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PLANEJAMENTO E IMPLANTAÇÃO DE APIÁRIO Médico Veterinário e especialista em Apicultura. Mestre em Entomologia pela Universidade Federal de Viçosa, o professor é Presidente da Federação Baiana de Apicultura e Meliponicultura. Suas principais áreas de atuação são: abelhas, enxame, manejo, colmeia, apicultura migratória e meliponicultura. Prof. Paulo Sérgio Cavalcanti Costa 1 / 32 Veterinário Profissional www.vetprofissional.com.br Central de Atendimento do VetProfissional Tel.: 31 3899-7020 Cel.: 31 98705-8646 E-mail.: vetprofissional@cpt.com.br Horário de atendimento: De segunda a sexta - das 8 às 18 horas Rua Dr. João Alfredo, 130 - Bairro Ramos Viçosa - MG / CEP: 36570-000 CPT Editora “Planejamento e implantação de apiário” Viçosa, MG, CPT, 2019 Participações CPT Editora UOV - Universidade Online de Viçosa VetProfissional DIREITOS RESERVADOS DO CONTEÚDO: Todos os Direitos Autorais são reservados ao Autor e ao CPT Editora. Direitos de Distribuição Online exclusivos do VetProfissional. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, inclusive a transformação em apostila, textos comerciais, heliográfica, fotocópias e nem transmissão eletrônica ou qualquer outro tipo de gravação. Os infratores estarão sujeitos às penalidades da legislação em vigor. DIREITOS RESERVADOS DOS VÍDEOS: Todos os vídeos das Aulas Práticas e Cursos Online do VetProfissional possuem direitos autorais reservados. Não podem ser copiados, distribuídos, exibidos publicamente ou em salas de aula. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Sumário Módulo 1 - Introdução .............................................................................................................................................4 1.1. Mercado ...................................................................................................................................... 5 1.2. Viabilidade técnica da apicultura............................................................................................. 8 Módulo 2 - Como Vivem as Abelhas ...................................................................................................................9 2.1. Noções de anatomia, fisiologia e biologia das abelhas .......................................................... 9 2.2. Organização social das abelhas ................................................................................................ 13 Módulo 3 - Colmeia Racional ................................................................................................................................15 3.1. Colmeia racional x colmeia natural ......................................................................................... 16 3.2. A colmeia Langstroth ................................................................................................................ 17 Módulo 4 - Flora Apícola .........................................................................................................................................18 4.1. Floradas ....................................................................................................................................... 19 4.2. Calendário de floradas .............................................................................................................. 20 Módulo 5 - Planejamento e Implantação do Apiário ...................................................................................21 5.1. Escolha do local.......................................................................................................................... 21 5.2. Tipos de apiários ....................................................................................................................... 22 Módulo 6 - Equipamentos para Manejo do Apiário .....................................................................................24 6.1. Vestimenta ................................................................................................................................. 24 6.2. Fumegador .................................................................................................................................. 26 Módulo 7 - Iniciando o Apiário .............................................................................................................................27 7.1. Compra das colmeias ................................................................................................................ 28 7.2. Captura de enxames .................................................................................................................. 