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TÓPICOS ESPECIAIS EM DIREITO ITÓPICOS ESPECIAIS EM DIREITO I EIXO DE DIREITO PRIVADO –EIXO DE DIREITO PRIVADO – DIREITO CIVIL E DIREITODIREITO CIVIL E DIREITO EMPRESARIALEMPRESARIAL Autor: Me. Thiago Cesar Giazzi Revisora : Lar issa Gonçalves I N I C I A R Introdução Nesta unidade, será tratado o conteúdo sobre as principais disciplinas do Direito Privado: Direito Civil e Direito Empresarial. Abordaremos os temas conforme o recorte temático apontado pelos exames da OAB, dando ênfase aos conteúdos cobrados de forma mais reincidente. Possibilita-se uma macro revisão sobre todo o conteúdo de Direito Civil estudado na graduação, tais como a teoria geral, a teoria das pessoas e bens, a teoria contratual, os negócios jurídicos, a responsabilidade civil, o direito das famílias e o direito de sucessões. De semelhante modo, apresenta-se o conteúdo de Direito Empresarial, tratando da teoria da empresa, do direito cambiário e da recuperação e falência das empresas. introdução O Direito Civil é o ramo do Direito próprio para regulamentar, prever e tutelar os direitos inerentes às atividades da vida privada, desde o momento do nascimento (estendendo as expectativas ao nascituro), passando pelas aquisições de obrigações e deveres e encerrando com a morte. Neste momento, com recorte para preparação e revisão dos assuntos que mais caem no exame da Ordem dos Advogados, serão abordadas as disposições sobre as pessoas, suas obrigações e contratos e a responsabilidade pelo descumprimento. Teoria Geral do Direito Civil Tem-se o Código Civil, Lei nº 10.406/2002, como principal diploma normativo para tratamento dos assuntos ligados à vida privada dos sujeitos. Ele estipula regras e princípios sobre os fatos jurídicos ocorridos com pessoas naturais e jurídicas, bens e coisas, negócios jurídicos, contratos, descumprimento dos contratos, realização de atos ilícitos (responsabilidade civil), fatos jurídicos das famílias e direito de sucessões. Assim, tutela a vida humana privada desde o nascimento até as consequências ocorridas após a morte. Pessoas Naturais e Capacidade (Arts. 1º a 5º, CC) As pessoas humanas, também chamadas, pelo Direito, de pessoas naturais, são o centro da proteção jurídica e os principais atores de transformação da realidade, em razão de sua capacidade de manifestação de vontade. Sendo assim, quando se adquire personalidade, torna-se uma pessoa para o mundo jurídico, possuindo capacidade para ser sujeito de direitos. Em que pese a vida intrauterina ter natureza humana, exclui-se da Direito Civil – 1ª ParteDireito Civil – 1ª Parte capacidade de ser sujeito de direito quando, no momento do nascimento, não houver respiração (natimorto). Da mesma forma, enquanto em estado de nascituro (vida intrauterina), �cam resguardados os direitos, aguardando o nascimento com vida, quando receberá a personalidade. Quadro 1.1 - Cronologia de capacidade de direito e capacidade plena Fonte: Elaborado pelo autor. #PraCegoVer: o quadro tem quatro colunas, sendo nomeada a primeira como “antes do nascimento”, a segunda como “momento do nascimento”, a terceira “efeito jurídico” e a quarta “exercício de capacidade plena”. Dessa forma, demonstra, nas três primeiras colunas, que, antes do nascimento, o nascituro possui expectativas de direitos e seus direitos devem ser resguardados para quando nascer com vida. Na segunda coluna, demonstra que, se nasceu com vida, ou seja, se respirou após o parto, vai adquirir a capacidade de direito, recebendo os direitos que estavam resguardados. Se nasceu sem vida, não adquiriu capacidade de direito, portanto, não recebeu direitos civis. Na quarta coluna, explica-se que o sujeito que nasceu com vida somente terá capacidade plena, ou seja, a de direito e a de fato juntas, após maioridade ou emancipação. Antes do parto (nascimento) Momento do parto (nascimento) Efeito jurídico Exercício de capacidade plena Nascituro: expectativa de direitos. Direitos resguardados. Respirou – nasceu com vida. Adquire capacidade de Direito – recebe os direitos do nascituro que estavam resguardados. Quando completar a maioridade ou for emancipado. Antes dos 16 anos ou sobrevindo alguma causa prevista em lei será plenamente incapaz. Não houve in�amento dos pulmões – não respirou – natimorto. Não adquire capacidade de Direito – os direitos do nascituro não se efetivam, eram apenas expectativas. - A capacidade de direito é o nome dado à potencialidade de exercício da personalidade jurídica (ser reconhecido pelo Direito como uma pessoa), entretanto, o sujeito de capacidade de direito pode não possuir capacidade de exercício, não possuir capacidade de fato para exercer os atos da vida civil. Quem possui tanto capacidade de direito quanto capacidade de fato possui capacidade plena (plenamente capaz). Quem não é plenamente capaz é considerado relativamente incapaz ou absolutamente incapaz (TARTUCE, 2020). Por sua vez, a incapacidade é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil. Pode ser absoluta ou relativa. A matéria sofreu profunda modi�cação com a Lei nº 13.146/15 (Estatuto da Pessoa com De�ciência), que excluiu dos casos de incapacidade as pessoas com privação parcial ou total de discernimento ou sem desenvolvimento mental completo. A incapacidade absoluta (Art. 3º, CC) implica a proibição total do exercício, por si só, de um direito, que deverá ser praticado pelo representante legal, sob pena de nulidade (Art. 166, I, CC). Os casos estão previstos no Artigo 3º do CC e foram, pela lei mencionada, reduzidos a uma única situação: os menores de 16 anos – também chamados de menores impúberes. O fundamento é a falta de maturidade. A incapacidade relativa, abordada no Artigo 4º do CC, faz com que a pessoa possa praticar atos da vida civil, desde que assistida por um representante legal, sob pena de anulabilidade (Art. 171, I, CC). Há alguns atos que o relativamente incapaz pode praticar sozinho: ser testemunha, fazer testamento, exercer empregos públicos, ser eleitor etc. Os casos previstos no Artigo 4º, do CC, são: pessoas entre 16 e 18 anos – são os chamados menores púberes (porque ainda não atingiram a maioridade, mas já completaram a puberdade); os ébrios habituais e os viciados em tóxicos – é o caso de alcoólatras e toxicômanos, de maneira rotineira, habitual, constante; os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade; pródigos – são aqueles que dissipam seu patrimônio desmesuradamente; índios – há legislação especial sobre o tema (tutela administrativa, pela Funai). CAUSAS DE CESSAMENTO DE INCAPACIDADE: a incapacidade cessa, em primeiro lugar, quando cessa a sua causa, prevista por lei. Em segundo lugar, pode a incapacidade cessar pela emancipação (Art. 5º), que pode ser: Voluntária: emancipação concedida pelos pais, se o menor já tiver 16 anos, por meio de escritura pública, registrada no 1º Cartório de Registro Civil da Comarca. A emancipação é irrevogável, não sendo passível de arrependimento. Judicial: no caso de ser necessária a decisão judicial, se há divergência entre os pais ou, ainda, com relação a menores que não têm pais, mas tutores. Legal: esse tipo de emancipação independe de registro, passando a produzir efeitos a partir do evento que a provoca. 1) Pelo casamento (a Lei n° 13811/2019 proíbe casamento para menores de 16 anos de idade); 2) pelo exercício de emprego público efetivo (o que está em desuso, por não haver editais que permitam menores); 3) pela colação de grau em curso de Ensino Superior (durante muitos anos �cou em desuso, por não ser possível encerrar o ciclo estudantil ainda na menoridade, retornaram alguns casos em razão dos cursos superiores de tecnologia com duração de 2 anos e a possibilidade de adiantamento em razão de resultados extraordinários previstos no Artigo 47 da LDB); 4) pelo estabelecimento civil ou comercial com economia própria; Quadro 1.2 - Causas de cessamento da incapacidade Fonte: Elaborado pelo autor. #PraCegoVer: o quadro demonstra, em três colunas, as causas de incapacidade.Na primeira coluna, traz a causa denominada “voluntária”, sendo esta a emancipação concedida pelos pais, se o menor já tiver 16 anos, por meio de escritura pública registrada no 1º Cartório de Registro Civil da Comarca. A emancipação é irrevogável, não sendo passível de arrependimento. Na segunda coluna, traz a “causa judicial”, no caso de ser necessária a decisão judicial, se há divergência entre os pais ou, ainda, com relação a menores que não têm pais, mas tutores. Na terceira coluna, traz a “causa legal”: esse tipo de emancipação independe de registro, passando a produzir efeitos a partir do evento que a provoca. São os eventos: 1) pelo casamento (a Lei n° 13811/2019 proíbe casamento para menores de 16 anos de idade); 2) pelo exercício de emprego público efetivo (o que está em desuso, por não haver editais que permitam menores); 3) pela colação de grau em curso de Ensino Superior (durante muitos anos �cou em desuso, por não ser possível encerrar o ciclo estudantil ainda na menoridade, retornaram alguns casos em razão dos cursos superiores de tecnologia com duração de 2 anos e a possibilidade de adiantamento, em razão de resultados extraordinários, previstos no Artigo 47 da LDB); 4) pelo estabelecimento civil ou comercial com economia própria; 5) pela existência de relação de emprego, em que o menor tenha economia própria. Domicílio (Arts. 70 a 78, CC) A vinculação territorial para exercício de direitos ocorre regimentada pelas normas de domicílio, tendo por regra ser o local onde a pessoa natural exerce residência ou onde a pessoa jurídica tenha estabelecido sua sede. Havendo multiplicidades de domicílios, em razão de haver vários locais que a pessoa resida, alternando periodicamente entre eles, são considerados todos. Não havendo domicílio, será considerado o local onde a pessoa natural for encontrada. O local de trabalho, nas relações referentes à atividade laboral, também é considerado domicílio (LISBOA, 2008). 