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TOPICOS ESPECIAIS EM DIREITO I - (EAD_20) - 202110 FMU-93504 06 A2

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TÓPICOS ESPECIAIS EM DIREITO ITÓPICOS ESPECIAIS EM DIREITO I
EIXO DE DIREITO PENAL EEIXO DE DIREITO PENAL E
ESTATUTO DA CRIANÇA E DOESTATUTO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTEADOLESCENTE
Autor: Me. Thiago Cesar Giazzi
Revisor : Lar issa Gonçalves
I N I C I A R
i t d ã
Introdução
Nesta unidade, será trabalhado o Direito Penal, tanto a parte geral quanto os crimes em
espécie previstos na parte especial do Código Penal. Além disso, serão vistas as principais leis
sobre a matéria, normalmente trabalhadas sob o título de leis penais extravagantes. Outro
tópico abordado será o Estatuto da Criança e do Adolescente, principalmente demonstrado
pela internalização dos conteúdos de Direitos Humanos sobre crianças e adolescentes,
con�gurados na doutrina da proteção integral, assim como as medidas protetivas e
socioeducativas. O recorte temático foi direcionado pelas questões mais reincidentes nos
exames da Ordem dos Advogados, possibilitando, assim, uma revisão do conteúdo aprendido
durante a graduação.
introdução
Direito Penal: Teoria daDireito Penal: Teoria da
Norma Penal e LeiNorma Penal e Lei
Penal no Tempo e noPenal no Tempo e no
EspaçoEspaço
Quadro 2.1 - Aplicação da lei penal do tempo: retroatividade e ultra-atividade 
Fonte: Elaborado pelo autor.
#PraCegoVer: a primeira linha do quadro “Aplicação da lei penal do tempo:
retroatividade e ultra-atividade” trata da regra geral, em que se aplica a lei do tempo do
fato. A segunda linha trata da retroatividade, que deve ser aplicada somente em favor do
réu (CF, Art. 5º, XL; CP, Art. 2º). São espécies possíveis a novatio legis (lei nova mais
bené�ca que a lei do tempo do fato deve ser aplicada, se houver) e a abolitio criminis (lei
posterior revoga a lei do tempo do fato que o previa como crime. Deve ser aplicada a lei
mais nova, desconsiderando a existência do crime, ainda que no tempo do fato existisse
tipi�cação). A terceira linha trata da ultra-atividade, que pode ser aplicada para benefício
do réu. Utilizada em casos de leis temporárias ou especiais (por exemplo: as sancionadas
em período e para tratativa de fatos durante calamidades públicas). Se a lei prevê algum
benefício, ainda que seu prazo de vigência já tenha se encerrado, ela pode gerar efeitos
Regra geral
Aplica-se a lei do tempo
do fato.
Retroatividade
Somente em favor do réu
(CF, Art. 5º, XL; CP, Art. 2º)
Novatio legis: lei nova mais
bené�ca que a lei do
tempo do fato deve ser
aplicada, se houver.
Abolitio criminis: lei
posterior revoga a lei do
tempo do fato que o
previa como crime. Deve
ser aplicada a lei mais
nova, desconsiderando a
existência do crime, ainda
que no tempo do fato
existisse tipi�cação.
Ultra-atividade
Para benefício do réu.
Utilizada em casos de leis
temporárias ou especiais
(por exemplo: as
sancionadas em período e
para tratativa de fatos
durante calamidades
públicas).
Se a lei prevê algum
benefício, ainda que seu
prazo de vigência já tenha
se encerrado, ela pode
gerar efeitos
posteriormente a esse
prazo para o benefício do
réu que se enquadraria na
situação prevista
enquanto vigente.
posteriormente a esse prazo para o benefício do réu que se enquadraria na situação
prevista enquanto vigente.
Tempo do Crime (Art. 4º do Código Penal)
Quadro 2.2 - Tempo do crime 
Fonte: Elaborado pelo autor.
#PraCegoVer: a primeira linha do quadro “Tempo do crime” trata da regra geral, em que,
pela teoria da atividade, aplica-se a lei do tempo do fato. A segunda linha trata do crime
continuado, em que se considera cada fato isoladamente ao se analisar o concurso de
crimes. A terceira linha trata do crime permanente, considerando que, desde a primeira
atividade até a última, esteve ocorrendo o crime. Considera-se todo o espaço de tempo
dessa ocorrência.
Lei Penal no Espaço
Quadro 2.3 - Lei penal no espaço 
Fonte: Elaborado pelo autor
#PraCegoVer: o quadro “Lei penal no espaço” demonstra que, no Brasil, adota-se a
territorialidade temperada ou relativa, aplicando-se a lei penal em todo o espaço do
território nacional para �ns jurídicos. Considera-se território nacional: território
geográ�co, seu espaço aéreo e seu subsolo; mar territorial (até 12 milhas marítimas
contadas da costa), seu espaço aéreo e seu subsolo; navios e aeronaves públicos em
qualquer local, mesmo fora do espaço geográ�co (Regra do Pavilhão - Art. 5º, § 1º, CP); e
navios e aeronaves privadas registradas no Brasil quando em alto-mar (águas
internacionais).
Direito Penal: Teoria do Crime e Teoria das
Penas
O Direito Penal, enquanto medida do Estado em interferir na liberdade individual a ponto de
retirá-la ou restringi-la, impõe papel importante para a paci�cação social, competindo à União
a criação de leis que prevejam quais condutas humanas serão proibidas e tipi�cadas como
condutas penais.
A legalidade penal, que se aplica a crimes e contravenções penais, tem como fundamento o
princípio constitucional que determina a garantia contra o arbítrio do Estado (Art. 5º, XXXIX,
CF), sendo replicado no Código Penal (Art. 1º), que diz que não há crime sem prévia cominação
legal. Desse modo, a legalidade penal atua como a junção dos princípios da reserva legal (ou
legalidade estrita, dispondo a necessidade de a conduta criminal estar prevista, tipi�cada para
que o Estado possa puni-la) e da anterioridade (havendo a necessidade de que a tipi�cação da
conduta ilícita tratada como crime ou contravenção penal ocorra antes do fato).
Territorialidade temperada ou relativa - Art. 5, CP (todo o território nacional
para �ns jurídicos)
Território
geográ�co, seu
espaço aéreo e
seu subsolo.
Mar territorial (até
12 milhas
marítimas
contadas da
costa), seu espaço
aéreo e seu
subsolo.
Navios e
aeronaves
públicos em
qualquer local,
mesmo fora do
espaço geográ�co
(Regra do Pavilhão
- Art. 5º, § 1º, CP).
Navios e aeronaves
privadas registradas
no Brasil quando
em alto-mar (águas
internacionais).
Ainda sobre a legalidade penal, deve o texto legal penal observar a taxatividade (descrição
detalhada do fato na lei, deve estar expresso na lei a conduta que vai ser determinada como
criminosa) e o mínimo de determinação (limite da taxatividade na medida de individualização
do fato, permitindo leis penais em branco, leis penais incompletas).
Teoria do Crime
Sujeito ativo: é a pessoa natural ou jurídica que pratica a conduta tipi�cada como crime. As
pessoas jurídicas, mesmo que não possuam manifestação individualizada de vontade, podem
ser sujeito ativo de crimes que prevejam condutas de benefício patrimonial por meios ilícitos,
podendo sofrer penas restritivas de direito. Nos crimes comuns, qualquer pessoa pode ser
sujeito ativo. Nos crimes próprios, via de regra, são sujeitos ativos aqueles que cumprem os
elementos previstos no tipo (por exemplo: funcionário público, mulher em estado puerperal),
podendo, quando em concursos de agentes, outra pessoa comum também responder. Nos
crimes de mão própria, não se admite coautoria (apenas participação), e somente o sujeito
indicado na elementar do tipo responderá (NUCCI, 2019).
Sujeito passivo: é o titular do direito ou do interesse jurídico violado ou ameaçado pela
conduta criminosa. Não necessariamente será a vítima, pois existem crimes que tutelam
interesses públicos, em que o Estado surge como titular do direito. São espécies de sujeito
passivo: formal (ou constante) e material (ou direto ou eventual). Formal ou constante é
sempre o Estado. Material é o titular direto do direito violado, ou seja, a vítima da conduta. É
possível que o Estado seja o único sujeito passivo nos crimes contra a Administração Pública,
por exemplo. O sujeito morto, por exemplo, não é sujeito passivo de crime, mas apenas
vítima, já que a titularidade dos direitos cessa com a morte. Nos crimes vagos, o sujeito
passivo é uma entidade sem personalidade jurídica, mas com valor social, como a família.
Objeto do crime: pode ser jurídico ou material. Jurídico é o bem jurídico sobre o qual recai a
tutela penal. Material é a coisa ou pessoa sobre a qual recai a conduta do agente.
Conceitode Crime
O conceito de crime é atualmente materializado pela doutrina, em razão da superação do
conceito legal disposto no Art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal. Assim, crime é a lesão
ou ameaça de lesão a um bem jurídico tutelado e tipi�cado pelo Direito Penal. Sua análise
dispõe o chamado conceito analístico, estabelecendo os elementares que constituem o crime.
Fato Típico
a) Conduta, comportamento, vontade e erro de tipo
Conduta é todo fato comportamental dirigido por uma vontade, levando-se em conta a teoria
�nalista da ação. Podem ser condutas omissivas ou comissivas Em matéria penal, a vontade
se expressa por dolo, culpa e preterdolo. Os crimes praticados por ação (comissivos) implicam
comportamento positivo, um fazer, que aparece no verbo núcleo do tipo (NUCCI, 2019).
Os crimes praticados por omissão constituem comportamento negativo, com ação segundo a
vontade na realização de um não fazer. Podem ser omissivos próprios (ou puros), omissivos
impróprios (ou impuros) ou comissivos por omissão.
Quadro 2.4 - Espécies de crimes omissivos 
Fonte: Elaborado pelo autor.
#PraCegoVer: o quadro “Espécies de crimes omissivos” mostra os conceitos das
