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ACESSIBILIDADE: A+ A- listpicture_as_pdfprint Disciplina: Investigação, Compliance e Lei Anticorrupção Aula 1: Investigação, Compliance e Lei Anticorrupção Apresentação Certamente você já deve ter ouvido falar na Lei Anticorrupção, certo? Na presente aula, vamos falar sobre essa lei e uma parte dela muito importante para você que está cursando esta graduação: compliance. Primeiramente, vamos definir compliance. Depois, falaremos sobre sua importância prática e, por último, falaremos resumidamente sobre a Lei Anticorrupção. A partir desta aula, você terá condições teóricas para entender o restante da disciplina e poder contextualizar este tema dentro de seu projeto profissional. Lembre-se: o tema compliance está em grande expansão no mercado e está oferecendo vagas para profissionais. Espero que o tema lhe abra portas, pois, certamente, com o conhecimento adquirido nesta graduação, você terá uma vantagem, ainda que de cunho teórico, para se aprofundar neste tema que tem sido caro na atual conjuntura. Objetivos • Definir compliance; • Identificar sua importância prática para o profissional de investigação; • Relacionar o tema compliance com a Lei Anticorrupção. Compliance Definição O termo “compliance” significa cumprimento/obediência e, no mundo corporativo, está intimamente ligado à implementação e cumprimento de valores éticos e morais. O tema se insere no contexto da construção e respeito à ética nas relações privadas entre empresas e na relação destas com os órgãos governamentais. http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula1.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula1.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula1.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/galeria/aula1/anexo/aula1.pdf http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula1.html Tendo em vista a crise ética que o país vive atualmente, essa questão vem ganhando mais e mais destaque, de maneira que o Estado e a sociedade têm buscado novos mecanismos para prevenir ilícitos que vão desde o “jeitinho brasileiro” até o crime de lavagem de dinheiro ou corrupção. Atualmente, também se trata de importante instrumento de gestão de riscos para as sociedades empresariais. Fichário de documentos e carimbo com o termo compliance (Fonte: Docstockmedia/Shuttterstock). O termo ganhou grande repercussão e difusão após o caso da Lava Jato e a edição da Lei 12.846/2103, a qual foi apelidada de Lei Anticorrupção 1. Apesar de só ter vindo à tona recentemente, a criação de um programa de Compliance é recomendado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) desde a década de 1990. Lei 12.846/2013 Tal recomendação engloba práticas que vão desde a elaboração de códigos de ética até a criação de departamentos para a difusão, implementação e fiscalização do cumprimento destes códigos. Assim, embora tenha se popularizado recentemente, sua previsão legal e prática são antigas. Atualmente, portanto, há uma recomendação normativa para que as sociedades empresariais criem setores de Compliance ou de Integridade, termo também usado no mercado. Grandes empresas têm total interesse por algumas razões. Primeiro porque, caso haja algum caso de corrupção, por exemplo, a Lei Anticorrupção prevê penas mais leves e atenuantes para as empresas que possuam um setor de Compliance efetivo. http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula1.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula1.html No caso da própria empresa identificar a situação ilícita e tomar as medidas adequadas (informando ao Ministério Público ou polícia, por exemplo), as sanções são muito mais leves do que no caso em que a empresa sequer colaborou. Segundo, isso é usado como marketing positivo e melhora a imagem da empresa no mercado. Empresas com setor de Compliance, por exemplo, tendem a contratar outras empresas que também tenham este setor. Ou seja, isso é um instrumento que torna a empresa mais competitiva. Por último, a Administração Pública tem exigido em licitações que as empresas candidatas tenham tal setor em sua estrutura. Considerando que algumas empresas têm os órgãos públicos como principal cliente, há uma forte expectativa de crescimento deste setor. Na prática, como o Compliance é aplicado? Tendo por orientação a nova Lei Anticorrupção, as empresas implementam um programa de Compliance ou Integridade estabelecendo regras éticas e criando um departamento para conduzir o programa. Algumas, contudo, terceirizam as atividades de tal departamento. A depender do tamanho da empresa, o departamento pode ter um, dois funcionários ou até uma grande equipe. Este departamento fica encarregado de divulgar e implementar os valores éticos e rotinas de segurança, desenvolver processos que garantam a transparência e previnam ilícitos etc. É de suma importância que tal unidade tenha subordinação direta ao corpo diretivo da empresa e a ele possa se reportar diretamente, em especial nos casos de esquemas criminosos. Por se tratar de uma atividade também fiscalizatória, sua efetividade está diretamente ligada à independência de suas atividades e suporte de cima. Executivo analisando documentos (Fonte: Create Jobs 51/Shuttterstock). Aqui, vale ressaltar que o setor de Compliance não é obrigatório, mas apenas recomendável de acordo com a legislação em vigor. Não obstante tal fato, como já demonstrado, empresas comprometidas com a regularidade e lisura de suas atividades tendem a ser mais competitivas, captar mais clientes e, em última análise, estão menos vulneráveis a se envolver em esquemas criminosos. Desta forma, embora não obrigatório, o programa de Compliance é recomendável e em franca expansão nos últimos anos. Nas próximas aulas, analisaremos as principais características de um programa de Compliance, tanto na teoria como na prática. Contextualização do tema O Compliance vem como importante instrumento no combate à corrupção. Fazendo com que as empresas tenham normas internas que construam condutas morais e éticas, é uma interessante maneira de coibir práticas delituosas. Atualmente, sabemos e sentimos “na pele” os efeitos da corrupção no nosso país. Nos últimos anos, com o avanço da internet e maior disponibilização da informação pelos meios de comunicação (em especial as redes sociais), a nossa percepção é maior e ainda maior também é a nossa indignação. Não discutiremos aqui as razões culturais e causas da corrupção, mas o fato é que, ao menos no plano legal, há um arcabouço jurídico voltado para a prevenção e punição de práticas corruptivas. Apenas a título de exemplo, o Brasil é signatário da Convenção de Mérida, um tratado internacional no qual os países signatários se comprometem a criar mecanismos de combate à corrupção. Lembro que este tratado foi incorporado ao nosso sistema jurídico e equivale a uma lei ordinária. Outro exemplo é o próprio crime de corrupção ativa e passiva, concussão e lavagem de dinheiro, entre outros. Um ponto interessante é que, na corrupção empresarial, alguém pratica a conduta ilícita, mas a punição pelo crime apenas atinge o empregado beneficiado/ autor. Na prática, entretanto, tal conduta beneficiou uma série de outras pessoas. Numa licitação superfaturada, por exemplo, gera-se lucro para os acionistas, aumento do valor das ações, credibilidade para a empresa (pois está responsável por um projeto de grande impacto para a sociedade, tal como a construção de uma ponte, estádios e escolas), melhora da imagem etc. Apesar disso, o crime de corrupção envolvido nessa licitação fraudulenta somente ensejará a punição da empregado pessoa física envolvido. A empresa, no final das contas, sai ilesa (apesar de ter se beneficiado). Com a nova Lei Anticorrupção, tal quadro muda. No âmbito cível e administrativo, há severas penalidades para a sociedade empresarial, as quais variam de multas pecuniárias até a suspensão da atividade comercialexercida. Ou seja, ela não ficará impune, como ocorria no passado, e sua responsabilidade será objetiva. Lei Anticorrupção No âmbito penal, entretanto, não haverá punição para a sociedade empresarial, já que o Direito Penal não prevê hipóteses de sanção para pessoas jurídicas neste caso. Tal mudança foi fundamental, já que, atualmente, os acionistas e diretores executivos estão mais preocupados em controlar e prevenir rotinas que ensejem crimes, tendo em vista que o maior beneficiário de esquemas criminosos é a própria empresa, a qual lucra absurdamente e, até a edição da Lei Anticorrupção, fica impune (antigamente, apenas os funcionários envolvidos eram responsabilizados). Atividades 1. Para você, como aluno deste curso e futuro profissional da área de perícia e investigação, qual a importância do tema? Gabarito 2. Complete o parágrafo a seguir com seus conhecimentos sobre compliance. O termo “compliance” significa cumprimento/obediência e, no mundo corporativo, está intimamente ligado à implementação e cumprimento de valores e . O tema se insere no contexto da construção e respeito à ética nas relações privadas entre empresas e na relação destas com os órgãos governamentais. Tendo em vista a crise ética que o país vive atualmente, essa questão vem ganhando mais e mais destaque, de maneira que o e a sociedade têm buscado novos mecanismos para prevenir ilícitos que vão desde o “jeitinho brasileiro” até o crime de lavagem de dinheiro ou corrupção. Atualmente, também se trata de importante instrumento de gestão de riscos para as sociedades empresariais. O termo ganhou grande repercussão e difusão após o caso da Lava Jato e a edição da Lei 12.846/2103, a qual foi apelidada de . Gabarito Contextualização do tema De fato, não obstante a crise que o país tem passado, este ramo vem como uma nova alternativa. No exterior, o setor de Integridade já vem sendo desenvolvido há alguns anos e é obrigatório para que sociedades empresariais possam desenvolver suas atividades comerciais em alguns países. No Brasil, por determinação normativa da Lei Anticorrupção, passa a ser recomendável. Apesar disso, várias sociedades empresariais já estão espontaneamente criando setores de Compliance. Segue um gráfico sobre o interesse pelo setor: Fonte: G1. No setor público, espaços vêm sendo criados para o mercado de Compliance. Vários órgãos públicos começaram a implementar setores para o monitoramento de rotinas e garantia da probidade. De fato, tais políticas são operacionalizadas pelos agentes públicos, de maneira que o concurso público é um requisito. Atualmente, não há cargos públicos destinados a profissionais do setor de Compliance. As atribuições de tal setor são, na verdade, conduzidas pelos agentes do próprio órgão. Não obstante tal fato, há um estímulo indireto no mercado privado por parte da Administração Pública. Primeiro, porque estes agentes precisarão se especializar e, consequentemente, se matricularão em cursos com profissionais da área. Segundo, porque os contratos do ente público vão provavelmente exigir que os contratados privados estabeleçam os seus próprios programas de compliance. Portanto, deve haver uma grande expectativa de crescimento capitaneada pela nova mentalidade adotada na Administração Pública. Para aqueles que são peritos, várias oportunidades podem surgir com a necessidade de produção de laudos contábeis ou de informática. Por exemplo, a identificação de uma violação ao código de ética da empresa consistente na formação de um cartel para a venda de determinado produto possivelmente vai requerer um laudo em que se constate a combinação de preços para determinada região. Desta forma, o leque de oportunidades é grande e tende a crescer nos próximos anos, o que demandará profissionais capacitados e familiarizados com o tema. Por fim, nesta disciplina, vamos apenas introduzir o assunto e lhe passar algumas rotinas que envolvem a atividade do setor de integridade. Neste curso, a ideia é familiarizar você com o tema, passar alguma expertise e despertar o interesse por essa área. Nas próximas aulas, vamos trabalhar conceitos legais que envolvem o tema e relacioná-los com os institutos jurídicos pertinentes à matéria. Numa segunda etapa, vamos estudar aspectos práticos de um setor de Compliance. Vamos estudar a atividade de inteligência aplicada ao tema, elementos básicos de um setor de compliance, recursos necessários etc., elementos que lhe darão o suporte necessário para conhecer um setor de Compliance não só sob o aspecto teórico e jurídico, mas também sob o aspecto prático e operacional. Um conhecimento mais aprofundado somente a prática vai lhe dar. Também é conveniente uma formação complementar, assim como uma atualização constante, para que você possa se destacar. Entretanto, por não haver uma exigência certificada para atuar na área, após esta disciplina e curso você estará apto a se candidatar às vagas. Portanto, nossas aulas associadas com as demais disciplinas vão lhe dar uma vantagem sobre outros candidatos e, consequentemente, você poderá concorrer a vagas neste mercado tranquilamente. Mensagem final Como mensagem final, gostaria de chamar sua atenção para a importância do combate à corrupção. Como profissionais da área de perícia e investigação, o compromisso com a ética e a moral deve ser seu estandarte e cartão de visitas. A corrupção é uma via de mão dupla. Não existe corrupção envolvendo apenas o agente público. A sociedade é tão responsável pelos escândalos de corrupção que presenciamos diariamente na TV quanto os agentes públicos envolvidos. Só existe corruptor porque existe o corrompido. Se o cidadão diz não a uma proposta feita por um servidor público, este tampouco se corromperá. O combate à corrupção não é só um compromisso do Estado, portanto, mas de toda a sociedade. Desta forma, você, como profissional qualificado que é, deve zelar pela lisura das relações nas quais está envolvido. É fundamental estimular a mudança de pensamento e, em especial, a mentalidade de que se deve levar vantagem em tudo. O famoso “jeitinho brasileiro” nada mais é que a exteriorização de uma mentalidade que privilegia os favorecimentos e, em última análise, é a antessala da corrupção. Isto depende apenas de nós, cidadãos, uma vez que temos papel decisório e fundamental em não estimular e perpetuar tal cultura. Felizmente, acredito que disciplinas como essas são capazes de motivar profissionais a mudar este cenário e construir uma sociedade mais civilizada. A corrupção é algo com a qual não podemos nos acostumar, cabendo a cada um de nós cumprir o papel de combatê-la diariamente. Esperamos que este curso possa enriquecer seu conhecimento, motivar e capacitar você a construir uma sociedade melhor. Atividades 3. O que é um programa de compliance ou de integridade? Gabarito 4. Por que o combate à corrupção é importante? Gabarito 5. A Lei Anticorrupção pune pessoas físicas? Gabarito 6. Mencione uma razão para que uma empresa adote um programa de Compliance. Gabarito 7. A Lei Anticorrupção prevê crimes para as empresas? Gabarito Créditos Redator: Aderbal Bezerra Web Designer: Daniel de Abreu Designer Instrucional: Eduardo Passos Programador: Rostan Luiz Referências Próximos passos Explore Mais ACESSIBILIDADE: A+ A- listpicture_as_pdfprint Disciplina: Investigação, Compliance e Lei Anticorrupção Aula 2: Investigação, Compliance e Lei Anticorrupção Apresentação O tema Compliance está intimamente ligado com a Lei Anticorrupção. Não se trata de um assunto exclusivo desta área, mas foi por meio da Lei Anticorrupção que o tema ganhou vulto. Como já dito, trata-se de um campo ainda pouco http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula1.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula1.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula1.htmlhttp://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula1.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula1.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula1.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula2.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula2.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula2.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/galeria/aula2/anexo/aula2.pdf http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula2.html explorado e em franca expansão, de maneira que o objetivo aqui é lhe oferecer uma panorama sobre este nicho de mercado e despertar sua atenção para o assunto. Nesta aula, abordaremos temas teóricos relativos à Lei Anticorrupção, de maneira que você possa ter uma visão do assunto sob a ótica jurídica. Mais para a frente, serão ministrados assuntos voltados à prática, ocasião em que você poderá situar melhor o conteúdo aprendido nesta aula. Por ora, falaremos sobre a responsabilidade objetiva da empresa, a impossibilidade de sua responsabilização penal, a possibilidade de responsabilização de ilícitos contra a administração pública estrangeira e, por fim, como o Compliance é tratado pela Lei Anticorrupção. Objetivos • Reconhecer a Lei Anticorrupção; • Relacionar a Lei Anticorrupção com o compliance. Por que estudar a Lei Anticorrupção? Conforme mencionamos na aula anterior, a Lei Anticorrupção é o diploma legal no qual o Compliance está explicitamente colocado e é nele também que os benefícios legais são elencados. De fato, o Compliance não é desenhado apenas para prevenir crimes dentro de uma empresa. Seu alcance vai além, sendo um importante instrumento para o gerenciamento de riscos, vazamento de informações estratégicas, implementação de valores éticos etc. Contudo, para este curso, vamos ver o Compliance aplicado às situações da Lei Anticorrupção, já que é um diploma legal novo e um dos principais motivadores da expansão do Compliance no Brasil atualmente. Apenas a título de contextualização, a Lei Anticorrupção, embora tenha este nome, não menciona a palavra corrupção em seu texto. Muito provavelmente quis o legislador evitar discussões sobre a definição deste termo, tendo optado, em consequência, por outras expressões, tais como fraude e vantagem ilícita. Portanto, essas aulas teóricas vão lhe dar uma base jurídica que complementará a sua atuação na área que estamos estudando. Historicamente, ressalto que o primeiro motivo para estudar a Lei Anticorrupção é o fato dela fazer parte de compromissos internacionais que o Brasil assumiu ao assinar tratados internacionais relativos ao combate à corrupção, tais como a Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais. Este tratado, também chamado de Convenção da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), assinado em 1997, foi um marco da cooperação internacional na área de prevenção e repressão ao delito de corrupção de funcionários públicos estrangeiros na esfera de transações comerciais internacionais. Uma segunda razão para o estudo da Lei Anticorrupção se dá em razão das atividades investigatórias que podem surgir dentro do mundo corporativo envolvendo os ilícitos ali previstos. Aqui, ressalto que a Lei 13.432/2017, a qual regula a atividade de detetive particular e profissional, dispõe no seu art 2º que a tais profissionais compete a coleta de dados e informações de natureza não criminal, com conhecimento técnico e utilizando recursos e meios tecnológicos permitidos, visando ao esclarecimento de assuntos de interesse privado do contratante. Ou seja, ainda que você não faça parte do setor de Compliance (às vezes, a empresa nem o implementou ainda), é legalmente possível que você atue na coleta de informações para subsidiar decisões ou esclarecer situações para a empresa. Desta forma, tenha em mente duas coisas: Clique nos botões para ver as demais informações. 1. O compliance não é obrigatório, segundo a Lei Anticorrupção Esta apenas recomenda e concede benefícios às empresas que o possuem. Desta forma, a inexistência de um programa de Compliance não é um ilícito. 1. 