5) pela existência de relação de emprego, em que o menor tenha economia própria. As pessoas jurídicas de direito público terão domicílio: Quadro 1.3 - Domicílio das pessoas jurídicas Fonte: Elaborado pelo autor. #PraCegoVer: o quadro tem duas colunas. A primeira traz o nome da pessoa jurídica e, a segunda, a sede de seu domicílio. A descrição das linhas é: a União tem sede no Distrito Federal; os estados têm sede em suas capitais, no centro cívico, onde está sua administração; os municípios, no local onde funciona a prefeitura; e as demais pessoas jurídicas de direito público, nos locais em que as respectivas administrações funcionam. Pessoas Jurídicas (Arts. 40 a 52, CC) As pessoas jurídicas são entidades, nacionais ou estrangeiras, a que a lei empresta personalidade, capacitando-as a serem sujeitos de direitos e obrigações, sendo sua personalidade diversa da personalidade das pessoas naturais que as constituem. Ente com personalidade diversa das pessoas que o compõem. Podem formar pessoas jurídicas as corporações (associações ou sociedades). As associações não têm �ns lucrativos, mas religiosos, morais, culturais, desportivos ou recreativos. Já as sociedades têm �ns lucrativos e podem ser sociedades simples ou sociedades empresárias: atividades de empresário (Art. 966 e ss, CC). Também podem formar pessoas jurídicas as fundações, sendo estas um acervo de bens que, por sua vez, recebem personalidade para a realização de um �m determinado. Esses são os dois elementos: patrimônio e �nalidade (�nalidade, que hoje é limitada pelo Código Civil, pode ser religiosa, moral, educacional, de saúde, ambiental, cientí�ca, cidadania, nutricional, cultural ou assistencial, evitando-se, assim, a criação de fundação para �ns menos nobres). União No Distrito Federal Estados Capitais (centro cívico da capital) Municípios Local onde funciona a administração municipal (sede da prefeitura) Demais pessoas jurídicas de direito público Onde funciona sua administração Importante lembrar que as sociedades empresárias de economia mista que têm o ente público como sócio são regidas pelas regras das pessoas jurídicas de direito privado, como Correios e Banco do Brasil, por exemplo. Desconsideração da pessoa jurídica Para que a personalidade jurídica não seja mal utilizada por seus sócios ou administradores, o juiz pode desconsiderar a pessoa jurídica e, em caso de fraude ou má- fé dos seus membros, atingir seu patrimônio pessoal, pelos danos que causarem (Art. 50 do CC – os requisitos para desconsideração são desvio de �nalidade e confusão patrimonial, o primeiro implica que o objeto e a �nalidade social da pessoa jurídica estão sendo desvirtuados, o segundo, que, de fato, não tem havido respeito na divisão patrimonial entre sócios e sociedade). A desconsideração da pessoa jurídica não leva à extinção da sociedade, devendo ser utilizada somente em relação às obrigações afetadas pelo ato. Isso porque, se não for excepcional, surge o risco de perder a utilidade do instituto da pessoa jurídica. Sua �nalidade é, portanto, retirar a divisão patrimonial entre os sócios de uma sociedade (patrimônio pessoal dos sócios vinculado às pessoas naturais ou jurídicas que estão na posição de sócios) e o patrimônio da própria sociedade (patrimônio vinculado ao domínio da pessoa jurídica). Atualmente, os Artigos 133 e 134 do CPC regulamentam o incidente de desconsideração de personalidade jurídica, podendo, a qualquer momento, ser requerido. Como conhecimento de tese que pode ser utilizada em demandas, principalmente nas áreas de família, é reconhecida a desconsideração inversa de personalidade jurídica, com o mesmo objetivo de desfazer processualmente a divisão patrimonial entre os sócios pessoas físicas e pessoa jurídica, mas com a �nalidade de utilizar o patrimônio da pessoa jurídica para quitação de dívidas da pessoa física. Noções sobre Negócio Jurídico: Atos e Fatos Jurídicos (Arts. 104 a 188, CC) As pessoas físicas e as pessoas jurídicas, ao se relacionarem e atuarem em suas atividades, acabam manifestando fatos e atos jurídicos, que, oportunamente, em razão da expressão da vontade e do consenso de vontades, tornam-se negócio jurídico. Fato é um acontecimento. Se, por esse acontecimento, cria-se, modi�ca-se ou se extingue uma relação jurídica, então, diz-se que esse fato é jurídico. Desses acontecimentos com efeitos jurídicos, genericamente falando (lato sensu), alguns são decorrentes de uma força da natureza, ordinária ou extraordinária (fatos jurídicos stricto sensu) e outros são decorrentes da ação humana (atos jurídicos). Os atos jurídicos são ações humanas a que a lei empresta efeito jurídico, podendo ser lícitos ou ilícitos. O lícito, se voluntário, ou seja, se deliberadamente praticado com elemento volitivo – a vontade livre dentro de uma autonomia privada – para alcançar um determinado efeito jurídico, então, será um negócio jurídico (a vontade das partes pode ser negociada, mitigada dentro da autonomia privada, ou seja, entre os limites da liberdade da vontade e os limites da lei). Se a ação humana provoca tal efeito, mas sem a intenção deliberada, é chamada de ato meramente lícito, já que está dentro do direito, mas o efeito decorre da lei. Já os atos ilícitos são aqueles em que o agente, por meio de ação ou omissão, com dolo ou culpa, causa um resultado não desejado pelo Direito, previsto como ilícito, ferindo um dever de conduta. Elementos dos Negócios Jurídicos Para que os negócios jurídicos surtam os efeitos esperados pelos declarantes, deverão ser e�cazes; mas, antes disso, é preciso veri�car se são válidos. E, para serem válidos, da mesma forma, é preciso veri�car, antes, se existem. Assim, existência, validade e e�cácia são planos distintos que estão dispostos como uma escada, em que cada degrau transposto dá acesso ao outro plano. Genericamente, pode-se dizer que são elementos essenciais do negócio jurídico: a vontade humana, que se revela por meio da declaração ou manifestação; a idoneidade do objeto, já que um objeto pode até ser lícito, mas inidôneo para determinadonegócio; a forma, pela qual o ato realiza-se, e a causa, que justi�ca a sua existência. saibamaisSaiba mais O artigo Teoria geral dos bens: um ensaio jurídico trata sobre os bens. A doutrina estabelece várias classi�cações e formas de se adquirir bens. Para saber mais sobre o assunto, acesse o link a seguir. ACESSAR https://www.direito.ufmg.br/revista/index.php/revista/article/view/910 Por outro lado, esses elementos essenciais, quando quali�cados, tornam-se os requisitos ou os pressupostos de validade do negócio jurídico, previstos no Artigo 104, CC: a) Capacidade do agente – somente pessoas plenamente capazes podem praticar atos por si. Já os incapazes devem ser representados, no caso de absolutamente incapazes, e assistidos por seus representantes legais, no caso dos relativamente incapazes. As regras da representação constam nos Artigos 115 e seguintes, do CC, podendo ela ser: legal (no caso dos �lhos menores, pupilos e curatelados); judicial, quando determinada em decisão judicial; ou convencional, no caso de contrato (TARTUCE, 2020). b) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável – o objeto não poderá atentar contra a lei, a moral ou os bons costumes. O negócio deve ser possível, física e juridicamente. Além disso, o objeto deve ser determinado (descrito, inclusive quanto à espécie), ou ao menos determinável (há de�nição de quantidade e gênero, e do modo como ele será determinado, a seu tempo). c) Forma prevista em lei ou não defesa em lei – pela regra geral, a forma é livre, não prevista na lei, a não ser nos casos em que haja previsão especí�ca em sentido contrário, como no caso do Artigo 108, do CC. A forma prevista é exceção (Art. 107, CC), o que ocorre por diversos fatores: facilitar prova, garantir autenticidade, impedir vontade viciada, possibilitar publicidade. As formalidades podem ser ad solemnitatem (necessárias ao perfazimento do ato) ou ad probationem (para sua prova). Elementos acidentais Quando altera-se a expectativa de que o negócio jurídico tenha e�cácia tão logo seja realizado, operam-se elementos acidentais, condicionando a e�cácia ao seu cumprimento. Condição: Artigo 121, CC – condiciona a e�cácia do negócio jurídico a evento FUTURO e INCERTO, por cláusula criada pela vontade das partes. Termo: subordina a e�cácia do negócio jurídico a evento FUTURO e CERTO (ainda que seja incerta a data exata, é certo que o evento irá acontecer). Encargo ou modo: limita um negócio de mera liberalidade (como a doação) ao cumprimento de um ônus obrigacional pelo bene�ciário. É causa de revogação da liberalidade, ainda que ela já tenha gerado efeitos, o não cumprimento. O Código Civil, Artigo 137, determina que se considere não escrito. Mas se for o motivo determinante da liberalidade, então, invalida o negócio. a) Condição suspensiva: a que impede o ato de produzir seus efeitos até o implemento do evento futuro e incerto. Artigo 125, CC. Enquanto ela não ocorre, a condição é pendente. Com o seu implemento, surge o direito para o titular. Se não se realizar, ocorre a frustração da condição; b) condição resolutiva – a que gera a extinção, a resolução do efeito jurídico do negócio, assim a) inicial (dies a quo): momento em que inicia a e�cácia de um negócio jurídico; b) �nal (dies ad quem): momento em que termina a e�cácia do negócio. Importante veri�car que ao termo inicial e �nal o Código Civil estabelece que cabem, no que for possível, as mesmas disposições referentes à condição resolutiva e suspensiva (Art. 135, CC). Quadro 1.4 - Elementos acidentais do negócio jurídico Fonte: Elaborado pelo autor. #PraCegoVer: o quadro traz os tipos de elementos acidentais do negócio jurídico, sendo eles a condição, o termo e o encargo, também chamado de