classi�cações dos crimes omissivos. A primeira coluna trata de crimes omissivos próprios,
em que é descrita a omissão pelo legislador como uma conduta. Por exemplo: deixar de
prestar assistência (Art. 135, CP). A segunda coluna trata dos omissivos impróprios,
quando atinge quem tem o dever ou poder de agir para evitar o resultado (Art. 13, § 2º,
CP). Por exemplo: morte infantil por inanição. A terceira coluna mostra os comissivos por
omissão, em que o dolo está em assumir o resultado criminoso ou seu risco quando
deixa de praticar o ato que o impediria (Art. 18, I, CP).
O dolo é a vontade de atingir o resultado que está previsto como crime ou, ao menos, assumir
o seu risco. O quadro a seguir mostra as espécies de dolo:
Quadro 2.5 - Espécies de dolo 
Fonte: Elaborado pelo autor.
#PraCegoVer: o quadro “Espécies de dolo” mostra, na primeira linha, o dolo direto, em
que a vontade do agente é direta em alcançar o resultado. A segunda linha trata do dolo
indireto, que se divide em alternativo, quando a conduta pode atingir vários resultados,
todos contentando a vontade do agente (por exemplo: atropelamento pode matar ou
causar lesão corporal), ou eventual, quando a conduta pode causar o resultado ou não,
assumindo-se o risco de produzir. A terceira linha trata do dolo genérico, no qual a
vontade é da conduta, sendo esta genérica, não exigindo elemento especial do dolo (por
exemplo: homicídio - Art. 121, caput, CP). A quarta e última linha trata do dolo especí�co,
sobre o qual existe uma elementar do tipo, devendo esta estar presente sob atipicidade
ou encaixe em outro tipo penal. Por exemplo: extorsão mediante sequestro, com
�nalidade de obtenção de vantagem (Art. 159, CP).
A culpa em sentido estrito é a segunda forma de vontade na esfera penal e depende da
cumulação dos seguintes elementos:
Quadro 2.6 - Elementos da culpa em sentido estrito 
Fonte: Elaborado pelo autor.
#PraCegoVer: o quadro “Elementos da culpa em sentido estrito” traz, na primeira linha, a
conduta inicial voluntária. A conduta, ainda que inicialmente não seja tipi�cada como
crime, deve ser voluntária, excluídas as situações de coação. A segunda linha traz a
quebra do dever de cuidado, que pode ser: por imprudência (conduta positiva afoita, sem
o devido cuidado); por negligência (comportamento negativo, sem assumir os deveres de
cuidado); ou por imperícia (inobservância de elemento técnico para exercício da
atividade). Na terceira linha, é mostrado o resultado involuntário. A quarta linha traz o
nexo causal, liame lógico-consequente entre a conduta e o resultado. A quinta linha
mostra a previsibilidade objetiva, que é a assunção de que uma pessoa de padrões
cognitivos e intelectuais médios poderia prever que a conduta levaria ao resultado. A
sexta e última linha mostra a tipicidade, necessidade de a norma penal prever a
modalidade culposa e seu apenamento.
Conduta inicial
voluntária
A conduta, ainda que inicialmente não seja tipi�cada
como crime, deve ser voluntária (excluídas as situações
de coação).
Quebra do dever de
cuidado
Imprudência
Conduta positiva afoita,
sem o devido cuidado.
Negligência
Comportamento negativo,
sem assumir os deveres
de cuidado.
Imperícia
Inobservância de
elemento técnico para
exercício da atividade.
Resultado involuntário Se houvesse vontade, seria situação de dolo.
Nexo causal
Liame lógico-consequente entre a conduta e o
resultado.
Previsibilidade objetiva
A assunção de que uma pessoa de padrões cognitivos e
intelectuais médios poderia prever que a conduta
levaria ao resultado.
Tipicidade
Necessidade de a norma penal prever a modalidade
culposa e seu apenamento.
Por �m, há ainda o preterdolo, última forma de vontade. É uma das espécies de crime
quali�cado pelo resultado (Art. 19, CP). Só é possível se houver previsão expressa. No crime
preterdoloso ou preterintencional, o agente tem dolo no antecedente e culpa no
consequente. Por exemplo: Art. 129, § 3º, CP.
ABERRATIO CRIMINIS, ABERRATIO ICTUS e DEMAIS ERROS
Quadro 2.7 - Erros nos crimes 
Fonte: Elaborado pelo autor.
#PraCegoVer: o quadro “Erros nos crimes” traz, na primeira linha, o erro de tipo: falta de
percepção da realidade que interfere na vontade do agente. Há engano sobre uma
elementar do tipo. O erro de tipo pode ser: essencial (deixa de cumprir elemento do
tipo); descriminantes putativas (age acreditando que seria legítima defesa); ou, ainda,
erro determinado por terceiro (o agente é induzido ao erro por terceiro, o verdadeiro
culpado pelo ilícito). A segunda linha apresenta o erro de proibição (Art. 21, CP), que é o
desconhecimento da ilicitude do fato. Pode ser escusável, que exclui a culpabilidade, ou
inescusável, que diminui a pena. A terceira linha mostra o erro de pessoa (Art. 20, § 3º,
CP), quando se acerta pessoa diversa da pretendida. O agente praticou o crime, mas sua
intenção era que fosse praticado contra outra vítima. Nesse caso, não muda o
apenamento. Como erro, o agente tem falta de percepção da vítima. A quarta linha
mostra o erro de execução (aberratio ictus), que é erro ou acidente na execução: atinge
pessoa diversa, por falha na execução ou acidente. O agente não tem falsa percepção da
vítima, mas acaba atingindo outra que não havia planejado. A quinta linha fala do
aberratio criminis, em que o agente pratica um ato, mas atinge resultado de outro crime:
desvio de resultado (Art. 74, CP).
Erro de tipo é a falsa percepção da realidade, diante de uma situação fática, que pode
interferir na vontade do agente. Dessa forma, como no Direito Penal a vontade é
absolutamente importante, qualquer vício pode trazer consequências. Há quatro espécies de
erro de tipo: essencial, descriminantes putativas, erro determinado por terceiro e erro
acidental.
O Art. 20, caput, do Código Penal, dispõe que o erro de tipo essencial é o engano do agente
quanto a elementar do tipo. Elementar é toda palavra ou expressão contida no tipo que, se
eliminada mentalmente, faz com que o crime desapareça. Pode ser escusável (perdoável ou
inevitável) ou inescusável (imperdoável ou evitável). O critério para aferir se o erro é perdoável
ou não é o do homem médio: assim, será perdoável se nem o homem médio, diante de
determinada situação fática, seria mais cuidadoso. Se perdoável, excluem-se o dolo e a culpa.
Se imperdoável, exclui-se apenas o dolo, permitindo a punição por culpa, se prevista em lei.
As descriminantes putativas são situações em que o agente imagina que incorre num tipo
penal permissivo, diante de situação concreta, mas na realidade não está (Art. 20, § 1º, CP). Se
justi�cável que imagina dessa forma, o agente �ca isento de pena. Se injusti�cável, responde
o agente por culpa, se prevista em lei. O critério novamente é o do homem médio (GONZAGA,
2017).
O erro determinado por terceiro implica a hipótese de o agente se valer de outra pessoa
como mero instrumentopara praticar o fato ilícito (Art. 20, § 2º, CP). Nesse caso, só responde
quem determinou o erro.
O erro de tipo acidental é o equívoco irrelevante do agente, que responde como se tivesse
praticado o fato como pretendia. O erro pode ser sobre o objeto, sobre a pessoa (error in
personae), sobre o nexo causal (aberratio causae) ou, ainda, erro na execução (aberratio ictus).
O erro sobre objeto incide sobre a coisa que se almejava atingir. Por exemplo: o agente furta
corrente dourada, pensando ser de ouro, mas era bijuteria. No erro sobre a pessoa, o agente
confunde a pessoa que pretendia atingir (Art. 20, § 3º, CP). Ele responde como se tivesse
realizado seu intento (NUCCI, 2019). Por exemplo: o agente desfere golpes de faca na
escuridão em pessoa que acreditava ser seu pai. No erro sobre o nexo causal, o agente
imagina que o resultado adveio de determinada causa, contudo sobrevém de outra. Nesse
caso, é importante a�rmar que o sujeito ativo praticou as duas causas. Por exemplo: o autor
do fato pretende matar alguém por disparos de arma de fogo, contudo a vítima, ao se
esquivar, cai de um precipício e morre. O agente responde pelo resultado de qualquer forma.
b) Resultado jurídico e naturalístico
Resultado é a consequência da conduta perpetrada pelo agente. Há duas espécies de
resultado: o jurídico e o naturalístico.
c) Nexo causal
Nexo causal é o liame (ligação) entre a conduta e o resultado naturalístico. Dessa forma, só
tem relevância o estudo do nexo causal se em relação aos crimes materiais ou omissivos
impróprios.
Repisa-se que, nos crimes materiais e omissivos impróprios, o fato típico é composto por
quatro elementos: conduta (dolo, culpa e preterdolo), resultado naturalístico, nexo causal e
tipicidade. Nos formais, de mera conduta e omissivos impróprios há dois elementos: conduta
(dolo, culpa e preterdolo) e tipicidade. A teoria adotada pelo Código Penal, em seu Art. 13,
caput, é a da equivalência dos antecedentes, também denominada conditio sine qua non.
Todas as causas que contribuem de alguma forma para a produção do resultado são
consideradas e têm valor equivalente.
d) Tipicidade e princípio da insigni�cância
Tipo penal é a descrição do fato na lei realizada pelo legislador. Fato concreto é o fato da vida
real. Tipicidade é a subsunção – o enquadramento – do fato concreto na lei em abstrato, no
tipo penal.
e) Ilicitude ou antijuridicidade
Ilicitude, ou antijuridicidade, é a contrariedade da conduta ao ordenamento jurídico penal.