2. Por fim, lembro que este início da disciplina é teórico e bem jurídico. A parte prática virá na segunda metade das aulas, ocasião em que técnicas e rotinas de Compliance serão ministradas. O que é a Lei Anticorrupção? A Lei Anticorrupção foi editada em um delicado momento histórico e em meio a uma profunda crise ética. O combate à corrupção tem cobrado um preço caro e tem sido o pivô de uma grave recessão econômica. A grande questão que se mostra hoje é encontrar um ponto de equilíbrio entre o combate à corrupção e a economia. Neste aspecto, a Lei Anticorrupção contribui, na medida em que traz mecanismos preventivos de combate à corrupção, tal como o Compliance, e prevê a responsabilização da pessoa jurídica, estimulando acionistas e terceiros a se preocuparem com a forma pela qual os negócios são feitos, já que condutas ilícitas serão punidas na esfera dos agentes e da pessoa jurídica em si. Segundo dispõe o art. 5º da Lei Anticorrupção, são considerados ilícitos e, consequentemente, passíveis de punição as seguintes condutas perpetradas por pessoas jurídicas contra os interesses e patrimônios da Administração Pública nacional ou estrangeira: 01 Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a agente público ou a terceira pessoa a ele relacionada; 02 Comprovadamente financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei; 03 Comprovadamente utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica para ocultar ou dissimular seus reais interesses ou a identidade dos beneficiários dos atos praticados; Ainda de acordo com o mesmo artigo, em seu inciso IV, no tocante a licitações e contratos, são considerados ilícitos os seguintes atos: a) Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo de procedimento licitatório público; b) Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licitatório público; c) Afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo; d) Fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente; e) Criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar de licitação pública ou celebrar contrato administrativo; f) Obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de modificações ou prorrogações de contratos celebrados com a administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; ou g) Manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos celebrados com a administração pública. A responsabilidade da empresa é objetiva A responsabilidade pelos atos anteriormente elencados é de natureza objetiva, o que significa que a empresa será punida independentemente de dolo ou culpa. Como vimos em disciplinas anteriores, a responsabilidade do agente por ilícitos ocorre em regra quando este age intencional ou culposamente (negligência, imperícia ou imprudência). Apenas para dar um exemplo, um médico que comete um erro médico ao deixar um bisturi dentro do corpo de uma pessoa responde civilmente por este ato em razão de sua imprudência ou negligência. Contudo, se imaginarmos a hipótese de que a cirurgia ocorreu de maneira correta e o paciente acabou falecendo por complicações cardíacas, neste caso, o médico não poderá ser responsabilizado, já que não teve a intenção e nem agiu por descuido. Isso ocorre porque a responsabilidade do médico no exercício de sua atividade é subjetiva, de maneira que só responde se agir dolosa ou culposamente. Clique nos botões para ver as informações. Responsabilidade Objetiva Lei AnticorrupçãoConforme vimos anteriormente, esta hipótese configura um ilícito punível segundo a Lei Anticorrupção (alínea “d” do inciso IV). Neste caso, mesmo sendo apenas um setor da empresa e não haver envolvimento da alta gestão, a empresa será responsabilizada e sofrerá as sanções da Lei Anticorrupção. Agora, penalmente, apenas os funcionários envolvidos serão punidos (e não se incluirá a diretoria). Saiba mais Ao que tudo indica, a Lei Anticorrupção está “pegando”. Em 2017, por exemplo, a União abriu 153 processos administrativos com base na Lei Anticorrupção. Desde 2014, quando a lei entrou em vigor, cerca de 30 empresas foram punidas. Lembro que estes dados se referem apenas aos casos em que houve ilícito cometido em desfavor da http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula2.html#collapseOne http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula2.html#collapseTwo União. Se considerarmos que os Estados e Municípios também podem aplicar penalidades, nos casos em que os ilícitos são cometidos em desfavor deles, a estatística tende a ser maior. Ainda que tais números sejam tímidos, fato é que estão crescendo gradativamente 1, o que força o mercado corporativo a adotar medidas internas de controle, tal como o Compliance. Aplicação da Lei Anticorrupção a ilícitos contra a Administração Pública Estrangeira A Lei Anticorrupção pode ser aplicada a um ilícito cometido contra a Administração Pública Estrangeira conforme podemos ler nos dispositivos a seguir. Art. 5o Constituem atos lesivos à administração pública, nacional ou estrangeira, para os fins desta Lei, todos aqueles praticados pelas pessoas jurídicas mencionadas no parágrafo único do art. 1o, que atentem contra o patrimônio público nacional ou estrangeiro, contra princípios da administração pública ou contra os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, assim definidos: ....................................... § 1o Considera-se administração pública estrangeira os órgãos e entidades estatais ou representações diplomáticas de país estrangeiro, de qualquer nível ou esfera de governo, bem como as pessoas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público de país estrangeiro. § 2o Para os efeitos desta Lei, equiparam-se à administração pública estrangeira as organizações públicas internacionais. § 3o Considera-se agente público estrangeiro, para os fins desta Lei, quem, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, exerça cargo, emprego ou função pública em órgãos, entidades estatais ou em representações diplomáticas de país estrangeiro, assim como em pessoas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público de país estrangeiro ou em organizações públicas internacionais. Comentário Como se nota, as empresas brasileiras ou estrangeiras atuando no Brasil que contratem ou tenham relações comerciais com uma embaixada, organização internacional (ONU, OEA, MERCOSUL etc.), dentre outras, estarão também sob o âmbito de aplicação da Lei Anticorrupção. Assim, esta é uma área que você pode explorar profissionalmente, aumentando o seu leque de opções. Atividade 1. De acordo com o que foi visto até agora, como uma empresa é punida? Gabarito 2. Como um programa de Compliance pode ajudar uma empresa acusada de ter praticado uma das condutas do art. 5º da Lei Anticorrupção? Basta ter o programa de Compliance implementado que, automaticamente, a empresa se beneficiará? Gabarito 3. Há benefícios previstos em outras legislações para empresas que possuam programas de compliance? http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula2.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula2.html Gabarito 4. A Lei no 12.846/13, também conhecida por Lei Anticorrupção: a) Aplica-se tanto a pessoas físicas quanto pessoas jurídicas, por atos lesivos à Administração Pública, nacional ou estrangeira. b) Prevê responsabilização administrativa, civil e penal, por atos lesivos à Administração Pública, nacional ou estrangeira. c) Prevê que a responsabilização da pessoa jurídica exclui a responsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores, por atos lesivos à Administração Pública, nacional ou estrangeira. d) Prevê a possibilidade de celebração de acordo de leniência que, uma vez integralmente cumprido, exime da obrigação de reparar o dano causado. e) Equipara a organização pública internacional à administração pública estrangeira. Gabarito 5. Com fulcro no que dispõe a Lei nº 12.486/13 (Lei Anticorrupção), constituem atos lesivos à administração pública, nacional ou estrangeira, EXCETO: a) Obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de modificações ou prorrogações de contratos celebrados com a administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação pública ou nos respectivos instrumentos contratuais; manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos celebrados com a administração pública. b) Comprovadamente utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica para ocultar ou dissimular seus reais interesses ou a identidade dos beneficiários dos atos praticados. c) Comprovadamente financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo subvencionar a prática dos atos ilícitos previstos na lei anticorrupção. d) Permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente. e) Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a agente público, ou a terceira pessoa a ele relacionada. Gabarito 6. A Lei Anticorrupção inovou ao introduzir a Compliance, ou seja, mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica? Gabarito 7. Cite um exemplo em que o programa de Compliance é estimulado ou previsto em outras legislações que não a Lei Anticorrupção. Gabarito 8. Mencione dois ilícitos previstos na Lei Anticorrupção: Gabarito Créditos Redator: Aderbal Bezerra Web Designer: Daniel de Abreu Designer Instrucional: Eduardo Passos Programador: Rostan Luiz Referências Próximos passos Explore Mais ACESSIBILIDADE: A+ A- listpicture_as_pdfprint Disciplina: Investigação, Compliance e Lei Anticorrupção Aula 3: Lei Anticorrupção – Parte II Apresentação Nesta aula, continuaremos o estudo da Lei Anticorrupção com foco nos programas de Compliance. Falaremos do conceito de Acordo de Leniência e sua relação com a Lei Anticorrupção. Este tema deve ser de alguma forma familiar para você, já que a imprensa noticia bastante tal nomenclatura em função da Operação Lava Jato, mas aqui daremos uma abordagem dentro da Lei Anticorrupção. Adiante, falaremos sobre o Processo Administrativo de Responsabilização – PAR, instrumento pelo qual as empresas exercem sua defesa e aplicam as sanções. Por último, abordaremos conceitualmente a figura do whistleblower. Esperamos que o assunto enriqueça você e ajude a raciocinar sobre o conceito de Compliance de maneira mais ampla. Objetivos • Definir Acordo de Leniência; • Definir whistleblower; • Identificar o Processo Administrativo de Responsabilização – PAR. O que é Acordo de Leniência? Com a operação Lava Jato, muito se ouve falar do Acordo de Leniência. Veja a seguir uma definição elaborada por Oliveira e Rodas: http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula2.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula2.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula2.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula2.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula2.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula2.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/galeria/aula3/anexo/aula3.pdf http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula3.htmlTransação entre o Estado e o delator que, em troca de informações que viabilizem a instauração, a celeridade e a melhor fundamentação do processo, possibilita um abrandamento ou extinção da sanção em que este incorreria, em virtude de haver também participado da conduta ilegal. Gesner Oliveira e João Rodas. Tal acordo é possível em diversos contextos, tais como procedimentos conduzidos pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE para a apuração de condutas anticoncorrenciais (formação de cartéis, por exemplo) e Lei Anticorrupção. Não é algo exclusivo da Lei Anticorrupção, portanto. Aqui, ressalto que o Acordo de Leniência não é feito no âmbito criminal. Quando escutamos em noticiários que uma empresa firmou tal acordo no âmbito da Lava Jato, por exemplo, isso não quer dizer que tenha reflexo direto no processo criminal. Tecnicamente, não existe tal acordo para absolver o réu, por exemplo. Quando ouvimos isso, devemos entender que as empresas envolvidas celebrarão para benefícios fora do processo criminal. Os benefícios apenas reduzem punições na responsabilidade administrativa prevista na Lei do CADE ou da Lei Anticorrupção, por exemplo. Apenas a título de exemplificação, estes são possíveis benefícios para a empresa (e não para os funcionários envolvidos criminalmente), conforme o art. 40 do Dec. 8.420/2015: Clique nos botões para ver as informações. Artigo 40 do Decreto 8.420/2015 Como funciona o Acordo de Leniência? Conforme vimos nas aulas anteriores, a empresa pode ser responsabilizada administrativamente por permitir condutas corruptivas em suas atividades. Vamos supor que uma empresa esteja envolvida em fraudes licitatórias, pagando propinas para funcionários públicos e falsificando documentos que comprovam a entrega de um produto. http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula3.html#collapseOne Tal prática, como já vimos, ensejará a punição da empresa segundo a Lei Anticorrupção, além da responsabilidade penal dos funcionários e servidores públicos envolvidos (a empresa não pode ser responsabilizada penalmente no Brasil por tais práticas atualmente). Após alguns anos dessa prática, a Corregedoria Geral da União – CGU inicia um procedimento administrativo para a apuração dessa infração. Neste procedimento administrativo, a empresa pode manifestar a vontade de firmar o Acordo de Leniência, ocasião em que confessará a prática dos ilícitos e colaborará com as investigações. Quanto mais efetiva for essa colaboração, maiores serão os benefícios para a empresa. O Acordo de Leniência da Lei Anticorrupção exige os seguintes requisitos presentes no artigo 30 do Decreto 8.420/2015. Clique nos botões para ver as informações. Artigo 30 do Decreto 8.420/2015 Sobre estes requisitos, destaco alguns pontos importantes. No caso de várias empresas estarem envolvidas, somente a primeira que se apresentar para colaborar poderá firmar o acordo. Isto significa que as demais envolvidas, em um segundo momento, estarão inabilitadas para tanto. Essa colaboração também deve ser relevante, trazendo informações novas e não apenas confirmando o que já se sabe, por exemplo. Se não trouxer nada novo ou relevante, o acordo não se firmará. Afinal, por que os órgãos de fiscalização (CGU e outros) teriam interesse em beneficiar uma empresa que apenas informe o que as investigacões já descobriram? Por último, tudo o que for dito na colaboração deve ser comprovado por documentos ou elementos. Assim, não basta apenas dizer que isso ou aquilo ocorreu, mas comprovar documentalmente ou, ao menos, fornecer elementos para que isso seja provado (por exemplo: fornecimento de elementos como hora e local em que a propina foi entregue, de maneira que a CGU possa pegar as filmagens do local). Os resultados dessas informações/documentos devem resultar no seguinte: 01 A identificação dos demais envolvidos na infração, quando couber. 02 A obtenção célere de informações e documentos que comprovem o ilícito sob apuração. Aqui, cabe notar que não basta apenas dizer que isso ou aquilo ocorrera. Fica a cargo de a empresa comprovar ou, ao menos, auxiliar o órgão fiscalizador a comprovar. Isto porque uma informação sem comprovação é irrelevante para a investigação, já que, como se sabe, qualquer sanção judicial ou administrativa deve ser motivada em provas e não em informações ou suposições. Atenção Caso a empresa se interesse em realizar o Acordo de Leniência e, ao final, este acordo não for firmado, todos os documentos fornecidos serão devolvidos para a empresa. Da mesma forma, as informações compartilhadas com o órgão fiscalizador não poderão ser utilizadas para a responsabilização da empresa, exceto se aquele tiver acesso às informações por outro meio. Ou seja, ao entrar nas negociações para o acordo, a empresa está protegida quanto à utilização em seu prejuízo das informações passadas no caso do acordo não se firmado. Tal previsão está no artigo 35 do Decreto 8.420/2015. Caso o acordo não venha a ser celebrado, os documentos apresentados durante a negociação serão devolvidos, sem retenção de cópias, à pessoa jurídica proponente e será vedado seu uso para fins de responsabilização, exceto quando a administração pública federal tiver conhecimento deles independentemente da apresentação da proposta do acordo de leniência. http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula3.html#collapseOne2 Esta previsão é importantíssima, pois quem iria colaborar com o “inimigo” se soubesse que, caso não chegassem ao acordo, tudo o que foi compartilhado seria utilizado em seu desfavor sem nenhuma vantagem? Afinal, apenas para relembrar, o Acordo de Leniência é um jogo de interesses, de maneira que a empresa acusada ajuda o órgão fiscalizador em troca de alguns benefícios. A empresa não firma o acordo apenas na intenção de colaborar. Ela o faz com a única intenção de ter a sua sanção reduzida. Portanto, tal como ocorre em qualquer acordo e negociação na vida, o acordo de leniência é uma via de mão dupla, em que cada um busca interesses próprios. Por último, destaco dois pontos. Primeiro, todo o procedimento e negociações para o acordo de leniência são sigilosos. Desde o momento em que é feita a proposta pela empresa até a assinatura do acordo (ou não), ninguém pode ter acesso às tratativas. Se alguém vazar tais informações, isso pode até configurar crime (na aula 10, falaremos um pouco mais sobre isso). De fato, isso proporciona uma situação confortável para a empresa. Segundo, o momento final para manifestar interesse no acordo de leniência é a confecção do relatório do Processo Administrativo de Responsabilização. Após este momento, qualquer colaboração restará inócua para a empresa, já que, em tese, não poderá gozar de nenhum benefício previsto na Lei de Anticorrupção (art. 30, §2º, do Dec. 8.420/2015). Importância do programa de Compliance para o Acordo de Leniência Com um bom programa de Compliance, a empresa terá uma série de informações que poderá fornecer aos órgãos de investigação dentro do acordo. Tal como vimos, o acordo de leniência somente será válido se os requisitos previstos no art. 16 forem preenchidos. Como regra geral, quanto mais colaborativa for a empresa, mais efetivo será o acordo e maior será a redução da punição. Essa colaboração efetiva fica bem fácil quando uma empresa tem um programa de Compliance bem instituído. Por exemplo, tal programa pode ser eficaz em levantar outras empresas envolvidas ou mesmo identificar os servidores e funcionários protagonistas. Mais do que isso, o programa de Compliance ajuda a comprovar as informações que a empresa passar ao órgão fiscalizador (CGU, no nosso exemplo). Como dito anteriormente, a colaboração tem que ser comprovada. Não basta apenas mencionar que fulano estava envolvido e recebeu propina: a empresa tem que estar apta a informar como isso aconteceu, quando e, se for possível, comprovardocumentalmente. Na prática, é comum as empresas apenas mencionarem uma série de situações para as autoridades fiscalizatórias, mas, ao final, restarem incapazes de comprovar ou mesmo informar detalhes que possam produzir provas documentais que ratifiquem a informação. De fato, uma maneira de trazer mais robustez à colaboração pode advir de um programa de Compliance bem estruturado. PAR e o setor de Compliance Quando uma empresa comete um ilícito previsto na Lei Anticorrupção, ela não é punida automaticamente. Inicialmente, é instaurada uma investigação preliminar e, posteriormente, um Processo Administrativo de Responsabilização – PAR. A investigação preliminar se presta apenas para produzir indícios suficientes de que houve a infração e de quem supostamente a cometeu. Veja que esta etapa preliminar não visa à produção de provas. Visa apenas à produção de indícios, de maneira que não se forma nenhum juízo de valor sobre a autoria da infração ou mesmo a sua existência. Portanto, o objetivo é produzir elementos que possam sustentar uma acusação e a instauração do PAR. Cometido o ilícito e verificados indícios suficientes durante a investigação preliminar, instaura-se o PAR. A grande importância do PAR é que é este o momento em que a empresa poderá se defender, apresentar provas em seu favor, confessar o ilícito, exercer o contraditório etc. Como se nota, a defesa não é feita apenas com argumentos jurídicos, mas, principalmente, com provas e elementos que possam inocentar o réu ou mesmo implicar em penas menores. Apenas a título didático, o PAR é como se fosse o processo criminal que o réu responde perante o juiz. Durante o processo criminal, o réu tem várias oportunidades para se defender, podendo requerer a elaboração de um laudo pericial, arrolar testemunhas em seu favor, ser interrogado para dar a sua versão pessoal dos fatos etc. Portanto, devemos entender o PAR como o momento em que a empresa pode se defender amplamente. Whistleblower Como regra geral, a prática de atos ilícitos é descoberta e investigada a partir de pessoas que resolvem denunciar aquela prática. Whistleblower é na verdade aquele que delata, denuncia e relata a prática de algum ato ilícito dentro da empresa. Ele é peça fundamental dentro de um programa de Compliance, pois, sem colaboradores internos, as atividades do programa tendem a ser limitadas e, muitas vezes, infrutíferas. Por conta disso, é imprescindível que os gerenciadores e profissionais que atuam nesta área desenvolvam mecanismos internos para a proteção dos whistleblowers. De fato, seja na Administração Pública, seja na iniciativa privada, os whistleblowers estão passíveis de sofrer ameaças ou retaliações por conta dessa conduta nobre. E digo isso porque, se não houver mecanismos para a proteção do whistleblower, a prevenção e investigação interna na empresa pode enfrentar diversos obstáculos. Como exemplo, cito o hotline, o qual é comumente usado para proteger a identidade dessas pessoas. Contudo, nem sempre isso é possível ou mesmo recomendável. Invariavelmente, você precisará que o denunciante venha prestar depoimento ou mesmo formalize sua denúncia. Se isso não ocorrer, num eventual acordo de leniência, por exemplo, a empresa ficará impossibilitada de apresentar provas e elementos para colaborar com as investigações. E, como já vimos, palavras são insuficientes para que o acordo seja firmado e a empresa goze dos benefícios. Essa proteção ou mesmo estímulo ao whistleblower pode ocorrer de diversas formas. Vou, agora, apenas mencionar duas, já que este ponto será melhor desenvolvido na segunda metade desta disciplina. 01 O primeiro seria a previsão no Código de Ética da empresa de sigilo total da pessoa denunciante e com garantias específicas, tais como: impossibilidade de demissão involuntária por parte do empregador nos próximos dois anos e impossibilidade de transferência de setor ou região involuntariamente. 