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APOSTILA DO CURSO

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Prévia do material em texto

Armas de Fogo 
Registro e 
Rastreamento 
 
 
2 
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA 
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA 
SECRETARIA DE GESTÃO E ENSINO EM SEGURANÇA PÚBLICA 
DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA 
 
COORDENAÇÃO GERAL DE ENSINO 
COORDENAÇÃO DE ENSINO A DISTÂNCIA 
 
Reformulador 
João Bosco Silvino Júnior 
 
Revisão Pedagógica 
Ardmon Dos Santos Barbosa 
Márcio Raphael Nascimento Maia 
 
SETOR DE CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO 
 
Programação e Edição 
Ozandia Castilho Martins 
Fagner Fernandes Douetts 
Renato Antunes dos Santos 
 
Designer 
Ozandia Castilho Martins 
Fagner Fernandes Douetts 
 
Designer Instrucional 
Anne Caroline Bogarin Manzolli 
Wagner Henrique Varela da Silva 
 
 
 
3 
Sumário 
Apresentação do Curso ............................................................................................ 7 
Objetivo do Curso ..................................................................................................... 7 
Estrutura do curso .................................................................................................... 7 
MÓDULO 1 – CLASSIFICAÇÃO GERAL DAS ARMAS DE FOGO .......................... 8 
Apresentação do módulo ......................................................................................... 8 
Objetivos do módulo ................................................................................................ 9 
Estrutura do módulo ................................................................................................ 9 
Aula 1 – História das armas de fogo ...................................................................... 10 
1.1 - Introdução – a história ANTES das armas de fogo ........................................ 10 
1.2 - As primeiras armas de fogo ........................................................................... 12 
1.3 - A evolução dos sistemas de iniciação – matchlocks, weellocks e flintlocks .. 14 
1.4 - A consolidação da iniciação por percussão ................................................... 17 
1.5 - A evolução continua ...................................................................................... 22 
Aula 2 - Classificação geral das armas de fogo ................................................... 24 
2.1 Classificação quanto à alma do cano .............................................................. 27 
2.2 Classificação quanto ao sistema de municiamento ......................................... 29 
2.3 Classificação quanto ao sistema de inflamação .............................................. 33 
2.4 Classificação quanto ao sistema de funcionamento ........................................ 36 
Armas de repetição não automática ................................................................... 38 
Armas de repetição semiautomática .................................................................. 42 
Armas de repetição automáticas ........................................................................ 47 
Ação de armas de fogo de repetição ................................................................. 49 
2.5 Classificação quanto à mobilidade e uso ......................................................... 50 
Aula 3 – Classificações específicas das armas de fogo ...................................... 53 
3.1 Garruchas ........................................................................................................ 53 
 
 
4 
3.2 Revólver ........................................................................................................... 54 
3.3 Pistola .............................................................................................................. 58 
3.4 Espingarda ....................................................................................................... 60 
3.5 Fuzil ................................................................................................................. 65 
3.6 Carabina .......................................................................................................... 68 
3.7 Metralhadora .................................................................................................... 70 
3.8 Submetralhadora ............................................................................................. 73 
3.9 Rifle.................................................................................................................. 74 
3.10 Mosquetão ..................................................................................................... 74 
Finalizando... ............................................................................................................ 77 
MÓDULO 2 – REGISTRO DE ARMAS DE FOGO NO BRASIL ............................... 78 
Apresentação do Módulo ....................................................................................... 78 
Objetivos do Módulo .............................................................................................. 78 
Estrutura do Módulo .............................................................................................. 79 
Aula 1 – Numeração de Série em Armas de Fogo ................................................ 80 
1.1 Gravação do número de série ......................................................................... 81 
1.2 Composição do número de série ..................................................................... 82 
Indústria Taurus S.A........................................................................................... 83 
Indústria Beretta ................................................................................................. 89 
Amadeo Rossi .................................................................................................... 89 
Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC) ........................................................ 90 
Boito, Era, Gaúcha da Indústria E. R. Amantino & Cia Ltda ............................... 91 
Indústria de Material Bélico do Brasil (IMBEL) ................................................... 91 
1.3 Locais de gravação dos números de série ...................................................... 92 
Aula 2 – Alterações e supressões de números de série em armas de fogo .... 104 
2.1 Um pouco mais sobre a gravação de números de série em armas de fogo .. 104 
 
 
5 
2.2 Meios de alteração da numeração de série de armas de fogo ...................... 105 
2.3 Métodos de recuperação da numeração de série .......................................... 109 
Aula 3 – Outras marcações em armas de fogo .................................................... 117 
3.1 Marcações obrigatórias .................................................................................. 117 
3.2 Número de Montagem ................................................................................... 118 
3.3 Marcas de Prova ............................................................................................ 118 
3.4 Marcações Institucionais ................................................................................ 120 
Finalizando o módulo: .......................................................................................... 122 
MÓDULO 3 - RASTREAMENTO DE ARMAS E MUNIÇÕES ................................ 123 
Apresentação ....................................................................................................... 123 
Objetivos do Módulo ............................................................................................ 124 
Estrutura do Módulo ............................................................................................ 125 
Aula 1 – Registro de armas de fogo no Brasil .................................................... 126 
1.1 O Sistema Nacional de Armas – SINARM ..................................................... 126 
1.2 O Sistema de Gerenciamento Militar de Armas – SIGMA ............................. 132 
1.3 O BancoNacional de Perfis Balísticos........................................................... 135 
Aula 2 - Rastreamento de armas de fogo e munições no Brasil ....................... 137 
2.1 SINARM ......................................................................................................... 137 
2.2 INFOSEG ....................................................................................................... 150 
2.3 SIGMA ........................................................................................................... 155 
2.4 Rastreamento de munições ........................................................................... 160 
Aula 3 - Rastreamento internacional de armas de fogo ..................................... 161 
3.1 INTERPOL Illicit Arms Records and tracing Management System (iARMS) . 165 
3.2 INTERPOL Firearms Reference Table (IFRT) ............................................... 166 
3.3 INTERPOL Ballistic Information Network (IBIN) ............................................ 167 
 
 
6 
3.4 Sistema eTrace do Bureau de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos 
(ATF) dos Estados Unidos ................................................................................... 168 
Aula 4 - Fatores que dificultam o rastreamento de armas de fogo no Brasil... 169 
Grande extensão territorial ............................................................................... 170 
Falta de uniformização de procedimentos e integração dos bancos de dados das 
forças de segurança ......................................................................................... 172 
Falta de investimento nas unidades periciais e de polícia judiciária ................ 176 
Utilização de dados incompletos ou inconsistentes das armas nas consultas ou 
pedidos de rastreamento (armas não periciadas) ............................................ 178 
Finalizando o módulo: .......................................................................................... 180 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 182 
 
 
 
 
7 
Apresentação do Curso 
 
Seja bem-vindo(a) ao curso Armas de Fogo – Registro e Rastreamento. 
Buscando dar profundidade na temática Armas de Fogo, a Diretoria de Ensino e 
Pesquisa da Secretaria de Gestão e Ensino em Segurança Pública do Ministério da 
Justiça e Segurança Pública oferta o curso Armas de Fogo – Registro e Rastreamento, 
com técnicas de identificação, classificação, registro e rastreamento de armas de fogo 
e munições no Brasil e no mundo. 
 
Objetivo do Curso 
 
O objetivo do curso é capacitar profissionais de segurança pública, no tocante 
a origem, histórico, registro e rastreamento das armas de fogo, o curso foi pensado e 
realizado para todos os profissionais do Sistema Único de Segurança Pública – Susp, 
está dividido em 03 módulos e conta além das nuances elencadas acima, com uma 
legislação atualizada da temática: Armas de Fogo no Brasil. 
 
Estrutura do curso 
 
Este curso contempla os seguintes módulos: 
 
Módulo 01 - Classificação de Armas de Fogo; 
Módulo 02 - Registro de Armas de Fogo no Brasil; 
Módulo 03 - Rastreamento de Armas e Munições. 
 
Assim, desejamos a todos bons estudos e um ótimo curso. 
 
 
8 
MÓDULO 1 – CLASSIFICAÇÃO GERAL DAS ARMAS 
DE FOGO 
 
 
Apresentação do módulo 
 
As armas de fogo são empregadas há séculos pela humanidade e evoluíram 
ao longo desse tempo, assumindo diversos formatos, características, modos de 
funcionamento e peculiaridades para que alcancem as mais diversas finalidades, tais 
como ataque, defesa, caça, esporte ou lazer. 
De maneira inevitável, as armas foram e são empregadas, também, no 
cometimento de crimes, resultando na necessidade da correta identificação dessas 
armas e suas características, tanto para a investigação criminal quanto para as 
análises e pesquisas que auxiliam na definição de políticas públicas voltadas para a 
redução da circulação de armas ilegais. 
Em virtude da variedade de características e finalidades, faz-se necessário 
estabelecer um critério claro e objetivo de classificação de armas de fogo. Na verdade, 
tal critério já existe e foi inicialmente proposto no Brasil em 1966 pelo Professor Eraldo 
Rabello (RABELLO, 1966). Neste módulo estudaremos o critério empregado no Brasil 
atualmente, porém antes, para contextualizar o aluno, será feito um apanhado da 
história das armas e das armas de fogo, que se confunde com a história da balística 
e, por que não, com a história da humanidade, uma vez que as armas acompanham 
os homens desde os primórdios. 
Alguns dos critérios de classificação são bastante simples e não deixam muitas 
dúvidas. Outros provocam discussões ferrenhas entre os entusiastas e estudiosos do 
tema. Neste curso não pretendemos estabelecer que uma corrente esteja certa e a 
outra errada, mas sim esclarecer qual é o critério legalmente adotado e que serve 
como base legal para todos os assuntos relacionados às armas de fogo. 
 
 
 
9 
Objetivos do módulo 
 
Ao final do estudo desse módulo, você será́ capaz de: 
• Definir balística, balística forense e arma de fogo; 
• Conhecer a história das armas de fogo e sua evolução; 
• Diferenciar as características que permitem a classificação das armas de fogo 
em seus mais diversos aspectos. 
 