Assim, é possível que haja fato típico que seja lícito, basta que haja a caracterização de alguma
excludente de ilicitude.
Causas excludentes da ilicitude ou causas excludentes da antijuridicidade ou causas de
justi�cação ou, ainda, tipos penais permissivos podem ser legais e supralegais. Segundo o
Código Penal (BRASIL, 1940), as legais se subdividem em gerais (Art. 23) e especiais (previstas
em alguns tipos penais, como o Art. 128). As supralegais não estão na lei e constituem assunto
divergente. A mais aceita é o consentimento do ofendido.
As causas legais gerais se aplicam a todos os fatos típicos. São elas: estado de necessidade,
legítima defesa, exercício regular de um direito e estrito cumprimento do dever legal.
O estado de necessidade está previsto nos Arts. 23, I, e 24, do CP (BRASIL, 1940). Tem como
requisitos: situação de perigo, atual ou iminente (admitido de forma ampla na doutrina, a
despeito de ausência de previsão legal expressa), não provocado por vontade do agente (de
forma dolosa para a maioria), direito próprio ou alheio, conduta lesiva necessária,
razoabilidade do sacrifício, ausência do dever de enfrentar o perigo e conhecimento da
situação justi�cante. Espécies principais: próprio, de terceiro, real ou putativo (imaginário). É
importante consignar que, se o agente escolhe o bem menos valioso para salvaguardar,
haverá crime, por ausência de razoabilidade do sacrifício, contudo poderá incidir redução de
pena, de acordo com o Art. 24, § 2º, CP (BRASIL, 1940).
A legítima defesa está prevista nos Arts. 23, II, e 25, do CP (BRASIL, 1940). Requisitos: agressão
humana injusta, atual ou iminente, a direito próprio ou alheio, reação moderada, com meios
necessários e conhecimento da situação justi�cante. Legítima defesa não é vingança. Assim,
em geral, o ataque pelas costas não constitui a excludente. Espécies principais: própria, de
terceiro, real, putativa (imaginária) e sucessiva (reação legítima ao excesso punível). Não se
admite legítima defesa recíproca, ou seja, simultânea, desde que seja real. Nesse caso, ou
ambos os agentes praticam agressões injustas, ou um pratica agressão injusta, e o outro
justa. Recentemente, a Lei nº 13.964/2019 incluiu como previsão de legítima defesa o ato
realizado pelo agente de segurança pública para repelir agressão ou risco de agressão à
vítima refém durante a prática de crimes.
O exercício regular de um direito é a excludente diante de situações permitidas nos outros
ramos do Direito (Art. 23, III, CP), como exercício do poder familiar e direito desportivo. Há
divergência se os ofendículos são legítima defesa preordenada ou exercício regular de um
direito. Ofendículos são aparatos ou aparelhos predispostos para a proteção do patrimônio,
como cerca elétrica ou alarme. Independentemente do posicionamento, não haverá crime,
desde que haja moderação na utilização desses objetos.
O estrito cumprimento do dever legal é a excludente diante de situações que decorrem do
exercício funcional, regulado em lei, de algumas pessoas (Art. 23, III, CP) (BRASIL, 1940). Por
exemplo: policial que executa mandado de prisão e o�cial de justiça que apreende veículo.
Culpabilidade
A culpabilidade é o terceiro elemento do conceito analítico de crime. A culpabilidade não se
confunde com a culpa em sentido estrito, esta é elemento de vontade da conduta e compõe o
fato típico (NUCCI, 2019).
São elementos da culpabilidade: imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e
exigibilidade de conduta diversa.
a) Imputabilidade, inimputabilidade e semi-imputabilidade
Imputabilidade é a capacidade de autodeterminação do agente, a capacidade de entender o
que faz. A lei penal prevê apenas as hipóteses em que não há imputabilidade, assim os
imputáveis são identi�cados por exclusão. O menor de dezoito anos é inimputável (Art. 228,
CF, Art. 27, CP, e Art. 104, ECA) (BRASIL, 1988; 1940; 1990a). Trata-se de presunção absoluta,
sendo que o critério utilizado pelo legislador nesse caso foi o biológico. Os doentes mentais
podem ser inimputáveis, de acordo com o Art. 26, caput, do CP (BRASIL, 1940).
A emoção e a paixão não excluem a imputabilidade penal (Art. 28, I, CP) (BRASIL, 1940).
Emoção é sentimento fugaz, como euforia, e a paixão é um sentimento duradouro, como
ódio. A emoção pode apenas interferir na quantidade de punição.
A inimputabilidade gera presunção absoluta de periculosidade. Dessa forma, o agente
inimputável é absolvido, mas trata-se de absolvição imprópria, pois implica a aplicação de
medida de segurança.
A semi-imputabilidade é o discernimento parcial do agente. Nesse caso, o agente é
condenado, com aplicação de pena reduzida (Art. 26, parágrafo único, CP) (BRASIL, 1940).
Apenas se comprovada a periculosidade no caso concreto, a pena reduzida poderá ser
substituída por medida de segurança.
b) Potencial consciência da ilicitude e erro de proibição
Potencial consciência da ilicitude é a possibilidade, mediante um juízo leigo, de o agente ter
acesso à informação sobre a ilicitude do fato.
Erro de proibição é o equívoco do agente quanto à ilicitude do fato. Pode ser: escusável
(perdoável ou inevitável) ou inescusável (imperdoável ou evitável). O critério para aferir se o
erro é ou não perdoável leva em conta as condições pessoais do agente, diferente da regra
geral. Os efeitos do erro de proibição estão no Art. 21 do Código Penal (BRASIL, 1940). Se
perdoável, implica exclusão da culpabilidade; se imperdoável, redução de pena.
c) Exigibilidade de conduta diversa e causas de inexigibilidade de condutadiversa
A exigibilidade de conduta diversa é a exigência do Estado de que, diante de situações
normais, as pessoas se abstenham de praticar crimes. São causas de inexigibilidade de
conduta diversa as situações anormais, admitidas expressamente no Art. 22, do CP (BRASIL,
1940), a coação moral irresistível e a obediência hierárquica.
Na coação moral irresistível, o coator obriga o coacto a praticar um crime mediante a
promessa de realizar algum mal, injusto, grave e possível, em futuro próximo, contra o coacto
ou alguém de seu relacionamento. Só responde pelo crime o coator. Por exemplo: sequestrar
�lho de gerente de joalheria para constrangê-lo a auxiliar na subtração de joias.
A obediência hierárquica ocorre sempre que um subalterno cumpre ordem de superior
hierárquico, desde que não seja manifestamente ilegal. Só responde pelo crime o superior.
Por exemplo: delegado que ordena recolhimento de preso ao cárcere, sem que haja justa
causa para tanto.
Pode-se esquematizar o conceito analítico de crime, para a teoria �nalista tripartida, em se
tratando de crimes materiais e omissivos impróprios, da seguinte forma: fato típico »»
conduta (dolo, culpa e preterdolo) »» resultado naturalístico »» nexo causal »» tipicidade -
antijurídico - culpável »» imputabilidade »» potencial consciência da ilicitude »» exigibilidade de
conduta diversa.
Pode-se esquematizar o conceito analítico de crime, para a teoria �nalista tripartida, em se
tratando de crimes formais, de mera conduta e omissivos próprios, da seguinte forma: fato
típico »» conduta (dolo, culpa e preterdolo) »» tipicidade - antijurídico - culpável »»
imputabilidade »» potencial consciência da ilicitude »» exigibilidade de conduta diversa.
Consumação e Tentativa
Diz-se crime consumado quando nele se reúnem todos os elementos de sua de�nição legal
(Art. 14, I, CP). Os crimes materiais consumam-se apenas com a ocorrência do resultado
naturalístico. Já os formais, antes da ocorrência do resultado naturalístico. Os de mera
conduta, por sua vez, se consumam com a simples atividade do agente, e não há previsão de
resultado naturalístico.
O iter criminis se divide em fases. A primeira é a cogitação, fase interna em que o agente
concebe a ideia sobre a prática delitiva. Trata-se de fase impune. Os atos preparatórios são
uma fase externa, em que o agente se cerca dos aparatos necessários para a prática delitiva
(GONZAGA, 2017). Em regra, não são puníveis, contudo serão puníveis se constituírem crime
autônomo (associação criminosa, por exemplo). Depois, é a fase dos atos executórios, atos
capazes de lesar o bem jurídico tutelado. Prepondera o entendimento de que se iniciam os
atos executórios a partir do momento em que o agente pratica ato capaz de ofender o bem
jurídico que esteja descrito no tipo. A partir desse ponto, é possível a punição, ao menos por
tentativa. A consumação é a consecução integral da conduta típica.
Há, ainda, o exaurimento, que não faz parte do iter criminis. Nesse caso, o agente pratica atos
além dos necessários para a consumação do crime. Por exemplo: a ocorrência do resultado
naturalístico, nos crimes formais, é mero exaurimento do fato.
Tentativa é a interrupção dos atos executórios por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Os crimes unissubsistentes não admitem tentativa, pois a execução e consumação se dão
num único ato. Já os crimes plurissubsistentes admitem tentativa, pois se realizam por mais
de um ato executório.
São espécies de tentativa: a perfeita (ou acabada), a imperfeita (ou inacabada) e a branca (ou
incruenta). Na perfeita, o agente esgota todos os atos executórios possíveis para o caso
concreto, mas, por circunstâncias alheias à sua vontade, a consumação não ocorre. Na
imperfeita, o agente inicia os atos executórios, mas não consegue realizar todos os possíveis,