02 Como estímulo, cito uma recompensa em dinheiro. Aliás, isso já é bem comum em investigações policiais e tem sido bastante eficaz. Atividade 1. O que é Acordo de Leniência? Gabarito 2. Cite dois benefícios do Acordo de Leniência. Gabarito 3. Até que momento é possível celebrar o Acordo de Leniência? Gabarito 4. Mencione ao menos dois requisitos para que a empresa possa celebrar o Acordo de Leniência. Gabarito 5. Em sua opinião, qual é a importância do programa de Compliance para uma empresa que tenha interesse em celebrar um Acordo de Leniência? Gabarito 6. O que é whistleblower? Gabarito Créditos Redator: Aderbal Bezerra Web Designer: Daniel de Abreu Designer Instrucional: Eduardo Passos Programador: Rostan Luiz Referências Próximos passos Explore Mais http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula3.html ACESSIBILIDADE: A+ A- listpicture_as_pdfprint Disciplina: Investigação, Compliance e Lei Anticorrupção Aula 4: Estudo Comparado — Compliance no Sistema Americano Apresentação Como vimos nas aulas anteriores, os programas de Compliance são algo atual e novo no Brasil. Sua previsão legal é mais antiga, mas a utilização e especialização na prática são mais recentes. Por conta disso, vamos trazer nesta aula alguma noção de como o Compliance é aplicado nos Estados Unidos. Em específico, falaremos sobre os sete elementos de um programa de Compliance efetivo. Ou seja, elementos básicos que as autoridades americanas levam em consideração na hora de avaliar uma empresa e seu programa. Como vamos verificar, muitos dos elementos por eles utilizados são também enfatizados pela legislação brasileira. Desejamos que você tenha uma visão ampla sobre o instituto e consiga enriquecer seu conhecimento. Boa aula! Objetivos • Comparar com o Compliance dos Estados Unidos; • Reconhecer as US Sentencing Guidelines. Compliance no Brasil e nos Estados Unidos O Compliance e os programas de integridade são assuntos relativamente novos aqui no Brasil, já que apenas recentemente tal matéria tem chamado a atenção do público e do mercado. De fato, conforme vimos nas aulas anteriores, o assunto já era discutido. Contudo, havia pouco interesse e, consequentemente, pouca prática e expertise. Por conta disso, o país e o mercado estão ainda aprendendo com seus erros e acertos. Tendo em vista este cenário, a proposta desta aula é falar sobre experiências em outros países e tirar lições que possam ser aplicadas ao Brasil. No caso, falaremos do contexto americano, já que é um modelo já maduro e no qual o Brasil se inspirou. Se olharmos a Lei Anticorrupção, não encontraremos nenhuma orientação sobre padrões e práticas que possam caracterizar um programa de Compliance efetivo. Ou seja, o legislador não definiu nem estabeleceu critérios para que pudéssemos dizer o que faz um programa de Compliance ser eficaz. Tal tarefa tem sido, em consequência, dos órgãos fiscalizadores e estudiosos no assunto (doutrina, acadêmicos). Neste ponto, por exemplo, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE e a Controladoria Geral da União – CGU têm publicado manuais sobre o que deve ser levado em conta para o desenvolvimento de um programa de Compliance efetivo e de excelência. Aqui, lembro que é a efetividade do programa que irá garantir os benefícios da Lei Anticorrupção, daí a grande importância deste tópico. Um programa que só esteja “no papel” não garantirá os benefícios legais previstos na Lei Anticorrupção. Tendo em vista que o assunto ainda é novo no Brasil, um estudo comparado é importante e pode trazer informações relevantes. Conforme vimos, a proposta desta aula é falardos Estados Unidos, país em que os programas de Compliance têm se desenvolvido há mais de duas décadas. Aliás, cabe destacar que muito do que eles têm feito lá vem sendo copiado por nós aqui. Lógico que nem tudo é aplicável, nem é a minha proposta trazer isso para você. Minha intenção é ampliar o objeto de estudo e mostrar a você que existe um conhecimento lá fora que, em algumas situações, ajuda os profissionais aqui dentro. E digo isso não só sob o ponto de vista prático, mas teórico também. http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/galeria/aula4/anexo/aula4.pdf http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html Por que a devida atenção deve ser dada às orientações da CGU e dos órgãos de fiscalização? A razão é bem simples: estes órgãos são aqueles encarregados de aplicar as sanções da Lei Anticorrupção. Como já estudamos, esta lei não trouxe definições nem detalhou como deve ser desenvolvido um programa de Compliance. Aliás, nem mesmo o termo Compliance foi mencionado na lei. O legislador apenas disse que serão levados em consideração na dosimetria da pena “a existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica”. Da mesma forma, o Decreto 8.420/2015, que regulamentou a Lei Anticorrupção em âmbito federal, trouxe alguns parâmetros genéricos e foi explícita em prever que a CGU seria o órgão federal responsável em “expedir orientações, normas e procedimentos complementares referentes à avaliação do programa de integridade”. Portanto, tais orientações devem ter sua atenção, pois são cruciais para os profissionais que eventualmente irão trabalhar na área. Aqui, chamo a atenção para o fato de que os ilícitos previstos na Lei Anticorrupção podem e devem ser apurados pela União, Estado e Município. Isto não significa que a empresa, caso cometa algum ilícito, esteja sujeita a sanções nas três esferas. O que quero dizer é que a empresa pode ser fiscalizada por órgãos dos três entes (União, Estado e Município) e, consequentemente, é fundamental que obedeça aos padrões de efetividade descritos nas legislações/ orientações de cada um. Assim, estar em conformidade com o Guia de Programas de Integridade da CGU (União) vai apenas garantir benefícios caso a empresa seja sancionada pela própria CGU, por exemplo. Caso haja algum ilícito envolvendo um órgão estadual e o Estado aplique a sanção, estar em conformidade com as diretrizes deste ente é fundamental para ter todos os benefícios previstos. Por último, a boa notícia é que tais guias não se diferenciam muito. De fato, o Guia da CGU é bem completo e tem servido de modelo para os guias dos Municípios e Estados. Obviamente, pode haver algumas diferenças, mas elas são pontuais. Como regra geral, se a empresa cumprir as orientações da CGU, por exemplo, também estará em conformidade com grande parte das orientações do Estado ou Município onde está sediada. Contudo, tal como dito anteriormente, caso você venha a se envolver em um programa de integridade, vale a pena estar atento aos guias e orientações nos três níveis de governo. US Sentencing Guidelines Nos Estados Unidos, o Compliance e a Lei Anticorrupção já estão implementados há bastante tempo. As US Sentencing Guidelines são um guia utilizado para verificar se um programa de Compliance é ou não efetivo. Elas cumprem o mesmo papel do Guia da CGU. Sempre que as autoridades americanas vão investigar um caso e aplicar uma sanção por um ato de corrupção, por exemplo, elas lançam mão dos Guidelines para verificar quão efetivo é o programa adotado. De fato, tal como ocorre no Brasil, alguns programas de Compliance existem apenas no papel. Alguns têm alguma efetividade, mas ficam muito aquém do que é recomendável e desejável. Desta forma, as Guidelines são fundamentais para definir padrões mínimos. (Fonte: MR.Yanukit / Shutterstock) Ainda, as US Sentencing Guidelines são utilizadas para guiar o juiz na aplicação da pena/ sanção, em especial no cálculo do montante. Aqui, lembro que as pessoas jurídicas respondem criminalmente no sistema americano. Ou seja, cometem crimes. Tal situação não ocorre em nosso sistema, já que, em regra, pessoas jurídicas apenas respondem penalmente por crimes ambientais. De fato, no Brasil, atualmente, podemos afirmar que apenas prevalece a responsabilidade administrativa e cível para as pessoas jurídicas, e o caso da Lei Anticorrupção é um exemplo. Nas US Sentencing Guidelines, há um modelo de cálculo da pena que facilita a fixação do montante da sanção e reduz a discricionariedade do juiz. Na Lei Anticorrupção, a previsão relativa à aplicação da pena não é tão específica, já que menciona apenas o máximo e o mínimo possível de pena, agravante ou atenuante. Apenas a título de exemplo, vamos verificar o Art. 6º, I: “multa, no valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20% (vinte por cento) do faturamento bruto do último exercício anterior ao da instauração do processo administrativo, excluídos os tributos, a qual nunca será inferior à vantagem auferida, quando for possível sua estimação”. Como se nota, uma vez constatada uma conduta corruptiva, a multa a ser aplicada pelo órgão fiscalizador varia bastante, podendo chegar até a 20% do faturamento bruto. A autoridade levará em consideração alguns fatores, tais como a gravidade do ilícito e a reincidência, para fixar a adequada fração. Entretanto, há uma margem de discricionariedade muito grande, pois a avaliação sobre como a conduta grave pode impactar no montante da pena difere de pessoa para pessoa (a CGU pode achar o impacto muito grande, enquanto algum outro órgão acha que o impacto não seja tão grande assim). Assim, uma pessoa pode achar que, por conta dessa gravidade, a pena de multa deve ser de 18%, mas outra pode achar que deve ser 14%. De fato, tal como dito acima, nas US Sentencing Guidelines, isso é menos discricionário e, consequentemente, mais previsível, gerando mais segurança jurídica ao sistema. Em linhas gerais, as US Sentencing Guidelines possuem sete elementos principais que, quando adotados, demonstram a seriedade e efetividade do programa de Compliance. Caracterizada a presença destes elementos, a empresa pode se beneficiar de uma substancial redução de sua penalidade. Caso a empresa colabore e também seja a primeira a reportar o ilícito (ou seja, antes mesmo das autoridades desconfiarem), a pena pode ser reduzida em mais de 80%. Portanto, a relação custo-benefício do programa de Compliance é muito positiva, ainda mais se a empresa operar fora dos Estados Unidos e em países que possuem Leis Anticorrupção. Vamos agora verificar quais são esses sete elementos: Clique nos botões para ver as informações. Comprometimento do alto escalão Monitoramento Treinamento e comunicação Incentivos e disciplina Devido cuidado na delegação de responsabilidades Ação Corretiva Procedimentos e padrões Por ora, é importante que você entenda e se inspire nessa visão americana. Digo isso porque, a partir da próxima aula, sairemos dessa parte teórica e adentraremos o conteúdo com enfoque mais prático. Esses sete elementos também estão, de alguma forma, previstos nos Guias da CGU ou CADE, por exemplo. Portanto, neste estudo comparado, podemos dizer que o sistema brasileiro é bem parecido com o americano. Por último, cabe destacar a figura do whistleblower prevista no item “d”. Este é um tema quente e com grande repercussão nos Estados Unidos atualmente. A razão para tanto é simples: a colaboração do whistleblower é essencial para se chegar a conclusões satisfatórias. Como você deve ter observado nas aulas das demais disciplinas, uma investigação com colaboradoresé muito mais rápida e eficiente do que uma sem nenhuma colaboração externa. Não é à toa, por exemplo, que a premiação e a proteção dos denunciantes é medida que se impõe para avaliar a efetividade de um programa de Compliance. Aliás, indo um pouquinho além do conteúdo desta aula, vale exemplificar a importância e proteção dos colaboradores em nosso sistema. No início de 2018, foi publicada a Lei 13.608/18, a qual prevê especificamente a premiação e estímulo ao canal de denúncias anônimas, tal como podemos verificar no seu Art. 4º: A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no âmbito de suas competências, poderão estabelecer formas de recompensa pelo oferecimento de informações que sejam úteis para a prevenção, a repressão ou a apuração de crimes ou ilícitos administrativos. Parágrafo único. Entre as recompensas a serem estabelecidas, poderá ser instituído o pagamento de valores em espécie. Em termos de proteção ao whistleblower / denunciante, cito ainda a Lei 8.112/90 (Estatuto dos Funcionários Públicos da União), Art. 126-A: Nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil, penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra autoridade competente para apuração de informação concernente à prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, ainda que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou função pública. Atividade 1. Cite dois elementos das US Sentencing Guidelines. http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html#collapse1 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html#collapse2 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html#collapse3 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html#collapse4 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html#collapse5 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html#collapse6 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html#collapse7 Gabarito sugerido 2. Cite um órgão/ autarquia que produza guias para desenvolver programas de Compliance efetivos. Gabarito sugerido 3. O que são as US Sentencing Guidelines? Gabarito sugerido 4. Enumere três elementos das US Sentencing Guidelines. Gabarito sugerido 5. Explique o que significa o elemento das US Sentencing Guidelines “Incentivos e disciplina”. Gabarito sugerido 6. Explique o que significa o elemento das US Sentencing Guidelines “Procedimentos e Padrões”. Gabarito sugerido Créditos Redator: Aderbal Torres Web Designer: Roberta Meireles Designer Instrucional: Eduardo Passos Programador: Rostan Luiz Referências Próximos passos Explore Mais http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html ACESSIBILIDADE: A+ A- listpicture_as_pdfprint Disciplina: Investigação, Compliance e Lei Anticorrupção Aula 5: Programa de Integridade e Compliance Apresentação Como você acha que o programa de integridade pode ser eficaz na prevenção de fraudes e corrupção na empresa? Nesta aula, você aprenderá o que vem a ser um programa de integridade, que significa um conjunto de medidas e ações preventivas e repressivas adotadas pelo Departamento de Compliance de uma empresa, que busca a todo instante preservá-la da exposição a determinados riscos. Você aprenderá também que a atividade de Inteligência, que é uma atividade de assessoramento para tomada de decisões, é muito importante no dia a dia do Departamento de Compliance, o qual é responsável pela estruturação e fiscalização do programa de integridade da empresa. Muito importante nesse aprendizado é saber identificar a importância de se aplicar a atividade de inteligência na atividade preventiva de uma empresa e o momento adequado dessa utilização. Objetivos • Definir programa de integridade; • Reconhecer a importância do Compliance no combate à fraude e à corrupção; • Esclarecer a importância da atividade de Inteligência para o Compliance. Programa de Integridade e Compliance A Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, bem como o Decreto nº 8.420, de 18 de março de 2015, que a regulamentou, trouxe importantes novidades, visando ao fortalecimento da conjuntura política e econômica do Brasil. Você sabe de que forma ocorreria esse fortalecimento político e econômico do país? A resposta é simples: por meio do resgate da ética no mundo empresarial. Perceba que, desde o ano de 1994, o Brasil vem sendo palco de escândalos na esfera corporativa, causando impactos que desestabilizaram o sistema financeiro e a economia do país. A Lei 12.846/2013 também é conhecida como Lei Anticorrupção, tendo em vista que foi criada com o objetivo de prevenir e combater ações ilícitas de fraudes e corrupção praticadas por pessoas jurídicas em face da administração pública, sujeitando as mesmas à responsabilidade objetiva, civil e administrativamente. O assunto é tratado com tanta seriedade que o Decreto 8.420/2015, regulamentador da Lei 12.846/2013, reservou um capítulo inteiro para tratar sobre o Programa de Integridade. Inicialmente, é importante que você saiba o que é “integridade”. De acordo com o Dicionário Aurélio online, integridade significa: 01 Qualidade de íntegro. 02 Caráter daquilo a que não falta nenhuma das suas partes. http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula5.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula5.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula5.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/galeria/aula5/anexo/aula5.pdf http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula5.html 03 Estado de são, de inalterável. 04 Retidão, honradez; pureza intata. De acordo com o Manual para Implementação de Programas de Integridade: Orientações para o Setor Público, o termo “integridade”, do ponto de vista filosófico, faz menção a algo intacto, que não foi tocado, que não se contaminou ou que não foi danificado. Imagine, por exemplo, uma construção íntegra; significa que ela tem sua composição intacta e sólida, não possuindo nenhum tipo de infiltração ou rachaduras. Mas o que vem a ser o programa de integridade? Ainda de acordo com esse manual, Programa de Integridade significa “o conjunto de medidas e ações institucionais voltadas para a prevenção, detecção, punição e remediação de fraudes e atos de corrupção”. Veja que, desse conceito, podemos compreender que o Decreto 8.420/2015 estabeleceu um conjunto de rotinas e procedimentos, visando impedir que os funcionários das empresas que lidam com o poder público possam vir a cometer algum tipo de fraude ou de corrupção e que, dessa maneira, venham a atentar contra a administração pública, nacional ou internacional. E, caso tais ações já tenham acontecido, esse conjunto de medidas e ações possui a previsão do que deve ser feito a fim de cessá-las, bem como punir os infratores. O Decreto nº 8.420/2015, em seu art. 41, dispõe sobre o programa de integridade, a saber: Para fins do disposto neste Decreto, programa de integridade consiste, no âmbito de uma pessoa jurídica, no conjunto de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e na aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta, políticas e diretrizes com o objetivo de detectar e sanar desvios, fraudes, irregularidades e atos ilícitos praticados contra a administração pública, nacional ou estrangeira. http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/etica-e-integridade/arquivos/manual_profip.pdf Perceba que a norma, ao mesmo tempo em que diz no que consiste o programa de integridade, também dá várias dicas sobre ele, demonstrando que se trata de algo eminentemente prático, tal como“conjunto de mecanismos e procedimentos internos”, “auditoria”, “denúncia”, “aplicação de código de ética e de conduta”, “com o objetivo de detectar e sanar”. Veja que todas essas ações e medidas visam evitar desvios, fraudes, irregularidades e atos ilícitos praticados pelas pessoas jurídicas contra a administração pública, que o programa de integridade também é como o programa de Compliance, ou simplesmente Compliance. Mas qual o significado de Compliance? Negrão e Pontelo (2017, p. 107) tratam da questão de forma bastante clara, afirmando que há um consenso sobre a origem do conceito de Compliance entre os diversos autores e profissionais dessa área, tendo tal termo originado do verbo inglês to comply que, traduzindo para a língua portuguesa, significa “cumprir”, “executar” ou “realizar”. Ainda de acordo com as autoras, Negrão & Pontelo (2017, p. 107), temos a seguinte definição de Compliance: Compliance é o dever de cumprir, de estar em conformidade e fazer cumprir regulamentos internos e externos impostos às atividades das organizações. Dessa forma, dizer que uma organização está em Compliance significa que ela está em conformidade, que seus procedimentos e regulamentos internos são cumpridos, que ela aderiu às políticas, diretrizes, normas, bem como à legislação em vigor. Veja que o Compliance é uma atividade que visa não só à repressão, mas principalmente à prevenção de ações ilícitas e irregulares por parte de seus sócios e funcionários. A função do Compliance é a prevenção de ilícitos cometidos em face da administração pública. Entretanto, uma vez que a prática ilícita já ocorreu ou está ocorrendo, deve o departamento responsável pela execução do programa de integridade, que é o departamento de Compliance, adotar as medidas já previstas para sanar todas as irregularidades ocorridas ou que ainda estão em andamento. Inteligência e Compliance O Compliance em muito se assemelha à atividade de Inteligência, a qual tem também sua aplicabilidade na área corporativa. Tanto uma quanto a outra trabalham na prevenção e repressão de ações adversas que possam causar impactos negativos em suas áreas de interesses. Portanto, essas duas atividades estão intimamente ligadas com a proteção, seja de ameaças internas ou externas. Veja os parágrafos 2º e 3º do art. 1º da Lei 9.883/1999, que instituiu o Sistema Brasileiro de Inteligência. Tais parágrafos trazem um dos conceitos que se tem de Inteligência: § 2º Para os efeitos de aplicação desta Lei, entende-se como Inteligência a atividade que objetiva a obtenção, análise e disseminação de conhecimentos dentro e fora do território nacional sobre fatos e situações de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório e a ação governamental e sobre a salvaguarda e a segurança da sociedade e do Estado. § 3º Entende-se como Contrainteligência a atividade que objetiva neutralizar a inteligência adversa. Perceba que, enquanto no §2º da lei acima se fala em obtenção e análise de dados, mencionando o ramo inteligência, já que a atividade de inteligência se divide em dois ramos, Inteligência ou Análise e Contrainteligência, o §3º já fala em neutralização. Isto significa que a Contrainteligência é aquele encarregado pela detecção e neutralização da ação adversa