Estrutura do módulo 
 
Esse módulo contempla as seguintes aulas: 
Aula 1 – História das armas de fogo 
Aula 2 – Classificação geral das armas de fogo 
Aula 3 – Classificação específica das armas de fogo 
 
 
 
10 
Aula 1 – História das armas de fogo 
1.1 - Introdução – a história ANTES das armas de fogo 
 
Desde o início da sua evolução, a humanidade desenvolveu instrumentos para 
facilitar as suas atividades. Antes da agricultura e domesticação de animais, a caça 
era o principal método utilizado na obtenção de alimentos de origem animal. A 
anatomia e capacidade física dos seres humanos limitava as possibilidades de caça, 
seja pela maior velocidade da presa, seja pela sua maior força física. O anseio por 
conseguir presas maiores ou mais rápidas despertou a necessidade de ferramentas 
para aumentar as chances de sucesso nas caçadas, resultando no desenvolvimento 
das primeiras armas que consistiam basicamente de pedaços de madeira, ossos e 
pedras, os quais possibilitavam abater animais de maiores proporções. Tais 
ferramentas objetivavam melhorar alguma habilidade humana, qual seja a força, 
velocidade ou alcance, aumentando consequentemente a sua capacidade de ataque 
ou defesa. 
Ao longo do processo evolutivo, mais armas foram 
desenvolvidas, visando abater animais cada vez 
maiores e em maiores distâncias, resultando na 
invenção de lanças, arcos e flechas. 
 
Não só a caça foi modificada pelo desenvolvimento das armas, mas também a 
“solução” de conflitos. Antes dependentes unicamente da força física e habilidade 
corporal, os embates entre seres humanos também foram influenciados pelo 
desenvolvimento das armas. Passou a vencer não necessariamente o mais forte ou o 
mais ágil e sim o que tinha a arma mais eficiente. A partir das armas menores e mais 
leves, de uso individual, tais como arcos e fundas, surgiram armas de fogo maiores e 
mais complexas, de grandes proporções, cuja operação não dependia mais de uma 
 
 
11 
única pessoa, mas sim de dois ou mais indivíduos, tais como as catapultas (Figura 1), 
balistas e trebuchets (Figura 2), sendo denominadas armas coletivas. 
 
Figura 1: Catapulta, uma das primeiras grandes armas medievais destinadas à guerra 
Fonte: RABELLO,1966. 
 
 
 
 
Figura 2: Trebuchet, arma medieval destinada à guerra, que permitia o arremesso de enormes 
petardos a grandes distâncias. 
Fonte: (MEDIEVAL, 2020). 
 
 
12 
1.2 - As primeiras armas de fogo 
 
Na busca por armas mais eficientes, o desenvolvimento da pólvora negra foi 
o grande divisor de águas. Veja o que ensina o Mestre EraldoRabello acerca do 
desenvolvimento da pólvora negra: 
 
“A invenção da pólvora, atribuída já ao alemão Bertoldo 
Schwars, em 1320, já ao inglês Rogério Bacon, 
anteriormente, mas, na realidade, com a data do seu 
primeiro aparecimento perdida completamente nos arcanos 
da antiguidade, porquanto admitido é que os chineses desde 
tempos imemoriais a conheciam, foi condição fundamental 
para a invenção das armas de fogo” (RABELLO, 1996). 
 
A invenção da pólvora possibilitou um salto no desenvolvimento das armas, 
que passaram a utilizar a força expansiva produzida quando da queima dos gases 
para propelir projéteis através de um cano. Nasciam então as primeiras armas de fogo. 
As primeiras armas de fogo constituíam-se basicamente de um cano de metal 
perfurado ao centro e longitudinalmente, dotado de uma câmara de explosão que 
continha a pólvora e, como projéteis, utilizavam esferas de metal. A pólvora era acesa 
por meio de uma mecha ou uma brasa. Essas armas eram grandes, pesadas e com 
a precisão de algumas dezenas de metros, devido à superfície interna do cano (alma) 
ser lisa e os projéteis irregulares, apesar de aproximadamente esféricos. (CUNHA 
NETO, 2020) informa que a mais antiga arma de fogo que se tem notícia data de 1288, 
encontrada recentemente em um sítio arqueológico no distrito de Acheng, na China. 
Segundo COSTA E SILVA (2019) apud CUNHA NETO (2020), há relatos da utilização 
de canhões rudimentares no cerco de Ronda em 1305 e na Batalha de Metz por volta 
de 1324. 
 
 
13 
 
 
Figura 3: Primeiras armas de fogo desenvolvidas pelo homem. Note que eram armas bastante 
rudimentares e sem grandes artifícios mecânicos 
Fonte: (Grande Enciclopédia de Armas de Fogo, 1988). 
 
 
SAIBA MAIS! 
Apesar da invenção da pólvora ter sido historicamente atribuída ao 
alemão Bertoldo Schwartz, os chineses já a utilizavam há muito tempo, sob a 
forma de fogos de artifício para as comemorações públicas. Há relatos também 
de emprego da pólvora com finalidades militares na China e na Rússia, na forma 
de flechas incendiárias, as quais estariam munidas de cargas propelentes e eram 
disparadas mediante o uso de arco ou balista, combinando, assim, as 
propriedades da flecha e as do foguete, já em meados do século X (RABELLO, 
1996). 
 
Eram armas de fogo grandes e pesadas, sendo transportadas em carroças e 
operadas por mais de um operador, para conseguir propelir projéteis fortes e 
resistentes o bastante para romper muralhas que, à época, tiveram que ser 
repensadas para resistir à nova invenção, alterando até mesmo o formato das 
edificações para um formato estrelado, com muros em posição oblíqua em relação 
aos pontos de ataque, visando minimizar os danos produzidos pelos petardos. 
 
 
14 
1.3 - A evolução dos sistemas de iniciação – matchlocks, 
weellocks e flintlocks 
 
Seguindo o caminho contrário dos arcos e fundas, as armas de fogo se 
desenvolveram a partir dessas grandes armas de emprego coletivo para armas 
menores e de emprego individual, graças ao desenvolvimento das técnicas de 
metalurgia. Essas primeiras armas portáteis ainda utilizavam uma chama ou a brasa 
de um estopim para iniciação da carga explosiva, denominadas armas de mecha ou, 
do inglês, matchlock. 
 
 
Figura 4: Arma com iniciação por mecha 
Fonte: Grande Enciclopédia de Armas de Fogo, 1988. 
 
 
A figura 4 mostra uma arma com iniciação por mecha, ou matchlock cuja mecha 
(seta) neste caso, era um cordão com a ponta em brasa (estopim). Note a evolução 
do mecanismo, que já contava com uma espécie de gatilho rudimentar. 
Tal método reduzia as possibilidades de uso das armas de fogo portáteis, uma 
vez que era necessário se manter essa chama ou brasa acesas para o pronto 
 
 
15 
emprego da arma, tarefa muito dificultada em ambientes úmidos ou dias chuvosos. 
Para tentar dar maior sobrevida à chama, os estopins eram banhados com nitrato de 
potássio. Outro elemento desfavorável era o fato da brasa acesa, denunciar a posição 
da tropa, sendo uma desvantagem em combate (CUNHA NETO, 2020). 
Já no século XVI foi desenvolvido um novo sistema de iniciação que utilizava 
o princípio da piroforicidade para produzir uma centelha para inflamação da carga de 
pólvora alojada em uma pré-câmara. Tal carga de pólvora com esse objetivo é 
denominada “escorva”. Nasciam assim as primeiras armas com sistema de iniciação 
por atrito, do inglês, weellocks, cujo mecanismo era denominado “fecho de roda”. As 
centelhas eram obtidas através do atrito da pedra com as estrias na borda de um disco 
de metal, de maneira muito semelhante aos isqueiros modernos. Muitas delas eram 
fabricadas por relojoeiros, em virtude da complexidade das peças que as compunham. 
Segundo (CUNHA NETO, 2020), alguns estudiosos atribuem ao próprio Leonardo da 
Vinci a invenção deste mecanismo. 
 
Figura 5: Sistema de iniciação por fecho de roda 
Fonte: Grande Enciclopédia de Armas de Fogo, 1988. 
 
 
 
 
16 
A figura 5 mostra o Sistema de iniciação por fecho de roda. A alavanca (seta) 
era utilizada para armar o mecanismo, que era liberado pelo gatilho, já bastante 
desenvolvido e similar aos utilizados atualmente. 
As armas com sistema de iniciação por fecho de roda perduraram até o final do 
século XVI, entretanto, apesar da engenhosidade do mecanismo, não foram muito 
disseminadas em virtude do elevado custo de produção, convivendo com as 
matchloks pelo menor custo e maior facilidade dessas últimas. 
Com um processo de funcionamento e fabricação mais simples, foram 
introduzidas as armas dotadas de fecho de miquelete, que consistia em uma chapa 
basculante de metal e um braço com uma presilha dotada da pedra ígnea e tensionado 
por mola. Quando o gatilho era pressionado, a mola forçava o braço em movimento 
girar para a frente de maneira que a pedra colocada na presilha era atritada na chapa 
basculante de metal, produzindo as centelhas e ao mesmo tempo deslocando a 
referida chapa para a frente, descobrindo a pólvora localizada na escorva e permitindo 
a sua inflamação pelas centelhas. Foram chamadas de “armas de pederneira”, pela 
semelhança de funcionamento com o instrumento homônimo utilizado para acender 
fogueiras. No inglês receberam o nome de flintlocks, tendo sido desenvolvidas 
inicialmente pelo armeiro francês Marin Le Burgeoys (CUNHA NETO, 2020). 
 
 
Figura 6: Pistola dotada de iniciação por fecho de miquelete (seta) 
Fonte: Grande Enciclopédia de Armas de Fogo, 1988. 
 
