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2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 2 VÍRUS ......................................................................................................... 5 2.1 Infecção viral ........................................................................................ 9 2.2 Características gerais dos vírus ......................................................... 14 2.3 Espectro de hospedeiros .................................................................... 17 2.4 Interação vírus/hospedeiro ................................................................. 18 2.5 Tamanho dos vírus ............................................................................. 19 2.6 Estrutura viral ..................................................................................... 20 2.7 Capsídeo e envelope.......................................................................... 21 2.8 Morfologia geral .................................................................................. 23 2.9 Vírus helicoidais ................................................................................. 23 2.10 Vírus poliédricos .............................................................................. 23 2.11 Vírus envelopados .......................................................................... 24 2.12 Vírus complexos .............................................................................. 24 2.13 Nomenclatura Viral .......................................................................... 25 2.14 Evolução ......................................................................................... 27 2.15 Entendendo o funcionamento do sistema imune ............................ 29 2.16 Transmissão do vírus ...................................................................... 33 2.17 Patologias virais .............................................................................. 37 3 INTRODUÇÃO A MICOLOGIA ................................................................. 43 3.1 Elementos fundamentais dos fungos e Citologia ................................ 46 3.2 Nutrição, metabolismo e habitat ......................................................... 48 3.3 Características dos fungos ................................................................. 49 3.4 Noções fundamentais de morfologia .................................................. 53 3.5 Noções fundamentais de biologia dos fungos .................................... 55 3 3.6 Fungos Comestíveis - Valor Alimentar dos Fungos ........................... 57 3.7 Patologia dos Fungos ......................................................................... 57 3.8 Micoses superficiais ........................................................................... 62 3.9 Infecções cutâneas ............................................................................ 66 3.10 Infecções subcutâneas ................................................................... 74 3.11 Infecções sistêmicas/oportunistas ................................................... 78 4 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 82 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 VÍRUS Fontes: escolakids.uol.com.br Até o final do século XIX, muitas doenças eram descritas como sendo causadas por venenos, termo que no latim significa “vírus”. Portanto, os vírus frequentemente estavam relacionados com doenças infecciosas, tais como: varíola, raiva e poliomielite (FLINT et al., 2015; apud CARLOS A; 2017). Embora não fosse possível ver o agente infeccioso, devido ao seu tamanho que é bem pequeno, pesquisadores como Louis Pasteur que na época estudava a doença da raiva, considerou que o agente causador da infecção era muito pequeno, se reproduzia e podia ser transmitido (LWOFF, 1957; apud CARLOS A; 2017). Os vírus são considerados os menores agentes infecciosos, podendo medir entre 18 nm a 300 nm, sendo, portanto, visíveis apenas ao microscópio eletrônico (RÁCZ; MENCK, 2005; apud CARLOS A; 2017). Entretanto, pesquisas recentes despontam a existência de vírus gigantes, que podem ser visto em microscópio óptico, sendo a maioria pertencente às famílias Mimiviridae e Marseilleviridae, além dos Pandoravirus, Pithovirus, Fausto vírus e Mollivirus (KHALIL; ANDREANI; LA SCOLA, 2016). Para efeito de comparação, o 6 Mimivírus representante da família Mimiviridae, possui aproximadamente 750 nm (CLAVERIE; ABERGEL, 2009; apud CARLOS A; 2017). Os vírus são seres presentes em todos os organismos celulares. Sendo, portanto, as entidades biológicas mais abundantes e diversas na biosfera terrestre (KRISTENSEN et al., 2010; FORTERRE, 2012; MOKILI; ROHWER; DUTILH, 2012; apud CARLOS A; 2017). Apesar disso, poucas espécies têm sido identificadas e catalogadas. De acordo com o relatório do comitê internacional de taxonomia de vírus – ICTV (2017; apud CARLOS A; 2017) existem 4.404 espécies de vírus, distribuídos entre 735 gêneros, 35 subfamílias, 122 famílias e 8 ordens, conforme CARLOS A; (2017). Desde a sua descoberta, os vírus têm fascinado os cientistas de todo o mundo, devido tanto à sua infecciosidade quanto às suas peculiaridades, o que os tornam diferentes de todos os outros seres vivos. Por exemplo, os vírus podem infectar todos os tipos de células e, em alguns casos, uma mesma célula pode ser infectada por diferentes vírus simultaneamente (GREBER; BARTENSCHLAGER, 2017; apud CARLOS A; 2017). Além disso, recentemente foram descobertos os virófagos, ou seja, vírus que infectam vírus. O papel dos virófagos ainda não foi completamente compreendido, mas sabe-se da sua importância na regulação da população de seus hospedeiros e dos hospedeiros celulares (WODARZ, 2013; apud CARLOS A; 2017). Os vírus demarcam a linha entre os seres vivos e os não vivos. Isso porque são seres que só exibem as propriedades normalmente associada aos sistemas vivos: reprodução, crescimento ou desenvolvimento, uso de energia e respostas a estímulos ambientais, quando infectam células hospedeiras (SNUSTAD; SIMMONS, 2012; apud CARLOS A; 2017). Dessa forma, tratam-se de parasitas intracelulares obrigatórios, não possuindo qualquer uma dessas propriedades fora das células hospedeiras. Além disso, os vírus apresentam-se em dois estilos de vida ou formas: na forma extracelular, como uma partícula diminuída, contendo ácido nucléico envolto por proteínas, conhecidos como partícula viral ou vírus, nessa forma, eles são metabolicamente inertes, o que possibilita sua fácil transmissão de um hospedeiro para outro, e, na forma intracelular, quando ocorre a replicação viral no interior da célula hospedeira (MADIGAN et al., 2010; apud CARLOS A; 2017). Aspartículas virais possuem uma grande diversidade de formas, podendo ser helicoidal, icosaédrica ou uma estrutura mais complexa, por exemplo, a encontrada nos bacteriófagos (Figura abaixo). As mais simples possuem o material genético 7 protegido por uma capa proteica, denominada capsídeo. A formação dessas partículas virais ocorre espontaneamente por subunidades proteicas diferentes, unidas por ligações hidrofóbicas e interações eletrostáticas, fazendo da partícula viral uma estrutura estável. Funcionalmente, o capsídeo viral protege os ácidos nucléicos do ambiente extracelular e permite a ligação inicial vírus-célula (CANN, 2005; apud CARLOS A; 2017). Adicionalmente, alguns vírus apresentam além do capsídeo, uma bicamada lipídica contendo proteínas, geralmente glicoproteínas, que são denominadas envelope ou envoltório. Essas camadas exteriores conferem proteção ao genoma viral de danos físicos, químicos ou enzimáticos e auxiliam a entrada do vírus na célula (MADIGAN et al., 2010; apud CARLOS A; 2017). O genoma viral pode ser constituído por uma ou várias moléculas de ácidos nucléicos que podem ser: ácido desoxirribonucleico (DNA), ácido ribonucleico (RNA) ou por ambas (DNA e RNA) como ocorre no gênero citomegalovírus, embora esses RNAs sejam considerados mRNAs dando origem a proteínas precoces da replicação viral (HUANG; JOHNSON, 2000; apud CARLOS A; 2017). Além disso, o genoma viral pode ser cadeia de fita simples (ss) ou cadeia de fita dupla (ds), linear ou circular, segmentada ou não segmentada (RÁCZ; MENCK, 2005; apud CARLOS A; 2017). 8 Fonte: ufpb.br – (adaptada de TORTORA; FUNKE; CASE, 2012; apud CARLOS A; 2017) Nota: Os vírus apresentam diferentes morfologias, podemos distinguir pelo menos três: Vírus helicoidal, caracterizada pela reunião de subunidades proteicas (capsômeros) ao ácido nucleico viral enrolado em forma de hélice; Vírus icosaédrico, composto por dois tipos de capsômeros (hexâmeros e pentâmeros) e; Vírus com estrutura complexa, não apresentam simetria cubica ou helicoidal simples, formados por estruturas complexas com cabeça e cauda, conforme CARLOS A; (2017). O tamanho do genoma viral é extremamente reduzido, logo, não codificam todas as proteínas necessárias para sua replicação. Por isso, se faz necessário invadir células e utilizar a maquinaria celular para iniciar e completar seu ciclo de proliferação, conforme CARLOS A; (2017). 