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2 Ética e direitos humanos

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Ética, Cidadania e Sustentabilidade
Aula 02
Ética e direitos humanos 
Objetivos Específicos
• Compreender os direitos humanos.
Temas
Introdução
1 Os conceitos de ética e direitos humanos
2 A fundamentação ética
3 A questão histórica
4 A diferenciação social
Considerações finais
Referências 
José Antônio Fracalossi Meister 
Professor Autor
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Ética, Cidadania e Sustentabilidade
2
Introdução
Nesta aula, buscaremos um entendimento da ética e seus elementos constituintes, 
analisando a sua relação com os direitos humanos e o que eles podem oferecer de fonte 
inspiradora para a ética. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos é um tratado sobre os direitos fundamentais, 
que orienta pessoas e nações e, nesse sentido, inspira a ética, oferecendo um caminho melhor 
a seguir.
Quando nos questionamos sobre alguma atitude ou reconhecemos que não foi uma 
ação correta, de uma forma ou de outra, sentimo-nos insatisfeitos com nós mesmo. 
Ao contrário, cada vez que fomos capazes de deitar a cabeça o travesseiro e dizer, 
cada um a si mesmo, com absoluta convicção de estar sendo sincero, agi bem, fiz o 
certo, experimentamos alegria (Introdução – para começo de conversa: o que é ética? 
(LACERDA; PESSOA, 2018, p. 10).
Podemos compreender os direitos humanos de dois modos. Como um conjunto de 
princípios elaborados e estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), que visa à 
garantia de direitos considerados fundamentais e essenciais para um bom convívio social, e, 
segundo Mondaini (2009, p. 12), como um:
[…] conjunto articulado e interdependente dos direitos civis, políticos, sociais 
econômicos e culturais, fundados, para além da ideia de universalidade, no princípio 
da indivisibilidade e no horizonte da internacionalização, condição indispensável para 
a luta pela construção de uma cidadania global.
Um modo representa o conjunto fixado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos 
e que nos é acessível. Já o segundo, pelo fato de ter um caráter mais jurídico, está expresso 
em muitas leis e, em especial, no caso brasileiro, na Constituição da República Federativa 
do Brasil. As duas concepções não se contradizem, mas têm um caráter diferencial. A 
declaração da ONU é uma recomendação aos países membros para que preservem os direitos 
fundamentais, já a Constituição, pelo seu caráter jurídico é impositiva. 
A título de exemplificação, o artigo 5º da Constituição Federal afirma:
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros, e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e a propriedade, nos termos seguintes: [...]
XXII – é garantido o direito de propriedade;
XXIII – a propriedade atenderá sua função social; […] (BRASIL, 1988).
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo XVII, recomenda:
1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros.
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2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade (ONU, 1948, p. 10).
Comparando as duas redações, podemos observar que tratam do mesmo assunto 
– propriedade privada –, de forma diferente, mas não divergente. Para a Declaração, a 
propriedade é um direito; já para a Constituição, ela é uma garantia. E assim se poderia fazer 
em relação a outros aspectos. O Brasil, como um país signatário da ONU, acolhe o que diz a 
Declaração e a transforma em lei, a fim de cumprir essa recomendação importante para o 
desenvolvimento do ser humano.
1 Os conceitos de ética e direitos humanos
A ética surge na história como uma forma de auxílio na resolução dos problemas diários. 
Isso nos mostra que a humanidade, desde os primeiros agrupamentos, precisou de elementos 
para agir com correção e justiça. 
Não devemos esquecer que o ser humano precisa dos outros para se desenvolver, ou 
seja, a convivência é fundamental. Por outro lado, apesar de fundamental, a convivência pode 
ser também problemática, pois nas relações estabelecidas surgem os conflitos. A sociedade 
ideal é, e sempre foi, o sonho da humanidade. Como exemplo, podemos pensar na história do 
paraíso descrita na bíblia. Lá, temos a realidade perfeita, em que tudo ocorre em harmonia 
e paz, até o momento em que a harmonia é desafiada pelo ser humano. Este, ao usar sua 
liberdade, destrói a harmonia. 
O desafio presente é encontrar formas para fazer com que os seres humanos 
venham a agir bem e possam conviver harmoniosamente, já que a convivência é uma 
necessidade humana.
