Buscar

Interceptação Telefônica e Representação por Busca Domiciliar

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 47 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 47 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 47 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado)
Sem Correção - 2020
Autores:
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
10 de Fevereiro de 2020
 
 
 
 
 1 
46 
Sumário 
1. Apresentação ................................................................................................................. 2 
2. Aspectos teóricos acerca da interceptação telefônica .................................................... 3 
2.1 Análise da Lei n° 9.296/96 ............................................................................................ 8 
3. Representação por busca domiciliar ............................................................................ 13 
3.1 Legitimação................................................................................................................ 13 
3.2 Fundamentos de fato ou Fatos ................................................................................... 14 
3.3 Fundamentos jurídicos ............................................................................................... 15 
3.4. Pedido ...................................................................................................................... 17 
4. Modelo de representação por interceptação das comunicações telefônicas ................ 19 
4.1 Endereçamento .......................................................................................................... 19 
4.2 Preâmbulo ................................................................................................................. 20 
4.3 Fatos .......................................................................................................................... 21 
4.4 Fundamentos jurídicos ............................................................................................... 22 
4.5 Do Pedido. ................................................................................................................. 22 
5. Questões comentadas de prova. .................................................................................. 27 
6. Questões propostas ..................................................................................................... 40 
7. Resposta do exercício da aula 05. ................................................................................ 43 
 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 2 
46 
1. APRESENTAÇÃO 
 
Olá futuro Delegado de Polícia Federal, 
 
Estamos evoluindo nos nossos estudos e chegamos à aula 06, onde vamos estudar uma 
medida cautelar probatória, veja que as duas primeiras aulas foram destinadas a 
cautelares pessoais, a última aula foi a de busca domiciliar, que é uma medida de 
natureza cautelar probatória, que visa à busca de elementos de informação para a 
investigação. 
 
Nessa aula vamos verificar outra medida cautelar probatória muito utilizada no dia a 
dia das delegacias de polícia, onde a investigação muitas vezes não tem outra forma 
de prosseguir, a não ser que seja por meio de uma interceptação. 
 
Você como delegado de polícia federal deverá ficar muito atento, pois essa medida pode 
aparecer sozinha numa prova, como foi o caso da prova de Delegado de Polícia de 
Santa Catarina, em 2014. Recentemente tivemos uma nova prova, elaborada 
pelo CESPE, sua provável banca, também com uma representação por cautelar 
de interceptações telefônicas, foi a prova da Polícia Civil de Pernambuco. 
 
Na aula vou expor alguns conceitos teóricos/doutrinários acerca do tema e depois 
vamos comentar a Lei n° 9.296/96, naquilo que diz respeito à representação pela 
medida. 
 
Mais uma vez essa medida cautelar está imersa em meio a uma garantia constitucional, 
a da inviolabilidade das comunicações, direito à privacidade de suas comunicações, ou 
seja, a medida é utilizada para coibir o cometimento de crimes acobertados pelo manto 
do direito individual à intimidade. 
 
A ideia aqui é a mesma da busca domiciliar, ou seja, fazer um juízo de ponderação, 
pois não é admissível que sob a guarida de um direito, possam ser violados outros, tão 
essenciais quanto a intimidade e a inviolabilidade das comunicações telefônicas. 
 
 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 3 
46 
2. ASPECTOS TEÓRICOS ACERCA DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA 
 
A primeira coisa que deve ser esclarecida acerca da interceptação é que ela é regulada 
por uma lei específica, diferentemente da busca e apreensão que está regulada no CPP 
(art. 240), a interceptação telefônica está regulamentada em uma lei ordinária, trata-
se da Lei n°. 9.296/96. 
 
A lei supramencionada é reflexo de um mandamento constitucional, ou seja, a própria 
constituição previu que a regulamentação da interceptação é matéria de lei. Vejamos. 
 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das 
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações 
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas 
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal; 
 
Essa é a previsão do art. 5°, XII, da CF/88. 
 
Assim, do dispositivo acima, podemos afirmar ao fazer uma primeira leitura, que o sigilo 
de correspondência, das comunicações telegráficas e de dados são absolutamente 
invioláveis, sendo relativizada apenas as comunicações telefônicas. 
 
A primeira coisa que deve ficar clara aqui é que você está se preparando para uma 
prova discursiva e nesse sentido, deve se pautar por um aprofundamento em alguns 
temas e esse é um dos que suscita mais discussão jurisprudencial e doutrinária. 
 
Seguindo uma linha mais voltada para a atividade policial, não apenas as comunicações 
telefônicas podem ser violadas, mas todos os tipos de comunicação, uma vez que 
nenhum tipo de comunicação pode ser utilizado para acobertar o cometimento de 
crimes. 
 
Assim, diante de uma prova para delegado de polícia, fundamente a sua resposta, 
afirmando que não há direito fundamental absoluto, sendo, portanto, relativizados, 
principalmente quando utilizados no mundo do crime. 
 
Assim, a ideia é que não apenas as comunicações telefônicas podem ser interceptadas, 
mas também as comunicações de dados, e até as correspondências. Basta lembrarmos 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 4 
46 
da lei de execução penal, que prevê a interceptação das cartas enviadas e recebidas 
por presos. 
 
Art. 41 - Constituem direitos do preso: 
 
(...) 
 
XV - contato com o mundo exterior por meio de 
correspondência escrita, da leitura e de outros meios de 
informação que não comprometam a moral e os bons 
costumes. 
 
(...) 
 
Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e 
XV poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato 
motivado do diretor do estabelecimento. 
 
Ou seja, estamos diante de um direito que pode ser relativizado, diante da suspeita 
fundada de cometimento de crimes. 
 
É o que acontece com os criminosos que comandam o tráfico e as organizações 
criminosas mesmo estando encarcerados. 
 
O objetivo é cessar o comando da atividade criminosa. 
 
Mas vamos voltar ao nosso assunto que é a interceptação das comunicações telefônicas. 
 
O dispositivo constitucional prevê que a violabilidade das comunicações telefônicas é 
cabível nas hipóteses que a lei prevê, com a finalidade de instruir procedimento de 
investigação criminal ou processo penal. 
 
Portanto, nos casos de inquérito policial ou qualquer outro instrumento de investigação, 
é cabível a interceptação, no entanto, apenas nos casos em que a lei prevê a 
possibilidade. 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção- 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 5 
46 
A constituição federal passou a bola para a lei definir em que situações teremos a 
possibilidade de interceptação telefônica. 
 
Então a Lei n°. 9.296/96 veio para definir quais as possibilidades de cabimento e 
também os requisitos cautelares para o deferimento da interceptação telefônica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A lei então disciplinou a matéria e trouxe inclusive tipificação de crime em caso de 
interceptação ilegal ou quebra de segredo de justiça. 
 
Professor, e as interceptações 
que foram efetuadas antes da 
edição da lei, em 1996? 
Aderbal, sem entrar em maiores detalhes, 
prevalece o entendimento de que essas 
interceptações estão eivadas de vício, uma 
vez que a não existia lei, conforme a 
previsão constitucional. 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 6 
46 
Antes de adentrar na lei, vamos verificar ainda alguns conceitos importantes, que não 
podem se confundir com o de interceptação telefônica. 
 
a) interceptação telefônica em sentido estrito 
 
Essa é interceptação objeto da nossa aula, ela consiste em uma terceira pessoa 
interceptar, ou seja, aparecer no meio do caminho da ligação, sem que os 
interlocutores saibam da existência dessa pessoa e tampouco de que essa comunicação 
está sendo ouvida e, geralmente, gravada por essa terceira pessoa. 
 
b) sigilo telefônico 
 
Esse é o primeiro conceito que costumamos confundir com interceptação telefônica. Na 
verdade a quebra do sigilo telefônico é apenas a publicização para a autoridade pública 
das ligações efetuadas pelo investigado, com o seu tempo de duração, dia e hora em 
que foi feita, destinatário da comunicação, etc. 
 
Assim, veja que não se confundem esses conceitos. Geralmente no pedido de 
interceptação, o delegado acaba representando também pela quebra de sigilo de dados 
telefônicos, de modo a dar mais robustez aos elementos de informação colhidos. 
 
c) escuta telefônica 
 
Nessa hipótese um terceiro capta a comunicação, assim como ocorre na interceptação, 
no entanto, um dos interlocutores é sabedor da escuta. É muito comum esse tipo de 
situação nas comunicações entre os familiares da vítima e os sequestradores dela. 
 
d) gravação telefônica ou gravação clandestina 
 
Ocorre quando um dos interlocutores grava a conversa sem o conhecimento do outro, 
por isso ela também é chamada de gravação clandestina. 
 
e) comunicação ambiental 
 
A comunicação ambiental é aquela que ocorre no meio ambiente, sem a necessidade 
de um meio tecnológico para que isso aconteça, ou seja, estamos falando de uma 
conversa falada, sem telefones, ou qualquer outro tipo de intercomunicador. 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 7 
46 
 
 
 
f) interceptação ambiental 
 
Entendido do que se trata uma comunicação ambiental, podemos afirmar que a 
interceptação ambiental ocorre quando um terceiro capta a comunicação de duas 
pessoas que o desconhecem. Um exemplo que pode ser dado é quando dois traficantes 
realizam uma comunicação na rua e policiais gravam a cena por meio de uma câmera 
ou de um microfone. 
 
g) escuta ambiental 
 
A escuta ambiental ocorre quando um terceiro efetua a captação de uma conversa entre 
duas pessoas e uma delas sabe da existência do terceiro e da captação da comunicação. 
 
h) gravação ambiental 
 
A gravação ambiental é a captação efetuada por um dos comunicadores, sem o 
conhecimento do outro. Geralmente é levada a efeito com o uso de gravadores 
minúsculos, que podem ser escondidos até na lapela do paletó. 
 
