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Unidade 2 Limites e derivadas José de França Bueno © 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Sumário Unidade 2 Limites e derivadas ........................................................................................ 5 Seção 1 Fundamentos de Cálculo Aplicado: Limite ..................................... 6 Seção 2 Limites finitos e no infinito .............................................................21 Seção 3 Derivada - introdução ......................................................................32 Seção 4 Regras de derivação – Parte 1 .........................................................42 Unidade 2 Limites e derivadas Convite ao estudo O desenvolvimento do Cálculo no século XVII por Newton e Leibniz propiciou aos cientistas da época, as primeiras noções sobre “taxa de variação instantânea”, tal como ocorre com a velocidade ou a aceleração. Esse conceito influenciou os métodos computacionais e os conhecimentos sobre Cálculo. O estudo de limites e derivada são muito importantes para a compre- ensão do Cálculo! Vamos então estudar nesta seção o conceito e aplicação de limites, assim como o conceito de derivada e algumas regras de derivação. Para tanto vamos ter em mente os conhecimentos sobre funções estudados na Unidade 1, você irá perceber que tudo está interligado. Vamos relembrar a situação hipotética apresentada na Unidade 1. Esta situação visa aproximar os conteúdos teóricos com a prática. Vamos relembrar! João acabou de concluir o ensino médio e irá participar de um processo seletivo de uma empresa multinacional para trabalhar como estagiário. Para tanto, precisa realizar um teste para mostrar que é capaz de compreender e resolver problemas ligados ao nosso cotidiano. A empresa entende que o profissional, dependendo de sua qualificação, pode atuar em diversas áreas. Em todas elas, a facilidade em lidar com a Matemática é fundamental, princi- palmente no que diz respeito ao estudo de limites e derivadas. Por tanto, João terá que resolver situações problemas que tratam de entender a interdepen- dência de várias coisas ao nosso redor; das mais simples ás mais complexas, como valor de despesas de uma família, número de indivíduos de uma população, cálculo de velocidade e aceleração e etc. Ajude João a resolver as situações problema! 6 Seção 1 Fundamentos de Cálculo Aplicado: Limite Diálogo aberto Na presente seção veremos limites, limites infinitos e o conceito de continuidade de uma função, que são técnicas muito utilizadas para responder a questões relativas ao comportamento de uma função quando nos aproximamos de determinado valor especialmente importante para aquela aplicação. Com o propósito de contextualizar seu aprendizado nesta unidade vamos voltar a situação hipotética apresentada no convite ao estudo? Uma das situa- ções problema apresentadas pela empresa para João resolver foi a seguinte: Uma das despesas que compõem o orçamento familiar é o serviço de TV a cabo. Em uma cidade observa-se que a despesa de uma família com a TV a cabo depende do tempo t, mensal, que os habitantes assistem TV e esta quantidade, em centenas de reais, é modelada por: 0 se 0 t<20 0,01t se 20 t<100 40 1000 100<t 2 100 t se t ìïïï £ïïïï £íïïï -ïïï +ïî Analise a continuidade da despesa ( )P P t= . A despesa de uma família é sensivelmente diferente se o tempo que assiste TV é ligeiramente inferior ou superior a 20 horas? E para 100 horas? E agora como João poderá resolver este problema? Não pode faltar Limite: conceito Considere que você deve efetuar a soma de uma quantidade variável x com o número 5. Podemos escrever isto em termos matemáticos escrevendo que queremos calcular os valores da função ( ) 5f x x= + , para vários valores de x. Assim, se 1x = , ( )1 1 5 6f = + = , se 1,5x = , ( )1,5 1,5 5 6,5f = + = , se 1,7x = , ( )1,7 1,7 5 6,7f = + = . Imagine que um engenheiro civil esteja proje- 7 tando uma estrutura de grande porte (uma ponte ou um viaduto, digamos) e suponha que o valor 2x = signifique um valor de restrição. Você pode pensar que a estrutura não poderá nunca assumir uma carga de 2 mil toneladas, caso contrário entrará em colapso. Assim, você quer saber o que ocorre com os valores da função ( ) 5f x x= + para valores de x cada vez mais próximos de 2, mas sem necessariamente x em algum momento ser igual a 2. Neste caso vamos apenas somando os valores. Veja a Tabela 2.1 a seguir. Tabela 2.1 x 1 1,5 1,6 1,7 1,8 1,9 1,99 1,999 1,9999 f(x) 6 6,5 6,6 6,7 6,8 6,9 6,99 6,999 6,9999 Fonte: elaborada pelo autor. Vemos que o resultado da soma 5x+ , quando x se aproxima de 2, aproxi- ma-se cada vez mais de 2. O procedimento acima é tão importante na Matemática, na Física, na Engenharia e em outras aplicações que existe uma simbologia para representa-lo: 2 lim( 5) 7 x x ® + = . O conceito de limite está relacionado não com o valor de uma função em um determinado ponto x a= , mas com o valor da função quando x está “próximo” do valor a. Vamos considerar agora um exemplo um pouco mais sofisticado. Considere a função ( ) 3 22 2f x x x x= - - + e ( ) ( ) ( ) ( )2 1 1 ,f x x x x x= - × + × - " Î (forma fatorada). A partir desta função f podemos construir uma função ( )g x que coincide com a função f em quase todos os pontos exceto em apenas dois: 1x = e 2x = . Faremos isto para ressaltar que o valor de uma função em um determinado ponto não precisa ser igual ao limite daquela função naquele ponto. Para isto, faremos a função ( )g x assumir o valor 1,5 quando 1x = e assumir o valor 3 quando 2x = . Desta forma a função ( )g x é definida como ( ) ( ) ( ) ( )2 1 1 , 1,1, 2 1,5 , 1 3 , 2 x x x x g x x x ìï - × + × - ¹-ïïï= =íïïï =ïî Observe que ( )g x não está definida para 1x =- (ou seja, não existe o valor ( )1g - ). Dizer que a função não está definida em um ponto ( 1x =- neste caso) significa que não existe valor y no conjunto imagem associado a este valor x. Já para o ponto 1x = temos que ( )1 1,5g = e para 2x = , ( )2 3g = . Os gráficos destas funções podem ser visualizados nas Figuras 2.1 (a) e (b). 8 Figura 2.1 gráfico da função ( )f x (a), gráfico da função ( )g x (b) Fonte: elaborada pelo autor. Da Figura 2.1 (a) vemos que as raízes de f são -1, 1 e 2. Há uma outra forma de se escrever a função f, chamada de forma fatorada que é ( ) ( ) ( ) ( )2 1 1 ,f x x x x x= - × + × - " Î . Na forma fatorada é fácil de ser observar as raízes desta função são -1, 1 e 2 pois ( )1 0f - = , ( )1 0f = e ( )2 1f = . Note que, se utilizarmos um papel para traçar o gráfico, podemos traçar a função ( )f x sem levantar o lápis do papel. Já para a função ( )g x , temos pontos de descontinuidade: somos obrigados a levantar o lápis do papel quando nos aproximamos dos pontos 1x =- , 1x = e 2x = . Dizemos que tais pontos são pontos de descontinuidade para a função ( )g x . Nas Tabelas 2.2, 2.3, 2.4 e 2.5 apresentamos alguns valores numéricos para as funções ( )f x e ( )g x . Nas Tabelas 2.3, 2.4 e 2.5 apresentamos o valor da função ( )g x quando x fica próximo, respectivamente de -1, 1 e 2. Compare os valores numéricos nestas tabelas com os gráficos 2.1 (a) e (b). Tabela 2.2 – valores numéricos para a função ( )f x X -3 -2 -1,5 -1 0 0,5 1 1,5 2 f(x) -40 -12 -4,375 0 2 1,125 0 -0,625 0 Fonte: elaborada pelo