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Aula 13 - Prof. Luiz
Godoy
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado)
- 3 correção por aluno - Pós-Edital
Autores:
Vinicius Silva, Cláudio Bandel
Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade,
Allan Mattos
Aula 13 - Prof. Luiz Godoy
18 de Fevereiro de 2021
 
 
 
 
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Sumário 
1. Apresentação .............................................................................................................. 2 
QUESTÕES COMENTADAS .............................................................................................. 3 
Questões propostas ......................................................................................................... 31 
 
 
Vinicius Silva, Cláudio Bandel Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade, Allan Mattos
Aula 13 - Prof. Luiz Godoy
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) - 3 correção por aluno - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
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1. APRESENTAÇÃO 
 
Olá estimados futuros colegas Delegados de Polícia Federal. Sou o professor Luiz Roberto 
Ungaretti de Godoy, Delegado de Polícia Federal desde 2002, Mestre em Direito Penal e Doutor 
em Processo Penal. 
 
Iniciei como professor em cursos preparatórios para concursos em 2003 e da Academia 
Nacional de Polícia em 2006. Já no Estratégia sou professor de Direito Penal e Processo Penal 
desde 2017. 
 
Atualmente exerço minhas funções em São Paulo, contudo já atuei em investigações em diversos 
Estados, bem como no Distrito Federal. 
 
Sabemos que a batalha não é fácil, mas com orientação, disciplina e persistência não tem erro 
na aprovação. 
 
A nossa prova discursiva para o Concurso de Delegado Federal sem sombras de dúvidas possui 
algumas peculiaridades que não podem deixar de ser analisadas, em especial destaco a 
importância a jurisprudência dos tribunais superiores, multidisciplinariedade de matérias e 
casos práticos. 
 
Por isso, aproveitamos a oportunidade para tentar abranger o máximo possível do conteúdo 
programático previsto para a matéria de direito penal e legislação penal especial, deixando 
sempre uma sugestão de resposta. Como é humanamente impossível colocar todas questões 
possíveis, tentamos, com estudo das provas CESPE/CEBRASPE, acertar a possível questão de 
prova, possibilitando aos nossos alunos um bom resultado! 
 
Não há um quantitativo significativo de questões discursivas para o cargo de delegado de polícia 
federal, o que impede uma análise dos temas mais cobrados pela CESPE/CEBRASPE nesse 
campo. Assim, utilizamos questões discursivas CESPE/CEBRASPE para os mais diversos 
concursos. 
 
Acredito que o concurso de 2021 será mais ágil e rápido, em relação ao de 2018/2019. As etapas 
estão próximas, a formatura de todos os cargos e posse ocorrerá ainda esse ano, razão pela qual 
dificilmente irá inovar ou cobrar algo “fora da curva”. E nesse ponto específico, no que tange à 
peça profissional e questões discursiva dificilmente virá algo com diversos requerimentos ante 
a necessidade de uma correção ágil para atendimento do cronograma previsto. 
 
Por isso, mantenham o foco, aprendam os conceitos principais, especialmente relacionados à 
teoria do crime e fiquem atentos às recentes alterações, bem como às recentes decisões dos 
tribunais superiores sobre as matérias abrangidas pelo edital. E, o mais importante, fiquem 
tranquilos no dia da prova. 
 
Vinicius Silva, Cláudio Bandel Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade, Allan Mattos
Aula 13 - Prof. Luiz Godoy
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) - 3 correção por aluno - Pós-Edital
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Lembrem-se, também, de dividir de forma harmônica o tempo. Serão cinco horas de prova, 
sendo o ideal deixar no mínimo duas horas para a peça e uma hora, ou menos, para cada uma 
das três questões, começando sempre pela mais fácil. Não se esqueça, também, que o rascunho 
não serve para “fazer duas provas”, mas sim para estruturar sua resposta. Trabalhe com o tempo 
disponível e o aproveite todo! 
 
Por enquanto é isso. Permaneço à disposição para eventuais dúvidas e, qualquer coisa, estou no 
instagram: @profluizgodoy. 
 
Acreditem!!! 
 
Um forte abraço a todos, meus futuros colegas! 
 
 
 
QUESTÕES COMENTADAS 
 
DELEGADO DE POLÍCIA - PCMA - 2018 - CESPE 
Em uma ação de combate ao tráfico de drogas em determinada cidade, a polícia civil, por meio 
de departamento especializado em repressão ao narcotráfico, prendeu um homem que portava 
vinte quilos de entorpecentes, balança de precisão e certa quantia em dinheiro, em cédulas 
trocadas. Esse indivíduo foi encontrado em um bar de sua propriedade, oportunidade na qual 
foi algemado e conduzido à delegacia. A operação deflagrada foi possível após a prisão de outro 
traficante, que forneceu as informações em confissão extrajudicial realizada em sede 
inquisitorial após a utilização de meios de tortura. Considerando essa situação hipotética, 
disserte sobre o princípio da proibição à tortura, à luz da Constituição Federal de 1988, da 
doutrina e do entendimento do STF. Em seu texto, aborde, fundamentadamente, os seguintes 
aspectos: 1 - proibição à tortura como direito fundamental e efeitos jurídicos de eventual 
violação a esse direito; [valor: 5,00 pontos] 2 - extensão dos efeitos da violação ao princípio 
fundamental da proibição à tortura, no que se refere aos sujeitos;[valor: 5,00 pontos] 3 - limites 
para o uso de algemas em operações policiais. [valor: 4,25 pontos] 
Comentários: 
Citação dos dispositivos da CF/1988: 
Constituição Federal: Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel 
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito 
e tem como fundamentos: III - a dignidade da pessoa humana; Art. 5º, III. ninguém será 
submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; Art. 5º, XLIII. a lei considerará 
crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles 
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; 
Vinicius Silva, Cláudio Bandel Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade, Allan Mattos
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SUGESTÃO DE RESPOSTA: Entende-se por tortura como sendo o ato de constranger alguém 
para obter informação ou confissão, mediante a prática de violência física, psicológica ou moral. 
O art. 5º, III, da CRFB claramente dispõe uma vedação à tortura, ou seja, ninguém poderá ser 
submetido à tortura e a tratamento desumano ou degradante. Com isso, os agentes que 
praticaram a tortura cometeram uma violação a um direito fundamental previsto no texto 
constitucional, pois usaram técnicas ilícitas de constrangimento ilegal, apesar de o resultado ter 
sido a obtenção de informações que acabaram por levar à descoberta do crime. Importante 
salientar que o repúdio constitucional à tortura é tão grande que o art. 5º, XLIII, da CRFB a 
considera como crime inafiançável e insuscetível de graça ou anistia, respondendo pelo crime 
os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-lo, omitirem-se, sejam eles agentes 
públicos ou não. No tocante às algemas, a Súmula Vinculante nº 11 menciona que só é lícito o 
uso delas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física 
própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, 
sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade 
da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. 
Além disso, o Decreto nº 8.858/16, regulamentando o art. 199 da Lei nº 7.210/84 (Lei de 
Execução Penal) e com base em uma série de diplomas internacionais e a CRFB, vai na mesma 
trilha, apenas acrescentando que é vedado emprego de algemasem mulheres presas em 
qualquer unidade do sistema penitenciário nacional durante o trabalho de parto, no trajeto da 
parturiente entre a unidade prisional e a unidade hospitalar e após o parto, durante o período 
em que se encontrar hospitalizada. O emprego de algemas terá as seguintes diretrizes: a 
dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CRFB); a proibição de que qualquer pessoa seja 
submetida a tortura, tratamento desumano ou degradante (art. 5º, III, da CRFB); a Resolução nº 
2010/16, de 22 de julho de 2010, das Nações Unidas sobre o tratamento de mulheres presas e 
medidas não privativas de liberdade para mulheres infratoras (Regras de Bangkok); e o Pacto 
de San José da Costa Rica, que determina o tratamento humanitário dos presos e, em especial, 
das mulheres em condição de vulnerabilidade. Assim, no caso de uso indevido de algemas, 
haverá responsabilização administrativa, civil e penal do agente ou da autoridade responsável 
por tal intento. O agente ou autoridade responsável, pelo teor da Súmula Vinculante nº 11, é o 
magistrado, já que esse enunciado sumular aplica-se à fase processual. Logicamente, isso não 
exclui eventual responsabilização estatal ou representação da vítima para fins de perquirição 
penal do crime de abuso de autoridade. 
GABARITO DA BANCA EXAMINADORA: Torturar é constranger alguém para obter informação 
ou confissão, mediante a prática de violência física, psicológica ou moral. A Constituição Federal 
perfilha expressamente, no art. 5.º, III, a proibição à tortura, assinalando que ninguém poderá 
ser submetido a tortura, nem a tratamento desumano ou degradante. Dessa forma, os agentes 
em questão violaram direito fundamental previsto na Constituição, ao proceder a técnicas 
ilícitas de constrangimento ilegal, ainda que o resultado tenha sido a obtenção de informações 
que acabaram por levar à descoberta do crime. Observação: a indicação de efeitos genéricos ou 
específicos da condenação serão levados em consideração para fins de correção. Importante 
destacar que o art. 5.º, inciso XLIII, determina que a lei considere como crime inafiançável e 
insuscetível de graça ou anistia a prática da Questões Discursivas tortura, respondendo pelo 
crime os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-lo, se omitirem, sejam eles agentes 
públicos ou não. A utilização de algemas deve estar lastreada em razões justificadoras da sua 
Vinicius Silva, Cláudio Bandel Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade, Allan Mattos
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necessidade, conforme consta na Súmula Vinculante n.º 11, que deverá ser expressamente 
mencionada pelo candidato: só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado 
receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de 
terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, 
civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se 
refira, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. Assim, a utilização de algemas é 
excepcional; não utilizá-las é a regra, nos moldes da jurisprudência do STF, representada aqui 
na Rcl. 22.557, relator ministro Edson Fachin, que informa que a exceção exige fundamento 
idôneo devidamente justificado na forma escrita. Portanto, a excepcional utilização de algemas 
será possível desde que fundamentada expressamente pela autoridade responsável. Em 
resumo, nas quinze linhas disponíveis, deverá o candidato destacar que 2.1 a Constituição 
Federal reconhece expressamente, no art. 5.º, III, a proibição à tortura, como direito absoluto e 
insuscetível a relativizações; e que o art. 5.º, inciso XLIII, determina que a lei considere como 
crime inafiançável e insuscetível de graça ou anistia a prática da tortura; 2.2 o art. 5.º, inciso 
XLIII, estabelece que devem responder pelo crime de tortura os mandantes, os executores e os 
que, podendo evitá-lo, se omitirem. Assim, erraram os agentes que utilizaram os meios de 
constrangimento ilegal, devendo ser responsabilizados na forma da lei. 2.3 a Súmula Vinculante 
n.º 11 assinala que só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de 
fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, 
justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal 
do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refira, sem 
prejuízo da responsabilidade civil do Estado. A jurisprudência dominante no STF é a de que a 
utilização de algemas não é arbitrária, desde que justificada, por escrito, para impedir fuga ou 
reação indevida do preso. Portanto, a excepcional utilização de algemas será possível desde que 
fundamentada expressamente pela autoridade responsável. Acrescenta-se que a apresentação 
do custodiado algemado à imprensa pelas autoridades policiais não afronta o Enunciado 11 da 
Súmula Vinculante, tendo em vista, ainda, que, no julgamento do Rcl 7116/PE, Rel. Min. Marco 
Aurélio 1ª Turma, julgado em 24/5/2016 (Info 827), a prisão precedeu de ordem judicial. 
Observação: a indicação sobre a configuração de ato de improbidade, bem como a vedação sobre 
o uso de algemas em mulheres grávidas durante o trabalho do parto serão levadas em 
consideração apenas para fins de demonstração de domínio jurídico do candidato. 
 
