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Nutrição Infantil Mariana Braga Neves 1ª Edição 2012 EXPEDIENTE Pesquisa de conteúdo Gerusa Brandão de Carvalho Produção Editorial e Revisão Final Adelson Marques Canudo Assistência Editorial Nutricionista Adriana Peixoto CRN9 – 9521 Capa e Produção Gráfica Peter Pereira Edição Ortográfica e Textual Cleunice Duarte Coordenação de Projeto para mídia digital Rafael da Silva Carrasco Coordenação Geral Adelson Marques Canudo Luiz Eduardo Ferreira Fontes Todos os direitos reservados. Nenhuma partedeste livro eletrônico poderá ser reproduzida total ou parcialmente sem autorização prévia da A.S. Sistemas. Nutrição Infantil ISBN nº: 978-85-65880-06-0 Mariana Braga Neves CRN9 - 2000100325 A.S. Sistemas Rua Professor Carlos Schlo�feld, casa 10 – Clélia Bernardes – Viçosa – MG – CEP 36570-000 Tel: (31) 3892 7700 site: www.assistemas.com.br http://www.assistemas.com.br/ APRESENTAÇÃO O e-book Nutrição Infantil, foi elaborado com uma abordagem objetiva, dividida em quatro módulos distintos para um melhor entendimento de seu conteúdo. No primeiro módulo, são discutidos assuntos sobre os cuidados que se deve adotar na alimentação infantil, principalmente nos primeiros meses de vida de uma criança, oferecendo aos profissionais, orientações e recomendações para a melhoria do estado nutricional das crianças. Já no segundo módulo, é realizada uma abordagem sobre a maneira correta de aprender a se alimentar bem, propondo ao profissional educador, medidas de intervenção nutricional, aplicáveis as crianças. No terceiro módulo, o assunto entra no ambiente escolar, mostrando a importância da merenda no atual quadro que as redes de ensino enfrentam e o esclarecimento de técnicas de promoção de hábitos saudáveis nesse ambiente. Por último, faz-se um aparato das possibilidades de atuação do profissional de nutrição na exploração dos serviços personalizados de Personal Baby e Kids. O Editor Sumário Módulo 1 1 Aleitamento materno exclusivo - alimentação até os 6 meses de vida 2 Alimentação complementar: como introduzir os alimentos dos seis meses aos dois anos de idade 3 Alimentação do pré- escolar 4 Alimentação do escolar e a obesidade em crianças entre sete a 10 anos Módulo 2 5 Educação nutricional e reeducação alimentar 6 Educação alimentar em crianças 7 Planejamento de intervenção nutricional: passo a passo para a criação de um serviço de educação nutricional 8 Criando recursos para a educação nutricional Módulo 3 9 PNAE: Programa Nacional de Alimentação Escolar 10 Técnicas de promoção da alimentação saudável na escola 11 Capacitação e treinamento de cantineiros 12 Atuação do nutricionista nas merendas de escolas públicas e privadas Módulo 4 13 Estruturação do serviço de Personal Baby 14 Começando a trabalhar: proposta, cronograma e ação para Personal Baby 15 Personal Kids: caracterização do serviço 16 Sistematizando o serviço de Personal Baby e Kids 17 Glossário 18 Apêndice 1 19 Apêndice 2 20 Apêndice 3 Módulo 1 Alimentação infantil A infância é um período em que se desenvolve grande parte das potencialidades humanas. É de extrema importância que a alimentação durante a infância seja rica e balanceada, o que nem sempre é uma tarefa fácil. Uma alimentação saudável garante um desenvolvimento físico e intelectual correto, prevenindo distúrbios nutricionais como a anemia, desnutrição e obesidade, além de osteoporose, hipertensão e diabetes tipo 2 na idade adulta. O conteúdo deste módulo é bem abrangente. Parte de uma compilação das evidências científicas mais atualizadas sobre a alimentação infantil. Inclui percepções práticas e tabus alimentares, além de proporcionar aos profissionais orientações e recomendações para a melhoria do estado nutricional das crianças. 1 Aleitamento materno exclusivo - alimentação até os 6 meses de vida Amamentar é muito mais do que nutrir a criança. O aleitamento materno é a mais sábia estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança, e constitui a mais sensível, econômica e eficaz intervenção para redução da morbimortalidade infantil. Ao longo da leitura deste e-book vamos entender o porquê. Preparado? O leite materno é um alimento completo porque possui todos os nutrientes de que o bebê necessita para crescer forte e saudável durante os seis primeiros meses de vida. É adequado às necessidades nutricionais e atende as particularidades fisiológicas do recém-nascido durante o período mais crítico do seu desenvolvimento, garantindo que o bebê tenha um crescimento e desenvolvimento adequado até que ele seja capaz de ingerir alimentos sólidos. Para entender melhor sobre os benefícios do aleitamento materno, é imprescindível conhecermos a composição do leite humano. Evolução da produção láctea Considerando as alterações na composição ao longo da lactação, o leite recebe 3 denominações diferentes (Tabela 1): • Colostro é a secreção láctica inicial (1 - 7 dias após o parto); • Leite de transição < 3 semanas; • Leite maduro > 3 semanas. Tipo de leite Proteína (g/dL) Gordura (g/dL) Lactase (g/dL) Oligossacarídeos (g/dL) Colostro 3,1 2,1 4,1 2,4 Leite de transição 0,9 3,9 5,4 - Leite maduro 0,8 4,0 6,8 1,3 Tabela 1 – Denominações do leite Colostro É o leite acumulado nas células alveolares nos últimos meses de gestação e secretado nos primeiros dias após o parto. Ele contém mais proteínas, vitamina A e minerais, principalmente eletrólitos e zinco, e menos carboidrato e gordura que o leite maduro. Sua coloração amarela se deve ao fato de possuir alta concentração de carotenoides (10 vezes mais que o leite maduro). É laxativo e auxilia na eliminação do mecônio. Além de suprir as necessidades nutricionais, e proteger o recém-nascido, estimula o desenvolvimento do sistema imune, modula a maturação e a função do trato gastrointestinal e contribui para o crescimento da microbiota benéfica. Nota importante Durante os primeiros 15 dias o bebê mama pouco e em intervalos irregulares e curtos, pois ele está se adaptando ao processo de amamentação. Sua capacidade gástrica é pequena e vai aumentando à medida que o tempo passa. Por este motivo, é essencial que o nutricionista oriente a mãe que não se deve, nos primeiros dias, estabelecer que a criança somente poderá mamar de 3 em 3 horas. Com o passar do tempo, a criança estabelecerá o seu próprio ritmo e os horários irão ficando cada vez mais regulares. Leite de transição Do 7° ao 14° dia pós-parto, a composição do leite materno continua mudando, porém de forma mais lenta, e recebe a denominação de leite de transição. O teor de proteínas e minerais vai diminuindo e o de lactose e gordura é ligeiramente aumentado até atingir as características mais próximas do leite maduro. Leite maduro A partir do 21° dia, a composição do leite humano é mais estável. Possui mais de 150 substâncias diferentes. Torna-se de um valioso alimento do qual detalharemos no decorrer da leitura. Sua composição varia entre as mães, numa mesma mãe, entre as mamadas, em mamadas diferentes e no decurso da mamada. Por isso tão importante a recomendação da livre demanda. Composição nutricional do leite humano Veja a seguir, o que o leite humano possui em sua composição nutricional. Proteínas • Teor de proteínas: 0,8g/100mL no leite maduro; • Divididas em dois grupos: caseína (40%) e proteínas do soro (60%); • A lactoferrina humana aumenta a biodisponibilidade de ferro, enquanto a lactoferrina bovina diminui a biodisponibilidade do ferro; • Ausência de β-lactoglobulina (possui um alto poder alergênico). Além disso, o leite humano apresenta: • Menor teor de fenilalanina e tirosina Benefício: Recém-nascido tem deficiência das enzimas tirosina aminotranferase e a α- hidroxifenilpiruvato oxidase; • Menor teor de metionina e maior de cisteína Benefício: recém-nascido tem baixo nível de cistationase (transulfuração de metionina em cisteína); • Elevado teor de taurina Benefício: importância na conjugação de sais biliares e atua como neurotransmissor.Enzimas Veja a seguir, a tabela com as enzimas e suas funções (Tabela 2): Enzimas Funções Lisozima, Peroxidase, Lipases (LPL, BSSL) Proteção Amilase, lípase (BSSL) Digestão Sulfidrila oxidase Reparo Glutationa peroxidase (Se), fosfatase alcalina (Zn, Mg), xantina Oxidase (Fe, Mo) Transporte de metais Fosfoglicomutase, galactosiltransferase, lactose sintetase, sintetase de ácidos graxos Biossíntese de componentes do leite materno Tabela 2 – Enzimas e suas funções Lipídeos • Triglicerídeos (predominante), fosfolipídios, colesterol, diglicerídeos, glicolipídeos, monoglicerídeos, ácidos graxos; • Fornecem cerca de 50% das necessidades energéticas do recém-nascido; • Sua utilização é favorecida pela lípase do leite humano; • Ácidos graxos poli-insaturados (AC. Linoleico); • Mielinização do SNC; • Ácidos graxos de cadeia curta: ação bacteriana. Vitaminas • Teores variáveis: vitamina A e complexo B; • Vitamina D: questiona-se a necessidade de suplementação (Exposição a luz solar); • Leite humano tem maiores teores de vitaminas > A, D, E, C; • Leite de vaca tem maiores teores de vitaminas do complexo B e vitamina K. Minerais • Conteúdo mineral do leite humano é menor que o observado no leite de vaca. (Benefício de menor sobrecarga renal); • Relação Ca/P no leite materno: 2:1 (favorece a utilização de cálcio); • Ferro está em menor concentração no leite humano, porém tem maior absorção; • Leite Humano: 50% de absorção de ferro; • Leite de Vaca: 8% a 10% de absorção do ferro. Agentes anti-infecciosos • Células de defesa (leucócitos, linfócitos) e Imunoglobulinas; • Fator Bífido: favorece crescimento de lactobacilos bifidus (diminui crescimento de bactérias patogênicas); • Lactoferrina: inibe crescimento de bactérias patogênicas; • Lisozima: destrói bactérias. Fatores de crescimento • Fator de crescimento epidérmico (EGP); • Fator de crescimento neural (FCN); • Outros: insulina, tiroxina. Diante de tantas vantagens, o nutricionista deve formular seus argumentos