Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
11/05/2021 Material Didático https://sereduc.blackboard.com/ultra/courses/_51185_1/outline/scorm/launchFrame?toolHref=https:%252F%252Fsereduc.blackboard.com%252… 1/19 HISTÓRIA DA ARQUITETURA E URBANISMO IIHISTÓRIA DA ARQUITETURA E URBANISMO II OS POVOS PRÉ-CRABALINOSOS POVOS PRÉ-CRABALINOS Angélica Linhares BuchmayerAngélica Linhares Buchmayer 11/05/2021 Material Didático https://sereduc.blackboard.com/ultra/courses/_51185_1/outline/scorm/launchFrame?toolHref=https:%252F%252Fsereduc.blackboard.com%252… 2/19 OLÁ! Você está na unidade Os povos pré-cabralinos. Aqui você vai conhecer a história dos povos que habitavam o Brasil pré-colonial, as caracterı́sticas da arquitetura construı́da por eles e seus métodos construtivos e materiais de construção. Também conhecerá a arquitetura e as caracterı́sticas do urbanismo português do século XVI, bem como as suas origens. Bons estudos! 1 Brasil pré-colonial A Carta de Pero Vaz de Caminha (1500) é considerada o primeiro documento escrito da história do Brasil. Em suas quatorze páginas, ela relata a chegada da frota comandada por Pedro A� lvares Cabral ao território denominado de Ilha Vera Cruz. A carta foi redigida para comunicar o rei D. Manuel I. E� nesta carta que se encontra a primeira referência à arquitetura dos nativos em um curto relato sobre uma visita, de parte da tripulação da nau portuguesa, à aldeia dos nativos: E segundo depois diziam, foram bem uma légua e meia a uma povoação, em que haveria nove ou dez casas, as quais diziam que eram tão compridas, cada uma, como esta nau capitaina. E eram de madeira, e das ilhargas de tábuas, e cobertas de palha, de razoável altura; e todas de um só espaço, sem repartição alguma, tinham de dentro muitos esteios; e de esteio a esteio uma rede atada com cabos em cada esteio, altas, em que dormiam. E de baixo, para se aquentarem, faziam seus fogos. E tinha cada casa duas portas pequenas, uma numa extremidade, e outra na oposta. E diziam que em cada casa se recolhiam trinta ou quarenta pessoas, e que assim os encontraram; e que lhes deram de comer dos alimentos que tinham, a saber muito inhame, e outras sementes que na terra dá, que eles comem. E como se fazia tarde �izeram-nos logo todos tornar; e não quiseram que lá �icasse nenhum. 11/05/2021 Material Didático https://sereduc.blackboard.com/ultra/courses/_51185_1/outline/scorm/launchFrame?toolHref=https:%252F%252Fsereduc.blackboard.com%252… 3/19 A região que serviu de primeiro porto aos portugueses, hoje Porto Seguro, era habitada por duas nações indı́genas do grupo linguı́stico tupi: os Tupinambás, que ocupavam a faixa compreendida entre Camamu e a foz do rio São Francisco; e os Tupiniquins em uma área que se estendia de Camamu até a fronteira entre Bahia e Espı́rito Santo. Seguindo para o interior, encontrava-se a área ocupada pelos Aimorés. A história dos povos pré-crabalinos A história dos antigos povos indı́genas do Brasil é baseada em três ramos distintos de informação disponı́vel atualmente, que são: os relatos deixados pelos exploradores e pesquisadores que visitaram o paı́s nos séculos que se seguiram ao descobrimento; as pesquisas realizadas por arqueólogos em sı́tios antes habitados por esses povos; e os trabalhos realizados, principalmente por etnólogos, nas últimas décadas que nos permitem conhecer a cultura e costumes atuais dos povos indı́genas. Os exploradores europeus faziam levantamento das terras a�im de informar à coroa portuguesa o que haviam encontrado nas novas terras do rei. Outra parte dos relatos antigos foi feita por naturalistas que, curiosos sobre o “novo mundo”, vieram ao Brasil com intuito de conhecer as suas terras. Segundo Derenji (2002, p. 26-27), foram várias as expedições realizadas nos primeiros séculos após o descobrimento. A expedição de Palmier de Gonneville chegou a Santa Catarina em janeiro de 1504 e em seus relatos constam referências às tribos nativas e às suas habitações: A expedição do normando Jean de Léry visitou o paı́s no perı́odo de 1555 a 1557 e o pesquisador faz um relato minucioso sobre a cultura dos povos nativos, mas segundo Derenji (2002, p. 26-27) sem abordar sua arquitetura. O autor cita ainda o explorador alemão Hans Staden que fez duas viagens ao Brasil, respectivamente em 1548 e em 1551e deixou descrições sobre as aldeias dos Tupinambá onde foi feito prisioneiro (STADEN, 1945 p. 35, apud DERENJI, 2002, p. 27): A expedição do normando Jean de Léry visitou o paı́s no perı́odo de 1555 a 1557 e o pesquisador faz um relato minucioso sobre a cultura dos povos nativos, mas segundo Derenji (2002, p. 26-27) sem abordar sua arquitetura. O autor cita ainda o explorador alemão Hans Staden que fez duas Formam aldeias de trinta, quarenta, cinquenta ou oitenta cabanas, feitas à maneira de galpões com estacas unidas umas às outras, ligadas por ervas e folhas, com as quais os ditos habitantes são igualmente cobertos; e têm por chaminé um buraco, para fazer sair fumaça. As portas são bastões corretamente ligados; e eles as fecham com chaves de madeira, quase como as que usam, nos campos da Normandia, nos estábulos. 11/05/2021 Material Didático https://sereduc.blackboard.com/ultra/courses/_51185_1/outline/scorm/launchFrame?toolHref=https:%252F%252Fsereduc.blackboard.com%252… 4/19 viagens ao Brasil, respectivamente em 1548 e em 1551e deixou descrições sobre as aldeias dos Tupinambá onde foi feito prisioneiro (STADEN, 1945 p. 35, apud DERENJI, 2002, p. 27): Outros registros importantes sobre os costumes dos povos indı́genas realizados nessa fase inicial da colonização do Brasil são citados ainda por Derenji (2002, p. 28), um deles é o trabalho de Ferdinand Dénis publicado pela primeira vez em 1888, onde são descritos os costumes e as habitações dos ı́ndios Tupinambá. Levantam cabanas de mais ou menos 14 pés de largura por 150 de comprimento e duas braças de alto, com tetos redondos, como abóbada. Cobrem-nas depois com folhas de palmeira de modo que não chova dentro. Ninguém tem quarto separado; cada casal ocupa na cabana um espaço de uns 12 pés, e �ica um casal ao lado do outro. Enchem-se, assim, as cabanas, cada grupo com seu fogo. O chefe ocupa o centro. As cabanas em geral têm três entradas, uma em cada extremo e uma no centro, são muito baixas, de modo que, para entrar, as criaturas precisam curvar-se. Poucas aldeias têm mais que sete dessas cabanas. A história do explorador alemão Hans Staden virou �ilme em 1999. O relato se passa no século XVI, durante a segunda viagem de Staden ao Brasil. Dois anos após sua chegada, ele foi capturado pelos ıńdios Tupinambá, da tribo Ubatuba no litoral de São Paulo, dos quais permaneceu refém por nove meses. Quando foi libertado e voltou para Europa, Staden lançou o livro “Duas Viagens ao Brasil”, publicado originalmente em 1557 na Alemanha. O livro foi um grande sucesso na época de seu lançamento e é considerado um dos mais importantes documentos sobre o Brasil Colônia. A direção do �ilme “Hans Staden” é de Luıś Alberto Pereira. 