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Cultivo da Soja Antonio Edilson da Silva Araújo Introdução • A soja é a cultura agrícola brasileira que mais cresceu nas últimas três décadas e corresponde a 49% da área plantada em grãos do país. – A revolução socio-econômica e tecnológica protagonizada pela soja no Brasil Moderno, pode ser comparada ao fenômeno ocorrido com a cana de açúcar, no Brasil Colônia e com o café, no Brasil Império/República. • Cultivada especialmente nas regiões Centro Oeste e Sul do país, a soja se firmou como um dos produtos mais destacados da agricultura nacional. Importância Econômica Importância Econômica • O Brasil o segundo maior Produtor, de soja com 85 milhões de toneladas de grãos • A soja é componente essencial na fabricação de rações animais e com uso crescente na alimentação humana. – (90% da produção de óleo comestível). Produtos da Soja • O Brasil responde por 27,4% das exportações mundial de soja em grão. Produção Mundial de Soja Paises 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 PRODUÇÃO 186.638 215.777 220.670 237.126 221.964 211.896 259.896 253.692 Estados Unidos 66.783 85.019 83.507 87.001 72.859 80.749 91.417 93.441 Brasil 51.000 53.000 57.000 59.000 61.000 57.800 69.000 65.000 Argentina 33.000 39.000 40.500 48.800 46.200 32.000 54.500 50.000 China 15.394 17.400 16.350 15.967 14.000 15.540 14.700 14.600 India 6.800 5.850 7.000 7.690 9.470 9.100 8.750 8.800 Paraguay 3.911 4.040 3.640 5.856 6.900 4.000 7.200 6.500 Canadá 2.263 3.042 3.161 3.466 2.696 3.336 3.500 3.900 Uruguay 377 478 632 818 806 1.170 1.794 1.620 Bolivia 1.850 2.027 2.060 1.650 1.050 1.600 1.665 1.580 Ucrânia 232 363 610 890 650 800 1.050 1.500 Rússia 393 555 689 807 652 744 942 1.150 Agrianual, 2011 Produção Mundial de Soja 0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000 70.000 80.000 90.000 100.000 M il to n m ét ri ca s Produção Anual Estado Unidos Brasil Argentina China CREC. MEDIO ANUAL Brasil 27,4% Exportação Mundial de Óleo de Soja 0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 China Estados Unidos Argentina Brasil Comércio mundial da soja Produção de Nacional da Soja NORTE NORDESTE SUDESTE SUL C.OESTE BRASIL 2003/04 913.700 3.538.900 4.474.400 16.252.600 24.613.100 49.792.700 2005/06 1.255.200 3.560.900 4.137.100 18.249.200 27.824.700 55.027.100 2007/08 1.472.400 4.829.800 3.983.400 20.618.100 29.114.000 60.017.700 2009/10 1.691.686 5.309.441 4.457.680 25.642.739 31.586.636 68.688.182 2010/11 1.712.330 5.739.277 4.523.226 24.455.139 30.776.138 67.206.111 Fonte Agrianual 2011 Origem e Histórico • A soja é uma planta de origem da Asia a mais de 5000 anos. • A soja (Glycine max (L.) Merrill) que hoje é cultivada mundo afora, é muito diferente dos ancestrais que lhe deram origem: • Sua evolução começou com o aparecimento de plantas oriundas de cruzamentos naturais, entre duas espécies de soja selvagem, que foram domesticadas e melhoradas por cientistas da antiga China. Origem e Histórico • Faz mais de 2000 anos que essa leguminosa se tornou conhecida no Japão, e , no século XII, o seu cultivo se propagou também na Índia, Ceilão, Malásia, etc. • No século XVIII para Europa e America • Em 1832- foi plantada na Bahia, por Gustavo Dutra Em 1900/01, O I.A.C, promoveu a primeira distribuição de sementes de soja . 1941 Foi o primeiro registro de cultivo de soja no Brasil data no município de Santa Rosa, RS Em 1960 foi reconhecida economicamente 1966 começa a produção Nacional como estratégica, sendo produzidas cerca de 500 mil ton. 1970, comecou o plantio de soja no centro oeste. A criação da Embrapa Soja em 1975 Em 2003, o Brasil como o segundo produtor mundial, com 52, das 194 milhões de toneladas produzidas em nível global ou 26,8% da safra mundial Descrição Botânica 6.949 8.693 9.644 9.742 11.382 14.000 21.000 24.000 1.748 1.781 1.851 1.580 2.300 2.800 2.850 2.950 12.000 15.500 17.000 15.500 26.000 38.500 