que, no caso da nossa aula, são as ações contra a administração pública. Deve-se levar em consideração que, primeiramente, as ações de Contrainteligência são preventivas e, num segundo momento, repressivas. Saiba que é muito oportuno trazer ao debate o tema Inteligência, uma vez que tal atividade anda lado a lado com o Compliance, de forma que ambas produzem conhecimento a fim de que seus usuários possam tomar as decisões mais acertadas possíveis, ao mesmo tempo em que salvaguardam suas instituições ou organizações, buscando de forma perene minimizar possíveis riscos que possam causar desdobramentos desfavoráveis aos seus gestores, sejam eles uma autoridade pública ou o diretor-presidente de uma empresa. Tendo em vista essa abordagem sobre a Inteligência, e mais precisamente sobre a prevenção, que nada mais é do que um conjunto de medidas de proteção, torna-se oportuno e necessário trazer o conceito de Contrainteligência, que é um dos ramos da atividade de Inteligência, o qual foi extraído do site da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), a saber: A Contrainteligência tem como atribuições a produção de conhecimentos e a realização de ações voltadas para a proteção de dados, conhecimentos, infraestruturas críticas — comunicações, transportes, tecnologias de informação — e outros ativos sensíveis e sigilosos de interesse do Estado e da sociedade. Saiba que, nesse conceito, as “ações voltadas para a proteção” dos dados, conhecimentos e infraestruturas críticas se desdobram em duas medidas de segurança: uma passiva, chamada de segurança orgânica, de prevenção e obstrução de possíveis ações adversas; e, num segundo momento, outra medida, chamada de segurança ativa, objetiva identificar e neutralizar ações mais agressivas já praticadas contra o órgão, instituição ou sistema de inteligência. Dessa forma, uma empresa que investe em tecnologia de controle dos acessos de suas dependências instalando catracas eletrônicas, controles biométricos, monitoramento de e-mails corporativos, em software que permite atualizar bancos de dados dos funcionários ou firewalls que filtra o trânsito de dados, impedindo acessos a conteúdos inapropriados que podem pôr em risco a segurança de determinada rede, está adotando medidas de segurança orgânica. Nesse mesmo sentido, o treinamento de funcionários, a conscientização da coletividade quanto à observância das normas internas e dos procedimentos da empresa, são medidas de segurança orgânica. Já as ações que visam identificar e neutralizar uma ação de espionagem industrial, ou minimizar as consequências de um vazamento ou de um acesso não autorizado a uma informação sigilosa da organização, consistem em ações de segurança ativa. Ainda sobre o tema, Coelho (2011) também aborda a necessidade de se estar sempre à frente dos acontecimentos a fim de conseguir prevenir ou, não sendo possível tal prevenção, neutralizar ações nocivas à empresa, pondo fim ou mitigando os possíveis riscos que advêm desses acontecimentos: A inteligência estratégica empresarial busca antecipar e reagir rapidamente às mudanças do ambiente corporativo, através da identificação de oportunidades ou ameaças, com a redução dos riscos, suporte a comercialização e melhoria da competitividade. Note que a inteligência deve estar sempre à frente, se antecipando aos acontecimentos, e uma vez que esses acontecimentos tenham ocorrido, a inteligência atua reprimindo-os ou pelo menos minimizando seus riscos. Mas o que teriam essas reflexões com o Compliance? Inteligência e Compliance são duas atividades que se correlacionam, tendo semelhanças em suas rotinas, quais sejam a prevenção e repressão a ameaças aos interesses da instituição ou organização. Essas duas atividades têm em comum, ainda, a redução de riscos por meio de análises de suas áreas mais sensíveis, que possam gerar qualquer instabilidade na sua reputação, perante seus clientes ou a própria sociedade, ou ainda a prática ilícita de servidores ou funcionários que possam causar lesão à administração pública. Tudo o que foi citado, além de inúmeras outras atribuições, está no rol de atribuições da atividade de Inteligência que, pela natureza de determinado órgão de inteligência, poderá desenvolver a atividade de Inteligência clássica, a de Inteligência policial ou ainda a inteligência empresarial, se num ramo de atividade privada estiver sendo realizada. Uma vez que essas medidas são implementadas pelo departamento de Compliance, suas ações são efetivamente de Inteligência que segundo, os dizeres de Montalvão, são ações de Inteligência de Conformidade ou Compliance Intelligence.Veja: Quanto maior a política de repressão interna das companhias, com a implementação de ações de Inteligência de Conformidade (Compliance Intelligence) como canais de denúncia anônima, auditorias externas, investigações corporativas e outros mecanismos de apuração de irregularidades, mais os governos arrecadam com multas e Acordos de Leniência previstos na Lei 12.846/2013 ou Lei Anticorrupção do Brasil, que “Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira, e dá outras providências. Montalvão ainda acrescenta: “desde que existem organizações existem profissionais incumbidos de protegê-las”. Afirma ainda a aplicação da atividade de Inteligência no segmento de Compliance, como podemos ver: Nas corporações militares, ou mesmo nas empresas públicas e privadas que terceirizam as ações de segurança e investigações internas, o setor de Compliance é comumente chamado de Departamento de Segurança Empresarial ou Central de Inteligência Empresarial ou de Contrainteligência, ou ainda, de Contraespionagem Corporativa. Veja que a missão do Compliance, exposta pelo Grupo de Trabalho da Federação Brasileira de Bancos - FEBRABAN e da Associação Brasileira de Bancos Internacionais - ABBI também trata do fortalecimento das ações de controle interno e de minimização dos riscos dos negócios (apud NEGRÃO & PONTELO, 2017, p. 108): Assegurar, em conjunto com as demais áreas, a adequação, o fortalecimento do Sistema de Controles Internos da Instituição, procurando mitigar os riscos de acordo com a complexidade de seus negócios, bem como disseminar a cultura de controles para assegurar o cumprimento de leis e regulamentos existentes. Controle interno e minimização de riscos são temas que serão muito discutidos nas próximas aulas, pois dizem respeito ao que uma empresa ou organização necessita ter estruturado, e efetivamente funcionando, para que estar realmente em conformidade. Assi, no site da Massi Consultoria e Treinamento, aborda a relação entre um sistema de controle interno e a gestão de compliance, a saber: A organização deve implantar atividades de controle por meio de políticas que estabelecem o que é esperado e os procedimentos que colocam em práticas políticas. Por esse motivo, sempre implementamos controles internos e Compliance, realizando um casamento operacional que funciona quando os dois são realizados em complemento um do outro. Por fim, cabe dizer que, segundo Negrão e Pontelo (2017, p. 122), para que uma organização alcance o sucesso, o controle interno é imprescindível. A fiscalização do cumprimento desse controle (interno) é exercida pelo Departamento de Compliance. Para elas, prevenção é mais importante do que a punição, ou ainda, a máxima de um ditado muito popular no país é verdadeira, “prevenir é melhor do que remediar”. Atividade 1. Programa de Integridade significa: a) O conjunto de medidas e ações relacionais direcionadas à prevenção, detecção, punição e retratação de fraudes e atos de corrupção. b) O conjunto de medidas e ações institucionais voltadas para a reunião, detecção, punição e re¬mediação de fraudes e atos de corrupção. c) O conjunto de medidas e ações gerenciais voltadas, ainda que indiretamente, para a prevenção, detecção, punição e re¬mediação de fraudes e atos de corrupção. d) O conjunto de medidas e ações institucionais voltadas para a prevenção, detecção, punição e re¬mediação de fraudes e atos de corrupção. e) A atividade administrativa direcionada à prevenção de atos ilícitos que antecedem a lavagem de dinheiro. Gabarito 2. Podemos afirmar que o Compliance é: a) É a faculdade que dispõe a empresa privada e a instituição pública de estar em conformidade e fazer cumprir regulamentos internos e externos impostos às atividades das organizações. b) É o dever de cumprir, de estar em conformidade e fazer cumprir regulamentos internos e externos impostos às atividades das organizações. c) É a necessidade de se produzir relatórios periodicamente acerca da integridade. d) É a prática de atos e medidas voltados para a proteção de produtos produzidos pela organização e disponíveis no mercado. e) É o dever de cumprir, de estar em conformidade e fazer cumprir normas sedimentadas pelos usos e costumes impostos às atividades das organizações. Gabarito 3. Sabemos que a Inteligência e o Compliance são duas atividades que se correlacionam. Sobre as semelhanças entre ambas, podemos afirmar que: a) Ambas se assemelham, porém somente o Compliance visa reprimir ameaças aos interesses institucionais da organização. b) Em se tratando do Compliance e da Inteligência, prevenção e repressão se equivalem. c) A atividade de Inteligência trabalha com a prevenção, enquanto o Compliance trabalha com a repressão. d) A semelhança entre ambas se dá em sentido material, e não formal. e) Tanto uma quanto a outra atividade visa à prevenção e à repressão a ameaças aos interesses da instituição ou organização. Gabarito 4. O que queremos dizer quando afirmamos que uma empresa está em conformidade? Gabarito sugerido 5. Comente sobre a importância do Compliance no combate à fraude e à corrupção. Gabarito sugerido 6. Cite exemplos da aplicabilidade da atividade de Inteligência para o Compliance. Gabarito sugerido Créditos Redator: Aderbal Torres Web Designer: Roberta Meireles Designer Instrucional: Eduardo Passos Programador: Rostan Luiz Referências Próximos passos Explore Mais ACESSIBILIDADE: A+ A- listpicture_as_pdfprint Disciplina: Investigação, Compliance e Lei Anticorrupção Aula 6: Criação e atuação do departamento de Compliance Apresentação http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula5.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula5.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula5.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula5.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula5.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula5.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula6.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula6.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula6.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/galeria/aula6/anexo/aula6.pdf http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula6.html Nesta aula, você aprenderá como o Compliance poderá ser útil no acompanhamento do processo de contratação e de desligamento de funcionários, em apoio ao setor de Recursos Humanos da empresa. Você verá que a utilização dessa medida objetiva preserva a imagem da empresa, bem como previne o vazamento de informações sigilosas. Outro ponto interessante que você aprenderá diz respeito ao monitoramento de e-mails corporativos utilizados por funcionários da empresa como forma de prevenção de condutas ilícitas tais como fraudes e corrupção. Aprenderá também quanto à legalidade dessa medida. Você entenderá também sobre a importância de realizar a análise de riscos, aprenderá que cada empresa tem os seus riscos de forma individualizada e que o que pode ser considerado risco para uma empresa pode não ser considerada para outra. Vamos lá? Objetivos • Identificar a importância das medidas de controle interno; • Reconhecer a atuação do Compliance na proteção da imagem da empresa; • Inferir a importância do Compliance como ferramenta disponível para minimizar riscos à empresa. Criação e atuação do departamento de Compliance Você sabia que as medidas de controle interno, exercidas pelo departamento responsável pelas ações de Compliance de uma empresa privada ou de um órgão estatal, em muito se assemelham com as medidas de controle interno que são realizadas pela atividade de Inteligência? Por conta dessa semelhança, alguns recursos e rotinas de proteção que são empregados pelas agências de Inteligência podem vir a ser utilizadospelas empresas também para a prevenção e repressão contra atos de corrupção praticados por seus funcionários. Sendo assim, para que essas medidas possam ser implantadas e aplicadas, é necessário a criação de um departamento de Compliance que será responsável por implementar e tornar efetivo o programa de integridade na empresa. Esse departamento deve ser dotado de autonomia para a tomada de decisões e fiscalização do cumprimento do programa de integridade. Para isso, seus funcionários devem ser subordinados somente à alta direção da empresa, para evitar que interferências de funcionários de outros setores possam influenciar na efetividade do programa, tornando-o vulnerável a ações que prejudiquem o seu fiel cumprimento. Veja que, em se tratando de vulnerabilidades, os profissionais de Compliance devem ter independência para realizar suas atividades, estando eles, como vimos, vinculados apenas à diretoria da empresa. Isso é para evitar que sejam alvos de pressão, ameaças ou de perseguição por outros funcionários que porventura estejam insatisfeitos com as fiscalizações e apurações desenvolvidas por aqueles profissionais. Nesse mesmo sentido, existe o Guia de Implantação de Programa de Integridade nas Empresas Estatais (p. 21), que prevê que o setor responsável pelo programa de integridade tenha independência o suficiente para a tomada de decisões e para adotar providências necessárias ao bom funcionamento do programa, reportando diretamente à alta direção da empresa. Veja que, de acordo com esse guia, o Departamento de Compliance deve ter prerrogativas para tomar determinadas decisões e realizar recomendações a fim de adequar a organização à legislação ou ao seu código de ética e de conduta, de modo a diminuir a exposição da empresa a riscos, mesmo que tais decisões resultem em impactos financeiros. Esse guia também defende que os profissionais de Compliance estejam protegidos contra punições arbitrárias que possam vir a sofrer por conta da realização de suas atividades de trabalho. Como foi tratado inicialmente, é necessário que a empresa ou organização promova atividades de controle interno, prevendo a adoção de condutas, bem como normatizando a execução de procedimentos previamente previstos. Essas atividades de controle são exercidas por meio de um programa de integridade. De acordo com o Manual sobre Programa de Integridade: Diretrizes para Empresas Privadas, publicado pela Controladoria Geral da União, o programa de integridade é indicado para prevenir, detectar e remediar atos que venham a lesar a administração pública, os quais se encontram previstos na Lei 12.846 de 2013. http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/etica-e-integridade/arquivos/guia_estatais_final.pdf http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/etica-e-integridade/arquivos/programa-de-integridade-diretrizes-para-empresas-privadas.pdf http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/etica-e-integridade/arquivos/programa-de-integridade-diretrizes-para-empresas-privadas.pdf O foco desse programa é o combate à prática de suborno, fraudes nas licitações e na execução de contratos com órgãos públicos. Negrão e Pontelo (2017, p. 129) nos ensinam que, ao estruturar um programa ou Departamento de Compliance, a empresa tende a alcançar uma série de resultados positivos, tais como diminuição de fraudes, de multas e penalidades, bem como redução de práticas de corrupção interna e de transgressão aos códigos de ética organizacional da empresa. Afirmam as autoras que as ações de Compliance, se executadas rotineira e permanentemente, reduzem a probabilidade de erros por parte dos funcionários, erros por desconhecimento ou falhas de gestão. Impedem também os custos com danos à imagem da empresa, fator extremamente importante para as pessoas jurídicas que vivem em ambiente marcado pela competitividade ou que dependem da opinião pública. Tendo em vista o que vem sendo apresentado a você, note a importância de se estruturar um programa de Compliance, não importando se a empresa é grande ou pequena. Prova disso é que o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas criou uma Cartilha de Integridade para Pequenos Negócios. Comentário Veja que, de acordo com essa cartilha, na página 15, adotar um programa de Compliance não guarda nenhuma relação com o tamanho da empresa, bem como seu ramo de atuação. Muito pelo contrário! Saiba que prevenção e combate à corrupção e ser ético nos negócios não é uma faculdade, e sim um dever, um compromisso. Acompanhamento de processo de contratação e de desligamento de funcionário pelo Departamento de Compliance Um tema muito importante que deve ser levado em consideração pelo Departamento de Compliance diz respeito ao processo de contratação de pessoas que poderão vir a fazer parte do corpo de funcionários da empresa e ocupar funções em seus departamentos mais sensíveis. Mas quais seriam esses departamentos sensíveis, e qual o papel do Compliance nesse processo de contratação? Pode-se considerar como sensível, por exemplo, o setor da empresa que lida com servidores públicos, que atua nos processos licitatórios, na celebração de contratos com a administração pública ou ainda nos departamentos da empresa em que ocorre fiscalização do poder público. Em resumo, considera-se sensível o departamento onde suas atividades têm maiores chances de expor a empresa a determinados tipos de riscos, e que por isso são setores que devem ter medidas de proteção para não deixar que se torne vulnerável. http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/etica-e-integridade/arquivos/integridade-para-pequenos-negocios.pdf A atuação do Compliance nesse processo é uma ação típica de Contrainteligência, visando sempre à proteção (prevenção) da empresa, buscando conhecer ao máximo o candidato a exercer função tão importante. A atividade de Compliance nesse caso não se confunde com o processo de recrutamento e seleção realizado pelo setor de Recursos Humanos da empresa, e sim, um trabalho de apoio que ocorre paralelamente ao do RH, e que ao final de tudo poderá contraindicar ou não aquele candidato a determinada vaga de emprego. O profissional de Compliance deve pesquisar sobre o futuro funcionário em sites ou bases de dados que contemplem informações de Tribunais de Justiça, Receita Federal, sites cadastrais ou ainda em possíveis listas restritivas. O intuito é detectar se o candidato à vaga possui seu nome vinculado a alguma atividade ilícita ou até mesmo se está figurando como réu em algum processo criminal relacionado a crimes econômicos. Na verdade, pretende-se com essas pesquisas prevenir e combater crimes que envolvam a lavagem de dinheiro, corrupção e fraudes nas empresas, preservando assim a imagem da organização. Existem empresas de consultoria especializadas em Compliance no mercado que utilizam softwares voltados para a busca e o cruzamento de informações disponíveis de pessoas físicas e jurídicas envolvidas em crimes econômicos ou ainda em ilícitos de outra natureza. É bem interessante a possibilidade de a empresa conhecer seu futuro funcionário e até mesmo seu futuro cliente. Medidas como essa, de obtenção e análise de informações de pessoas que se pretende contratar, visam sempre à salvaguarda, ou seja, à proteção da empresa. Para isso, o Departamento de Compliance deve estar sempre atento ao gerenciamento do risco reputacional daqueles com quem a empresa irá se relacionar. Outra questão tão importante quanto a contratação é o desligamento de funcionários, que também deve ser tratada pelo Compliance. Uma vez que tenham restado motivos para a demissão de um funcionário que trabalha num setor sensível da empresa, mais uma vez o profissional de Compliance deve adotar medidas de Contrainteligência a fim de prevenir possíveis vazamentos. Saiba que, no mundo corporativo, grandes empresas disputam entre si a posição de liderança no oferecimento de um produto ou de um serviço. Pense que não deve ser nada fácil desenvolverum produto de qualidade e manter em segredo sua fórmula para impedir que seus concorrentes copiem seu produto de sucesso. Fonte: pixabay.com Agora, imagine o que poderia fazer um empregado que tenha ficado suficientemente ressentido ou magoado com sua demissão. Independentemente de qualquer valoração de caráter das pessoas que compõem o quadro de funcionários da empresa, pois não é o caso aqui, e sim de se preservar a imagem, o lucro, o bom andamento dos negócios da empresa, bem como a lisura nas relações com a administração pública. Sendo assim, havendo o risco de que informações sigilosas que dizem respeito aos negócios da empresa, bem como assuntos de ordem interna que possam interessar aos seus concorrentes ou que não devem ser expostos publicamente, devem os mesmos ser protegidos. Para tanto, uma vez que foi tomada a decisão pela empresa de demitir tal funcionário, o Departamento de Compliance deve gerenciar a interrupção dos acessos de quem será demitido de todos os canais e sistemas da empresa, de modo a impedir que ele faça download ou copie quaisquer arquivos, processos ou relatórios da empresa Exemplo Se porventura a pessoa utilizar notebook ou qualquer outro aparelho