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HISTÓRIA DA ARQUITETURA MATERIAL AVA UNI 01

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11/05/2021 Material Didático
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HISTÓRIA DA ARQUITETURA E URBANISMO IIHISTÓRIA DA ARQUITETURA E URBANISMO II
OS POVOS PRÉ-CRABALINOSOS POVOS PRÉ-CRABALINOS
Angélica Linhares BuchmayerAngélica Linhares Buchmayer
11/05/2021 Material Didático
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OLÁ!
Você está na unidade Os	povos	pré-cabralinos.
Aqui você vai conhecer a história dos povos que
habitavam o Brasil pré-colonial, as
caracterı́sticas da arquitetura construı́da por
eles e seus métodos construtivos e materiais de
construção. Também conhecerá a arquitetura e
as caracterı́sticas do urbanismo português do
século XVI, bem como as suas origens.
Bons estudos!
1 Brasil pré-colonial
A Carta de Pero Vaz de Caminha (1500) é considerada o primeiro documento escrito da história do Brasil.
Em suas quatorze páginas, ela relata a chegada da frota comandada por Pedro A� lvares Cabral ao território
denominado de Ilha Vera Cruz. A carta foi redigida para comunicar o rei D. Manuel I. E� nesta carta que se
encontra a primeira referência à arquitetura dos nativos em um curto relato sobre uma visita, de parte da
tripulação da nau portuguesa, à aldeia dos nativos: 
E segundo depois diziam, foram bem uma légua e meia a uma povoação, em
que haveria nove ou dez casas, as quais diziam que eram tão compridas,
cada uma, como esta nau capitaina. E eram de madeira, e das ilhargas de
tábuas, e cobertas de palha, de razoável altura; e todas de um só espaço, sem
repartição alguma, tinham de dentro muitos esteios; e de esteio a esteio uma
rede atada com cabos em cada esteio, altas, em que dormiam. E de baixo,
para se aquentarem, faziam seus fogos. E tinha cada casa duas portas
pequenas, uma numa extremidade, e outra na oposta. E diziam que em cada
casa se recolhiam trinta ou quarenta pessoas, e que assim os encontraram; e
que lhes deram de comer dos alimentos que tinham, a saber muito inhame,
e outras sementes que na terra dá, que eles comem. E como se fazia tarde
�izeram-nos logo todos tornar; e não quiseram que lá �icasse nenhum.
11/05/2021 Material Didático
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A região que serviu de primeiro porto aos portugueses, hoje Porto Seguro, era habitada por duas nações
indı́genas do grupo linguı́stico tupi: os Tupinambás, que ocupavam a faixa compreendida entre Camamu e
a foz do rio São Francisco; e os Tupiniquins em uma área que se estendia de Camamu até a fronteira entre
Bahia e Espı́rito Santo. Seguindo para o interior, encontrava-se a área ocupada pelos Aimorés.
A história dos povos pré-crabalinos
A história dos antigos povos indı́genas do Brasil é baseada em três ramos distintos de informação
disponı́vel atualmente, que são: os relatos deixados pelos exploradores e pesquisadores que
visitaram o paı́s nos séculos que se seguiram ao descobrimento; as pesquisas realizadas por
arqueólogos em sı́tios antes habitados por esses povos; e os trabalhos realizados, principalmente
por etnólogos, nas últimas décadas que nos permitem conhecer a cultura e costumes atuais dos
povos indı́genas.
Os exploradores europeus faziam levantamento das terras a�im de informar à coroa portuguesa o
que haviam encontrado nas novas terras do rei. Outra parte dos relatos antigos foi feita por
naturalistas que, curiosos sobre o “novo mundo”, vieram ao Brasil com intuito de conhecer as suas
terras. Segundo Derenji (2002, p. 26-27), foram várias as expedições realizadas nos primeiros
séculos após o descobrimento. A expedição de Palmier de Gonneville chegou a Santa Catarina em
janeiro de 1504 e em seus relatos constam referências às tribos nativas e às suas habitações:
A expedição do normando Jean de Léry visitou o paı́s no perı́odo de 1555 a 1557 e o pesquisador
faz um relato minucioso sobre a cultura dos povos nativos, mas segundo Derenji (2002, p. 26-27)
sem abordar sua arquitetura. O autor cita ainda o explorador alemão Hans Staden que fez duas
viagens ao Brasil, respectivamente em 1548 e em 1551e deixou descrições sobre as aldeias dos
Tupinambá onde foi feito prisioneiro (STADEN, 1945 p. 35, apud DERENJI, 2002, p. 27):
A expedição do normando Jean de Léry visitou o paı́s no perı́odo de 1555 a 1557 e o pesquisador
faz um relato minucioso sobre a cultura dos povos nativos, mas segundo Derenji (2002, p. 26-27)
sem abordar sua arquitetura. O autor cita ainda o explorador alemão Hans Staden que fez duas
Formam aldeias de trinta, quarenta, cinquenta ou oitenta cabanas,
feitas à maneira de galpões com estacas unidas umas às outras,
ligadas por ervas e folhas, com as quais os ditos habitantes são
igualmente cobertos; e têm por chaminé um buraco, para fazer sair
fumaça. As portas são bastões corretamente ligados; e eles as fecham
com chaves de madeira, quase como as que usam, nos campos da
Normandia, nos estábulos.
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viagens ao Brasil, respectivamente em 1548 e em 1551e deixou descrições sobre as aldeias dos
Tupinambá onde foi feito prisioneiro (STADEN, 1945 p. 35, apud DERENJI, 2002, p. 27):
Outros registros importantes sobre os costumes dos povos indı́genas realizados nessa fase inicial
da colonização do Brasil são citados ainda por Derenji (2002, p. 28), um deles é o trabalho de
Ferdinand Dénis publicado pela primeira vez em 1888, onde são descritos os costumes e as
habitações dos ı́ndios Tupinambá.
Levantam cabanas de mais ou menos 14 pés de largura por 150 de
comprimento e duas braças de alto, com tetos redondos, como
abóbada. Cobrem-nas depois com folhas de palmeira de modo que
não chova dentro. Ninguém tem quarto separado; cada casal ocupa
na cabana um espaço de uns 12 pés, e �ica um casal ao lado do outro.
Enchem-se, assim, as cabanas, cada grupo com seu fogo. O chefe
ocupa o centro. As cabanas em geral têm três entradas, uma em cada
extremo e uma no centro, são muito baixas, de modo que, para entrar,
as criaturas precisam curvar-se. Poucas aldeias têm mais que sete
dessas cabanas. 
A história do explorador alemão Hans Staden virou �ilme em 1999. O relato se passa
no século XVI, durante a segunda viagem de Staden ao Brasil. Dois anos após sua
chegada, ele foi capturado pelos ıńdios Tupinambá, da tribo Ubatuba no litoral de São
Paulo, dos quais permaneceu refém por nove meses. Quando foi libertado e voltou
para Europa, Staden lançou o livro “Duas Viagens ao Brasil”, publicado originalmente
em 1557 na Alemanha. O livro foi um grande sucesso na época de seu lançamento e é
considerado um dos mais importantes documentos sobre o Brasil Colônia. A direção do
�ilme “Hans Staden” é de Luıś Alberto Pereira.
