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Aula 04
Direito Constitucional p/ Polícia Federal
(Delegado) Com videoaulas - 2020.2 -
Pré-Edital
Autor:
Nelma Fontana
Aula 04
30 de Julho de 2020
 
 
 
Sumário 
Direitos Sociais ................................................................................................................................................... 2 
Teoria dos Direitos Sociais .............................................................................................................................. 2 
Direitos Sociais enumerados na Constituição Federal ................................................................................... 5 
Direitos dos Trabalhadores .......................................................................................................................... 12 
Direito de sindicalização .............................................................................................................................. 23 
Direito de greve ............................................................................................................................................ 26 
Outros Direitos Coletivos trabalhistas .......................................................................................................... 32 
Direitos de Nacionalidade ................................................................................................................................ 33 
Introdução .................................................................................................................................................... 34 
Nacionalidade primária (brasileiros natos) .................................................................................................. 36 
Nacionalidade secundária (brasileiros naturalizado) .................................................................................. 40 
Distinção de tratamento entre brasileiros ................................................................................................... 44 
Perda da nacionalidade ................................................................................................................................ 49 
Símbolos nacionais ....................................................................................................................................... 55 
Resumo ............................................................................................................................................................. 56 
Destaques da Legislação .................................................................................................................................. 58 
Considerações Finais ........................................................................................................................................ 62 
Questões Comentadas ..................................................................................................................................... 62 
Lista de Questões ............................................................................................................................................. 87 
Gabarito.......................................................................................................................................................... 101 
 
 
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DIREITOS SOCIAIS E DIREITOS DE NACIONALIDADE 
DIREITOS SOCIAIS 
No século XX, na Constituição do México (1917) e na Constituição da Alemanha (1919), as primeiras 
declarações de direitos sociais foram encontradas. No Brasil, a primeira Constituição a dispor sobre direitos 
sociais foi a de 1934. 
Com inspiração no Estado Social, com vistas a implementar a igualdade material e a amparar os indivíduos 
menos favorecidos economicamente, os direitos sociais, no Brasil, foram elevados à categoria de direitos 
fundamentais ainda no governo de Getúlio Vargas. A Constituição Federal de 1988, por outro lado, ampliou 
o rol desses direitos e reservou o capítulo II, do Título II, para tratar da temática. 
Os direitos sociais criam para o Estado a obrigação de fazer, o dever de desenvolver políticas públicas 
que sejam capazes de reduzir as desigualdades socioeconômicas. Nessa toada, os direitos sociais são 
direitos prestacionais, têm status positivo e são classificados na segunda geração de direitos 
fundamentais. 
Os direitos sociais, como espécies de direitos fundamentais, criam direitos subjetivos adjudicáveis, embora 
alguns deles, como é típico de sociedades democráticas, tenham conteúdo principiológico, a fim de 
possibilitar diferentes níveis de implementação, já que demandam vultoso volume orçamentário. 
Com efeito, o entendimento mais recente do Supremo Tribunal Federal é o de que os direitos sociais não 
têm conteúdo meramente programático, de forma que o jurisdicionado, conforme a situação, poderá 
exigir judicialmente que o Estado cumpra o seu dever, respeitados, evidentemente, alguns limites, 
mormente a separação de Poderes e a reserva do possível (RE 393.175). 
Os destinatários desses direitos são os brasileiros e os estrangeiros, independentemente de serem ou não 
contribuintes formais da seguridade social, de exercerem direitos políticos ou de residirem em 
determinada localidade. É dever da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios buscar a plena 
efetivação dos direitos sociais. 
TEORIA DOS DIREITOS SOCIAIS 
Resulta da força normativa da Constituição a dimensão subjetiva dos direitos fundamentais, que assegura 
ao indivíduo o direito de exigir que o Estado implemente, por meio de políticas públicas, os direitos sociais 
enumerados na Constituição. Em caso de omissão injustificável por parte do poder Público, cabe ao 
Judiciário, mediante provocação, assegurar o direito que foi constitucionalmente consagrado. 
Lado outro, o excesso de ativismo judicial é vedado, uma vez que a decisão que obriga a materialização do 
direito social sem considerar a realidade socioeconômica do ente federativo contraria o interesse público e 
afronta o orçamento da pessoa política, causando ou contribuindo para causar o caos econômico. 
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Com o propósito de assegurar os direitos sociais a todos os que deles necessitam e não somente àqueles 
que levam o caso ao Judiciário, doutrina e jurisprudência têm caminhado no sentido de formularem alguns 
parâmetros, manifestos em alguns princípios. Vejamos: 
 
Princípio da Reserva do Possível 
O Princípio da Reserva do Possível é argumento utilizado pelo Estado, quando demandado em juízo, para 
demonstrar que ainda não é possível materializar, tal como previsto na Constituição, um direito social. 
Os direitos fundamentais de cunho prestacional, por vezes, para serem implantados, sofrem alguma 
limitação fática, em decorrência do pequeno orçamento do Estado, da falta de recursos para cumprir com 
todas as suas obrigações. Por força do princípio da legalidade da despesa, o Estado, às vezes, sofre também 
limitação de ordem jurídica, dada a inexistência de autorização orçamentária para cobrir despesas exigidas 
judicialmente. 
Com efeito, decorre da reserva do possível a equalização da efetivação dos direitos sociais com a realidade 
socioeconômica do ente público, de forma que a avaliação acerca de quais interesses da coletividade 
deverão ser prioritariamente atendidos deve ser feita a partir da análise de dois aspectos: a razoabilidade 
da pretensão deduzida em face do Poder Público e a existência de disponibilidade financeira. 
Agora, é preciso deixar claro que cabe ao Estado, quando demandado, provar que não possui recursos 
suficientes para efetivamente assegurar a todos, por meio de política pública, o gozo de algum direitosocial. Não basta alegar a escassez de recursos, é preciso comprovar. 
Princípio do Mínimo Existencial 
O Princípio do Mínimo Existencial limita a utilização da cláusula de reserva do possível, porque não pode o 
Estado alegar escassez de recursos para deixar de assegurar o mínimo necessário para resguardar a 
própria condição de ser humano. 
A reserva do possível não poderá ser invocada para eximir o Poder Público de desenvolver obras e 
programas de ação capazes de comprometer o núcleo básico que qualifica o mínimo existencial. 
 
Princípio da Vedação de Retrocesso Social (efeito cliquet) 
O Princípio da Vedação de Retrocesso Social tem a finalidade de impedir a extinção ou redução 
injustificada de políticas públicas ou mesmo de medidas legislativas destinadas à viabilização de direitos 
sociais já consolidados na consciência social, ao longo do tempo. 
A supressão ou redução do grau de concretização de um direito fundamental não pode ser injustificada, 
sem que esteja sedimentada em outros princípios constitucionais ou sem que haja a realização por outra 
medida concretizadora. 
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(2017/FMP Concursos/MPE-RO/Promotor de Justiça Substituto) No que tange ao tema dos direitos 
sociais, é CORRETO afirmar: 
A) A Constituição estabeleceu a primazia dos direitos, liberdades e garantias em relação aos direitos 
sociais, conferindo a estes o caráter de normas programáticas. 
B) O controle jurisdicional das políticas públicas de direitos sociais encontra, dentre outros, os seguintes 
parâmetros de sindicabilidade: reserva do possível, mínimo existencial, proibição do retrocesso social e 
proibição da proteção insuficiente dos direitos fundamentais. 
C) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, não é cabível a concessão de medicamentos 
novos e experimentais. 
D) Em tempos de crise, os direitos sociais reivindicam obrigações de respeito do Estado, não incidindo, 
pois, as obrigações de proteção e de promoção. 
E) O ativismo judicial é um princípio que decorre da máxima efetividade dos direitos sociais. 
Gabarito: B 
Comentários: 
A) Errada. Não há primazia de direitos de liberdade em relação aos direitos sociais. Os direitos sociais não 
têm caráter de normas programáticas, embora alguns deles dependam de regulamentação ou da 
existência de política pública que lhes desenvolva a aplicabilidade. Os direitos sociais criam direitos 
subjetivos e não podem ser considerados meramente programáticos. 
B) Certa. Os direitos sociais criam direitos subjetivos e podem ser exigidos judicialmente. Porém, o 
Judiciário, quando da análise do caso concreto, deverá balizar a necessidade, a razoabilidade e a existência 
de recursos orçamentários para a sua implementação. Daí falar-se reserva do possível. Não poderá o 
Estado, todavia, alegar falta de recurso, para deixar de assegurar o mínimo existencial e nem para trazer 
nova interpretação que subverta o campo de proteção do direito (vedação ao retrocesso). 
C) Errada. Embora seja papel Poder Público primar pela oferta de meio de tratamento eficaz, devidamente 
testado, para não expor o indivíduo ao agravamento de sua doença, em casos excepcionais admitidos por 
lei, será admitida a utilização de medicamento ou de tratamento ainda não testado pela Anvisa, quando 
houver recomendação médica para tal (Ver Recomendação 31 do CNJ). 
D) Errada. Os direitos sociais são prestações positivas e exigem um fazer por parte do Estado. 
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E) Errada. Ativismo judicial não é princípio e resulta da necessidade de implementação de direitos 
fundamentais negligenciados pelo Executivo ou pelo Legislativo. 
 
