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Origem da vida e da diversidade biologica, filogenética e evolução humana

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Diversidade Biológica, 
Evolução e Conservação 
das Espécies
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Claudio da Cunha
Revisão Textual:
 Profa. Ms. Fátima Furlan
Origem da vida e da diversidade biológica, 
filogenética e evolução humana
• Evolução em nível molecular: origem da vida
• Teoria da sopa primitiva: origem da vida
• Evolução celular
• Relógios moleculares 
• Mutações genéticas e evolução: estabilidade versus variabilidade
• Análise filogenética
• Evolução humana
 · Discutir a origem da diversidade biológica do planeta, as forças e 
mecanismos que estimulam e controlam a biodiversidade.
 · Abordar e aprofundar estudo filogenético e a evolução humana
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Como vimos nos módulos anteriores, é muito importante a sua percepção 
do desenvolvimento do seres vivos através do tempo. 
Estudaremos como foram levantadas as hipóteses e como foram feitos os 
experimentos utilizados como base para a nossa compreensão da origem da 
vida no planeta terra bem como os múltiplos fatores associados à diversidade 
biológica, sejam eles estimuladores ou reguladores, em diversos níveis de 
complexidade, envolvendo animais, vegetais e microorganismos. 
Abordaremos os principais métodos para realizar análises de filogenéticas 
utilizando cladogramas e as terminologias utilizadas pelos pesquisadores da 
área, utilizando a evolução humana como modelo básico.
Ao analisar as árvores filogenéticas, não se esqueça que o princípio básico 
de leitura e interpretação sempre deve ser feito levando em conta o tempo 
decorrido entre as várias ramificações possíveis, adaptando o espaço 
temporal em relação aos táxons estudados, que podem variar entre poucas 
décadas quando se estudam microrganismos ou centenas de milhões de anos 
quando estudamos a origem dos seres pluricelulares.
ORIENTAÇÕES
Origem da vida e da diversidade biológica, 
filogenética e evolução humana
UNIDADE Origem da vida e da diversidade biológica, filogenética e evolução humana
Contextualização
Nessa unidade, vários conceitos aplicáveis aos futuros professores serão 
analisados. Entre as perguntas mais impertinentes que os alunos podem fazer, 
quando têm a liberdade de propor questões, estão “de onde viemos?” e “se 
descendemos dos macacos, por que eles ainda existem e não viraram gente?”. 
Cabe ao professor de ciências e biologia elucidar tais problemas, sem temores. É de 
vital importância que você, caso opte pela licenciatura imaginar com antecedência 
quais as perguntas dos alunos e como serão dadas as respostas de maneira coerente 
com os conhecimentos científicos correntes. 
Para auxiliar nas questões de biogênese versus abiogênese e os experimentos de 
Urey e Miller confira os documentários nos links:
Caso você se dedique a pesquisa acadêmica, é de vital importância aprender os 
termos técnicos destacados para as análises filogenéticas, tanto para a compreensão 
de artigos acadêmicos, como também para a comunicação com outros profissionais 
da área das ciências biológicas, em congressos e outros encontros científicos.
6
7
Evolução em nível molecular: 
origem da vida
Uma das mais intrigantes questões que a mente humana é capaz de fazer, é: 
como surgiu a vida no planeta.
Modernamente, um dos principais dogmas da biologia é baseado no conceito 
de que toda célula deriva de outra célula, ou seja, toda forma de vida é derivada de 
um ser vivo. 
Um dos grandes avanços da ciência foi a quebra da teoria da abiogênese, que 
supunha que seres vivos poderiam surgir a partir de algo não vivo. O moderno 
conceito de biogênese surgiu de forma científica a partir dos experimentos de 
Francesco Redi, em 1668, demonstrando que as larvas que surgem em carne 
decomposta são derivadas de moscas e não o produto da putrefação. Redi colocou 
dois pedaços de carne em dois frascos, um tampado e outro exposto; a carne do 
frasco tampado não produziu larvas.
A biogênese, ou seja, a origem da vida a partir de outro ser vivo é um fato, mas 
quando pensamos sobre a origem da vida no planeta, o raciocínio deixa de ser tão 
óbvio assim.