para mostrar às mães que o leite materno é essencial ao bebê. Fatores que interferem na lactação 1. Intensidade do estímulo: dado pela frequência das sucções; 2. Fator emocional da mãe: interfere no reflexo da ocitocina; 3. Fármacos: aumentam ou diminuem a produção e/ou liberação do leite; 4. Anticoncepcionais: diminuem a produção e alteram a composição do leite; p ç 5. Fumo: inibe prolactina e ocitocina; 6. Álcool: em altas doses inibe a ocitocina; 7. Desnutrição materna: diminuem o teor de gordura, vitaminas A e do complexo B do leite. O nutricionista deve orientar à mãe sobre os cuidados necessários com a alimentação pós-parto já que muitas, na busca pela boa forma fazem restrições calóricas que impedem o adequado rendimento da amamentação. O nutricionista deve também orientar com relação à demanda de água da mãe que está aumentada e deve ser respeitada para o rendimento da lactação e para a prevenção da constipação comum nas lactantes. Mães que têm restrições alimentares como as vegetarianas precisam de cuidados especiais, por exemplo, com a vitamina B12 durante a amamentação. Assim, não é possível realizar uma adequada orientação para a amamentação sem implementarmos o cuidado nutricional para a lactante. Vantagens do leite materno para o bebê Possui anticorpos, leucócitos e outros fatores anti-infecciosos, que protegem contra a maioria das bactérias e vírus. Portanto, crianças que mamam no peito têm menor diarreia, de pneumonia do que os bebês alimentados com leite de vaca ou artificiais. É de fácil digestibilidade, sendo, portanto facilmente absorvido pelo bebê em quantidades adequadas de sais, cálcio e fósforo. Composição adequada às necessidades do bebê. Melhor desenvolvimento psicomotor, emocional e social. Tem água em quantidade suficiente; mesmo em clima quente e seco o bebê que apenas mama no seio não precisa de água. Contém proteína e gordura mais adequadas para a criança. Vitaminas em quantidades suficientes. Não há necessidade de suplementos vitamínicos na maior parte das vezes. Possui um tipo de ferro que é bem absorvido no intestino da criança. Crianças que tomam mamadeira têm maior risco de obesidade na vida adulta. Nos bebês, o ato de sugar o seio é importante para o desenvolvimento da mandíbula, dentição e músculos da face, contribuindo também para outros benefícios, como o bom desenvolvimento da fala. Nota importante Estudos mostram que a introdução futura dos alimentos com maior potencial de causar alergias, como os peixes, é mais segura se a criança estiver ainda recebendo o leite materno. Vantagens da amamentação para a mulher • Fortalece a relação entre mãe e bebê; • Melhor e mais rápida involução uterina (diminui a hemorragia pós-parto); • Gasto das reservas feitas na gravidez: retorno ao peso anterior mais rápido; • Menor risco de câncer de mama e ovário; • Menor incidência de depressão pós-parto; • O leite materno é prático: pronto a qualquer hora, temperatura ideal, sem risco de contaminação, além disso, é gratuito; • O leite humano é completo (não existe leite fraco). Vantagens da amamentação para a família • Melhor saúde e nutrição, mais bem-estar; • Vantagem econômica: o aleitamento materno custa menos do que a alimentação artificial; e, além disso, resulta em menos gastos com cuidados médicos. Tipos de aleitamento materno É muito importante conhecer e utilizar as definições de aleitamento materno adotadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e reconhecidas no mundo inteiro (World Health Organization, 2007). Assim, o aleitamento materno costuma ser classificado em: • Aleitamento materno exclusivo – quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos; • Aleitamento materno predominante – quando a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais; • Aleitamento materno – quando a criança recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado), independentemente de receber ou não outros alimentos; • Aleitamento materno complementado – quando a criança recebe, além do leite materno, qualquer alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementá-lo, e não de substituí-lo. Nessa categoria a criança pode receber, além do leite materno, outro tipo de leite, mas este não é considerado alimento complementar; • Aleitamento materno misto ou parcial – quando a criança recebe leite materno e outros tipos de leite. Nota importante Uma Alimentação infantil adequada compreende a prática do aleitamento, e a introdução, em tempo oportuno, de alimentos apropriados que complementam o aleitamento materno. Dez passos para obter sucesso na Amamentação (Ministério da Saúde, 1996): • Acreditar que não existe leite fraco; • Saber que quanto mais o bebê mama, mais leite é produzido; • Colocar o bebe na posição correta para mamar; • Cuidar adequadamente das mamas; • Retirar o leite quando for necessário (ordenhas); • Nunca usar bicos, chupetas, chuquinhas e mamadeiras; • Tomar muito líquido, alimentar-se o descansar sempre que possível; • Só tomar medicamento com ordem médica; Continuar a amamentação, se possível, até dois • anos de idade; • Conhecer os direitos da mãe trabalhadora. Aleitamento artificial Em algumas situações há impossibilidade de se proporcionar aleitamento materno exclusivo nos primeiros meses de vida por motivos inerentes a saúde da mãe ou da criança, por isso, torna-se necessário substituir o leite materno. Amamentação em situações especiais: Problemas relacionados à mãe • Doenças e medicamentos: HIV+, hanseníase contagiante e tuberculose (no caso da tuberculose a mãe deve usar mascara para amamentar e diminuir o contato físico com o filho); • Distúrbios emocionais: por exemplo, depressão pós-parto; • Hipogalactia: insuficiênciada secreção láctea que, em alguns casos raros pode chegar a ser total (agalactia); • Ingurgitamento: estase láctea por esvaziamento insuficiente da mama; • Traumas mamilares: fissuras, escoriação, erosão, dilaceração; • Mastite: Processo inflamatório agudo da mama, de origem infecciosa, geralmente entre o 3° e a 6° semana de puerpério; • Abcesso mamário: complicação de uma mastite. Tratamento é feito através de drenagem cirúrgica. Problemas relacionados ao bebê • Erros inatos do metabolismo: doença do xarope de bordô (suspender a amamentação); • Icterícia causada pelo leite materno: Se a bilirrubina 25mg/dL depois de 14 dias-alternar aleitamento materno e formula por 24 horas ou interromper a amamentação por 24 horas. Retornar a amamentação e avaliar. O aconselhamento nutricional para bebês alimentados ao seio deve ser amplo e envolver posição de alimentação, orientações sobre frequência e alimentação da mãe. Cólicas do bebê x alimentação da mãe As cólicas são comuns em bebês desde o nascimento, principalmente depois dos 15 dias, seguindo até os três ou quatro meses de vida. Raramente acontece em bebês com mais de seis meses de idade. A cólica do bebê pode acontecer por vários motivos. Um deles é a imaturidade do sistema digestivo. Essa imaturidade faz com que as paredes intestinais se contraiam e relaxem sem controle e isso pode resultar em gases e levar à cólica. Outro motivo seria que agora o intestino está recebendo alimento e a digestão acelera seu funcionamento, provocando as cólicas. O movimento do intestino também precisa de um tempo para amadurecer e se coordenar. Outra causa muito comum é a técnica incorreta de amamentação. Uma das melhores posições para que o bebê não engula ar durante a amamentação é aquela em que o bebê fica com a cabecinha apoiada na volta de dentro do cotovelo da mamãe, barriga encostada com a barriga da mamãe e de boca bem aberta abocanhando a maior parte da aréola do seio da mamãe. Não é cientificamente provado que a alimentação da mamãe pode dar cólica no bebê que amamenta. Porém há muitas observações importantes sobre o assunto que devem ser levadas em consideração. Por isso a recomendação é que a mãe que ainda esteja amamentando, evite até os três meses de idade, alimentos como chocolate, melão, pimentão, couve-flor, brócolis, couve-de-bruxelas, pepino, pimentão, cebola, favas e leguminosas. Outros alimentos na dieta da lactante que podem contribuir para a ocorrência de cólica incluem leite de vaca, frutas silvestres, cafeína e alimentos condimentados. O nutricionista pode orientar a mãe a fazer a dieta isenta destes alimentos e observa o impacto sobre as cólicas. Porém, é fundamental que o nutricionista readapte a alimentação da mãe para não ficar carente de nutrientes. Nota importante Nada de chá. O chá pode provocar ainda mais cólica já que o intestino do bebê ainda está imaturo. Só use remédios com prescrição médica. O leite de vaca O leite de vaca apresenta inadequações nutricionais, sendo contraindicado do 0 a 6 meses de vida. Além disso, alguns problemas têm sido associados ao consumo de leite de vaca no primeiro ano de vida, como: Risco aumentado de alergia: o trato gastrointestinal do recém-nascido é bastante imaturo. A permeabilidade intestinal contribui para a alergia à proteína do leite de vaca, uma condição que afeta 0,4% a 7,5% das crianças. Tudo indica que os principais alérgenos em potencial sejam a betalactoalbumina, ausente no leite humano, a caseína, a alfalactoalbumina e a albumina sérica bovina. Além disso a exposição precoce da criança ao leite de vaca aumenta o risco não somente de reações adversas a este leite, como também de alergia a outros alimentos. Sobrecarga renal: estudos demonstraram que lactentes que recebem o leite de vaca podem apresentar hipernatremia, devido ao aumento da carga metabólica imposta pela elevada concentração de solutos (sódio, potássio, cloro e proteína) sobre a função renal ainda imatura. O consumo de sódio com a ingestão de leite de vaca, pode chegar a mais de 500mg/dia, ultrapassando, muitas vezes, a ingestão recomendada que é de 120mg/dia, para crianças de zero a seis meses, e de 200mg/dia para crianças de seis a doze meses. Em estado febril ou patologia renal, a vulnerabilidade