pois ocorre a interrupção, por circunstâncias alheias à sua vontade. Na branca, o agente não
consegue atingir o objeto material do delito (coisa ou pessoa).
Não admitem tentativa os crimes culposos, os preterdolosos, os unissubsistentes, os de mera
conduta, os habituais (compostos por uma reiteração de atos), os crimes omissivos próprios e
as contravenções penais (Art. 4º da Lei das Contravenções Penais) (BRASIL, 1941).
O Art. 14, parágrafo único, do Código Penal (BRASIL, 1940), determina que se pune a tentativa
com a pena do crime consumado, reduzida de um a dois terços, salvo disposição em
contrário. O critério para a maior redução é inversamente proporcional à proximidade da
consumação (NUCCI, 2019).
Não constituem tentativa: desistência voluntária, arrependimento e�caz, crime impossível e
arrependimento posterior.
Quadro 2.8 - Situação de desistências 
Fonte: Elaborado pelo autor.
#PraCegoVer: o quadro “Situação de desistências” mostra, na primeira linha, o
arrependimento e�caz (Art. 15, CP), que é quando o resultado esperado pelo crime é
interrompido, de forma completa e e�caz, pelo próprio agente que praticou todos os atos
da execução da conduta. Ele responderá apenas pelos atos praticados. O
arrependimento posterior é causa de diminuição de pena. A segunda linha trata da
desistência voluntária (Art. 15, CP, primeira parte), em que o agente interrompe os atos
de execução da conduta criminosa por sua própria vontade, antes de concluí-los. Na
terceira linha, é citado o crime impossível (Art. 17, CP), forma de condução da conduta
que o agente pensa ser criminosa, mas se faz impossível de atingir o bem jurídico
tutelado. Sequer é tentativa, pois nunca houve risco ao bem jurídico. Por exemplo:
apropriação de cartão de crédito de outrem, vencido ou cancelado, com o �m de realizar
compras.
Segundo o Art. 17 do CP (BRASIL, 1940), diz-se crime impossível quando, por ine�cácia
absoluta do meio ou do objeto, a consumação jamais ocorrerá. Não se trata de tentativa,
porque o bem jurídico tutelado jamais sofreu perigo de lesão.
Concurso de Agentes (Art. 29, CP)
É a reunião de duas ou mais pessoas para a prática de um mesmo fato ilícito, levando-se em
conta crimes unissubjetivos, que, em geral, podem ser praticados por apenas uma pessoa.
O concurso de pessoas aqui referido é o eventual, e não o obrigatório ou necessário. Neste, a
prática do crime por mais de uma pessoa é exigência legal. São os chamados crimes
plurissubsistentes. Por exemplo: Art. 137 e Art. 288, do Código Penal (BRASIL, 1940).
O CP adota, em regra, a teoria monista ou unitária, que preceitua que todos que contribuem
para a prática de uma mesma conduta respondem pelo mesmo tipo penal. Excepcionalmente,
o CP adota a teoria pluralista ou pluralística, em que cada agente que contribui para uma
mesma conduta responde por tipo penal diverso. Por exemplo: Arts. 124, 126, 317 e 333,
todos do Código Penal (BRASIL, 1940).
O Brasil não adota a teoria dualista, que estabelece tipo penal diverso para autores e
partícipes.
Formas de concurso: coautoria e participação. Coautor é todo aquele que pratica a conduta
principal, contida no núcleo do tipo, prevalece o entendimento que adotamos a teoria
restritiva, pois o autor é somente aquele que pratica a conduta que está tipi�cada no núcleo
da norma penal. O partícipe pratica conduta secundária, que consiste em induzimento (faz
surgir a ideia), instigação (estimula a ideia do autor) e auxílio (fornece os meios).
A participação de menor importância ou dolosamente distinta está prevista no Art. 29, §§ 1º e
2º, do Código Penal: se um dos autores quis praticar crime menos grave, será aplicada a pena
deste, contudo se o resultado mais grave era previsível, a pena é aumentada de metade
(BRASIL, 1940).
Não se comunicam aos concorrentes as circunstâncias ou condições de caráter pessoal, salvo
quando elementares do tipo (Art. 30, CP). O peculato, por exemplo, só pode ser praticado por
funcionário público, mas o terceiro responde pelo mesmo crime por ser elementar, desde que
saiba dessa condição.
A participação não é punível, salvo disposição expressa em contrário, se o crime não chega, ao
menos, a ser tentado (Art. 31, CP) (BRASIL, 1940).
A autoriacolateral não constitui espécie de concurso de pessoas. Ocorre quando dois agentes
realizam atos de execução do mesmo delito, um desconhecendo o comportamento do outro.
Cada um responde por sua própria conduta. O mesmo ocorre na autoria incerta. Só que,
nesse caso, os agentes realizam a conduta simultaneamente, sendo que não é possível
identi�car quem produziu o resultado. Ambos respondem por tentativa.
Teoria da Pena
A sanção do Direito Penal é a pena, devidamente prevista na descrição do crime pela técnica
de escrita da norma penal. Pode ser restritiva de direitos (utilizada em crimes de menor
potencial ofensivo), privativa de liberdade (atualização recente, dada pela Lei nº 13.964/2019
(BRASIL, 2019a), que aumentou para 40 anos o limite máximo do tempo de cumprimento) ou
multa (a mesma lei determinou competência do juízo da execução penal para execução,
conforme as normas relativas à Fazenda Pública, para execução das multas).
Pena privativa de
liberdade
Prisão em regimes
aberto, semiaberto ou
fechado.
Aberto: inicia nesse regime
o réu primário com pena
igual ou inferior a 4 anos
(Art. 33, § 2º, c, CP).
Semiaberto: inicia nesse
regime o réu primário,
condenado em pena
superior a 4, até 8 anos. O
réu reincidente pode iniciar
em semiaberto se possuir
circunstâncias favoráveis
(Art. 59, CP). Fechado: inicia
nesse regime o réu
primário condenado a
pena superior a 8 anos. O
réu reincidente,
independentemente da
quantidade de pena, pode
iniciar no regime fechado
se tiver boas condições.
Pena restritiva de direito
Prestação de serviços
comunitários, entrega de
documentação de
viagem, restrição de
horário de circulação,
restrição para viagens e
comparecimento em
unidade de controle
penitenciário.
Art. 32, II, CP.
Pena de multa
Valor em dinheiro,
cobrado pelas regras de
cobrança da Fazenda
Pública, executada na
vara de execuções penais.
Art. 32, III, CP.
Regime disciplinar
diferenciado (Art. 52 da
Lei de Execuções Penais)
Não é pena, pois não se
�xa pela norma penal. É,
dentro do regime fechado
de pena privativa de
Quadro 2.9 - Tipos de pena 
Fonte: Elaborado pelo autor.
#PraCegoVer: a primeira linha do quadro “Tipos de pena” cita a pena privativa de
liberdade, que é a prisão em regimes aberto, semiaberto ou fechado. Inicia no regime
aberto o réu primário com pena igual ou inferior a 4 anos (Art. 33, § 2º, c, CP). Inicia no
regime semiaberto o réu primário, condenado em pena superior a 4, até 8 anos. O réu
reincidente pode iniciar em semiaberto se possuir circunstâncias favoráveis (Art. 59, CP).
Inicia em regime fechado o réu primário condenado a pena superior a 8 anos. O réu
reincidente, independentemente da quantidade de pena, pode iniciar no regime fechado
se tiver boas condições. Na segunda linha, está a pena restritiva de direito, que envolve
prestação de serviços comunitários, entrega de documentação de viagem, restrição de
horário de circulação, restrição para viagens e comparecimento em unidade de controle
penitenciário (Art. 32, II, CP). A terceira linha trata da pena de multa, que é o valor em
dinheiro, cobrado pelas regras de cobrança da Fazenda Pública, executada na vara de
execuções penais (Art. 32, III, CP). A quarta linha mostra o regime disciplinar diferenciado
(Art. 52 da Lei de Execuções Penais). Não é pena, pois não se �xa pela norma penal. É,
dentro do regime fechado de pena privativa de liberdade, uma medida sancionatória
administrativa. Na quinta e última linha, aparecem as condições para transação penal ou
para sursis processual. Não é pena, pois não ocorre por força de trânsito em julgado de
uma sentença penal condenatória. Ainda que demonstre uma sanção (consequência pelo
ato ilícito), não é pena, pois não emana da norma penal. É a condição equivalente às
medidas utilizadas como pena restritiva de direito, atribuídas por transação e
homologadas pelo juízo.
p p
liberdade, uma medida
sancionatória
administrativa.
Condições para transação
penal ou para sursis
processual
Não é pena, pois não
ocorre por força de
trânsito em julgado de
uma sentença penal
condenatória. Ainda que
demonstre uma sanção
(consequência pelo ato
ilícito), não é pena, pois
não emana da norma
penal. É a condição
equivalente às medidas
utilizadas como pena
restritiva de direito,
atribuídas por transação
e homologadas pelo juízo.
Conhecimento
Teste seus Conhecimentos 
(Atividade não pontuada) 
(XXXI EXAME UNIFICADO OAB) Maria, em uma loja de departamento, apresentou roupas no valor de
R$ 1.200 (mil e duzentos reais) ao caixa, buscando efetuar o pagamento por meio de um cheque de
terceira pessoa, inclusive assinando como se fosse a titular da conta. Na ocasião, não foi exigido
qualquer documento de identidade. Todavia, o caixa da loja descon�ou do seu nervosismo no
preenchimento do cheque, apesar da assinatura perfeita, e consultou o banco sacado, constatando
que aquele documento constava como furtado. Assim, Maria foi presa em �agrante naquele
momento e, posteriormente, denunciada pelos crimes de estelionato e falsi�cação de documento
público, em concurso material. Con�rmados os fatos, o advogado de Maria, no momento das