modo. Na primeira coluna, trata da condição: Artigo 121, CC – condiciona a e�cácia do negócio jurídico a evento FUTURO e INCERTO, por cláusula criada pela vontade das partes. Pode ser: a) condição suspensiva – a que impede o ato de produzir seus efeitos até o implemento do evento futuro e incerto. Artigo 125, CC. Enquanto ela não ocorre, a condição é pendente. Com o seu implemento, surge o direito para o titular. Se não se realizar, ocorre a frustração da condição; b) condição resolutiva – a que gera a extinção, a resolução do efeito jurídico do negócio, assim que ocorrer seu implemento. Se frustrar-se a condição, então, o direito passará a ser exercido em sua plenitude. Caso da condição maliciosamente obstada ou provocada pelo interessado – no primeiro caso, a lei a considera implementada e, no segundo, não ocorrida (Art. 129). Na segunda coluna, trata do termo, que subordina a e�cácia do negócio jurídico a evento FUTURO e CERTO (ainda que seja incerta a data exata, é certo que o evento irá acontecer). Pode ser: a) inicial (dies a quo): momento em que inicia a e�cácia de um negócio jurídico; b) �nal (dies ad quem): momento em que termina a e�cácia do negócio. Importante veri�car que, ao termo inicial e �nal, o Código Civil estabelece que cabem, no que for possível, as mesmas disposições referentes à condição resolutiva e suspensiva (Art. 135 CC). A terceira coluna trata do encargo ou modo, que limita um negócio de mera liberalidade (como a doação) ao cumprimento de um ônus obrigacional pelo bene�ciário. É causa de revogação da liberalidade, ainda que ela já tenha gerado efeitos, o não cumprimento. O Código Civil, Artigo 137, determina que se considere não escrito. Mas, se for o motivo determinante da liberalidade, então, invalida o negócio. que ocorrer seu implemento. Se frustrar- se a condição, então, o direito passará a ser exercido em sua plenitude. Caso da condição maliciosamente obstada ou provocada pelo interessado – no primeiro caso, a lei a considera implementada e, no segundo, não ocorrida (Art. 129). Invalidade dos Negócios Jurídicos – Nulidade, Anulabilidade Nulidade absoluta é o vício que atinge o ato jurídico por inteiro, plenamente, tratando como nulos quaisquer de seus efeitos. Por serem vícios graves e contrários ao interesse público, podem ser alegados por qualquer interessado, Ministério Público ou reconhecido de ofício pelo juiz. O ato nulo não se convalida pelo tempo nem por rati�cação. A ação cabível é imprescritível, sendo o seu provimento meramente declaratório, com efeitos retroativos (ex tunc). Ocorre nos casos elencados nos Artigos 166 e 167, do CC: ato praticado por pessoa absolutamente incapaz; objeto ilícito, impossível ou indeterminável; quando o motivo de ambas as partes for ilícito; quando não obedecer a forma prevista em lei; quando preterida alguma solenidade essencial para sua validade; quando tiver por objetivo fraudar lei imperativa (norma de ordem pública); quando a lei o declarar nulo (nulidade expressa ou textual); ou proibir-lhe a prática, sem cominar uma sanção (nulidade implícita ou virtual); também a simulação (que antes gerava somente anulabilidade, mas foi tratada dentro da nulidade com o Código de 2002) (TARTUCE, 2020). A parte viciada não invalida a parte do negócio, que pode continuar existindo (por exemplo, comprou uma fazenda com os maquinários, mas descobriu que um trator não era propriedade do vendedor, assim, isso não deve invalidar toda a compra, apenas a parcela do trator). Quando houver negócios subordinados (principal e acessório), a nulidade do principal afeta o acessório, mas a nulidade do acessório não deve afetar o principal. Por �m, o Artigo 170, do CC, permite ao juiz que aproveite o negócio, em caso de ser nulo, mas contiver requisitos de outro. Esse outro será mantido, se for possível supor que as partes o teriam querido se soubessem da nulidade. A anulabilidade (nulidade relativa), diferentemente da nulidade que atinge uma causa de interesse público, atinge apenas o interesse particular, portanto, enquanto o interessado não buscar sua anulação (dentro do prazo decadencial), o negócio surtirá efeitos ou, até mesmo, será convalidado. Por esse motivo, a ação deve ser a anulatória, possuindo provimento constitutivo de direito ao interessado, comefeito ex nunc. A anulabilidade, via de regra, está ligada a um problema no consentimento do manifestante ou à sua capacidade. Assim, o Artigo 171, do CC, determina que são anuláveis: atos praticados por relativamente incapaz (salvo no caso do menor púbere, em que ele queira invocar anulação para se bene�ciar dela, mas, no momento do ato, tenha ocultado sua idade propositadamente; o Artigo 181, do CC, ainda informa que o incapaz só deverá restituir o que a outra parte provar que reverteu em seu proveito); atos eivados de vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão, fraude contra credores, analisados, a seguir; outros atos que a lei expressamente prever como anuláveis. Sendo anulado o ato, as partes voltarão ao estado inicial, salvo nos casos em que isso não seja mais possível, quando serão indenizadas. Essa é a hipótese de prejuízo a terceiro de boa-fé. Defeitos dos Negócios Jurídicos Quando a manifestação da vontade, no momento da realização do negócio jurídico, não for direta, plena e livre, esse negócio jurídico estará revestido de defeito. O Código Civil, nos Artigos 138 e 165, traz previsões de como o negócio pode ser defeituoso, prevendo os tipos de defeitos, que serão apresentados a seguir. Erro ou ignorância – o erro é o caso de uma falsa noção da realidade, em que o agente acredita, sozinho, em um fato enganoso, não há interferência de terceiros para que ele acredite no erro. A ele equivale a ignorância (total desconhecimento). Para que o ato seja anulável, o erro deve ser: substancial (139); escusável; real. Também se considera erro a transmissão equivocada da vontade por sistemas de tecnologia (clicar sem saber). O falso motivo para o negócio também vicia a declaração, se for seu fator determinante. Erro acidental não gera anulabilidade do negócio, assim como o erro de cálculo, que deverá ser reti�cado. Também não invalida o negócio o erro, quando a outra parte se oferecer para executar o negócio nos termos que �cou manifestada a vontade do negociante (TARTUCE, 2020). Dolo – no dolo, a pessoa é enganada por outrem, que utiliza artifícios para ludibriá-la. Ela também realiza a negociação com falsa percepção da realidade, mas em razão de outro ter induzindo-a a isso. Esse outro pode ser a outra parte do contrato ou terceiro. Nesse segundo caso, só anulará o negócio se a parte bene�ciada soubesse ou devesse saber que a atitude era dolosa. Caso contrário, o negócio não se anula, mas o prejudicado pode exigir perdas e danos do terceiro responsável. Se ambos os contratantes estão como dolo, não se anula o negócio. Quando for o dolus bonus um mero exagero (exemplo, melhor hotel da cidade, melhor hambúrguer da cidade), não se invalida o negócio. O dolo não deve ser acidental, mas principal. No caso de dolo acidental, em que o negócio se realizaria de qualquer forma, só se obriga a parte dolosa à satisfação das perdas e danos. O dolo pode ser: positivo, quando se tratar de ação; ou negativo, quando se tratar de omissão que seja relevante. Quando o dolo for praticado por representante legal, só obrigará o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, tratar-se de representante convencional, respondem solidariamente por perdas e danos. Coação – macula a vontade de realizar o negócio jurídico por esta ser dirigida, por temor de, não realizando o negócio, recair mal sobre a sua pessoa ou sua família (existe reconhecimento de coação quando praticado temor de mal grave contra amigo íntimo, em estado de namoro ou até mesmo pessoa desconhecida que lhe atribua responsabilidade) ou aos seus bens. É caso de violência psicológica. Se for caso de força física, estaremos diante de ato inexistente, porque não houve manifestação de vontade (quando alguém força o braço da pessoa para assinar contrato bancário por reconhecimento da digital, por exemplo). Para que exista a coação, é preciso que: a coação seja a causa do ato; deve ser grave, pelo critério concreto, ou seja, pelo que representa gravidade para aquela pessoa (Art. 152); não se inclui no fundado receio de causar desgosto a quem se deve obediência e respeito (GONZAGA, 2017). Estado de perigo (Art. 156, CC) – con�gura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de se salvar, ou a uma pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte (mas não provocado por ela, pois seria coação), assume obrigação excessivamente onerosa. Dois critérios devem ser veri�cados: objetivo – a obrigação deverá ser excessivamente onerosa; subjetivo – a realização devido à necessidade salvar-se, o que gera um desvio psicológico conhecido pela parte bene�ciada. Lesão (Art. 157, CC) – hipótese em que uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, obriga-se à prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta, o que se veri�ca em função dos valores vigentes à época da celebração do negócio. Difere-se do erro, na situação em que o vício de lesão, por inexperiência, não traz a certeza da crença em algo equivocado (exemplo, vendeu um quadro acreditando que ele era uma imitação, e não um original – erro – vendeu um quadro por um preço de mercado, mas não sabia que ele era uma obra rara – lesão por inexperiência). Fraude contra credores – aqueles negócios realizados com o objetivo de diminuição do patrimônio do devedor e impedimento de que seu credor tenha fundos, para perseguir o recebimento do crédito, devem ser anulados. Para se con�gurar a fraude contra credores, é necessário que, pelo(s) ato(s), o devedor se torne insolvente; o credor deverá provar a má-fé do terceiro, para poder anular o negócio, que se presume nos negócios gratuitos ou