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1 2 3 Joyciane Coelho Vasconcelos Teorias Econômicas 1ª Edição Sobral/2018 4 5 Sumário UNIDADE 1- CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ECONOMIA Economia Curva de Possibilidade de Produção (CPP) Fluxo Circular da Renda Macroeconomia e Microeconomia UNIDADE 2 - OS 10 PRINCÍPIOS DA ECONOMIA Os Princípios da Economia UNIDADE 3 - DEMANDA DE OFERTA E EQUILÍBRIO DE MERCADO Fundamentos da oferta e da demanda. UNIDADE 4 - ELASTICIDADE Ferramenta da Economia UNIDADE 5 - ESTRUTURAS DE MERCADO Bens de Serviço Concorrência Perfeita Monopólio Concorrência Imperfeita Oligopólio Cartel, truste e holding Estrutura do Mercado de fatores de produção 6 UNIDADE 6 – MACROECONOMIA O que estuda a macroeconomia Estrutura de análise macroeconômica PIB UNIDADE 7 - POLÍTICAS ECONÔMICAS Política Monetária Bibliografia 7 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ECONOMIA 1 8 9 Economia Etimologicamente o termo Economia vem do grego oikosnomos, em que oikos significa casa, patrimônio, riqueza e nomos administração, ou seja, administração da riqueza. É uma ciência social que estuda como os indivíduos e a sociedade utilizam recursos econômicos escassos para produção de bens ou serviços de forma a satisfazer as necessidades humanas. Todo recurso econômico é escasso, significa que a sociedade tem recursos limitados, logo a escassez é um dos principais problemas da Economia. É uma ciência social que estuda as formas de comportamento humano resultantes da relação existente entre as ilimitadas necessidades a satisfazer e os recursos que embora escassos, se prestam a usos alternativos (ROSSETTI, 2007). Segundo Mankiw (2005), não há nada de misterioso sobre o que é uma economia. Em qualquer parte do mundo, uma economia é um grupo de pessoas que estão interagindo umas com as outras e, dessa forma, vão levando a vida. Se não houvesse escassez de recursos econômicos, ou seja, se todos bens e serviços fosses abundantes, não haveria necessidade. Como disse Albert Einstein, “A ciência nada mais é do que o refinamento do pensamento cotidiano”. Objetivo da Ciência Econômica: formular propostas para resolver ou minimizar os problemas econômicos, de forma a melhorar a qualidade de vida das pessoas. 10 Economia é uma disciplina fascinante. Ela nos envolve e acompanha em nossos problemas do cotidiano e se preocupa em estudar as atividades humanas. Os economistas estudam como as pessoas tomam decisões e como interagem. Decisões como, por exemplo: quanto comprar, o quanto trabalham, se tem lazer ou se faz poupança. Problemas Fundamentais da Economia As organizações não têm como produzir tudo que a sociedade deseja. Como as necessidades humanas são ilimitadas e os recursos econômicos são escassos surgem os três principais problemas da Economia. A cada momento novos problemas para o mundo da economia vêm surgindo. Um deles é satisfazer as necessidades humanas e que determinado bem econômico, seja ele, um bem material (concreto, ou seja, bens em que se pode mensurar, dá características, ex. uma casa, um barco, etc.) ou bem imaterial (abstrato,ou seja,bens em formas de serviços,ex.: a consulta do médico com o seu paciente,o ensino da professora, os serviços bancários e dos correios,etc.) possa ter repercussão no mercado.É por meio dessas necessidades humanas que a Economia entra em campo para responder as indagações seguintes: O quê e quanto produzir? Em relação o que produzir, primeiro tem-se que fazer uma análise de mercado, pois a Economia como uma ciência social não estuda somente interesses individuais de poucos, mas os interesses de toda a sociedade. Feito estas análises agora pode-se determinar qual a quantidade de produtos a ser produzido e em que proporções serão colocados à disposição da sociedade. A principal variável que se pode relacionar com “o que e em que quantidade” é por meio da demanda. Porém, devido este fator se pode estudar o comportamento do todo, ou seja, saber quais produtos estão satisfazendo as necessidades humanas no mercado e em que proporções. 11 Como produzir? Quais fatores de produção serão aplicados durante o processo de produção? Tais fatores como: matéria-prima, bem de capitais tangíveis, tecnologia, mão-de-obra qualificada (especializada – divisão do Trabalho). Antes de tudo, tem que observar que a maioria dos recursos que a natureza dispõe ao homem é escassa. Então deve-se cada dia mais ter a consciência e buscar novas alternativas para a produção desses bens. Para quem produzir? Um dos principais fatores nessa questão será o preço. Quanto maior a oferta, menor será a demanda ou quanto menor a oferta maior será a demanda (Lei da Oferta e da Demanda). Logo o preço é o fator de restrição, exclusão em uma economia de mercado. Como será a distribuição de renda gerada pela atividade econômica? Quais os setores beneficiados? Observa-se no Quadro 1 a seguir, apresentada por Dallagnol (2008) um resumo dos problemas fundamentais da economia. 12 Quadro 1 – Problemas Econômicos Fundamentais Problemas Econômicos Fundamentais Níveis de Referência Respostas a estas questões 1. O que e quanto produzir? Econômico É proporcionada pelo conhecimento das máximas possibilidades de produção de que dispõe uma nação. Há que se considerar que, ao mesmo tempo em que se decide pela produção de um bem ou serviço, um outro bem estará deixando de ser produzido. Cabe às autoridades econômicas o papel de estimular a produção em determinadas regiões, para o atendimento a políticas econômicas de crescimento e mesmo de desenvolvimento econômico dessa região e da nação como um todo com vistas ao bem-estar da coletividade. 2. Como produzir? Tecnológico Esta questão está estreitamente relacionada as possibilidades tecnológicas de produção. Competirá a sociedade como um todo, a adoção de técnicas de produção que combinem da maneira mais adequada possível, seus recursos humanos e patrimoniais. A resposta a esta questão deve considerar o dilema homem versus máquina de tal forma que a introdução da técnica no aparelho produtivo não implique em desperdício do potencial humano e, por outro lado a sociedade não deverá recusar o emprego de técnicas que possam significar um aumento da eficiência produtiva. 3. Para quem produzir? Social Esta questão merece maior atenção por parte daqueles que respondem pelas políticas econômicas. Consiste em decidir de que maneira será distribuída por toda a sociedade, a produção obtida. Ou seja, de que maneira aqueles que participam do processo produtivo irão usufruir do resultado do seu trabalho. Fonte: Dallagnol (2008, p.22). 13 Conceitos Fundamentais da Economia De um modo geral, o objetivo de uma indústria é produzir bens e serviços para vendê-los e obter lucros. Mas o que são bens? E serviços? Bens são produtos tangíveis e serviços produtos intangíveis. De forma global, bem é tudo aquilo que permite satisfazer as necessidades humanas. Bens econômicos são aqueles escassos, ou seja, cuja demanda é superior a sua disponibilidade, ou que exigem custo e esforço para sua obtenção. São transferíveis e podem ser trocados entre si. São bens de consumo, bens intermediários e bens de capital. Bens de consumo - aqueles destinados ao atendimento de necessidadesdiretas de pessoas ou empresas. De acordo com sua durabilidade, podem ser classificados como duráveis (como carros, móveis, eletrodomésticos); ou como não duráveis tais como gasolina, alimentos e cigarro. Bens intermediários - são aqueles que são transformados ou agregados na produção de outros bens e que são consumidos totalmente no processo de produtivo (insumos, matérias-primas e componentes). Bens de Capital - são bens de produção (ou os bens de produção são os bens de capital), ou seja, bens de capital, que permitem produzir outros bens. Exemplo: Máquinas, Equipamentos e Instalações. Os bens podem ser: bens livres que são úteis. Existem em quantidade ilimitada e podem ser obtidos sem nenhum esforço na natureza. Ex: a luz solar, o ar, o mar. Esses bens não possuem preços. E bens econômicos que são úteis. Possuem preços, são escassos e supõem a ocorrência de esforço humano para obtê-lo. Esses bens são classificados em dois grupos: bens materiais que são de natureza material e podem ser estocados, tangíveis (podem ser tocados), como roupas, alimentos, livros, TV, etc.; serviços que não podem ser tocados 14 (intangíveis). Ex: serviço de um médico, consultoria de um economista, serviços de um advogado (apenas para citar alguns), e acabam no mesmo momento de produção. Não podem ser estocados. Deve ser dito que tanto os bens de consumo quanto os bens de capital são classificados como: bens finais que são bens acabados, pois já passaram por todas as etapas de transformação possíveis; bens intermediários que são bens que ainda estão inacabados, que precisam ser transformados para atingir a sua finalidade principal. Ex: o aço, o vidro e a borracha usados na produção de carros. Os bens podem ser classificados, ainda, em: bens públicos que são bens não exclusivos e não disputáveis. Referem-se ao conjunto de bens fornecidos pelo setor público: transporte, segurança e justiça; bens privados que são bens exclusivos e disputáveis. São produzidos e possuídos privadamente: TV, carro, computador, etc. Curva de Possibilidade de Produção (CPP) Para satisfazer as necessidades e desejos humanos são