alegações �nais, sob o ponto de vista técnico, deverá buscar o reconhecimento:
a) do concurso formal entre os crimes de estelionato consumado e falsificação de documento público.
b) do concurso formal entre os crimes de estelionato tentado e falsificação de documento particular.
c) de crime único de estelionato, na forma consumada, afastando-se o concurso de crimes.
d) de crime único de estelionato, na forma tentada, afastando-se o concurso de crimes.
Para melhor estudo, seguem os conceitos analíticos dos crimes mais cobrados nos exames
uni�cados da Ordem dos Advogados.
Homicídio (Art. 121, CP)
Conceito: é a eliminação da vida humana (extrauterina) praticada por outrem. Se praticado
em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente ou se
enquadre como homicídio quali�cado, é crime hediondo (Lei nº 8.072/1990) (BRASIL, 1990b).
Objeto jurídico tutelado: vida humana.
Sujeitos:
a) ativo: crime comum, qualquer pessoa pode praticar;
b) passivo: qualquer pessoa.
Conduta: matar (é o núcleo do tipo); crime de ação livre.
Elemento subjetivo: dolo (animus necandi). Há previsão da forma culposa (Art. 121, § 3º, CP)
(BRASIL, 1940).
Consumação/tentativa: consuma-se com a morte da vítima. A tentativa é possível.
Formas:
a) simples (caput);
Direito Penal: CrimesDireito Penal: Crimes
em Espécieem Espécie
b) privilegiado (§ 1º): há diminuição de pena (de 1/6 a 1/3) se o crime for cometido por sujeito
imbuído de relevante valor social, moral ou sob domínio de violenta emoção logo após injusta
provocação da vítima. Por exemplo: matar o estuprador da própria �lha;
c) quali�cado (§ 2º): casos em que os motivos, meios ou recursos empregados demonstram
periculosidade do agente e menor possibilidade de defesa da vítima, tornando o fato mais
grave. Pode haver a incidência de mais de uma quali�cadora. Por exemplo: matar por motivo
fútil e com o uso de fogo; matar com o uso de veneno porque queria a vaga de emprego da
vítima. Nota-se que o crime contra a mulher por razões da condição de sexo feminino é
chamado de feminicídio (Art. 121, § 2º-A, CP);
d) culposo (§ 3º): possível de aplicar o perdão judicial (§ 5º). Em caso de homicídio culposo
praticado na direção de veículo automotor, deve-se aplicar o Código de Trânsito Brasileiro
(CTB), pois é lei especial;
e) homicídio privilegiado-quali�cado: desde que as quali�cadoras sejam objetivas (não digam
respeito ao motivo, mas ao modo ou meio de execução) (BRASIL, 1940).
Causas de aumento de pena (§§ 4º a 7º): aumenta-se a pena em 1/3 se o crime for doloso e a
vítima for menor de 14 ou maior de 60, se for culposo e resultar de inobservância de regra
técnica de pro�ssão, arte ou ofício ou se o agente deixar de prestar socorro imediato, não
procurar diminuir as consequências ou fugir para não ser preso em �agrante. A pena
aumenta de 1/3 até 1/2 se o crime for praticado por milíciaprivada, sob o pretexto de
prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. No caso de feminicídio (Art.
121, VI, CP), aumenta de 1/3 até 1/2 se o crime for praticado durante a gestação ou nos três
meses posteriores ao parto, contra pessoa menor de 14 ou maior de 60 anos ou com
de�ciência ou na presença de descendente ou de ascendente da vítima (BRASIL, 1940).
A Súmula Vinculante 45 do STF diz que a competência constitucional do tribunal do júri
prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecida exclusivamente pela
Constituição Estadual. Os crimes dolosos contra a vida são de competência do júri, conforme
estabelece o Art. 5º, XXXVIII, da CF (BRASIL, 1988, on-line). No entanto, prevalece o foro por
prerrogativa de função caso este também esteja previsto na Constituição Federal (por
exemplo: membros do Ministério Público, Art. 96, III, CF); se estiver estabelecido na
Constituição Estadual, prevalece a competência do júri.
Ação penal: pública incondicionada.
A Questão do Feminicídio
A Lei nº 13.104/2015 incluiu uma quali�cadora do crime de homicídio no inciso VI do § 2º.
Trata-se do crime de feminicídio, quando o agente realiza a conduta de matar alguém em
razão da condição de a vítima ser do sexo feminino. A própria norma, no § 2º, informa que
considera como condição do sexo feminino aqueles crimes cometidos em violência doméstica
(conceito importado da Lei Maria da Penha, Lei nº 11.340/2006) (BRASIL, 2006a) – acometida
no ambiente do mesmo espaço de convívio doméstico ou do mesmo âmbito familiar, ou,
ainda, em razão de um contexto de relação íntima de afeto, independentemente de
coabitação – ou em razão de menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Sujeito ativo: qualquer pessoa, podendo ser homem ou mulher.
Sujeito passivo: necessariamente mulher. Há discussões sobre a vinculação da condição de
mulher levar em conta a questão de gênero biológico ou a condição psicológica de gênero.
Tentativa: admite-se tentativa.
Dolo eventual: é permitido, pois a quali�cadora é subjetiva. Portanto, ainda que o agente não
tenha a percepção de que esteja realizando o homicídio em razão da condição de mulher da
vítima, as circunstâncias e contexto do crime vão expor se houve.
Pena: prevê a quali�cadora pena de reclusão de 12 a 30 anos.
Causas de aumento de pena: pode ser aumentada de 1/3 até metade se o crime for
praticado em mulher gestante, em mulher que esteja até 3 meses após o parto, em mulher
menor de 14 anos ou maior de 60 anos, em mulher que tenha de�ciência ou na presença de
descendente ou ascendente da vítima.
Crime hediondo: Considerado Crime Hediondo, observando-se as regras sobre progressão de
regime de demais aplicadas.
Auxílio ou Incitação ao Suicídio ou à
Automutilação (Art. 122, CP)
Conceito: suicídio é a deliberada destruição da própria vida. Não é ilícito penal. O crime existe
quando alguém auxilia, induz ou instiga outrem ao suicídio. A automutilação é a retirada
deliberada de parte útil do corpo, ferindo a própria integridade física de forma a gerar
grandes lesões (não se confunde com as práticas comuns de body piercing).
Objeto jurídico tutelado: vida humana.
Conduta: auxiliar (auxílio material: emprestar um objeto, por exemplo); induzir (auxílio moral:
criar a ideia); instigar (auxílio moral: fomentar, dar força à ideia daquele que quer se suicidar).
O auxílio pode ser concedido antes ou durante a prática do suicídio, mas é acessório. Se o
sujeito ativo passa a realizar atos executórios, comete homicídio (tentado ou consumado).
Assim, por exemplo, num caso de “pacto de suicídio”, o sujeito que realizar o ato executório
(atirando, esfaqueando ou abrindo a torneira de gás, por exemplo) responde, caso sobreviva,
por homicídio. Também inclui-se a prática de automutilação, limitando a disposição do
próprio corpo, além da limitação da disposição da própria vida. Nesse ato, o crime estaria em
realizar desprendimento de parte útil do corpo, como membros ou parte de membros. É
crime de ação livre. A conduta é dirigida sempre contra pessoa determinada.
Sujeitos:
a) ativo: crime comum, qualquer pessoa pode praticar;
b) passivo: qualquer pessoa, desde que tenha capacidade de resistência e discernimento (se a
vítima não tem tal capacidade, como doentes mentais ou crianças, é homicídio).
Elemento subjetivo: dolo; não há previsão de modalidade culposa.
Consumação/tentativa: consuma-se caso a conduta resulte em morte ou lesões corporais
graves ou gravíssimas. Caso não haja nenhum desses resultados, a conduta é atípica.
Causas de aumento de pena: vítima com capacidade de resistência diminuída, por qualquer
causa (embriaguez, idade, enfermidade etc.). Se a resistência for anulada, é caso de homicídio.
Ação penal: pública incondicionada.
Desclassi�cação do crime: a alteração legislativa da Lei nº 13.968/2019 previu condutas que
devem ser tipi�cadas no crime de lesão corporal (Art. 129, § 2º) e no crime de homicídio (Art.
121). Dessa forma, acrescentou-se a conduta de auxílio ao suicidio consumado e a de auxílio à
automutilação consumada, se praticados contra pessoas sem discernimento mental ou
menores de 14 anos, como condutas típicas dos crimes de lesão corporal (se o resultado for
sequelas de lesão corporal gravíssima) ou de homicídio (se o resultado for a morte).
Lesões Corporais (Art. 129, CP)
Conceito: ofensa à integridade física, �siológica ou mental do indivíduo, sem animus necandi.
Objeto jurídico tutelado: integridade do indivíduo (física e mental).
Conduta: ofender, atingir a integridade. Crime de ação livre. O consentimento do ofendido, a
princípio, é irrelevante, mas pode excluir a ilicitude (caso de lesões esportivas ou tatuagem,
por exemplo), bem como o princípio da adequação social (por exemplo: furar orelha para
colocar brinco).
Sujeitos:
a) ativo: crime comum, qualquer pessoa pode praticar;
b) passivo: qualquer pessoa (nas hipóteses do § 1º, IV, e § 2º, V, deve ser mulher grávida).
Elemento subjetivo: dolo. Há previsão de modalidade culposa (§ 6º).
Consumação/tentativa: consuma-se com a ofensa à integridade. É possível a tentativa.
Havendo dúvida quanto à qual tipo de lesão era intencionada pelo agente, este responderá
por lesão leve.
Formas:
a) leve (caput);
b) lesão grave (§ 1º):
I. incapacidade para ocupações habituais por mais de 30 dias (necessária a
realização de dois exames periciais: o de constatação e o complementar, que
constata a duração da incapacidade para ocupações habituais); 
 