autor. Observe, na tabela 2.3, que, para valores de x cada vez mais próximosde -1 à esquerda os valores da função ( )g x ficam cada vez mais próximos de 0. É importante você conferir estes valores numéricos na Tabela 2.2 com a Figura 2.1 b). O mesmo vale para os valores de x aproximando-se de -1 pela direita. Também neste caso os valores da função ( )g x aproximam-se de 0. É importante que você verifique isto graficamente na Figura 2.1 b). Note que a função ( )g x não existe (não está definida) para 1x =- . Mesmo assim existe 9 o limite da função ( )g x quando x aproxima-se de 1x =- (e este limite é igual a zero). Escrevemos, usando símbolos matemáticos, da seguinte forma: ( ) 1 lim 0 x g x ®- = e dizemos que o limite da função ( )g x quando x aproxima-se de -1 é igual a zero. Tabela 2.3 – valores numéricos para a função ( )g x para x próximo de -1 x -0,9 -0,99 -0,999 -0,9999 -1 -1,0001 -1,001 -1,01 -1,1 ( )g x 0,5510 0,0595 0,0060 0,0006 Não defini- da -0,0006 -0,0060 -0,0605 -0,6510 Fonte: elaborada pelo autor. Na tabela 2.4 temos os valores de x aproximando-se tanto pela esquerda quanto pela direita de 1x = para a função ( )g x . Em símbolos matemáticos escrevemos que ( ) 1 lim 0 x g x ® = e lê-se: o limite de ( )g x para x tendendo a 1 é igual a 0. Neste caso, a função existe e vale que ( )1 1,5g = . Tabela 2.4 – valores numéricos para a função ( )g x para x próximo de 1 x 0,9 0,99 0,999 0,9999 1 1,0001 1,001 1,01 1,1 ( )g x 0,2090 0,020099 0,002001 0,0002 1,5 -0,0002 -0,0020 -0,0199 -0,1890 Fonte: elaborada pelo autor. Na tabela 2.5 temos outro exemplo os valores de x aproximando-se tanto pela esquerda quanto pela direita de 2x = para a função ( )g x . Em símbolos matemáticos escrevemos que ( ) 2 lim 0 x g x ® = . Neste caso, a função existe e vale que ( )2 3g = . Tabela 2.5 – valores numéricos para a função ( )g x para x próximo de 2 X 1,9 1,99 1,999 1,9999 2 2,0001 2,001 2,01 2,1 ( )g x -0,2610 -0,0296 -0,0030 -0,0003 3 0,0003 0,0030 0,0304 0,3410 Fonte: elaborada pelo autor. 10 Assimile Definição (não-rigorosa) de limite de uma função em um ponto: Considere uma função ( )f x que esteja definida em um intervalo aberto que contenha o número a. A função ( )f x pode existir ou não neste ponto. Interpretamos ( ) 0limx a f x y® = da seguinte forma: toman- do-se valores de x tão próximos quanto quisermos do número a (mas não necessariamente iguais ao valor a), a função ( )f x ficará cada vez mais próxima do valor 0y . Lê-se a expressão ( ) 0limx a f x y® = como: o limite da função ( )f x quando x tende ao valor a é igual a 0y . Vejamos alguns exemplos de cálculo imediato de limites. Calcule os limites: a. 7 lim9 5 x x ® - : Neste caso basta substituir o valor 7x = na função dentro do limite: 7 lim9 5 9 7 5 58 x x ® - = × - = b. 2 1 3 1lim 12x x x x® + - - : Observe que o denominador da função ( ) 2 3 1 12 x xf x x + - = - não se anula para o valor no qual pretendemos calcular o limite (neste caso 1x = ). Assim, basta substituirmos 1x = na expressão da função ( ) 2 3 1 12 x xf x x + - = - para obter o valor do limite: 2 2 1 3 1 1 3 1 1 3lim 12 1 12 11x x x x® + - + × - = =- - - . O único valor para o qual não podemos efetuar esta substituição direta é 12x = . c. 3 2lim 5 x x x®- + : também neste caso o denominador não se anula para 3x =- . Basta substituirmos 3x =- na função dentro do limite: 3 3 4 3 2 2 2lim 2 5 3 5 2 x x x - - - ®- = = = + - + . Nos exemplos anteriores não tivemos maiores dificuldades para calcular o limite. Vejamos o exemplo a seguir. 11 Exemplificando Determine o valor de 23 3lim 9x x x® - - . Resolução: não podemos substituir diretamente o valor 3x = na expressão 2 3 9 x x - - pois teríamos uma divisão por zero. Mas, observando que ( )( ) ( )2 3 3 1 9 3 3 3 x x x x x x - - = = - - + + temos 23 3 3 1lim lim 9 3x x x x x® ® - = - + . Agora podemos substituir o valor 3x = : 23 3 3 1 1lim lim 9 3 6x x x x x® ® - = = - + . Confira com a Figura 3.2 (a) e (b).Observe que, na verdade, as funções ( ) 2 3 9 xf x x - = - e ( ) 1 3 g x x = + são a mesma função. Figura 2.2 Gráfico de ( ) 2 3 9 xf x x - = - (a) ; e de ( ) 1 3 g x x = + (b) Fonte: elaborada pelo autor. As propriedades operatórias de limites que apresentamos a seguir são úteis em grande variedade de situações. 12 Teorema - propriedades operatórias de limites: suponha que ( )f x e ( )g x sejam duas funções e que existam os limites ( )lim x a f x ® e ( )lim x a g x ® . Então valem as seguintes propriedades: a. ( ) ( ) ( ) ( )lim lim lim x a x a x a f x g x f x g x ® ® ® é ù+ = +ê úë û . b. ( ) ( ) ( ) ( )lim lim lim x a x a x a f x g x f x g x ® ® ® é ù- = -ê úë û . c. ( ) ( ) ( ) ( )lim lim lim x a x a x a f x g x f x g x ® ® ® é ù é ùé ù× = ×ê ú ê úê úë û ë û ë û . d. ( ) ( )lim lim x a x a c f x c f x ® ® é ù× = ×ê úë û , onde cÎ é uma constante. e. ( ) ( ) ( ) ( ) lim lim lim x a x a x a f xf x g x g x ® ® ® é ù ê ú =ê ú ê úë û desde que ( )lim 0 x a g x ® ¹ . (STEWART, 2016, p. 91) Exemplificando Determine o valor do limite 3 2 2 lim 2 4 5 8 3 3 4 x x xx x x sen p - ® é ùæ ö÷çê ú- + - + -÷ç ÷÷ê úçè øë û Aplicamos a propriedade de que o limite da soma é igual à soma dos limites: 3 2 2 lim 2 4 5 8 3 3 4 x x xx x x sen p - ® é ùæ ö÷çê ú- + - + - =÷ç ÷÷ê úçè øë û 3 2 2 2 2 2 2 2 lim2 lim 4 lim5 lim 8 lim3 lim 3 4 x x x x x x x xx x x sen p - ® ® ® ® ® ® æ ö÷ç= + - + + - + + - =÷ç ÷÷çè ø 3 2 2 2 12 2 4 2 5 2 8 3 3 16 16 10 8 3 3 5 2 9 sen p - - æ ö÷ç= × - × + × - + - = - + - + - = - =÷ç ÷÷çè ø 44 9 = . Observe a Tabela 2.6 e a Figura 2.3 a seguir, referente às alíquotas para o Imposto de Renda para 2018. Este é um exemplo de função descontínua, ou seja, uma função tal que, não conseguimos fazer o gráfico deste tipo de função sem levantar o lápis do papel. Em outras palavras: uma função descontínua apresenta algum tipo de salto ou degrau. Tabela 2.6 – Alíquotas do Imposto de Renda – exemplo de função descontínua Base de cálculo (em R$) Alíquota (%) Até R$ 1903,98 isento 13 De R$ 1.903,99 até 2.826,65 7,5 De R$ 2.826,66 até R$ 3.751,05 15 De R$ 3.751,06 até R$ 4.664,68 22,5 Acima de R$ 4.664,68 27,5 Fonte: Receita Federal. http://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-rapido/tributos/irpf-imposto-de-renda- -pessoa-fisica (acesso em 02/07/2018) Na Figura 2.3 apresentamos o gráfico da função apresentada na Tabela 2.6. Figura 2.3 – alíquotas do Imposto de Renda – exemplo de função descontínua Fonte: elaborada pelo autor. Por outro lado, funções para as quais conseguimos desenhar o gráfico sem levantar o lápis do papel são chamadas de funções contínuas. As funções contínuas não apresentam saltos. Grande parte dos fenômenos físicos é descrita por funções contínuas: o movimento de um automóvel, por exemplo, não apresenta saltos. Para exemplificar considere a função ( ) ( ) ( ) 2 2 0,2 2 5, 2 3, 2 0,1 2 2, 2 x x f x x x x ìï- + + >-ïïïï= =-íïïï- + + <-ïïî e seu gráfico apresentado na figura 2.4. http://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-rapido/tributos/irpf-imposto-de-renda-pessoa-fisica http://idg.receita.fazenda.gov.br/acesso-rapido/tributos/irpf-imposto-de-renda-pessoa-fisica 14 Figura 2.4 – exemplo de descontinuidade Fonte: elaborada pelo autor. Ao nos aproximarmos do ponto 2x =- a partir de valores menores que -2, a função assume valores cada vez mais próximos de 