9 2.1 Infecção viral O processo de infecção viral ocorre quando um vírus interage com uma célula, introduz seu genoma e se replica. Algumas características são comuns a todas as infecções virais, embora existam diferenças quanto à sua interação vírus-célula. De todo modo, o genoma viral deve codificar para três funções: alterar a estrutura e/ou função da célula infectada; promover a replicação do genoma viral; e promover a formação de partículas virais (RÁCZ, 2005; apud CARLOS A; 2017). Portanto, o processo de infecção viral pode ser dividido em cinco etapas: adsorção, penetração, síntese dos componentes virais, maturação e liberação (MADIGAN et al., 2010; apud CARLOS A; 2017): Adsorção: Os vírus que infectam células animais devem primeiramente reconhecer a célula hospedeira ligando-se aos receptores da membrana plasmática. Em vírus envelopados, na dupla camada lipídica do envelope, encontram-se anti-receptores chamados de espículas que medeiam à ligação inicial vírus-célula, em vírus não envelopados, a função do anti- receptor é exercida pelas proteínas do capsídeo. Deste modo, as partículas virais colidem ao acaso com sítios na superfície celular do hospedeiro, levando a união complementar entre o sitio celular (receptor) e a proteína viral (anti-receptor) (RÁCZ, 2005; apud CARLOS A; 2017). Portanto, a ligação inicial vírus-célula demonstra especificidade estrutural, determinando assim, o tipo de célula que o vírus é capaz de infectar. Essa especificidade é coordenada pelos receptores celulares que na maioria das vezes são proteínas, algumas vezes carboidratos e raramente lipídeos (DIMMOCK; EASTON; LEPPARD, 2007; apud CARLOS A; 2017). Além disso, uma família de vírus pode usar o mesmo receptor, enquanto outros vírus podem usar três receptores diferentes ou ter apenas um receptor específico (DIMMOCK; EASTON; LEPPARD, 2007; apud CARLOS A; 2017). De todo modo, os vírus infectam células específicas que são determinadas pela expressão de diferentes proteínas nos diferentes tecidos ou órgãos, determinando o tropismo viral (MADIGAN et al., 2010). 10 Penetração: De acordo com CARLOS A; (2017), a penetração do vírus no hospedeiro celular ocorre logo após a ligação do vírus com o receptor celular. A penetração é um processo dependente de energia e existem três mecanismos principais: Translocação da partícula viral através da membrana citoplasmática, sendo considerado um processo raro e mal compreendido; Endocitose do vírus em vesículas intracelulares, auxiliados pelos receptores celulares; e Fusão do envelope viral com a membrana celular, com o auxílio de proteínas de fusão presentes no envelope viral, liberando o nucleocapsídeo no citoplasma, ou após endocitose, o envelope viral sofre fusão com a membrana da vesícula citoplasmática, liberando em seguida o nucleocapsídeo no citoplasma (CANN, 2005; apud CARLOS A; 2017). Síntese dos componentes virais: Nessa fase, os genomas virais realizam o processo de transcrição, formando um mRNA que possa ser codificado pela maquinaria de tradução das células hospedeiras, originando as proteínas viras. Adicionalmente, também ocorre a replicação do genoma viral que será incorporado à progênie viral (RÁCZ, 2005; apud CARLOS A; 2017). No processo de transcrição, o mRNA viral pode ser sintetizado no núcleo ou no citoplasma de uma célula hospedeira dependendo do tipo do genoma viral. A formação do mRNA também depende do tipo do genoma viral, assim o DNA dupla fita pode ser definida como uma cadeia de sentido positivo, porque contém imediatamente informações traduzíveis, conforme CARLOS A; (2017). Por outro lado, o RNA e o DNA complementos de cadeias possuem sentido contrário ao mRNA, sendo, portanto, designados como de sentido negativo e devem primeiro transcrever uma fita complementar ao mRNA antes da sua tradução pela maquinaria celular do hospedeiro (FLINT et al., 2015; apud CARLOS A; 2017). De acordo com CARLOS A; (2017), cada genoma viral possui especificidade nos processos de transcrição e replicação. Por isso, David Baltimore (1971 apud CARLOS A; 2017), elaborou uma classificação baseada na natureza dos seus genomas e seus modos de transcrição (Figura abaixo): 11 Classe I- vírus de DNA dupla fita: São todos os vírus que possuem como material genético o DNA com cadeia dupla. A síntese do mRNA é produzido a partir de uma das fitas de DNA, atuando semelhante ao genoma da célula hospedeira (BALTIMORE, 1971; apud CARLOS A; 2017). Classe II- vírus de DNA fita simples: São todos os vírus que possuem DNA fita simples. Antes do mRNA ser produzido, uma fita complementar de DNA deve ser sintetizada, formando um intermediário de DNA dupla fita, sendo esse intermediário transcrito (BALTIMORE, 1971; apud CARLOS A; 2017). Classe III- vírus de RNA dupla fita: Todos os vírus conhecidos dessa classe possuem o genoma RNA dupla fita segmentado. Exibem uma fita com sentido positivo e a outra fita com sentido negativo. Assim, a fita negativa é utilizada como molde para a síntese do mRNA com o auxílio de uma RNA polimerase RNA dependente (RdRP), proveniente da síntese viral, que transcreve o genoma de cada segmento de RNA dupla fita (BALTIMORE, 1971; apud CARLOS A; 2017). Classe IV- vírus de RNA de fita simples de sentido positivo: O mRNA é igual ao RNA da partícula viral, assim, com o auxílio da RdRP, o vírus produz uma cópiaantisense do RNA viral, ou seja, uma fita complementar ao RNA viral, que será uma fita de RNA com sentido negativo. Depois ocorre a síntese do mRNA, utilizando a fita de RNA de sentido negativo como molde (FLINT et al., 2015; apud CARLOS A; 2017). Classe V- vírus de RNA de fita simples negativa: O RNA que penetra na célula é complementar ao mRNA, portanto, o mRNA deve ser primeiramente sintetizado. A fita de RNA com sentido positivo complementar ao RNA viral é sintetizada pela RdRP, sendo, 12 então, utilizada como mRNA. Esse mRNA de fita simples positiva é utilizado como molde para sintetizar genomas de RNA de fita simples com sentido negativo (DIMMOCK; EASTON; LEPPARD, 2007 apud CARLOS A; 2017). Classe VI- vírus de RNA fita simples com transcriptase reversa: São vírus de RNA de fita simples que codifica para um DNA de fita dupla com o auxílio da transcriptase reversa (DIMMOCK; EASTON; LEPPARD, 2007 apud CARLOS A; 2017). Classe VII- vírus de DNA dupla fita com transcriptase reversa: São vírus de DNA dupla fita que são convertidos em um RNA de fita simples com sentido positivo que será utilizado como molde para a síntese do DNA dupla fita, com o auxílio da transcriptase reversa (DIMMOCK; EASTON; LEPPARD, 2007; apud CARLOS A; 2017). Classificação de Baltimore: Fonte: http://viralzone.expasy.org/254 (2017; apud CARLOS A; 2017). http://viralzone.expasy.org/254 13 Nota: A classificação de Baltimore é um sistema de classificação viral baseada na síntese do mRNA viral, agrupando os vírus em sete classes que dependem do seu genoma e da replicação do DNA. Síntese proteica: Esse processo pode progredir simultaneamente com a síntese das macromoléculas da célula hospedeira, embora, seja sintetizada uma grande quantidade de proteínas virais em vez de proteínas celulares (LODISH et al., 2000; apud CARLOS A; 2017). De modo geral, as primeiras proteínas sintetizadas são chamadas de proteínas não- estruturais e favorecem a síntese dos componentes virais e a replicação do genoma viral, assim, são produzidas antes do processo de replicação do genoma viral. Em fase posterior à replicação do genoma viral, acontece a síntese das proteínas estruturais que farão parte da cápside viral (DIMMOCK; EASTON; LEPPARD, 2007; apud CARLOS A; 2017). Replicação viral: O mecanismo de replicação do genoma viral difere de acordo com a natureza do material genético e, na maioria dos casos, acontece no mesmo local onde ocorre a transcrição, podendo ser no citoplasma ou no núcleo. De modo geral, a replicação será conduzida pelo princípio de complementaridade de bases, com a participação de polimerases. No caso dos vírus de fita simples, se faz necessário à produção de uma fita complementar ao genoma viral que posteriormente atuará como molde para a síntese do novo genoma viral. Já os vírus de fita dupla, utilizam cada uma das fitas para gerar suas cópias complementares (DIMMOCK; EASTON; LEPPARD, 2007; apud CARLOS A; 2017). Maturação: Após a síntese das proteínas virais e do genoma viral, ocorre a montagem das partículas virais. O capsídeo é composto por múltiplas cópias de uma ou mais proteínas, essas proteínas se associam entre si formando os capsômeros. Assim, a montagem dos capsídeos ocorre espontaneamente, por auto reunião de monômeros em capsômeros e de capsômeros em capsídeos. Em seguida, o genoma viral recém- sintetizado será empacotado no interior do capsídeo originando novas partículas virais (RÁCZ, 2005; apud CARLOS A; 2017). 