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2
0. Introdução
A sexualidade é algo inerente à vida e à saúde, marcada por sentimentos e relações pessoais e interpessoais, que se fazem presentes em todas as fases do desenvolvimento do ser humano, não obstante este tema, reúne não só a camada académica mas também as esfera social na qual podemos indexar os adolescentes e jovens, tendo cada um, uma orientação sobre sexualidade, seja ela adquirida com os pais ou familiares, ou simplesmente por momentos de conversas informais entre amigos.
A sexualidade é importante por se tratar de uma fase da vida de todo ser humano e muitas vezes devido à ignomínia o tema não é explanado, podendo ocasionar consequências negativas na vida do adolescente, como por exemplo, proliferação de doenças sexualmente transmissíveis devido ausência de conhecimento. Todavia, muitos jovens e adultos que têm receio em falar sobre a sexualidade e/ou se sentem ofendidos quando questionados, por considerarem que é uma questão que não deve ser dialogada abertamente.
Orientação sexual é o termo usado para se referir à capacidade que tem cada pessoa de experimentar profunda atracção emocional, afectiva e sexual por indivíduos de sexo diferente, por indivíduos do mesmo sexo ou por ambos, alternada ou simultaneamente.
Um dos objectivos da orientação sexual é romper com os tabus e preconceitos existentes nos dias atuais, propiciando uma melhor relação com o seu meio, no qual, não exista discriminação em nenhum dos âmbitos relacionados à sexualidade.
0.1 Objectivos
Geral 
· Esmiuçar sobre a orientação sexual 
0.2 Especifico 
· Definir orientação sexual;
· Identificar os tipos de orientação sexual;
· Caracterizar a relação entre a adolescência e a orientação sexual;
1.0 Metodologia 
Para a efectivação de qualquer pesquisa ou trabalho é fundamental que se recorram a alguns métodos e matérias de pesquisa. Segundo GIL (1999), pode-se definir como método de pesquisa a todo o procedimento racional e sistemático que tem como objectivo proporcionar respostas aos problemas que são proposto numa investigação. Pesquisa é definida mediante o concurso dos métodos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos.
Para Fonseca (2002), methodos significa organização, e logos, estudo sistemático, pesquisa, investigação; ou seja, metodologia é o estudo da organização, dos caminhos a serem percorridos, para se realizar uma pesquisa ou um estudo, ou para se fazer ciência. Etimologicamente, significa o estudo dos caminhos, dos instrumentos utilizados para fazer uma pesquisa científica
1.2 Método de procedimentos para a recolha de dados
Marconi e Lakatos (2012) concebem “o método de procedimento como etapa mais concreta da investigação, com finalidade mais restrita em termos de explicação geral dos fenómenos menos abstractos”. Pressupõe uma atitude concreta em relação ao fenómeno e está limitado a um domínio particular. Na mesma esteira, Andrade (2010) afirma que o método de procedimento possui um carácter mais específico, relacionando-se, não com o plano geral do trabalho, mas sim com as suas etapas.
1.2.1.Pesquisa Bibliográfica
De acordo com RUIZ (2002), nem todas as pessoas farão pesquisa de campo ou de laboratório, mas com certeza todos farão pesquisa bibliográfica, pois em qualquer tipo de pesquisa independentemente da área de actuação supõe-se e se exige uma pesquisa bibliográfica prévia, seja como actividade exploratória para justificar os objectivos e ainda contribuir com a própria pesquisa, ou seja, sua principal finalidade é “conhecer as diferentes formas de contribuição científica que se realizam sobre determinado assunto ou fenómeno” (OLIVEIRA, 2002).
Assim sendo, optou-se pela pesquisa bibliográfica, onde é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e electrónicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem porém pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objectivo de recolher Informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta (FONSECA, 2002).
Assim sendo, este método ira contribuir para o processo de compreensão de alguns conteúdos relacionados a orientação sexual. 
2.0 Referencial Teórico 
2.1 Conceituação de género
 Os estudos acerca das representações de género vêm se modificando ao longo da história, o conceito de sexismo e estereótipos sexuais reconhecem o homem como forte e racional, enquanto as mulheres são vistas como incapazes intelectualmente e pré-racional. Sendo anteriormente esta caracterização de género uma condição vinculada apenas ao sexo biológico (NUNES; SILVA, 2000).