DIREITOS SOCIAIS ENUMERADOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
O artigo 6º da Constituição Federal enumerou expressamente onze direitos sociais, a saber: 
✓ a educação; 
✓ a saúde; 
✓ a alimentação; 
✓ o trabalho; 
✓ a moradia; 
✓ o transporte; 
✓ o lazer; 
✓ a segurança; 
✓ a previdência social; 
✓ a proteção à maternidade e à infância; 
✓ a assistência aos desamparados. 
Moradia (EC 26/2000), alimentação (EC 64/2010) e transporte (EC 90/2015) não são normas originárias da 
Constituição, foram acrescentadas por emendas constitucionais. 
A enumeração desses onze direitos sociais não é exaustiva, mas tão somente exemplificativa. Outros 
direitos sociais poderão também ser incluídos no rol do artigo 6º da CRFB/88. Há, ainda, outros direitos 
sociais espalhados na Constituição Federal, como direito ao meio ambiente (artigo 225 da CRFB/88), o 
direito dos idosos (artigo 203 da CRFB/88), a cultura (artigo 215 da CRFB/88), o desporto (artigo 217 da 
CRFB/88), dentre outros, embora constem do título “Da Ordem social”. 
José Afonso da Silva (2007) ensina que não obstante o fato de a Constituição Federal ter separado a Ordem 
Social da Ordem Econômica, não utilizou a melhor metodologia ao dispor sobre um capítulo próprio para 
Direitos Sociais (Título II do Capítulo II) e um título próprio, bem distanciado, para Ordem Social (Título VIII), 
porque não há entre eles uma separação radical, já que os direitos sociais estão gravados na ordem social. 
Com efeito, no capítulo dos direitos sociais foram enumerados onze, mas tão somente a ideia de um deles 
foi desenvolvida, somente há detalhamento a respeito do direito ao trabalho. Nada foi dito acerca dos 
outros dez direitos, que só têm os seus mecanismos e aspectos organizacionais delineados no título “Da 
Ordem social”, a partir do artigo 194 da Constituição Federal. 
Nesta aula, teceremos alguns comentários sobre os direitos sociais, mas sem a pretensão de exaurir o 
assunto, uma vez que o tema será detalhado na aula sobre Ordem social. O objetivo, no momento, é 
apenas o de traçar um panorama de organização social, para facilitar o seu estudo. 
 
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Da educação 
O direito social à educação é fruto da dignidade da pessoa humana e da cidadania, uma vez que exerce 
dupla função: de um lado, qualifica a comunidade como um todo, tornando-a esclarecida, politizada, 
desenvolvida (cidadania); de outro, dignifica o indivíduo, verdadeiro titular desse direito subjetivo 
fundamental (dignidade da pessoa humana). 
A Constituição Federal dispõe no artigo 205 que a educação é direito de todos (brasileiros e estrangeiros) e 
dever do Estado e da família. Há, no ponto, a consagração do dever de solidariedade entre a família e o 
Estado, com a finalidade de defesa integral dos direitos das crianças e dos adolescentes. 
O dever da família é o de garantir a presença do educando na escola, impedindo a evasão escolar e 
garantindo o aproveitamento do ensino, com vistas a promover o desenvolvimento pleno do indivíduo, 
quer seja para o exercício da cidadania, quer seja para compor o mercado de trabalho. 
O dever do Estado com a educação consiste em garantir a educação básica obrigatória e gratuita dos 
quatro aos dezessete anos de idade, inclusive para aqueles que já estão fora da idade própria. Essa 
garantia inclui a alimentação, o transporte, o material didático e a assistência à saúde. Constitui direito 
público subjetivo. 
Interessante apontar a decisão do Supremo Tribunal Federal no RE 888.815. O Tribunal, ao interpretar a Lei 
Maior, entendeu que não há vedação absoluta ao ensino domiciliar, embora este não constitua direito 
subjetivo. 
A educação domiciliar poderá ser instituída por meio de “lei federal, editada pelo Congresso Nacional, na 
modalidade ‘utilitarista’ ou ‘por conveniência circunstancial’, desde que se cumpra a obrigatoriedade, de 4 
a 17 anos, e se respeite o dever solidário Família/Estado,o núcleo básico de matérias acadêmicas, a 
supervisão, avaliação e fiscalização pelo Poder Público.” 
 A educação básica compreende a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio. O ensino 
fundamental será atendido com prioridade. O ensino médio gratuito será universalizado 
progressivamente. A educação infantil em creche e pré-escola será ofertada até os cinco anos de idade. 
A jurisprudência do STF firmou-se no sentido da existência de direito subjetivo público de crianças até 
cinco anos de idade ao atendimento em creches e pré-escolas. O desrespeito de tal regramento por parte 
do Poder Público poderá ensejar, mediante provocação, a intervenção do Poder Judiciário. (RE 554.075) 
Os sistemas de ensino serão organizados pela União, pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, em 
regime de colaboração, de maneira a universalizar o ensino obrigatório. Os Municípios atuarão 
prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. Os Estados e o Distrito Federal atuarão 
prioritariamente no ensino fundamental e médio. A União organizará o sistema federal de ensino e o dos 
Territórios. 
 
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1. A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola o disposto no art. 206, IV, da CF. 
(Súmula Vinculante 12). 
2. Repercussão geral reconhecida com mérito julgado: “A garantia constitucional da gratuidade de ensino 
não obsta a cobrança, por universidades públicas, de mensalidade em curso de especialização.” (RE 
597.854). 
3. Para o Plenário do STF, “a quota mensal escolar nos colégios militares não representa ofensa à regra 
constitucional de gratuidade do ensino público, uma vez que não há violação concreta ou potencial ao 
núcleo de intangibilidade do direito fundamental à educação.” “A contribuição dos alunos para o custeio 
das atividades do Sistema Colégio Militar do Brasil não possui natureza tributária, considerada a 
facultatividade do ingresso ao Sistema de Ensino do Exército, segundo critérios meritocráticos, assim como 
a natureza contratual do vínculo jurídico formado.” (ADI 5.082). 
 
Da saúde 
O artigo 196 da Constituição Federal assegura que saúde é direito de todos e dever do Estado. Cabe ao 
poder Público desenvolver políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de 
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e 
recuperação. 
O sistema único de saúde é financiado, nos termos do art. 195 da CRFB/88, com recursos do orçamento da 
seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. 
A execução das ações e serviços de saúde deve ser feita primordialmente pelo Poder Público diretamente, 
mas pode ser feita também por meio de terceiros (pessoa física ou jurídica), obedecidos os princípios do 
atendimento integral, da participação da comunidade e da descentralização. 
O Supremo Tribunal Federal, na ADI 1.931, dispôs que a nenhuma pessoa será negado tratamento em 
hospital público, considerada a universalidade do sistema. Porém, se o Poder Público atender a particular, 
em virtude de situação incluída na cobertura contratual de plano de saúde privado, deve o SUS ser 
ressarcido, tal como faria o plano de saúde em se tratando de hospital privado. Para o Tribunal, embora o 
SUS atue gratuitamente em relação aos cidadãos, não o faz no tocante às entidades cuja atividade-fim é 
justamente assegurar a cobertura de lesões e doenças, cabendo, nessa senda, distinguir os vínculos 
jurídicos em jogo: constitucional, entre Estado e cidadão; obrigacional, entre pessoa e plano de saúde; e 
legal, entre Estado e plano de saúde. 
É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no 
Brasil. 
 