 
 
17 
A título de curiosidade, esses não foram os únicos sistemas criados e sim os 
mais usuais. Eraldo Rabello comenta sobre o sistema desenvolvido pelo Maj. Patrick 
Ferguson, militar inglês, que inventou um sistema de funcionamento pela culatra 
(retrocarga, como veremos a seguir) que foi aceito no Arsenal de Woolrich. Nesse 
sistema, o projétil, que tinha diâmetro ligeiramente superior ao do cano, era inserido 
por um orifício na parte posterior da arma e introduzido na câmara por meio do giro de 
uma alavanca na parte inferior da arma. 
Apesar da franca evolução frente às primeiras armas portáteis, todos os 
mecanismos já mencionados apresentavam alguns problemas em comum: 
• Sensibilidade a operação em ambientes úmidos e dias chuvosos; 
• Elevado nível de falhas; 
• Processo lento de recarga; 
• Necessidade de manter uma brasa acesa, no caso das matchlocks; 
• Complexidade do mecanismo, no caso das wheellocks. 
 
Esses problemas ocasionavam a necessidade de uma alternativa de combate, 
caso o inimigo se aproximasse demais. Essa necessidade foi parcialmente resolvida 
com o emprego da baioneta, que permitia o combate aproximado contra o inimigo. 
Destaca-se que mesmo com a evolução das armas de fogo até os dias de hoje, as 
baionetas resistiram e muitas armas modernas ainda contam com esse recurso, como 
o renomado fuzil AK-47 ou mesmo os fuzis nacionais IA2, produzidos pela IMBEL 
(Indústria de Material Bélico). 
 
 
1.4 - A consolidaçãoda iniciação por percussão 
 
No início do século XIX, a continuidade do desenvolvimento dos sistemas de 
iniciação levou ao aparecimento das primeiras espoletas de percussão, criadas pelo 
 
 
18 
Reverendo Alexander John Forsyth, denominadas percussionlocks. Empregavam 
uma pequena cápsula aberta de cobre ou latão, preenchida ao fundo com uma mistura 
sensível ao impacto. Inicialmente utilizavam como principal ingrediente o fulminato de 
mercúrio, abandonado posteriormente por ser extremamente venenoso/tóxico, além 
de ser extremamente sensível à umidade, sendo então substituído pelo estifnato de 
chumbo. As primeiras armas com sistema de iniciação por percussão utilizavam a 
espoleta extrínseca (externa) à câmara. Diversas armas que utilizavam fecho de 
miquelete foram adaptadas para utilizarem a nova espoleta, porém mantendo o 
mesmo sistema de alimentação. 
 
Figura 7: Arma dotada de sistema de iniciação por percussão extrínseca (seta) 
Fonte: Acervo do conteudista. 
 
 
O passo seguinte foi trazer a espoleta para o corpo do estojo, facilitando 
sobremaneira a alimentação da arma. As primeiras armas a utilizar este sistema foram 
desenvolvidas na França por Casimir Lefaucheux em 1836 (TOCCHETTO, 2018). O 
cartucho por ele desenvolvido levou para dentro do estojo a espoleta e o percussor, 
simplificando o processo de remuniciamento da arma. 
 
 
19 
 
Figura 8: Arma e cartuchos do tipo Lefaucheux. A seta aponta o orifício por onde aflorava o pino de 
percussão que continha o cartucho 
Fonte: Grande Enciclopédia de Armas de Fogo, 1988. 
 
 
Apesar do grande desenvolvimento promovido por Lefaucheux, as armas de 
fogo ainda poderiam ser mais aprimoradas. A presença do pino de percussão 
integrado ao cartucho facilitava a ocorrência de tiros acidentais. As armas seguintes 
já utilizavam um percussor destinado a atingir a espoleta integrada ao cartucho. 
A consolidação do sistema de iniciação por percussão se deu com a 
integração entre o estojo metálico e a espoleta. Essa integração ocorreu inicialmente 
com o projeto de Louis Floubert em 1945 (PAMELA M, 2019), que empregou um estojo 
de latão com carga iniciadora de fulminato de mercúrio, que era acomodada na borda 
inferior do estojo que, ao ser amassada, gerava a iniciação da carga. Este cartucho 
não possuía carga de projeção adicional, sendo os gases da propulsão gerados 
integralmente pela queima da carga iniciadora. Essas armas eram destinadas a 
competições de tiro em ambientes internos e empregavam projéteis com diâmetro de 
6 a 9 milímetros. Eram também empregadas por jardineiros para exterminar pragas, 
principalmente com cargas de projéteis múltiplos. 
 
 
20 
 
Figura 9: Mostra uma foto de cartucho Flobert 
Fonte: Acervo do autor. 
 
 
A ausência de pólvora limitava muito a velocidade dos projéteis, entretanto a 
ideia foi aproveitada no desenvolvimento do que hoje são os cartuchos de fogo 
circular, sendo o mais célebre deles o de calibre .22 LR, que ainda hoje é muito 
empregado. Outro calibre que vem sendo cada vez mais empregado é o .17HMR, 
apesar de ser munição de fogo circular. 
 
Figura 10: Mostra um cartucho de calibre .17 HMR (à direita) e um cartucho de calibre .22 LR (à 
esquerda) lado a lado 
Fonte: do conteudista. 
 
 
 
21 
Apesar de significar uma grande evolução, pois permitiu a inserção do 
cartucho na câmara de maneira mais simples, sem depender de uma posição 
específica, os cartuchos de fogo circular ainda não resolviam todos os problemas por 
apresentarem um elevado número de falhas. O problema só foi resolvido com o 
desenvolvimento dos cartuchos de fogo central, que apresentavam a cápsula de 
espoletamento (espoleta) no centro do culote, concentrando toda a mistura iniciadora 
em um ponto menor. 
O espaço destinado ao acondicionamento da espoleta, denominado “bolso”, 
destina a apoiá-la para que ela não afunde quando da percussão. Outro ponto 
importante a ser observado é que o funcionamento da espoleta dependia da 
compressão da mistura iniciadora para gerar atrito entre os cristais que a formavam 
e, consequentemente, a sua iniciação. De um lado, a face externa da espoleta era 
atingida pelo percussor, deformando-se em direção a uma protuberância (bigorna) 
que gerava a compressão necessária ao funcionamento. Sugiram, assim, três tipos 
de espoletas de fogo central: Berdan, Boxer e Bateria. 
A diferença entre os três é tão somente a arquitetura empregada: 
BERDAN 
Nos estojos Berdan, a bigorna era localizada no corpo do estojo, sendo a 
comunicação feita com a pólvora através de dois furos, denominados eventos, que 
ladeavam a bigorna. 
BOXER 
Nos estojos boxer, a bigorna era parte constituinte da própria espoleta e a 
comunicação com a pólvora era feita por meio de um único evento. 
BATERIA 
As espoletas do tipo bateria, diferenciam-se das demais por serem totalmente 
independentes do estojo, possuindo o seu próprio bolso, apoiando-se tão somente na 
borda do orifício do estojo, destinado a acomodá-la. Isso permite que elas sejam 
empregadas até mesmo em estojos feitos totalmente de plástico. 
 
 
22 
As espoletas do tipo Berdan foram muito 
empregadas antigamente, porém atualmente o mais 
comum é a utilização das espoletas do tipo boxer, nos 
cartuchos de armas de fogo de alma raiada, e bateria, 
nos cartuchos de armas de fogo de alma lisa. Isso se 
deve, dentre outros motivos, à maior facilidade de 
produção e recarga desses tipos de munições. 
 
 
1.5 - A evolução continua 
 
Engana-se quem pensa que a evolução das armas de fogo chegou ao seu 
ápice! Mesmo após o surgimento e consolidação do cartucho de fogo central, o 
homem ainda tenta conseguir melhorias no funcionamento das armas. Uma das 
tentativas mais curiosas de inovação é o desenvolvimento das munições sem estojo! 
É isso mesmo! Munições que não mais empregam o cartucho metálico! 
SAIBA MAIS! 
As tentativas de desenvolvimento de armas e munições sem estojo 
não são recentes. Mesmo no Brasil. Na década de 60 do século passado, 
na cidade de Lorena/SP, foram feitas tentativas de desenvolvimento de 
munições sem estojo, que empregavam carga propelente de pólvora 
prensada, que se fixava ao projétil por meio de um pino em sua base. A 
iniciação era feita por meio de centelha elétrica. 
 
Até mesmo a grande fabricante alemã Hecker & Kock se aventurou no 
desenvolvimento de munições sem estojo, culminando na criação do fuzil HK G11, no 
 
 
23 
calibre 4,73x33 mm DM1. Apesar de apresentar avanços significativos e uma 
impressionante cadência de tiro, que alcançava a impressionante marca de 2100 tiros 
por minuto, a arma foi descontinuada devido ao fim da guerra fria e a unificação da 
Alemanha implicaram em cortes nos orçamentos de defesa, fator que associado à 
grande disponibilidade de armas curtas a preços baratos, acabou por impedir a 
continuidade do projeto (MIZOKAMI, 2020). 
 
Figura 11: Fuzil H&K G11, desenvolvido para empregar munição sem estojo 
Fonte: MIZOKAMI, 2020. 
 
 
Como foi possível ver nesta aula, a história das armas de fogo e munições 
dependeu da inventividade humana associada à necessidade de melhorias de 
desempenho na utilização delas. Na próxima aula você verá que a classificação das 
armas de fogo surgiu justamente em função da evolução delas. 
 
 
 
24 
Aula 2 - Classificação geral das armas de fogo 
 
Na aula anterior vimos os aspectos relacionados à história das armas de fogo, 
demonstrando a grande variabilidade de sistemas e mecanismos existentes. Nesta 
aula trataremos sobre a classificação das armas segundo alguns critérios 
estabelecidos para que seja possível diferenciar suas características. Você vai 
perceber que essa classificação está intimamente ligada à evolução das armas, 
facilitando o seu entendimento. 
No trabalho policial cotidiano, a identificação e classificação de armas de fogo 
são de extrema importância. Os critérios de classificação das armasde fogo são 
estabelecidos de acordo com as finalidades em que elas serão empregadas. Desta 
forma, diversos são os autores que procuram definir uma classificação abrangente e 
ao mesmo tempo particular e objetivo para todas as armas de fogo. Assim, apesar da 
grande convergência entre a maioria dos métodos de classificação, algumas 
diferenças particulares são observadas, porém sem trazer grandes prejuízos à 
compreensão dos conceitos que diferenciam as armas de fogo. 
O primeiro critério de classificação de armas de fogo documentado no Brasil foi 
o proposto pelo Professor Eraldo Rabello, em 1.966 (RABELLO, 1966). No critério 
proposto pelo Mestre Rabello, as armas seriam classificadas segundo as seguintes 
características: 
 
 
25 
 
Figura 12: Critérios de classificação da arma de fogo 
Fonte: SCD/EaD/Segen. 
 
