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INVESTIGAÇÃO COMPLIANCE E LEI ANTICORRUPÇÃO

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INVESTIGAÇÃO COMPLIANCE E LEI ANTICORRUPÇÃO 
 
COMPLIANCE 
Definição: 
 
O termo “compliance” significa cumprimento/obediência e, no 
mundo corporativo, está intimamente ligado à implementação e 
cumprimento de valores éticos e morais. O tema se insere no 
contexto da construção e respeito à ética nas relações privadas 
entre empresas e na relação destas com os órgãos governamentais. 
 
Tendo em vista a crise ética que o país vive atualmente, essa 
questão vem ganhando mais e mais destaque, de maneira que o 
estado e a sociedade têm buscado novos mecanismos para prevenir 
ilícitos que vão desde o “jeitinho brasileiro” até o crime de lavagem 
de dinheiro ou corrupção. Atualmente, também se trata de 
importante instrumento de gestão de riscos para as sociedades 
empresariais. 
 
O termo ganhou grande repercussão e difusão após o caso da Lava 
Jato e a edição da Lei 12.846/2103, a qual foi apelidada de Lei 
Anticorrupção. Apesar de só ter vindo à tona recentemente, a 
criação de um programa de Compliance é recomendado pelo 
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) desde a 
década de 1990. 
 
Tal recomendação engloba práticas que vão desde a elaboração de 
códigos de ética até a criação de departamentos para a difusão, 
implementação e fiscalização do cumprimento destes códigos. 
Assim, embora tenha se popularizado recentemente, sua previsão 
legal e prática são antigas. 
 
Atualmente, portanto, há uma recomendação normativa para que 
as sociedades empresariais criem setores de Compliance ou de 
Integridade, termo também usado no mercado. Grandes empresas 
têm total interesse por algumas razões. Primeiro porque, caso haja 
algum caso de corrupção, por exemplo, a Lei Anticorrupção prevê 
penas mais leves e atenuantes para as empresas que possuam um 
setor de Compliance efetivo. 
 
No caso da própria empresa identificar a situação ilícita e tomar as 
medidas adequadas (informando ao Ministério Público ou polícia, 
por exemplo), as sanções são muito mais leves do que no caso em 
que a empresa sequer colaborou .Segundo, isso é usado como 
marketing positivo e melhora a imagem da empresa no mercado. 
 
Empresas com setor de Compliance, por exemplo, tendem a 
contratar outras empresas que também tenham este setor. Ou seja, 
isso é um instrumento que torna a empresa mais competitiva. Por 
último, a Administração Pública tem exigido em licitações que as 
empresas candidatas tenham tal setor em sua estrutura. 
Considerando que algumas empresas têm os órgãos públicos como 
principal cliente, há uma forte expectativa de crescimento deste 
setor. 
 
NA PRÁTICA, COMO O COMPLIANCE É APLICADO? 
 
Tendo por orientação a nova Lei Anticorrupção, as empresas 
implementam um programa de Compliance ou Integridade 
estabelecendo regras éticas e criando um departamento para 
conduzir o programa. Algumas, contudo, terceirizam as atividades 
de tal departamento. A depender do tamanho da empresa, o 
departamento pode ter um, dois funcionários ou até uma grande 
equipe. 
 
Este departamento fica encarregado de divulgar e implementar os 
valores éticos e rotinas de segurança, desenvolver processos que 
garantam a transparência e previnam ilícitos etc. É de suma 
importância que tal unidade tenha subordinação direta ao corpo 
diretivo da empresa e a ele possa se reportar diretamente, em 
especial nos casos de esquemas criminosos. Por se tratar de uma 
atividade também fiscalizatória, sua efetividade está diretamente 
ligada à independência de suas atividades e suporte de cima. 
 Aqui, vale ressaltar que o setor de Compliance não é obrigatório, 
mas apenas recomendável de acordo com a legislação em vigor. 
 
 Não obstante tal fato, como já demonstrado, empresas 
comprometidas com a regularidade e lisura de suas atividades 
tendem a ser mais competitivas, captar mais clientes e, em última 
análise, estão menos vulneráveis a se envolver em esquemas 
criminosos. Desta forma, embora não obrigatório, o programa de 
Compliance é recomendável e em franca expansão nos últimos 
anos. 
 
CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA 
 
O Compliance vem como importante instrumento no combate à 
corrupção. Fazendo com que as empresas tenham normas internas 
que construam condutas morais e éticas, é uma interessante 
maneira de coibir práticas delituosas. Atualmente, sabemos e 
sentimos “na pele” os efeitos da corrupção no nosso país. Nos 
últimos anos, com o avanço da internet e maior disponibilização da 
informação pelos meios de comunicação (em especial as redes 
sociais), a nossa percepção é maior e ainda maior também é a nossa 
indignação. 
 
Não discutiremos aqui as razões culturais e causas da corrupção, 
mas o fato é que, ao menos no plano legal, há um arcabouço 
jurídico voltado para a prevenção e punição de práticas corruptivas. 
Apenas a título de exemplo, o Brasil é signatário da Convenção de 
Mérida, um tratado internacional no qual os países signatários se 
comprometem a criar mecanismos de combate à corrupção. 
Lembro que este tratado foi incorporado ao nosso sistema jurídico e 
equivale a uma lei ordinária. Outro exemplo é o próprio crime de 
corrupção ativa e passiva, concussão e lavagem de dinheiro, entre 
outros. 
 
• Um ponto interessante é que, na corrupção empresarial, alguém 
pratica a conduta ilícita, mas a punição pelo crime apenas atinge o 
empregado beneficiado/ autor. Na prática, entretanto, tal conduta 
beneficiou uma série de outras pessoas. 
 
• Numa licitação superfaturada, por exemplo, gera-se lucro para os 
acionistas, aumento do valor das ações, credibilidade para a 
empresa (pois está responsável por um projeto de grande impacto 
para a sociedade, tal como a construção de uma ponte, estádios e 
escolas), melhora da imagem etc. 
 
• Apesar disso, o crime de corrupção envolvido nessa licitação 
fraudulenta somente ensejará a punição do empregado pessoa 
física envolvido. A empresa, no final das contas, sai ilesa (apesar de 
ter se beneficiado). 
 
Com a nova Lei Anticorrupção, tal quadro muda. No âmbito cível e 
administrativo, há severas penalidades para a sociedade 
empresarial, as quais variam de multas pecuniárias até a suspensão 
da atividade comercial exercida. Ou seja, ela não ficará impune, 
como ocorria no passado, e sua responsabilidade será objetiva. 
 
No âmbito penal, entretanto, não haverá punição para a sociedade 
empresarial, já que o Direito Penal não prevê hipóteses de sanção 
para pessoas jurídicas neste caso. Tal mudança foi fundamental, já 
que, atualmente, os acionistas e diretores executivos estão mais 
preocupados em controlar e prevenir rotinas que ensejem crimes, 
tendo em vista que o maior beneficiário de esquemas criminosos é 
a própria empresa, a qual lucra absurdamente e, até a edição da Lei 
Anticorrupção, fica impune (antigamente, apenas os funcionários 
envolvidos eram responsabilizados). 
 
De fato, não obstante a crise que o país tem passado, este ramo 
vem como uma nova alternativa. No exterior, o setor de Integridade 
já vem sendo desenvolvido há alguns anos e é obrigatório para que 
sociedades empresariais possam desenvolver suas atividades 
comerciais em alguns países. 
 
No Brasil, por determinação normativa da Lei Anticorrupção, passa 
a ser recomendável. Apesar disso, várias sociedades empresariais já 
estão espontaneamente criando setores de Compliance. Segue um 
gráfico sobre o interesse pelo setor: 
 
 
No setor público, espaços vêm sendo criados para o mercado de 
Compliance. Vários órgãos públicos começaram a implementar 
setores para o monitoramento de rotinas e garantia da probidade. 
De fato, tais políticas são operacionalizadas pelos agentes públicos, 
de maneira que o concurso público é um requisito. Atualmente, não 
há cargos públicos destinados a profissionais do setor de 
Compliance. 
 
As atribuições de tal setor são, na verdade, conduzidas pelos 
agentes do próprio órgão. Não obstante tal fato,há um estímulo 
indireto no mercado privado por parte da Administração Pública. 
Primeiro, porque estes agentes precisarão se especializar e, 
consequentemente, se matricularão em cursos com profissionais da 
área. Segundo, porque os contratos do ente público vão 
provavelmente exigir que os contratados privados estabeleçam os 
seus próprios programas de compliance. Portanto, deve haver uma 
grande expectativa de crescimento capitaneada pela nova 
mentalidade adotada na Administração Pública. 
 