11/05/2021 Material Didático https://sereduc.blackboard.com/ultra/courses/_51185_1/outline/scorm/launchFrame?toolHref=https:%252F%252Fsereduc.blackboard.com%252… 5/19 Outra fonte de informação sobre a história dos povos do Brasil pré-colonial são as pesquisas arqueológicas contemporâneas, que permitem a obtenção de dados sobre os povos que viveram no Brasil no perı́odo do descobrimento. Eles estudam os vestı́gios deixados pelas tribos que já não existem, buscando construir um quadro completo da cultura desses povos. No Brasil, essa tarefa se caracteriza como particularmente difı́cil, porque os amerı́ndios que habitavam a américa portuguesa utilizavam como principal matéria-prima tanto de suas construções quanto de seus artefatos do uso cotidiano, a palha, um material frágil e de duração curta em comparação, por exemplo, com as civilizações indı́genas da américa espanhola que utilizavam pedra como matéria-prima de suas construções, Incas e Astecas entre outros povos. Somam-se ainda os estudos etnográ�icos realizados por antropólogos, etnógrafos, arquitetos entre outros tantos pesquisadores, que visitam as tribos remanescentes nos nossos dias e, a partir destes dados, tentam identi�icar o que ainda é original de seus antepassados; quais costumes e tecnologias foram mantidas através do tempo e ainda podem servir como testemunho de seus costumes na época do descobrimento; o que não foi transformado através do contato com a civilização ou com os povos “civilizados”; e quais costumes foram adquiridos e adaptados à sua realidade. Todas essas obras contêm testemunhos de povos que desapareceram ou mudaram seu modo de ser. Com base nesses estudos e relatos, é possı́vel obter dados sobre o tamanho das comunidades, movimento das populações, relações entre as tribos e as in�luências externas sofridas. Face à ruptura demográ�ica e social promovida pela colonização portuguesa, é preciso entender que os padrões de organização social e de manejo dos recursos naturais das populações indı́genas que ocupam o território brasileiro atualmente oferecem indı́cios dos padrões das sociedades pré- coloniais. O processo de colonização causou o extermı́nio de milhares de indı́genas por causa do contato direto e indireto com os europeus e as doenças por eles trazidas e a violência contra os grupos que resistiram à colonização. A população que se acredita ter sido de milhões caiu para cerca de 150 mil em meados do século XX. Apesar da impossibilidade de se quanti�icar a população indı́gena da época do Descobrimento com exatidão, o arqueólogo Eduardo Góes Neves indica estimativas de que “a população nativa do continente chegava, à época da conquista, a mais de cinquenta e três milhões de pessoas, sendo que só a bacia Amazônica teria mais de cinco milhões e seiscentos mil habitantes” (1995, p. 173). Tais �iguras não são, no entanto, aceitas unanimemente, já que os documentos usados para a elaboração dessas estimativas não fornecem dados exatos. Calcula-se que antes do descobrimento eram faladas mais de 1300 lı́nguas nativas. Atualmente, são contabilizadas 274 lı́nguas pelo IBGE, mas muitas delas correm risco de desaparecer pois possuem poucos falantes e não estão devidamente documentadas. As lı́nguas indı́genas se dividem em dois grandes troncos linguı́sticos, o tupi e o macro-jê. O total de tribos classi�icadas chega a 216 (IBGE,2010). Os povos indı́genas brasileiros são formados por diferentes grupos étnicos, parte do grupo maior dos povos amerı́ndiosque habitam o Brasil.Estudos arqueológicos recentes estabelecem a chegada dos primeiros habitantes do Brasil à Bahia e ao Piauı́ entre 20 mil e 40 mil anos atrás. No inı́cio do século XVI, quando tem inı́cio a colonização do Brasil, a população nativa era composta por tribos seminômades que subsistiam da coleta, caça, pesca e agricultura de subsistência. Periodicamente, a aldeia mudava de lugar, conforme os recursos naturais das regiões ocupadas se esgotavam.Essa transferência permitia que as áreas antes ocupadas e exploradas pelas tribos tivessem tempo de se recuperar e voltar a produzir. í 11/05/2021 Material Didático https://sereduc.blackboard.com/ultra/courses/_51185_1/outline/scorm/launchFrame?toolHref=https:%252F%252Fsereduc.blackboard.com%252… 6/19 Assista aí 2. Formas de morar e viver dos indígenas #PraCegoVer: Na imagem, há 3 ı́ndios fazendo um ritual. Os povos amerı́ndios espalhados pelo continente americano possuem caracterı́sticas bastante diversas, algumas delas baseadas no ambiente em que existiam. Em outros paı́ses da América do Sul, os amerı́ndios desenvolveram uma arquitetura bastante diversa dos povos situados no Brasil e paı́ses limı́trofes. As construções andinas, de pedra, e outras construções de material duradouro, como a argila, descobertas pelos arqueólogos, são testemunhos de civilizações altamente desenvolvidas, urbanas e letradas que viviam em uma sociedade complexa e com alta capacidade tecnológica. Alguns grupos chegaram a desenvolver grande poderio militar e riqueza material, realizando grandes obras de engenharia para adequação do ambiente natural ao seu redor. Os povos radicados no Brasil, separados dessas culturas intensamente aprimoradas, permaneceram silvı́colas e seminômades, e, em acordo com seu modo de vida, desenvolveram uma arquitetura leve e relativamente “efêmera”, construı́da a partir dos materiais Figura 1 - Indı́genas brasileiros Fonte: Shutterstock Clique para abrir a imagem no tamanho original 11/05/2021 Material Didático https://sereduc.blackboard.com/ultra/courses/_51185_1/outline/scorm/launchFrame?toolHref=https:%252F%252Fsereduc.blackboard.com%252… 7/19 disponı́veis e de rápida construção, já que a aldeia mudava de lugar de acordo com a época do ano. O domı́nio das técnicas de fabricação, tanto de artefatos quanto de arquitetura foi essencial para a adaptação das tribos brasileiras ao meio ambiente (COSTA e MALHANO, 1986). O granito encontrado em grande quantidade no Norte de Portugal era matéria-prima muito utilizada na construção castreja e mesmo antes dela e também depois pelos romanos e permanece até os dias de hoje. Existe, em função do uso de matérias- primas distintas na arquitetura, a de�inição de civilização do granito para a região norte e civilização do barro para região sul (RIBEIRO, 2013, p.17-45). 2.1 Aldeias E� preciso de�inir os termos estabelecimento, aldeia e casa, para avançar ao estudo dos tipos de construções indı́genas. O estabelecimento compreende toda a área usada pela tribo, incluindo locais de caça, água, onde pescam ou se banham, e também os caminhos que levam a eles. Aldeia engloba o conjunto de casas, a área comum, chamada de praça e os caminhos que percorrem esses dois espaços. Já a casa, é a construção que abriga as famı́lias e seu tamanho e a quantidade de habitantes varia de acordo com a tribo. De uma forma geral, as tribos se apresentam como sociedades comunais, descentralizadas, mas com certo grau de hierarquia com papéis sociais nı́tidos e divisão de trabalho entre homens e mulheres. As tribos são compostas por várias aldeias ligadas por parentesco ou interesses comuns. A forma das aldeias varia em função das tradições relativas a cada tribo podemos classi�icá-las conforme a planta de situação em três tipos: aldeias circulares, lineares e retangulares. O formato da planta de situação das aldeias circulares pode variar entre o cı́rculo fechado, dois semicı́rculos ou arco de cı́rculo. A planta circular de situação é amplamente difundida, sendo encontrada na Amazônia, na região da bacia do rio Xingu e na região central do paı́s, no planalto motogrossense. Na época do descobrimento era o modelo utilizado pelos Tupinambá (Tupı́) da faixa litorânea. Muitas das aldeias de conformação circular apresentavam uma paliçada exterior circundando a aldeia e outra “paliçada interna, em forma de linha poligonal quebrada”. (COSTA e MALHANO, 1986, p. 29) Os Yawalapiti vivem no Alto Xingu, sua população atual é 260 pessoas e pertencem ao tronco linguı́stico aruak. O primeiro contato historicamente registrado dos Yawalapiti com não indı́genas ocorreu em 1887, quando foram visitados pela expedição do etnólogo alemão Karl von den Steinen. (ISA, 2019a). Seguindo o padrão alto-xinguano, a aldeia yawalapiti é circular. As casas são dispostas ao redor da praça, espaço destinado a atividades comunitárias como celebrações, rituais, assembleias, entre outras. No centro da praça �ica localizada a casa-dos-homens ou casa das �lautas e é nesta casa que os homens se reúnem para realizar atividades exclusivamente masculinas. A entrada das mulheres é proibida, salvo em algumas ocasiões. A casa das �lautas tem construção semelhante às residências, as �lautas sagradas apapálu �icam penduradas na viga mestra e são utilizadas nos rituais da tribo. 