nos onerosos, em que a insolvência seja notória (basta a ciência da fraude), ou em remissão de dívida ou pagamento de dívida não vencida; o crédito deve ser anterior ao ato fraudulento. Os atos de negociação normais das atividades e da subsistência não constituem fraude. Também deixa de ser fraude se o adquirente �zer o pagamento em juízo, chamando os interessados a se manifestarem. Ocorrendo a fraude contra credores, caberá a eles a ação chamada pauliana ou revocatória. Conhecimento Teste seus Conhecimentos (Atividade não pontuada) Lúcio, único herdeiro de seu avô Leonardo, recebeu, por ocasião da abertura da sucessão deste último, todos os seus bens, inclusive uma casa repleta de antiguidades. Necessitando de dinheiro para quitar suas dívidas, uma das primeiras providências de Lúcio foi alienar uma pintura antiga que sempre esteve exposta na sala da casa, por um valor módico, ao primeiro comprador que encontrou. Lúcio, semanas depois, leu nos jornais a notícia de que havia reaparecido no mercado de arte uma pintura valiosíssima de um célebre artista plástico. Sua surpresa foi enorme ao descobrir que se tratava da pintura que ele alienara por um valor milhares de vezes maior do que o por ela era cobrado. Por isso, pretende pleitear a invalidação da alienação. Assinale a alternativa correta sobre o caso descrito. a) O negócio jurídico de alienação da pintura, celebrado por Lúcio, está viciado por lesão e chegou a produzir seus efeitos regulares, no momento de sua celebração. b) O direito de Lúcio de obter a invalidação do negócio jurídico, por erro, de alienação da pintura, não se sujeita a nenhum prazo prescricional. c) A validade do negócio jurídico de alienação da pintura subordina-se, necessariamente, à prova de que o comprador desejava se aproveitar de sua necessidade de obter dinheiro rapidamente. d) Se o comprador da pintura oferecer suplemento do preço pago de acordo com o valor de mercado da obra, Lúcio poderá optar entre aceitar a oferta ou invalidar o negócio. Neste ponto, serão tratadas as divisões didáticas do Direito Civil: Direito das Obrigações, Direito dos Contratos e Responsabilidade Civil. Todas as três vertentes estão interligadas, em razão de operacionalizarem e determinarem os limites volitivos das obrigações, assim como suas consequências pelo descumprimento. Direito das Obrigações(Arts. 233 a 420, CC) As pessoas capazes realizam negócios jurídicos e assumem obrigações. Eventualmente, pelo descumprimento da obrigação ou pela realização de ato ilícito, assumem obrigação de ressarcimento, de indenizar ou de desfazer o anteriormente realizado, sendo essa obrigação do descumprimento regulada pela Responsabilidade Civil. Noções sobre Direito Obrigacional O conceito de obrigação nada mais é do que o vínculo jurídico pelo qual o devedor se compromete a realizar, em favor do credor, uma prestação em caráter de dar, fazer ou não fazer (conceito de Washington de Barros Monteiro). Trata-se de uma relação jurídica transitória existente entre o sujeito ativo e o passivo, denominado credor e devedor. Con�gura um conjunto de atividades necessárias à satisfação do credor, seja ela positiva ou negativa, a �m de se levar ao adimplemento da obrigação. São suas espécies as obrigações de dar (coisa certa ou incerta), fazer (com o devedor personalíssimo ou fungível) ou não fazer. Podem ser classi�cadas em obrigações solidárias (com dever solidário entre os devedores), divisíveis (quando a prestação da obrigação pode ser Direito Civil – 2ª ParteDireito Civil – 2ª Parte dividida), indivisível (quando a prestação deve ser aperfeiçoada de única vez), quesível (cumprimento no domicílio do devedor) ou portável (cumprimento no domicílio do credor ou outro lugar informado). Do pagamento e adimplemento das obrigações (Arts. 344 a 359, CC) Conforme se veri�ca na doutrina, a principal forma de extinção da obrigação é o pagamento direto, que também detém, como expressão sinônima de solução, cumprimento, adimplemento, implemento, satisfação obrigacional e remição (do verbo remir). Tal situação exonera totalmente o devedor do vínculo obrigacional. O pagamento é condição sine qua non da estabilidade social, pois toda obrigação tem sua orientação direcionada à conclusão, ou seja, ninguém é vinculado à necessidade de contratar, porém, uma vez fazendo essa escolha, deve assumir sua posição obrigacional. Assim, ao buscar o efetivo adimplemento, existem duas modalidades de pagamento: o direto, que se realiza com o pagamento propriamente dito, bem como o pagamento indireto, que tem algumas regras especiais, que serão analisadas (GONZAGA, 2017). O inadimplemento causa consequências contratuais ou extracontratuais (aquiliana). Normalmente, as consequências contratuais pelo inadimplemento são a mora (quando não há o pagamento no tempo, lugar e forma devida), a cláusula penal (obrigação adicional prevista para responsabilizar civilmente o descumprimento) e a própria possibilidade de perdas e danos (responsabilidade civil não prevista, extracontratual ou aquiliana). Responsabilidade Civil (Arts. 927 a 954, CC) Neste tópico, será abordada a responsabilidade civil extracontratual, aquela que não tem previsão contratual pelo seu descumprimento, mas surge da própria proteção da lei contra atos que provoquem danos ou sejam ilícitos, uma cláusula geral de tutela. Para tanto, primeiramente, será tratado do ato ilícito. O ato ilícito é o ato humano que, praticado com infração a um dever legal, viola direito e causa dano à outra pessoa. O dever de indenizar surge da existência do ato ilícito e de elementos da responsabilidade civil (TARTUCE, 2020): a) ação ou omissão – conduta do agente que gere a lesão ao direito ou ao interesse jurídico; b) nexo de causalidade – relação lógica que determina que a ação foi a causadora do dano; c) existência de dano – deve haver dano a ser ressarcido. Do contrário, não, já que a indenização equivale ao retorno ao estado anterior. O dano pode ser material (dano emergente ou lucro cessante) e/ou moral; d) dolo ou culpa do agente – dolo: ação intencional que busca causar dano a outra pessoa. Culpa: negligência, imprudência ou imperícia. É a quebra da norma de conduta genérica de agir diligente e prudentemente na vida social. Para efeitos de Direito Civil, o dolo integra as causas de culpa lato sensu. Na responsabilidade civil subjetiva, é necessário o dolo ou a culpa; na responsabilidade civil objetiva, é irrelevante a análise de dolo e culpa. Para �ns de responsabilidade civil pelo dano ambiental na responsabilidade do proprietário e pelo dano nuclear de responsabilidade da União, irrelevantes são a conduta e a culpa, havendo dano, há dever de indenizar. Elementos ou Pressupostos da Responsabilidade Civil Os elementos ou pressupostos da responsabilidade civil estão descritos no Artigo 186, do CC, que dispõe que aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência violar direito e causar um dano, ainda que exclusivamente moral, pratica ato ilícito. Têm-se os seguintes elementos: ação ou omissão; culpa; nexo causal e dano, que serão abordados a seguir. Ação ou omissão – o causador do dano responde por ação (conduta comissiva) e por omissão quando deixa de praticar um ato que a lei lhe impõe (lembrando que o dever de boa-fé é inerente aos contratos). Assim, melhor dizer “conduta humana”, de�nível com o comportamento, positivo ou negativo, do agente, que desemboca em uma lesão, dano ou prejuízo (TARTUCE, 2020). Culpa – decorre da inobservância de um dever de cuidado ou da prática dolosa. Espécies: a culpa em sentido amplo ou lato sensu inclui o dolo e a culpa em sentido estrito, ou stricto sensu. Essa culpa, em sentido estrito, é a conduta não intencional que causa o dano; e o dolo, que é a culpa intencional que causa o dano. São modalidades de culpa: a imprudência, decorrente da culpa exteriorizada por uma ação que não respeite o dever de cuidado, por exemplo, dirigir acima da velocidade permitida; a negligência, que é a culpa por omissão, por exemplo, fazer a conversão sem sinalizar; e, por �m, a imperícia, que é a culpa em que o agente assume conduta sem ser devidamente e formalmente preparado para a realização desta, comum no exercício de pro�ssão ou ofício, como o motorista que não possui CNH, por exemplo. Dolo – constitui uma violação intencional de prejudicar outrem. Referente à presente modalidade de culpa, é possível a�rmar que, no momento da indenização, é aplicada a teoria da causalidade, adequada por força do art. Artigo 944, do CC, ou seja, somente são consideradas como causadoras do dano as condições que por si só são aptas a produzi- lo, veri�cando, assim, o grau de culpa. Nexo de causalidade – é a relação de causa e efeito entre a conduta do agente (responsabilidade subjetiva) ou o risco da atividade (responsabilidade objetiva) e o dano sofrido pela vítima. O rompimento do nexo causal é excludente de responsabilidade civil. O referido rompimento encontra-se, de forma muito clara, na teoria dos danos diretos e imediatos: interrupção do nexo causal, nesse caso, todo antecedente é uma causa, sendo que este só responde pelo dano se, entre a sua conduta e o prejuízo, não houver três elementos: a) culpa exclusiva da vítima; b) um ato de terceiro; c) um ato da natureza, que serão analisados conforme indicado a seguir. Dispensa ou excludentes do dever de indenizar: legítima defesa – decorre do ato do agente que atua defensivamente em face de uma agressão injusta, atual ou iminente. Conforme se pode notar, o referido ato não constitui ilícito e, assim, não há o dever de indenizar, pois se trata de uma justi�cativa jurídica para uma conduta; estado de necessidade ou remoção do perigo – é a deterioração ou destruição de coisa alheia, a �m de remover perigo iminente contra bem jurídico proporcionalmente mais importante; exercício regular de um direito reconhecido – trata normalmente do estrito