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Universidade Nove de Julho Campus Osasco Graduação em Medicina Gabriela Diniz Leitão 1217200030 Acidente Vascular Encefálico Isquêmico (AVEI) Portfólio da disciplina “Projeto Integrador IV” Caso Clinico 3 Volume I Osasco 2019 Universidade Nove de Julho Campus Osasco Graduação em Medicina Gabriela Diniz Leitão 1217200030 Acidente Vascular Encefálico Isquêmico (AVEI) Projeto de intervenção apresentado para conclusão na unidade curricular integrada “Projeto Integrador IV”, da Graduação em Medicina no campus Osasco da Universidade Nove de Julho. Volume I Osasco 2019 SUMÁRIO 1. Introdução………………………………………………………………. 4 2. Desenvolvimento………………………………………………………. 6 3. Consideraçōes Finais…………………………………………………. 8 �3 1.Introdução De acordo com Marcia Chaves (2000), o acróstico AVE, acidente vascular encefálico (ou ainda AVC, de acidente vascular cerebral) é o equivalente do termo genérico inglês stroke, geralmente preferido para um grupo de doenças que apresentam inicio abrupto e provocam danos neurológicos (ZIVIN, 2014). Segundo Justin A. Zivin (2014), é dividido em dois grandes grupos, em sua maioria, cerca de 85% dos casos, com origem isquêmica, causados pelo inicio súbito de inadequação de fluxo sanguíneo em alguma parte ou em todo o cérebro, e a outra parcela dos casos sendo de origem hemorrágica, que podem se apresentar tanto no interior do tecido cerebral como nos espaços que circundam o cérebro. Após um AVC, normalmente, o paciente apresenta um grau de retorno motor e funcional, entretanto, não se coloca como raro, os casos em que resulta algumas implicações complexas e heterogêneas em vários domínios da funcionalidade. Tanto os sinais e sintomas quanto as definições para prognósticos dependem do local da lesão, podendo ser encontrados vários tipos de acometimentos (VALENTE et al., 2010). O acidente vascular encefálico (AVE) quando agrupado dentro das causas circulatórias é a segunda principal causa de morte e uma das principais causas de incapacidade adquirida em escala mundial, caracterizando cerca de 10% de todos os óbitos mundiais, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2006 apud ALMEIDA, 2012). Sendo evidenciado em Matheus Locatelli e colaboradores (2017), o AVE resulta em um óbito a cada 4 horas, em média, de acordo com a American Heart Association (AHA). Sua mortalidade varia consideravelmente em relação ao grau de desenvolvimento sócio-econômico, sendo que cerca de 85% ocorre em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento e um terço dos casos atinge a parcela economicamente ativa da população (LOPEZ et al., 2006 apud CABRAL, 2009). No Brasil, foi observada queda da mortalidade por AVE entre 1980 e 2002. Foi responsável por 10% das mortes e 10% das admissões hospitalares no ano de 2005 no país. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, do ano 2000 a 2009, houve redução na taxa de mortalidade, provavelmente devido ao melhor controle dos fatores de risco e assistência básica (LOCATELLI; FURLANETO; CATTANEO, 2017). �4 Entretanto apesar dos declínios das taxas de mortalidade no âmbito nacional, o AVE continua sendo a primeira causa de morte e incapacidade no país. Estudo prospectivo nacional de 2013, indicaram uma incidência anual de 108 casos por 100 mil habitantes (BRASIL, 2013). Sua incidência prevalece em adultos de meia-idade e idosos, possuindo-a em maior grau após os 65 anos, dobrando a cada década após os 55 anos de idade (GILES; ROTHWELL, 2008; PEREIRA et al., 2009 apud BOTELHO et al.,2016). O os principais fatores de risco da doença podem ser divididos em três grupos: modificáveis, não modificáveis e grupo de risco potencial (BRASIL, 2013). A hipertensão associada à doença de pequenas e grandes artérias é o principal fator de risco para AVE (KANNEL, 1995). Considerando Justin A. Zivin (2014), análises dos estudos randomizados comprovam que a incidência aumenta diretamente em relação ao grau de elevação da pressão sanguínea sistólica e distólica acima dos valores de base. Ao considerar o grande número de casos referidos por ano no país, sua alta taxa de mortalidade e correlacionando seu alto nível de incapacitação com o efeito econômico que o mesmo gera na sociedade, visto que aproximadamente 70% dos pacientes não retornam ao seu trabalho e 30% necessitam de auxílio para caminhar (CONITEC, 2008), o Ministério da Saúde em 2012 publicou a PORTARIA Nº. 665, que dispõe sobre os critérios de habilitação dos estabelecimentos hospitalares como Centro de Atendimento de Urgência aos Pacientes com Acidente Vascular Cerebral (AVC), no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), visando reduzir o impacto que tal doença possui na população. Por se tratar da maior porcentagem dos casos totais de AVE, será tratado com ênfase no presente trabalho o acidente vascular encefálico isquêmico (AVEI), causado por fluxo sanguíneo insuficiente em parte ou em todo o cérebro. Podendo ser subdividido em AVEI focal, o mesmo é definido como um infarto em uma parte do cérebro como o resultado de redução do fluxo sanguíneo na artéria que abastece essa parte do cérebro. �5 2.Desenvolvimento Utilizando como base o caso clinico 3, ministrado na disciplina de Projeto Integrador do curso de medicina da Universidade Nove de Julho - campus Osasco no ano de 2019, a paciente em questão apresentou um quadro de AVE isquêmico que evoluiu com transformação hemorrágica do infarto e grande edema cerebral, resultando em morte encefálica da mesma. O enfermo referido é do sexo feminino e