14 Liberação: Existem limites para a quantidade de vírus que podem ser acumulados em uma célula infectada, portanto, após a maturação a partícula viral deve ser liberada da célula infectada e penetrada em uma célula não-infectada (RÁCZ, 2005; apud CARLOS A; 2017). Existem dois tipos de liberação das partículas virais. Geralmente, os vírus não envelopados realizam a lise celular, liberando as partículas virais e outros componentes celulares para o meio extracelular, levando a célula à morte. Nos vírus envelopados, ocorre o brotamento através da membrana celular. Nesse tipo de liberação, durante o ciclo infeccioso as partículas virais acumulam-se na superfície interior da membrana plasmática. Deste modo, através da saída das partículas virais acontece o seu envelopamento com a membrana plasmática. Além do mais, o processo de brotamento parece não causar nenhum dano às membranas celulares que são rapidamente reparadas (MADIGAN et al., 2010; apud CARLOS A; 2017). 2.2 Características gerais dos vírus Há cem anos, os pesquisadores não imaginavam que poderiam existir partículas submicroscópicas, assim, descreveram esses agentes infecciosos com o termo contagium vivum fluidum um fluido contagioso. Por volta da década de 1930, os cientistas começaram a usar a palavra vírus, palavra que no latim significa veneno, para descrever esses agentes filtráveis, conforme FUNKE B et al., (2016). A natureza dos vírus, no entanto, permaneceu uma incógnita até 1935, quando Wendell Stanley, químico americano, isolou o vírus do mosaico do tabaco, tornando possível pela primeira vez o desenvolvimento de estudos químicos e estruturais em um vírus purificado. A invenção do microscópio eletrônico, aproximadamente na mesma época, possibilitou a sua visualização, conforme FUNKE B et al., (2016). A questão de os vírus serem organismos vivos ou não tem uma resposta ambígua. A vida pode ser definida como um conjunto complexo de processos resultantes da ação de proteínas codificadas por ácidos nucleicos. Os ácidos nucleicos das células vivas estão em atividade o tempo todo. Sob o aspecto de que são inertes fora das células vivas de seu hospedeiro, os vírus não são considerados organismos vivos. No entanto, quando um vírus penetra uma célula hospedeira, o ácido nucleico viral torna-se ativo, ocorrendo a multiplicação viral. Sob esse prisma, https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks 15 os vírus estão vivos quando se multiplicam dentro da célula hospedeira. Do ponto de vista clinico, os vírus podem ser considerados vivos por serem capazes de causar infecção e doença, assim como bactérias, fungos e protozoários patogênicos. Dependendo do ponto de vista, um vírus pode ser considerado um agregado excepcionalmente complexo de elementos químicos ou um microrganismo vivo extraordinariamente simples, conforme FUNKE B et al., (2016). Como, então, definimos um vírus? Os vírus foram originalmente diferenciados de outros agentes infecciosos por serem especialmente muito pequenos (filtráveis) e por serem parasitos intracelulares obrigatórios, isto é, eles necessariamente precisam de células hospedeiras vivas para a sua multiplicação. Entretanto, essas duas propriedades são compartilhadas por determinadas bactérias pequenas, como algumas riquétsias, conforme FUNKE B et al., (2016). De acordo com FUNKE B et al., (2016), sabe-se agora que as características que realmente distinguem os vírus estão relacionadas a sua organização estrutural simples e aos mecanismos de multiplicação. Dessa forma, os vírus são entidades que: Contém um único tipo de ácido nucleico, DNA ou RNA. Contém um revestimento proteico (as vezes recoberto por um envelope de lipídeos, proteínas e carboidratos) que envolve o ácido nucleico, conforme FUNKE B et al., (2016). Confira abaixa a comparação entre o vírus e as bactérias: Fonte: Livro: Microbiologia - conforme FUNKE B et al., (2016) https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbookshttps://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks 16 Multiplicam-se no interior de células vivas utilizando a maquinaria sintética da célula, conforme FUNKE B et al., (2016). Induzem a síntese de estruturas especializadas que podem transferir o ácido nucleico viral para outras células, conforme FUNKE B et al., (2016). O vírus tem poucas ou mesmo nenhuma enzima própria para seu metabolismo. Por exemplo, não tem enzimas para a síntese proteica e a geração de ATP. Os vírus devem assumir a maquinaria metabólica da célula hospedeira para a sua multiplicação. Esse fato é de considerável importância médica para o desenvolvimento de fármacos antivirais, pois a maioria dos fármacos que interferem na multiplicação viral também pode interferir com a fisiologia da célula hospedeira, sendo, por isso, demasiadamente tóxicas para uso clínico, conforme FUNKE B et al., (2016). Fonte: Livro: Microbiologia - conforme FUNKE B et al., (2016) A figura acima mostra o tamanho dos vírus. Os tamanhos de diversos vírus (em azul-esverdeado) e bactérias (em marrom) são comparados a uma hemácia humana, representada abaixo dos micróbios. As dimensões estão em nanômetros (nm) e representam diâmetro ou comprimento por largura, conforme FUNKE B et al., (2016). https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks 17 2.3 Espectro de hospedeiros O espectro de hospedeiros de um vírus consiste na variedade de células hospedeiras que o vírus pode infectar. Existem vírus que infectam invertebrados, vertebrados, plantas, protistas, fungos e bactérias. No entanto, a maioria e capaz de infectar tipos específicos de células de uma única espécie de hospedeiro. Em casos raros, os vírus cruzam as barreiras de espécies, expandindo, assim, seu espectro de hospedeiros. Neste capítulo, nós preocuparemos principalmente com os vírus que infectam seres humanos e bactérias. Os vírus que infectam bactérias são chamados de bacteriófagos ou fagos, conforme FUNKE B et al., (2016). O espectro de hospedeiros de um vírus é determinado pela exigência viral quanto à sua ligação especifica a célula hospedeira e pela disponibilidade de fatores celulares do hospedeiro em potencial necessários para a multiplicação viral. Para que ocorra a infecção da célula hospedeira, à superfície externa do vírus deve interagir quimicamente com receptores específicos presentes na superfície celular, conforme FUNKE B et al., (2016). Os dois componentes complementares são unidos por ligações fracas, como ligações de hidrogênio. A combinação de muitos sítios de ligação e receptores resulta em uma forte associação entre a célula hospedeira e o vírus. Para alguns bacteriófagos, o receptor faz parte da parede da célula hospedeira, em outros casos, faz parte das fimbrias ou dos flagelos. No caso de vírus animais, os receptores estão na membrana plasmática das células hospedeiras, conforme FUNKE B et al., (2016). A possibilidade de utilização dos vírus para tratamento de doenças é intrigante devido ao seu estreito espectro de hospedeiros e sua capacidade de matar as células hospedeiras. A ideia de uma fagoterapia utilizando bacteriófagos para o tratamento de infecções bacterianas já existe há cerca de 100 anos. Avanços recentes no entendimento das interações vírus-hospedeiro têm possibilitado novos estudos no campo da fagoterapia, conforme FUNKE B et al., (2016). Infecções virais induzidas experimentalmente em pacientes com câncer durante a década de 1920 sugeriram que os vírus podem ter atividades antitumorais. Esses vírus destruidores de tumor, ou oncolíticos, podem seletivamente infectar e matar células tumorais ou induzir uma resposta imune contra essas células. Alguns vírus infectam de forma natural as células tumorais e outros podem ser modificados geneticamente para infecta-las. Hoje, vários estudos estão em andamento para https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks 18 determinar o mecanismo de ação dos vírus oncolíticos e a segurança do uso da terapia viral, conforme FUNKE B et al., (2016). 