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Carlos Henrique Soares 
Doutor e Mestre em Direito 
Processual (PUCMinas), Professor 
da PUCMinas de Direito Processu-
al Civil, Coordenador de Pós-
Graduação em Direito Processual 
Civil do IECIPUCMinas, Professor 
de Pós-Graduação em Direito 
Processual Civil, Escritor, Pales-
trante. Advogado e Sócio da Pena, 
Dylan, Soares e Carsalade 
Sociedade de Advogados. 
E-mail: carlos@pdsc.com.br. 
Francisco Rabelo 
Dourado de Andrade 
Mestre em Direito Processual 
pela PUC Minas. Professor de 
Direito Processual do I EC -
Instituto de Educação Continuada 
da PUC Minas. Diretor Administra-
tivo do Instituto Popperiano de 
Estudos Jurfdicos - INPEJ. 
Advogado. 
Coordenadores 
Carlos Henrique Soares 
Francisco Rabelo Dourado de Andrade 
Fábio Moreira Santos 
PROCESSO CONSTITUCIONAL 
E A REFORMA TRABALHISTA 
Belo Horizonte 
2019 
INSTITUTO IRTI'I' 
Df tti~ 00" TRÂBÃÜtÔ~ 
Todos os direitos reservados à Editora RTM. 
E GESTÃO SINÓlCAl 
Proibida a reprodução total ou parcial, sem a autorização da Editora. 
. As ~piniões emitida~ e~ artigos de Revistas, Si te e livros publicados pela 
Editora RTM (Instt:uto RTM de Dtretto_ do Trabalho e Gestão Sindical) são de inteira responsabilidade 
de seus autores, e nao refletem necessanamente, a posição da nossa editora e de seu editor responsável. 
:§::,.!..! 8 "1-=t. ~ 
f1'165 
Processo constitucional e a reforma trabalhista 1 Carlos 
~"\ \\ 
P963 Henrique Soares, Francisco Rabelo Dourado de 
Andrade, Fábio Moreira Santos, coordenadores. -
Belo Horizonte: RTM, 2019. 
I. Direito do Trabalho- Brasi12. Reforma trabalhista-
Brasil3. Justiça do trabalho 4. Direito constitucional L Soares, 
Carlos Henrique 11. Andrade, Francisco Rabelo Dourado de Ill. 
Santos, Fábio Moreira 
CDU(\976) 331.16(81) 
ISBN: 978-85-9471-095-6 
Belo Horizonte - 2019 
Editoração Eletrônica e Projeto Gráfico: 
Amanda Caroline 
Capa: A manda Caroline 
Editor Responsável: Mário Gomes da Silva 
Revisão: os coordenadores 
Editom RTM - Instituto RTM de Direito do Trabalho 
e Gestão Sindical 
Rua João Euflásio, 80 - Bairro Dom Bosco BH -
MG - Brasil - Cep 30850-050 
Te!: 31-3417-1628 
What~App:(31 )99647-1501 (vivo) 
E-maii : rtmeducactonal@yahoo.com.br 
Site: www.editorartm.com.br 
Loja Virtual : www.rtmeducacional.com.br 
Conselho Editorial: 
Amauri César Alves 
Adriano Jannuzzi Moreira 
Andréa de Campos Vasconcellos 
Antônio Álvares da Silva 
Antônio Fabrício de Matos Gonçalves 
Bruno Ferraz Hazan 
Carlos Henrique Bezerra Leite 
Cláudio Jannotti da Rocha 
Cleber Luci o de Almeida 
Daniela Muradas Reis 
Ellen Mara Ferraz Hazan 
Gabriela Neves Delgado 
Jorge Luiz Souto Maior 
Jose Reginaldo lnacio 
Lívia Mendes Moreira Miraglia 
Lorena Vasconcelos Porto 
Lutiana Nacur Lorentz 
Marcella Pagani 
Marcelo Fernando Borsio 
Mareio Tulio Viana 
Maria Cecília Máximo Teodoro 
Ney Maranhão 
Raimundo Cezar Britto 
Raimundo Simão de Mello 
Renato Cesar Cardoso 
Rômulo Soares Valentini 
Rosemary de Oliveira Pires 
Rúbia Zanotelli de Alvarenga 
Valdete Souto Severo 
Vitor Salino de Moura Eça 
PROCESSO CONSTITUCIONAL E A REFORMA TRABALHISTA 
APRESENTAÇÃO 
Em novembro último, a chamada "Reforma Trabalhista"- implementa-
da por meio da Lei Federal n° 13.467, de 13 de julho de 2017- completou um 
ano de vigência no sistema jurídico brasileiro, destacando-se por alterações 
significativas relacionadas â esfera dos direitos do trabalho e â própria estru-
tura procedimental que também é dimensionada pela Consolidação das Leis 
do Trabalho (CLT). 
Se, por um lado, a reforma foi por muitos exaltada diante da promessa 
de melhora na dinâmica das relações de trabalho, de geração de empregos 
formais e a consequente redução da informalidade, por outro, também não 
faltaram vozes para interrogar "a forma da reforma", notadamente o texto 
final do projeto aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo então 
Presidente Michel Temer, sobretudo diante da possibilidade de fragilização 
do trabalhador nas relações trabalhistas, no aspecto material e processual dos 
direitos conquistados nas últimas décadas. 
Foi diante deste cenário, não obstante os posicionamentos antagônicos 
acerca dos contornos da reforma, que juristas atentos às novidades inseridas 
no texto da CLT e seus desdobramentos fático-jurídicos, se ocuparam dos 
principais temas e, gentilmente, produziram valiosos artigos cientificas que, 
agora, são ofertados não apenas â comunidade jurídica, mas, igualmente, a 
todos aqueles que buscam esclarecimento e aprofundamento dos direitos tra-
balhistas no Brasil. 