Entendemos aqui como identidade de género aquele conjunto de significações causais explicativas sobre o Ser-Homem (masculino) e o Ser-Mulher (feminino). O género seria a primeira classificação simbólica, portanto, a primeira representação significativa, entre as identidades do homem e da mulher. As primeiras identidades de géneros encontram-se nas narrações míticas, cosmogónicas e cosmológicas, representando a suposta origem do homem e da mulher a partir de discursos narrativos carregados de determinismos de poder e simbologias de diferenciação (NUNES; SILVA; 2000, p.69).
2.2 Diferenciação de identidade de género e identidade sexual
 O ser humano, visto como ser complexo e integral engloba em si uma série de características, marcas e determinações, que podem ser de origem biológica, social, cultural ou histórica. Dessa forma, compreender a conceituação de sexo se torna substancial para adentrar as questões pertinentes sobre identidade de géneros e sexual. 
 O sexo pode ser entendido como a marca biológica do ser humano, a caracterização genital e natural, aquilo que diferencia anatomicamente os corpos femininos e masculinos (WEEKS, 2007).
 A sexualidade é um conceito definido através da construção cultural de uma significação pessoal e social de traço genital, que todos nós temos naturalmente, característica inerente ao ser humano. Podendo ser definida como uma questão pessoal, social e política, construída ao longo de toda vida, de muitas maneiras (LOURO, 2007). 
Podemos entender que a sexualidade envolve rituais, linguagens, fantasias, representações, símbolos, convenções, Processos profundamente culturais e plurais. Nessa perspectiva, nada há de exclusivamente “natural” nesse terreno, a começar pela própria concepção do corpo, ou mesmo de natureza (LOURO, 2007).
 Para Costa (2008) a sexualidade humana é tida como a mais complexa dentre todos os animais, facultando que se caracterizem 11 maneiras de manifestação e não somente duas. São elas: mulheres heterossexuais; homens heterossexuais; homens homossexuais; mulheres lésbicas; mulheres bissexuais; homens bissexuais; homens travestis; mulheres travestis; transexuais masculinos; transexuais femininos; inter-sexo.
 A sexualidade não se define apenas por características biológicas, mas resulta também de aspectos psicológicos e interacções com o contexto familiar e social. O cérebro é o principal órgão do Sistema Nervoso Central, no qual está localizado as áreas relacionadas com as actuações psicológicas e sociais do ser humano. No decorrer da gestação liberam-se harmónios que enviarão ao cérebro uma conformação masculina ou feminina, destarte todos estes harmónios juntamente com os valores do meio onde o indivíduo será educado, irá delinear até os dois anos e meio, a identidade de género (COSTA, 2008).
 Todavia, os aspectos psicológicos concernem-se à identidade sexual: a identidade de género (masculina ou feminina) e a orientação sexual (hétero, homo ou bissexual), sendo a identidade de género, sensação de ser homem ou mulher, relacionando-se com a bagagem biológica e a inserção do sujeito em determinada sociedade. Ao nascer apenas se considera a genitália externa, sendoneste momento, irrelevantes os demais aspectos biológicos, este nascituro obterá uma certidão que será “definitiva”, desta maneira o menino será tratado como tal por familiares e conhecidos, os mesmos irão moldá-lo de acordo com os códigos sociais de comportamento de género masculino, enfim o indivíduo “aprenderá” como deve ser o comportamento social de um menino (COSTA, 2008). 
Nesse raciocínio, pode se analisar a influência que os processos culturais podem e acarretar nesse desenvolvimento e construção do que é natural e do que não é, e produzimos e transformamos o nosso meio, logo fazemos histórico. E então os corpos adquirem sentido social e a demarcação no género – feminino ou masculino – vai ser realizada (LOURO, 2007). 
Para Foucault (1988), a sexualidade é um dispositivo histórico, ou seja, é uma invenção social construída a partir de múltiplos discursos sobre o sexo, esses discursos regulam, normatizam, instauram saberes e produzem verdades
A identidade de género e a identidade sexual são consideradas as principais representações daquilo que o sujeito é. Sendo que é a partir destas que constantemente nos apresentamos e nos reafirmamos, estas parecem traduzir com mais segurança o ser humano.
