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Disciplina: Investigação, Compliance e Lei Anticorrupção 
Aula 1: Investigação, Compliance e Lei Anticorrupção 
Apresentação 
Certamente você já deve ter ouvido falar na Lei Anticorrupção, certo? Na presente aula, vamos falar sobre essa lei e 
uma parte dela muito importante para você que está cursando esta graduação: compliance. Primeiramente, vamos 
definir compliance. Depois, falaremos sobre sua importância prática e, por último, falaremos resumidamente sobre a 
Lei Anticorrupção. 
A partir desta aula, você terá condições teóricas para entender o restante da disciplina e poder contextualizar este tema 
dentro de seu projeto profissional. Lembre-se: o tema compliance está em grande expansão no mercado e está 
oferecendo vagas para profissionais. Espero que o tema lhe abra portas, pois, certamente, com o conhecimento 
adquirido nesta graduação, você terá uma vantagem, ainda que de cunho teórico, para se aprofundar neste tema que 
tem sido caro na atual conjuntura. 
 
Objetivos 
• Definir compliance; 
• Identificar sua importância prática para o profissional de investigação; 
• Relacionar o tema compliance com a Lei Anticorrupção. 
 
Compliance 
Definição 
O termo “compliance” significa cumprimento/obediência e, no mundo corporativo, está intimamente ligado à 
implementação e cumprimento de valores éticos e morais. O tema se insere no contexto da construção e respeito à ética 
nas relações privadas entre empresas e na relação destas com os órgãos governamentais. 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula1.html
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula1.html
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula1.html
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/galeria/aula1/anexo/aula1.pdf
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula1.html
Tendo em vista a crise ética que o país vive atualmente, essa questão vem ganhando mais e mais destaque, de maneira 
que o Estado e a sociedade têm buscado novos mecanismos para prevenir ilícitos que vão desde o “jeitinho brasileiro” 
até o crime de lavagem de dinheiro ou corrupção. Atualmente, também se trata de importante instrumento de gestão de 
riscos para as sociedades empresariais. 
 
 Fichário de documentos e carimbo com o termo compliance (Fonte: Docstockmedia/Shuttterstock). 
O termo ganhou grande repercussão e difusão após o caso da Lava Jato e a edição 
da Lei 12.846/2103, a qual foi apelidada de Lei Anticorrupção 1. Apesar de só ter 
vindo à tona recentemente, a criação de um programa de Compliance é 
recomendado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) desde 
a década de 1990. 
 Lei 12.846/2013 
Tal recomendação engloba práticas que vão desde a elaboração de códigos de ética até a criação de departamentos para 
a difusão, implementação e fiscalização do cumprimento destes códigos. Assim, embora tenha se popularizado 
recentemente, sua previsão legal e prática são antigas. 
Atualmente, portanto, há uma recomendação normativa para que as sociedades empresariais criem setores de 
Compliance ou de Integridade, termo também usado no mercado. Grandes empresas têm total interesse por algumas 
razões. Primeiro porque, caso haja algum caso de corrupção, por exemplo, a Lei Anticorrupção prevê penas mais leves 
e atenuantes para as empresas que possuam um setor de Compliance efetivo. 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula1.html
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula1.html
No caso da própria empresa identificar a situação ilícita e tomar as medidas adequadas (informando ao Ministério 
Público ou polícia, por exemplo), as sanções são muito mais leves do que no caso em que a empresa sequer colaborou. 
Segundo, isso é usado como marketing positivo e melhora a imagem da empresa no mercado. 
 
Empresas com setor de Compliance, por exemplo, tendem a contratar outras 
empresas que também tenham este setor. Ou seja, isso é um instrumento que torna 
a empresa mais competitiva. Por último, a Administração Pública tem exigido em 
licitações que as empresas candidatas tenham tal setor em sua estrutura. 
Considerando que algumas empresas têm os órgãos públicos como principal cliente, 
há uma forte expectativa de crescimento deste setor. 
Na prática, como o Compliance é aplicado? 
Tendo por orientação a nova Lei Anticorrupção, as empresas implementam um programa de Compliance ou 
Integridade estabelecendo regras éticas e criando um departamento para conduzir o programa. Algumas, contudo, 
terceirizam as atividades de tal departamento. A depender do tamanho da empresa, o departamento pode ter um, dois 
funcionários ou até uma grande equipe. 
Este departamento fica encarregado de divulgar e implementar os valores éticos e rotinas de segurança, desenvolver 
processos que garantam a transparência e previnam ilícitos etc. É de suma importância que tal unidade tenha 
subordinação direta ao corpo diretivo da empresa e a ele possa se reportar diretamente, em especial nos casos de 
esquemas criminosos. Por se tratar de uma atividade também fiscalizatória, sua efetividade está diretamente ligada à 
independência de suas atividades e suporte de cima. 
 
 Executivo analisando documentos (Fonte: Create Jobs 51/Shuttterstock). 
Aqui, vale ressaltar que o setor de Compliance não é obrigatório, mas apenas recomendável de acordo com a 
legislação em vigor. 
Não obstante tal fato, como já demonstrado, empresas comprometidas com a regularidade e lisura de suas atividades 
tendem a ser mais competitivas, captar mais clientes e, em última análise, estão menos vulneráveis a se envolver em 
esquemas criminosos. Desta forma, embora não obrigatório, o programa de Compliance é recomendável e em franca 
expansão nos últimos anos. 
Nas próximas aulas, analisaremos as principais características de um programa de Compliance, tanto na teoria como na 
prática. 
Contextualização do tema 
O Compliance vem como importante instrumento no combate à corrupção. Fazendo com que as empresas tenham 
normas internas que construam condutas morais e éticas, é uma interessante maneira de coibir práticas delituosas. 
Atualmente, sabemos e sentimos “na pele” os efeitos da corrupção no nosso país. Nos últimos anos, com o avanço da 
internet e maior disponibilização da informação pelos meios de comunicação (em especial as redes sociais), a nossa 
percepção é maior e ainda maior também é a nossa indignação. 
Não discutiremos aqui as razões culturais e causas da corrupção, mas o fato é que, ao menos no plano legal, há um 
arcabouço jurídico voltado para a prevenção e punição de práticas corruptivas. Apenas a título de exemplo, o Brasil é 
signatário da Convenção de Mérida, um tratado internacional no qual os países signatários se comprometem a criar 
mecanismos de combate à corrupção. Lembro que este tratado foi incorporado ao nosso sistema jurídico e equivale a 
uma lei ordinária. Outro exemplo é o próprio crime de corrupção ativa e passiva, concussão e lavagem de dinheiro, 
entre outros. 
 
Um ponto interessante é que, na corrupção empresarial, alguém pratica a conduta ilícita, mas a punição pelo crime 
apenas atinge o empregado beneficiado/ autor. Na prática, entretanto, tal conduta beneficiou uma série de outras 
pessoas. 
 
Numa licitação superfaturada, por exemplo, gera-se lucro para os acionistas, aumento do valor das ações, credibilidade 
para a empresa (pois está responsável por um projeto de grande impacto para a sociedade, tal como a construção de 
uma ponte, estádios e escolas), melhora da imagem etc. 
 
Apesar disso, o crime de corrupção envolvido nessa licitação fraudulenta somente ensejará a punição da empregado 
pessoa física envolvido. A empresa, no final das contas, sai ilesa (apesar de ter se beneficiado). 
Com a nova Lei Anticorrupção, tal quadro muda. No âmbito cível e administrativo, há severas penalidades para a 
sociedade empresarial, as quais variam de multas pecuniárias até a suspensão da atividade comercialexercida. Ou seja, 
ela não ficará impune, como ocorria no passado, e sua responsabilidade será objetiva. 
 Lei Anticorrupção 
No âmbito penal, entretanto, não haverá punição para a sociedade empresarial, já que o Direito Penal não prevê 
hipóteses de sanção para pessoas jurídicas neste caso. Tal mudança foi fundamental, já que, atualmente, os acionistas e 
diretores executivos estão mais preocupados em controlar e prevenir rotinas que ensejem crimes, tendo em vista que o 
maior beneficiário de esquemas criminosos é a própria empresa, a qual lucra absurdamente e, até a edição da Lei 
Anticorrupção, fica impune (antigamente, apenas os funcionários envolvidos eram responsabilizados). 
Atividades 
1. Para você, como aluno deste curso e futuro profissional da área de perícia e investigação, qual a importância do 
tema? 
 
Gabarito 
2. Complete o parágrafo a seguir com seus conhecimentos sobre compliance. 
O termo “compliance” significa cumprimento/obediência e, no mundo corporativo, está intimamente ligado à 
implementação e cumprimento de valores e . O tema se insere no contexto da construção e 
respeito à ética nas relações privadas entre empresas e na relação destas com os órgãos governamentais. Tendo em 
vista a crise ética que o país vive atualmente, essa questão vem ganhando mais e mais destaque, de maneira que 
o e a sociedade têm buscado novos mecanismos para prevenir ilícitos que vão desde o “jeitinho brasileiro” 
até o crime de lavagem de dinheiro ou corrupção. Atualmente, também se trata de importante instrumento de gestão de 
riscos para as sociedades empresariais. O termo ganhou grande repercussão e difusão após o caso da Lava Jato e a 
edição da Lei 12.846/2103, a qual foi apelidada de . 
 
