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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/298972398 Ação da vitamina C no processo de coagulação Article · January 2010 CITATIONS 0 READS 3,663 3 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: PRP for venous leg ulcer treatment View project Systematic review and meta-analysis in manikins, comparing Direct laryngoscopy versus insertion of supraglottic airway devices performed by health professionals wearing personal protective equipment level C. View project Ana Lígia Ceolin Alves Federal University of Minas Gerais 4 PUBLICATIONS 18 CITATIONS SEE PROFILE Magali Carvalho Loyola University Medical Center 33 PUBLICATIONS 112 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Magali Carvalho on 20 March 2016. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/298972398_Acao_da_vitamina_C_no_processo_de_coagulacao?enrichId=rgreq-c56e96e09c7425e17f6e75a89c095195-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI5ODk3MjM5ODtBUzozNDE1MTMyMTQxNTI3MThAMTQ1ODQzNDUwMzk0OQ%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/298972398_Acao_da_vitamina_C_no_processo_de_coagulacao?enrichId=rgreq-c56e96e09c7425e17f6e75a89c095195-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI5ODk3MjM5ODtBUzozNDE1MTMyMTQxNTI3MThAMTQ1ODQzNDUwMzk0OQ%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/PRP-for-venous-leg-ulcer-treatment?enrichId=rgreq-c56e96e09c7425e17f6e75a89c095195-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI5ODk3MjM5ODtBUzozNDE1MTMyMTQxNTI3MThAMTQ1ODQzNDUwMzk0OQ%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Systematic-review-and-meta-analysis-in-manikins-comparing-Direct-laryngoscopy-versus-insertion-of-supraglottic-airway-devices-performed-by-health-professionals-wearing-personal-protective-equipment-l?enrichId=rgreq-c56e96e09c7425e17f6e75a89c095195-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI5ODk3MjM5ODtBUzozNDE1MTMyMTQxNTI3MThAMTQ1ODQzNDUwMzk0OQ%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-c56e96e09c7425e17f6e75a89c095195-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI5ODk3MjM5ODtBUzozNDE1MTMyMTQxNTI3MThAMTQ1ODQzNDUwMzk0OQ%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Ana-Alves-23?enrichId=rgreq-c56e96e09c7425e17f6e75a89c095195-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI5ODk3MjM5ODtBUzozNDE1MTMyMTQxNTI3MThAMTQ1ODQzNDUwMzk0OQ%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Ana-Alves-23?enrichId=rgreq-c56e96e09c7425e17f6e75a89c095195-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI5ODk3MjM5ODtBUzozNDE1MTMyMTQxNTI3MThAMTQ1ODQzNDUwMzk0OQ%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Federal-University-of-Minas-Gerais?enrichId=rgreq-c56e96e09c7425e17f6e75a89c095195-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI5ODk3MjM5ODtBUzozNDE1MTMyMTQxNTI3MThAMTQ1ODQzNDUwMzk0OQ%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Ana-Alves-23?enrichId=rgreq-c56e96e09c7425e17f6e75a89c095195-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI5ODk3MjM5ODtBUzozNDE1MTMyMTQxNTI3MThAMTQ1ODQzNDUwMzk0OQ%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Magali-Carvalho?enrichId=rgreq-c56e96e09c7425e17f6e75a89c095195-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI5ODk3MjM5ODtBUzozNDE1MTMyMTQxNTI3MThAMTQ1ODQzNDUwMzk0OQ%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Magali-Carvalho?enrichId=rgreq-c56e96e09c7425e17f6e75a89c095195-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI5ODk3MjM5ODtBUzozNDE1MTMyMTQxNTI3MThAMTQ1ODQzNDUwMzk0OQ%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Loyola_University_Medical_Center?enrichId=rgreq-c56e96e09c7425e17f6e75a89c095195-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI5ODk3MjM5ODtBUzozNDE1MTMyMTQxNTI3MThAMTQ1ODQzNDUwMzk0OQ%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Magali-Carvalho?enrichId=rgreq-c56e96e09c7425e17f6e75a89c095195-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI5ODk3MjM5ODtBUzozNDE1MTMyMTQxNTI3MThAMTQ1ODQzNDUwMzk0OQ%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Magali-Carvalho?enrichId=rgreq-c56e96e09c7425e17f6e75a89c095195-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI5ODk3MjM5ODtBUzozNDE1MTMyMTQxNTI3MThAMTQ1ODQzNDUwMzk0OQ%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf 161 Enfermagem BRASIL Maio / Junho 2010;9(3) Revisão Ação da vitamina C no processo de coagulação Ana Alves Macedo*, Beatriz G. R. B. de Oliveira, D.Sc.