Objetivando a integração e diálogo entre as instituições que se ocupam 
da defesa dos direitos trabalhistas, compõem a presente obra integrantes da 
Advocacia, Magistratura, Ministério Público do Trabalho e Pesquisadores, o 
que revela o propósito democrático de todos( as) que se envolveram para a sua 
concretização. 
Finalmente, não seria demais ressaltar que a presente obra foi produzi-
da sem qualquer viés político, partidário ou ideológico, sendo certo que cada 
autor(a) teve amplo espaço para cogitar e expor sobre os temas propostos 
de forma livre, atentando-se para a demarcação do Processo Constitucional, 
enquanto metodologia de garantia dos direitos fundamentais (Baracho) no 
Estado Democrático de Direito (art. 1°, caput, CF/1988). 
3 
Coordenadores: Carlos Henrique Soares, Francisco Rabelo Dourado de Andrade, Fábio Moreira Santos 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BARBOSA, Beatriz Telis. Arbitragem. In ALVES, Amauri Cesar; LEITE, Rafaela Fernandes 
(Orgs.). Reforma Trabalhista. Belo Horizonte: Conhecimento Jurídica, 2017. 
BIANCHI, Daniel; SODRE FILHO, Pedro Paulo de Azevedo. Jurisdição Voluntária e es-
timulo à fraude. In SOUTO MAIOR, Jorge Luiz; SEVERO, Valdete Souto. RESISTÊN-
CIA: aportes teóricos contra o retrocesso trabalhista. São Paulo: Expressão Popular, 2017. 
CNI. 101 propostas para modernização trabalhista. Brasília: CNI, 2012. 
DELGADO, Mauricio Godinho; DELGADO, Gabriela Neves. A reforma trabalhista no 
Brasil: com os comentários da Lei 13.467/2017 led. São Paulo: LTr. 2017. 
GUSMÃO, Xerxes. Quitação Anual dos Direitos Trabalhistas. In SOUTO MAIOR, Jorge 
Luiz; SEVERO, Valdete Souto. RESISTÊNCIA: aportes teóricos contra o retrocesso tra-
balhista. São Paulo: Expressão Popular, 2017. 
MARTINS, Giovana Labigalini. Honorários do perito e a fragilização da proteção à saúde. In 
SOUTO MAIOR, Jorge Luiz; SEVERO, Valdete Souto. RESISTÊNCIA: aportes teóricos 
contra o retrocesso trabalhista São Paulo: Expressão Popular, 2017. 
PEREIRA, Georgia Guimarães; CASTRO, Livia de Barros; LEITE, Rafaela Fernandes. 
(in) ALVES, Amauri Cesar; LEITE, Rafaela Fernandes (Org.). Reforma Trabalhista: co-
mentários à Lei 13.467/2017. I. ed. Belo Horizonte: Conhecimento Jurídica, 2017. 
STRABELLI, Adriana R. Responsabilidade por dano processual. In SOUTO MAIOR, Jorge 
Luiz; SEVERO, Valdete Souto. RESISTÊNCIA: aportes teóricos contra o retrocesso tra-
balhista. São Paulo: Expressão Popular, 2017. 
XAVIER, Gisela Carla Rodrigues; LEITE, Rafaela Fernandes. (in) ALVES, Amauri Cesar; 
LEITE, Rafaela Fernandes (Org.). Reforma Trabalhista: comentários à Lei 13.467/2017. I. 
ed. Belo Horizonte: Conhecimento Jurídica, 2017. 
84 
PROCESSO CONSTITUCIONAL E A REFORMA TRABALHISTA 
A REFORMA TRABALHISTA E A (IN) ACESSIBILIDADE 
À JUSTIÇA DO TRABALHO: GRATUIDADE DA JUSTIÇA 
L INTRODUÇÃO 
Davidson Malacco Ferreira1 
Vanessa de Sousa Pinto Martins Cruz2 
A assistência jurídica gratuita e realizada de forma integral é direito 
fundamental previsto em nossa Carta Magna, reconhecido como o mais bá-
sico dos direitos humanos em um sistema jurídico moderno e igualitário que 
pretende não só proclamar, mas garantir os direitos de todos. 
Este instituto garante àqueles com insuficiência de recursos a possibili-
dade de ingressar em juizo sem arcar com a onerosidade advinda do processo. 
O art. 5°, XXXV, da Constituição Federal, impede que surjam normas 
no ordenamento jurídico que limitem, diretamente ou indiretamente, o acesso 
de qualquerpessoa ao Poder Judiciário nas hipóteses de lesão ou ameaça de 
lesão a qualquer direito. 
A promulgação da Lei 13.467/2017, conhecida como "Reforma Tra-
balhista", trouxe a baila a discussão sobre possíveis limitações ao acesso à 
justiça, diante de inovações do texto celetista que visa reduzir o número de 
demandas ajuizadas perante a Justiça do Trabalho. 
Para alcançar este objetivo houve alterações substanciais em relação ao pa-
gamento de custas, bem como de honorários periciais e honorários advocatícios 
sucumbências que incidem sob pessoas que gozam do beneficio da justiça gratuita. 
Este trabalho pretende analisar criticamente as alterações trazidas pela 
nova Lei trabalhista a luz dos princípios e normas constitucionais. 
1 Advogado Trabalhista, sócio e diretor do escritório Ferreira e Chagas, Mestre em Di-
reito do Trabalho, Pós-graduado em Direito do Trabalho e Direito Previdenciário, Pós-gra-
duado em Direito Desportivo, Pós-Graduado em Direito Bancário, Professor e Palestrante da 
ESAIMG, Professor da PUC Minas na Graduação e Pós-Graduação, Examinador da Prova 
da OAB, Auditor do Tribunal de Justiça Desportiva- MG. 
