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Fundamentos da psicologia

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SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 
2 INTRODUÇÃO A PSICOLOGIA ................................................................. 5 
3 A HISTÓRIA DA PSICOLOGIA NO BRASIL ............................................... 7 
4 Psicologia como ciência .............................................................................. 9 
4.1 O que é ciência .................................................................................. 12 
4.2 Objeto de estudo da psicologia .......................................................... 13 
4.3 A subjetividade como objeto da psicologia ......................................... 13 
4.4 Behaviorismo ...................................................................................... 16 
5 Gestalt....................................................................................................... 18 
5.1 Psicanálise ......................................................................................... 19 
5.2 Teoria cognitiva comportamental ....................................................... 21 
5.3 O senso comum: conhecimento da realidade .................................... 22 
5.4 Senso comum no processo terapêutico ............................................. 24 
6 EXERCÍCIO PROFISSIONAL E REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO 
NO BRASIL ............................................................................................................... 27 
6.1 A formação do psicólogo no brasil e o perfil do egresso .................... 30 
6.2 O psicólogo adivinha o que os outros pensam? ................................. 33 
6.3 A psicologia ajuda as pessoas a se conhecerem melhor? ................. 33 
6.4 O psicólogo é diferente de um bom amigo? ....................................... 34 
6.5 Qual a diferença entre psiquiatra, psicólogo e psicanalista? .............. 37 
6.6 Psicólogos e psiquiatras aproximam-se em suas práticas ................. 38 
7 A FINALIDADE DO TRABALHO DO PSICÓLOGO .................................. 40 
8 AS ÁREAS DE ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO ........................................... 43 
8.1 Usos e abusos da psicologia .............................................................. 47 
8.2 Código de ética profissional do psicólogo .......................................... 48 
 
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8.3 Princípios fundamentais ..................................................................... 50 
8.4 Das responsabilidades do psicólogo .................................................. 50 
8.5 Das disposições gerais ....................................................................... 56 
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 59 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2 INTRODUÇÃO A PSICOLOGIA 
Entendemos a história da psicologia em contexto como uma linha de 
pensamento em história da psicologia, inspirada e embasada pelos pensamentos de 
Danziger (2006 BRANCO et al., 2014), Pickren (2012 BRANCO et al., 2014), Pickren 
e Rutherford (apud BRANCO et al., 2014). Tal perspectiva argumenta que a visão 
tradicional de História da Psicologia ignora o conhecimento psicológico teórico, prático 
e histórico produzido fora das cercanias estadunidenses e europeias. 
É conveniente notar como, historicamente, a constituição do conhecimento 
ocidental aconteceu mediante uma formulação epistemológica vinculada a saberes 
oriundos de países situados ao norte da linha do equador (Santos, 2009, apud 
BRANCO et al., 2014). 
No caso da Psicologia, são notórias as hegemonias epistemológicas derivadas 
da Alemanha, dos EUA, da França, da Inglaterra, da Rússia (União Soviética) e da 
Itália. Ressaltamos que muitas correntes de pensamento psicológico, após o seu 
surgimento, difundiram-se para outros países. Isto implica duplo movimento, em que 
há, inicialmente, uma dependência em relação a essa matriz (potência externa) e, 
posteriormente, ocorre uma polaridade histórica que enseja uma heterogeneidade 
abissal em relação ao que ocorre no centro de produção de um conhecimento 
psicológico (Klappenbah & Pavesi, 1998 apud BRANCO et al., 2014). Obviamente, 
houve extensões desses conhecimentos para outros países situados ao sul da linha 
do equador. 
Observamos, no entanto, a necessidade de uma reflexão sobre as 
consequências dessa migração de conhecimento (Santos, 2009, apud BRANCO et 
al., 2014), sobretudo no tocante a sua constituição histórica local. 
Em países como o Brasil é possível observar exemplos de recepções de ideias 
estrangeiras de forma descontextualizada, relativamente ao seu domínio 
epistemológico originário, para se combinar a novas ideias harmonizadas às 
contendas locais (Klappenbach & Pavesi, 1998, apud BRANCO et al., 2014). Sob a 
luz da Psicologia do Norte, muitas dessas assimilações e elaborações próprias a uma 
cultura do Sul tendem a ser desvalorizadas ou atentadas com curiosidade. 
 
 
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Na desvalorização, rege uma lógica colonial de propagação, dominação e 
legitimação dos saberes do Norte. Na curiosidade, percebe-se uma lente crítica a 
qual argumenta que não existem psicologias neutras, pois há práticas científicas e não 
científicas que criam outras linhas de conhecimento alheias às epistemologias do 
Norte e circunscritas em uma forma de conhecimento autônoma e dotada de rigor 
(Santos, 2009, apud BRANCO et al., 2014). 
Essas teorias e práticas psicológicas poderiam ser vinculadas a uma 
epistemologia do Sul, entendida como um: 
(...) conjunto de intervenções epistemológicas que denunciam a supressão 
de saberes levada a cabo, ao longo dos últimos séculos, pela norma 
epistemológica dominante, valorizam os saberes que resistiram com êxito e 
as reflexões que estes têm produzido e investigam as condições de um 
diálogo horizontal entre conhecimentos (Santos, 2009, p. 07 apud Branco; et 
al.; 2014). 
Com efeito, a dispersão do pensamento psicológico não ocorre somente nas 
formas de variação relativamente ao seu objeto de estudo, método, teoria, prática e 
visão de sujeito e mundo. Acrescenta-se a isso a disseminação do pensamento 
psicológico em diversos países, que assimilaram ideias oriundas de sua epistemologia 
do Norte e as atualizaram de forma autônoma, ganhando contornos específicos, 
conforme BRANCO et al., 2014. 
A História da Psicologia em Contexto, destarte, sugere uma visada 
historiográfica baseada no conhecimento psicológico produzido localmente em outras 
regiões geograficamente consideradas fora dos centros de fundação do conhecimento 
psicológico. Essa visada não desconsidera a questão dos fatos históricos, das 
sucessões temporais e suas fontes de informação, mas se distancia de uma tradição 
homogênea de História Geral da Psicologia como fonte ortodoxa legitimadora de 
certezas que sustentam a prática psicológica.Não se trata de invalidar outras histórias 
da Psicologia, mas problematizá-las em seus limites e complementá-las (Klappenbah 
& Pavesi, 1998, BRANCO et al., 2014). 
No transcurso do que foi exposto, salientamos a existência de um conjunto de 
conceitos que contribuem com a fundamentação e o pensamento da História da 
Psicologia em Contexto, conforme apud BRANCO et al., 2014. 
 
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3 A HISTÓRIA DA PSICOLOGIA NO BRASIL 
Vista como uma profissão indispensável, nos dias atuais, a psicologia, 
enquanto profissão tem uma história recente no Brasil. Apoiada na regulamentação 
da década de 60 e reconhecida como profissão liberal pela Lei 4.119, tradicionalmente 
foi constituída por quatro grandes áreas de atuação: clínica, escolar, organizacional e 
o magistério, conforme FAVARETTO T; (2011). 
Pereira e Pereira Neto (2003; apud FAVARETTO T; 2011) trazem três 
momentos considerados de extrema importância para a história da profissão 
de psicólogo no Brasil, o pré-profissional, o de profissionalização e o pós-
profissionalização. 
O primeiro período é compreendido entre a criação das faculdades de medicina 
do Rio de Janeiro e da Bahia (1833; apud FAVARETTO T; 2011) e o final do século 
XIX (1890; apud FAVARETTO T; 2011). Nesse momento, não havia nenhuma 
sistematização do conhecimento psicológico, o que existia eram pessoas interessadas 
nos temas e questões da psicologia (PEREIRA e PEREIRA NETO, 2003; apud 
FAVARETTO T; 2011). 
De acordo com os mesmos autores, o segundo período, de profissionalização, 
é compreendido entre 1890 e 1975 abrangendo desde a gênese da institucionalização 
da prática psicológica até a regulamentação da profissão, bem como, a criação de 
seus dispositivos formais, conforme FAVARETTO T; (2011). 
Habilitado legalmente, o futuro profissional deveria frequentar, primeiramente, 
três anos de filosofia, biologia, fisiologia, antropologia ou estatística e fazer então, os 
cursos especializados de psicologia. Somente assim, com a formação dos 
denominados especialistas em psicologia iniciou-se oficialmente o exercício dessa 
profissão. A partir de então, a psicologia passa a ter um conhecimento próprio, 
tornando-se detentora de um determinado mercado de trabalho, ainda que 
compartilhado com a medicina e a educação (SOARES, 1979; apud FAVARETTO T; 
2011). 
 
 
 
 
 
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Em termos institucionais, pode-se dizer que a psicologia se aproximou 
primeiramente da educação com a Reforma Benjamim Constant, em 1890, 
incorporando a disciplina de psicologia nos currículos das Escolas Normais. Além 
disso, em 1906, acompanhando a tendência internacional foi criado o primeiro 
Laboratório de Psicologia Experimental no Brasil (SOARES, 1979; apud FAVARETTO 
T; 2011). 
Pereira e Pereira Neto (2003; apud FAVARETTO T; 2011) trazem que a relação 
da medicina com a origem da psicologia brasileira e seu desenvolvimento, foi 
possibilitada pela psiquiatria, porém, por outro lado, a última buscou apropriar-se do 
universo psi, numa tentativa de querer transformá-la em especialidade médica ou 
mesmo, subordinar o profissional psicólogo para que exercesse papel complementar 
ao do médico. 
Enquanto a psicologia desenvolvia um conhecimento especializado e 
conquistava um mercado consumidor de seus serviços de acordo com Pereira a 
Pereira Neto (2003; apud FAVARETTO T; 2011), começaram a ser elaborados 
anteprojetos para a regulamentação da profissão, oficializada em 27 de agosto de 
1962. Também foi emitido, nesse mesmo ano, o Parecer 403 do Conselho Federal de 
Educação, que estabeleceu o currículo mínimo e a duração do curso universitário de 
Psicologia. 
A terceira fase inicia-se em 1975, onde a profissão de psicólogo passou a estar 
organizada e estabelecida. Nota-se que a ênfase das atividades do profissional 
psicólogo se centrou, nessa fase, no trabalho autônomo, clínico, individual, curativo e 
voltado para uma clientela financeiramente privilegiada, referência obtida pelo campo 
médico (BORGES e CARDOSO, 2005; apud FAVARETTO T; 2011). 
É possível notar, também, que as faculdades de psicologia propagaram-se 
lançando no mercado um número crescente de profissionais contribuindo para a 
degradação do valor da mão-de-obra, sinal nítido de perda de autoridade e de 
valorização profissional. Para Borges e Cardoso (2005; apud FAVARETTO T; 2011) 
é nesse momento que o consultório particular deixou de exercer o papel preeminente 
que tivera outrora e novos espaços de atuação começaram a se constituir. 
 