**, Magali Rezende de Carvalho*** *Mestranda do Programa de Pós-graduação em Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense, Enfermeira do Instituto Nacional do Câncer (INCA),**Professora Titular da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense, *** Bolsista de IC/FAPERJ, Acadêmica de Enfermagem do 7º período da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense Resumo O objetivo deste estudo foi identifi car a ação da vitamina C no processo de coagulação descrita na literatura. O método utilizado foi a revisão integrativa de literatura. Foram encontrados 51 estudos, 9 foram selecionados por fazerem correlação entre o processo de coagulação e a vitamina C, que foram publicados no período de 1997 a 2008, e estavam indexados nas bases de dados Lilacs, Scielo, Medline e PubMed. Os resultados apontam que dos nove artigos selecionados, quatro indicavam a ação da vitamina C no fator von Willebrand (vWF); três no ativador do plasminogênio tissular (t-PA); dois no inibidor do ativador do plasminogênio tipo 1 (PAI-1); um na agregação plaquetária, e quatro não evidenciaram sua ação no processo da coagulação. Portanto, apesar da efi cácia na prática clínica, não existem estudos que comprovem ação da vitamina C na coagulação, sendo que os resultados encontrados tratam da vitamina C como antioxidante. Palavras-chave: ácido ascórbico, coagulação sanguínea, fi brinólise. Abstract The action of vitamin C in the coagulation process Th e objective of this study was to identify the action of vitamin C in the coagulation process described in literature. Th e method used was the integrative review of literature. We found 51 studies published from 1997 to 2008 and indexed in Lilacs, Scielo, PubMed and Medline databases; however we selected only 9 because they reported correlation between coagulation process and vitamin C. Th e results based on the nine articles showed that four indicated the action of vitamin C in von Willebrand factor (vWF), three in tissue plasminogen activator (t-PA), two in plasminogen activator inhibitor type 1 (PAI-1), one in platelet aggregation, and four did not demonstrate any action of vitamin C in the coagulation process. Th erefore, despite the eff ectiveness in clinical practice, there were no studies showing action of vitamin C in coagulation, and the results of the studies considered the vitamin C as antioxidant. Key-words: ascorbic acid, blood coagulation, fi brinolysis. Artigo recebido em 6 de julho de 2009; aceito em 10 de maio de 2010. Endereço para correspondência: Magali Rezende de Carvalho, Rua Clarice Índio do Brasil, 34, Botafogo 22230-090 Rio de Janeiro RJ, Tel: (21) 8810-5346. E-mail: magalirecar@gmail.com, amacedo@inca.gov.br, magalirecar@gmail.com 162 Enfermagem BRASIL Maio / Junho 2010;9(3) Introdução Os cateteres venosos são dispositivos utilizados amplamente em todo o mundo, podendo ser de curta ou de longa permanência, são utilizados com frequência em pacientes com doenças oncológicas que necessitam ser submetidos a uma abordagem terapêutica complexa que envolve o uso de quimio- terapia. Além dessas indicações que possibilitam a realização de tratamentos endovenosos, os cateteres venosos centrais de longa permanência (CVCLP) têm outra função não menos importante, que é a de contribuir para a diminuição do estresse diáriodecorrente da dor causado pelas múltiplas punções sofridas pelos pacientes [1]. Sua durabilidade