição”. 
No Quadro a seguir, as principais perspectivas da transparência: 
Quadro 2 – Perspectivas analíticas da transparência 
Perspectivas Definição 
Orçamentária Consiste na evidenciação de todas as informações orçamentárias relevantes 
de maneira sistemática e tempestiva e que permitam ao cidadão, além de 
visualizá-las, fazer inferências a partir delas. Assim, a transparência, sob a 
perspectiva orçamentária, preocupa-se exclusivamente com a análise do 
processo orçamentário. 
Contábil Consiste na evidenciação de todas as informações patrimoniais e financeiras 
de maneira sistemática e tempestiva, de forma que o usuário possa, além de 
acessá-las, avaliar as capacidades econômica, financeira e patrimonial dos 
entes. Além disso, nessa perspectiva, a sociedade pode conhecer os 
regimes contábeis adotados pelos governos (caixa ou competência), as 
principais políticas contábeis adotadas, as mudanças de critérios, etc. 
Institucional ou 
Organizacional 
Consiste na evidenciação de todas as informações sobre a organização do 
Estado, cargose responsabilidades, além de normas e relatórios. Uma vez 
que os Estado possuem uma estrutura organizacional ampla e complexa, 
pode-se recorrer a duas possibilidades. A primeira consiste em evidenciar os 
órgãos centrais de governos para em seguida, uma vez acessado o órgão 
desejado, acessar os órgãos subordinados. Isso poderia se dar por meio de 
links para cada órgão componente do órgão central. 
Social ou 
Cívica 
Consiste na existência de mecanismos de informação e atenção ao cidadão 
e compromisso com a cidadania. Assim, além de informações sobre 
atividades culturais e cívicas, é importante que os governos desenvolvam e 
estimulem canais para sugestão, denúncias e participação do cidadão e da 
sociedade civil organizada. 
Processo 
Licitatório 
Consiste na divulgação de informações sobre a contratação de obras, 
materiais e serviços por parte dos governos, bem como informações sobre o 
fluxo desse processo, valores, concorrentes e resultados. A finalidade é 
permitir que a sociedade civil acompanhe os processos de compras, 
monitore-o e avalie-o ao final do processo. 
Contratos e 
Convênios 
Consiste na divulgação dos contratos, convênios, termos de parceria e de 
cooperação estabelecidos por um governo. O objetivo dessa perspectiva da 
transparência é permitir à sociedade conhecer as partes envolvidas nos 
contratos, as responsabilidades de cada uma das partes, as ferramentas de 
monitoramento, a forma de avaliação de desempenho, as penalidades, etc. 
Midiática Consiste na avaliação de uma ou mais dimensões da transparência descritas 
anteriormente, todavia em meio eletrônico de acesso público. Esses meios 
podem variar desde a divulgação em páginas da Web até aplicativos para 
celulares, smartphones e tablets. 
Fonte: retirado de Zuccolotto, Teixeira e Riccio (2015, p. 153 a 155). 
 
 
011 
Com os principais conceitos de transparência em mente, segue-se com o 
que a LRF trata sobre transparência, além da chamada Lei da Transparência. 
TEMA 4 – TRANSPARÊNCIA NA LEI DA RESPONSABILIDADE FISCAL (LRF) E A 
LEI DA TRANSPARÊNCIA 
De acordo com Brasil (2015, p. 16), a “transparência na gestão fiscal é o 
principal instrumento para o controle social”. Além disso, é elemento fundamental 
para o equilíbrio das contas públicas, pois: 
atesta o atendimento dos limites, condições, objetivos e metas; firma 
responsabilidades; justifica desvios e indica medidas corretivas; define o 
prazo estimado para correção; e dá acesso público a dados concisos e 
substanciais das contas públicas. 
A Lei Complementar n. 131/2009, conhecida como lei da transparência, 
altera a LRF no que tange a transparência da gestão fiscal. Essa alteração “inova 
e determina que sejam disponíveis, em tempo real, informações pormenorizadas 
sobre a execução orçamentária e financeira da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios” (CNM – Conselho Nacional dos Municípios, 2014, p. 1). 
Sobre a transparência, o art. 48 da Lei Complementar n. 101 descreve o 
seguinte: 
São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada 
ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os 
planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de 
contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução 
Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas 
desses documentos (BRASIL, 2000, p. 1). 
