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Dissertação sobre “A história da Enfermagem e os desafios da Enfermagem no século XXI” A Enfermagem surgiu bem antes do nascimento de Cristo, embora na época não utilizasse esse termo técnico, já se configurava o ato principal da profissão, o cuidar. Sua origem está diretamente relacionada com o trabalho de homens e mulheres altruístas que cuidavam do bem-estar dos doentes, tentando prestar a eles uma dignidade, por menor que fosse. Entre os séculos V e VIII d.C., por exemplo, alguns princípios da Enfermagem eram ministrados pelos sacerdotes, que eram os detentores da fé. Posteriormente, durante o século XVI, a atividade era concebida, na Europa, como uma profissão que já engatinhava para se institucionalizar. No entanto, somente no século XIX, durante a Era Moderna, consolidou a notoriedade da enfermagem com duas célebres mulheres, Florence e Anna Nery. Florence Nightingale foi pioneira em cuidar de feridos nas batalhas, ganhando destaque pela sua atuação na Guerra da Crimeia. Devido aos seus estudos e dedicação, Florence conseguiu a fundação da Escola de Enfermagem no Hospital St. Thomas, na cidade de Londres, em 1860, um grande marco para a história da Enfermagem contemporânea. Em relação ao Brasil, o cenário se configura em fases distintas, na primeira aparece os habitantes indígenas, os mesmos tinham uma Enfermagem mais instintiva e cultural, na qual os pajés, feiticeiros e outros líderes religiosos, eram responsáveis por fazer rituais místicos com a intenção de curar enfermidades. O curandeirismo era a prática mais análoga com as técnicas da Enfermagem até a chegada dos padres jesuítas, vindo com os colonizadores, que sucedeu em sequência com o segundo ciclo marcado pelo êxodo rural. Com um alto índice de pessoas migrando do campo para cidade, houve um crescimento urbano acelerado que, por sua vez, aumentou exponencialmente o número de doenças contagiosas e acelerou as suas propagações de maneira significativa. A Enfermagem surge no Brasil enquanto profissão como uma simples prestação de cuidados aos doentes, realizada por um grupo constituído, na sua maioria, por escravos, que nesta época trabalhavam nos domicílios. Desde o princípio da colonização foi iniciada a abertura das Casas de Misericórdia, originada em Portugal. A primeira Casa de Misericórdia foi fundada na Vila de Santos, em 1543. Em seguida, ainda no século XVI, deram início nas cidades do Rio de Janeiro, Vitória, Olinda e Ilhéus. Mais tarde Porto Alegre e Curitiba, com a presença de D. Pedro II e Dona Tereza Cristina em inaugurada em 1880. No que abrange o ato de cuidar da saúde do povo brasileiro, destacasse o trabalho do Padre José de Anchieta. Ele não economizou esforços ao ensino de ciências e catequeses. Atendeu também aos carentes, exercendo funções de médico e enfermeiro. A primeira sala de partos funcionava na Casa dos Expostos em 1822. Em 1832 organizou-se o ensino médico e foi criada a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. A escola de parteiras da Faculdade de Medicina diplomou no ano seguinte a ilustre Madame Durocher, a primeira parteira graduada no Brasil. A enfermagem brasileira no tempo do Império, teve alguns nomes destaques, entre eles, merece menção honrosa o de Anna Nery. Ela teve dois filhos, um médico militar e um oficial do exército, ambos foram convocados a servir a Pátria durante a Guerra do Paraguai (1864-1870), sob a presidência de Solano Lopes. Anna Nery sofrendo com a separação da família escreve ao Presidente da Província, colocando-se à disposição de seu país. Então, ela Partiu para os campos de batalha, quando estava trabalhando improvisou hospitais e não mediu esforços no atendimento aos feridos. Em reconhecimento, a primeira Escola de Enfermagem fundada no Brasil foi uma homenagem ao seu nome. Anna Nery como Florence Nightingale, venceu os preconceitos patriarcais, que eram intensos nessa época, onde a concepção da mulher era ser submissa e prisioneira do lar. Ao final do século