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Outra fonte de informação sobre a história dos povos do Brasil pré-colonial são as pesquisas
arqueológicas contemporâneas, que permitem a obtenção de dados sobre os povos que viveram no
Brasil no perı́odo do descobrimento. Eles estudam os vestı́gios deixados pelas tribos que já não
existem, buscando construir um quadro completo da cultura desses povos. No Brasil, essa tarefa se
caracteriza como particularmente difı́cil, porque os amerı́ndios que habitavam a américa
portuguesa utilizavam como principal matéria-prima tanto de suas construções quanto de seus
artefatos do uso cotidiano, a palha, um material frágil e de duração curta em comparação, por
exemplo, com as civilizações indı́genas da américa espanhola que utilizavam pedra como matéria-prima de suas construções, Incas e Astecas entre outros povos.
Somam-se ainda os estudos etnográ�icos realizados por antropólogos, etnógrafos, arquitetos entre
outros tantos pesquisadores, que visitam as tribos remanescentes nos nossos dias e, a partir
destes dados, tentam identi�icar o que ainda é original de seus antepassados; quais costumes e
tecnologias foram mantidas através do tempo e ainda podem servir como testemunho de seus
costumes na época do descobrimento; o que não foi transformado através do contato com a
civilização ou com os povos “civilizados”; e quais costumes foram adquiridos e adaptados à sua
realidade.
Todas essas obras contêm testemunhos de povos que desapareceram ou mudaram seu modo de
ser. Com base nesses estudos e relatos, é possı́vel obter dados sobre o tamanho das comunidades,
movimento das populações, relações entre as tribos e as in�luências externas sofridas. Face à
ruptura demográ�ica e social promovida pela colonização portuguesa, é preciso entender que os
padrões de organização social e de manejo dos recursos naturais das populações indı́genas que
ocupam o território brasileiro atualmente oferecem indı́cios dos padrões das sociedades pré-
coloniais.
O processo de colonização causou o extermı́nio de milhares de indı́genas por causa do contato
direto e indireto com os europeus e as doenças por eles trazidas e a violência contra os grupos que
resistiram à colonização. A população que se acredita ter sido de milhões caiu para cerca de 150
mil em meados do século XX. Apesar da impossibilidade de se quanti�icar a população indı́gena da
época do Descobrimento com exatidão, o arqueólogo Eduardo Góes Neves indica estimativas de
que “a população nativa do continente chegava, à época da conquista, a mais de cinquenta e três
milhões de pessoas, sendo que só a bacia Amazônica teria mais de cinco milhões e seiscentos mil
habitantes” (1995, p. 173). Tais �iguras não são, no entanto, aceitas unanimemente, já que os
documentos usados para a elaboração dessas estimativas não fornecem dados exatos.
Calcula-se que antes do descobrimento eram faladas mais de 1300 lı́nguas nativas. Atualmente, são
contabilizadas 274 lı́nguas pelo IBGE, mas muitas delas correm risco de desaparecer pois possuem
poucos falantes e não estão devidamente documentadas. As lı́nguas indı́genas se dividem em dois
grandes troncos linguı́sticos, o tupi e o macro-jê. O total de tribos classi�icadas chega a 216
(IBGE,2010).
Os povos indı́genas brasileiros são formados por diferentes grupos étnicos, parte do grupo maior
dos povos amerı́ndiosque habitam o Brasil.Estudos arqueológicos recentes estabelecem a chegada
dos primeiros habitantes do Brasil à Bahia e ao Piauı́ entre 20 mil e 40 mil anos atrás.
No inı́cio do século XVI, quando tem inı́cio a colonização do Brasil, a população nativa era
composta por tribos seminômades que subsistiam da coleta, caça, pesca e agricultura de
subsistência. Periodicamente, a aldeia mudava de lugar, conforme os recursos naturais das regiões
ocupadas se esgotavam.Essa transferência permitia que as áreas antes ocupadas e exploradas pelas
tribos tivessem tempo de se recuperar e voltar a produzir.
í
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Assista aí
2. Formas de morar e viver dos indígenas
#PraCegoVer: Na imagem, há 3 ı́ndios fazendo um ritual.
Os povos amerı́ndios espalhados pelo continente americano possuem caracterı́sticas bastante diversas,
algumas delas baseadas no ambiente em que existiam. Em outros paı́ses da América do Sul, os amerı́ndios
desenvolveram uma arquitetura bastante diversa dos povos situados no Brasil e paı́ses limı́trofes. As
construções andinas, de pedra, e outras construções de material duradouro, como a argila, descobertas
pelos arqueólogos, são testemunhos de civilizações altamente desenvolvidas, urbanas e letradas que
viviam em uma sociedade complexa e com alta capacidade tecnológica. Alguns grupos chegaram a
desenvolver grande poderio militar e riqueza material, realizando grandes obras de engenharia para
adequação do ambiente natural ao seu redor. Os povos radicados no Brasil, separados dessas culturas
intensamente aprimoradas, permaneceram silvı́colas e seminômades, e, em acordo com seu modo de
vida, desenvolveram uma arquitetura leve e relativamente “efêmera”, construı́da a partir dos materiais
Figura 1 - Indı́genas brasileiros
Fonte: Shutterstock
Clique para abrir a imagem no tamanho original
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disponı́veis e de rápida construção, já que a aldeia mudava de lugar de acordo com a época do ano. O
domı́nio das técnicas de fabricação, tanto de artefatos quanto de arquitetura foi essencial para a adaptação
das tribos brasileiras ao meio ambiente (COSTA e MALHANO, 1986).
O granito encontrado em grande quantidade no Norte de Portugal era matéria-prima
muito utilizada na construção castreja e mesmo antes dela e também depois pelos
romanos e permanece até os dias de hoje. Existe, em função do uso de matérias-
primas distintas na arquitetura, a de�inição de civilização do granito para a região
norte e civilização do barro para região sul (RIBEIRO, 2013, p.17-45).
2.1 Aldeias
E� preciso de�inir os termos estabelecimento, aldeia e casa, para avançar ao estudo dos tipos de
construções indı́genas. O estabelecimento compreende toda a área usada pela tribo, incluindo
locais de caça, água, onde pescam ou se banham, e também os caminhos que levam a eles. Aldeia
engloba o conjunto de casas, a área comum, chamada de praça e os caminhos que percorrem esses
dois espaços. Já a casa, é a construção que abriga as famı́lias e seu tamanho e a quantidade de
habitantes varia de acordo com a tribo.
De uma forma geral, as tribos se apresentam como sociedades comunais, descentralizadas, mas
com certo grau de hierarquia com papéis sociais nı́tidos e divisão de trabalho entre homens e
mulheres. As tribos são compostas por várias aldeias ligadas por parentesco ou interesses
comuns. A forma das aldeias varia em função das tradições relativas a cada tribo podemos
classi�icá-las conforme a planta de situação em três tipos: aldeias circulares, lineares e
retangulares.