11/05/2021 Material Didáticohttps://sereduc.blackboard.com/ultra/courses/_51185_1/outline/scorm/launchFrame?toolHref=https:%252F%252Fsereduc.blackboard.com%252… 8/19 As casas abrigam várias famı́lias, aparentadas entre si e seu tamanho varia de acordo com o número de moradores. Cada casa forma uma unidade autônoma em relação às outras e contam com uma cozinha e um depósito de alimentos comuns a todos habitantes. No espaço interno da casa as famı́lias armam redes contiguamente. A� noite, a casa é fechada com portas feitas de madeira e palha e cada famı́lia acende uma pequena fogueira próxima a suas redes para regular a temperatura interna. As aldeias lineares são alinhadas paralelamente às margens do rio, em uma ou duas �ileiras de casas. A circulação principal é feitaem frente as casas por um caminho que ladea o rio e um caminho secundário contorna a parte de trás. A casa-dos-homens �ica a uma certa distância das casas e possui um caminho de acesso separado dos outros. As aldeias Karajá estão localizadas nos Estados do Tocantins, Mato Grosso,Goiás e Pará. Os Karajá, atualmente, têm uma população de 3768 pessoas e suas aldeias, antigas e recentes, são constituı́das de alinhamentos de casas paralelas ao rio Araguaia, podendo ocorrer um, dois ou mais arruamentos formados pelas �ileiras de casas; ou ainda, uma única �ileira. Antigamente, a aldeia dos Karajá não era �ixa variando sua localização de acordo com a época do ano. Na estação das chuvas as casas, eram construı́das afastadas das margens do rio e possuı́am estrutura de madeira e a cobertura de palha cobria toda a casa, até o chão. Na estação seca eram construı́das casas mais simples, construções estacionais, por estarem próximas das margens do rio, facilitavam o abastecimento de água e a pesca. Atualmente, esse ciclo de construção estacionais foi abandonado e as aldeias se �ixaram em locais permanentes. Entre os textos etnográ�icos mais antigos, há a rica descrição de Paul Ehrenreich, que visitou os Karajá em 1888, depois de ter participado da segundo viagem de Karl von den Steinen ao Alto Xingu. Lançado em Berlim em 1891, seu trabalho foi traduzido para o Português por Egon Schaden e publicado com introdução e notas de Herbert Baldus em 1948, com o tı́tulo “Contribuições para a Etnologia do Brasil”, que se inicia com a seção “As tribos Karajá do Araguaia (Goiás)”. Depois temos a descrição bastante con�iável de Fritz Krause, que viajou pelo Araguaia em 1908 e publicou “Nos sertões do Brasil”. Instituto Socioambiental (ISA, 2019b): A tribo dos Xavante tem uma população de cerca de 13.000 pessoas abrigadas em diversas Terras Indı́genas que constituem parte do seu antigo território de ocupação tradicional há pelo menos 180 anos, no estado do Mato Grosso. Instituto Socioambiental (ISA, 2019c): O povo Xavante se dividia entre uma aldeia base e acampamentos temporários, construı́dos ao longo do ano, durante as migrações. As tribos se deslocavam por grandes distâncias pois viviam em meio a um conjunto de bacias hidrográ�icas responsáveis pela rica biodiversidade regional. Suas viagens eram longas chegando a durar vários meses. Os grupos de viajantes se encontravam em grandes aldeias semi- permanentes para realizar rituais e atividades coletivas. Mesmo esses acampamentos temporários mantinham a composição original da aldeia base na forma de uma ferradura. Os grupos se mantinham em comunicação através de sinais de fumaça, para que pudessem se reunir durante e também ao �inal da expedição. Atualmente, o modo se vida seminômade foi abandonado pelos Xavante, pois grandes pedaços das terras habitadas pelos grupos foram ocupados pela agropecuária extensiva, em especial a produção de soja. 2.2 Tipos de casas Apesar das semelhanças nos métodos construtivos e matérias-primas empregadas pelas tribos brasileiras, é possı́vel identi�icar as construções pertencentes aos diferentes grupos, pois tanto no nı́vel ecológico, como no social e no religioso, assim como nos meios de adaptação às caracterı́sticas do terreno de implantação, as construções apresentam uma grande diversidade. A escolha do sı́tio, o tempo de permanência no local, a quantidade de famı́lias que habitarão a casa e suas funções são fatores determinantes da forma �inale variam de acordo com a tradição cultural de um dos povos. Sem dúvida, o material usado para a construção de casas e abrigos varia pouco: a matéria-prima é a madeira para esteios e travessões, as folhas de palmeira para a cobertura e as tiras de embira para a amarração. Mesmo assim, podemos imediatamente reconhecer uma casa Xavante e distingui-la de uma casa Yawalapiti. 11/05/2021 Material Didático https://sereduc.blackboard.com/ultra/courses/_51185_1/outline/scorm/launchFrame?toolHref=https:%252F%252Fsereduc.blackboard.com%252… 9/19 Para uma compreensão adequada da função deste espaço arquitetônico, a casa deve ser considerada parte de contexto etnográ�ico mais amplo, em conjunto com os outros espaços ocupados pela tribo. As casas são pensadas em conjunto com os caminhos, praça e outras casas, não de maneira isolada.Para os grupos indı́genas é, em geral, a aldeia o ponto para elaboração da identidade, um espaço mais amplo que vai além das casas, englobando toda comunidade e o espaço territorial ocupado pelo grupo. SA� (1983, p. 119-125). As grandes casas Tukano abrigam uma comunidade inteira que, em seu interior, desenvolvem tanto atividades cotidianas, como grandes rituais. Neste caso, a importância atribuı́da à casa manifesta- se no requinte arquitetônico e decorativo. Para outros povos, a casa pode ser vista simplesmente como uma unidade, com funções especı́�icas, dentro de um contexto espacial habitado mais amplo, como a aldeia, ou mesmo o território tribal, quando se trata de grupos seminômades. Embora as sociedades indı́genas sejam muito diferentes umas das outras, é possı́vel a�irmar que, entre elas, não existe um alto grau de especialização do espaço. Isso não signi�ica que o espaço nas sociedades indı́genas seja homogêneo e indiferenciado, mas indica uma grande integração entre as atividades realizadas pelo grupo. O espaço de trabalho, convı́vio familiar, lazer e outros são sobrepostos coexistindo de forma harmoniosa. Algumas técnicas de construção que otimizam os espaços habitados são comuns à muitas tribos.Normalmente as casas têm um pé direito alto que facilita a ventilação do interior e funciona como uma espécie de chaminé, levando a fumaça das fogueiras para o alto, liberando a parte baixa