2 Advogada Trabalhista, Pós-graduanda em Direito do Trabalho e Direito Previdenciário 
- PUC Minas, Bacharel em Direito pela PUC Minas. 
85 
Coordenadores: Carlos Henrique Soares, Francisco Rabelo Dourado de Andrade, Fábio Moreira Santos 
2. CONCEITO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA 
Antes de tratar especificadamente das alterações relacionadas à assis-
tência jurídica gratuita trazidas pela Lei 13.467/2017, é necessário caracteri-
zar este ínstituto e distingui-lo de outros existentes no ordenamento jurídico. 
Os conceitos de justiça gratuita e de assistência judiciária são comu-
mente utilizados como sinônimos, sem que, na verdade, o sejam. 
Na prática são utilizadas três expressões distintas como se tivessem o 
mesmo significado. São elas: assistência jurídica gratuita, assistência judiciá-
ria e justiça gratuita. 
Por justiça gratuita, deve ser entendida a gratuidade de todas as custas 
e despesas, judiciais ou não, a serem suportadas pelo cidadão para o correto 
desenvolvimento do processo. 
A assistência judiciária envolve o patrocínio gratuito da causa por ad-
vogado. É, pois, um munus público, consistente na defesa do assistido, em 
juizo, que deve ser oferecido pelo Estado, mas que pode ser desempenhado 
por entidades não estatais, conveniadas ou não com o poder público. 
Leonardo Tibo Barbosa Lima reforça a ideia de que assistência judiciá-
ria e justiça gratuita não se confundem. Ele define que a assistência judiciária 
é gênero, pois compreende a gratuidade de advogado e de despesas proces-
suais. Por sua vez, o beneficio da justiça gratuita é espécie, na qual abrange 
apenas as despesas processuais. 
Percebe-se assim que a assistência judiciária e o beneficio da justiça 
gratuita são institutos distintos, ainda que correlatos. Pode um litigante, não 
obstante, ser beneficiário da justiça gratuita, ou seja, demandar sem pagar as 
despesas processuais decorrentes da demanda e, ainda assim, contratar advo-
gado particular para defender seus interesses. 
Já a assistência jurídica engloba a assistência judiciária, sendo aínda 
mais ampla que esta, por envolver também serviços jurídicos não relaciona-
dos ao processo, tais como orientações individuais ou coletivas, o esclareci-
mento de dúvidas, e mesmo um programa de informação a toda comunidade. 
Ademais, ela garante aos economicamente necessitados dispensa provisória 
de despesa do processo, favorecendo o ingresso em juízo. 
Frisa-se que este instituto é sinônimo de gratuidade no acesso à justiça 
e é direito fundamental previsto na Constituição Federal. 
86 
PROCESSO CONSTITUCIONAL E A RF.FORMA TRABALHISTA 
A Lei Maior visa permitir aos necessitados fazerem uso do Poder Ju-
diciário para defesa dos seus interesses, de modo que garante aos que com-
provarem insuficiência de recursos à assistência jurídica universal e gratuita. 
Assim, conclui-se que o instituto da assistência juridica integral e gra-
tuita visa garantir aos necessitados a possibilidade de provocar o Poder Ju-
diciário a fim de obter uma tutela jurisdicional, sem arcar com o ônus da 
prestação jurisdicional. 
3. DAS ALTERAÇÕES NA JUSTIÇA GRATUITA TRAZIDAS PELA 
LEI 13.467/2017- (IN) CONSTITUCIONALIDADE 
A Lei 13.476/2017 trouxe várias mudanças legislativas, seja por altera-
ções de redação de alguns dispositivos, seja por acréscimos de outros na CLT, 
que estabeleceu limites à ínterpretação judicial do magistrado do trabalho, 
esbarrando no amplo acesso do jurisdicionado à Justiça. 
Primeiramente, ressalta-se que a reforma trabalhista alterou a redação 
do §3° do artigo 790 da CLT, que dispõe sobre a concessão do beneficio da 
justiça gratuita. 
Em sua redação original, estabelecia que o beneficiário da justiça gra-
tuita era aquele que percebesse até dois salários mínimos ou que declarasse, 
sob as penas da lei, não estar em condições de pagar as custas processuais 
sem prejuízo do próprio sustento e de sua família. 
A nova redação, incluída pela lei 13.467/2017, estabelece o seguinte: 
§ 3 o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos 
tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requer-
imento ou de oficio, o beneficio da justiça gratuita, inclusive 
quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem 
salàrio igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite 
máximo dos beneficios do Regime Geral de Previdência Social. 
A nova redação condiciona a percepção do beneficio à comprovação de 
recebimento salarial igual ou inferior 40% do limite máximo dos beneficios 
do Regime Geral da Previdência Social. 
Para dirimir a discussão sobre esta alteração, o §4 o do mesmo artigo dis-
põe que a gratuidade da justiça será concedida, da mesma forma, à parte que 
comprovar ínsuficiência de recursos para pagamento das custas processuais, 
87 
Coordenadores: Carlos Henrique Soares, Francisco Rabelo Dourado de Andrade, Fábio Moreira Santos 
mesmo que receba salário superior a 40% do limite máximo de beneficios 
do Regime Geral da Previdência Social, desde que comprove frágil situação 
econômica, como podemos verificar a seguir: 
§ 4' O beneficio da justiça gratuita será concedido à parte que compro-
var insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo. 
A dúvida que resta a ser sanada é como se dará a comprovação da situa-
ção econômica frágil do beneficiário da justiça gratuita. 
Pela interpretação da súmula 463 do TST, para a concessão da assistên-
cia judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração de hipossuficiência 
econômica firmada pela parte ou por seu advogado, desde que munido de 
procuração com poderes específicos para esse fim. 