à desidratação é muito maior. Aminoacidemia: a capacidade de metabolização de tirosina, fenilalanina e metionina é muito limitada e as concentrações desses aminoácidos no leite de vaca são três a quatro vezes mais altas do que no leite materno, tornando aumentado o risco de aminoacidemia, o que por sua vez pode comprometer o sistema nervoso central, principalmente em prematuros. Deficiências de ácidos graxos essenciais: o leite de vaca apresenta baixo teor de ácido graxo linoleico, nutriente que não pode ser sintetizado pelo organismo e que é importante para a manutenção das estruturas celulares e para as funções normais dos tecidos. As manifestações de deficiência do ácido linoleico incluem retardo no crescimento, lesões na pele, aumento na fragilidade e permeabilidade das membranas, além de comprometimento neurológico, dentre outras (Uauy et al., 1992). Outras deficiências: existe ainda o risco de deficiência de cobre, zinco e vitaminas C, E, A, ácido fólico e niacina. Infecções gastrointestinais: o leite de vaca está relacionado a alguns problemas devido à inadequação de sua composição em relação às necessidades nutricionais e à tolerância digestiva, metabólica e excretora da criança. A prevalência de anemia por deficiência de ferro é mais elevada entre crianças alimentadas com leite de vaca, além do baixo teor, o ferro não é bem absorvido pelo organismo do lactente, devido ao conteúdo elevado de proteína, cálcio e fósforo e baixos níveis de vitamina C, fatores que comprometem sua biodisponibilidade e também a do ferro de outros alimentos consumidos simultaneamente. Outro agravante que contribui para aumentar o risco de deficiência de ferro e anemia no primeiro ano de vida é o fato de que o consumo de leite de vaca está associado a perdas de sangue oculto pelas fezes. O nutricionista não pode desconsiderar o fato de que algumas mães não têm condições de amamentar pelos motivos citados e infelizmente não conseguem recursos financeiros para assumir os altos custos das fórmulas infantis. Para estas mães o leite de vaca surge como opção desde que com cuidados para o preparo de forma a evitar os piores problemas (Tabela 3). 0 a 30 dias 1 a 4 meses 5 meses emdiante Leite de vaca diluído Leite ao ½ ou diluição 1:1 3% de Açúcar 5% de Farinha (féculas, milho, arroz) Leite a 2/3 ou diluição 2:1 3% de açúcar 5% de Farinha Leite integral. Não é necessário adição de CHO Leite de vaca em pó Reconstituição 6,5% 3% de Açúcar 5% de Farinha Reconstituição 8,5% 3% de Açúcar 5% de Farinha Reconstituição 13%. Não é necessário adição de CHO. Tabela 3 – Formas de preparo com o leite de vaca Fonte: Accioly, Saunders e Lacerda, 2009 Fórmulas lácteas industrializadas As fórmulas infantis industrializadas são leites modificados com o objetivo de atender às necessidades nutricionais específicas da criança no primeiro ano de vida, visando diminuir o impacto sobre a saúde das crianças privadas do leite materno. No entanto, por não ser um alimento sob medida para o bebê, como é o caso do leite materno, a fórmula infantil deixa de apresentar vários de seus benefícios, dentre eles as propriedades imunológicas. Tendo por base a composição do leite materno, a Organização Mundial da Saúde estabeleceu dois padrões de fórmulas para o primeiro ano de vida: as fórmulas destinadas às crianças com até 6 meses de vida e as fórmulas destinadas às crianças com idade entre 7 e 12 meses. Principais modificações feitas nas fórmulas infantis Alteração no padrão de gordura, pois o leite de vaca, matéria- prima das fórmulas infantis, é rico em gordura do tipo saturada. Nessas fórmulas, a gordura é parcialmente substituída pela poli- insaturada de origem vegetal, mais adequada para o desenvolvimento da criança. Alteração do teor eda qualidade das proteínas. Isso porque o leite de vaca contém uma maior concentração de proteínas, mas são mais difíceis de ser digeridas por bebês. As fórmulas infantis reduzem o teor de proteína e modificam sua estrutura para melhorar a digestão. Com essa providência se reduz o risco de aparecimento de alergia à proteína do leite de vaca. As fórmulas infantis recebem uma quantidade extra de soro para tornar sua composição mais adequada às condições fisiológicas do bebê. Redução da concentração de minerais porque o leite de vaca é mais rico em minerais, que são parcialmente extraídos para não sobrecarregar os rins do bebê. O leite de vaca recebe a adição de nutrientes como taurina, ferro, vitaminas, carboidratos (sacarose, dextrino-maltose e amido), que o torna mais adequado ao bebê. Existem no mercado, ainda, fórmulas à base de soja, fórmulas sem lactose e fórmulas hidrolisadas que podem ser prescritas por um pediatra ou nutricionista em casos, como intolerância à lactose e para bebês que, ao usarem fórmulas infantis à base de leite de vaca, passam a ter cólicas intestinais. Fórmulas existentes no mercado: • A base de soja - indicadas para crianças com alergia ao leite de vaca; • Isentas de lactose - são indicadas para bebês que possuem intolerância a lactose. Elas contêm a sacarose e xarope de milho, em vez da lactose, que são mais facilmente digeridos e absorvidos pelo bebê; • Hidrolisadas - indicadas para diarreia crônica, alergia alimentar, má absorção. Para calcular a necessidade energética do lactente, deve-se primeiramente escolher a fórmula. A capacidade gástrica da criança também deve ser levada em consideração. Depois, deve-se calcular o valor energético da “mamadeira”. Por último vamos dividir a necessidade energética total pelo valor energético da mamadeira para obter o número de mamadeiras/dia. Na tabela a seguir, observe que ela já oferece o volume médio de mamadeiras por faixa etária (Tabela 5). Idade Volume Número de mamadeiras 1° semana 30 – 90 6 – 8 2° semana a 30 dias 60 – 120 6 -7 2 meses 140 – 150 6 3 meses 160 – 170 4 – 5 4 meses 170 – 180 4 5 - 6 meses 180 – 190 4 7 - 12 meses 180 – 200 3 – 4 Tabela 5 – Quantidade de mamadeiras por faixa etária Cuidados que devem ser repassados para mãe na utilização de fórmulas • Consumir a fórmula dentro do prazo de validade escrita na lata; • Preparar a fórmula exatamente como o médico ou nutricionista indicar. Se preparada fraca ou diluída demais, a fórmula pode prejudicar o crescimento ou levar a deficiências nutricionais na criança. No caso de dose maior que a prescrita, pode haver desidratação e problemas renais; • Lavar bem as mãos antes de preparar as mamadeiras e alimentar o bebê; • Esterilizar as mamadeiras antes de colocar a fórmula; • Jogar fora o leite que sobrar na mamadeira. Germes e bactérias da saliva do bebê conseguem sobreviver e se reproduzir no líquido; • Não refrigerar a fórmula pronta, mesmo que não a tenha utilizado; • Não aquecer a mamadeira no micro-ondas, porque a temperatura do líquido não será a mesma em todo o conteúdo e poderá queimar a boca do bebê. Se quiser amornar a água que foi fervida e ficou fria, aqueça-a em um recipiente separado e depois transfira para a mamadeira, de preferência de vidro, sempre checando antes a temperatura no dorso da sua mão; • Não engrossar a fórmula com cereal, exceto sob recomendação do pediatra. O aconselhamento dietético do bebê com refluxo gastroesofágico A maioria dos bebês apresenta refluxo gastroesofágico por causa da imaturidade do esfíncter esofagiano. É chamado de refluxo fisiológico, isto é, que faz parte do desenvolvimento infantil. O refluxo gastroesofágico é considerado patológico quando os episódios de vômitos e regurgitações não melhoram depois dos seis meses de vida mesmo com alterações na postura e dieta. Nessa fase, a criança não ganha peso ou o perde e para de crescer e produz uma esofagite (inflamação do esôfago). Fracionar a alimentação para que o estômago não distenda e o refluxo seja evitado é um cuidado. A quantidade de alimento deve ser menor por vez e dada em mais vezes ao dia. Alguns alimentos devem ser evitados como alimentos gordurosos, frituras, menta, chocolate, alimentos ácidos, café, refrigerante, iogurte e sucos de frutas com alto teor de sorbitol (açúcar natural presente em algumas frutas como ameixas secas, pera e maçã). Outra dica é a elevação da cabeceira do berço ou da cama da criança. A ação da gravidade ajuda o esvaziamento gástrico, assim como a posição de lado em cima do braço direito. Tratamentos adicionais para o refluxo em crianças maiores do que 1 ano e meio Veja a seguir, algumas dicas: • Ensine a criança a dar pequenas mordidas e mastigar bem a comida. O alimento mastigado em pequenas partículas é digerido e sai do estômago mais rapidamente; • Pequenos e frequentes lanches são mais fáceis de digerir; • O jantar deve ser servido cedo e é melhor que sejam alimentos de fácil digestão; • Vitaminas de frutas e legumes batidos no liquidificador são suficientemente líquidos para serem digeridos rapidamente e, portanto, serão mais difíceis de causar refluxo; • Não ofereça refrigerante junto com as refeições. Quando o estômago se contrai para digerir a comida, ele agita os fluidos (e os ácidos estomacais) e os empurra de volta para o esôfago; • Mantenha a criança no peso ideal: a obesidade agrava o refluxo; • Pouca gordura e comidas pastosas passam pelo estômago mais rapidamente. Não existe uma regra de aconselhamento sobre a frequência de mamadas no seio e o uso concomitante de fórmulas lácteas. Isso acontece pela dificuldade de estimar a quantidade de leite materno em cada mamada. Nosso conselho então, é que o bebê mame em regime de livre demanda no seio e que a mamãe ofereça o número de mamadeiras de acordo com a capacidade gástrica do bebê (que varia de idade para idade), como já mencionado anteriormente, para garantirmos as necessidades nutricionais da criança. Observe a tabela a seguir (Tabela 6): Idade Volume Número de mamadeiras 1° semana 30 – 90 6 – 8* 2° semana a 30 dias 60 – 120 6 -7* 2 meses 140 – 150 6* 3 meses 160 – 170 4 – 5* 4 meses 170 – 180 4* 5 - 6 meses 180 – 190 4* 7 - 12 meses 180 – 200 3 – 4* Tabela 6 – Número de mamadeiras por faixa etária *Mais a oferta do leite materno em livre demanda 2 Alimentação complementar: como introduzir os alimentos dos seis meses aos dois anos de idade A OMS (1998) recomenda a expressão “alimentação complementar”, para definir o processo que se inicia quando apenas o leite materno não é suficiente para suprir as necessidades da criança e alimentos complementares ou de transição são necessários. Esta é uma fase considerada crítica, tendo em vista a demanda nutricional elevada, a imaturidade relativa do organismo, a maior exposição ao risco de contaminação e a extrema dependência de um cuidador capaz de perceber e atender adequadamente as necessidades da criança. Os nutricionistas precisam estar aptos a orientar a mãe sobre quando e como introduzir cada tipo de alimento. Estudos mostram que as introduções de alimentos impróprios para a idade podem gerar alergias e intolerâncias alimentares. Idade ideal para introdução da alimentação complementar A introdução precoce de outros alimentos quase sempre resulta em diminuição na frequência da sucção e, consequentemente, na redução da produção e ingestão do leite materno. A introdução precoce da alimentação complementar também pode estar associada a um risco maior de reações alérgicas a proteínas estranhas, principalmente em crianças geneticamente predispostas. Diversas proteínas (leite de vaca, soja, trigo, ovo, peixe, amendoim, dentre outras) já foram relacionadas à reação adversa. Outro aspecto negativo da introdução precoce é o aumento da carga de solutos, que pode sobrecarregar os rins ainda imaturos. A introdução tardia da alimentação complementar também não é desejável, podendo levar a deficiências nutricionais com consequente desaceleração do crescimento ediminuição da resistência imunológica. Por exemplo: Por volta do 4° ao 6° mês as reservas hepáticas de ferro no bebe vão diminuindo. E como o leite materno é pobre em ferro (apesar da excelente biodisponibilidade), o risco de uma anemia aumenta aí. Muitos pediatras inclusive fazem a prescrição do ferro profilático por este motivo, assim como de vitaminas A e D. Esta última pode ser desnecessária principalmente em locais de climas tropicais, nos quais há a opção de indicar o banho de sol regular, pela manhã por 10 minutos. Por volta do sexto mês é observado na criança aumento da cavidade oral, crescimento da mandíbula, absorção das bolsas de gordura, início da dentição decídua e dissociação da língua, mandíbula e lábios, o que indica que a criança atingiu um nível de desenvolvimento compatível com a alimentação semissólida. Essa prontidão é comprovada pela abertura da boca e retração da língua quando a colher se aproxima com o alimento. Também se observam movimentos firmes do lábio superior para baixo, no sentido de limpar a colher; além do início da mastigação. Por essas e outras razões, estabeleceu-se um consenso de que a idade ideal para início da alimentação complementar é a partir do sexto mês. Após o 6° mês de vida é inegável a necessidade do fornecimento adicional de energia e nutrientes. Principalmente no que diz respeito a micronutrientes. Vale lembrar que o nutricionista deve estar aberto à troca de informações com outros profissionais de saúde, especialmente médicos. Muitas vezes o pediatra indica a introdução dos alimentos antes deste período e é fundamental que o nutricionista utilize argumentos para defender a sua postura, mas que também esteja aberto a analisar os motivos das outras condutas de diversos profissionais. Em alguns países sugere-se a introdução dos alimentos a partir do quarto mês. Neste e-book, seguiremos as diretrizes da Sociedade Brasileira de Pediatria e do Ministério da Saúde. Nota importante Nutricionista, esteja bem informado! Busque informações adicionais e tenha a sua própria opinião sobre p p p estes e outros assuntos! Introdução da alimentação complementar a partir dos quatro meses de idade pode evitar alergias Contrariando as orientações da Organização Mundial da Saúde, pesquisadores agora questionam se a amamentação deve ser exclusiva até os seis meses de idade do bebê. Eles afirmam que, a introdução de alimentos sólidos a partir do 4° mês, em conjunto com a amamentação, traz benefícios, como: menor risco de a criança desenvolver alergias e doença celíaca (intolerância ao glúten). Isso porque, os bebês que ingerem alimentos de alto potencial alérgeno entre quatro e seis meses de idade podem ter menos risco de desenvolver alergias no futuro. No trabalho eles citam ainda, o exemplo de Israel, onde o amendoim é oferecido após o desmame. Lá, a incidência de alergia à semente é baixa. Tudo isso, ocorre devido a uma janela imunológica entre os quatro e seis meses de idade. Nessa fase, a criança está formando seu sistema de defesa, e alguns alimentos introduzidos nessa idade podem funcionar como um fator protetor. Mas, deve-se levar sempre em consideração outros fatores como a predisposição genética, que também pode estar ligadas ao desenvolvimento de alergias. Há outra corrente de conservadores que discordam e afirmam que essa “janela” vai até os sete meses de idade. Portanto, esses alimentos devem ser oferecidos após os seis meses de amamentação exclusiva, e não aos quatro meses, como recomenda a pesquisa inglesa. Segundo eles, é importante que substâncias com tendência a se tornarem alérgenas, como ovo, peixe e glúten, sejam incluídas na dieta da criança junto com o leite materno, que protege contra alergias, entre outras coisas. Até que mais estudos na área sejam realizados, nossa recomendação é seguir as diretrizes da Sociedade Brasileira de Pediatria. Composição nutricional da alimentação complementar A determinação da complementação nutricional necessária a partir dos 6 meses de idade foi estabelecida, tomando-se como base a estimativa do volume médio de leite produzido, a concentração de energia e nutrientes no leite humano e as necessidades nutricionais da criança. Energia (Kcal) A quantidade de energia a ser fornecida pela alimentação complementar após os 6 meses depende da idade, do volume de leite materno ingerido pela criança e da densidade energética do leite materno, o que é impossível estimar com precisão, considerando-se as variações tanto na ingestão quanto no conteúdo energético do leite humano. Desta forma, as recomendações baseiam-se em estimativas médias de volume de leite ingerido e de densidade energética do leite materno. Veja na tabela a seguir (Tabela 7) a complementação energética necessária para os países em desenvolvimento. Complementação energética necessária nos países em desenvolvimento Faixa etária (meses) Necessidade energética Energia leite materno Complementação energética 1998 2003 Kcal 1998 6-8 682 615 413 (674 ml) 269 9-11 830 686 379 (616 ml) 451 12-23 1092 894 346 (549 ml) 746 Tabela 7 – Complementação energética necessária nos países em desenvolvimento Fonte: OMS (1998) e OMS (2003) Na tabela a seguir (Tabela 8), acompanhe a complementação energética aproximada para as crianças não amamentadas ao seio. Complementação energética aproximada de crianças não amamentadas ao seio Faixa etária (meses) Necessidade energética Energia leite fórmula Kcal Kcal 6-8 645 402 9-11 749 402 12-23 1042 335 Tabela 8 – Complementação energética aproximada de crianças não amamentadas ao seio Fonte: OMS (1998) e OMS (2003) Na prática, cabe ao nutricionista realizar uma avaliação alimentar bem-feita, solicitando informações sobre a amamentação ou sobre o uso de fórmulas, para realizar o cálculo das recomendações calóricas. Exemplo: criança de 10 meses, alimentada ao seio três vezes ao dia, tem necessidade energética total de cerca de 686Kcal/dia. Considerando que a amamentação natural ainda presente possa suprir cerca de 379Kcal, sugere-se que a alimentação complementar forneça em torno de 300Kcal adicionais por dia. Como comentado, é uma tarefa complicada estimar o quanto um bebê ingere a cada mamada ao seio. O nutricionista deve se basear no ganho de peso da criança mês a mês para avaliar se o valor calórico sugerido está adequado ou se precisa ser alterado de forma a manter a criança em satisfatório aumento ponderal. Lipídeos na alimentação complementar A presença de gordura na alimentação complementar garante densidade energética adequada e é essencial para o suprimento da necessidade de ácidos graxos de cadeia longa e vitaminas lipossolúveis. Além disso, devido a suas propriedades organolépticas, ela melhora o sabor e favorece a aceitação da alimentação (Tabela 9). Percentual de energia da alimentação complementar oferecida pelos lipídeos %Energia como lipídeo Ingestão LH 6-8 meses 9-11 meses 30 Baixa 19 24 30 Média 0 5 30 Alta 0 0 45 Baixa 42 43 45 Média 34 38 45 Alta 0 7 Tabela 9 - Energia complementar oferecida pelos lipídeos LH = leite materno Observação: Para estimar a necessidade de lipídeo na alimentação complementar de crianças não amamentadas, devem-se considerar o volume de fórmula láctea ingerida, e a concentração de gordura. Desta forma é possível conseguirmos a informação de quanto de lipídios os leites fornecem e assim vermos o que precisamos prescrever para completar. As gorduras saudáveis como a do azeite de oliva estão indicadas para serem acrescidas nas papas. Também podem ser usados óleos como o de canola, soja, milho. Carboidratos na alimentação complementar A OMS não estabeleceu a recomendação de carboidratos específicas a ser fornecida pela alimentação complementar. Porém, segundo o IOM (Instituto de Medicina) a ingestão adequada para crianças de 7-12 meses é de 95g/dia, considerando que 44g/dia são fornecidas pelo LH (0,6 x74/L) e que a alimentação complementar fornece aproximadamente 51g/dia. A AI para crianças de 1 a 2 anos foi estimada em 100g/dia, visandosuprir a necessidade glicose do cérebro. Assim, considerando o consumo médio de LH estimado em 0,5L/dia, a alimentação complementar deve fornecer cerca de 63g/dia