necessários bens que não encontramos na natureza, consequentemente usamos do processo de transformação para adquiri-los. A produção faz-se a partir de recursos e fatores produtivos como terra (ou recursos naturais, os minérios, a água, a energia, etc.), trabalho (mão-de-obra), capital (como máquinas, fábricas, estradas, etc.) e conhecimentos técnicos. Devido aos recursos escassos uma sociedade tem que escolher as quantidades de bens e serviços a produzir, por exemplo, mais café e menos chá. Para simplificar se admiti que uma sociedade apenas possa produzir dois tipos de bens: café e soja Com quantidade de recursos pode-se escolher entre café e soja, e as possibilidades são muitas. Para poder observar todas as situações possíveis tem- se a um gráfico em Economia: a fronteira de possibilidade de produção que 15 representa o lugar geométrico dos pontos de produção máxima de café e soja, dada certa quantidade de recursos disponíveis. A curva de possibilidade de produção ilustra como a escassez de fatores de produção cria um limite para a capacidade produtiva de uma empresa, país ou sociedade. Ela representa todas as possibilidades de produção que podem ser atingidas com os recursos e tecnologias existentes. A concavidade da curva indica que, dadas as quantidades dos recursos, se a sociedade quiser aumentar a produção de um bem, maior será a taxa de sacrifício (o custo de oportunidade) associada a tal intenção (isso em termos da produção do outro bem). Logo, se quiser aumentar a produção de um bem terá que reduzir a produção do outro bem. A figura a seguir mostra a fronteira máxima de produção, então os pontos sobre a curva mostram o máximo possível da produção combinada das duas mercadorias como mostram os pontos A, B e C. Nestes pontos supõe que a economia esteja em pleno emprego de seus recursos, ou seja, quase todos utilizados em capacidade máxima. A economia pode produzir no interior da curva, num ponto como D, ter mais café sem sacrificar soja, no entanto, isso significa que tem recursos ociosos. Os pontos que se encontram fora da curva das possibilidades de produção, num ponto como E, é impossível devido á falta de recursos. Figura 1 – Curva de Possibilidade de Produção C B A café soja D E 16 A transferência dos fatores de produção do café para produzir soja implica um custo de oportunidade que é igual ao sacrifício de se deixar de produzir parte do bem café para se produzir mais de soja. O custo de oportunidade por representar o custo da produção alternativa sacrificada, reflete em um custo implícito. Fluxo Circular da Renda Agentes Econômicos em uma economia capitalista são as famílias, as empresas e o governo, que respondem às seguintes questões: O quê, Quanto, Como? e Para Quem Produzir?. A inter-relação entre os agentes econômicos pode ser resumida por meio de um esquema denominado fluxo circular da Renda. Os agentes econômicos transacionam entre si na busca de atingir seus objetivos e, ainda, proporcionar o equilíbrio da economia como um todo. De modo a mostrar de maneira bem simples o funcionamento da economia, opta-se por apresentar um modelo de economia fechada envolvendo apenas as famílias, as empresas e o governo, ou seja, não incluem o setor externo. As remunerações pagas pelas Unidades Produtoras criam renda para as Famílias, que compram os bens e serviços produzidos pelas Unidades Produtoras, mediante o pagamento adequado. Assim, temos dois fluxos principais. O primeiro fluxo é o Fluxo Real (figura 3), que representa o envio dos recursos produtivos das famílias para as empresas e o outro fluxo representa o envio das mercadorias (bens e serviços) das empresas para as Unidades Familiares. 17 Figura 2: Fluxo real da Economia Fonte: Rossetti, José Pachoal. Introdução à Economia. 16 ed. São Paulo: Atlas,1995, p.186. Paralelamente a este fluxo, funciona o Fluxo Monetário, que representa o envio de recursos financeiros das Unidades Produtoras para as Unidades Familiares. Figura 3: Fluxo monetário da Economia Fonte: Rossetti, José Pachoal. Introdução à Economia. 16 ed. São Paulo: Atlas,1995, p.186. A Figura 4 representa a oferta e a demanda de bens e a oferta e a demanda de recursos num sistema econômico com três agentes, ou seja, 18 famílias, empresas e governo. Analisando-se a figura, pode-se perceber que as empresas demandam no mercado de fatores, força de trabalho das famílias para utilizá-la para a produção de bens e serviços. Essas empresas remuneram as famílias, por meio de recursos monetários denominados rendas, de modo que essas famílias se tornem consumidoras de produtos no mercado de bens. Figura 4 - Fluxo circular de uma economia com três agentes Fonte: Adaptado de MONTELLA, M. Economia Passo a Passo, Rio de Janeiro: Quailitymark, 2004 De toda a renda destinada às famílias como forma de pagamento pelo uso dos seus fatores, apenas parte reverte-se diretamente as empresas na forma de consumo (alimentação, moradia, saúde, educação, transporte, etc.). O restante da renda destina-se, em parte, ao mercado financeiro e, em parte, ao governo, na forma de tributos diretos sobre a renda e sobre o patrimônio das famílias. O montante de renda mantido no mercado financeiro, sob a forma de poupança das famílias, é direcionado às empresas, como recurso para investimento. Estes recursos são fonte de financiamento para aquisição de bens de investimento, como máquinas, equipamentos e até novas instalações. 19 O montante de recurso monetário desviado das unidades familiares e das empresaspara o governo sob a forma de tributos – impostos, taxas e contribuições de melhoria – equivale à receita pública utilizada pelo governo para financiar seus gastos dentro e fora do mercado de fatores e do mercado de bens. No mercado de fatores, o governo, no papel de comprador, adquire fatores de produção e os utiliza para produzir bens e serviços públicos não negociados no mercado, tais como defesa nacional, saúde pública, proteção policial etc., tornando-os disponíveis à comunidade em geral. Já no mercado de bens, o governo atua: Do lado da oferta, quando vende determinados bens e serviços, como serviços postais, transporte, habitações populares e serviços públicos em geral; Do lado da demanda, quando compra bens e serviços que vão ser úteis, direta ou indiretamente, à coletividade, tais como equipamentos bélicos, veículos, material de escritório, alimentos para hospitais e escolas públicas, serviços de manutenção e limpeza etc. Fora do mercado de bens e do mercado de fatores, registram-se como gastos do governo: as transferências, que são auxílios financeiros do governo para as famílias, e os subsídios, que são auxílios financeiros do governo para as empresas. Diante desse fluxo de renda entre governo, empresas e famílias, podemos dizer que o crescimento econômico ocorrerá quando os preços dos bens produzidos pelas empresas forem suficientes para: cobrir os custos dos fatores de produção; cobrir os tributos pagos ao governo; propiciar uma renda que permita as unidades familiares pouparem (depois de garantido o seu consumo); gerar um volume de vendas suficiente para que as empresas possam auferir lucros. 20 Macroeconomia e Microeconomia A economia esta dividida em duas áreas: Microeconomia e Macroeconomia. A diferença entre os dois ramos da Economia é muito importante, pois primeira será visto a Microeconomia e em seguida a Macroeconomia. A Microeconomia é uma área da economia que estuda o comportamento de consumidores e produtores e o mercado no qual interagem. Preocupa-se com a determinação dos preços e as quantidades em mercados específicos. Também conhecida como teoria dos preços. Já a Macroeconomia se preocupa com os grandes setores, em seus aspectos globais, ou seja, estuda a determinação e o comportamento dos agregados como PIB, consumo, investimento, exportação, inflação, desemprego, com o objetivo de delinear uma Política Econômica. Breve histórico do surgimento da Economia A história da Economia evoluiu pari passu com os períodos que caracterizam a história da humanidade. Desde Moisés até os mercantilistas, a sociedade mundial viveu em complexidades. E foi dessa complexidade que, um século depois, após o fim dos ideais mercantilistas do século XVII, o mundo percebeu a necessidade de ter economistas. Entre as fases, tem-se: Antiguidade Clássica, Greco-Romana, Império Romano, Idade Média, Mercantilismo, Fisiocratas, Escola Clássica, Escola Keynesiana, Escola Marginalista. Será abordada na próxima unidade de estudo. 