Questão: Com base no princípio da igualdade discorra sobre as consequências jurídicas da 
participação de policial como integrante de organização criminosa? 
Citação do dispositivo da Lei 12.850/2013 
Art. 2º §7º: Se houver indícios de participação de policial nos crimes de que trata esta Lei, a 
Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério Público, que 
designará membro para acompanhar o feito até a sua conclusão. 
Sugestão de resposta: Nos termos do § 7º do art. 2º, se houver indícios de participação de 
policial nos crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial 
e comunicará ao Ministério Público, que designará membro para acompanhar o feito até a sua 
conclusão. Trata-se de previsão discriminatória e desnecessária, uma vez que a providência já 
é pratica usual conforme preceitos disciplinados em regramentos legais (controle externo da 
Vinicius Silva, Cláudio Bandel Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade, Allan Mattos
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atividade policial, art. 129, VII da CF/1988) e internos dos órgãos policiais. Além disso a referida 
previsão acaba por ser discriminatória, pois acaba por ferir a igualdade com relação a outros 
investigados que possuem maior poder de dano ao integrarem organizações criminosas do que 
o próprio policial, como por exemplo, os magistrados e membros do ministério público. 
 
DELEGADO DE POLÍCIA - PCMA - 2018 – CESPE: Com relação aos meios operacionais para a 
prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas, discorra sobre o 
instituto da ação controlada, previsto na Lei n.º 12.850/2013 — que estabelece, entre outros, 
preceitos legais sobre os crimes organizados —, abordando, necessariamente, os seguintes 
aspectos. 1 - Conceito e alcance do instituto. [valor: 7,25 pontos] 2 - Exigência ou não de prévia 
ordem judicial para a adoção do procedimento pela autoridade policial, à luz da previsão legal 
e dos posicionamentos doutrinários sobre o assunto. [valor: 7,00 pontos] 
Comentários: 
✓ Histórico 
✓ Institutos correlatos 
✓ Conceito 
✓ Legitimados 
✓ Lei 12.850/2013: Art. 8º Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial 
ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, 
desde que mantida sob observação e acompanhamentopara que a medida legal se 
concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações. (§ 
1º) O retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente 
comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e 
comunicará ao Ministério Público. (§2º) A comunicação será sigilosamente distribuída de 
forma a não conter informações que possam indicar a operação a ser efetuada. (§3º) Até 
o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério 
Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações. (§ 4º) 
Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado acerca da ação controlada. 
✓ Da Ação Controlada (transnacional): Art. 9º Se a ação controlada envolver transposição 
de fronteiras, o retardamento da intervenção policial ou administrativa somente poderá 
ocorrer com a cooperação das autoridades dos países que figurem como provável 
itinerário ou destino do investigado, de modo a reduzir os riscos de fuga e extravio do 
produto, objeto, instrumento ou proveito do crime. 
✓ (Lei de Lavagem de Dinheiro): Art. 1º § 6º Para a apuração do crime de que trata este 
artigo, admite-se a utilização da ação controlada e da infiltração de agentes. (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019) 
✓ (Lei de Lavagem de Dinheiro): Art. 4o-B. A ordem de prisão de pessoas ou as medidas 
assecuratórias de bens, direitos ou valores poderão ser suspensas pelo juiz, ouvido o 
Vinicius Silva, Cláudio Bandel Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade, Allan Mattos
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Ministério Público, quando a sua execução imediata puder comprometer as 
investigações. 
 
SUGESTÃO DE RESPOSTA: De acordo com o art. 8º da Lei nº 12.850/13, entende-se por ação 
controlada como sendo a prática de retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à 
ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação 
e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz para a 
formação de provas e a obtenção de informações. Cuida-se de uma regra que excepciona a prisão 
em flagrante, obrigatória para a autoridade policial e seus agentes, que permite postergar a sua 
realização. Quanto ao seu alcance, o art. 8º da referida lei, que não restringe o procedimento às 
ações policiais, faz expressa menção às intervenções administrativas (receitas estaduais e 
federais, componentes da Agência Brasileira de Inteligência, membros de corregedorias, por 
exemplo). Consoante a doutrina mais abalizada, verifica-se que a ação controlada permite, por 
exemplo, situação nas quais não se prenderá em flagrante, não se cumprirá mandado de prisão 
preventiva ou de prisão temporária, bem como não se cumprirá ordem de sequestro e 
apreensão de bens. A ação controlada é algo mais amplo do que o simples flagrante prorrogado. 
No que tange à necessidade de prévia autorização legal para a adoção do procedimento, o art. 
8º, §1º, da Lei nº 12.850/13 aduz que o retardamento da intervenção policial ou administrativa 
será previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites 
e comunicará ao Ministério Público. O entendimento prevalente acerca da autorização judicial 
é no sentido de que ela é desnecessária, já que a norma alude apenas à necessidade de prévia 
comunicação à autoridade judiciária competente. Logo, se norma prevê que o retardamento da 
intervenção policial ou administrativa será apenas comunicado previamente ao juiz 
competente, pode-se concluir que sua execução independe de autorização judicial. 
GABARITO DA BANCA EXAMINADORA: Conforme o art. 8.º da Lei n.º 12.850/2013, consiste a 
ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada 
por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e 
acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz para a 
formação de provas e a obtenção de informações. Trata-se de uma regra que excepciona a prisão 
em flagrante, obrigatória para a autoridade policial e seus agentes, permitindo, assim, postergar 
a sua realização. Quanto ao seu alcance, o art. 8.º da referida lei, que não restringe o 
procedimento às ações policiais, faz expressa menção às intervenções administrativas (receitas 
estaduais e federais, componentes da Agência Brasileira de Inteligência, membros de 
corregedorias, por exemplo). Segundo lição de Luiz Flávio Gomes e Marcelo Rodrigues da Silva, 
na obra Organizações criminosas e técnicas especiais de investigação (Salvador: Juspodivum, 
2015), não se trata apenas do flagrante ou de retardar o flagrante. São hipóteses de não prender 
em flagrante, não cumprir mandado de prisão preventiva, não cumprir mandado de prisão 
temporária, não cumprir ordem de sequestro e apreensão de bens. A ação controlada é algo 
mais amplo do que o simples flagrante prorrogado. Observação: será apenado o candidato que 
nominar a ação controlada como flagrante diferido ou retardado ou prorrogado, uma vez que 
este aspecto não será levado em consideração para fins de correção. Quanto à necessidade de 
prévia autorização legal para a adoção do procedimento, assim dispôs o parágrafo 1.º do art. 8.º 
da Lei n.º 12.850/2013: Art. 8.º (...) parágrafo1.º – O retardamento da intervenção policial ou 
Vinicius Silva, Cláudio Bandel Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade, Allan Mattos
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administrativa será previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá 
os seus limites e comunicará ao Ministério Público. A esse respeito, Luiz Flávio Gomes e Marcelo 
Rodrigues da Silva, em entendimento minoritário, asseveram que o procedimento policial 
depende de prévia autorização judicial, pois a autoridade policial não teria legitimidade para a 
medida. Discorda de tal posicionamento, em consonância com a maioria dos autores brasileiros, 
Renato Brasileiro Lima, na obra Legislação especial criminal comentada (4.ª ed., Salvador: 
Juspodivum, 2016), à necessidade de prévia autorização judicial. Refere-se tão somente à 
necessidade de prévia comunicação à autoridade judiciária competente. Aliás, até mesmo por 
uma questão de lógica, se o dispositivo legal prevê que o retardamento da intervenção policial 
ou administrativa será apenas comunicado previamente ao juiz competente, o referido 
entendimento é, também, defendido por alguns ministros do STJ. 
 