A doutrina majoritária e moderna entende que a Lei n°. 9.296/96 aplica-se a 
interceptação telefônica e à escuta telefônica, não sendo reguladas pela referida lei as 
demais espécies acima mencionadas. 
 
Outro ponto teórico importante é que a interceptação telefônica é matéria reservada a 
atividade jurisdicional, ou seja, não pode ser determinada de ofício pelo delegado de 
polícia, sendo necessária a representação pela medida ao juiz competente para o 
processo penal. 
 
 
 
 
 
 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 8 
46 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.1 ANÁLISE DA LEI N° 9.296/96 
 
Vamos a partir de agora verificar alguns dispositivos interessantes dessa lei que possam 
nos ser úteis na produção da peça prática. 
 
Essa representação é bem simples de se perceber, geralmente ela é cabível quando 
existe o número da linha telefônica ou do terminal de acesso de algum 
aparelho, como um smarthphone ou outro dispositivo intercomunicador em que se 
quer efetuar a interceptação. 
 
Portanto, identificar a peça não será uma matéria das mais difíceis, logo se a 
identificação não é difícil, a feitura da peça será muito simples também. 
Professor, e se a interceptação for 
deferida por um juiz de 1° grau e 
durante as escutas das 
comunicações a autoridade ficar 
sabendo do envolvimento de um 
deputado federal no crime? 
Excelente pergunta, Aderbal! Nesse caso 
não haverá problemas e nem vícios na 
interceptação deferida, sendo plenamente 
legítima. 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 9 
46 
 
Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de 
qualquer natureza, para prova em investigação criminal 
e em instrução processual penal, observará o disposto 
nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da 
ação principal, sob segredo de justiça. 
 
Esse dispositivo é bem autoexplicativo, pois nele pode-se observar que a interceptação 
é possível apenas para prova em investigação criminal e em instrução penal. 
 
Fica apenas uma crítica à técnica legislativa, no que diz respeito à palavra “prova”, pois 
na fase de inquérito ou investigatória, não se colhem provas, mas elementos de 
informação, isso porque prova deve ser aquela que em sua produção é respeitado o 
contraditório. No inquérito, em regra, não há essa necessidade, portanto, a melhor 
expressão seria elementos de informação. 
 
Além disso, esse artigo nos traz a reserva de jurisdição a que fica sujeita a medida 
cautelar probatória em estudo, ou seja, apenas o juiz competente para a ação principal 
poderá determinar a interceptação. 
 
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à 
interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de 
informática e telemática. 
 
Durante muito tempo esse parágrafo foi alvo de ações de inconstitucionalidade, usando 
como base o art. 5°, XII, da CF/88, onde se prevê, em uma interpretação mais literal, 
que apenas as comunicações telefônicas estão sujeitas à interceptação, no entanto, o 
STF já decidiu pela constitucionalidade do referido dispositivo da lei, ampliando o 
sentido que o constituinte quis dar ao dispositivo. 
 
Assim, não apenas as comunicações telefônicas, mas também as comunicações escritas 
(e-mail, mensagens de texto, mensagens de whatsapp, facebook, etc.) podem ser alvo 
de interceptações a serem deferidas pelo poder judiciário. 
 
Hoje em dia inclusive, em algumas hipóteses, as comunicações escritas são até mais 
comuns que as comunicações faladas. Por isso a lei teve de prever essa evolução 
tecnológica para se fazer valer a pena. 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 10 
46 
Art. 2° Não será admitida a interceptação de 
comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das 
seguintes hipóteses: 
 
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou 
participação em infraçãopenal; 
 
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; 
 
III - o fato investigado constituir infração penal punida, 
no máximo, com pena de detenção. 
 
Excelente dispositivo para a nossa aula, estamos diante das hipóteses de cabimento e 
requisitos cautelares da medida, aquilo que você utiliza para a fundamentação jurídica 
da sua peça. 
 
Mais uma vez a lei não foi muito feliz na sua redação, pois prevê as hipóteses em que 
não é cabível a interceptação, ou seja, vamos ter de fazer o raciocínio a contrario 
sensu do dispositivo acima. 
 
Ou seja, será cabível a interceptação das comunicações telefônicas quando: 
 
I – Houver indícios razoáveis da autoria e participação em infração penal 
 
II – A prova não puder ser feita por outros meios 
 
III – O fato investigado constituir infração penal punida com reclusão. 
 
Veja que nos casos acima teremos a hipótese de cabimento e os requisitos cautelares 
para a concessão, lembrando que os requisitos acima devem ser cumulativos, ou seja, 
devemos ter uma infração punível com reclusão, para início de conversa. Caso não seja 
uma infração dessa natureza, não poderemos vislumbrar a hipótese de interceptação. 
 
Os requisitos cautelares são dois elementos, que são o fumus boni iuris e o 
periculum in mora. Aqui voltamos às expressões do direito processual civil, uma vez 
que se trata de uma cautelar probatória. 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 11 
46 
O requisito do fumus boni iuris se traduz nos indícios de autoria/participação em crime 
punido com reclusão. 
 
Ou seja, na sua fundamentação você deverá demonstrar que há fortes indícios da 
participação ou da autoria do investigado/indiciado no crime sob análise. 
 
Por outro lado, o periculum in mora se demonstra quando da necessidade da medida, 
ou seja, se não a adotarmos, a investigação não poderá concluir sua finalidade, que é 
demonstrar a autoria ou participação e a materialidade do delito. 
 
Quando no art. 2°, II, a lei menciona que a prova não poderá ser realizada por outro 
meio, o sentido do dispositivo é dizer que a interceptação é a ultima ratio em se 
tratando de meios investigatórios. 
 
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita 
com clareza a situação objeto da investigação, inclusive 
com a indicação e qualificação dos investigados, salvo 
impossibilidade manifesta, devidamente justificada. 
 
Nesse dispositivo estamos diante de um requisito que deve constar na sua peça, ou 
seja, descrever com clareza quem está sob investigação, qual o objeto dela, salvo 
impossibilidade de fazê-lo. 
 
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas 
poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a 
requerimento: 
 
I - da autoridade policial, na investigação criminal; 
 
II - do representante do Ministério Público, na 
investigação criminal e na instrução processual penal. 
 
Aqui estamos diante da legitimação que a lei defere ao delegado de polícia para 
representar pela medida. 
 
Mais uma vez uma falha técnica da lei, quando ela menciona que a autoridade policial 
poderá requerer ao juiz, quando na verdade a expressão correta é a representação 
pela autoridade policial. 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 12 
46 
 
Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação 
telefônica conterá a demonstração de que a sua 
realização é necessária à apuração de infração penal, 
com indicação dos meios a serem empregados. 
 
§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o 
pedido seja formulado verbalmente, desde que estejam 
presentes os pressupostos que autorizem a 
interceptação, caso em que a concessão será 
condicionada à sua redução a termo. 
 
Aqui estamos diante do modus operandi da medida, ou seja, a autoridade policial 
deverá demonstrar em sua peça que a medida é necessária e os meios pelos quais ela 
se dará, quais instrumentos serão utilizados. 
 
O § 1° prevê a possibilidade de pedido verbal. Não é a regra, mas pode ser feito 
excepcionalmente. 
 
 
§ 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, 
decidirá sobre o pedido. 
 
O § 2° nos remete à urgência da medida, pois o juiz terá o prazo de apenas 24 horas 
para decidir sobre o pedido. Lembrando que se trata de um prazo impróprio, no qual o 
juiz poderá extrapolá-lo quando estiver com acumulo de serviço, o que acontece 
comumente na prática. 
 
Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá 
os procedimentos de interceptação, dando ciência ao 
Ministério Público, que poderá acompanhar a sua 
realização. 
 
Aqui fica claro que a autoridade policial é a responsável pela realização da medida, ou 
seja, quem conduz a operação de interceptação é sempre a autoridade policial. 
 
O Ministério Público, na qualidade de fiscal da lei e titular da ação penal, deverá ser 
cientificado da execução da medida. 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 13 
46 
Veja nesse dispositivo como é importante a presença da autoridade policial, ela é que 
vai conduzir a operação, efetuar as escutas e degravações e inclusive processos de 
identificação de voz quando necessários. 
 
Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de que 
trata esta Lei, a autoridade policial poderá requisitar 
serviços e técnicos especializados às concessionárias de 
serviço público. 
 
Esse dispositivo é destinado às operadoras de telefonia ou outro serviço público 
envolvido na interceptação. Veja que a autoridade policial poderá oficiar essas 
instituições no sentido de obter auxílio na execução dessa cautelar. 
 