Mas, seria possível que a vida não seja derivada necessariamente de um ser vivo 
pré-existente? Para responder essa pergunta, teremos que voltar no tempo, até os 
primórdios do planeta terra, imaginar sua dinâmica, sua composição físico-química 
e simular como foi a sua origem em relação ao sistema solar.
Em relação à história humana, a percepção de que fazemos parte de um sistema 
solar, em uma galáxia com bilhões de sóis, entre um número até agora infinito de 
galáxias, teve seu início apenas em 1923, com a descoberta da galáxia Andrômeda 
(nuvem de Magalhães) pelo astrônomo Edwin Hubble, ou seja, nossa compreensão 
sobre a origem do universo e da vida é excepcionalmente recente.
A idade estimada do universo é de cerca de 14 bilhões de anos; nosso sistema 
solar surgiu a partir da explosão de uma super Nova a cerca de 4,6 bilhões de anos. 
Partículas de matéria e gases muito quentes foram atraídas por gravidade iniciando 
a atividade do sol, e em torno deste, formou-se um gigantesco anel de acresção, 
semelhante ao que vemos hoje nos anéis de Saturno, porém capaz de formar os 
planetas, planetóides e asteróides que conhecemos no presente. Nessa fase inicial, 
a atividade era extremamente intensa, com colisões tão gigantescas, como a que 
retirou um pedaço do nosso planeta em formação, dando origem a nossa lua, cuja 
composição química é semelhante à da Terra. Acredita se que enormes cometas de 
gelo, permitiram o início do acúmulo de água e do ciclo hidrológico.
Na década de 50 do século 20, foram encontradas rochas de aproximadamente 
3,5 bilhões de anos, contendo os mais antigos fósseis de células dos primeiros 
microrganismos que surgiram no planeta. O tempo decorrido entre a formação do 
7
UNIDADE Origem da vida e da diversidade biológica, filogenética e evolução humana
planeta e o surgimento dos primeiros seres vivos é surpreendentemente pequeno, 
posto que para existirem fósseis bem preservados em quantidade suficiente para 
ocorrer os processos de fossilização, a vida deve ter surgido bem antes.
As evidências químicas da presença de oxigênio livre derivado de fotossíntese 
ocorrem em rochas de aproximadamente entre 2,5 e 2,8 bilhões de anos, 
mas novamente, as bactérias e fotossintetizantes devem ter surgido muito 
antes dessa data.
Teoria da sopa primitiva: origem da vida
Existem basicamente duas possibilidades para a origem da vida: ou ela se 
originou fora do planeta e chegou aqui transportada por meteoritos, ou se originou 
espontaneamente em algum lugar do planeta.
Meteoritos preservados no gelo antártico após sua queda foram coletados e 
analisados. Surpreendentemente, foram identificadas moléculas orgânicas, e 
tipicamente associadas com os seres vivos; mas moléculas orgânicas como o 
metano, são encontradas e forma muito abundante no universo; por exemplo, 
Caronte, uma das luas de Plutão é recoberta por metano e água congelada, assim 
como outras luas de outros planetas do sistema solar.
O conceito de matéria ou composto orgânico e inorgânico é historicamente 
ultrapassado para a química moderna. No entanto, de forma didática, podemos 
dizer que compostos orgânicos são encontrados com grande frequência em seres 
vivos e raramente no meio físico, enquanto compostos inorgânicos seriam mais 
comumente encontrados na natureza, no meio abiótico (sem vida). Os compostos 
orgânicos mais típicos são os açúcares, as gorduras, as proteínas e os ácidos nucléicos.
Mas seria possível que a vida tenha surgido de forma espontânea, a partir de 
compostos simples que se acumulariam através do tempo nos oceanos primitivos 
em ambientes sem oxigênio, até que atingissem uma concentração que permitisse 
um aumento de complexidade até chegar ao que chamamos de seres vivos, 
capazes de controle e multiplicação? Essa hipótese foi levantada por pelo russo 
Aleksandr Oparin em 1924 e posteriormente ampliada pelo britânico John B. 
S. Haldane, sendo classicamentedenominada de “Teoria da Sopa Primitiva”, de 
Oparin e Haldane. Mas naquele momento histórico não existiam as condições 
experimentais necessárias para sua constatação.