 
Segundo o autor, tal classificação se fundamentou nos cinco primordiais 
aspectos a serem considerados nos exames periciais em armas de fogo. O critério 
proposto apresentava subdivisões de acordo com as variações de cada aspecto, como 
é possível ver no esquema mostrado na Figura 13. 
 
 
26 
 
Figura 13: Critério de classificação geral de armas de fogo proposto por Eraldo Rabelo 
Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen. 
 
 
Embora seja um excelente critério, você perceberá no módulo seguinte que 
alguns critérios técnicos empregados por Rabello são diferentes dos critérios legais 
em vigor. Tais diferenças, embora existentes, não invalidam o sistema de classificação 
proposto por Eraldo Rabello. São apenas reflexos da evolução (ou não, muitas vezes) 
dos conceitos relacionados às armas de fogo. 
A seguir será feito o detalhamento de cada um dos critérios de classificação. 
 
 
27 
2.1 Classificação quanto à alma do cano 
 
As armas de fogo podem ser divididas quanto à característica da superfície 
interna do cano, chamada de “alma do cano”. Sob este prisma, temos as armas com 
cano de alma lisa e as armas com cano de alma raiada. 
 Vamos estudar um pouco sobre cada uma delas, confira: 
 
Alma lisa 
As armas de alma lisa não apresentam nenhum relevo ou saliência no interior 
do cano, razão pela qual são ditas de alma lisa. Pode-se citar como exemplos dessas 
armas os primeiros canhões, mosquetões e a grande maioria das armas de 
rudimentares, bem como as espingardas, que serão detalhadas posteriormente. 
 
Almo raiada 
Já as armas com cano de alma raiada apresentam saliências ou quinas no 
interior do cano, com o objetivo de imprimir ao projétil um sentido de giro, seja para a 
direita, seja para a esquerda, visando conferir-lhe maior estabilidade. O efeito 
giroscópico equilibra as interferências produzidas pelos diferentes atritos da superfície 
do projétil em um ângulo de 360º, compensando os pequenos desvios de trajetória. 
 
 
 
Figura 14: Diferença entre o cano de alma lisa e o de alma raiada 
Fonte: do conteudista. 
 
 
28 
As armas com cano de alma raiada podem ainda se dividir em armas com 
número par ou ímpar de raias, ou pelo sentido de giro das raias, sendo aquelas com 
sentido de giro para a direita chamadas destrógiras e aquelas com sentido de giro 
para a esquerda chamadas sinistrógiras ou levógiras. Podem ainda serem divididas 
quanto ao formato do raiamento, entre o raiamento convencional ou o raiamento 
poligonal. As primeiras apresentam quinas vivas e bem definidas nos raiamentos, 
enquanto que as segundas apresentam o perfil em formato de polígono regular com 
quinas arredondadas, podendo ser de cinco ou mais lados, dependendo da arma. 
 
 
Figura 15: Subdivisão das armas com cano de alma raiada 
Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen. 
 
 
 
 
29 
 
Figura 16: Comparação entre canos com alma convencional e poligonal 
Fonte: do conteudista. 
 
 
 
 
2.2 Classificação quanto ao sistema de municiamento 
 
Como você viu na aula 1, desde o início do desenvolvimento das armas de 
fogo, o municiamento da arma tem sido um elemento de grande evolução, no sentido 
de melhorar a velocidade e facilidade de operação bem como robustez às falhas. 
Ao longo dos experimentos de aperfeiçoamento das armas, os inventores 
sempre tentaram desenvolver métodos mais eficientes ou mais rápidos para promover 
o remuniciamento das armas. As armas de fogo rudimentares demandavam um 
processo complicado e demorado de municiamento, motivo pelo qual as mesmas 
eram equipadas com baionetas em suas extremidades, que eram utilizadas quando 
não havia mais tempo para uma nova carga e era necessário o combate imediato. 
As primeiras armas desenvolvidas apresentavam como característica o 
remuniciamento pela boca do cano da arma, no sentido inverso ao do processo de 
expulsão do projétil, chamado sistema de antecarga. Inicialmente era colocada a 
 
 
30 
carga de pólvora na câmara sendo em seguida colocado um chumaço de papel, tecido 
ou qualquer outro material separador com a ajuda de uma haste para então ser(em) 
colocado(s) o(s) projétil(eis). 
 
 
Figura 17: Sequência de municamento de uma arma de antecarga 
Fonte: Grande Enciclopédia de Armas de Fogo, 1988. 
 
Este processo era demasiadamente demorado por 
requerer o acondicionamento de cada elemento em 
separado. Também não era um procedimento seguro 
gerando diversos problemas, seja pela colocação de uma 
carga excessiva de pólvora, que ocasionava a explosão da 
câmara da arma e produzia do chamado “tiro pela culatra”, 
seja pela falta de carga de pólvora, que ocasionava numa 
propulsão insuficiente do projétil, de forma que o inimigo 
não era ferido e tinha condições de se aproximar do 
utilizador da arma, que então tinha que entrar em embate 
corporal para garantir a sua sobrevivência. 
 
Tais problemas levaram ao desenvolvimento das primeiras cargas 
previamente preparadas. Um pedaço de papel era utilizado para acondicionar tanto a 
carga de pólvora, suficiente para o bom funcionamento da arma, quanto o(s) 
 
 
31 
projétil(eis) a ser(em) utilizado(s). Esse mesmo papel era utilizado como bucha. No 
momento do combate o soldado retirava o cartucho de papel e o rasgava com os 
dentes, efetuando o municiamento da arma de maneira mais rápida. Esse processo 
acelerou o procedimento de remuniciamento das armas, mas ainda estava longe do 
ideal. Um fato curioso decorrente do uso desse tipo de carregamento, era a frequente 
dispensa de soldados desdentados, pois eles teriam dificuldades para carregar as 
armas. 
 
 
Figura 18: Cartucho de papel com carga previamente dosada e montada 
Fonte: CHANT, 1995. 
 
Outro tipo de municiamento, este pouco utilizado, foi o sistema de retrocarga 
com câmara de antecarga. As armas que utilizavam este sistema possuíam uma 
câmara basculante que permitia o remuniciamento pela sua porção anterior, 
semelhante às armas de antecarga, porém já na parte posterior da arma, justificando 
seu nome. 
 
 
32 
 
 
Figura 19: Desenho esquemático de uma arma de retrocarga com câmara de antecarga 
Fonte: RABELLO, 1996. 
 
 
Posteriormente foram desenvolvidas as armas de 
retrocarga, cujo carregamento se dava diretamente na câmara 
de explosão. Este método, utilizado plenamente até hoje nas 
armas modernas, permitiu um salto gigantesco no 
desenvolvimento das armas de fogo e calibres. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
2.3 Classificação quanto ao sistema de inflamação 
 
Já descritos brevemente na introdução desta unidade, os sistemas de 
iniciação das armas de fogo sofreram grandes modificações ao longo dos anos. 
Obviamente tais mudanças foram incorporadas ao sistema de classificação de armas 
de maneira a diferenciá-las. 
As primeiras armas desenvolvidas utilizavam mechas na iniciação das cargas 
de propulsão (pólvora). Esta mecha poderia ser tanto uma corda em brasa quanto 
uma tocha. Como inconvenientes, apresentava a grande dificuldade de manter a brasa 
acesa em combates em ambientes úmidos ou em ventanias. 
As armas com sistema de iniciaçãopor atrito surgiram em seguida, utilizando 
tanto o fecho de roda quanto o fecho de miquelete para gerar faíscas para iniciar a 
carga propelente. 
Com o domínio da técnica de produção de espoletas surgiram as primeiras 
armas com sistema de iniciação por percussão. Essas armas se dividem em: 
Armas de percussão extrínseca 
A espoleta era colocada externamente à câmara em uma pequena saliência, 
chamada ouvido, sendo a chama transferida à carga de propulsão por intermédio de 
um orifício ligado ao “ouvido”. Muitas armas antigas que utilizavam o sistema de 
iniciação por mecha eram convertidas por armeiros experientes para utilizarem o 
sistema de iniciação por percussão. 
Armas de percussão intrínseca 
O desenvolvimento de novas técnicas permitiu que a percussão da espoleta 
ocorresse internamente ao mecanismo da arma, denominada percussão intrínseca. 
 
As primeiras armas de percussão intrínseca utilizavam os cartuchos 
idealizados por Lefaucheux, eram chamadas de armas de percussão por pino lateral 
 
 
34 
e logo se tornaram obsoletas (vide Figura 8). 
Foram então desenvolvidos cartuchos cuja espoleta era integrada ao corpo 
do estojo em um anel na sua base. Armas que utilizam este tipo de cartucho são 
chamadas de armas de percussão radial e alguns calibres com esse tipo de iniciação 
são produzidos ainda hoje, como por exemplo os calibres .22LR e .17HMR. 
Outro tipo de cartucho desenvolvido, sendo até hoje o mais utilizado, é aquele 
com a espoleta localizada externamente ao centro do estojo. O sistema de percussão 
para este tipo de cartucho é chamado percussão central, sendo empregado na 
maioria das armas modernas. 
Ainda sobre os sistemas de percussão, uma outra subdivisão é feita em 
relação à percussão: direita ou indireta. A percussão da espoleta se dá por ação de 
dois elementos: um elemento de massa, tensionado por mola, que produzirá a energia 
necessária ao impacto, e um elemento de atuação na espoleta, que por ter a área de 
impacto na espoleta reduzida, produzirá pressão suficiente para a iniciação da carga. 
Se o elemento de massa e o elemento atuador se encontram em uma mesma peça, 
as armas com essa característica são chamadas de arma de percussão direta. Se o 
elemento de massa e o elemento de atuação estão separados, ou seja, são peças 
desconexas, essas armas são denominadas de percussão indireta. 
 