Gabarito 
Contextualização do tema 
De fato, não obstante a crise que o país tem passado, este ramo vem como uma nova alternativa. No exterior, o setor de 
Integridade já vem sendo desenvolvido há alguns anos e é obrigatório para que sociedades empresariais possam 
desenvolver suas atividades comerciais em alguns países. 
No Brasil, por determinação normativa da Lei Anticorrupção, passa a ser recomendável. Apesar disso, várias 
sociedades empresariais já estão espontaneamente criando setores de Compliance. Segue um gráfico sobre o interesse 
pelo setor: 
 
 
 Fonte: G1. 
No setor público, espaços vêm sendo criados para o mercado de Compliance. Vários órgãos públicos começaram a 
implementar setores para o monitoramento de rotinas e garantia da probidade. De fato, tais políticas são 
operacionalizadas pelos agentes públicos, de maneira que o concurso público é um requisito. Atualmente, não há 
cargos públicos destinados a profissionais do setor de Compliance. 
As atribuições de tal setor são, na verdade, conduzidas pelos agentes do próprio órgão. Não obstante tal fato, há um 
estímulo indireto no mercado privado por parte da Administração Pública. Primeiro, porque estes agentes precisarão se 
especializar e, consequentemente, se matricularão em cursos com profissionais da área. Segundo, porque os contratos 
do ente público vão provavelmente exigir que os contratados privados estabeleçam os seus próprios programas de 
compliance. Portanto, deve haver uma grande expectativa de crescimento capitaneada pela nova mentalidade adotada 
na Administração Pública. 
Para aqueles que são peritos, várias oportunidades podem surgir com a necessidade 
de produção de laudos contábeis ou de informática. Por exemplo, a identificação de 
uma violação ao código de ética da empresa consistente na formação de um cartel 
para a venda de determinado produto possivelmente vai requerer um laudo em que 
se constate a combinação de preços para determinada região. Desta forma, o leque 
de oportunidades é grande e tende a crescer nos próximos anos, o que demandará 
profissionais capacitados e familiarizados com o tema. 
Por fim, nesta disciplina, vamos apenas introduzir o assunto e lhe passar algumas rotinas que envolvem a atividade do 
setor de integridade. Neste curso, a ideia é familiarizar você com o tema, passar alguma expertise e despertar o 
interesse por essa área. Nas próximas aulas, vamos trabalhar conceitos legais que envolvem o tema e relacioná-los com 
os institutos jurídicos pertinentes à matéria. Numa segunda etapa, vamos estudar aspectos práticos de um setor de 
Compliance. Vamos estudar a atividade de inteligência aplicada ao tema, elementos básicos de um setor de 
compliance, recursos necessários etc., elementos que lhe darão o suporte necessário para conhecer um setor de 
Compliance não só sob o aspecto teórico e jurídico, mas também sob o aspecto prático e operacional. 
Um conhecimento mais aprofundado somente a prática vai lhe dar. Também é conveniente uma formação 
complementar, assim como uma atualização constante, para que você possa se destacar. Entretanto, por não haver uma 
exigência certificada para atuar na área, após esta disciplina e curso você estará apto a se candidatar às vagas. Portanto, 
nossas aulas associadas com as demais disciplinas vão lhe dar uma vantagem sobre outros candidatos e, 
consequentemente, você poderá concorrer a vagas neste mercado tranquilamente. 
Mensagem final 
Como mensagem final, gostaria de chamar sua atenção para a importância do combate à corrupção. Como profissionais 
da área de perícia e investigação, o compromisso com a ética e a moral deve ser seu estandarte e cartão de visitas. 
A corrupção é uma via de mão dupla. Não existe corrupção envolvendo apenas o agente público. A sociedade é tão 
responsável pelos escândalos de corrupção que presenciamos diariamente na TV quanto os agentes públicos 
envolvidos. Só existe corruptor porque existe o corrompido. Se o cidadão diz não a uma proposta feita por um servidor 
público, este tampouco se corromperá. O combate à corrupção não é só um compromisso do Estado, portanto, mas de 
toda a sociedade. Desta forma, você, como profissional qualificado que é, deve zelar pela lisura das relações nas quais 
está envolvido. 
É fundamental estimular a mudança de pensamento e, em especial, a 
mentalidade de que se deve levar vantagem em tudo. O famoso 
“jeitinho brasileiro” nada mais é que a exteriorização de uma 
mentalidade que privilegia os favorecimentos e, em última análise, é 
a antessala da corrupção. Isto depende apenas de nós, cidadãos, uma 
vez que temos papel decisório e fundamental em não estimular e 
perpetuar tal cultura. Felizmente, acredito que disciplinas como 
essas são capazes de motivar profissionais a mudar este cenário e 
construir uma sociedade mais civilizada. 
A corrupção é algo com a qual não podemos nos acostumar, cabendo a cada um de nós cumprir o papel de combatê-la 
diariamente. Esperamos que este curso possa enriquecer seu conhecimento, motivar e capacitar você a construir uma 
sociedade melhor. 
Atividades 
3. O que é um programa de compliance ou de integridade? 
 
Gabarito 
4. Por que o combate à corrupção é importante? 
 
Gabarito 
5. A Lei Anticorrupção pune pessoas físicas? 
 
Gabarito 
6. Mencione uma razão para que uma empresa adote um programa de Compliance. 
 
Gabarito 
7. A Lei Anticorrupção prevê crimes para as empresas? 
 
Gabarito 
Créditos 
 
Redator: Aderbal Bezerra 
Web Designer: Daniel de Abreu 
Designer Instrucional: Eduardo Passos 
Programador: Rostan Luiz 
 
Referências 
 
 
Próximos passos 
 
 
Explore Mais 
 
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Disciplina: Investigação, Compliance e Lei Anticorrupção 
Aula 2: Investigação, Compliance e Lei Anticorrupção 
Apresentação 
O tema Compliance está intimamente ligado com a Lei Anticorrupção. Não se trata de um assunto exclusivo desta 
área, mas foi por meio da Lei Anticorrupção que o tema ganhou vulto. Como já dito, trata-se de um campo ainda pouco 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula1.html
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula1.html
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explorado e em franca expansão, de maneira que o objetivo aqui é lhe oferecer uma panorama sobre este nicho de 
mercado e despertar sua atenção para o assunto. 
Nesta aula, abordaremos temas teóricos relativos à Lei Anticorrupção, de maneira que você possa ter uma visão do 
assunto sob a ótica jurídica. Mais para a frente, serão ministrados assuntos voltados à prática, ocasião em que você 
poderá situar melhor o conteúdo aprendido nesta aula. Por ora, falaremos sobre a responsabilidade objetiva da 
empresa, a impossibilidade de sua responsabilização penal, a possibilidade de responsabilização de ilícitos contra a 
administração pública estrangeira e, por fim, como o Compliance é tratado pela Lei Anticorrupção. 
 
Objetivos 
• Reconhecer a Lei Anticorrupção; 
• Relacionar a Lei Anticorrupção com o compliance. 
 
Por que estudar a Lei Anticorrupção? 
Conforme mencionamos na aula anterior, a Lei Anticorrupção é o diploma legal no qual o Compliance está 
explicitamente colocado e é nele também que os benefícios legais são elencados. De fato, o Compliance não é 
desenhado apenas para prevenir crimes dentro de uma empresa. 
Seu alcance vai além, sendo um importante instrumento para o gerenciamento de riscos, vazamento de informações 
estratégicas, implementação de valores éticos etc. Contudo, para este curso, vamos ver o Compliance aplicado às 
situações da Lei Anticorrupção, já que é um diploma legal novo e um dos principais motivadores da expansão do 
Compliance no Brasil atualmente. 
 
Apenas a título de contextualização, a Lei Anticorrupção, embora tenha este nome, não menciona a palavra corrupção 
em seu texto. Muito provavelmente quis o legislador evitar discussões sobre a definição deste termo, tendo optado, em 
consequência, por outras expressões, tais como fraude e vantagem ilícita. Portanto, essas aulas teóricas vão lhe dar uma 
base jurídica que complementará a sua atuação na área que estamos estudando. 
 
Historicamente, ressalto que o primeiro motivo para estudar a Lei Anticorrupção é o fato dela fazer parte de 
compromissos internacionais que o Brasil assumiu ao assinar tratados internacionais relativos ao combate à corrupção, 
tais como a Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações 
Comerciais Internacionais. Este tratado, também chamado de Convenção da OCDE (Organização para Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico), assinado em 1997, foi um marco da cooperação internacional na área de prevenção e 
repressão ao delito de corrupção de funcionários públicos estrangeiros na esfera de transações comerciais 
internacionais. 
 
Uma segunda razão para o estudo da Lei Anticorrupção se dá em razão das atividades investigatórias que podem surgir 
dentro do mundo corporativo envolvendo os ilícitos ali previstos. Aqui, ressalto que a Lei 13.432/2017, a qual regula a 
atividade de detetive particular e profissional, dispõe no seu art 2º que a tais profissionais compete a coleta de dados e 
informações de natureza não criminal, com conhecimento técnico e utilizando recursos e meios tecnológicos 
permitidos, visando ao esclarecimento de assuntos de interesse privado do contratante. Ou seja, ainda que você não 
faça parte do setor de Compliance (às vezes, a empresa nem o implementou ainda), é legalmente possível que você 
atue na coleta de informações para subsidiar decisões ou esclarecer situações para a empresa. 
Desta forma, tenha em mente duas coisas: 
 Clique nos botões para ver as demais informações. 
 