A ética é protetiva e auxilia no convívio social. Ela não surgiu como um ato impositivo, 
mas como uma necessidade humana. Muitas vezes, encaramos a ética como imposição de 
um grupo sobre outro, porém, é preciso ir além desta concepção e pensá-la como uma 
necessidade humana para viver bem e se desenvolver plenamente.
Tanto os direitos humanos como a ética são constituídos historicamente a partir das 
situações vivenciadas pela humanidade. Delas, surgem as questões a serem pensadas 
e respondidas. Direitos humanos e ética buscam oferecer respostas às diversas situações 
vividas pelas pessoas em sua individualidade e pela humanidade, como um todo, por isso 
é importante que as relações humanas sejam aceitas e executadas por todos, sem exceção. 
O pensamento ético e os direitos humanos surgem para proteger o que nos é mais 
significativo, como a vida, os bens que se dispõem e os direitos fundamentais para que se 
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possa viver dignamente.
As normas éticas podem ou não constar de leis ou códigos. Mas o juízo ético é, 
essencialmente, um juízo moral. Uma ação pode ser legal e não ser ética. E, em certos 
casos, pode ser ilegal e considerada moralmente ética. Em resumo, a palavra ética 
se aplica à conduta humana. A ética aprova u desaprova os atos de um ser humano, 
qualificando-os como certos ou errados, do ponto de vista moral (LACERDA; PESSOA, 
2018, p. 10-11).
Os direitos humanos são ditos como fundamentais, pois não se pode abrir mão deles. 
O mesmo se dá com a ética. Algumas pessoas podem não agir eticamente, mas não se pode 
afirmar que a ética é desnecessária. Temos que manter presente que ética e direitos humanos 
existem para justificar o nosso convívio social.
Direitos devem ser realizados e, por isso, cabe a cada um fazer com que seus direitos se 
cumpram. Saúde, educação e previdência, entre outros, são direitos fundamentais para que 
as pessoas possam viver bem. 
As pessoas, ao se organizarem em sociedade, entendem que juntas tendem a realizar 
o que está na vontade de cada um e, ao mesmo tempo, faz parte da vontade de todos. Em 
resumo, todos desejam viver bem, conforme aquilo que reconhecem ser fundamental para si 
e também para os outros.
2 A fundamentação ética
A pergunta sobre como justificar eticamente as ações expressas na Declaração Universal 
dos Direitos Humanos leva os teóricos a muitas discussões. Surgem questões, como: onde 
justificar a afirmação que somos todos iguais em dignidade e direitos? É preciso considerar que 
nascemos diferentes, somos diferentes e precisamos dessas diferenças para que possamos 
nos desenvolver como humanidade.
A discussão aprofunda-se quando nos referimos aos direitos humanos, que envolve duas 
situações: o direito à vida, ou seja, ao existir, e os direitos aos quais não se pode abrir mão 
(como liberdade, igualdade etc.). 
Uma pessoa tem uma dívida para com outra e não tem como pagá-la. Então, resolve 
trabalhar para o credor de graça até que a dívida seja paga. Você concordaria com isso? Se 
disser que sim, como essa pessoa se sustentaria? Qual é a diferença entre este trabalho e a 
escravidão? Como se estabeleceria o tempo que o devedor precisaria trabalhar para pagar essa 
conta? Quem determinaria esse tempo? Como nós podemos negociar uma dívida? Geralmente,aquele que detém o poder impõe sua vontade sobre o mais frágil; dessa forma, é mais difícil 
estabelecer uma relação de igualdade
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A justificação para os direitos humanos é necessária, pois vivemos em uma sociedade em 
que tudo deve ser justificado e fundamentado. Dentro dessa lógica, o que não for assimilado 
não se torna defensável. A tarefa de justificação é difícil, mas, ao mesmo tempo, necessária. 
O que mais se aproxima de uma justificativa para este caso é o fato de dizer que os direitos 
humanos são elementares, ou seja, são essenciais para todas as pessoas viverem bem.
Não basta para o ser humano apenas viver. É preciso que ele viva bem! Tal característica 
é uma qualidade humana, ao contrário de outros animais para os quais sua condição natural 
é estar bem. O ser humano, pelo fato de se formar, se tornar humano, precisa de diversos 
fatores que garantam seu modo de melhor viver.