2.4 Interação vírus/hospedeiro Os vírus são microrganismos totalmente dependentes das células hospedeiras para replicação e tem a sua evolução delineada pelas características físicas, químicas e biológicas das células hospedeiras, constituindo uma relação de coevolução. As células hospedeiras criam mecanismos de bloqueio aos vírus, e em contraponto os vírus desenvolvem mecanismos de evasão complementares, de maneira a sobrepujar os mecanismos de resistências do hospedeiro, mantendo o ciclo viral viável. Exemplo dessa evasão viral ocorre quando alguns vírus expressam proteínas que bloqueiam o programa de morte celular (apoptose) ativado em muitas células infectadas, conforme ANDRADE M; (2016). Os vírus interferem nos processos normais da célula hospedeira, provocando mudanças histológicas, citológicas e fisiológicas, tais como lise celular, apoptose, desequilíbrio do balanço energético, alteração no processo de síntese proteica e de síntese de ácidos nucléicos inerentes ao metabolismo celular, sendo esses efeitos denominados como efeitos citopáticos, conforme ANDRADE M; (2016). Os vírus, considerados parasitas intracelulares obrigatórios, são dependentes da maquinaria energética e biossintética dos hospedeiros para se multiplicarem, de maneira a induzir uma célula hospedeira viva a sintetizar todos os componentes essenciais, necessários à produção de novas partículas virais, mantendo com estas interações altamente especializadas, conforme ANDRADE M; (2016). Durante a replicação viral, os vírus redirecionam o metabolismo celular de forma a estabelecer a síntese de novos ácidos nucleicos e proteínas virais. Os padrões de infecção são direcionados pelo tropismo viral, ou seja, é a predileção do vírus para infectar certos tecidos do hospedeiro e não outros. O tropismo pode ser determinado pela presença de receptores específicos presentes na superfície celular (susceptibilidade), assim como de constituintes intracelulares essenciais para a síntese viral (permissividade),conforme ANDRADE M; (2016). https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks 19 Comumente, três exigências devem ser observadas para garantir o sucesso da infecção num hospedeiro: inóculo viral suficiente para iniciar a infecção, as células no sitio de a infecção serem susceptíveis e permissivas ao vírus (tropismo), e os sistemas de defesa do hospedeiro devem estar ausentes ou, pelo menos, inicialmente ineficientes (em relação a capacidade do vírus de suplantar as defesas do hospedeiro), conforme ANDRADE M; (2016). Grande parte dos vírus se caracteriza como inócuo, não patogênico e outros podem permanecer latentes por muito tempo no hospedeiro ou ainda manter uma taxa de replicação lenta e estável, de forma a suplantar os mecanismos de defesa imunológicos. Em contraponto, a resposta imune do hospedeiro deve sempre se adequar as características de cada infecção viral buscando sempre o controle do crescimento desse agente infeccioso, conforme ANDRADE M; (2016). 2.5 Tamanho dos vírus O tamanho viral é determinado com o auxílio da microscopia eletrônica. Vírus diferentes variam consideravelmente em tamanho. Apesar de a maioria deles ser um pouco menor que as bactérias, alguns dos maiores vírus (como o vírus vaccínia) são praticamente do mesmo tamanho de algumas bactérias pequenas (como micoplasmas, riquétsias e clamídias). O tamanho dos vírus varia de 20 a 1.000 nm. Os tamanhos comparativos de diversos vírus e bactérias são mostrados na figura acima da página 15 onde mostra o tamanho dos vírus, conforme FUNKE B et al., (2016). E já na figura abaixo mostra a morfologia de um vírus poliédrico não envelopado: https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks 20 Fonte: Livro: Microbiologia - conforme FUNKE B et al., (2016) (a) Diagrama de um vírus poliédrico (icosaédrico) , conforme FUNKE B et al., (2016). (b) Micrografia do adenovírus Mastadenovirus. São visíveis os capsômeros individuais do capsídeo, conforme FUNKE B et al., (2016). 2.6 Estrutura viral Um vírus é uma partícula viral infecciosa completa, totalmente desenvolvida, composta por um ácido nucleico e envolta por um revestimento proteico que a protege do meio ambiente. Os vírus são classificados de acordo com o ácido nucleico que possuem e por diferenças nas estruturas de seus envoltórios, conforme FUNKE B et al., (2016). Ácido nucleico: Ao contrário das células procarióticas e eucarióticas, nas quais o DNA é sempre o material genético principal (o RNA tem um papel auxiliar), os vírus podem possuir tanto DNA como RNA, mas nunca ambos. O ácido nucleico dos vírus pode ser de fita simples ou dupla. Assim, existem vírus que apresentam o familiar DNA de dupla-fita, https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks 21 DNA de fita simples, RNA de dupla-fita e RNA de fita simples. Dependendo do vírus, o ácido nucleico pode ser linear ou circular. Em alguns vírus (como o vírus da gripe), o ácido nucleico e segmentado, conforme FUNKE B et al., (2016). A porcentagem de ácido nucleico viral em relação a porcentagem de proteína é de cerca de 1% no caso do vírus influenza e de cerca de 50% para certos bacteriófagos. A quantidade total de ácido nucleico varia de poucos milhares de nucleotídeos (ou pares de nucleotídeos) até 250 mil nucleotídeos. (O cromossomo de E. coli tem, aproximadamente, 4 milhões de pares de bases) , conforme FUNKE B et al., (2016). 2.7 Capsídeo e envelope O ácido nucleico de um vírus é protegido por um revestimento proteico, chamado de capsídeo (ver exemplo na figura acima da página 17). A estrutura do capsídeo é determinada basicamente pelo ácido nucleico do vírus e constitui a maior parte da massa viral, sobretudo dos vírus menores. Cada capsídeo é composto de subunidades proteicas, denominadas capsômeros. Em alguns vírus, as proteínas que compõem os capsômeros são de um único tipo, em outros, vários tipos de proteínas podem estar presentes. Os capsômeros, em geral, são visíveis nas micrografias eletrônicas (ver exemplo na figura acima da página 17), a organização dos capsômeros é característica para cada tipo de vírus, conforme FUNKE B et al., (2016). Em alguns vírus, o capsídeo e envolto por um envelope (ver exemplo na figura abaixo), que geralmente consiste em uma combinação de lipídeos, proteínas e carboidratos. Alguns vírus animais são liberados da célula hospedeira por um processo de extrusão, no qual a partícula é envolta por uma camada de membrana plasmática celular que passa a constituir o envelope viral. Em muitos casos, o envelope contém proteínas codificadas pelo genoma viral juntamente com materiais derivados de componentes normais da célula hospedeira, conforme FUNKE B et al., (2016). https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks 22 Dependendo do vírus, os envelopes podem ou não apresentar espículas, constituídas por complexos carboidrato-proteína que se projetam da superfície do envelope. Alguns vírus se ligam a superfície da célula hospedeira através das espiculas, que são características tão marcantes de alguns vírus que podem ser utilizadas para a identificação. A capacidade de determinados vírus, como o influenza (ver exemplo na figura abaixo), de agregar hemácias está associada a presença das espiculas. Esses vírus se ligam às hemácias, formando pontes entre eles. A agregação resultante, chamada de hemaglutinação, e a base de diversos testes laboratoriais uteis, conforme FUNKE B et al., (2016). Fonte: Livro: Microbiologia - conforme FUNKE B et al., (2016) Os vírus cujos capsídeos não são envoltos por um envelope são conhecidos como vírus não envelopados (ver exemplo na figura da página 19). Nesse caso, o capsídeo protege o ácido nucleico viral do ataque das nucleares presentes nos fluidos biológicos e promove a ligação da partícula as células suscetíveis. Quando um hospedeiro é infectado por um vírus, o sistema imune é estimulado a produzir anticorpos (proteínas que reagem com as proteínas de superfície do vírus). Essa interação entre os anticorpos do hospedeiro e as proteínas virais inativa o vírus e interrompe a infecção, conforme FUNKE B et al., (2016). https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks23 Entretanto, muitos vírus podem escapar dos anticorpos, pois os genes que codificam as proteínas virais de superfície são suscetíveis a mutações. A progênie dos vírus mutantes apresenta proteínas de superfície alteradas, incapazes de reagir com os anticorpos. O vírus influenza frequentemente sofre alterações em suas espículas. E por essa razão que se contrai gripe mais de uma vez. Apesar de termos produzidos anticorpos contra um subtipo de vírus da gripe, se ele sofrer mutações pode nos infectar novamente, conforme FUNKE B et al., (2016). 2.8 Morfologia geral Os vírus podem ser classificados em vários tipos morfológicos diferentes, com base na arquitetura do capsídeo. A estrutura do capsídeo tem sido elucidada por microscopia eletrônica e uma técnica conhecida como cristalografia de raios X, conforme FUNKE B et al., (2016). 2.9 Vírus helicoidais Os vírus helicoidais assemelham-se a longos bastonetes que podem ser rígidos ou flexíveis. O ácido nucleico viral e encontrado no interior de um capsídeo oco e cilíndrico que possui uma estrutura helicoidal (ver exemplo na figura da página 19). Os vírus que causam raiva, febre hemorrágica e a Ebola são helicoidais, conforme FUNKE B et al., (2016). 