O formato da planta de situação das aldeias circulares pode variar entre o cı́rculo fechado, dois
semicı́rculos ou arco de cı́rculo. A planta circular de situação é amplamente difundida, sendo
encontrada na Amazônia, na região da bacia do rio Xingu e na região central do paı́s, no planalto
motogrossense. Na época do descobrimento era o modelo utilizado pelos Tupinambá (Tupı́) da
faixa litorânea. Muitas das aldeias de conformação circular apresentavam uma paliçada exterior
circundando a aldeia e outra “paliçada interna, em forma de linha poligonal quebrada”. (COSTA e
MALHANO, 1986, p. 29)
Os Yawalapiti vivem no Alto Xingu, sua população atual é 260 pessoas e pertencem ao tronco
linguı́stico aruak. O primeiro contato historicamente registrado dos Yawalapiti com não indı́genas
ocorreu em 1887, quando foram visitados pela expedição do etnólogo alemão Karl von den Steinen.
(ISA, 2019a). Seguindo o padrão alto-xinguano, a aldeia yawalapiti é circular. As casas são
dispostas ao redor da praça, espaço destinado a atividades comunitárias como celebrações, rituais,
assembleias, entre outras. No centro da praça �ica localizada a casa-dos-homens ou casa das �lautas
e é nesta casa que os homens se reúnem para realizar atividades exclusivamente masculinas. A
entrada das mulheres é proibida, salvo em algumas ocasiões. A casa das �lautas tem construção
semelhante às residências, as �lautas sagradas apapálu �icam penduradas na viga mestra e são
utilizadas nos rituais da tribo.
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As casas abrigam várias famı́lias, aparentadas entre si e seu tamanho varia de acordo com o
número de moradores. Cada casa forma uma unidade autônoma em relação às outras e contam com
uma cozinha e um depósito de alimentos comuns a todos habitantes. No espaço interno da casa as
famı́lias armam redes contiguamente. A� noite, a casa é fechada com portas feitas de madeira e palha
e cada famı́lia acende uma pequena fogueira próxima a suas redes para regular a temperatura
interna.
As aldeias lineares são alinhadas paralelamente às margens do rio, em uma ou duas �ileiras de
casas. A circulação principal é feitaem frente as casas por um caminho que ladea o rio e um
caminho secundário contorna a parte de trás. A casa-dos-homens �ica a uma certa distância das
casas e possui um caminho de acesso separado dos outros.
As aldeias Karajá estão localizadas nos Estados do Tocantins, Mato Grosso,Goiás e Pará. Os Karajá,
atualmente, têm uma população de 3768 pessoas e suas aldeias, antigas e recentes, são
constituı́das de alinhamentos de casas paralelas ao rio Araguaia, podendo ocorrer um, dois ou
mais arruamentos formados pelas �ileiras de casas; ou ainda, uma única �ileira.
Antigamente, a aldeia dos Karajá não era �ixa variando sua localização de acordo com a época do
ano. Na estação das chuvas as casas, eram construı́das afastadas das margens do rio e possuı́am
estrutura de madeira e a cobertura de palha cobria toda a casa, até o chão. Na estação seca eram
construı́das casas mais simples, construções estacionais, por estarem próximas das margens do
rio, facilitavam o abastecimento de água e a pesca. Atualmente, esse ciclo de construção
estacionais foi abandonado e as aldeias se �ixaram em locais permanentes.
Entre os textos etnográ�icos mais antigos, há a rica descrição de Paul Ehrenreich, que visitou os
Karajá em 1888, depois de ter participado da segundo viagem de Karl von den Steinen ao Alto
Xingu. Lançado em Berlim em 1891, seu trabalho foi traduzido para o Português por Egon Schaden
e publicado com introdução e notas de Herbert Baldus em 1948, com o tı́tulo “Contribuições para a
Etnologia do Brasil”, que se inicia com a seção “As tribos Karajá do Araguaia (Goiás)”. Depois temos
a descrição bastante con�iável de Fritz Krause, que viajou pelo Araguaia em 1908 e publicou “Nos
sertões do Brasil”. Instituto Socioambiental (ISA, 2019b):
A tribo dos Xavante tem uma população de cerca de 13.000 pessoas abrigadas em diversas Terras
Indı́genas que constituem parte do seu antigo território de ocupação tradicional há pelo menos 180
anos, no estado do Mato Grosso. Instituto Socioambiental (ISA, 2019c): O povo Xavante se dividia
entre uma aldeia base e acampamentos temporários, construı́dos ao longo do ano, durante as
migrações. As tribos se deslocavam por grandes distâncias pois viviam em meio a um conjunto de
bacias hidrográ�icas responsáveis pela rica biodiversidade regional. Suas viagens eram longas
chegando a durar vários meses. Os grupos de viajantes se encontravam em grandes aldeias semi-
permanentes para realizar rituais e atividades coletivas. Mesmo esses acampamentos temporários
mantinham a composição original da aldeia base na forma de uma ferradura. Os grupos se
mantinham em comunicação através de sinais de fumaça, para que pudessem se reunir durante e
também ao �inal da expedição. Atualmente, o modo se vida seminômade foi abandonado pelos
Xavante, pois grandes pedaços das terras habitadas pelos grupos foram ocupados pela agropecuária
extensiva, em especial a produção de soja.
2.2 Tipos de casas
Apesar das semelhanças nos métodos construtivos e matérias-primas empregadas pelas tribos
brasileiras, é possı́vel identi�icar as construções pertencentes aos diferentes grupos, pois tanto no
nı́vel ecológico, como no social e no religioso, assim como nos meios de adaptação às
caracterı́sticas do terreno de implantação, as construções apresentam uma grande diversidade. A
escolha do sı́tio, o tempo de permanência no local, a quantidade de famı́lias que habitarão a casa e
suas funções são fatores determinantes da forma �inale variam de acordo com a tradição cultural
de um dos povos.
Sem dúvida, o material usado para a construção de casas e abrigos varia pouco: a matéria-prima é a
madeira para esteios e travessões, as folhas de palmeira para a cobertura e as tiras de embira para a
amarração. Mesmo assim, podemos imediatamente reconhecer uma casa Xavante e distingui-la de
uma casa Yawalapiti.
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Para uma compreensão adequada da função deste espaço arquitetônico, a casa deve ser considerada
parte de contexto etnográ�ico mais amplo, em conjunto com os outros espaços ocupados pela tribo.
As casas são pensadas em conjunto com os caminhos, praça e outras casas, não de maneira
isolada.Para os grupos indı́genas é, em geral, a aldeia o ponto para elaboração da identidade, um
espaço mais amplo que vai além das casas, englobando toda comunidade e o espaço territorial
ocupado pelo grupo. SA� (1983, p. 119-125).