Questão: Com o advento da Lei 13.964/2019, diversas mudanças substanciais foram levadas a 
efeito no processo penal. Não diferente ocorreu com a execução penal. Discorra sobre o regime 
e estabelecimento de cumprimento de pena conferido às organizações criminosas com base no 
princípio da individualização da pena. 
Comentários: 
✓ Individualização 
✓ Taxatividade (“outros benefícios prisionais”) 
✓ Proporcionalidade 
Lei 12.850/2013 
Art. 2º § 8º: As lideranças de organizações criminosas armadas ou que tenham armas à 
disposição deverão iniciar o cumprimento da pena em estabelecimentos penais de segurança 
máxima. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
Art. 2º § 9º: O condenado expressamente em sentença por integrar organização criminosa ou 
por crime praticado por meio de organização criminosa não poderá progredir de regime de 
cumprimento de pena ou obter livramento condicional ou outros benefícios prisionais se 
houver elementos probatórios que indiquem a manutenção do vínculo associativo. (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019) 
Sugestão de Resposta: Com o advento da Lei 13.964/2019, diversas mudanças substanciais 
foram levadas a efeito no processo penal. Não diferente ocorreu com a execução penal que, 
dentre outrasalterações, repaginou totalmente o artigo 112 da LEP e revogou o artigo 2º, §2º 
da Lei nº 8.072/90, de modo a instituir novos parâmetros para a progressão de regime que 
passa agora a ser calculada por meio de percentuais. 
O primeiro óbice é o princípio da individualização da pena. A previsão legal contraria 
entendimento do Supremo Tribunal Federal, diversas vezes manifesto, contrário às previsões 
de hipóteses genéricas de vedação a progressão de regime (HC 82.959-7/SP, j. 23/2/2006), a 
liberdade provisória (HC 10.433-9/SP, j. 11/5/2012), a pena restritiva de direitos (HC 9.725-
6/RS, j. 01/9/2010) ou a regime inicial distinto do fechado (HC 11.184-0/ES, J. 27/6/2012). Em 
todas as ocasiões, considerou-se haver violação à individualização da pena porque ela também 
está prevista na vinculação à fixação do regime, em cotejo às circunstâncias judiciais do artigo 
Vinicius Silva, Cláudio Bandel Tusco, Luiz Godoy, Oto Andrade, Allan Mattos
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59 do Código Penal, como entendeu o Ministro Relator Marco Aurélio, ao argumentar que a 
atenção à individualização da pena, prevista no art. 5º da Constituição Federal, deve também se 
aplicar à fase de execução da pena, sendo inviável afastar a possibilidade de progressão do 
respectivo regime de cumprimento. 
Em realidade, dentre as alterações legislativas promovidas pela Lei 13.964/2019, o 
recrudescimento dos institutos que envolvem a execução das penas privativas de liberdade se 
destaca pelo seu potencial impacto no sistema carcerário. A execução penal se tornou terreno 
fértil para a concretização do Pacote Anticrime: o silêncio que se estruturou diante da espantosa 
indeterminação sobre a natureza jurídica e conteúdo desta área deu azos à maleabilidade, à 
instabilidade e à precariedade de seus conceitos. 
No plano jurídico-constitucional, vedar a progressão de regime, o livramento condicional e 
“outros benefícios prisionais” se houver “elementos probatórios que indiquem a manutenção 
do vínculo associativo” com organização criminosa é previsão frágil tanto do ponto de vista dos 
requisitos que traz, como do prisma da consequência final. 
São dois os requisitos para incidência do veto geral. Primeiramente, o reconhecimento expresso 
em sentença de que se trata de integrante de organização criminosa ou de que o crime foi 
praticado por meio de organização criminosa. Desde logo, em caso de pluralidade de 
condenações e unificação de penas, é ilegal cogitar ampliar a vedação às condenações nas quais 
não conste esse reconhecimento expresso. 
Em segundo lugar, exige-se a existência de “elementos probatórios” que “indiquem a 
manutenção do vínculo associativo”. Parece haver aqui confusão conceitual, restando dúvidas 
acerca da natureza do elemento cognitivo apto a ensejar a vedação à progressão: afinal, trata-se 
de prova ou de indícios? De toda forma, a lei não explica como se produziriam os “elementos 
probatórios indicativos” da “manutenção do vínculo associativo”. Obviamente só há natureza de 
prova se houver contraditório e intervenção judicial, com respeito ao procedimento legal, nos 
casos de utilização de “informantes” ou interceptações telefônicas. 
Olhando para a consequência final a suspensão da possibilidade de progressão, livramento 
condicional ou quaisquer outros benefícios prisionais, há argumentos consistentes pela 
incompatibilidade da regra legal com princípios constitucionais. 
O primeiro óbice é o princípio da individualização da pena. A previsão legal contraria 
entendimento do Supremo Tribunal Federal, diversas vezes manifesto, contrário às previsões 
de hipóteses genéricas de vedação a progressão de regime (HC 82.959-7/SP, j. 23/2/2006), a 
liberdade provisória (HC 10.433-9/SP, j. 11/5/2012), a pena restritiva de direitos (HC 9.725-
6/RS, j. 01/9/2010) ou a regime inicial distinto do fechado (HC 11.184-0/ES, J. 27/6/2012). Em 
todas as ocasiões, considerou-se haver violação à individualização da pena porque ela também 
está prevista na vinculação à fixação do regime, em cotejo às circunstâncias judiciais do artigo 
59 do Código Penal, como entendeu o Ministro Relator Marco Aurélio, ao argumentar que a 
atenção à individualização da pena, prevista no art. 5º da Constituição Federal, deve também se 
aplicar à fase de execução da pena, sendo inviável afastar a possibilidade de progressão do 
respectivo regime de cumprimento. 
 