 2.3 A adolescência e a orientação Sexual 
A adolescência pode ser definida como etapa de mutação, passagem e de inúmeras mudanças na qual o indivíduo se depara com várias inquietações. É também momento de sentimentos contraditórios, atracção pelo sexo oposto, descontentamento, prazer e curiosidade. O processo de adolescer possui factores genéticos, biológicos, sociais, emocionais e culturais. A fase de transição marcada pelas transformações biopsicológicas promove a definição das características sexuais secundárias nos meninos e nas meninas, tornando-os aptos para se reproduzir. Ambos vivenciam um aumento no desenvolvimento cognitivo e na estrutura da personalidade e apresentam modificações externas e hormonais (CRIVELARI, 2007; TIBA, 1994).
É importante destacar que a adolescência é fase de transição entre a infância e a idade adulta na qual o desenvolvimento da sexualidade tem uma importância fundamental na formação do indivíduo, de sua identidade, na determinação de sua auto-estima, nas relações afectivas e na sua inserção na sociedade (SILVA; TONETE, 2006). Neste processo, a família, a escola e os profissionais de saúde são elementos importantes para se conseguir saúde, bem-estar e qualidade de vida dos adolescentes (RAMOS, 2001)
A descoberta do sexo é algo que acontece posteriormente à infância, quando se inicia a puberdade. Nolte e Harris (2005) referem que ele é descoberto como fonte de atracção, em parte pelo desenvolvimento dos órgãos genitais e dos impulsos sexuais, que através de suas primeiras manifestações corporais levam o jovem a uma situação ao mesmo tempo de prazer e vergonha. Neste momento o adolescente já não consegue ficar alheio às transformações, tenta entender as mudanças no seu corpo e faz as primeiras descobertas em relação à sua sexualidade (COSTA, 1986). Durante a adolescência é muito comum os filhos ficarem distantes dos pais, dificultando o relacionamento entre ambos. Por muitas vezes os pais sentem-se incompetentes para estabelecer relações com seus filhos, à medida que vão crescendo, temendo em alguns casos, deparar-se com o despertar da sexualidade (TIBA, 2005). Estudos realizados por Nunes e Silva (2001) mostram o aumento da preocupação das lideranças políticas, dos profissionais de saúde, pais e educadores a respeito do compromisso em desenvolver acções integradas para a melhoria na qualidade da assistência ao adolescente. Esta preocupação aumentou em função da precocidade da iniciação sexual entre os jovens e, como consequência, a elevação do número de gravidez indesejada na adolescência, bem como de outros agravos à saúde.
2.4 Orientação Sexual 
O conceito Orientação Sexual é usado para substituir o termo “opção sexual”, levando em consideração que não é possível escolher sua orientação, pois ela é desenvolvida ao longo da vida. Beraldo (2003) disserta que a Orientação sexual é propiciada na escola, ambiente este que promove debates e reflexões do modo formal e sistematizado.
Em conformidade com Rios e Piovesan (2001), orientação sexual é a identidade que se atribui a alguém em função da direcção da sua conduta ou atracção sexual, se esta se dirige a alguém do mesmo sexo, denomina-se de orientação homossexual; se, ao contrário, a alguém do sexo oposto denomina-se heterossexual, se pelos dois sexos, de bissexual. Dessa maneira, a orientação sexual está relacionada ao sentido do desejo sexual do indivíduo, se pelo mesmo sexo, pelo oposto ou por ambos
A orientação sexual é certamente tarefa difícil de realizar, porque, além de ser bastante complexa, não basta simplesmente ter conhecimento para dá-la com eficiência e resolutividade. No ambiente familiar começa o processo de apreensão de conhecimentos referentes à sexualidade, onde os adolescentes formam as primeiras opiniões; portanto fundamental que a família forneça este tipo de orientação de maneira adequada (WEREBE, 1981; SIERRA, 2004). A descoberta do sexo é algo que acontece posteriormente à infância, quando se inicia a puberdade. 