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1. Repercussão geral reconhecida com mérito julgado: “É constitucional a regra que veda, no âmbito do 
SUS, a internação em acomodações superiores, bem como o atendimento diferenciado por médico do 
próprio SUS, ou por médico conveniado, mediante o pagamento da diferença dos valores 
correspondentes.” (RE 581.488). 
2. Repercussão geral reconhecida. “O tratamento médico adequado aos necessitados se insere no rol dos 
deveres do Estado, porquanto responsabilidade solidária dos entes federados. O polo passivo pode ser 
composto por qualquer um deles, isoladamente, ou conjuntamente.” (RE 855.178) 
 
Alimentação 
O direito humano à alimentação adequada, tanto do ponto de vista de quantidade como de qualidade, 
contempla a Segurança Alimentar e Nutricional e o direito à vida. Está previsto no artigo 25 da Declaração 
Universal dos Direitos Humanos de 1948 e no Pacto de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e o 
Comentário Geral nº 12 da ONU. No Brasil, foi incluído no rol de direitos sociais expressos na Constituição 
Federal, em 2010, pela Emenda Constitucional nº 64. 
 
Trabalho 
O direito ao trabalho objetiva assegurar meios dignos de sobrevivência e o exercício da cidadania e da 
dignidade da pessoa humana. Compreende não apenas a atividade remunerada decorrente do exercício de 
liberdade de profissão, mas também a ocupação do tempo, por meio da prestação de um serviço ou da 
criação de um determinado produto, objeto ou arte, ainda que sem fim lucrativo. 
É dever do Estado proporcionar o pleno emprego (artigo 170, VIII, da CRFB/88), com vistas a impulsionar o 
desenvolvimento econômico. Cabe à União o dever de inspecionar o trabalho, a fim de que a legislação de 
amparo ao trabalhador seja respeitada e o trabalho escravo seja extirpado. 
 
Moradia 
O direito à moradia transcende o direito de ter casa própria, pois não se confunde com o direito à 
propriedade. Moradia requer ocupar uma habitação com dimensões adequadas, em condições de higiene 
e conforto capaz de preservar a intimidade e a vida privada. Pressupõe respeito à dignidade da pessoa 
humana, de modo que no local da habitação é preciso haver saneamento básico, transporte, áreas de 
lazer, água potável e energia. 
 
Transporte 
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Transporte passou a ser direito social após a promulgação da Emenda constitucional 90, de 15 de setembro 
de 2015. O principal objetivo de sua positivação foi o de garantir a mobilidade urbana, com vistas a atender 
e suprir as necessidades que o indivíduo tem de deslocamento para a realização de atividades cotidianas 
(trabalho, educação, saúde, lazer, dentre outros). 
O direito ao transporte contempla o emprego de esforço direto (deslocamento a pé), de meios de 
transporte (viário, aquático, aéreo) não motorizados (bicicletas, carroças, cavalos) ou motorizados 
(coletivos e individuais). 
Alguns autores classificam transporte como direito meio e não como direito fim, uma vez que transporte 
está relacionado à mobilidade para o exercício de outras atividades do dia-a-dia, tais como trabalho e lazer. 
É dever do Estado oferecer transporte coletivo público e construir ciclovias e rodovias que permitam o 
desenvolvimento de empenho próprio que assegure a locomoção dentro do território nacional. 
 
Lazer 
O direito ao lazer está associado à qualidade de vida, a um ambiente sadio e equilibrado que permita tanto 
a ociosidade, quanto a recreação. O lazer é destinado à reposição das forças após o exercício de atividade 
laboral. Requer lugar apropriado, razão por que é dever do Estado impulsionar meios e espaços próprios de 
divertimento e de repouso (parques, quadras de esporte, bosques, etc.). 
 
Segurança 
A segurança é classificada como direito social e como direito individual.No último caso, como já estudado 
na lição sobre o artigo 5º da Constituição Federal, segurança é um dos direitos fundamentais básicos e está 
associado à ideia de segurança jurídica. No artigo 6º, segurança, na qualidade de direito social, está 
relacionada à segurança pública, dever do Estado de preservar a integridade física e moral; a vida; a 
dignidade da pessoa humana; o patrimônio das pessoas; o patrimônio público; e o patrimônio histórico e 
cultural da humanidade. 
A ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio é dever de todos os entes federativos, nos 
termos do artigo 144 da Constituição Federal, que elenca os órgãos de segurança pública da 
responsabilidade de cada pessoa política. 
 
Da Previdência Social 
O artigo 201 da Constituição Federal assegura que a previdência social será organizada sob a forma de 
regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória e deverá contemplar cinco diferentes grupos 
de benefícios: a) cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho e 
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idade avançada; b) proteção à maternidade, especialmente à gestante; c) proteção ao trabalhador em 
situação de desemprego involuntário; d) salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos 
segurados de baixa renda; e) pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou 
companheiro e dependentes. 
Todos os beneficiários da previdência se submetem aos mesmos requisitos e critérios para obtenção da 
aposentadoria, sendo vedada a diferenciação, exceto os casos de atividades exercidas sob condições 
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de 
deficiência, nos termos definidos em lei complementar. 
Os benefícios pagos ao segurado deverão ter valor mensal pelo menos igual ao valor do salário mínimo e 
devem ser periodicamente reajustados, na forma da lei, a fim de que preservem o valor real. 
 
1. Fixada a seguinte tese de repercussão geral no RE 661.256/SC: “No âmbito do Regime Geral de 
Previdência Social (RGPS), somente lei pode criar benefícios e vantagens previdenciárias, não havendo, por 
ora, previsão legal do direito à “desaposentação”, sendo constitucional a regra do art. 18, § 2º, da Lei 
8.213/1991.”(RE 661.256) 
2. “É legítima a incidência da contribuição previdenciária sobre o 13º salário.” (STF. Súmula 688) 
 
Proteção à maternidade e à infância 
Com vistas a amparar a maternidade e a infância, a Constituição Federal, a legislação infraconstitucional e a 
jurisprudência do Supremo Tribunal instituíram uma série de determinações, dentre as quais se destacam 
as seguintes: 
1. CRFB/88, artigo 7º, inciso XVIII: “licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a 
duração de cento e vinte dias.” 
2. CRFB/88, ADCT, artigo 10, parágrafo 1º: licença paternidade de 5 dias, até que lei discipline o assunto. 
3. Lei 11.770/2008: possibilidade de licença à gestante de 180 dias, mediante acordo entre patrões e 
empregadas, nas sociedades empresárias tributadas com base no lucro real. 
4. Lei 13.257/2016: a licença paternidade de cinco dias poderá ser ampliada por mais 15 dias, de modo a 
totalizar 20 dias, mediante adesão da pessoa jurídica ao programa e de requerimento do interessado. 
5. O Supremo Tribunal Federal julgou procedente a ADI 5938, para declarar inconstitucionais trechos de 
dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) inseridos pela Reforma Trabalhista (Lei 
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13.467/2017) que admitiam a possibilidade de trabalhadoras grávidas e lactantes desempenharem 
atividades insalubres em algumas hipóteses. 
6. O Plenário do Supremo Tribunal Federal reconheceu o direito de candidatas gestantes à remarcação de 
testes de aptidão física em concursos públicos, independentemente de haver previsão no edital. (RE 
1058333). 
7. O Supremo Tribunal Federal decidiu que a legislação não pode prever prazos diferenciados para 
concessão de licença-maternidade para servidoras públicas gestantes e adotantes. (RE 778889). 
 
Da Assistência aos desamparados (Assistência Social) 
A assistência social tem por objetivos, nos termos do artigo 203 da Constituição Federal, os seguintes: 1) 
proteger a família, a maternidade, a infância, a adolescência e a velhice, especialmente o amparar as 
crianças e os adolescentes carentes; 2) promover a integração ao mercado de trabalho; 3) habilitar e 
reabilitar os deficientes, de modo a promover a sua integração à vida comunitária; e 4) garantir um salário 
mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir 
meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. 
A assistência social deve ser prestada a quem dela necessitar, independentemente se brasileiro ou se 
estrangeiro, de ter ou não contribuído diretamente para a manutenção da seguridade social. 
As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas descentralizadamente, cabendo a 
coordenação e as normas gerais à União e a coordenação e a execução dos respectivos programas aos 
estados, Distrito Federal e municípios. 
 