As grandes casas Tukano abrigam uma comunidade inteira que, em seu interior, desenvolvem tanto
atividades cotidianas, como grandes rituais. Neste caso, a importância atribuı́da à casa manifesta-
se no requinte arquitetônico e decorativo. Para outros povos, a casa pode ser vista simplesmente
como uma unidade, com funções especı́�icas, dentro de um contexto espacial habitado mais amplo,
como a aldeia, ou mesmo o território tribal, quando se trata de grupos seminômades.
Embora as sociedades indı́genas sejam muito diferentes umas das outras, é possı́vel a�irmar que,
entre elas, não existe um alto grau de especialização do espaço. Isso não signi�ica que o espaço nas
sociedades indı́genas seja homogêneo e indiferenciado, mas indica uma grande integração entre as
atividades realizadas pelo grupo. O espaço de trabalho, convı́vio familiar, lazer e outros são
sobrepostos coexistindo de forma harmoniosa.
Algumas técnicas de construção que otimizam os espaços habitados são comuns à muitas
tribos.Normalmente as casas têm um pé direito alto que facilita a ventilação do interior e funciona
como uma espécie de chaminé, levando a fumaça das fogueiras para o alto, liberando a parte baixa
habitada. As portas de entrada são baixas di�icultando, propositalmente, o acesso por questões de
segurança. A ausência de janelas e pouca altura das entradas mantêm o ambiente escuro afastando
os insetos. Quando necessário, faz-se uma abertura temporária para a iluminação diurna.
Nas casas de moradia, as entradas anterior e posterior correspondem a espaços com funções
especı́�icas, decorrentes da divisão sexual de áreas e do conceito de espaço público e privado.
Assim, as áreas de domı́nio masculino – abertas aos visitantes – são aquelas situadas à entrada
principal da casa. As áreas de domı́nio feminino se localizam em setores mais resguardados
(COSTA e MALHANO, 1986, p. 68,73-74).
Para facilitar o estudo, as casas indı́genas serão divididas em grupos, considerando suas diferentes
tipologias, classi�icadas em cinco tipos básicos: casas com planta baixa circular, planta elı́ptica,
retangular e poligonal.
As casas de planta circular são comuns em vários grupos indı́genas, apresentando uma grande
variação na distribuição interna dos espaços, dos elementos estruturais e no formato de suas
coberturas. As versões mais simples são compostas por apenas um elemento estrutural central de
onde partem uma série de caibros �lexı́veis (taquaras cortadas ao meio), enterrados no solo
formando uma cúpula, nos quais são atadas com cipó taquaras no sentido horizontal, sobre as
quais serão presas as folhas de palmeira formandoa cobertura. Um exemplo deste tipo de
construção é a casa Xavante que possui um diâmetro de aproximadamente 7 metros altura de 4,5
metros com apenas uma abertura voltada para o centro da aldeia. Nesses espaços, podem viver
duas ou três famı́lias (DERENJI, 2002, p. 41).
Outro exemplo de casa de planta circular é a casa Tukussipan da tribo Wayana. A Tukussipan ocupa
o centro da aldeia e exerce duas funções, a de casa-dos-homens e acolher grupos visitantes durante
festividades.
A Tukussipan possui planta circular com diâmetro de aproximadamente 10 metros e altura total de
2 metros. Possui o teto em formato de cúpula e em seu centro o esteio central atravessa a cobertura
e projetando-se por mais um metro e meio. E� composta por oito esteios na periferia além do
centrale não possui paredes VELTHEM (1983, p. 171-177).
As casas xinguanas dos Yawalapiti são belos exemplos de construções de planta elı́ptica. As
proporções e a forma da casa tradicional xinguana variam ligeiramente de uma aldeia para outra e
sua construção dura em torno de seis meses. Essas casas têm uma dimensão de cerca de 28 m de
comprimento por 13 m de largura e altura de 8 m.
Sua estrutura é formada por cinco pilares de madeira (ou esteios) com 50 cm de diâmetro e 10
metros de comprimento. Os pilares recebem as peças da cumeeira e quatro estruturas em X, que
fazem o apoio intermediário da cobertura, formando a estrutura da casa. A cobertura de palha se
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estende até chão cobrindo toda a construção, mas internamente a casa conta com uma parede
formada por uma paliçada de troncos de 1,5 m de altura. Possuem duas portas opostas
centralizadas em relação a lateral maior (SA� (1983, p. 119-125).
As casas das aldeias Timbira tem, em geral, plantas de formato retangular, tendo como frente um
dos lados maiores da construção que dependendo do grupo pode ter a cobertura formada por duas
ou quatro águas, feita de folhas de babaçu ou inajá. Do mesmo material são feitas as paredes. Toda
a ligação é feita por amarração com cipó. Todas as folhas de palmeira são aplicadas em posição
horizontal, com os folı́olos pendentes para um lado só. Algumas vezes, as folhas são aplicadas em
sentido vertical, de ponta para baixo e com os folı́olos em posição natural. Segundo Ladeira (1983,
p.22-27), essa forma de construir parece ser a forma original dos Timbira construı́rem suas casas
(LADEIRA, 1983, p. 22-27).
Os Timbira atuais estão localizados nos campos do cerrado do Maranhão e de Goiás. Suas aldeias
são construı́das em lugares planos, em solo não pedregoso e perto de córregos d’água. Nas
proximidades deve haver mata ciliar para os roçados; quando, em consequência das derrubadas
anuais, esta mata se acaba, a aldeia é reconstruı́da em outro lugar. Instituto Socioambiental (ISA,
2019dOs Timbira eram grupos seminômades, que viviam da coleta e da caça se deslocando
durante os perı́odos do ano por uma vasta região. Por esse motivo, construı́am acampamentos
temporários, formados por abrigos simples, e tinham uma cultura de produzir artefatos de palha
(ainda hoje são produzidos), como cestos para transportar ferramentas e utensı́lios e armazenar
alimentos.
As aldeias Timbira são circulares. Todas as casas estão localizadas a mesma distância do centro da
aldeia de onde partem caminhos ligando o centro a cada uma das casas. Um outro caminho circular
passa pela frente de todas as casas ligando umas às outras e formando dessa maneira uma divisão
entre o espaço de produção da aldeia (produção doméstica das famı́lias e suas moradias), domı́nio
das mulheres, e o pátio da aldeia, espaço dos homens.
As casas são fechadas por paredes de todos os lados, mas, em alguns casos a casa pode ter a parte
da frente total ou parcialmente aberta em substituição a porta frontal. A porta frontal está sempre
voltada para o centro da aldeia e a ela corresponde uma porta dos fundos na parte de trás da casa
(LADEIRA, 1983, p. 22-27).
Como exemplo de casas indı́genas de planta poligonal temos a casa-aldeia dos Marúbo. Casa-aldeia
ou maloca é uma casa unitária que abriga toda a tribo e onde são realizados tanto os rituais quanto
as atividades do dia-a-dia. São comuns entre outras tribos da região amazônica situadas na bacia do
Rio Negro, fronteira com a Colômbia que habitam a região a mais de dois mil anos. Pertencem às
famı́lias linguı́sticas: Aruak, Maku e Tukano.