3. REPRESENTAÇÃO POR BUSCA DOMICILIAR 
 
3.1 LEGITIMAÇÃO 
 
A legitimação para representar por essa medida está consubstanciada no art. 3°, I, da 
lei 9.296/96. Vejamos: 
 
Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas 
poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a 
requerimento: 
 
I - da autoridade policial, na investigação criminal; 
 
Ou seja, a autoridade policial, na condução das investigações, quando cabível e 
necessária, poderá representar pela concessão dessa cautelar. 
 
Lembre-se de que essa previsão legal deverá constar de seu preâmbulo. 
 
 
 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 14 
46 
3.2 FUNDAMENTOS DE FATO OU FATOS 
 
Aqui é a mesma coisa das aulas anteriores e das seguintes aulas também, acostume-
se a resumir ou parafrasear um texto. Sugiro a você algumas técnicas de resumo de 
textos, que você encontra em um bom livro de produção textual. 
 
Você vai resumir com suas próprias palavras os fatos ocorridos, sempre destacando 
aqueles que vão servir de base para a sua fundamentação jurídica. 
 
Lembre de que para lhe dar um norte de como narrar os fatos sem ser repetitivo em 
relação ao que já foi mencionado no enunciado, vale a pena utilizar a regrinha da 
resposta às perguntas abaixo: 
 
O que? 
 
Quem? 
 
Quando? ACONTECEU 
 
Onde? 
 
Por que? 
 
Se você conseguir responder a essas perguntas com um texto bem objetivo, sua 
narrativa dos fatos certamente ficará muito boa e a pontuação dessa parte estará 
garantida. 
 
Procure treinar essa parte quando estiver escrevendo um e-mail, ou até quando estiver 
contando uma história a algum colega. 
 
 
 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 15 
46 
3.3 FUNDAMENTOS JURÍDICOS 
 
A fundamentação jurídica, como sempre, é a parte que vai lhe dar maispontos, nela 
você vai mostrar todo seu conhecimento jurídico sobre a medida cautelar pela qual 
representa. 
 
Nesse ponto você vai dividir sua fundamentação em 3 partes. A primeira será relativa 
à prática delituosa, na qual você vai tipificar o crime e verificar que é punido com 
reclusão, para que seja cabível. Como a natureza da pena do crime cometido é de 
fundamental importância para o cabimento da medida você pode mesclar esses dois 
pontos, mas caso queira fazer uma peça mais redonda, ou seja, sem floreios abra um 
tópico para a tipificação e outro para o cabimento. 
 
A medida será cabível quando o crime em questão for punido com reclusão, nos termos 
do art. 2°, III: 
 
Art. 2° Não será admitida a interceptação de 
comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das 
seguintes hipóteses: 
 
(...) 
 
III - o fato investigado constituir infração penal punida, 
no máximo, com pena de detenção. 
 
 
Lembrando que deve ser feita uma interpretação a contrário sensu, ou seja, se não 
é admissível quando o crime for punido no máximo com detenção, então o crime deve 
ser punido no mínimo com reclusão. 
 
Esse é o cabimento da medida, os outros dois incisos referem-se aos requisitos 
cautelares. 
 
Quanto aos requisitos cautelares vamos ter de demonstrar os dois primeiros incisos do 
art. 2° da Lei. 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 16 
46 
Art. 2° Não será admitida a interceptação de 
comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das 
seguintes hipóteses: 
 
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou 
participação em infração penal; 
 
II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; 
 
Lembrando que aqui a ideia é raciocinar a contrario sensu, ou seja, deve haver 
indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal cuja pena deve ser a de 
reclusão. 
 
O segundo requisito é o chamado ultima ratio, ou seja, o candidato aqui deverá 
demonstrar que a interceptação é a única forma de prosseguir na investigação. 
 
Essa informação você vai ter de ter faro de delegado para perceber na questão onde 
está sendo mencionado que já foram tentados todos os tipos de diligência, e está sendo 
praticamente impossível prosseguir nas investigações caso não seja deferida a 
interceptação telefônica. 
 
Mais uma vez aqui a ideia é ter faro de delta, sangue de polícia. Durante o enunciado 
você perceberá que as informações do enunciado levarão você a essa conclusão. 
 
Ademais, quando a peça for uma interceptação das comunicações telefônicas, saiba 
que você estará diante de um número de telefone ou terminal de acesso a um 
equipamento como um computador. 
 
Isso já te dará 90% de certeza de que a peça é uma representação dessa natureza 
 
 
 
Entendeu então que se o enunciado 
mencionar um número de telefone você 
estará com muitas chances de já ter 
identificado a peça. Você deverá verificar 
os demais requisitos, mas esse já lhe 
mostrará o caminho a ser seguido. 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 17 
46 
Em resumo a fundamentação jurídica é simples, basta você demonstrar esses pontos 
que mencionei com aquela clareza e raciocínio jurídico comum ao futuro delegado de 
polícia. Destaco o requisito de ultima ratio, esse costuma dar trabalho, mas basta 
você pensar que sem a interceptação será impossível chegar a autoria do crime sob 
investigação. 
 
3.4. PEDIDO 
 
Vamos agora falar um pouco sobre o pedido que deverá estar na sua peça, você já esta 
chegando ao final da sua representação. 
 
Assim como na representação pela busca domiciliar, aqui temos um detalhe importante, 
que é o número do telefone a ser interceptado. Já falamos muito dele na parte de 
identificação da peça e nos fundamentos jurídicos dela. 
 
Você deverá dar um desfecho a sua peça mencionando objetivamente que representa 
pela interceptação no número XXXX-XXXX, uma vez que a medida não pode ser deferida 
para qualquer número ou para os números cadastrados em uma família ou grupo de 
amigos, a medida deve ser certeira, portanto, você deve ter bons indícios de que 
naquele número teremos conversas sobre o cometimento do delito. 
 
A ideia aqui é parecida com a do endereço na busca domiciliar. Você estará relativizando 
um direito fundamental, ou seja, a inviolabilidade das comunicações telefônicas, 
portanto, não poderá fazer isso às cegas. 
 
Vale a pena mencionar a urgência da medida tanto no início quanto no final, pois a 
própria lei carrega em seu texto que o juiz deverá decidir o pedido em 24 horas. Então 
sugiro que você solicite andamento em caráter de urgência, tendo em vista o que a 
própria lei prevê. 
 
Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação 
telefônica conterá a demonstração de que a sua 
realização é necessária à apuração de infração penal, 
com indicação dos meios a serem empregados. 
 
§ 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, 
decidirá sobre o pedido. 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 18 
46 
Assim, você demonstrará que conhece bem todas as particularidades da lei e sabe como 
agir amparado por ela. 
 
Por fim, você não pode esquecer que essa medida possui prazo certo para terminar. 
Isso ocorre por conta do caráter invasivo da interceptação. A polícia não pode ficar 
escutando e degravando as suas comunicações como se não houvesse fim para tal 
medida. 
 
O prazo está previsto na própria lei. Vejamos: 
 
Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de 
nulidade, indicando também a forma de execução da 
diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze 
dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a 
indispensabilidade do meio de prova. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ah, entendi professor, então eu 
menciono que que represento 
pela concessão da medida por 
15 (quinze) dias com 
prorrogação por mais 15 
(quinze). 
Cuidado Aderbal, você não deve mencionar 
qualquer prorrogação nessa representação 
inicial. Eventuais pedidos de prorrogação 
serão feitos em outras representações, 
posteriores a essa, em que você deverá 
demonstrar outros requisitos, parecidos, mas 
com algumas peculiaridades. 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 19 
46 
A doutrina e a jurisprudência dos tribunais superiores e do supremo são uníssonas no 
sentido de haver a possibilidade de prorrogações sucessivas, desde que presentes os 
requisitos de cabimento e cautelaridade. 
 
Cuidado apenas para não mencionar que você já requer prorrogação, caso faça isso, 
além de mostrar que a sua investigação não é eficiente, pois antes de se iniciar você já 
estará pedindo prorrogação de prazo, você ainda estará agindo sem embasamento legal 
nesse primeiro pedido. 
 
Portanto, no seu pedido é fundamental o número do telefone e o prazo da medida. 
 
4. MODELO DE REPRESENTAÇÃO POR INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES 
TELEFÔNICAS 
 
Vamos agora estruturar o nosso modelo, que você deve memorizar. Poucas coisas vão 
mudar em relação à representação pela busca. O modelo será até mais simples 
 
4.1 ENDEREÇAMENTO 
 
O endereçamento continua sendo muito importante, no caso de interceptação 
telefônica, geralmente ela é endereçada ao juízo federal criminal da seção judiciária ou 
subseção judiciária que possui jurisdição no local onde ocorreu o delito. Lembre-se 
também que se o crime for de homicídio, teremos que representar ao presidente do 
tribunal do júri federal. 
 
Aqui é aquele básico de competência. Recomendo que se você tiver dúvida, volte para 
a parte de processo penal, onde se estudaa competência no CPP, pois lá estarão bem 
claras as principais regras para identificar o juízo competente. 
 
Lembrando mais uma vez que você só deve colocar a cidade se for mencionado isso no 
enunciado, na dúvida, deixe aquele velho espaço em branco, para não perder pontos e 
nem ser prejudicado totalmente com uma possível identificação de prova. 
 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 20 
46 
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ FEDERAL DA ____ª VARA CRIMINAL DA 
SEÇÃO/SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE __________ ou (JUIZ PRESIDENTE DO 
TRIBUNAL DO JÚRI FEDERAL DA SEÇÃO/SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE 
____________). 
 