2.10 Vírus poliédricos Muitos vírus animais, vegetais e bacterianos são poliédricos, isto é, tem muitas faces. O capsídeo da maioria dos vírus poliédricos tem a forma de um icosaedro, um poliedro regular com 20 faces triangulares e 12 vértices (ver exemplo na figura da página 19). Os capsômeros de cada face formam um triângulo equilátero. O adenovírus é um exemplo de um vírus poliédrico com a forma de um icosaedro (ver exemplo na figura da página 19). O poliovírus também e icosaédrico, conforme FUNKE B et al., (2016). https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks 24 2.11 Vírus envelopados Como mencionado anteriormente, o capsídeo de alguns vírus é coberto por um envelope. Os vírus envelopados são relativamente esféricos. Quando os vírus helicoidais e os poliédricos são envoltos por um envelope são denominados vírus helicoidais envelopados ou vírus poliédricos envelopados. Um exemplo de vírus helicoidal envelopado é o vírus influenza (ver exemplo na figura da página 19). Um exemplo de um vírus poliédrico (icosaédrico) envelopado e o vírus do herpes humano (ver exemplo na figura abaixo) , conforme FUNKE B et al., (2016). Fonte: Livro: Microbiologia - conforme FUNKE B et al., (2016) 2.12 Vírus complexos Alguns vírus, particularmente os vírus bacterianos, tem estruturas complicadas e são chamados de vírus complexos. Um bacteriófago é um exemplo de um vírus complexo. Alguns bacteriófagos possuem capsídeos com estruturas adicionais aderidas (ver exemplo na figura abaixo) , conforme FUNKE B et al., (2016). Nesta figura, observe que o capsídeo (cabeça) e poliédrico e a bainha da cauda e helicoidal. A cabeça contém o genoma viral. Adiante neste capítulo, discutiremos as funções de outras estruturas, como a bainha da cauda, as fibras da cauda, a placa basal e o pino. Outro exemplo de vírus complexo são os poxvirus, que não tem capsídeos claramente definidos, mas apresentam vários envoltórios em torno do ácido nucleico viral (ver exemplo na figura abaixo) , conforme FUNKE B et al., (2016). https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks 25 Fonte: Livro: Microbiologia - conforme FUNKE B et al., (2016) 2.13 Nomenclatura Viral As regras de nomenclatura viral são ditadas pelo International Committee on Taxonomy of Viruses (ICTV) e não segue a taxonômica binominal de Lineu, que foi naturalista sueco, e ainda é, muito importante para a sistemática: parte da biologia que estuda a diversidade biológica. Foi ele quem propôs classificar os seres vivos em categorias taxonômicas, a partir da análise de semelhanças entre grupos de indivíduos. Assim, definiu espécie como a taxa mais específica, sendo procedido do gênero, família, ordem, classe, filo e reino conforme BRANDÃO R; (2015). Entretanto, a classificação viral inicia-se por ordem e os nomes de ordens, famílias, subfamílias, gêneros e espécies que são escritos em itálico e com a primeira letra maiúscula. Os nomes ainda não reconhecidos aparecem entre aspa, em tipo comum, o ICTV reconhece sete ordens, nomeadamente, Caudovirales, Herpesvirales, Ligamenvirales, Mononegavirales, Nidovirales, Picornavirales e a Tymovirales, conforme BRANDÃO R; (2015). De um modo geral, a ordem Caudovirales inclui os bacteriófagos, Herpesvirales é uma ordem de vírus em que todos partilham a mesma morfologia geral, na ordem Ligamenvirales incluem-se vírus lineares que infectam Archaea do Reino https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Berdell+R.+Funke&text=Berdell+R.+Funke&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks 26 Crenarchaeota a ordem Mononegavirales inclui os vírus que infectam plantas e animais, a ordem Nidovirales inclui os vírus hospedeiros de vertebrados, na ordem Picornavirales os vírus tem como hospedeiros vertebrados, insetos e plantas e a ordem Tymovirales consiste em um vírus com genoma formado por RNA de cadeia simples positiva sem intermediários de DNA e o seu material genético esta protegido por uma proteína especial de revestimento. Segundo o ICTV atualmente são reconhecidas 104 famílias, 23 subfamílias, 505 gêneros e 3186 espécies (ICTV), conforme BRANDÃO R; (2015). Confira a imagem abaixo com exemplos sobre as regras de nomenclatura para a classificação dos vírus: Fonte: bdigital.ufp.pt Os critérios utilizados para a classificação dos vírus são respectivamente: o hospedeiro parasitado, a morfologia do vírus e o tipo de ácido nucleico que estes têm. Também podem ser usados outros critérios na classificação viral, tais como: as características físico-químicas, as proteínas virais, as propriedades antigénicas, as propriedades biológicas, entre outras, conforme BRANDÃO R; (2015). A morfologia da partícula viral inclui o estudo do tamanho, da forma, do tipo de simetria, da presença o ou ausência de espículas e a presença ou ausência de invólucro. As propriedades do genoma incluem o estudo do tipo de ácido nucleico, do tamanho do genoma, do número de cadeias (simples ou dupla), linear ou circular, sentido/polaridade (positivo, negativo, ou com ambos os sentidos), dos segmentos (número e tamanho), da sequência de nucleotídeos e conteúdo de guanina ecitosina. As propriedades físico-químicas incluem o estudo da massa molecular, da densidade 27 de flutuação, da estabilidade em pH, do termo estabilidade e da suscetibilidade a agentes químicos e físicos, conforme BRANDÃO R; (2015). As propriedades das proteínas incluem o estudo do número, do tamanho e das atividades funcionais das proteínas estruturais e não estruturais, da sequência de nucleotídeos, modificações (glicosilação, fosforilação, miristilação) e as atividades funcionais especiais, como transcriptase, a transcriptase reversa, a neurominidase e a atividades de fusão, conforme BRANDÃO R; (2015). A organização e replicação do genoma incluí o estudo da ordem do genoma, do número e posição das estruturas de leitura abertas, das estratégias de replicação, dos locais celulares de acumulação das proteínas e da organização e liberação do vírus. Já as propriedades biológicas incluem o estudo da variedade de hospedeiros naturais, do modo de transmissão, da relação com vetores, patogenicidade, do tropismo tecidual e da patologia. Cada um desses critérios contém informações diferenciadas para os diversos vírus o que facilita a identificação do vírus (Lopes e Rosso, 2010; apud BRANDÃO R; 2015). 2.14 Evolução A alimentação, as espécies predadoras e os agentes infeciosos desempenham funções importantes na evolução das espécies, nomeadamente a humana. Os vírus ocupam uma posição estratégica na evolução dos seus hospedeiros devido à sua capacidade de atuar como parasitas genéticos moleculares. A luta contra as doenças infeciosas tem sido considerada um importante processo evolutivo. Se um parasita provoca a mortalidade do hospedeiro ou diminui a sua fertilidade pode ser considerado um agente seletivo, conforme BRANDÃO R; (2015). A maioria das espécies apresenta diversidade genética na produção de anticorpos que atuam na resistência às doenças. Considerando-se que em geral os agentes patogénicos se desenvolvem mais rapidamente que as defesas do hospedeiro, é interessante que o hospedeiro possua diversidade genética e elevada taxa de mutação nos genes relacionados à resistência a doenças (Van Blerkon, 2003; apud BRANDÃO R; 2015). 28 Os vírus podem afetar a evolução dos seus hospedeiros, interagindo diretamente com o DNA do hospedeiro. Devido a sua simplicidade estrutural e sua dependência da maquinaria de replicação e transcrição da célula hospedeira, os vírus atuam como parasitas genéticos moleculares, podendo alterar o genoma do hospedeiro. O genoma de quase todos os vírus de DNA é constituído por DNA semelhante ao genoma das células do hospedeiro, conforme BRANDÃO R; (2015). Esta similaridade a nível da estrutura e da replicação favorece a integração do vírus com o genoma do hospedeiro, podendo esta integração ser feita a nível dos gametas e assim o novo código genético ser passado à próxima geração como se fosse uma característica mendeliana, conforme BRANDÃO R; (2015). Comparados com os vírus de RNA, os vírus de DNA tendem a infectar tipos específicos de células de uma única espécie hospedeira. Muitos vírus de DNA provocam infecções crônicas e latentes nos hospedeiros por longos período de inatividade do vírus mantendo-se no hospedeiro em pequenas populações por períodos prolongados. Os vírus de DNA tendem, portanto, a ser mais estáveis que os vírus de RNA. Provavelmente os primeiros hominídeos transportavam vários tipos de vírus de DNA, que se diversificaram e migraram com a população humana. As filogenias desses grupos de vírus coincidem com as relações evolutivas dos seus hospedeiros primatas, indicando um padrão de coevolução (Van Blerkon, 2003; Villarreal, 2007; apud BRANDÃO R; 2015). O genoma de aproximadamente 70% dos vírus que infectam animais apresenta-se na forma de RNA. O processo de replicação desses vírus apresenta em relação aos vírus de DNA erros maiores, com elevadas taxas de substituição de nucleotídeos. Assim sendo, os vírus de RNA possuem uma taxa de mutação maior, o que lhes confere a capacidade de se adaptar a novos hospedeiros e de aumentar a sua virulência. Geralmente, os vírus de RNA são menos específicos em relação ao hospedeiro que os vírus de DNA e podem transmitir-se facilmente entre diferentes espécies animais. Apesar de alguns vírus de RNA causarem infecções inaparentes nos hospedeiros os seus reservatórios naturais, a maioria