II. perigo de vida (necessidade de perigo concreto); 
 
III. debilidade permanente de membro, sentido ou função (diminuição,
enfraquecimento da capacidade; 
 
IV. aceleração de parto (expulsão precoce do feto, que nasce e sobrevive; se morre, é
hipótese de lesão gravíssima).
c) lesão gravíssima (§ 2º):
I. incapacidade permanente para o trabalho (para todo e qualquer trabalho); 
 
II. enfermidade incurável: doença (física ou mental); 
 
III. perda ou inutilização de membro, sentido ou função (perda é a extirpação de
uma parte do corpo; inutilização refere-se à inaptidão do órgão em relação a sua
função especí�ca, à perda funcional. Havendo membro ou órgão duplo, a
supressão de um deles traz diminuição da função: caso de lesão grave, de acordo
com a jurisprudência majoritária); 
 
IV. deformidade permanente (dano estético de certa monta e irreparável; idade,
gênero, pro�ssão, condição pessoal da vítima são relevantes); 
 
V. aborto (caso em que o sujeito ativo tenha conhecimento do estado de gravidez,
mas não queira produzir o aborto).
d) lesão seguida de morte (§ 3º): agente pretende lesionar, mas causa a morte da vítima
(resultado preterdoloso);
e) lesão privilegiada (§ 4º): diminuição de pena (de 1/6 a 1/3) se o crime for cometido por
sujeito imbuído de relevante valor social, moral ou sob domínio de violenta emoção logo após
injusta provocação da vítima;
f) lesão culposa (§ 6º): não há distinção quanto à gravidade das lesões. Em caso de lesão
culposa, é cabível perdão judicial (Art. 129, § 8º, CP). Em caso de lesãoculposa praticada na
direção de veículo automotor, aplica-se o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), e não o Código
Penal (GONZAGA, 2017).
Causas de substituição da pena (§ 5º): em caso de lesão privilegiada ou lesões recíprocas,
desde que, em qualquer hipótese, sejam leves.
Causas de aumento de pena (§ 7º): aumento de 1/3 se a lesão culposa resultar de
inobservância de regra técnica de pro�ssão, arte ou ofício, ou se o agente deixar de prestar
imediato socorro à vítima, não procurar diminuir as consequências do seu ato, ou fugir para
evitar prisão em �agrante. Em caso de lesão dolosa, haverá aumento se o crime for praticado
contra pessoa menor de 14 ou maior de 60 anos. Haverá aumento de 1/3 até 1/2 se o crime
for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança ou por
grupo de extermínio.
Violência doméstica (§ 9º): em caso de violência doméstica contra a mulher, aplica-se a
legislação especí�ca (Lei nº 11.340/06 – Lei Maria da Penha), e há procedimento especí�co.
Uma característica importante e especí�ca dessa lei é a possibilidade de concessão em favor
da vítima de medidas protetivas de urgência, em 48 horas a contar do registro da ocorrência
(Art. 12, Lei nº 11.340/2006). O Art. 5º da mencionada lei estabelece as situações em que se
con�gura violência doméstica e familiar contra a mulher. Doutrina e jurisprudência
majoritárias são no sentido de que a Lei Maria da Penha se aplica somente à vítima mulher.
Lei de tortura (Lei nº 9.455/1997): não se trata de lesão corporal, e sim do delito de tortura
(delito hediondo) a hipótese em que o sofrimento físico ou mental seja praticado nas
circunstâncias do Art. 1º da Lei nº 9.455/1997.
Relação com os Arts. 131 e 132 do CP: os delitos de perigo de contágio de moléstia grave e
perigo para a vida ou saúde de outrem são de perigo e subsidiários, ou seja, con�guram-se
com a mera exposição do bem jurídico tutelado a perigo, mas desde que não se con�gure
efetiva lesão corporal ou morte (BRASIL, 1940).
Relação com o Art. 137 do CP: o crime de rixa pune as pessoas envolvidas em luta
generalizada, desordenada, que envolve troca de agressões – salvo se o fazem para separar
os contendores. É necessário que haja mais de duas pessoas envolvidas (ou serão lesões
corporais recíprocas). Se ocorre morte ou lesão de natureza grave ou gravíssima, aplica-se,
pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos (BRASIL,
1940).
Ação penal: pública incondicionada (Art. 129, §§ 1º, 2º ou 3º, CP). Condicionada à
representação se for leve (caput) ou culposa (Art. 129, § 6º, CP), conforme disposto no Art. 88
da Lei nº 9.099/1995.
Furto (Art. 155, CP)
Conceito: subtração (retirada, diminuição) de coisa (objeto) alheia (de outrem) móvel (que
pode ser transportado sem separação destrutiva do solo); retirada do bem sem o
consentimento do proprietário ou possuidor. Crime de ação livre.
Objeto jurídico tutelado: patrimônio (posse e propriedade).
Conduta: subtrair, retirar, sem consentimento do possuidor ou proprietário, a coisa alheia
móvel (objeto material do delito). A coisa deve ter valor patrimonial, ou seja, ser possível de se
avaliar economicamente. Não pode ser objeto de furto, por não constituir nem propriedade
nem estar sob posse de alguém: a) res nullius (coisa sem dono); b) res derelicta (coisa
abandonada); c) res deperdita (coisa perdida). Se o sujeito subtrai o bem para usá-lo, mas sem
�nalidade de assenhoreamento permanente, pode-se con�gurar o furto de uso: conduta
atípica (desde que haja devolução intacta e em curto espaço de tempo). O furto famélico
também é conduta atípica; não há crime se o sujeito furta alimentos para saciar sua fome ou
de outrem em casos de extrema miserabilidade (estado de necessidade). Se a subtração é de
coisa comum e é realizada pelo coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem (crime próprio),
haverá furto de coisa comum, crime previsto no Art. 156, CP (não há crime se a subtração for
de coisa comum fungível, cujo valor não exceda a quota a que tem direito o agente). Nesse
caso, a ação penal é pública condicionada à representação (BRASIL, 1940).
Sujeitos:
a) ativo: crime comum, qualquer pessoa pode praticar;
b) passivo: qualquer pessoa.
Elemento subjetivo: dolo; não há previsão de modalidade culposa.
Consumação/tentativa: com a subtração, ou seja, a retirada do bem da disponibilidade da
vítima. É possível a tentativa se o sujeito inicia a consumação, mas, por circunstâncias alheias
à sua vontade, não consegue retirar o bem do domínio do titular. Note-se, quanto ao tema, a
Súmula 567 do STJ: sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por
existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna
impossível a con�guração do crime de furto.
Formas:
a) simples: caput;
b) noturno (§ 1º): praticado durante o repouso noturno (período de descanso noturno da
comunidade);
c) privilegiado (§ 2º): se o sujeito for primário e com bons antecedentes e o valor do bem
furtado for de pequeno valor (que não ultrapassa o valor do salário mínimo vigente). Não
confundir com coisa de valor ín�mo, ninharia, caso em que, pela aplicação do Princípio da
Bagatela, a conduta pode ser considerada atípica;
d) de energia (§ 3º): energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico (ex.:
telefone, TV a cabo);
e) quali�cado (§ 4º) se o crime for cometido: com destruição ou rompimento de obstáculo à
subtração da coisa; com abuso de con�ança ou mediante fraude, escalada ou destreza; com
emprego de chave falsa; mediante concurso de duas ou mais pessoas; se a subtração for de
veículo automotor que venha a ser transportado para outro estado ou para o exterior; se a
subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em
partes no local da subtração;
f) privilegiado – quali�cado: possível; Súmula 511 do STJ: é possível o reconhecimento do
privilégio previsto no Art. 155, § 2º, do Código Penal, nos casos de crime de furto quali�cado,
se estiverem presentes a primariedade do agente e o pequeno valor da coisa e a quali�cadora
for de ordem objetiva) (BRASIL, 1940).
Ação penal: pública incondicionada.
Roubo (Art. 157, CP)
Conceito: subtração de coisa alheia móvel, para si ou para outrem, mediante violência (física),
grave ameaça (moral) ou após reduzir a vítima à incapacidade de resistência.
Objeto jurídico tutelado: patrimônio (posse e propriedade) e integridade física das pessoas.
Conduta: subtrair, retirar sem consentimento do possuidor ou proprietário, a coisa alheia
móvel (objeto material do delito). A coisa deve ter valor patrimonial. Se a subtração se dá
mediante grave ameaça ou violência, há roubo próprio; se empregada logo depois de
subtraída a coisa, para assegurar a impunidade do crime ou detenção da coisa, há roubo
impróprio. Nota-se que há ameaça na conduta, mas direcionada para uma �nalidade
especí�ca (para subtração da coisa), por isso se con�gura a �gura especial do roubo, e não o
delito de ameaça, que é delito subsidiário (Art. 147, CP) (BRASIL, 1940).
Sujeitos:
a) ativo: crime comum, qualquer pessoa pode praticar;
b) passivo: qualquer pessoa.
Elemento subjetivo: dolo; não há previsão de modalidade culposa.
Consumação/tentativa: consuma-se o delito quando o bem é retirado mediante emprego de
violência ou grave ameaça. É possível a tentativa. Quanto ao tema, a Súmula 582 do STF
estabelece o seguinte: consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem
mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo, e, em seguida,
haja perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a
posse mansa e pací�ca ou desvigiada.
Formas: simples (caput) próprio ou impróprio; roubo quali�cado pela lesão corporal de
natureza grave ou gravíssima (§ 3º, 1ª parte); roubo quali�cado por morte (latrocínio; § 3º, 1ª
parte): quando, do emprego da violência física contra a pessoa com o intuito de subtrair a res
ou assegurar impunidade no crime/detenção dacoisa, ocorre morte da vítima (BRASIL, 1940).
Segundo a Súmula 610 do STF, há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda
que não realize o agente a subtração de bens da vítima. Majoritariamente, entende-se que,
havendo subtração patrimonial consumada e homicídio tentado, está con�gurada a tentativa
de latrocínio. Trata-se de crime hediondo (Lei nº 8.072/1990).
Causas especiais de aumento de pena:
I. emprego de arma (de qualquer tipo); 
 