Para Nolte e Harris (2005) referem que ele é descoberto como fonte de atracção, em parte pelo desenvolvimento dos órgãos genitais e dos impulsos sexuais, que através de suas primeiras manifestações corporais levam o jovem a uma situação ao mesmo tempo de prazer e vergonha. Neste momento o adolescente já não consegue ficar alheio às transformações, tenta entender as mudanças no seu corpo e faz as primeiras descobertas em relação à sua sexualidade (COSTA, 1986).
 A orientação sexual vai além, abrangendo o sentido de manter relações íntimas e sexuais com essas pessoas.
2.4.1 Tipos de Orientação Sexual 
 Hoje são reconhecidos três tipos de orientação sexual: 
· Heterossexualidade (atracção afectiva, sexual e erótica por pessoas do “sexo oposto”);
· Homossexualidade (atracção afectiva, sexual e erótica por pessoas do “mesmo sexo”); e
· Bissexualidade (atracção afectiva, sexual e erótica tanto por pessoas de um quanto do outro sexo) (Carrara et al., 2010, p. 49)
2.4.2 Orientação sexual ao longo da história
 Uma das questões mais polémicas nos últimos anos tem sido a liberdade de orientação ou de opção sexual. A regra de que os opostos se atraem, actualmente, perdeu sua valia, até mesmo nas questões históricas, já se demonstrava que a especificação do género do parceiro sexual não era tão relevante, pelo menos durante a antiguidade, ganhando força apenas a partir do século VXIII, na cultura ocidental (FARO, 2015).
 Fazendo uma pequena viagem histórica pelos povos e culturas antigas, é possível perceber como a homossexualidade foi ao longo do tempo concebida. Para os egípcios e mesopotâmicos, considerados os antecessores da cultura ocidental, aparentemente não apenas aceitavam as relações homossexuais, como também as reconhecia em sua literatura, mitologia e cultura, contudo, as evidências disso são apenas indirectas, não havendo muitos registos (FARO, 2015).
Na Mesopotâmia, a relação entre pessoas do mesmo sexo evidencia-se na mitologia, no conto de “relacionamento entre Gilgamesh, o grande e poderoso soberano de Uruk, e Enkidu, um homem criado pelos godos para divertir Gilgamesh”. Outra forte evidência, diz respeito ao rei Zimri-Lim e ao rei Hammurabi da Babilônia “que tinham amantes homens semelhantes as esposas” (grifos do autor) (FARO, 2015).
Já a partir da Alta Idade Média, com o advento do Código Justiniano, por volta de 553 d.C, tornou-se ilícita a relação entre pessoas do mesmo sexo, colocando-a como uma falta tão grave como o adultério e o divórcio, uma vez que violava o ideal cristão do casamento. A Igreja passa a ter então uma forte influência sobre a forma como relações homossexuais eram vistas, afirmando ser espiritualmente contra essa relação, levando em conta que dela não poderia resultar procriação. Mas, é apenas por volta do século XIII que as uniões homossexuais passarama ser combatidas inclusive com leis, que tornaram a sodomia3 como prática ilícita. A Igreja tornou-se assim, a protagonista na perseguição as pessoas que tivessem condutas invertidas. (FARO, 2015).
Embora as sociedades gregas e romanas tenham sido agressivamente sexistas e misóginas, elas nunca caíram no heterossexismo peculiar da tradição judaico-cristã. A condenação judaico-cristã as práticas homossexuais no início da Idade Média sob forte influência religiosa nos conceitos de gays e lésbicas se tornaram um mecanismo de poder para as autoridades da época, tendo em vista a estreita relação entre Estado e Religião (BORRILO, 2010; JESUS, 2013).
Foi a partir do século XIX que os antes nomeados invertidos, passaram a ser chamados de homossexuais, embora não haja nenhuma correspondência entre os termos, a nomenclatura deu-se principalmente devido ao discurso médico-cientifico que se preocupava com a classificação das patologias, de maneira que, os primeiros estudos buscaram identificar as causas da homossexualidade e se propunham a criar terapias para tentar normalizar a vida sexual dos invertidos (FARO, 2015).