21 O pai da Economia é o Adam Smith que em 1776 publicou sua principal obra “A riqueza das nações” em que dizia que a nação seria rica se cada indivíduo fizesse o melhor para si, pois assim chegaria ao bem- estar geral. Adam Smith é um dos pensadores fundadores da Escola Clássica. Para saber mais: Leia o artigo: A EVOLUÇÃO DA ECONOMIA: UMA ABORDAGEM HISTÓRICA SOBRE OS PRINCIPAIS MODELOS, TEORIAS E PENSADORES. http://www.fara.edu.br/sipe/index.php/renefara/article/view/68/58 http://www.fara.edu.br/sipe/index.php/renefara/article/view/68/58 22 23 OS 10 PRINCÍPIOS DA ECONOMIA 2 24 25 Os Princípios da Economia A economia reflete o comportamento das pessoas que a compõe. Os quatro primeiros princípios da economia estão relacionados com as decisões individuais, ou seja, como as pessoas tomam decisões. Do quinto ao sétimo princípio demonstra como as pessoas interagem. E por último, do oitavo ao décimo estão relacionados ao funcionamento da Economia. As pessoas enfrentam tradeoffs Define uma situação em que há conflito de escolha. Ele se caracteriza em uma ação econômica que visa a resolução de problema, mas acarreta outro, obrigando uma escolha. As pessoas devem tomar decisões, pois “nada é de graça”. Para conseguirmos algo que queremos, precisamos abrir mão de outra coisa. Como já foi dito na unidade de estudo 1, os recursos são escassos, então não podemos obter tudo que queremos. Consideremos, por exemplo, um jornalista que precisa decidir como alocar seu tempo para produzir boas matérias para o público. Outro exemplo, o recurso mais precioso de um estudante é o tempo, logo ele deverá escolher quais disciplinas irá estudar. Ou ainda, um casal que deve tomar decisões de como gastar a renda familiar. Podem também optar entre lazer ou poupança. O tradeoff clássico se dá entre “armas e manteiga”. Quanto mais uma sociedade gasta com defesa nacional (armas) para proteger suas linhas costeiras, menos ela pode gastar com bens de consumo (manteiga) para elevar o padrão de vida nos lares. Tempo: Por que estudar? Desejo: Por que estudar isso e não aquilo? 26 Renda: Como gastar a renda familiar? Governo: Como usar os recursos disponíveis? Outro tradeoff que a sociedade enfrenta eficiência ou equidade: Eficiência: propriedade que uma sociedade tem de receber o máximo possível pelo uso de seus recursos escassos. Equidade: justa distribuição da prosperidade econômica entre os membros da sociedade. 1. O custo de alguma coisa é aquilo de que você desiste para obtê-la. A tomada de decisão exige comparar os custos e os benefícios das alternativas. Em alguns casos, o custo não está implícito, como por exemplo, a decisão de ir à faculdade. Os benefícios principais são o enriquecimento intelectual e uma vida com melhores oportunidades de emprego. Mas qual é o custo? Parece fácil encontrar o custo, muitos acham que é só somar os gastos com livros, deslocamentos, xerox e etc. Porém, esse total não representa o que você sacrifica para passar quatro anos na Faculdade. Os salários que deixam de ganhar enquanto está na Faculdade são os principais custos da educação. Logo, isso é o Custo de Oportunidade que é aquilo de que você abre mão para obtê-lo. Fazer uma faculdade: despesas com mensalidades, livros, moradia e alimentação. No entanto estes são custos comuns. E o tempo, por exemplo? Para estudar você abre mão de se dedicar mais ao emprego e pode estar perdendo uma promoção. Se você não estudar não adquire conhecimentos científicos e pode perder a oportunidade de ocupar um alto posto na empresa. 27 2. As pessoas racionais pensam na margem As decisões que tomamos na vida raramente são “preto no branco”; elas geralmente envolvem diversos tons de cinza. A decisão não é de jejuar ou comer até estourar, a decisão é se comemos mais um bife ou não, mais uma colher de arroz ou não. São as mudanças marginais, vale a pena comer esta colher a mais? Qual será meu benefício marginal? Qual será meu custo marginal? Em muitos casos as pessoas tomam melhores decisões quando pensam na margem. Um tomador de decisão executa uma ação se, e somente se, o benefício marginal da ação ultrapassa o custo marginal. “Os economistas utilizam a expressão “alterações marginais” marginais” para descrever pequenos ajustes incrementais a um plano de ação incremental. Fazer uma pós-graduação? Para tomar essa decisão você precisa conhecer os benefícios adicionais queesses anos a mais de estudo podem lhe oferecer. 3. As pessoas reagem a incentivos Como as pessoas tomam decisões por meio de comparação de custos e benefícios, seu comportamento pode mudar quando os custos e benéficos mudam. Quando o preço da maçã sobe, as pessoas passam a comer mais pêra. Ao mesmo tempo, os produtores contratam mais pessoas e passam a produzir mais maçãs. O resultado é uma pressão para diminuição do preço pelo aumento da oferta e diminuição da procura. Muitas políticas afetam os benefícios e os custos para as pessoas, muitas vezes de maneira indireta. Ao analisarmos qualquer política, precisamos considerar não apenas seus efeitos diretos, mas também aos efeitos indiretos que operam por meios de incentivos. Quando o preço das maçãs aumenta as pessoas decidem comer mais peras e menos maçãs, porque o custo de comprar maçãs está maior. O efeito dos preços sobre o comportamento de compradores e vendedores é fundamental para entender como funciona a economia. 28 Os formuladores de políticas públicas nunca deveriam esquecer os incentivos, visto que muitas políticas mudam os custos ou benefícios com que as pessoas se deparam e, portanto, alteram comportamentos. Um imposto sobre a gasolina, por exemplo, incentiva as pessoas a dirigir carros menores ou a utilizar transporte público. 4. O Comércio pode ser bom para todos Quando o membro de uma família procura um emprego, concorre com membros de outras famílias que estão em busca de emprego. As famílias também concorrem umas com as outras quando vão às compras, porque cada uma das famílias quer comprar os melhores produtos pelo menor preço. Assim, em certo sentido, cada família em uma economia compete com todas as outras famílias. Apesar da competição, sua família não estaria melhor se isolasse de outras famílias, produzindo seus próprios alimentos, confeccionando suas roupas e construindo sua própria casa. O comércio não é uma prática esportiva; a vitória de um não significa a derrota do outro. Empresas concorrem umas com as outras, países concorrem uns com os outros, indivíduos concorrem um com os outros. No entanto, ao mesmo tempo em que são concorrentes, conseguem se beneficiar do comércio entre eles. O comércio pode ser um jogo em que os dois jogadores ganham. O comércio permite que as pessoas se especializem nas atividades em que são melhores, permitindo que desfrutem de uma maior variedade de bens e serviços. 5. Os Mercados são geralmente uma boa maneira de organizar a Atividade Econômica Este princípio deve-se principalmente a Adam Smith. Por mais que indivíduos e empresas busquem o lucro pessoal e pensem individualmente, o resultado final é favorável à sociedade como um todo. Smith usou o termo mão invisível do mercado para descrever este paradoxo. Para que este efeito 29 aconteça, a competição é fundamental, pois gera preços menores e maior eficiência na produção. Em contraste, a teoria do planejamento central era de que apenas o governo poderia organizar a atividade econômica de uma maneira que promovesse o bem-estar econômico de todo o país. O principal mecanismo para organizar a atividade econômica é o preço. Quando ele pode flutuar livremente, permite os ajustes automáticos do sistema. No planejamento centralizado, os preços eram fixados por agentes do estado que impedia o ajuste automático dos preços e, em consequência, que a mão invisível atuasse coordenando a milhões de famílias e empresas que compõe a economia. As empresas decidem quem contratar e o que produzir. As famílias decidem em que empresas trabalhar e o que comprar com seus rendimentos. Essas empresas e famílias interagem no mercado, no qual o preço e o interesse próprio orientam as decisões. Adam Smith: 1776 – A riqueza das Nações. “O homem tem quase que constantes oportunidades para esperar ajudar seus irmãos, e seria ocioso que a esperasse de sua benevolência, apenas”. Ele será mais bem-sucedido se pode capturar seu egoísmo em seu favor e mostrar-lhes que é para proveito deles próprios fazer o que deles necessita. Adam Smith: 1776 – A riqueza das Nações. “Não é da benevolência, do cervejeiro, do açougueiro ou do padeiro que esperamos nosso jantar, mas da atenção que dão a seus próprios interesses.” “As famílias e as empresas, ao interagirem nos mercados, agem como que guiadas por uma “mão invisível” que as conduz a resultados de mercado desejáveis”. 30 6. Os Governos ás vezes podem melhorar os resultados do Mercado Há duas razões de ordem geral para que o governo intervenha na economia: promover a eficiência e promover a equidade. Muitas políticas econômicas visam ou aumentar o bolo ou alterar sua divisão. Para que a mão invisível funcione, é preciso que o governo a proteja. Os mercados só funcionam bem se o direito à propriedade é respeitado. Ninguém investe na produção se não tiver garantias que este investimento estará protegido. A mão invisível orienta, em geral, os mercados para uma alocação eficiente dos recursos. Contudo, por várias razões, a mão invisível às vezes não funciona. Os economistas usam a expressão falha de mercado para referir-se à situação em que o mercado por si só não consegue alocar recursos eficientemente. Além disso, existem dois motivos genéricos para que o governo intervenha na economia: Externalidade: São os impactos das ações de uma pessoa ou empresa no bem-estar do próximo. Um exemplo é a poluição. O governo precisa agir para conter as externalidades. Poder de Mercado: É a capacidade de algumas pessoas ou empresas de influírem indevidamente nos preços. O poder de mercado é nocivo à concorrência. Quanto há externalidades ou poder de mercado, políticas públicas bem concebidas podem aumentar a eficiência econômica. 