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~ e N Tow~ad p 1 1̂!...."1 1 0 1 ,1 :1 C . nsscc.c e.. º~,.oEo.m ~osa~aoca~ancos ~DtµµFSIO B O M J; :S/'L+__USC' B IB :. :'1-rC cr''j Documen:c,: Tombo: 8 3 )- U g Data: ,‹ to(i J Pd` Class.: • N° Ordem: Y 35a Y avas, M ehm et A valiação fonológica da criança / M ehm et Y avas, C arm em L. M atzenauer H ernandorena, R egina R itter Lam precht. — P orto A legre: A rtm ed E ditora, 2001. 148 p.: il.; 23cm . 1. C rianças — F onologia 2. Fonologia I. H ernandorena, C ar- m en L. M atzenauer II. Lam precht, R egina R itter III. Título. C .D .D . 414.083 C .D .U . 801.4.001.4-053.2 Índices A lfabéticos para o C atálogo S istem ático F onologia : V erificação : C rianças 801.4.001.4-053.2 B ibliotecária responsável: S onia H . V ieira C R B -10/526 A va lia çã o F o n o ló g ic a d a C ria n ç a re e d u ca çã o e te ra p ia PR O F. M EH M ETYAVAS, Ph.D . Pós -G raduação em Letras da PU C R S PR O FA. D R A. C AR M EN L. M ATZEN AU ER H ER N AN D O R EN A U niversidade Federal de Pelotas PR O FA. D R A . R EG IN A R ITTER LAM PR EC H T Pós -G raduação em Letras da PU C R S 0 0 1. 41 014 B O M JESUS IELU SC R eim pressão 2007 2001 © A rtm ed E ditora S .A ., 1991 C apa: M ário R iihnelt C om posição e arte: A G E — Assessoria G ráfica e E ditorial Ltda. Supervisão editorial: Leda K iperm an R eservados todos os direitos de publicação, em língua portuguesa, à A R T M E D ® E D IT O R A S .A . A v. Jerônim o de O rneias, 670 - S antana 90040-340 P orto A legre R S Fone (51) 3027-7000 Fax (51) 3027-7070 É proibida a duplicação ou reprodução deste volum e, no todo ou em parte, sob quaisquer form as ou por quaisquer m eios (eletrônico, m ecânico, gravação, fotocópia, distribuição na W eb e outros), sem perm issão expressa da E ditora. S Ã O P A U LO A v. A ngélica, 1091 - H igienópolis 01227-100 São P aulo SP Fone (11) 3665-1100 Fax (11) 3667-1333 S A C 0800 703-3444 IM P R E S S O N O B R A S IL P R IN T E D IN B R A Z IL S U M Á R IO P refácio 7 1 — Fundam entos para a avaliação fonológica 9 1.1 — C oleta de dados 12 1.2 — Instrum ento 14 1.3 — G ravação da am ostra 18 1.4 — Transcrição fonética 18 1.5 — A nexos 19 2 D escrição fonética 37 2.1 — Inventário fonético da criança 38 2.2 — P rocedim entos para a descrição fonética 39 2.3 — E xem plo 40 3 A nálise contrastiva 50 3.1 — Fundam entos da análise contrastiva 51 3.2 — P rocedim entos para a análise contrastiva 55 3.3 — E xem plo 56 4 A nálise de traços distintivos 63 4.1 — A plicação de traços distintivos no contexto clínico 66 4.2 — P rocedim entos para a análise de traços distintivos 68 4.3 — A nexos 85 5 — A análise de processos fonológicos 90 5.1 — O s processos fonológicos 92 5.2 — P rocedim entos para a análise de processos fonológicos 9 8 5.3 — E xem plo 100 6 Fatores não-fonológicos na avaliação 113 6.1 — S intaxe 113 6.2 — S em ântica 114 6.3 -- P ragm ática 115 6.4 — M orfologia 116 6.5 — C onsiderações gerais 116 7 — Tratam ento 118 7.1 — A bordagens terapêuticas com traços distintivos 119 7.2 — A bordagens terapêuticas com processos fonológicos 121 G lossário 124 A pêndice 127 R eferências 146 P refácio A m aioria das crianças com significativas desordens na com unica- ção têm pelo m enos algum as dificuldades no nível fonológíco da lingua- gem , ou seja, no seu conhecim ento dos segm entos fonéticos e das regras fonológicas, ou na m aneira com o utilizam esse conhecim ento. Essa difi- culdade prejudica de m aneira m arcante a sua inteligibilidade, chegando, em m uitos casos, a ser im possível a com preensão da linguagem . E im - prescindível que essas crianças recebam ajuda de profissionais com pe- tentes, os quais, para a execução de um trabalho exitoso, precisam do auxílio de pesquisas atualizadas. N os casos de desordens da fala nas crianças, a introdução de um a descrição baseada na lingüística e dirigida à prática clínica tem causado um im pacto inusitado. A incapacidade lingüística que anteriorm ente era de d ifícil definição, tradicionalm ente diagnosticada com o um a desor- dem de articulação funcional, pode ser agora redefinida com o um a de- sordem da linguagem no nível fonológico, e as características dessa de- sordem podem ser descritas detalhadam ente. A introdução, na prática da fonoaudiologia, de um a descrição baseada na lingüística tem condu- zido a avanços significativos, que têm m uita im portância no desenvolvi- m ento dos aspectos teóricos e técnicos dessa área de estudos. As avalia- ções baseadas na análise fonológica habilitam o terapeuta a elaborar de- finições e descrições das desordens na linguagem de m aneira m ais cientí- fica, específica e detalhada. C onseqüentem ente, em cada caso, baseado nessa avaliação, o clínico é capaz de determ inar m ais claram ente os ob- jetivos da intervenção e depois verificar, por m eio da reavaliação, a efi- Avaliação Fonológica da C riança / 7 cácia do tratam ento. Para ser m ais sucinto, a visão lingüística conduz à natureza da desordem e ao seu tratam ento. Q uando falam os em desordens fonológicas, não querem os dizer que não há ordem em tais casos. Essas desordens não im plicam que os erros sejam aleatórios; na verdade, eles são sistem aticam ente organiza-, dos. E exatam ente essa natureza sistem ática das desordens é o foco de nosso interesse. E m síntese, um sistem a com desordem fonológica é aquele cuja ordem difere da que é considerada com o norm a. S alienta- m os, no entanto, que, em bora o padrão do sistem a com desvio fonoló- gico não seja idêntico ao sistem a do adulto norm al, m esm o assim os sons são usados de form a organizada. U m sistem a com desordens tam bém apresenta um padrão na m a- neira com o se relaciona com o sistem a adulto norm al, e essas diferenças sistem áticas (desvios) em relação ao sistem a norm al podem ser explica- das segundo certas regras e regularidades. A inform ação sobre a nature- za padronizada, sistem ática do desvio pode ser fundam ental para che- gar-se a um diagnóstico preciso, o que, conseqüentem ente, constituirá a base para um a terapia eficaz. A análise fonológica, portanto, parece efe- tivam ente indispensável para os profissionais cuja função está ligada ao diagnóstico e ao tratam ento de desvios de fala. E ste m anual fo i preparado para a realização da análise fonológica da fala da criança, em resposta a um a necessidade prática de terapeutas. A inspiração para um m anual dessa natureza originou-se de m inha expe- riência pessoal com P A C S (G runw ell 1985), durante m inha perm anên- cia no Institute of S peech P athology of Leicester P olytechnic — Ingla- terra durante 1986-87, com o pesquisador visitante. A influência do tra- balho de G runw ell reflete-se em várias seções deste m anual. A través de contatos com terapeutas e outras pessoas ligadas a crianças com desvios de fala, sentim os a necessidade urgente da proposi- ção de procedim entos de avaliação com base na lingüística, com refe- rência específica ao português. C om o significativo crescim ento do inte- resse no desenvolvim ento fonológico norm al e com desvios verificados no P rogram a de Pós-G raduação em Lingüística da P ontifícia U niversi- dade C atólica do R io G rande do S ul e nas pesquisas realizadas pelo C en- tro de E studos sobre A quisição e A prendizagem da Linguagem — C E A A L, da P U C R S — a necessidade de um instrum ento específico para a língua portuguesa teve sua evidência definitivam ente com provada.A seguir é apresentada, portanto, a prim eira tentativa de responder a essa necessidade, a qual poderá servir de base para nosso fu tu ro traba- lho no sentido de desenvolver estudos m ais abrangentes nessa área. M ehm et S. Yavas 1 F undam entos para a avaliação fonológica O s desvios de linguagem suscitam o interesse de estudiosos de di- versas áreas. São pesquisadores da fonoaudiologia, lingüística, psicolo- gia, educação e m edicina que se preocupam com esse assunto e contri- buem para a sua com preensão. D urante as duas últim as décadas, aum entou consideravelm ente a atenção dispensada ao cam po dos desvios de linguagem pelos diversos profissionais envolvidos nessa área, sendo que a aplicação de princípios lingüísticos às pesquisas sobre patologias da fala e da linguagem cresceu significativam ente. E m conseqüência, estabeleceu-se um novo cam po de pesquisa — a lingüística clínica. N esse novo cam po do conhecim ento, na subárea da fonologia clínica, situam -se os estudos que tratam do sis- tem a de sons da linguagem com desvios. A fonologia clínica é um a in- vestigação fonológica aplicada à patologia e à terapia da fala. A qui vere- m os que os princípios e procedim entos de análise fonológica proporcio- nam o m odelo para a descrição dos dados e form am a base para a sua aval iação. O foco deste livro são os desvios fonológicos em crianças. Se, por um lado, há crianças cujos desvios de produção da fala revelam condi- ções patológicas óbvias subjacentes a esses desvios -- com o palato fen- dido, perda auditiva, etc. — , por outro lado tam bém existem crianças as quais apresentam anorm alidades no desenvolvim ento fonológico sem um a etiologia orgânica aparente. Esses casos, antes rotulados de "des- vios articulatórios funcionais", atualm ente são denom inados "desvios fonológicos evolutivos", já que o problem a não é considerado de articu- lação m as