58.500 70.500 1976/77 1980/81 1986/87 1990/91 1996/97 2000/01 2006/07 2010/11 Área versus Produtividade versus Produção Produção/mil ton Produtividade/Kg Área/mil ha Causas da expansão da soja • Semelhança do ecossistema do sul do Brasil com o Sul dos EUA • Incentivos fiscais ao trigo entre 1950 a 1970 • Mercado internacional em alta • Substituição de gordura animal por vegetal • Incentivo ao Parque industrial de processamento da soja • Estabelecimento de rede de pesquisa sobre a cultura da soja • Facilidades de mecanização total da cultura; Causas da expansão da soja na região central do Brasil • Baixo valor da terra na região, comparado ao da Região Sul, nas décadas de 1960/70/80; • Incentivos fiscais disponibilizados para a abertura de novas áreas de produção agrícola; • Desenvolvimento de um bem sucedido pacote tecnológico para a produção de soja na região, com destaque para as novas cultivares adaptadas à condição de baixa latitude da região; • Topografia altamente favorável à mecanização, favorecendo o uso de máquinas e equipamentos de grande porte; • Melhorias no sistema de transporte da produção regional, com o estabelecimento de corredores de exportação; • Regime pluviométrico da região altamente favorável aos cultivos de verão, em contraste com os freqüentes veranicos ocorrentes na Região Sul Descrição Botânica e Fenologia • A soja é uma planta dicotiledônea, da família Papilionoideae, gênero Glycine. • A éspecie cultivada é a G. max (L) Merr. • É uma planta herbácea, anual, ereta. • O sistema radicular é pivotante, com raiz principal bem desenvolvida, com ramificações ricas em nódulos de bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico. • O caule herbáceo, ereto com porte variável de 0,60 cm a 1,50 m, coberto de pêlos brancos, parcedaneos ou tostados. • É bastante ramificado, com os ramos inferiores mais alongados e todos os ramos formando ângulos variáveis com haste principal. • As folhas são alternadas, longas pecioladas, compostas de três folíolos ovalados ou lanceolados. • Na maioria das variedades as folhas amarelam à medida que os frutos amadurecem e caem quando as vagens estão maduras. • As flores são axilares ou terminais, do tipo papilionada, brancas, amarelas ou violáceas, segundo a variedade. • Os frutos, do tipo vagem, são achatados, curtos, de cor cinzenta, amarelo- palha ou preta, e encerram de duas a cinco sementes. • Estas são, geralmente, elípticas e achatadas, de cor amarela, verde ou preta nas variedades cultivadas Exigências climáticas • Exigências hídricas – Germinação-emergência e floração- enchimento de grãos. – A necessidade total de água na cultura da soja varia entre 450 a 800 mm/ciclo. • Para minimizar os efeitos do déficit hídrico: Semear apenas cultivares adaptadas à região, na época menor risco climático e adotar práticas que favoreçam o armazenamento de água pelo solo. Efeito do déficit hídrico - Queda prematura de folhas e de flores e abortamento de vagens, resultando, por fim, em redução do rendimento de grãos. Temperatura • A soja melhor se adapta a temperaturas do ar entre 20oC e 30oC. • temperaturas ≤ 10oC - crescimento vegetativo pequeno ou nulo. • Temperaturas > 40oC - efeito adverso na taxa de crescimento, provocam distúrbios na floração e diminuem a capacidade de retenção de vagens. • A maturação pode ser acelerada pela ocorrência de altas temperaturas. – Alta umidade - diminui a qualidade da semente – Baixa umidade - predispõem a semente a danos mecânicos durante a colheita. Fotoperíodo • A soja é considerada planta de dia curto. • A sensibilidade ao fotoperíodo é característica variável entre cultivares. – Cada cultivar possui seu fotoperíodo crítico. – A adaptação de diferentes cultivares a determinadas regiões depende, além das exigências hídricas e térmicas, de sua exigência fotoperiódica. Solos • Com relação ao solo, a soja não apresenta grandes exigências, podendo ser cultivada em todos