31 7. O Padrão de vida de um país depende de sua capacidade de produzir Bens e Serviços Quase todas as variações de padrão de vida podem ser atribuídas as diferenças de produtividade entre os países - ou seja, a quantidade de bens e serviços produzidos em uma hora de trabalho. A taxa de crescimento da produtividade de um país determina a taxa de crescimento de sua renda média. Para elevarem os padrões de vida, é preciso elevar a produtividade garantindo: Melhor nível de educação; Ferramentas adequadas; Tecnologia. As diferenças de padrão de vida ao redor do mundo são impressionantes. Quase toda alteração nos padrões de vida pode ser atribuída a diferenças na produtividade, isto é, a quantidade de bens e serviços produzidos em uma hora de trabalho. Cidadãos de países com rendas altas têm mais aparelhos de TV, mais carros, melhores padrões nutricionais e expectativa de vida mais longa do que os cidadãos de países com menores rendas. 8. Os preços sobem quando o Governo emite moeda demais Na Alemanha, em janeiro de 1921, um jornal custava 0,30 marco. Menos de dois anos depois, em novembro de 1922, o mesmo jornal custava 70 milhões de marcos. Todos os outros preços da economia tinham aumentado da mesma forma. Em muitos casos de inflação longa e persistente, o culpado é sempre o mesmo – aumento na quantidade de moeda. Quando um governo emite grandes quantidades de moeda, seu valor cai. Trata-se da inflação, a elevação de preços que ocorre na sociedade de forma geral. Ela é causada principalmente pela elevação da quantidade de moeda 32 em circulação. Um dos vilões é o governo que muitas vezes precisa emitir dinheiro para saudar seus próprios compromissos. Seu efeito é nocivo para a sociedade. Manter a inflação em níveis baixos é um objetivo permanente das autoridades econômicas. 9. A Sociedade enfrenta um Tradeoff de curto prazo entre Inflação e Desemprego Por uma série de motivos, pelo menos no curto prazo, a diminuição da inflação leva aoaumento do desemprego e vice-versa. Este efeito é medido por um gráfico chamado curva de Philips. A escolha entre desemprego e inflação é apenas temporária, mas pode levar alguns anos. Por causa disso, reduzir a inflação torna-se ainda mais difícil para os governos, pois pode gerar um recessão temporária. Este tradeoff entre inflação e desemprego é denominada Curva de Phillips, pois é o nome do economista que pela primeira vez examinou essa associação. Ela significa que, em um ou dois anos, muitas políticas econômicas levam a inflação e o desemprego para direções opostas. Em macroeconomia, a curva de Phillips é um tradeoff entre inflação e desemprego, que permite analisar a relação entre ambos, no curto prazo. Segundo esta teoria, desenvolvida pelo economista neozelandês Willian Phillips, quanto mais alta a taxa de desemprego, menor a taxa de inflação, ou seja, menos desemprego pode ser alcançado obtendo-se mais inflação, e vice-versa. 33 DEMANDA DE OFERTA E EQUILÍBRIO DE MERCADO 3 34 35 Fundamentos da oferta e da demanda. Uma das melhores maneiras de perceber a relevância da Ciência Econômica é começar pelos fundamentos da oferta e da demanda. Fundamentos de Microeconomia Para fazer a análise do comportamento da demanda e da oferta precisam partir de alguns pressupostos básicos que são estabelecidos pela microeconomia. Em primeiro lugar, para analisar um mercado específico, a microeconomia parte da hipótese coeteris paribus. A condição Coeteris Paribus é uma expressão em latim que significa tudo o mais constante. Condição coeteris paríbus, que significa "tudo o mais permanecendo constante”. A análise microeconômica assume que, ao analisar um mercado, não existe influência de um setor em outro nem suas variáveis são consideradas. Analisa-se apenas a influência da oferta e da procura, vista sob a ótica do preço. Todas as outras influências (renda, gosto, variação cultural, tecnologia, etc.) são ignoradas. Ao se adotar essa hipótese, pode-se estudar um mercado específico selecionando apenas as variáveis cuja influência sobre consumidores e produtores que se deseja analisar, independentemente da influência de outros fatores ou de outros mercados. Por exemplo, saber o efeito isolado de uma variação de preço sobre a procura de determinado bem, independentemente do efeito de outras variáveis que afetam a procura, como a renda, gostos e preferências. Outra hipótese importante é aquela que supõe que os indivíduos atuam como agentes econômicos e são guiados pelo princípio da racionalidade. Segundo esses princípios, empresários estão sempre em busca de maximizar lucros condicionados pelos custos de produção, 36 consumidores procuram maximizar sua utilidade, trabalhadores procuram maximizar seu lazer e assim por diante. Assim, os consumidores são aqueles que se dirigem ao mercado a fim de obter um conjunto de bens e serviços com o objetivo de maximizar a sua satisfação (utilidade). Utilidade representa o grau de satisfação ou bem-estar que os consumidores atribuem a bens e serviços que podem adquirir no mercado. A teoria do valor utilidade pressupõe que o valor de um bem se forma por sua demanda, isto é, pela satisfação que o bem representa para o consumidor. A firma corresponde à combinação organizada feita pelo empresário de fatores de produção (capital, trabalho, recursos naturais e tecnologia) a fim de produzir o máximo possível ao menor custo. Busca-se a maximização da produção e a minimização de custos nas empresas. Uma empresa escolhe o que e quanto produzir em função dos preços e das preferências dos consumidores, já que o empresário produz um bem para vender no mercado. A teoria microeconômica procura, portanto, explicar como se determina os preços dos bens e serviços, e dos fatores de produção, procurando responder questões como: porque e quando o preço de uma mercadoria aumenta, a sua procura deverá cair, consideradas as demais variáveis constantes? É a parte da economia que estuda o comportamento das famílias e das empresas e os mercados nos quais operam. A Teoria do Valor Utilidade pressupõe que um valor de um bem se forma pela sua demanda, isto é, pela satisfação que um bem representa para o consumidor. Enquanto, a Teoria Valor Trabalho considera que um bem se forma do lado da oferta, através dos custos do trabalho incorporado ao bem, os custos de produção eram representados basicamente pelo fator mão-de-obra, em que a terra era praticamente gratuita e o capital pouco significativo. 37 Pode-se dizer que a Teoria do Valor - Utilidade veio complementar a Teoria Valor - Trabalho, pois não era mais possível predizer o comportamento dos preços dos bens apenas com base nos custos da mão de sem considerar o lado da demanda. Ademais, a Teoria do Valor Utilidade permitiu distinguir o valor de uso do valor de troca de um bem. O valor de uso é a utilidade que ele representa para o consumidor. Valor de troca se forma pelo preço no mercado, pelo encontro da oferta e da demanda do bem. A utilidade representa o grau de satisfação que os consumidores atribuem aos bens e serviços que podem ser adquiridos no mercado, ou seja, é a qualidade que os bens econômicos possuem de satisfazer as necessidades humanas. Demanda (Procura) É a quantidade de determinado bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir, num dado período, dada sua renda, seus gostos e o preço de mercado. Costuma-se definir a procura, ou demanda individual, como a quantidade de um determinado bem ou serviço que o consumidor estaria disposto a consumir em determinado período de tempo. É importante notar, nesse ponto, que a demanda é um desejo de consumir, e não sua realização. Demanda é o desejo de comprar. A demanda depende de variáveis que influenciam a escolha do consumidor, sendo riqueza, renda, preço de outros bens, expectativa sobre o futuro, fatores climáticos e sazonais, propaganda, hábitos, gostos e preferências e facilidade de crédito. Para estudar a influência isolada dessas variáveis utiliza-se a hipótese coeteris paribus. Então, a função geral da demanda por se dada por: 38 Em que: = quantidade demandada do bem i; = preço do bem i; = preço do bem substituto; = preço do bem complementar; R= renda; e G= Gostos Relação entre a quantidade demandada e o preço do próprio bem A relação entre a quantidade demandada e o preço do bem é chamada lei de demanda e diz que quando o preço sobe, a quantidade demandada diminui assumindo que outras variáveis não se alteram. Quando essas outras variáveis permanecem constantes, dizemos que a quantidade demandada e o preço têm uma relação negativa (ou inversa). Se o preço sobe, a quantidade demandada cai, e quando o preço cai a quantidade demandada sobe. Ou seja, quanto maior o preço de um bem, menor será sua quantidade demandada, coeteris paribus. Embora, sejam perfeitamente aceitáveis ao bom senso comum que a quantidade procurada do bem x varie inversamente ao seu preço, os economistas justificam tal comportamento da demanda em função de dois efeitos: Efeito-renda – quando o preço do bem x aumenta, o consumidor fica, em termos reais, mais pobres e, portanto, irá reduzir o consumo do bem; o inverso ocorrerá se o preço do bem x diminuir. Efeito-substituição – se o preço do bem x aumenta e o de outros bens fica constante, o consumidor procurará substituir o seu consumo por outro bem similar; se o preço diminuir, o consumidor aumentará o consumo do bem x às expensas da diminuição do consumo dos bens sucedâneos.39 Exemplo: Preço (R$) Quantidade demandada 1,00 50 2,00 30 3,00 20 4,00 15 5,00 5 Observa-se que quanto maior o