realiza ciclos contínuos de replicação e produção de novos vírus, que afetam o hospedeiro (Van Blerkon, 2003; apud BRANDÃO R; 2015). Considerando o seu potencial para a transmissão entre espécies e evolução rápida, muitos vírus de RNA humanos foram adquiridos a partir de outras espécies, especialmente animais domesticados e roedores transportadores 29 de doenças atraídos pela adoção do estilo vida nômada, desde o Neolítico, embora seja necessário ter cuidado concluindo este argumento, uma vez que a transmissão interespécies tem ocorrido frequentemente na direção inversa. (Van Blerkon, 2003 apud BRANDÃO R; 2015). Uma vez que o processo transcrição reversa carece da fase de revisão da replicação do DNA, um retrovírus sofre mutações muito frequentemente. Após integração no genoma hospedeiro, estes vírus escapam à detecção pelo sistema imunológico, tornando-se semelhantes aos vírus de DNA. O vírus da imunodeficiência humana apresenta populações geneticamente diversas com taxas de mutação mais rápidas, conforme BRANDÃO R; (2015). Os provírus integrados ao genoma do hospedeiro, conhecidos como retrovírus endógenos e que perderam a capacidade de produzir partículas infeciosas têm as sequências nucleotídicas multiplicadas e inseridas em vários pontos do genoma do hospedeiro. Estima-se que 8% do genoma humano seja constituído por sequências de retrovírus endógenos. Assim sendo, os retrovírus endógenos humanos podem ter contribuído diretamente na expressão génica do hospedeiro e participado do processo evolutivo humano (Van Blerkon, 2003 apud BRANDÃO R; 2015). 2.15 Entendendo o funcionamento do sistema imune De acordo com CHAGAS S; et al., (2019), para se proteger, o organismo lança mão de inúmeros mecanismos de defesa. O conjunto desses mecanismos é denominado sistema imune. Esse sistema é o que protege o organismo das invasões diárias e, portanto, torna-se essencial à manutenção da vida. São duas grandes frentes de defesa, sendo elas a: Imunidade inata e, Imunidade adaptativa (Tizard, 2014; apud CHAGAS S; et al., 2019). Imunidade inata: A imunidade inata constitui a primeira linha de defesa do organismo. Caracteriza- se por ser um sistema de resposta inespecífica e que responde rapidamente à invasão microbiana (Gutiérrez et al., 2015; Tizard, 2014; apud CHAGAS S; et al., 2019), sendo responsável por cerca de 95% da defesa do organismo (Zinkernagel, 2003; apud CHAGAS S; et al., 2019). As barreiras físicas impedem a entrada de microrganismos no corpo. A pele íntegra é a maior e mais eficiente delas. Ainda, caso haja lesão, abrindo uma porta de entrada para invasores, a cicatrização garante o rápido reparo. Nos tratos respiratório 30 e gastrointestinal há outros mecanismos físicos, como tosse, espirro e fluxo de muco no primeiro, e vômito e diarreia no segundo. Também há os microrganismos comensais que se aderem às superfícies corpóreas, impedindo a adesão de microrganismos patogênicos (Tizard, 2014; apud CHAGAS S; et al., 2019). Quando um patógeno invasor consegue ultrapassar as barreiras físicas, entram em ação os componentes inatos internos. Trata-se de componentes celulares como os monócitos, fagócitos e as natural killers (NK), e também de fatores solúveis, que são o sistema complemento e algumas citocinas (Tizard, 2014; apud CHAGAS S; et al., 2019). Juntos, esses componentes conseguem reconhecer padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs) por meio de receptores de reconhecimento de padrões (RRP),como os receptores Toll-like (TLRs) (Cruvinel et al., 2010; apud CHAGAS S; et al., 2019). Os PAMPs estão presentes nos mais variados microrganismos, mas ausentes em tecidos próprios (Janeway, 2001; apud CHAGAS S; et al., 2019). Uma vez identificados os PAMPs, é desencadeada uma série de mecanismos: fagocitose, ativação do sistema complemento, resposta inflamatória e eliminação de células alteradas pelas células NK (Gutiérrez et al., 2015; apud CHAGAS S; et al., 2019). O sistema imune inato não possui memória, portanto cada episódio de infecção é tratado como único. Independentemente da virulência do patógeno ou frequência com que ele invade o organismo, a resposta inata será sempre na mesma intensidade e duração. Por esse motivo, muitas vezes é gerada uma inflamação exacerbada frente a um microrganismo, causando dor e todos os outros típicos sinais da inflamação (Tizard, 2014; apud CHAGAS S; et al., 2019). Quando a infecção não é eliminada por nenhum dos mecanismos da resposta inata, células e fluídos acumulados nos tecidos são drenados até os nódulos linfáticos locais, onde então se inicia a resposta imune adaptativa. Têm-se as células apresentadoras de antígenos como o elo entre o sistema imune inato e o adaptativo (Gutiérrez et al., 2015; apud CHAGAS S; et al., 2019). Imunidade adaptativa: A imunidade adaptativa (ou adquirida), por sua vez, seria um sistema de defesa mais refinado, muito recente na linha evolucionária dos seres vivos, presente apenas na classe dos vertebrados (Janeway, 2001; apud CHAGAS S; et al., 2019). É capaz de reconhecer e eliminar patógenos e ainda aprender com o processo, o que é chamado de memória. Portanto, em infecções subsequentes pelo mesmo patógeno, 31 o mesmo será destruído de forma mais rápida e eficaz, podendo até mesmo tornar o animal imune (Tizard, 2014; apud CHAGAS S; et al., 2019). A memória imunológica é a base do sucesso das vacinas (Zinkernagel, 2003; apud CHAGAS S; et al., 2019). Trata-se de um sistema complexo e de ativação mais lenta que a imunidade inata, mas que dificilmente é superado. O sistema imune adaptativo possui uma resposta dupla, sendo a (1) resposta imune humoral e a (2) resposta imune celular (Tizard, 2014; apud CHAGAS S; et al., 2019). A resposta imune humoral é específica para microrganismos extracelulares, sendo o linfócito B a principal célula envolvida. O primeiro contato com o antígeno, seja por infecção natural ou vacinação, leva à sensibilização de linfócitos B virgens, que em seguida se diferenciam em plasmócitos produtores de imunoglobulinas (Igs) e em linfócitos B de memória, conforme apud CHAGAS S; et al., (2019). Nessa resposta primária, observa-se um aumento discreto no nível de Igs específicas, seguido de um platô e depois de uma queda progressiva. Ao segundo contato com o antígeno, linfócitos B de memória gerados na resposta primária conseguem identificá-lo rapidamente, produzindo uma resposta mais intensa e duradoura em termos de produção de Igs. É o que se denomina resposta secundária (Gutiérrez et al., 2015; Mesquita Júnior et al., 2010; apud CHAGAS S; et al., 2019). Os linfócitos B conseguem identificar antígenos por meio do Receptor de Antígeno de Linfócito B (RCB). A maioria dos antígenos, ao se ligarem ao RCB, não consegue estimular a diferenciação dos linfócitos B sozinhos. Nesse caso, é necessária a ajuda dos linfócitos T auxiliadores (Th) e, por isso, esse tipo de antígenos é conhecido como “antígenos T-dependentes”. Todavia, alguns antígenos não proteicos conseguem ativar sozinho o linfócito B, sendo então denominados “antígenos T-independentes”. Todavia, sem a ajuda dos linfócitos Th, a resposta imune gerada é fraca e sem memória (Mesquita Júnior et al., 2010; apud CHAGAS S; et al., 2019). Por esse motivo, é essencial que vacinas contenham “antígenos T dependentes”, para que consigam estimular a produção de células de memória e conferir proteção ao indivíduo vacinado. Os plasmócitos possuem a função de secretar no meio extracelular as Igs, também conhecidas como anticorpos, que são glicoproteínas capazes de reagir de forma específica com antígenos de agentes invasores do organismo. As principais 32 classes de Igs são: IgG, IgM, IgE, IgA e IgD, cada uma com diferentes funções e locais de atuação (Gutiérrez et al., 2015; Zinkernagel, 2003; apud CHAGAS S; et al., 2019). A IgG é o anticorpo característico da resposta imunes adaptativa secundária, enquanto a IgM é produzida nas respostas primárias. Ambos participam da neutralização e opsonização do antígeno e da ativação do sistema complemento. A IgE é característica das alergias e da proteção frente a helmintos, e o IgA é encontrado nas secreções corporais, estando relacionado com a proteção de mucosas. A IgD é um anticorpo de superfície, presente principalmente nos linfócitos B, desempenhando função de um RCB (Schroeder Junior & Cavacini, 2010; apud CHAGAS S; et al., 2019). A resposta imune celular se refere aos linfócitos T. Essas células se diferenciam em dois tipos celulares que possuem funções distintas. Tem-se, então, o linfócito T citotóxico ou CD8+ (Tc), especialista em identificar e destruir células anormais ou infectadas com microrganismos intracelulares; e o linfócito Th auxiliador ou CD4+ (Th), que coopera na ativação de linfócitos B e Tc (Janeway, 2001). Os linfócitos T reconhecem pequenos peptídeos que são apresentados pelas células apresentadoras de antígenos, através de Moléculas do Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC). Antígenos endógenos são apresentados unidos ao MHC classe I, e então identificados pelos linfócitos Tc. Já antígenos exógenos são associados ao MHC classe 2, presentes na maioria das células nucleadas, e identificados pelos linfócitos Th (Goldberg & Rizzo, 2015; apud CHAGAS S; et al., 2019), conforme apud CHAGAS S; et al., (2019). Ao ser apresentado ao antígeno, o linfócito Th se diferencia em Th1 e Th2. O linfócito Th1 favorece a imunidade celular por meio da ativação do linfócito Tc, incremento de reações inflamatórias cônicas e ativação de macrófagos e neutrófilos para que fagocitem células com patógenos intra-celulares (Gutiérrez et al., 2015; Mesquita Júnior et al., 2010; apud CHAGAS S; et al., 2019). O linfócito Tc, que reconheceu o antígeno apresentado pela célula apresentadora de antígenos, é ativado e se transforma em célula efetora de alta capacidade citolítica, tendo o auxílio de Th1. 