de organização, envolvendo o sistem a fonológico. E m conse- 8 / Yavas, H ernandorena e Lam precht Avaliação Fonológica da C riança / 9 qüência, a visão tradicional de que a análise da fala com desvios deveria enfocar principalm ente o com ponente m otor ou fonética do som pro- duzido fo i m odificada; em vez disso, a atenção principal com eçou a ser dada ao com ponente fonológico da produção. Isso não significa, no entanto, que os tópicos discutidos nos capí- tulos seguintes sejam restritos aos desvios fonológicos evolutivos. M uitas crianças com defeitos orgânicos apresentam deficiências de fala em de- corrência de problem as articulatórios (causados por palato fendido, da- nos cerebrais e outros), porém m esm o nesses grupos podem ser observa- dos desvios fonológicos ao lado daqueles de natureza articulatória (fo- nética). A im portância da aplicação da fonologia se origina na convicção de que a natureza da fala com desvios é sistem ática. Esses desvios não são vistos com o listas aleatórias de sons "errados", m as de sons que se orga- nizam sistem aticam ente. E m sum a: desvio não significa um sistem a sem ordem , m as sim plesm ente um sistem a cujos padrões não são idênticos à norm a. D esnecessário dizer que a inform ação sobre os padrões da fala com desvios é crucial para um diagnóstico exato, o qual, por sua vez, constitui a base de um a terapia eficiente. "É necessário que se identifiquem as características únicas do sis- tem a de cada criança para planejar o tratam ento m ais apropriado para essa criança." (S toel-G am m on & D unn, 1985, p. 127) U m a análise com pleta de sistem as fonológicos com desvios deverá levar, certam ente, ao desenvolvim ento de novos e m ais sofisticados m é- todos e procedim entos de diagnóstico e terapia. N as palavras de Lorentz (1976,. p. 32) "A patologia da fala deveria ter com o m eta principal lógica um a caracterização geral da natureza dos sistem as fonológicos com des- vios: com o se estruturam , com o m udam , e que restrições gerais ou específicas determ inam a form a e o âm bito de aplicação das regras fonológicas. Q uanto m aior o núm ero de descrições explícitas e bem docum entadas disponíveis para análise, tanto m ais provável será a realização dessa m eta". O principal fato responsável pelo interesse atual em estudos sobre desvios de fala em crianças sob um a perspectiva lingüística é a publica- ção da obra clássica de Ingram (1976). M ais tarde, no início da década de 80, H odson (1980), Ingram (1981), G runw ell (1981, 1982), C rystal (1982), E dw ards & S hriberg (1983), H odson & Paden (1983) e M agnus- son (1983) contribuíram para um a m elhor com preensão do assunto. M ais recentem ente, G runw ell (1985), S toel-G am m on & D unn (1985) e E lbert & G ierut (1986) aum entaram os conhecim entos que se têm so- bre estudos lingüísticos da fala infantil com desvios. R estritos a alguns 10 / Yavas, H ernandorena e Lam precht poucos periódicos há 15-20 anos atrás, esses estudos tiveram um a ex- pansão tão grande que está ficando d ifícil m anter-se atualizado em rela- ção aos progressos na área. A o lado de revistas tradicionais com o Jour- nal o f Speech and H earing D isorders, Journal o f Speech and H earing R esearch e Journal o f C om m unication D isorders, testem unham os o crescente interesse no assunto através de per!"ticos com o Language, Speech and H earing Services in S chool, Journal o f C hildhood C om m u- nication D isorders, Sem inars in Speech and Language, Topics in Lan- guage D isorders, C hild Language Teaching and Therapy, A pplied P sy- cholinguistics, C linicai Linguistics and P honetics, B ritish Journal o f D isorders o f C om m unication. E m razão da grande quantidade de estu- dos e pesquisas na área da fonologia clínica e da im portância das infor- m ações daí advindas, os terapeutas da linguagem , que no passado pode- riam desconhecer o interesse que os lingüistas têm em aplicar seus co- nhecim entos à fala com desvios, não podem m ais ignorar a significação da fonologia para a efetivação de seu trabalho. Estabelecer um a ligação entre fundam entos teóricos da fonologia e a objetividade da prática da terapia da linguagem é um a das m etas deste livro. C om esse in tu ito , propom os aqui um instrum ento para a obtenção de um a am ostra de dados lingüísticos e apresentam os diferentes bases teóricas e m etodologias para a avaliação desses dados. S alientam os que, de acordo com toda a literatura dedicada à fonologia clínica, o foco de interesse -- tanto na elaboração dos instrum entos com o nas aná- lises lingüísticas — restringe-se aos sons da língua categorizados com o consoantes, um a vez que é unânim e a posição de que os desvios conso- nantais (seja de consoantes sim ples ou encontros consonantais) são os responsáveis pela quase totalidade dos desvios de fala e pela ininteligibi- lidade dos sistem as das crianças com problem as de com unicação. O português possui 19 fonem as consonantais: /p /, /b /, /t/, /d /, /W /g/, /f/, /v/, /s/, /z/, /s/, /z/, /m /, /n / /n / /1/, /A /, /R / /r/. E m estudos com finalidades clínicas deve incluir-se nesse grupo tam bém os "glides" (sem ivogais), que são dois: /y / e /w /. Essa inclusão é decorrente do fato de os glides, por ocuparem as m argens da sílaba com o ocorre com as consoantes (o núcleo da sílaba em português é som ente ocupado pelas vogais), seguidam ente substituírem essas consoantes. É com um observa- rem -se substituições deste tipo na linguagem infantil: Form a E scrita R epresentação Fonética bola [ b )Ia S ubstituição [ b iw a ] I -* w ou ou [ boya ] 1 -" Y Avaliação Fonológica da C riança / 1 1 A categorização das consoantes e dos glides do português de acor- do com os diferentes pontos e m odos de articulação aparece no Q uadro 1 (C apítulo 3),na apresentação do "inventário fonético padrão dos seg- m entos consonantais do português". E im portante salientar que as representações fonéticas do adulto (alvo para a criança) apresentadas neste livro são as que ocorrem na va- riedade do português falado no R io G rande do S ul, especificam ente em P orto A legre. O s terapeutas, ao avaliarem crianças com diferentes variantes lingüísticas, devem proceder aos ajustes necessários. O utro aspecto fundam ental a ser ressaltado na análise do sistem a da criança, seja norm al ou com desvio, é a necessidade de diferençar os sons da língua quanto às diferentes posições que podem ocupar na es- trutura da sílaba e da palavra. A literatura em geral discrim ina três posi- ções: in ício , m eio e fim da palavra. N o entanto, a especificidade do por- tuguês — já com provada em um a pesquisa p ilo to com 70 crianças nor- m ais (Y avas, 1988) e em pesquisas com crianças que apresentam desvios fonológicos (Lam precht, 1986; H ernandorena, 1988; Yavas & Lam - precht, 1988) — aponta para a necessidade da discrim inação de 4 po- sições dos fones contrastivos: IS IP — in ício de sílaba, in ício de palavra; IS D P — in ício de sílaba dentro de palavra, FS D P — final de sílaba dentro de palavra, FS FP — final de sílaba, final de palavra. E m bora a grande m aioria das consoantes do português se lim ite a apenas 2 posições — IS IP e IS D P — , já fo i com provado que as crianças, tanto norm ais com o com desvios, dão tratam ento diferenciado aos fo- nes contrastivos da língua dependendo das quatro posições acim a refe- ridas.1.1 — C O LE T A D E D A D O S U m dos problem as com que se deparam lingüistas e terapeutas é referente à form a de elicitação da produção lingüística da criança, a qual deverá constituir a am ostra que servirá de base para a análise e o diagnóstico da sua linguagem . H á 3 m aneiras de chegar-se à produção lingüística da criança: (a) repetição; (b) fala espontânea; (c) nom eação espontânea (instrum ento). A repetição é, sem dúvida, o m eio m ais sim ples e rápido de obter- se um a am ostra da produção lingüística da criança, com a possibilidade de testar-se o em prego de todos os sons da língua. H á, no entanto, um grande problem a: já fo i com provado (Ingram , 1976) que a criança m a- 12 / Yavas, H ernandorena e Lam precht nifesta um a produção lingüística m elhorada quando a faz por repetição, pois im ita um m odelo que lhe fo i apresentado. P ortanto, a repetição não é fonte confiável para a obtenção de um a am ostra lingüística, um a vez que em geral não reflete a realidade do inventário fonético e do sis- tem a fonológico da criança. A s im itações devem ser descartadas da am ostra lingüística ou identificadas a fim de receberem tratam ento dife- renciado. A fala espontânea é um excelente m eio para a obtenção de um a am ostra lingüística, pois, além de apresentar o sistem a próprio da crian- ca sem a possibilidade do desvirtuam ento da im itação, m ostra o flu xo da linguagem , isto é, a produção de fonem as, sílabas e palavras dentro de frases, propiciando a verificação das possíveis relações fonológicas entre palavras. A inda tem de referir-se que é o em prego de frases que possibilitará a análise da influência dos cham ados fatores não-fonológi- cos sobre a fonologia da criança (ver C apítulo 6). E ntretanto, um a am ostra de fala espontânea pode apresentar um grande problem a: a não ocorrência (ou possibilidade de ocorrência) de todos os fones contras- tivos da língua e em todas as posições que podem ocupar na sílaba e na