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Economia e Sustentabilidade

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Autora: Profa. Ana Maria Belavenuto e Freitas
Colaboradores: Prof. Maurício Felippe Manzalli
 Profa. Ivy Judensnaider
Economia e 
Sustentabilidade
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Professora conteudista: Ana Maria Belavenuto e Freitas
É economista pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC‑SP) e mestre em Integração da América 
Latina pelo Prolam/USP. Atualmente, é professora da UNIP no curso de Ciências Econômicas com larga experiência em 
Gestão Pública, tendo coordenado diversos programas e projetos nas três esferas públicas.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
F866e Freitas, Ana Maria Belavenuto e.
Economia e sustentabilidade. / Ana Maria Belavenuto e Freitas. 
– São Paulo: Editora Sol, 2015.
236 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2‑065/15, ISSN 1517‑9230.
1. Economia. 2. Sustentabilidade. 3. Desafios ambientais. I. Título.
CDU 33:504.06
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Cristina Z. Fraracio 
 Carla Moro
 Virgínia Bilatto
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Sumário
Economia e Sustentabilidade
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 HOMEM E NATUREZA .................................................................................................................................... 11
1.1 Estabelecimento da economia de mercado ............................................................................... 13
1.2 Funcionamento do sistema econômico ...................................................................................... 17
1.3 Fundamentos econômicos aplicados à gestão ambiental ................................................... 19
2 CRISE ECOLÓGICA E A ECONOMIA AMBIENTAL.................................................................................. 25
2.1 O modelo de Balanço de Materiais ............................................................................................... 30
2.1.1 Análise das falhas de mercado .......................................................................................................... 33
2.1.2 Valorando o meio ambiente ............................................................................................................... 38
3 ECONOMIA ECOLÓGICA ................................................................................................................................ 40
3.1 Escassez relativa versus escassez absoluta ................................................................................ 44
3.2 Crescimento e desenvolvimento sustentável ........................................................................... 48
3.2.1 Indicadores de sustentabilidade ....................................................................................................... 54
3.2.2 Indicadores de desenvolvimento humano ................................................................................... 56
3.2.3 Indicadores ambientais......................................................................................................................... 62
3.3 Objetivos do Milênio ........................................................................................................................... 63
3.4 Globalização ........................................................................................................................................... 80
3.4.1 Globalização das questões ambientais .......................................................................................... 86
4 DESAFIOS AMBIENTAIS ................................................................................................................................. 88
4.1 O caso do ar ............................................................................................................................................ 88
4.1.1 Efeito estufa ou aquecimento global ............................................................................................. 90
4.1.2 Protocolo de Kyoto ................................................................................................................................ 93
4.1.3 Redução da camada de ozônio ......................................................................................................... 94
4.2 O Caso da água ..................................................................................................................................... 95
4.3 Economia verde ..................................................................................................................................... 98
4.3.1 Governança e sustentabilidade ......................................................................................................... 99
4.3.2 International Organization for Standardization – ISO ..........................................................102
Unidade II
5 CONVENÇÃO DA DIVERSIDADE BIOLÓGICA – CDB .........................................................................118
5.1 Importância da Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB .....................................119
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5.2 Tecnologia a favor da preservação ambiental ........................................................................131
5.2.1 Pesquisa e desenvolvimento ........................................................................................................... 134
5.2.2 Tecnologia e biossegurança ............................................................................................................. 137
6 POLÍTICA NACIONAL DE PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE ...................................................140
6.1 Código Florestal ..................................................................................................................................142
7 BIOMAS BRASILEIROS .................................................................................................................................143
7.1 Bioma Amazônia .................................................................................................................................145
7.2 Bioma Cerrado .....................................................................................................................................153
7.3 Bioma Caatinga ...................................................................................................................................1567.4 Bioma Pantanal ...................................................................................................................................164
7.5 Bioma Mata Atlântica ......................................................................................................................168
7.6 Bioma Pampa .......................................................................................................................................174
8 ENERGIA ...........................................................................................................................................................179
8.1 Variação do consumo energético no mundo ..........................................................................181
8.2 Variação do consumo energético no Brasil .............................................................................183
8.2.1 Política energética no Brasil ............................................................................................................ 187
8.3 Energia e desenvolvimento econômico no Brasil .................................................................194
8.4 Impactos sobre o meio ambiente, segundo a fonte energética ......................................196
8.4.1 Caso do carvão ...................................................................................................................................... 196
8.4.2 O caso da energia elétrica ................................................................................................................ 198
8.4.3 Energia renovável .................................................................................................................................201
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APRESENTAÇÃO
A disciplina Economia e Sustentabilidade insere‑se numa nova realidade pautada pela consciência 
de preservação do meio ambiente, como condição para a construção de um futuro mais próspero, mais 
justo e mais seguro.
No processo de revisão crítica das abordagens teóricas sobre meio ambiente, ocorre um relativo 
entendimento de que não é possível pensar a natureza sem o homem inserido nela. O desenvolvimento 
sustentável, como imperativo do uso racional dos recursos naturais no momento presente, deve orientar 
a ação humana, de modo a não privar as gerações futuras dos bens e serviços do planeta. Incorpora 
também a ideia de que o bem‑estar só pode ser obtido num mundo onde existe uma melhor distribuição 
dos frutos do progresso econômico.
A Ciência Econômica, assim como outras ciências, passa a inserir em suas análises a questão do 
meio ambiente e do desenvolvimento sustentável. Por ser um processo em construção, há ainda um 
longo caminho a ser percorrido em termos metodológicos. O que há de concreto nesse contexto é a 
forma como a sociedade, governos e empresas estão se posicionando em relação ao assunto. O tema 
está incorporado nas agendas das empresas, dos governos e da sociedade civil organizada, o que tem 
intensificado os debates sobre equilíbrio ecossistêmico.
A teoria, no âmbito da Ciência Econômica, tem contribuído para a compreensão dos efeitos sobre o 
meio ambiente decorrentes das escolhas de como produzir e distribuir mercadorias.
O propósito desta disciplina é discutir, a partir das diversas abordagens teóricas, questões 
relacionadas ao progresso técnico, desenvolvimento sustentável e gestão ambiental, buscando 
situá‑las no contexto da sustentabilidade, tanto do ponto de vista da economia nacional quanto 
internacional.
O equilíbrio ecossistêmico depende das inter‑relações existentes entre todos os seres vivos e 
seu meio abiótico. Nesse aspecto, a disciplina aborda os conceitos utilizados pela Convenção da 
Biodiversidade, já que para entender meio ambiente é preciso ter o domínio dos conceitos e a 
compreensão das ameaças e oportunidades geradas pela diversidade genética do planeta, em especial 
no território brasileiro.
O objetivo da disciplina é contribuir para o desenvolvimento de competências e habilidades que 
se requerem para a atuação profissional na área de conhecimento relacionado ao meio ambiente, que 
serão desenvolvidas em todos os processos de aprendizagem, a partir dos conhecimentos específicos 
adquiridos no decorrer do estudo dos diversos conceitos da disciplina, bem como das sistemáticas 
integradas de avaliação.
Este livro‑texto destina‑se aos que estão iniciando os estudos no âmbito da Ciência Econômica. A 
disciplina compõe a matriz curricular do curso e busca abordar de forma ampla os temas que se incluem 
nos critérios estabelecidos da transversalidade.
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A preocupação não é aprofundar demasiadamente os temas abordados, mas apresentá‑los de forma 
geral e indicar leituras complementares, com o objetivo de estimular a busca de informações mais 
detalhadas a respeito dos assuntos tratados.
O objetivo é introduzir o graduando nos conceitos fundamentais a respeito do tema e dos desafios 
da sustentabilidade, a partir da construção de uma linha do tempo – com a intenção de mostrar como as 
ideias evoluíram ao longo dos anos –, bem como apresentar‑lhes o instrumental metodológico utilizado 
pela Ciência Econômica para explicar o crescimento sustentável.
Também são abordados conceitos relacionados à biodiversidade – que resultaram de acordos 
multilaterais – e desafios de preservação do meio ambiente e manutenção do crescimento econômico, 
pois se tratam de temas relativos à expansão urbana e populacional. Consequentemente, será abordado 
o aumento da demanda de energia, da água e dos recursos da natureza.
INTRODUÇÃO
Gestão sustentável, responsabilidade social e desenvolvimento sustentável são temas que passaram 
a fazer parte das agendas das grandes corporações e dos gestores governamentais. A atuação das 
empresas transnacionais é de ordem mundial e os efeitos decorrentes dessa atuação também se 
apresentam de forma global.