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SUGESTÃO DE RESPOSTA: De acordo com o art. 8º da Lei nº 12.850/13, entende-se por ação 
controlada como sendo a prática de retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à 
ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação 
e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz para a 
formação de provas e a obtenção de informações. Cuida-se de uma regra que excepciona a prisão 
em flagrante, obrigatória para a autoridade policial e seus agentes, que permite postergar a sua 
realização. Quanto ao seu alcance, o art. 8º da referida lei, que não restringe o procedimento às 
ações policiais, faz expressa menção às intervenções administrativas (receitas estaduais e 
federais, componentes da Agência Brasileira de Inteligência, membros de corregedorias, por 
exemplo). Consoante a doutrina mais abalizada, verifica-se que a ação controlada permite, por 
exemplo, situação nas quais não se prenderá em flagrante, não se cumprirá mandado de prisão 
preventiva ou de prisão temporária, bem como não se cumprirá ordem de sequestro e 
apreensão de bens. A ação controlada é algo mais amplo do que o simples flagrante prorrogado. 
No que tange à necessidade de prévia autorização legal para a adoção do procedimento, o art. 
8º, §1º, da Lei nº 12.850/13 aduz que o retardamento da intervenção policial ou administrativa 
será previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites 
e comunicará ao Ministério Público. O entendimento prevalente acerca da autorização judicial 
é no sentido de que ela é desnecessária, já que a norma alude apenas à necessidade de prévia 
comunicação à autoridade judiciária competente. Logo, se norma prevê que o retardamento da 
intervenção policial ou administrativa será apenas comunicado previamente ao juiz 
competente, pode-se concluir que sua execução independe de autorização judicial. 
GABARITO DA BANCA EXAMINADORA: Conforme o art. 8.º da Lei n.º 12.850/2013, consiste a 
ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada 
por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e 
acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz para a 
formação de provas e a obtenção de informações. Trata-se de uma regra que excepciona a prisão 
em flagrante, obrigatória para a autoridade policial e seus agentes, permitindo, assim, postergar 
a sua realização. Quanto ao seu alcance, o art. 8.º da referida lei, que não restringe o 
procedimento às ações policiais, faz expressa menção às intervenções administrativas (receitas 
estaduais e federais, componentes da Agência Brasileira de Inteligência, membros de 
corregedorias, por exemplo). Segundo lição de Luiz Flávio Gomes e Marcelo Rodrigues da Silva, 
na obra Organizações criminosas e técnicas especiais de investigação (Salvador: Juspodivum, 
2015), não se trata apenas do flagrante ou de retardar o flagrante. São hipóteses de não prender 
em flagrante, não cumprir mandado de prisão preventiva, não cumprir mandado de prisão 
temporária, não cumprir ordem de sequestro e apreensão de bens. A ação controlada é algo 
mais amplo do que o simples flagranteprorrogado. Observação: será apenado o candidato que 
nominar a ação controlada como flagrante diferido ou retardado ou prorrogado, uma vez que 
este aspecto não será levado em consideração para fins de correção. Quanto à necessidade de 
prévia autorização legal para a adoção do procedimento, assim dispôs o parágrafo 1.º do art. 8.º 
da Lei n.º 12.850/2013: Art. 8.º (...) parágrafo1.º – O retardamento da intervenção policial ou 
administrativa será previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá 
os seus limites e comunicará ao Ministério Público. A esse respeito, Luiz Flávio Gomes e Marcelo 
Rodrigues da Silva, em entendimento minoritário, asseveram que o procedimento policial 
depende de prévia autorização judicial, pois a autoridade policial não teria legitimidade para a 
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medida. Discorda de tal posicionamento, em consonância com a maioria dos autores brasileiros, 
Renato Brasileiro Lima, na obra Legislação especial criminal comentada (4.ª ed., Salvador: 
Juspodivum, 2016), à necessidade de prévia autorização judicial. Refere-se tão somente à 
necessidade de prévia comunicação à autoridade judiciária competente. Aliás, até mesmo por 
uma questão de lógica, se o dispositivo legal prevê que o retardamento da intervenção policial 
ou administrativa será apenas comunicado previamente ao juiz competente, Tal entendimento 
é, também, defendido pelo STJ. 
 
Questão: No início do ano de 2020, a Polícia Federal cumpriu mandados de prisão e busca e 
apreensão relacionados a uma investigação de um grupo organizado de pedófilos que se 
utilizada da internet para a troca de milhares de imagens de pornografia infantil. Segundo 
levantamentos o grupo era formado por dezenas de pessoas, estruturalmente ordenada e 
caracterizada pela divisão de tarefas. Dentre os componentes da organização criminosa, foram 
identificados e presos 15 indivíduos. RAUL era um dos indivíduos que integravam a organização 
criminosa, liderada por MÁRIO, ambos presos na operação. Ainda no curso das investigações, 
RAUL, por meio do seu advogado, foi o primeiro dentre os integrantes da organização a procurar 
a Polícia Federal para realização de um acordo, permitindo, com as suas informações, a 
identificação dos demais integrantes da organização criminosa e a recuperação de parte do 
proveito das infrações penais praticadas pela organização. O pedido de homologação do acordo 
de colaboração premiada foi sigilosamente distribuído ao juiz competente. Diante do caso 
prático acima exposto, discorra sobre a possibilidade da realização da colaboração premiada 
pela Polícia Federal, bem como os requisitos para a celebração do acordo. 
Comentários: 
Da Colaboração Premiada 
Requisitos 
a) voluntariedade 
* Espontaneidade 
b) Eficácia 
Legitimados 
* ADI 5508 
Da Colaboração Premiada (ADIN 5508) 
Art. 4, § 2o Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer 
tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério 
Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao 
colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, 
no que couber, o art. 28 do CPP. 
Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é negócio jurídico processual e meio de obtenção 
de prova, que pressupõe utilidade e interesse públicos. 
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Art. 3º-B. O recebimento da proposta para formalização de acordo de colaboração demarca o 
início das negociações e constitui também marco de confidencialidade, configurando violação 
de sigilo e quebra da confiança e da boa-fé a divulgação de tais tratativas iniciais ou de 
documento que as formalize, até o levantamento de sigilo por decisão judicial. (Incluído pela 
Lei nº 13.964, de 2019) 
 