4.2 PREÂMBULO 
 
Após o endereçamento você vai saltar algumas linhas, no máximo 2, e vai mencionar 
que a medida é urgente, vale a pena mencionar esse detalhe na sua peça, uma vez que 
mostra que conhece as previsões legais e ainda valoriza seu pedido, salientando ao juiz 
que, nos termos da lei ele possui um prazo específico para decidir sobre a 
representação, embora, na prática, se trate de um prazo impróprio dificilmente 
obedecido. 
 
Importante também mencionar o número do inquérito, caso esse seja mencionado no 
enunciado ou apenas referir-se ao inquérito e deixar o velho espaço em branco. 
 
O preâmbulo, cujo modelo segue abaixo, possui as mesmas características dos 
preâmbulos já vistos nas aulas anteriores, com as modificações relativas às legislações 
pertinentes. 
 
“A Polícia Federal, por meio do seu Delegado de Polícia Federal, ao final 
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros 
dispositivos, pelo art. 3°, I; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, vem, mui 
respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, representar pela 
interceptação das comunicações telefônicas do número XX-XXXX-XXXX, pelos 
fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor”. 
 
Veja como é importante mencionar o número do terminal que você quer interceptar, 
isso é na verdade um requisito para que você possa interceptar as comunicações. 
Lembre-se de que esse tipo de pedido não pode ser genérico, deve ser certeiro, por 
entrar na seara particular de um indivíduo. 
 
Um bom preâmbulo já mostra conhecimento. Citar a lei 12.830/2013 comprova que 
você tem sangue de delegado e que vai procurar valorizar as suas atribuições quando 
no exercício delas. 
 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 21 
46 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.3 FATOS 
 
Mais uma vez não temos muito a acrescentar ao que já foi dito acima, você vai ser 
medido pelo poder de síntese que pode apresentar. Não negligencie esse ponto, pois 
o examinador pode já não gostar muito da sua peça, caso os fatos não sejam 
corretamente narrados. 
 
Procure parafrasear o enunciado, tentando não ser tão repetitivo. Responder àquelas 
perguntas que já mencionei anteriormente pode ser um bom norte a ser seguido. 
 
Na peça de interceptação, mencione as diligências que já foram empreendidas e não 
renderam frutos, ou que tiveram resultados não esperados. Ou seja, tente mostra ao 
juiz que a última coisa a ser feita é a representação pela interceptação. Mencionar nos 
fatos essas diligências pode ressaltar o seu conhecimento da peça. 
 
Professor, o preâmbulo é sempre igual, mudando 
apenas algumas coisas, nas suas aulas essa parte 
parece ser até repetitiva, não tem outros modelos 
de preâmbulo não? 
Prezado Aderbal, sua pergunta é muito boa, e deve 
ser a pergunta de muitos dos nossos alunos. A ideia 
do nosso curso é condicionar você a memorizar um 
modelo cada vez mais enxuto de peça. Aquilo que for 
repetitivo é melhor ainda para você memorizar. 
Preocupe-se apenas com as diferenças entre as peças. 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 22 
46 
No entanto, você não pode inventar fatos, isso é terminantemente proibido, sob 
pena de ter a peça “zerada” pela identificação da prova. 
 
4.4 FUNDAMENTOS JURÍDICOS 
 
Na parte dos fundamentos o ideal é você desdobrá-la em 3 pontos, quais sejam, do 
crime sob investigação, do cabimento, dos requisitos cautelares. 
 
No caso da peça que estamos estudando, vale a pena você mencionar, assim como na 
busca domiciliar, que a inviolabilidade das comunicações telefônicas não pode servir de 
salvaguarda para acobertar o cometimento de delitos e que em prol do princípio do “in 
dubio, pro societate”, a medida se faz necessária à elucidação do crime e à cessação 
da atividade delituosa. 
 
Aqui, se você mencionar que a medida se subordina à reserva de jurisdição, vai ficar 
melhor ainda, pois o juiz vai entender que você, na qualidade de delegado de polícia 
reconhece os limites legais e constitucionais de sua atuação. 
 
No cabimento você deve mencionar que o crime sob investigação possui pena de 
reclusão, veja que não importa a quantidade de pena, mas a sua natureza. 
 
Veja ainda que isso está intrinsecamente ligado à tipificação do crime, que você já vai 
ter mencionado. 
 
4.5 DO PEDIDO. 
 
No pedido já foi mencionado que você deve representar pela medida sempre de forma 
objetiva, cuidado com o verbo, pois o delegado de polícia representa e não requer, 
quem requer é o membro do MP. 
 
Não se esqueça de mencionar o número do telefone ou do terminal de acesso que será 
interceptado, sem essa informação a sua representação será indeferida, certamente e 
sua peça terá uma nota reduzida. 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 23 
46 
Outro ponto importantíssimo é o prazo. Toda medida cautelar que tiver prazo definido 
em lei deve ter ele em seu pedido, pois é relevante para o decorrer das investigações, 
saber que o prazo se esvai em 15 (quinze) dias, no que concerne à interceptação 
das comunicações telefônicas. 
 
 
Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, 
representa, essa autoridade policial, pela interceptação das comunicações 
telefônicas e quebra de sigilo telefônico, que deverá ser conduzida da seguinte 
forma: 
 
1. Desvio do sinal de áudio em tempo real, inclusive em situação de roaming 
(usuário utilizando seu celular em outro Estado, fora da área de 
cobertura de sua operadora, utilizando operadora concorrente) para as 
linhas telefônicas do Setor de Inteligência da Polícia Federal, número: 
(número do telefone a ser interceptado); 
2. Bidirecionamento do alvo para a linha _____; 
3. Período de monitoramento de 15 (quinze) dias; 
4. Encaminhamento eletrônico dos dados cadastrais do telefone alvo, 
inclusive a identificação IMEI do aparelho, e daqueles com os quais 
mantiver contato; 
5. Encaminhamento eletrônico de extratos periódicos, com a identificação 
dos respectivos terminais da operadora; 
6. Encaminhamento eletrônico, em tempo real, das mensagens de voz, 
texto, e-mails, imagens, vídeos, recebidos ou enviados, no caso de 
aparelhos celulares; 
7. Identificação e localização das ERB’s utilizadas, em tempo real, do 
telefone alvo e daqueles com os quais mantiver contato, via celular; 
8. Identificação, em tempo real, dos números contatados nas chamadas 
originadas/recebidas; 
9. Autorização de interceptação e monitoramento dos terminais telefônicos 
que venham a ser utilizados pelo mesmo número serial ou IMEI (GSM); 
10. A operadora deverá fornecer extrato detalhado – BILHETAGEM – 
das ligações recebidas/efetuadas, a partir da data descrita acima e 
encaminhar documentos e informações obtidas para o endereço 
eletrônico (endereço eletrônico seguro da delegacia. 
 
Requer, por fim, a manifestação do órgão do Ministério Público Federal – MPF, 
bem como o deferimentosem a oitiva da parte contrária, com a urgência que 
a lei (art. 4º, §2º.) determina (prazo de 24 – vinte e quatro - horas). 
 
Nestes Termos. Pede Deferimento. 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 24 
46 
Local, data. 
 
Delegado de Polícia Federal 
Matrícula. 
 
Vamos agora colocar tudo isso em um modelo. 
 
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ FEDERAL DA ____ª VARA CRIMINAL DA 
SEÇÃO/SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE __________ ou (JUIZ PRESIDENTE DO 
TRIBUNAL DO JÚRI FEDERAL DA SEÇÃO/SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE 
____________). 
 
URGENTE – 24 (VINTE E QUATRO) HORAS (art. 4°, §2°, da Lei 9.296). 
 
DISTRIBUIÇÃO SIGILOSA 
 
Ref. Inquérito policial n°___ 
 
“A Polícia Federal, por meio do seu Delegado de Polícia Federal, ao final 
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros 
dispositivos, pelo art. 3°, I; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, vem, mui 
respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, representar pela 
interceptação das comunicações telefônicas do número XX-XXXX-XXXX, pelos 
fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor”. 
 
1. Dos fatos 
 
 
 
2. Dos fundamentos jurídicos 
 
2.1 Da Prática delituosa 
 
 
 
2.2 Da reserva de jurisdição 
Narrativa dos fatos, conforme instruções já mencionadas. 
Vale a pena demonstrar a tipificação do crime cometido. 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 25 
46 
 
 
 
 
 
2.3 Do cabimento 
 
 
 
 
 
2.4 Dos requisitos cautelares 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. Do pedido 
 
Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, 
representa, essa autoridade policial, pela interceptação das comunicações 
telefônicas e quebra de sigilo telefônico, que deverá ser conduzida da seguinte 
forma: 
 
1. Desvio do sinal de áudio em tempo real, inclusive em situação de roaming 
(usuário utilizando seu celular em outro Estado, fora da área de 
cobertura de sua operadora, utilizando operadora concorrente) para as 
linhas telefônicas do Setor de Inteligência da Polícia Federal, número: 
(número do telefone a ser interceptado); 
2. Bidirecionamento do alvo para a linha _____; 
3. Período de monitoramento de 15 (quinze) dias; 
Aqui mencione que a medida se sujeita à reserva de jurisdição, 
invocando a proteção constitucional domiciliar, sempre 
ressaltando que a constituição não pode servir de manto de 
acobertamento da prática delituosa. 
Mencione que a medida é cabível, pois o crime sob investigação 
sujeita-se a pena de reclusão, nos termos do art. 2°, III, da Lei 
n° 9.296/96. 
Nesse ponto você vai demonstrar os outros dois incisos do art. 2° 
da referida lei. 
 