palavra, deixando a am ostra incom pleta. Isso pode ocorrer ou por sim ples acaso ou por evitação, pois já fo i com provado (Leonard, 1985) que as crianças evitam a produção de fonem as que se lhes apresentam problem áticos. A lém disso, para obter-se um núm ero razoável de possi- bilidades de ocorrência de algum as consoantes de uso pouco freqüente no português, seriam necessárias algum as horas de gravação, o que é problem ático tanto do ponto de vista da coleta de dados, com o tam bém no tocante à sua transcrição e análise. A nom eação espontânea é o m eio pelo qual se obtém um a am ostra lingüística através da técnica de "nom eação": com o auxílio de dese- nhos e/ou objetos, estim ula-se a criança a dizer o nom e de seres, suas ações e características. Essa elicitação, que norm alm ente é feita com base em um instrum ento, evita as repetições e assegura a possibilidade de realização de todos os fones contrastivos da língua e em todas as po- sições em relação à estrutura da sílaba e da palavra, assim com o a pro- dução de palavras de diferentes classes gram aticais (substantivos, verbos, adjetivos, etc.) — e isso tudo pode ser conseguido com a vantagem de um a grande econom ia de tem po, tanto na coleta de dados, com o na sua transcrição e análise. O uso da nom eação espontânea através de um ins- trum ento assegura tam bém a possibilidade de realização de com para- ções exatas entre crianças, em virtude de as am ostras incluírem os m es- m os itens lexicais. O s instrum entos com a utilização de desenhos são o m eio m ais adequado para a elicitação da nom eação espontânea. C onsiderando-se o tipo de desenho em pregado, pode-se dizer que há dois tipos de instru- m entos: (a) o instrum ento com desenhos isolados e (b) o instrum ento Avaliação Fonológica da C riança / 13 com desenhos tem áticos. O prim eiro tende a elicitar unicam ente pala- vras isoladas, enquanto o segundo, além de levar à produção das pala- vras-chave que constituem o próprio instrum ento, propicia com entários sobre as gravuras e facilm ente conduz à criação de narrações e descri- ções, levando naturalm ente a criança à produção de fala encadeada (fala espontânea); assim , a am ostra poderá conter os dois tipos de produção lingüística: palavras isoladas e frases. P elos dados expostos, vêem -se grandes vantagens no em prego de um instrum ento com desenhos tem áticos com o m eio para obtenção de um a am ostra lingüística significativa. 1.2 — IN S T R U M E N T O O instrum ento proposto na A F C (A valiação Fonológica da C rian- ça) fo i criado com o objetivo de elicitar a am ostra m ais representativa da fala da criança através da nom eação espontânea. N esse instrum ento, determ inados princípios orientam a seleção e a organização do m aterial. H á cinco desenhos tem áticos para a estim ulação de 125 itens que for- m am a lista de palavras da A F C . Essas palavras, além de apresentarem características óbvias, com o (a) pertencerem ao vocabulário de crianças a partir de 3 anos, (b) testarem os sons desejados e (c) serem de fácil elicitação através de desenhos, foram escolhidas de acordo com critérios fonológicos, de form a que são capazes de apresentar: 1) um a representação equilibrada do sistem a fonológico alvo (isto é, do sistem a fonológico do adulto); 2) m ais de um a ocorrência dos m ais diferentes tipos de alvos possí- veis; 3) sons em diferentes posições nas palavras e em palavras que são diferentes quanto à estrutura silábica e quanto ao núm ero de sílabas. S ão consideradas quatro posições em relação à estrutura da sílaba e da palavra, com o já fo i referido: IS IP , IS D P , FS D P e FS FP . A distribuição das 125 palavras do instrum ento aparece discrim ina- da de acordo com a elicitação de cada som do português relativam ente a essas posições no anexo 1.5.1. O s cinco desenhos tem áticos possibilitam a elicitação das 125 pala- vras e, ao m esm o tem po, oportunizam a estim ulação de m ais dados na form a de narrações e descrições. O s desenhos (anexo 1.5.2) receberam títulos de acordo com o tem a que focalizam : V eículos (V ), Sala (S ), B anheiro (B), C ozinha (C ) e Z oológico (Z ). O conjunto de desenhos é capaz de elicitar um a am ostra represen- tativa, um a vez que não é lim itada, ao contrário da m aior parte dos tes- tes de articulação, os quais elicitam apenas um a ocorrência de cada som alvo. 14 / Yavas, H ernandorena e Lam precht O s 125 itens da A F C estão divididos em 97 palavras básicas e 28 palavras opcionais. A s palavras básicas apresentam o núm ero m ínim o de 3 possibilidades de ocorrência para cada consoante do português em to- das as posições que podem ocupar na estrutura silábica. Esse princípio só não fo i respeitado em determ inados casos, os quais são explicados a seguir: — /z/ IS IP — O vocabulário do português apresenta poucos exem plos da ocorrência de /z/ no in ício de palavras. E m bora as duas palavras pre- sentes no instrum ento (zebra e zoológico) não sejam elicitadas com fa- cilidade, decidim os incluí-las, pois as crianças m aiores, com idade supe- rior a três anos, podem — e de fato isso ocorre — responder positiva- m ente a este estím ulo. — [ c ], [ j ] IS IP e IS D P — E m bora esses dois sons (consoantes africadas) sejam alofones de /t/ e /d / respectivam ente, consideram os sua inclusão im portante para que se obtenha um a visão geral da fonologia da criança. Sua ocorrência pode tam bém ajudar a responder questões levantadas, na literatura, sobre a disponibilidade das africadas. O s dese- nhos estim ulam duas palavras para cada um desses sons na posição de IS IP . A colocação desse núm ero fo i proposital, um a vez que nossa ex- periência m ostrou que o terceiro exem plo ocorre autom aticam ente du- rante a coleta dos dados: [ c ] é elicitado sem qualquer esforço em tia e tio (quando a criança se dirige ao investigador) e [ j ] aparece em algum a form a do verbo dizer, com o em digo ou disse etc. — /I/ FS D P e FS FP — U m a vez que /I/ é sem ivocalizado em posi- ção final, os dois exem plos presentes são suficientes para o investigador. C om referência ao núm ero de possibilidades de ocorrência para os encontros consonantais, a situação é um tanto diferente. C onform e está evidente na lista, m uitos dos encontros têm apenas um exem plo, sendo que alguns até não estão presentes. N ovam ente aqui nossa decisão está em concordância com o vocabulário adequado à idade das crianças. M esm o algum as das palavras com encontros incluídas em nossa lista não são totalm ente adequadas para m uitas crianças pequenas. E ntre elas, po- dem os cita r: vidro, dragão, floresta, globo, prego, igreja, cruz, p o ltro n a , trator, estrada, trilh o , planta. A s palavras fruta e brinquedo, aparente- m ente fáceis, m ostraram -se de d ifícil elicitação, um a vez que represen- tam term os gerais ao invés de coisas específicas. O m aterial de elicitação da A FC sofreu várias revisões após o seu em prego em diversos estudos — p ilo to realizados em diferentes creches, testando crianças com idade a partir de 2:6. N um a testagem de 40 crianças entre 3 e 4 anos de idade, fo i adota- do o critério de elicitação de, n o m ínim o, 50% das palavras básicas. E n- tre as palavras que não alcançaram essa percentagem , m as m esm o assim foram m antidas na lista, estão: Avaliação Fonológica da C riança / 15 — grupo A — aproveitam ento m uito baixo: abaixo de 20% F O N E M A S IM P LE S E N C O N T R O C O N S O N A N T A L zoológico 8% globo 2% floresta 16% planta 16% — grupo B — aproveitam ento entre 38% — 50% F O N E M A S IM P LE S E N C O N T R O C O N S O N A N T A L zebra 44% m icrofone 38% placa 38% fruta 40% c ru z 40% claro 40% igreja 44% dragão 44% Essas palavras continuam na lista e nos desenhos em virtude de não term os encontrado exem plos m ais adequados à linguagem das crianças para a testagem desses fonem as e encontros consonantais. A sua m anu- tenção é necessária a fim de satisfazer o requisito de um a am ostra signi- ficativa fonologicam ente. C aso a produção dessas palavras não seja con- seguida por nom eação espontânea, o investigador pode usar o processo de 'im itação retardada', isto é, dizer a palavra em um a frase, sucedida de um a série de outras palavras, e, depois, elicitar a sua realização pela criança. H á palavras que não se encontram diretam ente representadas nos desenhos, exigindo perguntas para a sua elicitação. S ão elas: dizer (V ), dois (Z ), frente (V ), frio (C ), grande (Z ), la tir (Z ), m icrofone (V ), soprar (C ), tia /tio (V ), verde (Z ), zoológico (Z ). A lgum as palavras a serem elicitadas por perguntas têm relaciona- m ento óbvio com as gravuras, razão pela qual estão na lista de um ou outro desenho. P or exem plo, a palavra la tir aparece na lista de palavras relativa ao desenho 'Z oológico', pois está relacionada com cachorro; frio aparece na lista da 'C ozinha' pela relação com a geladeira; soprar (as velas do bolo) aparece tam bém no desenho da 'C ozinha'. A s palavras que não têm relação natural com qualquer dos dese- nhos foram distribuídas de form a a não se sobrecarregar um a ou outra lista de palavras, tornando equilibrado o núm ero de elicitações referen- tes a todos os desenhos. S ão exem plos desses casos: m icrofone (V ), dizer (V ), tia /tio (V ), frente (V ). Todos os verbos da lista da A F C aparecem na form a do