ostipos de solo, desde que apresentem fertilidade média e não sejam muito ácidos ou mal drenados. Manejo do solo • O manejo do solo consiste num conjunto de operações realizadas com objetivos de propiciar condições favoráveis à semeadura, ao desenvolvimento e à produção das plantas cultivadas, por tempo ilimitado. • Sistema plantio direto - SPD – Fundamenta-se na ausência de preparo do solo e na cobertura permanente do terreno através de rotação de culturas. • Planejamento – a) levantamento e análise dos recursos humanos e materiais; – b) divisão da fazenda em glebas e a seleção cronológica das mesmas para adoção do SPD, tendo a rotação de culturas como tecnologia essencial. – c) elaboração e interpretação de mapas, croquis e esquemas de trabalho; • Preparo do solo – O SPD é o sistema mais adequado, em caso de impossibilidade de adota-lo, considerar que o preparo do solo compreende um conjunto de práticas que, quando usadas racionalmente, podem permitir preservação do solo e boas produtividades das culturas a baixo custo. – Quando usadas de maneira incorreta pode levar, rapidamente, o solo às degradações física, química e biológica e, paulatinamente, diminuir o seu potencial produtivo. • Preparo do solo – O solo deve ser preparado com o mínimo de movimentação, deixando rugosa a superfície do solo e mantendo o máximo de resíduos culturais sobre a superfície. • A alternância de implementos de preparo do solo, que trabalham a diferentes profundidades e possuam diferentes mecanismos de corte. • Observância do teor adequado de umidade para a movimentação do solo, são de relevante importância para minimizar a sua degradação. Rotação de cultura • A monocultura tende a provocar a degradação física, química e biológica do solo e a queda da produtividade das culturas. – Também proporciona condições mais favoráveis para o desenvolvimento de doenças, pragas e plantas daninhas. • A rotação de culturas consiste em alternar, anualmente, espécies vegetais, numa mesma área agrícola. • Um esquema de rotação deve ter flexibilidade, de modo a atender as particularidades regionais e as perspectivas de comercialização dos produtos. – Apenas culturas anuais: soja, milho, arroz, sorgo, algodão, feijão e girassol. – Culturas anuais e pastagens. • Planejamento da propriedade – A área destinada à implantação dos sistemas de rotação deve ser dividida em tantas glebas, ou piquetes, quantos forem os anos de rotação. – A execução do planejamento deve ser gradativa devendo ser iniciada em uma parte da propriedade e ir anexando novas glebas até que toda a área esteja incluída no esquema de rotação. Rotação soja, milho, pastagem Fertilidade do Solo • A absorção de nutrientes é influenciada por diversos fatores, entre eles as condições climáticas como chuvas e temperaturas, as diferenças genéticas entre cultivares, o teor de nutrientes no solo. • Em áreas que não necessitam de calagem, a amostragem para fins de indicação de fertilizantes poderá ser feita logo após a maturação fisiológica da cultura anterior àquela que será instalada. • Caso haja necessidade de calagem, a retirada da amostra tem que ser feita de modo a possibilitar que o calcário esteja incorporado pelo menos três meses antes da semeadura. • Diagnose foliar – Além da análise do solo, para indicação de adubação, existe a possibilidade complementar da Diagnose Foliar, principalmente para micronutrientes. – Assim, a Diagnose Foliar uma ferramenta complementar na interpretação dos dados de análise de solo, para fins de indicação de adubos, principalmente para a safra seguinte. • Os trifólios a serem coletados, sem o pecíolo, são o terceiro e/ou o quarto, a partir do ápice de, no mínimo, 40 plantas no talhão, no início da floração. • Em seguida colocadas para secar à sombra e após embaladas em sacos de papel (não usar plástico). Adubação • Nitrogênio - A soja obtém a maior parte do nitrogênio que necessita através da