33 Na sequência, o linfócito Tc se liga à célula infectada com patógeno intracelular e induz sua apoptose por meio da liberação de perforinas e granzimas (Gutiérrez et al., 2015; Mesquita Júnior et al., 2010; apud CHAGAS S; et al., 2019). O linfócito Th2, por sua vez, favorece a imunidade humoral. Ele se liga ao linfócito B que reconheceu o mesmo antígeno específico e estimula a sua diferenciação em plasmócito, produzindo assim anticorpos específicos. Ainda, por meio de secreção de interleucinas, o Th2 ativa mastócitos e eosinófilos (Gutiérrez et al., 2015; Mesquita Júnior et al., 2010; apud CHAGAS S; et al., 2019). 2.16 Transmissão do vírus Os vírus são mantidos na natureza devido a capacidade de serem transmitidos de um hospedeiro infectado para o outro para que possa servir como reservatório para replicação de mais unidades virais. Outra possibilidade de sobrevivência dos genes virais inclui sua manutenção na célula como parte dos ácidos nucléicos celulares, os quais são replicados e passados para as células – filhas na divisão celular. O ciclo de transmissão requer a entrada do vírus no organismo, sua replicação, liberação e consequentemente disseminação no organismo e deste para outro hospedeiro. Os vírus podem ser transmitidos por diversas maneiras, tais como por via respiratória, transmissão fecal- oral, por contato, por via sexual, por vetor artrópode, por vetor animal e via parenteral,conforme ANDRADE M; (2016). Segue abaixo a figura com as principais vias de entrada dos vírus associados às infecções em humanos: 34 Fonte: scielo.br Os vírus de bactérias e de outros microrganismos infectam as células mais sensíveis que se encontram susceptíveis no meio ambiente. Esses vírus são dependentes das chances de encontrar esses microrganismos para que possam se 35 ligar aos receptores na superfície celular. Os vírus de plantas e de animais multicelulares também devem encontrar novas células para infectar. Neste caso, a infecção pode se espalhar para as células adjacentes ou chegar a células mais distantes por meio do floema ou do sangue, conforme ANDRADE M; (2016). Depois de entrar em um organismo multicelular, o vírus ainda deve seguir um longo caminho até encontrar a célula que irá infectar. Neste percurso terá de passar por mecanismos de defesa do hospedeiro e, se sobreviver, permanecerá infectante. Mesmo que o vírus passe por todo esse processo, a infecção só ocorrerá se o organismo hospedeiro for inoculado com um número suficiente de partículas, conhecida com dose infectante mínima, conforme ANDRADE M; (2016). A fim de aumentar a probabilidade de transmissão, algumas infecções por vírus modificam o comportamento dos seus hospedeiros. Um exemplo é o vírus da raiva que infecta mamíferos e os torna mais agressivos, o que pode aumentar as chances de transmissão por meio da mordida de hospedeiro para hospedeiro em potencial e passá – lo pela saliva. Para a infecção se espalhar para além do sítio primário, as barreiras físicas e imunológicas devem ser ultrapassadas. A forma de disseminação viral que está relacionada ao tropismo viral, pode ser determinada por uma infecção localizada, na qual o vírus se multiplica no sítio de entrada e se dissemina célula – a – célula. Como exemplos podem ser citados Rinovírus, presente no epitélio do trato respiratório, Rotavírus, o qual infecta vilosidades intestinais, e Papilomavirus, presente na epiderme. Outra forma de disseminação se dá pela ocorrência de infecção sistêmica, na qual o vírus é capaz de disseminar para outros órgãos através dos sistemas circulatório, linfático ou nervoso, conforme ANDRADE M; (2016). 36 Segue a figura abaixo com a demonstração do vírus HPV e como ele penetra no tecido epidérmico: Fonte: silo.tips.com A liberação dos vírus infecciosos de um hospedeiro para outro hospedeiro ou para o meio ambiente pode ocorrer por meio dos sítios mais produtivos de infecção, ou seja, aquele que resulta na geração de progênie viável ou durante episódios de viremia, quando a presença do vírus no sangue o permite ser transmitido, conforme ANDRADE M; (2016). Veremos abaixo alguns exemplos patologias virais: 37 2.17 Patologias virais Veja abaixo um exemplo de umas das viroses congênitas: Rubéola congênita: a rubéola é uma doença viral, caracterizada como autolimitada e com evolução benigna. Conhecida por atingir preferencialmente crianças e adultos jovens, é muito comum em comunidades urbanas, apresentando como sinais clínicos o surgimento de exantema agudo, febrícula, linfadenopatia e, em alguns casos, artropatia, ou podendo também ser assintomática em 25% a 50% dos pacientes, conforme LIMA L; et al., (2019). O fator de maior preocupação relacionado ao vírus da rubéola ocorre quando a infecção acomete gestante, devido à capacidade que o vírus possui de causar infecção transpondo a barreira placentária, podendo gerar a síndrome da rubéola congênita (SRC), e, dessa forma, provocar os casos de malformações anatômicas, neurológicas e até mesmo óbito do feto, conforme LIMA L; et al., (2019). Fonte: brasillivredarubeola.com Classificado como togavírus, o vírus da rubéola pertence ao gênero Rubivírus e família Togaviridae. Possui um invólucro constituído de glicoproteínas, um envelope lipoproteico composto por material genético do tipo RNA simples fita senso positivo e apresenta um único tipo antigênico. É facilmente inativado por agentes químicos como calor, baixo pH e luz ultravioleta, conforme LIMA L; et al., (2019). 38 O vírus afeta apenas seres humanos, sendo transmitido quando indivíduos sadios entram em contato direto com secreções respiratórias de pessoas infectadas, e esse contágio pode ocorrer mesmo em estágio subclínico da doença. É importante ressaltar que o período de incubação do vírus pode variar entre 14 a 21 dias, sendo observado como momento de maior transmissibilidade 7 dias antes e 7 dias após o surgimento do exantema característico da doença, conforme LIMA L; et al., (2019). Quanto à taxa de transmissão vertical, estima-se que possa chegar a 90% nas 12 primeiras semanas de gestação, havendo um declínio entre a décima segunda e a vigésima oitava semana, aumentando novamente no final da gestação com 100% de chances de contaminação materno-fetal. Após o nascimento, o vírus da rubéola pode ser encontrado em 80% das crianças no primeiro mês, 62% até os quatro meses, 33% do quinto ao oitavo mês, 11% entre nove e doze meses e apenas 3% no segundo ano de vida, conforme LIMA L; et al., (2019). Atualmente, não há um tratamento específico para a SRC, havendo medidas farmacológicas restritas apenas para os sintomas em casos de pacientes com manifestações clínicas. Dessa forma, a prevenção por meio da vacinação de todas as mulheres em idade fértil torna-se uma importante ferramenta no combate à doença. A vacina é composta pelo vírus atenuado e, portanto, algumas informações devem ser levadas em consideração, pois embora não haja relatos de infecção fetal após a vacinação, não se pode descartar a possibilidade de contágio da placenta em mulheres grávidas ou que pretendem engravidar num período de até três meses após administração da dose, conforme LIMA L; et al., (2019). Já em mulheres expostas ao vírus e que apresentaram IgG positiva durante a gestação não se aconselha o uso da vacina, pois não possui benefício comprovado. É importante salientar que a disponibilidade de poucas doses da vacina também pode favorecer o risco de contaminação e disseminação viral e, portanto, fazer com que uma doença infantil passe a acometer adultos jovens, ocasionando um possível aumento na incidência da síndrome da rubéola congênita. Por esta razão, é imprescindível que a vacinação seja acessível e imunize toda a população, conforme LIMA L; et al., (2019). 