28 Módulo 8 - Análise Econômica da Apicultura .................................................................................................31 Referências ...................................................................................................................................................................32 Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 4www.vetprofissional.com.br MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO A apicultura é hoje, considerada uma das grandes opções para a agricultura familiar e para pequenos empresários por proporcionar o aumento de renda, através da oportunidade de aproveitamento da potencialidade natural do meio ambiente e de sua capacidade produtiva como: necessidade de pequenas áreas, ciclo curto, exigência de pequenos valores de capital inicial e de recursos para o custeio de manutenção, fatos estes que são vantagens competitivas em relação a outras atividades agrícolas. Uma das características que têm favorecido seu crescimento diz respeito à condição favorável à criação de abelhas encontrada em todas as regiões brasileiras. Além disso, ela não necessita de cuidados diários, permitindo aos apicultores consorciar esta atividade com outras, fazendo da apicultura uma forte alternativa de renda. Dessa forma, pode contribuir para a geração de emprego, melhoria na renda das famílias e na condição de vida dos pequenos proprietários e se tornar mais uma atividade econômica a ser desenvolvida por estes agricultores. Figura 1.1 – A apicultura é uma das grandes opções para a agricultura familiar e para pequenos empresários por proporcionar o aumento de renda. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 5www.vetprofissional.com.br A rentabilidade de um empreendimento apícola depende de alguns fatores básicos, entre os quais podem ser destacados o planejamento e a instalação do apiário de forma racional, com o uso de tecnologias adequadas. Isso, tanto para apicultores iniciantes, como para os mais experientes, que querem melhorar ou ampliar seu apiário. O correto planejamento das instalações é, portanto, uma forma de racionalizar os gastos de implantação, e permitir que, posteriormente, o apiário seja produtivo. Existem conceitos básicos sobre o funcionamento de uma colmeia que devem ser respeitados, para que ela possa ser explorada comercialmente. Desses conceitos é que surgiram técnicas de construção de colmeias racionais e as técnicas de manejo. Considerando que um apiário é um conjunto de colmeias, também será preciso considerar as instalações e o manejo de várias colmeias ao mesmo tempo. Enquanto o sucesso técnico depende das instalações e das técnicas de manejo adotadas, o sucesso econômico do apiário tem grande relação com a existência de um mercado, e o desenvolvimento dos produtos. 1.1. Mercado A apicultura é uma das atividades agrícolas que mais crescem no Brasil, principalmente nos estados do Nordeste do país, onde esta atividade é relativamente nova e onde encontrou condições muito favoráveis de clima e pasto apícola para o seu desenvolvimento. O mercado brasileiro de mel encontra-se em franca expansão. O consumo per capita de mel noBrasil gira em torno de 500 g por ano. Na Europa, entretanto, em países como Alemanha, França e Suíça, esse consumo passa de 1.500 g, e, nos Estados Unidos, chega a 1.800 g/hab/ano. Isso significa que há muito mercado para o apicultor brasileiro conquistar, tanto no mercado interno como para exportação. Entretanto, a produção anual de mel brasileira tem girado em torno de 30 a 35 mil toneladas nos últimos anos. Boa parte do mel consumido é importada, especialmente da Argentina, que produz cerca de 90 mil toneladas por ano, e é um dos grandes exportadores mundiais. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 6www.vetprofissional.com.br Figura 1.2 – A produção de mel no Brasil vem crescendo a cada ano. Desde que o Brasil passou a exportar mel para a Europa e Estados Unidos, conquistou razoável espaço, em razão da boa qualidade e variedade do produto. Esse fato tem representado um grande incentivo à apicultura. O aumento da demanda para exportação, especialmente os preços convidativos pagos pelo mercado internacional, determinou um déficit do produto no mercado interno, onde, ainda assim, as vendas têm se mantido aquecidas, em função da crescente demanda por alimentos naturais. Vale destacar que, especialmente os méis compostos, com própolis, geleia real e extratos vegetais variados (que têm função terapêutica, na medicina popular e alternativa) já representam a maior parte do mel comercializado no país. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 7www.vetprofissional.com.br Por outro lado, os cosméticos artesanais a base de mel e outros subprodutos das abelhas, também têm ganhado espaço no mercado. Sem contar balas, doces e confeitos, que são cada vez mais procurados, por consumidores ávidos por produtos de apelo natural. É importante destacar que estas alternativas de processamento e comercialização de mel e de outros produtos das abelhas, além de incentivar o consumo, agregam maior valor, permitindo melhor remuneração a quem o produz. Figura 1.3 – Os cosméticos artesanais a base de mel e outros subprodutos das abelhas têm ganhado espaço no mercado. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 8www.vetprofissional.com.br Da mesma maneira, os mercados de mel “in natura”, ou seja, que não foram misturados, começam a encontrar um caminho de crescimento de mercado, ao se apresentarem de forma diferenciada quanto ao tipo de mel produzido, em relação às floradas. As diferentes fragrâncias das flores determinam diferenças no aroma, conforme a origem do mel, facilmente percebidas. Além disso, os elementos que compõem o néctar da planta influenciam diretamente na coloração. Esse tipo de produto proporciona ao apicultor um duplo benefício: • Aumenta a oferta de produtos para a maioria dos consumidores que estão em busca de produtos cada vez mais diferenciados; e • Vende méis de diversas floradas, que acontecem em diferentes épocas do ano, mantendo a oferta de mel por mais tempo. Outra preocupação importante para quem produz mel diz respeito à crescente exigência do mercado quanto à qualidade do mel, principalmente no que diz respeito