Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AULA 1 PRESTAÇÃO DE CONTAS (ACCOUNTABILITY) Prof. Ricardo Suave 02 CONVERSA INICIAL A prestação de contas por parte dos administradores públicos é uma atividade necessária, pois tem por objetivo tornar sua administração transparente perante aos mais diversos stakeholders, desde os delegantes do poder (eleitores) até os órgãos fiscalizadores. A maior transparência, por sua vez, permite deixar a sociedade consciente acerca da destinação dos recursos públicos. Saiba mais Para saber mais sobre o processo de prestação de contas e o que inclui, assista ao vídeo Falando de Coisa Pública – Prestação de Contas, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_3-3afNReu8&t=20s>. Acesso em: 23 mar. 2018. A presente aula tem por objetivo elucidar a prestação de contas, bem como a transparência dos atos públicos à luz da Lei de Responsabilidade Fiscal. Para tal, a aula está divida entre os temas: 1. Prestação de contas; 2. Lei da Responsabilidade Fiscal: equilíbrio das contas públicas; 3. Conceitos de transparência; 4. Transparência na Lei da Responsabilidade Fiscal e a Lei da Transparência; 5. Transparência dos atos públicos. CONTEXTUALIZANDO A administração pública, de maneira semelhante às empresas de propriedade privada, necessita de gestores que tenham a competência de gerir uma instituição. Porém, dado que essas instituições são públicas, tais gestores precisam atentar para a legislação que rege a sua forma de gerir, de governar. Em virtude da legislação que norteia a administração pública, seus gestores devem prestar contas à sociedade como forma de esclarecer o que têm feito com os recursos públicos, tendo em vista que muitos dos cargos públicos são preenchidos por meio de eleição, ou seja, poderes que a sociedade os instituiu. Além disso, os recursos públicos que tais gestores administram são provenientes de impostos e contribuições que a sociedade paga. A Lei da Responsabilidade Fiscal, por exemplo, teve como intuito proporcionar maior equilíbrio econômico para o país, mas também prevê a necessidade de transparência da administração pública. Se os gestores estão 03 conscientes da exigência da prestação de contas e das sanções que podem sofrer ao infringir a legislação, eles atuarão de maneira mais prudente na forma de administrar, em particular, e com os recursos públicos, em geral. Onipresente no noticiário nacional, a corrupção é um dos principais problemas que a legislação brasileira também visa coibir. A prestação de contas (por exemplo, de como acontecem os processos licitatórios, contratação de pessoal, recolhimento de impostos, observação de limites com gastos em diferentes áreas e tudo o que envolve a gestão da coisa pública) é uma das formas de exigir maior transparência acerca da gestão dos recursos públicos, bem como de avaliar a competência de gestores, e até punir quando necessário, seja punição no voto ou de órgãos fiscalizadores. TEMA 1 – PRESTAÇÃO DE CONTAS A população, ao eleger seus representantes, concede-lhes e os confia, entre outros, a administração do patrimônio público. O patrimônio público é definido pelas Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público, especificamente pela NBC T 16.3, por meio da Resolução CFC 1.129/08, da seguinte maneira: Patrimônio Público é o conjunto de direitos e bens, tangíveis ou intangíveis, onerados ou não, adquiridos, formados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do setor público, que seja portador ou represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro, inerente à prestação de serviços públicos ou à exploração econômica por entidades do setor público e suas obrigações (CFC, 2012, p. 9). Ainda de acordo com o CFC (2012, p. 10), o sistema contábil no setor público tem a finalidade de identificar, avaliar, mensurar, registrar, controlar e informar os atos e fatos “da gestão do patrimônio público, com o objetivo de orientar e suprir o processo de decisão, a prestação de contas e a instrumentalização do controle social”. Os subsistemas que registram, processam e evidenciam os fatos são o orçamentário, patrimonial, de custos e de compensação. O orçamentário envolve o planejamento e a execução orçamentária. O patrimonial verifica as variações qualitativas e quantitativas no patrimônio público. O subsistema de custos engloba os custos dos bens e serviços ofertados à sociedade. Por fim, o subsistema de compensação envolve a gestão com efeitos sobre o patrimônio público, e também funções específicas de controle. Portanto, percebe-se a importância do sistema