está relacionada a complica- ções precoces ou tardias, como a oclusão, a trombose venosa profunda e a infecção sistêmica, podendo acar- retar em sua retirada [2]. Fato este, que traz prejuízo tanto para o paciente, que poderá ter o seu tratamento prejudicado, pois terá que ser submetido à outra cateterização, quanto para a Instituição, pois estes dispositivos apresentam custo de colocação elevado. Portanto, verifi camos uma tendência mundial onde se faz necessário a presença de equipes de enfermeiros especializada em terapia intravenosa, contribuindo com a qualidade do serviço oferecido à população [3]. Na tentativa de recuperar a funcionalidade dos cateteres, é necessário o uso de um agente trombolí- tico, porém este medicamento apresenta alto custo, risco de sangramento e de choque anafi lático. Há mais de uma década, enfermeiras de um hospital oncológico do Rio de Janeiro têm utilizado a Vi- tamina C empiricamente como droga de primeira escolha para desobstruir cateteres de longa e curta permanência, obtendo resultados bastante satisfató- rios. Um estudo retrospectivo de 5 anos mostrou que de 60 cateteres que apresentaram obstrução total, 57 foram desobstruídos com o uso de Vitamina C intra-lúmen [4]. A vitamina C ou o ácido ascórbico (AA) ou o ácido L ascórbico é uma vitamina de baixo custo e sem efeitos colaterais relevantes. Alguns estudos afi rmam que a ingestão diária de altas doses de vitamina C pode estar associada ao tratamento e profi laxia de outras doenças além do escorbuto, como gripe e câncer [5]. Além disso, a vitamina C tem sido apontada como a chave moduladora do estado oxidativo das plaquetas, pois tanto estas quanto os eritrócitos contém ácido áscorbico [1]. Uma função do AA em nível tecidual está rela- cionada à síntese de colágenos e outros constituintes orgânicos de matriz extracelular em diversos tecidos, além de ser considerada um potente antioxidante que tem capacidade de agir in vivo e in vitro [5-7]. Em relação ao processo hemostático, ainda não foi escla- recida sua atuação, porém estudos realizados em ratos mostram que a administração de vitamina C junto à vitamina E, foi capaz de reduzir a agregação plaquetária e atrasar o tempo de formação do trombo [8]. Outros estudos destacam o fato de eventos hemorrágicos terem sido rapidamente revertidos com o uso de vitamina C, provavelmente causada por defeito na integridade vas- cular relacionada com formação imprópria do colágeno e não com fatores de coagulação [9]. A hemostasia é um processo fi siológico en- volvido com o controle de sangramento quando ocorre lesão vascular [10,11]. O sistema hemostático Resumen Acción de la vitamina C en el proceso de coagulación El objetivo de este estudio fue identifi car la acción de la vitamina C en el proceso de coagulación descrita en la literatura. El método utilizado fue la revisión integral de la literatura. Se encontraron 51 estudios que estaban indexados en las bases de datos Lilacs, Scielo, Medline y PubMed y publicados entre 1997 y 2008, no obstante, solo 9 fueron seleccionados por hacer correlación entre el proceso de coagulación y vitamina C. Los resultados muestran que de los nueve artículos seleccionados, cuatro indicaban la acción de la vitamina C en el factor de von Willebrand (vWF); tres en el activador tisular del plasminógeno (t-PA); dos en el inhibidor de activador de plasminógeno tipo 1 (PAI-1), uno en la agregación plaquetaria, y cuatro no mostraron su acción en el proceso de coagulación. Por lo tanto, a pesar de la efi cacia en la práctica clínica, no hay estudios que comprueben la acción de la vitamina C en la coagulación, y los resultados encontrados tratan de la vitamina C como antioxidante. Palabras-clave: ácido ascórbico, coagulación sanguínea, fi brinólisis. 