Entre os povos asiáticos há fortes evidências da prática do berdache, sendo permitido assim, o relacionamento homossexual. As populações aborígines (Austrália e Melanésia) desenvolveram um tipo de “homossexualidade ritualizada” através da qual um garoto em um ritual de transição para a vida adulta deve manter durante certo tempo relações com um homem mais velho. No Japão feudal, século XVII, a homossexualidade era institucionalizada entre os guerreiros samurais, os homens mantinham relações sexuais tanto com suas mulheres quanto com garotos. Na China, também se repetia o cenário de relações abertas e casos de amor entre homens, porém, durante o reino de Yongzheng (1723-1735), essas relações tornaram-se ilícitas e acabou provocando uma reorientação da sexualidade na China (FARO, 2015).
Seguindo pela história e pelas culturas, foi apenas em 1930 na África, que se encontrou registos de uniões homossexuais entre mulheres, as relações eram nomeadas como “maridos femininos” ou “casamento de mulher” (grifos do autor), pois um dos parceiros assumia o papel masculino na relação. Essa descoberta feita por antropólogos é muito importante, pois traz registos raros, uma vez que a maioria dos relacionamentos considerados sodomitas ou de invertidos eram para homens. Isso demonstra que a relação homossexual entre mulheres recebeu pouca atenção, porque durante a história elas eram consideradas sexualmente marginais (FARO, 2015). 
Sexualidade e género são dimensões diferentes que integram a identidade pessoal de cada indivíduo. Ambos surgem, são afectados e se transformam conforme os valores sociais vigentes em uma dada época. São partes, assim, da cultura, construídas em determinado período histórico, ajudando a organizar a vida individual e colectiva das pessoas.
 Em síntese, é a cultura que constrói o género, simbolizando as actividades como masculinas e femininas (BRASIL, 2009). A diferença homo/hétero não é só constatada, mas serve, sobretudo, para ordenar um regime das sexualidades em que os comportamentos heterossexuais são os únicos que merecem a qualificação de modelo social e de referência para qualquer outra sexualidade. Assim, nessa ordem sexual, o sexo biológico (macho/fêmea) determina um desejo sexual, assim como um comportamento social específico (masculino/feminino). 
A divisão dos géneros e o desejo sexual funcionam como um dispositivo de reprodução da ordem social, e não como um dispositivo de reprodução biológica da espécie (BORRILO, 2010). Social e biologicamente a orientação erótico-afectiva homossexual é vista como um mecanismo emocional que predispõe certos indivíduos a escolher, ou permitir que se escolha por eles, um papel não reprodutivo. 
Depois do surgimento da sexologia, no século XIX, a homossexualidade passou a ser entendida não como uma perversão sexual, mas como identidade sexual, tanto que o termo foi cunhado não para classificar ou estigmatizar, mas sim para definir sua orientação sexual, como parte da personalidade e do carácter de alguém (FARO, 2015). Vista como um direito, a homossexualidade pode ser, com muito mais propriedade, apontada como uma liberdade de reconhecimento tardio. Não há dúvidas de que seja um direito fundamental, ou, pelo menos, a expressão do direito fundamental à autodeterminação quanto à própria orientação sexual, isto é, quanto à própria sexualidade do indivíduo (FARO, 2015). 
2.5 Transexualidade 
 A transexualidade e os indivíduos transgénicos vêm atraindo a curiosidade e o interesse tanto da ciência quanto do público em geral. Essas pessoas têm ganhado espaço na média, falando abertamente sobre suas vidas e do processo enfrentado para a modificação corporal. O avanço da tecnologia nos últimos anos alavancou a implementação de procedimentos e terapêuticas farmacológicas e de técnicas cirúrgicas antes impensáveis nos domínios de género e sexualidade (JESUS, 2012). 