fixação simbiótica. – Não se recomenda a adubação com N. • Motivos: inibição da fixação simbiótica; aumento de custos com adubos; praticamente não aumenta a produtividade InoculadoNão inoculado Adubação fosfatada • A indicação da quantidade de nutrientes, principalmente em se tratando de adubação corretiva, é feita com base nos resultados da análise do solo. • O fósforo deve ser incorporado ao solo (0 a 20 cm) por ocasião do preparo do solo. • Quando o nível de P no solo estiver classificado como Médio ou Bom, usar somente a adubação de manutenção, que corresponde a 20 kg de P2O5 ha -1, para cada 1000 kg de grãos produzidos. Adubação potássica • A adubação corretiva com potássio, de acordo com a análise do solo, deve ser feita a lanço, em solos com teor de argila maior que 20%. • Em solos de textura arenosa (< 20% de argila), não se deve fazer adubação corretiva de potássio, devido as acentuadas perdas por lixiviação. • Como a cultura da soja retira grande quantidade de K nos grãos (aproximadamente 20 kg de K2O t -1 de grãos). – Deve-se fazer manutenção com 20 kg ha-1 de K2O, para cada 1.000 kg de expectativa de produção de grãos ha-1, independentemente da textura do solo. • Nas dosagens de K2O acima de 50 kg ha -1, utilizar a metade da dose em cobertura, principalmente em solos arenosos, 30 ou 40 dias após a germinação, respectivamente para cultivares de ciclo mais precoce e mais tardio. Adubação com micronutrientes • Esses elementos, de fontes solúveis ou insolúveis em água, são aplicados a lanço, desde que o produto satisfaça a dose indicada. • O efeito residual dessa indicação atinge, pelo menos, um período de cinco anos. Cultivares • Deve se considerar para a escolha da cultivar, as características agronômicas desejáveis, o potencial produtivo e a estabilidade de produção. • Também deve observar a resistência da cultivar com relação à resistência a doenças e principalmente estar sempre buscando informações de novas cultivares que estão sendo lançadas no mercado por órgãos de pesquisa • As cultivares mais indicadas para o estado de Roraima são: – BRS Samambaia, Tracajá e a Boa Vista. • A BRS Samambaia é uma cultivar resistente às doenças do cancro da haste, mancha conhecida como "olho-de-rã", e pústula bacteriana, sendo recomendada pela Embrapa para solos adequadamente corrigidos. • A cultivar BRS Tracajá foi recomendada para o Estado devido ao tipo de crescimento determinado, boa resistência ao acamamento e à deiscência de vagens, alta qualidade fisiológica de sementes, além de obter uma produtividade média de 3.706 quilos por hectare (Kg/ha). – Esta cultivar é indicada para áreas novas de lavrado após a correção da fertilidade. • A BRS Boa Vista, tem ciclo curto, tipo de crescimento determinado, boa resistência ao acamamento e a deiscência de vagens, boa qualidade de sementes, altura média de planta de 65 centímetros e uma produtividade em torno de 3.876 Kg/ha. Inoculação das Sementes com Bradyrhizobium • Fixação biológica do nitrogênio (FBN) - É a principal fonte de N para a cultura da soja. – Bactérias do gênero Bradyrhizobium, quando em contato com as raízes da soja, infectam as raízes, via pêlos radiculares, formando os nódulos. – A FBN pode, dependendo de sua eficiência, fornecer todo o N que a soja necessita. Inoculante • Qualidade e quantidade dos inoculantes. – Os inoculantes podem ser turfosos, líquidos ou outras formulações. – A quantidade mínima de inoculante a ser utilizada deve fornecer 600.000 células/sementes. – A base de cálculo para o número de bactérias/semente é a concentração registrada no MAPA e que consta da embalagem. • Cuidados ao adquirir inoculantes – O inoculante deverá estar registrado no MAPA, com o número de registro impresso na embalagem; – não adquirir e não usar inoculante com prazo de validade vencido e que não tenha 1x108 células viáveis por grama ou por ml do produto. • Transportar e conservar o inoculante em