habitada. As portas de entrada são baixas di�icultando, propositalmente, o acesso por questões de segurança. A ausência de janelas e pouca altura das entradas mantêm o ambiente escuro afastando os insetos. Quando necessário, faz-se uma abertura temporária para a iluminação diurna. Nas casas de moradia, as entradas anterior e posterior correspondem a espaços com funções especı́�icas, decorrentes da divisão sexual de áreas e do conceito de espaço público e privado. Assim, as áreas de domı́nio masculino – abertas aos visitantes – são aquelas situadas à entrada principal da casa. As áreas de domı́nio feminino se localizam em setores mais resguardados (COSTA e MALHANO, 1986, p. 68,73-74). Para facilitar o estudo, as casas indı́genas serão divididas em grupos, considerando suas diferentes tipologias, classi�icadas em cinco tipos básicos: casas com planta baixa circular, planta elı́ptica, retangular e poligonal. As casas de planta circular são comuns em vários grupos indı́genas, apresentando uma grande variação na distribuição interna dos espaços, dos elementos estruturais e no formato de suas coberturas. As versões mais simples são compostas por apenas um elemento estrutural central de onde partem uma série de caibros �lexı́veis (taquaras cortadas ao meio), enterrados no solo formando uma cúpula, nos quais são atadas com cipó taquaras no sentido horizontal, sobre as quais serão presas as folhas de palmeira formandoa cobertura. Um exemplo deste tipo de construção é a casa Xavante que possui um diâmetro de aproximadamente 7 metros altura de 4,5 metros com apenas uma abertura voltada para o centro da aldeia. Nesses espaços, podem viver duas ou três famı́lias (DERENJI, 2002, p. 41). Outro exemplo de casa de planta circular é a casa Tukussipan da tribo Wayana. A Tukussipan ocupa o centro da aldeia e exerce duas funções, a de casa-dos-homens e acolher grupos visitantes durante festividades. A Tukussipan possui planta circular com diâmetro de aproximadamente 10 metros e altura total de 2 metros. Possui o teto em formato de cúpula e em seu centro o esteio central atravessa a cobertura e projetando-se por mais um metro e meio. E� composta por oito esteios na periferia além do centrale não possui paredes VELTHEM (1983, p. 171-177). As casas xinguanas dos Yawalapiti são belos exemplos de construções de planta elı́ptica. As proporções e a forma da casa tradicional xinguana variam ligeiramente de uma aldeia para outra e sua construção dura em torno de seis meses. Essas casas têm uma dimensão de cerca de 28 m de comprimento por 13 m de largura e altura de 8 m. Sua estrutura é formada por cinco pilares de madeira (ou esteios) com 50 cm de diâmetro e 10 metros de comprimento. Os pilares recebem as peças da cumeeira e quatro estruturas em X, que fazem o apoio intermediário da cobertura, formando a estrutura da casa. A cobertura de palha se 11/05/2021 Material Didático https://sereduc.blackboard.com/ultra/courses/_51185_1/outline/scorm/launchFrame?toolHref=https:%252F%252Fsereduc.blackboard.com%25… 10/19 estende até chão cobrindo toda a construção, mas internamente a casa conta com uma parede formada por uma paliçada de troncos de 1,5 m de altura. Possuem duas portas opostas centralizadas em relação a lateral maior (SA� (1983, p. 119-125). As casas das aldeias Timbira tem, em geral, plantas de formato retangular, tendo como frente um dos lados maiores da construção que dependendo do grupo pode ter a cobertura formada por duas ou quatro águas, feita de folhas de babaçu ou inajá. Do mesmo material são feitas as paredes. Toda a ligação é feita por amarração com cipó. Todas as folhas de palmeira são aplicadas em posição horizontal, com os folı́olos pendentes para um lado só. Algumas vezes, as folhas são aplicadas em sentido vertical, de ponta para baixo e com os folı́olos em posição natural. Segundo Ladeira (1983, p.22-27), essa forma de construir parece ser a forma original dos Timbira construı́rem suas casas (LADEIRA, 1983, p. 22-27). Os Timbira atuais estão localizados nos campos do cerrado do Maranhão e de Goiás. Suas aldeias são construı́das em lugares planos, em solo não pedregoso e perto de córregos d’água. Nas proximidades deve haver mata ciliar para os roçados; quando, em consequência das derrubadas anuais, esta mata se acaba, a aldeia é reconstruı́da em outro lugar. Instituto Socioambiental (ISA, 2019dOs Timbira eram grupos seminômades, que viviam da coleta e da caça se deslocando durante os perı́odos do ano por uma vasta região. Por esse motivo, construı́am acampamentos temporários, formados por abrigos simples, e tinham uma cultura de produzir artefatos de palha (ainda hoje são produzidos), como cestos para transportar ferramentas e utensı́lios e armazenar alimentos. As aldeias Timbira são circulares. Todas as casas estão localizadas a mesma distância do centro da aldeia de onde partem caminhos ligando o centro a cada uma das casas. Um outro caminho circular passa pela frente de todas as casas ligando umas às outras e formando dessa maneira uma divisão entre o espaço de produção da aldeia (produção doméstica das famı́lias e suas moradias), domı́nio das mulheres, e o pátio da aldeia, espaço dos homens. As casas são fechadas por paredes de todos os lados, mas, em alguns casos a casa pode ter a parte da frente total ou parcialmente aberta em substituição a porta frontal. A porta frontal está sempre voltada para o centro da aldeia e a ela corresponde uma porta dos fundos na parte de trás da casa (LADEIRA, 1983, p. 22-27). Como exemplo de casas indı́genas de planta poligonal temos a casa-aldeia dos Marúbo. Casa-aldeia ou maloca é uma casa unitária que abriga toda a tribo e onde são realizados tanto os rituais quanto as atividades do dia-a-dia. São comuns entre outras tribos da região amazônica situadas na bacia do Rio Negro, fronteira com a Colômbia que habitam a região a mais de dois mil anos. Pertencem às famı́lias linguı́sticas: Aruak, Maku e Tukano. Em algumas tribos a maloca possui divisões internas que separam as famı́lias, mas durante festividades ou cerimônias, essas divisórias internas são rearranjadas para dar espaço às danças dos homens adultos. Os Marúbo vivem na terra indı́gena Vale do Javarı́, junto com os Korubo, Mayá, Matis, Matsés, Kanamari, Kulina Pano, entre outros povos isolados. E� uma região cheia de pequenas colinas ligadas entre si por cristas e coberta pela �loresta amazônica. As casas-aldeia dos Marúbo tem planta decagonal e são construı́das no alto das colinas e rodeadas por roças. Cada casa abriga um grupo local. Em volta do cimo da colina, onde está implantada a maloca, também existem casas sobre pilotis que constituem depósitos ou o�icinas. O tamanho da maloca é proporcional à quantidade de habitantes. A casa Marúbo, assim como as casas alto-xinguanas, são construções antropomór�icas, tendo cada uma de suas partes identi�icada com as partes do corpo do Xamã. A maloca é construı́da segundo um modelo padrão, cuja planta baixa tem forma poligonal, irregular, de dez lados. Apresenta simetria em relação a um eixo longitudinal, em cujas extremidades são colocadas as portas da referida maloca. Os lados intermediários do decágono, situados nas extremidades de um eixo transversal, são maiores que os demais. Suas medidas variam entre 9 e 31 metros de comprimento, 7 e 17 metros de largura e 8 metros de altura. A maloca apresenta um total de vinte e quatro esteios, sendo oito centrais mais elevados