cumprimento de dever legal que está relacionado à função pública ou, ainda, delegados na função �scalizadora, por exemplo: a) policial que arromba porta com mandado; b) envio de correspondência condominial lacrada, informando o valor da dívida; culpa concorrente bilateral – quando ambas as partes agiram com culpa, exclui- se a indenização na proporção de cada um. HIPÓTESES ESPECÍFICAS DE RESPONSABILIDADE Noções sobre Contratos (Arts. 421 a 886, CC) Oscontratos são instrumentos em que �cam de�nidas e paci�cadas as obrigações e os negócios jurídicos realizados com �nalidade especí�ca pela vontade das partes. Podem dispor sobre direitos sinalagmáticos (com aperfeiçoamento pela entrega simultânea de prestações entre ambas as partes), sobre gratuidade (contratos gratuitos sem obrigação de prestação de uma das partes) e sobre onerosidade (sacrifício patrimonial de ambas as partes). São regidos pelos seguintes princípios contratuais: #PraCegoVer: o infográ�co apresenta cinco tópicos verticais sobre as hipóteses especí�cas de responsabilidade. Ao clicar no primeiro tópico “Responsabilidade civil do incapaz (Art. 928, CC)”, é apresentado o texto “O incapaz só responde pelos danos que causar quando as pessoas por ele responsáveis não tiverem a obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de dinheiro para tanto. Não haverá indenização se este privar o incapaz, ou as pessoas que dele dependam, do necessário para sobrevivência, dessa forma, a responsabilidade civil do incapaz é mitigada pela equidade e é subsidiária. Os pais respondem objetivamente pelos atos dos �lhos menores que estiverem sob sua guarda e sua companhia”. Ao clicar no segundo tópico, “Responsabilidade civil objetiva pelo risco da atividade (Art. 932, III, IV, CC)”, é apresentado o texto “Se a atividade normalmente desenvolvida pelo agente implicar risco, por sua própria natureza (atividade naturalmente perigosa), ele responderá, de forma objetiva, pelos danos que causar. Por exemplo: transporte terrestre”. Ao clicar no terceiro tópico, “Responsabilidade civil objetiva por atos de terceiros (Art. 934, CC)”, é apresentado o texto “Os pais, tutores, curadores e empregadores respondem objetivamente pelos atos praticados, respectivamente, pelos �lhos menores tutelados, curatelados e empregados”. Ao clicar no quarto tópico, “Responsabilidade civil objetiva em razão de danos causados por animais (Art. 936, CC)”, é apresentado o texto “O dono ou detentor do animal responde objetivamente pelos danos causados por este, salvo se provar culpa exclusiva da vítima ou força maior”. Ao clicar no quinto tópico, “Responsabilidade civil objetiva em danos causados por coisas caídas ou lançadas do prédio (Art. 937, CC)”, é apresentado o texto “Aquele que habitar o prédio ou parte dele responde objetivamente pelos danos causados por coisas dele caídas ou dele lançadas. Tem-se, por prédio, toda e qualquer construção”. a) Princípio da autonomia privada (Art. 421, CC) – a liberdade de contratar é relativa, pois sua limitação está nas leis de ordem pública (Art. 170, CF); b) Princípio da função social do contrato (Art. 421, CC) – atender à função social do contrato não signi�ca atender ao interesse público do Estado, mas, sim, atender a valores sociais (respeito ao meio ambiente, aos direitos do consumidor, aos direitos da personalidade etc.). Os institutos básicos do direito civil estão sendo funcionalizados, como se deu com o direito à propriedade, da família, da empresa e do contrato. A essência da função social é una, mas se desdobra nos diversos institutos jurídicos (Art. 170, CF) (GONZAGA, 2017); c) Princípio da boa-fé objetiva (Art. 422, CC) – é a boa-fé da conduta, devendo esta ser leal e clara, independentemente dos ânimos subjetivos que possam existir, ou seja, aqueles que todos percebem; junto com a boa-fé objetiva, surgem deveres, ainda que não escritos (deveres anexos). Por exemplo, dever de segurança, dever de informação, dever de lealdade, dever de guarda documental etc. (LISBOA, 2008). Vícios Redibitórios (Arts. 461 a 446, CC) Vícios redibitórios são os vícios ocultos que atingem a coisa, objeto de um contrato civil, que a desvalorizam ou a tornam imprópria para uso. Havendo contrato de consumo o vício é chamado “do produto”, com tratamento especí�co no Código de Defesa do Consumidor. Assim, caso uma pessoa física compre de outra pessoa física uma casa e esta tenha problemas ocultos, aplica-se a regulamentação cível supracitada. Os vícios redibitórios não se confundem com os vícios do consentimento, principalmente com o erro e o dolo, pois estes atingem a vontade, já os outros, atingem a coisa, bem como as citadas disposições estão em planos distintos, ou seja, as de consentimento estão no plano da validade, já os vícios redibitórios estão na e�cácia, conforme escada ponteana (TARTUCE, 2020). As modalidades de vícios ocultos são: a) o vício redibitório, que pode ser conhecido desde logo; b) o vício redibitório, que pode ser conhecido posteriormente (Art. 445, §1º, CC). A distinção de ambas as modalidades é a contagem de prazo que é retardada em decorrência da situação fática do objeto adquirido. O adquirente prejudicado pelo vício redibitório pode se valer das ações edilícias, pleiteando: a) abatimento proporcional no preço (ação quanti minoris); b) resolução do contrato com a devolução das quantias pagas e, havendo má-fé do alienante, que sabia do vício, perdas e danos (ação redibitória). Extinção dos Contratos (Arts. 472 a 480, CC) A extinção de um contrato pode ocorrer nas seguintes situações: a) Extinção normal – ocorre com o cumprimento do contrato; b) Extinção por fatos anteriores à celebração – I) invalidade contratual: é problema de formação do contrato, sendo o contrato nulo, anulável ou ainda inexistente. II) cláusula de arrependimento: é a previsão contratual que dá às partes um direito potestativo (direito potestativo é aquele que se contrapõe ao estado de sujeição, pois encurrala a outra parte) à extinção do contrato, prevista no contrato; III) previsão de cláusula resolutiva expressa: extinção do contrato devido a evento futuro e incerto (condição também denominada de implemento); c) Extinção por fatos posteriores à celebração – existem duas modalidades básicas: a resolução, que é inadimplemento ou descumprimento contratual; e a resilição: que é o exercício de direito potestativo (direito potestativo é aquele que se contrapõe ao estado de sujeição, pois encurrala a outra parte), ou seja: distrato; d) Extinção por morte – tal situação não ocorre em qualquer contrato, assim, essa hipótese somente tem incidência nos contratos personalíssimos ou intuitu personae, sendo denominada cessação contratual. Assim, encerra-se o conteúdo dessa parte do Direito, que trata dos elementos formadores dos negócios jurídicos e das relações pessoais e contratuais. Seu conteúdo é importante para o entendimento de todo o direito privado, que é pautado na forma livre e saibamaisSaiba mais O Código Civil dispõe espécies de contratos típicos, tais como compra e venda (Arts. 481 a 504, CC), doação, (Arts. 538 a 557), locação de coisas (Arts. 565 a 578), empréstimo (Arts 579 a 592), prestação de serviço (Arts. 593 a 609), empreitada ( Arts. 610 a 626), depósito (Arts. 627 a 652) e mandato (Arts. 653 a 692). Faz-se importante a leitura de todos, mas se recomenda especial atenção ao de compra e venda e às cláusulas especiais, como a retrovenda. Saiba mais sobre esse tema, acessando o link a seguir. ACESSAR http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm desimpedida com que a vontade obedecerá e guiará as determinações constitucionais e a teoria geral do Direito Civil. Conhecimento Teste seus Conhecimentos (Atividade não pontuada) Jacira mora em um apartamento alugado, sendo a locação garantida por �ança prestada por seu pai, José. Certa vez, Jacira conversava com sua irmã Laura, acerca de suas di�culdades �nanceiras, e declarou que temia não ser capaz de pagar o próximo aluguel do imóvel. Compadecida pela situação da irmã, Laura procurou o locador do imóvel e, na data de vencimento do aluguel, pagou, em nome próprio, o valor devido por Jacira, sem oposição desta. Nesse cenário, em relação ao débito do aluguel daquele mês, assinale a alternativa correta. a) Laura, como terceira interessada, sub-rogou-se em todos os direitos que o locador tinha em face de Jacira, inclusive, a garantia fidejussória. b) Laura, como terceira não interessada, tem apenas direito de regresso emface de Jacira. c) ) Laura, como devedora solidária, sub-rogou-se nos direitos que o locador tinha em face de Jacira, mas não quanto à garantia fidejussória. d) Laura, tendo realizado mera liberalidade, não tem qualquer direito em face de Jacira. Enfrentando o estudo sobre os desdobramentos das atividades privadas previstos e tutelados pelo Direito, tem-se as relações ocorridas entre as pessoas e as coisas, regidas pelo direito das coisas, que garante o poder de oposição contra terceiros que tentem abalar essa relação; a relação entre as pessoas e seus laços de parentescos tuteladas pelo direito de família; e os desdobramentos jurídicos para a sucessão patrimonial, em razão da morte do antigo sujeito de direitos, tutelado pelo direito de sucessões. Direito das Coisas Enquanto os direitos obrigacionais são regidos pela negociação da vontade e nas relações pessoais, o direito das coisas opera no liame entre o bem e sua possibilidade de ser tomado o domínio ou a posse pela pessoa, vinculando seus atos, via de regra, a formalidades previstas em lei, para possibilitar a oposição contra todos. Posse (Arts. 1.196 a 1.224, CC) O direito de posse é a exteriorização da propriedade. Trata-se de uma situação de fato juridicamente relevante. Muito embora o Código Civil não de�na o que seja posse, estabelece a identi�cação do possuidor conforme suas características, relacionando-as às prerrogativas do