• Inciso I: Prova da existência do crime e indícios suficientes 
de autoria ou participação. 
 
• Inciso II: Necessidade da medida. Ultima ratio. Provar que 
essa é a única medida capaz de prosseguir a investigação. 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 26 
46 
4. Encaminhamento eletrônico dos dados cadastrais do telefone alvo, 
inclusive a identificação IMEI do aparelho, e daqueles com os quais 
mantiver contato; 
5. Encaminhamento eletrônico de extratos periódicos, com a identificação 
dos respectivos terminais da operadora; 
6. Encaminhamento eletrônico, em tempo real, das mensagens de voz, 
texto, e-mails, imagens, vídeos, recebidos ou enviados, no caso de 
aparelhos celulares; 
7. Identificação e localização das ERB’s utilizadas, em tempo real, do 
telefone alvo e daqueles com os quais mantiver contato, via celular; 
8. Identificação, em tempo real, dos números contatados nas chamadas 
originadas/recebidas; 
9. Autorização de interceptação e monitoramento dos terminais telefônicos 
que venham a ser utilizados pelo mesmo número serial ou IMEI (GSM); 
10. A operadora deverá fornecer extrato detalhado – BILHETAGEM – 
das ligações recebidas/efetuadas, a partir da data descrita acima e 
encaminhar documentos e informações obtidas para o endereço 
eletrônico (endereço eletrônico seguro da delegacia. 
 
Requer, por fim, a manifestação do órgão do Ministério Público Federal – MPF, 
bem como o deferimento sem a oitiva da parte contrária, com a urgência que 
a lei (art. 4º, §2º.) determina (prazo de 24 – vinte e quatro - horas). 
 
Nestes Termos. Pede Deferimento. 
 
Local, data. 
 
Delegado de Polícia Federal 
Matrícula. 
 
Vejam que não é muito longa e não requer muitos detalhes a produção da 
representação por interceptação das comunicações telefônicas. Ademais, a sua 
identificação é muito simples. 
 
Vamos agora ao exercício de fixação e treinamento. 
 
Após, irei colocar um exercício para você treinar e resolver o exercício proposto na 
última aula. 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 27 
46 
Escolhi para a nossa aula uma questão recente, da última prova da Polícia Civil de Santa 
Catarina – PCSC, prova realizada em 2014, o concurso está em andamento. Não se 
preocupem que foram feitas as devidas alterações no enunciado de modo a ser uma 
possível questão a ser cobrada na prova do DPF. 
 
5. QUESTÕES COMENTADAS DE PROVA. 
 
Questão 1. (Adaptada pelo Prof. Vinícius Silva) 
 
Delegado de Polícia - Concurso: PCSC - Ano: 2014 - Banca: ACAFE - Disciplina: 
Direito Processual Penal - Assunto: Provas. 
 
Denúncia anônima que chegou à Delegacia de Polícia dá conta de que Mario 
Mendes e Ciro Fontes estariam inserindo elementos inexatos em operações de 
natureza fiscal relativas ao IPI, visando fraudar a fiscalização tributária, das 
empresas de laticínios Indústria de Laticínios Companhia do Leite e Leite Bom 
Indústria Alimentícia Ltda. Apesar dos indícios apontarem o envolvimento dos 
investigados em crime de sonegação fiscal, a investigação chegou a um 
impasse, pois não foi possível elucidar, com os levantamentos de campo e de 
informações, qual a participação de cada um dos investigados, acrescido do 
fato de que o investigado Ciro Fontes faz constantes viagens internacionais. 
Dados do Inquérito: N. 0124/2014; Primeira Delegacia de Polícia Federal de 
Santa Catarina. Do que foi até agora apurado tem-se: a) - Indústria de 
Laticínios Companhia do Leite, com sede na rua das Acácias, 123, Lages - 
Sócios Mario Mendes e Ciro Fontes; b) - Leite Bom Indústria Alimentícia Ltda., 
com sede na rua das Laranjeiras, 456, Lages - Sócios Ciro Fontes e Mario 
Mendes; c) - Mario Mendes – brasileiro, caso, empresário, residente à rua 
Pessegueiro, 687, Lages - celular (Claro S/A) (49) – 9112 – 7070, CPF 400 
401 402 – 88; d) – Ciro Fontes – brasileiro, casado, empresário, residente à 
rua das Videiras, 581, Lages – celular (Claro S/A) (49) – 9112 – 8080, CPF 
500 501 502 – 99; e) - registro da caminhonete Mitsubishi L200, placas XXX - 
0123, utilizada por Ciro Fontes, em nome da Samira Mendes Lima, CPF 800 
801 802 -83; f) - registro, em nome da Samira Mendes Lima, do veículo Honda 
Civic, ano 2013/2014, placas XXX - 0456, que até 21/1/2014 estava 
registrado em nome da empresa Leite Bom Indústria Alimentícia Ltda; g) – 
registro de veículos particulares, utilizados por Mario Mendes e seus 
familiares, em nome de terceiros: - Citroen C4 Palas, placas XXX- 1111- 
registrado em nome de Murilo Garcia – CPF 100 101 102 – 76; - BMW, placas 
XXX – 2222, registrado em nomes de Cássio Meira, CPF 200 201 202 – 67; - 
Mitsubishi Pajero Full, placas XXX - 3333, registrado em nome de Felipe Lima, 
CPF 300 301 302-57; h) - inexistência de patrimônio nas empresas Indústria 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br28 
46 
de Laticínios Companhia do Leite e Leite Bom Indústria Alimentícia Ltda. i) - 
incompatibilidade entre volume de produção, o constante nos registros de 
estoque da empresa e o constante nos registros fiscais de saída de produtos, 
decorrente das vendas. Analise o anteriormente relatado e, como Delegado de 
Polícia, sem criar novos dados, elabore pedido de interceptação telefônica. 
 
Comentário e modelo de peça proposto. 
 
Inicialmente, eu vou aproveitar para mostrar meu parecer acerca da questão acima, 
apresentando os aspectos teóricos relevantes e o modelo de peça sugerido por min. 
 
Essa questão originalmente tinha muitos detalhes técnicos que foram omitidos por min. 
Na época da prova ela foi bastante criticada, pois o espelho de correção mencionou 
muitos detalhes técnicos que não são costumeiramente cobrados em prova. 
 
Assim, de modo a deixar a prova mais adequada a realidade, a banca exagerou na 
cobrança de detalhes. Acabamos por modificar a questão, deixando apenas aquilo que 
de maior brilho a questão possuía. 
 
O crime a ser investigado trata-se de sonegação fiscal, uma vez que o enunciado nos 
mostra que há uma série de indícios que demonstram essa prática delituosa por parte 
dos sócios das empresas em questão. 
 
O aluno poderia pensar na aplicação da Súmula Vinculante n° 24, pois ela prevê que 
não se tipifica crime material contra a ordem tributária antes do lançamento definitivo. 
 
No entanto, em provas de Delta, o ideal é defender a inaplicabilidade da referida súmula 
na investigação policial. Inclusive esse posicionamento foi cobrado na última prova da 
Polícia Federal. Assim, acostume-se com essas posições ligadas ao concurso para o qual 
você está prestando. 
 
Esse crime possui pena privativa de liberdade de reclusão de 2 a 5 anos sendo assim 
cumprido o requisito de cabimento da medida a ser representada. 
 
Por outro lado, a investigação encontra-se com um impasse, no qual a autoridade está 
a definir a conduta de cada um dos investigados, para assim concluir o inquérito policial. 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 29 
46 
Ou seja, a questão deixa claro que a ideia é representar pela interceptação, uma vez 
que é a única medida de que pode levar a autoridade policial à individualização das 
condutas. 
 
Assim, a medida cabível é a representação pela interceptação das comunicações 
telefônicas. A questão já deu a dica dos números de telefone, então vamos representar 
pela interceptação. 
 
Modelo de peça: 
 
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ FEDERAL DA ____ª VARA CRIMINAL DA 
SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE LAGES-SC. 
 
URGENTE – 24 (VINTE E QUATRO) HORAS (art. 4°, §2°, da Lei 9.296). 
 
DISTRIBUIÇÃO SIGILOSA 
 
Ref. Inquérito policial n°0124/2014 
 
A Polícia Federal, por meio do seu Delegado de Polícia Federal, ao final assinado, no 
uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos, pelo art. 3°, 
I, da lei 9.296/96; art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, vem, mui respeitosamente, a 
presença de Vossa Excelência, representar pela interceptação das comunicações 
telefônicas dos números (49) – 9112 – 7070 e (49) – 9112 – 8080, pelos fundamentos 
de fato e de direito que a seguir passa a expor. 
 