 
35 
 
 
Figura 20: Sistema de inflamação 
Fonte: SCD/EaD/Segen. 
 
Veja a figura 21 apresenta um exemplo esquemático mostrando a arma de fogo 
de percussão direta. Note que o elemento atuador e o elemento de massa, tensionado 
por fazem parte da mesma peça. Já a figura 22 apresenta um exemplo esquemático 
mostrando arma de percussão indireta. Note que o elemento atuador e o elemento de 
massa, tensionado por mola, são peças separadas. 
 
 
 
 
 
 Figura 21: Arma de percussão direta 
Fonte: do conteudista. 
 
 
36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.4 Classificação quanto ao sistema de funcionamento 
 
Característica inerente ao processo de evolução das armas de fogo, o regime 
de funcionamento apresentou, juntamente com o método de iniciação da pólvora, uma 
evolução gigantesca ao longo do tempo. 
 
Figura 23: Classificação quanto ao sistema de funcionamento 
Fonte: SCd/EaD/Segen. 
Figura 22: Arma de percussão indireta 
Fonte: do conteudista. 
 
 
 
37 
A primeira divisão a se fazer é quanto ao número de utilização do cano e 
sistema de disparo da arma sem uma nova necessidade de municiamento. As 
primeiras armas foram as chamadas de TIRO UNITÁRIO, pois para uma nova 
utilização do cano fazia-se necessário um novo municiamento. Estas se dividem em 
armas: 
 
Tiro unitário simples 
São as armas dotadas de apenas um cano. Para cada utilização do cano e sistema 
de disparo era necessário um novo municiamento da arma. A figura 24 mostra uma 
arma de tiro simples. 
 
Tiro unitário múltiplas 
São as armas dotadas com diversos canos. A figura 25 mostra uma arma de tiro 
unitário múltipla, na imagem fica evidenciado dois sistemas de disparo distintos. Nota-
se os dois canos. 
 
 
Figura 24: Arma de tiro unitário simples 
Fonte: do conteudista. 
 
 
 
 
38 
 
Figura 25: Arma de tiro unitário múltipla 
Fonte: do conteudista. 
 
 
Visando maior poder e velocidade de combate, foram desenvolvidas armas 
constituídas de um sistema de repetição que permitia a utilização de um mesmo cano 
sem a necessidade de um novo remuniciamento da arma, pois eram dotadas de duas 
ou mais cargas previamente inseridas. Para que ocorra a repetição do tiro, são 
necessárias duas etapas distintas. A primeira etapa consiste na colocação de uma 
nova munição na câmara, em condição de tiro e a liberação do sistema de disparo 
para que o próximo tiro aconteça. De maneira primorosa, o brilhante professor Luiz 
Gaspar Ribas Maris denomina tais sistemas de mecanismos de preparação (MARIZ, 
2019). 
São armas classificadas como de repetição e se subdividem de acordo com 
o sistema adotado, podendo ser de repetição não-automática, de repetição 
semiautomática ou de repetição automática. 
 
 
Armas de repetição não automática 
 
As armas de repetição não-automática ou, alternativamente, de repetição 
manual (Erro! Fonte de referência não encontrada.) são assim denominadas pelo f
ato de tanto a alimentação da câmara quanto a liberação do percussor dependerem 
única e exclusivamente da força física do atirador. São, ainda, denominadas 
 
 
39 
simplesmente de armas de repetição por alguns autores, embora as armas de 
repetição semiautomática automática também sejam armas de repetição, como se 
verá adiante. 
 
 
Figura 26: Armas de repetição manual 
Fonte: do conteudista. 
 
 
 
Por sua vez, as armas de repetição manual se subdividem de acordo com a 
forma como essa repetição manual acontece. Sendo elas por tambor giratório, por 
ação de bomba, por ação de alavanca, por ação de ferrolho. Vamos estudar um 
pouco sobre elas. 
 
Tambor giratório 
As primeiras armas de repetição manual desenvolvidas empregavam um 
tambor giratório que apresentava uma nova munição em alinhamento com o cano 
com o acionamento manual do sistema de disparo (Figura 27). Você deve estar já 
imaginando que se trata do revólver, entretanto ele é apenas uma das armas que 
utilizava este sistema. Ainda, trataremos na próxima aula sobre a classificação das 
armas de fogo no que tange à espécie. 
 
 
40 
 
Figura 27: Armas que empregam repetição por tambor giratório 
Fonte: do conteudista. 
 
 
 
 
Ação de bomba 
Outra forma de repetição manual é a que ocorre por ação de bomba (do 
inglês, Pump action). Neste tipo de ação as munições ficam acondicionadas em um 
tubo de depósito localizado geralmente em posição inferior e paralela ao cano. A 
bomba é uma peça de formato cilíndrico que se posiciona sobre este tubo de depósito 
e faz tanto a liberação de um novo cartucho para ser elevado à câmara, por meio do 
transportador, quanto arma o mecanismo de disparo. Embora popularizado por ser 
utilizado em diversos modelos de espingarda em calibre 12, este sistema não é 
exclusivo dessas armas. 
 
Figura 28: Arma de repetição por ação de bomba (Pump action) 
Fonte: do conteudista. 
 
 
Ação de alavanca 
O sistema de repetição manual por ação de alavanca (do inglês, lever action) 
foi imortalizado nas telas dos cinemas pelos filmes de faroeste. Neste sistema, que 
também emprega um tubo de depósito colocado paralela e inferiormente ao cano, uma 
 
 
41 
alavanca que pode compor o guarda-mato ou envolvê-lo, é acionada por um giro para 
baixo e em direção ao cano, promovendo a extração do estojo do tiro anterior e 
armando o sistema de disparo para, ao ser retornada para a sua posição inicial, insere 
um novo cartucho na câmara, oriundo do tubo do depósito. 
 
Figura 29: Arma de repetição por ação de alavanca (lever action) 
Fonte: do conteudista. 
 
 
Ação do ferrolho 
Empregado atéhoje em diversos fuzis de precisão, o sistema de repetição por 
ação de ferrolho (do inglês, bolt action) é mais um exemplo de funcionamento de 
repetição manual. Neste sistema, as munições subsequentes ficam alojadas em um 
receptáculo localizado no corpo da arma, em posição inferior e recuada em relação à 
câmara. O ferrolho é uma peça cilíndrica dotada de uma alavanca e apresentando um 
ou mais ressaltos na parte anterior. Este ressalto se encaixava com um giro em um 
espaço específico na câmara, de forma que formam um conjunto extremamente 
sólido, denominado trancamento. Após o tiro, o atirador gira o ferrolho no sentido anti-
horário, de maneira que ele se desencaixa da câmara e inicia a extração do estojo 
que está nela alocado. Ao puxar o ferrolho para trás, o estojo acaba de ser extraído 
da câmara e é ejetado. Ao mesmo tempo, um novo cartucho é apresentado pelo 
transportador, ficando parcialmente alinhado ao ferrolho que, ao ser empurrado para 
a frente, desloca o cartucho do receptáculo, inserindo-o na câmara. Simultaneamente 
a armadilha do gatilho retém o percussor, armando o sistema de disparo. 
 
Figura 30: Arma de repetição por ação de ferrolho (bolt action) 
Fonte: do conteudista. 
 
 
42 
Armas de repetição semiautomática 
 
As armas de repetição semiautomática são assim denominadas por 
utilizarem a força de expansão dos gases para ao mesmo tempo impulsionar o projétil 
e proporcionar a alimentação da câmara com uma nova carga em condições de 
utilização. Para que ocorra um novo disparo é necessário que o atirador aperte 
novamente o gatilho para liberação do percussor e inicie um novo ciclo. 
Assim como as armas de repetição manual apresentam várias formas de 
funcionamento, as armas de repetição semiautomática também apresentam soluções 
diferentes para o problema da preparação da arma para a condição de novo tiro. 
Alguns desses mecanismos de preparação das armas semiautomáticas serão 
mostrados a seguir. Confira! 
 
Blowback simples 
Desenvolvido no final do século XIX por John Moses Browning, o mecanismo 
de preparação mais simples para armas semiautomáticas é denominado blowback 
simples (do inglês, reação simples à retaguarda). Este mecanismo se baseia no 
princípio de ação e reação apresentando por Isaac Newton. Os gases da combustão 
empurram o projétil para a frente. O projétil empurra os gases da combustão para trás 
que, sem ter para onde se deslocarem, empurram o ferrolho à retaguarda que, por ser 
uma peça móvel, se desloca, ejetando o estojo que estava na câmara e é novamente 
impulsionado à frente pela força de uma mola, denominada mola recuperadora do 
ferrolho, realizando a alimentação da câmara com mais uma munição. É utilizado em 
armas curtas de calibres menores, até o .380 Auto, bem como também em algumas 
submetralhadoras. 
 
 
43 
 
Figura 31: Diagrama esquemático mostrando o funcionamento do blowback simples 
Fonte: do conteudista. 
 
 
 
 
 
 
Figura 32: Animação mostrando o funcionamento do blowback simples 
Fonte: KAVANAGH, 2014. 
 
 
 
Delayed blowback 
Nas armas de calibres maiores, o maior momento linear proporcionado aos 
projéteis, demanda uma solução mais eficiente para reduzir o recuo sobre o operador 
e também a solicitação da arma. Para proporcionar essa redução no recuo, uma 
solução extremamente eficiente foi o deslocamento de mais massa além do ferrolho. 
A massa adicional foi obtida com o deslocamento do cano em conjunto com o ferrolho 
 
 
44 
por um pequeno percurso. Este “atraso” proporcionado pelo pequeno deslocamento 
do cano batizou o sistema, que ficou conhecido como “delayed blowback” (do inglês, 
reação atrasada à retaguarda). Foi eternizado pela célebre pistola Colt 1911, arma 
que foi adotada como padrão pelo exército americano em 1911. Outros sistemas de 
delayed blowback foram desenvolvidos, tais como o atraso por roletes, por alavanca, 
a gás etc., porém não iremos detalhar os funcionamentos por expressarem uma 
parcela muito pequena das armas atualmente empregadas. 
 