preço, menor é a quantidade demandada do bem. Graficamente: Há exceções à lei da procura: os chamados bens de Giffen e bens de Veblen. Os bens de Giffen são bens de pequenos valores, porém de grande importância no orçamento dos consumidores de baixa renda, ou seja, são aqueles cuja quantidade demandada aumenta quando os preços aumentam. Exemplo: são raros os exemplos de bens de Giffen. O pão para os consumidores de baixa renda pode ser considerado um bem de Giffen. Os bens de Veblen são bens de consumo ostentatório, tais como obras de arte, jóia, tapeçarias e automóveis de luxo. Tanto os bens de Giffen como os de Veblen têm curvas de demanda com inclinação positiva, ou seja, ascendentes da esquerda para a direita. P Q D 40 Relação entre a quantidade demandada e o preço de outros bens e serviços Bens complementares são bens consumidos conjuntamente (exemplo: café é açúcar). Exemplo: um aumento no preço do café tenderia a reduzir não só a sua quantidade demandada, mas também a do seu complementar, o açúcar. Bens substitutos são bens consumidos concorrentemente (exemplo: carne e frango). Exemplo: um aumento no preço da carne tenderia a reduzir a sua quantidade demandada e aumentar a do seu substituto, o frango. Robert Pindyck e Daniel Rubinfeld dão outro exemplo no livro Microeconomia: preço do ingresso de cinema e o aluguel de filmes. Se o ingresso fica caro, algumas pessoas devem optar por fazer a locação, assistir a Netflix ou até mesmo utilizar a internet. É claro que os conceitos de bens substitutos e complementares variam de uma pessoa para outra. Para alguns, o telão e a pipoca do cinema não podem ser substituídos de forma alguma pela TV e o sofá de casa. Relação entre a quantidade demandada e a renda do consumidor Em economia, costuma-se classificar os bens de acordo com o seu comportamento frente à variação de preços e renda. Sob a ótica da renda, os bens são classificados em normais e inferiores. Diz-se que um bem é normal quando o aumento na renda (Y) dos consumidores aumenta a demanda por esse bem, ou seja, se houver um aumento na renda x, será um bem normal se para o mesmo nível de preço (p) os consumidores estiverem dispostos a adquirir maiores quantidades do bem x. Exemplo: o crescimento da renda dos trabalhadores provoca aumento da demanda por perfumes. Por outro lado um bem é considerado inferior quando, havendo um aumento na renda, para um mesmo nível de preço (p), os consumidores desejam 41 consumir quantidades menores desse bem. É o que acontece, por exemplo, com a demanda por carne de segunda, o consumidor ao ter sua renda aumentada, substitui a carne de segunda pela carne de primeira, que embora mais cara, torna-se acessível com o aumento da renda. O inverso ocorre quando a renda do consumidor diminui. Assim, no caso de um bem normal, uma variação positiva na renda (∆Y > 0) do consumidor acarretará um deslocamento para direita na curva de demanda e um deslocamento para esquerda da curva no caso de um bem inferior. Já uma variação negativa na renda (∆Y < 0) do consumidor causará um deslocamento para esquerda da curva de demanda no caso do bem normal e um deslocamento para direita no caso do bem inferior. Excedente do consumidor Corresponde a diferença entre o montante que o consumidor estaria disposto a pagar por determinada quantidade de um bem e o montante que efetivamente paga. Esta situação ocorre porque o consumidor consome até ao momento em que a sua utilidade marginal iguala o preço de mercado. P Q D Pm Pd 42 Oferta Quantidades que os produtores ou vendedores desejam oferecer ao mercado em determinado período de tempo. Depende de vários fatores, tais como preço, do preço (custo) dos fatores de produção e das metas ou objetivos dos empresários. A função oferta mostra uma correlação direta entre quantidade ofertada e níveis de preços, coeteris paribus. É a chamada Lei Geral da Oferta. Exemplo: Preço ($ ) Quantidade Ofertada 1,00 1.000 3,00 5.000 6,00 9.000 8,00 11.000 10,00 13.000 Graficamente: Variáveis que afetam a Oferta (S) Além do preço do bem, a oferta de um bem ou serviço é afetada pelos custos dos fatores de produção (matérias-primas, salários, preço da terra), por alterações tecnológicas e pelo aumento do número de empresas no mercado. P Q O 43 Q = quantidade do bem x, por unidade de tempo, que os vendedores desejam oferecer no mercado constitui a oferta do bem x. Similarmente à demanda, a oferta também é influenciada por diversas variáveis, entre elas: a) o preço do bem x (Px); b) preço dos insumos utilizados na produção (Pi); c) tecnologia (T); d) preço de outros bens (Pz); e) clima (A). Matematicamente, pode-se expressar a oferta do bem x (Ox) pela seguinte função: Ox = f (Px, Pi, T, Pz, A). A relação entre a oferta e nível de conhecimento tecnológico é diretamente proporcional, dado que melhorias tecnológicas promovem melhorias da produtividade no uso dos fatores de produção e, portanto, aumento da oferta. Da mesma forma, há uma relação direta entre a oferta de um bem ou serviço e o número de empresas ofertantes do produto no setor. Excedente do Produtor Do mesmo modo que existe excedente do consumidor também temos o Excedente do produtor, que é o benefício obtido pelas firmas através da venda em um determinado mercado onde os preços estão acima da curva de custo marginal. Este surge porque os custos marginais estão abaixo do atual preço que as firmas recebem pelos seus bens no mercado. P Q S Pm Ps 44 Equilíbrio de Mercado A oferta e a demanda do bem x conjuntamente determinam o preço de equilíbrio no mercado de concorrência perfeita. O preço de equilíbrio é definido como o preço que iguala as quantidades demandadas pelos compradores e as quantidades ofertadas pelos vendedores, de tal modo que ambos os grupos fiquem satisfeitos. O método básico da análise econômica pode ser resumido na proposição originalmente feita por Alfred Marshall em 1860 “a teoria geral do equilíbrio entre oferta e demanda é uma Ideia Fundamental”. Há então dois grupos de agentes, os consumidores e os produtores, que se relacionam mutuamente de forma tal que, dentro de certas condições ambientais concretas, espera-se que um certo preço faça com que a quantidade demandada seja igual à quantidade produzida. O sistema terá, pois que conter ao menos três variáveis básicas: a quantidade comprada, a quantidade produzida e o preço. Para que este sistema funcione é necessário que a competição entre os produtores e entre os compradores seja “livre”, o que corresponde a uma certa composição indefinida entre concorrência acirrada e cooperação amigável das empresas entre si e dos consumidores entre eles. A seguir tem o gráfico de equilíbrio de mercado, encontra-se em equilíbrio quando há equivalência entre oferta e a demanda desse bem, ou seja, quando as quantidades oferecidas são iguais as quantidades procuradas. O preço para o qual as quantidades oferecidas serão iguais as quantidades procuradas chama-se preço de equilíbrio (Pe) e a quantidade de equilíbrio é aquela que iguala procura e oferta (Qe). Para Dallagnol (2008), são as forças e os mecanismos de mercado, através das leis da oferta e da procura, que conduzem a fixação de um preço de equilíbrio, capaz de harmonizar o permanente conflito de interesses entre os produtores e os consumidores. 45 O preço de equilíbrio que ajusta os interesses dos que realiza a oferta e dos que exercema procura é o resultado de um prolongamento do jogo de ensaios e de erros. Partindo da hipótese de que o mercado está submetido a uma situação de concorrência perfeita, o preço de equilíbrio será determinado pela livre manifestação das forças da oferta e da procura. Se a oferta se torna maior que a demanda, as empresas baixam os preços como forma de reduzir seus estoques. A quantidade ofertada cai, assim como o preço. Por outro lado, se a demanda se torna maior que a oferta as empresas aumentam os preços dos produtos e a quantidade ofertada, fazendo com que a demanda caia. Nesses dois fatos, o mercado se estabiliza em um novo patamar de quantidade e preço. O equilíbrio é restabelecido. Esse processo é governado por aquilo que Adam Smith chama "a mão invisível", de modo a assegurar a harmonia entre os interesses de produtores e consumidores. Graficamente, o equilíbrio ocorre na intersecção das curvas da Procura e da Oferta. Para qualquer preço inferior, haverá excesso de procura e o preço tenderá a aumentar; para qualquer preço acima do equilíbrio, haverá um excesso de oferta e o preço tenderá a baixar. O Preço de Equilíbrio é aquele onde as quantidades procuradas e oferecidas se igualam. P Q S D Pe Qe 46 47 ELASTICIDADE 4 48 49 Ferramenta da Economia Nesta unidade de estudo iremos estudar uma ferramenta da Economia, pois na unidade de estudo 3 vimos que, pela Lei da Demanda, quanto maior o preço, menor a quantidade demanda, pela Lei da Oferta, quanto maior o preço, maior a quantidade ofertada, ou seja, estudamos somente a direção das variáveis. Elasticidade é um conceito importante dentro da microeconomia, referindo-se ao tamanho do impacto que a alteração em uma variável exerce sobre outra variável, como por exemplo, o preço aumentou 10% e a demanda reduz 5%, ou seja, é o tamanho do impacto que a alteração em uma variável (ex.: preço) exerce sobre outra variável (ex.: demanda). Elasticidade é sinônimo de sensibilidade, logo é uma reação de uma variável, em decorrência de mudanças em outras variáveis. Têm-se quatro tipos de Elasticidade: elasticidade preço da demanda, elasticidade renda da demanda, elasticidade preço cruzada da demanda e elasticidade preço da oferta. Elasticidade Preço da Demanda A elasticidade preço da demanda, como o próprio nome mostra, dada uma variação no preço, qual será o impacto na demanda. Podem ser classificadas em: procura elástica, procura de elasticidade unitária e procura inelástica. Comportamento da Elasticidade-Preço da Demanda: Demanda Inelástica acontece quando uma variação no preço provoca uma variação relativamente menor na quantidade demandada. 