da empresa como ferramenta de trabalho, ela pode, por exemplo, antes da comunicação de seu desligamento, “convidá-lo” a comparecer a sua sede para instalação ou atualização de algum software em seu equipamento, mas, na verdade, tal convite representa um disfarce da sua verdadeira intenção, que é reter o aparelho. Caso haja algo de pessoal do funcionário no aparelho, somente deverá ser retirado dele com a supervisão do Departamento de Compliance. Essa medida tende a preservar os assuntos da empresa. A organização deve sempre procurar tomar medidas como essas, convidando seus funcionários à sede para que eles não desconfiem, caso esse convite um dia esteja relacionado com sua demissão. Monitoramento de e-mails corporativos utilizados por funcionários da empresa As ações de Inteligência e de Compliance visam sempre à prevenção de qualquer conduta desabonadora que possa macular sua instituição ou sua empresa, por isso são perenes. Neste sentido, outra medida importante que deve ser levada a efeito pelo Departamento de Compliance nas empresas é o monitoramento dos e-mails corporativos utilizados pelos funcionários. Diante do que vimos sobre esse tipo de monitoramento, cabe uma indagação: há algum impedimento legal que proíba a empresa de monitorar os e-mails corporativos utilizados pelos seus empregados? Pois bem, há quem entenda que esse monitoramento viola a privacidade do funcionário e que, por isso, não deve ser realizado. Entretanto, não há conteúdo privado nesse tipo de comunicação, não havendo assim nenhum tipo de violação. O e-mail corporativo é uma ferramenta de trabalho, disponibilizado pela empresa ao funcionário, que deverá utilizá-la somente para essa finalidade, sendo vedado o uso do correio eletrônico corporativo para fins pessoais. Para isso, o empregado deve ter ciência dessas disposições, bem como de que essa comunicação é monitorada. A questão é alvo de várias discussões no meio jurídico, havendo quem entenda que essa fiscalização pela empresa atenta contra a privacidade do trabalhador. Em consulta ao artigo intitulado A empresa pode monitorar o e-mail corporativo?, é possível constatar que a questão está bem esclarecida, sendo apresentado o entendimento de que o e-mail corporativo é um canal único e exclusivo de contato do funcionário com os demais funcionários da empresa, com os clientes ou ainda com terceiros para tratar estritamente assuntos de trabalho. Logo, não há veiculação de conversas com conteúdo privado, não havendo assim proteção legal desse canal, e consequentemente, a monitoração desse correio eletrônico não viola nenhuma norma legal. Em consulta ao site Jusbrasil, foi possível verificar que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) se posicionou a respeito desse tema, conforme se pode ver no julgado TST-AIRR-1640/2003-051-01-40.0, a saber: AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA - E-MAIL CORPORATIVO - ACESSO PELO EMPREGADOR SEM A ANUÊNCIA DO EMPREGADO - PROVA ILÍCITA NÃO CARACTERIZADA. Consoante entendimento consolidado neste Tribunal, o e-mail corporativo ostenta a natureza jurídica de ferramenta de trabalho, fornecida pelo empregador ao seu empregado, motivo pelo qual deve o obreiro utilizá-lo de maneira adequada, visando à obtenção da maior eficiência nos serviços que desempenha. Dessa forma, não viola as artes. 5º, X e XII, da Carta Magna a utilização, pelo empregador, do conteúdo do mencionado instrumento de trabalho, uma vez que cabe àquele que suporta os riscos da atividade produtiva zelar pelo correto uso dos meios que proporciona aos seus subordinados para o desempenho de suas funções. Não se há de cogitar, pois, em ofensa ao direito de intimidade do reclamante. Agravo de instrumento desprovido. http://www.bortolotto.adv.br/blog/index.php/20816/03/31/a-empresa-pode-monitorar-o-e-mail-corporativo/ https://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/2189474/agravo-de-instrumento-em-recurso-de-revista-airr-1640408620035010051-164040-8620035010051/inteiro-teor-10418662?ref=juris-tabs A questão também é pacífica no que diz respeito ao monitoramento de e-mails corporativos de servidor púbico, de acordo com jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a qual afirma a finalidade do correio eletrônico corporativo para fins profissionais, e não pessoais, como podemos ver a seguir: As informações obtidas por monitoramento de e-mail corporativo de servidor público não configuram prova ilícita quando relacionadas com aspectos "não pessoais" e de interesse da Administração Pública e da própria coletividade, especialmente quando exista, nas disposições normativas acerca do seu uso, expressa menção da sua destinação somente para assuntos e matérias afetas ao serviço, bem como advertência sobre monitoramento e acesso ao conteúdo das comunicações dos usuários para cumprir disposições legais ou instruir procedimento administrativo. STJ. 2a Turma. RMS 48.665-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 15/9/2015 (Info 576). Diante do exposto, afirma-se que o monitoramento de e-mails corporativos, seja o funcionário trabalhador privado ou servidor público, é uma das formas que a organização ou instituição tem de prevenir condutas ilícitas de seus empregados ou servidores, afastando assim a probabilidade de casos de fraude ou de corrupção. Para isso, deve haver uma previsão expressa da obrigatoriedade de se utilizar esse canal de comunicação exclusivamente para fins laborais. Análise de risco Como foi exposto, as atividades de Inteligência e de Compliance andam lado a lado. A análise de riscos é mais uma importante ação de Inteligência, de natureza preventiva, que também é de vital importância para o Compliance. Veja o que diz o site da Agência Brasileira de Inteligência sobre a avaliação de riscos: A avaliação de riscos constitui-se um dos pilares da atividade de Contrainteligência da ABIN, centrada na proteção de infraestruturas críticas e na segurança de grandes eventos. Os relatórios de avaliação de riscos são produzidos com base em metodologia própria desenvolvida pela ABIN [...], que orienta análise de ameaças e vulnerabilidades e estabelece medidas corretivas para aperfeiçoar os sistemas de proteção de instalações físicas, sistemas de comunicação e gestão de pessoal. No universo corporativo, a análise de riscos, de acordo com Negrão e Pontelo (2017, p. 321), consiste em entender o nível de determinado risco, bem como sua natureza, definindo prioridades e opções de respostas a serem utilizadas no tratamento de tais riscos. É de suma importância ter conhecimento da probabilidade de determinado risco ocorrer, calculando os consequentes impactos para a empresa, sob a ótica financeira, operacional, quanto a suaimagem e do ponto de vista legal. Reconhecem as autoras que ter conhecimento dos riscos não é suficiente. Uma vez conhecidos, há a necessidade de gerenciamento deles com efetivo controle e, consequentemente, muitos dos problemas e imprevistos gerados poderão ser neutralizados. Veja que a análise de riscos é uma imprescindível ferramenta de Inteligência e de Compliance, visto que atua diretamente na prevenção de ameaças, cabendo a sua realização a qualquer empresa, não importando o tamanho de seus negócios. Você deve estar se perguntando: na prática, como se faz uma análise de riscos? Pois bem, essa análise se faz com algumas perguntas, que podem ajudar a empresa a minimizar seus riscos. Veja alguns exemplos de perguntas que podem ser feitas: 1 Minha empresa está vulnerável em algum aspecto? Do que ela precisa se proteger? 2 Existe a chance de que sócios ou funcionários cometam ações antiéticas, por exemplo, oferecendo ou pagando propinas? 3 Será que minha empresa já praticou atos fraudulentos ou poderá praticá-lo em alguma licitação? 4 Será que minha empresa tem condições de cumprir com os acordos e os orçamentos realizados? 5 Conheço bem meus funcionários? Conheço bem meus parceiros de negócios? Sendo assim, pergunto a você: em que momento a análise de riscos deve ser realizada? Pois bem, deve ser realizada antes da estruturação de um programa de integridade. É a análise de riscos que vai nortear a elaboração desse programa. O primeiro passo antes da estruturação de um programa de integridade já foi superado, e você já aprendeu que a análise de riscos precede sua implementação. Agora você deve saber que os riscos não são iguais para todas as empresas, logo depreende-se que, em razão da área de atuação de determinada empresa, existe especificidade quanto à ocorrência de riscos a que ela pode ser exposta. Sendo assim, o que pode ser considerado risco para uma empresa pode não ser considerado para outra. O levantamento dos riscos de uma empresa deve ser feito de forma individualizada. De acordo com o Manual sobre Programa de Integridade: Diretrizes para Empresas Privadas, publicado pela Controladoria Geral da União, a análise de riscos deve levar em consideração as particularidades da área de atuação da empresa. Essa análise deve levar em conta a possibilidade de ocorrerem fraudes e/ou atos de corrupção, principalmente em contratos ou processos licitatórios, bem como o impacto de tais atos lesivos nas operações da organização. Uma vez identificados os riscos, desenvolvem-se regras, procedimentos e políticas visando a sua prevenção, detecção e neutralização A Cartilha de Integridade para Pequenos Negócios trata do levantamento dos riscos de uma empresa de uma maneira bem didática. Ela traz um passo a passo bem interessante, bastando apenas fazer alguns questionamentos; veja: 1 Inicie os trabalhos com uma análise dos setores da empresa que já apresentaram algum tipo de problema. Por exemplo, algum setor da empresa já se envolveu com propina ou corrupção? Já houve pedidos de presentes ou agrados? A empresa já foi multada, após fiscalização, pela administração pública? Já houve alguma conduta imprópria por parte de funcionários? 2 Uma vez identificados os problemas ocorridos, levante circunstâncias, prováveis ou reais, de contato de seus funcionários com servidores públicos ou com a administração pública. Faça perguntas, como por exemplo: os funcionários da empresa costumam ir rotineiramente a algum órgão público? A empresa participa de licitações ou firmou contrato com administração pública? A empresa recebe fiscalização de órgãos públicos frequentemente? Sua receita em grande parte é proveniente do capital público? 3 Após a identificação de problemas ocorridos e de contato dos funcionários com servidores públicos, projete cenários em que podem acontecer situações que representem riscos consideráveis à empresa. Por exemplo, a área de atuação da empresa é uma área sensível, onde ocorrem as práticas de solicitação ou de pagamento de propinas? A empresa levanta informações de novos funcionários ou busca referências deles? Existe, na empresa, algum setor de controle interno? Existe algum canal sigiloso de denúncias, onde funcionários ou terceiros possam relatar alguma irregularidade, sem que estes precisem se identificar? 4 São feitas reuniões frequentes com os funcionários? Os assuntos sobre integridade costumam ser nivelados com eles? Identificadas todas as situações de risco, realize uma análise detalhada de tudo o que foi levantado. É fundamental saber como os erros aconteceram ou podem vir a acontecer, identificando as áreas ou situações mais propensas. Verifique em que setor da empresa, em qual período do dia ou ainda em quais tipos de contrato que a empresa celebrou ou poderá celebrar. Reflita também sobre os valores envolvidos. 5 É chegado o momento de priorizar os riscos. Mas de que forma? Identificando em que escala de probabilidade esses riscos podem ocorrer, se a chance é alta, média ou baixa. Os riscos considerados altos devem ser priorizados e receber tratamento especial. Após a identificação, análise e classificação de prioridades, a empresa já pode estruturar seu programa de Compliance. Gestão de Pessoas e Compliance Antes de apresentar você à estruturação de um programa de Compliance, é importante abrir um espaço para a reflexão sobre o tema gestão de pessoas, no qual cabe uma questão: gestão de pessoas é o mesmo que gestão de Recursos Humanos? Respondo a você que não são a mesma coisa. Veja o que dizem Negrão e Pontelo (2017, p. 148) sobre o que vêm a ser esses dois termos: A diferença entre os dois é que o termo “gestão de recursos humanos” tem um fator mais técnico e mecânico — suas atividades se baseiam em recrutamento, seleção, remuneração e desligamento de profissionais — e o termo “gestão de pessoas” traz uma preocupação maior com o desenvolvimento e valorização do profissional como ser humano, enquanto exerce atividade na organização. Portanto, gerir pessoas é muito mais que um fator sistêmico, metódico e técnico. Logo, pensar que encaminhar um documento circular aos diversos setores da organização é o suficiente para que os funcionários realizem tudo exatamente da forma como se descreve no documento é pura ilusão. Pessoas não são máquinas. Sendo assim, crie vínculos com os funcionários da empresa, aproxime-se, envolva-os nos projetos sobre integridade. Faça com que eles se sintam componentes imprescindíveis no funcionamento dessa engrenagem. Atividade 1. Sobre o acompanhamento de contratação e de desligamento de funcionários, pode-se afirmar que: a) A contratação de funcionários pode ser realizada somente pelo setor de Compliance. b) A contratação para uma vaga na empresa tem relação com as medidas de controle externo c) O setor de Compliance e o de RH exercem a mesma função na contratação de funcionários. d) O profissional de TI deve pesquisar sobre o futuro funcionário em sites cadastrais. e) A atividade de Compliance é um trabalho de apoio que ocorre paralelamente ao trabalho do RH. Gabarito 2. Assinale a alternativa correta no que diz respeito ao monitoramento de e-mails corporativos: a) É uma medida que deve ser evitada, pois é muito invasiva. b) Esse monitoramento viola a privacidade do funcionário, e por isso não deve ser realizado. c) O e-mail corporativo é uma ferramenta de trabalho da empresa, que deverá usada somente para esse fim, sendo vedado seu uso para fins pessoais. O empregado deve ter ciência do monitoramento. d) Esse e-mail é um canal de contato do funcionário com a empresa, que poderá ser utilizado para fins pessoais, em situações eventuais. e) Não há necessidade de avisar ao funcionário do monitoramento desse e-mail, pois o fato dele ser corporativo já é o suficiente. Gabarito 3. Sobre a análise de riscos, assinale a opção correta: a) A análise deriscos é uma ação preventiva de auditoria e importante para o Compliance. b) Essa análise consiste em entender o nível de determinado risco, bem como sua natureza, não definindo suas prioridades e respostas. c) É uma importante ferramenta de Inteligência e de Compliance, que atua diretamente na prevenção de ameaças, para qualquer empresa, não importando o tamanho de seus negócios. d) Deve ser realizada antes ou durante a fase de estruturação de um programa de integridade. e) Nunca leva em consideração a possibilidade de ocorrer fraude em licitação. Gabarito 4. Cite uma finalidade das medidas de controle interno. Gabarito 5. Correlacione a subordinação do setor de Compliance à alta direção da empresa com a efetividade do programa de integridade. Gabarito 6. Cite uma ação de Compliance para a redução de riscos à empresa. Gabarito Créditos Redator: Aderbal Bezerra Web Designer: Roberto Bindes Jr Designer Instrucional: Eduardo Passos Programador: Rostan Luiz Referências Próximos passos Explore Mais ACESSIBILIDADE: A+ A- listpicture_as_pdfprint Disciplina: Investigação, Compliance e Lei Anticorrupção Aula 7: Implementação do Programa de Integridade – parte 1 Apresentação Quero iniciar a apresentação desta aula buscando a sua reflexão a partir de um caso concreto. Imagine uma situação hipotética em que determinada instituição governamental esteja fazendo pesquisas de mercado a respeito de um produto de seu interesse. Para tanto, essa instituição contatou três empresas que comercializavam esse tipo de produto, havendo algumas diferenças entre elas. Cabe esclarecer que essa fase de pesquisa mercadológica antecede a fase licitatória, e o documento pertinente a essa fase é o Termo de Referência (TR). O servidor responsável por essas pesquisas de mercado recebeu um “presente” do representante de uma das empresas interessadas em contratar com a administração pública, a fim de influenciá-lo em sua decisão. Ao elaborar o TR, o servidor público produziu o documento de forma tendenciosa, de maneira a beneficiar a empresa da qual recebeu o “presente”. http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula6.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula6.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula6.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula6.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula6.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula6.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula7.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula7.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula7.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/galeria/aula7/anexo/aula7.pdf http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula7.html Por conta disso, as outras empresas acabaram por ficar excluídas do processo licitatório e, já na fase do pregão, a empresa beneficiada participou de todo o processo sem nenhuma outra concorrente. Qual o resultado dessa história? Essa empresa venceu o pregão, até mesmo porque não havia outra empresa competindo, com as mesmas características do seu produto, e ela enfim celebrou contrato com aquela instituição governamental. Agora, eu pergunto a você, algum desses dois personagens foi antiético na sua conduta? Algum dos dois cometeu crime? Qual dos dois está passível de responsabilização criminal? Imagine que a empresa desconhecia a atitude de seu funcionário e esse caso veio à tona, com grande repercussão na mídia. A empresa está isenta de qualquer responsabilidade pelo ato do seu empregado ou responderá também? Você aprenderá também nesta aula sobre a política referente à oferta de hospitalidade ou presentes a servidores públicos, e quero que você se lembre desse caso para melhor compreensão do conteúdo que você estudará. Ok? Bons estudos! Objetivos • Identificar a importância da ética no contexto das ações de conformidade; • Averiguar as fases de elaboração de um programa de integridade; • Reconhecer o direcionamento das ações voltadas para a redução dos riscos, desenvolvidas pelo Departamento de Compliance. Implementação do Programa de Integridade O ponto central desta aula se concentra na execução de um Programa de Integridade de uma empresa, devendo-se sempre levar em consideração a previsão do Decreto nº 8.420 de 18 de março de 2015, especificamente no parágrafo único do art. 41, verdadeiro balizador de um efetivo programa de integridade. Exemplo O parágrafo único supracitado traz tópicos importantes que direcionam os trabalhos realizados pelo departamento responsável pelo programa; veja: • A construção efetiva de um programa de integridade único e individualizado, o qual deve ser rigorosamente seguido por todos na empresa, voltado unicamente para o alcance de seus objetivos, dispensando-se um programa permeado pelas generalidades que buscam atender várias empresas pelo mesmo programa; • Individualização da análise de riscos para cada organização, demonstrando que cada empresa tem suas peculiaridades e consequentemente seus próprios riscos; • Uma vez instrumentalizado o programa de integridade, este não pode ficar desatualizado na empresa, devendo sempre ser atualizado no que diz respeito aos novos riscos que porventura possam surgir. Um bom programa de integridade é aquele em constante atualização, com monitoramento constante das áreas ou situações sensíveis que expõem a organização. Não diria a você que o conteúdo do parágrafo único do Art. 41, bem como o caput do próprio artigo, sejam princípios. Entretanto, suas orientações norteiam e iluminam a caminhada do profissional de compliance em uma organização. Elementos básicos de um Programa de Integridade Feita a análise introdutória do conteúdo que será tratado nesta aula, vamos dar prosseguimento à implantação do programa de integridade com elaboração de suas regras e as ferramentas que estão disponíveis para o alcance dos seus objetivos. Lembre que cada empresa tem seu próprio negócio com suas respectivas peculiaridades, e por consequência seus próprios riscos também. Sendo assim, o que será apresentado é uma orientação básica que deverá ser direcionada às características específicas, bem como aos riscos a que cada empresa está sujeita. Você será apresentado agora aos elementos básicos que devem conter um programa de integridade, quais sejam: código de ética e de conduta, regras, políticas e procedimentos de redução de riscos, comunicação e treinamento, canais de denúncias, medidas disciplinares e ações de remediação. Código de ética e de conduta Dentro do que se pode chamar de elementos básicos do programa de integridade, tem-se, inicialmente, a elaboração e implementação de um código de ética e de conduta organizacional. Este documento vai nortear as ações e comportamentos dos funcionários da empresa, trazendo em seu bojo alguns aspectos como a missão da organização, valores éticos, as condutas que se esperam naquele ambiente de trabalho, bem como os comportamentos que são terminantemente proibidos pela organização. Como