lugar fresco e bem arejado. • Certificar-sede que os inoculantes contenham pelo menos duas das quatro estirpes recomendadas para o Brasil (SEMIA 587, SEMIA 5019, SEMIA 5079 e SEMIA 5080) Inoculação nas sementes • Inoculante turfoso - umedecer as sementes com solução açucarada ou outra substância adesiva, misturando bem. • Adicionar o inoculante, homogeneizar e deixar secar à sombra. • A distribuição da mistura açucarada/adesiva mais inoculante nas sementes deve ser feita, preferencialmente, em máquinas próprias, tambor giratório ou betoneira. • Secar a sombra por duas horas. • Inoculante líquido - aplicar o inoculante nas sementes, homogeneizar e deixar secar à sombra. Inoculação no sulco de semeadura • O método tradicional de inoculação pode ser substituído pela aplicação do inoculante por aspersão no sulco, por ocasião da semeadura. – A dose de inoculante tem que ser, no mínimo, seis vezes superior à dose indicada para as sementes. – A utilização desse método tem a vantagem de reduzir os efeitos tóxicos do tratamento de sementes com fungicidas e da aplicação de micronutrientes nas sementes sobre a bactéria. Cuidados na Inoculação • Fazer a inoculação à sombra e efetuar a semeadura no mesmo dia, especialmente se a semente for tratada com fungicidas e micro- nutrientes, mantendo a semente inoculada protegida do sol e do calor excessivo; • é imprescindível que a distribuição do inoculante turfoso ou líquido seja uniforme em todas as sementes. • Aplicação de micronutrientes nas sementes – O Co e o Mo são indispensáveis para a eficiência da FBN. – Aplicar de 2 a 3 g de Co e 12 a 30 g de Mo/ha via semente ou em pulverização foliar, nos estádios de desenvolvimento V3-V5. • Inoculação em áreas com cultivo anterior de soja. – Os ganhos com a inoculação, em áreas já cultivadas anteriormente com soja, são menos expressivos do que os obtidos em solos de primeiro ano. – Todavia, têm sido observados ganhos médios de 4,5% no rendimento, por isso, recomenda-se reinocular a cada ano. Instalação da Lavoura - Semeadura • Umidade e temperatura do solo – Germinação – absorção de água de 50% do P.S. • A deficiência hídrica prejudica a germinação e o tratamento de sementes pode prolongar a capacidade de germinação. • Eliminar as bolsas de ar e melhorar o contato da semente com o solo. Temperatura – A temperatura média do solo, adequada para semeadura da soja, vai de 20oC a 30oC, sendo 25oC a ideal para uma emergência rápida e uniforme. – Semeadura em solo com temperatura média inferior a 18oC pode resultar em drástica redução nos índices de germinação e de emergência, além de tornar mais lento esse processo. – Temperaturas acima de 40oC, também, podem ser prejudiciais. Cuidados na semeadura • Profundidade – de 3 a 5 cm. Semeaduras em profundidades maiores dificultam a emergência. • Posição semente/adubo - O adubo deve ser distribuído ao lado e abaixo da semente, pois o contato direto prejudica a absorção da água pela semente, podendo até matar a plântula em crescimento. Época de semeadura • A época de semeadura é um dos fatores que mais influenciam o rendimento da soja. • Como essa é uma espécie termo e fotossensível, está sujeita a alterações fisiológicas e morfológicas, quando as suas exigências, nesse sentido, não são satisfeitas. • Roraima - na região central (Boa Vista), maio População e densidade de semeadura • Aproximadamente, 320 mil plantas por hectare. • Em áreas mais úmidas e/ou em solos mais férteis, onde, com freqüência, ocorre acamamento das plantas, a população pode ser reduzida de 20%-25% (ficando em torno de 240-260 mil plantas). • De modo geral, cultivares de porte alto e de ciclo longo requerem populações menores. O inverso também é verdadeiro. • Os cultivares precoces são semeados no espaçamento de 36 a 45cm. • Para os demais cultivares, indica-se espaçamento entre fileiras de 40 a 50 cm. • Espaçamentos mais estreitos que 40 cm resultam em fechamento mais