Sugestão de Resposta: No tocante a legitimidade do delegado de polícia propor o acordo de 
colaboração premiada, o Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou improcedente pedido 
formulado em ação direta para assentar a constitucionalidade dos §§ 2º e 6º do art. 4º, da Lei 
12.850/2013, a qual define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os 
meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal. Prevaleceu 
o voto do ministro relator, no sentido de que o delegado de polícia pode formalizar acordos de 
colaboração premiada, na fase de inquérito policial, respeitadas as prerrogativas do Ministério 
Público, o qual deverá se manifestar, sem caráter vinculante, previamente à decisão judicial. 
Embora o Ministério Público seja o titular da ação penal de iniciativa pública, não o é do direito 
de punir. A delação premiada não retira do órgão a exclusividade da ação penal. Nos termos do 
art. 3º-A, o acordo de colaboração premiada é negócio jurídico processual, cuja natureza jurídica 
trata-se de meio de obtenção de prova. O sigilo do procedimento nasce desde a proposta, se ela 
não for indeferida sumariamente. Desta forma, é celebrado um termo de confidencialidade 
entre o investigado/réu X delegado/Ministério Público, um termo em que todos assumem a 
responsabilidade sobre o sigilo, podendo inclusive responder criminalmente em caso de 
descumprimento. Importante destacar que o termo de recebimento de proposta de colaboração 
e de confidencialidade serão elaborados pelo celebrante e assinados por ele, pelo colaborador e 
pelo advogado ou defensor público com poderes específicos. Por sua vez, o acordo de 
colaboração premiada e os depoimentos do colaborador serão mantidos em sigilo até o 
recebimento da denúncia ou da queixa-crime, sendo vedado ao magistrado decidir por sua 
publicidade em qualquer hipótese. 
Questão: A criminalidade organizada cada vez mais se utiliza da tecnologia para a realização da 
empreitada criminosa, em especial no tocante ao uso da Rede Mundial Computadores para o 
modus operandi. Discorra sobre o instituto da infiltração de agentes, em especial no tocante às 
novidades da Lei 13.964/2019. 
Comentários: 
(Lei 12.850/2013) 
Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação, representada pelo 
delegado de polícia ou requerida pelo Ministério Público, após manifestação técnica do delegado 
de polícia quando solicitada no curso de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, 
motivada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá seus limites. 
Art. 10-A. Será admitida a ação de agentes de polícia infiltrados virtuais, obedecidos os 
requisitos do caput do art. 10, na internet, com o fim de investigar os crimes previstos nesta Lei 
e a eles conexos, praticados por organizações criminosas, desde que demonstrada sua 
necessidade e indicados o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas 
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investigadas e, quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que permitam a 
identificação dessas pessoas. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
Prazos da infiltração de agentes no ordenamento jurídico: 
a) Lei 12.850 (6 meses, prorrogáveis) 
b) Lei 13.441 (90 dias - até 720 dias) 
c) Art. 10-A, § 4º (6 meses - até 720dias) 
Art. 10-A. § 6º No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá determinar aos seus 
agentes, e o Ministério Público e o juiz competente poderão requisitar, a qualquertempo, 
relatório da atividade de infiltração. § 7º É nula a prova obtida sem a observância do disposto 
neste artigo. 
Art. 10-C. Não comete crime o policial que oculta a sua identidade para, por meio da internet, 
colher indícios de autoria e materialidade dos crimes previstos no art. 1º desta Lei. Parágrafo 
único. O agente policial infiltrado que deixar de observar a estrita finalidade da investigação 
responderá pelos excessos praticados. 
Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação, a devida proporcionalidade com a finalidade 
da investigação, responderá pelos excessos praticados. Parágrafo único. Não é punível, no 
âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado no curso da investigação, quando 
inexigível conduta diversa. 
Sugestão de Resposta: A infiltração de agentes nada mais é do que a introdução de agente 
público de forma dissimulada em organizações criminosas, associações ou ainda em 
determinadas hipóteses com a finalidade de obtenção de provas no sentido de desarticular de 
forma eficaz organização criminosa. Com a promulgação da Lei 13.441/2017, a qual promoveu 
alterações na Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), para prever a infiltração de 
agentes de polícia na internet com o fim de investigar crimes contra a dignidade sexual de 
criança e de adolescente. Alterou-se, portanto o ECA promovendo a inserção dos preceitos 
contidos nos artigos 190-A, 190-B, 190-C, 190-D e 190-D. A infiltração virtual prevista na Lei 
13.441/17 poderá ser operacionalizada para o enfrentamento a crimes graves a exemplo dos 
crimes de invasão de dispositivo informático, estupro de vulnerável, corrupção de menores, 
satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente e favorecimento da 
prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável. 
 Assim, a utilidade maior da infiltração policial cibernética reside no uso de identidade fictícia 
para coletar informações sigilosas (privadas, em relação às quais há expectativa de privacidade) 
e na penetração em dispositivo informático do criminoso a fim de obter provas. Dentro dessa 
temática, importante ressaltar que o procedimento mais detalhado de infiltração de agentes 
previsto na Lei 12.850/13, pode e deve ser utilizado para complementar a previsão legal 
da infiltração virtual de agentes. Em outras palavras, a infiltração virtual seria apenas uma 
espécie do gênero infiltração de agentes. Assim, poderão ser deflagradas operações de 
investigação mediante a utilização da figura do agente infiltrado dentro do ambiente virtual da 
internet, mesmo em não se tratando de hipótese concreta de atuação de uma organização 
criminosa. 
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De se destacar que a nova modalidade de infiltração a qual podemos denominar como “virtual”, 
deverá ser levada a efeito por agente policial devidamente treinado para tal desígnio, devendo 
este apresentar aspectos psicológicos condizentes com a complexidade da operação, perfil 
intelectual adequado para o correto desempenho das tarefas inerentes ao plano operacional, 
conhecimentos avançados em matéria cibernética e capacidade de inovar em situações de 
extrema fragilidade no tocante ao sigilo do trabalho encoberto. 
Caberá ao mesmo obter a confiança daquelas pessoas envolvidas na trama delitiva e após o uso 
de meios e técnicas de dissimulação no meio virtual, conseguir obter dados e informações 
acerca da prática de delitos graves (mencionados na nova lei), visando a deflagração a 
posteriori de um plano de desarticulação e persecução aos eventuais delinquentes ou membros 
de uma determinada organização criminosa. De início, deverá haver autorização judicial 
devidamente circunstanciada e fundamentada, explicitando os limites para a obtenção da prova. 
Nesse aspecto, andou bem o legislador pátrio, vez que acorde com uma concepção garantista do 
processo penal, nada mais lógico do que nortear a atuação do magistrado a explicitação de sua 
decisão sob o manto da justificação das razões de decidir (imperativo constitucional do art. 93, 
IX, da CF). 
Na mesma linha, deverá ser ouvido o Ministério Público quando a representação tiver origem 
em solicitação formulada pela autoridade policial. A legitimidade para o pedido de infiltração 
poderá partir tanto do Ministério Público (via de requerimento) ou do delegado de polícia (via 
representação). Uma falha a ser apontada na nova Lei 13.441/17 diz respeito a ausência de 
exigência de “manifestação técnica” da autoridade policial quando o pedido for formulado pelo 
representante do parquet. Ora, poder-se-ia ter o legislador utilizado da mesma linha de 
raciocínio da Lei 12.850/13 (art. 10, caput), vez que a menção e exigência de manifestação 
técnica do delegado de polícia se traduz em requisito primordial e imperioso ao êxito da 
operação de infiltração. 
Outra observação de interesse diz respeito ao prazo de 90 (noventa) dias, cujo limite não poderá 
ser excedido, salvo em caso de eventuais renovações, e ainda desde que não ultrapasse no seu 
total o lapso temporal de 720 (setecentos e vinte) dias. Haveria em todo caso a necessidade de 
demonstração por parte do órgão solicitante, da efetiva necessidade de operacionalização da 
infiltração virtual. O prazo inicial de 90 (noventa) dias nos parece razoável, vez que cada 
operação encoberta apresentará particularidades que podem ao fim justificar a elasticidade ou 
não desse lapso temporal previsto em lei. Nessa mesma linha de intelecção, as renovações são 
permitidas como consectário lógico ao desenvolvimento da complexa operação de infiltração. 
Diante do exposto, parece ter falhado o legislador ao prever no art. 190-A, III, da Lei 8.069/90 
(com as alterações promovidas pela Lei 13.441/17), o prazo máximo dessas prorrogações, 
fixando um patamar único e fechado de 720 (setecentos e vinte) dias para a conclusão da 
operação de investigação. Ora, é cediço dentre aqueles que conhecem o mínimo sobre 
investigações criminais, que cada situação concreta apresenta suas particularidades e nuances, 
devendo ser lembrada a situação esdrúxula de uma investigação focada em uma estruturada e 
poderosa rede de pedofilia, portanto, verdadeira organização criminosa transnacional, na qual 
o órgão de persecução se veja prestes a concluir o trabalho investigativo em data próxima ao 
prazo limite de 720 (setecentos e vinte) dias. 
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O texto da Lei 12.850/13, bem como da maioria dos ordenamentos jurídicos que tratam do 
tema, ao fixarem um prazo inicial razoável, porém, permitindo quantas forem as prorrogações, 
desde que a autoridade solicitante demonstre perante o juiz da causa, as razões técnicas e 
operacionais que possam justificar a continuidade do trabalho de busca de dados e informações 
sobre os delitos graves praticados em detrimento da dignidade sexual de criança e adolescente. 
Cumpre papel relevante nesse contexto, a análise do caso concreto a luz do princípio da 
proporcionalidade, o qual pode ser compreendido como um verdadeiro critério que busca 
estabelecer os limites a intervenção do agente infiltrado virtual na busca da verdade, 
equilibrando-se os interesses do Estado e os direitos das pessoas que figuram como 
investigadas. Nos referimos ao reconhecido e compatibilização do binômio garantia-eficiência. 
Outra nota de destaque no texto da Lei 13.441/17 condiz com o reconhecimento do princípio 
da ultima ratio, exigindo-se que a infiltração dos agentes policiais virtuais só ocorra se a prova 
não puder ser obtida por outros meios menos invasivosa direitos e garantias individuais. 
Por esta razão, em conformidade com o § 3º, se poderá admitir que como toda medida suscetível 
de restrição de direitos fundamentais, deverá a infiltração de agentes apresentar um caráter 
excepcional, sendo adotada somente na hipótese de inexistência de outros meios de obtenção 
de provas. 
Acertou a nova lei ao prever que as informações da operação deverão ser encaminhadas 
diretamente ao juiz responsável pela operação, visando com isso concretizar e garantir o sigilo 
necessário a esta técnica de investigação (art. 190-B, caput, do ECA). 
Cite-se a título de comparação que a Lei 12.850/13, fez constar expressamente no § único do 
art. 13, que não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado no 
curso da investigação, quando inexigível conduta diversa. E mais grave ainda. Seria a conduta 
do infiltrado no sentido de ocultar a sua identidade no mundo virtual, infração penal prevista 
no ordenamento jurídico brasileiro? Não em nossa opinião. 
Limitou-se o legislador a apontar que o agente policial infiltrado que deixar de observar a estrita 
finalidade da investigação responderá pelos excessos praticados (art. 190-C, § único do ECA, 
com a alteração promovida pela Lei 13.441/17). 
Por fim, restou positivamente consignado na lei reguladora do agente infiltrado virtual que 
concluída a investigação, todos os atos eletrônicos praticados durante a operação deverão ser 
registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público, juntamente 
com o relatório circunstanciado. 
Consectário lógico, deverá ao fim da operação encoberta, assegurar-se a identidade do infiltrado 
e das crianças e adolescentes envolvidos no caso sob investigação (art. 190-E, do ECA, 
introduzido por força da Lei 13.441/17). 
 