1. Dos fatos 
 
Tratam os autos de investigação acerca da prática de crime de sonegação fiscal. 
 
As diligências até agora perpetradas pela equipe operacional dessa delegacia dão conta 
de que os investigados Mario Mendes – brasileiro, casado, empresário, residente à Rua 
Pessegueiro, 687, Lages e Ciro Fontes – brasileiro, casado, empresário, residente à rua 
das Videiras, 581, Lages, na qualidade de sócios das empresas Indústria de Laticínios 
Companhia do Leite e Leite Bom Indústria Alimentícia Ltda, estariam inserindo dados 
falsos nas operações comerciais das empresas, com o fito de fraudar a fiscalização 
tributária e por conseguinte o recolhimento de IPI. 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 30 
46 
As investigações apontam ainda um patrimônio elevado que os sócios ostentam por 
meio de veículos importados e viagens internacionais. 
 
Neste momento a investigação encontra-se parada, aguardando elementos que possam 
definir as condutas de cada um dos investigados em meio à prática delituosa a ser 
tipificada no próximo item. 
 
2. Dos fundamentos jurídicos 
 
2.1 Da Prática delituosa 
 
No caso acima narrado, pode-se perceber que há fortes indícios de que os investigados 
estão incursos nos crimes do art. 1°, I e II, da Lei n° 8.137/90. 
 
Os investigados supostamente estão inserindo dados inexatos nos documentos fiscais 
com a finalidade de fraudar a fiscalização tributária e o recolhimento de impostos, 
notadamente o IPI. 
 
Assim, a conduta amolda-se perfeitamente no tipo penal previsto no diploma legal 
referido. 
 
2.2 Da reserva de jurisdição 
 
A medida cautelar adequada ao prosseguimento das investigações é sujeita à reserva 
de jurisdição, uma vez que envolve um direito constitucionalmente protegido, que é a 
inviolabilidade das comunicações telefônicas. 
 
O juiz deve atuar na proteção da coletividade, não podendo admitir que uma conduta 
delituosa seja levada a efeito e acobertada pelo manto da inviolabilidade de 
comunicação telefônica, pois isso causaria um desequilíbrio institucional. O juiz deve 
usar da ponderação para o deferimento da medida, mesmo que cause um prejuízo à 
intimidade do investigado, prejuízo maior está sendo causado à coletividade por conta 
da prática delituosa que frauda o recolhimento de tributos. 
 
2.3 Do cabimento 
 
Conforme a tipificação acima mostrada, o crime sob investigação dessa delegacia no 
inquérito epigrafado possui pena privativa de liberdade de reclusão, portanto, mostra-
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 31 
46 
se cabível a interceptação telefônica, nos termos do inciso III, do art. 2°, da Lei n° 
9.296/96. 
 
2.4 Dos requisitos cautelares 
 
Os requisitos cautelares para o deferimento também se encontram plenamente 
satisfeitos, uma vez que no caso concreto há fortes indícios de que os investigados 
praticam o crime de sonegação fiscal. Vejamos. 
 
As investigações apontam a inexistência de patrimônio nas empresas Indústria de 
Laticínios Companhia do Leite e Leite Bom Indústria Alimentícia Ltda., bem como a 
incompatibilidade entre volume de produção, o constante nos registros de estoque da 
empresa e o constante nos registros fiscais de saída de produtos, decorrente das 
vendas. 
 
Na mesma toada encontra-se a aquisição de veículos utilizados pelos investigados em 
nome de terceiros que estariam participando da ação delituosa na qualidade de 
partícipes. Constam nos autos vários elementos de informação que confirmam a 
utilização de veículos de luxo pelos Srs. Ciro Fontes e Mario Mendes, e pelas respectivas 
famílias. 
 
Ou seja, isso demonstra mais ainda a ocorrência do delito, bem como a participação 
dos investigados. 
 
Assim, podemos afirmar que o requisito cautelar do inciso I, do art.2°, da Lei n° 
9.296/96 foi cumprido. 
 
Noutro giro, a necessidade da medida é manifesta, pois a investigação chegou a um 
impasse, não tendo elementos necessários a definir qual a conduta de cada um dos 
investigados e qual a real participação de cada um deles no crime. 
 
Constam ainda informações acerca dos números de telefone de cada um deles, ou seja, 
a interceptação das comunicações telefônicas ajudará a elucidar a participação dos 
investigados, pois de acordo com as conversas telefônicas poderemos definir qual o real 
papel deles na conduta criminosa. 
 
Em relação à aplicação da Súmula Vinculante n° 24, não se podecogitar a sua aplicação 
nesse caso concreto, pois, caso contrário, a investigação policial em crimes dessa 
natureza estaria totalmente vinculada à ação da administração fazendária. Não se pode 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 32 
46 
admitir no estado de direito que uma Súmula, ainda que vinculante, torne ineficaz ou 
condicionada a atividade policial. 
 
A atividade policial não pode ser engessada pelo próprio sistema constitucional 
brasileiro. Não existe nenhum direito absoluto, nem aqueles previstos na Constituição 
Federal de 1988, quanto mais uma súmula pode restringir a investigação policial. 
 
Assim, de acordo com a fundamentação acima, mostra-se cabível e necessária a 
interceptação das comunicações telefônicas dos investigados. 
3. Do pedido 
 
Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, 
representa, essa autoridade policial, pela interceptação das comunicações telefônicas 
dos números de telefone (49) – 9112 – 7070 e (49) – 9112 – 8080, a ser conduzida 
por essa autoridade policial ou quem lhe faça as vezes, pelo prazo de 15(quinze) dias, 
por ser a medida de direito adequada ao caso conforme se demonstra na 
fundamentação exposta, visando a continuidade das investigações policiais, após a 
oitiva do ilustre membro do Ministério Público, devendo as operadoras de telefonia 
procederem às seguintes diligências: 
 
1. Desvio do sinal de áudio em tempo real, inclusive em situação de roaming 
(usuário utilizando seu celular em outro Estado, fora da área de cobertura de sua 
operadora, utilizando operadora concorrente) para as linhas telefônicas do Setor 
de Inteligência da Polícia Federal, número: (número do telefone a ser 
interceptado); 
2. Bidirecionamento do alvo para a linha _____; 
3. Encaminhamento eletrônico dos dados cadastrais do telefone alvo, inclusive a 
identificação IMEI do aparelho, e daqueles com os quais mantiver contato; 
4. Encaminhamento eletrônico, em tempo real, das mensagens de voz, texto, e-
mails, imagens, vídeos, recebidos ou enviados, no caso de aparelhos celulares; 
5. Identificação e localização das ERB’s utilizadas, em tempo real, do telefone alvo 
e daqueles com os quais mantiver contato, via celular; 
6. Autorização de interceptação e monitoramento dos terminais telefônicos que 
venham a ser utilizados pelo mesmo número serial ou IMEI (GSM); 
 
Nestes Termos. Pede Deferimento. 
 
Local, data. 
 
Delegado de Polícia Federal 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 33 
46 
Matrícula. 
 
Questão 02. 
 
(CESPE – PCPE – Delegado de Polícia Civil - 2016) Na data de 12/7/2014, entre 
00 h 40 min e 01 h 00 min, em via pública do Bairro de Prazeres, Recife – PE, João 
Félix da Silva, adolescente com dezessete anos de idade, mediante ação intencional de 
dois indivíduos que estavam em um veículo GM/Vectra de cor branca e placa não 
identificada, foi alvejado por vários disparos de arma de fogo e faleceu no local em 
decorrência dos ferimentos experimentados. 
 
Uma equipe da delegacia de homicídios se dirigiu ao local do crime e verificou que junto 
ao corpo da vítima havia uma porção considerável de droga, aparentando ser cocaína, 
bem como um telefone celular de sua propriedade e uma bicicleta, que estava sendo 
utilizada pela vítima no momento em que ocorreu o crime. 
 
No decorrer do exame pericial de local, foram localizados e recolhidos vários estojos e 
fragmentos de projéteis de calibres distintos, a saber: 9 mm e .40, evidenciando que 
as armas utilizadas teriam sido, no mínimo, duas pistolas. Quando do exame 
perinecroscópico, constatou-se que o cadáver apresentava cerca de quinze lesões 
características de perfurações produzidas por projéteis de arma de fogo, sendo que seis 
delas na região da face. Após a conclusão do exame pericial, o corpo foi removido ao 
Instituto de Medicina Legal. 
 
A equipe de investigação, ainda no local do crime, apurou, preliminarmente, a partir de 
declarações informais de Joaquim Domênico Neto e Maria Josefina Domênico, 
moradores do local, que dois indivíduos desconhecidos, cujas características não foram 
possíveis evidenciar, conduzindo o veículo citado, teriam sido os autores do crime. A 
genitora da vítima, Sr. ª Maria das Dores Serafim, entrevistada pela equipe de 
investigação, afirmou que João Félix da Silva estava sendo ameaçado de morte em 
razão de dívidas de drogas e, nos dias anteriores ao crime, teria recebido inúmeras 
ligações telefônicas em seu telefone celular. 
 