Do ponto de vista do conhecimento científico, à medida que novas ferramentas são incorporadas à 
análise e se aperfeiçoam as metodologias de captação de dados estatísticos, eleva‑se a compreensão dos 
efeitos do uso indiscriminado dos recursos naturais sobre o meio ambiente. Porém, isso não significa que 
o assunto esteja envolto na plenitude de um consenso. As diversas formas de ver e analisar os fatos da 
natureza têm apontado para diversos diagnósticos e, consequentemente, a diversas formas de solução.
Apesar da amplitude que o debate tem atingido recentemente, não significa que essas inquietudes 
se revelaram somente nos últimos anos. Há algum tempo, estudos indicam que a ação indiscriminada 
do homem causa impactos negativos sobre o meio ambiente. O crescimento populacional, o aumento 
de áreas urbanas e, concomitantemente a isso e por causa disso, a crescente produção industrial e 
agrícola em escala exponencial têm explorado à exaustão os recursos ambientais. A ampliação do uso 
dos serviços da natureza produz também, em decorrência do processo de transformação, resíduos não 
utilizáveis que são devolvidos à terra, contaminando o solo, o ar e água.
Sustentabilidade designa equilíbrio e para que ocorra essa sustentação o debate perpassa pela 
revisão dos paradigmas de consumo e produção. A partir do momento em que começa a existir a 
consciência da fragilidade do planeta, manifestada pelos desequilíbrios causados por ação antrópica, 
criam‑se iniciativas que conduzem à revisão crítica das teorias dominantes. Na teoria econômica, as 
variáveis oferta e demanda são ferramentas analíticas utilizadas para compreender o mercado, e as 
questões relacionadas ao meio ambiente passam a compor o modelo.
O termo sustentabilidade é relativamente novo e surge no contexto da reflexão sobre como conciliar 
o equilíbrio entre as necessidades humanas e as do planeta. Um planeta em desequilíbrio resulta em 
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efeitos negativos sobre o homem, como aquecimento global, redução da camada de ozônio, destruição 
de espécies, aumento da desertificação em áreas cultiváveis, dentre outros.
O envolvimento de organismos multilaterais, governo, organizações não governamentais, institutos 
de pesquisa e ensino e organizações empresariais privadas têm contribuído para uma maior mobilização 
social em torno do assunto. Esse movimento tem sido fortalecido pela construção coletiva de conceitos 
e das ferramentas de controle.
O ambiente de negócios está se transformando. Produzir, com responsabilidade e sustentabilidade, 
envolve todos os segmentos produtivos e toda a estrutura hierárquica dos níveis de comando. As 
normatizações internacionais ou nacionais conduzem a essa interposição entre o privado e o público. 
Conhecer e dominar os conceitos sobre desenvolvimento sustentável, responsabilidade social das 
empresas e as ferramentas que os consolidaram torna‑se indispensável à formação do aluno do curso 
de Ciências Econômicas.
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ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE
Unidade I
OS DESAFIOS DO CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL
1 HOMEM E NATUREZA
Um dos fatos históricos utilizados para demarcar a passagem de uma organização social pautada 
em deveres e obrigações para um sistema de produção guiado pelo mercado é a Revolução Industrial. 
O século XVIII é referência para a identificação do aprofundamento das mudanças nas relações sociais 
decorrentes das transformações no modo de produção. Essa nova organização produtiva foi denominada 
de capitalismo.
Como sistema político e social, o novo modo de vida organizado sob o signo do capitalismo foi‑se 
estruturando num longo e constante processo que permeou vários séculos, e no século XIX ele já era um 
sistema aparentemente hegemônico em boa parte do globo terrestre.
Para compreender como decorreu esse processo, é preciso antes de tudo entender que, anterior ao 
advento do sistema capitalista, homem e natureza existiam de forma indissociável.
A vida econômica, nessa fase da história da humanidade, estava voltada a produzir bens para suprir 
as necessidades básicas do próprio grupo social. O trabalho era realizado para transformar os recursos 
da natureza em objetos para a sobrevivência humana. A base do sustento familiar resumia‑se a três 
elementos fundamentais: comida, roupa e alojamento. E tudo provinha da terra. O cultivo das terras, 
as peles de animais, a lã e as fibras vegetais eram os insumos utilizados pelo homem para satisfazer a 
sua necessidade de subsistência. As casas eram erguidas com a madeira extraída da floresta próxima, 
e pedras serviam de alicerce e de piso para essas habitações. Pode‑se ter uma imagem desse mundo 
eminentemente rural, com florestas verdejantes, ar puro e as águas límpidas dos rios e riachos que 
abasteciam a comunidade.
Não existia a propriedade privada dos meios de produção, as pessoas trabalhavam a terra e faziam 
parte dela. O trabalho era uma finalidade em si mesma. O produto do trabalho era repartido com o 
senhor da terra e também era usado para o próprio consumo, e o pequeno excedente produtivo, quando 
ocorria, era trocado por outros bens, nas feiras locais.
Renda e poder – duas coisas que sempre andaram juntas – eram identificadas pelo tamanho e 
ostentação das residências. As casas dos camponeses eram muitas e péssimas. A abundância de mão 
de obra e a relativa falta de terras favoreciam um sistema de organização social no qual a terra era 
direito hereditário do senhor feudal. Também lhe eram favoráveis a tradição, a posição social, as leis e a 
educação. A casa do senhor das terras espelhava o seu status privilegiado.
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Unidade I
Exercendo importante influência tanto sobre o senhor das terras, quanto sobre o camponês, 
estruturava‑se um poder central, representado pela figura do rei, detentor das terras do feudo. A 
estrutura de poder se estabelecia do rei até o senhor das terras, e deste ao trabalhador rural. O clero 
exercia importante papel político juntamente com a nobreza.
Toda a organização da sociedade se baseava em um sistema de serviços e obrigações mútuas que 
envolvia toda a hierarquia social. A tradição era o princípio que organizava a produção. Desse modo, a 
riqueza era gerada pelo trabalho humano, que transformava os bens da natureza em produtos de valor 
de uso pessoal.
O século XI compõe o cenário em que se desenrola a expansão sem igual do comércio, que, no decorrer 
do século XII, torna‑se elemento importante da transformação da organização social, com a formação de 
mercados que deixam de ser apenas locais e passam a abarcar regiões mais distantes. Surge uma nova 
classe social dedicada exclusivamente a essa atividade, que formará a classe dos mercadores capitalistas.
A Europa modifica‑se em decorrência dessa expansão mercantil e com a formação dos Estados‑Nações. 
O mercado e a busca do lucro monetário passam a substituir os costumes e a tradição, e uma profunda 
mudança ocorre na organização do tecido social.
Alguns autores consideram que a especialização do comércio é a base que irá engendrar um novo 
mundo e uma nova forma de vida. A propriedade privada dos meios de produção e a economia de mercado, 
como sistema econômico regulado e dirigido para o mercado, estão no centro dessa transformação. 
Surge a necessidade de proteger contratos e mercadorias. O direito que o comerciante necessita e exige 
é diferente das exigências do servo.
Uma nova ordem social se organiza sobre os pilares de duas classes sociais: a classe trabalhadora, 
que passa a vender a sua força de trabalho, e a classe detentora dos meios de produção, denominada 
de capitalista.
A separação do homem da terra, a instituição da propriedade privada e a produção voltada para o 
mercado inauguram um novo sistema econômico, o capitalismo, e a ciência que se dedicará a explicar 
a organização econômica desse novo sistema é a Economia.
No período da expansão comercial, a corrente de pensamento econômico que busca explicar a 
expansão e a importância do comércio foi denominada de mercantilista.
Os pensadores alinhados à corrente mercantilista observaram as relações de troca (o mercado) e 
a formação dos preços. A partir dessas análises, propunham aos governantes políticas para regular 
o sistema econômico, pois, de acordo com eles, a formação da riqueza de um país originava‑se do 
superávit comercial, ou seja, do ato de exportar mais e importar menos.
A regulação governamental protege o mercado nacional de produtos importados. Serve, portanto, 
para garantir que as exportações de produtos nacionais superem as importações de produtos estrangeiros, 
como forma de aumentar a riqueza do país e o poder dos soberanos.
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ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE
As ideias mercantilistas tiveram forte influência nos governos entre os séculos XV e XVIII.
Outra corrente de pensamento econômico surgia na França do século XVIII. Denominada de fisiocracia, 
essa doutrina contrapunha‑se às ideias dos mercantilistas ao defender que toda a riqueza provinha da 
terra e que a intervenção governamental dificultava o fluxo de renda e de mercadorias, impedindo, 
assim, a expansão econômica. As medidas intervencionistas do governo num determinado segmento 
econômico interromperiam o fluxo da atividade produtiva, uma vez que o organismo econômico 
funcionaria como o fluxo sanguíneo do organismo biológico.
As expressões “laissez‑faire” (deixe que façam) e “laissez‑passer” (deixe que passem) é atribuída aos 
fisiocratas como referência à não intervenção governamental.