rápido da cultura, contribuindo para o controle das plantas daninhas, mas não permitem a realização de operações de cultivo entre fileiras. Controle das Plantas Daninhas • As plantas daninhas constituem grande problema para a cultura da soja. • Conforme a espécie, a densidade e a distribuição da invasora na lavoura, as perdas são significativas. • A invasora prejudica a cultura, porque com ela compete pela luz solar, pela água e pelos nutrientes, podendo, a depender do nível de infestação e da espécie, dificultar a operação de colheita e comprometer a qualidade do grão. • Os métodos normalmente utilizados para controlar as invasoras são o preventivo, o mecânico, o químico e o cultural. • Quando possível, é aconselhável utilizar a combinação de dois ou mais métodos. • Preventivo – Sementes puras, – Redução das plantas daninhas na entressafra, Controle cultural • O controle cultural consiste na utilização de técnicas de manejo da cultura: – época de semeadura, – espaçamento, densidade, adubação, cultivar, etc.) • Que propiciem o desenvolvimento da soja, em detrimento ao da planta daninha. • O método mais utilizado para controlar as invasoras é o químico (herbicidas). • Suas vantagens são a economia de mão de obra e a rapidez na aplicação. • O reconhecimento prévio das invasoras predominantes é condição básica para a escolha adequada do produto que resultará no controle mais eficiente das invasoras. • não aplicar herbicidas pós-emergentes na presença de muito orvalho e/ou imediatamente após chuva. • não aplicar na presença de ventos fortes, mesmo utilizando bicos específicos para redução de deriva. • não aplicar quando as plantas, da cultura e invasoras, estiverem sob estresse hídrico. • o uso de equipamento de proteção individual é indispensável em qualquer pulverização. Manejo de Insetos-Pragas • A cultura da soja está sujeita, durante todo o seu ciclo, ao ataque de diferentes espécies de insetos. • O controle das principais pragas da soja deve ser feito com base nos princípios do “Manejo de Pragas”. • Não é aconselhável fazer a aplicação preventiva de produtos químicos, pois, além do grave problema de poluição ambiental, eleva os custos da lavoura e contribui para o desequilíbrio populacional dos insetos. • A tomadas de decisão de controle é feita com base no nível de ataque, no número e tamanho dos insetos-pragas e no estádio de desenvolvimento da soja, informações essas obtidas em inspeções regulares na lavoura com esse fim. • Nos casos das lagartas desfolhadoras e dos percevejos, as amostragens devem ser realizadas com um pano-de-batida, de cor branca, preso em duas varas, com 1m de comprimento, o qual deve ser estendido entre duas fileiras de soja. • As plantas das duas fileiras devem ser sacudidas vigorosamente sobre o mesmo, promovendo a queda dos insetos, que deverão ser contados. (Vários pontos na lavoura) • A amostragens dever ser realizadas nos períodos mais frescos do dia, quando os percevejos se movimentam menos, • Ser repetidas, de preferência, todas as semanas, do início da formação de vagens (R3) até a maturação fisiológica (R7) Níveis de dano para tomada de decisão de controle Lagartas desfolhadoras • Anticarsia gemmatalis - É o principal inseto desfolhador da soja. – As lagartas são, geralmente, esverdeadas. Possuem listras laterais e dorsais, claras, no sentido longitudinal e apresentam quatro pares de falsas pernas abdominais, além de um par terminal. • Pseudoplusia includens). – De coloração verde-clara, com listras brancas no dorso, apresenta pontos escuros no corpo, com dois pares de falsas pernas. Desloca-se pelas folhas como se estivesse “medindo palmo”, daí a sua denominação. – Alimenta-se de folhas, mas não das nervuras, conferindo-lhes aspecto rendilhado. Lagartas desfolhadoras – Devem ser controladas quando forem encontradas, em média, 40 lagartas grandes (>1,5 cm) por pano-de-batida (duas fileiras de plantas), ou com