2. Para x exatamente igual a -2 a função vale exatamente 3. Quando nos aproximamos do ponto 2x =- a partir de valores maiores que -2, a função assume valores cada vez mais próximos de 5. Você poderá verificar isto construindo uma tabela de valores numéricos para tais situações tal como fizemos nas tabelas 2.2, 2.3 e 2.4. Quando estamos nos aproximando do ponto 2x =- a partir de valores menores que -2 dizemos que estamos tomando o limite lateral à esquerda e escrevemos ( ) 2 lim x f x -®- . No exemplo acima temos que ( ) 2 lim 2 x f x -®- = .Esta diferença de resultados dos limites de uma função dependendo se estamos nos aproximando pela esquerda ou pela direita leva ao conceito de limite lateral. Se uma função é descontínua por saltos (como a da Figura 2.4) seus limites laterais no ponto de descontinuidade serão diferentes. Definição limite lateral à direita: o limite à direita da função ( )f x no ponto x a= é A e o representamos por ( )lim x a f x A® + = quando, para valores cada vez mais próximos de a (mas superiores a ele) vale que o valor da função ( )f x fica cada vez mais próximo do valor numérico A. (STEWART, 2016, p. 118). Definição limite lateral à esquerda: o limite à esquerda da função ( )f x no ponto x a= é A e o representamos por ( )lim x a f x A® - = quando, para valores cada vez mais próximos de a (mas inferiores a ele) vale que o valor da função ( )f x fica cada vez mais próximo do valor numérico A. (STEWART, 2016, p. 118). NO caso da função apresentada na Figura 2.4, quando estamos nos aproximando do ponto 2x =- a partir de valores maiores que -2 dizemos que estamos tomando o limite lateral à direita e escrevemos ( ) 2 lim x f x +®- . No 15 exemplo acima temos que ( ) 2 lim 5 x f x +®- = . Observe que os limites laterais podem assumir valores diferentes e, além disso, a função ( )f x pode assumir um terceiro valor distinto dos anteriores. Neste caso temos que ( )2 3f - = . Definição - existência do limite: dizemos que o limite ( )lim x a f x L ® = existe se e somente se os limites laterais são iguais a um número L, ou seja: ( ) ( )lim lim x a x a f x f x L - +® ® = = . Considere a função apresentada no gráfico 2.3. Como temos que os limites laterais ( ) 2 lim 2 x f x -®- = e ( ) 2 lim 5 x f x +®- = não existe o limite ( ) 2 lim x f x ®- (STEWART, 2016, p. 85) Agora apresentamos a definição de continuidade de uma função em um ponto x a= . Definição -continuidade (STEWART, 2016, p. 109): dizemos que a função ( )f x é contínua no ponto x a= se: i. A função ( )f x está definida para x a= ; ii. O limite ( )lim x a f x ® existe; iii. Vale que ( ) ( )lim x a f x f a ® = Assim, retomando a função apresentada na figura 2.2, ela é contínua em todos os pontos de seu domínio exceto no ponto 2x =- pois o ( ) 2 lim x f x ®- não existe neste ponto. Dica Para auxiliá-lo na construção de gráficos de funções e estudar os limites das funções, você poderá consultar o OED especialmente construído para ajuda-lo neste propósito. Retomando a função apresentada no gráfico 2.1 (b), temos que esta função é contínua em todos os pontos de seu domínio exceto os pontos 1x = e 2x = pois, para cada um destes pontos vale que ( ) ( ) 1 lim 0 1 1,5 x f x f ® = ¹ = e ( ) ( ) 2 lim 0 2 3 x f x f ® = ¹ = . Pesquise mais Para conhecer outros Teoremas importantes sobre limites sugerimos que você consulte o livro (STEWART, 2016, páginas 111 a 114) disponível também na Biblioteca Virtual. 16 Reflita Como podemos utilizar a informação que funções trigonométricas são funções contínuas para calcular o limite ( ) ( ) ( ) 4 5 lim 4 cosx sen x x sen xp® × - × ? Sem medo de errar Após o estudo de limite, vamos resolver a situação problema apresentada ao João? Vamos relembrar! Uma das despesas ( )D t , que compõe o orçamento, é o serviço de TV a cabo, estudiosos observaram que a mesma pode ser calculada de acordo com o tempo “t” mensal, dado em horas. Desta forma, representaram algebrica- mente como é possível obter o valor da despesa com TV a cabo: ( ) 0 se 0 t<20 0,1t se 20 t<100 40 1000 se 100<t 2 100 D t t t ìïïï £ïïïï= £íïïï -ïïï +ïî Tendo em os dados apresentados, você deve analisar a continuidade das despesas para ( )D D t= e verificar a despesa de uma família é diferente caso o tempo seja inferior ou superior a 20 horas. E também o valor das despesas para 100 horas. Desse modo, temos a resolução: Primeiramente, vamos determinar D no intervalo de 0 20t£ < ( ) 20 20 lim lim 0 0 t t D t - -® ® = = ( ) 20 20 lim lim 0,1 0,1 20 2 t t D t t + +® ® = = × = Percebemos que a função é descontínua em 0 20t = . Note que a mudança de gasto de uma família varia sensivelmente se o tempo que assiste à TV é ligeiramente inferior ou superior a 20 horas. Por outro lado, calculamos: O segundo passo será determinar as despesas para 100t = ( ) 100100 lim lim 0,1 100 10 tt D t - ®® = × = 17 ( ) 100100 40 1000lim lim 10 2 100tt tD t t+ ®® - = = + A função é contínua em 0 100t = . Note que não existem mudanças de gasto quando o tempo em que assiste à TV muda, ligeiramente inferior ou superior a 100 horas. Fonte: elaborada pelo autor. Avançando na prática Uso de limites nas Ciências Farmacêuticas. Um estudante foi contratado por uma indústria farmacêutica para estudar a melhor forma de se inocular um medicamento em desenvolvimento. Os testes efetuados até o momento apontam que, para que o tratamento tenha sucesso a concentração no sangue (chamado de nível sérico ou do soro) deste medicamento não pode ultrapassar 6 /g dLm (microgramas por decilitro) de sangue, com um valor máximo ideal de 5 /g dLm e também sem nunca ficar abaixo de 3 /g dLm . Na Figura 2.5 são apresentadas as funções que descrevem os resultados dos teste efetuados. 18 Figura 2.5 – Níveis séricos de medicamento em estudo Fonte: elaborada pelo autor. Nele vemos os gráficos da concentração de uma medição aplicada por via venosa em um paciente na hora assinalada como zero, o decaimento da concentração deste medicamento na corrente sanguínea até a hora 1. Em seguida vemos uma nova dose sendo aplicada na hora 1 e o decaimento desta dose até a hora 2. O gráfico segue de forma similar com as doses representadas pelas funções f3 e f4. As funções são dadas pelas expressões ( ) ( )21 1 3, 0 1f x x x= - + £ £ ( ) ( )22 2 2 2,5, 1 2f x x x= - + < £ ( ) ( )23 2,5 3 3, 2 3f x x x= - + < £ ( ) ( )24 1,5 4 2,7, 3 4f x x x= - + < £ Identifique os limites laterais para cada uma destas funções nos pontos 1, 2, 3x x x= = = . Resolução da situação-problema Para o ponto 1x = : Limite lateral à esquerda: do gráfico acima podemos observar que ( ) 1 lim 1 3 x f x -® = Limite lateral à direita: ( ) 1 lim 2 4,5 x f x +® = . Determinamos este valor substi- tuindo 1x = na função ( ) ( )2 : 2 1 2 2,5 4,5f x f = + = 19 Para o ponto 2x = : Limite lateral à esquerda: ( ) 2 lim 2 2,5 x f x -® = . Determinamos este valor substituindo 2x = na função ( ) ( )2 : 2 2 2,5f x f = . Limite lateral à direita: ( ) 2 lim 3 5,5 x f x +® = . Determinamos este valor substi- tuindo 2x = na função ( ) ( )3 : 3 2 5,5f x f = . Para o ponto 3x = : Limite lateral à esquerda: ( ) 3 lim 3 4,2 x f x -® = . Determinamos este valor substituindo 3x = na função ( ) ( )4 : 4 3 4,2f x f = Limite lateral à direita: ( ) 3 lim 4 2,7 x f x +® = . Determinamos este valor substi- tuindo 3x = na função ( ) ( )4 : 