163 Enfermagem BRASIL Maio / Junho 2010;9(3) é complexo e compreende uma rede de enzimas ativadoras e inativadoras e co-fatores derivados de células e tecidos, alguns circulantes e alguns produ- zidos localmente [12]. Assim, hemostasia normal é o resultado de um complexo equilíbrio entre dois sistemas que atuam na coagulação do sangue, o pró- coagulante e o anticoagulante. O primeiro induz a formação do trombo; enquanto que o segundo inibe a sua formação [13,14]. A trombose é considerada o oposto patológico à hemostasia que pode ser causada por uma ativação inapropriada dos processos hemostáticos normais, tal como a formação de um coágulo sanguíneo (trombo) na vasculatura não lesionada ou oclusão trombolítica de um vaso após uma lesão relativa- mente pequena [12]. A TVP pode ser assintomática em 26% a 66% de pacientes com CVC. Esta pode ser estimulada pela simples presença do CVC, que ao ser inserido dispara os mecanismos envolvidos no processo de coagulação [15]. Para que ocorra a hemostasia, é necessário que uma série de processos aconteça. No momento em que acontece a lesão vascular, inicia-se a primeira etapa da coagulação e consequente vasoconstricção arteriolar re- duzindo o fl uxo sanguíneo [12]. Ao se iniciar a cascata de coagulação são ativados fatores como os vWF que liberam seus grânulos secretórios que rapidamente au- xiliam na agregação das plaquetas adicionais formando um tampão hemostático primário [12]. As plaquetas são pequenas células discóides que circulam livremente no plasma por cerca de 10 dias e contêm concentrações milimolares de ácido ascórbico [1,6,13]. Houve um estudo em que a vitamina C foi apontada como a chave moduladora do estado oxidativo das plaquetas [6]. Para a formação do coágulo há interações entre proteases plasmáticas e seus cofatores, quando seus precursores inativos são ativados em série, cada um deles origina uma quantidade maior do seguinte. A última enzima, a trombina realiza a conversão do fi brinogênio solúvel numa rede insolúvel de fi brina, na qual são retidos os eritrócitos, formando assim o coágulo [13]. No intuito de prevenir uma hemorragia adi- cional, os agregados plaquetários e a fi brina poli- merizada se unem para formar um tampão sólido permanente. Nesta etapa, a trombomodulina, a qual interage com a cascata de coagulação e os mecanis- mos contra-regulatórios, como a liberação do t-PA limita o processo hemostático ao local lesionado. Em contrapartida, o fl uxo normal de sangue é mantido pelas propriedades antiplaquetárias, anticoagulantes e fi brinolíticas endoteliais [13]. A coagulação sanguínea também é controlada pela fi brinólise. O sistema fi brinolítico dissolve os coágulos intravasculares em decorrência da ação da plasmina, enzima que digere a fi brina. O plasmino- gênio é convertido em plasmina, o t-PA é liberado das células endoteliais em respostas a diversos sinais, ligando-se à fi brina e convertendo o fi brinogênio em plasmina [16]. Existem dois distintos ativadores do plasmino- gênio: o t-PA e o ativador do plasminogênio tipo uroquinase (u-PA) [12,13-17]. Os dois ativadores têm alta especifi cidade de ligação com seu substra- to (plasminogênio) e promovem hidrólise de uma única fonte peptídica resultante na plasmina. Além disso, há inúmeros ativadores exógenos da fi brinó- lise, como a estreptoquinase [17]. O PAI-1 é uma serina protease inibidora, produzida pelo endotélio vascular com proprieda- des inibidoras do processo de fi brinólise através da inativação do t-PA [18]. O processo de fi brinólise é contra regulado pela presença dos inibidores do ativador do plasmino- gênio (PAI-1 e PAI-2), sendo que a principal ação desses fatores é inativar o t-PA, a 2-antiplasmina (2-AP) e a plasmina, interrompendo assim a cascata da fi brinólise. A efi cácia do t-PA e conse- quente degradação da fi brina são determinadas pelo equilíbrio relativo entre as concentrações de t-PA e a consequente inibição da formação do complexo contendo seu inibidor, o PAI-1 [16,19]. O t-PA e PAI-1 são potencialmente impor- tantesmediadores derivados do endotélio que estão intimamente ligados