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4 PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA 
 
Fonte: Fonte: medium.com 
O século XIX foi marcado por grandes transformações econômicas, políticas e 
sociais. Estas transformações emergem no bojo da mudança do modo de produção 
feudal para a produção capitalista. A partir das mudanças sociais e políticas vindas 
com a Revolução Industrial, ocorre uma predominância do trabalho intelectual sobre 
o manual e da razão sobre a emoção, conforme BOLDRINI; (2007). 
 Com essas mudanças nos ideais há uma quebra dos valores e normas da 
tradição europeia, fazendo com que as pessoas mudem sua forma de se 
relacionarem, tendo como respaldo não mais as normas sociais e sim seus próprios 
sentimentos e percepções, conforme BOLDRINI; (2007). 
Nesse processo vai se constituindo uma nova concepção de homem e de 
mundo, segundo a qual o raciocínio individual passa a ser valorizado e a noção de 
subjetividade se constitui. O funcionamento da sociedade capitalista traz uma 
perspectiva de Homem como um indivíduo livre e independente; nesse contexto, a 
subjetividade passa a ser entendida como uma experiência individual privada, 
universal e profunda. Essa nova concepção de Homem enfatiza não somente a 
individualidade, mas também os sentimentos. (Figueiredo, 2002 apud BOLDRINI C, 
2007). 
 
 
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Nessa nova perspectiva surge uma abertura para as ciências, principalmente 
as ciências humanas. É neste contexto a psicologia surge numa tentativa de investigar 
o ser humano: o que o constitui e como funciona. Para que esse novo conhecimento 
conquistasse espaço como empreendimento científico era preciso desenvolver um 
método de investigação e controle da subjetividade, conforme BOLDRINI; (2007). 
A psicologia começa sua história no meio científico na segunda metade do 
século XIX na Europa, com investigadores, denominados “psicofísicos”, que 
começaram a estudar os órgãos dos sentidos, pois se entendia que é através deles 
que o mundo externo é percebido. Surge então um foco maior no funcionamento do 
cérebro, e o reflexo e as sensações passam a ser objetos de estudos científicos (Bock, 
1999 apud BOLDRINI C, 2007). 
Em 1875, Wundt apresenta a psicologia como uma nova ciência, intermediária 
entre a biologia e a sociologia, cujo objeto de estudo seria a experiência imediata do 
indivíduo, conforme BOLDRINI; (2007). 
Experiência imediata é a experiência tal como o sujeito a vive antes de se pôr 
a pensar sobre ela, antes de comunicá-la, antes de ‘conhecê-la’. É, em outras 
palavras, a experiência tal como se dá. (Figueiredo, 2002, p. 59; apud 
BOLDRINI C, 2007). 
Wundt sugeriu duas formas de estudo do psicológico: uma psicologia 
experimental, que se utiliza de um método controlado em laboratório para pesquisar 
os processos mentais e fisiológicos do comportamento humano; e uma psicologia 
social, que pretendia analisar os fenômenos culturais (como a linguagem) e os 
mecanismos mentais de elaboração desses fenômenos (pensamento) por meio de 
estudos dos produtos socioculturais, conforme BOLDRINI; (2007). 
A partir de Wundt, outros pensadores, como Titchener, Skinner, Piaget, Freud 
e vários outros, passaram a formular abordagens que tinham como propósito 
desenvolver um método objetivo de fazer psicologia. Todas as abordagens se 
constituíram como esforços para que a ciência psicológica pudesse dar conta de 
compreender o homem e seu contato com o mundo, conforme BOLDRINI; (2007). 
O objeto de estudo da psicologia,como toda ciência humana, é o homem, 
porém cada abordagem apresenta um foco, uma concepção de homem diferente. 
Assim, o modo de olhar e estudar o objeto também é diferente, dificultando a criação 
de um método único e “objetivo” (Bock,1999 apud BOLDRINI C, 2007). 
 
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Esta “falta” metodológica gera um constante questionamento na definição da 
psicologia como ciência. Um dos motivos levantados por Figueiredo (2002 apud 
BOLDRINI C, 2007) para essa não unificação metodológica é o fato de que a 
psicologia é uma ciência muito nova. 
Além disso, há uma diversidade de fenômenos que podem ser o foco de estudo 
de um psicólogo que são inacessíveis através de um único método, tornando 
necessário a existência de diferentes níveis de observação e pesquisa para se chegar 
a um (quase) todo, conforme BOLDRINI; (2007). 
Outro fator importante é que a realidade pesquisada cientificamente acaba 
sempre sendo construída a partir do olhar do pesquisador, e nas ciências humanas o 
pesquisador é de certa forma o próprio objeto de estudo (principalmente na 
psicologia), o que acaba “quebrando” a supostamente necessária neutralidade 
científica (Demo,1995 apud BOLDRINI C, 2007). 
Os estudos psicológicos científicos começaram e se desenvolveram sempre 
marcados por essa contradição: por um lado, a ciência moderna pressupõe 
sujeitos livres e diferenciados – senhores de fato e de direito da natureza; por 
outro, procura conhecer e dominar essa própria subjetividade, reduzir ou 
mesmo eliminar as diferenças individuais de forma a garantir a “objetividade”, 
ou seja, a validade intersubjetiva dos achados. Em contraposição (...) muitos 
psicólogos repudiam essa meta de conhecer para dominar os meandros da 
subjetividade e afirmam, ao contrário, que o que interessa é conhecer esses 
aspectos profundos e poderosos do ‘eu’ para dar-lhes voz, para expandi-los, 
para fazê-los mais fortes e livres. É claro que os que pensam assim querem 
fazer da psicologia uma ‘ciência’ sui generis não só por ter um campo e um 
objeto próprios, mas por adotarem, em relação às demais ciências, outros 
métodos e outras metas. (Figueiredo, 2002, p. 57; apud BOLDRINI C, 2007). 
Sendo a psicologia uma ciência humana, biológica e social, emerge a 
necessidade de uma discussão sobre uma forma mais maleável de fazer ciência, 
incluindo o critério de “discutibilidade”, que postula que só pode ser considerado 
científico o que for discutível, isto é, aquilo que for visto e dialogado com a partir dos 
olhares das diferentes áreas da ciência humana (Demo, 1995; apud BOLDRINI C, 
2007). 
Essa ideia pauta a perspectiva hoje vigente de que a psicologia é uma ciência 
biopsicosocial, isto é, o psíquico é produto de uma somatória de influências. Não há 
como negar que fatores políticos, biológicos e sociais têm influência direta na saúde 
mental, o que implica o envolvimento de diferentes disciplinas, como a sociologia, 
antropologia, biologia entre outras, para se estudar criticamente o ser humano como 
multideterminado (Bock, 1999; apud BOLDRINI C, 2007). 
 
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4.1 O que é ciência 
De acordo com BOCK A; T. M; FURTADO T; (2018), a ciência constitui – se de 
uma associação de conhecimentos sobre a ocorrência de fatos ou aspectos da 
realidade (objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. 
Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, sistemática e 
controlada, para que se permita a verificação de sua validade. 
 Assim, podemos apontar o objeto dos diversos ramos da ciência e saber 
exatamente como determinado conteúdo foi construído, possibilitando a reprodução 
da experiência. Dessa forma, o saber pode ser transmitido, verificado, utilizado e 
desenvolvido, conforme BOCK A; T. M; FURTADO T; (2018). 
Essa característica da produção científica possibilita sua continuidade: um novo 
conhecimento é produzido sempre a partir de algo anteriormente desenvolvido. 
Negam-se, reafirmam–se descobrem-se novos aspectos, e assim a ciência avança. 
Nesse sentido, a ciência caracteriza-se como um processo. Pense no 
desenvolvimento do motor movido a álcool hidratado, conforme BOCK A; T. M; 
FURTADO T; (2018). 
 Ele nasceu de uma necessidade concreta (crise do petróleo) e foi planejado a 
partir do motor a gasolina, com a alteração de poucos componentes deste. No entanto, 
os primeiros automóveis movidos a álcool apresentaram muitos problemas, como o 
seu mau funcionamento nos dias frios. Apesar disso, esse tipo de motor foi se 
aprimorando, conforme BOCK A; T. M; FURTADO T; (2018). 
A ciência tem ainda uma característica fundamental: ela aspira à objetividade. 
Suas conclusões devem ser passíveis de verificação e isentas de emoção, para 
assim, tornarem-se válidas para todos. Objeto específico, linguagem rigorosa, 
métodos e técnicas específicas, processo cumulativo do conhecimento, objetividade 
fazem da ciência uma forma de conhecimento que supera em muito o conhecimento 
espontâneo do senso comum. Esse conjunto de características é o que permite que 
denominemos científico a um conjunto de conhecimentos, conforme BOCK A; T. M; 
FURTADO T; (2018). 
 