Em algumas tribos a maloca possui divisões internas que separam as famı́lias, mas durante
festividades ou cerimônias, essas divisórias internas são rearranjadas para dar espaço às danças
dos homens adultos.
Os Marúbo vivem na terra indı́gena Vale do Javarı́, junto com os Korubo, Mayá, Matis, Matsés,
Kanamari, Kulina Pano, entre outros povos isolados. E� uma região cheia de pequenas colinas
ligadas entre si por cristas e coberta pela �loresta amazônica.
As casas-aldeia dos Marúbo tem planta decagonal e são construı́das no alto das colinas e rodeadas
por roças. Cada casa abriga um grupo local.
Em volta do cimo da colina, onde está implantada a maloca, também existem casas sobre pilotis
que constituem depósitos ou o�icinas. O tamanho da maloca é proporcional à quantidade de
habitantes. A casa Marúbo, assim como as casas alto-xinguanas, são construções antropomór�icas,
tendo cada uma de suas partes identi�icada com as partes do corpo do Xamã.
A maloca é construı́da segundo um modelo padrão, cuja planta baixa tem forma poligonal, irregular,
de dez lados. Apresenta simetria em relação a um eixo longitudinal, em cujas extremidades são
colocadas as portas da referida maloca. Os lados intermediários do decágono, situados nas
extremidades de um eixo transversal, são maiores que os demais. Suas medidas variam entre 9 e 31
metros de comprimento, 7 e 17 metros de largura e 8 metros de altura.
A maloca apresenta um total de vinte e quatro esteios, sendo oito centrais mais elevados e
dezesseis periféricos dispostos em duas �ileiras paralelas aos esteios principais. Terças de madeira
são amarradas sobre o topo dos esteios e sobre elas apoiam os caibros que sustentam a cumeeira e
a cobertura é �inalizada com folhas de jarina amarradas na horizontal, diretamente sobre os
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caibros. A estrutura das paredes é formada por uma paliçada de troncos �inos �incados no chão que
têm cerca de um metro de altura chegando até a altura da extremidade dos caibros e fechando toda a
altura lateral da construção (COSTA e MALHANO, 1986, p. 68,73-74).
Assista aí
3. Métodos e materiais utilizados pelos indígenas 
Existem pequenas variações em relação aos materiais utilizados na construção das casas indı́genas, que
ocorrem em função do local dos assentamentos e das espécies vegetais disponı́veis.
A estrutura principal das casas varia de acordo com a forma da planta e cobertura. As peças de madeira
que formam a estrutura das casas são escolhidas por sua resistência e durabilidade e as dimensões variam
de acordo com o uso: esteio, viga, caibro ou ripa, que em alguns casos são substituı́das por taquaras
partidas ao meio. As taquaras, ouhastes de bambu, são �lexı́veis e, por isso, muito utilizadas em estruturas
curvas como, por exemplo, coberturas em abóbada ou ogiva. Nas casas circulares com cobertura cônica,
uma ou duas séries de esteios suportam as vigas e o conjunto de terças e caibros que se curvam para
de�inir a forma cônica ou a cúpula da cobertura, como nas casas Tiriyó e Wayana Tukussipan. Caso se
pretenda reforçar a resistência de tal elemento curvo, usa-se a técnica do enlaçamento das varas
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encurvadas com cipó. Isto era observado nas antigas casas Xavante e Karajá, nas Tapirapé e Tiriyó, e ainda
no alto Xingu. En�im, todas as construções cupulares e de cobertura com seção reta em ogiva ou abóbada
(caso do alto Xingu) apresentam tal tipo de amarração.
Na cobertura, são utilizadas folhas de palmeiras como ubim, bacaba, açaı́ ou inajá, dependendo da
disponibilidade do local. Uma exceção à regra do uso de folhas de palmeira é a casa xinguana, em cuja
cobertura é utilizado o sapé, preso à estrutura através do enlaçamento de molhos dessa gramı́nea.
Para a �ixação das folhas de palmeira nas estruturas tanto de cobertura quanto de fechamento é utilizada
também a técnica de amarração cipós, sendo os talos das folhas presos ao ripamento. Quando as paredes
são independentes da cobertura, o fechamento pode ser feito com a mesma palha, mas sendo trançada
diretamente na estrutura. Outras formas de fechamento podem ser utilizadas, como a paliçada composta
por estacas de madeira cravadas verticalmente no solo, erguendo-se até o encontro com a cobertura. Em
algumas construções são utilizadas cascas de árvoreno fechamento. No alto Xingu a taipa também é muito
utilizada, não só no fechamento como também na cobertura.
Segundo Costa e Malhano (1986, p. 74):
Entre as maneiras de �ixar os elementos estruturais, cabe citar o enlaçamento das peças de madeira com
cipó. Além da amarração, para �ixar as peças de madeira maiores e mais pesadas, também é utilizada a
técnica de encaixe lateral, as peças tem as pontas escavadas criando pontos de encaixe que evitam o
deslocamento produzido pelo excesso de peso.
Como não poderia deixar de ser, a casa e a aldeia indı́gena procuram atender às necessidades básicas de
vida comunitária e à observância de caracterı́sticas locais: topogra�ia, clima e materiais de construção
disponı́veis. As construções indı́genas se fundem com o local onde estão implantadas, pois sua matéria-
prima vem diretamente da natureza que a circunda, ao mesmo tempo que a organização do espaço,
seguindo as necessidades e tradições culturais das tribos, contrasta com o ambiente natural.
A amarração – chamamos amarração ao conjunto de procedimento técnicos
visando a �ixar os elementos construtivos incluı́dos na estrutura ou
revestimento. Todos os grupos indı́genas brasileiros empregam o cipó na
técnica de amarração por enlace. Usavam-no os Karajá para a construção da
casa antiga. O encaixe lateral, assim como a técnica mista (encaixe lateral
conjugado ao enlaçamento), são correntes entre os Tiriyó. O encaixe em
topo é utilizado no alto Xingu, e também entre os Tukâno.