aos fatores de risco de ocorrência de trombose [20]. Níveis séricos de PAI elevados, frequentemente estão associados a um quadro clínico de aterosclerose [18]. O objetivo desta pesquisa é identifi car a produ- ção científi ca sobre a ação da vitamina C no processo de coagulação. Material e métodos Trata-se de uma revisão integrativa da literatu- ra, em que foram levantados publicações em livros e artigos científi cos sobre o tema. As bases de dados utilizadas foram Scielo, Lilacs, Medline e PubMed. Os seguintes descritores foram utilizados: fi brinólise, coagulação sanguínea, ácido ascórbico, fi brinolysis, blood coagulation e ascorbic acid. 164 Enfermagem BRASIL Maio / Junho 2010;9(3) Para seleção dos artigos foram adotados os se- guintes critérios de elegibilidade: apresentar o tema relacionado à ação do ácido ascórbico na coagulação ou na fi brinólise; estarem disponíveis na íntegra em bibliotecas nacionais ou via on-line; apresentação do texto em língua portuguesa ou inglesa; com limite temporal entre janeiro de 1997 e dezembro de 2008 e serem pesquisas realizadas em seres humanos. A busca resultou em 82 artigos, sendo que 31 apareciam em pelo menos 2 bases de dados, restando 51 artigos distintos a serem analisados. Após leitura exploratória desses artigos, foram excluídos 42 por não apresentarem informações pertinentes ao assun- to abordado e apenas 9 artigos foram selecionados Resultados Na base de dados Lilacs e Scielo não foram encontrados artigos sobre o assunto. Dos artigos referendados no Pubmed e Medline, foram encon- trados apenas artigos na língua inglesa, todavia, dos 51 artigos encontrados, somente 9 (17,64%) foram válidos para esta revisão, sendo que dentre eles, somente 1 (11,1%) foi encontrado exclusivamente no PubMed e os outros 8 (88,9%) estão disponíveis tanto no Medline quanto no PubMed. Os nove artigos abordavam a ação da Vitamina C sobre pelo menos um dos seguintes componentes do processo de coagulação: no fator de vWF (Von Willebrand), na atividade plaquetária, no t-PA (fator ativador do plasminogênio) e no PAI-1 (inibidor do ativador do plasminogênio) conforme Quadro 2. Observou-se que todos os artigos selecionados tratavam de estudos experimentais compostos por ensaios clínicos, possivelmente pela possibilidade que este tipo de estudo proporciona em demons- trar o comportamento da substância estudada. (Quadro 1). Quadro 1 - Títulos dos artigos selecionados, fonte, ano da publicação e conteúdo. Nº Título e autores Fonte Ano Conteúdo 1 Impaired capacity for acute endogenous fibrinolysis in smokers is restored by ascorbic acid. Kaehler et al. [21] Medline PubMed 2008 Estudo com 31 fumantes e 14 não fumantes. Foi infundido subs- tância P, Nitroprussiato de Sódio juntamente com ácido ascórbico. Os fumantes têm capacidade reduzida de liberar t-PA e a infusão de vitamina C restaurou essa capacidade. O ácido ascórbico não estimulou a liberação de t-PA em não fumantes. A pesquisa mostra que fumantes tem maiores concentrações séricas de PAI-1 e que a infusão de ácido ascórbico não alterou esses valores. 2 Translational control of the ascorbic acid transporter SVCT2 in human platelets. Savini I et al. [6] Medline Pubmed 2007 Pesquisa realizada com amostra de plaquetas de 8 voluntários saudáveis. A vitamina C foi consumida durante a ativação e agregação plaquetária, esta pode ser a chave moduladora do estado oxidativo das plaquetas. 