Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital Autor: Nelma Fontana Aula 04 30 de Julho de 2020 Sumário Direitos Sociais ................................................................................................................................................... 2 Teoria dos Direitos Sociais .............................................................................................................................. 2 Direitos Sociais enumerados na Constituição Federal ................................................................................... 5 Direitos dos Trabalhadores .......................................................................................................................... 12 Direito de sindicalização .............................................................................................................................. 23 Direito de greve ............................................................................................................................................ 26 Outros Direitos Coletivos trabalhistas .......................................................................................................... 32 Direitos de Nacionalidade ................................................................................................................................ 33 Introdução .................................................................................................................................................... 34 Nacionalidade primária (brasileiros natos) .................................................................................................. 36 Nacionalidade secundária (brasileiros naturalizado) .................................................................................. 40 Distinção de tratamento entre brasileiros ................................................................................................... 44 Perda da nacionalidade ................................................................................................................................ 49 Símbolos nacionais ....................................................................................................................................... 55 Resumo ............................................................................................................................................................. 56 Destaques da Legislação .................................................................................................................................. 58 Considerações Finais ........................................................................................................................................ 62 Questões Comentadas ..................................................................................................................................... 62 Lista de Questões ............................................................................................................................................. 87 Gabarito.......................................................................................................................................................... 101 Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 2 101 DIREITOS SOCIAIS E DIREITOS DE NACIONALIDADE DIREITOS SOCIAIS No século XX, na Constituição do México (1917) e na Constituição da Alemanha (1919), as primeiras declarações de direitos sociais foram encontradas. No Brasil, a primeira Constituição a dispor sobre direitos sociais foi a de 1934. Com inspiração no Estado Social, com vistas a implementar a igualdade material e a amparar os indivíduos menos favorecidos economicamente, os direitos sociais, no Brasil, foram elevados à categoria de direitos fundamentais ainda no governo de Getúlio Vargas. A Constituição Federal de 1988, por outro lado, ampliou o rol desses direitos e reservou o capítulo II, do Título II, para tratar da temática. Os direitos sociais criam para o Estado a obrigação de fazer, o dever de desenvolver políticas públicas que sejam capazes de reduzir as desigualdades socioeconômicas. Nessa toada, os direitos sociais são direitos prestacionais, têm status positivo e são classificados na segunda geração de direitos fundamentais. Os direitos sociais, como espécies de direitos fundamentais, criam direitos subjetivos adjudicáveis, embora alguns deles, como é típico de sociedades democráticas, tenham conteúdo principiológico, a fim de possibilitar diferentes níveis de implementação, já que demandam vultoso volume orçamentário. Com efeito, o entendimento mais recente do Supremo Tribunal Federal é o de que os direitos sociais não têm conteúdo meramente programático, de forma que o jurisdicionado, conforme a situação, poderá exigir judicialmente que o Estado cumpra o seu dever, respeitados, evidentemente, alguns limites, mormente a separação de Poderes e a reserva do possível (RE 393.175). Os destinatários desses direitos são os brasileiros e os estrangeiros, independentemente de serem ou não contribuintes formais da seguridade social, de exercerem direitos políticos ou de residirem em determinada localidade. É dever da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios buscar a plena efetivação dos direitos sociais. TEORIA DOS DIREITOS SOCIAIS Resulta da força normativa da Constituição a dimensão subjetiva dos direitos fundamentais, que assegura ao indivíduo o direito de exigir que o Estado implemente, por meio de políticas públicas, os direitos sociais enumerados na Constituição. Em caso de omissão injustificável por parte do poder Público, cabe ao Judiciário, mediante provocação, assegurar o direito que foi constitucionalmente consagrado. Lado outro, o excesso de ativismo judicial é vedado, uma vez que a decisão que obriga a materialização do direito social sem considerar a realidade socioeconômica do ente federativo contraria o interesse público e afronta o orçamento da pessoa política, causando ou contribuindo para causar o caos econômico. Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 3 101 Com o propósito de assegurar os direitos sociais a todos os que deles necessitam e não somente àqueles que levam o caso ao Judiciário, doutrina e jurisprudência têm caminhado no sentido de formularem alguns parâmetros, manifestos em alguns princípios. Vejamos: Princípio da Reserva do Possível O Princípio da Reserva do Possível é argumento utilizado pelo Estado, quando demandado em juízo, para demonstrar que ainda não é possível materializar, tal como previsto na Constituição, um direito social. Os direitos fundamentais de cunho prestacional, por vezes, para serem implantados, sofrem alguma limitação fática, em decorrência do pequeno orçamento do Estado, da falta de recursos para cumprir com todas as suas obrigações. Por força do princípio da legalidade da despesa, o Estado, às vezes, sofre também limitação de ordem jurídica, dada a inexistência de autorização orçamentária para cobrir despesas exigidas judicialmente. Com efeito, decorre da reserva do possível a equalização da efetivação dos direitos sociais com a realidade socioeconômica do ente público, de forma que a avaliação acerca de quais interesses da coletividade deverão ser prioritariamente atendidos deve ser feita a partir da análise de dois aspectos: a razoabilidade da pretensão deduzida em face do Poder Público e a existência de disponibilidade financeira. Agora, é preciso deixar claro que cabe ao Estado, quando demandado, provar que não possui recursos suficientes para efetivamente assegurar a todos, por meio de política pública, o gozo de algum direitosocial. Não basta alegar a escassez de recursos, é preciso comprovar. Princípio do Mínimo Existencial O Princípio do Mínimo Existencial limita a utilização da cláusula de reserva do possível, porque não pode o Estado alegar escassez de recursos para deixar de assegurar o mínimo necessário para resguardar a própria condição de ser humano. A reserva do possível não poderá ser invocada para eximir o Poder Público de desenvolver obras e programas de ação capazes de comprometer o núcleo básico que qualifica o mínimo existencial. Princípio da Vedação de Retrocesso Social (efeito cliquet) O Princípio da Vedação de Retrocesso Social tem a finalidade de impedir a extinção ou redução injustificada de políticas públicas ou mesmo de medidas legislativas destinadas à viabilização de direitos sociais já consolidados na consciência social, ao longo do tempo. A supressão ou redução do grau de concretização de um direito fundamental não pode ser injustificada, sem que esteja sedimentada em outros princípios constitucionais ou sem que haja a realização por outra medida concretizadora. Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 4 101 (2017/FMP Concursos/MPE-RO/Promotor de Justiça Substituto) No que tange ao tema dos direitos sociais, é CORRETO afirmar: A) A Constituição estabeleceu a primazia dos direitos, liberdades e garantias em relação aos direitos sociais, conferindo a estes o caráter de normas programáticas. B) O controle jurisdicional das políticas públicas de direitos sociais encontra, dentre outros, os seguintes parâmetros de sindicabilidade: reserva do possível, mínimo existencial, proibição do retrocesso social e proibição da proteção insuficiente dos direitos fundamentais. C) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, não é cabível a concessão de medicamentos novos e experimentais. D) Em tempos de crise, os direitos sociais reivindicam obrigações de respeito do Estado, não incidindo, pois, as obrigações de proteção e de promoção. E) O ativismo judicial é um princípio que decorre da máxima efetividade dos direitos sociais. Gabarito: B Comentários: A) Errada. Não há primazia de direitos de liberdade em relação aos direitos sociais. Os direitos sociais não têm caráter de normas programáticas, embora alguns deles dependam de regulamentação ou da existência de política pública que lhes desenvolva a aplicabilidade. Os direitos sociais criam direitos subjetivos e não podem ser considerados meramente programáticos. B) Certa. Os direitos sociais criam direitos subjetivos e podem ser exigidos judicialmente. Porém, o Judiciário, quando da análise do caso concreto, deverá balizar a necessidade, a razoabilidade e a existência de recursos orçamentários para a sua implementação. Daí falar-se reserva do possível. Não poderá o Estado, todavia, alegar falta de recurso, para deixar de assegurar o mínimo existencial e nem para trazer nova interpretação que subverta o campo de proteção do direito (vedação ao retrocesso). C) Errada. Embora seja papel Poder Público primar pela oferta de meio de tratamento eficaz, devidamente testado, para não expor o indivíduo ao agravamento de sua doença, em casos excepcionais admitidos por lei, será admitida a utilização de medicamento ou de tratamento ainda não testado pela Anvisa, quando houver recomendação médica para tal (Ver Recomendação 31 do CNJ). D) Errada. Os direitos sociais são prestações positivas e exigem um fazer por parte do Estado. Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 5 101 E) Errada. Ativismo judicial não é princípio e resulta da necessidade de implementação de direitos fundamentais negligenciados pelo Executivo ou pelo Legislativo. DIREITOS SOCIAIS ENUMERADOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL O artigo 6º da Constituição Federal enumerou expressamente onze direitos sociais, a saber: ✓ a educação; ✓ a saúde; ✓ a alimentação; ✓ o trabalho; ✓ a moradia; ✓ o transporte; ✓ o lazer; ✓ a segurança; ✓ a previdência social; ✓ a proteção à maternidade e à infância; ✓ a assistência aos desamparados. Moradia (EC 26/2000), alimentação (EC 64/2010) e transporte (EC 90/2015) não são normas originárias da Constituição, foram acrescentadas por emendas constitucionais. A enumeração desses onze direitos sociais não é exaustiva, mas tão somente exemplificativa. Outros direitos sociais poderão também ser incluídos no rol do artigo 6º da CRFB/88. Há, ainda, outros direitos sociais espalhados na Constituição Federal, como direito ao meio ambiente (artigo 225 da CRFB/88), o direito dos idosos (artigo 203 da CRFB/88), a cultura (artigo 215 da CRFB/88), o desporto (artigo 217 da CRFB/88), dentre outros, embora constem do título “Da Ordem social”. José Afonso da Silva (2007) ensina que não obstante o fato de a Constituição Federal ter separado a Ordem Social da Ordem Econômica, não utilizou a melhor metodologia ao dispor sobre um capítulo próprio para Direitos Sociais (Título II do Capítulo II) e um título próprio, bem distanciado, para Ordem Social (Título VIII), porque não há entre eles uma separação radical, já que os direitos sociais estão gravados na ordem social. Com efeito, no capítulo dos direitos sociais foram enumerados onze, mas tão somente a ideia de um deles foi desenvolvida, somente há detalhamento a respeito do direito ao trabalho. Nada foi dito acerca dos outros dez direitos, que só têm os seus mecanismos e aspectos organizacionais delineados no título “Da Ordem social”, a partir do artigo 194 da Constituição Federal. Nesta aula, teceremos alguns comentários sobre os direitos sociais, mas sem a pretensão de exaurir o assunto, uma vez que o tema será detalhado na aula sobre Ordem social. O objetivo, no momento, é apenas o de traçar um panorama de organização social, para facilitar o seu estudo. Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 6 101 Da educação O direito social à educação é fruto da dignidade da pessoa humana e da cidadania, uma vez que exerce dupla função: de um lado, qualifica a comunidade como um todo, tornando-a esclarecida, politizada, desenvolvida (cidadania); de outro, dignifica o indivíduo, verdadeiro titular desse direito subjetivo fundamental (dignidade da pessoa humana). A Constituição Federal dispõe no artigo 205 que a educação é direito de todos (brasileiros e estrangeiros) e dever do Estado e da família. Há, no ponto, a consagração do dever de solidariedade entre a família e o Estado, com a finalidade de defesa integral dos direitos das crianças e dos adolescentes. O dever da família é o de garantir a presença do educando na escola, impedindo a evasão escolar e garantindo o aproveitamento do ensino, com vistas a promover o desenvolvimento pleno do indivíduo, quer seja para o exercício da cidadania, quer seja para compor o mercado de trabalho. O dever do Estado com a educação consiste em garantir a educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos dezessete anos de idade, inclusive para aqueles que já estão fora da idade própria. Essa garantia inclui a alimentação, o transporte, o material didático e a assistência à saúde. Constitui direito público subjetivo. Interessante apontar a decisão do Supremo Tribunal Federal no RE 888.815. O Tribunal, ao interpretar a Lei Maior, entendeu que não há vedação absoluta ao ensino domiciliar, embora este não constitua direito subjetivo. A educação domiciliar poderá ser instituída por meio de “lei federal, editada pelo Congresso Nacional, na modalidade ‘utilitarista’ ou ‘por conveniência circunstancial’, desde que se cumpra a obrigatoriedade, de 4 a 17 anos, e se respeite o dever solidário Família/Estado,o núcleo básico de matérias acadêmicas, a supervisão, avaliação e fiscalização pelo Poder Público.” A educação básica compreende a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio. O ensino fundamental será atendido com prioridade. O ensino médio gratuito será universalizado progressivamente. A educação infantil em creche e pré-escola será ofertada até os cinco anos de idade. A jurisprudência do STF firmou-se no sentido da existência de direito subjetivo público de crianças até cinco anos de idade ao atendimento em creches e pré-escolas. O desrespeito de tal regramento por parte do Poder Público poderá ensejar, mediante provocação, a intervenção do Poder Judiciário. (RE 554.075) Os sistemas de ensino serão organizados pela União, pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, em regime de colaboração, de maneira a universalizar o ensino obrigatório. Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio. A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios. Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 7 101 1. A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art. 206, IV, da CF. (Súmula Vinculante 12). 2. Repercussão geral reconhecida com mérito julgado: “A garantia constitucional da gratuidade de ensino não obsta a cobrança, por universidades públicas, de mensalidade em curso de especialização.” (RE 597.854). 3. Para o Plenário do STF, “a quota mensal escolar nos colégios militares não representa ofensa à regra constitucional de gratuidade do ensino público, uma vez que não há violação concreta ou potencial ao núcleo de intangibilidade do direito fundamental à educação.” “A contribuição dos alunos para o custeio das atividades do Sistema Colégio Militar do Brasil não possui natureza tributária, considerada a facultatividade do ingresso ao Sistema de Ensino do Exército, segundo critérios meritocráticos, assim como a natureza contratual do vínculo jurídico formado.” (ADI 5.082). Da saúde O artigo 196 da Constituição Federal assegura que saúde é direito de todos e dever do Estado. Cabe ao poder Público desenvolver políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. O sistema único de saúde é financiado, nos termos do art. 195 da CRFB/88, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. A execução das ações e serviços de saúde deve ser feita primordialmente pelo Poder Público diretamente, mas pode ser feita também por meio de terceiros (pessoa física ou jurídica), obedecidos os princípios do atendimento integral, da participação da comunidade e da descentralização. O Supremo Tribunal Federal, na ADI 1.931, dispôs que a nenhuma pessoa será negado tratamento em hospital público, considerada a universalidade do sistema. Porém, se o Poder Público atender a particular, em virtude de situação incluída na cobertura contratual de plano de saúde privado, deve o SUS ser ressarcido, tal como faria o plano de saúde em se tratando de hospital privado. Para o Tribunal, embora o SUS atue gratuitamente em relação aos cidadãos, não o faz no tocante às entidades cuja atividade-fim é justamente assegurar a cobertura de lesões e doenças, cabendo, nessa senda, distinguir os vínculos jurídicos em jogo: constitucional, entre Estado e cidadão; obrigacional, entre pessoa e plano de saúde; e legal, entre Estado e plano de saúde. É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no Brasil. Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 8 101 1. Repercussão geral reconhecida com mérito julgado: “É constitucional a regra que veda, no âmbito do SUS, a internação em acomodações superiores, bem como o atendimento diferenciado por médico do próprio SUS, ou por médico conveniado, mediante o pagamento da diferença dos valores correspondentes.” (RE 581.488). 2. Repercussão geral reconhecida. “O tratamento médico adequado aos necessitados se insere no rol dos deveres do Estado, porquanto responsabilidade solidária dos entes federados. O polo passivo pode ser composto por qualquer um deles, isoladamente, ou conjuntamente.” (RE 855.178) Alimentação O direito humano à alimentação adequada, tanto do ponto de vista de quantidade como de qualidade, contempla a Segurança Alimentar e Nutricional e o direito à vida. Está previsto no artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e no Pacto de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e o Comentário Geral nº 12 da ONU. No Brasil, foi incluído no rol de direitos sociais expressos na Constituição Federal, em 2010, pela Emenda Constitucional nº 64. Trabalho O direito ao trabalho objetiva assegurar meios dignos de sobrevivência e o exercício da cidadania e da dignidade da pessoa humana. Compreende não apenas a atividade remunerada decorrente do exercício de liberdade de profissão, mas também a ocupação do tempo, por meio da prestação de um serviço ou da criação de um determinado produto, objeto ou arte, ainda que sem fim lucrativo. É dever do Estado proporcionar o pleno emprego (artigo 170, VIII, da CRFB/88), com vistas a impulsionar o desenvolvimento econômico. Cabe à União o dever de inspecionar o trabalho, a fim de que a legislação de amparo ao trabalhador seja respeitada e o trabalho escravo seja extirpado. Moradia O direito à moradia transcende o direito de ter casa própria, pois não se confunde com o direito à propriedade. Moradia requer ocupar uma habitação com dimensões adequadas, em condições de higiene e conforto capaz de preservar a intimidade e a vida privada. Pressupõe respeito à dignidade da pessoa humana, de modo que no local da habitação é preciso haver saneamento básico, transporte, áreas de lazer, água potável e energia. Transporte Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 9 101 Transporte passou a ser direito social após a promulgação da Emenda constitucional 90, de 15 de setembro de 2015. O principal objetivo de sua positivação foi o de garantir a mobilidade urbana, com vistas a atender e suprir as necessidades que o indivíduo tem de deslocamento para a realização de atividades cotidianas (trabalho, educação, saúde, lazer, dentre outros). O direito ao transporte contempla o emprego de esforço direto (deslocamento a pé), de meios de transporte (viário, aquático, aéreo) não motorizados (bicicletas, carroças, cavalos) ou motorizados (coletivos e individuais). Alguns autores classificam transporte como direito meio e não como direito fim, uma vez que transporte está relacionado à mobilidade para o exercício de outras atividades do dia-a-dia, tais como trabalho e lazer. É dever do Estado oferecer transporte coletivo público e construir ciclovias e rodovias que permitam o desenvolvimento de empenho próprio que assegure a locomoção dentro do território nacional. Lazer O direito ao lazer está associado à qualidade de vida, a um ambiente sadio e equilibrado que permita tanto a ociosidade, quanto a recreação. O lazer é destinado à reposição das forças após o exercício de atividade laboral. Requer lugar apropriado, razão por que é dever do Estado impulsionar meios e espaços próprios de divertimento e de repouso (parques, quadras de esporte, bosques, etc.). Segurança A segurança é classificada como direito social e como direito individual.No último caso, como já estudado na lição sobre o artigo 5º da Constituição Federal, segurança é um dos direitos fundamentais básicos e está associado à ideia de segurança jurídica. No artigo 6º, segurança, na qualidade de direito social, está relacionada à segurança pública, dever do Estado de preservar a integridade física e moral; a vida; a dignidade da pessoa humana; o patrimônio das pessoas; o patrimônio público; e o patrimônio histórico e cultural da humanidade. A ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio é dever de todos os entes federativos, nos termos do artigo 144 da Constituição Federal, que elenca os órgãos de segurança pública da responsabilidade de cada pessoa política. Da Previdência Social O artigo 201 da Constituição Federal assegura que a previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória e deverá contemplar cinco diferentes grupos de benefícios: a) cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho e Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 10 101 idade avançada; b) proteção à maternidade, especialmente à gestante; c) proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; d) salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; e) pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes. Todos os beneficiários da previdência se submetem aos mesmos requisitos e critérios para obtenção da aposentadoria, sendo vedada a diferenciação, exceto os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar. Os benefícios pagos ao segurado deverão ter valor mensal pelo menos igual ao valor do salário mínimo e devem ser periodicamente reajustados, na forma da lei, a fim de que preservem o valor real. 1. Fixada a seguinte tese de repercussão geral no RE 661.256/SC: “No âmbito do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), somente lei pode criar benefícios e vantagens previdenciárias, não havendo, por ora, previsão legal do direito à “desaposentação”, sendo constitucional a regra do art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991.”(RE 661.256) 2. “É legítima a incidência da contribuição previdenciária sobre o 13º salário.” (STF. Súmula 688) Proteção à maternidade e à infância Com vistas a amparar a maternidade e a infância, a Constituição Federal, a legislação infraconstitucional e a jurisprudência do Supremo Tribunal instituíram uma série de determinações, dentre as quais se destacam as seguintes: 1. CRFB/88, artigo 7º, inciso XVIII: “licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias.” 2. CRFB/88, ADCT, artigo 10, parágrafo 1º: licença paternidade de 5 dias, até que lei discipline o assunto. 3. Lei 11.770/2008: possibilidade de licença à gestante de 180 dias, mediante acordo entre patrões e empregadas, nas sociedades empresárias tributadas com base no lucro real. 4. Lei 13.257/2016: a licença paternidade de cinco dias poderá ser ampliada por mais 15 dias, de modo a totalizar 20 dias, mediante adesão da pessoa jurídica ao programa e de requerimento do interessado. 5. O Supremo Tribunal Federal julgou procedente a ADI 5938, para declarar inconstitucionais trechos de dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) inseridos pela Reforma Trabalhista (Lei Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 11 101 13.467/2017) que admitiam a possibilidade de trabalhadoras grávidas e lactantes desempenharem atividades insalubres em algumas hipóteses. 6. O Plenário do Supremo Tribunal Federal reconheceu o direito de candidatas gestantes à remarcação de testes de aptidão física em concursos públicos, independentemente de haver previsão no edital. (RE 1058333). 