Questão: A intimidade, privacidade, honra e imagem são direitos individuais corolários do 
princípio da dignidade da pessoa humana. Com base no entendimento doutrinário e dos 
tribunais superiores discorra sobre a clausula de reserva de jurisdição e a legitimidade do 
Delegado de Polícia ter acesso a dados sigilosos de ofício. 
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Do Acesso a Registros, Dados Cadastrais, Documentos e Informações 
Lei do Crime Organizado 
Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso, independentemente de 
autorização judicial, apenas aos dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente 
a qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas 
telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão de 
crédito. 
Lei de Lavagem de Dinheiro 
Art. 17-B. A autoridade policial e o Ministério Público terão acesso, exclusivamente, aos dados 
cadastrais do investigado que informam qualificação pessoal, filiação e endereço, 
independentemente de autorização judicial, mantidos pela Justiça Eleitoral, pelas empresas 
telefônicas, pelas instituições financeiras, pelos provedores de internet e pelas administradoras 
de cartão de crédito. (Artigo acrescido pela Lei nº 12.683, de 9/7/2012) 
Sugestão de resposta: No âmbito da persecução penal, o legislador atribuiu ao delegado de 
polícia a possibilidade de adotar de ofício uma série de medidas, a exemplo da prisão em 
flagrante (artigo 304 do CPP), a liberdade provisória com fiança (artigo 322 do CPP), a 
apreensão de bens (artigo 6º, II do CPP), a requisição de perícias, objetos e documentos (artigo 
6º, VII do CPP e artigo 2º, §2º da Lei 12.830/13), a requisição de dados cadastrais (artigo 15 da 
Lei 12.850/13, artigo 17-B da Lei 9.613/98, artigo 10, §3º da Lei 12.965/14 e artigo 13-A do 
CPP), a requisição de dados telefônicos de localização (ERB’s) após decurso de 12 horas sem 
decisão judicial (artigo 13-B do CPP), a busca pessoal (artigo 240, §2º do CPP), a condução 
coercitiva (artigo 201, §1º, 218, 260 e 278 do CPP), a ação controlada no crime organizado 
(artigo 8º, §1º da Lei 12.850/13), terrorismo (artigo 16 da Lei 13.260/16) e tráfico de pessoas 
(artigo 9º da Lei 13.344/16), o aceite de colaboração de detetive particular (artigo 5º, parágrafo 
único da Lei 13.432/17) e o afastamento de servidor público mediante indiciamento por crime 
de lavagem de capitais (artigo 17-D da Lei 9.613/98). O legislador pode inclusive ampliar esse 
rol de atribuições, desde que não haja reserva absoluta de jurisdição estampada na Constituição. 
Dessa forma, nem sempre os atos investigatórios devem possuir chancela prévia do Judiciário. 
Não se extrai da Constituição ou da legislação infraconstitucional a necessidade de autorização 
judicial para qualquer requisição ou análise de bens e dados pelo Estado-Investigação, na 
salutar atividade de construção da verdade. Por sua vez, as informações que evidenciam 
aspectos personalíssimos dos cidadãos são sigilosas e dependem de ordem judicial, uma vez que 
a Constituição Federal protege a intimidade e a vida privada (artigo 5º, X da CF), que abrangem 
uma série de dados pessoais (a exemplo dos bancários e fiscais e de internet), e também a 
comunicação de dados (artigo 5º, XII da CF), seja telefônica, telemática ou por outro meio. O 
sigilo não se confunde com cláusula de reserva de jurisdição. O fato de o dado ser sigiloso, por 
dizer respeito à intimidade e vida privada, não significa que necessariamente demande prévia 
ordem judicial para ser acessado. Diferentemente da comunicação de dados, a Constituição não 
pediu obrigatoriamente outorga judicial para acesso aos dados em si, não permitindo que a 
privacidade se equiparasse a uma intangibilidade informacional que inviabilizasse a persecução 
penal. Assim, os dados cadastrais registrados em bancos de dados (públicos ou privados), trata-
se de informações referentes à identidade (nome, nacionalidade, naturalidade, data de 
nascimento, estado civil, profissão, RG, CPF, filiação e endereço), não revelando aspectos 
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profundos da vida privada ou da intimidade do indivíduo, estando mais distantes desse núcleo 
de proteção. Os órgãos públicos e privados possuem o dever de fornecerem tais informações à 
Polícia Judiciária e ao Ministério Público independentemente de ordem judicial (artigo 2º, §2º 
da Lei 12.830/13, artigo 15 da Lei 12.850/13, artigo 17-B da Lei 9.613/98 e artigo 10, §3º da 
Lei 12.965/14 e artigo 13-A do CPP). 
Ou seja, o legislador ordinário pode perfeitamente admitir o acesso direto, por algumas 
autoridades (mediante poder requisitório) e no interesse da investigação criminal, a certos 
dados sigilosos. Esse acesso direto pela autoridade estatal não ocorre por simples curiosidade 
e não torna o torna público o dado, não lhe retirando o segredo. Em outras palavras, o 
conhecimento da informação pelo Estado-Investigação não acarreta sua publicização, que 
continuará longe dos olhos de curiosos. Tais dados não são blindados por um sigilo tão rígido 
que exija ordem judicial para ser quebrado, e ao mesmo tempo não são completamente 
desprovidos de segredo (não são públicos) — ficando inacessíveis à população em geral. Longe 
de configurar mero capricho estatal, traduz o cumprimento do dever de investigação criminal e 
garantia da segurança pública, sem olvidar dos direitos fundamentais. 
 
DELEGADO DE POLÍCIA – PCRS – 2018 - FUNDATEC 
Analise a seguinte situação hipotética: Em junho de 2018, a Polícia Civil, através da Delegada de 
Polícia Louise, instaurou inquérito policial para apurar os crimes inerentes à lei de lavagem de 
capitais e organização criminosa, tendo em vista relatos indicativosde que Robert Girou, 
empresário do ramo frigorífico, estaria ocultando e dissimulando aproximadamente quinze 
milhões de reais em contas bancárias e em outros bens móveis, todos situados no Brasil e por 
intermédio de quatro pessoas físicas, "laranjas", Todo o contexto do caso penal teve origem e 
desenvolvimento exclusivamente no tráfico de drogas e jogos de azar (...)No transcurso das 
atividades investigativas, agentes policiais da Delegacia de Polícia de São Rouen se deslocaram 
até o restaurante Bon Bouffe no município de Saint-Syr, e lograram êxito na abordagem e 
identificação do casal Jean Paul (pedreiro, renda mensal de quatro salários mínimos) e Valery 
Hugon (empregada doméstica, renda mensal de três salários mínimos-), ambos brasileiros 
natos, moradores do município de Saint-Syr (município vizinho ao município de São Rouen e 
sem órgão policial) e considerados como agenciadores dos "laranjas" para Richard Beau, tendo 
este a função na distribuição das máquinas de jogos, pontos de venda de drogas em locais com 
máquinas de jogos e dos valores arrecadados para as contas das pessoas físicas "laranjas (...) 
Neste momento, o casal estaria na posse de dois colares de ouro de 18 quilates, avaliados em 
cento e cinquenta mil reais cada. Assim, diante dos fatos, os agentes policiais apresentaram a 
situação na Delegacia de Polícia de São Rouen à Delegada de Polícia Louise. Com base na 
legislação brasileira vigente e na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, levando em 
consideração as temáticas dos meios de obtenção de provas, das medidas cautelares, dos meios 
de prova e dos atos de polícia judiciária, aponte, fundamentadamente, qual(is). 
Sugestão de Resposta: No caso em apreço, em que o casal foi flagrado, em tese, incidindo no 
crime permanente de lavagem de dinheiro, previsto no art. 1º da Lei nº 9.613/98, na posse de 
bens cuja propriedade vinha dissimulada/ocultada, deveria a Delegada de Polícia determinar a 
lavratura do respectivo auto de prisão em flagrante. Para tanto, imperiosa a observância dos 
requisitos legais dos arts. 302, 304 e 306 do CPP. Dever-se-ia, então, ouvir os policiais 
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condutores, colhendo as assinaturas e fornecendo recibo de entrega dos presos e, em seguida, 
ouvir eventuais testemunhas e proceder ao interrogatório dos acusados. Além disso, comunicar 
imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família dos presos ou pessoa por 
eles indicada. Por ocasião da lavratura do Auto de Prisão em Flagrante, indispensável, 
outrossim, a entrega da nota de culpa aos presos, esclarecendo a razão da prisão, o nome dos 
condutores e das testemunhas, com o fundamento legal respectivo, além do encaminhamento 
de cópia à Defensoria Pública, no caso de não terem sido assistidos ou de não terem nominado 
advogado no ato, tudo em até vinte e quatro horas da conclusão. Em se tratando de prisão em 
flagrante, a Delegada tem obrigação de avaliar o cabimento da liberdade provisória mediante 
fiança, que, para o caso em questão, em que o crime é punido com pena máxima superior a 
quatro anos, não é admitida, ao menos na fase policial, conforme disposto no art. 322 do CPP. 
Ademais, verificam-se a pertinência e o cabimento da prisão preventiva do casal flagrado e de 
Richard Beau e Robert Girou, o que demandaria a representação da autoridade policial, com 
base nos arts. 311 a 313 do CPP. Ainda com fulcro no art. 6º do CPP, a autoridade policial, além 
dos depoimentos e do interrogatório, deveria determinar a apreensão de todos os objetos 
envolvidos na ocorrência: veículos, joias, telefones, etc. Quanto aos telefones celulares 
apreendidos, é pacífico no âmbito do STF que é possível a verificação das chamadas recebidas e 
efetuadas, no contexto da prisão em flagrante, sendo indispensável a autorização judicial apenas 
para acessar o conteúdo de mensagens ou outros dados, impondo-se a representação policial 
para tal intento, especificamente para o aparelho celular de Jean Paul. Uma vez que se constatou 
ligação promovida por Robert Girou, e de posse do número utilizado por este, imperiosa a 
representação policial pela interceptação telefônica respectiva, com o intuito de obter outras 
informações e auxiliar na descoberta de outros dados que interessem à investigação, invocando-
se a Lei nº 9.296/96. Pela natureza dos delitos em apuração, mostra-se oportuna a proposta de 
colaboração premiada para Jean Paul e Valery Hugon, viabilizando-se, assim, a delação por parte 
destes laranjas acerca da participação dos demais integrantes da organização criminosa, 
esclarecendo a estrutura e a dinâmica de toda a sorte de delitos orquestrados na célula 
criminosa (arts. 4º a 7º da Lei nº 12.850/13), bem como a representação pela quebra dos sigilos 
fiscal e bancário de todos os investigados, com o intuito de demonstrar a incompatibilidade 
patrimonial e as discrepâncias dos valores eventualmente administrados pelos suspeitos. 
 