4 4 2,7f x f = . Análise dos resultados obtidos: conforme observamos pelos limites laterais, ao final da 2ª. hora o nível sérico do medicamento caiu abaixo do nível mínimo 3 /g dLm e ao início da 3ª. hora ficou acima do nível máximo admitido de 5 /g dLm , com isso o estudante, utilizando limites laterais obteve a informação que são necessários ajustes ou na forma como o medicamento é administrado ou talvez, no próprio medicamento que vem sendo pesquisado. Faça valer a pena 1. Suponha que a função ( ) 32 411 5 337 11 2 xC x x x x -= - + + + × representa o custo por produto por x unidades produzidas em uma fábrica, medido em reais. Então é correto afirmar que: a. ( ) 0 lim 37 x C x ® = b. ( ) 1 lim 45 x C x ® = c. ( )lim 37 x C x ®¥ = d. ( ) 1 11lim 37 2x C x ® = + e. ( ) 1 11lim 37 2x C x ® = + 20 2. Considere a função ( ) 2 4 5, 1 2 , 1 1 3 , 1 3 , 3 x x x x f x x x x x ì + £-ïïïï- - - < £ïï=íï < £ïïï >ïïî . E as afirmações: I. 1x =- é o único ponto de descontinuidade desta função. II.Existem dois pontos de descontinuidade: 1x =- e 1x = . III. É correto afirmar que ( ) 1 lim 3 x f x ® = . IV. A função f é contínua no ponto 3x = . Agora, assinale a alternativa que apresenta a resposta correta: a. Somente a afirmativa IV está correta. b. Somente as afirmativas II e III estão corretas. c. Somente as afirmativas II e IV estão corretas. d. Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas. e. Somente a afirmativa II está correta. 3. Qual deve ser o valor de mÎ de modo que a função ( )f x seja contínua em 4x = ? ( ) 2 5 6, se x 4 3 , se x=4 x x f x m ìï - + ¹ï=íïïî a. 2 3 b. 32 c. 3 d. 2 e. 1 21 Seção 2 Limites finitos e no infinito Diálogo aberto No presente estudo, vamos dar continuidade ao assunto de limite. Vamos conhecer o conceito de limites finitos e infinitos, limites no infinito, limites de funções exponenciais, limites de funções trigonométricos e limites de função composta. Vamos voltar a situação hipotética apresentada no Convite ao estudo?Uma das situações-problema apresentadas pela empresa para João resolver foi a seguinte: A empresa multinacional onde João pretende fazer o estágio fabrica um certo produto para o mercado brasileiro. E esta determina que um empre- gado após x dias de treinamento, monte m produtos por dia, onde: ( ) 2 2 20 5 xm x x x = + + Qual é comportamento de ( )m m x= para treinamento longos? Não pode faltar Limites finitos e infinitos, limites no infinito Considere as funções ( ) 1 1 f x x = + e ( ) ( )2 1 1 g x x = + representadas nos gráficos 2.6 (a) e (b). Figura 2.6 (a) – ( ) 1 1 f x x = + , ( ) ( )2 1 1 g x x = + (b) Fonte: elaborada pelo autor. 22 Note que, na figura 2.6 (a), à medida que nos aproximamos de 1x =- pela direita (valores maiores que 1), os valores da função ( ) 1 1 f x x = + ficam cada vez maiores (e positivos) e, quando nos aproximamos de 1x =- pela esquerda (valores menores que -1), os valores da função ( ) 1 1 f x x = + ficam cada vez menores (e negativos). Assim, dizemos que ( ) 1 lim x f x -®- =-¥ e ( ) 1 lim x f x +®- =¥ . Já para a função ( ) ( )2 1 1 g x x = + temos que ( ) ( ) 1 1 lim lim x x g x g x - +®- ®- = =¥ . As retas verticais assinaladas nos dois gráficos são denominadas de assíntotas verticais. Assimile Definição (assíntotas horizontais): a reta horizontal para a qual tendem os valores de uma função ( )f x quando x ®¥ ou x ®-¥ é denomi- nada de assíntota horizontal. É importante distinguirmos os limites finitos (cuja resposta é um valor numérico bem definido) destes últimos limites que vimos nas Figuras 2.6 (a) e (b) os quais são denominados de limites infinitos. Veja a seguir a apresen- tação formal do que são limites infinitos. Existem situações nas quais à medida que os valores de x aproximam-se de um valor a, os correspondentes valores da função ( )f x definida sobre algum intervalo aberto (que contém o valor a) ficam arbitrariamente maiores que qualquer número real 0M > . Neste caso escrevemos ( )lim x a f x ® =¥ . Fenômeno similar ocorre quando temos os valores de ( )f x menores que qualquer número real 0M < . Neste caso escrevemos ( )lim x a f x ® =-¥ . Estas diferentes situações estão exemplifi- cadas nas figuras 2.6 (a) e (b). Faça você mesmo Considere a função ( ) ( )2 5 1 xh x x = + . Determine a assíntota vertical para esta função. 23 Limites no infinito Antes de tudo vamos reforçar a distinção entre limites infinitos e limites no infinito. Por limites infinitos estamos tratando das funções apresentadas nas Figuras 2.6 (a) e (b). Observe que estas funções “explodem” ou para + infinito ou para – infinito. Já limites no infinito tratam de situações para as quais o valor do argumento x fica um número positivo cada vez maior (tendendo ao infinito positivo) ou um número negativo cada vez mais negativo (tendendo ao infinito negativo). Uma questão prática relacionada com limites no infinito seria estudar o comportamento de uma máquina (se você for um engenheiro) ou de uma população de bactérias (se você for um estudioso de fenômenos biológicos) após aguardarmos um tempo infinita- mente longo. Veja que limites no infinito podem tender a uma constante finita que pode ser positiva ou negativa (e muitas vezes isto ocorre na vida real). Esta constante é denominada de assíntota horizontal. Consulte a Figura 2.7 (a) e (b) para visualizar limites no infinito. Vejamos agora dois exemplos de limites no infinito. Considere as funções ( ) 5 1 xf x x = - , ( ) 3 2 3 5 3 4 1 7 4 2 x x xg x x x - + - = - + e suponha que estejamos interessados em avaliar seu comportamento para valores de x tais que x ®¥ e para valores de x tais que x ®-¥ . Podemos fazer os gráficos de cada uma dessas funções para obter alguma intuição visual, muito embora um gráfico não possua o estatuto de demonstrar a veracidade da conclusão que estejamos obtendo. Mesmo assim, observando o gráfico da figura 2.7 (a) para a função ( ) 5 1 xf x x = - , intuímos que ( )lim 5 x f x ®¥ = e que ( )lim 5 x f x ®-¥ = . Da figura 2.7 (b) intuímos que ( )lim x g x ®¥ e que ( )lim x g x ®-¥ aproxi- mam-se de algum valor pouco inferior a 1. Figura 2.7 (a) – ( ) 5 1 xf x x = - (b) – ( ) 3 2 3 5 3 4 1 7 4 2 x x xg x x x - + - = - + Fonte: elaborada pelo autor. 24 A função ( ) 5 1 xf x x = - possui como assíntota vertical a reta 1x = e a função ( ) 3 2 3 5 3 4 1 7 4 2 x x xg x x x - + - = - + possui como assíntota vertical a reta 0,93627x @- . Vejamos como calcular cada um destes limites. Inicialmente se dividirmos algum número por valores cada vez maiores (positivos ou negativos), resul- tará em valores cada vez menores. Ou seja, vale que 1lim 0 x x®¥ = e que 1lim 0 x x®-¥ = . ( ) [ ] 55 5 5lim lim lim lim lim 5 1 11 11 1 x x x x x xxf x x x x x ®¥ ®¥ ®¥ ®¥ ®¥ = = = = = é ù é ù- ê ú ê ú- - ê ú ê úë û ë û . Podemos repetir o mesmo procedimento para mostrar que ( ) 5lim lim 5 1x x xf x x®-¥ ®-¥ = = - . Aplicações Aplicação de limites à Física Da Lei de ohm da eletricidade sabemos que a corrente elétrica é propor- cional à tensão aplicada, o que pode ser expresso pela equação VI R = onde I é a corrente elétrica (medida em ampéres), V é a voltagem (medida em volts) e R é a resistência (em ohms). Podemos utilizar limites para avaliar o compor- tamento da corrente elétrica em um circuito com voltagem de 5 volts e valores cada vez maiores para a