falar de um código de ética sem trazer à discussão o seu significado? Veja o que é ética, de acordo com o site Código de Ética: Ética vem do grego ethos e significa caráter, comportamento. O estudo da ética é centrado na sociedade e no comportamento humano. As reflexões sobre esse tema começaram na antiguidade; os filósofos mais famosos, como Demócrito e Aristóteles, falaram sobre a ética como meio de alcançar a felicidade. Com a introdução do cristianismo como religião oficial no ocidente, a ética passou a ser interpretada a partir dos mandamentos documentados nas leis sagradas. O pensamento ético busca julgar o comportamento humano, dizendo o que é certo e errado, justo e injusto. A busca pela ética se traduz pelas escolhas que o homem faz. As opções certas leva-nos a um caminho de virtude, verdade e às relações justas. O estudo da éticanão é só explorado pela filosofia, mas diversos profissionais se dedicam a ela (sociólogos, antropólogos, psicólogos, biólogos, médicos, jornalistas, economistas etc.) principalmente pelo fato de cada área ter um código para delimitar as ações daquela profissão. A função do pensamento ético, portanto, é manter a ordem social. Embora não mantenha relação direta com a lei propriamente dita, a ética é construída ao longo da história, galgada nos valores e princípios morais de determinada sociedade. Os códigos éticos visam proteger a sociedade das injustiças e do desrespeito em qualquer esfera social, seja no ambiente familiar ou profissional. O termo “ética” está relacionado aos valores morais e princípios que orientam a conduta humana em sociedade. A ética contribui para o equilíbrio e o bom funcionamento social, objetivando o bem da coletividade. Sob a ótica filosófica, a ética é a ciência responsável por estudar valores e princípios morais de determinada sociedade, apontando o que é o bem e o que é o mal, o que é o comportamento certo e o que é o errado. Uma vez que a ética está relacionada à integridade da ordem social, baseada em valores e princípios morais de determinada sociedade, trazendo esses aspectos para a ética corporativa, pode-se dizer que, do ponto de vista ético de determinada empresa, seus valores e princípios visam manter a lisura, a transparência nos negócios, sob pena de macular sua reputação. Indicar para o funcionário que sua conduta traz reflexos à organização, positiva ou negativamente, é uma das formas que se tem de conscientizá-lo de seu papel. Fazê-lo entender que seu comportamento ético e profissional é fundamental para o sucesso do programa de integridade é uma das atribuições do profissional de compliance. Segundo os dizeres de Negrão e Pontelo (2017, p. 164), as empresas, por meio dos regulamentos internos em vigor, norteiam os trabalhos realizados sob o ponto de vista da ética, com ações educativas, atualizando e aperfeiçoando suas normas internas, bem como da apuração e aplicação das penas cabíveis nos casos de infrações éticas. De acordo com as autoras. Muitos esforços são empreendidos para conseguir que cada empregado tenha consciência da importância da ética no trabalho e na sua postura perante a realização de suas atividades Veja que não basta a criação de um “gelado” código contendo normas imperativas para toda a empresa. É necessário que este código seja apresentado de forma que o funcionário seja estimulado a cumpri-lo. De acordo com o Manual de Programa de Integridade: Diretrizes para Empresas Privadas, é de grande importância que “tais padrões de comportamento sejam claros, sejam seguidos por todos e que se encontrem também amplamente acessíveis ao público externo, em especial aos parceiros de negócios e clientes”. Tomando por base a Lei Anticorrupção, o código de ética a ser implementado pela empresa deve conter importantes itens, dentre os quais podemos citar: 1 Princípios e valores ligados ao código de ética e de conduta. 2 Políticas da organização no tocante à prevenção de fraudes e de outros tipos de ações ilícitas, principalmente em situações que envolvam o relacionamento da empresa com órgãos públicos. 3 Vedações expressas a atos que dizem respeito a oferta, ainda que indiretamente, de vantagem indevida a servidor público. 4 Proibição de fraudar licitações e contratos celebrados com o poder público, bem como oferecer qualquer vantagem indevida a licitante concorrente 5 Ampla divulgação da existência e funcionamento de um canal de denúncias anônimo, disponível para funcionários, bem como para terceiros. Este canal deve conter ainda norma proibindo qualquer tipo de conduta que atente contra ele ou a quem dele fizer uso, bem como o amplo esclarecimento de medidas de proteção para quem utilizá-lo; http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/etica-e-integridade/arquivos/programa-de-integridade-diretrizes-para-empresas-privadas.pdf 6 Previsão de sanções disciplinares para os casos de descumprimento das normas da organização. Fonte: Freepic Regras, políticas e procedimentos de redução de riscos O código de ética e de conduta deve prever as regras, as políticas, bem como os procedimentos da empresa, no que diz respeito à prevenção e detecção de irregularidades, tomando por base os riscos levantados anteriormente, na análise de riscos. O Manual de Programa de Integridade: Diretrizes para Empresas Privadas apresenta alguns exemplos de políticas de redução de riscos que podem ser utilizados na elaboração do código de ética e de conduta da organização. Entretanto, deverá sempre ser considerado tanto o seu perfil organizacional quanto os seus riscos ao estruturá-las, como segue. Clique nos botões para ver as informações. Política referente ao relacionamento com órgãos e servidores públicos Política referente à oferta de hospitalidade ou presentes a servidores públicos Política referente a registros e controles contábeis http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/etica-e-integridade/arquivos/programa-de-integridade-diretrizes-para-empresas-privadas.pdf http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula7.html#collapse1 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula7.html#collapse2 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula7.html#collapse3 Política referente à contratação de terceiros Política referente a fusões, reestruturações e aquisições societárias Due Dilligence de Compliance É importante ressaltar que, da mesma forma que se faz necessário o acompanhamento no processo de contratação de um futuro funcionário a fim de prevenir atos de corrupção, e consequentemente impedir a responsabilização da empresa por crimes praticados por seus funcionários, esse dever de cuidado também é necessário quando se tratar de contratação de terceiros ou ainda de fusão ou aquisição societária. Para tanto, é imprescindível o que se tem conhecido como Due Diligence de Compliance, ou seja, a devida diligência no sentido de evitar vulnerabilidades que exponham a riscos à imagem da empresa. Em consulta ao site Jota, verifica-se que a Due Diligence de Compliance, além da análise jurídica de processos e documentos, para prevenção de possíveis riscos, deve também, e principalmente, mapear os relacionamentos da empresa “alvo” e de seus colaboradores com servidores públicos, autoridades e com a própria administração pública, se essa relação for rotineira por conta de setores tais como concessões, energia e educação. A atividade de Due Diligence de Compliance é tão importante que pode influenciar diretamente na decisão da empresa em contratar ou adquirir uma nova empresa para a realização de suas atividades. Em consulta ao texto intitulado Compliance e Due Diligence: Conhecendo melhor os parceiros comerciais, verificou- se um conceito bem interessante dessa atividade de assessoramento e prevenção: A expressão inglesa Due Diligence, em tradução literal, significa “diligência prévia”. Seu procedimento se trata de uma avaliação de risco prévia a uma contratação, uma aquisição, uma celebração de parceria, a formação de um consórcio de empresas, enfim, sempre que se tenha um relacionamento jurídico e comercial relevante entre partes. Política referente a doações e patrocínios Uma empresa que tem seu programa de Compliance deve estar sempre alerta para não ser responsabilizada por práticas de fraude ou de corrupção. Para tanto, se a empresa vai realizar algum patrocínio, financiamento ou doação, é importante checar o histórico do beneficiado; dessa forma, é possível prevenir aborrecimentos futuros. Sobre a política de doações e patrocínios, veja o que estabelece a Política de doações, contribuições e patrocínio da Engepack: Para os fins dessa política, quando forem realizadas quaisquer contribuições e/ou doações sem caráter político-partidário, os procedimentos a serem observados são os seguintes: a) Toda contribuição/doação deverá ter a avaliação formal do Departamento de Compliance e aprovação da Diretoria da Engepack; b) Os pedidos devem ser cuidadosamente analisados, para que se verifique que a contribuição e/ou doação não redundarão em benefício pessoal de agente público ou de qualquer pessoa que tenha relação direta ou indireta http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula7.html#collapse4 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula7.html#collapse5 https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/coluna-do-tauil-chequer/compliance-anticorrupcao-em-due-diligence-de-ma-24112017 https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/coluna-do-tauil-chequer/compliance-anticorrupcao-em-due-diligence-de-ma-24112017 http://www.engepack.com.br/politicaintegridade/doacoes.pdf com o agente público e se a instituição beneficiada está devidamente registrada nos termos da legislação aplicável; c) Toda contribuição e/ou doação deve ser feita à instituição devidamente registrada nos termos da legislação aplicável; d) É vedada que a contribuição e/ou doação destinada à instituição de caridade seja feita em nome de pessoa física e, em nenhuma circunstância, o pagamento poderá ser feito em dinheiro ou depósito bancário em conta corrente pessoal; e e) É obrigatória a obtenção de comprovante de recebimento da contribuição e/ou doação beneficente detalhado e assinado pelo administrador legalmente constituído da instituição que deverá ser arquivado na Engepack. A empresa deve atuar sempre com transparência, detalhando o que foi doado, para quem foi doado e de que forma ocorreu a doação, de modo a prevenir a prática de atos ilícitos nesses repasses. Atividade 1. Marque a alternativa incorreta: ACESSIBILIDADE: A+ A- listpicture_as_pdfprint Disciplina: Investigação, Compliance e Lei Anticorrupção Aula 8: Implementação do Programa de Integridade – parte 2 Apresentação Você sabe o que é comunicação? E treinamento? Certamente sim! Nesta aula, você aprenderá o que vêm a ser comunicação e treinamento em um programa de integridade e sua importância para o êxito desse programa. Ao longo desta aula, você entenderá que esses dois assuntos são interdependentes e que, caso um deles seja feito de forma deficiente, os objetivos do programa provavelmente não serão alcançados. Quer conhecer mais? Avante! Objetivos • Enumerar as fases de elaboração de um programa de integridade; • Reconhecer a importância das ações desenvolvidas pelo Departamento de Compliance, voltadas para a redução dos riscos; • Identificar a importância da prevenção da imagem da empresa, por meio do combate à fraude e à corrupção. Implementação do Programa de Integridade Comunicação http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula8.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula8.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula8.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/galeria/aula1/anexo/aula1.pdf http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula8.html Dando continuidade ao tema “implementação do programa de integridade”, vamos tratar a partir de agora da importância da comunicação e do treinamento. Os temas “comunicação e treinamento” geralmente compõem um único assunto de estudo. Os programas de integridade de algumas empresas apresentam tanto a comunicação quanto o treinamento em um mesmo tópico; entretanto, para fins didáticos e para a sua melhor aprendizagem, estes temas serão tratados em tópicos distintos. Por falar em comunicação, você sabe o que é comunicação? Pois bem, de acordo com o dicionário do Aurélio, comunicação tem os significados a seguir: 1 Pôr em comunicação. 2 Participar, fazer saber. 3 Pegar, transmitir. 4 Estar em comunicação. 5 Corresponder-se. 6 Propagar-se. 7 Transmitir-se. Logo, podemos entender “comunicação” como fazer saber, transmitir ou propagar alguma norma, orientação ou determinação. O sucesso ou não do programa de integridade está relacionado também com a forma como ele é difundido ao corpo de funcionários da empresa. É muito importante que você sempre se lembre de que a comunicação é uma via de mão dupla. Nela existem alguns elementos necessários a esse processo. Por exemplo: há o emissor e o receptor da mensagem, a mensagem propriamente dita e o canal pelo qual ela se propagará. Podemos dizer em suma que a mensagem deve ser enviada pelo emissor e entendida pelo receptor. Se houver nesse canal de transmissão alguma coisa que impeça ou prejudique a compreensão da mensagem pelo receptor, dizemos que houve ruído na comunicação. Esse ruído faz com que a mensagem chegue distorcida ao receptor, que consequentemente fará uma interpretação equivocada dela. Saiba que o ruído, uma vez que tenha ocorrido, prejudica a comunicação, que deixa de ser eficaz. Agora pense: se precisamos da comunicação para que o programa de integridade de uma empresa tenha sucesso, que sucesso terá esse programa se a mensagem não for bem compreendida pelo receptor? Uma boa maneira de verificar se a mensagem transmitida foi bem compreendida se dá por meio do feedback. Você sabe o quer dizer feedback? Veja o que diz o site Significados. https://www.significados.com.br/feedback/ Na área da comunicação, o feedback é um dos elementos presentes no processo de comunicação, no qual um emissor envia uma mensagem para um receptor, através de um determinado canal. A mensagem poderá ser alterada por algum tipo de barreira (ruído), condicionando então sua interpretação por parte do receptor. Depois de interpretada, o receptor termina o processo de comunicação com o feedback - a resposta ou reação do receptor à mensagem enviada. Portanto, lembre-se de que o feedback — resposta ou reação do receptor à mensagem enviada — é fundamental para avaliar a eficácia da comunicação. Quanto ao elemento comunicação, integrante de qualquer programa de integridade, Negrão e Pontelo (2017, p. 179) ensinam que, para que um determinado programa de integridade atinja os objetivos que foram traçados, é essencial que haja comunicação. Entretanto, essa comunicação deve acontecer de forma constante, do corpo de funcionários à alta direção da empresa, alcançando até mesmo o seu presidente. Mas o que vem a ser essa “comunicação”? Seria ela a transmissão de alguma mensagem, de um emissor a um determinado receptor? Na verdade, a comunicação, de que trata este tópico da aula, se refere ao exercício de divulgação do código de ética e de conduta da empresa, da atividade de Compliance para os funcionários, da importância de se observar políticas, regras e procedimentos, devendo-se expor também os benefícios de se cumprir o que foi estabelecido e as penalidades impostas aos que não cumprirem. Nessa comunicação, inclui-se também a prestação de contas semanal ou anual do trabalho realizado pelo departamento de Compliance e os resultados alcançados. Agora que você sabe o que é comunicação, pergunta-se: como essa comunicação deve se realizar? Pois não é razoável que se tenha um código de ética atualizado com boas políticas, com regras e procedimentos eficazes voltados para a mitigação dos riscos que uma empresa esteja sujeita se esse conjunto de atos planejados pelo Departamento de Compliance da empresa não estiver tangível. Em outras palavras, esse conjunto de ações deve estar acessível a todos os funcionários, com uma linguagem que pode ser compreendida por todos da empresa. A veiculação desse conjunto deve ser possível também. Não basta que se tenha um código de ética bem atualizado, políticas, regras e procedimentos bem definidos se todo esse material não estiver ao alcance dos funcionários. Não basta ter toda essa coletânea, fazer a divulgação dela e não verificar a receptividade dos empregados da organização. É fundamental, nesse caso, que se tenha o feedback dos receptores desse código e de todas as normas envolvidas. Com essa resposta dos funcionários, que são os receptores nesse processode comunicação, deve ser feito, caso haja necessidade, o ajuste da linguagem utilizada para transmitir o que é importante, desde a escolha do melhor canal de veiculação das mensagens até a identificação de alguma outra barreira que esteja prejudicando ou possa vir a prejudicar todo esse ciclo. Leia o texto O que a Siemens faz para (tentar) evitar fraudes na empresa. Veja que interessante a maneira como a empresa busca obter o feedback de seus funcionários: A comunicação interna é feita por meio de gibis, e-mails semanais com simulações de casos e uma gincana de Compliance online que teve uma adesão voluntária de 2,4 mil funcionários da companhia. Ao todo, eles são cerca de 10 mil. Já os treinamentos, que abrangem toda a equipe da empresa, contam com provas para certificar se o conhecimento foi https://exame.abril.com.br/negocios/o-que-a-siemens-faz-para-tentar-evitar-fraudes-na-empresa absorvido e está sendo colocado em prática. Se nada disso funcionar, a Siemens conta com algumas ferramentas para identificar suspeitas de irregularidades. O Programa de integridade: Diretrizes para empresas privadas retrata de forma bastante clara como a comunicação, ora tratada, deve ser e estar acessível a todos da empresa. De acordo com o referido manual, os documentos relacionados ao programa de integridade devem estar disponíveis e acessíveis a todos, por exemplo, no site da empresa ou em sua rede interna. Deve-se considerar ainda que nem todos os funcionários tenham acesso a computadores, devido ao tipo de trabalho que desempenham. Por isso, a organização deverá disponibilizar material impresso contendo toda a documentação pertinente ao assunto, a qual deverá estar posta ou afixada em local visível a todos. A comunicação a que se refere este tópico diz respeito à acessibilidade, que nesse caso, não se trata apenas de estar visível e palpável a todos, e sim que esta coletânea de documentos deve possuir uma linguagem clara e interativa de modo a alcançar todos os funcionários dos mais variados segmentos da empresa, não deixando margens para dúvidas ou interpretações equivocadas. Sugere ainda esse manual que a veiculação de todo esse conteúdo pode se dar por “jornais internos, cartazes, e-mails e notícias na rede corporativa”. Os funcionários e clientes devem saber que a empresa possui um canal de denúncias, bem como de uma política de preservação daqueles que vierem a fazer algum tipo de denúncia. Treinamento Tema muito importante também na implementação de um programa de Compliance, diz respeito ao treinamento de todos os funcionários da empresa. Nenhuma ação ou processo terá efetividade se não houver treinamento. Não basta ter um conjunto de normas, orientações e políticas se o pessoal da empresa não sabe como cumpri-lo. Negrão e Pontelo (2017, p.180) afirmam que todo treinamento de Compliance deve ser direcionado para toda a empresa, dos empregados à alta direção, para clientes e fornecedores também. Não há obrigatoriedade de que o treinamento seja presencial; pode ocorrer também à distância. O conteúdo e a linguagem do material elaborado para o treinamento deverá ser adequado ao público que dele se utilizará. O treinamento do pessoal (Recursos Humanos) é imprescindível para que o código de ética seja cumprido, que as normas sejam observadas, enfim, para que o programa de integridade da empresa tenha êxito, e que assim, os casos de fraude e de corrupção, entre outras situações que possam lesar a administração pública, sejam evitados ou reprimidos. Fonte:Pixabay O Manual de programa de integridade: Diretrizes para empresas privadas orienta que, em casos de prevenção a fraudes e corrupção em licitações e contratos, ou ainda em relação ao controle dos registros contábeis, é conveniente que a empresa faça treinamentos específicos para o setor que lida com esse tipo de atividade. Durante o treinamento, o funcionário deve ser colocado em contato com atividades práticas e com estudos de caso que o façam solucionar problemas que porventura ocorram. Da mesma forma, não basta que o funcionário seja treinado uma vez apenas. O treinamento deve acontecer de maneira periódica, de modo que, ao mesmo tempo em que os novos funcionários são treinados, os mais antigos se mantenham atualizados. Esse treinamento não é facultativo: a empresa pode obrigar que seus funcionários participem dele. Entretanto, por mais que o Compliance obrigue o funcionário a realizar os treinamentos, o Compliance officer, que é o responsável pelo Departamento de Compliance da empresa, deve agir com muita habilidade; ele deve ter poder de convencimento do corpo de funcionários. Simplesmente impor todas as normas e procedimentos, puramente porque se deve cumprir, não é a melhor maneira. O ideal é criar, em cada pessoa que realiza o treinamento, a consciência de que a sua ação individual associada à ação individual do outro, e