à higiene na sua produção, colheita, transporte, processamento e embalagem. Nessa questão o planejamento correto do apiário pode facilitar especialmente as operações de colheita, diminuindo as chances de contaminação. Além disso, o consumidor, cada vez mais, dá atenção à pureza de conteúdo do mel e seu estado de conservação, aspectos que estão diretamente ligados ao processamento, que é feito na casa do mel. 1.2. Viabilidade técnica da apicultura Implantar um apiário, além da questão mercadológica, depende de três outros fatores: disponibilidade de equipamentos, técnicas de manejo e floradas. Neste curso, são abordadas a primeira e a última questão. Bons equipamentos são fundamentais para o funcionamento adequado do apiário, enquanto a existência de grande quantidade de flores produtoras de néctar é indispensável. Nos módulos seguintes, estes dois assuntos, equipamentos e floradas, serão estudados a fundo. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 9www.vetprofissional.com.br MÓDULO 2 - COMO VIVEM AS ABELHAS As abelhas foram introduzidas no Brasil desde o período colonial. Nesta época, foram trazidas abelhas chamadas europeias, principalmente duas espécies: a Apis mellifera lingustica conhecida popularmente como abelha italiana e a Apis mellifera mellifera, também conhecida como alemã. Com a introdução das abelhas africanas (Apis mellifera adansonii) no Brasil, foi iniciado o chamado segundo período da história da apicultura. Este fato ocorreu em 1956 e se estendeu até a década de 70 do século XX. Existem diversas raças de abelhas pelo mundo com habitat bastante diversificado, incluindo savanas, florestas tropicais, desertos, regiões litorâneas e montanhosas. Essa grande variedade de clima e vegetação acabou originando diversas subespécies ou raças de abelhas, com diferentes características e adaptadas às diversas condições ambientais. A diferenciação dessas raças não é um processo fácil, sendo realizado somente por pessoas especializadas, que podem usar medidas morfológicas ou análise de DNA. 2.1. Noções de anatomia, fisiologia e biologia das abelhas A seguir, serão abordados alguns órgãos e aspectos anatômicos e fisiológicos importantes para auxiliar os apicultores a entenderem e respeitarem o comportamento deste inseto. Esqueleto Qualquer esqueleto é uma espécie de armação destinada a sustentar o corpo com todos os membros e mantê-los na sua forma (MARQUES, 1989). O esqueleto do homem e demais vertebrados é constituído por ossos e localizado internamente. O esqueleto das abelhas, como os demais insetos, é externo, como uma casca ou couraça, constituído de uma substância chamada de quitina, isto é, um invólucro protetor de um corpo sem osso chamado de Exoesqueleto que fornece proteção para os órgãos internos e sustentação para os músculos, além de proteger o inseto contra a perda de água. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 10www.vetprofissional.com.br O corpo é segmentado e se divide em três partes: Cabeça, Tórax, e Abdômen (Figura 2.1). A seguir, veremos, resumidamente, os principais órgãos de cada uma dessas partes, destacando-se aqueles mais importantes para o conhecimento do apicultor e os que apresentam maior importância para o desempenho das atividades das abelhas. 1 2 A 3 B 9 1087 6 5 4 C Figura 2.1 - Anatomia externa da abelha – divisão e descrição das partes. A - Cabeça B - Tórax C - Abdome 1 - Olhos compostos 2 - Olhos simples 3 - Ocelos 4 - Boca 5 - Língua 6 - Pata anterior 7 - Pata mediana 8 - Pata posterior 9 - Asas 10 - Ferrão Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 11www.vetprofissional.com.br Cabeça É na cabeça, que está localizada a maioria dos órgãos sensoriais: visão, olfato tato, paladar e audição. Externamente, podemos destacar os seguintes órgãos: Olhos Simples, Olhos Compostos, as Antenas e o Aparelho Bucal. Internamente, destacam-se as glândulas Hipofaringeanas, Mandibulares e a glândula Salivar Cefálica. 1 3 2 4 6 5 7 Figura 2.2 - Cabeça destacando olhos compostos, antenas e aparelho bucal. 1 - Olhos simples 2 - Antenas 3 - Olhos compostos 4 - Mandíbulas 5 - Palpos labiais 6 - Palpos maxilares 7 - Língua Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 12www.vetprofissional.com.br Tórax a) Externamente No tórax, externamente, destacam-se os órgãos locomotores- patas e asas (Figura 2.3), o primeiro par de espiráculos (órgão que compõe o aparelho respiratório das abelhas) e a presença de grande quantidade de pêlos que auxiliam na coleta de pólen. E CBA 1 2 3 4 5 6 D Figura 2.3 – Patas. A - Pata anterior B - Pata mediana C - Pata posterior D - Limpa-antenas E - Corbícula 1 - Coxa 2 - Trocanter 3 - Fêmur 4 - Tíbia 5 - Tarso 6 - Pré-tarso Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 13www.vetprofissional.com.br b) Internamente Internamente, podemos destacar a presença do Esôfago que faz parte do sistema digestivo e as Glândulas Salivares Torácicas, que, juntamente com a Cefálica, participam do processo de transformação do néctar em mel. Abdômen O abdômen ou barriga é a parte traseira do corpo da abelha. É formada externamente por anéis segmentados, interligados por membranas, bastante flexíveis, que permitem movimentos ascendentes, descendentes e laterais. Internamente, abriga muitos órgãos como; os aparelhos digestivo, circulatório, reprodutores, excretor de defesa e glândulas produtoras de cera e do cheiro ou de Nazanof. 2 1 Figura 2.4 – Abdômen. 