Tratando-se de pessoa jurídica, não basta a mera declaração, é necessá-
ria a demonstração cabal de impossibilidade de a parte arcar com as despesas 
do processo. 
Em relação a esta questão o Tribunal Regional do Trabalho da I o• Re-
gião aprovou o Enunciado n. 3 que representa o entendimento majoritário dos 
magistrados da Corte quanto ao acesso a justiça e honorários, cita-se a seguir: 
Enunciado n.' 03 - JUSTIÇA GRATUITA. COMPRO-
VAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA. O 
benefício da Justiça Gratuita a que se refere o art. 790, §§ 3.' e 
4.', da CLT pode ser concedido a qualquer parte e, na hipótese de 
pessoa natural, a prova da hipossuficiência econômica pode ser 
feita por simples declaração do interessado ou afirmação de seu 
advogado (art. 1.' da Lei n.' 7.115/1983 e art. 99, § 3.', do CPC). 
Diante do exposto, entende-se que a mera declaração de hipossuficiên-
cia é prova hábil a comprovar a insuficiência de recursos para pagamento das 
custas do processo. 
Assim, tem-se que o §4° relativiza o conteúdo do §3° do mesmo disposi-
tivo de tal modo que prevê a concessão de beneficio da justiça gratuita à parte 
que mediante pedido expresso, conjugado com a declaração de miserabilidade, 
comprovar a insuficiênciade recursos para pagamento das custas processuais. 
Ademais, a nova lei alterou substancialmente o entendimento de vá-
rios dispositivos gerando várias discussões de inconstitucionalidade. Tanto é 
verdade que a Procuradoria Geral da República propôs a Ação Direta de In-
88 
PROCESSO CONSTITUCIONAL E A REFORMA TRABALHISTA 
constitucionalidade 5.766, na qual suscita a inconstitucionalidade parcial dos 
artigos 790-B, caput e §4°, 791-A, §4° e 844, §2° da CLT, sob o fundamento 
de que violam o direito fundamental dos trabalhadores necessitados à assis-
tência jurídica integral e gratuita. 
Os artigos 790-B e 791-A versam sobre o pagamento de honorários peri-
ciais e advocatícios de sucumbência, ainda que a parte vencida seja beneficiária 
da justiça gratuita, bem como preveem a quitação de tais parcelas por meio da 
compensação dos créditos obtidos em juizo, ainda que em outro processo. 
Já o artigo 844, §3°, dispõe sobre os efeitos processuais do não compa-
recimento do autor à audiência inaugural, exigindo o pagamento das custas e 
despesas processuais para o ajuizamento de nova demanda, ainda que benefi-
ciário da justiça gratuita. 
A seguir adentrar-se-á especificamente a cada alegação de violação 
constitucional referente ao tema gratuidade de justiça. 
3.1. ALTERAÇÃO DO PAGAMENTO DOS HONORÁRIOS PERICAIS 
E ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA- ARTIGOS 790-B, CAPUT E 
§4° E 791-A, § 4° 
As alterações mais significativas e polêmicas da Lei 13.467/2017 dizem 
respeito ao pagamento de honorários periciais e advocatícios de sucumbência. 
No tocante aos honorários periciais, a redação original do art. 790-B 
previa, como responsabilidade da parte sucumbente, o pagamento dos hono-
rários periciais, "salvo se beneficiário da justiça gratuita". 
A nova redação é polêmica, eis que prevê a responsabilização da parte 
sucumbente para quitação das despesas processuais, "ainda que beneficiária 
da justiça gratuita". 
O artigo 790-B, caput e §4°, já com a nova redação, dispõe que: 
Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos honorários 
periciais é da parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, 
ainda que beneficiária da justiça gratuita. 
( ... ) 
§ 4' Somente no caso em que o beneficiário da justiça gratuita 
não tenha obtido em juizo créditos capazes de suportar a des-
pesa referida no caput, ainda que em outro processo, a União 
responderá pelo encargo. 
89 
Coordenadores: Carlos Henrique Soares, Francisco Rabelo Dourado de Andrade, Fábio Moreira Santos 
Quando aos honorários advocatícios sucumbenciais, o ponto polênrlco 
de desavença foi o contido no parágrafo 4° do art. 791-A, que assim dispõe: 
Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, 
serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o min-
imo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por 
cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do 
proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, 
sobre o valor atualizado da causa. 
( ... ) 
§ 4 o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não 
tenha obtido em juizo, ainda que em outro processo, créditos 
capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua 
sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e 
somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes 
ao trãnsito em julgado da decisão que as certificou, o credor 
demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de 
recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguin-
do-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. 
Nos termos do caput do artigo haverá fixação dos honorários advoca-
tícios sucumbenciais, ainda que o advogado atue em causa própria, fixados 
entre 5% e I 5% sobre o valor da causa que resultar a liquidação da sentença, 
do proveito econômico obtido ou não sendo possível mensurá-lo, sobre o 
valor atualizado da causa. 
Ressalta-se o fato de que a redação original da CLT não fazia menção sobe 
honorários advocatícios. A súmula 219 do TST regulou a sistemática de pagamen-
to dos honorários advocatícios somente quando o trabalhador estiver assistido por 
sindicato de sua categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior 
ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômíca em que não 
lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou de sua família. 
No parecer elaborado pela comissão especial destinada ao projeto de lei 
n° 6.787, de 2016, do poder executivo, que "altera o decreto-lei n° 5.452, de 1 o 
de maio de 1943", o deputado Rogério Marinho, relator do parecer, justificou 
a necessidade das alterações trazidas pela reforma trabalhista. 