proprietário. O Artigo 1196, do Código Civil Brasileiro, estabelece que possuidor é aquele que exerce um ou mais poderes do proprietário. Pois bem, o Artigo 1228, do Código Civil, elenca os seguintes direitos do proprietário: usar, gozar e dispor da coisa, bem como reivindicá-la de quem quer que indevidamente a possua ou detenha. Direito Civil – 3ª ParteDireito Civil – 3ª Parte A detenção não induz posse, ou seja, não gera efeitos jurídicos próprios da posse em favor do detentor; trata-se do fâmulo da posse (GONZAGA, 2017). Por �m, a posse tem classi�cações, podendo ser: plena (quando o possuidor também é o dono da coisa e exerce todos os direitos da propriedade), direta (quando o possuidor está com o corpus da coisa), indireta (o proprietário que não está exercendo o corpus da coisa); pode ser justa (quando tomada mediante ato jurídico regular, não sendo violenta, clandestina ou precária) ou injusta; pode ser de boa-fé ou de má-fé; pode ser velha (acima de ano e dia), ou nova (abaixo de ano e dia). Propriedade (Arts. 1.238 a 1.259, CC) A propriedade é o principal direito real existente, do qual derivam todos os demais direitos reais. Trata-se de um poder que alguém exerce sobre a coisa. Já o direito de propriedade exterioriza a proteção conferida ao sujeito em função de seu poder sobre a coisa, correspondendo a um direito fundamental protegido pelo Artigo 5º, XXII, CF. Embora o Código Civil não conceitue propriedade ou direito de propriedade, estabelece quais são as faculdades, as prerrogativas e os poderes do proprietário, em seu Artigo 1228, do CC, de modo a considerar que o proprietário tem o direito de usar, gozar e dispor da coisa, bem como de reavê-la de quem quer que indevidamente a possua ou detenha. Diferentemente dos direitos pessoais, que decorrem de relações obrigacionais, os direitos reais estão previstos em lei, não podendo ser criados por meio de contratos. Tratam-se de direitos oponíveis erga omnes, ou seja, contra todos, possibilitando, assim, o chamado direito de sequela, que corresponde à possibilidade de buscar a coisa de quem quer que a possua ou detenha de forma indevida. Usucapião (Arts. 1.260 a 1.262, CC) Usucapião é forma originária de aquisição de propriedade que tem como principais requisitos a posse mansa, pací�ca (incontestada) e contínua (ininterrupta) pelo prazo �xado em lei e o animus domini, ou seja, a intenção de ser dono, por quem tenha capacidade aquisitiva. Além desses requisitos, comuns a todas as modalidades de usucapião, para cada uma delas, o legislador estabelece outras condições a serem preenchidas. Para todas as modalidades são pressupostos o ânimo de dono (intenção e modo de agir do possuidor sobre a coisa), a posse mansa e pací�ca e o lapso temporal (posse contínua) (TARTUCE, 2020). São modalidades de usucapião: Modalidade Fundamento Prazo Requisitos especiais Usucapião extraordinária Artigo 1238, caput, do CC. Prazo de posse é de 15 anos. Independentemente de justo título ou boa- fé. Usucapião extraordinária habitacional/pró- labore Artigo 1238, parágrafo único, do CC. Prazo de posse é de 10 anos. Possuidor precisa ter estabelecido moradia habitual ou realizado obras ou serviços de caráter produtivo. Usucapião constitucional pró- labore Artigo 191, da CF, e Artigo 1239, do CC. Posse pelo prazo de cinco anos. Área rural não superior a 50 hectares, tornada produtiva pelo trabalho do possuidor ou de sua família, nela estabelecida a moradia, desde que não seja proprietário de nenhum outro imóvel rural ou urbano. Usucapião especial urbana individual Artigo 183, da CF, Artigo 1240, do CC e Artigo 9º, do Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001). Posse pelo prazo de cinco anos. Caráter habitacional, para �ns de moradia do possuidor ou de sua família, em área urbana não superior a 250 m , desde que não seja proprietário de nenhum outro imóvel rural ou urbano. Atenção, pois, nessa modalidade, o possuidor não será contemplado mais de 2 uma vez (Art. 9º, § 2º, do Estatuto da Cidade e Art. 1240, § 2º, do CC). Usucapião especial urbana coletiva Artigo 10, do Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001). Cinco anos. A propriedade é atribuída à população de baixa renda que possua área urbana superior a 250 m , para �ns de moradia, sem se identi�carem os terrenos ocupados por cada possuidor, desde que não sejam os possuidores proprietários de imóvel urbano ou rural, aplicando-se as regras de condomínio. Usucapião familiar: cuja pretensão é a aquisição da meação do ex- cônjuge ou ex- companheiro que tenha abandonado o imóvel. Artigo 1240-A, do CC. O prazo aquisitivo dessa modalidade é de dois anos. Imóvel urbano de até 250 m comum do casal, desde que o utilize para sua moradia ou de sua família e que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. Usucapião ordinária Artigo 1242, caput, do CC. Prazo de posse é de 10 anos. Desde que haja justo título e boa-fé. Entende-se, aqui, por justo título, todo documento hábil a transferir direitos e deveres. 2 2 Quadro 1.5 - Usucapião e suas modalidades Fonte: Elaborado pelo autor. #PraCegoVer: o quadro traz as modalidades, fundamentos, prazos e requisitos para concessão da usucapião. Na primeira linha, traz a usucapião extraordinária, com fundamento no Artigo 1238, caput, Código Civil, cujo prazo de posse é de 15 anos, independentemente de justo título ou boa-fé. Na segunda linha, traz a usucapião extraordinária habitacional ou pró-labore, que possui fundamento no Artigo 1238, parágrafo único, do Código Civil, cujo prazo de posse é de 10 anos. O possuidor precisa ter estabelecido moradia habitual ou realizado obras ou serviços de caráter produtivo. Na terceira linha, trata da usucapião constitucional pró-labore, que possui fundamento no Artigo 191, da CF, e Artigo 1239, do Código Civil. Necessita de posse pelo prazo de cinco anos e é cabível para área rural não superior a 50 hectares, tornada produtiva pelo trabalho do possuidor ou de sua família, nela estabelecida a Usucapião ordinária habitacional/pró- labore Artigo 1242, parágrafo único, do CC. Prazo é de cinco anos. Se o registro de aquisição onerosa tiver sido cancelado e o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia ou realizado investimentos de interesse social e econômico. Artigo 1071, do CPC, inseriu o Artigo 216-A à Lei de Registros Públicos (Lei nº 6015/73), permitindo o reconhecimento extrajudicial de usucapião diretamente em cartório de registro de imóveis. Citação dos con�nantes, conforme o Artigo 246, NCPC, e ampla publicação de editais, conforme o Artigo 259, NCPC, além de participaçãodo Ministério Público, nos termos do Artigo 178, III, NCPC. moradia, desde que não seja proprietário de nenhum outro imóvel rural ou urbano. Na quarta linha, traz a usucapião especial urbana individual, que possui fundamento no Artigo 183, da CF, Artigo 1240, da CC e Artigo 9º, do Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001). Precisa de prazo na posse pelo prazo de cinco anos, com caráter habitacional, para �ns de moradia do possuidor ou de sua família em área urbana não superior a 250 m2, desde que não seja proprietário de nenhum outro imóvel rural ou urbano. Atenção, pois, nessa modalidade, o possuidor não será contemplado mais de uma vez (Artigo 9º, § 2º, do Estatuto da Cidade e Artigo 1240, § 2º, do CC). Na quinta linha, trata da usucapião especial urbana coletiva, que tem fundamento no Artigo 10 do Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001), possui prazo de posse mansa de 5 anos e a propriedade é atribuída à população de baixa renda que possua área urbana superior a 250 m2 para �ns de moradia, sem se identi�carem os terrenos ocupados por cada possuidor, desde que não sejam, os possuidores, proprietários de imóvel urbano ou rural, aplicando-se as regras de condomínio; Na sexta linha, expõe a usucapião familiar, cuja pretensão é a aquisição da meação do ex-cônjuge ou ex-companheiro que tenha abandonado o imóvel. Tem fundamento no Artigo 1240-A, do CC, e o prazo aquisitivo dessa modalidade é de dois anos. É destinada para imóvel urbano de até 250 m2 comum do casal, desde que o utilize para sua moradia ou de sua família e que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. Na sétima linha, fala da usucapião ordinária, cujo fundamento é o Artigo 1242, caput, do CC, cujo prazo de posse é de 10 anos, desde que haja justo título e boa-fé. Entende-se, aqui, por justo título, todo documento hábil a transferir direitos e deveres. Na oitava linha, a usucapião ordinária habitacional/pró-labore, com fundamento legal no Artigo 1242, parágrafo, do CC, necessita de prazo de cinco anos; se o seu registro de aquisição onerosa tiver sido cancelado e o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia ou realizado investimentos de interesse social e econômico. Na nona linha, a usucapião administrativa, com fundamento no Artigo 1071, do CPC, que inseriu o Artigo 216-A à Lei de Registros Públicos (Lei nº 6015/73), permitindo o reconhecimento extrajudicial de usucapião diretamente em cartório de registro de imóveis. Necessita da citação dos con�nantes, conforme o Artigo 246, do NCPC, e ampla publicação de editais, conforme o Artigo 259, do NCPC, além de participação do Ministério Público, nos termos do Artigo 178, III, do NCPC. Apontamentos sobre Direito de Família (Arts. 1.511 a 1.783-A) A Constituição Federal tratou expressamente do casamento civil, da união estável e da família monoparental (entidade familiar formada por um dos genitores e seus ascendentes), mas, recentemente, a jurisprudência brasileira vem reconhecendo situações familiares que não estão expressamente previstas na lei, mas que ocorrem e são reconhecidas de fato pela nossa sociedade. Como foi o caso do reconhecimento de união estável entre pessoas do mesmo sexo, por meio de decisão do STF, na ADI 4277 e ADPF 132, julgadas em maio de 2011. Atualmente, podemos