Os fisiocratas, como grupo de pensadores, construíram um arcabouço teórico para explicar e dar 
substânciaàs relações econômicas e à organização social de sua época. Ao considerarem como fonte de 
riqueza a agricultura, definiram os agricultores como a única classe produtiva e, portanto, a classe social 
mais importante. Para eles, a indústria apenas transforma a riqueza originada na natureza, e o comércio 
apenas promove a troca de dono dessa riqueza.
 Saiba mais
Sugerimos que você assista a este clássico do cinema americano que 
recompõe o ambiente do século XVI:
O MERCADOR de Veneza. Dir. Michael Radford. EUA; Itália; Luxemburgo; 
Reino Unido: Avenue Pictures Productions, 2004. 138 minutos.
O cenário é a cidade de Veneza, importante Cidade‑Estado e de rotas 
comerciais da época. A narrativa se desenrola a partir da contratação de 
um empréstimo e das dificuldades do devedor em honrar o contrato. Como 
pano de fundo, o papel da Igreja Católica fazendo valer a lei da usura.
1.1 Estabelecimento da economia de mercado
Economia de mercado se caracteriza pela produção voltada para o mercado. Tudo o que é produzido 
para a troca no mercado denomina‑se de mercadoria. O mercado é o local onde as trocas ocorrem, 
onde se compram e vendem mercadorias. À medida que os mercados se expandem, têm‑se uma 
economia de mercado. Uma economia de mercado é um sistema econômico controlado, regulado 
e dirigido apenas por mercados; a ordem na produção e distribuição de bens é confiada a esse 
mecanismo autorregulável (POLANYI, 2000, p. 89). Também classificado como sistema capitalista, ele 
tem como característica a propriedade privada dos meios de produção, a livre iniciativa e a produção 
organizada para o mercado.
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Unidade I
Um dos fatos históricos utilizados para demarcar a passagem do sistema pré‑capitalista para uma 
economia capitalista ou de mercado é a Revolução Industrial. Isso porque esse evento revelou de forma 
mais clara as características intrínsecas dessa nova ordem econômica e social.
A Revolução Industrial revela‑se como uma inovação no método de produção, e o uso da maquinaria 
exigiu uma nova forma de organização do trabalho. Teve início na Inglaterra, na segunda metade do 
século XVIII, e, no decorrer do século XIX, espraia‑se para vários outros países.
É claro que a Revolução Industrial não é um fato estático, ocorrido num determinado dia e hora, mas 
um processo de transformação que foi tomando forma ao longo do tempo.
Além da expansão dos mercados que passou a exigir mais produtos manufaturados, outros fatores 
contribuíram para promover essa revolução. O deslocamento do homem da terra permitiu elevada 
oferta de mão de obra para trabalhar na indústria, e a formatação de um arcabouço legal de proteção da 
propriedade privada, das mercadorias e dos contratos forneceu os elementos de segurança necessários 
ao desenvolvimento dos negócios.
Outro fator importante foi o avanço da ciência, que promoveu o progresso técnico que impulsionou 
o desenvolvimento da indústria. Foi ao longo do século XVIII que ocorreu uma sucessão de invenções 
mecânicas que transformaram de modo profundo a vida das pessoas. Essas novidades foram a máquina a 
vapor e toda uma série de inovações na indústria de tecelagem, como a máquina de fiar e o tear mecânico.
A produção em escala industrial aprofundou as transformações na organização social da época, pois 
permitiu a redução do preço unitário do produto cuja viabilidade econômica se sustenta em base de 
um consumo de massa. Todos esses ingredientes formataram o estabelecimento de uma economia de 
mercado sustentado pelo progresso técnico.
O homem do campo migrou em massa para perto de onde se localizavam os estabelecimentos 
industriais, pois necessitava vender a sua força de trabalho em troca de salário para sobreviver. 
Formavam‑se as grandes cidades industriais, e grande parcela da força de trabalho era empregada pela 
indústria, constituindo‑se, assim, a classe de trabalhadores assalariados.
Segundo Polanyi (2000, p. 51‑60), o miraculoso progresso nos instrumentos de produção foi 
acompanhado de uma catastrófica desarticulação da vida das pessoas comuns, e a motivação do lucro 
passa a substituir a motivação da subsistência. Todo trabalho executado pelo homem pré‑capitalista era 
para atender às suas necessidades naturais; todo esforço físico era para a preservação do homem, como 
espécie vivente.
Porém, no período capitalista, a acumulação do capital é o elemento motivador da atividade 
econômica. Essa nova forma de organização social está alicerçada na indústria, na propriedade privada, 
no assalariamento da mão de obra e no estabelecimento de uma economia de mercado.
A ideologia dominante nesse sistema econômico sustenta que a natureza humana é pautada 
pelo individualismo e pelo comportamento motivado pela busca do prazer. O egoísmo, a avareza e o 
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desejo de bem‑estar formam as bases do comportamento dos homens. O protestantismo e as filosofias 
individualistas do utilitarismo clássico são princípios que se sustentam na ideia da máxima felicidade e 
fornecerão o material filosófico para a evolução das ideias no campo da Ciência Econômica.
Pelo princípio liberal, para existir riqueza é preciso que os bens sirvam para melhorar a vida das 
pessoas, promover a satisfação e o prazer. Em sua forma natural, os bens disponíveis na natureza não 
são capazes, por si só, de satisfazer as necessidades humanas. É preciso transformar esses recursos e isso 
é feito por meio do trabalho humano. A motivação para o homem realizar um trabalho é antes de tudo 
a defesa de sua própria sobrevivência. O excedente produtivo do trabalho é trocado no mercado. Quanto 
mais laborioso for o homem maior será o excedente para a troca, formando assim o mercado de trocas.
No sistema capitalista, o trabalho humano é realizado em troca de um salário e o produto desse 
trabalho não está voltado à sobrevivência do trabalhador e de sua família, mas serve para ser colocado 
à venda no mercado.
Dentre os defensores do liberalismo econômico, temos o filósofo escocês Adam Smith, cuja obra 
se destaca e inaugura a moderna teoria econômica. Nessa obra, Smith busca explicar a natureza do 
comportamento do homem. Segundo ele, o homem tem a propensão de permutar, barganhar e trocar 
coisas, conduzindo ao entendimento de que esse comportamento faz parte da natureza humana e que a 
propensão às trocas existiu desde os tempos primitivos – elas estariam na origem da divisão do trabalho. 
Esse comportamento do homem na busca por satisfazer suas necessidades conduziu ao aumento da 
riqueza e promoveu o bem‑estar geral da sociedade.
 Observação
Percebam que as ações são de ordem individual e conduzem ao 
bem‑estar geral, não sendo necessária a presença do Estado ou governo 
para se obter eficiência econômica ou aumento da riqueza.
Do ponto de vista econômico, a moderna Ciência Econômica começa com a publicação da obra de 
Adam Smith, Uma Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações, em 1776. A obra 
de Smith é um conjunto bem elaborado e estruturado de ideias que irá inaugurar uma nova corrente 
de pensamento denominada de “economia clássica”, também conhecida como “liberalismo econômico”.
Segundo essa corrente, o homem é conduzido pelo seu próprio interesse (comportamento individual), 
o mercado regula preços por meio das forças de oferta e demanda (autorregulação), os desequilíbrios 
entre oferta e demanda são momentâneos e o mercado sempre tende ao equilíbrio.
A base fundamental dessa teoria de propensão às trocas levou à formação dos mercados (locais, 
internos e externos), da divisão do trabalho e do uso da moeda como intermediária de troca.
Os principais pensadores dessa corrente teórica, além de Adam Smith, são Jean‑Baptiste Say, Thomas 
Malthus e David Ricardo.
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Cabe aqui uma breve preleção sobre Thomas Malthus, já que preocupações atuais com o crescimento 
populacional têm sido discutidas à luz de suas teses, cujos seguidores são classificados como 
neomalthusianos.
Ao observar o crescimento populacional e a miséria dos trabalhadores, Thomas Malthus concluiu 
que não haveria alimentos suficientes para matar a fome das pessoas, o que provocaria desequilíbrios na 
coesão social. Isso porque a população cresce em progressão geométrica e os alimentos em progressão 
aritmética. Em consequência disso, Malthus propõe algum mecanismo de controle, como o da taxa de 
natalidade.
No final do século XIX, os teóricos alinhados com a escola clássica introduzem novas formas de 
investigação ao incorporar um elaborado e estruturado método matemático para calcular e explicar o 
funcionamento do equilíbrio de mercado pelas forças de oferta e demanda.
Os principais autores dessa escola, que passaram a ser denominados de novos clássicos ou 
neoclássicos, apoiavam‑se na existência de um mercado livre, operando em concorrência perfeita. 