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4.2 Objeto de estudo da psicologia 
Para ter um aprendizado cientifico, precisa –se de objeto específico de estudo, 
como por exemplo, o objeto da Astronomia são os astros, e o objeto da Biologia são 
os seres vivos, conforme BOCK A; T. M; FURTADO T; (2018). 
Essa divisão de uma forma geral, demonstra que é possível tratar o objeto 
dessas ciências com uma certa distância, ou seja, é possível isolar o objeto de estudo. 
No caso da Astronomia, o cientista - observador está, por exemplo, num observatório, 
e o astro observado, a luz de distância de seu telescópio. Esse cientista não corre o 
mínimo risco de confundir-se com o fenômeno que está estudando, conforme BOCK 
A; T. M; FURTADO T; (2018). 
Dentro da psicologia, o objeto de estudo não ocorre como a Antropologia, a 
Economia, a Sociologia e todas as ciências humanas, que estuda o homem. 
Certamente, esta divisão é ampla demais e apenas coloca a Psicologia entre as 
ciências humanas. Qual é, então, o objeto específico de estudo da Psicologia? Se 
dermos a palavra a um psicólogo comportamentalista, ele dirá: "O objeto de estudo 
da Psicologia é o comportamento humano." Se a palavra for dada a um psicólogo 
psicanalista ele dirá: "O objeto de estudo da psicologia é o inconsciente". Outros dirão 
que é a consciência humana, e outros, ainda, a personalidade, conforme BOCK A; T. 
M; FURTADO T; (2018). 
4.3 A subjetividade como objeto da psicologia 
A identidade da Psicologia é o que a diferencia dos demais ramos das ciências 
humanas, a psicologia considera o fato que cada um desses ramo enfoca o homem 
de maneira particular, conforme BOCK A; T. M; FURTADO T; (2018). 
Assim, cada especialidade - a Economia, a Política, a História etc. trabalha essa 
matéria-prima de maneira particular, construindo o aprendizado para se obter 
conhecimentos distintos e específicos a respeito dela. A Psicologia colabora com o 
estudo da subjetividade: é essa a sua forma particular, específica de contribuição para 
a compreensão da totalidade da vida humana, conforme BOCK A; T. M; FURTADO T; 
(2018). 
 
 
 
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A psicologia tem como matéria-prima, o homem a partir dele a psicologia irá 
traçar todas as suas expressões, as visíveis (nosso comportamento) e as invisíveis 
(nossos sentimentos), as singulares (porque somos o que somos) e as genéricas 
(porque somos todos assim) - é o homem - corpo, homem afeto, homem-ação e tudo 
isso está sintetizado isso está no termo subjetividade, conforme BOCK A; T. M; 
FURTADO T; (2018). 
Quando falamos em subjetividade, estamos discorrendo sobre a forma de como 
podemos ver esse objeto (homem) de estudo em que a psicologia expõe, portanto, a 
subjetividade é a síntese singular e individual que cada um de nós vai constituindo 
conforme vamos nos desenvolvendo e vivenciando as experiênciasda vida social e 
cultural; é uma síntese que nos identifica, de um lado, por ser única, e nos iguala, de 
outro lado, na medida em que os elementos que a constituem são experienciados no 
campo comum da objetividade social, conforme BOCK A; T. M; FURTADO T; (2018). 
Portanto a subjetividade, vai ver o objeto de estudo para psicologia como o 
mundo de ideias, significados e emoções construído internamente pelo sujeito a partir 
de suas relações sociais, as suas experiências de vida, constituição biológica, 
englobando toda fonte de suas manifestações afetivas e comportamentais, conforme 
BOCK A; T. M; FURTADO T; (2018). 
O mundo social e cultural, conforme vai sendo experienciados por nós, 
possibilita-nos a construção de um mundo interior. São diversos fatores que se 
combinam e nos levam a uma vivência muito particular. Nós atribuímos sentido a 
essas experiências e vamos nos constituindo a cada dia. A subjetividade é a maneira 
de sentir, pensar, fantasiar, sonhar, amar e fazer de cada um, conforme BOCK A; T. 
M; FURTADO T; (2018). 
Com a subjetividade, entendemos podemos entender que ela tem a capacidade 
de não ser só fabricada, produzida, moldada, mas também é automoldável, ou seja, o 
homem pode promover novas formas de subjetividade, recusando-se ao 
assujeitamento à perda de memória imposta pela fugacidade da informação; 
recusando a massificação que exclui e estigmatiza o diferente, a aceitação condiciona 
ao consumo, a medicalização do sofrimento. Nos faz entender que cada sujeito de 
forma única pode participar na construção do seu destino e de sua coletividade 
conforme BOCK A; T. M; FURTADO T; (2018). 
 
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Por fim, podemos dizer que, estudar a subjetividade, nos tempos atuais, é 
tentar compreender a produção de novos modos de ser, isto é, as subjetividades 
emergentes, cuja fabricação é social e histórica. O estudo dessas novas 
subjetividades vai desvendando as relações do cultural, do político, do econômico e 
do histórico na produção do mais íntimo e do mais íntimo e do mais observável no 
homem - aquilo que o captura, submete-o ou mobiliza-o para pensar e agir sobre os 
efeitos das formas de submissão da subjetividade (como dizia o filósofo francês Michel 
Foucault, conforme BOCK A; T. M; FURTADO T; (2018). 
A Psicologia, é um ramo das Ciências Humanas e a sua identidade, isto é, 
aquilo que a diferencia, pode ser obtida considerando-se que cada um desses ramos 
enfoca de maneira particular o objeto homem, construindo conhecimentos distintos e 
específicos a respeito dele. Assim, com o estudo da subjetividade, a Psicologia 
contribui para a compreensão da totalidade da vida humana, conforme BOCK A; T. M; 
FURTADO T; (2018). 
É claro que a forma de se abordar a subjetividade, e mesmo a forma de 
concebê-la, dependerá da concepção de homem adotada pelas diferentes escolas 
psicológicas. No momento, pelo pouco desenvolvimento da Psicologia, essas escolas 
acabam formulando um conhecimento fragmentário de uma única e mesma totalidade 
- o ser humano: o seu mundo interno e as suas manifestações. A superação do atual 
impasse levará a uma Psicologia que enquadre esse homem como ser concreto e 
multideterminado, conforme BOCK A; T. M; FURTADO T; (2018). 
Esse é o papel de uma ciência crítica, da compreensão, da comunicação e do 
encontro do homem com o mundo em que vive, já que o homem que compreende a 
História (o mundo externo) também compreende a si mesmo (sua subjetividade), e o 
homem que compreende a si mesmo pode compreender o engendramento do mundo 
e criar novas rotas e utopias, conforme BOCK A; T. M; FURTADO T; (2018). 
 Algumas correntes da Psicologia consideram-na pertencente ao campo das 
Ciências do Comportamento e, outras, das Ciências Sociais. Acreditamos que o 
campo das Ciências Humanas é mais abrangente e condizente com a nossa proposta, 
que vincula a Psicologia à História, à Antropologia, à Economia etc., conforme BOCK 
A; T. M; FURTADO T; (2018). 
 
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4.4 Behaviorismo 
 De acordo com COSTA J; MONTEIRO M; FILGUEIRA J; (2018), o conceito de 
Behaviorismo ou comportamentalismo foi primeiramente utilizado pelo americano 
John B. Watson no artigo "Psicologia como os behavioristas a veem", publicado em 
1913. Esse termo significa comportamento de um ser humano ou animal e também 
pode ser mencionado como comportamentalismo, teoria comportamental ou análise 
experimental do comportamento, independentemente de qual nomenclatura adotada, 
o conceito é utilizado como base para a psicologia e suas características também são 
importantes para a ciência. 
 O Behaviorismo, portanto, dedica-se ao estudo do comportamento nas 
relações do indivíduo com o meio ambiente (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1998, p. 
38; apud COSTA J; MONTEIRO M; FILGUEIRA J; 2018). 
Mesmo sendo reconhecido como um ramo de estudo da psicologia, o 
behaviorismo é bastante criticado no que se refere à consciência das pessoas, pois 
segundo sua definição um ser sempre estará interligado a algum fator seja ele 
ambiental, social ou mental, contradizendo a ideia que indivíduo sempre tem o 
controle das suas ações (Skinner, 1974; Zilio, 2011; apud COSTA J; MONTEIRO M; 
FILGUEIRA J; 2018). 
Portanto, Watson substitui o objeto de estudo da psicologia da época, que 
era a consciência, pelo comportamento dos organismos; abandonou a 
introspecção como método e adotou a experimentação de processos 
diretamente observáveis no comportamento dos organismos; realizou os 
contornos de uma psicologia útil voltada à previsão e controle do 
comportamento; voltou-se para um rigoroso monismo físico, no qual o 
“mental” era visto como uma descrição do modo como os eventos físicos 
funcionavam e a consciência não teria uma existência independente ou 
particular (Carvalho Neto, 2002; Marx & Hillix, 1963; apud MELO C; 2008). 
Behaviorismo Metodológico se caracteriza por defender a relevância do meio 
dentro da criação de sua construção e no processo de desenvolvimento de cada 
indivíduo, o principal meio de análise é a observação das experiências onde perceber 
–se que o desenvolvimento de conjunto de princípios pode explicar o comportamento 
humano da forma mais adequada. Ou seja, essa corrente acredita que é possível 
prever e controlar toda a conduta humana com base no estudo do meio em que o 
indivíduo vive. 
 
17 
 
De acordo com Strapasson (2012 apud SANZOVO V; 2014), o Behaviorismo 
Metodológico se caracteriza pela assunção de que a mente existe enquanto 
substância imaterial, sendo, portanto inacessível. Disso, decorre que a observação 
direta do comportamento humano se constitui como único meio seguro de produzir 
conhecimento na Psicologia, visto pertencer ao campo material. Isto significa que “[...] 
a mente, enquanto matéria inobservável, não deve ser objeto de estudo da ciência 
psicológica e esta, por razões metodológicas, deve se restringir ao comportamento 
observável. ” (Strapasson, 2012, p. 83 apud SANZOVO V; 2014). 
Surge na década de 30 do século XX o Behaviorismo Radical através dos textos 
publicados por Skinner. Segundo Carvalho Neto (2002; apud MELO C; 2008), foi em 
1945 que Skinner denominou seu “behaviorismo” de Behaviorismo Radical, para 
diferenciar-se das outras versões do Behaviorismo, como a versão Watsoniana. 
Desse modo, surge o Behaviorismo Radical com seus pressupostos filosóficos que 
embasariam a Ciência do Comportamento de Skinner. 
Nessa nova ciência, o comportamento deveria ser o objeto de estudo da 
psicologia. Entretanto, ao contrário de Watson, Skinner enfatizou que os eventos 
privados do organismo não deveriam ser negligenciados pela Ciência do 
Comportamento, todavia não deveriam ser entendidos como causas do 
comportamento, conforme MELO C; (2008). 
Os primeiros trabalhos de Skinner objetivaram uma investigação de caráter 
histórico e conceitual sobre a noção de reflexo, o desenvolvimento de novos recursos 
metodológicos e técnicos e uma extensa linha de pesquisaexperimental em 
laboratório (Skinner, 1938/1966 apud MELO C; 2008). 
De acordo com SKINNER (2006), o Behaviorismo Radical, todavia, adota uma 
linha diferente, não nega a possibilidade da auto-observação ou do autoconhecimento 
ou sua possível utilidade, mas questiona a natureza daquilo é sentido ou observado 
e, portanto, conhecido. Restaura a introspecção, mas não aquilo que os filósofos e os 
psicólogos introspectivos acreditavam “esperar”, e suscita o problema de quanto de 
nosso corpo podemos realmente observar. 
Esses estudos e outros que ocorreram posteriores a 1935 proporcionaram a 
base empírica para a Ciência do Comportamento de Skinner. Skinner é um pensador 
que gera questionamentos atuais e frutíferas investigações conceituais, experimentais 
e aplicadas, conforme MELO C; (2008). 
 