resistência. Para fazer isto basta tomarmos o limite ( ) 5lim lim R R I R R®¥ ®¥ = . Como a divisão de um número constante por números cada vez maiores tende a zero temos que ( ) 5lim lim 0 R R I R R®¥ ®¥ = = . Ou seja, um circuito elétrico com resistência muito elevada não permite a passagem de corrente elétrica. Por outro lado, quando a resistência R tende a zero temos a situação do curto-circuito. Cabe ressaltar que na verdade a resistência nunca cai realmente a zero, embora ela possa tender a zero. Como a divisão de uma constante por números cada vez menores resulta em valores cada vez maiores, concluímos que a corrente elétrica tende a +¥ . O que acabamos de afirmar em “palavras” sem símbolos matemática agora usaremos limites para avaliar o comportamento da corrente elétrica quando a resistência tende a zero da 25 seguinte forma: ( ) 0 0 5lim lim R R I R R® ® = =+¥ . Qual a consequência disto? Quando a corrente elétrica torna-se muito elevada teremos aquecimento nos fios, podendo resultar em incêndios. Limites de funções polinomiais Considere a função polinomial ( )f x , de grau n , com 0na ¹ da forma: ( ) 1 21 2 1 0...n nn nf x a x a x a x a x a--= + + + + + colocando nx em evidência, cada um dos termos tende a zero, logo temos: ( )2 1 2 012 1 0 2 1lim ... lim ... n n n n n n n nx x a a aaa x a x a x x x a x x xx - - -®±¥ ®±¥ æ ö÷ç+ + + + = × + + + + + =÷ç ÷ç ÷è ø 0 0 0 0 ( )lim lim n nx xf x a x®±¥ ®±¥= = Cálculo de uma indeterminação do tipo 0 0 Quando o numerador e o denominador de uma fração tendem a zero, no cálculo de limites para determinado valor de x , devemos tentar simplificar a função antes de efetuarmos a substituição. Para simplificar a expressão você deve fatorar, racionalizar, ou utilizar dispositivo prático de Briot-Ruffini para dividir polinômios, etc. Dado o limite: 2 3 9lim 3x x x® - - Observe que ( ) 2 9 3 xf x x - = - não é definida para 3x = , e o numerador e o denominador da fração tendem a zero quando x se aproxima de 3 . Fatorando e simplificando, temos: ( )( )2 3 3 3 3 39lim lim lim 3 3 3 6 3 3x x x x xx x x x® ® ® + -- = = + = + = - - Expressões indeterminadas Vimos que 0 0 é uma expressão de indeterminação matemática. Também são: 0 0, ,0 ,1 ,0 e ¥¥ ¥-¥ ´¥ ¥ ¥ . Limites de funções trigonométricas O limite fundamental trigonométrico possui a seguinte relação: ( ) 0 lim 1 x sen x x® = 26 Vamos demonstrar a relação a partir da figura 2.8: Figura 2.8 – Gráfico de demonstração do seno, do cosseno e da tangente Fonte: elaborada pelo autor. O objetivo da demonstração é mostrar que os limites à direita e à esquerda são iguais a 1. Assim, vamos concluir que o limite bilateral também é 1. Para mostrar que o limite à direita é 1, começamos com valores positivos de q menores que 2 p . Na figura 2.8 podemos observar que: do setor OAP< área OATÁrea OAP áreaD < D Essas áreas podem ser expressadas em termos de q da seguinte maneira: ( ) ( )1 1 1base altura= (1)(sen 2 2 2 Área OAP senq qD = ´ = ( )221 1 do setor OAP= 1 2 2 2 Área r qq q= = ( ) ( )( ) ( )1 1 1 OAT= 1 2 2 2 Área base altura tg tgq qD ´ = = . Logo, ( ) ( )1 1 1 . 2 2 2 sen tgq q q< < A última desigualdade não se altera se dividimos os três termos pelo número positivo ( )1 2 sen q : ( ) ( ) 11 cossen q q q < < . Tornando os recíprocos a desigualdade é revertida: 27 ( ) ( )1 cos sen q q q > > Uma vez que ( ) 0 lim cos 1 q q +® = , do Teorema do Confronto resulta ( ) 0 lim 1 sen q q q+® = É importante termos em mente que ( )sen q e q são ambos funções ímpares. Então, ( ) ( )( )sen f q q q = é uma função par e possui um gráfico simétrico em relação ao eixo y. Essa simetria implica que o limite à esquerda em 0 existe e tem valor igual ao limite à direita: ( ) ( ) 0 0 lim 1 lim sen sen q q q q q q- +® ® = = , então ( ) 0 lim 1 sen q q q® = . Saiba mais O Teorema do Confronto também é conhecido como Teorema do Sanduíche. Ele diz que se ( ) ( ) ( )f x g x h x£ £ quando x está próximo de a exceto possivelmente em a ) ( ) ( )lim limf x h x L= = então ( )lim g x L= (Stwart, 2013, p. 97). Fonte: elaborada pelo autor. Limites de funções exponenciais Veja a partir do gráfico (figura 2.9) e da tabela que os valores xe tendem a 0 muito rápido. 28 Figura 2.9 – Gráfico da função exponencial Fonte: elaborada pelo autor x xe 0 1,00000 -1 0,36788 -2 0,13534 -3 0,04979 -5 0,00674 -8 0,00034 -10 0,00005 Assim, podemos concluir que xy e= tem a reta 0y = (o eixo x) , então: lim 0x x e ® -¥ = Limites de funções compostas Se g for contínua em a e f for contínua em ( )g a , então a função composta f g dada por ( )( ) ( )( )f g x f g x= é contínua em a . Assim, uma vez que g é contínua em a , temos ( ) ( )lim x a g x g a ® = e f é contínua em ( )b g a= , obtemos (Stwart,2013, p.115): ( )( ) ( )( )lim x a f g x f g a ® = . 29 Faça você mesmo Qual o ( )2lim x x x ®¥ - ? Sem medo de errar Após o estudo de limites infinitos e no infinito, vamos resolver a situação problema apresentada ao João? Vamos relembrar! A empresa multinacional onde João pretende fazer o estágio fabrica um certo produto para o mercado brasileiro. E esta determina que um empre- gado após x dias de treinamento, monte m produtos por dia, onde: ( ) 2 2 20 5 xm x x x = + + Qual é comportamento de ( )m m x= para treinamentos longos? Resolução: Observe que ( ) 2 2 2 22 2 2 20 20lim lim lim 20 55x x x x xm x x xx x x x x ®¥ ®¥ = = = + + + + Logo, após um longo treinamento, um empregado pode montar 20 computadores por dia. Figura 2.10 – Gráfico de treinamento Fonte: elaborada pelo autor. 30 Avançando na prática Preço do produto. O custo para produzir x unidades de um certo produto é dado por ( ) 0,25 3600C x x= + em reais. Determine o custo médio quando x cresce e interprete o resultado. Resolução da situação-problema Primeiramente ( ) ( ) 36000,25e C x CM x x x = = + ; então ( ) 3600lim lim 0,25 0,25ex xCM x x®¥ ®+¥ æ ö÷ç= + =÷ç ÷÷çè ø . Isto é, quando o bem em questão é produzido em grande escala o custo médio tende a estabilizar-se em 0,25 reais. Figura 2.11 – Gráfico escala de custo médio Fonte: elaborada pelo autor. Faça valer a pena 1. Qual o limite da função 100 lim log10 x x ® , em que 0x> . Então é correto afirmar que a. 3 b. 4 31 c. 10 d. 100 e. 1 2. O valor do 2 2 2 5 1lim 4 3 7x x x x x®¥ - + + - é: a. 1 3 b. 3 c. 1 2 d. 2 e. ¥ 3. Qual o ( ) 2 lim 4 x sen x p ® ? a. 2 b. 3 c. 4 d. 0 e. 5 32 Seção 3 Derivada - introdução Diálogo aberto A partir de agora iremos iniciar nossos estudos sobre Derivada! O objetivo do estudo de um curso de cálculo é o estudo de funções, sendo a derivada um dos instrumentos usados para estudar as propriedades e os detalhes do comportamento da função num ponto ou em um local, pois permite verificar se a função está crescendo ou decrescendo; se há um ponto de mínimo ou de máximo, mesmo que local; se a função muda de concavi- dade, entre outros. Vamos voltar à situação hipotética apresentada no Convite ao estudo? Uma das situações-problema apresentadas pela empresa para João resolver foi o seguinte problema: Uma pedra desprende-se do topo do galpão da empresa. Qual é a sua velocidade média durante os primeiros dois segundos de queda? Considerando que, experimentalmente, temos que 24,9y t= . Não pode faltar Derivada: conceito e propriedades Suponha que uma colheitadeira percorra uma fazenda a uma velocidade média de 5 /km h . Na figura 3.9 apresentamos o gráfico da posição da colhei- tadeira em função do tempo. Figura 3.9 – gráfico posição x tempo da colheitadeira de soja Fonte: elaborada pelo autor. 