do outro, e do outro, ao final, cria um conjunto de boas ações que beneficia a todos. Fonte:Pixabay Uma estratégia que pode ser utilizada é motivar os empregados a realizar o treinamento, atrelando a ascensão profissional do funcionário, por exemplo, à realização do treinamento em períodos regulares. A empresa deve procurar atrair o interesse do funcionário ao treinamento, mostrando-lhe a importância e os benefícios que essa capacitação lhe trará. O sentimento de pertencimento é uma boa estratégia para trazer o funcionário para as ações de conformidade. Porém, ele deve estar ciente de que ações incompatíveis com as políticas e regras da empresa são passíveis de sanções. Veja o que diz o Programa Petrobras de Prevenção da Corrupção sobre o treinamento de seus funcionários: Disseminamos a cultura de controle e conformidade por meio de ações institucionais, que incluem cursos presenciais, palestras, videoconferências, campanhas, comunicados, publicações, entre outras modalidades e formas, as quais contêm assuntos comuns a todos os empregados, de todos os níveis hierárquicos, e específicos aos que desenvolvem atividades com maior exposição ao risco de fraude, corrupção e lavagem de dinheiro. Nosso objetivo é aprofundar o conhecimento dos empregados quanto às exigências e responsabilidades legais, bem como quanto às diretrizes corporativas, capacitando-os a identificar, prevenir, tratar e comunicar situações de risco ou com indícios de fraude, corrupção ou lavagem de dinheiro nos negócios da companhia. http://transparencia.petrobras.com.br/sites/default/files/02_Manual%20PPPC%20Portugue_s%20-%20072016.pdf Como você pode ver, a Petrobras procura fazer com que seus funcionários “adquiram” a cultura de Compliance. Essa é a ideia: fazer com que as coisas sejam feitas, não somente porque se tem que fazer, e sim porque há um consenso coletivo da importância de se estar em conformidade. Como você pode ver, segue mais um exemplo da Petrobras: o texto Treinamento em Compliance é uma estratégia essencial, disponível no site Época Negócios, indica as várias maneiras que a Petrobras tem buscado capacitar seu pessoal. Essa capacitação pode ocorrer por meio de palestras e campanhas, cursos presenciais, videoconferências e publicações, visando difundir a “cultura” de controle (prevenção) e conformidade (Compliance). Outra forma de capacitação que a Petrobras tem utilizado é aquela realizada por meio de plataforma virtual de ensino a distância, objetivando robustecer as condutas positivas, apresentando situações de rotina da empresa, possíveis ciladas e escolhas. A holding busca abordar temas importantes e atuais, como por exemplo, os que tratam de recebimento e oferecimentos de presentes e brindes, a utilização de informações privilegiadas, o pagamento ou recebimento de propinas, entre outros. As empresas têm se esforçado cada vez mais para preparar seu corpo de funcionários de modo a prevenir, ao máximo, ações que envolvam fraude e corrupção. O artigointitulado Treinamento em Compliance é estratégia essencial, que traz o professor do curso de Compliance da Faculdade de Negócios e Administração Pública da Universidade Drake, situada em Iowa, Doug Bujakowski, defende que “as corporações precisam de educação em Compliance”. Essa afirmação do professor Bujakowski é bem interessante e encontra voz também no texto Educação e Compliance: o combate à corrupção no Brasil. Esse artigo diz que o Compliance é o que se tem de mais rápido e direto, atualmente, para fiscalizar o âmbito interno de uma empresa, prevenindo-se assim os casos de corrupção praticados em conluio com servidores públicos. Com a reeducação dos funcionários, ainda segundo o texto, é provável que consigamos trabalhar “em ambientes completamente transparentes e éticos, acabando com o famoso ‘jeitinho brasileiro’ de resolução de problemas e conflitos”. Atividade 1. Sobre a Comunicação, assinale a alternativa INCORRETA: a) Pode-se compreender “comunicação” como fazer saber, transmitir ou propagar alguma norma, orientação ou determinação. b) A comunicação é uma via de mão dupla, na qual existem alguns elementos necessários a esse processo. Por exemplo: há o emissor, o receptor, a mensagem e o canal pelo qual ela se propaga. c) Pode-se dizer que a mensagem deve ser enviada pelo emissor e compreendida pelo receptor. Se houver algo que impeça ou prejudique a compreensão da mensagem pelo receptor, dizemos que houve ruído na comunicação. d) O ruído faz com que a mensagem chegue distorcida ao receptor, que consequentemente fará uma interpretação equivocada desta. e) Uma boa maneira de verificar se a mensagem transmitida foi bem compreendida se dá por meio do treinamento. Gabarito 2. Assinale a alternativa correta: a) Para que um programa de integridade atinja os objetivos que foram traçados, é essencial que haja reflexão. Entretanto, essa reflexão deve acontecer de forma constante, do corpo de funcionários à alta direção da empresa, alcançando até mesmo o seu presidente. b) O treinamento em um programa de integridade se refere ao exercício de divulgação do código de ética e de conduta da empresa, da atividade de Compliance para os funcionários, da importância de observar políticas, regras e procedimentos, devendo-se expor também os benefícios de se cumprir o que foi estabelecido e as penalidades impostas aos que não cumprirem. http://epocanegocios.globo.com/Publicidade/Petrobras/noticia/2017/12/treinamento-em-compliance-e-estrategia-essencial.html http://www.boardplace.com.br/artigos/treinamento-em-compliance-e-estrategia-essencial/ http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI270843,21048-Educacao+e+compliance+o+combate+a+corrupcao+no+Brasil http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI270843,21048-Educacao+e+compliance+o+combate+a+corrupcao+no+Brasil c) Na comunicação de um programa de integridade, inclui-se também a prestação de contas diária ou semanal do trabalho realizado pelo departamento de auditoria e seus resultados alcançados. d) Em se tratando de comunicação, é importante que se tenha um código normativo atualizado com boas políticas, com regras e procedimentos eficazes voltados para a identificação dos riscos s que a empresa esteja sujeita. e) Não basta possuir um programa de integridade, fazer a divulgação dele e não verificar a receptividade dos empregados da organização. É fundamental, nesse caso, que se tenha o feedback dos receptores desse código e de todas as normas envolvidas. Gabarito 3. Assinale a opção INCORRETA: a) Nenhuma ação ou processo terá efetividade se não houver treinamento. Não basta que a empresa tenha um conjunto de normas, orientações e políticas se o pessoal não sabe como cumpri-lo. b) Todo treinamento de Compliance deve ser direcionado para toda a empresa, dos empregados à alta direção, para clientes e fornecedores também. c) Não há uma obrigatoriedade que o treinamento seja presencial; ele pode ocorrer também a distância. d) O conteúdo e a linguagem do material elaborado para o treinamento deverá ser o mais formal possível, devendo ser observadas todas as normas gramaticais da língua portuguesa. e) Durante o treinamento, o funcionário deve ser colocado em contato com atividades práticas e com estudos de caso que o façam solucionar problemas que porventura possam ocorrer. Gabarito 4. Comente sobre a importância do feedback em um programa de integridade. Gabarito 5. O que vem a ser a Comunicação em um programa de integridade? Gabarito 6. Qual a importância do treinamento para a efetividade do programa de integridade de uma empresa? Gabarito Créditos Redator: Aderbal Bezerra Web Designer: Roberto Bindes Jr Designer Instrucional: Eduardo Passos Programador: Rostan Luiz Referências http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula8.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula8.html Próximos passos Explore Mais ACESSIBILIDADE: A+ A- listpicture_as_pdfprint Disciplina: Investigação, Compliance e Lei Anticorrupção Aula 9: Implementação do Programa de Integridade – parte 3 Apresentação Nesta aula, você aprenderá sobre os últimos elementos básicos de um programa de integridade e verificará também sobre a importância de um canal de denúncias, no qual o funcionário ou qualquer pessoa que tome conhecimento de alguma prática fraudulenta ou de corrupção cometida por um empregado da empresa possa relatar sobre o que sabe com segurança e confidencialidade. Você estudará ainda sobre as medidas disciplinares a que estão sujeitos os funcionários que venham a praticar algum crime durante o seu exercício profissional. Por fim, aprenderá o que fazer naquelas situações em que determinado funcionário já tenha realizado alguma prática de fraude ou de corrupção, que são as chamadas ações de remediação. Objetivos • Enumerar as fases de elaboração de um programa de integridade; • Identificar a necessidade de implantar um programa de integridade na empresa; • Reconhecer a importância das ações desenvolvidas pelo Departamento de Compliance, voltadas ao combate da fraude e da corrupção. Implementação do Programa de Integridade Canais de denúncias Dando continuidade à implementação do programa de integridade, você estudará a partir de agora como se dá a estruturação do canal de denúncias, das medidas disciplinares e das ações de remediação em um programa de integridade. Saiba que um elemento fundamental de um programa de integridade, tanto em um órgão público quanto em uma empresa privada, chama-se canal de denúncias. Na verdade, no lugar de um canal, a empresa deve se valer de vários canais com a finalidade de receber denúncias de irregularidade, fraude ou prática de corrupção. Tais canais devem ser de amplo acesso de funcionários, terceiros e do público externo de maneira geral. Veja a seguir que a utilização de um canal de denúncias tem previsão legal, no inciso VIII do art. 7º da Lei 12.846/2013, a saber: A existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica. http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula8.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula8.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula8.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula8.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula9.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula9.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula9.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/galeria/aula9/anexo/aula9.pdf http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula9.html Da mesma forma, o canal de denúncias encontra amparo legal também no inciso X do Art. 42 do Decreto 8.420/2015. Canais de denúncia de irregularidades, abertos e amplamente divulgados a funcionários e terceiros, e de mecanismos destinados à proteção de denunciantesde boa-fé. Verifique, ainda, que a Controladoria Geral da União elaborou um manual de programa de integridade para empresas privadas. Esse manual é bem claro no sentido de que o sucesso de um programa de integridade em uma empresa depende da existência de um espaço que permita que qualquer pessoa, seja ela funcionária da própria empresa ou pessoa externa a ela, possa denunciar com segurança e confiabilidade qualquer tipo de conduta irregular ou prática de corrupção ou fraude que tenha sido realizada por qualquer integrante da empresa: A empresa pode também prever regras de confidencialidade, para proteger aqueles que, apesar de se identificarem à empresa, não queiram ser conhecidos publicamente. O bom cumprimento pela empresa das regras de anonimato, confidencialidade e proibição de retaliação é um fator essencial para conquistar a confiança daqueles que tenham algo a reportar. Além disso, é desejável que a empresa tenha meios para que o denunciante acompanhe o andamento da denúncia, pois a transparência no processo confere maior credibilidade aos procedimentos. É importante que você saiba que a Lei 12.846/2013 e, por consequência, o Decreto 8.420/2015 do manual de programa de integridade para empresas privadas sofreram influência de um instituto previsto em lei na Europa e nos Estados Unidos, conhecido como whistleblower. Ainda que as normas que tratam do combate à corrupção tenham sofrido inspiração do whistleblower e que nelas exista a previsão da criação do canal de denúncia, bem como da proteção que deve ser dada ao denunciante de boa-fé, aqui no Brasil ainda há um movimento de conscientização para que ele faça efetivamente parte do nosso ordenamento jurídico. Mas você deve estar mais uma vez se perguntando: se já existe a previsão da criação do canal de denúncias e a proteção ao denunciante, tudo isso previsto em lei, ainda assim se faz necessária a inclusão da figura do whistleblower no ordenamento pátrio? A resposta é sim, ainda assim essa proteção legal é necessária. Se fizermos uma comparação com o reportante nacional com o reportante dos EUA, por exemplo, o de lá tem uma série de leis que o amparam, e não é só isso, o reportante, como também é conhecido whistleblower, recebe uma recompensa pelos relatos feitos. Atualmente, nos EUA, se uma pessoa relata algum caso de corrupção que tomou conhecimento, dentro da sua empresa, ela recebe, por lei, proteção do Estado, tendo assim sua identidade preservada, evitando assim qualquer tipo de represália. Protege-se assim de punições ou prejuízos à sua vida profissional, como por exemplo, deixar de ser promovido ou até mesmo ser demitido. Voltando ao canal de denúncias propriamente dito, note que a empresa deve estar preparada para receber denúncias de práticas ilícitas por parte de funcionários, de diferentes formas, que incluem canais de denúncias pela internet, por telefone ou ainda por urnas, considerando que nem todos os funcionários têm acesso à internet, devido à natureza do trabalho que realizam. Leia o texto O que a Siemens faz para (tentar) evitar fraudes na empresa, que já foi apresentado a você na aula 8. Ele fala especificamente sobre o canal de denúncias daquela empresa, principalmente da relação de confiança que os funcionários depositam no departamento de compliance: O “coração” desse “sistema de detecção” é o canal de denúncias. Para que ele seja eficiente, a empresa diz que é preciso mais do que manter um e- https://exame.abril.com.br/negocios/o-que-a-siemens-faz-para-tentar-evitar-fraudes-na-empresa mail e número de telefone para relatos anônimos. Assim, ela diz ter construído uma ponte com os funcionários para que eles se sintam confiantes em procurar o time de compliance pessoalmente. Perceba como os fundamentos de Inteligência estão inseridos nas ações de Compliance. Note a expressão utilizada pelo Diretor de Compliance da Siemens para a América do Sul, Wagner Giovanini, quando se refere, neste fragmento de texto, ao canal de denúncia da empresa: “o coração desse sistema de detecção”. Conforme você já aprendeu em aulas passadas, a detecção é uma das medidas de Contrainteligência. Especificamente falando, a detecção é a primeira medida de segurança ativa, tendo por consequência sua segunda medida: a de neutralização da ação adversa, que no caso da nossa aula se refere às práticas ilícitas de corrupção envolvendo servidores públicos ou fraudes em licitações. É muito importante que você aprenda estes conceitos passados nas aulas e saiba identificar como a Inteligência está intimamente presente no dia a dia do Departamento de Compliance de qualquer empresa. Negrão e Pontelo (2017, p. 181) ensinam que pôr esses canais de denúncia em funcionamento não é uma faculdade para a empresa, uma vez que esta só tem a ganhar com eles. Porém, para que esses canais sejam ativados, o responsável por essa implantação deve responder algumas questões, como por exemplo: • Como as denúncias serão recebidas? • Como as denúncias recebidas serão registradas? • Quem irá investigar as denúncias chegadas: o Departamento de Compliance ou um setor próprio para isso? • Como será o feedback ao denunciante? É fundamental que o denunciante se sinta confortável e seguro para fazer a denúncia, devendo ser preservado o sigilo neste canal, pois ele deve atuar anonimamente. A confidencialidade deve ser regra nesta atividade, de modo que o empregado ou quem quer que utilize os canais de denúncias tenha confiança para relatar o que quiser sem correr o risco de ser identificado e sofrer qualquer tipo de retaliação. Considerando que os canais de denúncias poderão apontar diversas áreas da empresa que poderão estar com problemas, é conveniente fazer uma triagem e encaminhar o conflito para o setor que irá sanar o problema. Negrão e Pontelo defendem que o canal de denúncias é de vital importância para fazer a aproximação entre os funcionários da empresa com o Departamento de Compliance. Para isso, é necessário que haja confiança por parte de quem denuncia. Não apenas casos de fraudes ou de corrupção poderão ser denunciados, e sim qualquer fato que cause desequilíbrio ético no clima organizacional. Atenção Atente para um ponto muito importante e que deve ser levado em consideração e para sua vida profissional também: o feedback deve ser dado a quem faz uma denúncia. Essa ação gera confiança e segurança em quem denunciou, podendo fazer com que esses canais passem a ser utilizados com regularidade, devido a credibilidade desses canais, que tende a sempre aumentar. Medidas disciplinares As medidas disciplinares de um programa de integridade têm sua previsão legal no inciso XI do artigo 41 do Decreto nº 8.420/2015, devendo as mesmas ser aplicadas nos casos em que houver violação das regras do referido programa. Mas o que vem a ser uma medida disciplinar? De acordo com o artigo Medidas disciplinares e justa causa, medida disciplinar é a aplicação de uma sanção a um funcionário de determinada empresa. Essa medida poderá ser na forma de advertência, suspensão ou dispensa, em razão de uma conduta violadora do código de ética da empresa ou de seu regulamento interno. De acordo com o artigo referenciado, a medida disciplinar possui dupla finalidade: ao mesmo tempo que é punitiva, é também orientativa. Isso significa que ela deve ser proporcional à irregularidade praticada e produzir efeito psicológico capaz de coibir futuras ações inadequadas, seja no funcionário sancionado, seja em outros funcionários ou colaboradores que estejam sob a égide do código de ética e de conduta da empresa. Neste tópico da aula, trago para você mais um exemplo do Código de Conduta da Siemens, nesse caso, o seu código de conduta profissional, que prevê que o Compliance é um dever de todos os seus colaboradores. Esse código de conduta dispõe que todo e qualquer colaborador que agir com conduta irregular sofrerá as penalidades disciplinarespor consequência de seus atos. Veja também, na página 3 desse código, que a Siemens prega que tão importante quanto o cumprimento das normas legais é o cumprimento das normas éticas. Logo, ainda que as medidas disciplinares estejam previstas para os casos de violações do dever profissional, o que se pretende de cada funcionário, nesse caso, é uma conduta negativa, um “não fazer”. Vamos mencionar mais um pouco a Siemens, trazendo mais um exemplo. Ainda sobre o texto O que a Siemens faz para (tentar) evitar fraudes na empresa, a responsabilização de funcionários que venham a cometer alguma irregularidade é bastante incisiva: Comprovada a irregularidade, a Siemens aplica aos responsáveis punições que podem ir de medidas disciplinares a demissão e denúncia à polícia. Tudo depende da gravidade do problema e da posição dos infratores na hierarquia da empresa — quanto mais alta ela for, mais fortes são as consequências”. Já o Manual de programa de integridade para empresas privadas dispõe que as medidas disciplinares decorrentes da transgressão das regras do programa estejam previstas, de forma que essa previsão garante a integridade, a retidão do programa. Não basta a “previsão” de punição: tão importante quanto é a certeza da punição nos casos em que restou comprovada a prática de irregularidades. Nesse sentido, a cartilha Integridade para pequenas empresas trata esse tópico de maneira bem interessante. Ela traz um caso hipotético em que o funcionário de uma empresa teria transgredido uma regra relativa a processo licitatório, sem autorização de seu escalão superior, oferecendo presentes aos responsáveis em conduzir uma licitação, a fim de influenciar a decisão daqueles em favor de sua empresa. https://w3.siemens.com.br/home/br/pt/cc/Compliance/Documents/findIT_CL_CO_AT_55.pdf https://exame.abril.com.br/negocios/o-que-a-siemens-faz-para-tentar-evitar-fraudes-na-empresa https://exame.abril.com.br/negocios/o-que-a-siemens-faz-para-tentar-evitar-fraudes-na-empresa http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/etica-e-integridade/arquivos/integridade-para-pequenos-negocios.pdf Esse funcionário agiu consciente a todo o tempo, pois recebeu treinamento de como deveria pautar sua conduta acerca da política da empresa sobre licitações e contratos. Ele conhecia o código de ética da empresa e ainda assim violou as regras. E aí, o que deve ser feito neste caso? É evidente que a punição deve ser aplicada, de modo a sancioná-lo pela conduta inadequada que praticou, servindo de exemplo para que outros funcionários não o façam, bem como mostrar a efetividade do programa de integridade. A empresa não deve tolerar práticas como essa. Punições como advertência, suspensão ou demissão devem ser adotadas em casos como esse e, dependendo da gravidade da conduta do funcionário, eleva-se a intensidade da penalidade. Tais punições devem ser aplicadas a qualquer