XIX, embora o Brasil ainda transitasse em um processo de evolução, com um vasto território, um contingente populacional reduzido e um processo de urbanização engatinhando progressivamente já era percebido nas cidades que possuíam áreas de mercado mais fortes, como São Paulo e Rio de Janeiro. As doenças infectocontagiosas, trazidas com a vinda dos colonizadores europeus e pelos escravos africanos, inicia a propagação que se alastra rapidamente. Assim, a saúde passa a constituir uma celeuma econômico-social. Para conter esse empecilho que ameaçava a expansão comercial brasileira, o governo pressionado externamente, assume a assistência à saúde por meio da criação de serviços públicos, da vigilância e controlando os portos de forma mais eficaz, inclusive estabelecendo quarentena, através da reforma Oswaldo Cruz introduzida em 1904, a Diretoria-Geral de Saúde Pública, introduzindo novas questões quanto à estrutura sanitária, como o Serviço de Profilaxia da Febre Amarela, a Inspetoria de Isolamento e Desinfecção e o Instituto Soroterápico Federal, mais tarde transformado em Instituto Oswaldo Cruz. A primeira escola de Enfermagem no Brasil foi a Escola de Enfermagem “Alfredo Pinto” data de 1890. O curso era gerenciado por enfermeiras formadas e foi reorganizado por Maria Pamphiro, uma das primeiras na Escola Anna Nery. O ano de 2020 foi considerado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) o “ano internacional da enfermagem” em um relatório feito por essa instituição, que aproveitou para dizer sobre a importância dessa classe para a promoção da saúde e a necessidade de investimentos. Embora, a enfermagem seja importante para a constituição de saúde ela enfrenta vários desafios, como a desvalorização salarial, rotina de trabalho intensa, desvalorização profissional, entre outros que precisam ser superados. A enfermagem ao longo da história sempre foi vista como um ato de caridade, como diz a famosa frase “enfermagem por amor”. Tal pensamento faz com que essa profissão seja vista como algo que é feito apenas por bondade e não para obter uma remuneração, além disso, por muito tempo as pessoas que praticavam essa função não recebiam nenhum retorno financeiro, era feito só por amor. No entanto, nesse período ela não era uma profissão, mas atualmente é preciso ter curso superior ou técnico para atuar no mercado de trabalho. O curso superior leva em média 5 anos e em algumas faculdades o ensino é integral e o técnico dura em torno de 2 anos. No Brasil ainda não existe um piso salarial nacional digno e essa realidade provoca a existência de salários baixíssimos que não se encaixam na importância dessa profissão. Essa situação faz com que muitos profissionais procurem uma renda extra para completar sua renda mensal sobrecarregando ainda mais a vida desses profissionais. Atualmente, a jornada semanal de um enfermeiro varia de 30 á 40 horas. Esses profissionais representam em torno de 59% das equipes de saúde, estão presentes em todas as estruturas organizacionais do sistema de saúde brasileiro: hospitais, ambulatórios, centros de saúde, UBS, UPAS, SAMUs, ESF, etc. Como podemos perceber o trabalho de um enfermeiro é intenso e ainda ocorre sobrecarga de suas funções, pois muitos hospitais preferem contratar técnicos e auxiliares, por terem salários mais baixos, do que o enfermeiro. Então, mesmo com muito serviço ainda existem profissionais que trabalham em outros lugares para completar a renda deixando-os ainda mais sobrecarregados. É fato que o trabalho na saúde gera desgaste, stress e adoecimento. A pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil procurou saber como estão os enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem. Os dados mostram que 65,9% declaram desgaste profissional. O aumento é crescente, gerando depressão, obesidade, extremo cansaço, sentimento de desvalorização, com índices alarmantes de licenças médicas.Esses dados demonstram como são necessárias melhores qualidades de trabalho para este grupo tão sofrido. A classe de