4. Cultura arquitetônica e urbanística portuguesa na época do
Descobrimento
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Em virtude de sua localização, o território português foi, ao longo dos séculos, alvo de interesse de vários
povos que ocuparam o território. Na Antiguidade, o mar Mediterrâneo interligava diferentes civilizações
que, através da navegação constituı́ram uma rede comercial de extrema importância para a economia
desses diferentes povos. Por volta do século III a. C., sofreu as colonizações do Mediterrâneo oriental, com
as feitorias fenı́cias, gregas e cartaginesas que se implantaram no território, estimulando o
desenvolvimento da região e deixando suas in�luências marcadas na cultura local. Com o �im das Guerras
Púnicas, a região passou a ser ocupada pelos romanos no século II a.C. No século V, é a vez da região ser
ocupada pelos povos chamados “bárbaros” pelos romanos, os suevos, vândalos, alanos, francos e
visigodos. A partir do século VIII, tem inı́cio a invasão árabe, que dura até o século XIII. Apesar dos
territórios sob o domı́nio desses vários povos por vezes estarem sobrepostos, o Norte de Portugal �icou
marcado do ponto de vista cultural e civilizacional, pela in�luência da Europa central, enquanto o Sul
adquiriu um caráter mediterrânico. Essa diferenciação é acentuada pelas caracterı́sticas climáticas das
duas regiões e também pela matéria-prima disponı́vel para a construção em cada uma delas. Ao Norte,
desenvolveu-se a civilização do granito; enquanto no Sul, a matéria-prima dominante era o barro. Essa
diversidade cultural tomou forma através da arquitetura e da con�iguração dos espaços urbanos
portugueses, de�inindo caracterı́sticas especı́�icas que diferenciam Portugal no contexto da tradição urbana
europeia.
#PraCegoVer: Na imagem, há uma cidade com arquitetura de caracterı́sticas coloniais coloridas.
Figura 2 - Cidade brasileira com caracterı́sticas coloniais
Fonte: Shutterstock 108994037
41. Influências que marcaram a identidade urbana portuguesa
Os castros, ou citânias, eram núcleos de povoamento que, no perı́odo pré-romano, ocupavam os
pontos dominantes do território que, mais tarde, vem a se tornar Portugal. As principais
caracterı́sticas de assentamento praticadas por essa civilização pré-romana, permaneceu em
muitas cidades portuguesas, bem como nas cidades coloniais construı́das por Portugal no contexto
da expansão ultramarina. Seguindo essa tradição, as cidades têm seu núcleo primitivo erigido no
topo de uma colina proeminente, a partir da qual se desenvolvem. São várias as caracterı́sticas do
mundo mediterrâneo que subsistiram na tradição urbana portuguesa: a localização privilegiada dos
núcleos urbanos na costa marı́tima; a escolha de lugares elevados para a implantação do núcleo
defensivo; a adaptação do traçado à topogra�ia; a estruturação do núcleo urbano em cidade alta, que
engloba os núcleos institucional, polı́tico e religioso, e em cidade baixa dedicada as atividades
portuária e comercial. A conformação urbana que segue as linhas naturais do território também é
uma caracterı́stica da cultura castreja do norte da penı́nsula, uma das mais antigas expressões da
civilização do granito e que subsistiu até à ocupação romana (TEIXEIRA, 2012, p.23).
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Com a ocupação romana, do século II a.C. ao século V d.C., várias cidades são fundadas e os
romanos são responsáveis pela realização de grandes obras de infraestrutura que aceleram o
desenvolvimento da região, como pontes, estradas e aquedutos. A ordenação do território seguindo
os preceitos romanos contribuı́a para a romanização das populações conquistadas. A regularidade
do traçado criava um cenário comum a todos que viviam sob o domı́nio romano. O Castrum, uma
bem-sucedida estratégia de simbolização utilizada para dividir a cidade em quatro seções usando o
cruzamento de eixos viários monumentais como lugar simbólico, reunia tanto os poderes
administrativos quanto o povo. Os princı́pios urbanı́sticos baseados na regularidade, na
racionalidade e na geometria foram impostos também às cidades já existentes e visavam a
circulação de pessoas e de mercadorias, fatores indispensáveis para uma economia mercantil em
larga escala como a romana. As cidades de Braga, Beja e E�vora, entre outras, mantêm ainda hoje as
marcas da presença romana. Essa herança cultural, partilhada por tantos outros paı́ses europeus se
traduz em formas urbanas baseadas na geometria e na regularidade. O urbanismo português está
incluı́do nessa cultura urbana europeia, mas apresenta especi�icidades que são resultado tanto de
seu posicionamento geográ�ico quanto das outras tantas in�luências culturais incorporadas ao
longo de sua história.
O império romano foi desestruturado pela sequência de invasões bárbaras que têm inı́cio no
século IV. A população deixou as cidades em direção ao meio rural, que sofria menos ataques dos
invasores. As grandes propriedades rurais passaram, então a representar o papelantes
desempenhado pelas cidades. Nos feudos, o castelo inicialmente construı́do de madeira e depois
de pedra, tornou-se o centro polı́tico. Com o passar dos séculos, os feudos já não dispunham de
terras su�icientes para a população em constante crescimento, assim as cidades voltam a ser
ocupadas e surgem novos núcleos mercantes, estabelecendo uma vasta rede de comércio entre os
burgos, fortalecendo a burguesia, um segmento da sociedade até então pouco relevante na pirâmide
social.
Após a conquista muçulmana do século VIII, e durante sua permanência em território português,
até o século XIII, sua cultura urbana �icou inscrita em muitas cidades. Vários fatores determinavam
a forma da cidade islâmica: as condições materiais e ambientais do espaço em que se implantavam
e os fatores culturais e religiosos. Em relação aos primeiros, a presença muçulmana contribuiu
para o reforçar as caracterı́sticas mediterrâneas já presentes nas cidades do Centro e do Sul,
ocupadas e adaptadas às suas necessidades. Muitas caracterı́sticas que habitualmente se atribuem
à cidade muçulmana ibérica são antes caracterı́sticas da cidade mediterrânea, segundo TEIXEIRA
(2012). Essas caracterı́sticas são visı́veis nos critérios de localização, na escolha dos sı́tios para a
implantação dos núcleos urbanos, na capacidade de adaptação ao terreno e na organização
funcional da cidade. As cidades islâmicas eram situadas de forma a dominar grandes percursos de
água, tais como Al-Usbuna (Lisboa), Santarim (Santarém), Kulümriyya (Coimbra), Märtula
(Mértola) ou Silb (Silves). Cidades estas que reciclaram espaços, estruturas e materiais do perı́odo
romano.
O granito encontrado em grande quantidade no Norte de Portugal era matéria-prima
muito utilizada na construção castreja e mesmo antes dela e também depois pelos
romanos e permanece até os dias de hoje. Existe, em função do uso de matérias-
primas distintas na arquitetura, a de�inição de civilização do granito para a região
norte e civilização do barro para região sul (RIBEIRO, 2013, p. 17-45).
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Na arquitetura desse perı́odo foram adotadas várias soluções e técnicas construtivas originalmente
árabes para a resolução de problemas de ordem estrutural dos edifı́cios. Os arcos ferradura, as
arcadas de colunas com capitéis, por vezes, ricamente trabalhados com motivos árabes, foram
soluções estruturais largamente utilizadas nesse perı́odo.
 
4.2 Formação do Estado Português (século XIII)
No ano de 1139, Afonso Henriques de Borgonha tornou seu território (o condado Portucalense
localizado no extremo norte ocidental da Penı́nsula Ibérica) independente. Durante a dinastia de
Borgonha, Portugal deu continuidade as guerras de Reconquista, ampliando seu território em
direção ao sul.