1. O compliance não é obrigatório, segundo a Lei Anticorrupção 
Esta apenas recomenda e concede benefícios às empresas que o possuem. Desta forma, a inexistência de um programa 
de Compliance não é um ilícito. 
1. 
2. 
Por fim, lembro que este início da disciplina é teórico e bem jurídico. A parte prática virá na segunda metade das aulas, 
ocasião em que técnicas e rotinas de Compliance serão ministradas. 
O que é a Lei Anticorrupção? 
A Lei Anticorrupção foi editada em um delicado momento histórico e em meio a uma profunda crise ética. O combate 
à corrupção tem cobrado um preço caro e tem sido o pivô de uma grave recessão econômica. A grande questão que se 
mostra hoje é encontrar um ponto de equilíbrio entre o combate à corrupção e a economia. Neste aspecto, a Lei 
Anticorrupção contribui, na medida em que traz mecanismos preventivos de combate à corrupção, tal como o 
Compliance, e prevê a responsabilização da pessoa jurídica, estimulando acionistas e terceiros a se preocuparem com a 
forma pela qual os negócios são feitos, já que condutas ilícitas serão punidas na esfera dos agentes e da pessoa jurídica 
em si. 
Segundo dispõe o art. 5º da Lei Anticorrupção, são considerados ilícitos e, consequentemente, passíveis de punição as 
seguintes condutas perpetradas por pessoas jurídicas contra os interesses e patrimônios da Administração Pública 
nacional ou estrangeira: 
 
01 
Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a agente público ou a terceira pessoa a ele 
relacionada; 
 
02 
Comprovadamente financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo subvencionar a prática dos atos ilícitos 
previstos nesta Lei; 
 
03 
Comprovadamente utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica para ocultar ou dissimular seus reais interesses 
ou a identidade dos beneficiários dos atos praticados; 
 
Ainda de acordo com o mesmo artigo, em seu inciso IV, no tocante a licitações e contratos, são considerados ilícitos os 
seguintes atos: 
a) Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo de 
procedimento licitatório público; 
b) Impedir, perturbar ou fraudar a realização de qualquer ato de procedimento licitatório público; 
c) Afastar ou procurar afastar licitante, por meio de fraude ou oferecimento de vantagem de qualquer tipo; 
d) Fraudar licitação pública ou contrato dela decorrente; 
e) Criar, de modo fraudulento ou irregular, pessoa jurídica para participar de licitação pública ou celebrar contrato 
administrativo; 
f) Obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de modificações ou prorrogações de contratos 
celebrados com a administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação pública ou nos 
respectivos instrumentos contratuais; ou 
g) Manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos celebrados com a administração pública. 
A responsabilidade da empresa é objetiva 
A responsabilidade pelos atos anteriormente elencados é de natureza objetiva, o que significa que a empresa será 
punida independentemente de dolo ou culpa. Como vimos em disciplinas anteriores, a responsabilidade do agente por 
ilícitos ocorre em regra quando este age intencional ou culposamente (negligência, imperícia ou imprudência). 
Apenas para dar um exemplo, um médico que comete um erro médico ao deixar um bisturi dentro do corpo de uma 
pessoa responde civilmente por este ato em razão de sua imprudência ou negligência. Contudo, se imaginarmos a 
hipótese de que a cirurgia ocorreu de maneira correta e o paciente acabou falecendo por complicações cardíacas, neste 
caso, o médico não poderá ser responsabilizado, já que não teve a intenção e nem agiu por descuido. Isso ocorre 
porque a responsabilidade do médico no exercício de sua atividade é subjetiva, de maneira que só responde se agir 
dolosa ou culposamente. 
 Clique nos botões para ver as informações. 
Responsabilidade Objetiva 
Lei AnticorrupçãoConforme vimos anteriormente, esta hipótese configura um ilícito punível segundo a Lei Anticorrupção (alínea “d” do 
inciso IV). Neste caso, mesmo sendo apenas um setor da empresa e não haver envolvimento da alta gestão, a empresa 
será responsabilizada e sofrerá as sanções da Lei Anticorrupção. Agora, penalmente, apenas os funcionários 
envolvidos serão punidos (e não se incluirá a diretoria). 
Saiba mais 
Ao que tudo indica, a Lei Anticorrupção está “pegando”. Em 2017, por exemplo, a União abriu 153 processos 
administrativos com base na Lei Anticorrupção. Desde 2014, quando a lei entrou em vigor, cerca de 30 empresas 
foram punidas. Lembro que estes dados se referem apenas aos casos em que houve ilícito cometido em desfavor da 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula2.html#collapseOne
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula2.html#collapseTwo
União. Se considerarmos que os Estados e Municípios também podem aplicar penalidades, nos casos em que os ilícitos 
são cometidos em desfavor deles, a estatística tende a ser maior. Ainda que tais números sejam tímidos, fato é 
que estão crescendo gradativamente 1, o que força o mercado corporativo a adotar medidas internas de controle, tal 
como o Compliance. 
Aplicação da Lei Anticorrupção a ilícitos contra a Administração 
Pública Estrangeira 
A Lei Anticorrupção pode ser aplicada a um ilícito cometido contra a Administração Pública Estrangeira conforme 
podemos ler nos dispositivos a seguir. 
Art. 5o Constituem atos lesivos à administração pública, nacional ou estrangeira, para os fins desta Lei, todos 
aqueles praticados pelas pessoas jurídicas mencionadas no parágrafo único do art. 1o, que atentem contra o 
patrimônio público nacional ou estrangeiro, contra princípios da administração pública ou contra os compromissos 
internacionais assumidos pelo Brasil, assim definidos: 
....................................... 
§ 1o Considera-se administração pública estrangeira os órgãos e entidades estatais ou representações diplomáticas 
de país estrangeiro, de qualquer nível ou esfera de governo, bem como as pessoas jurídicas controladas, direta ou 
indiretamente, pelo poder público de país estrangeiro. 
§ 2o Para os efeitos desta Lei, equiparam-se à administração pública estrangeira as organizações públicas 
internacionais. 
§ 3o Considera-se agente público estrangeiro, para os fins desta Lei, quem, ainda que transitoriamente ou sem 
remuneração, exerça cargo, emprego ou função pública em órgãos, entidades estatais ou em representações 
diplomáticas de país estrangeiro, assim como em pessoas jurídicas controladas, direta ou indiretamente, pelo poder 
público de país estrangeiro ou em organizações públicas internacionais. 
Comentário 
Como se nota, as empresas brasileiras ou estrangeiras atuando no Brasil que contratem ou tenham relações comerciais 
com uma embaixada, organização internacional (ONU, OEA, MERCOSUL etc.), dentre outras, estarão também sob o 
âmbito de aplicação da Lei Anticorrupção. Assim, esta é uma área que você pode explorar profissionalmente, 
aumentando o seu leque de opções. 
Atividade 
1. De acordo com o que foi visto até agora, como uma empresa é punida? 
 
Gabarito 
2. Como um programa de Compliance pode ajudar uma empresa acusada de ter praticado uma das condutas do art. 5º 
da Lei Anticorrupção? Basta ter o programa de Compliance implementado que, automaticamente, a empresa se 
beneficiará? 
 
Gabarito 
3. Há benefícios previstos em outras legislações para empresas que possuam programas de compliance? 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula2.html
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula2.html
 
Gabarito 
4. A Lei no 12.846/13, também conhecida por Lei Anticorrupção: 
a) Aplica-se tanto a pessoas físicas quanto pessoas jurídicas, por atos lesivos à Administração Pública, nacional ou 
estrangeira. 
b) Prevê responsabilização administrativa, civil e penal, por atos lesivos à Administração Pública, nacional ou 
estrangeira. 
c) Prevê que a responsabilização da pessoa jurídica exclui a responsabilidade individual de seus dirigentes ou 
administradores, por atos lesivos à Administração Pública, nacional ou estrangeira. 
d) Prevê a possibilidade de celebração de acordo de leniência que, uma vez integralmente cumprido, exime da 
obrigação de reparar o dano causado. 
e) Equipara a organização pública internacional à administração pública estrangeira. 
 
Gabarito 
5. Com fulcro no que dispõe a Lei nº 12.486/13 (Lei Anticorrupção), constituem atos lesivos à administração pública, 
nacional ou estrangeira, EXCETO: 
a) Obter vantagem ou benefício indevido, de modo fraudulento, de modificações ou prorrogações de contratos 
celebrados com a administração pública, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação pública ou nos 
respectivos instrumentos contratuais; manipular ou fraudar o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos celebrados 
com a administração pública. 
b) Comprovadamente utilizar-se de interposta pessoa física ou jurídica para ocultar ou dissimular seus reais 
interesses ou a identidade dos beneficiários dos atos praticados. 
c) Comprovadamente financiar, custear, patrocinar ou de qualquer modo subvencionar a prática dos atos ilícitos 
previstos na lei anticorrupção. 
d) Permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente. 
e) Prometer, oferecer ou dar, direta ou indiretamente, vantagem indevida a agente público, ou a terceira pessoa a 
ele relacionada. 
 
Gabarito 
6. A Lei Anticorrupção inovou ao introduzir a Compliance, ou seja, mecanismos e procedimentos internos de 
integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no 
âmbito da pessoa jurídica? 
 
Gabarito 
7. Cite um exemplo em que o programa de Compliance é estimulado ou previsto em outras legislações que não a Lei 
Anticorrupção. 
 
Gabarito 
8. Mencione dois ilícitos previstos na Lei Anticorrupção: 
 
Gabarito 
Créditos 
 
Redator: Aderbal Bezerra 
Web Designer: Daniel de Abreu 
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Disciplina: Investigação, Compliance e Lei Anticorrupção 
Aula 3: Lei Anticorrupção – Parte II 
Apresentação 
Nesta aula, continuaremos o estudo da Lei Anticorrupção com foco nos programas de Compliance. Falaremos do 
conceito de Acordo de Leniência e sua relação com a Lei Anticorrupção. Este tema deve ser de alguma forma familiar 
para você, já que a imprensa noticia bastante tal nomenclatura em função da Operação Lava Jato, mas aqui daremos 
uma abordagem dentro da Lei Anticorrupção. 
Adiante, falaremos sobre o Processo Administrativo de Responsabilização – PAR, instrumento pelo qual as empresas 
exercem sua defesa e aplicam as sanções. Por último, abordaremos conceitualmente a figura do whistleblower. 
Esperamos que o assunto enriqueça você e ajude a raciocinar sobre o conceito de Compliance de maneira mais ampla. 
 