menor número se a desfolha atingir 30%, antes da floração, e 15% tão logo apareçam as primeirasflores. • Percevejos - São três os percevejos mais prejudiciais à cultura: o verde, o verde pequeno e o marrom. – Aparecem a partir da floração, causando os maiores danos entre os estádios de desenvolvimento das vagens e final do enchimento dos grãos. – Danos: sugam a seiva (principalmente dos grãos), reduzindo a qualidade da semente – São agentes transmissores de doenças fúngicas – O controle deve ser iniciado quando forem encontrados quatro percevejos adultos ou ninfas com mais de 0,5 cm por pano-de-batida. – Em campos de produção de sementes, o nível deve ser reduzido pela metade. Doença e Medidas de Controle • Entre os principais fatores que limitam a obtenção de altos rendimentos em soja estão as doenças. • Aproximadamente 40 doenças causadas por fungos, bactérias, nematóides e vírus já foram identificadas no Brasil. • Esse número continua aumentando com a expansão da soja para novas áreas e como conseqüência da monocultura. • A importância econômica de cada doença varia de ano para ano e de região para região, dependendo das condições climáticas de cada safra. • A maioria dos patógenos é transmitida através das sementes e, portanto, o uso de sementes sadias ou o tratamento das sementes é essencial para a prevenção ou a redução das perdas. • Ferrugem (Phakopsora) • Ferrugem "americana" (P. meibomiae) - foi identificada no Brasil, em Lavras (MG), em 1979. Sua ocorrência é mais comum no final da safra, em soja "safrinha”, estando restrita às áreas de clima mais ameno. • Ferrugem "asiática" (P. pachyrhizi) - presente na maioria dos países que cultivam a soja e, a partir da safra 2000/01, também no Brasil e no Paraguai. • A doença é favorecida por chuvas bem distribuídas e longos períodos de molhamento. • Em condições ótimas, as perdas na produtividade podem variar de 10% a 80%. • Sintomas • O sintoma da ferrugem "americana" difere do da ferrugem "asiática" apenas pela predominância da coloração castanho- avermelhada. • Na ferrugem "asiática", as lesões das cultivares suscetíveis são predominantemente castanho-claras; em cultivares resistentes ou tolerantes, as lesões são predominantemente castanho-avermelhadas – Os sintomas iniciam-se nas folhas inferiores da planta e são caracterizados por minúsculos pontos mais escuros do que o tecido sadio da folha, – À medida que ocorre a morte dos tecidos infectados, as manchas aumentam de tamanho e adquirem coloração castanho-avermelhada. Desfolha precoce - impedindo a plena formação dos grãos. Quanto mais cedo ocorrer a desfolha, menor será o tamanho dos grãos e, conseqüentemente, maior a perda do rendimento e da qualidade (grãos verdes). • Doenças de final de ciclo - Sob condições favoráveis, as doenças foliares de final de ciclo, causadas por Septoria glycines (mancha parda) e Cercospora kikuchii (crestamento foliar de Cercospora), podem causar reduções de rendimento em mais de 20%. – Ambas ocorrem na mesma época e, devido às dificuldades para avaliá-las individualmente, são consideradas como o “complexo de doenças de final de ciclo”. • A incidência dessas doenças pode ser reduzida através da integração do tratamento químico das sementes com a incorporação dos restos culturais e a rotação da soja com espécies não suscetíveis (milho, milheto). • Desequilíbrios nutricionais e baixa fertilidade do solo tornam as plantas mais susceptíveis, podendo ocorrer severa desfolha antes mesmo de a soja atingir a meia grana • A aplicação deve ser feita entre os estádios R1 e R5 se as condições climáticas estiverem favoráveis à ocorrência das doenças, isto é, chuvas freqüentes e temperaturas variando de 22o a 30oC. • Mela da soja (Rhizoctonia solani AG1) – A doença se desenvolve bem em condições de temperatura entre 25ºC e 30°C e umidade relativa do ar acima de 80%. (perdas de 30 a 60%). – Condição de clima chuvoso e a freqüência