Em relação aos honorários periciais, a justificativa da alteração legisla-
tiva se baseia no fato da redação original deste artigo colocar o juiz entre dois 
princípios: não obstaculizar a pretensão do reclamante, de um lado, e, de ou-
tro, não sucumbir ao abuso dos que pedem caprichosamente, sem se importar 
com o prejuízo alheio. 
90 
PROCESSO CONSTITUCIONAL E A REFORMA TRABALHISTA 
Acrescenta-se o fato de ser superlativo o número de ações em que a par-
te requer a realização de perícia sem fundamento, apenas por que não decor-
rerá, para ela, quaisquer ônus e que, no entanto, o perito que realizou a perícia 
não fica sem seus honorários, o que implica dizer que alguém a custeará. 
Marinho justificou, ainda, que a União custeia, a título de honorários 
periciais, valores entre dez a vinte milhões de reais por ano, para cada um 
dos vinte e quatro Tribunais Regionais do Trabalho, somente em relação a 
demandas julgadas improcedentes, ou seja, demandas em que se pleiteou o 
que não era devido. 
O relator ressaltou que o objetivo dessa alteração é o de restringir os 
pedidos de perícia sem fundamentação, uma vez que, quando o pedido formu-
lado é acolhido, é a parte sucumbente que arca com a despesa, normalmente, 
o empregador. Assim, a modificação sugerida não desamparará o trabalhador 
cuja reclamação esteja fundamentada. 
Na medida em que a parte tenha conhecimento de que terá que arcar 
com os custos da perícia, é de se esperar que a utilização sem critério desse 
instituto diminua sensivelmente. 
Além de contribuir para a diminuição no número de ações trabalhistas, 
a medida representará urna redução nas despesas do Poder Judiciário, que não 
mais terá que arcar com os honorários periciais. 
Em relação aos honorários advocatícios sucumbenciais, a justificativa 
se pauta no fato da ausência histórica de um sistema de sucumbência no pro-
cesso do trabalho estabeleceu um mecanismo de incentivos que resulta na 
mobilização improdutiva de recursos e na perda de eficiência da Justiça do 
Trabalho para atuar nas ações realmente necessárias. 
A entrega da tutela jurisdicional consiste em dever do Estado, do qual 
decorre o direito de ação. Todavia trata-se de dever a ser equilibrado contra 
o impulso da demanda temerária. Pretende-se com as alterações sugeridas 
inibir a propositura de demandas baseadas em direitos ou fatos inexistentes. 
Da redução do abuso do direito de litigar advirá a garantia de maior ce-
leridade nos casos em que efetivamente a intervenção do Judiciário se faz ne-
cessária, além da imediata redução de custos vinculados à Justiça do Trabalho. 
Além disso, o estabelecimento do sistema de sucumbência coaduna-se com 
o princípio da boa-fé processual e tira o processo do trabalho da sua ultrapassada 
posição administrativista, para aproximá-lo dos demais ramos processuais, onde 
91 
Coordenadores: Carlos Henrique Soares, Francisco Rabelo Dourado de Andrade, FAbio Moreira Santos 
vigora a teoria clássica da causalidade, segundo a qual quem é sucumbente deu 
causa ao processo indevidamente e deve arcar com os custos de tal conduta. 
Ao realizar tais alterações na legislação não levou-se em conta a possí-
vel ofensa ao acesso a justiça. 
A polêmica se encontra sobre o §4o do dispositivo, por atribuir ao be-
neficiário de justiça gratuita o pagamento de honorários periciais de sempreque obtiver "créditos capazes de suportar a despesa referida no caput, ainda 
que em outro processo". A norma desconsidera a condição de insuficiência de 
recursos que justificou o beneficio. O mesmo ocorre com o §4 o do novo art. 
791-A da CLT, inserido pela lei nova, relativamente aos honorários advocatí-
cios de sucumbência. 
O novo art. 791-A da CLT ampliou a incidência de honorários advoca-
tícios de sucumbência para todas as causas trabalhistas, até em sucumbência 
recíproca, em caso de procedência parcial. 
O §4o do dispositivo citado, nos moldes do §4o do art. 790-B, con-
sidera devidos honorários advocatícios de sucumbência por beneficiário de 
justiça gratuita, sempre que "tenha obtido em juízo, ainda que em outro pro-
cesso, créditos capazes de suportar a despesa". Também aqui a norma ignora 
a condição de insuficiência de recursos que deu causa ao beneficio. 
Nessas disposições reside a colisão com o art. 5o, LXXIV, da Consti-
tuição, ao impor aos beneficiários de justiça gratuita pagamento de despesas 
processuais de sucumbência, até com empenho de créditos auferidos no mes-
mo ou em outro processo trabalhista, sem que esteja afastada a condição de 
pobreza que justificou o beneficio. 
A noção de insuficiência de recursos, para os fins da norma de direito 
fundamental, encontra-se tradicionalmente conformada, no processo do tra-
balho, pelo art. 14, § lo, da Lei 5.584/1970, o qual trata da assistência judi-
ciária gratuita. 
Segundo essa norma, assistência judiciária gratuita é devida ao traba-
lhador cuja "situação econômica não lhe permite demandar, sem prejuízo do 
sustento próprio ou da família", ainda que perceba salário superior ao pata-
mar indicado. 
Articulada com a nova redação do art. 790 da CLT, essa disposição ga-
rante direito a gratuidade judiciária na Justiça do Trabalho à pessoa que se 
enquadrar em patamar salarial de até 40% do teto de beneficios da Previdência 
92 
PROCESSO CONSTITUCIONAL E A REFORMA TRABAUIISTA 
Social e à pessoa que, mesmo percebendo salário superior, demonstrar situação 
econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo próprio e da familia. 