Os autores do crime tomaram rumo ignorado após o delito, estando em local incerto e 
não sabido. O veículo GM/Vectra de cor branca utilizado na prática do homicídio foi 
abandonado em uma rodovia de acesso ao interior do estado e, após exame pericial, 
não foi possível a coleta de fragmentos de digitais, verificando-se, ainda, que se tratava 
de produto de roubo havido dias antes. A genitora da vítima, dias após o homicídio, 
passou a receber ligações telefônicas do número 081-6999.8888, ameaçando a ela e a 
seus familiares de morte caso eles colaborassem com a investigação policial. 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 34 
46 
No telefone celular da vítima, apreendido no local do crime, foram registradas várias 
ligações anteriores ao delito, originadas do mesmo número, ou seja, 081-6999.8888, 
sem a identificação de seu usuário. Todas as informações mencionadas foram 
circunstanciadas em relatório de investigação preliminar e submetidas ao crivo do 
delegado de polícia competente, o qual, de imediato, instaurou o inquérito policial 
pertinente para a completa apuração dos fatos e suas circunstâncias. 
 
Diante da situação hipotética apresentada e considerando que a investigação encontra-
se na etapa inicial, tendo sido instaurado o competente inquérito policial sem êxito na 
individualização dos autores do crime, elabore, na condição de delegado de polícia, uma 
peça de natureza cautelar que melhor se adeque à situação, fundamentando-a de 
acordo com o que dispõe a legislação de regência. 
 
Comentário e modelo de peça proposto. 
 
Essa foi a questão de peça prática do concurso de Delta PE, o último concurso de 
delegado de polícia realizado no Brasil no qual eu tive a oportunidade de ter vários 
candidatos que lograram êxito na prova. 
 
A questão trazia um crime de homicídio qualificado, por motivo torpe, qual seja, dívidas 
de drogas. 
 
Vejamos alguns elementos que evidenciam isso: 
 
“Quando do exame perinecroscópico, constatou-se que o cadáver apresentava 
cerca de quinze lesões características de perfurações produzidas por projéteis 
de arma de fogo, sendo que seis delas na região da face. Após a conclusão do 
exame pericial, o corpo foi removido ao Instituto de Medicina Legal.” 
 
Assim como: 
 
“A genitora da vítima, Sr. ª Maria das Dores Serafim, entrevistada pela equipe 
de investigação, afirmou que João Félix da Silva estava sendo ameaçado de 
morte em razão de dívidas de drogas e, nos dias anteriores ao crime, teria 
recebido inúmeras ligações telefônicas em seu telefone celular” 
 
Assim, já temos o crime caracterizado. 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 35 
46 
Em relação à peça prática, temos que é cabível aqui a interceptação das comunicações 
telefônicas cumulada com a quebra de sigilo telefônico, uma vez que o número do 
telefone foi fornecido e há uma grande possibilidade de sabermos algumas informações 
relativas ao crime, pois a vítima e a mãe dela recebeu reiteradas ligações com ameaças 
oriundas desse número.Em relação à ultima ratio, é possível perceber pelos seguintes elementos: 
 
“a partir de declarações informais de Joaquim Domênico Neto e Maria Josefina 
Domênico, moradores do local, que dois indivíduos desconhecidos, cujas 
características não foram possíveis evidenciar, conduzindo o veículo citado, 
teriam sido os autores do crime.” 
 
E ainda: 
 
“O veículo GM/Vectra de cor branca utilizado na prática do homicídio foi 
abandonado em uma rodovia de acesso ao interior do estado e, após exame 
pericial, não foi possível a coleta de fragmentos de digitais” 
 
O crime é punido com pena privativa de liberdade do tipo reclusão, ou seja, o requisito 
de cabimento também está presente. 
 
O endereçamento será feito ao juiz do tribunal do júri da comarca de Recife – PE, pois 
foi o local em que o crime ocorreu. 
 
Assim, decidida a peça que vamos representar, basta adaptar o caso ao nosso modelo 
de peça. 
 
Modelo de resposta: 
 
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE 
____________). 
 
 
URGENTE – 24 (VINTE E QUATRO) HORAS (art. 4°, §2°, da Lei 9.296). 
 
DISTRIBUIÇÃO SIGILOSA 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 36 
46 
Ref. Inquérito policial n°___ 
 
“A Polícia Civil do estado de Pernambuco, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final 
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos, 
pelo art. 144, §4º, da CF-88, art. 3°, I (Lei 9.296/96); art. 2°, §1°, da Lei 12.830/2013, 
vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, REPRESENTAR PELA 
INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES E MONITORAMENTO TELEFÔNICO DAS 
LIGAÇÕES ORIGINADAS E RECEBIDAS DA SEGUINTE LINHA MÓVEL, pelos fundamentos 
de fato e de direito que a seguir passa a expor”. 
 
Nº DO TELEFONE INVESTIGADO/INDICIADO OPERADORA 
081-6999.8888 Sem investigado Todas 
 
1. Dos fatos 
 
De acordo com a investigação em epígrafe, que visa apurar a autoria de um crime de 
homicídio qualificado ocorrido em 12/7/2014, por volta de 00 h 40 min e 01 h 00 min, 
em via pública do Bairro de Prazeres, Recife – PE, 
 
Na ocasião, João Félix da Silva, 17 anos, foi atingido por vários disparos de arma de 
fogo, que teriam sido fruto da ação de dois indivíduos, que empreenderam fuga em um 
veículo já periciado, porém sem êxito no que diz respeito à busca de elementos que 
levassem à identificação dos autores. 
 
As investigações ainda apontam que a vítima recebeu reiteradas ligações telefônicas 
oriundas do número retromencionado, dias antes de sua morte. 
 
As ligações também foram recebidas por sua mãe, oportunidade em que foram feitas 
muitas ameaças em caso de colaboração com a investigação. 
 
Todas as diligências e termos de depoimento foram colacionados nos autos, restando o 
inquérito concluso à autoridade policial, na busca de identificar ainda os autores, vez 
que todas as diligências até então empreendidas não lograram êxito nesse intento. 
 
2. Dos fundamentos jurídicos 
 
2.1 Da Prática delituosa 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 37 
46 
Trata-se de crime de homicídio qualificado, nos termos do art. 121, §2º, I, do Código 
Penal, uma vez que o motivo real da morte da vítima tratar-se de dívidas contraídas 
junto à traficantes de drogas. 
 
2.2 Da reserva de jurisdição 
 
A medida pela qual se representa sujeita-se à reserva de jurisdição, sendo de forma 
excepcional admitida quando para fins de investigação criminal ou processual penal, 
nos termos do art. 5º., XII, da CF88. 
 
2.3 Do cabimento 
 
O crime sob investigação comporta pena de reclusão, cumprindo, portanto, o requisito 
de cabimento do art. 2º, III, da Lei 9.296/96. 
 
2.4 Dos requisitos cautelares 
 
Quanto ao fumus commissi delicti, resta comprovado, tendo em vista os laudos periciais 
e de local de crime, que demonstram ter ocorrido crime de homicídio, uma vez que os 
disparos foram efetuados com o claro intuito de ceifar a vida da vítima. 
 
Quanto aos indícios suficientes de autoria, não temos como comprová-los e é 
justamente por isso que se representa por tal medida cautelar probatória, tendo em 
vista a necessidade de continuidade das investigações na busca da autoria delitiva. 
 
Por outro lado, há indícios suficientes que os indivíduos que efetuaram as ligações 
possuem um forte indício de que sejam os autores do delito de morte, haja vista que 
ameaças foram feitas em face da mãe da vítima oriundas também do número alvo. 
 
Assim, temos como satisfeito o requisito do art. 2º., I, da Lei 9.296/96. 
 
Na mesma toada, podemos comprovar que todas as tentativas de diligências iniciais 
foram feitas no sentido de encontrar a autoria, porém não foi possível lograr êxito com 
as diligências até então realizadas, portanto, satisfeito o requisito do art. 2º, II, da Lei. 
 
3. Do pedido 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 38 
46 
Ante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito já expostos, 
representa, essa autoridade policial, pela interceptação das comunicações telefônicas e 
quebra de sigilo telefônico, que deverá ser conduzida da seguinte forma: 
 
1. Desvio do sinal de áudio em tempo real, inclusive em situação de roaming 
(usuário utilizando seu celular em outro Estado, fora da área de cobertura de 
sua operadora, utilizando operadora concorrente) para as linhas telefônicas do 
Setor de Inteligência da Polícia Civil, número: 081-6999.8888; 
2. Bidirecionamento do alvo para a linha _____; 
3. Período de monitoramento de 15 (quinze) dias; 
4. Encaminhamento eletrônico dos dados cadastrais do telefone alvo, inclusive a 
identificação IMEI do aparelho, e daqueles com os quais mantiver contato; 
5. Encaminhamento eletrônico de extratos periódicos, com a identificação dos 
respectivos terminais da operadora; 
6. Encaminhamento eletrônico, em tempo real, das mensagens de voz, texto, e-
mails, imagens, vídeos, recebidos ou enviados, no caso de aparelhos celulares; 
7. Identificação e localização das ERB’s utilizadas, em tempo real, do telefone 
alvo e daqueles com os quais mantiver contato, via celular; 
8. Identificação, em tempo real, dos números contatados nas chamadas 
originadas/recebidas; 
9. Autorização de interceptação e monitoramento dos terminais telefônicos que 
venham a ser utilizados pelo mesmo número serial ou IMEI (GSM); 
10. As operadoras deverão fornecer extrato detalhado – BILHETAGEM – das 
ligações recebidas/efetuadas, a partir da data descrita acima e encaminhar 
documentos e informações obtidas para o endereço eletrônico (endereço 
eletrônico seguro da delegacia). 
 