39 Veja abaixo um exemplo de umas das viroses respiratórias: Coronavirus: COVID-19: No final de 2019, a COVID-19 (ou doença pelo novo coronavírus 2019) se espalhou rapidamente pela China e, assim, pelo resto do mundo. Um novo beta coronavírus, conhecido como coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2), foi identificado como o patógeno da COVID-19, desencadeando pneumonia grave e insuficiência pulmonar aguda, inclusive morte. Nos casos existentes, alguns pacientes com pneumonia por SARS-CoV-2 desenvolveram SDRA, e em uma parte deles a situação se agravou em um curto período de tempo e foi a óbito por falência múltipla dos órgãos, conforme ALBUQUERQUE L; et al., (2020). Coronavírus (Ordem Nidovirales, Família Coronaviridae, Subfamília Coronavirinae) são vírus envelopados, com genoma de RNA “positivo” de fita simples e com tamanho aproximado de 26 a 32 Kb, o qual é o maior genoma conhecido para um vírus de RNA. O termo "coronavírus" refere-se à aparência dos vírus de CoV, quando observados em microscopia eletrônica, onde as projeções da membrana do vírus se assemelham a uma “coroa” ou corona em latim, conforme ALBUQUERQUE L; et al., (2020). Fonte: brasilescola.uol.com.br 40 Os CoVs podem exibir uma sazonalidade bienal típica diferente da que ocorre com outros vírus respiratórios. Causam principalmente patologias respiratórias e entéricas, compropriedades neurotrópicas e neuroinvasivas em vários hospedeiros, incluindo gatos, porcos, vacas, aves, cães e humanos. Os Coronaviridae são subdivididos em alfa (α), beta (β), gama (γ) e delta (δ) coronavírus. Gama e delta geralmente infectam pássaros, embora alguns deles possam atingir mamíferos, os alfas e os beta coronavírus são conhecidos por infectar seres humanos e outros animais. Os vírus foram inicialmente classificados nesses grupos com base na sorologia, mas atualmente são divididos em agrupamento filogenético, conforme ALBUQUERQUE L; et al., (2020). O primeiro coronavírus humano (HCoV), denominado B814, foi isolado em 1965 a partir da secreção nasal de pacientes com resfriado comum 11. Há sete HCoVs conhecidos, dentre eles o SARS-CoV (que causa SARS), o MERS-CoV (que provoca MERS) e o SARS-CoV-2 (vírus responsável pela COVID-19). SARS, MERS e COVID- 19 podem ocasionar doenças respiratórias, intestinais, hepáticas e neuronais e podem levar à SDRA, falência múltipla dos órgãos e ao óbito, conforme ALBUQUERQUE L; et al., (2020). O SARS-CoV causa doenças mais graves em neonatos, idosos e indivíduos com doenças preexistentes, com maior incidência de infecção do trato respiratório inferior nestes pacientes. Embora o número de mortes não seja comparável à influenza, AIDS ou hepatite C, o surto de SARS causou preocupação pública mundial e afetou seriamente a economia global. Antes de SARS, os coronavírus eram considerados causadores de infecções respiratórias leves e autolimitadas em humanos, conforme ALBUQUERQUE L; et al., (2020). A principal forma de disseminação do coronavírus é de pessoa para pessoa, o indivíduo pode ser contaminado através do ar ou pelo contato pessoal com gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro ou até mesmo com o toque, conforme ALBUQUERQUE L; et al., (2020). Não existe tratamento especifico, nem vacinas até o momento. Desse modo, caso o diagnóstico aponte resultados positivos, as seguintes orientações são dadas aos pacientes como: repouso, hidratação, medidas adotadas para aliviar os sintomas (uso de medicamentos), e os pacientes com sintomas mais intensos e quadros mais severos podem ser hospitalizados. Mas até o momento, não existe nenhum 41 medicamento específico que trate diretamente a infecção do novo coronavírus no nosso corpo, conforme ALBUQUERQUE L; et al., (2020). Veja abaixo um exemplo de umas das viroses Multissistêmicas Vírus do Sarampo: O Sarampo é uma doença viral infecciosa aguda, extremamente contagiosa e bastante comum na infância, podendo evoluir com complicações graves, incluindo encefalite, pneumonia e morte. A viremia decorrente da infecção provoca uma vasculite generalizada, responsável pelo aparecimento das diversas manifestações clínicas, conforme CARVALHO A; et al., (2019). Fonte: saude.abril.com.br Seu agente etiológico é um RNA vírus pertencente ao gênero Morbillivirus, família Paramyxoviridae, sendo o homem o seu único reservatório conhecido. Seu modo de transmissão ocorre de forma direta, por meio de secreções nasofaríngeas expelidas ao tossir, espirrar, falar ou respirar por pessoas infectadas pelo vírus ou, raramente, por aerossol em membranas mucosas do trato respiratório superior ou conjuntiva. A doença tem um período de incubação de geralmente 10 dias, podendo variar entre sete e 18 dias, desde a data da exposição até o aparecimento da febre, e cerca de 14 dias até o início do exantema, conforme CARVALHO A; et al., (2019). 42 O período de transmissibilidade inicia-se de quatro a seis dias antes do exantema e dura até quatro dias após seu aparecimento. O período de maior transmissibilidade ocorre entre os dois dias antes e os dois dias após o início do exantema. O vírus vacinal não é transmissível, conforme CARVALHO A; et al., (2019). O vírus do sarampo é um RNA vírus, esférico, envelopado, não-segmentado e membro do gênero Morbillivirus da família Paramyxoviridae. O genoma do RNA do vírus do sarampo consiste em cerca de 16.000 nucleotídeos que codifica oito proteínas. A proteína hemaglutinina se liga aos receptores celulares e interage com a proteína de fusão para mediar a fusão do envelope viral com a membrana da célula hospedeira, conforme CARVALHO A; et al., (2019). Os receptores celulares para o vírus do sarampo incluem CD46 e CD150. A distribuição dos receptores de vírus determina os tipos de células infectadas pelo vírus do sarampo. A proteína hemaglutinina provoca fortes respostas imunológicas e a imunidade vitalícia após a infecção é principalmente atribuída a anticorpos neutralizantes contra essa estrutura. A caracterização genética do vírus do sarampo do tipo selvagem em circulação é importante para documentar as vias de transmissão e distinguir as cepas endêmicas das importadas. A genotipagem também pode diferenciar o vírus vacinal do tipo selvagem, o que é importante na avaliação de eventos adversos associados à vacina, conforme CARVALHO A; et al., (2019). Uma característica importante do vírus do sarampo é que ele é antigenicamente monotípico, apesar de sua diversidade genotípica e do fato de que os vírus de RNA têm altas taxas de mutação. Novas vacinas contra o sarampo não precisam ser desenvolvidas para combater as cepas do vírus em evolução porque os epítopos neutralizantes da proteína hemaglutinina que conferem proteção são altamente conservados. Consequentemente, as vacinas atenuadas contra o sarampo, derivadas de um único genótipo do vírus isolado na década de 1950, permanecem efetivas em todo o mundo, conforme CARVALHO A; et al., (2019). O tratamento é baseado em suporte e sintomáticos. Podem ser utilizados antitérmicos, hidratação oral, terapia nutricional com incentivo ao aleitamento materno e higiene adequada dos olhos, pele e vias aéreas superiores. Não existe tratamento específico para a infecção por sarampo. O tratamento profilático com antibiótico é contraindicado, recomenda-se a administração da vitamina A em todas as crianças 43 acometidas pela doença, para reduzir a ocorrência de casos graves e fatais, no mesmo dia do diagnóstico do sarampo, conforme CARVALHO A; et al., (2019). Citamos acima alguns exemplos de diferentes vírus patológico, porém existem outros vários como os das famílias de hepatites virais, viroses do sistema nervoso central, febre amarela e dengue, síndrome da imunodeficiência adquirida/AIDS, viroses oncogênicas, febres hemorrágicas virais, viroses oculares, viroses dermotrópicas, viroses entéricas. 3 INTRODUÇÃO A MICOLOGIA Fonte: conhecimentocientifico.r7.com Os fungos são organismos que convivem conosco todos os dias. Estes organismos são encontrados praticamente em qualquer local do ambiente que nos cerca, inclusive no ar, onde estruturas reprodutivas, na forma de esporos ou conídios, estão prontas para, ao cair em um substrato adequado, desenvolver novas estruturas vegetativas e reprodutivas, conforme JOAQUIM J; (2009). 44 Estes organismos, muitas vezes, nos sãos úteis, decompondo resíduos orgânicos, causando a decomposição ou a degradação de alimentos, ou mesmo atacando seres vivos, parasitando-os e, eventualmente, causando a sua morte, conforme JOAQUIM J; (2009). Os fungos são importantes, tanto do ponto de vista ecológico quanto econômico. Ecologicamente, são considerados os lixeiros do mundo, pois degradam todo tipo de restos orgânicos, independente da origem, transformando-os em elementos assimiláveis pelas plantas. Já, economicamente, têm implicações em várias áreas: Medicina humana e veterinária, Farmácia, Nutrição, Fitopatologia, Agricultura, Biotecnologia, entre outras, conforme JOAQUIM J; (2009). Os fungos tiveram seu grupo reconhecido como um reino a partir da descrição de cinco reinos por Whittaker em 1969. Esses organismos foram alocados em reinos com base na morfologia e no modo de nutrição dos seres
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