Apenas em 1953, foi possível colocar a teoria da sopa primitiva à prova. O mais 
famoso experimento foi realizado em 1953 por Stanley Miller e seu orientador 
Harold Urey, na Universidade de Chicago, EUA, recriando em ambiente fechado, 
a terra primitiva e a síntese espontânea de moléculas encontradas apenas em seres 
vivos (experimento de Muller e Urey).
8
9
Com base na atmosfera de outros planetas, e dos produtos de vulcanismo, 
pode-se supor que a atmosfera da Terra primitiva possuía água, hidrogênio molecular 
(H2), amônia (NH3), metano (CH4), dióxido de carbono (CO2), monóxido de carbono 
(CO), nitrogênio molecular (N2) e pouquíssimo oxigênio (O2) posto que sabemos 
hoje, que o O2 é derivado da água, a partir de atividade biológica ( fotossíntese).
Nessa terra primitiva em resfriamento, o calor deveria ser elevado, com forte 
incidência de relâmpagos e radiação ultravioleta, pois ainda não existia oxigênio 
atmosférico e, portanto também não havia a proteção da camada de ozônio (O3).
No experimento original, foram colocados água, amônia, hidrogênio e metano 
em um sistema circular em que essa atmosfera primitiva era aquecida e sofria 
descargas elétricas que o mundo simulava relâmpagos. Com o passar do tempo, 
o vapor condensado mudou de cor e após coletado e analisado, veio a grande 
surpresa: foram encontrados os aminoácidos valina, leucina, alanina, aspartato e 
glicina; e nitratos, cianeto e formaldeído e componentes dos ácidos nucleicos.
Figura 1: Experimento de Miller e Urey. 
Fonte: sobiologia.com.br
Muitas outras simulações foram feitas pelos mesmos autores e por muitos outros, 
seguindo a mesma metodologia e acrescentando novas condições físico-químicas para 
a geração de moléculas orgânicas a partir de ambiente sem vida (síntese abiótica).
Posteriormente, foram sintetizados de forma abiótica, polipeptídios (pequenas 
proteínas), e bases do DNA/RNA adenina, uracila; o açúcar ribose (furanose) e 
ATP, molécula básica molécula para a atividade metabólica.(Menck, C. e Oliveira, 
M. 2001). 
Compostos proteicos complexos aglutinados, com reações químicas concentra-
das, são denominados genericamente de coacervados e podem ter iniciado o protó-
tipo do que chamamos de células. Não está claro como moléculas de lipídios podem 
ter surgido, mas sua presença seria essencial para formação de protocélulas, que se-
riam literalmente, conjuntos de coacervados dentro de gotas ou membranas lipídicas 
que mantivessem as reações químicas isoladas do meio ambiente.
9
UNIDADE Origem da vida e da diversidade biológica, filogenética e evolução humana
Importante!
A Teoria da sopa orgânica foi proposta na década de 20 do século XX, mas apenas na 
década de 50 surgiram tecnologias capazes de produzir experimentos laboratoriais que 
a comprovassem, ganhando destaque o pioneiro experimento de Urey e Miller.
Em Síntese
A teoria da sopa orgânica, em meio estritamente aquoso e líquido pode receber 
alterações como a hipótese das reações primordiais terem ocorrido nas gotículas 
de água das nuvens, onde há mais energia elétrica ou em meio sólido argiloso. 
A  proposta de reações químicas catalisadas por compostos minerais vem sendo 
testada e novos compostos têm sido obtidos, aumentando a complexidade desse 
quebra-cabeças ainda em resolução. 
Evolução celular
Existem várias formas de definir a vida. Em uma delas, os seres vivos apresentam 
metabolismo próprio e DNA; como os vírus dependem do metabolismo de 
células hospedeiras, não seriam então seres vivos, criando às vezes discussões 
desnecessárias. Outra definição, mais ampla, é baseada nas propriedades de 
multiplicação, variação e hereditariedade (Muller, 1960. apud Menck e Oliveira, 2001)
Essas características são encontradas em todos os organismos sejam eles uni 
ou pluricelulares, incluindo os acelulares, como os vírus. Essa definição é mais 
apropriada para estudos de evolução biológica.
Gotas de lipídios poderiam ter isolado conservados, produzindo células primitivas. 
Mas, como ocorre a replicação?