contábil para o registro dos fatos ocorridos na administração pública, bem como seu papel de municiar os 04 gestores com informações para a tomada de decisões. A importância desse registro e evidenciação é devido ao fato de as decisões dos gestores causarem mudanças no patrimônio público por meio de transações. Entende-se por transações no setor público os atos e os fatos que promovem alterações qualitativas ou quantitativas, efetivas ou potenciais, no patrimônio das entidades do setor público, as quais são objeto de registro contábil em estrita observância aos Princípios Fundamentais de Contabilidade e às Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (CFC, 2012, p. 16). Dividem-se as transações em econômico-financeiras e administrativas (CFC, 2012, p. 16). As transações econômico-financeiras são fatos que podem afetar o patrimônio público “em decorrência, ou não, da execução de orçamento, podendo provocar alterações qualitativas ou quantitativas, efetivas ou potenciais”. As transações administrativas, por sua vez, não afetam o patrimônio público e estão relacionas ao cumprimento de metas e manutenção de atividades. Dessa maneira, a partir do momento que o sistema contábil assume o papel de evidenciar as informações das transações ocorridas, ele também pode auxiliar no atendimento às necessidades da sociedade no que diz respeito à transparência e prestação de contas. As demonstrações contábeis, como pontua Costa (2016), têm, entre suas finalidades, a de avaliar o desempenho dos administradores, bem como o de prestar contas. A prestação de contas está prevista no Artigo 70 da constituição federal de 1988: Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. Braga (2013, p. 1) menciona que a prestação de contas, seja na gestão pública ou privada, acontece devido às relações de poder e de delegação. Ainda sobre a prestação de contas, o autor faz a seguinte inserção: É uma discussão de poder, de submissão a um ordenamento, demonstrado pelo ato de provar o seu fiel cumprimento. Mas também é uma discussão contratual, sinalagmática, de adimplemento de uma parte de um acordo. E dessa demonstração da exatidão do cumprimento deriva a ideia de prestar contas, contas que devem “fechar”, pois o uso 05 de cálculos permite que seja aferido o recebido, as ações e os resultados, em uma estrutura aritmética de igualdade simples. Como finalidade da prestação de contas, Braga (2013) sustenta que tem o propósito de demonstrar à autoridade delegante se os objetivos propostos foram cumpridos. De acordo com o autor, as contas são prestadas a alguém,que analisa o apresentado a luz da conformidade e dos resultados, emitindo uma opinião, que certifica as contas, determinando providências corretivas, preventivas e até punitivas. Isso por que a delegação de hoje será substituída por outra amanhã, com outro ator, e as informações obtidas no processo de prestação de contas servem para melhorar os processos e até excluir do sistema os agentes que a ele não se adequam. Fernandes (1995) afirma que o artigo 70 da constituição federal, sobre prestação de contas, também se aplica aos Estados e Municípios e clarifica que as pessoas estão submetidas ao controle por meio dessas normas, e que tais normas permitem o conhecimento dos atos públicos realizados pelos gestores no uso de recursos públicos. Dessa maneira, os gestores devem apresentar “suas contas, organizadas e elaboradas conforme as normas de caráter financeiro emanadas do Poder Legislativo e subsidiadas pelas normas expedidas pelos órgãos de controle” (Fernandes, 1995, p. 7). A prestação de contas a que estão obrigados os administradores públicos não representa [...] uma desconfiança em relação às atividades por estes desenvolvidas. Representa, apenas, uma informação que é prestada ao povo, a respeito do modo como seu dinheiro foi utilizado. É o mínimo a que o povo tem direito, no tocante a condução dos seus negócios, por parte dos que dele receberam delegação (Fernandes, 1995, p. 7). Portanto, os gestores públicos, ao assumirem um cargo público em que lhes é delegada a função de administrar bens da população, têm o dever de prestar contas à sociedade acerca da utilização dos recursos públicos. A contabilidade, além dos papeis de registrar os atos e fatos e auxiliar os gestores públicos na tomada de decisão, também contribui para organização e evidenciação, para a sociedade, das informações referentes à maneira como os recursos públicos são geridos. TEMA 2 – LEI DA RESPONSABILIDADE FISCAL (LRF): EQUILÍBRIO DAS CONTAS PÚBLICAS O advento da Lei da Responsabilidade