II. concurso de duas ou mais pessoas; 
 
III. vítima em serviço de transporte de valores (e o agente conhece tal condição); 
 
IV. veículo automotor que venha a ser transportado para outro estado ou para o
exterior; 
 
V. se o agente mantém a vítima em seu poder (roubo com restrição da liberdade da
vítima); 
 
VI. se o objeto subtraído for insumo para substâncias explosivas; 
 
VII. emprego de arma branca.
Estupro (Art. 213) e Estupro de Vulnerável
(Art. 217-A) 
Delito Estupro (Art. 213, CP)
Estupro de vulnerável
(Art. 217- A, CP)
Conduta
Constranger mediante
violência ou grave
ameaça a ter conjunção
carnal ou a praticar ou
permitir que com ele se
pratique outro ato
libidinoso.
Ter conjunção carnal ou
praticar outro ato
libidinoso com a vítima.
Objeto jurídico
Dignidade e liberdade
sexual.
Idem.
Sujeitos
Ativo: crime comum,
qualquer pessoa.
Passivo: qualquer
pessoa.
Ativo: crime comum,
qualquer pessoa. Passivo:
pessoa vulnerável (menor
de 14 anos ou que, por
enfermidade ou
de�ciência mental, não
tem o necessário
discernimento para a
prática do ato ou que, por
qualquer causa, não pode
oferecer resistência). Ex.:
pessoa em coma (Art. 217-
A, caput, e § 1º).
Elemento subjetivo
Dolo; não há previsão de
modalidade culposa.
Idem.
Consumação/tentativa
Consuma-se com a
prática, mediante
violência ou grave
ameaça, da conjunção
carnal (completa ou não)
ou com a prática de
outro ato libidinoso. É
possível a tentativa.
Com a prática da
conjunção carnal ou a de
outro ato libidinoso.
Formas a) simples (caput); b)
quali�cada (§ 1º): se
resulta em lesão grave
a) simples (caput); b)
quali�cada (§§ 3º e 4º): se
Quadro 2.10 - Crime de estupro: conceito analítico 
Fonte: Elaborado pelo autor.
#PraCegoVer: o quadro “Crime de estupro: conceito analítico” mostra, em sua primeira
linha, as condutas: a do estupro é constranger mediante violência ou grave ameaça a ter
conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso; a
do estupro de vulnerável é ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com a
vítima. A segunda linha contém o objeto jurídico dos dois crimes: dignidade e liberdade
sexual. A terceira linha mostra os sujeitos. No estupro, sujeito ativo: crime comum,
qualquer pessoa; sujeito passivo: qualquer pessoa. Já no estupro de vulnerável, sujeito
ativo: crime comum, qualquer pessoa; sujeito passivo: pessoa vulnerável (menor de 14
anos ou que, por enfermidade ou de�ciência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato ou que, por qualquer causa, não pode oferecer
resistência). Por exemplo: pessoa em coma (Art. 217-A, caput, e § 1º). A quarta linha
mostra o elemento subjetivo. Tanto no estupro quanto no estupro de vulnerável, é dolo,
sem previsão de modalidade culposa. Na quinta linha, é apresentada a
consumação/tentativa. Consuma-se o estupro com a prática, mediante violência ou grave
ou gravíssima ou se a
vítima é maior de 14 e
menor de 18 anos; se
resulta morte (§ 2º).
resulta lesão grave,
gravíssima ou morte.
Causas de aumento de
pena
Art. 226, CP: aumenta em
1/4 se o crime for
cometido com o
concurso de duas ou
mais pessoas; em 1/2 se
o agente é ascendente,
padrasto ou madrasta,
tio, irmão, cônjuge,
companheiro, tutor,
curador, preceptor ou
empregador da vítima ou
se, por qualquer outro
título, tem autoridade
sobre ela.
Idem.
Ação penal
Art. 225, CP: pública,
condicionada à
representação, ou
pública incondicionada
se a vítima é menor de
18 anos.
Art. 225, I, CP: pública
incondicionada.
ameaça, da conjunção carnal (completa ou não) ou com a prática de outro ato libidinoso.
É possível a tentativa. O estupro de vulnerável consuma-se com a prática da conjunção
carnal ou a de outro ato libidinoso. Na sexta linha, aparecem as formas, que, no estupro,
podem ser a) simples (caput); b) quali�cada (§ 1º) se resulta em lesão grave, gravíssima
ou se a vítima é maior de 14 e menor de 18 anos; se resulta morte (§ 2º). No estupro de
vulnerável, as formas são: a) simples (caput); b) quali�cada (§§ 3º e 4º): se resulta em
lesão grave, gravíssima ou morte. Na sétima linha, aparecem as causas de aumento de
pena que, em ambos os crimes, são: Art. 226, CP: aumenta em 1/4 se o crime for
cometido com o concurso de duas ou mais pessoas; em 1/2 se o agente é ascendente,
padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou
empregador da vítima ou se, por qualquer outro título, tem autoridade sobre ela. A
oitava e última linha mostra a ação penal. Do estupro (Art. 225, CP) é pública,
condicionada à representação, ou pública incondicionada se a vítima é menor de 18
anos. No caso do estupro de vulnerável (Art. 225, I, CP) é pública incondicionada.
Conhecimento
Teste seus Conhecimentos 
(Atividade não pontuada) 
(XXX EXAME UNIFICADO OAB) Mário trabalhava como jardineiro na casa de uma família rica, sendo
tratado por todos como um funcionário exemplar, com livre acesso a toda a residência, em razão da
con�ança estabelecida. Certo dia, enfrentando di�culdades �nanceiras, Mário resolveu utilizar o
cartão bancário de seu patrão, Joaquim, e, tendo conhecimento da respectiva senha, promoveu o
saque da quantia de R$ 1.000,00 (mil reais). Joaquim, ao ser comunicado pelo sistema eletrônico do
banco sobre o saque feito em sua conta, efetuou o bloqueio do cartão e encerrou sua conta. Sem
saber que o cartão se encontrava bloqueado e a conta encerrada, Mário tentou novo saque no dia
seguinte, não obtendo êxito. De posse das �lmagens das câmeras de segurança do banco, Mário foi
identi�cado como o autor dos fatos, tendo admitido a prática delitiva. Preocupado com as
consequências jurídicas de seus atos, Mário procurou você, como advogado(a), para esclarecimentos
em relação à tipi�cação de sua conduta. Considerando as informações expostas, sob o ponto de vista
técnico, você, como advogado(a) de Mário, deverá esclarecer que sua conduta con�gura:
a) os crimes de furto simples consumado e de furto simples tentado, na forma continuada.
b) os crimes de furto qualificado pelo abuso de confiança consumado e de furto qualificado pelo abuso de confiança
tentado, na forma continuada.
c) um crime de furto qualificado pelo abuso de confiança consumado, apenas.
d) os crimes de furto qualificado pelo abuso de confiança consumado e de furto qualificado pelo abuso de confiança
tentado, em concurso material.
Foram separadas para o estudo a Lei de Crimes Hediondos, a Lei Maria da Penha (de violência
doméstica) e a Lei de Drogas. Todas tiveram atualizações recentes, demonstrando a maior
importância na ênfase de estudos.
Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº
8.072/1990)
A lei prevê um rol dos delitos que são considerados hediondos (de maior gravidade) e os
equiparados, prevendo, para tais delitos, um tratamento jurídico mais severo. Hediondo
signi�ca repugnante, bárbaro ou asqueroso.
São crimes hediondos, consumados ou tentados (rol taxativo) todos os descritos no Art. 1º da
Lei nº 8.072/1990. Também se considera hediondo o crime de genocídio (Lei nº 2.889/1956)
em todas as suas formas.
São equiparados aos hediondos: trá�co, tortura ou terrorismo, ou seja, aplica-se o tratamento
mais gravoso, previsto na Lei nº 8.072/1990. De acordo com o Art. 5º, XLIII, da Constituição
Federal (BRASIL, 1988), os crimes hediondos e equiparados são ina�ançáveis e insuscetíveis
de graça (também indulto) ou anistia. 
Legislação PenalLegislação Penal
ExtravaganteExtravagante
A atualização de 2019 na Lei de Crimes Hediondos inclui o tipo quali�cado de homicídio
contra pessoaagente de segurança pública ou seu familiar até 3º grau como crime hediondo,
assim como o crime de roubo e de extorsão que resulte grave lesão corporal ou morte ou seja
empregado arma de fogo ou restrição da liberdade da vítima.
Altera-se todo o parágrafo único do Art. 1º, incluindo posse, porte, comércio ou trá�co
internacional de arma de fogo como hediondo.
Cumprimento de pena (Art. 2º, § 1º, CP): inicialmente em regime fechado.
Progressão de regime (Art. 2º, § 1º, CP): O pacote anticrime tornou mais bené�ca a
progressão de regime, revogou essa norma, e introduziu o regime de progressão para a
hipótese de crime hediondo no artigo 112 do Lei de Execução Penal (Lei 7.210/1984). O inciso
VII diz que só progredirá após 60% da pena se "for reincidente na prática de crime hediondo
ou equiparado".
Liberdade provisória: não aplicada (Art. 5º, XLIII e XLIV, CF, e Súmula 697/STF) (BRASIL, 1988).
Liberdade condicional (Art. 83, CP): cumprimento de mais de 2/3 da pena, nos casos de
condenação por crime hediondo, prática da tortura, trá�co ilícito de entorpecentes e drogas
a�ns, e terrorismo, se o apenado não for reincidente especí�co em crimes dessa natureza (em
crimes hediondos ou equiparados). Em caso de reincidência especí�ca, não se permite a
liberdade condicional (BRASIL, 1940).
Substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito: possível. A proibição
expressa da substituição foi revogada (desde que se enquadre nas hipóteses do Art. 44 do CP)
(BRASIL, 1940).
reflitaRe�ita
A prática de tortura, o trá�co ilícito de
entorpecentes e o terrorismo são equiparados
aos crimes hediondos, recebendo o mesmo
tratamento punitivo, entretanto com proteção
contra alteração. Por estarem elencados no
texto constitucional, só podem ser alterados
mediante emenda constitucional.
Delação premiada (Art. 8º, parágrafo único): o participante e o associado que denunciar à
autoridade a associação criminosa (crime do Art. 288 do CP), possibilitando seu
desmantelamento, terá a pena reduzida de 1/3 a 2/3 (BRASIL, 1940). Obs.: a Lei nº 8.072/1990
(BRASIL, 1990b) se refere a “bando ou quadrilha”, mas atualmente se trata do delito de
associação criminosa.
Lei de Drogas (Lei nº 11.343/2006)
Conceito de drogas (Art. 1º, parágrafo único): substâncias ou produtos capazes de causar
dependência, assim especi�cados em lei ou relacionados em listas atualizadas
periodicamente pelo Poder Executivo da União (norma penal em branco) (BRASIL, 2006b).
Proibição das drogas (Art. 2º): bem como seu plantio, a cultura, a colheita e a exploração de
vegetais e substratos dos quais possam ser extraídas ou produzidas drogas (BRASIL, 2006b).
Pode haver autorização legal para tanto, desde que para �ns medicinais ou cientí�cos, em
local e prazo determinados e mediante �scalização, e uso estritamente ritualístico-religioso
(ex.: caso Ayahuasca – Resolução CONAD nº 1, de 25/01/2010).
“Porte de drogas” para consumo próprio (Art. 28): as penas cominadas são restritivas de
direitos e serão aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer
tempo, ouvidos o Ministério Público e o defensor. O mesmo   vale para aquele que semeia,
cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou
produto capaz de causar dependência física ou psíquica (§ 1º) (BRASIL, 2006b).
Trá�co ilícito (Art. 33): condutas previstas no caput e no § 1º. Crime hediondo. As demais
condutas criminosas dessa lei não são consideradas crimes hediondos. No entanto, é possível
a conversão em restritivas de direitos (a vedação foi julgada inconstitucional pelo STF) (BRASIL,
2006b).
Indução, instigação ou auxílio ao uso indevido (Art. 33, § 2º): não há sem o fornecimento
da substância ilícita entorpecente (BRASIL, 2006b).
Trá�co “eventual” (Art. 33, § 3º): eventual, sem objetivo de lucro e para juntos consumirem;
crime de menor potencial ofensivo. Aplica-se, além de detenção e multa, as penas do Art. 28
(BRASIL, 2006b).
Trá�co privilegiado (Art. 33, § 4º): causa de diminuição de pena (de 1/6 a 2/3) para os delitos
de�nidos no Art. 33, caput e § 1º, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes,