Para que ocorram reações químicas controladas, são necessárias muitas enzimas 
diferentes. Enzimas são proteínas capazes de catalisar reações químicas; proteínas 
são sintetizadas a partir de genes, trechos de DNA que codificam proteínas. Porém 
para a síntese de DNA (replicação, duplicação) são necessárias muitas enzimas, com 
destaque para a DNApolimerase. Surge então um problema de causa e consequência, 
semelhante à pergunta: quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? Nesse caso, quem 
surgiu primeiro? A enzima que produz o DNA ou o DNA que codifica a enzima? 
No primeiro caso, a resposta é fácil: o ovo com casca surgiu com o surgimento 
dos répteis, antes da era Mesozóica. As galinhas são aves modernas, que sugiram 
centenas de milhões de anos depois dos ovos.
No segundo caso, não há saída, sendo necessária uma hipótese alternativa.
Na década de 80 do século 20, foram descobertos trechos de RNA com capacidades 
catalíticas (ribozimas) atuando em diversas atividades metabólicas distintas, podendo ao 
mesmo tempo guardar informações hereditárias e catalisar reações químicas. Em 1986, 
foi proposto por Gilbert o conceito de “mundo de RNA” (Menck e Oliveira, 2001).
10
11
Pode se dizer então que os primeiros seres vivos não possuíam os mesmos 
mecanismos de replicação que observamos hoje, a partir de DNA, surgindo 
posteriormente. Corrobora com a ideia, o fato de que tais ribozimas são 
encontrados em todos os seres vivos, a multiplicidade de funções e tipos de RNA 
e o açúcar desoxirribose ser derivado da ribose, que por sua vez pode ser criado 
de forma abiogênica.
A partir de células primitivas capazes de se replicar com variabilidade e 
hereditariedade, temos as bases de processos evolutivos. Inicialmente células 
procariontes (bactérias e arquéas) e posteriormente células mais complexas com 
material genético protegido por membranas (eucariontes) 
Modernamente os seres vivos celulares estão divididos em três grandes Domínios, a partir 
de critérios bioquímicos e metabólicos: Archaea, Bactéria e EucariotaEx
pl
or
O aumento de complexidade das células deixou alguns registros muito 
interessantes. Os cloroplastos responsáveis pela fotossíntese dos vegetais e das 
algas macroscópicas são derivados de cianobactérias, enquanto as mitocôndrias 
presentes na grande maioria das células eucariontes são derivadas de bactérias 
aeróbicas, formando organelas. 
A hipótese de que células eucariontes primitivas teriam incorporado células 
procariontes primitivas, dando origem as células eucariontes modernas é chamada 
de “Teoria endossimbiótica”, e foi proposta por Lynn Margulis na década de 80 do 
século 20; hoje é completamente aceita, corroborada pela estrutura e metabolismo 
próprio dessas organelas, com a presença de DNA próprio e ribossomos pequenos, 
típicos de bactérias.
Relógios moleculares 
É possível comparar o grau de similaridade ou distanciamento entre as proteínas 
constituintes dos seres vivos, assim como é possível analisar o grau de semelhanças 
genéticas a partir do sequenciamento do DNA. 
Todos os seres vivos descendem de ancestrais primitivos na origem do planeta. 
O tempo decorrido a partir desses ancestrais pode ser mensurado pelos chamados 
“relógios moleculares”. Conforme o tempo passa, as mutações genéticas se 
acumulam aumentando a diferença entre as sequências gênicas e seus produtos 
(proteínas), e a partir de tais diferenças, podemos calcular o tempo evolutivo. 
Inicialmente eram utilizadas comparações entre proteínas, depois a análise de DNA 
nuclear, e mais modernamente análise de DNA mitocondrial, menor e mais estável.
Existem taxas esperadas de mutações genéticas, utilizadas para o cálculo de 
tempo e utilizando os relógios moleculares. Existem fatores que podem alterar 
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UNIDADE Origem da vida e da diversidade biológica,filogenética e evolução humana
essas alterações esperadas.
Os relógios moleculares podem ser adiantados quando os desafios do 
ambiente são muito grandes, com seleção natural intensa, cruzamento entre 
indivíduos de populações geneticamente mais distantes, exposição a agentes 
mutagênicos, entre outros.