18 
 
5 GESTALT 
A Gestalt-terapia foi amplamente influenciada pela Psicologia da Gestalt, 
estudada pela Escola Gestáltica que defendia a premissa de que a natureza humana 
é organizada em partes e todos e somente assim vivenciada (PERLS, 2012; apud 
FIORAVANTE N; 2016). 
 
Fonte: leticialima.com.br 
Segundo Ribeiro (2007 apud FIORAVANTE N; 2016), a psicologia da Gestalt 
examina como o indivíduo percebe sua realidade e a si mesmo, como se organiza no 
mundo a partir dessa percepção e como resolve as questões de seu dia a dia com 
base nesta realidade apreendida. 
Yontef (1998 apud FIORAVANTE N; 2016) explica que Gestalt refere-se à 
forma, estrutura, configuração, padrão de um conjunto de elementos e 
corrobora com a ideia de que o indivíduo percebe padrões inteiros ao invés 
de fragmentos e que existe uma capacidade de percepção inata se utilizarem 
da experiência imediata do aqui-e-agora. 
A ênfase da Gestalt-terapia no presente é uma influência direta da Psicologia 
da Gestalt (WALLEN, 1970, apud YONTEF 1998, p. 160 apud FIORAVANTE N; 2016). 
De acordo com Perls (2012 apud FIORAVANTE N; 2016) a Psicologia da Gestalt 
desenvolveu as observações a respeito dos conceitos de figura/fundo e todo/parte, 
trazendo a noção de que a escolha de qual elemento se distinguirá ao indivíduo num 
dado momento é o resultado de diversos fatores. 
 
 
19 
 
Ribeiro (2007, p. 117 apud FIORAVANTE N; 2016) diz que “a relação entre 
figura e fundo, como maneiras pelas quais a pessoa organiza sua percepção 
de totalidade, envolve uma questão de percepção, consciência, motivação, 
em direta dependência das necessidades humanas”. 
O conceito que a Psicologia da Gestalt traz é de que o ser humano percebe e 
organiza a sua realidade a partir de um processo perceptivo que compõe um todo que 
tem significado para ele, em detrimento de perceber coisas isoladas e sem relação 
(PERLS, 2012; apud FIORAVANTE N; 2016). 
A análise das relações entre as partes do todo que é o indivíduo, viabiliza uma 
compreensão dos eventos que ocorrem num dado espaço vital, ou seja, uma 
explicação sistêmica que busca entender o como um evento aleatório afeta e modifica 
o todo (TELLEGEN, 1984). 
5.1 Psicanálise 
A abordagem psicanalítica se fundou como uma teoria desenvolvida por 
Sigmund Freud, teve como um grande marco em sua constituição psicanalítica, a 
publicação da obra A Interpretação dos Sonhos, no início de 1900. Os estudos de 
Freud, que levaram à elaboração da teoria, começaram alguns anos antes, quando 
ainda eram realizados na área de formação do autor: a medicina (FREUD, 1996b; 
apud CARLONI p; 2003). 
A abordagem psicanalítica assume uma cisão na subjetividade, porque a teoria 
da psicanalise não coloca a questão do sujeito da verdade, mas da verdade do sujeito. 
Essa subjetividade humana se fragmenta dois sistemas – o Inconsciente e o 
Consciente – e que é dominada por uma luta interna. Mediante a isso Freud desloca-
se dos ideais da Ilustração, indo interessar-se pelos fenômenos da vida afetiva que 
apresentavam dificuldades de estabelecimento conceitual, (GARCIA-ROZA, 2007; 
apud CORDEIRO E; 2010). 
Começa a investigar os aspectos pulsionais, as forças obscuras que movem o 
ser humano, de modo que a racionalidade não se enraizava profundamente, sendo 
apenas uma camada de superfície, um verniz, e que não tem as rédeas sobre o 
comportamento humano. O mundo, pensado racionalmente, era escorregadio e não 
oferecia explicações para certos fenômenos (GARCIA-ROZA, 2007; apud Cordeiro E; 
2010). 
 
20 
 
A partir da psicanálise, temos a teoria do inconsciente, onde Freud realiza a 
terceira grande ferida ao narcisismo humano. A primeira ferida foi feita séculos antes 
por Copérnico com a teoria heliocêntrica, descentralizando o planeta Terra, onde o 
homem habita, do centro do Cosmos. Ele divide a estrutura psíquica em id, ego e 
superego. O id é a fonte de energia pulsional (libido), conforme CORDEIRO (2010). 
Ele é inconsciente e regido pelo Princípio do Prazer, o ego faz a mediação entre 
os desejos, do id, as impossibilidades da realidade externa e as interdições do 
superego. Está ligado ao Princípio de Realidade, por meio do qual o homem pode se 
tornar civilizado, tem parte consciente e outra inconsciente. O superego é o herdeiro 
do complexo de Édipo e acusa os desejos do id, antes mesmo que cheguem à 
consciência. O superego possui uma maior parte inconsciente e outra pequena 
consciente, conforme CARLONI (2003). 
Freud também baseia seus estudos no desenvolvimento da libido, e no 
desenvolvimento infantil, portanto, Freud divide o desenvolvimento da libido em quatro 
fases, que não são lineares, mas podem se sobrepor, mesmo que teoricamente se 
defina uma ordem: fase oral, fase anal sádica, fase fálica, latência e fase genital. De 
acordo com a fase, o investimento libidinal se encontra em um órgão ou parte do 
corpo. Elas serão fundamentais para entender importantes formulações na teoria 
freudiana, como o Complexo de Édipo e o Complexo de Castração, Freud (1996ª apud 
CARLONI P; 2003). 
Por fim, a abordagem psicanalítica, diz que a consciência é mero efeito de 
superfície do inconsciente, não é o lugar da verdade, mas da mentira, do ocultamento, 
da distorção e da ilusão. Freud coloca a consciência sob suspeita. Ela propõe falar do 
homem como um ser singular, através da escuta desse sujeito, de sua verdade e de 
sua experiência subjetiva, interessando-se pelo desejo que o racionalismo recusou, 
conforme CARLONI (2003). 
 [...] não me impedirei de modificar ou retirar qualquer uma das minhas teorias 
sempre que a progressão da experiência possa exigi-lo. Com referência a 
descobertas fundamentais, até o momento atual, nada tenho a modificar, e 
espero que isto venha a manter-se verdadeiro no futuro. (FREUD, 1917b 
[1916]/1996, p. 292 [grifo do autor] apud Silva A; 2012). 
 
21 
 
5.2 Teoria cognitiva comportamental 
A Terapia Cognitivo Comportamental está baseada em uma conceituação, ou 
compreensão, de cada paciente (suas crenças específicas e padrões de 
comportamento). O terapeuta procura produzir de várias formas uma mudança 
cognitiva – modificação no pensamento e no sistema de crenças do paciente – para 
produzir uma mudança emocional e comportamental duradoura (BECK, 2013, p. 22; 
apud ARAÚJO S; 2018). 
Na infância, as crianças desenvolvem suas percepções sobre si mesmas, sobre 
as outras pessoas e sobre o mundo. Crença é uma condição psicológica que se define 
como uma verdade sobre determinada ideia. Nossas crenças constroem nosso 
mundo. Portanto, não são verdades absolutas, são percepções que foram 
consideradas verdades (BECK, 2013, p. 52 apud ARAÚJO S; 2018). 
As crenças intermediárias, são mais superficiais, e específicas para as 
situações. São regras, atitudes e os pressupostos, que influenciam a visão da 
situação, e impactam nos pensamentos e comportamentos das pessoas. Elas são 
desenvolvidas para que a pessoa consiga lidar com a sua crença central (BECK, 2013, 
p. 54 apud ARAÚJO S; 2018). 
É uma psicoterapia estruturada de curta duração voltada para o presente e com 
foco na soluçãode problemas atuais, modificação dos pensamentos e 
comportamentos disfuncionais (BECK, 1964 apud JUDITH BECK, 2013; apud 
ARAÚJO S; 2018). O tratamento está baseado em uma formulação cognitiva, crenças 
intermediárias e centrais e estratégias comportamentais que caracterizam um 
transtorno específico, além de uma conceitualização ou compreensão de cada 
paciente, onde analisamos suas crenças especificas e padrões de comportamento 
(ALFORD E BECK, 1997 apud JUDITH BECK, 2013; apud ARAÚJO S; 2018). 
Para que haja sucesso no processo terapêutico, o terapeuta investe bastante 
na relação terapêutica, na psicoeducação do modelo cognitivo e nas técnicas que 
apoiam o paciente mesmo fora do setting terapêutico (ALFORD E BECK, 1997 apud 
JUDITH, 2013; apud ARAÚJO S; 2018). 
 