(2017/FCC/TST/Juiz do Trabalho Substituto) Os direitos sociais estabelecidos no art. 6° da Constituição 
Federal consistem em prestações positivas do Estado interligadas à concretização da igualdade. À luz do 
citado artigo, considere: 
I. O direito à moradia não é necessariamente direito à casa própria, na medida em que não se confunde 
com o direito de propriedade. 
II. O direito ao trabalho é um direito subjetivo a um trabalho remunerado na iniciativa privada ou 
disponibilizado pelo Poder Público. 
III. O direito ao lazer relaciona-se com a qualidade de vida, meio ambiente sadio e equilibrado, descanso e 
ociosidade repousante. 
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IV. O direito à segurança é prerrogativa constitucional indisponível, garantido mediante a implementação 
de políticas públicas, impondo ao Estado a obrigação de criar condições objetivas que possibilitem o efetivo 
acesso a tal serviço. 
Está correto o que se afirma APENAS em 
A) I, III e IV. 
B) I e II. 
C) II, III e IV. 
D) II e IV. 
E) I e III. 
Gabarito: A 
Comentários: 
I. Certo. O direito à moradia pressupõe uma habitação digna, que respeite a condição humana do 
indivíduo, podendo ser casa própria ou alugada. 
II. Errado. Embora seja dever do Estado instituir o pleno emprego, não há direito subjetivo de ter um 
emprego na iniciativa pública ou privada. Ademais, trabalho também compreende a atividade não 
remunerada, como por exemplo, o trabalho voluntário. 
III. Certo. O direito ao lazer assegura o repouso e a recreação. 
IV. Certo. O direito à segurança requer, por parte do Estado, o desenvolvimento de políticas públicas de 
proteção da vida e da integridade física dos indivíduos, bem como de seu patrimônio. 
 
DIREITOS DOS TRABALHADORES 
O Direito do Trabalho está alicerçado no princípio da proteção ao trabalhador, porque este é a parte mais 
frágil na relação contratual. Para assegurar a dignidade ao obreiro, cabe ao Estado intervir na relação 
privada e limitar a autonomia de vontade, porque a liberdade de contrato entre pessoas com poder e 
capacidade econômica desiguais conduz a uma realidade fática desigual e prejudicial ao trabalhador. 
A constitucionalização do Direito do Trabalho tem o condão de assegurar o princípio da proteção do 
trabalhador e, consequentemente, amparar a parte mais frágil na relação de trabalho. 
Trabalho, visto como direito social,promove a incidência dos direitos fundamentais às relações jurídicas 
estabelecidas entre trabalhadores e empregadores (eficácia horizontal dos direitos fundamentais), tendo 
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em vista que os direitos fundamentais podem ser concebidos como atributos naturais do homem, ligados 
essencialmente aos valores da dignidade, decorrentes da sua própria existência. 
A Constituição não é um sistema de garantias, mas um sistema de valores fundamentais, que orientam não 
apenas a relação do Estado com o indivíduo, mas também as relações privadas. Nessa toada, as relações de 
trabalho são firmadas nos valores de liberdade e de igualdade material e são direcionadas à proteção da 
integridade física, psíquica e moral do trabalhador. 
A Constituição Federal de 1988 classificou os direitos trabalhistas em duas distintas categorias: 1) direitos 
individuais (artigo 7º); 2) direitos coletivos (do artigo 8º ao artigo 11). Os direitos dos trabalhadores em 
suas relações individuais de trabalho estão enumerados no artigo 7º, em rol exemplificativo, pois a lei 
infraconstitucional pode amplamente dispor sobre o assunto, desde que objetive a melhoria da condição 
social do obreiro, bem como emenda à constituição poderá promover a sua ampliação. 
A dignidade da pessoa humana (artigo 1º, III), os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (artigo 1º, 
IV), a valorização do trabalho e da justiça social (artigo 170), a busca do pleno emprego (artigo 170, VIII) e o 
primado do trabalho como base da ordem social (artigo 193) são princípios utilizados na interpretação e na 
aplicação dos direitos fundamentais trabalhistas. 
 
(2017/MPT/MPT/Procurador do Trabalho) Assinale a alternativa INCORRETA: 
A) A Constituição de 1988 é estruturada mediante princípios e regras jurídicas, ambos com natureza 
normativa. Há, em seu interior, princípios constitucionais amplos, mas que ostentam também importante 
repercussão no campo das relações trabalhistas. A seu lado, existem princípios jurídicos eminentemente 
trabalhistas, e que foram incorporados pela Constituição. 
B) Os princípios constitucionais do trabalho são aqueles que, oriundos do Direito do Trabalho, foram 
incorporados pela Constituição da República. Os princípios constitucionais que colocam a pessoa humana 
no vértice e no centro da ordem jurídica não podem, tecnicamente, ser englobados no rol dos princípios 
constitucionais do trabalho, pois não há essa referência explícita, nem lógica ou teleológica, na 
Constituição Federal. 
C) A ideia de igualdade comparece em diversos tópicos do conteúdo constitucional de 1988, estruturando-
se como um princípio jurídico de, pelo menos, dupla dimensão: a igualdade em sentido formal, oriunda do 
antigo constitucionalismo; e a igualdade em sentido material, de impacto profundo e abrangente na 
Constituição da República. 
D) Os direitos trabalhistas apresentam natureza de direitos individuais e sociais daqueles que vivem de seu 
trabalho empregatício e de outras relações sociojurídicas equiparadas, como o trabalho avulso. Nessa 
medida, ostentam também o caráter de direitos fundamentais da pessoa humana. 
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E) Não respondida. 
Gabarito: B 
Comentários: 
A) Certa. Os direitos fundamentais têm natureza de princípios e não apenas de regras jurídicas. Daí a sua 
maior efetividade, inclusive no campo do Direito do Trabalho, mormente após a constitucionalização de 
direitos trabalhistas. O princípio da proteção ao trabalhador é eminentemente trabalhista e foi incorporado 
pela Constituição. 
B) Errada. Os princípios constitucionais do trabalho são aqueles que, oriundos do Direito do Trabalho, 
foram incorporados pela Constituição da República. Os princípios constitucionais que colocam a pessoa 
humana no vértice e no centro da ordem jurídica não podem, tecnicamente, ser englobados no rol dos 
princípios constitucionais do trabalho, pois não há essa referência explícita, nem lógica ou teleológica, na 
Constituição Federal. Os princípios constitucionais do trabalho são consequência natural da condição 
humana, são decorrentes da própria existência humana. 
C) Certa. A ideia de igualdade comparece em diversos tópicos do conteúdo constitucional de 1988, a 
começar do caput do artigo 5º. A igualdade constitucionalmente estabelecida contempla a igualdade na lei 
e perante a lei. Dito de outra forma, a igualdade que vincula o legislador ao criar direitos e obrigações e a 
igualdade que vincula o aplicador da lei. 
D) Certa. Os direitos trabalhistas são espécies de direitos fundamentais, classificados como direitos sociais. 
Apresentam natureza de direitos individuais (artigo 7º da CF) e sociais (sindicalização, greve, 
representação). 
 
O artigo 7º da Constituição Federal, ao enumerar direitos trabalhistas, primou pela igualdade entre 
trabalhadores, de forma a estabelecer os mesmos direitos aos trabalhadores urbanos e aos rurais (caput) e 
ao igualar em direitos o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso (XXXIV). 
Houve preocupação com a isonomia ainda no inciso XXXII, que proibiu a distinção entre trabalho manual, 
técnico e intelectual (ou entre os profissionais respectivos), bem como no inciso XXXI, que veda a 
discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência. 
Por outro lado, nem todos os direitos sociais trabalhistas foram destinados ao trabalhador doméstico, 
mesmo após o advento da Emenda Constitucional 72/2013, apelidada “a emenda das domésticas”, que 
ampliou significativamente os direitos dessa categoria profissional. Assim, para fins de prova, é preciso ter 
muito cuidado, pois nos termos do parágrafo único do artigo 7º da CRFB/88, dos 34 direitos trabalhistas 
elencados no artigo, NOVE NÃO FORAM DESTINADOS AO DOMÉSTICO. São eles: 
1. piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho (artigo 7º, inciso V); 
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2. participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação 
na gestão da empresa, conforme definido em lei (artigo 7º, inciso XI); 
3. jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo 
negociação coletiva (artigo 7º, inciso XIV); 
4. proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei (artigo 
7º, inciso XX); 
5. adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei(artigo 7º, 
inciso XXIII); 
6. proteção em face da automação, na forma da lei (artigo 7º, inciso XXVII); 
7. ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos 
para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho 
(artigo 7º, inciso XXIX); 
8. proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos 
(artigo 7º, inciso XXXII); 
9. igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso 
(artigo 7º, inciso XXXIV). 
 