Dentre as alterações previstas na LC n. 131/2009, foi adicionado o 
Parágrafo Único ao art. 48: 
A transparência será assegurada também mediante: 
I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, 
durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de 
diretrizes orçamentárias e orçamentos; 
II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, 
em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução 
orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público; 
III – adoção de sistema integrado de administração financeira e controle, 
que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder 
Executivo da União e ao disposto no art. 48-A. (NR) (BRASIL, 2009, p. 
1). 
Alusivo ao inciso II acima, as seguintes informações devem ser 
disponibilizadas: 
012 
I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades gestoras 
no decorrer da execução da despesa, no momento de sua realização, 
com a disponibilização mínima dos dados referentes ao número do 
correspondente processo, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, à 
pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento e, quando for o caso, 
ao procedimento licitatório realizado; 
II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a receita das 
unidades gestoras, inclusive referente a recursos extraordinários 
(BRASIL, 2009, p. 1). 
Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato pode denunciar 
o descumprimento da LC n. 131/2009 ao respectivo tribunal de contas.
De acordo com o CNM (2014), existem outras particularidades que 
merecem destaque. Por exemplo, referente às informações que devem estar 
disponíveis na internet, destaca-se que embora não necessariamente deva ser 
em Portal da Transparência, seguindo as boas práticas, é desejável concentrar 
tais informações em um único local. Segundo, considera-se em tempo real a 
publicação das informações no primeiro dia útil subsequente ao registro contábil. 
E em terceiro, a LC 131/2009 determina prazo e conteúdo mínimo a ser divulgado, 
porém, de acordo com as boas práticas de transparência, devem ser considerados 
critério de boa usabilidade, apresentação didática, possibilidade de download dos 
dados e canal de atendimento a usuários. 
Por fim, vale salientar que a Lei da Transparência (como é chamada a LC 
n. 131/2009) difere da Lei de Acesso às Informações (Lei n. 12.527/2011).
Enquanto a “Lei da Transparência é uma Lei Complementar que altera a redação 
da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) no que se refere à transparência da 
gestão fiscal”, a Lei da Informação “regula o acesso a informações e dispõe sobre 
os procedimentos a serem observados pela União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios. Regulariza o direito do cidadão em solicitar os documentos que tiver 
interesse sem justificar o pedido” (CNM, 2014, p. 4). 
013 
TEMA 5 – TRANSPARÊNCIA DOS ATOS PÚBLICOS 
Ao considerar o orçamento, pode-se dizer que a transparência é exigida 
dos administradores públicos nas etapas de planejamento, execução e controle. 
De acordo com Tesouro Nacional (2017), está prevista no art. 2º da Lei n. 
4.320/1964 a existência de único orçamento para cada um dos entes federados, 
sendo eles a União, Estados, Distrito Federal e municípios, em que todas as 
receitas previstas e despesas fixadas devem constar em um único documento 
legal em cada esfera federativa, a Lei Orçamentária Anual (LOA). Considera-se 
esse o princípio orçamentário da Unidade ou Totalidade. 
Já o princípio da Publicidade, que é previsto no capítulo do art. 37 da 
Constituição de 1988, é justificado “pelo fato de o orçamento ser fixado em lei, 
sendo esta a que autoriza aos Poderes a execução de suas despesas” (Tesouro 
Nacional, 2017, p. 35). 
O princípio da publicidade 
exerce, basicamente, duas funções: a primeira visa dar conhecimento 
do ato administrativo ao público em geral, sendo a publicidade 
necessária para que o ato administrativo seja oponível às partes e a 
terceiros; a segunda, como meio de transparência da Administração 
Pública, de modo a permitir o controle social dos atos administrativos 
(NUNES, 2014, p.1). 
E o princípio da transparência inclui as disposições contidas no que a LRF 
trata sobre a transparência, tais como a ampla divulgação do orçamento à 
sociedade, relatórios de execução orçamentária e gestão fiscal e informações 
sobre execução das despesas e arrecadação das receitas (Tesouro Nacional, 
2017, p. 35). 
A prestação de contas dos atos públicos deve ser feita aos Tribunais de 
Contas.No que prevê no art. 33, parágrafo 2º, da Constituição Federal de 1988, 
as “contas do Governo do Território serão submetidas ao Congresso Nacional, 
com parecer prévio do Tribunal de Contas da União”. Além do art. 33, parágrafo 
2º, as competências do TCU estão previstas nos artigos 71 a 74 e 161, parágrafo 
único, da Constituição Federal. 