Numa economia em que existe um grande número de pequenos produtores e de consumidores, o 
livre mercado proporcionaria a alocação ótima dos fatores, de modo a maximizar o valor da produção 
social. A atuação do governo deveria ficar restrita ao mínimo indispensável para manter a ordem social. 
O sistema funcionaria na forma de um fluxo em que as empresas adquiririam fatores de produção 
(terra, trabalho e capital) das famílias no mercado de fatores de produção. De posse desses fatores, as 
companhias produziriam mercadorias para vender no mercado de bens e serviços e maximizar lucros. 
A renda recebida pelas famílias pela venda de fatores de produção seria gasta em consumo de bens e 
serviços.
Segundo esses pensadores, o desejo dos consumidores de maximizar utilidade e dos produtores de 
maximizar lucro conduz o sistema à alocação ótima dos recursos, ou ao equilíbrio geral.
O consumo de mercadorias revela‑se como a fonte de prazer e utilidade que, segundo os neoclássicos, 
era passível de ser calculada ou quantificável, dada uma determinada renda. Daí a elaboração de fórmulas 
matemáticas para calcular a utilidade e derivar a demanda e a oferta.
Ainda segundo essa corrente teórica, o consumidor, de acordo com uma determinada renda, deseja 
comprar a maior quantidade possível de mercadorias. Essa escolha se pauta pela utilidade que cada 
unidade a mais de consumo de mercadoria proporciona ao consumidor, e essa ação individual conduz 
ao bem‑estar de todos.
As unidades produtivas (empresas) têm o mesmo comportamento, pois, ao desejarem maximizar 
lucros, buscam minimizar custos operando com a maior eficiência possível, dado determinado nível de 
progresso técnico.
Os principais autores dessa corrente teórica são: William Stanley Jevons, Karl Menger e 
Léon Walrás.
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1.2 Funcionamento do sistema econômico
Vamos começar definindo o que é uma economia de mercado.
Uma economia de mercado é um sistema econômico controlado, regulado e dirigido apenas pelos 
mercados. A ordem na produção e distribuição de bens é confiada a esse mecanismo, a partir do 
entendimento de que o comportamento humano é dirigido pela maximização de ganhos monetários e 
o mercado naturalmente se autorregula pela interação entre as duas forças que operam nesse mercado: 
demanda e oferta.
Uma forma simplificada de explicar o funcionamento do sistema econômico é o diagrama do fluxo 
circular, no qual estão caracterizados o fluxo da produção e o consumo.
 Lembrete
Os fisiocratas afirmavam que a atividade produtiva do sistema econômico 
funcionava como um fluxo. Essa ideia está contida no diagrama a seguir.
Nessa representação, o sistema econômico funciona de forma harmoniosa e conduz naturalmente 
à condição de equilíbrio. Oferta e demanda funcionam num fluxo contínuo, e a natureza não produz 
limitações ao funcionamento do sistema.
Diagrama de fluxo circular 
Mercado 
de bens e 
serviços
Mercado de 
fatores de 
produção
Empresas Famílias
Receitas Despesa
Venda de bens e 
serviços
Compra de bens 
e serviços
Trabalho, terra e 
capital
Fatores de 
produção
RendaSalário, aluguéis e lucro
Figura 1 – Diagrama do fluxo da atividade produtiva
A renda é formada por: juro, que é o preço do dinheiro e renda para os detentores do dinheiro; 
aluguel, que é o preço da terra e gera renda para os detentores da terra e dos bens imobilizados de forma 
geral; salário, que é o preço para o uso da força de trabalho e constitui renda para os trabalhadores; 
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e lucro, que é a remuneração dos empresários pela venda de seus serviços de produzir e distribuir 
mercadorias. Então, no preço dos bens e serviços, está incluída a parcela que remunera os produtores e 
essa parcela forma a renda dessa classe social.
Elucidadas a composição e a formação da renda no sistema econômico, é preciso que se compreenda 
como se formam os preços. Eles são formados pelo custo de produção mais os lucros. Os custos, por sua 
vez, são formados pela adição do gasto com matéria‑prima, juros, aluguel e lucros.
As equações mostram a formação dos preços, dos custos de produção e do lucro:
Preço = custos + lucro
Custos = MP + juros + aluguel + salário
Preços – lucros = custos de produção
Preenchidas essas condições, todas as rendas derivam das vendas no mercado, e a renda gerada é 
apenas suficiente para comprar todos os bens produzidos. Isso resulta na equivalência entre renda e 
preços.
A autorregulação pressupõe também que a formação dos mercados não será restringida por nenhum 
evento externo ao sistema de mercado, e os rendimentos não poderão ser formados de outra maneira 
senão por meio da venda das mercadorias.
Nem preço, nem demanda, nem oferta devem ser regulados. As políticas e as medidas governamentais 
só são válidas se for para assegurarem a autorregulação do mercado.
As mercadorias (que representam cada componente da indústria e dos serviços) são produzidas para 
a venda e só assim podem estar sujeitas ao mecanismo da oferta e da procura (demanda), cuja relação 
é intermediada pelo preço.
O pressuposto é que existe mercado para cada componente produzido pelo setor industrial e pelo 
setor de serviços, e que cada um desses elementos esteja organizado num grupo de oferta e demanda. 
Esses mercados são interligados e constituem um grande mercado.
Observem que tanto o conceito de mercado quanto de mercadoria têm sentido mais amplo do que 
normalmente utilizamos.
 Lembrete
Lembre‑se de que mercado é o ambiente onde ocorre a interação 
entre consumidores e produtores com o propósito definido da troca, e 
mercadorias são os objetos produzidos para a venda nesse mercado.
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Trabalho, terra e dinheiro são elementos essenciais do sistema de produção. Esses elementos 
necessitam ser organizados em mercados e passam a ser vitais para o sistema econômico.
1.3 Fundamentos econômicos aplicados à gestão ambiental
Um dos efeitos do crescimento econômico é o uso de bens da natureza e da quantidade de resíduos 
que são gerados no processo de produção. Decorrente desse contínuo processo de transformação 
dos recursos extraídos do meio natural surgem os seguintes questionamentos: qual é o limite desse 
crescimento? Qual é o ponto de degradação ambiental que a sociedade suporta?
A Ciência Econômica busca responder a essas questões, sustentadas, principalmente, pelo instrumental 
teórico da corrente neoclássica. Com foco no comportamento humano, os neoclássicos elaboraram 
suas análises sobre os fatores que influenciam a tomada de decisões das pessoas. A partirdas variáveis 
de demanda e oferta, o modelo buscava contribuir para identificar o nível ótimo de produção que 
proporciona o bem‑estar social.
As perguntas que precisavam de respostas eram: qual o nível ótimo de poluição que a sociedade 
suporta? Quanto a sociedade está disposta a pagar para respirar um ar mais limpo?
A corrente neoliberal, apesar de manter em suas análises explicativas do mundo real os mesmos 
fundamentos encontrados no modelo neoclássico, revisa alguns de seus paradigmas e incorpora novas 
metodologias de estudo para explicar a realidade.
Como há o reconhecimento de que não é possível estancar o crescimento econômico, o debate 
transita entre identificar como contornar a questão dos recursos finitos do planeta.
Nesse confronto de ideias, identificam‑se duas linhas metodológicas: uma que reconhece que parte 
da matéria e da energia se perde de forma definitiva no processo de transformação, mas os investimentos 
em inovação tecnológica podem relativizar essa perda; e outra que entende que a escassez é relativa, 
pois nada se perde e tudo se transforma no processo produtivo.
Há convergência no entendimento de que o mercado não consegue resolver sozinho o problema do 
custo ambiental, razão pela qual defendem a intervenção do governo.
Reconhecendo a existência de falhas de mercado, a corrente neoliberal identifica que o sistema 
produtivo provoca externalidades que podem ser negativas. Extraindo da teoria o conceito de 
internalização, que significa incluir nos preços o custo social da contaminação ambiental (externalidade 
negativa), chega‑se ao entendimento de que a solução passa pela intervenção do Estado.
Como o Estado é provedor de bens que são usados socialmente, diferenciam‑se bens privados de bens 
públicos. Bens privados referem‑se a bens que incorporam características de ser excludentes e rivais.
Isso fica mais claro quando, numa situação hipotética, consideramos somente dois consumidores e 
apenas um bem disponível. Se o consumidor A consumir o bem X, o consumidor B será excluído desse 
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consumo. O que significa dizer que um bem qualquer não pode ser consumido ao mesmo tempo por 
dois consumidores diferentes que concorrem para o consumo do referido bem.
Os bens públicos são aqueles acessíveis a todos os consumidores. Um exemplo disso é a iluminação 
pública: todas as pessoas que se utilizam de uma rua ou via pública que foi iluminada o fazem 
indistintamente. O fato de um usuário consumir esse bem não exclui outro desse mesmo consumo. O 
que significa dizer que os bens públicos são mercadorias consumidas socialmente.