não se dedique a atividades criminosas nem integre organização criminosa. De acordo com a
Súmula 512 do STF, a aplicação da causa de diminuição de pena prevista no Art. 33, § 4º, da
Lei nº 11.343/2006, não afasta a hediondez do crime de trá�co de drogas (BRASIL, 2006b).
Associação (Art. 35): associação de duas ou mais pessoas para o �m de praticar os crimes
dos Arts. 33 e 34. Forma especí�ca de associação criminosa (não incide o Art. 288, CP) (BRASIL,
2006b).
Financiamento (Art. 36): �nanciamento ou custeio de qualquer dos crimes previstos nos Art.
33, caput e § 1º, e Art. 34 dessa lei. A pena é maior que a do trá�co, tendo em vista que o
�nanciamento é o que propicia o trá�co. No entanto, não é considerado crime hediondo
(BRASIL, 2006b).
Causas de aumento de pena (Art. 40): de 1/6 a 2/3: para crime de trá�co internacional de
drogas; se o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de
missão de educação, poder familiar, guarda ou vigilância; se a infração tiver sido cometida nas
dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de
sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas ou bene�centes, de
locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer
natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de
unidades militares ou policiais ou em transportes públicos (há divergência sobre o conceito de
“imediações”); se tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo
ou qualquer processo de intimidação difusa ou coletiva; se caracterizado o trá�co
interestadual; se a prática envolver ou visar atingir criança ou adolescente ou a quem tenha,
por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação;
se o agente �nanciar ou custear a prática do crime (BRASIL, 2006b).
Tratamento jurídico-penal mais severo: os crimes previstos nos Arts. 33, caput e § 1º, e 34 a
37 são ina�ançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória
(BRASIL, 2006b).
Delação premiada (Lei, 11.340/2006): o indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente
com a investigação policial e o processo criminal na identi�cação dos demais coautores ou
partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso de
condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços.
Dosimetria da pena (Art. 42): segue o sistema trifásico previsto no Art. 68 do CP. No entanto,
na análise de circunstâncias judiciais (Art. 59, CP) preponderará a natureza e a quantidade da
substância ou do produto, a personalidade e a conduta social do agente (BRASIL, 2006b).
Livramento condicional (Art. 44, parágrafo único): após o cumprimento de 2/3 da pena,
vedada a concessão ao reincidente especí�co (BRASIL, 2006b).
Causas de diminuição de pena: além da hipótese do “trá�co privilegiado”, há diminuição de
1/3 a 2/3 se, por força das circunstâncias previstas no Art. 45, o agente não possuía, ao tempo
da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento (semi-imputabilidade) (BRASIL, 2006b).
Instrumentos de investigação, mediante autorização judicial:
a) in�ltração de agentes (Art. 53, I): possível em qualquer fase da persecução criminal;
b) �agrante diferido ou postergado (Art. 53, II): não atuação policial com a �nalidade de
identi�car e responsabilizar maior número de integrantes de operações de trá�co e
distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível. É possível, desde que sejam conhecidos o
itinerário provável e a identi�cação dos agentes do delito ou de colaboradores (BRASIL,
2006b).
Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006)
A Lei Maria da Penha veio para trazer proteção às mulheres em razão das reiteradas práticas
abusivasque sofrem em ambiente doméstico ou familiar. Dessa forma, busca-se conceituar
legalmente situações de violência contra a mulher para que se estipulem competências
jurisdicionais (chamadas varas criminais de violência doméstica), medidas de proteção ágeis e
um sistema público especial de proteção.
Ambiente familiar ou doméstico: qualquer ambiente ou contexto em que a mulher ou
esteja em ambiente de coabitação ou de relacionamento familiar ou, ainda, contexto íntimo
de afeto.
Tipos de violência:
a) física (que �ra a borda de integridade física da vítima);
b) psicológica (que atue contra a integridade psíquica, visando à diminuição ou ao
impedimento de seu desenvolvimento, limitando a liberdade ou afetando a
autodeterminação). A Lei nº 13.772/2018 – Pacote Anticrime (BRASIL, 2018) acrescentou, nas
condutas da violência psicológica, a violação da intimidade, devendo ser interpretada no
descumprimento da esfera de direito fundamental de intimidade;
c) sexual (constrangimento a presenciar, manter ou participar de ato sexual que não deseja,
assim como interferências na autodeterminação de seus direitos sexuais ou reprodutivos);
d) patrimonial (alienação do domínio patrimonial ou retenção de bens ou documentos);
e) moral (que con�gure calúnia, difamação ou injúria, ou seja, que atinja a honra, sendo
intenção da ênfase dos conteúdos da violência psicológica).
Medidas protetivas e crimes de descumprimento de medidas protetivas 
Quadro 2.11 - Medidas da Lei Maria da Penha 
Fonte: Elaborado pelo autor.
#PraCegoVer: na primeira linha do quadro “Medidas da Lei Maria da Penha”, são
apresentadas as medidas protetivas de urgência que obrigam o agressor (Art. 22):
suspensão da posse ou restrição do porte de armas, afastamento do local de convivência
com a ofendida, proibição de aproximação ou contato com a ofendida ou seus familiares.
Na segunda linha, estão as medidas protetivas de urgência à ofendida (Arts. 23 e 24):
programa de proteção, recondução ao lar após afastamento do agressor, afastamento do
lar sem prejuízo aos bens, guarda dos �lhos e alimentos, separação de corpos,
determinação de transferência de seus dependentes para escola próxima ao domicílio
atual. A terceira linha trata do crime de descumprimento (Art. 24-A), incluído pelo Pacote
Anticrime: pena de detenção de 3 meses a 2 anos para quem descumprir. Um detalhe
interessante é que a norma aplica como tipi�cado o crime de descumprimento, mesmo
que a decisão seja proferida por juízo cível (normalmente juízo de família).
Medidas protetivas de urgência que
obrigam o agressor (Art. 22)
Suspensão da posse ou restrição do
porte de armas, afastamento do local de
convivência com a ofendida, proibição de
aproximação ou contato com a ofendida
ou seus familiares.
Medidas protetivas de urgência à
ofendida (Arts. 23 e 24)
Programa de proteção, recondução ao
lar após afastamento do agressor,
afastamento do lar sem prejuízo aos
bens, guarda dos �lhos e alimentos,
separação de corpos, determinação de
transferência de seus dependentes para
escola próxima ao domicílio atual.
Crime de descumprimento (Art. 24-A)
Incluído pelo Pacote Anticrime: pena de
detenção de 3 meses a 2 anos para
quem descumprir. Um detalhe
interessante é que a norma aplica como
tipi�cado o crime de descumprimento,
mesmo que a decisão seja proferida por
juízo cível (normalmente juízo de família).
Utiliza-se o critério etário para de�nir criança como a pessoa que possui menos de 12 anos de
idade. A chamada “primeira idade” (conforme a Lei da Primeira Infância – Lei nº 13.257/2016),
compreendendo o período de 0 a 72 meses, faz parte do grupo legalmente chamado de
crianças, não havendo divisão. A pessoa entre 12 anos completos e 18 anos incompletos é
chamada de adolescente.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) tem destinação de aplicabilidade na tutela de
crianças e adolescentes, excetuando a situação de a medida socioeducativa determinada
antes da maioridade poder ser executada até os 21 anos. Com 18 anos completos, o indivíduo
deixa de ser adolescente e torna-se adulto, iniciando a maioridade penal. A maioridade civil,
medida de exercício de capacidade para atos civis, pode ser adquirida aos 16 anos com a
emancipação, entretanto, ainda que capaz civilmente, até os 18 anos o adolescente é regido
pelo ECA.
Princípios e Direitos Fundamentais
O sistema de tutela do ECA vem como resposta à internalização das normas assumidas na
Declaração Universal de Direitos das Crianças, no pacto de Genebra. Sendo assim, pela
natureza dos direitos humanos envolvidos, há fundamento no texto constitucional, e estes
são quali�cados como direitos fundamentais, sendo direcionados por princípios jurídicos. Os
principais são:
Estatuto da Criança eEstatuto da Criança e
do Adolescentedo Adolescente
Dignidade da pessoa
humana
Art. 1º, III, CF.
Reconhece o valor
intrínseco de todas as
pessoas individualmente
consideradas, proibindo
sua instrumentalização.
Condição peculiar de
pessoa em
desenvolvimento
Art. 6º, ECA.
Antes da maioridade,
presume-se que os
sujeitos devam ter
condições bené�cas para
potencializar o
desenvolvimento
psicofísico, para, quando
chegarem à maioridade,
poderem exercer sua
autodeterminação.
Proteção integral
Art. 227, caput, CF. Art. 1º
e Art. 100, parágrafo
único, ECA.
A criança e o adolescente
devem ser protegidos em
sua integridade física e,
também, em sua
integridade psíquica,
presumindo a condição de
vulnerabilidade.
Cooperação e
solidariedade
Art. 227, CF.
A família, o Estado e a
sociedade são
responsáveis, devendo
cooperar para o alcance
da proteção de crianças e
adolescentes.
Prioridade absoluta
Art. 227, CF. Art. 4º e Art.
100, parágrafo único, ECA.
As medidas de políticas
públicas, orçamentárias e
de atendimento das
prestações públicas ou
privadas devem ter como
prioridade, sob qualquer
outro, o atendimento das
crianças e dos
adolescentes.
Igualdade Art. 227, § 6º, CF. Art. 3º, Além da igualdade
ECA material e formal, que
deve levar em conta a
condição peculiar de
desenvolvimento, deve ser
afastado qualquer
preconceito ou tentativa
de diminuição de valores
ou importância.
Melhor interesse Art. 22 e Art. 100, ECA.
Sob o vetor da dignidade
da pessoa humana e o
reconhecimento de que a
pessoa humana
infantojuvenil possui
condição peculiar de
desenvolvimento, deve ser
utilizado pela família, pela
sociedade e pelo Estado o
melhor interesse da
criança e do adolescente
para atendimento dessas
�nalidades.
Responsabilidade
parental
Art. 226, § 7º, CF. Art. 100,
ECA.
Inicia no planejamento
familiar e vai até a
maioridade. Justi�ca os
alimentos decorrentes do
poder familiar.
Responsabilidade
primária e solidária do
poder público
Art. 100, ECA.
Implementação de
políticas públicas para
atendimento dos direitos
pela União, pelos Estados
e pelos Municípios.
Municipalização do
atendimento
Art. 88, I, ECA. Para ser mais ágil, cabe ao
município o protagonismo
nas unidades de
atendimento. No Brasil, o
município deve �rmar
convênios com os demais
entes federados para o
custeio, mas organizar a
estrutura de atendimento.
Participação popular Art. 88, II, ECA.
Os conselhos devem ter
participação paritária
entre representantes do
governo e populares.
Privacidade Art. 100, V, ECA.
Adiciona proteção extra
aos direitos de intimidade,
imagem, nome e reserva
da vida privada de
crianças e adolescentes.
Intervenção precoce
Art. 100, parágrafo único,
VI, ECA.
Também chamada de
precaução. Havendo risco,
ainda que não esteja
comprovado o resultado,
deve o poder público
realizar intervenção para
evitar danos.
Intervenção mínima
Art. 100, parágrafo único,
VII, ECA.
Respeito à escolha familiar
de atividades que
componham a vida da
criança, não interferindo
em coisas desnecessárias
à proteção.
Proporcionalidade e
atualidade
Art. 100, parágrafo único,
VIII, ECA.
Liame lógico entre a
intervenção e a gravidade.
Convivência familiar
Art. 100, parágrafo único,
X, ECA.
A criança deve ser deixada
prioritariamente com sua

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