3 Vitamin C has no effect on endothelium- dependent vasomotion and acute endogenous fibrinolysis in healthy smokers. Pelegrini MP et al. [19] Medline PubMed 2004 Estudo com 8 fumantes que receberam infusões de substância P e nitroprussiato de sódio concomitante coma vitamina C. Não foi encontrada nenhuma evidência de atuação do ácido ascórbico nos valores de t-PA. A pesquisa também evidenciou que os valores séricos de PAI-1 não foram alterados em decorrência da infusão da vitamina C. 4 Vitamin C affects throm- bosis/ fibrinolysis system and reactive hyperemia in patients with type 2 diabets and coronary artery disease. [23]. Medline PubMed 2003 Pesquisa com amostra de 39 pessoas portadoras de Diabetes Mellitus tipo-2, divididos em 2 grupos, sendo que o grupo A recebeu vitamina C e o grupo B, placebo. Evidenciou-se que o ácido ascórbico reduziu as concentrações de vWF, provavelmente, por sua capacidade antioxidante. Apesar de o estudo mostrar que há certa queda nos valores plas- máticos de PAI-1 em diabéticos em uso de ácido ascórbico, não se pôde afirmar que sempre terá esse comportamento. Portanto, a vitamina C pode ou não reduzir a concentração de PAI-1. 165 Enfermagem BRASIL Maio / Junho 2010;9(3) Nº Título e autores Fonte Ano Conteúdo 5 Effects of antioxidant vit C and E on endothelial function and thrombo- sis/fibrinolysis system in smokers. Antoniades C et al. [22]. Medline PubMed 2003 Estudo com 41 jovens fumantes que foram alocados em 4 gru- pos, A, B, C e D, recebendo, respectivamente, 2g de vitamina C; 2g de vitamina C + 400UI de vitamina E; 2g de vitamina C + 800UI de vitamina E e placebo. Como resultado parcial a vitamina C reduziu as concentração de vWF no grupo C. A vitamina C não interferiu nos níveis séricos de vWF nos grupos A, B e D, havendo uma ação efetiva somente quando associado com uma dosagem maior de vitamina E. No grupo B e C, houve redução dos valores de t-PA. Nos grupos A e D, não foi observado nenhuma alteração nos valores de t-PA. No grupo B e C ocorreu redução dos valores de PAI-1. O PAI-I encontra-se diminuído após o uso da vitamina C asso- ciado com a vitamina E em doses altas. O uso de cigarros pode aumentar os níveis de PAI-I no plasma como resultado do efeito citotóxico dos radicais livres nas células endoteliais. Também, foram mensurados os valores de PAI-1. Ao fim da pes- quisa não foram observadas alterações em nenhum dos grupos em questão. 6 Effects of acute me- theonine loadin and Vitamin C on endo- genous fibrinolysis, endothelium-dependent vasomotion and platelet aggregation. Labinjoh C et al. [20]. Medline Pubmed 2001 Estudo com 8 homens saudáveis, divididos em 4 grupos. A: methionina + vitamina C; B: methionina; C: vitamina C; D: placebo. Constatou-se que a vitamina C em nada influenciou nos valores de t-PA em nenhum dos grupos. 7 Effect of niacin, warfarin and antioxidant therapy on coagulation parame- ters in patients with pe- ripheral arterial disease in the Arterial Disease Multiple Intervention Trial (ADMIT). Chesney CM et al. [24] Medlin Pubmed 2000 Foram selecionados 468 participantes portadores de doença ar- terial coronariana (CAD). Normalmente estes indivíduos possuem um elevado índice de vWF e PAI -1 no sangue. Os participantes foram divididos em 4 grupos, A, B, C e D, foram administrados Niacin; Vitamina C e E; Warfarin e placebo. Não foi encontrado indício de que a vitamina C tenha alguma associação com o processo de coagulação. Outro achado foi o inexplicável aumento da concentração de vWF quando em uso de ácido ascórbico, quando se comparam os grupos B e D 8 The effect of vitamin C supplementation on coagulubility and lipid levels in healthy male subjects. Tofler GH et al. [25] Medline Pubmed 2000 Pesquisa com 18 homens saudáveis e não fumantes que foram divididos em 2 grupos, A e B, o primeiro recebeu 2 g de vitamina C por dia e o segundo, placebo. Foi constatada a redução do colesterol (LDL e HDL), o aumento da fibrinólise e o aumento do vWF, dentre outros. Houve uma pequena redução da concentração de t-PA, porém esse achado foi considerado estatisticamente insignificante. A vitamina C não interferiu nos valores séricos de PAI-1. ↑↓ 166 Enfermagem BRASIL Maio / Junho 2010;9(3) Nº Título e autores Fonte Ano Conteúdo 9 Administration of antio- xidant vitamins does not alter plasma fibrinolytic activity in subjects with central obesity. Rifici VA et al. [18].Pubmed 1997 Estudo com 15 voluntários homens com obesidade central