7. O Supremo Tribunal Federal decidiu que a legislação não pode prever prazos diferenciados para concessão de licença-maternidade para servidoras públicas gestantes e adotantes. (RE 778889). Da Assistência aos desamparados (Assistência Social) A assistência social tem por objetivos, nos termos do artigo 203 da Constituição Federal, os seguintes: 1) proteger a família, a maternidade, a infância, a adolescência e a velhice, especialmente o amparar as crianças e os adolescentes carentes; 2) promover a integração ao mercado de trabalho; 3) habilitar e reabilitar os deficientes, de modo a promover a sua integração à vida comunitária; e 4) garantir um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. A assistência social deve ser prestada a quem dela necessitar, independentemente se brasileiro ou se estrangeiro, de ter ou não contribuído diretamente para a manutenção da seguridade social. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas descentralizadamente, cabendo a coordenação e as normas gerais à União e a coordenação e a execução dos respectivos programas aos estados, Distrito Federal e municípios. (2017/FCC/TST/Juiz do Trabalho Substituto) Os direitos sociais estabelecidos no art. 6° da Constituição Federal consistem em prestações positivas do Estado interligadas à concretização da igualdade. À luz do citado artigo, considere: I. O direito à moradia não é necessariamente direito à casa própria, na medida em que não se confunde com o direito de propriedade. II. O direito ao trabalho é um direito subjetivo a um trabalho remunerado na iniciativa privada ou disponibilizado pelo Poder Público. III. O direito ao lazer relaciona-se com a qualidade de vida, meio ambiente sadio e equilibrado, descanso e ociosidade repousante. Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 12 101 IV. O direito à segurança é prerrogativa constitucional indisponível, garantido mediante a implementação de políticas públicas, impondo ao Estado a obrigação de criar condições objetivas que possibilitem o efetivo acesso a tal serviço. Está correto o que se afirma APENAS em A) I, III e IV. B) I e II. C) II, III e IV. D) II e IV. E) I e III. Gabarito: A Comentários: I. Certo. O direito à moradia pressupõe uma habitação digna, que respeite a condição humana do indivíduo, podendo ser casa própria ou alugada. II. Errado. Embora seja dever do Estado instituir o pleno emprego, não há direito subjetivo de ter um emprego na iniciativa pública ou privada. Ademais, trabalho também compreende a atividade não remunerada, como por exemplo, o trabalho voluntário. III. Certo. O direito ao lazer assegura o repouso e a recreação. IV. Certo. O direito à segurança requer, por parte do Estado, o desenvolvimento de políticas públicas de proteção da vida e da integridade física dos indivíduos, bem como de seu patrimônio. DIREITOS DOS TRABALHADORES O Direito do Trabalho está alicerçado no princípio da proteção ao trabalhador, porque este é a parte mais frágil na relação contratual. Para assegurar a dignidade ao obreiro, cabe ao Estado intervir na relação privada e limitar a autonomia de vontade, porque a liberdade de contrato entre pessoas com poder e capacidade econômica desiguais conduz a uma realidade fática desigual e prejudicial ao trabalhador. A constitucionalização do Direito do Trabalho tem o condão de assegurar o princípio da proteção do trabalhador e, consequentemente, amparar a parte mais frágil na relação de trabalho. Trabalho, visto como direito social,promove a incidência dos direitos fundamentais às relações jurídicas estabelecidas entre trabalhadores e empregadores (eficácia horizontal dos direitos fundamentais), tendo Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 13 101 em vista que os direitos fundamentais podem ser concebidos como atributos naturais do homem, ligados essencialmente aos valores da dignidade, decorrentes da sua própria existência. A Constituição não é um sistema de garantias, mas um sistema de valores fundamentais, que orientam não apenas a relação do Estado com o indivíduo, mas também as relações privadas. Nessa toada, as relações de trabalho são firmadas nos valores de liberdade e de igualdade material e são direcionadas à proteção da integridade física, psíquica e moral do trabalhador. A Constituição Federal de 1988 classificou os direitos trabalhistas em duas distintas categorias: 1) direitos individuais (artigo 7º); 2) direitos coletivos (do artigo 8º ao artigo 11). Os direitos dos trabalhadores em suas relações individuais de trabalho estão enumerados no artigo 7º, em rol exemplificativo, pois a lei infraconstitucional pode amplamente dispor sobre o assunto, desde que objetive a melhoria da condição social do obreiro, bem como emenda à constituição poderá promover a sua ampliação. A dignidade da pessoa humana (artigo 1º, III), os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (artigo 1º, IV), a valorização do trabalho e da justiça social (artigo 170), a busca do pleno emprego (artigo 170, VIII) e o primado do trabalho como base da ordem social (artigo 193) são princípios utilizados na interpretação e na aplicação dos direitos fundamentais trabalhistas. (2017/MPT/MPT/Procurador do Trabalho) Assinale a alternativa INCORRETA: A) A Constituição de 1988 é estruturada mediante princípios e regras jurídicas, ambos com natureza normativa. Há, em seu interior, princípios constitucionais amplos, mas que ostentam também importante repercussão no campo das relações trabalhistas. A seu lado, existem princípios jurídicos eminentemente trabalhistas, e que foram incorporados pela Constituição. B) Os princípios constitucionais do trabalho são aqueles que, oriundos do Direito do Trabalho, foram incorporados pela Constituição da República. Os princípios constitucionais que colocam a pessoa humana no vértice e no centro da ordem jurídica não podem, tecnicamente, ser englobados no rol dos princípios constitucionais do trabalho, pois não há essa referência explícita, nem lógica ou teleológica, na Constituição Federal. C) A ideia de igualdade comparece em diversos tópicos do conteúdo constitucional de 1988, estruturando- se como um princípio jurídico de, pelo menos, dupla dimensão: a igualdade em sentido formal, oriunda do antigo constitucionalismo; e a igualdade em sentido material, de impacto profundo e abrangente na Constituição da República. D) Os direitos trabalhistas apresentam natureza de direitos individuais e sociais daqueles que vivem de seu trabalho empregatício e de outras relações sociojurídicas equiparadas, como o trabalho avulso. Nessa medida, ostentam também o caráter de direitos fundamentais da pessoa humana. Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 14 101 E) Não respondida. Gabarito: B Comentários: A) Certa. Os direitos fundamentais têm natureza de princípios e não apenas de regras jurídicas. Daí a sua maior efetividade, inclusive no campo do Direito do Trabalho, mormente após a constitucionalização de direitos trabalhistas. O princípio da proteção ao trabalhador é eminentemente trabalhista e foi incorporado pela Constituição. B) Errada. Os princípios constitucionais do trabalho são aqueles que, oriundos do Direito do Trabalho, foram incorporados pela Constituição da República. Os princípios constitucionais que colocam a pessoa humana no vértice e no centro da ordem jurídica não podem, tecnicamente, ser englobados no rol dos princípios constitucionais do trabalho, pois não há essa referência explícita, nem lógica ou teleológica, na Constituição Federal. Os princípios constitucionais do trabalho são consequência natural da condição humana, são decorrentes da própria existência humana. C) Certa. A ideia de igualdade comparece em diversos tópicos do conteúdo constitucional de 1988, a começar do caput do artigo 5º. A igualdade constitucionalmente estabelecida contempla a igualdade na lei e perante a lei. Dito de outra forma, a igualdade que vincula o legislador ao criar direitos e obrigações e a igualdade que vincula o aplicador da lei. D) Certa. Os direitos trabalhistas são espécies de direitos fundamentais, classificados como direitos sociais. Apresentam natureza de direitos individuais (artigo 7º da CF) e sociais (sindicalização, greve, representação). O artigo 7º da Constituição Federal, ao enumerar direitos trabalhistas, primou pela igualdade entre trabalhadores, de forma a estabelecer os mesmos direitos aos trabalhadores urbanos e aos rurais (caput) e ao igualar em direitos o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso (XXXIV). Houve preocupação com a isonomia ainda no inciso XXXII, que proibiu a distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual (ou entre os profissionais respectivos), bem como no inciso XXXI, que veda a discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência. Por outro lado, nem todos os direitos sociais trabalhistas foram destinados ao trabalhador doméstico, mesmo após o advento da Emenda Constitucional 72/2013, apelidada “a emenda das domésticas”, que ampliou significativamente os direitos dessa categoria profissional. Assim, para fins de prova, é preciso ter muito cuidado, pois nos termos do parágrafo único do artigo 7º da CRFB/88, dos 34 direitos trabalhistas elencados no artigo, NOVE NÃO FORAM DESTINADOS AO DOMÉSTICO. São eles: 1. piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho (artigo 7º, inciso V); Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 15 101 2. participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei (artigo 7º, inciso XI); 3. jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva (artigo 7º, inciso XIV); 4. proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei (artigo 7º, inciso XX); 5. adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei(artigo 7º, inciso XXIII); 6. proteção em face da automação, na forma da lei (artigo 7º, inciso XXVII); 7. ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho (artigo 7º, inciso XXIX); 8. proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos (artigo 7º, inciso XXXII); 9. igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso (artigo 7º, inciso XXXIV). (2017/FCC/TST/Juiz do Trabalho Substituto) Na redação vigente do parágrafo único do art. 7° da Constituição Federal, tal como conferida pela Emenda Constitucional n° 72 de 2013, são assegurados aos trabalhadores domésticos os direitos a A) licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; e proteção em face da automação, na forma da lei. B) piso salarial proporcional à extensão e à complexidade dotrabalho; e irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo. C) reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; e proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência. D) proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; e participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração. Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 16 101 E) duração do trabalho normal não superior a dez horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários; e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. Gabarito: C Comentários: A) licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; e proteção em face da automação, na forma da lei. B) piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; e irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo. C) reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho (inciso XXVI do artigo 7º); e proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência (inciso XXXI do artigo 7º). D) proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; e participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração. E) duração do trabalho normal não superior a dez horas diárias (oito horas) e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários; e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. Agora, vamos aproveitar o momento para elencar também quais direitos dos trabalhadores foram destinados aos servidores públicos: Nos termos do parágrafo terceiro do artigo 39 da constituição Federal, aplicam-se aos servidores ocupantes de cargo público, os seguintes direitos: 1. salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim (artigo 7º, inciso IV) ; 2. garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável (artigo 7º, inciso VII); 3. décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria (artigo 7º, inciso VIII); 4. remuneração do trabalho noturno superior à do diurno (artigo 7º, inciso IX); Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 17 101 5. salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei (artigo 7º, inciso XII); 6. duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho (artigo 7º, inciso XIII); 7. repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos (artigo 7º, inciso XV); 8. remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal (artigo 7º, inciso XVI); 9. gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal (artigo 7º, inciso XVII); 10. licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias (artigo 7º, inciso XVIII); 11. licença-paternidade, nos termos fixados em lei (artigo 7º, inciso XIX); 12. proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei (artigo 7º, inciso XX); 13. redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança (artigo 7º, inciso XXII); 14. proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil (artigo 7º, inciso XXX). Para o estudo sistematizado dos direitos constitucionais trabalhistas elencados no artigo 7º, adotaremos a classificação de José Afonso da Silva (2007): 1) direito ao trabalho à garantia de emprego; 2) direitos sobre condições de trabalho; 3) direitos relativos ao salário; 4) direitos relativos ao repouso e à inatividade; 5) direitos de proteção dos trabalhadores; 6) direitos relativos aos dependentes do trabalhador e 7) direitos de participação. Não esgotaremos o assunto, para não adentrarmos na seara do Direito do Trabalho. Direito ao trabalho e à garantia de emprego Os trabalhadores não têm direito de estabilidade no emprego, como têm os servidores públicos. Porém, a Constituição Federal criou a garantia de emprego e a proteção ao trabalho ao proteger a relação de emprego contra a despedida arbitrária ou sem justa causa, mediante pagamento de indenização compensatória. Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 18 101 Até que seja criada uma lei complementar para regulamentar esse assunto, o trabalhador em situação de desemprego involuntário fará jus a uma indenização de 40% sobre o depósito do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), conforme disposto nos artigos 7º, I, da CF, c/c 10, I, do ADCT). A dispensa arbitrária ou sem justa causa ainda assegura o recebimento de seguro desemprego e do FGTS (incisos II e III do artigo 7º da CF). O trabalhador terá direito ou terá que cumprir, conforme a situação do desemprego (vontade do trabalhador ou dispensa do empregador), o aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei (inciso XXI do artigo 7º). Direitos sobre condições de trabalho A respeito dos direitos relacionados à condição de trabalho, a Constituição tanto limitou a duração da jornada de trabalho quanto assegurou a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança (CF, 7º, XXII). A jornada máxima diária de trabalho é de oito horas; a semanal, de quarenta e quatro horas. Nos dois casos, é facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho (CF, 7º, XIII). Segundo o Supremo Tribunal Federal, a jornada de 12 horas de trabalho por 36 horas de descanso não afronta o art. 7º, XIII, da Constituição da República, pois se encontra respaldada na faculdade, conferida pela norma constitucional, de compensação de horários (ADI 4.842). No caso de jornada de trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, a Constituição determina que sua duração não exceda seis horas, salvo negociação coletiva (CF, 7º, XIV). “Os intervalos fixados para descanso e alimentação durante a jornada de seis horas não descaracterizam o sistema de turnos ininterruptos de revezamento para o efeito do art. 7º, XIV, da Constituição” (STF. Súmula 675). Direitos relativos ao salário É direito do trabalhador o recebimento de salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim (CF, 7º, IV). 1. “Os arts. 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/1998), da Constituição referem-se ao total da remuneração percebida pelo servidor público.” (Súmula Vinculante 16). Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 19 101 2. “O cálculode gratificações e outras vantagens do servidor público não incide sobre o abono utilizado para se atingir o salário mínimo.” (Súmula Vinculante 15). A exigência constitucional de lei formal para fixação do valor do salário mínimo pode ser flexibilizada, de acordo com o STF. Desde que a lei defina o valor do salário mínimo e sua política de afirmação de novos valores nominais para o período nela indicado, poderá o Presidente da República, por decreto, anunciar o valor nominal do salário mínimo, nos índices definidos legalmente (ADI 4.568). O salário mínimo não é mais regional, como disposto na Constituição anterior. A lei definirá um valor de salário mínimo a ser aplicado em todo o território nacional, não cabendo aos estados membros legislar sobre o assunto, vez que a competência é privativa da União (CF, 22, I). O salário mínimo não pode ser utilizado como base de cálculo ou como índice de indexação de contratos. Tem-se aqui proteção ao trabalhador, que não poderá ver sua dívida aumentar sempre que tiver aumento salarial. Assim, contratos de prestação de serviço, aluguéis e outros, que têm por base o salário mínimo, são inconstitucionais. Essa é a regra. Porém, como os direitos fundamentais não são absolutos, tal vedação já foi flexibilizada pelo Supremo Tribunal Federal no caso do cálculo do valor da pensão alimentícia, tendo em vista que a prestação tem por objetivo a preservação da subsistência humana e garantia do padrão de vida daquele que a recebe (ARE 842.157). Nem mesmo o piso salarial poderá ser