Os relógios moleculares podem ser atrasados, mantendo o material genético 
com baixa alteração, por pequena exposição a agentes mutagênicos como, por 
exemplo, a radiação ultravioleta do sol e ambientes ecologicamente estáveis, como 
as zonas oceânicas muito profundas.
Tais fatores devem ser levados em conta, quando se calcula o tempo decorrido 
durante os diferentes processos evolutivos.
O gene que permite a conversão de açúcares como a frutose em gordura armazenada, 
garante um estoque energético de segurança para momentos de escassez de alimento. 
Seres humanos apresentam algumas variações desse gene, produzindo pessoas que 
engordam facilmente, enquanto outras não. Porém esses genes estão presentes em todos 
os grandes primatas antropóides como gorilas e chimpanzés. O relógio biológico aponta 
para o surgimento dessa mutação gênica a cerca de 20 milhões de anos.
Ex
pl
or
Mutações genéticas e evolução: 
estabilidade versus variabilidade
Para que ocorra a evolução biológica é fundamental a existência de varia-
bilidade genética. A cada duplicação do DNA, podem ocorrer alterações nas 
sequências de bases nitrogenadas responsáveis pela codificação das proteínas 
e em última instância, das características do ser vivo que serão selecionadas 
naturalmente. As mutações gênicas são indispensáveis para a evolução dos 
seres vivos. Mas se essas variações ocorrem de forma descontrolada, a here-
ditariedade seria prejudicada e assim, surgiram mecanismos moleculares que 
protegem o DNA contra mutações excessivas. Representados de forma mais 
importante com a atividade de enzimas específicas de reparo de DNA. A falha 
dessas enzimas pode produzir um envelhecimento acelerado das células, como 
ocorre na doença xeroderma pigmentoso, em que o portador sofre intensa 
mutação genética nas células da pele, quando exposta ao sol, ou na síndrome 
do envelhecimento precoce, em que crianças rapidamente apresentam aspecto 
físico e doenças típicas de pessoas idosas.
12
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Análise filogenética
É possível reconstruir a história evolutiva do seres vivos, e o seu «nível de 
parentesco» utilizando os mais diversos métodos e características. 
Antes da revolução moderna da biologia molecular, as características morfoló-
gicas eram as mais utilizadas. Classificamos como aves, os seres que apresentam 
penas, assim como as plantas são classificadas em pteridófitas, briófitas e outras 
divisões por suas características e estruturas reprodutivas. 
A ferramenta básica utilizada para essas análises é a construção e visualização 
gráfica de árvores filogenéticas, da mesma forma que são utilizadas árvores 
genealógicas para estudar o grau de parentesco, descendência e ascendência entre 
os diversos indivíduos de uma família.
As árvores filogenéticas ou cladogramas podem analisar e comparar quaisquer 
níveis taxonômicos. É possível comparar várias populações da mesma espécie 
presentes em diferentes áreas geográficas, espécies da mesma família, diferentes 
filos ou divisões de mesmo reino ou domínios.
O princípio básico é o mesmo: analisar diferenças e semelhanças bem como 
determinar os processos evolutivos e ancestrais através do tempo.
A base das árvores filogenéticas representa o passado, e o tempo pode envolver 
qualquer escala, variando de anos a bilhões de anos.
H
PRESENTE
PASSADO
ED
F
CBA
G
Figura 2: Árvore filogenética.
Observando a árvore filogenética acima, supondo uma análise hipotética sobre 
a evolução humana, baseada em similaridade de proteínas e DNA. Se E representa 
os seres humanos Homo sapiens, a espécie mais próxima, seriam os chimpanzés 
(D), seguido por gorilas C, orangotangos B e gibões A, todos chamados de 
macacos a antropóides, caracterizados por não possuir cauda. O ancestral comum 
entre humanos e chimpanzés está representado pela letra H, enquanto o ancestral 
comum de todos os macacos antropóides e humanos é representado pela letra G; 
a espécie F seria uma espécie pertencente ao gênero Gorilla, porém já extinta.
13
UNIDADE Origem da vida e da diversidade biológica, filogenética e evolução humana
A análise de uma árvore filogenética pode se concentrar no estudo de certas 
características. Evolutivamente, existem características consideradas como ancestrais 
(apomorfias) e outras podem ser consideradas como derivadas (plesiomorfias).