2.2. Organização social das abelhas Em uma colmeia vive uma sociedade dividida em castas, em que abelhas do sexo feminino dominam. A vida de toda a colmeia depende da abelha rainha e das abelhas operárias. Os zangões, que são os machos, têm a única função de reproduzir. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 14www.vetprofissional.com.br A população de uma colmeia é bastante variável. Seu tamanho depende de uma série de fatores como a capacidade de postura da rainha, área livre para posturas (favos vazios), da força da florada em curso (oferta de alimentos para a colônia) e das condições climáticas. Uma família pode ter mais de 60 mil abelhas, divididas em três castas: uma rainha; até 400 zangões (em média); e as demais operárias. Ovos fecundados dão origem a fêmeas, e os não fecundados a machos; esse fenômeno é chamado de partenogênese. A rainha nasce de um ovo fecundado, desenvolvido em uma célula especial chamada realeira e é super alimentada com geleia real. As abelhas são insetos que vivem em colmeias formadas por favos de cera que elas mesmas produzem. Estes favos se apresentam como um conjunto de estruturas hexagonais, em formato de alvéolos, onde o mel e o pólen são armazenados, como reserva para os períodos de escassez alimentar. É também dos favos, onde ocorre a postura dos ovos, que sairão as abelhas jovens. Na natureza, as colmeias podem ser encontradas em diversos locais. Os mais comuns são: ocos de árvores, cupinzeiros desocupados, buracos de barrancos e no beiral de telhados. Dentro da colmeia vive uma sociedade dividida em castas, onde as abelhas do sexo feminino dominam: a abelha rainha e as abelhas operárias de quem dependem toda a vida na colmeia e os zangões, que são os machos, e têm como única função a reprodução. Figura 2.5 – Uma boa colmeia pode ter 80.000 operárias, a maior parte delas trabalhando como campeiras. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 15www.vetprofissional.com.br MÓDULO 3 - COLMEIA RACIONAL As abelhas são insetos sociais que vivem em colmeias. As colmeias podem ser construídas pelo homem ou pelas próprias abelhas, em locais propícios e adequados, como ocos em árvores, cupinzeiros abandonados, buracos em barrancos, e qualquer outro lugar que as proteja das intempéries. Elas são constituídas por vários favos paralelos, e cada um se forma por um conjunto de alvéolos que são células hexagonais de cera, construídas pelas próprias abelhas. Nestas células, ou alvéolos, são guardados os dois principais alimentos das abelhas: o mel (fonte de energia para as abelhas) e o pólen (fonte de proteína). Estes alimentos são para o uso cotidiano da colmeia e principalmente para armazenamento para tempos de escassez, já que na maioria das vezes as abelhas não possuem oferta desses alimentos ao longo de todo o ano. Além de servir para armazenar alimentos, os alvéolos servem também como o local onde a rainha põe ovos que irão originar novas abelhas e dar continuidade à colmeia. Geralmente, os favos com mel se situam em posição periférica na colmeia, enquanto os favos com crias e pólen se situam em posição mais central. Isto porque as crias não toleram bem variações muito grandes de temperatura, e quanto mais para o centro da colmeia, menores são estas variações. Figuras 3.1 e 3.2 – Colmeias encontradas na natureza. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 16www.vetprofissional.com.br Figura 3.3 – Colmeia construída pelo homem. 3.1. Colmeia racional x colmeia natural As colmeias racionais, inventadas pelo homem para domesticar as abelhas, imitam os abrigos naturais, e oferecem facilidade para que o apicultor possa controlar a população da colônia e colher o mel. Em tempos remotos, quando do início da apicultura, a domesticação das abelhas começou com a transferência de colmeias naturais, geralmente alojadas em ocos de árvores, cujos abrigos eram transferidos para as proximidades das residências, visando à extração periódica de mel. A colmeia racional surgiu porque, com o tempo, os apicultores e estudiosos descobriram que as abelhas adotam um padrão de construção dos favos. Elas constroem células hexagonais de cera, moldadas lado-a-lado, em série, sempre com as mesmas medidas. Além disso, mantém entre esses favos um espaço suficiente para o trânsito e trabalho na colmeia, o chamado espaço abelha, que mede entre seis e nove milímetros. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 17www.vetprofissional.com.br 3.2. A colmeia Langstroth Foi um apicultor e estudioso norte-americano chamado Lorenzo Lorraine Langstroth que estudou a fundo essa arquitetura apícola, e planejou uma colmeia racional, tendo como base o espaço abelha. A característica que distingue esta colmeia de outras é que ela leva em conta o espaço-abelha, que é o espaço utilizado pelas abelhas para o trânsito e trabalho no interior da colmeia. O espaço-abelha mede entre 6 e 9 mm. Ao utilizar uma colmeia Langstroth, o apicultor está oferecendo às abelhas proteção contra intempéries e predadores. Ela oferece qualidade de abrigo muito superior aos encontrados na natureza. É por isso que uma colmeia racional garante às abelhas condições para que possam se multiplicar e produzir ao máximo. A colmeia Langstroth é de expansão vertical, dividida em módulos. É composta pelo fundo, que serve de apoio para toda a estrutura; pelo ninho ou câmara de cria, onde as abelhas se instalam e a rainha faz postura; uma ou mais melgueiras, onde o mel será armazenado; e a tampa, que recobre toda a estrutura. Na base, na parte frontal, está o alvado, que é a entrada da colmeia. É construída em madeira de boa qualidade, de preferência de espécies mais resistentes como: cedro, angelim, cumaru, ipê e eucaliptos (citriodora, tereticornis e camaldulensis). Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 18www.vetprofissional.com.br MÓDULO 4 - FLORA APÍCOLA Deve ser levado em conta o alcance das abelhas na busca de néctar, pólen e resinas, que é de aproximadamente 2.500 m de distância da colmeia. Entretanto, considerando a possibilidade de produção comercial, essa distância máxima cai para um raio de 1.500 m de distância. Mesmo porque, longas distâncias obrigariam as abelhas a consumirem o próprio alimento coletado, pois gastariam muita energia para retornar à colmeia (Figura 4.1). Ao percorrer distâncias maiores que 1.500 m, o consumo de energia aumentamuito entre as abelhas. Isso determina um aumento no consumo de mel, e reduz a quantidade de mel armazenado, comprometendo substancialmente a produção. Figura 4.1 – Área de influência de uma colmeia. Na área de influência do apiário, quanto mais próxima estiver a flora apícola, maior será a produção da colmeia. É de se considerar, portanto, que as abelhas têm uma área de aproximadamente 707 ha para procurar por plantas em suas diferentes épocas de floração, o que é uma área considerável, mesmo para as 80 mil abelhas operárias que normalmente compõem uma colmeia. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 19www.vetprofissional.com.br 4.1. Floradas Além da distância, será preciso levar em conta a qualidade das floradas, já que existem espécies de plantas que são mais indicadas, enquanto outras são tóxicas. Entre as diversas espécies de plantas cultivadas comercialmente, sejam frutíferas, ornamentais, arbóreas e arbustivas, muitas delas se destacam como ótimas fornecedoras de néctar. Figura 4.2 – Abelha na flor de laranjeira. Figura 4.3 – Abelha na flor de melão. Figura 4.4 – Abelha em flores ornamentais. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 20www.vetprofissional.com.br As flores das diversas espécies de eucaliptos também são excelentes produtoras de néctar. Em geral, os eucaliptos são plantados em talhões, em grande concentração de plantas por área, o que significa a existência de floradas volumosas. Seu mel também tem características especiais de coloração, sabor e aroma, que o tornam muito apreciado. Figura 4.5 – Abelha na flor de eucalipto. Também não podem ser esquecidas as plantas tóxicas, como a espatódea, muito usadas na arborização urbana e rural; e o barbatimão, que é uma espécie silvestre. Estas plantas não devem compor o pasto apícola. 4.2. Calendário de floradas No levantamento da vegetação em torno do apiário, o apicultor deverá elaborar um calendário de floradas. Um ano antes da instalação do apiário, a época de floração da área deve ser observada, anotando-se, no calendário, seu início e final. Depois, com o apiário em funcionamento, o apicultor deve prosseguir essas observações nos anos seguintes, analisando as variações no volume e no período da florada, em função das condições climáticas. Com isso, poderá prever a produção e fazer o manejo nas épocas mais adequadas. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 21www.vetprofissional.com.br MÓDULO 5 - PLANEJAMENTO E IMPLANTAÇÃO DO APIÁRIO Primeiro é preciso considerar, como um conceito básico, que um apiário é um conjunto de colmeias artificiais, distribuídas de forma a facilitar o manejo das abelhas. Depois é preciso lembrar que o apiário deverá estar localizado em uma área com bom potencial de flora apícola, e que ofereça segurança à vizinhança, e ao próprio apicultor, por causa do comportamento defensivo das abelhas. 5.1. Escolha do local A presença de uma flora apícola de boa qualidade, que apresente floradas bem distribuídas e volumosas, é o primeiro fator na escolha de um local para a instalação do apiário. A boa localização de um apiário é um dos principais fatores a influenciar a produção, o manejo e também os custos. Na apicultura fixa, o principal fator a ser observado quanto à localização do apiário são a sua duração e variedade das floradas do local. Quanto mais variadas e duradouras as floradas, maior a produção. Observa-se também a distância entre as floradas e o apiário. Quanto mais longe das flores, mais energia as abelhas terão que gastar para recolher o néctar. Uma boa florada pode não ser bem aproveitada pelas abelhas por estar situada excessivamente longe da colmeia. Além da flora apícola, outros fatores devem ser observados com cuidado na escolha de um local para a instalação de um apiário. A presença de água de qualidade é outro fator de importância primordial. As abelhas precisam de grande quantidade de água de boa qualidade. E a fonte de água não deve estar situada muito longe das colmeias, por ser grande o volume de água carregado pelas abelhas. Uma fonte de água muito longe significa uma grande quantidade de energia gasta no transporte desta água para as colmeias. Na ausência de uma fonte de água (um rio, um lago, ou qualquer outro tipo de água exposta ao alcance das abelhas) deverá ser oferecida às abelhas artificialmente, através do uso de bebedouros. Devem ser observados ainda: acesso ao local, para facilitar a chegada de materiais e equipamentos e o escoamento da produção; segurança: casas, estradas, locais onde existam animais presos não devem estar a menos de 200 m; outros apiários não devem estar a menos de 3 km, de preferência a 5 km, para evitar competição. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 22www.vetprofissional.com.br 5.2. Tipos de apiários Apresentaremos agora dois tipos de apiário: móveis e fixos. Entretanto, serão discutidos detalhes da instalação apenas dos apiários fixos. Apiário fixo O apiário fixo, como o próprio nome indica, é mantido sempre no mesmo local, as caixas não são transportadas de tempos em tempos para outros locais. Assim, é totalmente dependente da duração das floradas e a variedade da vegetação do entorno do apiário. Figura 5.1 – Apiário fixo. A produção de mel em apiários fixos, na maior parte do Brasil, está concentrada na primavera (de setembro a dezembro), que é quando há disponibilidade de flores e, consequentemente, de recursos para as abelhas. Na utilização de determinadas espécies, como o eucalipto, a época da floração muda, mas ainda é anual. Em algumas regiões com bom potencial apícola, a época de colheita pode se estender por mais tempo, pois há a presença de plantas nectaríferas que produzem néctar em épocas diferentes e confere um grande período com florada disponível. Nas condições de florada da maior parte do Brasil, uma colmeia fixa pode produzir entre 18 e 20 kg de mel por ano. Se bem manejada e em locais de florada mais intensa, pode atingir uma produção de 25 kg de mel anuais. É bom salientar que um importante fator de produção é a florada da região. Ela muda de região para região e tem papel importantíssimo na produção. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 23www.vetprofissional.com.br Apiário móvel ou migratório O apiário móvel pode ser deslocado para locais, onde estão ocorrendo as floradas. Consequentemente, há maior produção, pois há maior número de colheitas por ano. Um apiário móvel pode gerar até duas, três, ou até mais colheitas por ano, contra apenas uma do apiário fixo. Mas o gerenciamento do apiário móvel é muito mais caro e complexo em relação ao do apiário fixo. Em média, na apicultura migratória, são produzidos de 80 a 100 kg de mel anuais por colmeia. O apiário móvel deve ser planejado de forma que possa ser transportado de forma itinerante, em busca de floradas ou para serviços de polinização. As colmeias de um apiário móvel são semelhantes às de um apiário fixo, mas devem ser reforçadas para resistirem a constantes transportes, carregamentos e vibração. O veículo de transporte também precisa de adaptações. É necessário um mecanismo de fixação das caixas ao caminhão e, se possível, um guincho para carga e descarga das colmeias. Figura 5.2 – Apiário móvel. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 24www.vetprofissional.com.br MÓDULO 6 - EQUIPAMENTOS PARA MANEJO DO APIÁRIO Não são muitos os equipamentos utilizados na apicultura para manejo de um apiário, mas, entre os poucos necessários, cada um deles tem grande importância. O equipamento básicoé a colmeia Langstroth, já conhecida em detalhes em um módulo específico. Portanto, neste módulo, serão discutidas principalmente as ferramentas de trabalho do apicultor. 6.1. Vestimenta O equipamento mais importante é a vestimenta do apicultor, que lhe garante a segurança no trabalho com as abelhas. Vestido com macacão, máscara, botas e luvas o apicultor evitará dolorosas picadas de abelhas, podendo manejar o apiário com tranquilidade. O uso de vestimenta correta garante ao apicultor segurança no trabalho com as abelhas, protegendo-o das ferroadas. Ela pode ser de dois tipos: • Macacão; ou • Jaleco O macacão deve ser de tecido grosso, de preferência algodão, de coloração clara (branco). As cores claras são menos percebidas pelas abelhas, diminuindo a sua defensividade, o que facilita o manejo. As cores escuras atraem e irritam mais as abelhas. O macacão não pode ser muito justo ao corpo, ao contrário, deve ser folgado, para evitar excesso de suor e para dificultar a passagem do ferrão, em caso de tentativa de picada. Deve ser fechado com zíper, para evitar que abelhas entrem pelas frestas entre os botões. Pelo mesmo motivo, os punhos e as extremidades das pernas, devem ser fechados com elástico. Macacão Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 25www.vetprofissional.com.br A colocação de bolsos amplos é útil para guardar ferramentas usadas no manejo. Os modelos mais modernos contam com máscaras acopladas com estrutura de metal, e entradas de ar frontais e laterais, que garantem maior conforto ao apicultor. O apicultor deve trabalhar com uma vestimenta de segurança, que inclui um macacão de algodão grosso, máscara, luvas e botas (Figura 6.1). Figura 6.1 – Apicultor usando vestimenta de segurança. Jaleco Pode se usar, também, no manejo com as abelhas, o jaleco, que consiste de um blusão de algodão, de cor branca, com bolsos amplos, elásticos nos punhos, para vedação e tamanho largo. Sua vantagem sobre o macacão, é o menor custo e a maior praticidade, pois pode ser usado junto com calça de brim ou outro tecido grosso. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 26www.vetprofissional.com.br 6.2. Fumegador O fumegador é fundamental para o manejo das abelhas em qualquer situação. Produz e direciona jatos de fumaça, que têm efeito calmante, diminuindo sensivelmente a agressividade das abelhas. Na presença de fumaça as abelhas sentem que a colmeia está ameaçada. Por isso, a maior parte das abelhas engole uma porção de mel como reserva, visando possível abandono da sua moradia. Por estarem carregando grande quantidade de mel, evitam ferroar, o que causaria sua morte, e a perda da porção de mel de reserva que engoliram. A estrutura de um fumegador é constituída internamente por uma fornalha, onde é colocado o material a ser queimado. Um fole acoplado a esta estrutura produz fluxos de ar que ativam a queima e levam a fumaça até um bico de saída. A estrutura interna do fumegador é observada na Figura 6.2. Grelha Boca Fornalha Fole Figura 6.2 – Fumegador. Os combustíveis mais usados são cepilho e pó de serra, madeira apodrecida, panos velhos de algodão, estopa, sabugo de milho triturado entre outros, desde que a fumaça produzida não seja tóxica nem apresente mau cheiro. Para iniciar a combustão, basta umedecer parte do material combustível com um pouco de álcool, e colocar sobre a grelha, no fundo do fumegador, e acender. Depois o restante do material será colocado sobre as chamas. Para iniciar o fogo, também é possível utilizar gravetos e folhas secas, papel ou carvão em brasa. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 27www.vetprofissional.com.br MÓDULO 7 - INICIANDO O APIÁRIO Existem conceitos básicos sobre o funcionamento de uma colmeia que devem ser respeitados, para que ela possa ser explorada comercialmente. Desses conceitos é que surgiram técnicas de construção de colmeias racionais e técnicas de manejo. Considerando que um apiário é um conjunto de colmeias, também será preciso considerar as instalações e o manejo de várias colmeias ao mesmo tempo. Portanto, a implantação do apiário é uma das fases mais importantes da apicultura. Se ela não for feita de acordo com as técnicas, o apicultor, por mais que se esforce no manejo das colmeias, altas produtividades e rendimento serão difíceis de serem alcançados. Contando com equipamentos e ferramentas, tendo o apiário bem planejado, resta ao apicultor obter e implantar suas colmeias em seu novo apiário. Esse processo de iniciação do apiário segue, resumidamente, quatro passos muito importantes: 1) Obtenção de famílias de abelhas Isso pode ser feito por aquisição junto a um apicultor já estabelecido e que já tenha experiência na divisão de colmeias ou formação de núcleos; por captura de enxames migratórios (utilizando armadilhas e recolhimento) ou já abrigados na natureza (transferência). 2) Transferência para colmeia Lagstroth Para que a colônia fique bem abrigada e tenha espaço e conforto para se desenvolver. 3) Manejo de estabelecimento Visa promover o crescimento da colônia de abelhas instaladas na colmeia, para que comecem a produzir mel o quanto antes. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 28www.vetprofissional.com.br 4) Manejo para a produção Neste momento, a colmeia está estabelecida, populosa e, às vésperas da primeira florada em seu novo apiário, pronta para começar a produzir mel. 7.1. Compra das colmeias A aquisição de enxames por meio de compra com um apicultor mais experiente, da própria região, é uma das formas mais fáceis de iniciar um apiário. Ela traz a vantagem de permitir o intercâmbio de informações entre o apicultor experiente e o iniciante; possibilita a aquisição de enxames fortes, que permite que o apiário seja iniciado com menores chances de fracasso; além de fazer com que se torne produtivo em menor tempo. Geralmente, o enxame adquirido já vem alojado em colmeias Langstroth ou em núcleos. Os núcleos são caixas de mesmas medidas da Langstroth, exceto a largura, que é a metade, permitindo a colocação de cinco quadros. O núcleo é usado apenas enquanto o enxame se estabelece, devendo ser posteriormente substituído por uma caixa Langstroth. Para o transporte do enxame adquirido, o alvado deverá ser fechado com um pedaço de espuma durante a noite, para que as abelhas campeiras estejam no interior da colmeia. A colmeia deverá ser amarrada com tiras de borracha de forma que toda a sua estrutura, especialmente a tampa, fique firmemente presa, para garantir a segurança no transporte. No apiário definitivo, o alvado pode ser aberto. É recomendável abrir apenas parcialmente o alvado para que a entrada na colmeia seja controlada e, dessa forma, se evite a pilhagem. As tiras de borracha também podem ser retiradas. Após um pequeno período de adaptação ao novo local, a colmeia pode ser normalmente manejada. 7.2. Captura de enxames A captura de enxames na natureza é uma forma válida de obtenção de abelhas para o apiário. Os enxames podem estar abrigados em cupinzeiros abandonados, ocos de árvores, beirais de casas, e qualquer lugar que lhes ofereça abrigo. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 29www.vetprofissional.com.br Os enxames na natureza não são raros, mas não se recomenda ser esta a única fonte de enxames para um novo apiário, pois dessa forma a formação do apiário poderá ser muito demorada. Na captura de enxames em abrigos naturais, pode ser usado um núcleo ou mesmo uma colmeia Langstroth, dependendo do tamanho do enxame (quantidade de favos a serem transportados). Nesse trabalho, o apicultor e seu auxiliardevem usar a vestimenta adequada e um bom fumegador. A transferência deve ser feita em dias quentes e secos, em qualquer época do ano, exceto no inverno. O frio pode causar choque térmico prejudicial às crias, prejudicando-as em seu desenvolvimento. O procedimento de captura, passo-a-passo, é o seguinte: 1. Jatos de fumaça devem ser direcionados para o interior do abrigo natural, devendo-se aguardar dois ou três minutos para que as abelhas se acalmem. 