 Lembrete
Bens privados têm como característica ser excludentes e rivais.
Bens públicos têm como característica a não rivalidade e não exclusividade.
Esses conceitos são necessários para a compreensão de como o Estado e a sociedade se posicionam em 
relação aos bens que estão disponíveis na natureza. Por exemplo: como classificar o ar que respiramos? 
Trata‑se de um bem público ou privado?
E assim podemos selecionar outros recursos da natureza e tentar classificá‑los entre bens públicos e 
privados, mesmo que, conforme Mankiw (2009), o limite para a classificação das características desses 
bens entre ser rivais e excludentes, simultaneamente, seja muito tênue.
Para entender os fundamentos metodológicos utilizados para explicar o funcionamento do sistema 
econômico e da gestão ambiental, torna‑se necessário compreender as proposições sobre as quais está 
assentado o modelo do equilíbrio geral.
Para iniciar, é preciso lembrar as premissas básicas que dão sustentação ao modelo:
• As trocas no mercado livre harmonizam o interesse de todos os seus participantes, pois os preços 
se movimentam de acordo com o comportamento racional dos consumidores e dos vendedores, 
conduzindo, desse modo, o mercado à alocação ótima dos recursos (mão invisível).
• O livre mercado se ajusta a um equilíbrio com o pleno emprego dos fatores de produção.
• A distribuição de renda é determinada pela produtividade de cada fator de produção.
O gráfico a seguir relaciona as variáveis preços e quantidades e o comportamento dos consumidores 
representado pela curva de demanda. Cada ponto da curva de demanda revela a quantidade procurada, 
de acordo com a variação nos preços. O mesmo ocorre com a representação da curva de oferta, em que 
cada ponto seu representa a quantidade ofertada pelos empresários, segundo a variação nos preços.
É importante relembrar também que os consumidores, dada uma determinada renda, desejam maximizar 
o consumo, e que os empresários, de acordo com um determinado nível de custo, desejam maximizar os lucros.
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Diante dessa expectativa, os consumidores elevam as quantidades demandadas quando os preços 
estão baixos e os empresários aumentam as quantidades ofertadas quando os preços estão altos.
Vejam que essa condição não revela equilíbrio, pois um dos agentes deseja que os preços 
diminuam e outro deseja que os preços aumentem. Porém, essa aparente contradição é 
momentânea e o mercado conduz ao equilíbrio. Isso porque, quando os preços se elevam, os 
consumidores, que são indivíduos racionais, deixam de comprar. Retração no consumo significa 
aumento de estoques nas unidades de vendas. Os empresários, por sua vez, em seu desejo de 
vender suas mercadorias, reduzem os preços. Assim, as ações racionais dos agentes econômicos 
conduzem o mercado ao equilíbrio.
No sentido inverso, quando os preços estão muito baixos, as quantidades ofertadas são inferiores 
às quantidades demandadas. Nessa condição, o mercado opera numa situação de escassez de produtos. 
Então, os consumidores desejosos de comprar o produto aceitam pagar mais, e o preço sobe até o ponto 
onde a demanda se equilibra com a oferta.
Percebam que nesse modelo o mercado sozinho conduz ao equilíbrio entre demanda e oferta, sem a 
necessidade de intervenção do governo.
Essa é a forma clássica de explicar o funcionamento do modelo de equilíbrio autorregulável, também 
denominado de liberalismo econômico ou laissez‑faire.
Preço
 Oferta
 Excedente produtivo
 Equilíbrio
 Escassez de produtos
 Demanda
 Quantidade
Figura 2 – Equilíbrio de mercado
Matematicamente, o modelo é expresso na forma de função demanda ou equação da demanda:
QD=f(P)
Onde:
• QD – quantidade demandada ou procurada de determinado bem ou serviço, num determinado 
período de tempo;
• P – é o preço do bem ou serviço.
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A equação expressa que o comportamento do consumidor na escolha de compra de bens e serviços é 
dado pelos preços. Os preços numa economia de concorrência perfeita são determinados pelo mercado.
Para um melhor entendimento do modelo que explica o comportamento do consumidor guiado pelos 
preços, é preciso considerar que outras variáveis que possam influenciar esse comprador permanecem 
estáticas, como a renda e os preços dos bens substitutos.
A oferta depende de seu próprio preço, do custo dos fatores de produção (preço) e do interesse dos 
empresários.
Matematicamente a função ou equação da oferta é expressa da seguinte forma:
QO = f(P)
Onde:
• QO – representa a quantidade ofertada de um bem ou serviço, num determinado período de 
tempo;
• P – representa o preço do bem e serviço.
Da mesma forma que a demanda, a oferta varia de acordo com o preço. Se o preço aumenta, os 
empresários sentem‑se estimulados a produzir mais para vender mais. Se ele baixa, os empresários 
sentem‑se desestimulados a aumentar a produção.
Pelo lado da oferta também existem variáveis estáticas, ou seja, todas as outras variáveis que 
influenciam o custo de produção (matéria‑prima, salários, preço da terra) permanecem inalteradas.
O modelodo equilíbrio geral permite analisar as condições de mercado e de quaisquer mudanças 
observadas no preço. Tanto a alocação dos recursos quanto a distribuição e quantidade produzida 
podem ser explicadas por esse modelo.
A movimentação do preço pode identificar situação de escassez ou excedente. Uma condição fora 
do ponto de equilíbrio revela a existência de má alocação de recursos, como também de implicações 
resultantes das políticas governamentais que podem alterar o fenômeno da autorregulação.
O capital investido nas várias combinações de trabalho e terra pode fluir de um ramo para o outro, 
conforme o nivelamento automático dos vencimentos nos vários ramos.
Mesmo com as mudanças que ocorrem na organização econômica e que expressam uma realidade 
diferente da concorrência perfeita, a Ciência Econômica explica o funcionamento do sistema capitalista 
de produção e consumo, sustentado no princípio filosófico do hedonismo (a vida boa é uma vida de 
prazer) e da perspectiva utilitarista (o consumo traz satisfação).
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O século XX é um período de tempo em que se revela uma tendência inequívoca de uma nova 
configuração na organização do capital industrial e financeiro. A concentração industrial na forma de 
trustes e cartéis com atuação em escala mundial se manifesta de forma irrefutável.
No plano político, a Primeira Guerra Mundial, a Revolução Soviética e a Segunda Guerra Mundial são 
marcos históricos importantes que demarcarão as políticas públicas de desenvolvimento econômico. 
No plano econômico, a prolongada depressão dos anos de 1930 e as crises de períodos posteriores 
conduzem à revisão dos métodos investigativos da Ciência Econômica, na medida em que começam a 
identificar os problemas da falta de aderência empírica da teoria.
Novos paradigmas são incorporados à análise econômica para dar conta das mudanças no mundo 
dos negócios. Reconhece‑se que a pequena unidade produtiva do modelo de concorrência perfeita 
transformou‑se nas grandes empresas que expandiram seus territórios e sua influência.
A existência de um pequeno número de grandes corporações empresariais atuando em determinados 
mercados revela a existência de barreiras à entrada de novos concorrentes, de preços rígidos, e que a 
inovação tecnológica e de produtos são as variáveis‑chaves de concorrência desse modelo oligopolista.
Para esses grandes conglomerados com atuação em escala mundial, as fronteiras dos países devem 
deixar de ser obstáculos à expansão do comércio e da produção. As mercadorias podem ser produzidas 
em qualquer lugar do mundo, desde que o custo da mão de obra e dos insumos seja mais barato, e 
esse benefício será distribuído a todos os consumidores do mundo, conduzindo ao bem‑estar geral da 
sociedade em dimensão global.
O âmbito dos negócios é global e os organismos multilaterais funcionam como uma corrente de 
transmissão dessa ideologia para o resto do mundo, como é o caso da Organização Econômica para 
Cooperação dos Países, que, num relatório de 1994, escreveu a seguinte mensagem:
É preciso se adaptar para progredir em um mundo de novas tecnologias, 
globalização e da concorrência nacional e internacional intensa. Os ganhos 
potenciais podem ser ainda maiores do que aqueles promovidos pela 
abertura das economias, após a Segunda Guerra Mundial (THE OECD JOBS 
STUDY, 1994).
Nesse processo de adaptação, os líderes dos países se empenharam em promover o crescimento 
econômico na busca dos ganhos potenciais da concorrência internacional, e com isso grandes 
empresas passaram a produzir e utilizar fatores de produção local para uma oferta de mercadorias de 
ordem global.
Entretanto, esse estímulo produtivo não foi acompanhado de uma correta avaliação das consequências 
que esse crescimento poderia causar sobre o meio ambiente. Produzir mais significa utilizar mais energia 
elétrica e mais recursos extraídos da natureza, como minérios, madeira, petróleo, carvão, ocupação do 
solo etc., e ainda gerar mais resíduos que voltam para natureza.