Fiscal (LRF) – Lei Complementar n. 101 de 2000 – foi de fundamental importância para a sociedade em termos de 06 maior transparência dos gastos públicos por parte de seus administradores. Discutem-se nesse tópico as principais características da LRF. O advento da LRF teve por objetivo, principalmente, o saneamento de problemas relacionados ao desequilíbrio fiscal e gastos mais altos do que as despesas por parte da administração pública no Brasil, problemas esses que geram consequências (como a inflação, altas taxas de juros, endividamento público e carga tributária altos, além de falta de recursos para áreas prioritárias, como saúde, educação e segurança) para até mais de uma geração do nosso povo (Brasil, 2015). Logo em seu parágrafo 1º do art. 1º, a LRF dispõe acerca do mecanismo que auxilia os governantes na gestão dos recursos públicos. A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar (BRASIL, 2000, p. 1). Além disso, vale destacar que as “disposições desta Lei Complementar obrigam a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios”, sendo que I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão compreendidos: a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público; b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, fundações e empresas estatais dependentes; II - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal; III - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da União, Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do Município (BRASIL, 2000, p. 1). O que a LRF pretende é fortalecer o processo orçamentário como peça de planejamento, prevenindo desequilíbrios indesejáveis (Brasil, 2015). Dessa maneira, a LRF prevê a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que estabelece regras para o Orçamento, contendo metas, avaliação, entre outros. A Lei Orçamentária Anual (LOA) deve respeitar diretrizes e prioridades da LDO e parâmetros e limites da LRF, contendo o demonstrativo da compatibilização do orçamento com os objetivos e metas definidos na LDO e definindo a reserva de contingência. O Quadro a seguir evidencia as principais características da LRF: 07 Quadro 1 – Principais aspectos da Lei de Responsabilidade Fiscal Item Descrição Receitas e renúncia fiscal À União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cabe instituir, prever e efetivamente arrecadar todos os tributos de sua competência constitucional, ou seja, sua base. A renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa de impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois exercícios seguintes. Cada governante deverá demonstrar que a renúncia de receita foi considerada na LOA e que não afetará as metas previstas na LDO. O ato que implique em renúncia só entra em vigor quando estiver assegurada a compensação pelo aumento de receita (elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, aumento ou criação de tributo ou contribuição). Despesas e mecanismos de compensação Além das despesas previstas em lei, os governantes podem realizar outras em decorrência de criação, expansão ou aperfeiçoamento da ação governamental. Tais despesas devem estar acompanhadas de estimativa do impacto orçamentário-financeiro por 3 anos e de demonstração de que estejam compatíveis à LDO, além de estarem adequadas à LOA. Ao criar nova despesa obrigatória, esta deve ser compensada por aumento permanente de receita ou redução permanente de outras despesas. Despesas com pessoal O principal aspecto das despesas com pessoal são os limites previstos: União: 50% da Receita Corrente Líquida com a distribuição de 2,5% para o Poder Legislativo, incluído o Tribunal de Contas, 6% para o Poder Judiciário, 0,6% para o Ministério Público da União, 3% para custeio de despesas do DF e de ex territórios, e 37,9% para o Poder Executivo. Estados: 60% da Receita Corrente Líquida com a distribuição de 3% para o Poder Legislativo, incluído o Tribunal de Contas, 6% para o Poder Judiciário, 2% para o Ministério Público, e 49% para o Poder Executivo. Municípios: 60% da Receita Corrente Líquida com a distribuição de 6% para o Poder Legislativo, incluído o Tribunal de Contas, quando houver e 54% para o Poder Executivo. Mecanismos de correção de desvios de despesas com pessoal Ao exceder 95% do limite, ficam vedados ao Poder ou órgão referido que houver incorrido no excesso: concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título; criação de cargo, emprego ou função; alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa; provimento de cargo público, salvo reposições por aposentadoria ou