014 
A estrutura dos Tribunais de Contas no Brasil ocorre da seguinte maneira 
(Lupion, 2017). Existe um Tribunal de Contas da União - TCU, que é responsável 
pela fiscalização dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e do Ministério 
Público. No âmbito Estadual, são 26 Tribunais de Contas Estaduais e um Tribunal 
de Contas do Distrito Federal, que analisam as contas das unidades da 
Federação. Em 22 estados, seus respectivos Tribunais de Contas também são 
responsáveis pela análise das contas dos Municípios. Quatro Estados (Pará, 
Goiás, Ceará e Bahia) possuem Tribunais de Contas de Municípios, que são 
responsáveis, exclusivamente, por analisar as contas dos Municípios. Os 
Municípios São Paulo e Rio de Janeiro possuem próprio Tribunal de Contas 
Municipal para analisar suas contas. A Constituição de 1988 proibiu a criação de 
novos Tribunais de Contas Municipais, mas autorizou a manutenção dos já 
existentes. 
Dessa maneira, os entes da federação devem prestar suas contas em 
observância às Normas dos respectivos Tribunais de Contas. 
A verificação da observância das normas e limites da LRF está a cargo 
do Poder Legislativo (diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de 
Contas) e do Sistema de Controle Interno de cada Poder e do Ministério 
Público. 
Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes, entes da Federação ou 
órgãos quando constatarem que o nível de gastos esteja próximo aos 
limites fixados pela LRF. 
Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálculos dos limites 
da despesa total com pessoal de cada ente da Federação e de cada 
Poder (BRASIL, 2015, p. 19). 
A LRF define que as contas devem ser consolidadas e divulgadas à 
população. Por meio de linguagem simples, União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios devem criar e apresentar o Relatório de Gestão Fiscal. É possível, por 
exemplo, acessar o endereço eletrônico do Tribunal de Contas da União e 
escolher qual unidade prestadora de contas se deseja verificar. 
De acordo com Brasil (2015), a divulgação e acesso às informações deve 
ser amplo, inclusive por meio eletrônico, contudo, cabe à sociedade cobrar de 
seus governantes e julgar se estão procedendo de maneira fiscalmente 
responsável. Espera-se, assim, que com o aumento da transparência pretendido, 
mecanismos de mercado e o processo político possam servir de punição aos 
gestores fiscalmente irresponsáveis, ao passo que os bons administradores 
 
 
015 
possam ser premiados com o reconhecimento da população e do mercado, 
inclusive com maior acesso a crédito. 
FINALIZANDO 
Na presente aula, tratou-se da prestação de contas e transparência por 
meio de vários temas. Referente à prestação de contas, demonstrou-se que é 
prevista na Constituição Federal e se trata de apresentar resultados a serem 
analisados. Em segundo lugar, a LRF, que objetiva o equilíbrio das contas 
públicas, tornando a administração mais responsável, principalmente, com a 
imposição de limites de gastos. 
Em terceiro, ao abordar conceitos de transparência, constatou-se que a 
literatura acadêmica sustenta que se trata de um conceito em construção, 
contudo, é importante ter em mente alguns desses conceitos. Por exemplo, a 
transparência pode significar a gestão de assuntos públicos para o público, ou o 
ato de tornar visíveis procedimentos para o público não diretamente envolvido. 
Em quarto, a LRF aborda a transparência por meio da exigência de ampla 
divulgação, entre outros, do orçamento e prestação, além do incentivo à 
população de participação. Por fim, na transparência dos atos públicos, abordou-
se a necessidade da prestação de contas aos tribunais de contas para 
acompanhamento, fiscalização e eventual julgamento de irregularidades. 
Concluindo, avanços na legislação, como é o caso da LRF, são importantes 
mecanismos de acompanhamento dos atos dos gestores públicos, sejam esses 
atos relacionados ao bom gerenciamento dos recursos ou à corrupção. Contudo, 
é importante que a sociedade fiscalize seus administradores públicos por meio 
dos dados divulgados e sugira ou exija novos mecanismos que possam tornar a 
administração pública cada vez mais transparente. 
 
 
 
 
016 
REFERÊNCIAS 
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