funcionário, até mesmo àqueles que ocupam altos cargos de direção. A regra vale para todos. Ações de remediação Uma vez detectados os indícios de práticas lesivas à administração pública, segundo o Manual de programa de integridade: Diretrizes para empresas privadas, a empresa deve realizar uma investigação interna. Deve haver uma previsão de normas na própria empresa dispondo de procedimentos que deverão ser adotados por ocasião da investigação, tais como prazos previstos para a conclusão da apuração, responsável por investigar e o destinatário dos resultados das investigações. De acordo com o manual, a empresa pode ser cientificada das irregularidades praticadas por seus funcionários ou colaboradores, por diversos canais, tais como: denúncias anônimas, investigações internas, constatação em auditorias e resultados dos monitoramentos do programa de integridade. Uma vez detectada a prática de ilícitos, durante as investigações, é necessário que a empresa adote medidas para interromper as irregularidades praticadas e tome providências no sentido de reparar os danos causados por elas. É recomendável também a atualização do programa de integridade, para impedir que essas ações lesivas à administração pública ocorram novamente. Além dessas medidas, deve a empresa informar as autoridades competentes, bem como cooperar com elas, comunicando-lhes o que restou apurando por conta da investigação interna realizada. O art. 7º, inciso VII da Lei 12.846/2013 prevê que a cooperação das pessoas jurídicas para a apuração das infrações será levada em consideração no caso de aplicação de sanções à empresa, as quais poderão ser diminuídas por conta dessa cooperação. A presente lei objetiva a constante vigilância por parte da empresa sobre a atuação de seus funcionários, de forma a prevenir e reprimir atos de qualquer natureza que possam lesar a administração pública, seja na realização de contratos com entes públicos ou em licitações. Pretende-se com tais medidas o resgate da ética e da boa-fé nas relações entre os setores públicos e privados, sendo necessário para isso que as empresas atuem em conformidade com as leis e normas previstas, sendo de suma importância a atuação efetiva do Departamento de Compliance. Atividade 1. Assinale a alternativa INCORRETA: a) O canal de denúncia deve ser de amplo acesso a funcionários, terceiros e público externo, de uma maneira geral. b) O sucesso de um programa de integridade em uma empresa depende da existência de um espaço que permita que qualquer pessoa, seja ela funcionária da própria empresa ou externa a ela, possa denunciar com segurança e confiabilidade qualquer tipo de conduta irregular. c) O whistleblower, também conhecido como reportante, nada mais é do que o denunciante de boa-fé, ou seja, aquela pessoa que tomou conhecimento de alguma irregularidade ou crime e decidiu relatar espontaneamente sem nenhum interesse ou vantagem pessoal, simplesmente para cumprir seu dever de cidadão. d) O bom cumprimento pela empresa das regras de anonimato, confidencialidade e proibição de retaliação é um fator relativo para conquistar a confiança daqueles que tenham algo a reportar. e) O feedback deve ser dado a quem faz uma denúncia, ação que gera confiança e segurança em quem denunciou. Gabarito 2. Assinale a alternativa INCORRETA: a) As medidas disciplinares de um programa de integridade têm sua previsão legal no inciso XI do artigo 41 do Decreto nº 8.420/2015, devendo as mesmas ser aplicadas nos casos em que houver violação das regras do referido programa. b) A medida disciplinar é a aplicação de uma sanção a um funcionário de determinada empresa, que poderá ser na forma de advertência, suspensão ou dispensa, em razão de uma conduta violadora do código de ética da empresa ou de seu regulamento interno. c) A medida disciplinar possui dupla finalidade, ao mesmo tempo em que é punitiva, é também orientativa. d) A medida disciplinar deve ser proporcional à irregularidade praticada e produzir efeito psicológico capaz de coibir futuras ações inadequadas, seja no funcionário sancionado, seja em outros funcionários ou colaboradores que estejam sob a égide da empresa. e) A medida disciplinar tem dupla finalidade: ao mesmo tempo em que é punitiva, é também repressiva. Gabarito 3. Assinale a opção INCORRETA: a) Uma vez detectados os indícios de práticas lesivas à administração pública, a empresa deve realizar uma investigação interna. b) Deve haver uma previsão de normas na própria empresa dispondo de procedimentos que deverão ser adotados por ocasião da investigação, tais como prazos previstos para a conclusão da apuração responsável por investigar e o destinatário do resultado das investigações. c) A empresa pode ser cientificada das irregularidades praticadas por seus funcionários ou colaboradores por diversos canais, tais como: denúncias anônimas, investigações internas, constatação em auditorias e resultados dos monitoramentos do programa de integridade. d) Uma vez detectada aprática de ilícitos durante as investigações, é necessário que a empresa delegue a terceiros as medidas para interromper as irregularidades praticadas e tome providências no sentido de reparar os danos causados por elas. e) É recomendável também a atualização do programa de integridade para impedir que essas ações lesivas à administração pública ocorram novamente. Gabarito 4. Cite os elementos básicos que compõem o programa de integridade que você estudou nesta aula e, de maneira objetiva, comente sobre a contribuição de cada um deles para o sucesso do programa. Gabarito 5. Cite de forma objetiva uma finalidade de implantar um programa de integridade no âmbito da empresa. Gabarito 6. Comente sobre o canal de denúncias e sobre as formas como ele pode ser utilizado, considerando que este deve ser acessível a qualquer pessoa que queira relatar alguma irregularidade. Gabarito Créditos Redator: Aderbal Bezerra Web Designer: Roberto Bindes Jr Designer Instrucional: Eduardo Passos Programador: Rostan Luiz Referências Próximos passos Explore Mais http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula9.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula9.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula9.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula9.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula9.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula9.html ACESSIBILIDADE: A+ A- listpicture_as_pdfprint Disciplina: Investigação, Compliance e Lei Anticorrupção Aula 10: Crimes Envolvendo a Atividade do Setor de Compliance/ Integridade Apresentação Nesta aula, falaremos sobre os crimes com que o setor de Compliance pode se deparar no desempenho de suas atividades. Alguns deles têm como autores os agentes que trabalham no próprio setor. Outros, contudo, são cometidos por terceiros, mas interferem nas conclusões das atividades investigatórias. Alguns dos crimes a serem estudados, por exemplo, são o falso testemunho, falsa perícia, autoacusação falsa e a denunciação caluniosa. Desta forma, o objetivo desta aula é familiarizar você com as condutas que possam caracterizar crimes durante uma investigação, processo ou atividade pericial, alertando sobre como proceder diante de tais situações. Você deve ter em mente que uma perícia ou investigação de tais crimes pode levar a conclusões equivocadas e, o pior, acusar pessoas inocentes. Objetivos • Identificar os crimes previstos no Código Penal, assim como os previstos na legislação especial. Denunciação caluniosa A denunciação caluniosa visa impedir que se movimente a máquina pública investigativa e/ou judicial desnecessariamente. Além disso, ao investigado, uma eventual acusação falsa pode gerar um inquérito ou mesmo um processo que vai prejudicar a sua imagem e honra. Imagine o prejuízo para uma empresa em ter uma investigação com fulcro na Lei Anticorrupção baseada em um fato falso? Veja que este tipo penal não se refere apenas ao processo criminal ou investigação em inquérito policial. As investigações administrativas, nas quais consta o Processo Administrativo de Responsabilização – PAR, também estão incluídas. Veja que a denunciação caluniosa também requer que a imputação do crime provoque a instauração de investigação policial, de processo judicial, de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa. Se a imputação do crime não chegar a gerar a instauração de um desses procedimentos (houve a comunicação, mas a autoridade decidiu não instaurar o PAR), teremos uma tentativa. Veja a definição e a pena para denunciação caluniosa de acordo com o Código Penal, em seu decreto 2.848. Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto. § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. Comunicação falsa de crime http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula10.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula10.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula10.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/galeria/aula10/anexo/aula10.pdf http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula10.html Este crime é parecido com a denunciação caluniosa, porque ambos se referem ao uso indevido das autoridades públicas. Contudo, elas se diferem principalmente porque há a imputação de crime a determinada pessoa/ empresa na denunciação caluniosa, enquanto há apenas comunicação do crime no Art. 340 do Código Penal, como pode ser visto a seguir. Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Na comunicação falsa de crime, também não há a necessidade de instauração de procedimento investigativo, bastando apenas haver a ação da autoridade em sentido amplo (diligências, por exemplo). No momento em que a autoridade atua (toma alguma providência mandando agentes verificarem as informações, por exemplo), o crime se consuma. Autoacusação falsa A falsa autoacusação é uma limitação à ampla defesa e ao contraditório. Em nosso ordenamento, o réu pode mentir, negar a autoria, invocar excludentes de ilicitudes falsas, dentre outras, mas não pode se autoacusar de um crime que não praticou. Não se reconhece tal hipótese como exercício do direito de defesa. Essa autoacusação falsa, contudo, só será crime se for cometida perante uma autoridade, a qual deve ser entendida como aquela que tenha atribuição para apurar crimes, como um policial, juiz, membro do Ministério Público etc. Se feita perante um amigo, ela é atípica. Essa acusação não precisa ser pessoal, podendo ser por escrito, por exemplo. Veja a definição e a pena para autoacusação falsa de acordo com o Código Penal, em seu decreto 2.848. Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem: Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. Falso testemunho ou falsa perícia Neste tipo penal, somente algumas pessoas podem cometê-lo. Doutrinariamente, é chamado de crime de mão própria, já que apenas determinadas pessoas estão aptas a praticá-lo. Por exemplo: uma pessoa que não é perita está inabilitada a emitir laudos, de maneira que, se alguém assinar em seu lugar um laudo falso, estará cometendo o crime de falsidade (Art. 298). No presente tipo, apenas testemunhas ou peritos são sujeitos ativos. Art. 342 - Fazer afirmação falsa ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)> Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) § 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) § 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Neste tipo penal, somente algumas pessoas podem cometê-lo. Doutrinariamente, é chamado de crime de mão própria, já que apenas determinadas pessoas estão aptas a praticá-lo. Por exemplo: uma pessoa que não é perita está inabilitada a emitir laudos, de maneira que, se alguém assinarem seu lugar um laudo falso, estará cometendo o crime de falsidade (Art. 298). No presente tipo, apenas testemunhas ou peritos são sujeitos ativos. Clique nos botões para ver as informações. Admite-se coautoria ou participação? As testemunhas descompromissadas podem cometer este crime? O Art. 203 se refere exatamente ao compromisso de dizer verdade, o que é dispensado para algumas testemunhas. Neste caso, mentindo em juízo, não comete crime, tendo em vista a autorização legal. Os meios de se praticar o falso testemunho ou falsa perícia são em geral a manifestação verbal ou escrita. Contudo, também pratica o crime quem se cala. Ou seja, o silêncio também é considerado uma figura típica. A mentira deve ser sobre fato relevante ao processo, de maneira que possa influenciar na conclusão do juiz ou autoridade. Uma declaração falsa sobre algo secundário (se estava nublado ou não, por exemplo) é em princípio irrelevante e, por carecer de potencial lesivo à administração da justiça, é atípico. É importante destacar que a consumação se dá com a declaração ou entrega do laudo à autoridade ou juiz (veja que não é exatamente no momento em que assina o laudo). O fato de causar algum prejuízo não é requisito para a consumação do delito. Portanto, um laudo com declaração falsa com o intuito de inocentar alguém terá a sua consumação independentemente da absolvição ou condenação do beneficiado. Isto ocorre porque estamos diante de um crime formal. Corrupção ativa de testemunha Este tipo não possui muita controvérsia e é de fácil compreensão. Para a sua consumação, basta dar, oferecer ou prometer o dinheiro/ vantagem, não importando se houve ou não aceitação. Trata-se de um crime formal; ou seja, não requer um resultado para que seja consumado. Desta forma, a “afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação” a que se refere o tipo não precisa acontecer para a sua consumação. Por último, o parágrafo único traz uma causa de aumento de pena quando a conduta ocorrer em processo penal ou quando a Administração Pública direta ou indireta (autarquias, fundações, sociedades de economia mista ou empresas públicas) forem parte em processo de natureza cível. Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula10.html#collapse1 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula10.html#collapse2 cálculos, tradução ou interpretação: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta. Coação no curso do processo O presente tipo não é aplicado apenas ao processo judicial, mas também ao administrativo e arbitral. Nos processos administrativos (tais como o Processo Administrativo de Responsabilização – PAR), é possível a ocorrência dessa figura típica. A pessoa contra quem a violência ou grave ameaça é praticada pode ser desde o juiz até a testemunha, perito ou funcionário do órgão de fiscalização (CGU, por exemplo) responsável pelo andamento do processo. Por fim, veja que o próprio tipo prevê o concurso material do Art. 344 com o crime resultante da violência (lesão corporal). Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência. Fraude processual Inovar significa introduzir uma novidade. Portanto, neste crime, o agente deve introduzir circunstâncias afetas ao estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito. Essa inovação deve ser relevante e deve ser apta a enganar. Uma inovação que não leve a conclusão alguma ou irrelevante conduzirá à atipicidade. Um exemplo deste crime seria a alteração do balancete da empresa com o fim de criar determinada transação e, então, enganar as autoridades responsáveis pelo PAR. Note que, caso um funcionário venha a cometer o presente delito, você, na condição de integrante de um programa de Compliance, pode auxiliar as autoridades do PAR na averiguação deste problema e, assim, fazer com que a empresa se beneficie das vantagens previstas na Lei Anticorrupção. Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro. O acusado pode ser autor deste crime? Prevalece que não, pois ao réu é admitido o amplo direito de defesa. Esta hipótese seria a modificação das características de uma arma ou a arrumação da casa para dificultar o trabalho do perito. Portanto, este crime se destina somente àquele que não é réu. Exploração de prestígio Na exploração de prestígio, alguém solicita dinheiro ou qualquer vantagem para influir, mas isso não significa que ele tenha alguma autoridade no processo. Daí o crime se consumar apenas com a solicitação ou recebimento da vantagem/ dinheiro, não necessitando que realmente se opere a influência prometida. Cabe destacar que a exploração de prestígio se distingue do tráfico de influência . Neste último, o agente influi em ato praticado por qualquer funcionário público. Na exploração de prestígio, entretanto, influi-se no ato praticado apenas por juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha. Apenas para esclarecimento, por órgão do Ministério Público, entende-se ser o promotor ou procurador de justiça. Cuidado para não confundir os crimes! Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo. Lei de Interceptação Telefônica Segundo a Lei de Interceptação Telefônica, somente o juiz pode autorizar a interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática. Qualquer interceptação feita sem a autorização judicial configura prova obtida por meio ilícito e, consequentemente, deve ser anulada e desconsiderada pelo juiz. E essa proteção decorre de previsão constitucional, na medida em que se trata de uma invasão à privacidade das pessoas 3 . Daí o rigor em apenas ser possível essa invasão quando houver autorização judicial e apenas no bojo de um processo criminal (não é possível a autorização em um processo cível, por exemplo). Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei. Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa. http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula10.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula10.html Uma interceptação realizada por um agente sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei configura o tipo aqui estudado. Os objetivosprevistos em lei são aqueles pertinentes à investigação de crimes. Portanto, uma interceptação para um processo de investigação de paternidade não está abarcado pela legislação como uma hipótese autorizativa. Por comunicações de informática ou telemática, entendem-se aquelas feitas via meios informáticos, como o computador, bem como meios telemáticos, que consistem na comunicação à distância de um ou mais conjuntos de serviços informáticos por meio de uma rede de telecomunicações. A interceptação mencionada neste tipo não inclui captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos. Ou seja, a escuta ou gravação ambiental feita em um restaurante sem autorização judicial não configura o presente crime, embora se caracterize como prova ilícita e imprestável ao processo. As diferenças entre elas serão mais bem trabalhadas no módulo “Investigação - Interceptação Telefônica”, ocasião em que será explicado como se operam na prática. Atividade 1. (2010 - FCC - Analista do Judiciário - TRE-AL) Sobre a denunciação caluniosa, é correto afirmar: a) A pena é diminuída da metade, se a imputação é de prática de crime de menor potencial ofensivo. b) Consiste em provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado. c) As penas aumentam de um sexto a um terço se, em razão da denunciação falsa, a pessoa injustamente acusada vem a ser condenada por sentença transitada em julgado. d) O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo que tramita contra a pessoa injustamente acusada, o agente se retrata ou declara a verdade. e) A pena é aumentada da sexta parte, se o agente se serve de anonimato. Gabarito 2. (2012 - FCC TRE-PR) O crime de comunicação falsa de crime ou contravenção: a) Não admite a forma culposa. b) Não pode ser praticado por funcionário público no exercício de suas funções. c) Exige a formalização da falsa comunicação através de documento escrito. d) Só ocorre se a comunicação tiver sido dirigida a autoridade policial. e) Só se consuma quando tiver sido instaurado inquérito policial a respeito. Gabarito 3. Qual a diferença entre tráfico de influência e exploração de prestígio? Gabarito 4. (2004-ESAF CGU) "F", com 19 anos de idade, dirigindo um automóvel em excesso de velocidade, atropelou um pedestre que, em razão dos ferimentos, veio a falecer. Seu pai, "G", em atitude altruísta, assume a autoria do crime. "G" teria, em tese, praticado o crime de: a) Autoacusação falsa. b) Denunciação caluniosa. c) Comunicação falsa de crime. d) Calúnia. e) Favorecimento pessoal. Gabarito 5. (2013 - FCC TCE-SP) O crime de coação no curso do processo: a) Não se caracteriza quando da violência empregada contra a testemunha para forçá-la a não dizer a verdade não resultaram lesões corporais. b) Só pode ser praticado pelas partes, jamais por estranhos à relação processual ou pelo advogado de qualquer delas. c) Exige apenas o dolo genérico, sendo desnecessária a finalidade de favorecer interesse próprio ou alheio. d) Não se caracteriza quando o autor do delito ameaça de morte o escrivão de polícia no curso do inquérito policial, com o fim de impedir o seu indiciamento. e) Consuma-se com a prática da violência ou grave ameaça, pouco importando se o agente conseguiu ou não a abstenção ou omissão da vítima em declarar ou apurar a verdade. Gabarito 6. Qual a diferença entre tráfico de influência e exploração de prestígio? Gabarito Créditos Redator: Aderbal Bezerra Web Designer: Roberto Bindes Jr Designer Instrucional: Eduardo Passos Programador: Rostan Luiz Referências Explore Mais http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula10.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula10.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula10.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula10.html