falecimento nas áreas de saúde, educação e segurança; contratação de hora extra, salvo em situações previstas na LDO. Além disso, ultrapassado o limite máximo no quadrimestre, o excedente deve ser eliminado em 2 quadrimestres; instituição de regra transitória quando da entrada em vigor da LRF; previsão de ajustes em caso de despesas abaixo do limite. Atos que provoquem aumento de despesa com pessoal não podem ser editados nos 180 dias anteriores ao final de legislatura. A contagem de prazos referente ao limite fica suspensa em casos de calamidade pública, estado de defesa ou de sítio, ou crescimento econômiconegativo ou inferior a 1% nos quatro últimos trimestres. (continua) 08 (continuação do Quadro 1) O endividamento econômico A LRF define conceitos e normas a serem observados por todos os entes da Federação quanto à dívida pública, dívida mobiliária, operações de crédito e garantias. Com relação à dívida pública, os limites serão fixados em percentual da Receita Corrente Líquida (RCL) para cada esfera de governo e aplicados igualmente a todos os entes da Federação que façam parte de seu cálculo, constituindo, para cada um deles, limites máximos. Quando o limite for excedido ao final de um quadrimestre, deverá ser eliminado o excesso nos 3 subsequentes. Enquanto existir o excesso, a União, Estados, Distrito Federal e Municípios ficarão proibidos de realizar novas operações de crédito, internas ou externas, inclusive por antecipação de receita orçamentária (ARO), obrigados a obter resultado primário necessário à recondução da dívida ao limite e impedidos de receber transferências voluntárias. O Ministério da Fazenda verificará o cumprimento dos limites e condições da realização de operações de crédito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, inclusive das empresas por eles controladas, direta ou indiretamente. Segundo a LRF, deverá sempre ser obedecida a “Regra de Ouro”, que diz o seguinte: a contratação de operações de crédito em cada exercício fica limitada ao montante da despesa de capital. Na prática, isso significa que os empréstimos somente deverão ser destinados a gastos com investimentos. As operações de crédito por ARO deverão destinar-se exclusivamente a atender a insuficiência de caixa durante o exercício financeiro e deverão cumprir as exigências da contratação de operações de crédito. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão conceder garantias em operações de crédito internas ou externas, desde que observem as regras de contratação de operações de crédito, e, no caso da União, os limites e as condições fixados pelo Senado. Sanções Institucionais: suspensão das transferências voluntárias para aquele governo que não instituir, prever e arrecadar impostos de sua competência. No caso de limites de despesas com pessoal, ficam suspensas as transferências voluntárias, obtenção de garantias e contratação de operações de crédito, exceto para refinanciamento da dívida e redução de despesas com pessoal. Existem sanções também para os casos de descumprimentos relacionados aos limites de estoque de dívidas, operações de crédito irregulares e concessão de garantias. Pessoais: previstas em um projeto de lei ordinária denominada Lei de Crimes de Responsabilidade Fiscal, preveem que os governantes poderão ser responsabilizados pessoalmente e punidos com a perda de cargo, inabilitação para exercício de emprego público, prisão e multa. As penalidades alcançam todos os responsáveis, dos Três Poderes da União, Estados e Municípios, e todo cidadão será parte legítima para denunciar. Fonte: elaborado com base em Brasil (2015). Percebe-se a grande ênfase por parte da LRF no objetivo de equilibrar as contas públicas. Por conta dessa preocupação com o desequilíbrio fiscal, além das sanções previstas em lei, casos de descumprimento da LRF viram destaque na mídia. Uma matéria do G1 (2017), por exemplo, evidencia que cerca de 20% dos municípios fluminenses descumprem a LRF, principalmente excedendo o limite de gastos com pessoal, e que alguns municípios criam decretos de calamidade com base em insuficiência artificial. Para deixar a população ciente da destinação dos recursos públicos, a LRF também prevê a transparência da gestão fiscal. 09 Saiba mais Assista ao vídeo “O que é a Lei de Responsabilidade Fiscal?”. Nele há uma explicação didática acerca da LRF e seus objetivos. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=2h4CwoMgLrw>. Acesso em: 24 mar. 2018. TEMA 3 – CONCEITOS DE TRANSPARÊNCIA Antes de tratar dos aspectos da transparência exigida na LRF, abordaremos alguns conceitos. Segundo Fernandes (1995), o administrador age de maneira transparente quando presta contas, ou seja, quando segue a Constituição atual, os princípios para a elaboração da prestação de contas e se subordina aos órgãos fiscalizadores; o administrador público age com a necessária transparência. Transparente quer dizer, segundo os léxicos, claro, límpido, cristalino. O que é claro é desprovido de manchas. Administração transparente é aquela em relação à qual nada é encoberto, manchado, sombreado. Tudo é revelado. E melhor instrumento para a transparência da Administração não há do que a prestação de contas dos atos por ela praticados (Fernandes, 1995, p. 7). Armstrong (2005) enfatiza que os conceitos de integridade, transparência e accountability têm sido reconhecidos pelos países integrantes da ONU, de maneira coletiva ou individual, como princípios fundamentais da administração pública. De maneira direta, Armstrong (2005, p. 1) afirma que a “transparência se refere ao acesso irrestrito do público a informações oportunas e confiáveis sobre decisões e desempenho no setor público”. Zuccolotto, Teixeira e Riccio (2015) afirmam que devido ao recente foco que se tem dado à accountability, a transparência é um tema que passou a receber maior atenção, inclusive da mídia e comunidade científica, porém sem os devidos cuidados conceituais. Os autores realizaram uma revisão da literatura internacional sobre conceitos e classificações de transparência com o objetivo de auxiliar pesquisadores nacionais acerca do tema. Dessa maneira, apresentam-se a seguir alguns dos principais conceitos e perspectivas analíticas de transparência por eles discutidos. Na verdade, Zuccolotto, Teixeira e Riccio (2015) reconhecem que o conceito de transparência está em construção, que seu significado permanece fluído. Os autores listam conceitos de transparência, por exemplo, para casos de conflito entre países, estudos sobre regimes internacionais, e em estudos sobre corrupção, em que há transparência quando existem ferramentas e instituições 010 que inibem tal prática. Na Ciência Política, a transparência se refere à divulgação de informações dos atos do governo para agentes internos e externos, e seu uso para responsabilização. Na Administração Pública, pode significar a gestão de assuntos públicos para o público. Por fim, de ordem normativa, Zuccolotto e seus colegas citam Meijer (2009, p. 258), que sustentam que “a transparência faz-se a partir de três elementos: um observador, algo disponível a ser observado e os meios ou métodos para se realizar a observação” e Moser (2001, p. 3), por definirem transparência como a “abertura dos procedimentos de funcionamento imediatamente visíveis para aqueles que não estão diretamente envolvidos (o público) para demonstrar o bom funcionamento de uma instituição”. No Quadro a seguir, as principais perspectivas da transparência: Quadro 2 – Perspectivas analíticas da transparência Perspectivas Definição Orçamentária Consiste na evidenciação de todas as informações orçamentárias relevantes de maneira sistemática e tempestiva e que permitam ao cidadão, além de visualizá-las, fazer inferências a partir delas. Assim, a transparência, sob a perspectiva orçamentária, preocupa-se exclusivamente com a análise do processo orçamentário. Contábil Consiste na evidenciação de todas as informações patrimoniais e financeiras de maneira sistemática e tempestiva, de forma que o usuário possa, além de acessá-las, avaliar as capacidades econômica, financeira e patrimonial dos entes. Além disso, nessa perspectiva, a sociedade pode conhecer os regimes contábeis adotados pelos governos (caixa ou competência), as principais políticas contábeis adotadas, as mudanças de critérios, etc. Institucional ou Organizacional Consiste na evidenciação de todas as informações sobre a organização do Estado, cargose responsabilidades, além de normas e relatórios. Uma vez que os Estado possuem uma estrutura organizacional ampla e complexa, pode-se recorrer a duas possibilidades. A primeira consiste em evidenciar os órgãos centrais de governos para em seguida, uma vez acessado o órgão desejado, acessar os órgãos subordinados. Isso poderia se dar por meio de links para cada órgão componente do órgão central. Social ou Cívica Consiste na existência de mecanismos de informação e atenção ao cidadão e compromisso com a cidadania. Assim, além de informações sobre atividades culturais e cívicas, é importante que os governos desenvolvam e estimulem canais para sugestão, denúncias e participação do cidadão e da sociedade