que foram alocados em 2 grupos, A e B. O grupo A recebeu doses de vitamina C associada com Vitamina E mais beta caroteno e o grupo B recebeu placebo, ambos, 4 vezes ao dia por 4 semanas. Foi observado que quando comparados os valores de vWF nos 2 grupos não houve alterações. Nos grupos A e B não houve diferenças significativas nos níveis séricos de t-PA. A vitamina C em associação com vitamina E e Beta caroteno não surtiu nenhum efeito na concentração de PAI-1 quando em uso em indivíduos com obesidade central. Discussão Através desta revisão de literatura, pôde-se observar que há um desencontro de informações no que diz respeito à aplicação do ácido ascórbico no processo hemostático, impossibilitando, por enquanto, uma hipótese de ação da vitamina C no processo de coagulação. Grande parte dos estudos foi sobre a ação antioxidante da vitamina C, muitas vezes associada à vitamina E ou outras substâncias. Observou-se que a maioria dos estudos foi realizada com grupos pequenos de até 50 pessoas com uma única exceção com 468 indivíduos. Além disso, envolvia indivíduos com fatores de risco como doença arterial periférica, diabetes, obesidade central e fumo. Apenas 3 trabalhos foram realizados com voluntários saudáveis, porém com número muito pequeno de indivíduos estudados. Ao se levantarem os dados, não foram en- contrados publicações nacionais sobre o tema, no recorte temporal utilizado no estudo. A partir dessa constatação, pode-se inferir que pouco se tem pes- quisado e/ou publicado sobre o assunto fazendo-se necessário a realização de estudos mais aprofunda- dos, a fi m de se obter respostas quanto ao processo bioquímico da ação do ácido ascórbico. As poucas publicações internacionais mostram-se inconclusivas ou vão de encontro ao resultado de outras pesquisas semelhantes, portanto, ainda não é possível afi rmar que a vitamina C tem ação no processo de fi brinólise e/ou de coagulação. No Quadro 2 pode-se visualizar de forma resu- mida os resultados dos nove estudos utilizados nesta pesquisa, dos quais quatro indicaram ação no fator de von Willebrand; três no fator de ativação do plasmino- gênio; dois no inibidor do ativador do plasminogênio; um na agregação plaquetária; e quatro referem que não há ação da vitamina C no processo de coagulação. Quadro 2 - Atuação da Vitamina C no vWF, na ativida- de plaquetária, no t-PA, e PAI-I. Artigo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 vWF • - • ↓ ↓ • ↑ ↑ • Plaquetas - ↑ - - - - - - - t-PA • - • ↓ ↓ • • ↓ • PAI-1 • - • ↓ ↓ • • • • • não interferiu, ↑aumentou, ↓diminuiu, -não refere Muitos dos artigos estudados tratavam da atuação na vitamina C em fumantes, nos quais os níveis séricos de t-PA e PAI-1 estão reduzidos, o que os coloca com um fator de risco a mais para doenças cardiovasculares [21]. Estudos semelhantes foram realizados, porém com resultados opostos. Um estudo com uma amostra de 31 fumantes e 14 não fumantes obtiveram um aumento dos níveis de t-PA nos adeptos ao fumo após infusão de substância P e nitroprussiato de sódio concomitantemente com a vitamina C [21]. Porém, outro estudo abordando uma amostra de 8 fumantes e que também foram infundidas as mesmas substâncias, não obteve ne- nhuma diferença em tais valores antes e depois do estudo [19]. Uma publicação grega relata um estudo com 41 jovens fumantes que foram divididos em 4 grupos, 3 deles receberam vitamina C e vitamina C associada a diferentes doses de vitamina E, o outro, placebo. Os resultados mostraram que a vitamina C associada a doses de vitamina E tem maiores efei- tos sobre o PAI-1, t-PA e vWF, sendo que quanto maior a dose de vitamina E maior a redução desses fatores [22]. Muitas hipóteses são levantadas, porém, apesar de conhecidos os danos encontrados no tônus vascu- lar em fumantes, os efeitos da atividade fi brinolítica endotelial são complexos e ainda pouco compreen- didos [21]. Contudo, não foi somente em fumantes que observaram efeitos