Conforme Mondaini (2009), historicamente, o que se viu foi que os direitos foram 
aos pouco sendo reconhecidos: as liberdades individuais (direitos civis), a igualdade 
política (os direitos políticos) e a igualdade social (os direitos sociais). No Brasil, 
primeiro foram reconhecidos os direitos sociais, já os direitos civis e políticos não 
 eram garantidos.
A busca pela efetivação dos direitos humanos é eterna, assim como foi necessário 
estabelecer seus princípios. Deve-se sempre zelar para que jamais sejam desrespeitados e 
que os direitos não sejam reconhecidos como tal apenas para alguns. Por isso, vale afirmar os 
direitos humanos e sua defesa é uma necessidade. Mas as pessoas precisam estar convictas 
de que lutar por seus direitos é fundamental e, se alguns se apropriarem de direitos que são 
de todos e excluírem grupos ou alguns dessa obrigação, será ruim para todos.
2.1 Construção social 
É importante percebermos que os direitos, assim como a ética, são resultantes de uma 
construção social. As pessoas devem se esforçar para garantir uma ética capaz de concretizar 
os direitos.
Admitir que nos direitos humanos há uma inspiração ética é admitir que em seus 
fundamentos existe uma concepção de pessoa, de bem e de mal e que os direitos valem para 
todos, independentemente da orientação religiosa, política ou filosófica individual. 
Na Declaração Universal dos Direitos Humanos se afirma que todos os cidadãos devem 
ter direitos garantidos, dentre os quais destacam-se os direitos à: liberdade, propriedade, 
segurança e resistência à opressão. Cada pessoa tem como limite os mesmos direitos que 
os outros, um direito não deve se sobrepor ao outro. É preciso pensar “o que não desejo 
para mim, não desejo para os outros também”, ou seja, é assegurado aos demais membros 
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da sociedade o desfrutar de direitos que proclamo para mim. Portanto, a Declaração vê a lei 
como uma expressão da vontade geral. Com isso, busca-se promover a igualdade de direitos 
e a proibição do que é prejudicial para a sociedade.
2.2 Justificativas para a Declaração
Observando o preâmbulo da Declaração, compreendemos o motivo pelo qual esse 
tratado composto por 30 artigos deve ser seguido por todos: 
[...] O reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana 
e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça 
e da paz no mundo (ONU, 2009, p. 2).
Todas as constituições do mundo democrático são muito maiores do que esses 30 artigos, 
mas são imprescindíveis para a coexistência, especialmente em um mundo globalizado, 
quando os problemas já não são mais pensados localmente. 
No site da ONU, encontramos justificativas que fundamentam um agir conforme a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos e estes nos demostram ou se justificam por 
serem éticos. 
• Os direitos humanos são fundados sobre o respeito pela dignidade e o valor de 
cada pessoa;
• Os direitos humanos são universais, o que quer dizer que são aplicados de forma 
igual e sem discriminação a todas as pessoas;
• Os direitos humanos são inalienáveis, e ninguém pode ser privado de seus direitos 
humanos; eles podem ser limitados em situações específicas. Por exemplo, o 
direito à liberdade pode ser restringido se uma pessoa é considerada culpada de 
um crime diante de um tribunal e com o devido processo legal;
• Os direitos humanos são indivisíveis, inter-relacionados e interdependentes, já 
que é insuficiente respeitar alguns direitos humanos e outros não. Na prática, a 
violação de um direito vai afetar o respeito por muitos outros;
• Todos os direitos humanos devem, portanto, ser vistos como de igual 
importância, sendo igualmente essencial respeitar a dignidade e o valor de cada 
pessoa (ONU, 2015).
Para mais informações sobre as características da Declaração Universal dos Direitos 
Humanos, acesse a Midiateca.
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Embora dessa forma tenhamos a justificativa, muitos conceitos precisam ser trabalhados 
para que se entenda bem o que significam. Um erro comum é acreditar que um termo tem o 
mesmo significado/valor para todas as pessoas, por exemplo: 
O que se entende por dignidade humana? 
Entende-se uma dignidade que inere ao homem, que lhe é concedida 
independentemente de outro qualificativo, seja biológico, social ou moral. [...] Ela se 
difere das diversas formas de dignidade contingente. Fala-se [...] de dignidade social 
em relação aos portadores de cargos políticos ou clericais, de dignidade expressiva, 
quando a aura de um homem sábio infunde reverência (KAUFMANN, 2013, p. 55, 
grifo nosso).