50 Demanda de Elasticidade Unitária acontece quando uma variação no preço provoca uma variação proporcional na quantidade demandada Demanda elástica acontece quando a variação da quantidade demandada supera a variação no preço. No entanto, o grau de sensibilidade não é igual para todos os bens e serviços disponíveis no mercado. Para certos produtos, uma pequena variação nos preços pode provocar uma alteração acentuada nas quantidades procuradas. Para outros, pode ocorrer exatamente o inverso; mesmo uma alteração muito acentuada nos preços não é capaz de provocar grandes modificações nas quantidades procuradas. E há casos em que as variações de preços e quantidades são rigorosamente proporcionais. (DALLAGNOL, 2008). Elasticidade Renda da Demanda Mede a variação percentual na quantidade demandada de um bem dado uma variação percentual na renda do consumidor. Podem ser classificadas em bens normais, bens inferiores e bens superiores. Bens normais: São bens cuja demanda aumenta com o aumento da renda do consumidor e vice-versa. Bens inferiores: São bens cujo aumento da renda do consumidor gera redução na quantidade demandada. Se for negativo o bem é considerado inferior, ou seja, aumentos de renda geram redução na quantidade demandada, normalmente devido a substituição por outros bens. Por exemplo, a carne de segunda, um aumento da renda gera uma redução de demanda via substituição da carne de segunda por outra de melhor qualidade. Neste caso, a elasticidade-renda é menor que zero. 51 Bens superiores: são bens cuja demanda é altamente elástica a renda. Aumentos de renda do consumidor geram aumentos mais que proporcionais na demanda. Por exemplo, aumento de 10% na renda gera aumento de 30% na demanda. Elasticidade Preço Cruzada da Demanda A elasticidade cruzada da demanda mede a variação percentual na quantidade demandada de um bem dado, uma variação percentual no preço de outro bem substituto. Por exemplo, de quanto seria o aumento na quantidade demandada de margarina se houvesse um aumento no preço da manteiga? Caso os bens fossem complementares, e não substitutos, é esperado que a elasticidade cruzada da demanda entre eles seja negativa e não positiva como no exemplo apresentado. Vejamos o caso do café e o açúcar. Pode parecer um exemplo tolo, mas a título de ilustração parece ser bastante válido. É de se esperar que um aumento das vendas de café solúvel gere um aumento no consumo de açúcar (a menos que as pessoas optem por tomar café amargo, mas excluiremos de nossa análise a preferência do consumidor). Então um aumento no preço do café, gerará uma redução na demanda por café e consequentemente uma redução na demanda por açúcar. Elasticidade Preço da Oferta Resposta da variação da quantidade ofertada à variação do preço de um bem. Ou seja, a elasticidade – preço da oferta é a medida da sensibilidade da quantidade ofertada em resposta a mudanças de preço do bem. Recebe o nome de elasticidade-preço da oferta a alteração percentual na quantidade oferecida, que ocorre em resposta a uma variação de 1% no preço de certo bem ou serviço. 52 Ela medirá o grau de sensibilidade da quantidade oferecida perante variações no preço. Classificação: Oferta unitária - a elasticidade-preço da oferta unitária (igual a 1) quando a uma variação de 1% no preço, corresponde a uma variação de 1% na quantidade oferecida. Oferta rígida - ocorre oferta rígida quando a uma variação de 1% no preço corresponde uma variação inferior a 1% na quantidade oferecida. Oferta elástica - verifica-se uma situação de oferta elástica quando a uma variação de 1% no preço correspondente a uma variação superior a 1% na quantidade oferecida. Para melhor compreensão do significado das variações na elasticidade- preço da oferta, bem como suas outras formas, é sempre importante notar que: Se EPO > 1, então a oferta é elástica (uma oferta é sensível a variações de preços); Se EPO = 1 então a oferta é elástica unitária; Se EPO < 1, então a oferta é inelástica, ou rígida (uma oferta não sensível a variações de preços). 53 ESTRUTURAS DE MERCADO 5 54 55 Bens de Serviço Você aprenderá que os mercados de bens e serviços estão estruturados de diversas formas diferentes que denominamos de Estruturas de mercado, ou seja, são aspectos inerentes as organizações e as diferentes estruturas de mercado estão condicionadas por três variáveis: número de firmas produtoras no mercado; diferenciação do produto; existência de barreiras à entrada de novas empresas. No mercado de bens e serviços,as formas e mercado, segundo essas três características, são as seguintes: concorrência perfeita, monopólio, concorrência monopolística (ou imperfeita) e oligopólio. No mercado de fatores de produção, são definidos as formas de mercado em concorrência perfeita, concorrência imperfeita, monopólio e oligopólio no fornecimento de insumos. Concorrência Perfeita A estrutura de mercado caracterizada por concorrência perfeita é uma concepção ideal, porque os mercados altamente concorrenciais existentes, na realidade, são apenas aproximações desse modelo, posto que, em condições normais, sempre parece existir algum grau de imperfeição que distorce o seu funcionamento, de acordo com Pinho e Vasconcellos (1998). Esta é a situação de mercado em que o número de compradores e de vendedores é tão grande que nenhum deles consegue influenciar o preço agindo individualmente. Através de um exemplo podemos imaginar um produtor agrícola. Quando ele colhe seu produto para ofertar no mercado não é ele quem define o preço da mercadoria, pois o preço é definido no mercado. Então, mesmo que ele queira vender a um preço mais alto não irá conseguir, pois haverá produtores ofertando ao preço mais baixo, definido no mercado. 56 Os produtos agrícolas são ótimo exemplo de mercado de concorrência perfeita por serem homogêneos, ou seja, independente do local da produção o bem é praticamente igual. Há muitos produtores agrícolas e muitos compradores, uma vez que os produtos agrícolas são parte do item alimentação, essencial para os indivíduos. Características: Muitos compradores e muitos vendedores e nenhum deles possui condições de influenciar o mercado; o bem ou serviço são homogêneos; livre mobilidade; não existem barreiras para entrada ou saída dos agentes que atuam; transparência de mercado. Por exemplo, diferentes marcas de cigarros, perfumes, sabonetes, refrigerantes etc. Trata-se, assim, de uma estrutura mais próxima da realidade que a concorrência perfeita, onde se supõe um produto homogêneo, produzido por todas as empresas. Monopólio Uma estrutura de mercado monopolista apresenta três características principais: uma única empresa produtora do bem ou serviço, não há produtos substitutos próximos, existem barreiras à entrada de firmas concorrentes. As barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado podem ocorrer de três formas: monopólio puro ou natural (devido a alta escola de produção requerida, exige um levado montante de investimentos), proteção de patentes (direito único de produzir o bem); controle sobre o fornecimento de matérias-primas chaves e tradição no mercado. Uma hipótese implícita no comportamento do monopolista é que ele não acredita que os lucros elevados que obtém em curto prazo possam atrair concorrentes, ou que os preços elevados possam afugentar os consumidores, ou seja, acredita que, mesmo em longo prazo, permanecerá como monopolista. Uma categoria diferenciada de monopólio é o estatal ou institucional, protegido pela legislação, normalmente em setores estratégicos ou de 57 infraestrutura. Como em uma concorrência perfeita, o ponto de equilíbrio do monopolista, ou seja, no qual ele maximiza o lucro, também ocorre quando a receita marginal e o custo marginal são iguais. A firma monopolista não tem curva de oferta, pois não tem uma curva que mostre uma relação estável dente determinados preços de venda correspondentes a determinadas quantidades produzidas, pois podemos ter vários preços para apenas uma quantidade vendida. Na realidade, a oferta é um ponto único sobre a curva de demanda. A existência de barreiras a entrada de novas firmas permitirá a persistência de lucros extraordinários também em longo prazo, sendo suposto que o monopólio não será afetado em longo prazo. Concorrência Imperfeita A concorrência imperfeita é uma estrutura de mercado com as seguintes características principais: muitas empresas, produzindo um dado bem ou serviço; cada empresa produz um produto diferenciado, mas com substitutos próximos; cada empresa tem certo poder sobre os preços, dado que os produtos são diferenciados, e o consumidor tem opções de acordo com sua preferência. A diferenciação dos produtos dá-se via: características