A transexualidade ainda é entendida e classificada como uma doença mental pelo discurso biomédico e, neste sentido, a cirurgia de redesignação sexual é entendida como a correcção necessária para este transtorno, que visa adequar o corpo à mente do indivíduo. Despatologizar a transexualidade é dever dos Estados, além de assegurar os meios práticos para garantir a assistência à saúde dessa população. É um direito inalienável de todo cidadão e toda cidadã o acesso universal e igualitário aos padrões máximos de saúde e bem-estar (PETRY e MEYER, 2011; COLLING, 2013). Sendo assim, a transexualidade coloca-se como uma questão de identidade. Não é uma doença mental nem debilitante ou contagiosa e não é uma perversão sexual. Não tem nada a ver com orientação sexual, como geralmente se pensa, não é uma escolha nem é um capricho. 
A novidade que o século XX trouxe para as pessoas transexuais foram os avanços médicos, que lhes permitiram adquirir uma fisiologia quase idêntica à de mulheres e homens cisgênero (JESUS, 2012). Para aqueles diagnosticados e denominados como transexuais pelo discurso biomédico, como portadores de disforia de género, a cirurgia de transgenitalização assume carácter de necessidade, se assim o desejarem. Cria-se assim um paradoxo contemporâneo: o mesmo processo que rompeu com representações seculares de “corpo sexuado natural” presta-se para a restauração dessa normalidade. Desse modo, com e através do corpo reitera-se o que se constitui como sexo e género legítimos, sexualidade normal e identidades socialmente adequadas. (PETRY e MEYER, 2011).
2.6 Preconceito e distorções
 A diversidade, seja ela cultural, religiosa, étnica ou sexual acaba por vezes, resultando em intolerância, preconceito, distorções, acções discriminatórias, etc., esse efeito pode ser gerado por falta de informações adequadas ou por rejeição ao tido como “normal” e “aceitável”. No que concerne a orientação sexual e identidade de género, estudos apontam um quadro muito mais grave de intolerância, preconceito e de LGBTfobia, que não se limita a xingamentos ou discursos ofensivos, mas que geram estatísticas alarmantes dos chamados crimes de ódio.
 A homossexualidade, entendida como relação sexual e afectiva entre pessoas do mesmo sexo, pressupõe inúmeros “pré-conceitos” (representações) culturais e históricos, entre eles a noção de identidade sexual. Ao longo do período em que esteve submetida ao veredicto da medicina, a homossexualidade também foi objecto de estudo da psicologia e da psicanálise. Freud, que se debruçou sobre o psiquismo humano e sua relação com a sexualidade, usou o saber psicanalítico para contribuir com a ampliação do conceito de desvio sexual nos psicodiagnósticos, que logo foi incorporado a psiquiatria. Porém, na metade do século XX, movimentos sociais começaram a questionar a permanência da concepção de homossexualidade como doença (BAÉTE, ZANELLO e ROMERO)
2.7 Heterocentrismo
O heterocentrismo corresponde, a um conjunto de ideologias e crenças das quais derivam práticas heterossexistase homofóbicas. Toda forma de perceber e categorizar o universo das orientações sexuais a partir de uma óptica centrada em uma heterossexualidade estereotipada considerada dominante e normal não apenas como estatística, mas principalmente no sentido moralizante do termo. Dentro do heterocentrismo, pode-se destacar ainda o heterossexismo e o sexocentrismo (JESUS, 2013).
2.8 Heterossexismo
O heterossexismo é um processo de invisibilização das pessoas homossexuais no quotidiano, que, no momento em que estas se tornam visíveis, transforma-se em violência contra elas, ou seja, actos homofóbicos. 
O heterossexismo se restringe a práticas discriminatórias específicas das redes sociais. O conceito de heterocentrismo, relacionado a um sistema afectivo e ideológico que impõe heterossexualidade como superior, é diferente do de heterossexismo, porque este se refere apenas à estigmatização das pessoas LGBT, no sentido da inferiorização O que se defende, quando se refere ao heterocentrismo, é uma etimologia adequada ao objecto: a visão de mundo centrada na heterossexualidade que se torna um paradigma (JESUS, 2013).
 Sexocentrismo está relacionado somente às questões de géneros: é o fenómeno universal da diferenciação ligada ao conceito de sexo biológico. Assemelha-se ao heterocentrismo, porém a diferença consiste no se refere a ideias e crenças distorcidas acerca de géneros, sexocentrismo, enquanto no heterocentrismo essas distorções se focam na questão da orientação sexual, da sexualidade (JESUS, 2012).