Mesmo assim, deve-se questionar: será que o que eu entendo é o mesmo que meu amigo, 
vizinho ou colega entende? Por isso, mesmo tendo uma fundamentação, uma justificativa 
para a Declaração e para os direitos humanos, deve-se ter claro que a compreensão humana 
é múltipla e envolve a história, as experiências e os entendimentos individuais e que, por 
isso, é preciso esclarecer e buscar sempre maiores consensos para que todos possam viver e 
entender a mesma coisa.
A dignidade humana [...] consiste num conceito normativo, que deve proteger todo 
homem de ser tratado por outro homem como meio, isto é, como um simples objetivo 
para consecução de seus fins. Isso implica que todos sejam tratados como possuidores 
de certo grau de dignidade contingente, que é uma tentativa de proteger os homens 
de humilhações (KAUFMANN, 2013, p. 55).
O quão importante é sabermos o que se entende por dignidade? Embora não se possa 
dizer tudo o que o conceito abrange, é fundamental entendermos que é a dignidade é 
inerente ao ser humano, isto é, não pode lhe ser tirada por nada e nem por ninguém. Além 
disso, não deve ser confundida com outras formas de dignidade, como a social e a expressiva, 
conforme citação anterior. Além disso, deve-se entendê-la como um conceito normativo, ou 
seja, uma forma de determinar a conduta humana, assim como a ética e a lógica que levam as 
pessoas a agirem porque entendem ser o melhor meio para se atingir o bom convívio social.
3 A questão histórica
A história da humanidade nos mostra que tivemos que passar por um longo período 
para percebermos que o direito realmente é parte integrante do nosso ser, assim como o é 
nossa pele, nossos olhos e cada parte de nosso corpo. A ética e os direitos humanos também 
são nossos constituintes. Só podemos dizer que somos verdadeiramente humanos se somos 
reconhecidos e nos reconhecemos como tal.
Poderíamos buscar a justificativa para os direitos humanos na história, desde os primeiros 
códigos constituídos, mas vamos partir de nossa realidade mais recente, fundamentalmente, 
o período em que a questão dos direitos do homem foi mais pensada e buscada. Não que 
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em outras épocas isso tambémnão tenha sido estudado e aparecesse em códigos jurídicos 
ou mesmo nas tradições religiosas, mas é a partir do período moderno (final do século XVIII) 
que encontramos os passos decisivos para que os direitos humanos, tal qual conhecemos 
hoje, tomassem forma. 
As primeiras afirmações sobre os direitos humanos surgem na Declaração da 
Independência dos Estados Unidos, de 4 de julho de 1776. Nela, podemos encontrar vários 
motivos para que a independência americana se efetive, pois estava pautada no interesse de 
vários grupos, desde escravocratas, religiosos, até mesmo libertários.
A Declaração da Independência afirma solenemente, ao denunciar os motivos da 
separação promovida pelo segundo congresso Continental da Filadélfia, que o rei da 
Grã-Bretanha estaria violando os direitos mais básicos da liberdade. [...] Os documentos 
fundadores na nova nação são amplos e generosos. A Declaração de Independência 
afirma que todos os homens foram criados iguais e dotados pelo Criador de direitos 
inalienáveis, como vida, liberdade, busca da felicidade (KARNAL, 2015, p. 139).
Filosoficamente, a Declaração acentuou dois temas: os direitos individuais e o direito 
de revolução. Duas condições fundamentais para justificar os atos que deveriam tomar, pois, 
se não afirmassem os direitos individuais, como poderiam dizer que fariam o desligamento 
do Reino Unido, deixando de ser uma colônia? E se também não declarassem o direito de 
revolução, também não poderiam desmembrar-se. Assim, a primeira declaração do mundo 
moderno afirma algo fundamental para a ética: as garantias individuais e a possibilidade de 
revoltar-se contra o que não se concorda. No caso dos Estados Unidos, já não se concordava 
em ser colônia.
Um segundo momento histórico importante é a Revolução Francesa. Ela nasce sobre 
o lema: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. O marco fundamental dessa revolução é a 
Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, em que estão expressos 
os anseios e a busca do seu grande ideal de liberdade e igualdade. 