in fin itivo , em bora na sua m aior parte ocorram , na coleta de dados, em form as fle- xionadas. N osso interesse nesses verbos reside nas consoantes que ante- cedem o sufixo in fin itivo . P ortanto, a sua produção com diferentes sufi- xos tem porais, com o pulando, brincava etc., não afeta a análise, um a 16 / Yavas, H ernandorena e Lam precht vez que as consoantes anteriores ao sufixo perm anecem inalteradas. A única exceção a esse princípio está no verbo dizer: nesse caso, a análise se deterá som ente na prim eira consoante, pois a segunda consoante pode adquirir form as diferentes, com o digo [ g ], disse [ s ]. A lista se- guinte ilustra com detalhes o que é analisado em cada um dos verbos: nadar nd IS IP IS D P brincar brk IS IP IS D P latir c IS IP IS D P andar d IS D P soprar spr IS IP IS D P dirigir rz IS IP IS D P IS D P dizer IS IP pular p IS IP IS D P tocar tk IS IP IS D P voar v IS IP esperar spr FS D P IS D P IS D P olhar ~( IS D P escovar s FS D P com er k IS IP kv IS D P IS D P m IS D P É necessário salientar que esses verbos constituem um a parte m ui- to im portante da lista de palavras da A F C e não podem ser ignorados no processo de elicitação. O s m ateriais para avaliação têm , em geral, a ca- racterística de apresentarem um a tendência em favor das palavras de objetos (substantivos) e m ostram núm ero m uito m enor de palavras de ação (verbos). Isso deve-se, evidentem ente, à facilidade de representação das palavras de objetos assim com o à sua m aior disponibilidade no voca- bulário, especialm ente em se tratando de crianças m enores. E m bora a percentagem dos verbos na lista da A FC (12% ) seja m aior do que em grande parte dos m ateriais propostos para avaliação (na m aioria dos ins- trum entos essa percentagem é inferior a 8% ), ainda está m uito aquém do núm ero desejável (ver a seção sobre im plicações dos fatores não-fo- nolpgicos na fonologia — C apítulo 6). P ortanto, deve ser fe ito todo es- forço possível para a elicitação dos verbos presentes na lista. O instrum ento da A F C deve ser utilizado em situações de com uni- cação com a presença do terapeuta e de cada criança individualm ente. O m aterial de testagem destina-se a crianças de 3 anos ou m ais. Avaliação Fonológica da C riança 117 V erificam os ser viável coletar todas as palavras básicasdo instru- m ento em um a única sessão, com duração m édia de 25 a 30 m inutos; isso é possível principalm ente com crianças de m ais de 3:6 (quase a to- talidade da população clínica situa-se acim a dessa faixa etária). Se o objetivo é a coleta de dados sobre o desenvolvim ento norm al, quando, então, os sujeitos têm idade inferior a 3:6, o investigador pode coletar o m aterial em duas sessões, pois crianças m uito pequenas, especialm ente com m enos de 3:0 anos de idade, dificilm ente se m antêm num a concen- tração ininterrupta por um período de tem po m uito prolongado. P ara assegurar o uso exitoso do instrum ento, o investigador deve, antes da sua aplicação, fam iliarizar-se com o m aterial da A F C , isto é, estudar as palavras a serem elicitadas e exam inar cada item de acordo com o uso pretendido. C ada desenho é acom panhado de um a folha de gravação em que as palavras estão distribuídas conform e o seu uso bá- sico ou opcional (anexo 1.5.3). N ão há qualquer ordem predeterm inada para a elicitação das palavras a partir de cada desenho; esse aspecto é estabelecido de acordo com as preferências individuais dos usuários. 1.3 — G R A V A Ç Ã O D A A M O S T R A C onform e é apontado na literatura (G runw ell, 1985; S toel-G am - m on & D unn, 1985), é de grande im portância obter-se um a boa qualida- de de gravação dos dados conseguidos em cada sessão com a criança, e, se possível, realizar-se, sim ultaneam ente à gravação, isto é, 'ao vivo', a transcrição fonética dos dados. C om essa finalidade são fornecidas fo- lhas de gravação por desenhos. Nessas folhas de gravação, as palavras a serem elicitadas a partir de cada desenho são listadas em ordem alfabé- tica. E m cada página, a parte superior é reservada às palavras 'básicas'; as palavras colocadas abaixo da linha pontilhada são as 'opcionais'. Q uando um a m esm a palavra fo r produzida m ais de um a vez pela criança e apresentar realizações diferentes, as duas form as devem ser registradas. Todas as palavras são num eradas em ordem alfabética de acordo com o lugar que ocupam na lista da A F C ; isso facilita a sua transferência para a ficha de dados da A FC . Tam bém fo i deixado um espaço ao final de cada folha de gravação e da ficha de dados para o registro da fala es- pontânea elicitada a partir dos desenhos tem áticos. N a ficha de dados as palavras opcionais aparecem com um asterisco (anexo 1.5.4). 1.4 — T R A N S C R IÇ Ã O F O N É T IC A A fim de tom ar-se possível o exam e das generalizações no sistem a da criança, é im portante realizar-se um a transcrição fonética detalhada 18 / Yavas, H ernandorena e Lam precht dos dados. E m alguns casos, o paciente pode em pregar sons que não são fonem as do português. Essas ocorrências são de d ifícil percepção e transcrição para os clínicos falantes de português, m as podem indicar im portantes generalizações, erros ou aproxim ações na fala da criança. O s sím bolos usados na A F C são fornecidos no A nexo 1.5.5. 1.5 — A N E X O S O s quatro anexos m ostrados a seguir constituem os elem entos bá- sicos do instrum ento da A F C : A N E X O 1.5.1 — A presenta a discrim inação dos sons do português, de acordo com a posição que ocupam na estrutura das sílabas e das pa- lavras elicitadas no instrum ento. As palavras colocadas entre parênteses são aquelas cuja elicitação é opcional. A N E X O 1.5.2 — A presenta os cinco desenhos tem áticos do instru- m ento da A F C . A N E X O 1.5.3 — A presenta as folhas de gravação correspondentes a cada desenho. A N E X O 1.5.4 — A presenta a ficha de dados, que contém todas as palavras do instrum ento colocadas em ordem alfabética e, ainda, apre- senta espaço para outras palavras elicitadas na entrevista com a criança. Nessa ficha é registrada a transcrição fonética de todos os dados. A lém desses anexos, apresentam os, a seguir, as tabelas correspon- dentes aos sím bolos usados para a transcrição fonética: A N E X O 1.5.5 — A presenta a tabela dos sím bolos A FC (A valiação F onológica da C riança). E recom endável que o leitor se fam iliarize tam bém bolos fonéticos do A lfabeto F onético Internacional (IP A nal P honetic A lphabet), por serem igualm ente utilizados desta área. fonéticos da com os sím - - Internatio- na literatura Avaliação Fonológica da C riança / 19 1.5.1 — Palavras do Instrum ento IS IP IS D P p passarinho — peixe — pedra — pa- lhaço — pescoço — pular-(porta) — (perna) — (poltrona) lápis — tapete — chapéu — esperar (tam pa) — (sapato) — (espelho) b borboleta — bicicleta — bolso — banquinho — (bolo) — (banana) — (botão) borboleta — sabonete — abacaxi — rabo — (cabelo) — (globo) t televisão — tapete — toalha — to- car — (telhado) — (torneira) — (tam pa) trator — fruta — floresta — prato — borboleta — bicicleta — planta — m artelo — gato — (estante) — (botão) — (porta) — (sapato) — (antena) d dente — dedo — dois dedo — guarda-chuva — brinquedo — estrada — geladeira — nadar — andar — (telhado) — (roda) k calça — cobra — cam isa — cachor- ro — carro — café — quadro — co- m er — (cabelo) — (cano) zoológico — pescoço — disco — brinquedo — locom otiva — placa — abacaxi — banquinho — açúcar — escovar — tocar — brincar — (âncora) g guarda-chuva — garrafa — gato prego — fogão — dragão — (fogo) f fogão — fum aça — feijão-(fogo) garrafa — m icrofone — café v verde — vela — vidro — voar televisão — nuvem — chave — guarda-chuva — escovar — (navio) — (ovo) s sabonete — sol — soprar — (sapa- to) — (saia) — (sino) passarinho — bicicleta — palhaço — criança — braço — calça — bolso — fum aça — pescoço — açúcar z zebra — zoológico televisão — blusa — tesoura — m e- sa — cam isa — tnniloinel 20 / Yavas, H ernandorena e Lam precht s chave — chapéu — chinelo — ( cha- m iné) cachorro — peixe — d U d d A I — guarda-chuva / jornal — janela — geladeira relógio — igreja — zoológico — fei- jão — dirigir — (azulejos) — (fran- ja) C tesoura — tigre — tia /tio sabonete — dente — frente — ta- pete — latir Y dinheiro — disco — dizer — dirigir verde — rádio — grande m m icrofone — m artelo — m esa — (m enino) gram a — fum aça — cam isa — co- m er — (cham iné) — (arm ário) n nuvem — nariz — nadar — (navio) sabonete — jornal — janela — chi- nelo — m icrofone — (banana) — (cham iné) — (m enino) — (antena) — (poltrona) — (sino) — (torneira) — (perna) n X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X passarinho — dinheiro — banqui- nho R relógio — rádio — rabo — (roda) garrafa — cachorro — carro r X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X nariz — floresta — claro — tesoura — passarinho — esperar — dinheiro — geladeira — dirigir — orelha — (arm ário) — (torneira) — (âncora) I lápis — livro — latir chinelo — geladeira — janela — pu- lar — m artelo — relógio — vela — televisão — borboleta — estrela — (azulejos) — (cabelo) — (bolo) A X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X palhaço — toalha — orelha — olhar — (trilho) — (espelho) — (telhado) Avaliação Fonológica da C riança / 2 1 FS D P FS FP r borboleta — guarda-chuva — m ar- telo — verde — jornal — (porta) — (arm ário) — (torneira) — (perna) trator — flo r — açúcar s floresta — disco — pescoço — es- trela — estrada — escovar — espe- rar — (estante) — (espelho) lápis — nariz — cruz — dois I calça — bolso — (poltrona) jornal — sol E N C O N TR O S C O N S O N A N T A IS IS IP IS D P pl planta —placa pr prego — prato soprar bl blusa br braço — brinquedo — brincar zebra — cobra tr trem — trator — (trilho) estrela — estrada — (poltrona) dr dragão quadro — vidro — pedra kr criança — cruz m icrofone kl claro bicicleta gr gram a — grande tigre — igreja gl globo fr fruta — frio — frente — (franja) fl flo r — floresta vr X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X livro 22 / Yavas, H ernandorena e Lam precht 1.5.2. — D esenhos tem áticos Avaliação Fonológica da C riança / 23 24 / Yavas, H em andorena e Lam precht Avaliação Fonológica da Criança / 25 41nMflYNn!I~INCI u~ D1 MNNWiB!iIYMÍI@I".NNN41uhdhNb,'uNmNNON•I iPoNakki,NNn!Ni0PNpexryMllBNi zp,,,rman On º 1:1,..