possui 62 anos de idade, estando portanto na faixa etária de risco para a doença como já citado anteriormente na introdução. Apresentando como antecedentes pessoais: hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus tipo 1 e tabagismo durante 25 anos, mas interrompido há 5 anos. Ou seja, a mesma possui grande parte dos fatores de risco classificados como modificáveis para o acidente vascular encefálico. Também ja referido acima, mas agora enfatizado, a hipertensão é o fator de risco mais atuante e relevante para a doença, havendo evidencias conclusivas por mais de 30 anos que o controle de hipertensão arterial previne o AVE (ZIVIN, 2014). Estudos epidemiológicos realçaram que o risco para o acidente em fumantes é quase o dobro do que nos não fumantes, mas o risco se torna essencialmente idêntico dos não fumantes de 2 a 5 anos após o ato de parar de fumar (CHAVES, 2000). Wolf (1988), foi um dos primeiros estudos a associar o tabagismo e tipo de AVE, número de cigarros fumados e o efeito de parar de fumar. Além do que, considerando Zivin (2014), o risco relativo para o acidente vascular encefálico é 2 a 6 vezes maior nos pacientes com diabetes insulinodependente. A história reportada é de que a mesma sentiu “formigamentos” (parestesias) em face à esquerda e em membros superior e inferior esquerdos após discussão com o filho mais velho sobre os estudos, rapidamente perdeu o controle dos movimentos das regiões acometidas, e em 1 hora foi admitida no pronto atendimento médico, entretanto o exame de imagem, uma TC sem contraste foi obtido 2 horas após a admissão, não evidenciando nenhuma anormalidade, somente com o exame de ressonância magnética que foi evidenciada área isquêmica aguda na cápsula interna direita. Para o tratamento e linha de cuidados com o AVC é comumente utilizada a frase “tempo é cérebro” pelos profissionais de saúde, visto que ao se tratar de �6 qualquer possível dano neurológico o tempo para intervenção é crucial na tentativa de melhorar o prognóstico do paciente (AVELAR, 2009). De acordo com o especialistas da neurociência Angelo Machado (2013), após cerca de cinco minutos já começam a aparecer lesões irreversíveis pois a maioria das células nervosas não se regeneram e necessitam de suprimento elevado e permanente de glicose e oxigênio.Considerando o caso em questão, se demonstra necessário evidenciar, que em Goldman (2014) é relatado que: A história dá indícios iniciais quanto ao local e à gravidade de um AVE, e o exame fisico ajuda a elaborar uma hipótese quanto à localização a lesão. Com base nestas informações, os exames complementares definitivos podem prosseguir eficientemente. Segundo ainda Zivin (2014), mesmo a tomografia computadorizada sendo o exame de imagem padrão inicial nesses casos, quando administrado sem contraste, pode apresentar normalidade por 3 a 24h após um AVEI, como foi o caso da paciente do caso em questão. Podemos observar em Goldman (2014), que: O aspecto mais importante da história, que deve ser obtido do paciente ou dos observadores acompanhantes, se houver suspeita de AVE, é o momento do início dos sintomas. Se as anormalidades tiverem iniciado nas 3 horas precedentes, o paciente deverá ser tratado como emergência aguda, podendo estar indicada terapia trombolítica. A terapia trombolítica é o método mais seguro e eficaz para controle agudo do AVE isquêmico. A TC atualmente é o único método por imagem útil para a decisão de implementação ou não de tal terapia (ZIVIN, 2014). As meta-análises, referidas por Hacke (2008), dão respaldo sobre a eficácia e a segurança da trombólise se os pacientes forem tratados até 4,5 horas depois do início dos sintomas, com cerca de um terço de aumento na probabilidade de ocorrência de um prognostico favorável, diretamente atribuível ao fármaco, apesar do risco mínimo de hemorragia. O quadro clínico da paciente do caso evoluiu para a morte encefálica, sendo essa a definição legal da morte, e em aspecto diagnóstico, a morte encefálica é definida como "morte baseada na ausência de todas as funções neurológicas” de acordo com o Ministério de Saúde. �7 3.Consideraçōes Finais Diante de todos as circunstâncias e dados expostos no decorrer do trabalho fica passível de entendimento a tamanha importância e necessidade de se debater sobre o Acidente Vascular Encefálico (AVE), principalmente pelo fato da mesma se tratar da enfermidade emergencial mais presente no dia a dia hospitalar. A identificação e o controle de fatores de risco visa à prevenção primária de AVE na população. Identificando tais fatores de risco para primeiro AVE, é possivel caracterizar determinantes de recorrência e mortalidade após eventos isquêmicos, sendo assim utilizados como auxilio na elaboração das estratégias de prevenção secundária, com o intuito de reduzir os dados descritos no decorrer do trabalho. Como já exposto anteriormente, além de sua alta taxa de mortalidade, a doença também apresenta um alto poder incapacitante para aqueles que sobrevivem a um episódio de AVE e foi com o auxilio das aulas ministradas nas diversas disciplinas, discussões realizadas em grupos e efetivação deste trabalho que foi possível a melhor compreensão e entendimento de medidas cabíveis em situaçōes de contato com o AVE, que será de extrema relevância no decorrer da carreira de qualquer profissional de saúde. �8 4.Referências ALMEIDA, Sara Regina Meira. Análise epidemiológica do acidente vascular cerebral no brasil. Revista de neurociencia, [S.L.], p. 481, mar. 2012. 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