As novas normas citadas confrontam e anulam essas condições con-
formadoras da insuficiência de recursos, pois permitem empenho de créditos 
trabalhistas para custear despesas processuais, sem condicioná-los a perda da 
condição de insuficiência econômica. Além disso, inviabilizarn ao demandan-
te pobre a assunção dos riscos da demanda. 
Relativamente aos honorários periciais, dispõe o novo art. 790-B, § 4o, 
da CLT que a União somente responderá pela despesa caso o beneficiário de 
justiça gratuita não tenha obtido em juízo créditos capazes de suportar a des-
pesa, ainda que em outro processo. 
A concessão de justiça gratuita implica no reconhecimento de que o 
beneficiário não dispõe de recursos para pagar custas e despesas processuais 
sem prejuízo de seu sustento e de sua família. Essa premissa se ancora nas ga-
rantias constitucionais de acesso à jurisdição e do mínimo material necessário 
à proteção da dignidade humana. 
Por conseguinte, créditos trabalhistas auferidos por quem ostente tal 
condição não se sujeitam a pagamento de custas e despesas processuais, salvo 
se comprovada perda da condição. 
Ademais, critica-se severamente o fato dos honorários poderem ser quitados 
por créditos ganhos em juízo, tenho em vista que estes créditos recebidos em juízo 
tratam-se de salário, que é o meio de sobrevivência do trabalhador empregado. 
O salário foi elevado a direito fundamental pela Constituição Federal e 
esta estabeleceu garantias para a sua proteção. Além de ser protegido consti-
tucionalmente, o salário é impenhorável. 
Ensina NASCIMENTO (2007, p. 340) que a impenhorabilidade do salá-
rio do trabalhador representa uma das maiores garantias á sobrevivência deste. 
Sabe-se, sem muito esforço, que o credor tem direito ao recebimento do seu 
crédito, mas também, que o trabalhador tem direito à vida e à dignidade pessoal. 
Seria incompreensível descontar dos créditos recebidos em juízo pelo tra-
balhador, beneficiário da justiça gratuita, os honorários periciais e advocatícios. 
A norma desconsidera a condição econômica que determinou concessão 
da justiça gratuita e subtrai do beneficiário, para pagar despesas processuais, 
recursos econômicos indispensáveis à sua subsistência e à de sua família, em 
confronto à garantia fundamental de gratuidade judiciária. 
93 
Coordenadores: Carlos Henrique Soares, Francisco Rabelo Dourado de Andrade, Fábio Moreira Santo!il 
Assim, ao impor o pagamento de honorários periciais e advocatícios de 
sucumbência ao trabalhador que não possui recursos suficientes para pagar 
eventual crédito, sem prejudicar a sua vida pessoal e seu sustento, bem como 
o de sua família, cria-se um receio, ou um medo de ingressar em juízo, ainda 
que esteja ciente de que tem boas chances do pedido ser julgado procedente. 
Note-se que o legislador objetiva a redução de demandas temerárias e 
o aumento da celeridade processual ao mesmo tempo que visa à redução de 
despesas do Poder Judiciário. 
Tem-se que tais medidas não se justificam em razão das consequências 
geradas aos trabalhadores hipossuficientes. 
Xavier Leite (2018, p.195) questiona o que vale mais: o direito de aces-
so a justiça por meio da concessão dos beneficios da justiça gratuita ou a 
redução no número de demandas trabalhistas, de pedidos periciais desneces-
sários e da oneração do Poder Judiciário? 
O direito fundamental da inafastabilidade do livre acesso à jurisdição viabi-
lizado pela concessão do beneficio da justiça gratuita, exarado expressamente na 
Constituição Federal, deve prevalecer de tal modo que não há como desconside-
rar a condição de miserabilidade que justificou a concessão da benesse. 
Por todas as razões apresentadas acima, os honorários periciais e advo-
catícios de sucumbência não devem ser cobrados dos beneficiários da justiça 
gratuita. 
Ante o exposto, conclui-se pela inconstitucionalidade dos artigos cita-
dos, eis que tais medidas violam o direito fundamental de acesso à justiça e 
função social do trabalho. 
3.2. ALTERAÇÃO DO PAGAMENTO DAS CUSTAS PROCESSUAIS-
ARTIGOS 844, §ZO 
A lei 13.467/2017 também alterou o artigo 844 que dispõe sobre os 
efeitos do não comparecimento do autor e réu na audiência inaugural. 
A nova lei inseriu os novos §§ 2°, 3°, 4° e 5° ao artigo 844. Contudo, 
o que gerou polêmica em relação à justiça gratuita foi a inclusão dos §§ 2° 
e 3°, eis que a conjugação dos dois cria uma barreira ao acesso à justiça aos 
trabalhadores do Brasil. 
Os dispositivos citados acima dispõem que: 
94 
PROCESSO CONSTITUCIONAL E A REFORMA TRABALHISTA 
Art. 844 - O não-comparecimento do reclamante à audiência 
importa o arquivamento da reclamação, e o não-comparecimen-
to do reclamado importa revelia, além de confissão quanto à 
matéria de fato. 
§ 2° Na hipótese de ausência do reclamante, este será condenado 
ao pagamento das custas calculadas na forma do art. 789 desta 
Consolidação, ainda que beneficiàrio da justiça gratuita, salvo se 
comprovar, no prazo de quinze dias, que a ausência ocorreu por 
motivo legalmente justificável. 
§ 3° O pagamento das custas a que se refere o § 2° é condição 
para a propositura de nova demanda. 
Temos que o §2° prevê que, na hipótese de ausência do autor na primei-
ra audiência, será condenado ao pagamento das custas processuais, ainda que 
beneficiário da justiça gratuita, salvo se comprovar, no prazo de 15 dias, que a 
ausência ocorreu por motivo legalmente justificável (rol elencado no art. 4 73 
do CPC). Já o §3° condiciona a proposição de nova reclamação ao pagamento 
das custas a que se refere o § 2°. 