de carboidratos na faixa de um a dois anos. Esta recomendação é válida para crianças que ainda mantêm a alimentação ao seio. Para crianças que não se alimentam ao seio deve-se considerar o valor de carboidratos totais fornecidos por toda as vezes na qual o leite de vaca ou a fórmula são oferecidos. Minerais Nos primeiros seis meses a necessidade de ferro da criança é garantida principalmente pela reserva. Por volta dos quatro a seis meses de idade, a reserva se esgota e a criança passa a depender do fornecimento exógeno (98%), já que a quantidade p g j q q fornecida pelo LH (~0,21mg/0,6L) corresponde a apenas 2% da necessidade da criança dos 7-12 meses. Também é elevada a necessidade de complementação de zinco (87%). Nesta fase é comum a prescrição do ferro em gotas. Porém, a alimentação complementar precisará fornecer estes dois nutrientes. A determinação de Cálcio variará bastante, dependendo da referencia utilizada, pois, de acordo com IOM, a ingestão adequada é de 270g/dia, enquanto da FAO/OMS é de 400mg/dia. Os demais minerais também devem ser supridos em proporção elevada pela alimentação complementar dos sete aos 24 meses (Mg: 73-79%, P: 73-87%, Se 46% e I: 35%, considerando as recomendações da IOM). Ao nutricionista que for realizar o planejamento alimentar da criança é bom que fique claro que todos os nutrientes podem ser facilmente obtidos com o adequado planejamento. Este engloba desde o estabelecimento da hora e da frequência das mamadas até o uso de refeição nutritivas e ricas. Vitaminas A partir dos seis meses de idade, embora o LH, continue sendo uma boa fonte de vitaminas, ele já não supre as necessidades da maioria das vitaminas. Considerando a concentração média de vitaminas no LH de mulheres bem nutridas, estima-se que na faixa de 7-12 meses seja necessário suprir cerca de 50% a 70% da necessidade de vitaminas e dos 12 aos 24 meses, 50% a 90%. Além do banho de sol e da refeição equilibrada, as fórmulas lácteas enriquecidas são boas alternativas. Recomendação de hidratação A DRI (Dietary Reference Intakes) baseou-se no consumo médio de água total dos norte- americanos para calcular a ingestão adequada (AI, adequate intake) de água. Considera-se a quantidade total de água a combinação do consumo de água isolada e da água contida em bebidas e alimentos. A tabela a seguir (Tabela 10) mostra a recomendação de água total para todas as faixas etárias. Faixa etária Recomendação de hidratação 0 a 6 meses 0,7ml * 7 a 12 meses 0,8 ml** 1 a 3 anos 1,3 l 4 a 8 anos 1,7 l 9 a 13 anos 2,1 a 2,4 l Tabela 10 - Ingestão de água recomendada pela DRI (Dietary Reference Intakes) para cada faixa etária e sexo *Provenientes do leite materno **Provenientes do leite materno + alimentação complementar Fonte: Institute of Medicine. Dietary Reference Intakes for Water, Potassium, Sodium, Chloride, and Sulfate. Washington, DC: National Academy Press, 2004. Disponível em: h�p://www.nap.edu/books/0309091691/html. Recomendação de Ômega 3 Na tabela a seguir (Tabela 11), observe as recomendações de Ômega 3 por faixa etária e sexo. Faixa etária Recomendação de Ômega 3 (gr/dia) 0 a 6 meses 0,5 7 a 12 meses 0,5 1 a 3 anos 0,7 4 a 8 anos 0,9 9 a 13 anos 1,0 1,2 Tabela 11 - Recomendação de Ômega 3 para cada faixa etária e sexo Fonte: Food and Nutrition information Center. Dietary Reference Intakes. Macronutrients. Disponível em: htpp://www.iom.edu/object.file/master/7/300.0.pdf Princípios básicos da alimentação complementar adequada Para ser nutricionalmente adequada, a alimentação do lactante após os seis meses de idade deve conter, além do leite materno, fórmula infantil e, em casos especiais, o leite de vaca, alimentos de todos os grupos: • Cereais: principais fontes de carboidratos (arroz, trigo, milho, aveia); http://www.nap.edu/books/0309091691/html • Tubérculos: ricos em amido e por isso tem o valor calórico elevado (mandioca, batata, inhame, batata-doce); • Leguminosas: fonte de proteínas e minerais (feijão, lentilha, ervilha e soja); • Carnes: fonte de proteína de alto valor biológico, ferro heme de excelente biodisponibilidade e também zinco e vitaminas A e complexo B; • Ovos: a clara é contraindicada no primeiro ano de vida devido ao elevado poder alergênico da albumina e por isto somente a partir de 12 meses ela deve ser oferecida. Mas a gema é uma excelente opção. O ovo ajuda no fornecimento de vitaminas e proteínas; • Hortaliças: fonte de vitaminas, fibras e minerais; • Frutas: são indispensáveis para o suprimento da necessidade de vitaminas (A e C) e minerais, além de conterem substâncias que melhoram a absorção do ferro não heme; Gorduras: são as principais fontes de energia • nos seis primeiros meses de idade. São desaconselhadas as gorduras saturadas, trans, devendo-se dar preferência aos óleos vegetais, que são ricos em ácidos graxos poli- insaturados, incluindo os ácidos graxos essenciais (linoleico e linolênico); • Sal: fornece eletrólitos e iodo. Porém deve-se orientar quanto a moderação no seu uso devido a capacidade de concentração renal ainda limitada e também visando a formação de bons hábitos alimentares. Mas uma pitada é fundamental. Considerando que a primeira papinha deve ser oferecida aos seis meses, cabe ao nutricionista responder a dúvida da maioria das mães: o que dar primeiro à criança? A primeira papinha deve ser de sal. Existem evidências de que crianças que consomem primeiro a fruta desenvolvem preferência por sabor doce. Porém, toda a orientação deve ser discutida com o pediatra até mesmo para avaliar que motivos levaram o profissional a indicar a papa de fruta. A primeira refeição de sal pode ser constituída de uma papinha grossa, cuja base seja arroz, batata ou inhame, acrescidos de hortaliças não folhosas, de caldo de carne, água de cozimento de folhas, uma leguminosa e um óleo vegetal, além de uma pitada de sal. Do grupo das leguminosas podem ser usados caldo de feijão, purê de ervilhas e de lentilhas. As carnes devem ser oferecidas em caldos (boi e frango). As hortaliças devem ser cozidas e peneiradas, jamais liquidificadas. Alguns alimentos do grupo dos vegetais não devem ser usados, sobretudo os que possam conter agrotóxicos como tomates e pimentões. Alimentos de sabor forte como cebola, alho, ervas e condimentos não devem ser usados nas primeiras papas. Sugere-se que as primeiras papas sejam mais simples, contendo dois alimentos para que sejam avaliados os impactos da introdução de cada tipo de alimento. A amamentação deve continuar em livre demanda após o sexto mês de vida. Após as primeiras semanas de uso da refeição de sal, frutas e sucos podem ser usados, especialmente nos intervalos da manhã e da tarde. Frutas como morango devem ser evitadas, assim como as ácidas (limão, abacaxi). Recomenda-se evitar adicionar açúcar aos sucos. A laranja-serra-d'água pode ser uma excelente opção para se misturar a outros sucos, evitando assim a necessidade de adoçá-lo. De forma geral, a rotina diária para crianças (a partir de seis meses) que introduzirão pela primeira vez a refeição de sal deve ser conforme a tabela a seguir (Tabela 12), que mostra o esquema de alimentação complementar da criança. De 0 a 6 meses De 6 a 8 meses De 8 a 10 meses Apenas o leite materno (em livre demanda). Manhã: leite materno ou fórmula Intervalo da manhã: fruta Almoço: papinha de sal Intervalo da tarde: leite materno ou fórmula Noite: leite materno ou fórmula Manhã: leite materno ou fórmula Intervalo da manhã: fruta Almoço: papinha de sal + fruta cítrica Intervalo da tarde: leite materno ou fórmula Noite: papinha de sal Ceia: leite materno ou fórmula dependendo do horário que a criança for dormir. Tabela 12 - Esquema de alimentação complementar da criança Nota Importante A formação do hábito alimentar da criança começa com a introdução da alimentação complementar. Assim,a família precisa ficar atenta e garantir a melhor qualidade dos alimentos para a criança, para que ela cresça e seja um adulto saudável. A criança copia os adultos até em seus hábitos alimentares. Cabe ao nutricionista escolher a melhor estratégia para trabalhar com a alimentação saudável em nível familiar. Alimentos que devem ser controlados ou que são contraindicados até os dois anos: • Alimentos de difícil mastigação, deglutição e digestão (alimentos crus, grãos duros, frutas com semente); • Alimentos potencialmente alergênicos (ovo, clara), amendoim, nozes, peixes e frutos do mar); • Mel (pode conter esporos clostridium botulinum); • Alimentos ricos em nitrato e nitritos como presuntos, salsichas, mortadelas; • Alimentos industrializados que são ricos em corantes, conservantes; • Alimentos com potenciais de agrotóxicos (exemplo: tomate e morango). A alimentação complementar saudável depende não apenas dos alimentos oferecidos, mas também de como, onde e quem alimenta a criança. Por isso, é importante: • Proporcionar um contexto social afetivo favorável; • Alimentar em resposta a demanda (fome/saciedade); • Respeitar a capacidade de autorregulação; • Adotar uma conduta não controladora/não coercitiva; • Considerar as etapas do desenvolvimento da criança (habilidade); • Encorajamento positivo (olhar/sorriso/conversa/fala/toque). Em resumo Recomendações gerais para alimentação da criança menor de dois anos: • Aleitamento materno deve iniciar na primeira hora após o parto; • Amamentar frequentemente, em livre demanda até os seis meses; • Não oferecer nenhum alimento antes dos seis meses, além do leite materno; • Iniciar alimentação complementar apropriada a partir dos seis meses e manter o aleitamento materno complementado por dois anos ou mais. 3 Alimentação do pré-escolar Ao planejar a alimentação de uma criança a partir dos dois anos, o nutricionista precisa considerar não somente os alimentos que serão consumidos em casa como também na escola. A alimentação na escola é uma grande aliada na formação dos hábitos alimentares, e além disso, ela é capaz de garantir à criança energia