Figura 33: Diagrama esquemático mostrando o funcionamento do blowback com atraso 
Fonte: do conteudista. 
 
 
Operação por gases 
Utilizando um princípio diferente do blowback, na operação por gases, uma 
porção dos gases da combustão é desviada a partir de certa parte do cano pelo bloco 
de gases (gás block) e utilizada para movimentar diretamente o conjunto do ferrolho, 
denominada ação direta de gases, (operação por tubo de gases) ou então 
indiretamente, ação indireta de gases, para empurrar um pistão (ou êmbolo) que, por 
sua vez, impulsiona o conjunto do ferrolho (operação por pistão), produzindo a 
realimentação da arma. 
 
 
 
45 
 
Figura 34: Diagrama esquemático mostrando o funcionamento do tubo de gases 
Fonte: do conteudista. 
 
 
Figura 35: Animação mostrando o funcionamento do tubo de gases, também denominado ação direta 
dos gases sobre o ferrolho 
Fonte: KAVANAGH, 2014. 
 
 
 
46 
 
Figura 36: Diagrama esquemático mostrando o funcionamento do pistão 
Fonte: do conteudista. 
 
 
 
Figura 37: Animação mostrando o funcionamento do pistão 
Fonte: KAVANAGH, 2014. 
 
 
 
 
 
 
 
47 
Ainda, é importante destacar que diversas armas semiautomáticas podem 
operar também com repetição manual, a depender da opção do operador. Como 
exemplo cita-se a espingarda Benelli M3 Super 90 e a espingarda Franchi Spas 15. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Armas de repetição automáticas 
 
As armas nas quais tanto a alimentação da câmara quanto a liberação do 
percussor são acionados sem a interferência do atirador são denominadas armas de 
repetição automática. Nessas armas exige-se apenas que o atirador mantenha 
pressionado o gatilho para que ocorram disparos sucessivos. Classificam-se nesse 
critério as metralhadoras, submetralhadoras, diversos tipos de fuzis e algumas 
pistolas. Cumpre esclarecer que essas armas geralmente apresentam mais de uma 
opção de sistema de funcionamento, sendo dotadas de um seletor para que o 
operador decida se a arma irá operar em regime semiautomático ou automático, ou 
ainda com três posições de tiro: semiautomático, rajada controlada de dois ou três 
tiros, ou rajada plena, que dura enquanto o gatilho estiver pressionado e houver 
munições. 
Figura 38: Espingardas Benelli M3 Super 90 (acima) e Franchi SPAS-15 (abaixo), que 
funcionam tanto com repetição manual quanto semiautomática 
Fonte: do conteudista. 
 
 
48 
 
O quadro seguinte detalha as características e diferenças de cada sistema de 
repetição comentado. 
 
Sistema de 
repetição 
Colocação da 
arma em 
condição de 
novo tiro 
Liberação do sistema 
de disparo 
Exemplo 
Manual Força muscular 
do atirador 
Força muscular do 
atirador 
Revólver 
Semiautomática Automaticamente 
pela arma 
Força muscular do 
atirador 
Pistola 
Automática Automaticamente 
pela arma 
Automaticamente pela 
arma 
Submetralhadora 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
49 
Ação de armas de fogo de repetição 
 
Não relacionada como um dos critérios de classificação estabelecidos pelo 
Professor Eraldo Rabello, a ação da repetição é uma característica digna de nota. As 
armas de repetição manual e semiautomática se dividem em armas de ação simples 
e armas de ação dupla. 
 
 
Ação simples 
Armas de ação simples são aquelas em que o posicionamento do cão à 
retaguarda é feito manualmente pelo atirador e a atuação do gatilho permite apenas 
liberar o percussor ou cão para atingir a espoleta. As primeiras armas utilizavam este 
tipo de ação. 
 
Ação dupla 
Armas de ação dupla são aquelas em que a atuação do gatilho permite tanto 
posicionar o cão ou percussor à retaguarda quanto liberá-lo para atingir a espoleta. 
 
 
Algumas armas permitem a sua utilização tanto em 
ação simples, com o sistema de disparo previamente 
armado, quanto em ação dupla, com a armação do sistema 
de disparo feita pelo gatilho. Tais armas são denominadas 
de armasde DUPLA AÇÃO, por poder serem operadas tanto 
em ação simples quanto em ação dupla. 
 
 
 
 
 
 
50 
2.5 Classificação quanto à mobilidade e uso 
 
A forma de utilização das armas de fogo também se constitui um critério de 
classificação, avaliando-se as características das mesmas quanto à mobilidade e uso. 
 
 
 
Figura 39: Classificação quanto a mobilidade e uso 
Fonte: SCD/EaD/Segen. 
 
 
 
Os primeiros canhões eram constituídos por grandes cilindros de ferro, que 
devido à sua grande massa, ficavam fixos e destinados a guarnecer territórios. Fazem 
parte das armas fixas, assim classificadas pela sua ausência de mobilidade. A 
necessidade de mais de uma pessoa para a plena utilização da arma também a 
classifica como arma de uso coletivo. 
A necessidade de conquista de territórios e maior versatilidade no campo de 
batalha ocasionaram o desenvolvimento de armas móveis, dotadas da capacidade 
de deslocamento, seja por meio de tração extrínseca, como no caso de pequenos 
canhões, seja por meio de engenhos que permitiam o deslocamento autônomo das 
máquinas, assim classificadas como automotrizes. Em ambos os casos a necessidade 
 
 
51 
de mais de uma pessoa para a plena utilização da arma também a classifica como 
arma de uso coletivo. 
Armas que possuem dimensões menores, mas ainda assim são pesadas 
demais para uso por apenas um atirador são denominadas de armas semiportáteis. 
São aquelas que não sendo especializadas para porte pelo homem, podem ser 
facilmente desmontadas em duas peças (arma e suporte) e, assim, conduzidas sem 
demasiado desconforto por dois homens. 
Aquelas armas facilmente transportadas por uma pessoa, mesmo que na sua 
utilização sejam necessárias duas pessoas, são denominadas armas portáteis. 
Dividem-se em armas longas e armas curtas, assim definidas por Eraldo Rabello: 
 
Armas longas 
São caracterizadas pela sua considerável dimensão longitudinal, a qual decorre 
não só do comprimento do cano com, também, da projeção da coronha, que tende a 
situar-se quase paralelamente ao eixo desse cano, formando com ele ângulos maiores 
de 150 graus. Nelas, o comprimento do cano dificilmente é inferior a cinquenta 
centímetros: são armas, em geral, próprias para o tiro de visada, e o seu manejo exige, 
normalmente, o emprego simultâneo do obro e de ambas as mãos do atirador. 
 
Armas curtas 
De relativamente pequenas dimensões, são armas compactas, com peso 
dificilmente superior a um quilograma, manejáveis com uma só mão e facilmente 
transportáveis no bolso ou em um coldre de couro ou de lona, à cintura: são 
apropriadas para o tiro a distâncias comparativamente reduzidas, e a sua coronha 
tende a se aproximar de uma perpendicular ao eixo do cano, formando com este 
ângulos sensivelmente inferiores a 150 graus; quanto ao cano, apenas 
excepcionalmente apresentará um comprimento superior a vinte centímetros. 
 
 
 
 
52 
No segundo módulo do curso serão abordados os aspectos legais relacionados 
às armas de fogo, especialmente no que tange à classificação, destacando algumas 
pequenas diferenças em relação ao critério proposto por Eraldo Rabello. 
Apesar de contemplar todos os aspectos relacionados às características e 
funcionamento das armas de fogo, a classificação geral das armas de fogo classifica 
as armas apenas em relação ao gênero, mas não em relação à espécie, que é 
determinada pela classificação específica das armas de fogo, assunto que será tema 
da terceira aula deste módulo. 
 
 
 
 
53 
Aula 3 – Classificações específicas das armas de 
fogo 
 
Nas aulas anteriores foram abordados aspectos relacionados à evolução e 
classificação geral das armas de fogo, entretanto deve ter notado que quase nada foi 
falado em relação à divisão das armas de fogo segundo a sua espécie. A justificativa 
se deve ao fato de que, nesta aula, a classificação específica das armas será 
estudada. Você perceberá que muitas das características mostradas anteriormente 
serão comuns a alguns ou até mesmo a todos as espécies de armas. Perceberá 
também que algumas das classificações de armas são redundantes ou até mesmo 
controversas. 
 
3.1 Garruchas 
As garruchas são armas de funcionamento extremamente simples, de tiro 
unitário simples ou múltiplo, geralmente empregadas em calibres pequenos. Foram 
armas muito populares no Brasil no século passado devido ao seu preço e tamanho 
reduzido e ainda hoje são empregadas em práticas criminosas, embora cada vez 
menos frequentemente. Eraldo Rabello detalha na sua obra diversos tipos de 
garrucha, classificadas de acordo com a solução para a abertura da culatra, a saber, 
culatra reversível, de corrediça, de cano reversível, culatra basculante ou cano 
basculante (RABELLO, 1996). 
 
Figura 40: Garrucha 
Fonte: Wikipédia. 
 
 
54 
3.2 Revólver 
Como vimos na primeira aula, as armas de percussão extrínseca, apesar de 
facilitarem consideravelmente o processo de recarregamento, permitiam que apenas 
um tiro fosse efetuado, representando uma limitação importante no cenário de 
combate. Uma das formas de solucionar o problema foi o emprego de um tambor 
rotativo nas armas longas, alternativa encontrada em algumas armas desenvolvidas 
na Alemanha, no final do Século XVI (CUNHA NETO, 2020). Apesar de resolverem o 
problema da carga única, tais armas ainda possuíam funcionamento muito rudimentar. 
Em 1836, o jovem Samuel Colt, com apenas 21 anos, patenteou a arma que seria 
conhecida como o primeiro revólver, Colt Patterson, Modelo 1836, empregando um 
tambor removível, cujo carregamento se dava pela parte anterior da câmara. 
 