Percebe-se que o obstáculo do acesso à justiça imposto pelo §3° não é 
a exigência de pagamento das custas uma vez que a ação foi arquivada, mas 
sim a determinação de tal imposição aos economicamente necessitados. 
Contudo, o legislador defende as alterações realizadas, eis que a comis-
são responsável pelaelaboração de parecer para alteração da norma celetista 
afirmou que nos termos vigentes, o não comparecimento do reclamante implica 
o arquivamento da reclamação, a qual poderá ser reapresentada de imediato 
por mais duas vezes sem qualquer penalidade; já o não comparecimento do re-
clamado acarreta a aplicação da revelia e a confissão quanto à matéria de fato. 
O tratamento dado ao tema pela CLT incentiva o descaso da parte recla-
mante com o processo, sabedora de que poderá ajuizar a ação mesmo se ar-
quivada em mais duas oportunidades. Esse descaso, contudo, gera ônus para o 
Estado, que movimenta a estrutura do Judiciário para a realização dos atos pró-
prios do processo, gera custos para a outra parte que comparece à audiência na 
data marcada, e caracteriza um claro tratamento não isonômico entre as partes. 
Sugeriram-se, dessa forma, algumas modificações nos efeitos do não 
comparecimento em audiência. 
A regra geral do caput do art. 844 é mantida, ou seja, arquivamento, 
no caso de não comparecimento do reclamante, e revelia e confissão, caso o 
reclamado não compareça. 
95 
Coordenadores: Carlos Henrique Soares, Francisco Rabelo Dourado de Andrade, Fábio Moreira Santos 
Todavia, para desestimular a litigância descornprornissada, a ausência 
do reclamante não elidirá o pagamento das custas processuais, se não for 
comprovado motivo legalmente justificado para essa ausência. E mais, nova 
reclamação somente poderá ser ajuizada mediante a comprovação de paga-
mento das custas da ação anterior. 
Do mesmo modo, o artigo delimita a aplicação da revelia e admite a 
aceitação da contestação e de documentos apresentados quando o advogado 
da parte estiver presente. 
Afirmam, por fim, que os dispositivos apresentados não cerceiam o di-
reito de ação e atribuem o devido custo processual para que o reclamante não 
aja irresponsavelmente. 
Contudo, a imposição de pagamento de custas por reclamante benefi-
ciário de justiça gratuita em razão de arquivamento decorrente de ausência à 
audiência inicial, até corno condição a propositura de nova demanda, ignora 
a condição de insuficiência de recursos que justificou o beneficio, único pres-
suposto constitucional à configuração do direito, segundo o art. s•, LXXIV, 
da Constitnição Federal. 
A medida sancionatória assume consequência desproporcionalmente gra-
vosa à garantia de inafastabilidade da jurisdição, inscrita no art. s•, XXXV, da 
Carta Magna, com repercussão restritiva também sobre o princípio da isonomia. 
A ausência de demandante pobre à audiência ensejaria consequência 
muito mais gravosa do que aos demais trabalhadores que, podendo pagar as 
custas do processo anterior, teriam novamente franqueado acesso à jurisdição 
trabalhista, sujeitando-se apenas à sanção temporária prevista no art. 732 da 
CLT, na hipótese de dois arquivamentos seguidos. 
O texto da ADI proposta pela Procuradoria da República afirma que 
a norma, portanto, onera mais gravosa e odiosamente os cidadãos mais vul-
neráveis, que recebem proteção especial da Constituição. O novo §2" do art. 
844 da CLT padece de vício de proporcionalidade e de isonomia, por impor 
restrição desmedida a direitos fundamentais, a pretexto de obter finalidade 
passível de alcance por vias processuais menos restritivas. 
As normas violam o direito a jurisdição em sua essência, corno instru-
mento de tutela de direitos econômicos básicos do ser humano trabalhador, 
indispensáveis à sua sobrevivência e à da família, inclusive corno pressuposto 
para exercício das liberdades civis e políticas. 
96 
PROCESSO ffiNSTITUCIONALEA REFORMA TRABALHISTA 
Direito a jurisdição é, nesse sentido, a mais importante garantia de eficá-
cia dos direitos fundamentais. Sem garantia de acesso à jurisdição trabalhista, os 
direitos fundamentais sociais, despidos de efetividade, reduzem-se a miragens e 
frustram o projeto constitucional democrático de sociedade justa e solidária. 
Nesse sentido, o pleno do Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Região, 
declarou, no dia 13.09.2018, por maioria absoluta de votos, a inconstitucionalidade 
da cobrança de custas processuais de beneficiários da justiça gratuita, prevista nos 
parágrafos 2" e 3" do artigo 844 da CLT, incluídos pela Reforma Trabalhista. 
Assim, o TRT3 aprovou a súmula 72, publicada em 20.09.2018, que dispõe: 
São inconstitucionais a expressão 'ainda que beneficiário 
da justiça gratuita', constante do §2", e a íntegra do §3", am-
bos dispositivos do art. 844 da CLT, na redação dada pela Lei 
13.467/2017, por violação direta e frontal aos princípios consti-
tucionais da isonomia (art. 5", caput, da CR), da inafastabilidade 
da jurisdição (art. s•, XXXV, da CR) e da concessão de justiça 
gratuita àqueles que dela necessitarem (art. s•, LXXN, da CR)". 
Não se discute, neste trabalho, a exigência de pagamento das custas 
e despesas processuais para o ajuizamento de urna nova ação trabalhista. A 
questão é exigir quitação de tais encargos do beneficiário da justiça gratnita. 
A Lei 13.467/2017 impede a igualdade de armas processuais entre os 
sujeitos envolvidos no processo, desencoraja o obreiro a postular em juizo 
com descaso e obsta o efetivo acesso à ordem jurídica aos necessitados. 