fixado com base no salário mínimo, não obstante o fato de pretensamente trazer ao trabalhador melhores condições econômicas. Foi o que entendeu o STF, na ADPF 151, ao declarar a inconstitucionalidade da indexação de piso salarial ao valor do salário mínimo. A respeito do tema, foi publicada a Súmula Vinculante 4. Observe e tome nota: “Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial.” Para os que recebem remuneração variável, a Constituição assegura que seu valor nunca seja inferior ao do salário mínimo (CF, 7º, VII). De acordo com a Corte Constitucional, entretanto, a Constituição não estendeu aos militares em serviço obrigatório a garantia de remuneração não inferior ao salário mínimo, como o fez para outras categorias de trabalhadores, uma vez que aqueles que exercem um múnus público relacionado com a defesa da soberania da pátria. A obrigação do Estado quanto aos conscritos limita-se a fornecer-lhes as condições materiais para a adequada prestação do serviço militar obrigatório nas Forças Armadas. Nesse sentido, foi criada a Súmula Vinculante 6: Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 20 101 “Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.” Ainda a respeito do salário, a Constituição proíbe que seja feita diferença de valores por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. Os mesmos critérios não podem ser utilizados para se fazer diferenciação de função ou de requisitos de admissão (CF, 7º, XXX). A diferenciação por idade só será admitida se a natureza do cargo assim o exigir. Nesse sentido, tem-se a Súmula 683 do STF: “O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.” O salário do trabalhador é irredutível, salvo o disposto em acordo coletivo ou convenção (CF, 7º, VI). A lei deve proteger o salário do trabalhador e sua retenção dolosa é crime (CF, 7º, X). A União, para reduzir as desigualdades sociais e assegurar melhores condições salariais aos trabalhadores, por meio da LC 103/2000, delegou aos estados a competência para fixar o piso salarial. Note: o salário mínimo é nacional, mas o piso salarial, regional. O piso salarial deve ser proporcional à extensão e à complexidade do trabalho (CF, 7º, V). A fim de manter- se o incentivo à negociação coletiva, os pisos salariais regionais somente podem ser estabelecidos por lei naqueles casos em que não haja convenção ou acordo coletivo de trabalho. O trabalhador faz jus ao décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria (CF, 7º, VIII). Conforme Súmula 207 do STF, a natureza da gratificação natalina é remuneratória e integra, para todos os efeitos, a remuneração do empregado. A remuneração do trabalho noturno deve ser superior à remuneração do trabalho diurno (CF, 7º, IX), bem como a remuneração do serviço extraordinário deve ser superior, no mínimo, em cinquenta por cento à remuneração do serviço normal (CF, 7º, XVI). É ainda assegurado o pagamento de adicional quando o trabalhador exerce atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei (CF, 7º, XXIII). Por fim, o trabalhador que desejar ingressar com ação judicial para cobrar créditos resultantes das relações de trabalho deve ter duas atenções: 1) limite de dois anos, após a extinção do contrato de trabalho, para ingressar com a ação; 2) o prazo prescricional de cinco anos, inclusive para cobrança de valores referentes ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (Cuidado! A prescrição não é mais trintenal! ARE 709.212). Essa é a interpretação do inciso XXIX do artigo 7º da Constituição. (2019/UPENET/IAUPE/UPE/Advogado) São direitos sociais dos trabalhadores urbanos e rurais, EXCETO Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 21 101 A) salário mínimo regionalizado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família, como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhes preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim. B) piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho. C) irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo. D) garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável. E) remuneração do trabalho noturno superior à do diurno. Gabarito: A Comentário: O salário mínimo é nacionalmente unificado, conforme inciso IV do artigo 7º da CRFB/88. (2018/VUNESP/TJ-SP/Juiz Substituto) O artigo 7°, IV, da Constituição Federal assegura ao trabalhador a percepção de salário-mínimo e proíbe sua vinculação “para qualquer fim”. Diante de tal vedação e de outros preceitos da Carta, como o artigo 39, § 3°, a Súmula Vinculante n° 4 estabeleceu, em relação a vantagem percebida por servidor público, que A) a hipótese é excepcional, dada a garantia de irredutibilidade de vencimentos, e a ela não se aplica a vedação de utilização do salário-mínimo como indexador ou base de cálculo, até que seja substituído por ato do Executivo. B) a hipótese é excepcional, dada a garantia de irredutibilidade dos vencimentos, e a ela não se aplica a vedação de utilização do salário-mínimo como indexador ou base de cálculo. C) também nessa hipótese é vedada a utilização do salário-mínimo como indexador ou base de cálculo, proibida, ademais, sua substituição por decisão judicial. D) também nessa hipótese é vedada a utilização do salário-mínimo como indexador ou base de cálculo, permitida sua substituição por decisão judicial. Gabarito: C Comentário: “Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão judicial.” Direitos relativos ao repouso e à inatividadeNelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 22 101 O trabalhador, em razão da dignidade da pessoa humana, tem o direito constitucionalizado ao ócio, para que possa recuperar as suas energias e preservar a sua saúde física e psíquica. Nesses termos, o artigo 7º, inciso XV, da CRFB/88, assegura ao obreiro um repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos. Na mesma linha, o inciso XVII garante gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. O direito individual às férias é adquirido após o período de doze meses trabalhados, sendo devido o pagamento do terço constitucional independente do exercício desse direito. Dessa sorte, mesmo que não haja previsão legal, os servidores exonerados de cargos comissionados que não usufruíram férias, mas que contam com doze meses trabalhados (ou o proporcional), têm o direito ao terço (RE 570.908). Não incide contribuição social sobre o adicional de um terço. Esse entendimento já está consolidado na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (RE 587.941). Nos incisos XVIII e XIX do artigo 7º da Constituição Federal são asseguradas a licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias e a licença-paternidade, nos termos fixados em lei. A licença-paternidade enquanto não regulamentada por lei, terá duração de cinco dias (ADCT, artigo 10, parágrafo 1º). O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o RE 778.889, em tese de repercussão geral, entendeu que a licença- maternidade abrange tanto a licença-gestante quanto a licença-adotante, ambas asseguradas pelo prazo mínimo de 120 dias. Veja a tese de repercussão geral: "Os prazos da licença-adotante não podem ser inferiores aos prazos da licença-gestante, o mesmo valendo para as respectivas prorrogações. Em relação à licença-adotante, não é possível fixar prazos diversos em função da idade da criança adotada". Vale ainda dizer que o STF fixou entendimento no sentido de que as servidoras públicas e empregadas grávidas, mesmo as contratadas a título precário, independentemente do regime jurídico de trabalho, têm direito à licença-maternidade de 120 dias e à estabilidade provisória desde a confirmação da gravidez até 5 meses após o parto, nos termos do art. 7º, XVIII, da Constituição do Brasil e do art. 10, II, b, do ADCT.