(2017/FCC/TST/Juiz do Trabalho Substituto) Na redação vigente do parágrafo único do art. 7° da 
Constituição Federal, tal como conferida pela Emenda Constitucional n° 72 de 2013, são assegurados aos 
trabalhadores domésticos os direitos a 
A) licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; e 
proteção em face da automação, na forma da lei. 
B) piso salarial proporcional à extensão e à complexidade dotrabalho; e irredutibilidade do salário, salvo o 
disposto em convenção ou acordo coletivo. 
C) reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; e proibição de qualquer discriminação 
no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência. 
D) proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; e participação nos lucros, 
ou resultados, desvinculada da remuneração. 
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E) duração do trabalho normal não superior a dez horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a 
compensação de horários; e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. 
Gabarito: C 
Comentários: 
A) licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; e 
proteção em face da automação, na forma da lei. 
B) piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; e irredutibilidade do salário, salvo o 
disposto em convenção ou acordo coletivo. 
C) reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho (inciso XXVI do artigo 7º); e proibição 
de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de 
deficiência (inciso XXXI do artigo 7º). 
D) proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; e participação nos lucros, 
ou resultados, desvinculada da remuneração. 
E) duração do trabalho normal não superior a dez horas diárias (oito horas) e quarenta e quatro semanais, 
facultada a compensação de horários; e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de 
trabalho. 
Agora, vamos aproveitar o momento para elencar também quais direitos dos trabalhadores foram 
destinados aos servidores públicos: 
 
Nos termos do parágrafo terceiro do artigo 39 da constituição Federal, aplicam-se aos servidores 
ocupantes de cargo público, os seguintes direitos: 
1. salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais 
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, 
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo 
vedada sua vinculação para qualquer fim (artigo 7º, inciso IV) ; 
2. garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável (artigo 7º, 
inciso VII); 
3. décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria (artigo 7º, inciso 
VIII); 
4. remuneração do trabalho noturno superior à do diurno (artigo 7º, inciso IX); 
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5. salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei (artigo 7º, 
inciso XII); 
6. duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a 
compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho 
(artigo 7º, inciso XIII); 
7. repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos (artigo 7º, inciso XV); 
8. remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal (artigo 
7º, inciso XVI); 
9. gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal (artigo 7º, 
inciso XVII); 
10. licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias (artigo 
7º, inciso XVIII); 
11. licença-paternidade, nos termos fixados em lei (artigo 7º, inciso XIX); 
12. proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei (artigo 
7º, inciso XX); 
13. redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança (artigo 7º, 
inciso XXII); 
14. proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de 
sexo, idade, cor ou estado civil (artigo 7º, inciso XXX). 
Para o estudo sistematizado dos direitos constitucionais trabalhistas elencados no artigo 7º, adotaremos a 
classificação de José Afonso da Silva (2007): 1) direito ao trabalho à garantia de emprego; 2) direitos sobre 
condições de trabalho; 3) direitos relativos ao salário; 4) direitos relativos ao repouso e à inatividade; 5) 
direitos de proteção dos trabalhadores; 6) direitos relativos aos dependentes do trabalhador e 7) direitos 
de participação. Não esgotaremos o assunto, para não adentrarmos na seara do Direito do Trabalho. 
 
Direito ao trabalho e à garantia de emprego 
Os trabalhadores não têm direito de estabilidade no emprego, como têm os servidores públicos. Porém, a 
Constituição Federal criou a garantia de emprego e a proteção ao trabalho ao proteger a relação de 
emprego contra a despedida arbitrária ou sem justa causa, mediante pagamento de indenização 
compensatória. 
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Até que seja criada uma lei complementar para regulamentar esse assunto, o trabalhador em situação de 
desemprego involuntário fará jus a uma indenização de 40% sobre o depósito do Fundo de Garantia por 
Tempo de Serviço (FGTS), conforme disposto nos artigos 7º, I, da CF, c/c 10, I, do ADCT). 
A dispensa arbitrária ou sem justa causa ainda assegura o recebimento de seguro desemprego e do FGTS 
(incisos II e III do artigo 7º da CF). 
O trabalhador terá direito ou terá que cumprir, conforme a situação do desemprego (vontade do 
trabalhador ou dispensa do empregador), o aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no 
mínimo de trinta dias, nos termos da lei (inciso XXI do artigo 7º). 
Direitos sobre condições de trabalho 
A respeito dos direitos relacionados à condição de trabalho, a Constituição tanto limitou a duração da 
jornada de trabalho quanto assegurou a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de 
saúde, higiene e segurança (CF, 7º, XXII). 
A jornada máxima diária de trabalho é de oito horas; a semanal, de quarenta e quatro horas. Nos dois 
casos, é facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção 
coletiva de trabalho (CF, 7º, XIII). 
Segundo o Supremo Tribunal Federal, a jornada de 12 horas de trabalho por 36 horas de descanso não 
afronta o art. 7º, XIII, da Constituição da República, pois se encontra respaldada na faculdade, conferida 
pela norma constitucional, de compensação de horários (ADI 4.842). 
No caso de jornada de trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, a Constituição 
determina que sua duração não exceda seis horas, salvo negociação coletiva (CF, 7º, XIV). “Os intervalos 
fixados para descanso e alimentação durante a jornada de seis horas não descaracterizam o sistema de 
turnos ininterruptos de revezamento para o efeito do art. 7º, XIV, da Constituição” (STF. Súmula 675). 
 
Direitos relativos ao salário 
É direito do trabalhador o recebimento de salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de 
atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, 
lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o 
poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim (CF, 7º, IV). 
 
1. “Os arts. 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/1998), da Constituição referem-se ao total da remuneração 
percebida pelo servidor público.” (Súmula Vinculante 16). 
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2. “O cálculode gratificações e outras vantagens do servidor público não incide sobre o abono utilizado 
para se atingir o salário mínimo.” (Súmula Vinculante 15). 
 
A exigência constitucional de lei formal para fixação do valor do salário mínimo pode ser flexibilizada, de 
acordo com o STF. Desde que a lei defina o valor do salário mínimo e sua política de afirmação de novos 
valores nominais para o período nela indicado, poderá o Presidente da República, por decreto, anunciar o 
valor nominal do salário mínimo, nos índices definidos legalmente (ADI 4.568). 
O salário mínimo não é mais regional, como disposto na Constituição anterior. A lei definirá um valor de 
salário mínimo a ser aplicado em todo o território nacional, não cabendo aos estados membros legislar 
sobre o assunto, vez que a competência é privativa da União (CF, 22, I). 
O salário mínimo não pode ser utilizado como base de cálculo ou como índice de indexação de contratos. 
Tem-se aqui proteção ao trabalhador, que não poderá ver sua dívida aumentar sempre que tiver aumento 
salarial. Assim, contratos de prestação de serviço, aluguéis e outros, que têm por base o salário mínimo, 
são inconstitucionais. Essa é a regra. Porém, como os direitos fundamentais não são absolutos, tal vedação 
já foi flexibilizada pelo Supremo Tribunal Federal no caso do cálculo do valor da pensão alimentícia, tendo 
em vista que a prestação tem por objetivo a preservação da subsistência humana e garantia do padrão de 
vida daquele que a recebe (ARE 842.157). 
Nem mesmo o piso salarial poderá ser fixado com base no salário mínimo, não obstante o fato de 
pretensamente trazer ao trabalhador melhores condições econômicas. Foi o que entendeu o STF, na ADPF 
151, ao declarar a inconstitucionalidade da indexação de piso salarial ao valor do salário mínimo. 
A respeito do tema, foi publicada a Súmula Vinculante 4. Observe e tome nota: 
 
“Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado 
como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de 
empregado, nem ser substituído por decisão judicial.” 
Para os que recebem remuneração variável, a Constituição assegura que seu valor nunca seja inferior ao do 
salário mínimo (CF, 7º, VII). 
De acordo com a Corte Constitucional, entretanto, a Constituição não estendeu aos militares em serviço 
obrigatório a garantia de remuneração não inferior ao salário mínimo, como o fez para outras categorias 
de trabalhadores, uma vez que aqueles que exercem um múnus público relacionado com a defesa da 
soberania da pátria. A obrigação do Estado quanto aos conscritos limita-se a fornecer-lhes as condições 
materiais para a adequada prestação do serviço militar obrigatório nas Forças Armadas. Nesse sentido, foi 
criada a Súmula Vinculante 6: 
 
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“Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário 
mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.” 
Ainda a respeito do salário, a Constituição proíbe que seja feita diferença de valores por motivo de sexo, 
idade, cor ou estado civil. Os mesmos critérios não podem ser utilizados para se fazer diferenciação de 
função ou de requisitos de admissão (CF, 7º, XXX). 
A diferenciação por idade só será admitida se a natureza do cargo assim o exigir. Nesse sentido, tem-se a 
Súmula 683 do STF: “O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 
7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser 
preenchido.” 
O salário do trabalhador é irredutível, salvo o disposto em acordo coletivo ou convenção (CF, 7º, VI). A lei 
deve proteger o salário do trabalhador e sua retenção dolosa é crime (CF, 7º, X). 
A União, para reduzir as desigualdades sociais e assegurar melhores condições salariais aos trabalhadores, 
por meio da LC 103/2000, delegou aos estados a competência para fixar o piso salarial. Note: o salário 
mínimo é nacional, mas o piso salarial, regional. 
O piso salarial deve ser proporcional à extensão e à complexidade do trabalho (CF, 7º, V). A fim de manter-
se o incentivo à negociação coletiva, os pisos salariais regionais somente podem ser estabelecidos por lei 
naqueles casos em que não haja convenção ou acordo coletivo de trabalho. 
O trabalhador faz jus ao décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da 
aposentadoria (CF, 7º, VIII). Conforme Súmula 207 do STF, a natureza da gratificação natalina é 
remuneratória e integra, para todos os efeitos, a remuneração do empregado. 
A remuneração do trabalho noturno deve ser superior à remuneração do trabalho diurno (CF, 7º, IX), bem 
como a remuneração do serviço extraordinário deve ser superior, no mínimo, em cinquenta por cento à 
remuneração do serviço normal (CF, 7º, XVI). É ainda assegurado o pagamento de adicional quando o 
trabalhador exerce atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei (CF, 7º, XXIII). 
Por fim, o trabalhador que desejar ingressar com ação judicial para cobrar créditos resultantes das relações 
de trabalho deve ter duas atenções: 1) limite de dois anos, após a extinção do contrato de trabalho, para 
ingressar com a ação; 2) o prazo prescricional de cinco anos, inclusive para cobrança de valores referentes 
ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (Cuidado! A prescrição não é mais trintenal! ARE 709.212). 
Essa é a interpretação do inciso XXIX do artigo 7º da Constituição. 
 
(2019/UPENET/IAUPE/UPE/Advogado) São direitos sociais dos trabalhadores urbanos e rurais, EXCETO 
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A) salário mínimo regionalizado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família, 
como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, 
com reajustes periódicos que lhes preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para 
qualquer fim. 
B) piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho. 
C) irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo. 
D) garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável. 
E) remuneração do trabalho noturno superior à do diurno. 
Gabarito: A 
Comentário: O salário mínimo é nacionalmente unificado, conforme inciso IV do artigo 7º da CRFB/88. 
 
(2018/VUNESP/TJ-SP/Juiz Substituto) O artigo 7°, IV, da Constituição Federal assegura ao trabalhador a 
percepção de salário-mínimo e proíbe sua vinculação “para qualquer fim”. Diante de tal vedação e de 
outros preceitos da Carta, como o artigo 39, § 3°, a Súmula Vinculante n° 4 estabeleceu, em relação a 
vantagem percebida por servidor público, que 
A) a hipótese é excepcional, dada a garantia de irredutibilidade de vencimentos, e a ela não se aplica a 
vedação de utilização do salário-mínimo como indexador ou base de cálculo, até que seja substituído por 
ato do Executivo. 
B) a hipótese é excepcional, dada a garantia de irredutibilidade dos vencimentos, e a ela não se aplica a 
vedação de utilização do salário-mínimo como indexador ou base de cálculo. 
C) também nessa hipótese é vedada a utilização do salário-mínimo como indexador ou base de cálculo, 
proibida, ademais, sua substituição por decisão judicial. 
D) também nessa hipótese é vedada a utilização do salário-mínimo como indexador ou base de cálculo, 
permitida sua substituição por decisão judicial. 
Gabarito: C 
Comentário: “Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado como 
indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por 
decisão judicial.” 
 
Direitos relativos ao repouso e à inatividadeNelma Fontana
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O trabalhador, em razão da dignidade da pessoa humana, tem o direito constitucionalizado ao ócio, para 
que possa recuperar as suas energias e preservar a sua saúde física e psíquica. Nesses termos, o artigo 7º, 
inciso XV, da CRFB/88, assegura ao obreiro um repouso semanal remunerado, preferencialmente aos 
domingos. Na mesma linha, o inciso XVII garante gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um 
terço a mais do que o salário normal. 
O direito individual às férias é adquirido após o período de doze meses trabalhados, sendo devido o 
pagamento do terço constitucional independente do exercício desse direito. Dessa sorte, mesmo que não 
haja previsão legal, os servidores exonerados de cargos comissionados que não usufruíram férias, mas que 
contam com doze meses trabalhados (ou o proporcional), têm o direito ao terço (RE 570.908). 
Não incide contribuição social sobre o adicional de um terço. Esse entendimento já está consolidado na 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (RE 587.941). 
Nos incisos XVIII e XIX do artigo 7º da Constituição Federal são asseguradas a licença à gestante, sem 
prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias e a licença-paternidade, nos termos 
fixados em lei. A licença-paternidade enquanto não regulamentada por lei, terá duração de cinco dias 
(ADCT, artigo 10, parágrafo 1º). 
O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o RE 778.889, em tese de repercussão geral, entendeu que a licença-
maternidade abrange tanto a licença-gestante quanto a licença-adotante, ambas asseguradas pelo prazo 
mínimo de 120 dias. Veja a tese de repercussão geral: 
"Os prazos da licença-adotante não podem ser inferiores aos prazos da licença-gestante, o 
mesmo valendo para as respectivas prorrogações. Em relação à licença-adotante, não é 
possível fixar prazos diversos em função da idade da criança adotada". 
Vale ainda dizer que o STF fixou entendimento no sentido de que as servidoras públicas e empregadas 
grávidas, mesmo as contratadas a título precário, independentemente do regime jurídico de trabalho, têm 
direito à licença-maternidade de 120 dias e à estabilidade provisória desde a confirmação da gravidez até 5 
meses após o parto, nos termos do art. 7º, XVIII, da Constituição do Brasil e do art. 10, II, b, do ADCT.(RE 
600.057 AgR). 
Ainda sobre direitos relativos ao repouso é à inatividade, a Constituição assegura ao trabalhador seguro 
contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, além da indenização a que este está obrigado, 
quando incorrer em dolo ou culpa (CF, 7º, XXVIII) e o direito à aposentadoria, para aqueles que cumprirem 
os requisitos estabelecidos pela própria Constituição e regulamentados por lei (CF, 7º, XXIV). 
 
Direitos de proteção dos trabalhadores 
A Constituição Federal, no artigo 7º, trouxe uma atenção especial aos direitos da mulher e do adolescente, 
ao prescrever no inciso XX a “proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos 
específicos, nos termos da lei” e no inciso XXXIII a “proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a 
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menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a 
partir de quatorze anos.” 
O texto constitucional define ainda dispositivo de eficácia limitada, não regulamentado, de proteção em 
face da automação, na forma da lei (CF, 7º, XXVII) e o reconhecimento das convenções e acordos coletivos 
de trabalho (CF, 7º, XXVI). 
 
Direitos relativos aos dependentes do trabalhador 
O trabalhador de baixa renda, nos termos da lei, tem o direito de receber o salário-família (CF, 7º, XII). 
Os filhos e dependentes dos trabalhadores fazem jus à assistência gratuita desde o nascimento até os cinco 
anos de idade em creches e pré-escolas (CF, 7º, XXV). 
 