elencar, entre muitos, alguns princípios que são elementares para o direito de família: a) igualdade entre �lhos e entre homem e mulher; b) respeito à dignidade humana; c) afeição; d) liberdade na constituição familiar; e) solidariedade familiar. A relação de parentesco se estabelece por parentesco natural (consanguíneo) ou civil (a�nidade, adoção e reprodução humana assistida). O parentesco natural pode ser estipulado por duas linhas, a linha reta e a linha colateral. A linha reta determina os parentes que são ascendentes e descendentes uns dos outros (exemplos: pais e �lhos; avós e netos). A linha reta é in�nita, ou seja, não tem limites, já a linha colateral é limitada até o quarto grau e estabelece a relação de parentesco de pessoas que possuem um ascendente em comum e que, portanto, não são nem ascendentes nem descendentes umas das outras. São parentes na linha colateral: os irmãos (2º grau), tios (3º grau), sobrinhos (3º grau), tios-avós (4º grau), sobrinhos-netos (4º grau) e primos (4º grau) (LISBOA, 2008). O parentesco por a�nidade é aquele que se estabelece entre um cônjuge ou companheiro com os parentes do outro cônjuge ou companheiro. A a�nidade também se divide em linha reta e linha colateral e é determinada por lei, não se trata de um parentesco natural, e sim um parentesco civil (legal). O parentesco por a�nidade ocorre apenas no casamento e na união estável e une, por exemplo, um cônjuge com os parentes em linha reta (todos os ascendentes e descendentes) e colateral (até o segundo grau, ou seja, irmão) do outro cônjuge. Salienta-se que a linha reta de parentesco por a�nidade é indissolúvel e gera impedimento matrimonial, por outro lado, a linha colateral de parentesco por a�nidade é dissolvida com o término do casamento ou união estável e não produz impedimento matrimonial, ou seja, se eu dissolver meu casamento, não posso me casar com meu ex- sogro, mas poderei me casar com meu ex-cunhado. Portanto, se eu me divorciar do meu marido, os parentes naturais dele, em linha reta (ascendentes e descendentes), continuarão como meus parentes por a�nidade e os parentes naturais colaterais de segundo grau, ou seja, meus(minhas) cunhados(as) não serão mais considerados como meus parentes após a dissolução da entidade familiar. Os principais efeitos do parentesco são: a obrigação alimentar, os impedimentos matrimoniais e o direito das sucessões. Neste tópico, foram abordados os principais pontos dos direitos reais cobrados no exame da Ordem dos Advogados. É importante o conhecimento e a diferenciação das relações reais para as relações pessoais, conhecendo os conceitos de posse e propriedade. Casamento (Art. 1.511, CC) Aparentemente, restaria um impasse diante da singeleza da Lei 13.811/2019, que se restringiu a alterar o artigo 1.520 do Código Civil e proibir o casamento de menores de 16 anos, nada referindo, por exemplo, acerca dos re�exos jurídicos dos artigos 1.517, 1.518, 1.519, 1.525, II, 1.537, 1.550, I e II, 1.551, 1.552, 1.553, 1.555, 1.560, § 1º, e 1.641, III do Código Civil, que incontestavelmente se encontram tacitamente derrogados diante do atual artigo 1.520 (Lei 13.811/2019), e do artigo 1.548, II, este também do Código Civil, que a�rma ser nulo o casamento contraído por infringência de impedimento e impõe a decretação de nulidade, que inclusive é imprescritível, e pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público (CC, art. 1.549). Importante ressaltar que o Estatuto da Pessoa com De�ciência alterou a questão da incapacidade das pessoas com de�ciência, determinando que elas têm capacidade relativa, e reconhece o direito da pessoa com de�ciência ao casamento ou à formação de qualquer outra forma de entidade familiar (Art. 6º, Lei nº 13.146, de 2015). Dissolução da Sociedade e do Vínculo Conjugal (Arts. 1.571 a 1.582, CC) A dissolução do vínculo conjugal poderá acontecer por morte ou sentença judicial. A sentença judicial que possibilita a dissolução do casamento pode se dar por invalidade (nulidade e anulação de casamento) ou por divórcio (judicial ou extrajudicial). Importante ressaltar que a Emenda Constitucional 66, de 2010, retirou os prazos para o divórcio. Portanto, o único requisito para o divórcio, atualmente, é a vontade de uma ou de ambas as partes. A invalidade do casamento deve ser decretada por sentença judicial de nulidade ou anulação de casamento. Os casos de nulidade são casos graves e que estão relacionados aos impedimentos matrimoniais (Art. 1548, CC). A nulidade de casamento é imprescritível, portanto, não há prazo para que seja declarada a nulidade de casamento por decisão judicial. Importante ressaltar que o Estatuto da Pessoa com De�ciência alterou o Artigo 1548, do CC, retirando,do rol de causas para a nulidade, o casamento do enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil, portanto, a incapacidade não é mais uma causa de nulidade de casamento. Já os casos de anulação de casamento, diferentemente da nulidade, têm prazo de acordo com o Artigo 1560, do CC (prazo de 180 dias a quatro anos, dependendo da causa). Assim, a lei determina os casos de anulação e o prazo a ser utilizado para que o casamento perca sua e�cácia jurídica por meio de sentença. Portanto, mesmo acontecendo a causa prevista para anulação, se o prazo já se �ndou, não poderá mais o juiz invalidar tal casamento. Nesses casos, o casamento é convalidado pelo tempo. As causas de anulação de casamento são as seguintes: a) quem não completou a idade mínima para o casamento (capacidade matrimonial); b) quem não obteve a autorização para o casamento; c) erro essencial sobre a pessoa do cônjuge (desconhecimento sobre uma circunstância anterior ao casamento, em relação ao seu marido ou mulher); d) vício de consentimento (falha na declaração de vontade de casar); e) revogação de procuração para celebração de casamento; f) incompetência da autoridade celebrante. Importante ressaltar que o Estatuto da Pessoa com De�ciência alterou o Artigo 1557, do CC, retirando do rol de causas para a anulação de casamento por erro essencial a pessoa cônjuge com doença mental grave. Regime de Bens O direito brasileiro permite a escolha do regime de bens que será observado na constância do casamento. Contudo, existem situações em que a lei impõe que o regime seja o da separação obrigatória de bens. Esses casos estão previstos no Artigo 1641, do CC. Dentre as causas previstas, está o casamento daquele com mais de 70 anos de idade, daquele que se casa com uma causa suspensiva (Art. 1523, CC). Outra questão relevante é quanto à possibilidade de alteração do regime de bens. Permite-se, no Brasil, que as partes alterem o regime de bens do casamento, após sua celebração, mediante autorização judicial, com pedido motivado formulado por ambos os cônjuges. Ou seja, não basta a vontade de alterar o regime, é necessário pedir em juízo e desde que seja a vontade de ambos os cônjuges (Art. 1639, § 2º, CC). saibamaisSaiba mais Os bens de família estão dispostos entre os Artigos 1711 a 1722, do Código Civil. Mediante escritura pública, os familiares podem marcar até um terço do patrimônio como bens de família, impondo, assim, a impenhorabilidade deles. Pode o doador marcar em testamento, como bem de família, o seu legado. Para saber mais sobre o assunto, acesse o artigo disponível no link a seguir. ACESSAR http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm Modalidade Fundamento Necessidade de pacto antenupcial Comunicação de bens entre os cônjuges Comunhão parcial de bens: é a modalidade padrão de regime de bens, aplicada também às uniões estáveis, salvo disposição em contrário (Art. 1.726, CC). Artigos 1.658 a 1.666, do CC. Não. Comunicam: I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior; III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges; IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão. Não comunicam os anteriores ao casamento. Comunhão universal de bens Artigos 1.667 a 1.671, do CC. Sim. Todos os bens, anteriores ou posteriores ao casamento, exceto: I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar; II - os bens gravados de �deicomisso e o direito do herdeiro �deicomissário, antes de realizada a condição suspensiva; III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum; IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade V - os bens referidos nos incisos V a VII do Artigo 1.659. Separação total convencional: qualquer pessoa hábil para casar pode escolher Artigos 1.687 e 1.688, do CC. Sim. Não comunica nenhum bem, anterior ou posterior ao casamento. Não impede que as partes Quadro 1.6 - Regime de bens do casamento Fonte: Elaborado pelo autor. #PraCegoVer: na primeira linha, trata da Comunhão parcial de bens: é a modalidade padrão de regime de bens, aplicada também às uniões estáveis, salvo disposição em esse regime. sejam condôminas do bem, conforme aferido no registro ou contrato sobre a aquisição do mesmo, podendo estipular a fração ideal de cada um. Separação total obrigatória: maiores de 70 anos, menores de idade, incapazes e demais causas que precisem de suprimento judicial para casamento. Artigos 1.641, 1.687 e 1.688, do CC. Sim. Igual anterior. Participação �nal nos aquestos Artigos 1.672 a 1.686, do CC Sim. Durante o casamento, cada cônjuge tem sua massa patrimonial (como se fosse uma separação universal). Ao �m do casamento, daquilo que o patrimônio foi aumentado, realiza-se partilha, excetuando-se os bens anteriores ou aqueles que os sucederam, aqueles que cada um recebeu por doação ou herança e dívidas desses bens. contrário (Art. 1.726, CC), tem fundamento nos Artigos 1.658 a 1.666, do Código Civil. Não comunicam I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior; III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges; IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão. Não comunicam os anteriores ao casamento. Na segunda linha, traz