civil organizada. Processo Licitatório Consiste na divulgação de informações sobre a contratação de obras, materiais e serviços por parte dos governos, bem como informações sobre o fluxo desse processo, valores, concorrentes e resultados. A finalidade é permitir que a sociedade civil acompanhe os processos de compras, monitore-o e avalie-o ao final do processo. Contratos e Convênios Consiste na divulgação dos contratos, convênios, termos de parceria e de cooperação estabelecidos por um governo. O objetivo dessa perspectiva da transparência é permitir à sociedade conhecer as partes envolvidas nos contratos, as responsabilidades de cada uma das partes, as ferramentas de monitoramento, a forma de avaliação de desempenho, as penalidades, etc. Midiática Consiste na avaliação de uma ou mais dimensões da transparência descritas anteriormente, todavia em meio eletrônico de acesso público. Esses meios podem variar desde a divulgação em páginas da Web até aplicativos para celulares, smartphones e tablets. Fonte: retirado de Zuccolotto, Teixeira e Riccio (2015, p. 153 a 155). 011 Com os principais conceitos de transparência em mente, segue-se com o que a LRF trata sobre transparência, além da chamada Lei da Transparência. TEMA 4 – TRANSPARÊNCIA NA LEI DA RESPONSABILIDADE FISCAL (LRF) E A LEI DA TRANSPARÊNCIA De acordo com Brasil (2015, p. 16), a “transparência na gestão fiscal é o principal instrumento para o controle social”. Além disso, é elemento fundamental para o equilíbrio das contas públicas, pois: atesta o atendimento dos limites, condições, objetivos e metas; firma responsabilidades; justifica desvios e indica medidas corretivas; define o prazo estimado para correção; e dá acesso público a dados concisos e substanciais das contas públicas. A Lei Complementar n. 131/2009, conhecida como lei da transparência, altera a LRF no que tange a transparência da gestão fiscal. Essa alteração “inova e determina que sejam disponíveis, em tempo real, informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios” (CNM – Conselho Nacional dos Municípios, 2014, p. 1). Sobre a transparência, o art. 48 da Lei Complementar n. 101 descreve o seguinte: São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos (BRASIL, 2000, p. 1). Dentre as alterações previstas na LC n. 131/2009, foi adicionado o Parágrafo Único ao art. 48: A transparência será assegurada também mediante: I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público; III – adoção de sistema integrado de administração financeira e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A. (NR) (BRASIL, 2009, p. 1). Alusivo ao inciso II acima, as seguintes informações devem ser disponibilizadas: 012 I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades gestoras no decorrer da execução da despesa, no momento de sua realização, com a disponibilização mínima dos dados referentes ao número do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento e, quando for o caso, ao procedimento licitatório realizado; II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a receita das unidades gestoras, inclusive referente a recursos extraordinários (BRASIL, 2009, p. 1). Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato pode denunciar o descumprimento da LC n. 131/2009 ao respectivo tribunal de contas. De acordo com o CNM (2014), existem outras particularidades que merecem destaque. Por exemplo, referente às informações que devem estar disponíveis na internet, destaca-se que embora não necessariamente deva ser em Portal da Transparência, seguindo as boas práticas, é desejável concentrar tais informações em um único local. Segundo, considera-se em tempo real a publicação das informações no primeiro dia útil subsequente ao registro contábil. E em terceiro, a LC 131/2009 determina prazo e conteúdo mínimo a ser divulgado, porém, de acordo com as boas práticas de transparência, devem ser considerados critério de boa usabilidade, apresentação didática, possibilidade de download dos dados e canal de atendimento a usuários. Por fim, vale salientar que a Lei da Transparência (como é chamada a LC n. 131/2009) difere da Lei de Acesso às Informações (Lei n. 12.527/2011). Enquanto a “Lei da Transparência é uma Lei Complementar que altera a redação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) no que se refere à transparência da gestão fiscal”, a Lei da Informação “regula o acesso a informações e dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Regulariza o direito do cidadão em solicitar os documentos que tiver interesse sem justificar o pedido” (CNM, 2014, p. 4). 