 
22 
 
5.3 O senso comum: conhecimento da realidade 
Existe um domínio da vida que pode ser entendido como vida por excelência: 
é a vida do cotidiano. É no cotidiano que tudo flui que as coisas acontecem, que nos 
sentimos vivos, que sentimos a realidade, conforme BOCK A; TEIXEIRA M; 
FURTADO O; (2018). 
 De acordo com BOCK A; TEIXEIRA M; FURTADO O; (2018), mostra um 
exemplo dizendo que em um instante podemos está lendo um livro de psicologia, logo 
mais estaremos em uma sala de aula fazendo uma prova e mais tarde ir ao cinema. 
Enquanto isso, temos sede e tomamos um refrigerante na cantina da escola, sentimos 
um sono irresistível e precisamos de muita força de vontade para não dormir em plena 
aula, logo em seguida lembramos que havia prometido chegar cedo para o almoço. 
Todos esses acontecimentos denunciam que estamos vivos. Já a ciência é uma 
atividade eminentemente reflexiva. Ela procura compreender, elucidar e alterar esse 
cotidiano, a partir de seu estudo sistemático, conforme BOCK A; TEIXEIRA M; 
FURTADO O; (2018). 
 
Fonte: newstartpsicologia.com 
Quando se exercer a ciência, é fundamentado na realidade e é pensando sobre 
ela. Distanciamos – nos dela para refletir e conhecer além de suas aparências. O 
normal de um cotidiano e o conhecimento científico que temos realidade aproximam-
se e se afastam: aproximam- se porque a ciência se refere ao real; afastam-se porque 
 
23 
 
a ciência abstrai a realidade para compreendê-la melhor, ou seja, a ciência afasta-se 
da realidade, transformando-a em objeto de investigação – o que permite a construção 
do conhecimento científico sobre o real, conforme BOCK A; TEIXEIRA M; FURTADO 
O; (2018). 
Para se ter uma melhor compreensão, pense na abstração (no distanciamento 
e trabalho mental) que Newton teve que fazer para, partindo da fruta a árvore (fato do 
cotidiano), formar a lei da gravidade (fato científico), conforme BOCK A; TEIXEIRA M; 
FURTADO O; (2018). 
Ocorre que, mesmo o mais especializado dos cientistas, quando sai de seu 
laboratório, está submetido à dinâmica do cotidiano, que cria suas próprias "teorias" a 
partir das teorias científicas, seja como forma de "simplificá-las" para o uso no dia a 
dia, ou como sua maneira peculiar de interpretar fatos, a despeito das considerações 
feitas pela ciência. Enquanto estudantes psicólogos, físicos, artistas, operários, 
teólogos vivemos a maior parte do tempo esse cotidiano e as suas teorias, isto é, 
aceitamos as regras do seu jogo, conforme BOCK A; TEIXEIRA M; FURTADO O; 
(2018). 
O fato é que a dona de casa, quando usa a garrafa térmica para manter o café 
quente, sabe por quanto tempo ele permanecerá razoavelmente quente, sem fazer 
nenhum cálculo complicado e, muitas vezes, desconhecendo completamente as leis 
da termodinâmica, conforme BOCK A; TEIXEIRA M; FURTADO O; (2018). 
Quando alguém em casa reclama de dores no fígado, ela faz um chá de boldo, 
que é uma planta medicinal já usada pelos avós de nossos avós, sem, no entanto, 
conhecer o princípio ativo de suas folhas nas doenças hepáticas e sem nenhum 
estudo farmacológico, conforme BOCK A; TEIXEIRA M; FURTADO O; (2018). 
E quando estamos referindo a nós mesmo, quando precisamos atravessar uma 
avenida movimentada, com o tráfego de veículos em alta velocidade, sabemos 
perfeitamente medir a distância e a velocidade do automóvel que vem nossa direção. 
Até hoje não conhecemos ninguém que usasse máquina de calcular ou fita métrica 
para essa tarefa. Esse tipo de conhecimento que vamos acumulando no nosso 
cotidiano é chamado de senso comum. Sem esse conhecimento, espontâneo, de 
tentativas e erros, a nossa vida no dia-a-dia seria muito complicada. Conforme BOCK 
A; TEIXEIRA M; FURTADO O; (2018). 
 
 
24 
 
A necessidade de acumularmos esse tipo de conhecimento espontâneo 
parece-nos óbvia. Imagine termos que descobrir diariamente que as coisas tendem a 
cair, graças ao efeito da gravidade; intuitivo, termos que descobrir diariamente que 
algo atirado pela janela tende a cair e não a subir; que um automóvel em velocidade 
vai se aproximar rapidamente de nós e que, para fazer um aparelho eletrodoméstico 
funcionar, precisamos de eletricidade. O senso comum, na produção desse tipo de 
conhecimento, percorre um caminho que vai do hábito à tradição, a qual, quando 
estabelecida, passa de geração para geração, conforme BOCK A; TEIXEIRA M; 
FURTADO O; (2018). 
Assim, desde de quando se é pequeno aprendemos com o nossos pais a 
atravessar uma rua, a fazer o liquidificador funcionar, a plantar alimentos na época e 
de maneira correta, a conquistar a pessoa que desejamos e assim por diante. E é 
nessa tentativa de facilitar o dia a dia que o senso comum produz suas próprias 
"teorias"; na realidade, um conhecimento que numa interpretação livre, poderíamos 
chamar de teorias médicas, físicas, psicológicas etc., conforme BOCK A; TEIXEIRA 
M; FURTADO O; (2018). 
Esse conhecimento do senso comum, além de sua produção característica, 
acaba por se apropriar, de uma maneira muito singular, de conhecimentos produzidos 
pelos outros setores da produção do saber humano. O senso comum mistura e recicla 
esses outros saberes, muito mais especializados, e os reduz a um tipo de teoria 
simplificada, produzindo uma determinada visão-de-mundo., conforme BOCK A; 
TEIXEIRA M; FURTADO O; (2018). 
5.4 Senso comum no processo terapêutico 
 
Fonte: psicologiaviva.com.br 
 
25 
 
Investigações sobre a linguagem no processo terapêutico: a relação 
terapeuta-cliente. 
As questões relacionadas à linguagem do senso comum e à forma como com 
ela lida pelo profissional da psicologia, emergem na relação do psicólogo com o 
“cliente”. No trabalho terapêutico, é no primeiro contato que o cliente traz sua queixa, 
e a partir dessa queixa inicial é traçado um caminho para se chegar a um diagnóstico. 
Este momento é especialmente propício para se investigar as possíveis dissonâncias 
presentes na relação terapeuta – cliente, conforme BOLDRINI (2007). 
 É o que evidencia o trabalho intitulado: Da linguagem do senso comum à 
linguagem do diagnóstico: a reinterpretação da queixa na clínica psicológica (Moreira, 
1999 apud BOLDRINI C; 2007). 
Uma professora de Clínica-escola de uma Universidade de São Paulo notou 
algumas falhas no atendimento de psicodiagnóstico, percebeu que os universitários 
tendem a se encontrar aprisionados a um pensamento explicativo que esteja de 
acordo com as teorias aprendidas na sala de aula, perdendo de vista o modo de viver 
peculiar de cada paciente, conforme BOLDRINI (2007). 
De acordo com BOLDRINI (2007), para avaliar este fato foi realizada uma 
pesquisa com o objetivo de compreender o processo de reinterpretação da queixa, 
enunciada através da linguagem do senso comum, para a linguagem diagnóstica. 
Não é preciso pesquisar o que é a queixa, mas sim como o sofrimento 
psíquico foi apreendido como queixa pelo pensamento psicológico, sendo 
necessário compreender os sentidos atribuídos à queixa pelo psicólogo na 
interação com quem se apresenta em sofrimento. (Moreira,1999, apud 
Boldrini C; 2007). 
Este é um conteúdo pouco trabalhado nocampo teórico. Um psicólogo precisa 
saber diferenciar a linguagem do senso comum de uma pessoa da linguagem 
científica, assim como identificar a apropriação pelo senso comum da linguagem 
científica. Por exemplo: quando um paciente chega falando que está com ataque do 
pânico, não necessariamente isso é real, porém o paciente ouviu os sintomas da 
síndrome em algum lugar e se identificou, fechando um autodiagnostico. A maioria 
das queixas é pautada na percepção de sintomas e sua interpretação social de 
sofrimento psíquico como algo que precisa ser eliminado, conforme BOLDRINI (2007). 
 
 
26 
 
Uma clínica-escola funciona como uma contribuição na formação do psicólogo, 
no sentido de fazer pensar sobre o discurso do paciente, possibilitando as primeiras 
experiências do futuro profissional. O trabalho prático é essencial para que os alunos 
possam integrar as disciplinas e tematizar os casos na perspectiva bio-psico-social. 
Como o aluno ainda possui poucos conhecimentos práticos, é neste contexto que o 
universitário começa a entrar em contato com os diferentes modos de viver e perceber 
como isso tem influência no processo do diagnóstico, conforme BOLDRINI (2007). 
A pesquisa teve um caráter qualitativo, com uma metodologia construcionista 
para a análise das práticas discursivas utilizadas tanto pelos usuários dos serviços da 
clínica-escola, como dos funcionários e universitários, conforme BOLDRINI (2007). 
Através desta pesquisa buscou-se entender como as queixas são 
reinterpretadas no processo diagnóstico, pois havia a suspeita de que a descrição da 
queixa feita pelo usuário era constantemente interpretada como um sintoma 
psicológico, desconsiderando que o discurso da queixa é produto de uma rede de 
significações adquiridas no cotidiano do paciente. A pesquisa teve duas etapas: a 
primeira analisa o diálogo entre funcionário e o usuário recém-chegado à clínica; e a 
segunda etapa é com os usuários reunidos em grupo em uma situação de triagem 
com os universitários, conforme BOLDRINI (2007). 
A análise da primeira etapa partiu de três critérios: a influência do roteiro sobre 
o conteúdo do discurso, a reinterpretação da queixa pelo funcionário e as influências 
das condições sócio demográficas na conduta da entrevista, conforme BOLDRINI 
(2007). 
Pode-se dizer resumidamente que a funcionalidade se refere à utilidade que 
a conversa tem para os participantes. No especifico contexto da inscrição no 
CPA (clínica escola) este aspecto aparece no uso da queixa, tanto pelo 
usuário quanto pela recepcionista. Ou seja, evidencia-se o gerenciamento 
da conversa para a reafirmação de repertórios que sejam suficientemente 
reconhecidos como indicadores de uma queixa que mereça atenção em nível 
psicológico. (Moreira, 1999, apud Boldrini C; 2007). 
O primeiro contato do usuário com um atendimento psicológico é o momento 
onde a linguagem do senso comum se apresenta claramente. Talvez isso aconteça 
porque o primeiro contato, nesta clínica-escola, é realizado com um funcionário, que 
aparentemente não possui conhecimento psicológico aprofundado, mostrando-se 
como um “igual” para o usuário e possibilitando um maior conforto no uso com as 
palavras, conforme BOLDRINI (2007). 
 