o regime Comunhão universal de bens, fundamentado nos Artigos 1.667 a 1.671, do Código Civil. Comunicam todos os bens, anteriores ou posteriores ao casamento, exceto: I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar; II - os bens gravados de �deicomisso e o direito do herdeiro �deicomissário, antes de realizada a condição suspensiva; III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum; IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade V - os bens referidos nos incisos V a VII do Artigo 1.659. A terceira linha traz a Separação total convencional, sendo aplicável a qualquer pessoa hábil para casar. Tem fundamento nos Artigos 1.687 e 1.688, do CC. Não comunica nenhum bem, anterior ou posterior ao casamento. Não impede que as partes sejam condôminas do bem, conforme aferido no registro ou contrato sobre a aquisição dele, podendo estipular a fração ideal de cada um. A quarta linha expõe a Separação total obrigatória, destinada a maiores de 70 anos, menores de idade, incapazes e demais causas que precisem de suprimento judicial para casamento. Tem fundamento nos Artigos 1.641, 1.687 e 1.688, do CC. Não comunicam os bens. A quinta linha traz a Participação �nal nos aquestos, que tem fundamento nos Artigos 1.672 a 1.686. Durante o casamento, cada cônjuge tem sua massa patrimonial (como se fosse uma separação universal). Ao �m do casamento, daquilo que o patrimônio foi aumentado, realiza-se partilha, excetuando-se os bens anteriores ou aqueles que os sucederam, aqueles que cada um recebeu por doação ou herança e as dívidas desses bens. Neste tópico, foram abordados os principais tópicos do direito de família, conforme exigência do Exame da Ordem. Tratou-se dos regimes de bens e dos requisitos do casamento, assim como de sua aplicação para a união estável. Sobre Direito de Sucessões (Arts. 1.784 a2.027, CC) O direito sucessório brasileiro é dividido em sucessão legítima (em virtude de lei) e sucessão testamentária (em virtude de disposição testamentária). Trata da transferência de direitos em razão da morte de alguém, portanto, é o direito que regulamenta a passagem de titularidade do patrimônio de alguém que faleceu para seus herdeiros ou sucessores. A sucessão legítima é aquela decorrente da lei, e não da vontade do autor da herança. São herdeiros legítimos aqueles que se encontram na ordem de vocação hereditária proposta por lei (Art. 1829, CC). A ordem de vocação hereditária determina a sucessão na seguinte ordem: 1) descendentes, 2) ascendentes, 3) cônjuge, 4) colaterais até o quarto grau (irmãos, sobrinhos, tios, primos, sobrinhos-netos, tios-avós) e o companheiro (Art. 1790, CC). É importante salientar que a ordem de vocação é uma ordem de preferência, portanto, na falta do primeiro grau de preferência, passamos para o segundo, e assim sucessivamente. Apesar de a lei estabelecer um rol de preferência, aplica-se o direito de concorrência para os herdeiros necessários, ou seja, apesar de estarem em graus de preferência diferenciados, ocorrerá a concorrência (recebimento conjunto) de descendentes com cônjuge (dependendo do regime de bens) e, na falta de descendentes, a concorrência de ascendente com cônjuge. Assim, se o casamento foi celebrado pelo regime da comunhão universal de bens ou regime da separação obrigatória, ou mesmo pela comunhão parcial sem bens particulares, não haverá direito de concorrência entre descendentes e cônjuge, nesse caso, os descendentes receberão todo o direito sucessório. Mas, se o regime do casamento era o da comunhão parcial de bens, deixando o falecido bens que são considerados particulares, regime da separação convencional e regime da participação �nal nos aquestos, o cônjuge será chamado a receber, em concorrência com o descendente, parte do patrimônio, de acordo com o descrito em lei (TARTUCE, 2020). Caso a pessoa falecida não tenha descendente, o próximo grau na linha de vocação cabe aos ascendentes. Mas se a pessoa falecida deixa, também, cônjuge, independentemente do regime de bens, ele será chamado a concorrer com os ascendentes, dividindo o patrimônio do de cujus. Se, entretanto, o falecido não deixou ascendente, a preferência será do cônjuge, independentemente do regime de bens do casamento. Importante ressaltar que o cônjuge só tem direito se não era separado, de fato, judicialmente e tem o direito a receber, no mínimo, 1/4 da herança, quando concorrer com descendentes comuns ao falecido, e terá direito a receber 1/3 da herança, quando concorrer com os dois ascendentes de 1º grau do falecido, ou 1/2 da herança, se um único ascendente ou se concorrer com ascendentes a partir do 2º grau (avós, por exemplo) (Arts. 1832 e 1836, CC). Outra situação muito importante se delineia quanto ao direito sucessório dos companheiros (Art. 1790, CC). No caso da não existência de cônjuge, mas sim de companheiro, haverá também o direito de concorrência. O companheiro concorre com descendentes, ascendentes e colaterais do falecido, mas o seu direito sucessório se restringe aos bens adquiridos a título oneroso, na constância da união, e não em relação a todos os bens do falecido. Além disso, é importante ressaltar que, diferentemente do casamento, o companheiro concorre com colaterais e não é considerado como herdeiro necessário. Portanto, só receberá sucessão sozinho, quando não houver nenhum descendente, ascendente ou colateral até 4º grau, antecipando-se, apenas, em relação ao Poder Público, que só receberá se não houver nenhuma das pessoas já mencionadas. Na sucessão legítima, pode acontecer o recebimento de herança por representação. Na representação, um descendente de um herdeiro falecido receberá em seu lugar, mas somente nos casos em que a lei assim determina. Portanto, são requisitos para que ocorra o direito de representação: a) falta (morte do herdeiro em momento anterior à morte do autor da herança ou exclusão de capacidade: indignidade e deserdação) de um herdeiro do grau mais próximo; b) existência de mais de um herdeiro da mesma classe do grau mais próximo com direito à herança; c) existência de herdeiros descendentes do herdeiro faltante. O direito de representação é permitido apenas na sucessão legítima para a sucessão de descendentes e na linha colateral, para �lhos de irmãos já falecidos. O representante recebe a mesma quantia que o representado receberia. Quem recebe por representação recebe por estirpe. A renúncia não permite o direito de representação (Arts. 1851 a 1856, CC). Conhecimento Teste seus Conhecimentos (Atividade não pontuada) Arnaldo faleceu e deixou os �lhos Roberto e Álvaro. No inventário judicial de Arnaldo, Roberto, devedor contumaz na praça, renunciou à herança, em 05/11/2019, conforme declaração nos autos. Considerando que o falecido não deixou testamento nem dívidas a serem pagas, o valor líquido do monte a ser partilhado era de R$ 100.000,00 (cem mil reais). Bruno é primo de Roberto e também seu credor no valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). No dia 09/11/2019, Bruno tomou conhecimento da manifestação de renúncia supracitada e, no dia 29/11/2019, procurou um advogado para tomar as medidas cabíveis. Sobre essa situação, assinale a alternativa correta. a) Em nenhuma hipótese Bruno poderá contestar a renúncia da herança feita por Roberto. b) Bruno poderá aceitar a herança em nome de Roberto, desde que o faça no prazo de quarenta dias seguintes ao conhecimento do fato. c) Bruno poderá, mediante autorização judicial, aceitar a herança em nome de Roberto, recebendo integralmente o quinhão do renunciante. d) Bruno poderá, mediante autorização judicial, aceitar a herança em nome de Roberto, no limite de seu crédito. O direito empresarial, enquanto ramo autônomo do Direito, tem a função de realizar a regulamentação e a tutela da atividade empresarial, ou seja, daquela organizada nos termos expostos pela legislação, realizada pelo empresário e exercida com função social. Teoria Geral da Empresa Serão abordados os elementos da empresa, constituindo o empresário, o estabelecimento e a organização empresarial. O Empresário e os Tipos de Empresários (Art. 966, CC) O empresário tem o seu conceito no Artigo 966, do Código Civil, que dispõe: “considera-se empresário quem exerce pro�ssionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”. Temos que o empresário será a pessoa física ou jurídica que exercerá pro�ssionalmente uma atividade econômica, de forma organizada, para produção ou circulação de bens ou de serviços. Nesse sentido, teremos os seguintes elementos caracterizadores da atividade empresarial (CHAGAS, 2020): a) pro�ssionalismo – compreende o exercício da atividade por parte do empresário com habitualidade, com a pessoalidade do empresário ou de parceiros e colaboradores; Direito EmpresarialDireito Empresarial b) atividade econômica – o empresário deve exercer atividade de circulação de riquezas (aquisição de bens para elaboração de produtos ou distribuição destes) com o objetivo de lucratividade (existência de receitas superiores às despesas); c) organização de fatores – o empresário deverá organizar fatores como o capital, a mão de obra, os insumos (matéria-prima necessária à atividade) e todo o conhecimento referente àquela atividade empresarial (conhecido também como know-how). O parágrafo único, do Artigo 966, do Código Civil, traz as atividades que a lei não considera como atividades empresariais, como aquelas de natureza intelectual, cientí�ca, literária e artística. Os empresários, descritos no Artigo 966, do Código Civil, exercerão suas atividades de modo organizado em três categorias distintas, quais sejam, os empresários individuais, as empresas individuais de responsabilidade limitada (Eireli) e as sociedades empresariais. O empresário individual é a pessoa física que explora suas atividades em conformidade com o Artigo 966, do Código
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