Objetivos 
• Definir Acordo de Leniência; 
• Definir whistleblower; 
• Identificar o Processo Administrativo de Responsabilização – PAR. 
O que é Acordo de Leniência? 
Com a operação Lava Jato, muito se ouve falar do Acordo de Leniência. Veja a seguir uma definição elaborada por 
Oliveira e Rodas: 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula2.html
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http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula2.html
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http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula3.html
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/galeria/aula3/anexo/aula3.pdf
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula3.htmlTransação entre o Estado e o delator que, em troca de informações que 
viabilizem a instauração, a celeridade e a melhor fundamentação do 
processo, possibilita um abrandamento ou extinção da sanção em que este 
incorreria, em virtude de haver também participado da conduta ilegal. 
Gesner Oliveira e João Rodas. 
Tal acordo é possível em diversos contextos, tais como procedimentos conduzidos pelo Conselho Administrativo de 
Defesa Econômica - CADE para a apuração de condutas anticoncorrenciais (formação de cartéis, por exemplo) e Lei 
Anticorrupção. Não é algo exclusivo da Lei Anticorrupção, portanto. Aqui, ressalto que o Acordo de Leniência não é 
feito no âmbito criminal. Quando escutamos em noticiários que uma empresa firmou tal acordo no âmbito da Lava 
Jato, por exemplo, isso não quer dizer que tenha reflexo direto no processo criminal. Tecnicamente, não existe tal 
acordo para absolver o réu, por exemplo. Quando ouvimos isso, devemos entender que as empresas envolvidas 
celebrarão para benefícios fora do processo criminal. Os benefícios apenas reduzem punições na responsabilidade 
administrativa prevista na Lei do CADE ou da Lei Anticorrupção, por exemplo. 
Apenas a título de exemplificação, estes são possíveis benefícios para a empresa (e não para os funcionários 
envolvidos criminalmente), conforme o art. 40 do Dec. 8.420/2015: 
 Clique nos botões para ver as informações. 
Artigo 40 do Decreto 8.420/2015 
Como funciona o Acordo de Leniência? 
Conforme vimos nas aulas anteriores, a empresa pode ser responsabilizada administrativamente por permitir condutas 
corruptivas em suas atividades. 
 
Vamos supor que uma empresa esteja envolvida em fraudes licitatórias, pagando propinas para funcionários públicos e 
falsificando documentos que comprovam a entrega de um produto. 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula3.html#collapseOne
 
Tal prática, como já vimos, ensejará a punição da empresa segundo a Lei Anticorrupção, além da responsabilidade 
penal dos funcionários e servidores públicos envolvidos (a empresa não pode ser responsabilizada penalmente no 
Brasil por tais práticas atualmente). 
 
Após alguns anos dessa prática, a Corregedoria Geral da União – CGU inicia um procedimento administrativo para a 
apuração dessa infração. 
Neste procedimento administrativo, a empresa pode manifestar a vontade de firmar o Acordo de Leniência, ocasião em 
que confessará a prática dos ilícitos e colaborará com as investigações. Quanto mais efetiva for essa colaboração, 
maiores serão os benefícios para a empresa. O Acordo de Leniência da Lei Anticorrupção exige os seguintes requisitos 
presentes no artigo 30 do Decreto 8.420/2015. 
 Clique nos botões para ver as informações. 
Artigo 30 do Decreto 8.420/2015 
Sobre estes requisitos, destaco alguns pontos importantes. No caso de várias 
empresas estarem envolvidas, somente a primeira que se apresentar para colaborar 
poderá firmar o acordo. Isto significa que as demais envolvidas, em um segundo 
momento, estarão inabilitadas para tanto. 
Essa colaboração também deve ser relevante, trazendo informações novas e não apenas confirmando o que já se sabe, 
por exemplo. Se não trouxer nada novo ou relevante, o acordo não se firmará. Afinal, por que os órgãos de fiscalização 
(CGU e outros) teriam interesse em beneficiar uma empresa que apenas informe o que as investigacões já 
descobriram? 
Por último, tudo o que for dito na colaboração deve ser comprovado por documentos ou elementos. Assim, não basta 
apenas dizer que isso ou aquilo ocorreu, mas comprovar documentalmente ou, ao menos, fornecer elementos para que 
isso seja provado (por exemplo: fornecimento de elementos como hora e local em que a propina foi entregue, de 
maneira que a CGU possa pegar as filmagens do local). 
Os resultados dessas informações/documentos devem resultar no seguinte: 
 
01 
A identificação dos demais envolvidos na infração, quando couber. 
 
02 
A obtenção célere de informações e documentos que comprovem o ilícito sob apuração. 
 
Aqui, cabe notar que não basta apenas dizer que isso ou aquilo ocorrera. Fica a cargo de a empresa comprovar ou, ao 
menos, auxiliar o órgão fiscalizador a comprovar. Isto porque uma informação sem comprovação é irrelevante para a 
investigação, já que, como se sabe, qualquer sanção judicial ou administrativa deve ser motivada em provas e não em 
informações ou suposições. 
Atenção 
Caso a empresa se interesse em realizar o Acordo de Leniência e, ao final, este acordo não for firmado, todos os 
documentos fornecidos serão devolvidos para a empresa. Da mesma forma, as informações compartilhadas com o 
órgão fiscalizador não poderão ser utilizadas para a responsabilização da empresa, exceto se aquele tiver acesso às 
informações por outro meio. Ou seja, ao entrar nas negociações para o acordo, a empresa está protegida quanto à 
utilização em seu prejuízo das informações passadas no caso do acordo não se firmado. 
Tal previsão está no artigo 35 do Decreto 8.420/2015. 
Caso o acordo não venha a ser celebrado, os documentos apresentados 
durante a negociação serão devolvidos, sem retenção de cópias, à pessoa 
jurídica proponente e será vedado seu uso para fins de responsabilização, 
exceto quando a administração pública federal tiver conhecimento deles 
independentemente da apresentação da proposta do acordo de leniência. 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula3.html#collapseOne2
Esta previsão é importantíssima, pois quem iria colaborar com o “inimigo” se soubesse que, caso não chegassem ao 
acordo, tudo o que foi compartilhado seria utilizado em seu desfavor sem nenhuma vantagem? Afinal, apenas para 
relembrar, o Acordo de Leniência é um jogo de interesses, de maneira que a empresa acusada ajuda o órgão 
fiscalizador em troca de alguns benefícios. A empresa não firma o acordo apenas na intenção de colaborar. Ela o faz 
com a única intenção de ter a sua sanção reduzida. 
Portanto, tal como ocorre em qualquer acordo e negociação na vida, o acordo de leniência é uma via de mão dupla, em 
que cada um busca interesses próprios. 
Por último, destaco dois pontos. Primeiro, todo o procedimento e negociações para o acordo de leniência são sigilosos. 
Desde o momento em que é feita a proposta pela empresa até a assinatura do acordo (ou não), ninguém pode ter acesso 
às tratativas. Se alguém vazar tais informações, isso pode até configurar crime (na aula 10, falaremos um pouco mais 
sobre isso). De fato, isso proporciona uma situação confortável para a empresa. 
Segundo, o momento final para manifestar interesse no acordo de leniência é a confecção do relatório do Processo 
Administrativo de Responsabilização. Após este momento, qualquer colaboração restará inócua para a empresa, já que, 
em tese, não poderá gozar de nenhum benefício previsto na Lei de Anticorrupção (art. 30, §2º, do Dec. 8.420/2015). 
Importância do programa de Compliance para o Acordo de 
Leniência 
Com um bom programa de Compliance, a empresa terá uma série de informações que poderá fornecer aos órgãos de 
investigação dentro do acordo. Tal como vimos, o acordo de leniência somente será válido se os requisitos previstos no 
art. 16 forem preenchidos. 
Como regra geral, quanto mais colaborativa for a empresa, mais efetivo será o 
acordo e maior será a redução da punição. Essa colaboração efetiva fica bem fácil 
quando uma empresa tem um programa de Compliance bem instituído. Por 
exemplo, tal programa pode ser eficaz em levantar outras empresas envolvidas ou 
mesmo identificar os servidores e funcionários protagonistas. 
Mais do que isso, o programa de Compliance ajuda a comprovar as informações que a empresa passar ao órgão 
fiscalizador (CGU, no nosso exemplo). Como dito anteriormente, a colaboração tem que ser comprovada. Não basta 
apenas mencionar que fulano estava envolvido e recebeu propina: a empresa tem que estar apta a informar como isso 
aconteceu, quando e, se for possível, comprovardocumentalmente. 
Na prática, é comum as empresas apenas mencionarem uma série de situações para as autoridades fiscalizatórias, mas, 
ao final, restarem incapazes de comprovar ou mesmo informar detalhes que possam produzir provas documentais que 
ratifiquem a informação. De fato, uma maneira de trazer mais robustez à colaboração pode advir de um programa de 
Compliance bem estruturado. 
PAR e o setor de Compliance 
Quando uma empresa comete um ilícito previsto na Lei Anticorrupção, ela não é punida automaticamente. 
Inicialmente, é instaurada uma investigação preliminar e, posteriormente, um Processo Administrativo de 
Responsabilização – PAR. 
A investigação preliminar se presta apenas para produzir indícios suficientes de que houve a infração e de quem 
supostamente a cometeu. Veja que esta etapa preliminar não visa à produção de provas. Visa apenas à produção de 
indícios, de maneira que não se forma nenhum juízo de valor sobre a autoria da infração ou mesmo a sua existência. 
Portanto, o objetivo é produzir elementos que possam sustentar uma acusação e a instauração do PAR. 
Cometido o ilícito e verificados indícios suficientes durante a investigação preliminar, instaura-se o PAR. A grande 
importância do PAR é que é este o momento em que a empresa poderá se defender, apresentar provas em seu favor, 
confessar o ilícito, exercer o contraditório etc. Como se nota, a defesa não é feita apenas com argumentos jurídicos, 
mas, principalmente, com provas e elementos que possam inocentar o réu ou mesmo implicar em penas menores. 
Apenas a título didático, o PAR é como se fosse o processo criminal que o réu 
responde perante o juiz. Durante o processo criminal, o réu tem várias 
oportunidades para se defender, podendo requerer a elaboração de um laudo 
pericial, arrolar testemunhas em seu favor, ser interrogado para dar a sua versão 
pessoal dos fatos etc. Portanto, devemos entender o PAR como o momento em que a 
empresa pode se defender amplamente. 
Whistleblower 
Como regra geral, a prática de atos ilícitos é descoberta e investigada a partir de pessoas que resolvem denunciar 
aquela prática. Whistleblower é na verdade aquele que delata, denuncia e relata a prática de algum ato ilícito dentro da 
empresa. Ele é peça fundamental dentro de um programa de Compliance, pois, sem colaboradores internos, as 
atividades do programa tendem a ser limitadas e, muitas vezes, infrutíferas. Por conta disso, é imprescindível que os 
gerenciadores e profissionais que atuam nesta área desenvolvam mecanismos internos para a proteção 
dos whistleblowers. 
De fato, seja na Administração Pública, seja na iniciativa privada, os whistleblowers estão passíveis de sofrer ameaças 
ou retaliações por conta dessa conduta nobre. E digo isso porque, se não houver mecanismos para a proteção 
do whistleblower, a prevenção e investigação interna na empresa pode enfrentar diversos obstáculos. Como exemplo, 
cito o hotline, o qual é comumente usado para proteger a identidade dessas pessoas. 
Contudo, nem sempre isso é possível ou mesmo recomendável. Invariavelmente, você precisará que o denunciante 
venha prestar depoimento ou mesmo formalize sua denúncia. 
Se isso não ocorrer, num eventual acordo de leniência, por exemplo, a empresa ficará impossibilitada de apresentar 
provas e elementos para colaborar com as investigações. E, como já vimos, palavras são insuficientes para que o 
acordo seja firmado e a empresa goze dos benefícios. 
Essa proteção ou mesmo estímulo ao whistleblower pode ocorrer de diversas formas. Vou, agora, apenas mencionar 
duas, já que este ponto será melhor desenvolvido na segunda metade desta disciplina. 
 