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Nesse processo, os custos ambientais são repassados a todos os seres viventes do planeta, como é o 
caso da poluição, do aquecimento global e da supressão de espécies.
Para explicar uma melhor eficiência na gestão dos recursos ambientais, modela‑se uma metodologia 
incorporando as implicações decorrentes do crescimento econômico sobre o meio ambiente. Alicerçado 
pelo instrumental neoclássico da microeconomia, os teóricos da economia ambiental desenvolvem uma 
linha metodológica conhecida como Balanço de Materiais.
Um dos avanços teóricos foi o reconhecimento de que o meio ambiente é um bem público e que o 
processo produtivo promove externalidades.
Até então tratadas como situações de exceção, as externalidades agora assumem papel importante 
no conjunto da obra: reconhece‑se que, no processo de transformação de matérias‑primas em bens 
finais, produzem‑se também externalidades que afetam todo o conjunto social. Por outra ótica, as 
externalidades nem sempre são negativas e em determinadas situações revelam‑se como fatos positivos 
e benéficos socialmente.
A partir do entendimento de que o mercado não é perfeito, que existe assimetria de 
informação – mesmo com o extraordinário avanço nas tecnologias de informação – e de que 
as externalidades são eventos que o mercado por si só não é capaz de internalizar, verifica‑se a 
existência de falhas de mercado. Essas falhas podem ser corrigidas pela atuação do Estado, que 
detém os instrumentos necessários para essa correção e para uma nova condução do sistema à 
situação de equilíbrio.
Considerando que, sob o ponto de vista econômico, não é possível eliminar totalmente a degradação 
ambiental sem afetar adversamente a atividade econômica, questiona‑se sobre a possibilidade de existir 
um nível ótimo degradação ambiental.
A teoria econômica sugere que, na ausência de externalidade, a quantidade socialmente ótima 
de degradação é aquela que maximiza o benefício social líquido dos participantes do mercado. Por 
exemplo, o dióxido de carbono expelido pela queima de combustível dos carros polui o ar das cidades 
afetando seus moradores, independentemente de possuírem ou não carros. A poluição do ar revela‑se 
como uma externalidade negativa. O trânsito nas grandes cidades transborda o espaço da racionalidade 
e externaliza seus custos derivados do congestionamento.
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Figura 3 – Representação de externalidade negativa
Por outro lado, áreas verdes promovem externalidades positivas, pois as plantas em seu processo de 
fotossíntese transformam gás carbônico em oxigênio, melhorando a qualidade do ar. Espaços verdes 
como parques, jardins etc. fornecem serviços ambientais importantes para o bem‑estar e melhoria das 
condições de vida da população, inclusive, nos grandes centros urbanos.
Figura 4 – Representação de externalidades positivas
2 CRISE ECOLÓGICA E A ECONOMIA AMBIENTAL
Para uma melhor compreensão, no âmbito da Ciência Econômica para os problemas ambientais, é 
preciso, antes de tudo, entender o contexto em que essas mobilizações ocorreram.
Antes de iniciarmos a análise da aplicação da teoria econômica aos problemas ambientais, vamos 
resgatar os fatos que conduziram à tomada de consciência sobre a importância de se incorporar no 
escopo metodológico da Ciência Econômica as questões relacionadas aos problemas ambientais.
E para iniciarmos precisamos ter a clara compreensão do que significa o termo meio ambiente e as 
circunstâncias que acompanham o fato.
Esse conceito ficou definido na Primeira Conferência das Nações Unidas, ocorrida em Estocolmo, 
na Suécia, em 1972. Essa conferência é importante, pois inaugurou uma agendasobre o meio 
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ambiente e sensibilizou sobre a busca de um novo paradigma econômico que conciliasse crescimento 
com preservação.
É nessa conferência que “meio ambiente” foi conceituado como um recurso produtivo que é de 
propriedade comum.
Apoiando‑se no conceito de Estocolmo, podemos sinteticamente assumir que meio ambiente se 
confunde com o próprio planeta Terra. Então, quando usamos a palavra natureza estamos tratando da 
mesma coisa, uma vez que a natureza é composta por todas as coisas vivas e não vivas que existem na 
Terra. Tudo o que acontece com a natureza (meio ambiente) altera os ecossistemas, que por sua vez tem 
reflexo sobre os seres vivos e não vivos do planeta.
Desagregando ainda mais o conceito, podemos considerar que se trata de todas as unidades 
relacionadas a recursos naturais – que não são originadas das atividades humanas –, como a vegetação, 
os animais, os microorganismos, o solo, as rochas, a atmosfera, o ar, a água, a energia (descarga elétrica, 
magnetismo, gravidade etc.) e isso tudo é de propriedade comum.
Figura 5 – Representação de meio ambiente
Sob outro aspecto existe uma identidade do homem com o seu meio ambiente. Esse elo entre 
a natureza e o homem forma a sua identidade cultural, que é reflexo do meio de onde se originou, 
e sua adaptação a esse ambiente do ponto de vista biológico é identificado como uma espécie de 
diversidade biocultural.
 Lembrete
“Meio ambiente é o conjunto de componentes físicos, químicos, 
biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos ou indiretos, em 
um prazo curto ou longo, sobre os seres vivos e as atividades humanas” 
(ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1972).
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ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE
Na convenção de Estocolmo, reconhece‑se que o nível de exploração à exaustão do meio ambiente, 
acima do socialmente ótimo, conduz à degradação desse recurso resultando no uso ineficaz dos recursos 
da natureza e produzindo ineficiência alocativa materializada pela degradação ambiental.
Mas, o que leva a ONU e outras instituições a mobilizarem recursos humanos e financeiros para 
discutir problemas ambientais?
Essa mobilização é resultado dos problemas relacionados à emissão de poluentes no ar observados 
nos grandes centros urbanos industriais. Nos anos de 1970, a poluição do ar já se revelava como um 
problema de saúde pública, haja vista os problemas de saúde pública.
Além da emissão de poluentes no ar pelo setor industrial, somam‑se os problemas decorrentes do 
uso de novas tecnologias materializadas na forma de agrotóxicos, o que aumenta os efeitos sobre os 
seres vivos.
Começa a sedimentar‑se uma consciência sobre as fragilidades de um ambiente que é interconectado 
e onde qualquer alteração pode afetar o sistema por inteiro. A inquietude social vai tomando forma 
coletiva. Especialistas em suas diversas áreas de conhecimento se dedicam a analisar os impactos 
ambientais. No final da década de 1960 e início dos anos de 1970, é publicada uma série de estudos 
investigando os efeitos do crescimento econômico sobre o meio ambiente.
Uma obra, em especial, instigou e exaltou as opiniões e deu forma a um movimento ambientalista 
que irá influenciar de forma significativa as políticas governamentais futuras.
Trata‑se do trabalho da bióloga americana Raquel Carson. Em seu livro Primavera Silenciosa, 
publicado pela primeira vez em 1962, faz um alerta sobre o uso indiscriminado dos pesticidas químicos 
sintéticos na agricultura. A autora chamou a atenção para os efeitos dos agrotóxicos no meio ambiente 
e, consequentemente, sobre os seres vivos. Isso atingia diretamente a poderosa indústria química em 
plena fase de expansão em razão das mudanças na estrutura produtiva da economia agrícola. O progresso 
técnico e a produção em larga escala criavam novas formas de competição. A quantidade sem precedentes 
de uso dos agrotóxicos se encaixava perfeitamente nesse contexto competitivo pelo controle de mercado.
Carson destacou a necessidade de se respeitar o ecossistema como forma de preservar a saúde 
humana e a natureza. Suas ideias foram um marco histórico que desencadearam uma série de iniciativas 
a respeito da questão ambiental.
Nesse intrincado jogo entre o interesse coletivo e o privado, buscou‑se encontrar uma solução que 
garantisse o bem comum com justiça ambiental e acesso às informações sobre os riscos do uso dessas 
tecnologias. Um dos legados da obra de Carson foi a criação, em 1970, da Agência de Proteção Ambiental 
Norte‑Americana e, posteriormente, as ações comandadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), 
com foco sobre o modelo econômico e seus efeitos sobre o meio ambiente.
A expansão industrial que comandou a formação dos novos conglomerados urbanos, atraindo 
número cada vez maior de pessoas, desencadeou uma série de eventos que afetaram o meio ambiente. 
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A emissão descontrolada de poluentes na atmosfera, a elevação no consumo de energias fósseis não 
renováveis, o aumento da demanda por alimentos que passam a ser produzidos em larga escala para 
atender ao crescimento populacional nos grandes centros urbanos, os resíduos industriais e domésticos 
etc., tudo isso acumulava evidências de que o modelo econômico estava conduzindo ao esgotamento 
dos recursos da natureza e promovendo desequilíbrio dos ecossistemas.