27 
 
Já na situação de triagem o foco foi outro: primeiramente perceber o 
procedimento do grupo e o fluxo temático e depois analisar como a queixa inicial é 
reinterpretada pelos universitários para fazerem o fechamento de um diagnóstico e a 
formulação de uma proposta de encaminhamento, conforme BOLDRINI (2007). 
Foi observado que o atendimento é pautado no modelo médico, pois se 
expressa por meio de um discurso psicopatológico. Na reinterpretação da queixa ficou 
claro que o repertório usado pelos universitários estava baseado na queixa inicial. 
Ocorreram pequenas modificações durante o processo dialógico no grupo de triagem 
onde, através das falas mais abrangentes dos usuários, foi possível realizar mudanças 
significativas no diagnóstico final, conforme BOLDRINI (2007). 
Os resultados dos encaminhamentos desses usuários (...) indicam que as 
queixas iniciais dos usuários passaram por um processo de reinterpretação 
no atendimento diagnóstico da triagem através do qual foram traduzidas para 
uma linguagem psicológica. (...) Parece ser possível dizer, portanto, que a 
queixa diagnosticada, construída neste processo, impõe uma ‘socialização’ 
da linguagem do senso comum (discurso do usuário) a partir da perspectiva 
da linguagem do diagnóstico (discurso institucional). (Moreira, 1999, p.158 
apud Boldrini C; 2007). 
Esta pesquisa ajuda os psicólogos a repensarem o processo diagnóstico, 
demonstrando que é preciso primeiro reconhecer qual é a real “doença” na queixa do 
usuário, isto é, não é só classificar e nomear. O psicólogo tem que entender que o 
mundo daquela pessoa determina não só como se constitui o sofrimento psíquico, 
mas também o modo como este sofrimento vai ser reportado para o psicólogo, 
conforme BOLDRINI (2007). 
6 EXERCÍCIO PROFISSIONAL E REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO NO 
BRASIL 
 
Fonte: psicologiasdobrasil.com.br 
 
28 
 
A Lei 4.119/62 dispõe sobre os cursos de formação em psicologia e 
regulamenta a profissão de psicólogo. De acordo com o Decreto, para o exercício 
profissional, é obrigatório o registro dos diplomas no órgão competente do Ministério 
da Educação e Cultura, conforme MACHADO (2017). 
De acordo com MACHADO (2017), estabelece ainda, no Artigo 13°; § 1º, como 
atividades especificas do profissional psicólogo: 
 Diagnóstico Psicológico; 
 Orientação e Seleção profissional; 
 Orientação Psicopedagógico; e 
 Solução de Problemas de Ajustamento. 
Ainda na opinião de MACHADO (2017), quanto aos campos de atuação do 
profissional psicólogo, a Resolução nº 013/2007 do CFP, estabelece em seu Art. 3º, 
os seguintes contextos: 
I. Psicologia Escolar/Educacional; II. Psicologia Organizacional e do Trabalho; 
III. Psicologia de Trânsito; IV. Psicologia Jurídica; V. Psicologia do Esporte; VI. 
Psicologia Clínica; VII. Psicologia Hospitalar; VIII. Psicopedagogia; IX. 
Psicomotricidade; X. Psicologia Social; XI. Neuropsicologia. 
Zanelli (2010; apud MACHADO A, 2017), em seu estudo, traz a emergência de 
um novo campo de atuação para o profissional que, concomitante ao advento do 
Sistema Único de Saúde – SUS, tem levado as psicólogas e psicólogos a 
desenvolverem estratégias para atuação em nível de atenção básica, especializada e 
de alta complexidade. 
Existe também uma crescente demanda pelo exercício profissional do 
psicólogo no Sistema Único da Assistência Social – SUAS, sobretudo, em Centros de 
Referência da Assistência Social – CRAS, e Centros de Referência Especializados da 
Assistência Social – CREAS. Esse novo domínio envolve uma significativa ampliação 
do escopo de atividades e contextos de inserção do profissional (CREPOP, 2008; 
apud MACHADO A, 2017). 
Por mais que a emergência de novos campos de atuação tem convocado o 
profissional psicólogo a produção de novas práticas, ainda há um predomínio da 
inserção deste profissional da clínica, bem como no acumulo de jornada de trabalho 
(ZANELLI, 2010 apud MACHADO A, 2017). 
 
29 
 
Bastos (2003 apud MACHADO A, 2017), faz um panorama da atuação do 
profissional no Brasil, e descreve um crescimento no mercado de trabalho para 
atuação dos psicólogos na área organizacional, em contraponto, há uma queda 
significativa da atuação profissional em outros contextos: Escolar/Educacional; Áreas 
Social e Jurídica. 
Em um estudo feito por Borges-Andrade, Zanelli, (2004; apud MACHADO A, 
2017), verifica-se crescimento da docência, em função da expansão do sistema de 
ensino superior no país, como mais um espaço de atuação para os profissionais 
psicólogos. Permanece, todavia, a mesma tendência de o psicólogo, em grande 
proporção, combinar inserções em diferentes áreas. 
Os autores problematizam o dado exposto, percebendoeste como um 
indicador adicional de fragilidade do mercado de trabalho, As psicólogas e os 
psicólogos ao ocuparem vários empregos/ocupações/cargos/funções ao mesmo 
tempo, chegando a fazer jornadas duplas ou triplas de trabalho, o que pode incidir na 
diminuição da qualidade do serviço prestado (BORGES-ANDRADE; ZANELLI, 2004 
apud MACHADO A, 2017). 
Quando comparamos áreas próximas, a problemática fica ainda mais 
expressiva, por exemplo: na sobreposição entre ações no campo da saúde e na Área 
Social; entre a Saúde e a Clínica; a própria Psicologia Organizacional e do Trabalho 
e sua crescente preocupação com a Saúde do Trabalhador etc., conforme MACHADO 
(2017 apud MACHADO A, 2017). Em um estudo realizado por Martins (2009; apud 
MACHADO A, 2017), foi possível constatar que, mesmo com a ampliação das 
inserções do psicólogo brasileiro em diferentes áreas, a área organizacional continua 
sendo aquela em que há maior percentual de dedicação exclusiva, sobretudo pelo 
retorno financeiro. 
Foi possível observar que a docência vem deixando de ser uma atividade 
complementar e passa a ser uma área de atuação exclusiva para um importante 
contingente de psicólogos, conforme MACHADO (2017). 
Fica evidente que a procura por mercado de trabalho tem sido influenciada pela 
oferta de mercado e valores de salário, levando profissionais a desempenhar mais 
que uma jornada de trabalho, visando retorno financeiro, muito mais que 
reconhecimento profissional, o que levanta a necessidade de um piso nacional para o 
psicólogo em prol da valorização desse profissional, conforme MACHADO (2017). 
 
30 
 
6.1 A formação do psicólogo no brasil e o perfil do egresso 
Segundo Penso (et. al., 2008; apud MACHADO A, 2017) para se formar um 
profissional para o terceiro milênio é preciso pensar na sua formação e no seu papel 
ético e social perante as transformações sociais. Diante da riqueza de situações de 
trabalho nas instituições as quais o psicólogo atua, estuda e pesquisa, suas 
intervenções devem assumir um caráter social e comunitário. 
Para as autoras a “falar em neutralidade, imparcialidade e objetividade na 
Psicologia é impossível, uma vez que o profissional dessa área, também é 
um sujeito constituído por todas as suas relações, interações sociais, 
emoções e afetividades, vivenciadas durante sua história de vida. Além disso, 
podemos dizer que o mundo interno do psicólogo lhe proporciona diferentes 
concepções de ser humano, já que ele constrói, com sua subjetividade, a 
pesquisa ou a intervenção em Psicologia. Isso não poderia ser diferente, 
tendo em vista a impossibilidade de separar a Psicologia, o processo 
terapêutico, da subjetividade e a emoção vivenciada pelo profissional” 
(PENSO, et. al., 2008, p. 217; apud MACHADO A, 2017). 
Os acadêmicos de Psicologia precisam se perguntar se são agentes de 
transformação ou de adequação onde não há espaço para a ética, pois o sujeito torna-
se objeto. Deve-se pensar, portanto que toda atividade é uma atividade política e qual 
é o lugar ético do psicólogo (LIMA; VIANA, 2009; apud MACHADO A, 2017). 
As mudanças nos currículos de formação profissional, ampliando o campo de 
atuação para além da Psicologia Clínica evidenciaram uma importante ruptura 
histórica da psicologia no Brasil (BETTOI; SIMÃO, 2000; apud MACHADO A, 2017). 
Contudo, se de um lado esse processo permitiu maior abertura na formação do 
profissional, de outro lado, consolidaram-se segmentações artificiais, desagregadoras 
da unidade do fazer psicológico e igualmente alienantes. 
Para Branco (2008, p. 32; apud MACHADO A, 2017) a divisão em áreas 
aumenta a fragmentação do espaço psicológico, contribui para que os 
diferentes profissionais permaneçam surdos às demais tarefas que não se 
referem aos seus claustros. A Universidade reproduz essa circunstância e 
não reinventa uma formação sem áreas, onde o psicólogo não se defina por 
seu local de trabalho, mas por ser um profissional que ofereça ajuda 
psicológica em qualquer ambiente que o homem atue. 
Pedra (2010; apud MACHADO A, 2017), ao abordar a temática do currículo e 
suas representações, o vê como um termo polissêmico, sendo portador de vários 
significados. “O currículo é um modo pelo qual a cultura é representada e reproduzida 
no cotidiano das instituições escolares” (p. 38). 
 