físicas, embalagens, promoção de vendas, manutenção, atendimento pós-venda, etc. Como não existem barreiras para a entrada de firmas, em longo prazo há tendência apenas para lucros normais, como em concorrências perfeitas, ou seja, os lucros extraordinários em curto prazo atraem novas firmas para o mercado, aumentando a oferta do produto, até chegar-se a um ponto em que persistirão os lucros normais, quando então cessa a entrada de concorrentes. Para Pinho e Vasconcellos (1998), embora apresente, como a concorrência perfeita, uma estrutura de mercado em que existe um número elevado de empresas, a concorrência monopolista (também chamada 58 concorrência imperfeita) caracteriza-se pelo fato de que as empresas produzem produtos diferenciados, embora substitutos próximos. Oligopólio O oligopólio é um tipo de estrutura de mercado que pode ser definido de duas formas: oligopólio concentrado (pequeno número de empresas no setor) e oligopólio competitivo (pequeno número de empresas domina um setor com muitas empresas). Devido a existência de empresas dominantes, elas têm o poder de fixar preços de venda em seus termos, defrontando-se normalmente com demandas relativamente inelásticas, em que os consumidores têm baixo poder de reação a alteração de preços. Ocorre basicamente devido a existência de barreiras a entrada de novas empresas no setor, como a proteção de patentes, controle de matérias-primas chaves, tradição, oligopólio puro ou natural. Diferentemente da estrutura concorrencial, e de forma semelhante ao monopólio, em longo prazo os lucros extraordinários permanecem, pois as barreiras a entrada de novas firmas persistirão, principalmente no oligopólio natural, em que a alta escala de operações propicia uma produção a custos relativamente baixos, dificultando a entrada de firmas concorrentes. No oligopólio, podemos encontrar duas formas de atuação das empresas: concorrem entre si, via guerra de preços ou de promoções; formam cartéis. Cartel é uma organização formal ou informal de produtores dentro de um setor, que determina a política de todas as empresas do cartel, fixando preços e a repartição (cota) do mercado entre empresas. As cotas podem ser: 59 Perfeitas (cartel perfeito): todas as empresas têm a mesma participação. A administração do cartel fixa um preço comum e divide igualmente o mercado, agindo como um bloco monopolista. É a chamada “solução de monopólio”. Imperfeitas (cartel imperfeito): existem empresas líderes que fixam os preços, ficando com a maior cota. As demais empresas concordam em seguir os preços do líder. O oligopólio tem como modelo econômico o modelo clássico, que tem o objetivo de maximização dos lucros, devendo ter um conhecimento adequado de suas receitas e de seus custos. O preço é determinado apenas pela oferta, enquanto que na teoria marginalista, o preço é determinado pela intersecção entre demanda e oferta de mercado. Por exemplo, nos Estados Unidos há uma menor concentração das empresas, o que permite maior concorrência e menores preços dos bens e serviços. Portanto, neste país a característica mais evidente das empresas em sua estrutura são os oligopólios. Cartel, truste e holding Os trustes correspondem a fusão ou união entre duas empresas de um mesmo ramo ou de áreas diferentes da economia, constituindo uma única companhia ou um grupo de associados de maior porte. Essa forma de monopólio é muito utilizada por grandes empresas que se vêm ameaçadas pelo crescimento de pequenas concorrentes em fase do rápidocrescimento, mas também pode envolver empresas de porte maior. Além de buscar a diminuição da concorrência, os trustes podem ser realizados quando uma empresa decide expandir o seu mercado para outros ramos da economia. Exemplo: uma companhia do ramo de bebidas adquire ou se 60 funde com outra empresa do ramo alimentício para aumentar a sua área de atuação. Apesar de não ser considerada uma atividade ilegal, existem várias leis e estatutos elaborados para conter a expansão dos trustes e evitar um total descontrole do mercado global. Em 1890, nos Estados Unidos, foi sancionada a Lei Sherman Antitruste – uma lei para limitar os trustes e garantir a livre concorrência –, e ainda hoje pode haver restrições – nem sempre concretizadas – para a fusão entre duas grandes empresas que controlem parte do mercado consumidor. Os cartéis, por sua vez, são uniões secretas ou não oficialmente divulgadas entre empresas concorrentes, para ajustar o preço de suas mercadorias de modo a manter o interesse e evitar a perda de lucros em razão da disputa de mercado. Trata-se de uma prática considerada ilegal no contexto legislativo de praticamente todos os países existentes, embora seja amplamente praticada. Existe até mesmo, um cartel envolvendo países no ramo petrolífero, a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Eventualmente, os seus membros reúnem-se e estabelecem os ajustes no preço desse recurso com base nas oscilações do sistema financeiro. Existem também muitos trustes ou empresas pertencentes a um mesmo grupo de investidores que realizam cartéis no preço de suas mercadorias, o que nem sempre é devidamente diagnosticado pelas entidades públicas de controle e fiscalização. Essa configuração é considerada um problema, pois eleva o preço dos produtos e diminui o poder de compra do consumidor, o que reduz a movimentação da economia e a geração de riquezas. As holdings são, nesse contexto, o conjunto de diferentes companhias dominadas por uma organização central, responsável por administrar a maior parte ou todas as suas respectivas ações. Em muitos casos, as holdings formam conglomerados compostos por inúmeras empresas dos mais diversos segmentos e até concorrentes entre si. 61 Na fase atual do capitalismo e da globalização, um dos aspectos mais marcantes é a expansão das holdings pelo mundo. Recentemente, uma pesquisa efetuada nos Estados Unidos e divulgada pelo site Mic evidenciou o controle exercido por dez grandes conglomerados internacionais que controlam quase tudo o que consumimos. O maior produto dessa pesquisa realizada foi a divulgação de um gráfico em forma de imagem, chamado de “Illusion of Choice” (Ilusão de Escolha), que pode ser acessado clicando aqui. (http://www.visualcapitalist.com/illusion-of-choice-consumer-brands/) Embora alguns produtos existentes no gráfico não façam parte diretamente da nossa realidade, uma vez que a imagem se encontra nos parâmetros dos Estados Unidos, e não do Brasil, podemos, ainda sim, reconhecer várias das marcas que fazem parte do nosso dia a dia e como muitas delas pertencem a uma mesma holding. Além dessas, existem outras holdings de menor porte que atuam no Brasil ou em mercados mais regionais e que exercem um poder de mercado relativamente forte, tais como a Ambev, a Positivo, a Itaú SA e outras. Estrutura do Mercado de fatores de produção O mercado de fatores de produção – mão-deobra, capital, terra e tecnologia – também apresenta diferentes estruturas. As estruturas no mercado de fatores de produção são resumidas a seguir: a) Concorrência Perfeita no mercado de fatores É um mercado onde existe oferta abundante do fator de produção (por exemplo), (Mão-de-obra não especializada), o que torna o preço desse fator constante. Os ofertantes ou fornecedores, como são em grande número, não têm condições de obter preços mais elevados por seus serviços. http://www.visualcapitalist.com/illusion-of-choice-consumer-brands/ 62 b) Monopsônio Esta estrutura de mercado é caracterizada pela existência de muitos vendedores e um único comprador (PINHO; VASCONCELLOS, 1998). É uma estrutura que pode prevalecer especialmente no mercado de trabalho. Portanto, ou os trabalhadores empregam-se no monopsônio, ou precisam trabalhar em outra localidade. c) Oligopsônio É um mercado onde existem poucos compradores que dominam o mercado para muitos vendedores. Exemplo: indústria de laticínios. Em cada cidade existem dois ou três laticínios que adquirem a maior parte do leite dos inúmeros produtores rurais locais. A indústria automobilística, além de oligopolista no mercado de bens e serviços, também é oligopsonista na compra de autopeças. d) Monopólio bilateral O monopólio bilateral ocorre quando um monopsonista, na compra de um fator de produção, defronta-se com um monopolista na venda deste fator. Por exemplo, só a empresa. A compra um tipo de aço que é produzido apenas pela siderúrgica B. A empresa A é monopsonista, porque só ela compra esse tipo de aço, e a siderúrgica B é monopolista, porque só ela vende este tipo de aço. 63 MACROECONOMIA 6 64 65 O que estuda a macroeconomia A macroeconomia estuda a economia em geral analisando a determinação e o comportamento dos grandes agregados como renda e produtos, níveis de preços, emprego e desemprego, estoque de moeda, taxa de juros, balança de pagamentos e taxa de câmbio. O economista britânico John Maynard Keynes é considerado o primeiro grande autor sobre a macroeconomia, destacando-se pelo livro “Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”, publicado em 1936. Os economistas dos séculos XVIII e XIX acreditavam que o nível de produtos não sofreria grandes alterações, e todos os fatores de produção estariam ocupados na produção de bens e serviços que formam a renda. Isto formaria o chamado estado de "pleno emprego" dos fatores de produção. Assim, acreditavam que toda renda distribuída no ato da produção se dirigiria ao mercado para adquirir bens e serviços. Apoiando-se na Lei de Say: "toda oferta cria sua própria demanda". Keynes desenvolve sua teoria baseada no pressuposto de que é necessária a intervenção do estado na economia, pois o mercado, devido a vazamentos como a formação de estoques e redução de produção, não seria capaz de coordená-la. Sua primeira suposição foi a existência de desemprego. Os antigos economistas acreditavam apenas no desemprego voluntário. Keynes, ao contrário, acreditava que a economia estaria funcionando abaixo de seu potencial, deixando assim uma capacidade ociosa. Assim, considera a Oferta Agregada (OA) como o somatório da renda disponível na economia, enquanto chama de Oferta Potencial a máxima produção da economia com pleno-emprego dos fatores de produção. A Oferta Agregada Efetiva é aquela efetivamente colocada no mercado, o que pode ocorrer sem a plena utilização dos fatores de produção. 