DELEGADO DE POLÍCIA – PCRS – 2018 - FUNDATEC 
Analise o seguinte excerto: A conduta criminosa denominada "lavagem de dinheiro é tema 
frequente das manchetes atuais. Sua origem adveio da necessidade de narcotraficantes de 
“esquentar” dinheiro proveniente do tráfico de drogas. A Lei 9.613/1998, posteriormente 
editada pela Lei 12.683/2012, honrou um compromisso brasileiro, assumido no âmbito 
internacional, no sentido de incriminar penalmente os envolvidos na lavagem de dinheiro, entre 
outros objetivos Assim, a denominada Lei de Lavagem de Capitais tipifica diversas condutas 
como crime de lavagem de dinheiro e, para a configuração de algumas dessas condutas, tem sido 
suscitada a aplicação de uma teoria de origem estrangeira. Identifique essa teoria e sua origem, 
apontando a aplicabilidade, substrato, seus requisitos, usando, para tanto, argumentos 
doutrinários e jurisprudenciais. 
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Sugestão de resposta: Trata-se da Teoria da Cegueira Deliberada ou Teoria das Instruções de 
Avestruz, que tem origem na Suprema Corte norte-americana. Aludida teoria fundamenta a 
avaliação do elemento subjetivo em delitos como o de lavagem de dinheiro. 
Consoante a teoria, nos casos em que o agente possui consciência de que a origem do dinheiro 
com o qual está lidando é provavelmente ilícita, mas prefere ignorar o fato que os ativos 
possuem origem espúria por todos os indícios demonstrados. Assim, aduz-se que se o agente 
tem condições de obter a ciência sobre a origem ilícita do dinheiro e decide fechar os olhos para 
tal fato, pratica o delito de lavagem de dinheiro. Isso segue a linha do que, segundo o nosso 
sistema normativo, seria o denominado dolo eventual, uma vez que o sujeito estaria assumindo 
o risco de ocultar ou de dissimular dinheiro sujo, proveniente de infração penal. A aplicação da 
Teoria da Cegueira Deliberada possui alguns requisitos, sendo que há divergência doutrinária 
sobre a existência de dois ou três deles para sua utilização. Para os doutrinadores que defendem 
haver três pressupostos, seriam estes: a) o agente suspeita que sua conduta contribuirá para 
um fim ilícito, mas cria barreiras para não obter pleno conhecimento da procedência dos bens; 
b) as informações estão ao alcance do agente, mas ele voluntariamente age para se manter na 
ignorância; e c) atitude deliberada de se manter na ignorância para viabilizar a invocação do 
desconhecimento sobre a natureza do capital. Este terceiro requisito é dispensado por parte da 
doutrina. Na jurisprudência pátria já se encontram precedentes acerca da aplicação da teoria 
da cegueira deliberada. Na esferado STF, destaca-se a relação íntima entre a teoria em questão 
e o instituto do dolo eventual, dispensando-se que a persecução penal pelo crime de lavagem de 
dinheiro dependa da comprovação de que o indivíduo contribuiu para a ocultação ou 
dissimulação dos valores ilícitos com dolo direto. Isso foi amplamente debatido na famosa Ação 
Penal nº 470 (Mensalão). 
 
DELEGADO DE POLÍCIA - PCMT - 2017 - CESPE 
À noite, no retorno para a delegacia, depois de cumpridas outras diligências, policiais civis 
suspeitaram, com razões justificáveis, da ocorrência de tráfico de drogas em determinada 
residência. Imediatamente, entraram à força no local e realizaram busca e apreensão no 
domicílio. Considerando o entendimento do STF, responda, de forma fundamentada, aos 
seguintes questionamentos a respeito da legalidade da entrada na residência e da busca e 
apreensão realizada na situação hipotética acima descrita. 1 - Ao entrarem na residência, 
naquele momento, os policiais agiram de maneira legal? [valor: 1,60 ponto] 2 - Ao realizarem 
busca e apreensão no domicílio, os policiais agiram legalmente? Em que momento ocorre o 
controle judicial desse tipo de ação? [valor: 4,00 pontos] 3 - Caso a ação dos policiais seja 
considerada ilícita, quais serão as consequências dessa ação? valor: 2,00 
 
Comentários: 
 
✓ Art. 5º, XI, da CF/1988 
✓ Hipóteses 
✓ Flagrante e crime permanente 
✓ Jurisprudência 
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Sugestão de Resposta: 1- É possível a entrada domiciliar, no período noturno, sem mandado 
judicial, nas hipóteses permitidas pela Constituição Federal: flagrante delito, desastre, para 
prestar socorro ou com o consentimento do morador. Art. 5.º, XI, CF/1988 – a casa é asilo 
inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo 
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por 
determinação judicial. 2 É possível a busca e apreensão no período noturno, sem mandado 
judicial, quando há situação de flagrante delito. O controle judicial ocorre posteriormente, 
quando a autoridade apresenta as fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori. 3 Se 
a ação for considerada ilícita, o agente ou autoridade poderá ser responsabilizado disciplinar, 
civil e penalmente. Além disso, será possível a nulidade de todos os atos praticados. 
Inviolabilidade de domicílio – art. 5.º, XI, da CF. Busca e apreensão domiciliar sem mandado 
judicial em caso de crime permanente. (...) Fixada a interpretação de que a entrada forçada em 
domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em 
fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre 
situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou 
da autoridade e de nulidade dos atos praticados. (RE 603.616, relator ministro Gilmar Mendes, 
j. 5/11/2015, P, DJe de 10/5/2016, com repercussão geral.) 
STF: A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, 
quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que 
dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil 
e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos atos praticados. (RE 603616 - Repercussão 
Geral – Min. GILMAR MENDES. Pub. 10/05/2016) 
 
DELEGADO DE POLÍCIA – PCGO – 2017 - CESPE 
Defina política criminal (4,5 pontos) e discorra sobre os mecanismos de política criminal 
adotados na Lei de Drogas (Lei 11.343 de 2006) (5 pontos). 
Comentários: 
✓ Usuário X Traficante 
✓ Despenalização 
✓ Penas Alternativas 
✓ Novas figuras típicas 
✓ Tráfico Privilegiado 
✓ Perda de bens 
✓ Descapitalização 
Sugestão de resposta: Política Criminal é uma ciência autônoma que tem por objeto a 
formulação de críticas e de proposições para a reforma do Direito Penal. Baseando-se em 
considerações filosóficas, sociológicas e políticas, e diretamente vinculada à dogmática penal, a 
política criminal busca propor modificações no sistema penal em curso. Para tanto, a política 
criminal avalia a realidade social e auxilia na compreensão do Direito, dos fins a que este visa e 
em sua aplicação aos casos concretos, a partir dos valores que inspiram o ideal de justiça do 
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ordenamento jurídico vigente. Certamente, um dos assuntos que mais sofrem a atenção da 
política criminal são as drogas, notadamente no que tange ao tratamento penal dos usuários, 
assim como ao combate ao tráfico. Nesse sentido, observa-se que a Lei de Drogas (Lei nº 
11.343/06) inovou no ordenamento jurídico, figurando como um resultado de críticas e de 
proposições para o mais eficiente e justo controle da circulação de drogas ilícitas no país. Dentre 
os mecanismos de política criminal da referida norma, há: a) A despenalização da conduta do 
usuário de drogas, na medida que o artigo 28 da Lei de Drogas, que cuida do delito de posse de 
droga para uso próprio, ainda que sem deixar de considerá-lo como crime, não comina a pena 
de prisão, mas advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviço à comunidade e 
medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo; b) a elevação das sanções 
impostas ao traficante, com pena de prisão que pode variar de cinco a quinze anos, na forma do 
artigo 33; c) A criação da figura do “tráfico privilegiado”, no parágrafo quarto do art. 33, 
estipulando redução de pena (de 1/6 a 2/3) para os casos do traficante eventual ou ocasional 
(primário, com bons antecedentes, que não se dedique a atividades criminosas e não integre 
organização criminosa; d) o instituto da colaboração ou delação premiada, no artigo 41, 
assegurando redução de pena (1/3 a 2/3) ao indiciado ou acusado que colaborar 
voluntariamente na identificação dos demais envolvidos e na recuperação total ou parcial do 
produto do crime; e) a decretação da perda do produto, dos bens ou valores apreendidos em 
favor da União, com destinação ao Fundo Nacional Antidrogas (art. 62); f) a desapropriação de 
terras usadas para o cultivo de culturas ilegais, já prevista na própria CRFB, em seu artigo 243, 
e regulamentada pela Lei nº 8.275/91; e g) criminalização especial da conduta de quem financia 
o tráfico de drogas, com pena mais severa (artigo 36). Com efeito, o artigo 1º da Lei de Drogas 
esclarece que o principal objetivo da norma é conferir tratamento jurídico diverso ao usuário e 
ao traficante de drogas, a partir da percepção de que a pena privativa de liberdade não contribui 
para a solução social do uso indevido. Outrossim, nos artigos 20 a 26, a Lei de Drogas almeja a 
implementação de medidas de redução de danos (como a distribuição de seringas aos usuários). 
Na linha repressiva, tem-se o Título IV, em que se criminaliza o tráfico, além de condutas 
relacionadas, bem como se dispõe sobre a apreensão, arrecadação e destinação de bens do 
acusado. A descapitalização de quem se dedica ao tráfico de drogas também aparece como um 
instrumento de política criminal a que a Lei nº 11.343/06 demonstrou especial interesse, 
observando-se que existe um capítulo específico (IV, do Título IV) apenas para disciplinar a 
apreensão, arrecadação e destinação dos bens do acusado, podendo este perder eventuais 
veículos empregados, além do produto (lucro) oriundo da traficância. Todos estes instrumentos 
revelam os ideais que motivaram a alteração do regime até então vigente, traduzindo-se em 
decisões de política criminal, comum abrandamento da resposta do Estado ao usuário e um 
agravamento do tratamento penal do traficante e de quem financia a circulação das drogas no 
meio social. 
 