013 TEMA 5 – TRANSPARÊNCIA DOS ATOS PÚBLICOS Ao considerar o orçamento, pode-se dizer que a transparência é exigida dos administradores públicos nas etapas de planejamento, execução e controle. De acordo com Tesouro Nacional (2017), está prevista no art. 2º da Lei n. 4.320/1964 a existência de único orçamento para cada um dos entes federados, sendo eles a União, Estados, Distrito Federal e municípios, em que todas as receitas previstas e despesas fixadas devem constar em um único documento legal em cada esfera federativa, a Lei Orçamentária Anual (LOA). Considera-se esse o princípio orçamentário da Unidade ou Totalidade. Já o princípio da Publicidade, que é previsto no capítulo do art. 37 da Constituição de 1988, é justificado “pelo fato de o orçamento ser fixado em lei, sendo esta a que autoriza aos Poderes a execução de suas despesas” (Tesouro Nacional, 2017, p. 35). O princípio da publicidade exerce, basicamente, duas funções: a primeira visa dar conhecimento do ato administrativo ao público em geral, sendo a publicidade necessária para que o ato administrativo seja oponível às partes e a terceiros; a segunda, como meio de transparência da Administração Pública, de modo a permitir o controle social dos atos administrativos (NUNES, 2014, p.1). E o princípio da transparência inclui as disposições contidas no que a LRF trata sobre a transparência, tais como a ampla divulgação do orçamento à sociedade, relatórios de execução orçamentária e gestão fiscal e informações sobre execução das despesas e arrecadação das receitas (Tesouro Nacional, 2017, p. 35). A prestação de contas dos atos públicos deve ser feita aos Tribunais de Contas.No que prevê no art. 33, parágrafo 2º, da Constituição Federal de 1988, as “contas do Governo do Território serão submetidas ao Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas da União”. Além do art. 33, parágrafo 2º, as competências do TCU estão previstas nos artigos 71 a 74 e 161, parágrafo único, da Constituição Federal. 014 A estrutura dos Tribunais de Contas no Brasil ocorre da seguinte maneira (Lupion, 2017). Existe um Tribunal de Contas da União - TCU, que é responsável pela fiscalização dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e do Ministério Público. No âmbito Estadual, são 26 Tribunais de Contas Estaduais e um Tribunal de Contas do Distrito Federal, que analisam as contas das unidades da Federação. Em 22 estados, seus respectivos Tribunais de Contas também são responsáveis pela análise das contas dos Municípios. Quatro Estados (Pará, Goiás, Ceará e Bahia) possuem Tribunais de Contas de Municípios, que são responsáveis, exclusivamente, por analisar as contas dos Municípios. Os Municípios São Paulo e Rio de Janeiro possuem próprio Tribunal de Contas Municipal para analisar suas contas. A Constituição de 1988 proibiu a criação de novos Tribunais de Contas Municipais, mas autorizou a manutenção dos já existentes. Dessa maneira, os entes da federação devem prestar suas contas em observância às Normas dos respectivos Tribunais de Contas. A verificação da observância das normas e limites da LRF está a cargo do Poder Legislativo (diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas) e do Sistema de Controle Interno de cada Poder e do Ministério Público. Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes, entes da Federação ou órgãos quando constatarem que o nível de gastos esteja próximo aos limites fixados pela LRF. Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálculos dos limites da despesa total com pessoal de cada ente da Federação e de cada Poder (BRASIL, 2015, p. 19). A LRF define que as contas devem ser consolidadas e divulgadas à população. Por meio de linguagem simples, União, Estados, Distrito Federal e Municípios devem criar e apresentar o Relatório de Gestão Fiscal. É possível, por exemplo, acessar o endereço eletrônico do Tribunal de Contas da União e escolher qual unidade prestadora de contas se deseja verificar. De acordo com Brasil (2015), a divulgação e acesso às informações deve ser amplo, inclusive por meio eletrônico, contudo, cabe à sociedade cobrar de seus governantes e julgar se estão procedendo de maneira fiscalmente responsável. Espera-se, assim, que com o aumento da transparência pretendido, mecanismos de mercado e o processo político possam servir de punição aos gestores fiscalmente irresponsáveis, ao passo que os bons administradores 015 possam ser premiados com o reconhecimento da população e do mercado, inclusive com maior acesso a crédito. FINALIZANDO Na presente aula, tratou-se da