Para aqueles que são peritos, várias oportunidades podem surgir 
com a necessidade de produção de laudos contábeis ou de 
informática. Por exemplo, a identificação de uma violação ao código 
de ética da empresa consistente na formação de um cartel para a 
venda de determinado produto possivelmente vai requerer um 
laudo em que se constate a combinação de preços para 
determinada região. Desta forma, o leque de oportunidades é 
grande e tende a crescer nos próximos anos, o que demandará 
profissionais capacitados e familiarizados com o tema. 
 
Como mensagem final, gostaria de chamar sua atenção para a 
importância do combate à corrupção. Como profissionais da área de 
perícia e investigação, o compromisso com a ética e a moral deve 
ser seu estandarte e cartão de visitas. 
 
A corrupção é uma via de mão dupla. Não existe corrupção 
envolvendo apenas o agente público. A sociedade é tão responsável 
pelos escândalos de corrupção que presenciamos diariamente na TV 
quanto os agentes públicos envolvidos. Só existe corruptor porque 
existe o corrompido. Se o cidadão diz não a uma proposta feita por 
um servidor público, este tampouco se corromperá. O combate à 
corrupção não é só um compromisso do Estado, portanto, mas de 
toda a sociedade. Desta forma, você, como profissional qualificado 
que é, deve zelar pela lisura das relações nas quais está envolvido. 
 
É fundamental estimular a mudança de pensamento e, em especial, 
a mentalidade de que se deve levar vantagem em tudo. O famoso 
“jeitinho brasileiro” nada mais é que a exteriorização de uma 
mentalidade que privilegia os favorecimentos e, em última análise, 
é a antessala da corrupção. Isto depende apenas de nós, cidadãos, 
uma vez que temos papel decisório e fundamental em não 
estimular e perpetuar tal cultura. Felizmente, acredito que 
disciplinas como essas são capazes de motivar profissionais a mudar 
este cenário e construir uma sociedade mais civilizada. 
 
A corrupção é algo com a qual não podemos nos acostumar, 
cabendo a cada um de nós cumprir o papel de combatê-la 
diariamente. 
 
1. O compliance não é obrigatório, segundo a Lei Anticorrupção está 
apenas recomenda e concede benefícios às empresas que o 
possuem. Desta forma, a inexistência de um programa de 
Compliance não é um ilícito. 
 
2. O compliance não visa apenas evitar ilícitos previstos na Lei 
Anticorrupção seus benefícios vão muito além, servindo, inclusive, 
de um poderoso instrumento de gerenciamento de riscos. 
 
O QUE É A LEI ANTICORRUPÇÃO? 
 
A Lei Anticorrupção foi editada em um delicado momento histórico 
e em meio a uma profunda crise ética. O combate à corrupção tem 
cobrado um preço caro e tem sido o pivô de uma grave recessão 
econômica. A grande questão que se mostra hoje é encontrar um 
ponto de equilíbrio entre o combate à corrupção e a economia. 
Neste aspecto, a Lei Anticorrupção contribui, na medida em que 
traz mecanismos preventivos de combate à corrupção, tal como o 
Compliance, e prevê a responsabilização da pessoa jurídica, 
estimulando acionistas e terceiros a se preocuparem com a forma 
pela qual os negócios são feitos, já que condutas ilícitas serão 
punidas na esfera dos agentes e da pessoa jurídica em si. 
Segundo dispõe o art. 5º da Lei Anticorrupção, são considerados ilícitos e, 
consequentemente, passíveis de punição as seguintes condutas 
perpetradas por pessoas jurídicas contra os interesses e patrimônios da 
Administração Pública nacional ou estrangeira: 
 
01.Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida 
a agente público ou a terceira pessoa a ele relacionada; 
 
02. Comprovadamente financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo 
subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei; 
 
03. Comprovadamente utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica 
para ocultar ou dissimular seus reais interesses ou a identidade dos 
beneficiários dos atos praticados; 
 
Ainda de acordo com o mesmo artigo, em seu inciso IV, no tocante a 
licitações e contratos, são considerados ilícitos os seguintes atos: 
 
a) Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro 
expediente, o caráter competitivo de procedimento licitatório público; 
b) Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de 
procedimento licitatório público; 
 
c) Afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou 
oferecimento de vantagem de qualquer tipo; 
 
d) Fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente; 
 
e) Criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar 
de licitação pública ou celebrar contrato administrativo; 
 
f) Obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de 
modificações ou prorrogações de contratos celebrados com a 
administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório da 
licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou 
 
g) Manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos 
celebrados com a administração pública.

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