Tornavam‑se cada vez mais evidentes os efeitos, sobre as pessoas e animais, de um modelo de 
crescimento econômico que buscava a qualquer custo a maximização do lucro e da satisfação do 
bem‑estar, traduzidas pelo consumo cada vez maior de mercadorias. Isso conduz à reflexão crítica do 
modus operandi do sistema econômico baseado na cultura do consumismo.
Essa sensibilização, por outro lado, tornou‑se produtiva, principalmente a partir dos anos de 1970, 
quando começaram a ser elaborados documentos, pesquisas e convenções a respeito dos efeitos sobre 
o meio ambiente do modelo econômico em expansão.
Uma série de estudos tiveram como foco de análise o impacto ambiental e os limites impostos pela 
natureza a esse crescimento. Dentre eles, está o relatório do Clube de Roma, intitulado Os Limites do 
Crescimento (BELLEN, 2006), que veio a público em 1972, mesmo ano em que é realizada a Conferência 
das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, organizada pela ONU, ocorrida em Estocolmo, na Suécia.
 Observação
O Clube de Roma é uma associação de cientistas políticos e empresários 
que contratou uma equipe do Massachusetts Institute of Technology (MIT) 
para elaborar, sob a coordenação de Dana Meadows, um modelo que 
permitiu simular a evolução da economia mundial. Nesse estudo, chegaram 
à conclusão de que, mantido o ritmo de crescimento econômico e de 
crescimento populacional, o planeta não teria como fornecer os recursos 
necessários à dinâmica do crescimento.
Encomendado pelo Clube de Roma ao Massachusetts Institute of Technology (MIT), o documento já 
alertava sobre os efeitos do crescimento econômico e ressaltava que os problemas ambientais eram de 
ordem global e se aceleravam de forma exponencial.
O relatório concluiu que a expansão industrial, o aumento da poluição, bem como as ameaças do 
crescimento populacional e, consequente, o aumento da demanda por alimentos (neomalthusiana), 
levaria a um colapso dos recursos naturais ameaçando o crescimento econômico. As análises contidas 
no documento provocaram um amplo debate sobre o assunto, até mesmo porque rompem com a 
concepção dominante de crescimento ilimitado e de ausência de limites no uso dos recursos da natureza 
(BELLEN, 2006, p. 21).
Ainda no ano de 1972, a ONU cria o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). O 
PNUMA é uma agência do sistema das Nações Unidas que coordena asações relativas ao meio ambiente 
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e suas prioridades são as catástrofes, o crescimento populacional e seus conflitos, a intensificação do 
processo de urbanização, a gestão do ecossistema, a governança ambiental, as substâncias nocivas, a 
eficiência dos recursos e as mudanças climáticas.
As agências multilaterais têm um papel preponderante na divulgação e organização dos eventos que 
culminaram no avanço do entendimento sobre as ameaças ao meio ambiente, e a criação do PNUMA, 
sem dúvida, foi um passo importante nessa direção.
Isso porque os desastres ambientais provocados pela ação humana continuaram acontecendo, 
como foram os casos da contaminação por mercúrio das águas da Baia de Minamata (1972), onde 
uma comunidade inteira de pescadores japoneses sofreram os efeitos desse acontecimento; na Itália 
(1976) um acidente em uma fábrica química liberou substâncias venenosas sobre a cidade de Seveso; 
e os casos não ficaram restritos a esses, que na época já atingiam dimensões sem precedentes. Um 
pior estaria por acontecer.
Pouco depois da criação da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – CMMAD 
– em 1983, pela ONU, um evento de dimensões nunca vistas antes provoca uma espécie de catarse social, 
devido à sua grandeza e gravidade. Os efeitos da contaminação radioativa que resultou do acidente na 
usina nuclear de Chernobil (1986), na Ucrânia, permanecem até os dias atuais: além de destruir animais 
e plantas do entorno onde se localizava a unidade industrial, provocou efeitos negativos de dimensão 
global. A radioatividade que se espalhou no meio ambiente atingiu parte da Europa e do Reino Unido. 
Os moradores do local, os trabalhadores da usina e os convocados para os trabalhos de contenção do 
dano sofreram de doenças que foram relacionadas à contaminação.
A contaminação resultante do acidente de Chernobil afetou a população da época do desastre, mas 
sabe‑se que seus efeitos ainda perduram e prejudicarão as gerações futuras, não se podendo estimar 
por quanto tempo.
Para coordenar a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a ONU 
convidou a médica norueguesa Gro Harlem Brundtland. O resultado do trabalho da comissão se 
materializa no documento de 1987 intitulado Nosso Futuro Comum (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE 
MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1991), que traz para o debate público a necessidade do uso 
racional dos recursos no presente para que se possa garantir o atendimento das necessidades das 
gerações futuras.
Porém, antes que o resultado desse trabalho viesse a público, mais um evento entra na lista de 
acidentes graves. O fato ocorreu em Bhopal (1984), na Índia, quando um vazamento de gás venenoso 
de uma unidade da Union Carbide provocou a morte de milhares de pessoas.
Esses fatos serviram para sedimentar o entendimento de que os problemas poderiam acontecer em 
qualquer lugar do mundo com efeitos catastróficos sobre o meio ambiente e, sobretudo, à população. 
Começa a existir certo consenso de que os problemas eram comuns a todos, independentemente de país 
ou região.
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Unidade I
Essas ideias vão se fortalecendo à medida que se sistematizam uma série de eventos de desastres 
ambientais de grandes proporções e devido à mobilização social, que passa a cobrar mais acesso à 
informação e menor interferência da indústria no meio ambiente.
O vazamento de petróleo do petroleiro Exxon Valdez, no Alasca (1989), dentre outros, amplia a 
consciência social dos perigos e efeitos danosos de desastres ambientais dessa monta para o ecossistema.
Todos esses eventos juntos criavam o ambiente de inquietude social e, para aumentar ainda mais essa 
instabilidade, a crise do petróleo que resultou da elevação dos preços a patamares jamais observados até 
então – que tem início nos anos primeiros anos de 1970 – coloca em cheque toda a estrutura industrial 
assentada no uso intensivo de um recurso não renovável. Isso causou desconfiança quanto à duração e 
dependência dessa fonte de matéria‑prima.
Esses acontecimentos serviram para a mobilização de recursos para enfrentar o problema da gestão 
ambiental. Tanto é que o Banco Mundial, criado em 1945 com a missão de financiar a recuperação dos 
países destruídos pela Segunda Guerra Mundial, criou também um departamento voltado a estudos 
sobre o meio ambiente. Com o surgimento desse departamento, o banco tem contribuído para o debate 
com estudos e pesquisas, e sua linha de financiamento tem dado suporte a projetos na área ambiental.
Organizações não governamentais (ONGs) como a World Wildlife Fund (WWF), a Conservation 
International (CI), a Nature Conservancy (TNC) e a Worldwatch Institute (WWI) também têm presença 
ativa na organização, produção e difusão de informações sobre políticas e ações sobre meio ambiente.
São essas ações mobilizadoras que contribuirão com o envolvimento da comunidade científica, e 
os economistas, que até então vinham explicando as relações de produção e consumo com as mesmas 
ferramentas metodológicas, são desafiados a repensar o modelo. O mundo do século XX e XXI é muito 
diferente daquele do período da Revolução Industrial e as relações sociais também passaram por 
intensas mudanças. A teoria econômica aparentemente tinha ficado velha e era preciso encontrar um 
novo modelo.
No campo da Ciência Econômica são elaborados estudos analisando o impacto ambiental do 
crescimento econômico, principalmente sobre os problemas causados pela poluição nos grandes centros 
industriais: há o reconhecimento da existência de uma correlação positiva na passagem da economia 
agrícola para a economia industrial, pois passa a ocorrer um aumento na emissão de poluentes no ar.
2.1 O modelo de balanço de materiais
Utilizando as mesmas ferramentas empregadas para explicar o funcionamento do mercado, mas 
reconhecendo a existência de externalidades, busca‑se identificar e propor soluções.
O modelo do fluxo circular da atividade econômica é redesenhado para explicitar a relação entre 
atividade econômica e meio ambiente. O diagrama representa as mesmas relações apresentadas 
para explicar as interações de produção e consumo. A novidade está na inclusão da natureza nessa 
inter‑relação da atividade econômica.
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As famílias, de posse das matérias‑primas da natureza, ofertam esses recursos demandados pelas 
empresas no mercado de fatores. Então, elas gastam no mercado de bens e serviços a renda gerada pela 
oferta dos recursos; esse consumo gera resíduos, e as empresas no processo de produção também os 
geram. Em ambos os casos, pode‑se recuperar, reciclar e reusar na forma de nova mercadoria.