33 A função que representa a posição da colheitadeira em função do tempo é ( ) 5x t t= × , onde t é medido em horas. Assim, para 1t = a posição é ( )1 5 1 5x km= × = , para 2t = a posição é ( )2 5 2 10x km= × = e assim por diante. A posição da colheitadeira varia 5 quilômetros para cada hora decorrida. Observe que a velocidade da colheitadeira coincide com a inclinação da função afim e que esta velocidade corresponde à taxa de variação média entre cada hora decorrida. A partir deste exemplo apresentamos a definição a seguir. Definição taxa média de variação, Define-se a taxa média de variação da função ( )f x quando x varia entre 1x e 2x pela expressão ( ) ( )2 1 2 1 f x f xf x x x -D = D - (STEWART, 2016, p. 135). É importante a seguinte interpretação para a taxa média de variação: a taxa média de variação de uma função mede quantas vezes uma variação no eixo y (na vertical) é maior que uma variação no eixo x (na horizontal). Em outras palavras, a taxa média de variação é uma medida da “velocidade média” de variação da função entre os pontos 1x e 2x . Contudo, este conceito de velocidade média é limitado para descrever o que ocorre na realidade. Quando o motorista de um automóvel “pisa” no acelerador (ou no freio) ele está alterando a velocidade do veículo. Ou seja, ele está alterando a taxa com que a distância em quilômetros é percorridopor hora (se a velocidade for medida em km/h). Assim, embora a velocidade média do carro possa ser, digamos, igual a 50 km/h, sua velocidade a cada instante será maior ou menor que este valor. Em muitas aplicações estamos interessados na taxa de variação da função em um instante específico. Isto nos leva à definição de taxa instantânea de variação. A taxa instantânea de variação de uma função em um ponto ( )( )1 1,P x f x= consiste na avaliação da velocidade instantânea de variação da função naquele ponto e é dada pela definição a seguir. Definição taxa instantânea de variação de uma função em um ponto: a taxa instantânea de variação da função ( )f x no ponto ( )( )1 1,P x f x= é dada pelo limite (se existir): ( ) ( ) 2 1 2 1 0 2 1 lim lim x x x f x f xf x x xD ® ® -D = D - (STEWART, 2016, p. 135). Reflita O que podemos concluir sobre os sinais da taxa de variação das funções ( )1 2xf x = e ( )2 2 xf x -= observando seus gráficos? 34 No estudo de funções nós estendemos o conceito de velocidade para o que é chamado de taxa de variação da função. Tomemos como exemplo um engenheiro que esteja estudando a taxa de dilatação térmica de uma barra metálica com a temperatura, ou um administrador de empresas interessado na taxa de variação dos custos de produção à medida que variam as unidades produzidas na fábrica ou, ainda, um profissional da área de saúde interessado na taxa de variação com que um remédio é absorvido pelo paciente. Em todos estes casos estamos interessados em medir a “velocidade” com que cada uma destas funções varia em determinados pontos. A seguir apresentamos como calcular esta taxa média de variação para a função afim ( ) 3 1f x x= + entre os pontos 0 1x = e 1 2x = . A expressão ( ) ( )1 0 1 0 f x f xf x x x -D = D - é uma medida da maneira com que a função f varia entre os pontos 0x e 1x . Calculando f x D D obtemos ( ) ( ) ( ) ( )1 0 1 0 3 2 1 3 1 1 3 2 1 f x f xf x x x - × + - × +D = = = D - - . Se mudarmos os pontos 0x e 1x para 0 2x = e 1 3x = , também obteremos que a taxa média de variação com que a função ( ) 3 1f x x= + varia entre dois pontos é igual a 3. Vejamos agora o cálculo para 0 2x = e 1 3x = : ( ) ( ) ( ) ( )1 0 1 0 3 3 1 3 2 1 3 2 1 f x f xf x x x - × + - × +D = = = D - - Na verdade, para quaisquer dois pontos 0x e 1x a taxa média de variação desta função ( ) 3 1f x x= + é sempre igual a 3. Indo mais além, a velocidade de variação de qualquer função afim ( )f x ax b= + é sempre igual a seu coefi- ciente angular a. Considere agora a função ( ) 2g x x= e calculemos a velocidade com que ela varia entre os pontos 0 1x = e 1 2x = : ( ) ( ) 2 21 0 1 0 2 1 3 2 1 g x g xg x x x -D - = = = D - - . Refazemos o mesmo cálculo para os pontos 0 2x = e 1 3x = : ( ) ( ) 2 21 0 1 0 3 2 5 3 2 g x g xg x x x -D - = = = D - - e para os pontos 0 3x = e 1 4x = teremos ( ) ( ) 2 21 0 1 0 4 3 7 4 3 g x g xg x x x -D - = = = D - - . Observe que a velocidade de variação neste caso não é constante: está aumentando. Este fato está associado com o gráfico da função ( ) 2g x x= : a inclinação do gráfico desta função aumenta conforme x aumenta. No exemplo a seguir vemos como a taxa de variação pode ser utilizada para avaliar a velocidade com que uma função varia em um ponto. 35 Exemplificando Suponha que uma empresa produza azulejos para residência a um custo de produção em R$ dado pela função ( ) 2 60 1085f x x x= - + onde x representa a quantidade (em metros quadrados) de azulejos produzidos. Qual a taxa de variação do custo ao se produzir 25000 m de azulejos? Resolução: esta taxa de variação é dada pelo limite ( ) ( ) 2 1 2 1 2 2 2 2 1 12 1 0 2 1 2 1 60 1085 60 1085 lim lim lim x x x x x x x x xf x f xf x x x x xD ® ® ® é ù é ù- + - - +-D ê ú ê úë û ë û= = D - - Onde 1 5000x = e 2x aproxima-se cada vez mais de 1x . Podemos re-escrever o numerador do limite acima como: 2 2 2 2 2 2 1 1 2 1 2 160 1085 60 1085 60 60x x x x x x x xé ù é ù- + - - + = - - +ê ú ê úë û ë û Fatorando por diferença de quadrados e usando o 60 como fator comum temos: ( )( ) ( )2 22 1 2 1 2 1 2 1 2 160 60 60x x x x x x x x x x- - + = - + - - . Fatorando novamente chegamos a ( )( ) ( ) ( ) ( )2 1 2 1 2 1 2 1 2 160 60x x x x x x x x x xé ù- + - - = - + -ê úë û . Substituímos esta última expressão no numerado do limite: 2 1 2 2 2 2 1 1 2 1 60 1085 60 1085 lim x x x x x x x x® é ù é ù- + - - +ê ú ê úë û ë û = - ( ) ( ) 2 1 2 1 2 1 2 1 60 lim x x x x x x x x® é ù- + -ê úë û - Podemos cancelar o fator ( )2 1x x- chegando a ( ) ( ) 2 1 2 1 2 1 2 1 60 lim x x x x x x x x® é ù- + -ê úë û -( ) 2 1 2 1lim 60x x x x®= + - . Como 1 5000x = e 2x aproxima-se cada vez mais de 1x substituímos 2 5000x = no limite ( ) 2 1 2 1lim 60x x x x®= + - obtendo: ( ) ( ) 2 2 15000 lim 60 5000 5000 60 10000 60 9940 x x x ® + - = + - = - = . Podemos interpretar este resultado da seguinte forma: considere que após produzidos 5000 metros quadrados de azulejo, o custo de produção para se produzir 1xD = metro quadrado adicional de azulejo será aproximadamente de R$ 9.940,00. Ou seja, é quanto o custo varia ao produzirmos esta unidade adicional de metro quadrado de azulejo a partir do valor base de 5000 metros quadrados. Para avaliarmos a taxa média de variação com que uma função varia em um ponto, partimos da reta secante ao gráfico da função ( )f x , passando pelos pontos x e 0x . Considere, nos gráficos da Figura 3.10, a reta secante à função ( )f x , com x cada vez mais próximo de 0x . Veja que, à medida que 0x x® a reta secante aproxima-se cada vez mais da reta tangente. 