Para além dos crimes resultantes em vias de fato, como assassinato ou tentativas de homicídios, é preciso chamar atenção as agressões verbais e psicológicas, além de constrangimentos e situações vexatórias. Os efeitos da discriminação podem ser devastadores, dessa maneira, estudos sobre o impacto do preconceito em pessoas LGBTs, apontam que o foco não é na raiva e demais sentimentos negativos, naturais e esperados em quem sofre este tipo de preconceito, mas sim, nas consequências de tais sentimentos para essas pessoas. Ou seja, existe uma interiozação da violência sofrida, deslocando-a ou reprimindo para os outros ou para si, produzindo depressão e atitudes autodestrutivas (ROSA, 2017).
3.0 Considerações Finais 
 Terminado a pesquisa e com base nas leituras feitas foi possível constatar que ao longo dos anos, a sexualidade veio ganhando cada vez mais espaço nas discussões quotidianas e científicas. O grande tabu que norteou por anos o sexo como imoral, sujo e inapropriado, recebe hoje grande destaque e inúmeras pesquisas para esclarecer cada vez mais as dúvidas da população. Lógico que ainda estamos distantes do ideal no que cerne ao conhecimento e a desmistificação de alguns conceitos básicos, que dão margens para preconceitos e discriminações, porém, muito já se avançou no reconhecimento e evolução dos conceitos de géneros, sexo, orientação sexual e identidade de género. Como vimos, o sexo é biológico, e está directamente ligado as características físicas que diferem homem de mulher, como genitália, gónadas, etc., género é social, construído pelas diferentes culturas, se refere a formas de se identificar e ser identificada como homem ou mulher.
 Orientação sexual se refere à atracção por alguém de algum género. Contudo as pessoas que possuem identidade de género seriam aquelas que possuem determinado corpo que, pela lógica da heteronormatividade, não segue a linha coerente entre o órgão sexual. Assim como a homossexualidade, a transexualidade tem sido estigmatizada como uma doença, sendo inclusive necessário o diagnóstico de disforia de género para que os indivíduos possam passar pela cirurgia de redesignação social. 
4.0 Referências bibliográficas 
BAÉRE, Felipe de; ZANELLO, Valeska; ROMERO, Ana Carolina. Xingamentos entre homossexuais: transgressão da heteronormatividade ou replicação dos valores de gênero? Revista Bioética (Impr.). Universidade de Brasília- UnB. BrasíliaDF, 2015.
Carrara, Sérgio (org.), et al. (2010). Curso de Especialização em Gênero e Sexualidade. Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília, DF: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.
COSTA, R. Múltiplas faces da sexualidade humana. Psique Ciência e Vida. São Paulo, a. II, n. 9, p.42-47, 2008
FOUCAULT, M. História da sexualidade I: a vontade do saber. Rio de Janeiro: Graal, 1988.
FARO, Julio Pinheiro. A note on homosexuality in history (Uma nota sobre a homossexualidade na história). Revista Subjetividades, Fortaleza, 2015.
 JESUS, Jaqueline Gomes de. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos. 2ª edição – revista e ampliada. Brasília, 2012.
 JESUS, Jaqueline Gomes de. O conceito de Heterocentrismo: um conjunto de crenças enviesadas e sua permanência. Revista Psico-USF, Bragança Paulista, V. 18, N. 3. Universidade de Brasília, Brasília- DF, 2013
 ROSA, Lucas Camapum. A LGBTfobia como fenômeno cultural e seus impactos psíquicos. Monografia (Graduação) - Faculdade de Ciências da Educação e Saúde, Centro Universitário de Brasília, Brasília, 2017.
LOURO, G. L. Género, sexualidade e educação: uma perspectiva pósestruturalista. Rio de Janeiro: 
Vozes, 19
PETRY, Rodolfo; MEYER, Dagmar Elisabeth Estermann. Transexualidade e heteronormatividade: algumas questões para a pesquisa. Textos & Contextos. V. 10, N. 1. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre- RS, 2011
WEEKS, J. O corpo e a sexualidade. In: LOURO, G. L. O corpo educado: pedagogias da sexualidade. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

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