Direitos de participação 
O inciso XI do artigo 7º da Constituição Federal assegura a gestão democrática como instrumento de 
participação do cidadão/empregado nos espaços públicos de que faz parte, por meio da participação na 
gestão da empresa, conforme definido em lei. O mesmo dispositivo prevê ainda a participação nos lucros, 
ou resultados, desvinculada da remuneração. 
 
DIREITO DE SINDICALIZAÇÃO 
O direito de sindicalização é um dos direitos sociais coletivos dos trabalhadores urbanos, rurais e de colônia 
de pescadores. O aposentado também é titular do direito de sindicalização, podendo, inclusive, aquele que 
for filiado, votar e ser votado nas organizações sindicais. 
O artigo 8º da Constituição Federal assegura a liberdade de associação profissional ou sindical. Essa 
liberdade desvincula a criação de associação profissional ou de sindicato de qualquer espécie de 
autorização do Estado. Cabe à categoria profissional, observada a exigência constitucional, decidir pela 
criação do sindicato, bem como pela definição de sua base territorial, sendo a menor base a área de um 
município. 
É preciso ter cuidado: a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, mas 
poderá exigir o registro no órgão competente (atualmente é o Ministério do Trabalho). Tal registro objetiva 
apenas a garantia da unicidade, isto é, que só tenha um sindicato, por categoria profissional ou econômica, 
por base territorial. 
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Com efeito, o registro da entidade sindical no Registro Civil das Pessoas Jurídicas é necessário para efeito 
de aquisição da personalidade civil. O registro no Ministério do Trabalho, para obtenção da 
personalidade sindical. 
Dito de outra forma, a liberdade de sindicalização permite a criação de sindicato, por decisão dos 
trabalhadores ou dos empregadores interessados, não havendo que falar em prévia autorização do Poder 
Público. Todavia, só será permita uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de 
categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, não podendo ser inferior à área de um 
Município. Cabe ao sindicato demonstrar que possui personalidade sindical antes de representar qualquer 
filiado. 
A liberdade sindical proíbe o Poder Público de interferir na organização sindical. De igual maneira, a 
liberdade assegura que ninguém poderá ser compelido a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato. 
Outro aspecto merecedor de destaque, que objetiva assegurar a liberdade sindical, é a estabilidade 
provisória no emprego dada ao empregado sindicalizado, que não poderá ser dispensado, salvo se cometer 
falta grave, nos termos da lei, a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação 
sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato 
Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em 
questões judiciais ou administrativas. É obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações 
coletivas de trabalho. 
Para que o sindicato atue em defesa da categoria (interesse individual ou coletivo; em âmbito judicial ou 
extrajudicial), não é necessária prévia autorização da pessoa filiada, porque o sindicato atua sempre em 
substituição processual. 
Por fim, a Constituição Federal, no inciso IV do artigo 8º, autoriza a criação de duas distintas contribuições 
sindicais, uma criada pela assembleia geral, para custeio do sistema confederativo, e outra instituída por 
lei. 
A contribuição destinada a custear o sistema confederativo será descontada em folha e só poderá ser 
exigida de quem for sindicalizado. Nesse sentido, tem-se a Súmula Vinculante 40: 
“A contribuição confederativa de que tratao art. 8º, IV, da CF só é exigível dos filiados ao sindicato 
respectivo.” 
Por outro lado, a contribuição fixada em lei poderá ter natureza de tributo e ser exigida de filiados e de não 
filiados. Todavia, a Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) extinguiu a obrigatoriedade da contribuição 
sindical e condicionou o seu pagamento à prévia e expressa autorização dos filiados. O STF julgou a ADI 
5.794 procedente e declarou a constitucionalidade da citada lei. 
 
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(2018/CESPE/PGM - João Pessoa – PB/Procurador do Município) A reforma trabalhista aprovada em 
2017 extinguiu a obrigatoriedade de contribuição sindical e condicionou seu pagamento à prévia e 
expressa autorização dos filiados ao sindicato. De acordo com o entendimento do STF, a referida reforma 
é 
A) incompatível com a CF, uma vez que fere a autonomia sindical. 
B) incompatível com a CF, uma vez que é necessária lei específica para a concessão de benefício fiscal. 
C) incompatível com a CF, pois, por tratar de normas gerais de direito tributário, o assunto deveria ser 
regulamentado por lei complementar. 
D) compatível com a CF, porque assegura a livre associação profissional ou sindical. 
E) compatível com a CF, porquanto o poder público é livre para interferir no sistema de organização 
sindical. 
Gabarito: D 
Comentário: A Lei 13.467/2017 extinguiu a obrigatoriedade de contribuição sindical e condicionou seu 
pagamento à prévia e expressa autorização dos filiados ao sindicato. O STF, ao julgar a ADI 5.794, declarou 
a constitucionalidade da lei. 
 
 
(2017/IBFC/EBSERH/Advogado) Considere as normas da Constituição Federal sobre a liberdade de 
associação profissional ou sindical e assinale a alternativa correta. 
A) A lei poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, bem como o registro no órgão 
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical 
B) É vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria 
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou 
empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município. 
C) Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive 
apenas em questões judiciais. 
D) A assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada 
em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, limitada até o 
máximo independentemente da contribuição prevista em lei. 
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E) É facultativa a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho 
Gabarito: B 
Comentários: 
A) Errado. A lei não pode não pode exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato (artigo 8º, I, 
da CRFB/88). 
B) Certo. A alternativa atende ao disposto no artigo 8º, inciso II, da Constituição, que dispõe sobre a 
unicidade. 
C) Errado. O sindicato representa a categoria em juízo ou fora dele. 
D) Errado. Não há previsão de limite no texto constitucional. 
E) Errado. É obrigatória a participação do sindicato em todas as negociações coletivas de trabalho. 
 
Cuidado para não confundir associação com sindicato! 
 
Direito de associação (art. 5º, XVII e outros) Direito de sindicalização (artigo 8º) 
Direito individual de expressão coletiva Direito social coletivo 
Direito de 1ª geração Direito de 2ª geração 
Não há restrição numérica na mesma base 
territorial 
Um sindicato, por categoria, por base territorial, sendo 
a menor base a área de um município. 
Depende de autorização do associado para fazer a 
representação. Quando atua em substituição 
processual, não depende de autorização do 
associado. 
Nunca depende da autorização dos associados, pois 
sempre atua em substituição processual. 
 
DIREITO DE GREVE 
A greve é direito de autodefesa do trabalhador em face de uma atuação repressiva e desproporcional do 
empregador, por meio da paralisação coletiva e organizada das atividades laborais. Daí ser classificada a 
greve como direito fundamental, tendo em vista que o trabalhador tem a segurança de imunidade acerca 
das consequências normais de não trabalhar. 
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A greve já foi considerada crime no Brasil, conforme disposto nos artigos de 204 a 206 do Código Penal de 
1890. As Constituições de 1824, 1891 e 1934 foram silentes a respeito do tema. A Constituição de 1937 
declarou a greve como nociva, antissocial e incompatível com os interesses superiores da produção 
nacional. 
A primeira Constituição a prescrever a greve dos trabalhadores como direito foi a de 1946. Tal ideia foi 
repetida na Constituição de 1967 e na Constituição de 1988. Ressalte-se, porém, que pela primeira vez o 
direito de greve foi estendido aos servidores públicos em 1988. 
O artigo 9º da Lei Maior assegura ao trabalhador o direito de greve, competindo-lhe decidir sobre a 
oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. O direito de greve do 
servidor público está prescrito no artigo 37, VII, da CRFB/88, que condiciona o exercício do direito de greve 
a regulamentação estabelecida por lei infraconstitucional, como se verá. 
É preciso observar que é dado o direito de greve ao trabalhador. Empregador não tem direito greve. A 
paralisação das atividades por iniciativa do empregador, com vistas a impedir que os empregados 
adentrem nos recintos do estabelecimento empresarial para laborar é chamada lockout, prática vedada no 
Brasil, nos termos do artigo 722 da CLT e do artigo 17 da Lei de Greve (Lei 7.783/1989). 
O direito de greve do trabalhador esta previsto em norma constitucional de aplicabilidade imediata e 
direta, de alcance restringível por lei. Assim, é classificada a norma constitucional, segundo clássica 
definição de José Afonso da Silva, como de eficácia contida. 
Cabe aos trabalhadores a decisão de quando e por qual motivo paralisar as atividades (direito de liberdade, 
de aplicação imediata), não constituindo, segundo a Súmula 316 do STF, falta grave a simples adesão à 
greve. 
O § 1º do artigo 9º da CRFB/88 restringiu a liberdade de greve ao estabelecer que a “lei definirá os serviços 
ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.” 
A Lei 7.783/1989, com redação dada pela Lei 13.846/2019, regulamentou em seu artigo 10 quais serviços e 
atividades são considerados essenciais e não poderão ser interrompidos em sua totalidade. São eles: 
 