01 
O primeiro seria a previsão no Código de Ética da empresa de sigilo total da pessoa denunciante e com garantias 
específicas, tais como: impossibilidade de demissão involuntária por parte do empregador nos próximos dois anos e 
impossibilidade de transferência de setor ou região involuntariamente. 
 
02 
Como estímulo, cito uma recompensa em dinheiro. Aliás, isso já é bem comum em investigações policiais e tem sido 
bastante eficaz. 
 
Atividade 
1. O que é Acordo de Leniência? 
 
Gabarito 
2. Cite dois benefícios do Acordo de Leniência. 
 
Gabarito 
3. Até que momento é possível celebrar o Acordo de Leniência? 
 
Gabarito 
4. Mencione ao menos dois requisitos para que a empresa possa celebrar o Acordo de Leniência. 
 
Gabarito 
5. Em sua opinião, qual é a importância do programa de Compliance para uma empresa que tenha interesse em celebrar 
um Acordo de Leniência? 
 
Gabarito 
6. O que é whistleblower? 
 
Gabarito 
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Disciplina: Investigação, Compliance e Lei Anticorrupção 
Aula 4: Estudo Comparado — Compliance no Sistema Americano 
Apresentação 
Como vimos nas aulas anteriores, os programas de Compliance são algo atual e novo no Brasil. Sua previsão legal é 
mais antiga, mas a utilização e especialização na prática são mais recentes. Por conta disso, vamos trazer nesta aula 
alguma noção de como o Compliance é aplicado nos Estados Unidos. 
Em específico, falaremos sobre os sete elementos de um programa de Compliance efetivo. Ou seja, elementos básicos 
que as autoridades americanas levam em consideração na hora de avaliar uma empresa e seu programa. 
Como vamos verificar, muitos dos elementos por eles utilizados são também enfatizados pela legislação brasileira. 
Desejamos que você tenha uma visão ampla sobre o instituto e consiga enriquecer seu conhecimento. Boa aula! 
 
Objetivos 
• Comparar com o Compliance dos Estados Unidos; 
• Reconhecer as US Sentencing Guidelines. 
Compliance no Brasil e nos Estados Unidos 
O Compliance e os programas de integridade são assuntos relativamente novos aqui no Brasil, já que apenas 
recentemente tal matéria tem chamado a atenção do público e do mercado. De fato, conforme vimos nas aulas 
anteriores, o assunto já era discutido. Contudo, havia pouco interesse e, consequentemente, pouca prática e expertise. 
Por conta disso, o país e o mercado estão ainda aprendendo com seus erros e acertos. 
Tendo em vista este cenário, a proposta desta aula é falar sobre experiências em outros 
países e tirar lições que possam ser aplicadas ao Brasil. No caso, falaremos do contexto 
americano, já que é um modelo já maduro e no qual o Brasil se inspirou. 
Se olharmos a Lei Anticorrupção, não encontraremos nenhuma orientação sobre padrões e práticas que possam 
caracterizar um programa de Compliance efetivo. Ou seja, o legislador não definiu nem estabeleceu critérios para que 
pudéssemos dizer o que faz um programa de Compliance ser eficaz. Tal tarefa tem sido, em consequência, dos órgãos 
fiscalizadores e estudiosos no assunto (doutrina, acadêmicos). 
Neste ponto, por exemplo, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE e a Controladoria Geral da 
União – CGU têm publicado manuais sobre o que deve ser levado em conta para o desenvolvimento de um programa 
de Compliance efetivo e de excelência. 
Aqui, lembro que é a efetividade do programa que irá garantir os benefícios da Lei Anticorrupção, daí a grande 
importância deste tópico. Um programa que só esteja “no papel” não garantirá os benefícios legais previstos na Lei 
Anticorrupção. 
Tendo em vista que o assunto ainda é novo no Brasil, um estudo comparado é importante e pode trazer informações 
relevantes. Conforme vimos, a proposta desta aula é falardos Estados Unidos, país em que os programas de 
Compliance têm se desenvolvido há mais de duas décadas. Aliás, cabe destacar que muito do que eles têm feito lá vem 
sendo copiado por nós aqui. Lógico que nem tudo é aplicável, nem é a minha proposta trazer isso para você. 
Minha intenção é ampliar o objeto de estudo e mostrar a você que existe um conhecimento lá fora que, em algumas 
situações, ajuda os profissionais aqui dentro. E digo isso não só sob o ponto de vista prático, mas teórico também. 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html
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http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/galeria/aula4/anexo/aula4.pdf
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html
Por que a devida atenção deve ser dada às orientações da CGU e dos órgãos de fiscalização? 
A razão é bem simples: estes órgãos são aqueles encarregados de aplicar as sanções da Lei Anticorrupção. Como já 
estudamos, esta lei não trouxe definições nem detalhou como deve ser desenvolvido um programa de Compliance. 
Aliás, nem mesmo o termo Compliance foi mencionado na lei. O legislador apenas disse que serão levados em 
consideração na dosimetria da pena “a existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e 
incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa 
jurídica”. 
Da mesma forma, o Decreto 8.420/2015, que regulamentou a Lei Anticorrupção em âmbito federal, trouxe alguns 
parâmetros genéricos e foi explícita em prever que a CGU seria o órgão federal responsável em “expedir orientações, 
normas e procedimentos complementares referentes à avaliação do programa de integridade”. Portanto, tais orientações 
devem ter sua atenção, pois são cruciais para os profissionais que eventualmente irão trabalhar na área. 
Aqui, chamo a atenção para o fato de que os ilícitos previstos na Lei Anticorrupção 
podem e devem ser apurados pela União, Estado e Município. Isto não significa que 
a empresa, caso cometa algum ilícito, esteja sujeita a sanções nas três esferas. O que 
quero dizer é que a empresa pode ser fiscalizada por órgãos dos três entes (União, 
Estado e Município) e, consequentemente, é fundamental que obedeça aos padrões 
de efetividade descritos nas legislações/ orientações de cada um. 
Assim, estar em conformidade com o Guia de Programas de Integridade da CGU (União) vai apenas garantir 
benefícios caso a empresa seja sancionada pela própria CGU, por exemplo. Caso haja algum ilícito envolvendo um 
órgão estadual e o Estado aplique a sanção, estar em conformidade com as diretrizes deste ente é fundamental para ter 
todos os benefícios previstos. 
Por último, a boa notícia é que tais guias não se diferenciam muito. De fato, o Guia da CGU é bem completo e tem 
servido de modelo para os guias dos Municípios e Estados. Obviamente, pode haver algumas diferenças, mas elas são 
pontuais. Como regra geral, se a empresa cumprir as orientações da CGU, por exemplo, também estará em 
conformidade com grande parte das orientações do Estado ou Município onde está sediada. Contudo, tal como dito 
anteriormente, caso você venha a se envolver em um programa de integridade, vale a pena estar atento aos guias e 
orientações nos três níveis de governo. 
US Sentencing Guidelines 
Nos Estados Unidos, o Compliance e a Lei Anticorrupção já estão implementados há bastante tempo. As US 
Sentencing Guidelines são um guia utilizado para verificar se um programa de Compliance é ou não efetivo. Elas 
cumprem o mesmo papel do Guia da CGU. Sempre que as autoridades americanas vão investigar um caso e aplicar 
uma sanção por um ato de corrupção, por exemplo, elas lançam mão dos Guidelines para verificar quão efetivo é o 
programa adotado. 
De fato, tal como ocorre no Brasil, alguns programas de Compliance existem apenas no papel. Alguns têm alguma 
efetividade, mas ficam muito aquém do que é recomendável e desejável. Desta forma, as Guidelines são fundamentais 
para definir padrões mínimos. 
 