e dezesseis periféricos dispostos em duas �ileiras paralelas aos esteios principais. Terças de madeira são amarradas sobre o topo dos esteios e sobre elas apoiam os caibros que sustentam a cumeeira e a cobertura é �inalizada com folhas de jarina amarradas na horizontal, diretamente sobre os 11/05/2021 Material Didático https://sereduc.blackboard.com/ultra/courses/_51185_1/outline/scorm/launchFrame?toolHref=https:%252F%252Fsereduc.blackboard.com%25… 11/19 caibros. A estrutura das paredes é formada por uma paliçada de troncos �inos �incados no chão que têm cerca de um metro de altura chegando até a altura da extremidade dos caibros e fechando toda a altura lateral da construção (COSTA e MALHANO, 1986, p. 68,73-74). Assista aí 3. Métodos e materiais utilizados pelos indígenas Existem pequenas variações em relação aos materiais utilizados na construção das casas indı́genas, que ocorrem em função do local dos assentamentos e das espécies vegetais disponı́veis. A estrutura principal das casas varia de acordo com a forma da planta e cobertura. As peças de madeira que formam a estrutura das casas são escolhidas por sua resistência e durabilidade e as dimensões variam de acordo com o uso: esteio, viga, caibro ou ripa, que em alguns casos são substituı́das por taquaras partidas ao meio. As taquaras, ouhastes de bambu, são �lexı́veis e, por isso, muito utilizadas em estruturas curvas como, por exemplo, coberturas em abóbada ou ogiva. Nas casas circulares com cobertura cônica, uma ou duas séries de esteios suportam as vigas e o conjunto de terças e caibros que se curvam para de�inir a forma cônica ou a cúpula da cobertura, como nas casas Tiriyó e Wayana Tukussipan. Caso se pretenda reforçar a resistência de tal elemento curvo, usa-se a técnica do enlaçamento das varas 11/05/2021 Material Didático https://sereduc.blackboard.com/ultra/courses/_51185_1/outline/scorm/launchFrame?toolHref=https:%252F%252Fsereduc.blackboard.com%25…12/19 encurvadas com cipó. Isto era observado nas antigas casas Xavante e Karajá, nas Tapirapé e Tiriyó, e ainda no alto Xingu. En�im, todas as construções cupulares e de cobertura com seção reta em ogiva ou abóbada (caso do alto Xingu) apresentam tal tipo de amarração. Na cobertura, são utilizadas folhas de palmeiras como ubim, bacaba, açaı́ ou inajá, dependendo da disponibilidade do local. Uma exceção à regra do uso de folhas de palmeira é a casa xinguana, em cuja cobertura é utilizado o sapé, preso à estrutura através do enlaçamento de molhos dessa gramı́nea. Para a �ixação das folhas de palmeira nas estruturas tanto de cobertura quanto de fechamento é utilizada também a técnica de amarração cipós, sendo os talos das folhas presos ao ripamento. Quando as paredes são independentes da cobertura, o fechamento pode ser feito com a mesma palha, mas sendo trançada diretamente na estrutura. Outras formas de fechamento podem ser utilizadas, como a paliçada composta por estacas de madeira cravadas verticalmente no solo, erguendo-se até o encontro com a cobertura. Em algumas construções são utilizadas cascas de árvoreno fechamento. No alto Xingu a taipa também é muito utilizada, não só no fechamento como também na cobertura. Segundo Costa e Malhano (1986, p. 74): Entre as maneiras de �ixar os elementos estruturais, cabe citar o enlaçamento das peças de madeira com cipó. Além da amarração, para �ixar as peças de madeira maiores e mais pesadas, também é utilizada a técnica de encaixe lateral, as peças tem as pontas escavadas criando pontos de encaixe que evitam o deslocamento produzido pelo excesso de peso. Como não poderia deixar de ser, a casa e a aldeia indı́gena procuram atender às necessidades básicas de vida comunitária e à observância de caracterı́sticas locais: topogra�ia, clima e materiais de construção disponı́veis. As construções indı́genas se fundem com o local onde estão implantadas, pois sua matéria- prima vem diretamente da natureza que a circunda, ao mesmo tempo que a organização do espaço, seguindo as necessidades e tradições culturais das tribos, contrasta com o ambiente natural. A amarração – chamamos amarração ao conjunto de procedimento técnicos visando a �ixar os elementos construtivos incluı́dos na estrutura ou revestimento. Todos os grupos indı́genas brasileiros empregam o cipó na técnica de amarração por enlace. Usavam-no os Karajá para a construção da casa antiga. O encaixe lateral, assim como a técnica mista (encaixe lateral conjugado ao enlaçamento), são correntes entre os Tiriyó. O encaixe em topo é utilizado no alto Xingu, e também entre os Tukâno. 4. Cultura arquitetônica e urbanística portuguesa na época do Descobrimento 11/05/2021 Material Didático https://sereduc.blackboard.com/ultra/courses/_51185_1/outline/scorm/launchFrame?toolHref=https:%252F%252Fsereduc.blackboard.com%25… 13/19 Em virtude de sua localização, o território português foi, ao longo dos séculos, alvo de interesse de vários povos que ocuparam o território. Na Antiguidade, o mar Mediterrâneo interligava diferentes civilizações que, através da navegação constituı́ram uma rede comercial de extrema importância para a economia desses diferentes povos. Por volta do século III a. C., sofreu as colonizações do Mediterrâneo oriental, com as feitorias fenı́cias, gregas e cartaginesas que se implantaram no território, estimulando o desenvolvimento da região e deixando suas in�luências marcadas na cultura local. Com o �im das Guerras Púnicas, a região passou a ser ocupada pelos romanos no século II a.C. No século V, é a vez da região ser ocupada pelos povos chamados “bárbaros” pelos romanos, os suevos, vândalos, alanos, francos e visigodos. A partir do século VIII, tem inı́cio a invasão árabe, que dura até o século XIII. Apesar dos territórios sob o domı́nio desses vários povos por vezes estarem sobrepostos, o Norte de Portugal �icou marcado do ponto de vista cultural e civilizacional, pela in�luência da Europa central, enquanto o Sul adquiriu um caráter mediterrânico. Essa diferenciação é acentuada pelas caracterı́sticas climáticas das duas regiões e também pela matéria-prima disponı́vel para a construção em cada uma delas. Ao Norte, desenvolveu-se a civilização do granito; enquanto no Sul, a matéria-prima dominante era o barro. Essa diversidade cultural tomou forma através da arquitetura e da con�iguração dos espaços urbanos portugueses, de�inindo caracterı́sticas especı́�icas que diferenciam Portugal no contexto da tradição urbana europeia. #PraCegoVer: Na imagem, há uma cidade com arquitetura de caracterı́sticas coloniais coloridas. Figura 2 - Cidade brasileira com caracterı́sticas coloniais Fonte: Shutterstock 108994037 41. Influências que marcaram a identidade urbana portuguesa Os castros, ou citânias, eram núcleos de povoamento que, no perı́odo pré-romano, ocupavam os pontos dominantes do território que, mais tarde, vem a se tornar Portugal. As principais caracterı́sticas de assentamento praticadas por essa civilização pré-romana, permaneceu em muitas cidades portuguesas, bem como nas cidades coloniais construı́das por Portugal no contexto da expansão ultramarina. Seguindo essa tradição, as cidades têm seu núcleo primitivo erigido no topo de uma colina proeminente, a partir da qual se desenvolvem. São várias as caracterı́sticas do mundo mediterrâneo que subsistiram na tradição urbana portuguesa: a localização privilegiada dos núcleos urbanos na costa marı́tima; a escolha de lugares elevados para a implantação do núcleo defensivo; a adaptação do traçado à topogra�ia; a estruturação do núcleo urbano em cidade alta, que engloba os núcleos institucional, polı́tico e religioso, e em cidade baixa dedicada as atividades portuária e comercial. A conformação urbana que segue as linhas naturais do território também é uma caracterı́stica da cultura castreja do norte da penı́nsula, uma das mais antigas expressões da civilização do granito e que subsistiu até à ocupação romana (TEIXEIRA, 2012, p.23). 