As declarações americanas e francesas foram a fonte de inspiração para a libertação de 
muitas nações e inspiraram as pessoas a encontrar sua razão de ser e pensar como cidadãos de 
um mundo onde as amarras e as prisões devem ser pensadas não como uma forma de interesse 
de alguns, mas que, em primeiro lugar, as pessoas tenham a possibilidade de se expressarem, 
de se enxergaram como iguais e de construírem um mundo mais fraterno e melhor para 
se viver.
A partir da Revolução Francesa se intensificam grandes movimentos de mudanças no 
mundo, pois seus três princípios (liberdade, igualdade e fraternidade) são fundamentais 
para que o ser humano desenvolva-se plenamente. Lembremos que, durante o período ou 
século XVII, especialmente na Europa, existiam dinastias que impunham formas de trabalho 
e de controle rígidos, próximos da escravidão. O Estado intervinha nas relações comerciais 
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– de servidão e cobrança de altos impostos –, e um pequeno grupo, a elite, podia desfrutar. 
Mesmo assim, não foram os mais pobres que promoveram a revolução, mas sim um grupo 
burguês, isto é, um determinado grupo que também pensava em acumular para manter sua 
posição social.
O século XVII foi um período profícuo, no sentido de se estabelecer situações favoráveis 
para o pensamento sobre a condição humana. O contexto da reflexão sobre as liberdades 
buscadas leva à construção da libertação das terras americanas e à própria revolução francesa, 
e também ao período em que surge a primeira Revolução Industrial. Tem-se, portanto, um 
mundo “em ebulição”, que levara os governos, as pessoas e os pensadores desse período a 
sérios questionamentos sobre o ser humano e seus direitos. 
Assim, a partir dos momentos históricos que deram origem a essa reflexão, a humanidade 
não mais deixara de lado os questionamentos sobre sua importância. Esses momentos 
fundantes levaram a filosofia política, a ética e tudo o que se refere à condição humana 
e, nesse sentido, também a religião a se questionar sobre o humano e a humanidade. A 
culminância de tudo isso se dará mais de um século depois com a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos de 1948.
Nesse período, as regalias, as benesses sociais eram direcionadas apenas para um grupo. 
Apenas os mais próximos do poder ou que tinham dinheiro podiam desfrutar do que se 
oferecia na época. Embora muitos possam dizer que hoje também é assim, podemos, por 
outro lado, afirmar que esses direitos são garantidos a todos. Para nós brasileiros, um marco 
importante na garantia desses direitos é a Constituição Brasileira de 1988, que ainda não fez 
frutificar tudo o que ali está expresso. Caberia à sociedade fazer valer esse direito, cobrando 
das autoridades o que lhes é devido, assim como também fazendo a sua parte de forma a 
minorar as diferenças.
4 A diferenciação social
A sociedade é uma forma essencial para que todos nós possamos existir e sobreviver. Hoje 
já não é possível desejar retroceder a um estágio natural. Temos necessidades emocionais, 
afetivas, psicológicas etc. Nada pode substituir a necessidade da convivência, assim como as 
demais, as quais podem ser consideradas da natureza humana. 
Para que as relações aconteçam, é necessário que a sociedade se organize, conheça 
os direitos de cada um e de todos, e inclua todos em uma perspectiva humanitária, ética e 
de direito. 
Seria possível pensar em uma sociedade “perfeita”? Esta seria formada apenas pelos 
mais capazes e melhores? Esse tipo de pensamento seria excludente e anti-humano; não 
cabe em nossa reflexão acerca da sociedade de direitos a qual tratamos até o momento. 
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Posições como essas já foram defendidas em Esparta, cidade guerreira em que, 
quem não fosse capaz de entrar em guerra deveria ser morto ao nascer. Porém, não 
precisamos ir muito longe. Vejamos o exemplo nazista. Por que judeus, doentes e 
outros grupos foram assassinados inicialmente na Alemanha e, posteriormente, foram 
perseguidos por toda a Europa? Porque se defendia uma ideia de supremacia de um 
grupo de uma determinada parte da sociedade sobre outros. Hoje, felizmente, a defesa 
de direitos e a possibilidade de inclusão das pessoas permitem o entendimento de que 
ações desse tipo são inadequadas.