 (Fonte: MR.Yanukit / Shutterstock) 
Ainda, as US Sentencing Guidelines são utilizadas para guiar o juiz na aplicação da pena/ sanção, em especial no 
cálculo do montante. Aqui, lembro que as pessoas jurídicas respondem criminalmente no sistema americano. Ou seja, 
cometem crimes. Tal situação não ocorre em nosso sistema, já que, em regra, pessoas jurídicas apenas respondem 
penalmente por crimes ambientais. 
De fato, no Brasil, atualmente, podemos afirmar que apenas prevalece a responsabilidade administrativa e cível para as 
pessoas jurídicas, e o caso da Lei Anticorrupção é um exemplo. Nas US Sentencing Guidelines, há um modelo de 
cálculo da pena que facilita a fixação do montante da sanção e reduz a discricionariedade do juiz. Na Lei 
Anticorrupção, a previsão relativa à aplicação da pena não é tão específica, já que menciona apenas o máximo e o 
mínimo possível de pena, agravante ou atenuante. 
Apenas a título de exemplo, vamos verificar o Art. 6º, I: “multa, no 
valor de 0,1% (um décimo por cento) a 20% (vinte por cento) do 
faturamento bruto do último exercício anterior ao da instauração do 
processo administrativo, excluídos os tributos, a qual nunca será 
inferior à vantagem auferida, quando for possível sua estimação”. 
Como se nota, uma vez constatada uma conduta corruptiva, a multa a ser aplicada pelo órgão fiscalizador varia 
bastante, podendo chegar até a 20% do faturamento bruto. A autoridade levará em consideração alguns fatores, tais 
como a gravidade do ilícito e a reincidência, para fixar a adequada fração. Entretanto, há uma margem de 
discricionariedade muito grande, pois a avaliação sobre como a conduta grave pode impactar no montante da pena 
difere de pessoa para pessoa (a CGU pode achar o impacto muito grande, enquanto algum outro órgão acha que o 
impacto não seja tão grande assim). 
Assim, uma pessoa pode achar que, por conta dessa gravidade, a pena de multa deve ser de 18%, mas outra pode achar 
que deve ser 14%. De fato, tal como dito acima, nas US Sentencing Guidelines, isso é menos discricionário e, 
consequentemente, mais previsível, gerando mais segurança jurídica ao sistema. 
Em linhas gerais, as US Sentencing Guidelines possuem sete elementos principais que, quando adotados, demonstram a 
seriedade e efetividade do programa de Compliance. Caracterizada a presença destes elementos, a empresa pode se 
beneficiar de uma substancial redução de sua penalidade. Caso a empresa colabore e também seja a primeira a reportar 
o ilícito (ou seja, antes mesmo das autoridades desconfiarem), a pena pode ser reduzida em mais de 80%. 
Portanto, a relação custo-benefício do programa de Compliance é muito positiva, ainda mais se a empresa operar fora 
dos Estados Unidos e em países que possuem Leis Anticorrupção. Vamos agora verificar quais são esses sete 
elementos: 
 Clique nos botões para ver as informações. 
Comprometimento do alto escalão 
Monitoramento 
Treinamento e comunicação 
Incentivos e disciplina 
Devido cuidado na delegação de responsabilidades 
Ação Corretiva 
Procedimentos e padrões 
Por ora, é importante que você entenda e se inspire nessa visão americana. Digo isso porque, a partir da próxima aula, 
sairemos dessa parte teórica e adentraremos o conteúdo com enfoque mais prático. Esses sete elementos também estão, 
de alguma forma, previstos nos Guias da CGU ou CADE, por exemplo. Portanto, neste estudo comparado, podemos 
dizer que o sistema brasileiro é bem parecido com o americano. 
Por último, cabe destacar a figura do whistleblower prevista no item “d”. Este é um tema quente e com grande 
repercussão nos Estados Unidos atualmente. A razão para tanto é simples: a colaboração do whistleblower é essencial 
para se chegar a conclusões satisfatórias. 
Como você deve ter observado nas aulas das demais disciplinas, uma investigação com colaboradoresé muito mais 
rápida e eficiente do que uma sem nenhuma colaboração externa. Não é à toa, por exemplo, que a premiação e a 
proteção dos denunciantes é medida que se impõe para avaliar a efetividade de um programa de Compliance. Aliás, 
indo um pouquinho além do conteúdo desta aula, vale exemplificar a importância e proteção dos colaboradores em 
nosso sistema. No início de 2018, foi publicada a Lei 13.608/18, a qual prevê especificamente a premiação e estímulo 
ao canal de denúncias anônimas, tal como podemos verificar no seu Art. 4º: 
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no âmbito de suas 
competências, poderão estabelecer formas de recompensa pelo 
oferecimento de informações que sejam úteis para a prevenção, a 
repressão ou a apuração de crimes ou ilícitos administrativos. Parágrafo 
único. Entre as recompensas a serem estabelecidas, poderá ser instituído o 
pagamento de valores em espécie. 
Em termos de proteção ao whistleblower / denunciante, cito ainda a Lei 8.112/90 (Estatuto dos Funcionários Públicos 
da União), Art. 126-A: 
Nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil, penal ou 
administrativamente por dar ciência à autoridade superior ou, quando 
houver suspeita de envolvimento desta, a outra autoridade competente 
para apuração de informação concernente à prática de crimes ou 
improbidade de que tenha conhecimento, ainda que em decorrência do 
exercício de cargo, emprego ou função pública. 
Atividade 
1. Cite dois elementos das US Sentencing Guidelines. 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html#collapse1
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html#collapse2
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html#collapse3
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html#collapse4
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html#collapse5
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html#collapse6
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula4.html#collapse7
 
Gabarito sugerido 
2. Cite um órgão/ autarquia que produza guias para desenvolver programas de Compliance efetivos. 
 
Gabarito sugerido 
3. O que são as US Sentencing Guidelines? 
 
Gabarito sugerido 
4. Enumere três elementos das US Sentencing Guidelines. 
 
Gabarito sugerido 
5. Explique o que significa o elemento das US Sentencing Guidelines “Incentivos e disciplina”. 
 
Gabarito sugerido 
6. Explique o que significa o elemento das US Sentencing Guidelines “Procedimentos e Padrões”. 
 
Gabarito sugerido 
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Disciplina: Investigação, Compliance e Lei Anticorrupção 
Aula 5: Programa de Integridade e Compliance 
Apresentação 
Como você acha que o programa de integridade pode ser eficaz na prevenção de fraudes e corrupção na empresa? 
Nesta aula, você aprenderá o que vem a ser um programa de integridade, que significa um conjunto de medidas e ações 
preventivas e repressivas adotadas pelo Departamento de Compliance de uma empresa, que busca a todo instante 
preservá-la da exposição a determinados riscos. 
Você aprenderá também que a atividade de Inteligência, que é uma atividade de assessoramento para tomada de 
decisões, é muito importante no dia a dia do Departamento de Compliance, o qual é responsável pela estruturação e 
fiscalização do programa de integridade da empresa. 
Muito importante nesse aprendizado é saber identificar a importância de se aplicar a atividade de inteligência na 
atividade preventiva de uma empresa e o momento adequado dessa utilização. 
 
Objetivos 
• Definir programa de integridade; 
• Reconhecer a importância do Compliance no combate à fraude e à corrupção; 
• Esclarecer a importância da atividade de Inteligência para o Compliance. 
Programa de Integridade e Compliance 
A Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, bem como o Decreto nº 8.420, de 18 de março de 2015, que a regulamentou, 
trouxe importantes novidades, visando ao fortalecimento da conjuntura política e econômica do Brasil. 
Você sabe de que forma ocorreria esse fortalecimento político e econômico do país? 
A resposta é simples: por meio do resgate da ética no mundo empresarial. Perceba que, desde o ano de 1994, o Brasil 
vem sendo palco de escândalos na esfera corporativa, causando impactos que desestabilizaram o sistema financeiro e a 
economia do país. 
A Lei 12.846/2013 também é conhecida como Lei Anticorrupção, tendo em vista que foi criada com o objetivo de 
prevenir e combater ações ilícitas de fraudes e corrupção praticadas por pessoas jurídicas em face da administração 
pública, sujeitando as mesmas à responsabilidade objetiva, civil e administrativamente. O assunto é tratado com tanta 
seriedade que o Decreto 8.420/2015, regulamentador da Lei 12.846/2013, reservou um capítulo inteiro para tratar sobre 
o Programa de Integridade. 
Inicialmente, é importante que você saiba o que é “integridade”. De acordo com o Dicionário Aurélio online, 
integridade significa: 
01 
Qualidade de íntegro. 
02 
Caráter daquilo a que não falta nenhuma das suas partes. 
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03 
Estado de são, de inalterável. 
04 
Retidão, honradez; pureza intata. 
 