Reconquista é o processo histórico em que os reinos cristãos da Penı́nsula Ibérica procuraram
dominar a região durante o perı́odo do Alandalus. Este processo decorreu entre 718 ou 722 (data
provável da Batalha de Covadonga, liderada por Pelágio das Astúrias) e 1492, com a conquista do
Reino de Granada pelos reinos cristãos. O controlo progressivo da penı́nsula ganhou destaque por
ter possibilitado a fundação de novos reinos cristãos como o Reino de Portugal e o Reino de
Castela, precursores de Portugal e de Espanha.
Com a morte do último rei da dinastia Borgonha e a ascensão de D. João I, iniciou-se da dinastia de
Avis que marcou a vitória dos interesses burgueses, fortalecidos pelo surgimento de uma nova rota
comercial que ligava as cidades italianas à região da Flandres, fazendo escala em Lisboa. Tendo
sido o novo monarca apoiado pela burguesia, ele agiu de acordo com seus interesses e, assim, são
criadas as condições necessárias para a expansão marı́tima em busca de novas terras.
Ao �inal do perı́odo da Reconquista, uma das primeiras preocupações do poder cristão em Portugal
foi eliminar de imediato qualquer in�luência visı́vel da presença muçulmana no território
português, resgatando a fé cristã. As medidas tomadas pelo Estado incluı́am a descaracterização
dos edifı́cios públicos que continham traços da arquitetura árabe, eliminando vestı́gios da técnica
ou elementos caracterı́sticos. Mesquitas foram demolidas ou transformadas para atender a ofı́cios
religiosos cristãos. Mas as técnicas construtivas e certos elementos arquitetônicos não puderam
ser completamente eliminados do conhecimento popular.
Alguns elementos que sobreviveram aos ataques cristãos são os azulejos, os ferros forjados e os
objetos de luxo como tapetes, trabalhos em couro e metal. Na arquitetura, principalmente as
muralhas e castelos, mantiveram seu estilo bem como o traçado de ruelas e becos de algumas
cidades do sul do paı́s. São testemunhos da ascendência árabe os terraços das casas algarvias
(região Sul de Portugal) e outros exemplos emblemáticos da in�luência arquitetônica árabe em
Portugal seriam: o Castelo de Silves no Algarve, o Castelo dos Mouros em Sintra, o Castelo e a Igreja
Matriz de Mértola, que são de um reaproveitamento cristão da antiga mesquita muçulmana.
No perı́odo da Reconquista estão presentes em Portugal os seguintes estilos arquitetônicos:
 
Românico (1100 – 1230)
Nos tempos que seguiram à queda do Império Romano não houve o surgimento de nenhum
estilo original até o século XII, com o surgimento do românico fortemente inspirado pelo
Cristianismo e que foi usado principalmente na construção de igrejas. Sob o comando do
Conde D. Henrique, fundador da Casa de Borgonha em Portugal, um conjunto de nobres e
monges franceses implantaram, de forma gradual, o românico no paı́s. Durante a
Reconquista foram construı́das muitas igrejas como forma de recuperar a fé cristã em
Portugal, e essas igrejas foram construı́das no estilo românico. A caracterı́stica inerente à
arquitetura românica é o arco de volta perfeita presente nas portas, janelas, arcadas,
abóbadas e ainda em muitos detalhes decorativos. As primeiras igrejas tinham telhados de
madeira que foram gradualmente sendo substituı́dos por abóbadas construı́das em pedra.
Esse peso extra exigia que a estrutura fosse reforçada com contrafortes lisos encostados às
paredes. As torres altas poderiam ter planta circular, quadrada ou octogonal e os edifı́cios
possuı́am janelas pequenas por motivos estruturais. A planta da igreja românica é sempre
em cruz.
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Em Portugal, o Românico sofre in�luência francesa dando origem a igrejas orientadas para
Oeste, normalmente com duas torres-campanário e três naves em abóbada de berço e a
igrejas orientadas para o leste, com três naves cobertas por abóbadas de berço e uma torre-
campanário sobre o transepto. Contudo, as igrejas românicas portuguesas fugiram um
pouco ao estilo original assemelhando-se mais a grandes fortalezas devido às paredes
grossas e poucas aberturas.
Gótico (c.1230 - c.1450)
O estilo gótico nasceu na França e parte, a princı́pio, de inovações técnicas que permitem a
construção de edifı́cios mais arrojados do que os do perı́odo anterior. O método construtivo
que utilizava dois arcos transversais para construir as abobadas das igrejas permitia a
edi�icação de estruturas mais altas e leves, e permitia a abertura de grandes janelas já que
não havia mais a necessidade das grossas paredes de pedra que antes suportavam a
estrutura. Os construtores descobriram que os pilares eram su�icientes para sustentar os
arcos da abóboda, abrindo espaço para os grandes panos de vidro que vieram a substituir as
paredes de pedra, que antes faziam o fechamento dos edifı́cios.
O estilo gótico era focado sobretudo nas construções religiosas e em Portugal prolongou-seaté o século XV através do estilo Manuelino. O Gótico chegou mais tarde a Portugal do que
no resto da Europa, concentrando-se fundamentalmente no centro do paı́s, onde muitas
igrejas e sés construı́das no estilo românico sofreram adaptações e foram alargadas com um
transepto gótico ou com elementos desse estilo. O Mosteiro de Alcobaça (construção
iniciada em 1178) foi o primeiro edifı́cio gótico a ser construı́do em Portugal, em conjunto
com o Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, um dos mais importantes mosteiros medievais
portugueses.
O estilo gótico pode ser dividido em três perı́odos: o gótico primitivo, o gótico clássico e o
gótico tardio ou �lamejante. Cada um destes perı́odos com suas próprias particularidades.
 
4.3 Período dos Descobrimentos (1415-1543)
Com motivações de ordem econômica, em 1419, o Infante Dom Henrique reuniu na vila de Lagos
vários especialistas com o objetivo de investigar os mistérios da navegação transoceânica, o que
permitiu a Portugal o pioneirismo nas grandes navegações. Os lucros do comércio de especiarias
nas primeiras décadas do século XIV permitiram o surgimento de um estilo arquitetônico luxuoso,
uma categoria do estilo Gótico tardio e que veio a �icar conhecido como estilo Manuelino por ter
sido empregado nos edifı́cios construı́dos durante o reinado de Manuel I.
A Era dos Descobrimentos é o perı́odo em que acontece o conjunto de conquistas realizadas pelos
portugueses nas explorações marı́timas entre 1415 e 1543. Tem seu inı́cio com a conquista de
Ceuta no continente africano. Com o �im do perı́odo da Reconquista, os portugueses se voltaram à
procura de rotas alternativas que poderiam trazer mais riquezas do que as já conhecidas rotas de
comércio no Mediterrâneo. Portugal realizou importante avanços tecnológicos que permitiram aos
seus navios viajar com segurança em mar aberto cobrindo enormes distâncias.