Natureza
Mercado de produtos
Resíduos de produção Resíduos de consumo
Recursos naturais extraídos
Recuperação, reciclagem, reúsoReúso, reciclagem, recuperação
Empresas:
• ofertam bens e serviços;
• demandam recursos.
Famílias:
• demandam bens e serviços;
• são fornecedores de recursos.
Mercado de fatores
Figura 6 – Representação do modelo da atividade produtiva
Para uma melhor compreensão da Teoria de Balanço de Materiais é preciso recorrer ao conhecimento 
desenvolvido na área da Física, especificamente a primeira lei da termodinâmica. Segundo essa lei, nada 
se cria nem se destrói, tudo se transforma.
Aplicando‑se esse princípio ao sistema produtivo, conclui‑se que tudo que é extraído da natureza, 
transformado em bens e serviços e consumido, iguala‑se ao fluxo de resíduos gerados que retornam à 
natureza, conforme demonstrado no diagrama anterior.
De acordo com o modelo do Balanço de Materiais, reconhece‑se que tudo o que é extraído da 
natureza, sejam os combustíveis, alimentos ou qualquer outro tipo de matéria‑prima, gera resíduos,bem como os bens finais consumidos pelas empresas e pelo indivíduo também geram resíduos. 
Tudo o que é extraído da natureza volta na mesma quantidade, mas não na mesma qualidade para 
o meio ambiente.
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 Observação
Quando tratamos de economia ambiental, estamos referindo‑nos a 
uma corrente de estudo que, a partir do instrumental microeconômico, 
estuda os inputs (retirada dos recursos da natureza) e os outputs (como 
estão sendo tratados os rejeitos de materiais e a poluição), de modo que 
ocorra uma melhor gestão dos recursos.
Reconhecer a existência de externalidades que diferenciam os custos privados dos custos sociais é um passo 
importante para o desenvolvimento da análise. Ao entender que a poluição é uma externalidade negativa, que 
promove um elevado custo social, busca‑se identificar as causas e encontrar a solução para o problema.
Reconhece‑se que o ar é um recurso de uso comum e que está sendo contaminado por partículas 
sólidas, gases ou matérias que prejudicam o ecossistema e o bem‑estar das pessoas. Se uma empresa 
polui o ar, ela está transferindo para todos os seres vivos um custo de produção, sejam eles participantes 
ou não desse mercado em específico. Por exemplo, os poluentes produzidos pelos carros e aspirados por 
aqueles que não têm carro, mas têm alergia aos seus poluentes, geram um custo social que recai sobre 
todos, pois as pessoas apresentarão maior incidência de doenças respiratórias.
Uma comunidade que é afetada negativamente vê o seu bem‑estar diminuído. O custo do tratamento 
é suportado pela sociedade e isso não entra no custo de produção a ser pago pelos consumidores 
nesse mercado em específico. O fato de os agentes econômicos tomarem decisões buscando atender 
exclusivamente a interesses próprios conduz a falhas de mercado.
Nem sempre é possível conciliar os interesses das firmas que desejam maximizar lucros com o dos 
indivíduos que estão em busca de maximização de bem‑estar. Essas ações podem afetar positiva ou 
negativamente outras empresas ou indivíduos.
Na presença de externalidades, a alocação dos recursos escassos deixa de ser socialmente eficiente, 
pois altera as avaliações feitas pelos consumidores e produtores, incentivando‑os a consumir e produzir 
quantidades que não maximizam os benefícios sociais líquidos. Para se obter a eficiência alocativa, isto 
é, para que se alcance o nível de equilíbrio, ponto onde são maximizados os benefícios sociais líquidos, 
os níveis de consumo e de produção precisam ser alterados.
Dois caminhos podem ser perseguidos para se conseguir o nível socialmente ótimo de consumo de um bem 
ou serviço ambiental: um deles é pelo envolvimento voluntário da sociedade; o outro, pela intervenção do Estado.
Deixar que os próprios indivíduos encontrem a solução mais eficiente significa aceitar que o 
sistema sozinho conduza ao equilíbrio de mercado. Os indivíduos, ao desejarem maximizar o bem‑estar, 
e as empresas, querendo maximizar os lucros, encontrarão a solução ótima de produção e consumo 
conseguindo por esse método a solução mais eficiente. Por sua vez, esse resultado só pode ser obtido se 
estiverem presentes as hipóteses sustentadoras do modelo.
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ECONOMIA E SUSTENTABILIDADE
Outro mecanismo é transferir a responsabilidade para o Estado, que dispõe de mecanismos de 
correção, tais como:
• Políticas de comando‑e‑controle: instrumentos de promoção de incentivos para eventos positivos 
ou inibição para eventos negativos, formatando, assim, o comportamento do agente responsável. 
Essa ação pode ser utilizada ex‑ante ou ex‑post ao efeito ambiental.
• Mecanismos baseados em instrumentos de mercado: no caso de eventos positivos, o Estado pode 
aplicar políticas de subsídios, devolução de depósitos preventivos etc. No caso de eventos negativos, 
por meio de elevação tributária, multas etc.; ou até mesmo por mais de um instrumento.
Para os neoliberais da corrente econômica caracterizada como “economia do meio ambiente”, a 
sociedade pode transferir ao Estado a correção das falhas de mercado de modo a igualar os custos 
privados aos custos sociais.
 Observação
Externalidades positivas representam ganho social (benefício) e 
extrapolam o mercado em si mesmo. É o caso do reflorestamento, das 
descobertas científicas na área da saúde, como as vacinas, que se revelam 
como ganho social e medida de bem‑estar.
Externalidades negativas significam um custo social, como é o caso da 
poluição que causa a chuva ácida e reduz a camada de ozônio.
2.1.1 Análise das falhas de mercado
Segundo o modelo de Balanço de Materiais, os problemas ambientais são o resultado do funcionamento 
do mercado. Qualquer posição acima do ponto de equilíbrio significa excedente produtivo e qualquer 
ponto abaixo do ponto de equilíbrio significa escassez de produtos (THOMAS; CALLAN, 2010, p. 37).
Apoiado no modelo de oferta e demanda, busca‑se o entendimento de como as atividades de mercado 
geram resíduos poluentes e por que as forças de mercado (demanda e oferta) não solucionam o problema. 
Ao mesmo tempo em que se reconhece que o modelo é eficiente para explicar o funcionamento do 
mercado, admite‑se, também que existem falhas. Se esse modelo não é capaz de encontrar, por si só, a 
solução, isso significa que alguma coisa não está funcionando plenamente, pois se observa a situação 
em que o mercado opera fora do ponto de equilíbrio.
Quando se estuda a oferta e a demanda de um mercado em específico, a análise recai sobre o 
comportamento dos agentes que nele operam. Assim, quando estudamos o comportamento desses 
agentes no mercado de carros novos, por exemplo, estamos analisando quantos carros novos os 
indivíduos desejam comprar e quantos carros novos as empresas desejam colocar no mercado, dado 
um determinado preço. Na compra e venda desses veículos, estão interagindo apenas a indústria 
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Unidade I
automobilística e as pessoas que desejam um automóvel para seu deslocamento. Porém, existem 
aqueles que estão fora desse mercado, não desejam ou não dispõem de poder de compra desse produto. 
Ao produzir o automóvel, a indústria estará emitindo gases poluidores na atmosfera, e os usuários de 
automóveis, ao consumirem e usarem o produto, também contribuem para o aumento da poluição.
Todos estarão sob o efeito da poluição, independentemente de participarem ou não desse mercado. 
Não se incorporam na análise os efeitos do aumento das vendas de carros, como o impacto no trânsito, 
na conservação das vias públicas, o aumento ou não do nível de poluição no ar etc.
O caso dos agrotóxicos também serve como exemplo. Atuam nesse mercado as empresas químicas 
que ofertam o produto e os agricultores que o demandam. Ao produzirem, as empresas emitem poluentes, 
e os agricultores, ao utilizarem o produto, também contaminam o ar e água que são consumidos por 
aqueles que não participam diretamente do mercado de agrotóxico.
Muitos outros exemplos podem servir para explicitar os efeitos colaterais dessas relações, mas esses dois 
são suficientes para elucidar a metodologia utilizada pela Ciência Econômica para explicar o mundo real.
Situações como as apresentadas são denominadas de externalidades negativas ou falhas de mercado. 
Portando, são situações que revelam que o bem‑estar proporcionado pelo mercado depende de mais 
coisas do que o preço pago pelos consumidores e o custo de produção.
A partir do momento em que se reconheceu que as decisões tomadas pelos consumidores e 
empresas provocavam efeitos que extrapolavam o próprio mercado, então, era o momento de rever 
alguns paradigmas teóricos.
Era preciso considerar que a tomada de decisão impactaria em quantidade e qualidade os recursos 
extraídos da terra (THOMAS; CALLAN, 2010,

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