da vitamina C sob os fatores 167 Enfermagem BRASIL Maio / Junho 2010;9(3) derivados do endotélio. Uma pesquisa realizada em 39 indivíduos portadores de diabetes tipo 2 também tiveram os índices de vWF e t-PA reduzidos após ingestão diária de 2g de ácido ascórbico [23]. Entretanto, houve um estudo que demons- trou um aumento inesperado dos níveis de vWF após ingestão de vitamina C, este estudo abordou 468 indivíduos que possuíam alguma doença arte- rial periférica. Foram divididos em 4 grupos, sendo que um deles recebeu vitamina C e E e quando foi comparado com o grupo que recebeu placebo houve um aumento signifi cativo na concentração sérica de vWF, contradizendo o resultado de outras pesquisas e a hipótese dos próprios pesquisadores [24]. Outros desencontros foram observados ao ana- lisar duas pesquisas em homens sadios. A primeira aborda um quantitativo de 8 homens saudáveis e não fumantes que foram divididos em 4 grupos que receberam placebo; methionina associada à vitamina C; methionina e vitamina C, respectivamente. Foi demonstrado que não houve nenhuma alteração nas concentrações de t-PA ou de PAI-1 em nenhum dos grupos observados [20]. O mesmo ocorreu em uma pesquisa que avaliou a ação do AA em indivíduos com obesidades central, não havendo nenhuma alteração nos níveis de t-PA, vWF ou PAI-1 [18]. Por outro lado, uma segunda pesquisa com um total de 18 participantes homens, saudáveis e não fumantes também avaliou a ação do AA. O resultado encontrado foi diferente da primeira pesquisa, sendo observado signifi cativo aumento de vWF; aumento da efetividade da fi brinólise; leve redução do t-PA, porém sem signifi cância estatística e não houve efeito sob o PAI-1 [25]. Outra publicação propõe que a vitamina C pode ser moduladora da oxidação plaquetária. As plaquetas possuem fi siologicamente ácido ascórbico em seu interior e essa concentração é que defi ne a estabilidade ou lise plaquetária; o efl uxo e infl uxo de vitamina C dependem do carreador SVCT2 que se utiliza dos canais de sódio dependentes. Aparen- temente, a vitamina C tem a capacidade de inibir a proteína transmembrana CD40L, que tem proprie- dades pro-infl amatórias e pró-trombóticas. Portanto, a administração oral de vitamina C tem sido apontada como redutor da agregação plaquetária [6]. Talvez devamos concentrar nossa atenção nos dados de indivíduos saudáveis para tentarmos elu- cidar o mecanismo de ação da vitamina C sobre o trombo, evitando os dados adicionais que possam interferir na interpretação. Nos 3 estudos com indivíduos saudáveis, um abordou exclusivamente plaquetas sob aspecto oxidativo; dois o t-PA , PAI-1 e von Willebrand sem serem conclusivos, embora o grupo com o “n” maior observou tendência à redu- ção do t-PA e aumento do fator de Von Willebrand. Conclusão O uso da vitamina C na desobstrução de cateteres é uma solução simples e de baixo custo. Os mecanismos envolvidos nesta ação precisam de investigação mais aprofundada, uma vez que o número de artigos científi cos encontrados sobre a atividade da vitamina C sobre o coágulo ainda é bastante limitado. Apesar de muitos pesquisadores relatarem que os níveis de vitamina C no plasma estão inversamente relacionados com doença car- diovascular, esta afi rmativa ainda não foi completa- mente elucidada. Os estudos sobre o assunto ainda se mostram contraditórios e não conclusivos. Referências 1. Santos AD, Pitta GBB, Burihan E, eds. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado acesso vascular para quimioterapia. Maceió: Unicical/Ecmal e Lava; 2003. p.1-17. 2. Verso M, Agneli G. Venous Th rombolism Associated with Long-Term Use of Central Venous Catheters in Câncer Patients. J Clin Oncol 2003;21(19):3665-75. 3. Dopico L, Francimar T. O uso de solução salina 0,9% em cateteres intravenosos periféricos: fundamentos para prática de enfermagem [online]. Online Braz J Nurs 2006;5(2) tab. 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