Figura 41: Revólver Colt Patterson, modelo 1836 
Fonte: do conteudista. 
 
Posteriormente, já no modelo 1849, foi desenvolvida uma alavanca para 
permitir que o carregamento fosse feito sem a remoção do tambor, facilitando este 
processo em campo, já que a desmontagem da arma era praticamente inviável em 
combate. Essa ideia foi aproveitada posteriormente após o desenvolvimento do 
cartucho metálico, sendo empregado para a extração do estojo ao invés do 
carregamento da câmara. 
 
 
 
55 
 
Figura 42: Revolver Colt Patterson modelo 1849, já contando com a alavanca para o carregamento 
das câmaras 
Fonte: do conteudista. 
 
 
O revólver é caracterizado por ser dotado de um tambor giratório que, ao ser 
girado, apresenta uma nova munição em condição de tiro em alinhamento com o 
mecanismo de disparo e com o cano. 
 
Veja a descrição do revólver dada pelo Professor Eraldo Rabello: 
“O traço característico do revólver é o de ter para um só 
cano, várias câmaras de combustão dispostas 
paralelamente a um eixo comum, escavadas num cilindro – 
o tambor – girando em torno desse eixo e apresentando-se 
sucessivamente ao cano no exato alinhamento deste e do 
percutor, ao ser acionado o mecanismo de disparo. É a única 
arma de fogo, conhecida, cujo cano não contém uma câmara 
de combustão, operando-se fora dele a deflagração dos 
cartuchos.” (RABELLO, 1996) 
 
Já João da Cunha Neto, de maneira mais simples, porém também brilhante, ensina: 
“O que faz um revólver ser classificado como tal é 
justamente a presença de um tambor, que contém as 
munições, apresentadas sequencialmente ao cano 
conforme o mecanismo é rearmado pelo atirador, seja pelo 
engatilhamento manual do cão (revólveres de ação simples), 
seja pelo novo acionamento do gatilho (em armas de ação 
 
 
56 
dupla).” (CUNHA NETO, 2020) 
 
O já revogado Decreto 3.665/00, que regulamentava a fiscalização de 
produtos controlados, descrevia o revólver no Inciso LXXIV do Artigo 3o do Anexo do 
referido documento como se segue: 
“revólver: arma de fogo de porte, de repetição, dotada de um 
cilindro giratório posicionado atrás do cano, que serve de 
carregador, o qual contém perfurações paralelas e 
equidistantes do seu eixo e que recebem a munição, 
servindo de câmara;” (BRASIL, 2000) 
 
 
Embora o Decreto 3.665/00tenha sido revogado, os 
dispositivos legais que o sucederam não mais traziam a 
sua definição, sendo esta, a última encontrada na 
legislação. 
 
 
O funcionamento dos revólveres se dá majoritariamente por repetição manual, 
embora existam alguns poucos modelos de revólveres semiautomáticos, que 
aproveitam a força de reação dos gases descrita no sistema de blowback, já 
mencionado, para movimentar parte da armação para trás, produzindo também o giro 
do tambor. 
 
 
 
57 
 
Figura 43: Revólver moderno 
Fonte: do conteudista. 
 
 
 
 
Figura 44: Revolver semiautomático modelo Webley-Fosbery 
Fonte: HLEBINSKY, 2015. 
 
 
SAIBA MAIS! 
Quanto à ação, existem revólveres de ação simples, ação dupla e 
dupla ação, sendo esses últimos os mais comuns. Quanto ao calibre, 
variam desde o diminuto .22LR até o poderoso .500 S&W. No Brasil, os 
calibres mais empregados são o .32 S&WL e o calibre .38 SPL. 
 
 
 
 
58 
3.3 Pistola 
Segundo o Professor João da Cunha Neto, o termo “pistola” deriva do francês 
“pistolet”, sendo a alemã Borchardt C-93, em calibre 7.65x25mm a primeira pistola 
semiautomática a ser desenvolvida (CUNHA NETO, 2020). 
 
Figura 45: Pistola Borchardt C-93, a primeira pistola semiautomática do mundo 
Fonte: JEREMU S, 2013. 
 
 
Diferentemente do revólver, que apresenta suas munições em um cilindro 
giratório, as munições da pistola são armazenadas em um receptáculo que as dispõe 
verticalmente e as apresenta à câmara por meio da ação de uma peça móvel, 
denominada ferrolho. Este receptáculo que acondiciona as munições pode ser fixo na 
arma, como nas pistolas Mauser C-96, ou avulso, permitindo a sua troca rápida, como 
nas pistolas modernas. 
 
 
 
59 
 
Figura 46: Pistola Mauser C-96, que empregava um carregador fixo para acondicionamento das 
munições (seta) 
Fonte: do conteudista. 
 
 
 
Figura 47: Carregador avulso de pistola 1911 
Fonte: do conteudista. 
 
 
Em relação ao sistema de funcionamento, as pistolas são majoritariamente 
semiautomáticas, entretanto diversos modelos contam com funcionamento também 
automático. Atualmente é comum a apreensão de pistolas Glock com dispositivo 
seletor do regime de tiro acoplado na parte posterior do ferrolho. Embora seja um 
recurso muito empregado atualmente, o regime automático de tiro para as pistolas é 
bastante antigo, sendo apresentado já no modelo M1932 da pistola Mauser C-96 e 
que na década de 70 do século passado seria importado pela Polícia Militar do Rio de 
Janeiro sob o nome PASAM (Pistola Automática e Semiautomática Mauser). 
 
 
 
60 
SAIBA MAIS!! 
 
Em relação ao calibre, as pistolas apresentam uma variedade 
enorme, indo desde calibres reduzidos, como o .22 LR, até o potente calibre 
.50 Action Express. No Brasil os calibres mais comuns são o .380 Auto, 
9mm Luger, .40 S&W e .45 ACP, entretanto não são os únicos, podendo 
serem encontradas pistolas nos calibres 6.35mm Browning (.25 Auto), 
7.65mm Browning (.32 Auto) e .38 SuperAuto, este último muito popular na 
modalidade esportiva IPSC. 
 
 
 
3.4 Espingarda 
 
As espingardas são definidas como armas longas com cano de alma lisa. Sobre 
a origem do termo, Tocchetto ensina que: 
 
“O termo espingarda tem origem bastante contraditória. 
Alguns autores afirmam que se originou de springan, do 
antigo alemão. Outros, entretanto, asseguram que a palavra 
é de procedência árabe, significando arma de cano largo 
(grosso calibre). Entre os mouros, o termo espingarda era 
usado para designar tanto arma de caça como arma de 
guerra. 
Usa-se spingarda, em italiano, para designar arma de caça 
de cano liso de grande calibre, própria para o abate, de uma 
só vez, de grande número de aves aquáticas.” 
(TOCCHETTO, 2018) 
 
 
 
 
 
 
61 
É importante destacar que o emprego do termo “escopeta” 
na língua portuguesa NÃO é adequado, uma vez que se trata 
simplesmente do termo espingarda em espanhol. João da 
Cunha Neto é um dos autores que critica, corretamente, o 
emprego do termo “escopeta” na língua portuguesa 
(CUNHA NETO, 2020). 
 
 
As espingardas podem se apresentar de diversas formas e com diversas 
finalidades tais como caça de animais pequenos, médios e grandes, prática esportiva, 
defesa, rompimento de obstáculos e operações de controle de distúrbio. Essa 
variedade enorme de finalidades se deve à grande disponibilidade de tipos de 
munições e sistemas de funcionamento dessas armas. 
 
 
 
Figura 48: Variedade de tipos de munições de espingarda, que atendem a diversas finalidades 
Fonte: do conteudista. 
 
 
Em relação ao funcionamento, inicialmente foram desenvolvidas como armas 
de tiro unitário simples ou múltiplo, evoluindo posteriormente para o funcionamento 
semiautomático e, recentemente, contando até mesmo com modelos dotados de 
funcionamento automático. Não obstante, os modelos de tiro unitário ainda são 
extensamente empregados, especialmente em competições esportivas e olímpicas. 
 
 
62 
 
 
Figura 49: Espingarda de tiro unitário simples 
Fonte: do conteudista. 
 
 
 
 
Figura 50: Espingarda de tiro unitário múltiplo 
Fonte: do conteudista. 
 
 
 
 
 
Figura 51: Espingarda de repetição manual por ação de bomba (pump action) 
Fonte: do conteudista. 
 
 
 
 
 
63 
 
Figura 52: Espingarda Franchi Spas 15, que funciona em regime semiautomático 
Fonte: do conteudista. 
 
 
 
Figura 53: Espingarda Saiga 12, que funciona tanto em regime semiautomático quanto automático de 
tiro 
Fonte: do conteudista. 
 
 
Uma peculiaridade em relação às espingardas, refere-se ao uso mais comum 
de munições carregadas com projéteis múltiplos. Por serem vários, a iteração dos 
projéteis com o cano não é tão intensa quanto nas armas de fogo com cano de alma 
raiada. Os projéteis geralmente possuem formato aproximadamente esférico (grãos 
de chumbo), a menos das deformações sofridas pelos projéteis em virtude da 
maleabilidade do chumbo. Com isso, a precisão e estabilidade individual dos projéteis 
não pode ser garantida, resultando no espalhamento desses grãos por uma área 
maior ou menor a depender de alguns fatores. 
 
 
 
64 
Veja dois fatores que interfere no espalhamento dos grãos: 
Fator 1 
Um desses fatores que interfere no espalhamento dos grãos é o “choke” da 
arma, que nada mais é que a característica da boca do cano da arma. Nas 
espingardas com choke pleno (full) há um estreitamento da boca do cano objetivando 
concentrar os grãos em maior ou menor intensidade, armas com o choke cilíndrico, 
que não apresenta constrição, espalhando mais os grãos e armas com choques 
modificados, intermediários às anteriormente citadas. 
 