36 Figura 3.10 - Reta secante à função ( )f x para 0x x® (a); (b) (c) reta tangente à função ( )f x (d) Fonte: elaborada pelo autor. Definição reta tangente ) Considere a função ( )f x e o ponto em seu gráfico ( )( )0 0,P x f x= . A reta tangente à função ( )f x , que passa pelo ponto P possui inclinação dada pelo limite ( ) ( ) 0 0 0 lim x x f x f x m x x® - = - (STEWART, 2016, p. 131). Alternativamente à definição acima, a inclinação da reta tangente à função ( )f x passando pelo ponto ( )( )0 0,P x f x= também pode ser determi- nada pelo limite ( ) ( )0 0 0 lim h f x h f x m h® + - = , onde usamos que 0h x x= - Assimile O ponto fundamental aqui é: a taxa média de variação com que uma função varia em um ponto está associada com a inclinação da reta tangente à função neste ponto. 37 Observe as figuras 3.11 (a), (b) e (c) apresentando as retas tangentes à função ( ) 2g x x= nos pontos 0 1x = , 0 2x = e 0 3x = . Veja que a velocidade com que esta função varia aumenta para valores cada vez maiores de x. A equação da reta tangente à função ( )f x no ponto 0x x= é dada pela expressão ( ) ( ) ( ) ( )0 0 0T x f x f x x x¢= + × - Figura 3.11 – retas tangentes ao gráfico de ( ) 2g x x= nos pontos indicados 0 1x = (a) 0 2x = (b) 0 3x = (c) Fonte: elaborada pelo autor. Reflita As retas tangentes da figura 3.11 possuem coeficiente angular positivo. Você poderia apresentar exemplos de retas tangentes com coeficiente angular negativo? A partir da definição de reta tangente introduz-se um dos mais importantes conceitos da Matemática: o conceito de derivada de uma função em um ponto. Definição derivada de função em um ponto: Define-se a derivada da função ( )f x no ponto ( )( )0 0,P x f x= pelo limite ( ) ( ) ( )0 0 0 0 lim h f x h f x f x h® + - ¢ = (se este limite existir no ponto). Leia-se o símbolo ( )0f x¢ como “f linha em 0x “ ou “derivada de f no ponto 0x ” STEWART, 2016, p. 133). Além da notação ( )f x¢ para derivada também é utilizada para indicar a derivada da função f a notação ( )df x dx . Ou seja, ( )( ) df xf x dx ¢ = . Como já apresentado anteriormente, a derivada de uma função em um ponto está diretamente associada com a taxa de variação com que a funçãovaria naquele ponto. Se uma função ( )f x possui derivada em um ponto ( )( )0 0,P x f x= , dizemos que esta função é derivável naquele ponto. 38 Exemplificando [Extraído de Stewart (2016, p. 134)] – Encontrar a derivada da função ( ) 2 8 9f x x x= - + em um número 0x . Resolução: Usando a definição de derivada em que 0h® , deve-se aplicar ( )f x que se deseja derivar. É importante lembrar que é necessário subtrair a função ( )f x quando estiver no ponto 0x x h= + da ( )f x quando 0x x= . Logo, algebricamente a solução é a descrita a seguir. ( ) ( ) ( )0 0' 0 0 lim h f x h f x f x h® + - = ( ) ( ) ( ) [ ]20 0 0' 0 0 8 9 8 9 lim h x h x h x a f x h® é ù+ - + + - - +ê úë û= ( ) ( ) ( ) 2 22 0 0 0 0 0 0 2 8 8 9 8 9 ' x x h h x h x x f x h + + - - + + - = ( ) ( ) 2 0 0 00 0 2 8 ' lim lim 2 8 h h x h h h f x x h h® ® + - = = + + ( )0 0' 2 8f x x= - Sem medo de errar Vamos relembrar a situação problema apresentada a João. Uma pedra desprende-se do topo do galpão da empresa. Qual é a sua velocidade média durante os 2 segundos de queda? Experimentos mostram que, ao entrar em queda livre a partir do repouso, próximo da superfície terrestre, um objeto sólido e denso percorrerá y metros nos primeiros t segundos, onde: 24,9y t= . A velocidade média da pedra em qualquer intervalo de tempo é a distância percorrida yD , dividida pelo tempo decorrido tD , neste percurso. Para os primeiros 2s temos: 0 0t = e 2ft = , logo 0 0y = e ( ) 24,9 2fy = × . Daí ( ) ( )2 24,9 2 4,9 0 9,8 2 0 yv t × -D = = = D - m/s. Podemos saber a velocidade média da pedra ao longo do percurso desde 2t = até qualquer tempo posterior 2t h= + , 0h> . Então temos: ( ) ( )2 24,9 2 4,9 2hy t h × + -D = D . 39 Na tabela vemos os valores das velocidades média quando se aproxima do valor limite: h(s) y t D D 1,0 24,5 0,1 20,09 0,01 19,649 0,001 19,6049 0,0001 19,60049 Fonte: elaborada pelo autor. A tabela nos diz que quando 0h® ( h tende a 0 ) a velocidade média se aproxima do valor limite 19,6 m/s. ( ) ( ) ( )2 2 2 24,9 4 44,9 2 4,9 2 19,6 4,9 19,6 4,9h hhy h h h t h h h × + +× + -D + = = = = + D Assim, fazendo 0h® descobrimos a velocidade instantânea em 2t s= , isto é, seu valor limite é ( )19,6 4,9 0 19,6+ = m/s. Avançando na prática Velocidade de um objeto Um objeto é jogado do alto de um prédio de uma altura de 1250 pés acima do nível da rua, e a sua modelagem foi representada através da função em relação a posição ( ) 21250 16s f t t= = - , onde ( )f t é medido em pés acima do nível da rua e “t”, em segundos depois de ser jogado. Determine: a. A função velocidade do objeto; b. O intervalo de tempo ao longo do qual vale a função velocidade; c. A velocidade do objeto ao atingir o nível da rua. 40 Resolução da situação-problema a. Substituindo os valores dados na função: ( ) ( )0 0 0 lim h f x h f x h® + - , teremos: ( ) ( )( ) 2 2 2 0 0 2 0 0 1250 16 1250 16 16 2 lim lim 216 lim 16 lim 2 32 h h h h t h t t th h h h th h t h t h ® ® ® ® é ù é ùé ù- + - - - + +ê ú ê ú ê úë û ë û ë û= = æ ö+ ÷ç ÷=- - + =-ç ÷ç ÷çè ø A velocidade será de 32t pés/segundo. b. A função velocidade em (a) é válida a partir do sistema ( )0t = , em que o objeto é jogado, até o instante 1t , em que atinge o solo, quando: 2 2 1 11250 16 0 16 1250t t- = Þ = assim, 1 1250 8,84 16 t s= @ . Portanto para o valor positivo de 1t , concluímos que a função velocidade é válida até o instante 8,84s. c. Para determinar a velocidade do objeto quando atinge o solo, substi- tuímos o valor de 1t por 8,84s na função velocidade ( ) 32v t t=- , então teremos: ( ) ( )8,84 32 8,84 282,88V =- × @- pés/s. Faça valer a pena 1. Considerando o gráfico a seguir: Marque a alternativa que mostra a taxa de variação média da produção no intervalo de 20 a 30 horas. 41 a. 100 toneladas/horas. b. 200 toneladas/horas. c. 300 toneladas/horas. d. 400 toneladas/horas. e. 500 toneladas/horas. 2. Assinale a alternativa que corresponde as afirmativas corretas: I. O coeficiente angular da reta secante que passa pelos pontos Q e P de uma função, apresenta a sua taxa de variação média. II. O coeficiente angular da reta tangente ao ponto P de uma função, apresenta a sua taxa de variação instantânea. III. Para definir a taxa de variação instantânea, são consideradas taxas de variação médias em intervalos que são diminuídos em torno de um ponto P. Esse processo de tornar o tamanho do intervalo tão pequeno que se aproxime de zero, trata-se do cálculo do limite. a. I e II b. II e III c. III e I d. I, II e III e. apenas a I está correta 3. A posição de um objeto em movimento é representado pela função: ( ) ( ) 1 1 S f t t = = + . Onde " "t é medido em segundos " "s é representado em metros. Determine a velocidade e a rapidez após 2t = . a. 19 m/s b. 9 m/s c. 1 m/s d. 14 m/s e. 7 m/s 42 Seção 4 Regras de derivação – Parte 1 Diálogo aberto A partir de agora iremos continuar nossos estudos sobre derivada. Na seção anterior você estudou o significado e o cálculo da taxa de variação instantânea a partir de limite. Nesta seção, o valor da taxa de variação instantânea, já definida como derivada, será determinando de forma direta através de fórmulas. Vamos voltar à situação hipotética apresentada no Convite ao estudo? Uma das situações-problema apresentadas pela empresa para João resolver foi a seguinte: Um importador do setor automotivo estima que quando consegue