prestação de contas e transparência por meio de vários temas. Referente à prestação de contas, demonstrou-se que é prevista na Constituição Federal e se trata de apresentar resultados a serem analisados. Em segundo lugar, a LRF, que objetiva o equilíbrio das contas públicas, tornando a administração mais responsável, principalmente, com a imposição de limites de gastos. Em terceiro, ao abordar conceitos de transparência, constatou-se que a literatura acadêmica sustenta que se trata de um conceito em construção, contudo, é importante ter em mente alguns desses conceitos. Por exemplo, a transparência pode significar a gestão de assuntos públicos para o público, ou o ato de tornar visíveis procedimentos para o público não diretamente envolvido. Em quarto, a LRF aborda a transparência por meio da exigência de ampla divulgação, entre outros, do orçamento e prestação, além do incentivo à população de participação. Por fim, na transparência dos atos públicos, abordou- se a necessidade da prestação de contas aos tribunais de contas para acompanhamento, fiscalização e eventual julgamento de irregularidades. Concluindo, avanços na legislação, como é o caso da LRF, são importantes mecanismos de acompanhamento dos atos dos gestores públicos, sejam esses atos relacionados ao bom gerenciamento dos recursos ou à corrupção. Contudo, é importante que a sociedade fiscalize seus administradores públicos por meio dos dados divulgados e sugira ou exija novos mecanismos que possam tornar a administração pública cada vez mais transparente. 016 REFERÊNCIAS ARMSTRONG, E. Integrity, Transparency and Accountability in Public Administration: Recent Trends, Regional and International Developments and Emerging Issues. United Nations, August, 2005. BRAGA, M. V. A. Prestação de contas: se não presta, não presta. 2013. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/23681/prestacao-de-contas-se-nao- presta-nao-presta>. Acesso em: 24 mar. 2018. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 26 mar. 2018. BRASIL. Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 maio 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp101.htm>. Acesso em: 24 mar. 2018. BRASIL. Lei Complementar n. 131, de 27 de maio de 2009. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 28 maio 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp131.htm>. Acesso em: 24 mar. 2018. BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Tesouro Nacional. MCASP – Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público, 2017. Disponível em: <http://www.tesouro.fazenda.gov.br/mcasp>. Acesso em: 24 mar. 2018. BRASIL. Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Gestão fiscal responsável: cartilha sobre a lei da Responsabilidade Fiscal. 2015. Disponível em: <http://www.planejamento.gov.br/assuntos/planeja/orcamento-federal/lei-de- responsabilidade-fiscal/cartilha>. Acesso em: 24 mar. 2015. CFC – Conselho Federal de Contabilidade. Normas brasileiras de contabilidade: contabilidade aplicada ao setor público: NBCs T 16.1 a 16.11. Brasília: Conselho Federal de Contabilidade, 2012. CNM – Confederação Nacional dos Municípios. Cartilha Lei da Transparência. 2014. Disponível em: <http://www.cnm.org.br/biblioteca/exibe/2543>. Acesso em: 24 mar. 2018. 017 COSTA, R. N. C.; MELHEM, M. G. Contabilidade avançada: uma abordagem direta e atualizada. Curitiba: InterSaberes, 2012. FERNANDES, F. S. Prestação de contas – instrumento de transparência da administração. Revista de informação legislativa. v. 32, n. 127, jul./set. 1995. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/176359>. Acesso em: 24 mar. 2018. GRANDIN, F.; SATRIANO, N. Um em cada cinco municípios do RJ descumpre Lei de Responsabilidade Fiscal. G1, 30 dez. 2017. Disponível em: <https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/um-em-cada-cinco-municipios-do- rj-descumpre-lei-de-responsabilidade-fiscal.ghtml>. Acesso em: 26 mar. 2018. LUPION, B. Para que servem e como funcionam os Tribunais de Contas dos Estados. Nexo Jornal. Disponível em: <https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/03/29/Para-que-servem-e-como- funcionam-os-Tribunais-de-Contas-dos-Estados>. Acesso em: 24 mar. 2018. NUNES, R. F. L. O princípio da publicidade na Administração Pública. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/28626/o-principio-da-publicidade-na- administracao-publica>. Acesso em: 24 mar. 2018. ZUCCOLOTTO, R.; TEIXEIRA, M. A. C.; RICCIO, E. L. Transparência: reposicionando o debate. Revista Contemporânea de Contabilidade, v. 12, n. 25, p. 137-158, 2015.
Compartilhar