66 A Demanda Agregada seria o somatório do consumo total da economia com os investimentos, os gastos governamentais e as exportações, subtraindo-se as importações. O que se vê é que o produto ou renda de equilíbrio (onde a oferta agregada é igual a demanda agregada) não é o mesmo que o produto ou renda de pleno emprego. Metas de política macroeconômica 1. Alto nível de emprego; 2. Estabilidade de preços; 3. Distribuição de renda socialmente justa; 4. Crescimento econômico. São os seguintes comentários sobre as metas de política macroeconômica: Pleno emprego de recursos: Pode-se dizer que a questão do desemprego, que eclodiu principalmente a partirdos anos 30, é que permitiu um aprofundamento da análise da política econômica com o objetivo de fazer a economia recuperar o nível de emprego potencial. Para se ter uma ideia, o produto nacional dos Estados Unidos caiu, entre 1929 e 1933, 30% e a taxa de desemprego chegou a 25% da força de trabalho em 1933. Destacou-se então o trabalho do economista inglês John Maynard Keynes, cujo livro A teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda (1936) representa um marco na história econômica e foi, principalmente, a partir de sua colaboração que a teoria e política macroeconômica começaram a evoluir. Estabilidade de preços: Define-se inflação como um aumento contínuo e generalizado no nível geral de preços. Por que a inflação é um problema? Porque a inflação acarreta 67 distorções principalmente sobre a distribuição de renda, expectativas empresariais, mercado de capitais e sobre o Balanço de Pagamentos. Costuma-se aceitar que um pouco de inflação é inerente aos ajustes de uma sociedade dinâmica, em crescimento. Efetivamente, a experiência histórica mostra que existem algumas condições inflacionárias inerentes ao próprio processo de crescimento econômico. Isso porque a tentativa de os países subdesenvolvidos alcançarem, de forma rápida, estágios mais avançados de desenvolvimento econômico dificilmente se faz sem que, também, ocorram tensões de custos que provocam aumentos no nível geral de preços. Mesmos em países desenvolvidos, mostra-se que, quanto maior o nível de atividade econômica, mais os recursos produtivos tendem a ficar no limite de sua utilização, o que gera normalmente tensões inflacionárias. Daí a necessidade de políticas econômicas que tenham por objetivo a estabilidade do comportamento do nível de preços. Distribuição de renda socialmente justa: A economia brasileira cresceu bastante entre o fim dos anos 60 e a maior parte da década de 70. Apesar disso, observou-se um aumento da disparidade de renda entre as classes sociais. No Brasil, os críticos do chamado “milagre econômico” argumentam que piorou a concentração de renda no país nos anos 67/73 devido a uma política deliberada do Governo (a chamada “Teoria do Bolo”): primeiro crescer, para depois pensar em repartição da renda. A posição oficial era a de que certo grau de aumento de concentração de renda seria inerente ao próprio desenvolvimento capitalista, que traz transformações estruturais (êxodo rural, com trabalhadores de pequena qualificação, aumento da proporção de jovens etc.). O economista Carlos Geraldo Langoni, da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, naquela época, defendia a tese de que, no desenvolvimento capitalista gera-se uma demanda por mão-de- obra qualificada, a qual, por ser escassa, obtém ganhos extras. Assim, o fator 68 educacional seria a principal causa da piora distributiva. Mário Henrique Simonsen argumentava que havia “desigualdade com mobilidade”, isto é, o indivíduo permanece pouco tempo na mesma faixa salarial e tinha facilidade de ascensão. Isso seria um fator importante para a convivência com a má distribuição de renda. É curioso observar que, naquele período, ocorreu maior concentração de renda, mas a renda média de todas as classes aumentou. O problema é que embora os pobres tenham se tornado menos pobres, os ricos ficaram relativamente mais ricos. Houve um aumento geral do padrão de vida, com todos melhorando, mas os “ricos” ficaram com a maior parte desta riqueza. Crescimento econômico. Quando ocorre o desemprego e a capacidade ociosa, pode-se aumentar o produto nacional por meio de políticas econômicas que estimulem a atividade produtiva. No entanto, feito isso, há um limite a quantidade que se pode produzir com os recursos disponíveis. Aumentar o produto além desse limite exigirá: ou aumento nos recursos disponíveis; ou avanço tecnológico (ou seja, tecnologia mais avançada, novas maneiras de organizar a produção). Quando falamos em crescimento econômico, estamos pensando no crescimento da renda nacional per capita, isto é, de que seja colocada a disposição da coletividade uma quantidade de mercadorias e serviços que supere o crescimento populacional. A renda per capita é considerada o melhor indicador, o mais operacional, para se aferir a melhoria do bem-estar, do padrão de vida da população, embora possa apresentar falhas (os países árabes, por exemplo, estão entre os países com maiores rendas per capita, mas não apresentam o melhor padrão de vida do mundo). O fato de o país estar aumentando sua renda real per capita não necessariamente significa que está tendo uma melhoria do seu padrão de vida. O conceito de crescimento econômico capta apenas o crescimento da renda per 69 capita. Um país está realmente melhorando seu nível de desenvolvimento econômico e social se, juntamente com o aumento da renda per capita, estiver também melhorando os indicadores sociais (pobreza, desemprego, meio ambiente, moradia etc.). Estrutura de análise macroeconômica A estrutura básica do modelo macroeconômico compõe-se de cinco mercados: 1) No Mercado de Bens e Serviços, para tentar responder como se comporta o nível de atividades, efetua-se uma agregação de todos os bens produzidos pela economia durante um certo período de tempo e define-se o chamado Produto Nacional. A demanda agregada depende fundamentalmente da evolução da demanda dos quatro grandes setores ou agentes macroeconômicos: consumidores, empresas, governo e setor externo. 2) O Mercado de Trabalho também representa uma agregação de todos os tipos de trabalhos existentes na economia. Neste mercado, determinamos como estabelece a taxa salarial e o nível de emprego. 3) O Mercado Monetário, consiste em que todas as transações da economia são efetuadas através da utilização de moeda. Neste mercado supomos a existência de uma demanda de moeda ( em função da necessidade de transações dos agentes econômicos, ou seja, da necessidade de liquidez ) e uma oferta de moeda, determinada pelo Banco Central e atuação dos bancos comerciais. A demanda e a oferta de moeda determinam a taxa de juros. 4) O Mercado de Títulos, consiste de agentes econômicos superavitários e agentes deficitários. Agentes superavitários são aqueles que 70 possuem um nível de gastos inferior a seu volume de renda, assim podem efetuar empréstimos para os agentes econômicos deficitários. 5) O Mercado de Divisas, como o mercado mantém transações com o resto do mundo, existem mercados de divisas ou de moeda estrangeira. A oferta de divisas depende das exportações e da entrada de capitais financeiros, enquanto a demanda de divisas é determinada pelo volume de importações e saída de capital financeiro. PIB PIB é a sigla para Produto Interno Bruto, e representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região, durante um determinado período. O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia, e tem o objetivo principal de mensurar a atividade econômica de uma região. Na contagem do PIB, consideram-se apenas bens e serviços finais, excluindo da conta todos os bens de consumo intermediário. Para analisar o comportamento do PIB de um país é preciso diferenciar o PIB nominal do PIB real. PIB nominal calcula a preços correntes, ou seja, no ano em que o produto foi produzido e comercializado, e PIB real é calculado a preços constantes, onde é escolhido um ano-base para eliminar o efeito da inflação, e o PIB real é o mais indicado para análises. O PIB pode ser calculado a partir de três óticas: a ótica da despesa, a ótica da oferta e a ótica do rendimento. Na ótica da despesa, o valor do PIB é calculado a partir das despesas efetuadas pelos diversos agentes econômicos em bens e serviços para utilização final,
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