e nutrientes para o período de aula, proporcionando-lhes maior capacidade de concentração e memória ao longo do dia. O comportamento alimentar da criança pré-escolar caracteriza- se por ser imprevisível e variável: a quantidade ingerida de alimentos pode oscilar, sendo grande em alguns períodos e nula em outros. As crianças com dois e três anos de idade apresentam maior estabilidade no crescimento, devido à diminuição da velocidade de ganho de peso e estatura, o que condiciona diminuição do apetite. Por isso, as demandas de energia e de proteínas por quilo de peso diminuem em comparação com as necessidades durante o primeiro ano de vida. É nesta fase que a criança está desenvolvendo os seus sentidos e diversificando os sabores, e com isso formando suas próprias preferências. Deve-se dar extrema importância ao fato da criança estar em pleno desenvolvimento e que para isso, uma dose suficiente de proteínas, vitaminas e minerais, entre eles o ferro e o cálcio, será essencial para o seu crescimento e desenvolvimento perfeito. Nesta fase é natural que a criança recuse um ou vários tipos de alimentos. É a fase do “Eu não quero”, em que a criança, descobrindo as suas próprias preferências, diz não a tudo o que ela pensa não ser bom para ela. Ou ainda, distraída com essa ou aquela brincadeira, a criança simplesmente “esquece” de comer. É muito comum os adultos usarem certa “chantagem” alimentar a criança, dizendo que se não comer espinafre não vai jogar bola, ou ainda que se não comer chuchu, não vai comer a sobremesa. É uma tática que muitas vezes dá certo, porém, a criança passa a associar o fato de comer um alimento que não gosta a um prêmio ou o não comer, a um castigo, fazendo com que ela apenas coma por obrigação, não criando, portanto um hábito alimentar sadio. O nutricionista deve orientar os pais com relação a estes fatores e ao risco de desenvolvimento da Neofobia alimentar. Nota importante Neofobia alimentar quer dizer medo de consumir alimentos novos, que de início são considerados estranhos. É mais comum em crianças com idade entre um e sete anos, mas não significa que não vá acometer em adultos também. Muitas vezes, as crianças rejeitam os alimentos sem nem mesmo prová-los. O que os pais precisam saber é que isso não quer dizer que a criança sempre vai recusá-los. Eles poderão ser aceitos em uma outra ocasião, desde que sejam oferecidos novamente. A maturidade do paladar das crianças não acontece da noite para o dia. Portanto não se pode desistir de oferecer o alimento à criança nas primeiras recusas. Insista, mude a apresentação do alimento se for o caso. Os filhos tendem a optar por alimentos normalmente consumidos pelos pais e irmãos mais velhos. É preciso ressaltar que não se devem usar estratégias do tipo: “Come toda a comida que ganha sobremesa” ou “se não comer tudo, vai ficar de castigo”. Estes artifícios não vão fazer com que a criança coma o alimento porque gosta e sim porque vai ter algum benefício ou vai ser castigada se não comer. Estratégias como estas são causadoras das fobias alimentares desenvolvidas por crianças e que podem persistir durante toda a vida Alguns pais tendem a acreditar na ideia de que o filho precisa comer muito para estar bem nutrido. É preciso ficar claro que a criança come menos do que os adultos e que, quando ela come uma quantidade maior do que sua capacidade gástrica, a mesma pode perder o seu controle de fome e saciedade, o que poderá gerar problemas futuros. Portanto, recomenda-se fazer a introdução de novos alimentos e preparações de forma gradual, respeitando-se os interesses da criança e auxiliando no aprendizado do consumo de uma dieta equilibrada. A criança, ao experimentar e aceitar o alimento apresenta uma grande chance de aprová-lo e incluí-lo em seus hábitos alimentares. Conduzir de forma apropriada a alimentação da criança requer cuidados relacionados aos aspectos sensoriais (apresentação visual, cores, formatos atrativos), à forma de preparo dos alimentos (temperos suaves, preparações simples e alimentos básicos), às porções adequadas à capacidade gástrica restrita e ao ambiente onde serão realizadas as refeições, que são fatores a serem considerados, visando à satisfação de necessidades nutricionais, emocionais e sociais, para a promoção de uma qualidade de vida saudável. Algumas práticas podem facilitar a aceitação de novos alimentos pela criança. Deve-se selecionar alimentos que sejam apropriados à capacidade motora da criança, garantir um ambiente tranquilo e sem distrações no momento da refeição, proporcionar intervalos entre as refeições para que a criança sinta fome, além de oferecer estrutura familiar adequada. A aceitabilidade de novos alimentos é influenciada por vários fatores, entre eles o número de vezes a que a criança foi exposta ao alimento. É importante que a criança acostume a comer alimentos variados, evitando a monotonia da dieta. Os alimentos não devem ser apresentados misturados uns aos outros, pois é fundamental que a criança identifique o sabor, a cor e a textura de cada um deles. É comum a aceitação de certos alimentos após rejeição nas primeiras tentativas, é o processo natural da criança em conhecer novos sabores e texturas, e da própria evolução da maturação dos reflexos da criança, que é gradativa e depende de aprendizagem. Uma criança sadia não recusará comida se estiver realmente com fome. Como o metabolismo da criança difere do adulto, a criança pode realmente não sentir fome se o intervalo entre as refeições dos adultos não for suficientemente razoável para ela. Veja a seguir algumas dicas: A criança pode não aceitar novos alimentos • prontamente. É necessário que os pais ofereçam os alimentos várias vezes à criança, com intervalos entre as tentativas; • Criança cansada ou superestimulada com brincadeiras pode não aceitar a alimentação de imediato, assim comotambém, no verão, seu apetite pode ser menor do que no inverno; • Os alimentos preferidos pela criança são os de sabor doce e muito calóricos. É normal a criança querer comer apenas doces, cabe aos educadores e aos nutricionistas que estiverem acompanhando, portanto, colocar os limites quanto ao horário e quantidade; • Comportamentos como recompensas, chantagens, subornos, punições ou castigos para forçar a criança a comer, devem ser evitados, pois podem reforçar a recusa alimentar da criança; • As refeições e lanches devem ser servidos em horários fixos diariamente. O intervalo entre uma refeição e a outra deve ser de duas a três horas; • Oferecer líquidos, de preferência, água ou sucos naturais. Os refrigerantes não precisam ser proibidos, mas devem ser ingeridos apenas em ocasiões especiais; • A criança deve sentar-se à mesa com os outros membros da família e não há a necessidade de alimentos especiais, ou seja, a criança pode comer do que tiver em casa; • Limitar a ingestão de alimentos com excesso de gordura, sal e açúcar; • Oferecer alimentos ricos em ferro, cálcio, vitamina A (tomate, leite, fígado, cenoura) e vitamina D (peixes, ovo) e zinco (carne vermelha, feijão, ervilha), essenciais nesta fase da vida. Atitudes que devem ser repassadas aos pais: • Conhecer as características de cada alimento para compor a dieta de forma mais completa: construtores, reguladores e energéticos; • Ser imaginativo: variedade (cuidado para não transmitir à criança as próprias convicções alimentares); • Ser sensível: as crianças têm dificuldade de verbalizar as preferências, mas dão sinais; • Ser flexível: substituir os alimentos ou mudar as formas de prepará-los; • Não oferecer guloseimas nos períodos de inapetência, pode ser uma barganha perigosa e progressiva; • Não gerar tensão familiar na hora das refeições; • Ser exemplo: a criança imita os adultos, e os hábitos serão reflexos daquilo que ela vivencia. O nutricionista deverá escolher a melhor forma de trabalhar com a alimentação saudável em nível familiar; • Evitar o uso de líquido em excesso durante as refeições: diminuição do apetite. É hora do lanche na escola, o que levar? O lanche escolar é uma refeição intermediária, que serve para dar energia à criança entre duas refeições principais. O ideal é que ele contenha uma porção de carboidratos, para fornecer energia; uma porção de lácteos, que tem proteínas; uma porção de frutas ou hortaliças, responsáveis pelas vitaminas, fibras e minerais; e uma bebida, para hidratação. Além da qualidade, é preciso tentar unir praticidade, e pensar em alimentos que possam ser consumidos, de forma segura, certo tempo após seu preparo ou que podem permanecer sem refrigeração por algum tempo. A utilização de vasilhas e garrafinhas térmicas é uma ótima ajuda na escolha destes lanches, já que aumentam as opções. Assim como nas principais refeições, também na merenda escolar deve-se atentar à variedade do cardápio, ou seja, evitar repetições para que a alimentação não fique monótona. É importante lembrar que cada criança tem uma necessidade energética diferente e em alguns casos, a presença doenças (alergias, intolerâncias etc) podem fazer com que haja a necessidade de alimentos diferentes e por isto é indispensável o acompanhamento de um profissional, neste acaso um nutricionista. • Coloque sempre uma fruta na lancheira. Frutas como banana, maçã, pêssego e pera (mandadas inteiras para não oxidar), ou laranja, abacaxi, morango, uva, kiwi e melão já descascados e picados; • Não se esqueça do carboidrato, responsável pela energia (bolos simples, biscoitos sem recheio, pães de forma, bisnaguinhas, francês, cereais); • Evite os biscoitos recheados e tipo waffle, pois contém maior teor de gorduras. E se optar por biscoitos, não coloque o pacote inteiro, evitando assim um consumo maior de calorias; • As bebidas com achocolatados possuem muita gordura e açúcar. Evite colocá-los todos os dias na lancheira e alterne com suco de frutas, água de coco; • Iogurtes, queijos tipo petit e leites fermentados. É claro que a maioria das crianças