O estilo Manuelino está inserido na corrente arquitetônica denominada como gótico tardio ou
�lamejante que acontece em toda a Europa. No século XIV, as cidades haviam se convertido em
grandes centros de comércio. Esse estilo passou a ser aplicado na construção das casas
particulares dos nobres e burgueses e em edifı́cios públicos em contraste com os perı́odos
anteriores, quando o gótico era aplicado quase que exclusivamente na construção de catedrais.
Os construtores do século XIV já não se contentavam em reproduzir as formas das catedrais góticas
tradicionais e também era cada vez mais comum a encomenda de edifı́cios grandiosos que não
tinham nenhuma relação com a igreja. As cidades se desenvolviam com grande rapidez. Dessa
forma, buscaram exibir suas habilidades decorativas cobrindo os edifı́cios com rendilhados
complexos utilizando os mais variados temas. De acordo com Gombrich (1993, p. 156): “Nas
cidades prósperas e em permanente expansão, muitos edifı́cios seculares tiveram que ser
projetados e construı́dos: municipalidades, sedes das guildas e corporações, universidades,
palácios, pontes e portas das cidades”.
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Em Portugal não foi diferente, apesar do estilo ter chegado com atraso em relação ao resto da
Europa. São poucas as diferenças do Manuelino em relação ao gótico �inal de outros paı́ses
europeus, seguindo a tendência de homogeneizar os espaços internos, que nas igrejas se
materializava na preferência por naves de mesma altura dando, assim, unidade ao espaço interno,
ausência de transepto e cabeceira regular em oposição às plantas em cruz. Nos edifı́cios civis, as
plantas retangulares também prevalecem e as fachadas são ricamente decoradas. Os motivos mais
presentes na decoração são os naturalistas marinhos, cordas e uma rica variedade de animais e
motivos vegetais. O estilo revela o crescente gosto pelo exotismo, desde o inı́cio da expansão
marı́tima. O primeiro edifı́cio manuelino conhecido é o Mosteiro de Jesus de Setúbal, construı́do
entre 1490 e 1510, do arquiteto Diogo Boitaca, considerado um dos criadores do estilo.
Assista aí
4.4 Resultados formais das influências sobre as cidades portuguesas no
século XV
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O modelo que regiu o desenvolvimento urbano português, presente em todos os momentos
históricos, vem da sua herança mediterrânea, de natureza vernacular e é percebida principalmente
pelo fato das vias principais acompanharem a topogra�ia natural existente e a utilização das partes
altas do terreno (dominantes) para a implantação dos edifı́cios notáveis. Sendo assim, a
conformação �inal da cidade construı́da é uma expressão do território onde foi criada, as vias
seguem a natureza do terreno e naturalmente levam aos pontos dominantes, marcados com a
presença de edifı́cios importantes e também para as praças construı́das para acompanhar esses
edifı́cios.
Essa vertente de urbanização de�inida por Teixeira (2012) como vernacular gera uma grande
diferenciação entre os espaços, uma variedade de formas que torna a cidade mais legı́vel e permite
que cada área tenha uma identidade própria. Estes princı́pios vão, mais tarde, ser disseminados
pelas colônias portuguesas ao redor do mundo dando origem a cidades que apresentam
caracterı́sticas morfológicas especı́�icas que as distinguem dos espaços urbanos de outras culturas.
Apesar de ser possı́vel encontrar essas caracterı́sticas morfológicas, consideradas
individualmente, em outros contextos históricos e geográ�icos, a articulação desses elementos e
sua sı́ntese são especi�icamente portuguesas.
As especi�icidades da cidade de origem portuguesa têm a ver com muitos aspectos: suas heranças
culturais já apresentadas aqui nas culturas dos vários povos que ocuparam a região antes dela se
tornar Portugal e �icaram sedimentadas no conhecimento popular, sendo adaptadas umas às outras.
A lógica empregada para a escolha dos sı́tios onde foram implantados os núcleos urbanos,
seguindo a tradição mediterrânea pré-romana e a in�luência árabe que formou vários núcleos em
Portugal. As formas primordiais na construção do traçado urbano são uma combinação da herança
geométrica romana e seus traçados regulares e cruzamentos simbólicos lugar de praças e edifı́cios
públicos importantes e os elementos árabes que concebem vias em concordância com a topogra�ia
natural do terreno que naturalmente levam aos pontos topográ�icos de destaque. A hierarquia entre
os diversos elementos de referência do território criando uma percepção rica e heterogênea do
espaço urbano, as praças e seu papel na organização urbana, as estruturas de quarteirão e de
loteamento e os processos de planejamento e de construção da cidade.
No século XV as principais cidades do paı́s passam por programas de modernização urbana,
associando a intervenção urbana com a arquitetura. Em meados do século XV, D. Afonso V,
preocupado com a harmonia estética e funcionamento do espaço urbano de Lisboa decretouque “as
casas deveriam passar a ser construı́das com paredes de pedra e cal sobre arcos de cantaria”
(TEIXEIRA, 2012, p. 76). No século XVI, o processo de modernização continua pelas mãos de D.
Manuel I realizou grandes reformas nos espaços públicos existentes e regulamentou o
ordenamento das áreas urbanas em expansão dotando essas áreas de equipamentos urbanos e
espaços públicos:
Como consequência, os traçados urbanos portugueses raramente eram geometricamente rigorosos.
Além de suas referências geométricas, tais traçados adaptavam-se à topogra�ia, à hidrogra�ia e ao
ambiente fı́sico de seus locais de implantação, sendo frequentemente subvertidos para uma melhor
adequação ao terreno, sob o ponto de vista funcional, formal ou simbólico. Essa plasticidade dos
traçados urbanosportugueses não se traduzia, contudo, em estruturas amorfas. Pelo contrário, as
cidades portuguesas eram estruturadas e hierarquizadas, facilmente legı́veis e paisagisticamente
valorizadas. Essa adaptação ao território e ao clima e sua não sujeição a rı́gidos princı́pios
geométricos produziram cidades eminentemente maleáveis e adaptáveis às diferentes
circunstâncias que surgiram ao longo do tempo. O urbanismo português, de forma geral, seguiu um
plano com base em uma regularidade subjacente a seu traçado, ainda que nem sempre de uma
forma explı́cita, mas que leva em consideração as particularidades do sı́tio e as explora,
nomeadamente, por meio da de�inição das principais vias estruturantes sobre as linhas naturais do
território e da criteriosa localização dos edifı́cios notáveis em posições dominantes (TEIXEIRA,
2012, p. 36).
É ISSO AÍ!
11/05/2021 Material Didático
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Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
Conhecer a história dos povos pré-cabralinos;
Estudar a configuração das aldeias indígenas com base em elementos culturais tradicionais;
Conhecer os diferentes tipos de casa construídas por esses povos;
Aprender sobre a história da formação de Portugal;
Conhecer as influências culturais estrangeiras que deram forma à arquitetura e ao urbanismo
português;
Estudar o estilo manuelino, em uso no país na época do descobrimento.
REFERÊNCIAS
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