11/05/2021 Material Didático https://sereduc.blackboard.com/ultra/courses/_51185_1/outline/scorm/launchFrame?toolHref=https:%252F%252Fsereduc.blackboard.com%25… 14/19 Com a ocupação romana, do século II a.C. ao século V d.C., várias cidades são fundadas e os romanos são responsáveis pela realização de grandes obras de infraestrutura que aceleram o desenvolvimento da região, como pontes, estradas e aquedutos. A ordenação do território seguindo os preceitos romanos contribuı́a para a romanização das populações conquistadas. A regularidade do traçado criava um cenário comum a todos que viviam sob o domı́nio romano. O Castrum, uma bem-sucedida estratégia de simbolização utilizada para dividir a cidade em quatro seções usando o cruzamento de eixos viários monumentais como lugar simbólico, reunia tanto os poderes administrativos quanto o povo. Os princı́pios urbanı́sticos baseados na regularidade, na racionalidade e na geometria foram impostos também às cidades já existentes e visavam a circulação de pessoas e de mercadorias, fatores indispensáveis para uma economia mercantil em larga escala como a romana. As cidades de Braga, Beja e E�vora, entre outras, mantêm ainda hoje as marcas da presença romana. Essa herança cultural, partilhada por tantos outros paı́ses europeus se traduz em formas urbanas baseadas na geometria e na regularidade. O urbanismo português está incluı́do nessa cultura urbana europeia, mas apresenta especi�icidades que são resultado tanto de seu posicionamento geográ�ico quanto das outras tantas in�luências culturais incorporadas ao longo de sua história. O império romano foi desestruturado pela sequência de invasões bárbaras que têm inı́cio no século IV. A população deixou as cidades em direção ao meio rural, que sofria menos ataques dos invasores. As grandes propriedades rurais passaram, então a representar o papelantes desempenhado pelas cidades. Nos feudos, o castelo inicialmente construı́do de madeira e depois de pedra, tornou-se o centro polı́tico. Com o passar dos séculos, os feudos já não dispunham de terras su�icientes para a população em constante crescimento, assim as cidades voltam a ser ocupadas e surgem novos núcleos mercantes, estabelecendo uma vasta rede de comércio entre os burgos, fortalecendo a burguesia, um segmento da sociedade até então pouco relevante na pirâmide social. Após a conquista muçulmana do século VIII, e durante sua permanência em território português, até o século XIII, sua cultura urbana �icou inscrita em muitas cidades. Vários fatores determinavam a forma da cidade islâmica: as condições materiais e ambientais do espaço em que se implantavam e os fatores culturais e religiosos. Em relação aos primeiros, a presença muçulmana contribuiu para o reforçar as caracterı́sticas mediterrâneas já presentes nas cidades do Centro e do Sul, ocupadas e adaptadas às suas necessidades. Muitas caracterı́sticas que habitualmente se atribuem à cidade muçulmana ibérica são antes caracterı́sticas da cidade mediterrânea, segundo TEIXEIRA (2012). Essas caracterı́sticas são visı́veis nos critérios de localização, na escolha dos sı́tios para a implantação dos núcleos urbanos, na capacidade de adaptação ao terreno e na organização funcional da cidade. As cidades islâmicas eram situadas de forma a dominar grandes percursos de água, tais como Al-Usbuna (Lisboa), Santarim (Santarém), Kulümriyya (Coimbra), Märtula (Mértola) ou Silb (Silves). Cidades estas que reciclaram espaços, estruturas e materiais do perı́odo romano. O granito encontrado em grande quantidade no Norte de Portugal era matéria-prima muito utilizada na construção castreja e mesmo antes dela e também depois pelos romanos e permanece até os dias de hoje. Existe, em função do uso de matérias- primas distintas na arquitetura, a de�inição de civilização do granito para a região norte e civilização do barro para região sul (RIBEIRO, 2013, p. 17-45). 11/05/2021 Material Didático https://sereduc.blackboard.com/ultra/courses/_51185_1/outline/scorm/launchFrame?toolHref=https:%252F%252Fsereduc.blackboard.com%25… 15/19 Na arquitetura desse perı́odo foram adotadas várias soluções e técnicas construtivas originalmente árabes para a resolução de problemas de ordem estrutural dos edifı́cios. Os arcos ferradura, as arcadas de colunas com capitéis, por vezes, ricamente trabalhados com motivos árabes, foram soluções estruturais largamente utilizadas nesse perı́odo. 4.2 Formação do Estado Português (século XIII) No ano de 1139, Afonso Henriques de Borgonha tornou seu território (o condado Portucalense localizado no extremo norte ocidental da Penı́nsula Ibérica) independente. Durante a dinastia de Borgonha, Portugal deu continuidade as guerras de Reconquista, ampliando seu território em direção ao sul. Reconquista é o processo histórico em que os reinos cristãos da Penı́nsula Ibérica procuraram dominar a região durante o perı́odo do Alandalus. Este processo decorreu entre 718 ou 722 (data provável da Batalha de Covadonga, liderada por Pelágio das Astúrias) e 1492, com a conquista do Reino de Granada pelos reinos cristãos. O controlo progressivo da penı́nsula ganhou destaque por ter possibilitado a fundação de novos reinos cristãos como o Reino de Portugal e o Reino de Castela, precursores de Portugal e de Espanha. Com a morte do último rei da dinastia Borgonha e a ascensão de D. João I, iniciou-se da dinastia de Avis que marcou a vitória dos interesses burgueses, fortalecidos pelo surgimento de uma nova rota comercial que ligava as cidades italianas à região da Flandres, fazendo escala em Lisboa. Tendo sido o novo monarca apoiado pela burguesia, ele agiu de acordo com seus interesses e, assim, são criadas as condições necessárias para a expansão marı́tima em busca de novas terras. Ao �inal do perı́odo da Reconquista, uma das primeiras preocupações do poder cristão em Portugal foi eliminar de imediato qualquer in�luência visı́vel da presença muçulmana no território português, resgatando a fé cristã. As medidas tomadas pelo Estado incluı́am a descaracterização dos edifı́cios públicos que continham traços da arquitetura árabe, eliminando vestı́gios da técnica ou elementos caracterı́sticos. Mesquitas foram demolidas ou transformadas para atender a ofı́cios religiosos cristãos. Mas as técnicas construtivas e certos elementos arquitetônicos não puderam ser completamente eliminados do conhecimento popular. Alguns elementos que sobreviveram aos ataques cristãos são os azulejos, os ferros forjados e os objetos de luxo como tapetes, trabalhos em couro e metal. Na arquitetura, principalmente as muralhas e castelos, mantiveram seu estilo bem como o traçado de ruelas e becos de algumas cidades do sul do paı́s. São testemunhos da ascendência árabe os terraços das casas algarvias (região Sul de Portugal) e outros exemplos emblemáticos da in�luência arquitetônica árabe em Portugal seriam: o Castelo de Silves no Algarve, o Castelo dos Mouros em Sintra, o