~ s w — ~ ti) v~,. O ^~O O v1 ~ 1.5.3 — Folhas de G ravação N om e: Idade:borboleta cachorro cobra com er dois dragão flo r floresta gram a grande latir olhar passarinho pedra peixe pular rabo sol tigre verde zebra zoológico orelha voar FO LH A S D E G R A V A Ç Ã O D ata de C ol: D E S E N H O I Z O O L O G I C O 28 / Yavas, H ernandorena e Lam precht abacaxi açúcar café estrela feijão fogão frio fruta garrafa geladeira janela prato soprar vela vidro banana bolo fogo ovo tam pa brinquedo cruz dinheiro disco gato globo D E S E N H O II C O Z IN H A D E S E N H O III S A L A Avaliação Fonológica da C riança / 29 guarda-chuva igreja jornal lápis livro m artelo m esa palhaço planta prego quadro rádio tapete televisão tesoura antena botão estante franja poltrona telhado banquinho blusa bolso braço calça cam isa chave chinelo dedo D E S E N H O IV B A N H E IR O 30 / Yavas, H ernandorena e Lam precht i1 dente escovar nariz pescoço relógio sabonete toalha esperar arm ário azulejos cabelo cano espelho m enino perna porta saia sapato torneira andar bicicleta brincar carro crianças dizer dirigi r estrada frente fum aça m icrofone D E S E N H O V V E ÍC U L O S Avaliação Fonológica da C riança / 31 n a d a r n u ve m p la ca tia /tio to ca r tra to r tre m â n co ra ch a m in é n a vio ro d a trilh o sin o1.5 .4 — F ich a de dados N om e: Idade: D ata da coleta: O bs.: N 9 P A LA V R A R E A LIZ A Ç Ã O O B S . 1 abacaxi 2 andar 3 açúcar 4 * âncora 5 *antena 6 *arm ário 7 azulejos 8 *banana 9 banquinho 10 bicicleta 11 blusa 12 *b o lo 13 bolso 14 borboleta 15 *b o tã o 32 / Yavas, H ernandorena e Lam precht N 9 P A LA V R A R E A LIZ A Ç Ã O O B S . braco 16 brincar 17 brinquedo 18 * cabelo 19 cachorro 20 café 2122 calça 23 cam isa 24 *cano 25 carro 26 *cham iné chapéu 27 28 chave 29 chinelo 30 claro 31 cobra 32 com er 33 criança 34 cruz 35 dedo 36 dente 37 dinheiro 38 disco 39 dirigir 40 dizer 41 dois 42 dragão 43 escovar 44 *espelho 45 esperar 46 estante 47 estrada 48 estrela 49 feijão 50 flo r 51 floresta 52 fogão 53 *fogo 54 * franja 55 frente 56 frio Avaliação Fonológica da C riança / 33 60 61 62 63 6465 66 67 68 gato geladeira globo gram a grande guarda-chuva igreja janela jornal 69 J lápis 70 latir 71 livro R E A LIZ A Ç Ã O O B S . 72 1 m artelo 7 3 * m enino 7 4 m esa 7 5 m icrofone 7 6 1 nadar 77 nariz 78 *navio 79 1 nuvem 8 0 1 olhar 81 orelha 82 * ovo 8 3 palhaço 84 passarinho 85 pedra 8 6 J peixe 87 pescoço 88 J * perna 89 90 91 placa planta 92 93 94 95 96 97 98 * poltrona * porta prato prego pular quadro rabo rádio 34 / Yavas, H ernandorena e Lam precht N 9 P A LA V R A R E A LIZ A Ç Ã O O B S . relógio 99 *roda 100 sabonete 101 *saia 102 103 * sapato * sino 104 sol 105 106 soprar 107 * tam pa 108 tapete 109 televisão 110 *telhado 111 tesoura 112 tia /tio ti•re 113 114 toalha 115 tocar 116 *torneira 117 trator 118 trem 119 `trilh o 120 vela 121 verde 122 vidro 123 voar 124 zebra 125 zoológico Avaliação Fonológica da C riança / 35 e6uiJej Jelnnn Ieleled Jeloanle-oleled xag.oalad aeloanld 36 / Yavas, H ernandorena e Lam precht C7o--)L sX `-•.. U U - -C ) • -O _C) O _ coyoa. T tn N • Nxo> C ]. E),CO3 LÁ_ > U -O _OÓQ ziCC.c C [ E —EH z cc — • -4o — 4 > 3~'CO Li + ~ºa •-o C, O i 2 D escrição fonética A com unicação lingüística oral realiza-se através de sons produzi- dos pelo aparelho fonador. O s órgãos que constituem o aparelho fona- dor são capazes de produzir um a variada gam a de sons, dos quais apenas alguns são usados na fala. A fonética é a ciência que estuda as caracte- rísticas dos sons produzidos pelos órgãos vocais, especialm ente quando utilizados para a fala. A ssim , o estudo do som sob o enfoque fonético engloba tanto o aspecto articulatório (conjunto de m ovim entos produ- zidos pelos órgãos vocais para a realização de um som ), com o o aspecto acústico (conjunto de características físicas dos sons da fala). O s seg- m entos fonéticos são graficam ente representados entre colchetes. E xs.: [p 1 ,[t],[e ],[ 1 ]. O inventário fonético de um a língua é o conjunto de sons ou seg- m entos utilizados pelos falantes, incluindo características de diferentes variedades. N em todos os segm entos fonéticos têm valores fonêm icos, pois fonem as são som ente os sons que contrastam significados em um a determ inada língua (ver C apítulo 3). A capacidade fonética de um indi- víduo é, portanto, a sua capacidade de produzir os sons da fala. D iferen- tem ente, a capacidade fonológica é a capacidade de em pregar um som com valor contrastivo. Toda análise que tem por objetivo um a avaliação lingüística, ou seja, determ inar se a linguagem de um a criança está dentro dos padrões de norm alidade ou apresenta desvios, deve verificar a sua capacidade fonética. A descrição fonética consiste na verificação dos sons da fala produzidos pela criança, isto é, no estabelecim ento do seu inventário fo- nético. Essa descrição deve registrar todos os sons produzidos pela criança, independentem ente do seu valor fonológico (ver C apítulo 3). Avaliação Fonológica da C riança / 37 2.1 — IN V E N T Á R IO F O N É T IC O D A C R IA N Ç A O inventário fonético da criança pode ser determ inado de acordo com as categorias tradicionais de descrição fonética: de acordo com o m odo de articulação, o ponto de articulação e a sonoridade. A classifi- cação dos sons consonantais usados pelos falantes de português pode ser estabelecida pelas seguintes categorias: (a) m odo de articulação — quanto a essa categoria, que se refere ao tip o de obstrução que ocorre no trato vocal, um a consoante pode ser: — plosiva — fricativa — africada — nasal — líquida não-lateral (b) p o n to de articulação — quanto à região do trato vocal em que o som é produzido e os órgãos que se articulam para essa produção, um a consoante pode ser: — labial — dental/alveolar — palatal [la te ra l r bilabial l abi oden tal r dental L alveolar C palato-alveolar palatal — velar (c) sonoridade — quanto à ausência ou presença de vibração das cordas vocais quando da passagem do ar pela laringe, um a consoante po- de ser:— surda — sonora Essa categorização, além de m ostrar-se extrem am ente acessível, é capaz de fornecer ao clínico valiosas inform ações com referência à ca- pacidade fonética de um a criança. 38 / Yavas, H em andorena e Lam precht 2.2 P R O C E D IM E N T O S P A R A A D E S C R IÇ Ã O F O N É T IC A A descrição e s c s fonética lingüística a tra vé sd le va n ta m e n to tra n s- crita dos sons produzidos na da crian qual deve ser em sím bolos fonéticos. Apesar sim plicidade identificação,' a a á lise fo n é tca p o d e s e rfa td a pelo em prego de duas fichas:1a) F IC H A D F -1 (D escrição F onética-1) — A presentação das rea- lizações das consoantes. R epresenta o prim eiro passo para a descrição fonética: registra a produção que a criança apresenta de todos os sons consonantais da língua, isto é, os sons produzidos de form a certa, os om itidos e os substituídos. A lém disso, essa realização dos sons da fala é discrim inada de acordo com a posição que podem ocupar na estrutura da sílaba e da palavra em português: IS IP , IS D P , FS D P , FS FP . As colunas referentes a cada um a dessas quatro posições aparecem tripartidas, encabeçadas pelos sím bolos: — C (= C orreto) — nessa coluna deve ser registrado o núm ero de vezes em que a consoante fo i realizada corretam ente. — (= O m issão) — nessa coluna deve ser registrado o núm ero de vezes em que a consoante fo i om itida. — E (= E rrado) — nessa coluna deve ser registrado o núm ero de vezes em que a consoante fo i realizada de form a errada, isto é, o núm e- ro de vezes em que fo i substituída: coloca-se o som (ou os sons) que su- bstituiu (ou substituíram ) a consoante, com o núm ero dessas substitui- ç ões.1O registro desse núm ero de realizações, om issões ou substituições pode ser feito com os do pequenosin riscos (observar, te se H ema ,2 com o exem plo, a ficha preenchida com os d 2a) F IC H A D F -2 (D escrição F onética -2) — R epresenta a síntese dos dados para a efetivação da descrição fonética. D ivide-se em duas a) inventário fonético: apresenta o registro de todos os sons da falapartes: da criança, de acordo com as categorias de m odo, ponto de articulação e sonoridade — as consoantes surdas ficam à esquerda e as sonoras, à direita (observar a ficha D F -2 preenchida com os dados de H ). A s colu- nas com a designação de "o u tro " aparecem em virtude da possibilidade de um a criança, tanto norm al com o com desvios, apresentar consoantes produzidas com articulação diferenciada das categr orias a alis pre om fissura tas. U m exem plo é a produção da plosiva glotal [ ? ] p de palato.b) realizações de encontros: apresenta o registro dos encontros consonantais, discrim inando a posição que ocupam na estrutura da síla- ba e da palavra. C onsidera- se encontro consonantal a realização de duas consoantes na m esm a sílaba. E m português esses encontros só ocorrem Avaliação Fonológica da C riança / 39 em duas posições — IS IP e IS D P — e com a união de "plosiva ou fricati- va labial + líq u id a ". A im portância da descrição fonética decorre da relação existente entre a capacidade fonética e a capacidade fonológica. O prim eiro passo em toda análise lingüística deve ser a descrição fonética: se os sons não são produzidos, o contraste fonológico fica prejudicado. 