Fator 2 
Outro fator que interfere no espalhamento dos grãos é o tamanho. Nos 
cartuchos carregados com grãos maiores, a maior massa garante mais estabilidade 
em função da menor representatividade do atrito com o ar, fazendo com que o 
espalhamento dos grãos se dê em distâncias maiores. Nos cartuchos carregados com 
grãos menores, o espalhamento é maior a menores distâncias. Não há que se falar 
em vantagem ou desvantagem de um sobre o outro. Dependendo da finalidade, será 
mais interessante o uso de grãos menores e armas com choque cilíndrico para garantir 
o acerto do alvo, como é o caso da caça de aves pequenas e no tiro olímpico. Em 
outras, o interessante será que essa dispersão ocorra a distâncias maiores, com maior 
alcance dos grãos, como na caça de animais maiores ou em situações de combate. 
 
 
 
 
 
 
 
65 
3.5 Fuzil 
 
Tocchetto define o fuzil como: 
 
Arma de fogo portátil, automática, de cano longo, com cano 
de alma raiada, usado tanto para a guerra como para a caça 
maior, sempre em calibre potente. Algumas indústrias 
produzem versões para semiautomático ou de repetição 
(fuzis snipers). (TOCCHETTO, 2018) 
 
 
Analisando a definição de Tocchetto percebe-se que há algumas 
contradições, como por exemplo atribuir aos fuzis apenaso funcionamento em regime 
automático para, em seguida, admitir a existência de versões com funcionamento 
semiautomático ou de repetição (manual). Ainda, percebe-se que a destinação dessas 
armas há muito deixou os campos de batalha convencional ou a caça para se tornar 
uma ferramenta importante na segurança pública ou mesmo no emprego esportivo. 
No já revogado Decreto 3.665/00 o fuzil é definido como “arma de fogo portátil, de 
cano longo e cuja alma do cano é raiada”. É uma definição bastante simplista, que 
alcança uma enorme variedade de armas. Com isso, concordando com João da 
Cunha Neto, é interessante diferenciar os fuzis em subdivisões de acordo com suas 
características, quais sejam, fuzis de assalto, fuzis de caça e fuzis de precisão (2020). 
 
 
Fuzil de assalto 
O termo é a tradução literal do alemão para a palavra sturmgewehr. O primeiro 
a ser desenvolvido foi o modelo STG44, em calibre 7.92x33 mm, cujo conceito deu 
origem ao lendário AK-47, em calibre 7.62x39 mm. Essas armas são caracterizadas 
pela possibilidade de funcionamento tanto em regime semiautomático quanto 
automático, cano menor comparado aos antigos modelos aferrolhados e com um 
ângulo de empunhadura que proporcione maior conforto para operar a arma em pé, 
aumentando a agilidade do operador. Outro fuzil de assalto clássico foi o modelo AR-
 
 
66 
15, fabricado pela Armalite em calibre .223 Remington, que foi originado a partir do 
projeto do modelo AR-10 em calibre 7.62x51mm. Atualmente são vários os modelos 
de fuzis de assalto, todos compartilhando como principais características as 
mencionadas anteriormente. 
 
 
Figura 54: Alguns exemplos de fuzis de assalto 
Fonte: do conteudista. 
 
 
Fuzis de caça 
São caracterizados pelo emprego de grandes calibres, com projéteis mais 
pesados e mais velozes, com grande variabilidade de sistema de funcionamento, 
havendo modelos de tiro unitário, simples ou múltiplo, e de repetição manual. Dentre 
os exemplos de calibres empregados podem ser citados os calibres .577 Nitro e o 
calibre .375 H&HM. 
 
 
67 
 
Figura 55: Fuzil de caça em calibre .577 Nitro (acima) e o cartucho por ele empregado comparado a 
um cartucho de calibre .22 LR (abaixo) 
Fonte: do conteudista. 
 
 
Fuzis de precisão 
Com aplicação militar ou policial, são empregados em tiros a maiores 
distâncias, demandando grande acurácia do atirador. Mais frequentemente 
apresentando funcionamento por repetição manual, são disponíveis também alguns 
modelos com funcionamento semiautomático, como é o caso do fuzil alemão PSG1, 
fabricado pela Heckler & Koch. 
 
Figura 56: Fuzis de precisão H&K PSG-1 (acima) e Remington 700 (abaixo) 
Fonte: do conteudista. 
 
 
 
 
68 
3.6 Carabina 
 
A definição de “carabina” é bastante variável. O já revogado Decreto 3.665/00 
definia a carabina como: 
 
Arma de fogo portátil, semelhante a um fuzil, de dimensões 
reduzidas, de cano longo – embora relativamente menor que 
o do fuzil – com alma raiada (BRASIL, 2000). 
 
Repare que a definição apresentada é extremamente vaga e subjetiva. 
Primeiramente porque se baseia majoritariamente na definição de outra arma (fuzil), 
fazendo comparações sem estabelecer parâmetros claros. 
A Cartilha de Armamento e Tiro da Polícia Federal amplia a definição acima 
trazendo informações um pouco mais precisas: 
Arma de fogo portátil semelhante a um fuzil, de dimensões 
reduzidas, de cano longo - embora relativamente menor que 
o do fuzil - com alma raiada (Art. 3º, inciso XXXVII do Decreto 
3.665/00 – R 105). Em alguns países considera-se carabina 
as armas de fogo de cano longo raiado, com comprimento 
do cano entre 20 polegadas (50,8 cm) e 22.5 polegadas 
(57,15 cm). No Brasil usualmente considera-se carabina as 
armas de fogo de cano longo raiado de calibres permitidos 
(Ex. carabinas .22, .38 SPL) (POLÍCIA FEDERAL, 2017). 
 
A definição anterior, embora melhorada, ainda não alcança a totalidade das 
armas entendidas como carabinas, a exemplo do modelo Colt M4 Carbine ou do 
modelo Imbel MD-97 LC. A diferença entre o modelo Colt M4 Carbine e o modelo Colt 
M-16 está no comprimento do cano, menor no primeiro, embora ambos possuam 
 
 
69 
versões que dispõem de regime de funcionamento totalmente automático, M4A1 e 
M16A1, respectivamente. Já o modelo Imbel MD-97 LC se diferencia do modelo MD-
97 L não pelo comprimento do cano, mas sim por só admitir funcionamento em regime 
semiautomático, diferentemente do modelo MD-97 L. É comum que essas as armas 
sejam comumente referidas tanto como carabinas quanto com fuzis. Fato é que o 
conceito de carabina muitas vezes se confunde com o conceito de fuzil, sendo usados 
como sinônimos. 
 
Figura 57: Comparativo entre os modelos M-16 (acima) e M-4(abaixo) mostrando as diferenças entre 
os comprimentos de cano 
Fonte: do conteudista. 
 
 
 
 
 
 
 
70 
 
Figura 58: Comparativo entre o Fuzil Imbel IA2 e a Carabina Imbel IA2. Note que as armas possuem 
as mesmas dimensões, diferenciando-se somente pelo regime de funcionamento que, no caso da 
carabina, permite somente o regime semiautomático 
Fonte: do conteudista. 
 
 
 
3.7 Metralhadora 
 
As metralhadoras são caracterizadas pelo funcionamento em regime 
automático, apresentando grande cadência e capacidade de tiro, geralmente com 
carregamento feito por fita e operadas com apoio de bipé ou reparo. As munições 
empregadas geralmente são de calibres de alta velocidade, como por exemplo 
5.56x45mm ou 7.62x51 mm, bem como o 7x57 mm Mauser. Embora normalmente 
sejam armas empregadas em guerras, as metralhadoras podem ser empregadas em 
cenários mais complexos de segurança pública, como ocorre no Rio de Janeiro. 
 
 
71 
 
Figura 59: Metralhadora M2A1 
Fonte: do conteudista. 
 
 
Existem modelos de metralhadoras de múltiplos canos, como as que operam 
pelo sistema gatling, desenvolvido antes mesmo do cartucho metálico, em 1861, 
empregando cartuchos de papel. O sistema ainda é empregado em armas modernas, 
que contam até com sistema eletromecânico de acionamento. 
 
 
Figura 60: Metralhadora gatling 
Fonte: do conteudista. 
 
 
 
 
 
72 
O modelo MG-42, desenvolvido pela Alemanha nazista, sendo adotada em 
1942, empregava calibre 8mm Mauser e era caracterizada pelo baixo custo, alta 
confiabilidade e facilidade de manuseio. 
 
 
Figura 61: Metralhadora alemã MG-42 
Fonte: do conteudista. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
73 
3.8 Submetralhadora 
 
As submetralhadoras levam este nome por serem armas mais compactas, 
com cano bem mais curto que o fuzil, dotadas de regime de fogo automático e 
empregando cartuchos normalmente utilizados em armas curtas. 
 
Figura 62: Alguns modelos de submetralhadoras 
Fonte: do conteudista. 
 
SAIBA MAIS! 
A submetralhadora UZI é caracterizada pelo seu tamanho 
extremamente compacto, possuindo modelos pouco maiores que uma 
pistola. Outro modelo clássico é a submetralhadora Thompson, projetada 
em calibre .45 ACP e dotada de um carregador em formato circular. Foi 
eternizada nas telas dos cinemas sendo mostrada como armas preferidas 
dos gângsters da máfia italiana. Embora desenvolvida inicialmente no fraco 
calibre .32 AUTO, a submetralhadora Scorpion também foi empregada em 
vários filmes. Posteriormente foi adaptada para os calibres 9x18mm 
Makarov e .380 AUTO, o que não significou grande evolução. Um modelo 
também muito empregado no Brasil foi o M12, desenvolvido pela italiana 
Beretta e fabricado sob licença e com algumas modificações pelas Forjas 
Taurus, sob o nome MT-9. 
 
 
74 
3.9 Rifle 
 
É consenso entre os autores que o termo rifle é uma designação genérica de 
arma de fogo portátil com cano de alma raiada, sendo derivado do inglês riffling, que 
significa raiamento (MARIZ, 2019). 
Tocchetto entende que o rifle é caracterizado pelo comprimento do cano superior a 22 
½” ou 20, ou seja, 57,15 ou 50,8 centímetros, respectivamente,

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