Castelo e a Igreja Matriz de Mértola, que são de um reaproveitamento cristão da antiga mesquita muçulmana. No perı́odo da Reconquista estão presentes em Portugal os seguintes estilos arquitetônicos: Românico (1100 – 1230) Nos tempos que seguiram à queda do Império Romano não houve o surgimento de nenhum estilo original até o século XII, com o surgimento do românico fortemente inspirado pelo Cristianismo e que foi usado principalmente na construção de igrejas. Sob o comando do Conde D. Henrique, fundador da Casa de Borgonha em Portugal, um conjunto de nobres e monges franceses implantaram, de forma gradual, o românico no paı́s. Durante a Reconquista foram construı́das muitas igrejas como forma de recuperar a fé cristã em Portugal, e essas igrejas foram construı́das no estilo românico. A caracterı́stica inerente à arquitetura românica é o arco de volta perfeita presente nas portas, janelas, arcadas, abóbadas e ainda em muitos detalhes decorativos. As primeiras igrejas tinham telhados de madeira que foram gradualmente sendo substituı́dos por abóbadas construı́das em pedra. Esse peso extra exigia que a estrutura fosse reforçada com contrafortes lisos encostados às paredes. As torres altas poderiam ter planta circular, quadrada ou octogonal e os edifı́cios possuı́am janelas pequenas por motivos estruturais. A planta da igreja românica é sempre em cruz. 11/05/2021 Material Didático https://sereduc.blackboard.com/ultra/courses/_51185_1/outline/scorm/launchFrame?toolHref=https:%252F%252Fsereduc.blackboard.com%25… 16/19 Em Portugal, o Românico sofre in�luência francesa dando origem a igrejas orientadas para Oeste, normalmente com duas torres-campanário e três naves em abóbada de berço e a igrejas orientadas para o leste, com três naves cobertas por abóbadas de berço e uma torre- campanário sobre o transepto. Contudo, as igrejas românicas portuguesas fugiram um pouco ao estilo original assemelhando-se mais a grandes fortalezas devido às paredes grossas e poucas aberturas. Gótico (c.1230 - c.1450) O estilo gótico nasceu na França e parte, a princı́pio, de inovações técnicas que permitem a construção de edifı́cios mais arrojados do que os do perı́odo anterior. O método construtivo que utilizava dois arcos transversais para construir as abobadas das igrejas permitia a edi�icação de estruturas mais altas e leves, e permitia a abertura de grandes janelas já que não havia mais a necessidade das grossas paredes de pedra que antes suportavam a estrutura. Os construtores descobriram que os pilares eram su�icientes para sustentar os arcos da abóboda, abrindo espaço para os grandes panos de vidro que vieram a substituir as paredes de pedra, que antes faziam o fechamento dos edifı́cios. O estilo gótico era focado sobretudo nas construções religiosas e em Portugal prolongou-seaté o século XV através do estilo Manuelino. O Gótico chegou mais tarde a Portugal do que no resto da Europa, concentrando-se fundamentalmente no centro do paı́s, onde muitas igrejas e sés construı́das no estilo românico sofreram adaptações e foram alargadas com um transepto gótico ou com elementos desse estilo. O Mosteiro de Alcobaça (construção iniciada em 1178) foi o primeiro edifı́cio gótico a ser construı́do em Portugal, em conjunto com o Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, um dos mais importantes mosteiros medievais portugueses. O estilo gótico pode ser dividido em três perı́odos: o gótico primitivo, o gótico clássico e o gótico tardio ou �lamejante. Cada um destes perı́odos com suas próprias particularidades. 4.3 Período dos Descobrimentos (1415-1543) Com motivações de ordem econômica, em 1419, o Infante Dom Henrique reuniu na vila de Lagos vários especialistas com o objetivo de investigar os mistérios da navegação transoceânica, o que permitiu a Portugal o pioneirismo nas grandes navegações. Os lucros do comércio de especiarias nas primeiras décadas do século XIV permitiram o surgimento de um estilo arquitetônico luxuoso, uma categoria do estilo Gótico tardio e que veio a �icar conhecido como estilo Manuelino por ter sido empregado nos edifı́cios construı́dos durante o reinado de Manuel I. A Era dos Descobrimentos é o perı́odo em que acontece o conjunto de conquistas realizadas pelos portugueses nas explorações marı́timas entre 1415 e 1543. Tem seu inı́cio com a conquista de Ceuta no continente africano. Com o �im do perı́odo da Reconquista, os portugueses se voltaram à procura de rotas alternativas que poderiam trazer mais riquezas do que as já conhecidas rotas de comércio no Mediterrâneo. Portugal realizou importante avanços tecnológicos que permitiram aos seus navios viajar com segurança em mar aberto cobrindo enormes distâncias. O estilo Manuelino está inserido na corrente arquitetônica denominada como gótico tardio ou �lamejante que acontece em toda a Europa. No século XIV, as cidades haviam se convertido em grandes centros de comércio. Esse estilo passou a ser aplicado na construção das casas particulares dos nobres e burgueses e em edifı́cios públicos em contraste com os perı́odos anteriores, quando o gótico era aplicado quase que exclusivamente na construção de catedrais. Os construtores do século XIV já não se contentavam em reproduzir as formas das catedrais góticas tradicionais e também era cada vez mais comum a encomenda de edifı́cios grandiosos que não tinham nenhuma relação com a igreja. As cidades se desenvolviam com grande rapidez. Dessa forma, buscaram exibir suas habilidades decorativas cobrindo os edifı́cios com rendilhados complexos utilizando os mais variados temas. De acordo com Gombrich (1993, p. 156): “Nas cidades prósperas e em permanente expansão, muitos edifı́cios seculares tiveram que ser projetados e construı́dos: municipalidades, sedes das guildas e corporações, universidades, palácios, pontes e portas das cidades”. 11/05/2021 Material Didático https://sereduc.blackboard.com/ultra/courses/_51185_1/outline/scorm/launchFrame?toolHref=https:%252F%252Fsereduc.blackboard.com%25… 17/19 Em Portugal não foi diferente, apesar do estilo ter chegado com atraso em relação ao resto da Europa. São poucas as diferenças do Manuelino em relação ao gótico �inal de outros paı́ses europeus, seguindo a tendência de homogeneizar os espaços internos, que nas igrejas se materializava na preferência por naves de mesma altura dando, assim, unidade ao espaço interno, ausência de transepto e cabeceira regular em oposição às plantas em cruz. Nos edifı́cios civis, as plantas retangulares também prevalecem e as fachadas são ricamente decoradas. Os motivos mais presentes na decoração são os naturalistas marinhos, cordas e uma rica variedade de animais e motivos vegetais. O estilo revela o crescente gosto pelo exotismo, desde o inı́cio da expansão marı́tima. O primeiro edifı́cio manuelino conhecido é o Mosteiro de Jesus de Setúbal, construı́do entre 1490 e 1510, do arquiteto Diogo Boitaca, considerado um dos criadores do estilo. Assista aí 4.4 Resultados formais das influências sobre as cidades portuguesas no século XV 11/05/2021 Material Didático https://sereduc.blackboard.com/ultra/courses/_51185_1/outline/scorm/launchFrame?toolHref=https:%252F%252Fsereduc.blackboard.com%25… 18/19 O modelo que regiu o desenvolvimento urbano português, presente em todos os momentos históricos, vem da sua herança mediterrânea, de natureza vernacular e é percebida principalmente pelo fato das vias principais acompanharem a topogra�ia