2.3 — E X E M P LO A seguir, um exem plo de descrição fonética é apresentado com os dados do "Inform ante H ". Esses dados foram obtidos através do instru- m ento aqui proposto e aparecem na já referida "fich a de dados". O s da- dos do "Inform ante H " serão utilizados tam bém nos C apítulos 3, 4 e 5 para exem plificar a realização dos diferentes tipos de análises lingüísti- cas apresentadas neste livro. 1 S om ente não são com putadas co m o substituições aquelas decorrentes de "a ssim ila çã o " (ver 5 .1 .2 ), u m a vez que esse tip o de substituição não integra o sistem a fo n o ló g ico da criança p o is é derivada d o co n te xto lin g ü ístico . E x.: banana - [ m anãna J (b ' m por assim ilação nasal) 40 / Yavas, H ernandorena e Lam precht F IC H A D E D A D O S N om e: H Idade: 7 2 D ata da coleta: 9/87 O bs.: N o P A LA V R A R E A LIZ A Ç Ã O O B S . 1 abacaxi 2 andar 3 açúcar 4 * âncora 5 * antena 6 * arm ário 7 *azulejos 8 *banana banãna 9 banquinho pã ri kinu b - p 10 bicicleta bisiketa kl -> k b l - b 11 blusa busa z s b —> p 12 *b o lo polu b p 13 bolso pow su s s 14 borboleta 15 *botão potãw p 16 braço 17 brincar b i r) ku br -> b -> 18 brinquedo p i r) kedu br p -> 19 * cabelo kapelu b pI 20 cachorro ka o lu R 21 café kafE 22 calça kaw "a s -> s 23 cam isa 24 * cano 25 carro kalu R — I 26 *cham iné 27 chapéu sapecaAvaliação Fonológica da C riança / 41 N om e: H Idade: 7 2 D ata da coleta: 9/87 O bs.: N q P A LA V R A R E A LIZ A Ç Ã O O B S . 28 chave safi v — f 29 chinelo `sinelu 30 claro kalu k l -> k r -> 1 31 cobra koba br -> b 32 com er 33 criança k iã % kr->k s--> s 3 4 c ru z kus kr -> k s ->s 35 dedo tetu d -> t d -> t 36 dente tén~i d — t 37 dinheiro jinelu r--> I 38 disco V . : c s -+ i. 39 dirigir cirisTndu j --> c z --> s 40 dizer 41 dois toys d -> t s -> s 42 dragão dagãw dr— * d 43 escovar iskofa v -> f 44 *espelho ispelu s -> s A -> I 45 esperar is`pelãndu s -> s r -> I 46 '° estante 47 estrada istada s -> s tr ' t 48 estrela is tela s -> s tr -> t 49 feijão fesãw i-> s 50 flo r fo ff -> f r -+ iA 42 / Yavas H em andorena e Lam precht N om e: H Idade: 7 2 D ata da coleta: 9/87 O bs.: N 9 P A LA V R A R E A LIZ A Ç Ã O O B S . 51 floresta 52 fogão fo kã w g -> k 53 * fogo 54 *franja 55 frente 56 frio 57 fruta 58 fum aça fum aça s -> s 59 garrafa kalafa g k R I 60 gato katu g ---> k 61 geladeira se late la z -> s d -> t r - > l 62 globo 63 gram a 64 grande -• gãnji. ti kãn li gr -> g gr > k 65 guarda-chuva kadasuva g -> k r — k 66 igreja igeza gr --> g 67 janela 'anela z -> s 68 jornal 'ona w í - 69 lápis lapis s -> s 70 latir 71 livro I ivu vr -> v 72 m artelo m at e lu r -> cp 1 . 73 * m enino 74 m esa m eia z -> Z 75 m icrofone 76 nadar 77 nariz nalis r -> 1 s -> s Avaliação Fonológica da C riança / 43 N om e: H Idade: 7:2 D ata da coleta: 9 /8 7 O bs.: N 9 P A LA V R A R E A LIZ A Ç Ã O O B S . 78 *_navio 79 nuvem nufé9 v -> f 8 0 olhar 8 1 orelha oleia r I X -> 1 82 *ovo 8 3 palhaço paiasu A -> I s -> s 8 4 passarinho pasalinu s -> s r-> I 85 pedra peda dr -> d 8 6 peixe pesi 87 pescoço peskosu s -> s s -> s 88 *perna pena r -*q5 89 placa 9 0 planta p a ta p l -› p 91 * poltrona 92 *p o rta pata r -> çb 9 3 prato patu pr -> p 94 prego peku pr p 9 -> k 95 pular 9 6 quadro 97 rabo abu R -> q5 98 rádio ajyu R -> çb 99 relógio 100 *roda ada R -*0 101 sabonete saponeci b --> p 102 *saia saya s — s 103 *sapato sapatu s -* s 104 *sino sinu s -> s 44 / Yavas, H ernandorena e Lam precht N om e: H Idade: 7:2 D ata da coleta: 9/87 O bs.: N 9 P A LA V R A R E A LIZ A Ç Ã O O B S . , 105 sol "saw s -> s 106 soprar sopãndu s -> s pr-› p 107 * tam pa 108 tapete 109 televisão civizãw * z -> i 110 *telhado teladu i( -> 1 111 tesoura cisola z - s r-> I 112 tia /tio cia 113 tigre cigi gr -> g . 114 toalha 115 tocar 116 *torneira tonela r -> 0 r --> I 117 trator tato tr t 118 trem té9 tr -> t 119 *trilh o 120 vela -tela v -> f 121 verde veji r - 0 122 vidro 123 voar foa v -> f 124 zebra sepa z -> s br -> p 125 zoológico 126 barco paku b --> p r-> 0 127 brabo babu..papu br -> b br — p 128 bicho pis b p 129 cadeira katela d -> t r --> l 130 caderno katenu d -> t r -> 0 *P alavra polissílaba -+ trissílaba. Avaliação Fonológica da C riança / 3 N om e: H Idade: 7:2 D ata da coleta: 9/87 O bs.: N 9 P A LA V R A R E A LIZ A Ç Ã O O B S . 131 cavalo kafalu v — f 132 chego seku g -> k 133 chorando solãndu r -> 1 134 desenho tezefiu d — t 135 dorm ir tu m i d -> t r -> ¢ 136 escolher iskoA e 137 era e la r -> 1 138 frigideira fisitela fr -> t i-> 'í r -> l 139 gosto g A tu ^- k3"stu s ->s g -> k 140 gigante sigãnci i-> 141 ganhei kãney g -> k 142 preso pesu pr -> p i' -> 143 sofa B ofa s -> 144 são sã w s -- 145 vez fes v - f 146 veio feyu v — * f 147 vejo fe'su v -> f 1 -> s 4.6 / Yavas, H ernandorena e Lam precht FICHA DF-1 aL LC/7 L L ❑ LU L ULU~U aoN LUU ❑ Co_L O❑o L0 CL C L LC❑><n L C . C - >N T y > N T N _ L O~ O O 0 ❑ ❑OO C 1~ w-aU LO OQL L Oi-~ O O E . O L0 N m C L L L L C L _C) "O > H N , T N cC E c )c > U J Avaliação Fonológica da Criança / 47 N om e: H D ata: 9/87 F IC H A D F -2 IN V E N T Á R IO FO N É TIC O Idade: 7 : 2 labial dent/alv Pal Velar outro plosiva p b t d k g fricativa f v s z s z africada c .1 nasal m n R líquida la t I Á não-lat. r glide w y w outro 48 / Yavas, H em andorena e Lam precht R E A LIZ A Ç Õ E S D O S E N C O N TR O S IS IP IS D P C (1) E C cP E P I- 1 P1 pr P P I br bl— P r b PI bl b I tr t r . t i— tidr d I d I kr k I— kI kl9 ~ k I9 r gr k I glfr f I fl f I vr v l Avaliação Fonológica da Criança / 49 3 A nálise contrastiva A aquisição de um a língua im plica o dom ínio de duas capacidades: a fonética (referente à realização dos sons) e a fonológica (referente ao em prego dos sons com valor contrastivo). O s fonem as são unidades dis- tintivas em um a língua, isto é, que têm a propriedade de distinguir signi- ficados. A ssim , diz-se que /f/ e /v/ são fonem as do português porque contrastam palavras de significados diferentes. E x.: /fala/ e /vala/. O s fonem as são representados graficam ente entre barras (/p /, /t/, /I/), dife- renciando-se das realizações fonéticas, as quais, com o já se verificou (C apítulo 2), aparecem entre colchetes. O sistem a fonológico de um a língua é o conjunto de seus fonem as, isto é, o grupo relativam ente pequeno de sons que são em pregados com valor distintivo. A fonologia é a ciência que estuda os fonem as e a m a- neira com o eles se organizam e se relacionam , além das regras a que es- tão sujeitos a fim de form arem unidades lingüísticas m aiores, com o as sílabas e as palavras. P ara adquirir um a língua, a criança tem de dom inar o inventário fonético e o sistem a fonológico considerados com o padrão, isto é, a norm a encontrada na m édia do falante adulto de sua com unidade lin- güística. É o fato de com partilhar-se o m esm o inventário fonético e o sistem a fonológico que perm ite a com unicação lingüística. V erifica-se um desvio lingüístico quando há deficiências de natureza fonética e/ou fon ol ógica. S endo as capacidades fonética e fonológica diferentes, pode ocor- rer que um a criança com capacidade fonética plena apresente problem as fonológicos, isto é, problem as quanto ao em prego adequado da organi- zação do sistem a fonológico da sua língua. 50 / Yavas, H ernandorena e Lam precht U m desvio é puram ente fonético quando sons individuais são arti- culados incorretam ente, m as o sistem a fonológico (o sistem a de contras- tes) perm anece intacto. Esse tip o de desvio norm alm ente tem um a cau- sa orgânica identificável, isto é, um a base física ou m ecânica. U m desvio é do tip o fonológico quando o sistem a de contrastes do falante falha na correspondência com o do adulto norm al, isto é, o pa- drão da com unidade lingüística. N ão há dúvidas de que um desvio de base física pode causar m odificações no sistem a fonológico, m as tam - bém há desvios fonológicos sem qualquer etiologia aparente; é esse tipo de problem a que, com o já fo i referido (C apítulo 1), recebe o nom e de "desvio fonológico evolutivo". A criança com desvio fonológico evo- lutivo, em bora sem problem a orgânico detectável, caracteriza-se por apresentar um sistem a fonológico diferente da norm a, podendo tam bém apresentar um inventário fonético incom pleto em relação ao padrão da sua com unidade lingüística. Q uando são detectadas deficiências fonéti- cas e fonológicas, a terapia tem de auxiliar a criança a "co n stru ir" os sons usados na língua e, para resolver o problem a fonológico, tem de "trabalhar na organização dos fonem as", os quais estabelecem o sistem a de unidades contrastivas daquela língua. 