2. A seguir, o local onde as abelhas estão vivendo é aberto com todo cuidado, para evitar danos aos favos e à população de abelhas. Se for um cupinzeiro ou buraco no chão ou barranco, utiliza-se uma cavadeira e, ou um enxadão. 3. Assim que são expostos, os favos devem ser retirados. Serão aproveitados os favos de cria intactos, e também os vazios. Os favos de cria madura são aqueles que apresentam os alvéolos operculados, ou seja, fechados com cera. Estas crias estão na fase final de crescimento, e deles em breve eclodirão abelhas jovens, que vão aumentar a população da colmeia. Nessa fase, com idade entre 12 e 21 dias após a postura, a cria é chamada de pupa. Mas também os favos de crias mais novas e de ovos devem ser transferidos. Eles serão criados pelas abelhas operárias na nova colmeia, surgindo daí novas abelhas. Os favos vazios também são aproveitados, e serão utilizados na nova colmeia, pela rainha, para a postura. 4. Os favos, depois de retirados do abrigo natural, são cortados, no formato dos quadros vazios, sem cera alveolada, para que se encaixem e possam ser amarrados firmemente com um barbante, ou fixados com elásticos ou arames flexíveis utilizados na amarração dos quadros. 5. Com favos fixados, os quadros são colocados no núcleo de captura. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 30www.vetprofissional.com.br 6. Os favos que contêm mel são colocados em um balde à parte. Eles podem vazar, atraindo abelhas de outras colmeias, aumentando a chance de pilhagem, enquanto a nova colmeia ainda está se organizando e se recuperando da transferência. 7. Assim que a rainha é encontrada, ela deve ser colocada sobre os quadros do núcleo. 8. A caixa deve ser, então, fechada e colocada ao lado do abrigo natural, onde será mantida por três dias para que todas as abelhas que estavam fora possam retornar, e para que a família se acostume ao novo abrigo. Não havendo a possibilidade de manter a caixa neste local, o apicultor pode transportá-la no mesmo dia à noite. 9. À noite o alvado será fechado, e o núcleo ou colmeia será levado para o apiário, podendo ser reaberto imediatamente. 10. No núcleo, será colocado um quadro com mel, como reserva de alimento, ou será fornecida alimentação artificial, cuja composição será discutida mais adiante. 11. O enxame deverá ser monitorado em seu desenvolvimento, até que todos os quadros sejam ocupados com crias e reserva de mel. 12. Se a rainha não for encontrada, será necessário fornecer um quadro com ovos ou larvas de até três dias, obtidos de outra colmeia, para que as próprias operárias criem sua nova rainha. Se houver disponibilidade, podem ser colocadas na colmeia realeiras ou uma rainha, o que fará com que a recuperação da família seja bem mais rápida. Colmeias órfãs, ou seja, sem rainha, devem receber alimentação artificial. 13. Depois do restabelecimento completo da família, será feita a sua transferência para uma colmeia Langstroth. 14. Após essa última transferência, a colmeia deve ser revisada daí uma semana, verificando-se a existência de posturas novas, que indicam a presença da rainha. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 31www.vetprofissional.com.br MÓDULO 8 - ANÁLISE ECONÔMICA DA APICULTURA Comparada a outros segmentos agropecuários, a apicultura pode ser considerada uma atividade que exige baixos investimentos, e tem potencial para um bom retorno financeiro. Em um apiário com 60 colmeias Langstroth, considerando as condições de operação de um apiário fixo, promovendo um manejo adequado e tendo à disposição uma florada anual abundante, cada colmeia poderá produzir anualmente pelo menos 20 kg de mel, e ainda 1,2 kg de própolis e 4,0 kg de cera. Então, 60 colmeias poderão significar uma produção de 1.200 kg de mel ao ano. O único insumo necessário ao funcionamento do apiário é a mão de obra, que trabalhará poucas horas ao ano por colmeia. A recuperação de todo o capital investido pode ocorrer em pouco mais de dois anos. Entretanto, é possível conseguir aumento da produtividade e, consequentemente, da rentabilidade do empreendimento. Isso pode ser feito facilmente com algumas ações básicas: • Escolha de melhores locais para instalação do apiário em relação a flora apícola; • Melhora do manejo; • Seleção e multiplicação das melhores famílias de abelhas; e • Adoção da apicultura migratória. A apicultura migratória permite superar os 80 quilos de mel por colmeia, ao ano, dependendo do número de floradas anuais, multiplicando o faturamento e a rentabilidade, exigindo investimento em transporte e mais tempo de dedicação. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Planejamento e Implantação de Apiário Página 32www.vetprofissional.com.br REFERÊNCIAS WIESE, H. Novo manual de apicultura. Guaíba: Agropecuária, 1995. 292p. WIESE, H. Apicultura, Novos tempos. Guaíba: Agropecuária, 2000. 424p. HUERTAS, A. G. Criação de Abelhas – Técnicas de Manejo – CPT Centro de Produções Técnicas. Viçosa-MG. 1993. 45p. CERQUEIRA, J. E. M. Manual Prático de produção de própolis. Naturapi. 1990. 22p. MARTINHO, M. R. A criação de abelhas. 2 ed. São Paulo: Globo, 1989. 180p. MORAIS, R. M. e ALVES, M. L. T. F. Fundamentos de Apicultura. 2 ed. Revista e ampliada. 1993. Associação modelo de apicultura. 1993. 30 p. Aluno: Rubem Dantas Souto CPF: 023.705.376-47 02 3.7 05 .37 6- 47 Po we re d by T CP DF (w ww .tc pd f.o rg ) http://www.tcpdf.org
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