Requer, por fim, a manifestação do órgão do Ministério Público, bem como o 
deferimento sem a oitiva da parte contrária, com a urgência que a lei (art. 4º, §2º.) 
determina (prazo de 24 – vinte e quatro - horas). 
 
Nestes Termos. Pede Deferimento. 
 
Recife - PE,_____ de ________ de 2014. 
 
Delegado de Polícia 
Matrícula. 
 
Agora, antes de propor a você os exercícios de peças para você treinar, vou colar o 
modelo de resposta esperada que o CESPE disponibilizou para esse certame: 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 39 
46 
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO TRIBUNAL DO JÚRI 
DA COMARCA DE RECIFE ‒ PE. 
 
O delegado de polícia abaixo assinado, no uso de suas atribuições legais, com 
fundamento na Lei n.º 9.296/1996, arts. 1.º; 2.º, incisos I, II e III; 3.º, inciso I; 5.º — 
que regulamentou o inciso XII, parte final do art. 5.º da CF —, vem a Vossa Excelência 
REPRESENTAR PELA INTERCEPTAÇÃO DASCOMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS e PELA 
QUEBRA DE SIGILO DE DADOS TELEFÔNICOS do prefixo 081-6999.8888 pelos fatos e 
fundamentos a seguir expostos: 
 
Na data de 12/7/2014, entre 00 h 40 min e 01 h 00 min, em via pública do Bairro de 
Prazeres, Recife ‒ PE, JOÃO FÉLIX DA SILVA, adolescente com dezessete anos de idade, 
mediante ação intencional de dois indivíduos que estavam em um veículo GM/Vectra 
de cor branca e placa não indicada, foi alvejado por disparos de arma de fogo e faleceu 
no local em decorrência dos ferimentos experimentados. Uma equipe da delegacia de 
homicídios atendeu ao local do crime e verificou que junto ao corpo da vítima havia 
considerável porção de droga, aparentando ser cocaína, bem como um telefone celular 
de sua propriedade e uma bicicleta, que estava sendo utilizada pela vítima quando do 
crime. A equipe de investigação, ainda no local do crime, apurou, preliminarmente, a 
partir de declarações informais de JOAQUIM DOMÊNICO NETO e MARIA JOSEFINA 
DOMÊNICO, moradores do local, que dois indivíduos desconhecidos, cujas 
características não foi possível evidenciar, conduzindo o veículo citado, teriam sido os 
autores do crime. 
 
A genitora da vítima, Sra. MARIA DAS DORES SERAFIM, entrevistada pela equipe de 
investigação, afirmou que JOÃO FÉLIX DA SILVA estava sendo ameaçado de morte em 
razão de dívidas de drogas e, nos dias anteriores ao crime, teria recebido inúmeras 
ligações telefônicas em seu telefone celular. Disse ainda a referida senhora que, dias 
após o homicídio, passou a receber ligações telefônicas do número 081-6999.8888, 
ameaçando de morte a ela e a seus familiares caso eles colaborassem com a 
investigação policial. 
 
No telefone celular da vítima, apreendido no local do crime, foram registradas várias 
ligações anteriores ao delito originadas do mesmo número, ou seja, 081-6999.8888, 
sem a identificação de seu usuário, havendo razoáveis indícios de que o seu usuário é 
um dos autores do delito que resultou na morte do adolescente JOÃO FÉLIX DA SILVA. 
 
Considerando, assim, que o art. 1.º da Lei nº. 9.296/1996 autoriza a interceptação de 
comunicações telefônicas de qualquer natureza para prova em investigação criminal e 
em instrução processual penal, e que, nos moldes do que preceitua o art. 2.º, incisos 
I, II e III, da referida legislação, o fato ora investigado constitui crime de natureza 
grave punido com reclusão, não havendo outros meios de prova disponíveis no sentido 
de demonstrar a autoria dos delitos sob investigação, REPRESENTA-SE a Vossa 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 40 
46 
Excelência pela expedição de ofício único, com força de Mandado Judicial, direcionado 
às prestadoras de serviços de telefonia, determinando: 
 
 A INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS e a QUEBRA DE SIGILO DE 
DADOS TELEFÔNICOS do prefixo 081-6999.8888, seu respectivo IMEI e outros que o 
sucedam, pelo prazo de quinze dias, contados de sua implementação, devendo as 
referidas empresas: 
 
a. disponibilizar condições técnicas para monitoramento gravado de áudio, texto, 
imagens e outras formas de comunicação porventura existentes relativos ao terminal 
supracitado; 
 
b. fornecer extratos do terminal mencionado, contendo datas, horários e durações de 
chamadas/mensagens tentadas, originadas e recebidas durante o período de 
interceptação, agenda de contatos e informações sobre as Estações Rádio Base (ERB) 
transmissoras das ligações; 
c. fornecer todos os dados cadastrais existentes em poder das respectivas empresas 
referentes ao terminal interceptado e aos interlocutores que com eles 
mantiverem/tentarem contato, cujo contexto seja de interesse da investigação. 
 
Solicita-se, por fim, a remessa das informações descritas nesta representação à 
autoridade policial requerente, nos moldes do que determina a legislação de regência. 
 
Recife ‒ PE, ........... de ................................ de 2014. 
 
Delegado de Polícia 
6. QUESTÕES PROPOSTAS 
 
Questão 1 (adaptada pelo Professor Vinícius Silva): 
 
Delegado de Polícia - Concurso: PCDF - Ano: 2007 - Banca: NCE - Disciplina: 
Direito Processual Penal - Assunto: Provas. 
 
Cláudio, Delegado de Polícia Federal da 5ª Delegacia de Polícia Federal do DF, 
instaurou inquérito policial para apurar crime de extorsão mediante sequestro 
de um agente de polícia federal envolvido em uma megaoperação para 
desbaratar uma organização criminosa. 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 41 
46 
 
O agente sequestrado desempenhava o papel de agente infiltrado na 
organização, no entanto, o grupo criminoso identificou o agente e agora o faz 
de refém. 
 
Durante a investigação a autoridade policial e seus agentes empreenderam 
diligências no sentido de encontrar a vítima e depois de 3 dias conseguiram 
encontrar o cativeiro e diante da situação flagrancial adentraram o local e a 
resgataram, no entanto nenhum dos sequestradores foi encontrado no local. 
 
Levada ao IML para exame de corpo de delito, a vítima não apresentou 
nenhuma lesão. 
 
Ademais, a casa foi totalmente periciada pela equipe da perícia federal, não 
tendo esta encontrado nenhum fragmento de digitais no local. 
 
Durante as investigações para a descoberta do local do cativeiro, foram feitas 
algumas ligações para a família da vítima, sempre de um mesmo número, qual 
seja, 99-9999-9999. 
 
A descoberta do local do cativeiro foi feita após uma testemunha ter feito 
denúncia anônima de que havia sequestradores mantendo pessoa sob sua 
custódia. A testemunha morava vizinho ao local e observou várias vezes 
pessoas entrando e saindo do local, inclusive no dia do crime a referida 
testemunha viu o carro de placas XYZ-1234 entrando na garagem da casa em 
alta velocidade e conseguiu vislumbrar 2 elementos saindo do carro com uma 
pessoa encapazuda e com as mão amarradas. 
 
A testemunha disse não conhecer nenhum dos dois supostos sequestradores, 
tampouco revelou ser sabedora de suas identidades. No entanto, conseguiu 
escutar diversas vezes o telefone celular com toque sonoro característico soar 
e os sequestradores atenderem o aparelho e conversarem sobre o crime. 
 
No local do cativeiro não foi encontrado nenhum aparelho celular. 
 
A vítima do sequestro informou ainda que escutou diversas vezes as conversas 
entre os sequestradores e entre eles e sua família, negociando o resgate. 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 42 
46 
Tudo que foi apurado consta nos autos do inquérito, como os depoimentos da 
vítima e da testemunha. 
 
A polícia judiciária ainda não conseguiu identificar os autores do sequestro, 
embora tenha empreendido todas as diligências acima citadas. 
 
Na qualidade de delegado de polícia que preside o inquérito, represente pela 
medida cabível nesse momento da investigação visando identificar os 
supostos autores do crime. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 06
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
 43 
46 
 
 
7. RESPOSTA DO EXERCÍCIO DA AULA 05. 
 
Questão adaptada pelo Professor Vinícius Silva: 
 
Com as proximidades da realização do Exame Nacional do Ensino Médio – 
ENEM, elaborado pelo INEP, a Polícia Federal aumentou o fluxo de 
investigações acerca de possíveis vazamentos das provas. 
 
No último dia 10 de setembro de 2015 a equipe alfa da Delegacia de Repressão 
a Crimes Contra Certames Públicos após denúncias anônimas, conseguiu 
identificar que um professor de um famoso colégio da cidade de Palmas – TO 
havia mencionado

Continue navegando