31 
 
Os grupos sociais definem o que é considerado conhecimento válido, 
dependendo do seu momento histórico. Para o autor, os currículos expressam e 
validam institucionalmente esse processo, conforme MACHADO (2017). 
Na atualidade, com a adaptação dos cursos às novas diretrizes, a Psicologia 
passa seguramente por um processo de revisão de suas próprias práticas e conceitos. 
A Resolução nº. 5/2011do M.E.C., estabelece um eixo curricular para a graduação em 
psicologia mais crítica e preocupada com o seu fazer do profissional, bem como seus 
impactos socioculturais, conforme MACHADO (2017). 
Nesse sentido, Lima; Viana (2009; apud MACHADO A, 2017) pontuam que é 
preciso formar psicólogos articulando as estratégias oferecidas nos Serviços 
de Psicologia universitários à realidade dos serviços públicos e privados. É 
preciso assumir o desafio de construir projetos políticos pedagógicos na 
parceria universidade-serviço-comunidade, inclusive para o desenvolvimento 
da habilidade em psicoterapias (p.45) 
A representação social da Psicologia e do psicólogo, por conseguinte, durante 
décadas, foi marcada pelo desenho de profissionais marcados por atuarem em 
consultórios particulares e, eventualmente, em instituições especiais, na esfera do 
tratamento psicológico de sujeitos e grupos com transtornos mentais diversos, ou 
sofrimento psíquico/moral de alguma espécie (BRANCO, 2008; apud MACHADO A, 
2017). Com o passar do tempo, o universo das representações foi sendo alterado e 
um novo segmento. 
 As representações sociais do campo acadêmico, passaram a interferir na 
concepção do profissional da Psicologia, a exemplo do que ocorreu em todas as áreas 
do conhecimento a partir da década de 1980 (CATANI, 2009; apud MACHADO A, 
2017). 
Nesse novo segmento, o psicólogo passou a ser concebido como profissional 
que, ao contrário do isolamento sócio-político favorecido pela atuação clínica, deveria 
estar comprometido com as grandes demandas da sociedade. Para Abdalla; Batista; 
Batista (2010; apud MACHADO A, 2017), o psicólogo, contribui com a sociedade ao 
melhorar a qualidade de vida das populações, para minimizar os efeitos da paralisia 
e/ou expectativas diante dos desequilíbrios socioeconômicos. 
Para os autores, é papel do profissional psicólogo, instrumentalizar sujeitos e 
grupos no sentido de dar-lhes condições e fazerem escolhas pessoais e coletivas de 
modo consciente. Segundo Bock (2010; apud MACHADO A, 2017), a formação em 
psicologia deve levar em conta a capacidade do futuro profissional de reconhecer 
 
32 
 
dinâmicas sociais, de conhecer as diferentes abordagens de base teórica e técnicas 
disponíveis e fundamentadas. Além de levar em conta, a necessidade de se 
desenvolver competências que habilitassem os alunos a investigar permanentemente 
os fenômenos e as lacunas do conhecimento, e a considerar a importância de se 
aperfeiçoar continuadamente. 
Para Abdalla; Batista& Batista (2010; apud MACHADO A, 2017), as 
representações do segmento acadêmico se fizeram nítidas através de publicações 
sobre o assunto e de forma especial, através das Diretrizes Curriculares, norteadoras 
para a estruturação dos currículos dos cursos de psicologia do país, emanadas pelo 
Ministério de Educação (MEC). 
Assim, pode-se dizer que dois campos de representações passaram a coexistir, 
pois a representação social do psicólogo no contexto não acadêmico, marcado pela 
expectativa de atuação clínica, parece ter sido mantida, considerando dados 
percebidos do discurso leigo, das considerações de estudantes ingressantes de 
Psicologia e principalmente, a ausência de estudos queapontem para alguma 
mudança (ABDALLA; BATISTA; BATISTA, 2010; apud MACHADO A, 2017). 
O psicólogo egresso deverá estar apto a trabalhar de forma crítica, reflexiva e 
ética nos mais diversos campos de atuação, por meio de conhecimentos técnicos 
aprendidos ao longo da faculdade (BOCK, 2010; apud MACHADO A, 2017). 
A Resolução CNE/CES nº 5, de 15 de março de 2011 – MEC, Constitui as 
Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia, 
estabelecendo normas para o projeto pedagógico complementar para a Formação de 
Professores de Psicologia, conforme MACHADO (2017). 
Este documento, em seu Art. 4º, compreende que: a formação em psicologia 
deverá trazer as seguintes habilidades ao psicólogo: I - Atenção à saúde; II - Tomada 
de decisões; III – Comunicação; IV – Liderança; V - Administração e gerenciamento; 
VI - Educação permanente, conforme MACHADO (2017). 
Portanto, conclui- se que as competências do psicólogo egresso são inerentes 
à sua atuação profissional, sendo que este deverá seguir o domínio básico de tais 
habilidades para desempenhar as ações que demandam de seus conhecimentos 
profissionais. Princípios éticos e técnicos atravessam o fazer profissional, criando 
novas possibilidades de atuação à medida em que a sociedade evolui, conforme 
MACHADO (2017). 
 
33 
 
6.2 O psicólogo adivinha o que os outros pensam? 
Na maioria das vezes as pessoas têm um entendimento distorcido sobre a 
prática do psicólogo (a), deduzem que o mesmo exerce a função de advinha, porém 
não é dessa forma que acontece, o psicólogo (a) não tem bola de cristal nem é o 
advinha da sociedade contemporânea, conforme BOCK A; TEIXEIRA M; FURTADO 
O; (2018). 
O psicólogo irá utilizar, um conjunto de associações em relação as técnicas e 
colocar em prática todo seu conhecimento, que lhe possibilita compreender o que o 
outro diz, as expressões e gestos que o outro faz, integrando tudo isso em um quadro 
de análise que busca descobrir as razões dos atos, dos pensamentos, dos desejos, 
das emoções, conforme BOCK A; TEIXEIRA M; FURTADO O; (2018). 
Portanto, o profissional da psicologia vai da ênfase em seus conhecimentos 
acadêmicos de acordo com os seus instrumentos teóricos, para que possa apurar o 
que está contido, oculto, escondido ou não-aparente, nesse sentido, a pessoa, grupo 
ou instituição tem um papel fundamental, pois o psicólogo não advinha. Para poder 
trabalhar, ele precisa que as pessoas falem de si, contem sua história, dialoguem, 
exponham suas reflexões, conforme BOCK A; TEIXEIRA M; FURTADO O; (2018). 
Quando acontece a aliança terapêutica entre o psicólogo (a) e o paciente, vai 
possibilitar o psicólogo (a), junto com o paciente, desvendar as razões em que levou 
o paciente procurar a terapia, e vai fazer com que esse paciente compreenda as 
dificuldades, caracterizando-se, assim, sua intervenção, conforme BOCK A; 
TEIXEIRA M; FURTADO O; (2018). 
Percebemos que as pessoas sabem muito sobre si mesmas, entretanto, o 
profissional possui instrumentos adequados para auxiliar o indivíduo a compreender, 
organizar e aplicar esse saber, permitindo a sua transformação e a mudança da sua 
ação sobre o meio, conforme BOCK A; TEIXEIRA M; FURTADO O; (2018). 
6.3 A psicologia ajuda as pessoas a se conhecerem melhor? 
 
A psicologia nos mostra que como ciência humana, consistiu em aderir seus 
conhecimentos abrangente sobre o homem. A psicologia deu significado ao que 
chamamos de emoções, sentimentos, comportamentos, sobre o desenvolvimento a 
 
34 
 
forma como se aprende, as inquietações, vivências, angústias, alegrias, toda essa 
questão a psicologia nos permitiu, ter um conhecimento, passamos a saber mais 
sobre como o ser humano consegue evoluir diante essas questões que são 
essenciais, conforme BOCK A; TEIXEIRA M; FURTADO O; (2018). 
Mediante ao grande desenvolvimento que a psicologia conseguiu alcançar, os 
estudos e as pesquisas não se limitam aqui, ainda há muito o que pesquisar sobre o 
psiquismo humano e, tentar conhecê-lo melhor, é sempre uma forma de tentar 
conhecer-se melhor. Mas é importante fazermos aqui alguns esclarecimentos sobre 
isso, conforme BOCK A; TEIXEIRA M; FURTADO O; (2018). 
O homem como objeto de estudo científico, mostra que os conhecimentos são 
construídos a partir do homem, e que todos são voltados para ele. Mesmo aqueles 
que lhe parecem mais distantes foram construídos para permitir ao homem uma 
compreensão maior sobre o mundo que o cerca, e isso significa saber mais sobre si 
mesmo, conforme BOCK A; TEIXEIRA M; FURTADO O; (2018). 
E a partir desse conhecimento científico forma –se o aprendizado que 
possibilita sempre um melhor conhecimento sobre a vida humana. A Biologia, por 
exemplo, permite-nos um tipo de conhecimento sobre o homem: seu corpo, sua 
constituição e sua origem, conforme BOCK A; TEIXEIRA M; FURTADO O; (2018). 
Para compreendermos o homem, não podemos deixar de usar como 
instrumento de estudo a história, porque através da história, o homem se faz presente 
enquanto parte da humanidade, isto é, podemos compreender que o homem no 
decorrer do tempo, foi construindo formas de vida e, portanto, formas de ser. A 
Economia abrange outro conhecimento sobre o homem, na medida em que nos ajuda 
a compreender as formas de construção da sobrevivência. Não há dúvida: todos os 
conhecimentos permitem um saber sobre o mundo e, portanto, aumentam seu 
conhecimento sobre você mesmo, conforme BOCK A; TEIXEIRA M; FURTADO O; 
(2018). 
6.4 O psicólogo é diferente de um bom amigo? 
 