3.1 — F U N D A M E N T O S D A A N A LIS E C O N T R A S T IV A A análise contrastiva é um procedim ento que, para detectar um desvio fonológico, tem com o princípio básico a com paração do sistem a da criança com o sistem a padrão, que é o alvo a ser adquirido. S abendo-se que m esm o a criança com deficiência fonológica apre- senta um sistem a — as suas produções não são aleatórias, m as consisten- tes e sistem atizadas (C apítulo 1) — , tem -se de verificar de que form a esse sistem a que lhe é próprio se relaciona com o sistem a padrão, ou seja, é preciso verificar quais as m odificações que a criança produz nesse sistem a padrão, ao qual ela está constantem ente exposta pelo contato com outras pessoas da com unidade em que está inserida. O fundam ento da análise contrastiva, portanto, é a com paração do sistem a da criança com o sistem a alvo, o qual ela tem de adquirir para conseguir com uni- car-se adequadam ente. Essa com paração, no entanto, não se faz entre tipos de pronúncias individuais nem se restringe a determ inadas pala- vras; a com paração é feita entre a form a de organização de dois sistem as fonológicos: o da criança e o padrão da sua com unidade lingüística. Para essa com paração, a análise contrastiva avalia tanto o inventário fo- nético com o o sistem a de fones contrastivos (sistem a fonológico). C onsidera-se o seguinte o inventário fonético padrão para as con- soantes do português (com base na região brasileira em que foram reali- zadas as pesquisas destes autores): Avaliação Fonológica da C riança / 51 P LO S IV A F R IC A T IV A A F R IC A D A N A S A L LA T LIQ U ID A N Ã O L A T G LID E w D E N T /A LV t d 5 Z nr c nv Q uadro 1 — Inventário fonético padrão dos segm entos consonantais do português Esse inventário fonético registra a tendência m arcante, em m uitas regiões do B rasil, à palatalização de [ t ] e [ d ] antes de [ i ], que se tra- duz nestas regras: (a) t -- c / — i (b) d - j / — i O cham ado "r fo rte " realiza-se com o fricativa velar, representado pelo sím bolo [ R ]. Sabe-se que o "r fo rte " do português apresenta di- ferentes variantes fonéticas. E scolheu-se aqui representá-lo pelo sím bo- lo [ R ] — em bora no A lfabeto F onético Internacional essa seja a m arca da líquida uvular surda — pela relação visual que possibilita estabelecer- se com o "r fraco", representado por [ r ]. A literatura não tem conse- guido unanim idade na representação do "r fo rte " e m uitos são os casos do em prego do sím bolo [ R ] em estudos sobre o português. A ssim , nes- te m anual, [ R ] é usado para representar qualquer das variantes fonéti- cas do "r fo rte ": [ x ], [ y ], [ X ], [ ts ], [ h ]. C onseqüentem ente, o sím - bolo entre barras /R / representa o fonem a do português que pode apre- sentar todas essas diferentes realizações fonéticas. Esse quadro resum e o inventário fonético do português e os sím - bolos aqui apresentados são os que devem ser utilizados na transcrição fonética da linguagem das crianças. N o entanto, tem -se de salientar que, quando há a produção de vogais nasalizadas no FS D P , aparece um tra- vam ento nasal, que apresenta as variações alofônicas [ n ], [ m ] e [ r] ], 52 / Yavas, H ernandorena e Lam precht dependendo da consoante que as seguem (respectivam ente: dental/al- veolar, bilabial e velar). E xem plos: tanto tam pa sanga [ tãntu ] [tãm pa] [ sãrlga ] N o FS FP , as vogais nasalizadas se ditongam , com exceção da vogal /a/. E xemplos. lã [lã ] tem [ téy ] som [ sõw ] O sistem a fonológico padrão deve ser proposto, a fim de atender m ais eficazm ente a objetivos clínicos, a partir de um a abordagem polis- sistêm ica (G runw ell, 1982), a qual, em lugar de apenas listar os fonem as da língua, estabelece o conjunto de fones contrastivos, considerando o seu em prego em relação às possibilidades de funcionam ento na estrutu- ra da sílaba e da palavra. A im portância dessa abordagem já fo i confir- m ada em pesquisas que com provaram um tratam ento diferenciado dos fonem as em decorrência da posição na estrutura da sílaba e da palavra (C apítulo 1). C om relação ao "r fo rte ", em bora no inventário fonético esteja ca- tegorizado com o fricativa velar, no sistem a de fones contrastivos é con- siderado com o líquida, pois o com portam ento fonológico de /R / identi- fica-se com o das líquidas. E m razão de polêm icas geradas em torno das nasais, essas não fo- ram consideradas em posição final. N a região das pesquisas dos autores, assim com o em m uitas regiões do B rasil, o sistem a padrão dos fones contrastivos consonantais não apresenta /I/ no FS D P e no FS FP , porque, nessas posições, há a sua se- m ivocalização, aplicando-se a regra: E xs.: F O R M A E S C R IT A T R A N S C R . F O N . I -> w / — [ # alto sol [ aw tu ] [ spw Avaliação Fonológica da C riança / 53 m cc )N zc -o N 4-4 C _C2 >~ E LrY N -O~-+ C .n E L L 0C f) L L 54 / Yavas, H ernandorena e Lam precht Logo, esse sistem a fonológico deve incluir /I/ nas referidas posições som ente quando é feita a análise de com unidades que utilizam essa va- riante lingüística. O fone contrastivo /s/ em FS D P e FS FP realiza-se com o [ s ] antes de consoante [ — sonora ] e com o [ z ] antes de consoante [ + sonora ] ou antes de vogal. E xs.: F O R M A E S C R IT A T R A N S C R IÇ Ã O F O N É T IC A festa [fe sta ] fantasm a [ fã ntazm a] E m algum as regiões do B rasil, nesses dois contextos referidos, /s/ apresenta, respectivam ente, os alofones [ s` ] e [ z ]. 3.2 — P R O C E D IM E N T O S P A R A A A N A LIS E C O N T R A S T IV A Para a realização da análise contrastiva, utilizam -se quatro fichas (duas de descrição fonética e duas de análise fonológica): F IC H A 1 — R ealizações dos segm entos consonantais. É a ficha D F-1, isto é, a prim eira ficha usada na descrição fonética (ver C apítulo 2); F IC H A 2 — Inventário fonético e realizações de encontros. É a fi- cha D F -2, isto é, a segunda ficha usada na descrição fonética (ver C apí- tulo 2); F IC H A 3 — V ariabilidade de produção. É a prim eira ficha da análi- se contrastiva (A C -1): contém o registro das ocorrências e possibilidades das substituições e om issões realizadas pela criança, com o cálculo das percentagens, e com a diferenciação das posições relativam ente à estru- tura da sílaba e da palavra; F IC H A 4 — S istem a de fones contrastivos. E a segunda ficha da análise contrastiva (A C -2 ): contém o sistem a fonológico em pregado pela criança, registrando os contrastes, as substituições e as om issões por ela produzidos, discrim inando-se as posições quanto à sílaba e à palavra. O preenchim ento da ficha A C -2 é fe ito com a observação das fi- chas anteriores e, quanto às substituições e om issões, de acordo com a ficha A C -1, segue-se este crité rio : (1) acerto in fe rio r a 50% — a criança não possui o fone contrasti- vo; registra-se o fone que o substitui ou, se fo r o caso, o sím bolo de om issão ((t) ). (2) acerto de 51% a 75% — a criança possui o fone contrastivo em concorrência com o que o substitui; registram -se os dois ou três fo- nes contrastivos concorrentes. Avaliação Fonológica da C riança / 55 (3) acerto de 76% a 85% — a criança já adquiriu o fone contras- tivo ; registra-se, agora entre parênteses, o fone ainda em pregado em sua substituição. (4) acerto de 86% a 100% — o fone contrastivo fo i efetivam ente adquirido pela criança. 3.3 — E X E M P LO U m exem plo da realização da análise contrastiva é apresentado a p a rtir da descrição dos dados do "In fo rm a n te H ". Lem bram os que os prim eiros passos para essa análise são: aplicação do instrum ento e registro da produção lingüística da criança na ficha de dados. D epois tem de ser feita a descrição fonética através do uso das fichas D F -1 e D F -2. A seguir, então, são usadas as fichas A C -1 e A C -2. 56 / Yavas, Hernandorena e Lam precht FICHA DF-1 - REALIZAÇÕES DAS CONSOANTES FSFP Lu E>~, -e- L U — ._ FSDP w CN>~ -e. N ❑ U L 6 . oN LyJ CO . (9 CY f CN> 4., L C T r.,,,.. , C — V> v> C— — E0 O 6 — $u s L is s i(9 L C L N ❑ L - ❑ _ L S 0 0 - - 0 ❑ C O aV7 Lu P01 II 0 0 0 L0 — ❑,c., L><.., $ C v L6IL L ❑IS — C - - S L L L C — O _ _CD a Q > T V > > N CC E C !C — > U > . Avaliação Fonológica da Criança / 57 N om e: H D ata: 9/87 F IC H A D F -2 IN V E N T Á R IO FO N É TIC O Idade: 7:2 labial dent/alv pai velar outro plosiva p b t d k g fricativa f v s z i africada c J nasal m n n líquida lat. I Á não-lat. r glide w y w outro R E A LIZ A Ç Õ E S D O S E N C O N TR O S IS IP ISD P C (/) E C (P E pr P f1 P pl P I br b f- P I- b I P I bl b I tr tf- tI- tldr d l d I kr k l-- kl k I k I gr g I k I g l- gifr f I fl f I vr v I 58 / Yavas, H ernandorena e Lam precht F IC H A A C -1 N om e: H Idade:7: 2 V A R IA B ILID A D E IS IP IS D P T O T A L D E P R O D U Ç Ã O O c/Poss % O c/Poss % O c/Poss % b ~ b P 2/8 6/8 25% 75% 2/5 3/5 40% 60% 4/13 9/13 30,8% 69,2% d 0/5 O 9/14 64,3% 9/19 47,4% d ~ t 5/5 100% 5/14 35,7% 10/19 52,6% ~11"- g 1 /6 16,7% 2/5 40% 3/11 27,3% g ~ ~ k 5/6 83,3% 3/5 60% 8/11 72,7% 1 /6 16,7% 2/6 33,4% 3/12 25% ~ ~ v v ~ ~ f 5/6 83,3% 4/6 66,6% 9/12 75% s 1/8 12,5% 0/8 O 1/16 6,2% s < s 7/8 87,5% 8/8 100% 15/16 93,8% z 0/1 O 1/6 16,7% 1/7 14,3% s 1/1 100% 0/6 O 1/7 14,3% Z 0/1 O 2/6 33,3% 2/7 28,6% z 0 /1 O 3/6 50% 3/7 42,8% Z' 0/4 O 1/5 20% 1/9 11,1% z s 4/4 100% 3/5 60% 7/9 77,8% s 0/4 O 1/5 20% 1/9 11,1% I 0/3 O 3/3 100% 3/6 50% R 0 ~ 3/3 100% 0/3 O 3/6 50% Á 1/5 20% 1/5 20% Á I 4/5 80% 4/5 80% r . rI 1/13 12/13 7,7% 92,3% 1/13 12/13 7,7% 92,3% J 1/3 33,4% 4/4 100% 5/7 71,4% l < d 2 /3 66,6% 0/4 O 2/7 28,6% FS D P FSFP T O T A L O c/Poss % O c/Poss % O c/Poss % s 2/10 20% 1/5 20% 3/15 20% s . < s 8/10 80% 4/5 80% 12/15 80% 10/10 100% 2/2 100% 12/12 100% r -..0 .