DELEGADO DE POLÍCIA – PCMA – 2012 - FGV 
Paula, jovem primária e de bons antecedentes, excursionava pela cidade de Buenos Aires e lá 
vem a conhecer João, também brasileiro, que residia na Argentina há vários anos. Paula e João 
iniciaram um romance, tendo este oferecido à quantia de R$ 1.000,00 para que aquela levasse 
farta quantidade de lança perfume para o Brasil, ambos tendo conhecimento de que aquele 
material é considerado entorpecente no país destinatário, apesar de ser lícita a sua 
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comercialização no país de origem. Paula aceita colaborar eventualmente com João e vem de 
ônibus para o Maranhão, destino final da droga. Por seu turno, João vem de avião, com parada 
no Rio de Janeiro, onde recebe de pessoa desconhecida certa quantidade de cocaína para ser 
posteriormente comercializada. Os policiais prosseguiram na diligência e detiveram João no 
quarto do hotel em que estava hospedado, sendo lá apreendida farta quantidade de cocaína que 
também se destinava a ilícita comercialização, bem como uma arma com numeração raspada, 
certo que está se encontrava no interior da sacola juntamente com o entorpecente. A partir da 
hipótese sugerida, responda aos itens a seguir: 1- Apresente a devida tipificação com a 
fundamentação necessária. 2- Indique a justiça competente e eventual presença de causas de 
aumento ou de diminuição de pena porventura incidente. 3- Apresente qualquer circunstância 
relevante na dosimetria penal. 4- Analise a legalidade da diligência realizada no quarto do hotel 
de João, eis que os policiais lá ingressaram sem mandado judicial e sem o consentimento do 
legítimo ocupante. 
 
Sugestão de resposta: A conduta perpetrada por Paula se amolda ao art. 33, caput, da Lei nº 
11.343/2006, ou seja, o crime de tráfico de drogas, na modalidade “importar, haja vista ter 
trazido do exterior “lança perfume” sem autorização e em desacordo com determinação legal 
ou regulamentar. De igual maneira, Paula também incorreu em concurso formal com o tráfico 
de drogas (uma só ação, dois ou mais crimes) no crime do art. 35, caput, da mesma lei 
(associação para o tráfico), uma vez que se associara com João, mesmo que de forma não 
reiterada, para a prática do delito, tendo aceitado dele a incumbência de transportar mediante 
pagamento. De outra ponta, João também incorreu no crime de associação para o tráfico pelos 
mesmos motivos acima esposados. Cometeu, também, em concurso formal com o crime de 
associação para o tráfico (uma só ação, dois ou mais crimes), o delito do art. 33 da Lei de drogas, 
na modalidade “remeter”, uma vez que se utilizou da corré para enviar “lança perfume” ao 
Brasil. Em concurso material (mais de uma ação, dois ou mais crimes, idênticos ou não), João 
cometeu o crime de tráfico de drogas, na modalidade “guardar” uma vez que foi surpreendido 
guardando grande quantidade de cocaína destinada à comercialização no quarto do hotel em 
que se hospedava. João, também em concurso material, praticou o crime do art. 16, parágrafo 
único, da Lei nº 10.826/2003 (porte ilegal de arma de fogo com numeração raspada). Não há 
que se falar na aplicação da causa de aumento do art. 40, IV, da Lei de Drogas, uma vez que o 
porte de arma se revelou crime autônomo em relação ao tráfico de drogas. O STF decidiu que é 
juridicamente possível a cumulação material dos crimes de tráfico de entorpecentes e de porte 
ilegal de armas, desde que as condutas típicas se revelem autônomas, o que permite o 
afastamento da regra especial prevista no art. 40, IV, da Lei de Drogas. No caso em tela, a justiça 
competente para o julgamento da causa será a estadual, afastada a transnacionalidade do delito, 
haja vista que o “lança perfume” não é considerado droga em território argentino. Neste sentido, 
há farta jurisprudência do STJ aduzindo que onde não há proibição de uso e não constando o 
"lança perfume" das listas anexas da Convenção firmada entre o Brasil e a Argentina, não se 
configura a internacionalidade do delito, mas somente a violação à ordem jurídica interna 
brasileira. A despeito de eventuais divergências, não incidirá a causa de aumento de pena do art. 
40, III, da Lei de Drogas, mais especificamente em relação ao tráfico de drogas ocorrido em 
transporte público. Isto porque, conforme já declarou o STF, a causa de aumento de pena para 
o delito de tráfico de droga cometido em transporte público somente incidirá quando 
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demonstrada a intenção de o agente praticar a mercancia do entorpecente em seu interior. No 
caso em análise, não ficou exteriorizada o dolo de Paula em comercializar o lança-perfume no 
interior do coletivo, motivo pelo qual a causa de aumento de pena deve ser afastada. De outro 
lado, Paula fará jus à causa de diminuição de pena prevista no art. 33, §4º, da Lei de Drogas, uma 
vez que do relatado se depreende ser ela primária, ostentar bons antecedentes e não se dedicar 
às atividades criminosas ou integrar organização criminosa. Ademais, verifica-se que a 
traficância por ela praticada foi ocasional e episódica. Por fim, não há que se falar em ilegalidade 
da diligência realizada no quarto de hotel de João, mesmo ocorrida sem mandado judicial ou 
consentimento do ocupante. Isto porque pairava sobre João suspeita concreta de que 
armazenava drogas no local, em razão do que fora informada pela outra acusada. 
 
DELEGADO DE POLÍCIA – PCPI – 2018 – NUCEPE 
Segundo noticiou o site UOL (Universo Online), o Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas 
utilizará a Lei nº 12.694/2012 no julgamento de 213 acusados do assassinato de 56 presos do 
COMPAJ (Complexo Penitenciário Anísio Jobim) ocorrido em janeiro de 2017. A referida lei 
dispõe sobre o processo e o julgamento colegiado em primeiro grau de jurisdição de crimes 
praticados por organizações criminosas e teve como objetivo trazer mais segurança à vida dos 
magistrados que julgam estes tipos de crime. Diante dessa situação, elabore um texto que: 1. 
Relacione a Lei nº 12.694/2012 ao Princípio Constitucional do Juiz Natural. 2. Diga como se dá 
a composição do colegiado. 3. Identifique quem instaura o colegiado. 4. Expresse, de acordo 
com a Lei nº 12.694/2012, o que se considera organização criminosa. 
Sugestão de resposta: A Lei nº 12.694/12, visando à minoração de ameaças e de ações 
violentas contra magistrados, notadamente quando da atuação em processos que envolvem 
grupos criminosos, estabeleceu o mecanismo de instauração de colegiado em procedimentos 
que tenham por objeto crimes praticados por organizações criminosas. Parcela da doutrinária 
aduz que a “convocação” de outros juízes para compor o órgão decisório no âmbito do primeiro 
grau de jurisdição violaria o princípio do juiz natural, eis que não prevista na Constituição 
Federal. Como se sabe, o princípio do juiz natural está consagrado no art. 5º, LIII, da CRFB/88, 
ao dispor que ninguém pode ser processado nem sentenciado senão pela autoridade 
competente, tendo por escopo assegurar que não haverá a criação de tribunal ou juízos de 
exceção, e, assim, garantindo ao acusado o direito de ser processado e julgado por órgão do 
Poder Judiciário regularmente investido, imparcial e previamente conhecido, de acordo com 
normas objetivas. De outro lado, tem-se o entendimento prevalecente de que não há qualquer 
vício em tal mecanismo, mormente porquanto o juiz originário é mantido na condução dos atos 
processuais,

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