e a distribuição das chuvas durante o ciclo da cultura são fatores determinantes para o desenvolvimento da doença (disseminação por respingos de chuva). • O controle da “mela da soja” é mais eficiente quando se adotam medidas integradas: – Semeadura direta, – Nutrição equilibrada das plantas (principalmente K, S, Zn, Cu e Mn), – Rotação de culturas não hospedeiras, – Redução da população de plantas, – Eliminação de plantas daninhas e restevas de soja – E controle químico. Colheita • A colheita constitui uma importante etapa no processo produtivo da soja, principalmente pelos riscos a que está sujeita a lavoura destinada ao consumo ou à produção de sementes. • A colheita deve ser iniciada tão logo a soja atinja o estádio R8 (ponto de colheita), a fim de evitar perdas na qualidade do produto. • R8 – Ponto de colheita • Fatores que afetam a eficiência da colheita: – Mau preparo do solo - solo mal preparado pode causar prejuízos na colheita devido a desníveis no terreno que provocam oscilações na barra de corte da colhedora, fazendo com que ocorra corte em altura desuniforme. • Inadequação da época de semeadura, do espaçamento e da densidade: – Semeadura, em época pouco indicada, pode acarretar baixa estatura das plantas e baixa inserção das primeiras vagens. – O espaçamento e/ou a densidade de semeadura inadequada podem reduzir o porte ou aumentar o acamamento. • Cultivares não adaptadas - o uso de cultivares não adaptadas a determinadas regiões pode prejudicar a operação de colheita, decorrente de características como baixa inserção de vagens e acamamento. • Ocorrência de plantas daninhas - a presença de plantas daninhas faz com que a umidade permaneça alta por muito tempo, prejudicando o bom funcionamento da colhedora e exigindo maior velocidade no cilindro de trilha, resultando em maior dano mecânico às sementes. • Além disso, em lavouras infestadas, a velocidade de deslocamento deve ser reduzida, causando menor eficiência operacional pela menor capacidade efetiva de trabalho. • Retardamento da colheita – Em lavouras destinadas à produção de sementes, muitas vezes a espera de menores teores de umidade para efetuar a colheita pode provocar a deterioração das sementes (chuva, patógenos). – Quando a lavoura for destinada à produção de grãos, o problema não é menos grave, pois quanto mais seca estiver a lavoura, maior poderá ser a deiscência, havendo ainda casos de reduções acentuadas na qualidade do produto. • Umidade inadequada - a soja, quando colhida com teor de umidade entre 13% e 15%, tem minimizados os problemas de danos mecânicos e perdas na colheita. – Sementes colhidas com teor de umidade superior a 15% estão sujeitas a maior incidência de danos mecânicos latentes e, quando colhidas com teor abaixo de 12%, estão suscetíveis ao dano mecânico imediato, ou seja, à quebra. Tipos de perdas e onde elas ocorrem • perdas antes da colheita - causadas por deiscência ou pelas vagens caídas ao solo antes da colheita; • perdas causadas pela plataforma de corte - que incluem as perdas por debulha, as por altura de inserção e as por acamamento das plantas que ocorrem na frente da plataforma de corte. • por trilha, separação e limpeza - em forma de grãos que tenham passado através da colhedora durante a operação; • Embora as origens das perdas sejam diversas e ocorram tanto antes quanto durante a colheita: – cerca de 80% a 85% delas ocorrem pela ação dos mecanismos da plataforma de corte das colhedoras (molinete, barra de corte e caracol), – 12% são ocasionadas pelos mecanismos internos (trilha, separação e limpeza) – e 3% são causadas por deiscência natural. • Como evitar as perdas – As perdas serão mínimas se forem tomados alguns cuidados relativos à velocidade adequada de operação e pequenos ajustes e regulagens desses mecanismos de corte e recolhimento, além dos mecanismos de trilha, separação e limpeza.
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