De acordo com o Manual para Implementação de Programas de Integridade: Orientações para o Setor Público, o termo 
“integridade”, do ponto de vista filosófico, faz menção a algo intacto, que não foi tocado, que não se contaminou ou 
que não foi danificado. Imagine, por exemplo, uma construção íntegra; significa que ela tem sua composição intacta e 
sólida, não possuindo nenhum tipo de infiltração ou rachaduras. 
Mas o que vem a ser o programa de integridade? Ainda de acordo com esse manual, Programa de Integridade significa 
“o conjunto de medidas e ações institucionais voltadas para a prevenção, detecção, punição e remediação de fraudes e 
atos de corrupção”. 
Veja que, desse conceito, podemos compreender que o Decreto 8.420/2015 estabeleceu um conjunto de rotinas e 
procedimentos, visando impedir que os funcionários das empresas que lidam com o poder público possam vir a 
cometer algum tipo de fraude ou de corrupção e que, dessa maneira, venham a atentar contra a administração pública, 
nacional ou internacional. E, caso tais ações já tenham acontecido, esse conjunto de medidas e ações possui a previsão 
do que deve ser feito a fim de cessá-las, bem como punir os infratores. 
O Decreto nº 8.420/2015, em seu art. 41, dispõe sobre o programa de integridade, a saber: 
Para fins do disposto neste Decreto, programa de integridade consiste, no 
âmbito de uma pessoa jurídica, no conjunto de mecanismos e 
procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de 
irregularidades e na aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta, 
políticas e diretrizes com o objetivo de detectar e sanar desvios, fraudes, 
irregularidades e atos ilícitos praticados contra a administração pública, 
nacional ou estrangeira. 
http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/etica-e-integridade/arquivos/manual_profip.pdf
Perceba que a norma, ao mesmo tempo em que diz no que consiste o programa de integridade, também dá várias dicas 
sobre ele, demonstrando que se trata de algo eminentemente prático, tal como“conjunto de mecanismos e 
procedimentos internos”, “auditoria”, “denúncia”, “aplicação de código de ética e de conduta”, “com o objetivo de 
detectar e sanar”. 
Veja que todas essas ações e medidas visam evitar desvios, fraudes, irregularidades e atos ilícitos praticados pelas 
pessoas jurídicas contra a administração pública, que o programa de integridade também é como o programa de 
Compliance, ou simplesmente Compliance. Mas qual o significado de Compliance? 
Negrão e Pontelo (2017, p. 107) tratam da questão de forma bastante 
clara, afirmando que há um consenso sobre a origem do conceito de 
Compliance entre os diversos autores e profissionais dessa área, 
tendo tal termo originado do verbo inglês to comply que, traduzindo 
para a língua portuguesa, significa “cumprir”, “executar” ou 
“realizar”. 
Ainda de acordo com as autoras, Negrão & Pontelo (2017, p. 107), temos a seguinte definição de Compliance: 
Compliance é o dever de cumprir, de estar em conformidade e fazer 
cumprir regulamentos internos e externos impostos às atividades das 
organizações. 
Dessa forma, dizer que uma organização está em Compliance significa que ela está em conformidade, que seus 
procedimentos e regulamentos internos são cumpridos, que ela aderiu às políticas, diretrizes, normas, bem como à 
legislação em vigor. 
Veja que o Compliance é uma atividade que visa não só à repressão, mas principalmente à prevenção de ações ilícitas e 
irregulares por parte de seus sócios e funcionários. 
A função do Compliance é a prevenção de ilícitos cometidos em face da administração pública. Entretanto, uma vez 
que a prática ilícita já ocorreu ou está ocorrendo, deve o departamento responsável pela execução do programa de 
integridade, que é o departamento de Compliance, adotar as medidas já previstas para sanar todas as irregularidades 
ocorridas ou que ainda estão em andamento. 
Inteligência e Compliance 
O Compliance em muito se assemelha à atividade de Inteligência, a qual tem também 
sua aplicabilidade na área corporativa. Tanto uma quanto a outra trabalham na 
prevenção e repressão de ações adversas que possam causar impactos negativos em 
suas áreas de interesses. Portanto, essas duas atividades estão intimamente ligadas com 
a proteção, seja de ameaças internas ou externas. 
Veja os parágrafos 2º e 3º do art. 1º da Lei 9.883/1999, que instituiu o Sistema Brasileiro de Inteligência. Tais 
parágrafos trazem um dos conceitos que se tem de Inteligência: 
§ 2º Para os efeitos de aplicação desta Lei, entende-se como Inteligência a 
atividade que objetiva a obtenção, análise e disseminação de 
conhecimentos dentro e fora do território nacional sobre fatos e situações 
de imediata ou potencial influência sobre o processo decisório e a ação 
governamental e sobre a salvaguarda e a segurança da sociedade e do 
Estado. 
§ 3º Entende-se como Contrainteligência a atividade que objetiva 
neutralizar a inteligência adversa. 
Perceba que, enquanto no §2º da lei acima se fala em obtenção e análise de dados, mencionando o ramo inteligência, já 
que a atividade de inteligência se divide em dois ramos, Inteligência ou Análise e Contrainteligência, o §3º já fala em 
neutralização. Isto significa que a Contrainteligência é aquele encarregado pela detecção e neutralização da ação 
adversa que, no caso da nossa aula, são as ações contra a administração pública. Deve-se levar em consideração que, 
primeiramente, as ações de Contrainteligência são preventivas e, num segundo momento, repressivas. 
Saiba que é muito oportuno trazer ao debate o tema Inteligência, uma vez que tal atividade anda lado a lado com o 
Compliance, de forma que ambas produzem conhecimento a fim de que seus usuários possam tomar as decisões mais 
acertadas possíveis, ao mesmo tempo em que salvaguardam suas instituições ou organizações, buscando de forma 
perene minimizar possíveis riscos que possam causar desdobramentos desfavoráveis aos seus gestores, sejam eles uma 
autoridade pública ou o diretor-presidente de uma empresa. 
Tendo em vista essa abordagem sobre a Inteligência, e mais precisamente sobre a prevenção, que nada mais é do que 
um conjunto de medidas de proteção, torna-se oportuno e necessário trazer o conceito de Contrainteligência, que é um 
dos ramos da atividade de Inteligência, o qual foi extraído do site da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), a 
saber: 
A Contrainteligência tem como atribuições a produção de conhecimentos e 
a realização de ações voltadas para a proteção de dados, conhecimentos, 
infraestruturas críticas — comunicações, transportes, tecnologias de 
informação — e outros ativos sensíveis e sigilosos de interesse do Estado e 
da sociedade. 
Saiba que, nesse conceito, as “ações voltadas para a proteção” dos dados, conhecimentos e infraestruturas críticas se 
desdobram em duas medidas de segurança: uma passiva, chamada de segurança orgânica, de prevenção e obstrução de 
possíveis ações adversas; e, num segundo momento, outra medida, chamada de segurança ativa, objetiva identificar e 
neutralizar ações mais agressivas já praticadas contra o órgão, instituição ou sistema de inteligência. 
Dessa forma, uma empresa que investe em tecnologia de controle dos acessos de suas dependências instalando catracas 
eletrônicas, controles biométricos, monitoramento de e-mails corporativos, em software que permite atualizar bancos 
de dados dos funcionários ou firewalls que filtra o trânsito de dados, impedindo acessos a conteúdos inapropriados que 
podem pôr em risco a segurança de determinada rede, está adotando medidas de segurança orgânica. 
Nesse mesmo sentido, o treinamento de funcionários, a conscientização da coletividade quanto à observância das 
normas internas e dos procedimentos da empresa, são medidas de segurança orgânica. Já as ações que visam identificar 
e neutralizar uma ação de espionagem industrial, ou minimizar as consequências de um vazamento ou de um acesso 
não autorizado a uma informação sigilosa da organização, consistem em ações de segurança ativa. 
Ainda sobre o tema, Coelho (2011) também aborda a necessidade de se estar sempre à frente dos acontecimentos a fim 
de conseguir prevenir ou, não sendo possível tal prevenção, neutralizar ações nocivas à empresa, pondo fim ou 
mitigando os possíveis riscos que advêm desses acontecimentos: 
A inteligência estratégica empresarial busca antecipar e reagir 
rapidamente às mudanças do ambiente corporativo, através da 
identificação de oportunidades ou ameaças, com a redução dos riscos, 
suporte a comercialização e melhoria da competitividade. 
Note que a inteligência deve estar sempre à frente, se antecipando aos acontecimentos, e uma vez que esses 
acontecimentos tenham ocorrido, a inteligência atua reprimindo-os ou pelo menos minimizando seus riscos. Mas o que 
teriam essas reflexões com o Compliance? 
Inteligência e Compliance são duas atividades que se correlacionam, tendo semelhanças em suas rotinas, quais sejam a 
prevenção e repressão a ameaças aos interesses da instituição ou organização. 
Essas duas atividades têm em comum, ainda, a redução de riscos por meio de análises de suas áreas mais sensíveis, que 
possam gerar qualquer instabilidade na sua reputação, perante seus clientes ou a própria sociedade, ou ainda a prática 
ilícita de servidores ou funcionários que possam causar lesão à administração pública. 
Tudo o que foi citado, além de inúmeras outras atribuições, está no rol de atribuições da atividade de Inteligência que, 
pela natureza de determinado órgão de inteligência, poderá desenvolver a atividade de Inteligência clássica, a de 
Inteligência policial ou ainda a inteligência empresarial, se num ramo de atividade privada estiver sendo realizada. 
Uma vez que essas medidas são implementadas pelo departamento de Compliance, suas ações são efetivamente de 
Inteligência que segundo, os dizeres de Montalvão, são ações de Inteligência de Conformidade ou Compliance 
Intelligence.Veja: 
Quanto maior a política de repressão interna das companhias, com a 
implementação de ações de Inteligência de Conformidade (Compliance 
Intelligence) como canais de denúncia anônima, auditorias externas, 
investigações corporativas e outros mecanismos de apuração de 
irregularidades, mais os governos arrecadam com multas e Acordos de 
Leniência previstos na Lei 12.846/2013 ou Lei Anticorrupção do Brasil, 
que “Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas 
jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou 
estrangeira, e dá outras providências. 
Montalvão ainda acrescenta: “desde que existem organizações existem profissionais incumbidos de protegê-las”. 
Afirma ainda a aplicação da atividade de Inteligência no segmento de Compliance, como podemos ver: 
Nas corporações militares, ou mesmo nas empresas públicas e privadas 
que terceirizam as ações de segurança e investigações internas, o setor de 
Compliance é comumente chamado de Departamento de Segurança 
Empresarial ou Central de Inteligência Empresarial ou de 
Contrainteligência, ou ainda, de Contraespionagem Corporativa. 
Veja que a missão do Compliance, exposta pelo Grupo de Trabalho da Federação Brasileira de Bancos - FEBRABAN 
e da Associação Brasileira de Bancos Internacionais - ABBI também trata do fortalecimento das ações de controle 
interno e de minimização dos riscos dos negócios (apud NEGRÃO & PONTELO, 2017, p. 108): 
Assegurar, em conjunto com as demais áreas, a adequação, o 
fortalecimento do Sistema de Controles Internos da Instituição, 
procurando mitigar os riscos de acordo com a complexidade de seus 
negócios, bem como disseminar a cultura de controles para assegurar o 
cumprimento de leis e regulamentos existentes. 
Controle interno e minimização de riscos são temas que serão muito discutidos nas próximas aulas, pois dizem respeito 
ao que uma empresa ou organização necessita ter estruturado, e efetivamente funcionando, para que estar realmente em 
conformidade. Assi, no site da Massi Consultoria e Treinamento, aborda a relação entre um sistema de controle interno 
e a gestão de compliance, a saber: 
A organização deve implantar atividades de controle por meio de políticas 
que estabelecem o que é esperado e os procedimentos que colocam em 
práticas políticas. Por esse motivo, sempre implementamos controles 
internos e Compliance, realizando um casamento operacional que 
funciona quando os dois são realizados em complemento um do outro. 
Por fim, cabe dizer que, segundo Negrão e Pontelo (2017, p. 122), para que uma organização alcance o sucesso, o 
controle interno é imprescindível. A fiscalização do cumprimento desse controle (interno) é exercida pelo 
Departamento de Compliance. Para elas, prevenção é mais importante do que a punição, ou ainda, a máxima de um 
ditado muito popular no país é verdadeira, “prevenir é melhor do que remediar”. 
Atividade 
1. Programa de Integridade significa: 
a) O conjunto de medidas e ações relacionais direcionadas à prevenção, detecção, punição e retratação de fraudes e 
atos de corrupção. 
b) O conjunto de medidas e ações institucionais voltadas para a reunião, detecção, punição e re¬mediação de 
fraudes e atos de corrupção. 
c) O conjunto de medidas e ações gerenciais voltadas, ainda que indiretamente, para a prevenção, detecção, 
punição e re¬mediação de fraudes e atos de corrupção. 
d) O conjunto de medidas e ações institucionais voltadas para a prevenção, detecção, punição e re¬mediação de 
fraudes e atos de corrupção. 
e) A atividade administrativa direcionada à prevenção de atos ilícitos que antecedem a lavagem de dinheiro. 
 