“Art. 10 São considerados serviços ou atividades essenciais: 
I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e 
combustíveis; 
II - assistência médica e hospitalar; 
III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; 
IV - funerários; 
V - transporte coletivo; 
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VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; 
VII - telecomunicações; 
VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais 
nucleares; 
IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais; 
X - controle de tráfego aéreo; 
XI compensação bancária. 
XII - atividades médico-periciais relacionadas com o regime geral de previdência social e a 
assistência social; 
XIII - atividades médico-periciais relacionadas com a caracterização do impedimentofísico, mental, intelectual ou sensorial da pessoa com deficiência, por meio da integração 
de equipes multiprofissionais e interdisciplinares, para fins de reconhecimento de direitos 
previstos em lei, em especial na Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 (Estatuto da Pessoa 
com Deficiência); e 
XIV - outras prestações médico-periciais da carreira de Perito Médico Federal 
indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.” 
É de se notar que embora seja garantido o direito de greve, assim como os demais direitos fundamentais, 
seu exercício não é absoluto, de maneira que é preciso respeitar o bem comum, as necessidades inadiáveis 
da comunidade, razão por que caso a atividade laboral seja relacionada à sobrevivência, à saúde ou à 
segurança da população, não poderá ser interrompida por completo. Ademais, antes ser deflagrada a 
greve, nessas hipóteses de serviços ou atividades essenciais, cabe aos sindicatos ou aos trabalhadores fazer 
a comunicação à população com antecedência mínima de 72 horas da paralisação (artigo 13 da Lei 
7.783/1989). 
A limitação ao direito de greve também é encontrada no parágrafo 2º do artigo 9º da CRFB/88, segundo o 
qual os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. A inobservância das normas contidas na 
Lei de Greve, sobretudo quanto aos serviços essenciais e ao respeito aos direitos fundamentais, bem como 
a manutenção da paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho 
constituem abuso do direito de greve e provocam a aplicação de penalidades. 
Compete à justiça do Trabalho julgar as ações que envolvam o exercício do direito de greve, nos termos 
do artigo 114, II, da Constituição Federal. Na mesma linha, foi editada a Súmula Vinculante 23: “A Justiça 
do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do 
direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.” 
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(2018/INAZ do Pará/CREFITO-16ª Região (MA)/Advogado) De acordo com a Constituição Federal, no art. 
9º, o direito de greve é constitucionalmente garantido, contudo: 
A) A Lei definirá quais os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades 
inadiáveis da comunidade. 
B) Pode ser exercido pelos trabalhadores, com anuência por parte do empregador. 
C) Compete aos trabalhadores a decisão de exercer tal direito, mediante assembleia instalada e votação 
realizada em dois turnos. 
D) Não há previsão de responsabilização por abusos. 
E) Somente poderá ser exercido com aquiescência da Justiça Trabalhista, mediante autorização prévia. 
Gabarito: A 
Comentários: 
A) Certo. O § 1º do artigo 9º da CRFB/88 assim estabelece: “lei definirá os serviços ou atividades essenciais 
e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.” 
B) Errado. O exercício do direito de greve não está condicionado à anuência do empregador. 
C) Errado. A Constituição não traz nenhuma exigência de assembleia ou turnos de votação. 
D) Errado. A previsão de responsabilização em decorrência de abusos está expressa no parágrafo 2º do 
artigo 9º da CRFB/88. 
E) Errado. A norma que autoriza o exercício do direito de greve tem aplicabilidade imediata e não está 
condicionada à autorização da Justiça do Trabalho. 
 
Servidores Públicos 
O servidor público também tem direito de greve assegurado na Constituição Federal no artigo 37, inciso 
VII, como se vê: “O direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.” 
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Diferente do que foi dito em relação à greve do trabalhador, a norma constitucional que concede o direito 
de greve ao servidor público é de aplicabilidade mediata e depende de regulamentação de lei 
infraconstitucional para ser aplicada. Trata-se de norma constitucional de eficácia limitada, conforme 
decidido pelo Supremo Tribunal Federal no MI 708. 
Por força de decisão judicial, a Lei 7.783/89, embora destinada a trabalhadores da iniciativa privada, está 
sendo aplicada aos servidores públicos, para que o exercício do direito de greve se concretize, até que lei 
específica regulamente o assunto. A citada lei é aplicável, inclusive, quanto ao desconto da remuneração 
dos dias de paralisação. 
O Supremo Tribunal Federal, em tese de repercussão geral, no RE 693.456, assim entendeu: 
“A administração pública deve proceder ao desconto dos dias de paralisação decorrentes 
do exercício do direito de greve pelos servidores públicos, em virtude da suspensão do 
vínculo funcional que dela decorre. É permitida a compensação em caso de acordo. O 
desconto será, contudo, incabível se ficar demonstrado que a greve foi provocada por 
conduta ilícita do Poder Público.” 
Compete à Justiça Comum o julgamento das ações pertinentes ao exercício do direito de greve dos 
servidores públicos, ainda que celetistas. Sobre o assunto, o Supremo Tribunal Federal, no RE 846.854, 
firmou tese de repercussão geral: 
 
“A justiça comum, federal ou estadual, é competente para julgar a abusividade de greve 
de servidores públicos celetistas da Administração pública direta, autarquias e fundações 
públicas.” 
 
É preciso ter cuidado! Servidores públicos podem ser estatutários ou celetistas. De 1998, data de 
promulgação da Emenda Constitucional 19, até 2007, o artigo 39 da Constituição deixou de exigir que a 
Administração Pública adotasse regime jurídico único para os servidores públicos, razão pela qual foi 
permitido ter na Administração servidor público celetista. Ressalte-se que em 2007, foi deferida medida 
cautela na ADI 2.135, para suspender a eficácia do dispositivo. Em 2018, o mérito da ação foi julgado 
procedente, com efeito ex nunc, e o regime jurídico voltou a ser único. 
Com efeito, se a controvérsia a respeito do exercício do direito de greve envolver trabalhadores, a 
competência para julgar a causa será da Justiça do Trabalho, mas se envolver servidores públicos, ainda 
que celetistas, será da Justiça Comum, estadual ou federal, conforme envolva servidores municipais e 
estaduais ou federais, respectivamente. 
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Por outro lado, se a greve envolver empregados públicos de empresa pública ou sociedade de economia 
mista, a competência será da Justiça do Trabalho. 
Resumindo: a quem compete julgar as ações que envolvam o direito de greve? Se a greve for feita por 
servidores públicos (estatutários ou celetistas), a competência será da Justiça Comum. Se envolver 
trabalhadores e empregados públicos, a competência será da Justiça do Trabalho. 
 
(2019/CESPE/PGE-PE) Considerando a jurisprudência dos tribunais superiores e a legislação de regência, 
julgue o item seguinte, referente ao Conselho de República, ao princípio da separação dos poderes e ao 
Poder Judiciário. 
A justiça comum estadual é competente para julgar abusividade de greve de servidores públicos celetistas 
da Procuradoria-Geral do Estado de Pernambuco. 
Gabarito: Certo. 
Comentário: Compete ao Poder Judiciário de Pernambuco o julgamento da ação de abusividade de greve 
de servidores públicos celetistas da PGE-PE. 
 
Militares e Segurança Pública 
O artigo 142, parágrafo terceiro, inciso IV, da Constituição Federal, proíbe a sindicalização e a greve ao 
militar, por se tratar de carreira do Estado imprescindível a manutenção da normalidade democrática, que 
não pode ser complementada ou substituída pela atividade privada. Os militares (estaduais ou da União) 
são o braço armado do Estado, ao qual se atribui a responsabilidade

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