Nossos membros locomotores apresentam cinco dedos; porém a presença 
de cinco dedos pode ser observada em outros mamíferos como baleias, ratos 
ou tatus. Cinco dedos também estão presentes nos répteis como jacarés 
e tartarugas, bem como nos anfíbios, sendo que a característica foi fixada 
geneticamente. Portanto, a característica “cinco dedos”, é apomórfica, pois 
ocorria em ancestrais muito remotos. 
Em contraste, a ausência de pelos em primatas só ocorre em humanos, sendo 
uma característica recente ou derivada, no grupo dos primatas. Portanto, é uma 
característica plesiomórfica.
Quando os seres analisados fazem parte de um grupo aparentado, com um 
ancestral comum, denominamos como grupo monofilético; se o organismo ou 
grupo é comparado com outros, com o parentesco muito distante, como é o 
caso das esponjas em relação aos outros animais, denominamos como um grupo 
parafilético. Se compararmos grupos de seres vivos que não possuem os mesmos 
ancestrais, denominamos como polifiléticos.
Evolução humana
Um dos grandes problemas dos estudos sobre a evolução biológica ocorre no 
momento em que nós humanos precisamos nos comparar aos outros seres vivos, 
pois nesse momento, certos preceitos filosóficos e religiosos produzem entraves 
diretos na compreensão de fatos solidamente embasados.
Mesmo para Charles Darwin, o momento foi delicado. No livro “O ancestral 
do homem”, as argumentações eram principalmente comparativas entre humanos 
e outros primatas, particularmente chimpanzés e gorilas, pois naquele momento 
histórico não havia ainda um registro fóssil ou bases genéticas e moleculares, como 
temos modernamente. 
Nessa época, a emblemática frase “o homem descende do macaco” tornou-se 
um jargão repetido à exaustão e principalmente por pessoas que não conhecem os 
processos evolutivos ou são ideologicamente contra o fato de que o homem é um 
animal aparentado com os outros seres vivos.
Quando se usa a palavra “macaco”, obviamente o que vem à cabeça é um 
chimpanzé ou outro primata moderno e logo em seguida aparece a ideia de que 
chimpanzés viraram humanos, ou que em um futuro distante, os atuais macacos 
evoluirão para formas humanóides, como apresentado em filmes de ficção científica. 
14
15
O homem não descende do macaco (moderno), mas homens e macacos possuem 
ancestrais comuns.
O que Darwin escreveu e hoje sabemos com enorme grau de certeza é que 
todos os grandes primatas, e incluindo o homem, possuem os mesmos ancestrais. 
Ensinar evolução humana esbarra em valores pessoais: é difícil encontrar alguém 
que não consiga admitir que araras, periquitos e papagaios são parentes e que 
lobos, raposas e cães são parentes. Mas quando o mesmo raciocínio é utilizado 
para comparar humanos, chimpanzés e gorilas, a resposta é geralmente negativa. 
Observe abaixo a árvore filogenética dos primatas em relação ao tempo, em 
milhões de anos, indicado à esquerda. As datas são aproximações, sem exatidão, 
mas que dão ideia do tempo decorrido.
Figura 3: Árvore filogenética dos primatas em relação ao tempo.
Fonte: www.culturabrasil.pro.br
Os fósseis de seres humanos modernos Homo sapiens apresentam 
características semelhantes até aproximadamente 180 mil anos atrás, quando 
o tamanho do crânio comporta um cérebro menor do que a média inferior das 
populações modernas. 
Antes dessa data aproximada (180-200 milhões de anos), estão ancestraistemporalmente mais próximos como Homo heidelbergensis e Homo habilis. 
No momento, há 13 espécies reconhecidas do gênero Homo que viveram muitas 
vezes na mesma época e em locais diferentes. Homo ergaster, H. erectus e H 
habilis, foram todos encontrados no registro fóssil entre 1,6 e 1.8 milhões de 
anos atrás.
Ou seja, nunca existiu aquela clássica “escala evolutiva”, em linha reta, 
progressiva, utilizada para mostrar uma linha reta e única desde primatas com 
cauda até o homem moderno. Ela pode ser usada para fins didáticos, simplificando 
um conceito abstrato de modo gráfico, mas não corresponde à realidade.