Ante o exposto acima, a inclusão dos beneficiários da justiça gratuita no §2" 
do art. 844 da CLT deve ser declara inconstitucional e excluída do texto celetista, 
eis que se trata de urna barreira imposta pela reforma trabalhista que torna inaces-
sível a apreciação dos direitos dos necessitados pelo Poder Judiciário. 
4. CONCLUSÕES 
Pela análise crítica à Lei 13.467/2017 conclui-se que: 
1) Os conceitos de justiça gratuita e de assistência judiciária são comu-
mente utilizados corno sinônimos, sem que, na verdade, o sejam; 
2) A assistência jurídica engloba a assistência judiciária, sendo ainda mais 
ampla que esta, por envolver também serviços jurídicos não relacionados ao pro-
cesso, tais como orientações individuais ou coletivas, o esclarecimento de dú-
vidas, e mesmo um programa de informação a toda comunidade. Ademais, ela 
97 
Coordenadores: Carlos Henrique Soares, Francisco Rabelo Dourado de Andrade, FAbio Moreira Santos 
garante aos economicamente necessitados dispensa provisória de despesa do pro-
cesso, favorecendo o ingresso em juízo. Este instituto é sinônimo de gratuidade 
no acesso à justiça e é direito fundamental previsto na Constituição Federal; 
3} A Lei 13.476/2017 trouxe várias mudanças legislativas, seja por al-
terações de redação de alguns dispositivos, seja por acréscimos de outros na 
CLT, que estabeleceu limites à interpretação judicial do magistrado do traba-
lho, esbarrando no amplo acesso do jurisdicionado à Justiça; 
4) A Procuradoria Geral da República propôs a Ação Direta de Inconstitucio-
nalidade 5.766, na qual suscita a inconstitucionalidade parcial dos artigos 790-B, 
caput e §4°, 791-A, §4° e 844, §2° da CLT, sob o fundamento de que violam o direito 
fundamental dos trabalhadores necessitados à assistência jurídica integral e gratuita; 
5) Necessária à declaração de inconstitucionalidade dos artigos 790-B, 
caput e §4°, 791-A, §4°; 
6) A inclusão dos beneficiários da justiça gratuita no §2° do art. 844 da 
ÇLT deve ser declara inconstitucional e excluída do texto celetista, eis que se 
trata de uma barreira imposta pela reforma trabalhista que toma inacessível a 
apreciação dos direitos dos necessitados pelo Poder Judiciário. 
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DE 1' DE MAIO DE 1943 -CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO, E A LEI N' 
6.019, DE 3 DE JANEIRO DE 1974, PARA DISPOR SOBRE ELEIÇÕES DE REPRESEN-
TANTESDOSTRABALHADORESNOLOCALDETRABALHOESOBRETRABALHOTEMPORÁRIO, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS"- http://www.camara.gov.br/proposicoe-
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em :HTTPS ://PORTAL. TRT3 .JUS .BR/INTERNET /JURI SPRUDENCIA/UNI-
FORMIZACAO-DE-JURISPRUDENCIA/SUMULAS 
98 
PROCESSO CONSTITUOONAL EA REFORMA TRABALHISTA 
A ' ' LITIGANCIA DE MA-FE 
NO PROCESSO DO TRABALH01 
Carlos Henrique Soares2 
!.INTRODUÇÃO 
As reflexões sobre a técnica de repressão ao abuso do direito pro-
cessual e, em especial, no direito processual do trabalho, apresentadas no 
presente texto, serão feitas levando em consideração a técnica processual mo-
derna, qual seja, aquela que "importa na superação do critério de aplicação 
da justiça do tipo salomônico, inspirada apenas na sabedoria, no equilíbrio 
e nas qualidades individuais do julgador, ou na sensibilidade extremada do 
juiz'(. . .)". Isso significa que buscaremos estabelecer parâmetros proces-
suais, mediante uma técnica processual, que possibilite uma qualidade nas 
decisões e uma repressão ao abuso processual, mesmo não estando diante de 
um juiz que concentre os melhores dotes intelectuais. 
A expressão abuso de direito é atualmente considerada pelos juristas 
como sendo o mau uso ou uso excessivo ou extraordinário do direito. Isso 
significa, que a expressão abuso do direito nos remete a ideia de que alguém 
está exercendo um ato ilícito, em razão de um excesso. Assim, a expressão, 
de forma isolada, quer informar ao intérprete que o justo é exercer o direito, 
nem mais (abuso), nem menos (aquém). 
Este texto foi adaptado do texto publicado do texto escrito por Carlos Henrique Soa-
res, no capítulo 8, intitulado Abuso dei Derecho Procesal Brasi/efío, publicado no livro Pro-
cesso Democrático y Garantismo Procesal, Coordenado por Carlos Henrique Soares, Glau-
co Gumerato Ramos, Guido Aguila Grados, Mónica Bustamante Rúa y Ronaldo Brêtas de 
Carvalho Dias, publicado entre as páginas 134/151, pela Editora Arraes em co-parceria com 
a Editora Astrea, 2015. 
2 Doutor e Mestre em Direito Processual (PUCMinas), Professor da PUCMinas de Di-
reito Processual Civil, Coordenador de Pós-Graduação em Direito Processual Civil do !EC/ 
PUCMinas, Professor de Pós-Graduação em Direito Processual Civil, Escritor, Palestrante. 
Advogado e Sócio da Pena, Dylan, Soares e Carsalade - Sociedade de Advogados. E-mail: 
carlos@pdsc.com.br. 
3 GONÇALVES, Aro ido Plinio. Técnica Processual e teoria do processo. Rio de Ja-
neiro: Aide, 1992, p. 45. 
99

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