-0 Avaliação Fonológica da Criança / 59 N om e: H D ata: 9 /8 7 IS IP A C -2 — S IS T E M A D O S FO N E S C O N T R A S T IV O S Idade: 7:2 pp p(b) t t d t kk gk(g) ff vf(v) ss zs ss z m m n n I I R ~ IS D P p b t d k p pb t td k kg ff vfv ss zs z (z) s z s) m m n n n n I I ti 1(Á ) R r 1 FS D P FS FP 0 5 s (s) r O " O s quadros referentes a / 1/ no FSD P e na FS FP devem ser desconsiderados nas variantes do português em que há a sua sem ivocalização. 60 / Yavas, H ernandorena e Lam precht F IC H A D F -2: O inform ante H apresenta um inventário fonético quase com pleto, só diferenciando-se do inventário padrão por não apresentar a fricativa velar [ R 1. O inform ante não produz qualquer encontro consonantal. F IC H A A C -1: O quadro referente à variabilidade de produção m ostra todos os desvios encontrados na linguagem de H — substituições e om issões — com a discrim inação das realizações com referência às diferentes posições na estrutura da sílaba e da palavra e as percentagens de sua ocorrência, o queperm ite o estabelecim ento do sistem a de fones contrastivos do in- form ante. Esse quadro apresenta o registro das ocorrências e possibilida- des de ocorrência e não só as percentagens para conduzir a conclusões m ais seguras: a percentagem de 75% de um a substituição, por exem plo, pode ter m ais significação com o esclarecim ento de que houve 15 ocor- rências em 20 possibilidades do que no caso de 3 ocorrências em 4 pos- sibilidades — o m aior núm ero de possibilidades leva sem pre a um a afir- m ação m ais segura, elim inando as probabilidades do acaso. A coluna "T O T A L " dem onstra a im portância da discrim inação das posições em relação à estrutura da sílaba e da palavra pois, se olhássem os som ente as percentagens totais, o estabelecim ento do sistem a fonológico de H se- ria diferente. F IC H A A C -2: O sistem a de fones contrastivos de H é bem diferente do padrão, em bora seu inventário fonético esteja praticam ente com pleto, o que com prova que a capacidade fonológica independe da capacidade foné- ti ca. A im portância do em prego da abordagem polissistêm ica, isto é, da diferenciação dos fones contrastivos de acordo com a estrutura da síla- ba e da palavra, tam bém é facilm ente com provada pelos dados de H : as plosivas são produzidas com m aior adequação no IS D P do que no IS IP ; o /R / é om itido no IS IP e é substituído por /I/ no IS D P ; a fricativa la- bial /v/ recebe o m esm o tratam ento das plosivas; /s/ com eça a ser pro- duzido no IS IP e no IS D P . O s problem as do sistem a fonológico de H são a seguir resum idos. A s plosivas e fricativa labial apresentam problem as de sonoridade no IS IP . A s fricativas coronais — /s/, /z/, r/, /z/ — são um grande problem a para H . E m bora /z/ e /2"/ n o IS IP tenham tratam ento sem elhante a /v/ — são substituídos pelos correspondentes fonem as fricativos surdos — , no IS D P todas as fricativas coronais apresentam variabilidade de produção, com exceção de /s/, que é a fricativa coronal preferida por H , a qual é em pregada para substituir todas as outras. O problem a de sonoridade tam bém existe entre as fricativas coronais. Avaliação Fonológica da C riança / 61 Q uanto ao em prego das líquidas, vê-se o uso predom inante de /I/ — única líquida com produção adequada — para substituir todas as outras líquidas, inclusive /R /, com provando o seu funcionam ento nessa classe de fonem as. A única exceção é referente a /R / no IS IP , posição em que é elim inado ao invés de substituído. N o final de sílaba, seja FS D P ou FS FP , há a ausência de /r/ em 100% das possibilidades e o uso predom inante de /s/ em substituição a /s/ nas duas posições, com o já havia sido observado no IS IP e no IS D P .A inteligibilidade da fala de H é prejudicada pela plurivalência dada a alguns fones contrastivos: /s/ é em pregado para substituir /s/, /z/ e /z /; /I/ é em pregado para substituir todas as outras líquidas: /R /, /r/e /,c /. 62 / Yavas, H em andorena e Lam precht 4 A nálise de traços distintivos O s sons da língua não são segm entos indivisíveis, m as, ao contrá- rio, são o resultado do conjunto de propriedades que caracterizam a sua produção. E x.: /p / - — soante * 1 — silábico + consonantal — contínuo — m etástase retardada — nasal — lateral + anterior — coronal — alto — posterior — sonoro — estridente L _ Essas unidades m ínim as que se unem para a com posição de um segm ento da língua são os traços distintivos. C ada som é, pois, o con- junto de propriedades ou traços o qual, de form a coocorrente, o identi- fica e o distingue de todos os outros sons. O s traços distintivos têm três funções básicas: 1 O anexo 4.3.1 apresenta a m atriz dos segm entos consonantais do português segundo o m o- delo de C hom sky & H alle (19681, e o 4.3.2, as definições de cada traço d istin tivo . Avaliação Fonológica da C riança / 63 (a) descrever as propriedades articulatórias e/ou acústicas que en- tram na com posição do som ; (b) diferençar itens lexicais; (c) agrupar os sons em classes naturais, isto é, grupos de sons que m antêm correlação entre si e que sofrem as m esm as m udanças fonológi- cas. A o preencher a prim eira dessas funções, os traços distintivos na verdade apresentam , de um a form a m u ito m ais especificada, aquelas três categorias fonéticas básicas: de m odo de articulação, ponto de arti- culação e sonoridade. A observância da definição dos traços distintivos segundo o m odelo de C hom sky & H alle (1968) — m odelo aqui tom ado com o base para a análise (ver A nexo 4.3.2) — facilm ente leva à identifi- cação do seu enquadram ento nas referidas categorias ou o relaciona- m ento existente entre eles: C A T E G O R IA F O N É T IC A — M odo de articulação — P onto de articulação — S onoridade T R A Ç O S D IS T IN T IV O S contínuo m etástase retardada nasal lateral estridente anterior coronal alto posterior son oro O s traços [ soante ], [ silábico ] e [ consonantal ] são cham ados por C hom sky & H alle de traços de classes principais (1968, p. 301-2) em virtude de, atendendo aos esquem as básicos dos m odos de articulação, serem capazes de estabelecer a principal divisão dos sons da fala: vogais, consoantes, obstruintes, soantes, glides e líquidas. A s três referidas funções exercidas pelos traços distintivos m os- tram a im portância da subdivisão dos sons da fala em unidades m enores. O s estudiosos da fonologia sentiram a necessidade de abrir os sons e seg- m entá-los em unidades m ínim as distintivas porque a divisão tradicional em "consoantes" e "vogais" não é capaz de revelar aspectos fundam en- tais responsáveis pelo funcionam ento de um a língua, com o, por exem - plo, processos de assim ilação, distâncias fonéticas e a existência dos cha- m ados sons interm ediários (entre consoantes e vogais), que são as líqui- das e os gl i des. Pode-se exem plificar a im portância do em prego dos traços distinti- vos com um processo assim ilatório m u ito com um no português: 64 / Yavas, H ernandorena e Lam precht t ~ - > / — [i] Y d 1 Leia-se: as consoantes t e d passam respectivam ente para c e jantes da vogal i. U sando-se os sons sem subdividi-los em traços distintivos, não há com o verificar a razão ou a naturalidade dessa m udança. N o entanto, em pregando - se os traços distintivos tem -se que: — soante — contínuo —+ m et. ret. + anterior + coronal — alto — posterior P ortanto, as — anterior + coronal + alto alta — posterior ->plosivas soante contínuo m e t ret. anterior coronal alto posterior + anterior + coronal — alto + soante + silábico + alto — posterior passam para africadas (pois não há plosivas [— a n te rio rl ) antes de vogal + coronal 1 C om relação às noções de distância ou sim ilaridade fonética, essas tam bém só podem ser explicitam ente estabelecidas com base nos traços distintivos: dois sons são m uito sem elhantes ou m uito diferentes, depen- dendo do núm ero de traços distintivos que têm em com um . A ssim , ob- servando-se a m atriz dos segm entos consonantais do português (A nexo 4.3.1), pode-se com provar que [ I ] e [ r ] são m uito sem elhantes (daí serem substituídos entre si por m uitas crianças), enquanto [ t ] e [ /~ ] apresentam grande distância fonética (o que tom a im provável urna subs- tituição entre eles). O s traços distintivos, portanto, m ostram que os sons da fala não sofrem m udanças aleatoriam ente: os processos a que estão sujeitos os segm entos ocorrem em consonância com os grupos a que pertencem de acordo com os traços distintivos que os com põem ; a esses grupos dá-se o nom e de classes naturais. F oi a incapacidade de a fonética e a fonologia
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