15
UNIDADE Origem da vida e da diversidade biológica, filogenética e evolução humana
Figura 4: Representação gráfica da “escala evolutiva”
Fonte: iStock/Getty Images
Observe que na representação acima, tem-se a impressão de que um derivou 
diretamente do outro, terminando no “topo” da evolução, com um homem 
tecnologicamente superior e branco (além de falsa, é racista!)
A nossa árvore filogenética inclui outros gêneros extintos que também 
caminhavam sobre duas pernas como Paranthropus e Australopithecus, esse 
último fazendo parte da nossa linhagem mais antiga. 
Observe abaixo uma das árvores filogenéticas propostas mais aceitas; observe as 
datas e note que várias espécies do gênero Homo ocorriam na mesma época, em 
locais diferentes, assim como as duas espécies de antas, a do Brasil e a da Malásia 
estão vivas no tempo presente, em locais diferentes.
A árvore filogenética proposta abaixo é mais complexa e necessita de abstração 
mental associada com o tempo, descrita à esquerda. Como é mais difícil de 
compreender, não aparece nos meios de comunicação de massa.
Figura 5: Representação da árvore filogenética 
16
17
Leia o artigo integral sobre alterações da árvore filogenética humana, que ocorrem quando 
são feitas novas descobertas.
Acesse o link: http://goo.gl/vVkZPO
Ex
pl
or
Utilizando relógios moleculares, estima-se que a linhagem humana se separou 
da linhagem dos outros grandes primatas entre 5 e 7 milhões de anos atrás; temos 
aproximadamente a 99,2% de genes comuns com chimpanzés, resultado das 
análises do genoma humano comparado com nosso primo mais próximo. 
O que nos diferencia de forma mais importante dos grandes primatas é o 
bipedalismo, a redução na quantidade de pelos corpóreos, uma infância muito 
longa derivada da fragilidade causada por nervos desmielinizados que nos 
impedem de ter coordenação motora fina até cerca de 7 anos de idade (Cunha, 
2012) e um cérebro grande, capaz de desenvolver conceitos simbólicos, abstratos 
e métricos, calculando o tempo necessário para se fazer música ou a métrica que 
permite noções matemáticas.
A frase “os homens são os únicos animais racionais» é de Aristóteles, proferida 
cerca de três séculos antes de Cristo e, portanto, um pouco ultrapassada. 
Nós humanos apresentamos muitos comportamentos instintivos e fisiológicos, 
enquanto muitos animais apresentam raciocínio lógico, mostrado por resultados 
de pesquisas em etologia (estudo do comportamento). Para saber mais, consulte 
as referências indicadas.
17
UNIDADE Origem da vida e da diversidade biológica, filogenética e evolução humana
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Vídeos
History Channel - A Origem da Vida (Parte1 de 9)
Assista ao vídeo “Origens da Vida” partes 1 e 2; caso queira, acompanhe todos os 
capítulos. Vai ser bastante produtivo.
https://www.youtube.com/watch?v=PGyarFWOetw
Como nos Tornamos Humanos - Ep. 1/3 (Documentário-2009)
Montar o quebra-cabeça da evolução humana é uma atividade muito complexa e 
trabalhosa. Acompanhe o documentário sobre evolução humana, mostrando os 
princípios básicos do trabalho paleontológico e científico sobre as origens do homem.
https://www.youtube.com/watch?v=hhpc6WLNsIY
 Leitura
Filogenética para Professores
Artigo de Monteiro Ursi. Material Para Ensino Básico e Formação de Professores.
http://www2.ib.usp.br/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=93&Itemid=98&limitstart=5
Noções de Sistemática Filogenética
Noções de sistemática filogenética, disponível em página oficial do estado do Paraná.
http://www.biologia.seed.pr.gov.br/arquivos/File/biodiversidade/nocoes_sistematica_filogenetica.pdf
Alimentos e evolução humana
Artigo da Scientific American sobre a importância dos alimentos e a evolução humana. 
http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/alimentos_e_evolucao_humana.html
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Referências
CUNHA, Claudio da. Genética e Evolução Humana. Campinas, São Paulo: 
Átomo, 2011.
FUTUYMA, Douglas. Biologia Evolutiva. 3. ed. Editora Funpec, 2009.
MATIOLI, Sérgio Russo (ed.). Biologia Molecular e Evolução. Ribeirão Preto: 
Holos, 2001.
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