natural existente e a utilização das partes altas do terreno (dominantes) para a implantação dos edifı́cios notáveis. Sendo assim, a conformação �inal da cidade construı́da é uma expressão do território onde foi criada, as vias seguem a natureza do terreno e naturalmente levam aos pontos dominantes, marcados com a presença de edifı́cios importantes e também para as praças construı́das para acompanhar esses edifı́cios. Essa vertente de urbanização de�inida por Teixeira (2012) como vernacular gera uma grande diferenciação entre os espaços, uma variedade de formas que torna a cidade mais legı́vel e permite que cada área tenha uma identidade própria. Estes princı́pios vão, mais tarde, ser disseminados pelas colônias portuguesas ao redor do mundo dando origem a cidades que apresentam caracterı́sticas morfológicas especı́�icas que as distinguem dos espaços urbanos de outras culturas. Apesar de ser possı́vel encontrar essas caracterı́sticas morfológicas, consideradas individualmente, em outros contextos históricos e geográ�icos, a articulação desses elementos e sua sı́ntese são especi�icamente portuguesas. As especi�icidades da cidade de origem portuguesa têm a ver com muitos aspectos: suas heranças culturais já apresentadas aqui nas culturas dos vários povos que ocuparam a região antes dela se tornar Portugal e �icaram sedimentadas no conhecimento popular, sendo adaptadas umas às outras. A lógica empregada para a escolha dos sı́tios onde foram implantados os núcleos urbanos, seguindo a tradição mediterrânea pré-romana e a in�luência árabe que formou vários núcleos em Portugal. As formas primordiais na construção do traçado urbano são uma combinação da herança geométrica romana e seus traçados regulares e cruzamentos simbólicos lugar de praças e edifı́cios públicos importantes e os elementos árabes que concebem vias em concordância com a topogra�ia natural do terreno que naturalmente levam aos pontos topográ�icos de destaque. A hierarquia entre os diversos elementos de referência do território criando uma percepção rica e heterogênea do espaço urbano, as praças e seu papel na organização urbana, as estruturas de quarteirão e de loteamento e os processos de planejamento e de construção da cidade. No século XV as principais cidades do paı́s passam por programas de modernização urbana, associando a intervenção urbana com a arquitetura. Em meados do século XV, D. Afonso V, preocupado com a harmonia estética e funcionamento do espaço urbano de Lisboa decretouque “as casas deveriam passar a ser construı́das com paredes de pedra e cal sobre arcos de cantaria” (TEIXEIRA, 2012, p. 76). No século XVI, o processo de modernização continua pelas mãos de D. Manuel I realizou grandes reformas nos espaços públicos existentes e regulamentou o ordenamento das áreas urbanas em expansão dotando essas áreas de equipamentos urbanos e espaços públicos: Como consequência, os traçados urbanos portugueses raramente eram geometricamente rigorosos. Além de suas referências geométricas, tais traçados adaptavam-se à topogra�ia, à hidrogra�ia e ao ambiente fı́sico de seus locais de implantação, sendo frequentemente subvertidos para uma melhor adequação ao terreno, sob o ponto de vista funcional, formal ou simbólico. Essa plasticidade dos traçados urbanosportugueses não se traduzia, contudo, em estruturas amorfas. Pelo contrário, as cidades portuguesas eram estruturadas e hierarquizadas, facilmente legı́veis e paisagisticamente valorizadas. Essa adaptação ao território e ao clima e sua não sujeição a rı́gidos princı́pios geométricos produziram cidades eminentemente maleáveis e adaptáveis às diferentes circunstâncias que surgiram ao longo do tempo. O urbanismo português, de forma geral, seguiu um plano com base em uma regularidade subjacente a seu traçado, ainda que nem sempre de uma forma explı́cita, mas que leva em consideração as particularidades do sı́tio e as explora, nomeadamente, por meio da de�inição das principais vias estruturantes sobre as linhas naturais do território e da criteriosa localização dos edifı́cios notáveis em posições dominantes (TEIXEIRA, 2012, p. 36). É ISSO AÍ! 11/05/2021 Material Didático https://sereduc.blackboard.com/ultra/courses/_51185_1/outline/scorm/launchFrame?toolHref=https:%252F%252Fsereduc.blackboard.com%25… 19/19 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: Conhecer a história dos povos pré-cabralinos; Estudar a configuração das aldeias indígenas com base em elementos culturais tradicionais; Conhecer os diferentes tipos de casa construídas por esses povos; Aprender sobre a história da formação de Portugal; Conhecer as influências culturais estrangeiras que deram forma à arquitetura e ao urbanismo português; Estudar o estilo manuelino, em uso no país na época do descobrimento. REFERÊNCIAS CAMINHA, P. V. A carta de Pero Vaz Caminha, 1500. Disponı́vel em: http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/carta.pdf Acesso em: 15/01/2020. COSTA, M. H. F. et. al.. “Habitação indı́gena brasileira”. In: RIBEIRO, Berta G. (Org.). SUMA etnológica brasileira. Petrópolis: Vozes, 1986. p. 68,73-74. COUTO, J. A construção do Brasil. Lisboa: Cosmos, 1995. DERENJI, J. “Indı́gena”. In: MONTETEZUMA, Roberto (Org.) Arquitetura Brasil 500 anos: uma invenção recı́proca. Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2002. GOMBRICH, E. H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 1993. IBGE. CENSO demográ�ico 2010. Disponı́vel em: (IBGE,2010). https://censo2010.ibge.gov.br/noticias- censo?busca=1&id=3&idnoticia=2194&t=censo-2010-poblacao-indigena-896-9-mil-tem-305-etnias-fala- 274&view=noticia, Acesso em 07/12/2019 ISA, Instituto Socioambiental. Povo Yawalapiti. 2019a. Disponı́vel em: Acesso em 07/12/2019 _____. Povo Karajá. 2019b. Disponı́vel em: Acesso em 07/12/2019. _____. Povo Xavante. 2019c. Disponı́vel em: Acesso em 07/12/2019. _____. Povo Timbira. 2019d. Disponı́vel em: Acesso em 07/12/2019. LADEIRA, M. E. Uma aldeia Timbira. In NOVAES, Sylvia Caiuby (Org.) Habitações indígenas. São Paulo: Nobel; Edusp, 1983. MATTOSO, J. (Direção). América do Sul: Patrimônio de origem portuguesa no mundo. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2010. MENDES, F.R. Arquitetura no Brasil: de Cabral a D. João VI. Rio de Janeiro: Imperial Novo Milênio, 2011. MOUTINHO, M. C. A arquitectura popular portuguesa. Lisboa: Editorial Estampa, 1979. NEVES, E. G. “Os ı́ndios antes de Cabral: arqueologia e históriaindı́gena no Brasil”. In: SILVA, Aracı́ Lopes; GRUPIONI, Luı́s D.B. (Org.). A temática indígena na escola: novos subsı́dios para professores do 1° e 2° graus. Brası́lia: MEC/MARI/UNESCO, 1995. NOVAES, S. C. (Org.). Habitações indígenas. São Paulo: Nobel; Edusp, 1983. PERRONE-MOISE�S, L. Vinte Luas: viagem de Palmier de Gonneville ao Brasil 1503-1505. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. RIBEIRO, O. Geogra�ia e civilização: temas portugueses. Lisboa: Letra Livre, 2013. SA� , C. Observações sobre a habitação em três grupos indı́genas brasileiros. In NOVAES, S. C. (Org.). Habitações indígenas. São Paulo: Nobel; Edusp, 1983. STADEN, H. Suas viagens e cativeiro entre os índios do Brasil. São Paulo: Nacional, 1945. TEIXEIRA, M.l C. A forma da cidade de origem portuguesa. São Paulo Ed. Unesp: Imprensa O�icial do Estado de São Paulo, 2012. VELTHEM, L. H. Onde os Wayana penduram suas redes? In NOVAES, S. C. (Org.). Habitações indígenas. São Paulo: Nobel; Edusp, 1983.
Compartilhar