prefere abrir a lancheira e encontrar batatinhas fritas, chocolate e refrigerante. Deve-se evitar o consumo de salgadinhos industrializados, bolachas recheadas, refrigerantes, balas e chocolates, pois, estes alimentos não contêm os nutrientes necessários para uma alimentação saudável. Não se deve, porém, proibir radicalmente o consumo destes alimentos tão tentadores às crianças, deve-se colocar regras e limites para um consumo consciente e moderado. A melhor forma de adequar à alimentação é desde o início da infância, para que nada se torne sacrifício e sim, hábitos saudáveis para a vida toda. Cabe ao nutricionista elaborar uma rotina alimentar que seja saudável e que permita às crianças o consumo dos alimentos preferidos, eventualmente e com moderação. A criança quer levar algo não muito nutritivo? Eventualmente, isso não é um problema. Negocie com ela um dia da semana para levar uma opção não saudável neste lanche e, nos outros dias, as frutas, cereais e o leite, por exemplo. O lanche escolar saudável pode ser esquematizado conforme os exemplos apresentados a seguir. Cabe destacar que na montagem deste, a criatividade contribui muito para estimular a criança a consumi-lo adequadamente e evitar a monotonia do cardápio. Envolvê-la na decisão e até mesmo no preparo de seu próprio lanche, com auxílio dos pais ou responsáveis, contribui para a educação nutricional do mesmo. Veja a seguir, algumas opções de preparação: • 1° Opção: 2 pães de queijo tamanho coquetel + 1 caixinha de suco de soja com sabor de fruta + 1 banana; 2° Opção: 200mL de suco de fruta natural ou de • caixinha + 2 pães de cenoura com requeijão; • 3°Opção: 3 bisnaguinhas com queijo processado tipo UHT® + 1 água de coco; • 4° Opção: 5 biscoitos sem recheio+ 1 potinho de leite fermentado + 1 mexerica; • 5° Opção: 1 bolinho de chocolate caseiro com beterraba + 1 caixinha de suco de fruta + 1 goiaba; • 6° Opção: 1 pacotinho de 78g de biscoito salgado integral + 1 caixinha de achocolatado + 1 pera; • 7° Opção: 1 minipão francês com queijo tipo minas + 1 iogurte + 2 damascos secos; • 8° Opção: 1 espetinho de ricota + 1 pêssego + 1 garrafinha de vitamina de fruta. O nutricionista que presta consultoria sobre a alimentação de crianças nesta idade deve realizar um trabalho que envolva os pais e a própria criança e elaborar junto a eles a rotina diária de refeições. Veja no capítulo sobre merenda escolar, opções de lanches e receitas que podem ser oferecidas aos pais. O trabalho de planejamento alimentar tem início com a avaliação nutricional da criança e a determinação das necessidades de nutrientes. Nota importe A ficha de atendimento nutricional para a criança, se bem elaborada, garante ao profissional todas as informações para um bom planejamento alimentar.. Como determinar as necessidades de nutrientes para crianças? Esta é uma frequente dúvida do nutricionista. O planejamento deve levar em consideração os horários, preferências, gostos, necessidades e restrições alimentar. O primeiro passo é a estimativa do valor energético, dos macro e micronutrientes. A seguir algumas informações sobre como realizar os cálculos. Estimativa de energia e macronutrientes Regra de Bolso: a quantidade de energia, por quilo de peso corporal, de que uma criança precisa é maior do que aquela necessária para um adulto. Uma criança de dois anos, por exemplo, consome 102cal/Kg, enquanto uma mulher de 27 anos gasta três vezes menos, em torno de 36cal/Kg. Veja a tabela a seguir (Tabela 13), com a necessidade média diária em crianças. Energia para cada faixa etária IDADE Necessidade MÉDIA DIÁRIA 6 a 12 meses 900 calorias 1 a 3 anos 1300 calorias 4 a 6 anos 1800 calorias 7 a 10 anos 2000 calorias Tabela 13 – Média de necessidade calórica em crianças Conhecidas as peculiaridades de cada faixa etária, cabe ao profissional conciliar todas as informações para a criação de cardápios como os exemplos aseguir: De 0 a 6 meses Leite materno em livre demanda. No caso de uso de fórmulas por impossibilidade de amamentação, o nutricionista deverá calcular de acordo com a idade e peso, a quantidade de mamadas, frequência e orientar os pais sobre a correta diluição da fórmula. De 6 a 8 meses • Café da manhã: leite materno ou leite (fórmula própria para a idade); • Intervalo da manhã: fruta ou suco de fruta; • Almoço: papinha de sal; • Lanche da tarde: leite materno ou fórmula; • Jantar: leite materno ou fórmula. De 8 a 10 meses • Café da manhã: leite materno ou fórmula; • Intervalo da manhã: fruta ou suco de fruta; • Almoço: papinha de sal + fruta cítrica; • Lanche da tarde: leite materno ou fórmula + fruta; • Jantar: papinha de sal + sobremesa de fruta; • Ceia: leite materno (dependendo do horário que a criança for dormir). De 10 a 12 meses • Café da manhã: leite materno ou fruta; • Intervalo da manhã: fruta ou suco de fruta; • Almoço: papinha de sal + fruta cítrica; • Lanche da tarde: leite materno + fruta; • Jantar: papinha de sal + fruta; • Leite materno (dependendo do horário que a criança for dormir). De 1 a 2 anos Café da manhã: leite com frutas, bisnaguinha • g ou biscoito maisena ou pãozinho; • Lanche da manhã: fruta ou suco de fruta; • Almoço: arroz, feijão, ovo ou carne moída ou outra (frango, fígado), cenoura cozida (ou chuchu, moranga, vagem) + almeirão ou outra verdura de folha + sobremesa: 1 fruta cítrica (laranja, acerola, mexerica); • Lanche da tarde: iogurte de morango ou leite + pão ou biscoito ou bolo simples+ fruta (banana, maça, uva, pera); • Jantar: arroz, feijão, frango ou carne bovina, hortaliças coloridas cozidas; • Ceia: vitamina: leite + fruta ou leite com cereal. Maiores de 2 anos • Café da manhã: leite ou iogurte, pão com requeijão ou queijo e fruta; • Lanche da manhã: fruta e/ou iogurte; • Almoço: arroz, feijão, carne, ave ou ovo, hortaliças coloridas, incluindo verduras e Sobremesa: 1 fruta cítrica (laranja, acerola, mexerica); • Lanche da tarde: vitamina de fruta, mingau ou taça de iogurte de fruta OU leite com biscoito e fruta picada OU pão de queijo ou bolo simples com suco natural e queijo branco; • Jantar: arroz, feijão, ovo cozido ou carne ou ave + hortaliças coloridas; • Ceia: leite. 4 Alimentação do escolar e a obesidade em crianças entre sete a 10 anos Quando o assunto é alimentação do escolar há vários achados que indicam que há uma tendência a um aumento de peso nesta fase. Isso acontece porque nesta idade as crianças tornam-se mais suscetíveis ao apelo da mídia e mais sensíveis à influência de seus colegas. Além disso, hábitos e preferências alimentares já foram previamente estabelecidos. Por isso, ao longo deste capítulo detalharemos um pouco mais sobre obesidade infantil, pois é tarefa do nutricionista trabalhar também com este assunto. Nas últimas décadas, as crianças tornaram-se menos ativas, incentivadas pelos avanços tecnológicos. Antigamente as brincadeiras incluíam muito mais movimento físico. Hoje em dia com os computadores, videojogos e televisões, o movimento acaba por ser mais intelectual. Antigamente ofereciam-se bicicletas, atualmente existe uma série de brinquedos motorizados que são exigidos pelas próprias crianças; antigamente caminhavam até a escola, hoje, pela insegurança que as famílias sentem, acabam por levar as crianças de automóvel, ou vão de transporte público, da mesma forma que deixaram de brincar na rua para se confinarem a um quarto ou a uma sala. Segundo cálculos estatísticos, mais de 60% da causa do excesso de peso nesta população pode ser atribuída ao excesso de horas assistindo TV. Isto se deve à dois fatores: primeiro o estilo de vida sedentário, segundo, ao fato de que existe uma divulgação excessiva de alimentos e bebidas para crianças. Esta divulgação é predominantemente para alimentos industrializados e de alta densidade calórica e se sobrepõe às recomendações de dietas saudáveis. As crianças assimilam a ideia de que estes alimentos são saborosos e isto causa um efeito deletério no conhecimento, atitude e no comportamento das crianças em relação à comida. A grande preocupação em relação à obesidade infantil deve-se à possibilidade de que, uma criança obesa torne-se um adulto obeso. Segundo dados epidemiológicos americanos, das crianças que apresentam IMC acima do normal, 94% permanecem com obesidade ou sobrepeso na vida adulta. Outro estudo europeu mostrou que, sinais precoces de aterosclerose em adultos apresentaram relação importante com IMC elevado na infância. Isto acarreta maior risco de mortalidade por doenças cardiovasculares. É durante a infância que ocorre a formação, ou seja, a hiperplasia das células adiposas. No caso da criança com sobrepeso, as células de gordura se formam em grandes quantidades, além do desejável e permanecem no corpo havendo o risco de sofrerem hipertrofia. Consequentemente, na vida adulta, qualquer deslize alimentar produz um aumento destas células e a obesidade volta a aparecer. Este mecanismo aponta que a obesidade infantil é um fator de risco para a obesidade na vida adulta. Tal argumento deve ser apresentado aos pais no momento da consulta. Atualmente muito se comenta sobre o caráter hereditário da obesidade. A constituição genética determina o ritmo metabólico do organismo e, desta forma, pode predispor o indivíduo ao sobrepeso. Entretanto, ainda que a constituição genética seja desfavorável, muito pode ser feito para evitar que uma criança se torne obesa. A influência do meio é marcante o nutricionista atua neste contexto uma vez que pode criar um ambiente alimentar saudável para o seu pequeno cliente. Uma criança obesa tem mais risco de desenvolver colesterol elevado, problemas ortopédicos, diabetes e hipertensão, transtornos que acontecem cada vez mais cedo na nossa população. Além disto, faz com que a criança seja alvo de apelidos e brincadeiras desagradáveis, colaborando para o isolamento na escola, no grupo de vizinhos. No caso da criança, o ambiente familiar tenso, a ansiedade com mudanças de escola, a briga