vender x unidades de uma determinada peça automotiva, consegue uma receita bruta representada pela expressão matemática: 2: 0,5 3 2C x x+ - (milhares de reais). Qual será a taxa de variação da receita quando o empresário conseguir vender três unidades dessas peças? Não pode faltar Derivada como função Vamos considerar, a derivada em uma situação com uma série de pontos. A derivada, em geral, assume valores diferentes em pontos diferentes e é, também, uma função. Em primeiro lugar, lembre-se de que a derivada de uma função em um ponto mostra a taxa segundo a qual o valor da função está variando naquele ponto. Geometricamente, a derivada pode ser conside- rada a inclinação da curva ou o coeficiente angular da reta tangente à curva no ponto conforme explica Hughes-Hallett et al. (2011, pág. 67). Os operadores D e d dx são chamados operadores diferenciais, pois indicam a operação de diferenciação que é o processo de cálculo de uma derivada. dy dx é lido como “a derivada de y em relação a x ”, e df dx ou ( d dx ) ( )f x como “a derivada de f em relação a x ”. As notações que indicam a derivada de uma função também podem indicar um ponto em que se deseja avaliar a derivada, como segue. ' x a y = ou x a dy dx = ou ( ) x a d f x dx = . 43 O símbolo de avaliação ( )x a= significa calcular a expressão à esquerda em x a= . Agora que você já conhece as notações para as derivadas de funções, aprenderá algumas regras de derivação. Essas regras permitem calcular a derivada de uma função rapidamente. Regra 1 – derivada de uma função constante é zero. ( ) 0d c dx = Exemplificando Calcule a derivada de ( ) 5f x = . Solução: observe que essa é uma função constante que passa no ponto 5 do eixo y e não corta o eixo x, mas é paralelo a ele. Logo essa reta é paralela ao eixo x. (coeficiente angular = m = 0). Isso significa que ao variar o valor em x não há alteração em y. Consequentemente, a derivada de uma função constante é zero. Regra 2 – derivada de uma função potência, quando n for um número real qualquer. ( ) 1n nd x nx dx -= Exemplificando Calcule a derivada de ( ) 5f x x= . Em seguida, determine a taxa de variação instantânea da função f em 2x = . Solução: ( ) ( ) ( )5 5 1 4' 5 ' 5f x x f x x f x x-= Þ = × Þ = Para ( ) ( )42 ' 2 5 2 ' 2 5 16 80.x f f= Þ = × Þ = × = Regra 3 – derivada de uma função multiplicada por constante. ( ) ( )d dcf x c f x dx dx é ù =ê úë û ExemplificandoCalcule a derivada de ( ) 310f x x= . Em seguida, determine a taxa de variação instantânea da função f em 4x = . 44 Solução: ( ) ( ) ( ) ( )3 3 3 1 2' 10 ' 10 ' 10 3 ' 30d df x x f x x f x x f x x dx dx -= Þ = Þ = × Þ = ( ) ( )2' 4 30 4 30 16 ' 4 480f f= × = × Þ = Regra 4 – derivada da soma ou diferença de duas funções deriváveis. ( ) ( ) ( ) ( )d d df x g x f x g x dx dx dx é ù± = ±ê úë û Exemplificando Calcule a derivada de ( ) 2 8 9f x x x= - + . Em seguida, determine a taxa de variação instantânea da função ( )f x em 3x = . Solução: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 2 2 2 2 1 1 1 ' 8 9 ' 8 9 ' 8 9 ' 2 8 0 ' 2 8 ' 3 2 3 8 2. df x x x dx d d df x x x dx dx dx d d df x x x dx dx dx f x x x f x x f - - = - + = - + = - + = - + = - = × - =- O presente conteúdo desenvolveu o estudo de derivada. Você aprendeu que a derivada num ponto é considerada como taxa de variação instantânea e geometricamente como a inclinação da reta tangente à curva no ponto dado. Também estudou que é possível encontrar a derivada de uma função usando regras de derivação que valem para a função em todos os pontos que a função for derivável (ou diferenciável). Vamos agora praticar? Chegou a hora de aplicar os conteúdos aprendidos na resolução de problemas! Sem medo de errar Após o estudo sobre as regras de derivação, vamos resolver a situação- -problema apresentada a João? Vamos relembrar! Um importador do setor automotivo estima que quando consegue vender x unidades de uma determinada pela automotiva, consegue uma receita bruta representada pela expressão matemática: 20,5 3 2C x x= + - (milhares 45 de reais). Qual será a taxa de variação da receita quando o empresário conse- guir vender três unidades dessas peças? Ao realizar a derivação da função, foi encontrado? ( ) ( ) 20,5 3 2 ' 3 ' 3 3 3 6 C x x C x x C = + - = + = + = Podemos concluir que quando a produção é de três unidades a receita da empresa aumenta a uma taxa de 6 mil reais por unidade produzida. Avançando na prática Aplicação de derivadas: farmacologia. Carlos, um atleta de natação, ao participar de uma competição salta de um trampolim a sua posição inicial é de 216 16 32.H t t=- + + a. Em que instante Carlos atinge a água? b. Qual a velocidade de Carlos no momento do impacto? Resolução da situação-problema Momento inicial quando 20 16 16 32.t H t t= Þ =- + + Agora, vamos encontrar as raízes dessa equação: ( )2 2 2 4 16 4 16 32 2304 48 4 16 48 2 2 ( 16) b ac b b act t a D= - ÞD= - × - × ÞD= ÞD= - ± - - ± = Þ = × - 1 16 48 1 32 t - += =- - e 2 16 48 2 32 t - -= = - . Utilizaremos 2t s= . Derivando a função teremos: ( )' 32 16h t t=- + E substituindo 2t s= ( )' 2 32 2 16 64 16 48h =- × + Þ- + =- 46 Faça valer a pena 1. Considere as funções ( ) 4 3 25 3 2 4 7f x x x x x= - + - + . A alternativa que apresenta a derivada da função ( )f x . a. ( ) 3 220 9 4 4f x x x x¢ = - - + . b. ( ) 4 3 220 9 4 4f x x x x x¢ = - + - . c. ( ) 3 25 9 4 4f x x x x¢ =- + - + . d. ( ) 4 3 220 3 2 4 7f x x x x x¢ =- + - + - . e. ( ) 3 220 9 4 4f x x x x¢ = - + - . 2. A derivada num ponto é considerada como taxa de variação instantânea e geometricamente como a inclinação da reta tangente à curva no ponto dado. É possível encontrar a derivada de uma função usando regras de derivação que valem para a função em todos os pontos que a função for derivável (ou diferenciável). Assim, determine a taxa de variação instantânea para a função ( ) 3 212 5 10 15f x x x x= + + - quando 2x = . a. 174 b. 300 c. 354 d. 150 e. 201 3. Classifique as seguintes afirmações por verdadeira (V) ou falsa (F). I. A derivada de uma função constante é zero. II. A derivada de uma função num ponto é a taxa de variação instantânea naquele ponto. III. Geometricamente, a derivada pode ser considerada a inclinação da curva ou o coeficiente angular da reta secante que passa pelo ponto. Agora, assinale a alternativa que apresenta a resposta CORRETA: a. V, F, V b. F, F, V 47 c. F, V, F d. V, V, F e. V, V, V Referências BOULOS, Paulo; ABUD, Zara Issa. Cálculo Diferencial e Integral. Volume 1. São Paulo: Makron Books, 2000. ANTON, Howard; BIVENS, Irl; DAVIS, Stephen. Cálculo Volume I. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. 1168 p. EDWARDS, C;H.; PENNEY, David. Cálculo com Geometria Analítica: Volume 1. 4. ed. Rio de Janeiro: Ltc, 1999. 216 p. GONÇALVES, Mirian Buss; FLEMMING, Diva Marilia. Cálculo A. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2011. 435 p. GUIDORIZZI, Hamilton Luiz. Um curso de Cálculo: Volume 1. 2. ed. Rio de Janeiro: Ltc, 1997. 481 p. SIMMONS, George F. Cálculo com Geometria Analítica. Volume 1. São Paulo: Makron Book, 1987. STEWART, James. Cálculo Volume I. 5. ed. São Paulo: Thomson Learning, 2006. 1164 p. THOMAS, George B et al. Cálculo Volume 1. 10. ed. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2005. 570 p.
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