(RE 600.057 AgR). Ainda sobre direitos relativos ao repouso é à inatividade, a Constituição assegura ao trabalhador seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, além da indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa (CF, 7º, XXVIII) e o direito à aposentadoria, para aqueles que cumprirem os requisitos estabelecidos pela própria Constituição e regulamentados por lei (CF, 7º, XXIV). Direitos de proteção dos trabalhadores A Constituição Federal, no artigo 7º, trouxe uma atenção especial aos direitos da mulher e do adolescente, ao prescrever no inciso XX a “proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei” e no inciso XXXIII a “proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 23 101 menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos.” O texto constitucional define ainda dispositivo de eficácia limitada, não regulamentado, de proteção em face da automação, na forma da lei (CF, 7º, XXVII) e o reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho (CF, 7º, XXVI). Direitos relativos aos dependentes do trabalhador O trabalhador de baixa renda, nos termos da lei, tem o direito de receber o salário-família (CF, 7º, XII). Os filhos e dependentes dos trabalhadores fazem jus à assistência gratuita desde o nascimento até os cinco anos de idade em creches e pré-escolas (CF, 7º, XXV). Direitos de participação O inciso XI do artigo 7º da Constituição Federal assegura a gestão democrática como instrumento de participação do cidadão/empregado nos espaços públicos de que faz parte, por meio da participação na gestão da empresa, conforme definido em lei. O mesmo dispositivo prevê ainda a participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração. DIREITO DE SINDICALIZAÇÃO O direito de sindicalização é um dos direitos sociais coletivos dos trabalhadores urbanos, rurais e de colônia de pescadores. O aposentado também é titular do direito de sindicalização, podendo, inclusive, aquele que for filiado, votar e ser votado nas organizações sindicais. O artigo 8º da Constituição Federal assegura a liberdade de associação profissional ou sindical. Essa liberdade desvincula a criação de associação profissional ou de sindicato de qualquer espécie de autorização do Estado. Cabe à categoria profissional, observada a exigência constitucional, decidir pela criação do sindicato, bem como pela definição de sua base territorial, sendo a menor base a área de um município. É preciso ter cuidado: a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, mas poderá exigir o registro no órgão competente (atualmente é o Ministério do Trabalho). Tal registro objetiva apenas a garantia da unicidade, isto é, que só tenha um sindicato, por categoria profissional ou econômica, por base territorial. Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 24 101 Com efeito, o registro da entidade sindical no Registro Civil das Pessoas Jurídicas é necessário para efeito de aquisição da personalidade civil. O registro no Ministério do Trabalho, para obtenção da personalidade sindical. Dito de outra forma, a liberdade de sindicalização permite a criação de sindicato, por decisão dos trabalhadores ou dos empregadores interessados, não havendo que falar em prévia autorização do Poder Público. Todavia, só será permita uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, não podendo ser inferior à área de um Município. Cabe ao sindicato demonstrar que possui personalidade sindical antes de representar qualquer filiado. A liberdade sindical proíbe o Poder Público de interferir na organização sindical. De igual maneira, a liberdade assegura que ninguém poderá ser compelido a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato. Outro aspecto merecedor de destaque, que objetiva assegurar a liberdade sindical, é a estabilidade provisória no emprego dada ao empregado sindicalizado, que não poderá ser dispensado, salvo se cometer falta grave, nos termos da lei, a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas. É obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho. Para que o sindicato atue em defesa da categoria (interesse individual ou coletivo; em âmbito judicial ou extrajudicial), não é necessária prévia autorização da pessoa filiada, porque o sindicato atua sempre em substituição processual. Por fim, a Constituição Federal, no inciso IV do artigo 8º, autoriza a criação de duas distintas contribuições sindicais, uma criada pela assembleia geral, para custeio do sistema confederativo, e outra instituída por lei. A contribuição destinada a custear o sistema confederativo será descontada em folha e só poderá ser exigida de quem for sindicalizado. Nesse sentido, tem-se a Súmula Vinculante 40: “A contribuição confederativa de que tratao art. 8º, IV, da CF só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo.” Por outro lado, a contribuição fixada em lei poderá ter natureza de tributo e ser exigida de filiados e de não filiados. Todavia, a Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) extinguiu a obrigatoriedade da contribuição sindical e condicionou o seu pagamento à prévia e expressa autorização dos filiados. O STF julgou a ADI 5.794 procedente e declarou a constitucionalidade da citada lei. Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 25 101 (2018/CESPE/PGM - João Pessoa – PB/Procurador do Município) A reforma trabalhista aprovada em 2017 extinguiu a obrigatoriedade de contribuição sindical e condicionou seu pagamento à prévia e expressa autorização dos filiados ao sindicato. De acordo com o entendimento do STF, a referida reforma é A) incompatível com a CF, uma vez que fere a autonomia sindical. B) incompatível com a CF, uma vez que é necessária lei específica para a concessão de benefício fiscal. C) incompatível com a CF, pois, por tratar de normas gerais de direito tributário, o assunto deveria ser regulamentado por lei complementar. D) compatível com a CF, porque assegura a livre associação profissional ou sindical. E) compatível com a CF, porquanto o poder público é livre para interferir no sistema de organização sindical. Gabarito: D Comentário: A Lei 13.467/2017 extinguiu a obrigatoriedade de contribuição sindical e condicionou seu pagamento à prévia e expressa autorização dos filiados ao sindicato. O STF, ao julgar a ADI 5.794, declarou a constitucionalidade da lei. (2017/IBFC/EBSERH/Advogado) Considere as normas da Constituição Federal sobre a liberdade de associação profissional ou sindical e assinale a alternativa correta. A) A lei poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, bem como o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical B) É vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município. C) Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive apenas em questões judiciais. D) A assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, limitada até o máximo independentemente da contribuição prevista em lei. Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 26 101 E) É facultativa a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho Gabarito: B Comentários: A) Errado. A lei não pode não pode exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato (artigo 8º, I, da CRFB/88). B) Certo. A alternativa atende ao disposto no artigo 8º, inciso II, da Constituição, que dispõe sobre a unicidade. C) Errado. O sindicato representa a categoria em juízo ou fora dele. D) Errado. Não há previsão de limite no texto constitucional. E) Errado. É obrigatória a participação do sindicato em todas as negociações coletivas de trabalho. Cuidado para não confundir associação com sindicato! Direito de associação (art. 5º, XVII e outros) Direito de sindicalização (artigo 8º) Direito individual de expressão coletiva Direito social coletivo Direito de 1ª geração Direito de 2ª geração Não há restrição numérica na mesma base territorial Um sindicato, por categoria, por base territorial, sendo a menor base a área de um município. Depende de autorização do associado para fazer a representação. Quando atua em substituição processual, não depende de autorização do associado. Nunca depende da autorização dos associados, pois sempre atua em substituição processual. DIREITO DE GREVE A greve é direito de autodefesa do trabalhador em face de uma atuação repressiva e desproporcional do empregador, por meio da paralisação coletiva e organizada das atividades laborais. Daí ser classificada a greve como direito fundamental, tendo em vista que o trabalhador tem a segurança de imunidade acerca das consequências normais de não trabalhar. Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 27 101 A greve já foi considerada crime no Brasil, conforme disposto nos artigos de 204 a 206 do Código Penal de 1890. As Constituições de 1824, 1891 e 1934 foram silentes a respeito do tema. A Constituição de 1937 declarou a greve como nociva, antissocial e incompatível com os interesses superiores da produção nacional. A primeira Constituição a prescrever a greve dos trabalhadores como direito foi a de 1946. Tal ideia foi repetida na Constituição de 1967 e na Constituição de 1988. Ressalte-se, porém, que pela primeira vez o direito de greve foi estendido aos servidores públicos em 1988. O artigo 9º da Lei Maior assegura ao trabalhador o direito de greve, competindo-lhe decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. O direito de greve do servidor público está prescrito no artigo 37, VII, da CRFB/88, que condiciona o exercício do direito de greve a regulamentação estabelecida por lei infraconstitucional, como se verá. É preciso observar que é dado o direito de greve ao trabalhador. Empregador não tem direito greve. A paralisação das atividades por iniciativa do empregador, com vistas a impedir que os empregados adentrem nos recintos do estabelecimento empresarial para laborar é chamada lockout, prática vedada no Brasil, nos termos do artigo 722 da