constante dos pais podem contribuir para a compulsão alimentar, fazendo com que a criança coma demais. Além disto, é preciso que os pais incentivem a atividade física dos filhos, desde pequenos. Fazer um esporte é importante não somente para elevar o gasto de energia mais também para o controle da ansiedade. Fundamental também é que os pais procurem brincar com os filhos, estimular formas de lazer na qual a criança se movimente, brincadeiras em praças, clubes, ainda que sejam no final de semana. Uma avaliação com o endocrinologista é indicada para verificar se a questão hormonal está bem. A educação nutricional, base do trabalho de promoção dos bons hábitos alimentares deve começar desde cedo, ainda quando os filhos são bebês. O erro começa nos primeiros meses de vida. Algumas mães têm problemas que as impedem de amamentar. Para estas, é preciso uma orientação sobre que fórmula infantil usar, quando e como oferecê-las. Porém, muitas mulheres não têm paciência para amamentar, ou seja, falta persistência. Com isto, acabam iniciando a alimentação complementar antes da hora e com alimentos errados, contribuindo para a obesidade das crianças. Uma despensa saudável e uma geladeira cheia de alimentos nutritivos são importantes para toda a família. Não adianta querer que a criança coma fruta enquanto os pais comem salgadinhos e doces. Fica impossível para a criança controlar. Há controvérsias sobre prescrever uma dieta para crianças ou somente orientar a mudança de hábito. Cabe a cada profissional escolher a melhor linha para trabalhar. Alguns nutricionistas acreditam que a orientação alimentar e a dieta personalizada são fundamentais para a criança que apresenta excesso de peso. Não é nenhuma covardia sugerir um plano alimentar uma criança desde que a programação alimentar seja bem-feita. Na reeducação alimentar infantil, as crianças aprendem a comer bem. Elas percebem que até podem usar seus alimentos preferidoscomo biscoitos, sorvetes, bolos, porém que devem fazê-los nos finais de semana, com moderação. Aprendem também que existem muitas formas de comer alimentos gostosos e ao menos tempo, saudáveis. Para estimular esta prática, os nutricionistas podem usar técnicas próprias como jogos, brincadeiras, estimulando a criança a ter responsabilidades sobre a sua alimentação e fazendo mudanças nos hábitos alimentares de forma contínua e gradual. Veja mais no capítulo sobre educação nutricional. Manter em casa alimentos saudáveis e investir no preparo de receitas leves e naturais são um ótimo começo. Embora, no início, possa haver resistência por parte da criança, dentro de alguns meses seu paladar começará a mudar e a reeducação alimentar será assimilada com maior naturalidade. Outro ponto importante é a realização de atividades físicas. Aqui também os pais podem vir a enfrentar algum tipo de resistência por parte da criança. Isto porque, ao iniciar um esporte, a criança obesa geralmente tem uma performance inferior à de seus colegas e pode querer abandonar a atividade. O nutricionista deverá incentivar a criança à prática de esportes e pode fazer parcerias com educadores físicos. Neste momento, os educadores devem ser firmes ao impedir que a criança volte à vida sedentária. Estimulá-lo a se envolver com o esporte praticado e facilitar a formação de vínculos sociais é uma boa forma de prevenir a desistência. Além disto, deve-se estar atentos para não sobrecarregarem a criança, exigindo que ela faça mais atividades físicas do que é capaz de suportar. O esporte deve ser uma fonte de prazer e não de tensão. Como foi descrito, ainda que a genética de uma criança favoreça a obesidade, há muito que os educadores (pais, professores, médicos e nutricionistas) podem fazer para evitar que o problema se instale. Investir na reeducação alimentar e no fim do sedentarismo das crianças é um esforço que poderá poupá-lo de grande sofrimento na vida adulta. A consulta nutricional de crianças dos sete aos 10 anos A avaliação nutricional em crianças engloba os mesmos passos da avaliação em adultos: • Avaliação Clínica - consiste na aplicação de um questionário para que seja avaliado o histórico de doenças da criança e da família, bem como o uso de medicamentos e seus exames laboratoriais. Esta avaliação é completada com análise física para que possamos detectar a presença de edemas, manchas na pele, danos nos cabelos e outros; • Avaliação Alimentar - aplicação de inquéritos (anamnese alimentar) para que possamos conhecer os hábitos da criança, seus horários, locais de alimentação, assim como suas restrições e preferências alimentares. Pode ser realizada por um responsável ou pela própria criança; • Avaliação Antropométrica - a partir da verificação do peso e da estatura vamos cruzar os parâmetros (Peso/Idade Estatura/idade Peso/estatura IMC/Idade. Esta avaliação é complementada com a medição das principais circunferências corporais (circunferências do braço, do quadril, da cintura e do abdômen). A avaliação antropométrica da criança menor de dois anos, na idade pré-escolar e escolar é acompanhada da evolução do peso e cruzada com informações clínicas. Vale a pena relembrar: métodos de avaliação antropométrica em crianças menores que dois anos: • Utilizar o peso ao nascer e acompanhar o crescimento; • Comprimento; • Peso/Idade Estatura/idade Peso/estatura; • Perímetro cefálico, torácico e braço. Para crianças menores de 10 anos utilizar Peso/Idade, Estatura/idade e Peso/estatura* *WHO-World Health Organization, 1995. Classificação quanto ao peso ao nascer: • Peso normal: peso ao nascer > 3.000g • Peso insuficiente: 2.500 < peso ao nascer < 3.000g • Baixo peso ao nascer: peso ao nascer < 2.500g • Muito baixo peso ao nascer: peso ao nascer < 1.500g • Extremo baixo peso ao nascer: peso ao nascer < 1.000g • Macrossomia fetal: peso ao nascer > 4.000g Estatura ao nascer: • PIG (pequeno para idade gestacional): indica retardo do crescimento intrauterino • GIG (grande para idade gestacional): indica sobrepeso ou obesidade • AIG (adequado para idade gestacional) Indicadores complementares: • Avaliação da taxa de crescimento; • Medição do perímetro cefálico e torácico; • Circunferência do braço para crianças de até cinco anos/Valores inferiores a 12,5cm (ponto de porte), indicador de baixo peso equivalente ao P/E. Na idade escolar e pré-escolar: avaliação da criança de acordo com o Ministério da Saúde (MS) Pontos de corte (P/I) estabelecidos para crianças: • ≤ Percentil 0,1 = Peso muito baixo para idade • ≥ Percentil 0,13 < Percentil 3 = Baixo peso ao nascer • ≥ Percentil 3,0 e < Percentil 10 = Risco nutricional • ≥ Percentil 10 e < Percentil 97 = Adequado • ≥ Percentil 97 = Risco de sobrepeso Planejamento alimentar: o planejamento alimentar deve ser baseado no dia a dia, necessidades, gostos e limitações. Deve levar em conta o poder aquisitivo da família, a disponibilidade para o preparo de alimentos, o local na qual serão feitas as refeições. Em alguns casos, a merenda escolar será uma das refeições. Falaremos sobre isto no módulo 3. Exemplo Plano Alimentar Café da Manhã • Leite 150mL Achocolatado em pó ou suplemento alimentar 1 colher de sobremesa Bisnaguinha ou minipão de batata ou de cenoura 2 unidades Requeijão 2 colheres de chá (ou 1 fatia de queijo minas). • Intervalo da Manhã Fruta Escolher (1 maçã ou 1 pera ou 1 goiaba ou 15 uvas ou 2 ameixas roxas ou 1 laranja grande ou 1 fatia grande de melancia ou 1 manga tipo espada ou ½ manga hadden ou 2 pêssegos ou 1 xícara de chá de frutas picadas). + Iogurte ou leite fermentado • Almoço Salada cozida, crua ou vegetais ensopados Livre Arroz branco ou integral 2 colheres de sopa (cada colher de sopa de arroz poderá ser substituída pela mesma medida de batata ou baroa ou angu ou mandioca ou cará ou purê ou suflê ou farofa ou milho. Outra opção é substituir a porção toda por 2 pegadores de macarrão, de preferência integral). Evitar a fritura. Feijão ou ervilha ou lentilha 2 colheres de sopa Carne 1 pedaço médio Sobremesa: 1 laranja ou 1 tangerina ou 1 kiwi. • Lanche da Tarde Leite 150mL Aveia 1 colher de sobremesa Bolo simples ou rosca caseira 1 fatia média Fruta Escolher (1 maçã ou 1 fatia de mamão ou 1 banana ou ½ goiaba ou 12 morangos). • Lanche da Noite ou Jantar Alface, tomate, cenoura Livre Arroz Branco ou integral 2 colheres de sopa Feijão 2 colheres de sopa Carne Escolher (1 bife pequeno de frango ou carne bovina ou 1 omelete recheada com 1 fatia de queijo minas ou 2 colheres de sopa de carne picada com o molho de tomate ou frango desfiado). Outras opções: sopas completas, mexidos, macarrão com carne e vegetais. Ceia • Fruta Escolher (1 banana média, nanica ou 1 maçã ou 1 pera ou 1 goiaba ou 15 uvas ou 2 ameixas roxas ou 1 laranja grande ou 1 fatia grande de melancia ou 1 manga tipo espada ou ½ manga hadden ou 2 pêssegos ou 1 xícara de chá de frutas picadas). Iogurte 1 potinho Estratégias de tratamento da obesidade em crianças A profilaxia constitui-se o melhor tratamento, com vigilância dos fatores predisponentes: • Estímulo ao aleitamento materno; • Disciplina de horários; • Orientação às famílias sobre as necessidades dietéticas reais e individuais de seus filhos; • Abolição do uso excessivo de carboidratos (principalmente refrigerantes e guloseimas); • Promoção de atividades físicas. Não é recomendado amedrontar as crianças sobre os possíveis agravos de saúde que poderão ter no futuro. É importante relacionar a obesidade a uma limitação de desempenho individual e social, trazendo problemas estéticos, dificultando a prática esportiva, o uso de roupas de moda, problemas de aceitação em relação aos amigos e problemas de locomoção. Toda perda de peso é importante ser valorizada, havendo uma análise crítica construtiva do insucesso quando não ocorrer perda. Desaconselha-se a pesagem frequente por ser um fator de angústia. Cuidados com a restrição alimentar que, se não bem balanceada,
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