O ser humano durante o desenvolvimento de sua vida, vai construindo a sua 
vida e criando laços ou vínculos com as pessoas, e isso faz com crie uma certa 
 
35 
 
confiança para com outro, portanto, quando isso acontece entendemos que o apoio 
de qualquer pessoa pode, sem dúvida alguma, ter uma função de ajuda para a 
superação de dificuldades — assim como fazer ginástica, ouvir música, dançar, e sair 
com na companhia dos amigos, conforme BOCK A; TEIXEIRA M; FURTADO O; 
(2018). 
Entretanto, com o psicólogo (a), não procede da mesma maneira, porque em 
seu trabalho, utiliza o conhecimento científico na intervenção técnica. A Psicologia 
dispõe de técnicas e de instrumentos apropriados e cientificamente elaborados, que 
lhe possibilitam diagnosticar os problemas; possui, também, um modelo de 
interpretação e de intervenção, conforme BOCK A; TEIXEIRA M; FURTADO O; 
(2018). 
Quando o psicólogo dispõe de seu conhecimento no processo terapêutico, ele 
irá realizar a intervenção e ela será de forma intencional, planejada e feita com a 
utilização de conhecimentos específicos do campo da Ciência. Portanto, difere do 
amigo que não planeja sua intervenção, não usa conhecimentos específicos nem 
pretende diagnosticar ou intervir em algum aspecto percebido como crucial, conforme 
BOCK A; TEIXEIRA M; FURTADO O; (2018). 
 Independente de qual situação em que o psicólogo irá atuar, eles o fazem a 
partir de um planejamento e da perspectiva da Ciência. Fazer ginástica pode ser algo 
muito prazeroso e podem também ajudá-lo a aliviar tensões e preocupações do seu 
dia a dia. Mas não é uma atividade psicoterapêutica porque não está sendo feita a 
partir de um planejamento terapêutico nem foi iniciada com um psicodiagnóstico, 
conforme BOCK A; TEIXEIRA M; FURTADO O; (2018). 
Porém se o psicólogo, fazer com que a ginástica faça parte da sua intervenção 
terapêutica como instrumento, passa a ter um sentido para o processo terapêutico e 
com finalidade de trazer o bem-estar. Entretanto se a finalidade da ginástica desviar 
para outro caminho que não seja terapêutica e que produza essa intervenção 
psicológica no indivíduo, ela deixa de ser psicoterapêutica e passa a ser, de acordo 
com a nova finalidade, fisioterapêutica, por exemplo, conforme BOCK A; TEIXEIRA 
M; FURTADO O; (2018). 
No entanto, podemos não ser tão rigorosos e dizer que os homens construíram, 
ao longo de suahistória, formas de ajudarem uns aos outros na busca de uma vida 
melhor e mais feliz. Amigos são, sem dúvida, uma “invenção” muito boa (já dizia o 
 
36 
 
poema: “Amigo é coisa para se guardar, do lado esquerdo do peito...”), conforme 
BOCK A; TEIXEIRA M; FURTADO O; (2018). 
Contudo, como forma ou tentativas de melhorias de vida temos as religiões e 
as ciências também, porém, não podemos confundir estas tentativas com a atuação 
especializada do psicólogo. O psicólogo (a) é aquele profissional que irá possibilitar o 
homem a se tornar saudável, através da sua intervenção durante o desenvolvimento 
do processo terapêutico, este homem vai passar a ser capaz de enfrentar as 
dificuldades do cotidiano; e faz isso a partir de conhecimentos acumulados pelas 
pesquisas científicas na área da Psicologia, conforme BOCK A; TEIXEIRA M; 
FURTADO O; (2018). 
O desenvolvimento histórico da psicologia como ciência, criou teorias 
explicativas da realidade psicológica (por exemplo, a Psicanálise), ou descritivas do 
comportamento (por exemplo, o Behaviorismo), bem como métodos e técnicas 
próprias de investigação da vida psicológica e do comportamento humano, conforme 
BOCK A; TEIXEIRA M; FURTADO O; (2018). 
Com o crescimento das pesquisas na área da psicologia, hoje ela possui 
instrumentos próprios para obter dados sobre a vida psíquica, como os testes 
psicológicos (de personalidade, de atenção, de inteligência, de interesses etc.); as 
técnicas de entrevista (individual ou grupal); as técnicas aprimoradas de observação 
e registro de dados do comportamento humano, conforme BOCK A; TEIXEIRA M; 
FURTADO O; (2018). 
As pesquisas mostraram que os dados coletados por meio de testes, 
entrevistas ou observações devem ser compreendidos a partir de modelos 
psicológicos, isto é, cada teoria em Psicologia tem ou se constitui em um modelo de 
análise dos dados coletados. Por exemplo, numa abordagem psicanalítica, a análise 
dos sonhos poderá ser feita a partir da associação livre do paciente cada um dos 
elementos presentes no sonho que relata, e estes dados analisados a partir da teoria 
do aparelho psíquico postulada por Freud, conforme BOCK A; TEIXEIRA M; 
FURTADO O; (2018). 
Contudo, com a coleta e análise dos dados, o psicólogo pensará em sua 
intervenção, que pode ser uma terapia (existem inúmeras: a rogeriana, a psicanalítica, 
a comportamental, o psicodrama etc.), um treinamento, um trabalho de orientação de 
grupo ou qualquer outro tipo de intervenção individual, grupal ou institucional, no 
 
37 
 
sentido da promoção da saúde, conforme BOCK A; TEIXEIRA M; FURTADO O; 
(2018). 
6.5 Qual a diferença entre psiquiatra, psicólogo e psicanalista? 
Segundo Bock (1999 apud CORTIZO M, HENRIQUE T; 2013), a Psicologia e 
a Psiquiatria são áreas do saber fundadas em campos de preocupações diferentes. 
Desde Wundt, a Psicologia tem seu objeto de estudo marcado pela busca da 
compreensão do funcionamento da consciência, enquanto a Psiquiatria tem seu 
trabalhado para construir e catalogar um saber sobre a loucura, sobre a doença 
mental. Os conhecimentos alcançados pela Psicologia permitiram realçar a existência 
de uma “normalidade”, bem como compreender os processos e o funcionamento 
psicológico, não assumindo compromisso com o patológico. 
A psiquiatria, por sua vez, desenvolveu uma sistematização do conhecimento 
e, mais precisamente, dos aspectos e do funcionamento psicológico que se 
desviavam de uma normalidade sendo entendidos e significados socialmente como 
patológicos, como doenças, conforme CORTIZO M, HENRIQUE T; (2013). 
Portanto, existem dúvidas em relação aos profissionais mencionados no 
subtítulo, os psicólogos, psiquiatras e os psicanalistas são três áreas que trabalham 
com a mente humana, mas são distintas em alguns pontos e possuem abordagens 
diferentes. No entanto, os três profissionais podem atuar juntos no tratamento ou 
acompanhamento de um paciente, conforme FRANCO, Giullya (2020). 
Porém, cada uma delas, em sua área de atuação e com seu método de 
tratamento, busca garantir ao paciente o aumento da qualidade de vida e a promoção 
da saúde. Por isso, é importante conhecer cada uma delas para saber qual profissional 
procurar, conforme FRANCO, Giullya (2020). 
O psicólogo é o especialista em saúde mental que utiliza a terapia para 
trabalhar questões e problemas de categoria comportamental e psicológica. O 
psiquiatra é um médico especializado em psiquiatria que tem habilidade para tratar 
transtornos mentais como depressão e psicoses. O psicanalista utiliza associações 
livres, sonhos e materiais inconscientes do próprio paciente para poder auxiliá-lo em 
sua recuperação. 
 
38 
 
 Alguns psicanalistas utilizam a técnica da regressão, que consiste em instruir 
o paciente a buscar na sua mente o exato momento de sua vida que possa ter 
originado as emoções negativas, conforme FRANCO, Giullya (2020). 
Formação: os especialistas dizem que só quem foi analisado pode analisar 
seus pacientes e chega-se há passar 8 anos em cursos de sociedades psicanalíticas. 
Existe a formação em psicanálise destinado a Psicólogos, médicos e profissionais 
com formação universitária que desejem vir a ser psicanalistas. 
É necessária experiência em análise pessoal, algum conhecimento dos 
fundamentos da teoria psicanalítica e percurso em prática clínica. E temos a formação 
em psicologia que tem a duração de 5 anos, podendo o profissional de psicologia 
depois de formado especializar em psicanálise, conforme NATHÁLIA B; (2016). 
 
 
Fonte: novoolharsc.com 
6.6 Psicólogos e psiquiatras aproximam-se em suas práticas 
A Psicologia e a Psiquiatria são áreas do saber fundadas em campos de 
preocupações diferentes. Desde Wundt, a Psicologia tem seu objeto de estudo 
marcado pela busca da compreensão do funcionamento da consciência, enquanto a 
Psiquiatria tem trabalhado para construir e catalogar um saber sobre a loucura, sobre 
a doença mental, conforme BOCK A et al., (2018) 
 
 
39 
 
 Os conhecimentos alcançados pela Psicologia permitiram realçar a existência 
de uma “normalidade”, bem como compreender os processos e o funcionamento 
psicológicos, não assumindo compromisso com o patológico, conforme BOCK A et al., 
(2018). 
 De acordo com BOCK A et al., (2018) a Psiquiatria, por sua vez, desenvolveu 
uma sistematização do conhecimento e, mais precisamente, dos aspectos e do 
funcionamento psicológicos que se desviavam de uma normalidade, sendo 
entendidos e significados socialmente como patológicos, como doenças. De certa 
forma, poderíamos dizer, correndo o risco de um certo exagero ou reducionismo, que, 
enquanto a Psiquiatria se constitui como um saber da doença mental ou psicológica, 
a Psicologia tornou-se um saber sobre o funcionamento mental ou psicológico. 
O médico Sigmund Freud, com suas teorizações, foi responsável pela 
aproximação entre essas duas áreas por ter dado continuidade ao funcionamento 
normal e patológico. Freud postulou que o patológico não era mais do que uma 
exacerbação do funcionamento normal, ou seja, uma exacerbação entre o que era 
normal e doentio no mundo psíquico, ocorrendo apenas uma diferença de grau. Com 
isso, as duas áreas estavam articuladas e as respectivas práticas se assemelharam e 
se aproximaram muito, a ponto de estarmos aqui ocupando este espaço para 
esclarecermos a você as diferenças entre elas, conforme BOCK A et al., (2018). 
Mas se Freud aproximou esses saberes em suas preocupações, a década de 
50, no século 20, traria o desenvolvimento da psicofarmacologia, o qual foi 
responsável por uma retomada das bases biológicas e orgânicas da Psiquiatria, 
tributária dos métodos e das técnicas da Medicina. Assim, ocorreu um novo 
distanciamento entre a Psicologia e a Psiquiatria, sobretudo em relação aos métodos 
e técnicas de intervenção utilizados por estas duas especialidades profissionais, 
conforme BOCK A et al., (2018). 
No dizer de

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