CLT e do artigo 17 da Lei de Greve (Lei 7.783/1989). O direito de greve do trabalhador esta previsto em norma constitucional de aplicabilidade imediata e direta, de alcance restringível por lei. Assim, é classificada a norma constitucional, segundo clássica definição de José Afonso da Silva, como de eficácia contida. Cabe aos trabalhadores a decisão de quando e por qual motivo paralisar as atividades (direito de liberdade, de aplicação imediata), não constituindo, segundo a Súmula 316 do STF, falta grave a simples adesão à greve. O § 1º do artigo 9º da CRFB/88 restringiu a liberdade de greve ao estabelecer que a “lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.” A Lei 7.783/1989, com redação dada pela Lei 13.846/2019, regulamentou em seu artigo 10 quais serviços e atividades são considerados essenciais e não poderão ser interrompidos em sua totalidade. São eles: “Art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais: I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; II - assistência médica e hospitalar; III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; IV - funerários; V - transporte coletivo; Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 28 101 VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; VII - telecomunicações; VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais; X - controle de tráfego aéreo; XI compensação bancária. XII - atividades médico-periciais relacionadas com o regime geral de previdência social e a assistência social; XIII - atividades médico-periciais relacionadas com a caracterização do impedimentofísico, mental, intelectual ou sensorial da pessoa com deficiência, por meio da integração de equipes multiprofissionais e interdisciplinares, para fins de reconhecimento de direitos previstos em lei, em especial na Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência); e XIV - outras prestações médico-periciais da carreira de Perito Médico Federal indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.” É de se notar que embora seja garantido o direito de greve, assim como os demais direitos fundamentais, seu exercício não é absoluto, de maneira que é preciso respeitar o bem comum, as necessidades inadiáveis da comunidade, razão por que caso a atividade laboral seja relacionada à sobrevivência, à saúde ou à segurança da população, não poderá ser interrompida por completo. Ademais, antes ser deflagrada a greve, nessas hipóteses de serviços ou atividades essenciais, cabe aos sindicatos ou aos trabalhadores fazer a comunicação à população com antecedência mínima de 72 horas da paralisação (artigo 13 da Lei 7.783/1989). A limitação ao direito de greve também é encontrada no parágrafo 2º do artigo 9º da CRFB/88, segundo o qual os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. A inobservância das normas contidas na Lei de Greve, sobretudo quanto aos serviços essenciais e ao respeito aos direitos fundamentais, bem como a manutenção da paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho constituem abuso do direito de greve e provocam a aplicação de penalidades. Compete à justiça do Trabalho julgar as ações que envolvam o exercício do direito de greve, nos termos do artigo 114, II, da Constituição Federal. Na mesma linha, foi editada a Súmula Vinculante 23: “A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.” Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 29 101 (2018/INAZ do Pará/CREFITO-16ª Região (MA)/Advogado) De acordo com a Constituição Federal, no art. 9º, o direito de greve é constitucionalmente garantido, contudo: A) A Lei definirá quais os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. B) Pode ser exercido pelos trabalhadores, com anuência por parte do empregador. C) Compete aos trabalhadores a decisão de exercer tal direito, mediante assembleia instalada e votação realizada em dois turnos. D) Não há previsão de responsabilização por abusos. E) Somente poderá ser exercido com aquiescência da Justiça Trabalhista, mediante autorização prévia. Gabarito: A Comentários: A) Certo. O § 1º do artigo 9º da CRFB/88 assim estabelece: “lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.” B) Errado. O exercício do direito de greve não está condicionado à anuência do empregador. C) Errado. A Constituição não traz nenhuma exigência de assembleia ou turnos de votação. D) Errado. A previsão de responsabilização em decorrência de abusos está expressa no parágrafo 2º do artigo 9º da CRFB/88. E) Errado. A norma que autoriza o exercício do direito de greve tem aplicabilidade imediata e não está condicionada à autorização da Justiça do Trabalho. Servidores Públicos O servidor público também tem direito de greve assegurado na Constituição Federal no artigo 37, inciso VII, como se vê: “O direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.” Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 30 101 Diferente do que foi dito em relação à greve do trabalhador, a norma constitucional que concede o direito de greve ao servidor público é de aplicabilidade mediata e depende de regulamentação de lei infraconstitucional para ser aplicada. Trata-se de norma constitucional de eficácia limitada, conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal no MI 708. Por força de decisão judicial, a Lei 7.783/89, embora destinada a trabalhadores da iniciativa privada, está sendo aplicada aos servidores públicos, para que o exercício do direito de greve se concretize, até que lei específica regulamente o assunto. A citada lei é aplicável, inclusive, quanto ao desconto da remuneração dos dias de paralisação. O Supremo Tribunal Federal, em tese de repercussão geral, no RE 693.456, assim entendeu: “A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do vínculo funcional que dela decorre. É permitida a compensação em caso de acordo. O desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por conduta ilícita do Poder Público.” Compete à Justiça Comum o julgamento das ações pertinentes ao exercício do direito de greve dos servidores públicos, ainda que celetistas. Sobre o assunto, o Supremo Tribunal Federal, no RE 846.854, firmou tese de repercussão geral: “A justiça comum, federal ou estadual, é competente para julgar a abusividade de greve de servidores públicos celetistas da Administração pública direta, autarquias e fundações públicas.” É preciso ter cuidado! Servidores públicos podem ser estatutários ou celetistas. De 1998, data de promulgação da Emenda Constitucional 19, até 2007, o artigo 39 da Constituição deixou de exigir que a Administração Pública adotasse regime jurídico único para os servidores públicos, razão pela qual foi permitido ter na Administração servidor público celetista. Ressalte-se que em 2007, foi deferida medida cautela na ADI 2.135, para suspender a eficácia do dispositivo. Em 2018, o mérito da ação foi julgado procedente, com efeito ex nunc, e o regime jurídico voltou a ser único. Com efeito, se a controvérsia a respeito do exercício do direito de greve envolver trabalhadores, a competência para julgar a causa será da Justiça do Trabalho, mas se envolver servidores públicos, ainda que celetistas, será da Justiça Comum, estadual ou federal, conforme envolva servidores municipais e estaduais ou federais, respectivamente. Nelma Fontana Aula 04 Direito Constitucional p/ Polícia Federal (Delegado) Com videoaulas - 2020.2 - Pré-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 31 101 Por outro lado, se a greve envolver empregados públicos de empresa pública ou sociedade de economia mista, a competência será da Justiça do Trabalho. Resumindo: a quem compete julgar as ações que envolvam o direito de greve? Se a greve for feita por servidores públicos (estatutários ou celetistas), a competência será da Justiça Comum. Se envolver trabalhadores e empregados públicos, a competência será da Justiça do Trabalho. (2019/CESPE/PGE-PE) Considerando a jurisprudência dos tribunais superiores e a legislação de regência, julgue o item seguinte, referente ao Conselho de República, ao princípio da separação dos poderes e ao Poder Judiciário. A justiça comum estadual é competente para julgar abusividade de greve de servidores públicos celetistas da Procuradoria-Geral do Estado de Pernambuco. Gabarito: Certo. Comentário: Compete ao Poder Judiciário de Pernambuco o julgamento da ação de abusividade de greve de servidores públicos celetistas da PGE-PE. Militares e Segurança Pública O artigo 142, parágrafo terceiro, inciso IV, da Constituição Federal, proíbe a sindicalização e a greve ao militar, por se tratar de carreira do Estado imprescindível a manutenção da normalidade democrática, que não pode ser complementada ou substituída pela atividade privada. Os militares (estaduais ou da União) são o braço armado do Estado, ao qual se atribui a responsabilidade
Compartilhar