enfermagem é divida em três: o auxiliar, o técnico e o de grau superior. De acordo com o Cofen (Conselho Federal de Enfermagem) no Brasil possui mais de 558.177 mil enfermeiros, 1,3 milhão de técnicos e 417.540 mil auxiliares de Enfermagem. Isso esclarece a falta de especialização na profissão, visto que a grande maioria dessa categoria só possui o grau técnico. O Brasil apresenta uma alta densidade de profissionais por habitantes. Porém, o mercado de trabalho precisa cada dia mais de profissionais especializados, tornando-se necessária mais de uma formação. É preciso excelência na profissão, por isso é de extrema importância ter uma boa instrução acadêmica, infelizmente, tal problema é difícil de resolver, pois existe no nosso país uma concentração de faculdades em lugares mais desenvolvidos tornando complicada a formação de profissionais ou deixando ela incompleta com a disponibilização de cursos precários que forma enfermeiros despreparados para o mercado de trabalho. Na atual conjuntura torna-se notório o vencimento desses empecilhos para garantir a essa classe tão importante e vasta melhores condições de trabalho, pois sem ela não existe uma saúde adequada. Os políticos precisam olhar para estes profissionais e a enfermagem brasileira precisa unir-se para mostrar a todos a sua importância e para reivindicar seus direitos como trabalhadores humanos que necessitam ter uma vida social boa e confortável. As homenagens precisam sair dos discursos e textos bonitos nas redes sociais para a realidade, fazendo com que as reivindicações sonhadas sejam escutadas e executadas. Bibliografia BARREIRA, I. A. Memória e história para uma nova visão da Enfermagem no Brasil. Revista Latino-Americana Enfermagem. Ribeirão Preto, v. 7, n. 3, p.87-93, 1999, Machado MH, coordenadora. Pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil: Relatório Final. Rio de Janeiro: Nerhus-Daps-Ensp/Fiocruz; 2017. MACHADO, Maria Helena. A profissão de enfermagem no século XXI. Rev. Bras. Enfermagem, v.52, n.4, p.589-595, 1999 MOREIRA, A. Desmistificando a origem da Enfermagem Brasileira. In: GEOVANINI, T. et al. História da enfermagem versões e interpretações. Rio de Janeiro: Revinter, 2005, p. 61- 116. OMS define 2020 como ano internacional dos profissionais de enfermagem e obstetrícia.OPAS Brasil, 2020. Disponível em <https://www.google.com/search?q=como+fazer+referencia+de+site+abnt+2020&oq=como+ fazer+referencia+de+um+site+&aqs=chrome.2.69i57j0j0i22i30.11739j0j7&sourceid=chrome &ie=UTF-8>. Acesso em: 03 abril 2021. Relatório da OMS destaca papel da Enfermagem no mundo.COFEN Brasil, 2020. Disponivel em http://www.cofen.gov.br/relatorio-da-oms-destaca-papel-da-enfermagem-no- mundo_78751.html. Acesso em: 04 abril 2021 SILVA, Manoel Carlos Neri da; MACHADO, Maria Helena. Sistema de Saúde e Trabalho: desafios para a Enfermagem no Brasil. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 25, n. 1, p. 7-13, jan. 2020 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 81232020000100007&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 04 abr. 2021. Epub 20-Dez- 2019. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232020251.27572019. https://www.google.com/search?q=como+fazer+referencia+de+site+abnt+2020&oq=como+fazer+referencia+de+um+site+&aqs=chrome.2.69i57j0j0i22i30.11739j0j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8 https://www.google.com/search?q=como+fazer+referencia+de+site+abnt+2020&oq=como+fazer+referencia+de+um+site+&aqs=chrome.2.69i57j0j0i22i30.11739j0j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8 https://www.google.com/search?q=como+fazer+referencia+de+site+abnt+2020&oq=como+fazer+referencia+de+um+site+&aqs=chrome.2.69i57j0j0i22i30.11739j0j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8 http://www.cofen.gov.br/relatorio-da-oms-destaca-papel-da-enfermagem-no-mundo_78751.html http://www.cofen.gov.br/relatorio-da-oms-destaca-papel-da-enfermagem-no-mundo_78751.html http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232020251.27572019