Pode-se dizer que, ao nascermos, todos somos iguais, o que nos diferencia é o lugar 
onde nos inserimos após o nascimento. Por outro lado, as discriminações criadas socialmente 
fazem com que sejam vividos e expressados preconceitos de raça, cor, sexo etc. Procurar 
então uma forma de igualdade é buscar a garantia do direito de oportunidades sociais e para 
que ninguém seja tratado como superior ou inferior. São direitos fundamentais de qualquer 
pessoa: ter uma família, educação, alimentação, serviços de saúde, trabalho digno, acesso 
a bens e serviços, participar da vida pública e ter o respeito dos semelhantes, entre outros. 
É nesse sentido que se inserem os direitos humanos como uma forma complementar e 
fundamental, ou seja:
[...] os direitos humanos devem ser observados como conjunto articulado e 
interdependente dos direitos civis, políticos, sociais, econômicos e culturais, fundados, 
para além da ideia de universalidade, no princípio da indivisibilidade e no horizonte 
da internacionalização, condição indispensável para a luta pela construção de uma 
cidadania global (MONDAINI, 2009, p. 12).
A participação na sociedade não é como muitos pensam, ou seja, apenas de se ter o 
direito de ir e vir, de votar e ser votado, é muito mais do que isso. Participar é entender que 
se possui direitos e lutar para que eles se efetivem socialmente. 
Um exemplo de boa forma de participação social é o orçamento participativo. Essa 
prática se tornou conhecida quando a cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, passou 
a adotá-la e, hoje, já é umarealidade de muitas cidades e estados brasileiros. O orçamento 
participativo é uma forma efetiva de a população ter voz para que seus direitos sejam ouvidos, 
discutidos e principalmente respeitados.
Considerações finais
Nesta aula, compreendemos a formação histórica dos direitos humanos e da ética. 
Aprendemos que tal surgimento se deu a partir das relações que a humanidade estabeleceu no 
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decorrer da história, e que os direitos humanos foram sendo elaborados durante séculos, em 
especial, no período moderno a partir da Independência dos Estados Unidos e da Declaração 
Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789.
Passamos a entender que não basta termos direitos, é preciso mais do que isso, é 
necessário buscar a sua concretização, por meio da participação social sempre que possível. 
O ser humano tem muitos direitos, e o fato de muitos serem descumpridos levou à 
necessidade de se construir uma declaração. Muitas vezes, vivemos e não nos damos conta 
que temos direitos – à liberdade, propriedade, segurança, à vida etc. –, mas, quando eles 
são suprimidos, logo percebemos a sua importância e, por isso, devem ser garantidos. 
Busquemos viver bem em sociedade e talvez assim não seja preciso exigir tanto os direitos, 
muito embora, como afirmam Pinsky e Pinsky (2015, p. 9): 
A ideia de que o poder público deve garantir um mínimo de renda a todos os cidadãos 
e o acesso a bens coletivos como saúde, educação e previdência deixa ainda muita 
gente arrepiada, pois se confunde facilmente o simples assistencialismo com dever 
do Estado.
A ética e a Declaração dos Direitos Humanos nos propõem desafios. E cada pessoa, ao 
entender esses desafios, tem diante de si a possibilidade de assumir-se cada vez mais como 
cidadão e membro de uma grande sociedade. Entender-se como um ser que não pertence 
somente a um país, mas a uma grande nação que nos possibilita viver esse momento histórico, 
nos torna comprometidos com o “destino” de cada um e ao mesmo tempo de todos.
Referências 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 23 nov. 2016.
KAUFMANN, Matthias. Em defesa dos direitos humanos: considerações históricas e de 
princípios. São Leopoldo: UNISINOS, 2013.
KARNAL, Leandro. Estados Unidos, liberdade e cidadania. In: PINSKY, Jaime, PINSKY, Carla 
Bassanezi (Orgs.). História da Cidadania. 6. ed. São Paulo: Contexto, 2015, p.134-157.
LACERDA, Gabriela; PESSOA, M. Agir bem é bom: ética ontem, hoje e amanhã. São Paulo: 
Editora Senac: São Paulo, 2018.
MONDAINI, Marco. Direitos humanos no Brasil. São Paulo: Contexto, 2009.
ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Disponível em: <http://www.dudh.org.br/
wp-content/uploads/2014/12/dudh.pdf>. Acesso em: 23 nov. 2016.
PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi (Orgs.). História da cidadania. São Paulo: Contexto, 2015.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm
	Introdução
	1 Os conceitos de ética e direitos humanos
	2 A fundamentação ética
	3 A questão histórica
	4 A diferenciação social
	Considerações finais
	Referências

Outros materiais