Gabarito 
2. Podemos afirmar que o Compliance é: 
a) É a faculdade que dispõe a empresa privada e a instituição pública de estar em conformidade e fazer cumprir 
regulamentos internos e externos impostos às atividades das organizações. 
b) É o dever de cumprir, de estar em conformidade e fazer cumprir regulamentos internos e externos impostos às 
atividades das organizações. 
c) É a necessidade de se produzir relatórios periodicamente acerca da integridade. 
d) É a prática de atos e medidas voltados para a proteção de produtos produzidos pela organização e disponíveis no 
mercado. 
e) É o dever de cumprir, de estar em conformidade e fazer cumprir normas sedimentadas pelos usos e costumes 
impostos às atividades das organizações. 
 
Gabarito 
3. Sabemos que a Inteligência e o Compliance são duas atividades que se correlacionam. Sobre as semelhanças entre 
ambas, podemos afirmar que: 
a) Ambas se assemelham, porém somente o Compliance visa reprimir ameaças aos interesses institucionais da 
organização. 
b) Em se tratando do Compliance e da Inteligência, prevenção e repressão se equivalem. 
c) A atividade de Inteligência trabalha com a prevenção, enquanto o Compliance trabalha com a repressão. 
d) A semelhança entre ambas se dá em sentido material, e não formal. 
e) Tanto uma quanto a outra atividade visa à prevenção e à repressão a ameaças aos interesses da instituição ou 
organização. 
 
Gabarito 
4. O que queremos dizer quando afirmamos que uma empresa está em conformidade? 
 
Gabarito sugerido 
5. Comente sobre a importância do Compliance no combate à fraude e à corrupção. 
 
Gabarito sugerido 
6. Cite exemplos da aplicabilidade da atividade de Inteligência para o Compliance. 
 
Gabarito sugerido 
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Disciplina: Investigação, Compliance e Lei Anticorrupção 
Aula 6: Criação e atuação do departamento de Compliance 
Apresentação 
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Nesta aula, você aprenderá como o Compliance poderá ser útil no acompanhamento do processo de contratação e de 
desligamento de funcionários, em apoio ao setor de Recursos Humanos da empresa. Você verá que a utilização dessa 
medida objetiva preserva a imagem da empresa, bem como previne o vazamento de informações sigilosas. Outro ponto 
interessante que você aprenderá diz respeito ao monitoramento de e-mails corporativos utilizados por funcionários da 
empresa como forma de prevenção de condutas ilícitas tais como fraudes e corrupção. Aprenderá também quanto à 
legalidade dessa medida. Você entenderá também sobre a importância de realizar a análise de riscos, aprenderá que 
cada empresa tem os seus riscos de forma individualizada e que o que pode ser considerado risco para uma empresa 
pode não ser considerada para outra. Vamos lá? 
 
Objetivos 
• Identificar a importância das medidas de controle interno; 
• Reconhecer a atuação do Compliance na proteção da imagem da empresa; 
• Inferir a importância do Compliance como ferramenta disponível para minimizar riscos à empresa. 
Criação e atuação do departamento de Compliance 
Você sabia que as medidas de controle interno, exercidas pelo departamento responsável pelas ações de Compliance de 
uma empresa privada ou de um órgão estatal, em muito se assemelham com as medidas de controle interno que são 
realizadas pela atividade de Inteligência? 
Por conta dessa semelhança, alguns recursos e rotinas de proteção que são 
empregados pelas agências de Inteligência podem vir a ser utilizadospelas 
empresas também para a prevenção e repressão contra atos de corrupção 
praticados por seus funcionários. 
Sendo assim, para que essas medidas possam ser implantadas e aplicadas, é necessário a criação de um departamento 
de Compliance que será responsável por implementar e tornar efetivo o programa de integridade na empresa. 
Esse departamento deve ser dotado de autonomia para a tomada de decisões e fiscalização do cumprimento do 
programa de integridade. Para isso, seus funcionários devem ser subordinados somente à alta direção da empresa, para 
evitar que interferências de funcionários de outros setores possam influenciar na efetividade do programa, tornando-o 
vulnerável a ações que prejudiquem o seu fiel cumprimento. 
Veja que, em se tratando de vulnerabilidades, os profissionais de Compliance devem ter independência para realizar 
suas atividades, estando eles, como vimos, vinculados apenas à diretoria da empresa. Isso é para evitar que sejam alvos 
de pressão, ameaças ou de perseguição por outros funcionários que porventura estejam insatisfeitos com as 
fiscalizações e apurações desenvolvidas por aqueles profissionais. 
Nesse mesmo sentido, existe o Guia de Implantação de Programa de Integridade nas Empresas Estatais (p. 21), que 
prevê que o setor responsável pelo programa de integridade tenha independência o suficiente para a tomada de decisões 
e para adotar providências necessárias ao bom funcionamento do programa, reportando diretamente à alta direção da 
empresa. 
Veja que, de acordo com esse guia, o Departamento de Compliance deve ter prerrogativas para tomar determinadas 
decisões e realizar recomendações a fim de adequar a organização à legislação ou ao seu código de ética e de conduta, 
de modo a diminuir a exposição da empresa a riscos, mesmo que tais decisões resultem em impactos financeiros. Esse 
guia também defende que os profissionais de Compliance estejam protegidos contra punições arbitrárias que possam 
vir a sofrer por conta da realização de suas atividades de trabalho. 
Como foi tratado inicialmente, é necessário que a empresa ou organização promova atividades de controle interno, 
prevendo a adoção de condutas, bem como normatizando a execução de procedimentos previamente previstos. Essas 
atividades de controle são exercidas por meio de um programa de integridade. De acordo com o Manual sobre 
Programa de Integridade: Diretrizes para Empresas Privadas, publicado pela Controladoria Geral da União, o programa 
de integridade é indicado para prevenir, detectar e remediar atos que venham a lesar a administração pública, os quais 
se encontram previstos na Lei 12.846 de 2013. 
http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/etica-e-integridade/arquivos/guia_estatais_final.pdf
http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/etica-e-integridade/arquivos/programa-de-integridade-diretrizes-para-empresas-privadas.pdf
http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/etica-e-integridade/arquivos/programa-de-integridade-diretrizes-para-empresas-privadas.pdf
O foco desse programa é o combate à prática de suborno, fraudes nas licitações e na execução de contratos com 
órgãos públicos. 
Negrão e Pontelo (2017, p. 129) nos ensinam que, ao estruturar um programa ou Departamento de Compliance, a 
empresa tende a alcançar uma série de resultados positivos, tais como diminuição de fraudes, de multas e penalidades, 
bem como redução de práticas de corrupção interna e de transgressão aos códigos de ética organizacional da empresa. 
Afirmam as autoras que as ações de Compliance, se executadas rotineira e permanentemente, reduzem a probabilidade 
de erros por parte dos funcionários, erros por desconhecimento ou falhas de gestão. Impedem também os custos com 
danos à imagem da empresa, fator extremamente importante para as pessoas jurídicas que vivem em ambiente marcado 
pela competitividade ou que dependem da opinião pública. 
Tendo em vista o que vem sendo apresentado a você, note a importância de se estruturar um programa de Compliance, 
não importando se a empresa é grande ou pequena. Prova disso é que o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas 
Empresas criou uma Cartilha de Integridade para Pequenos Negócios. 
Comentário 
Veja que, de acordo com essa cartilha, na página 15, adotar um programa de Compliance não guarda nenhuma relação 
com o tamanho da empresa, bem como seu ramo de atuação. Muito pelo contrário! Saiba que prevenção e combate à 
corrupção e ser ético nos negócios não é uma faculdade, e sim um dever, um compromisso. 
Acompanhamento de processo de contratação e de desligamento 
de funcionário pelo Departamento de Compliance 
Um tema muito importante que deve ser levado em consideração pelo Departamento de Compliance diz respeito ao 
processo de contratação de pessoas que poderão vir a fazer parte do corpo de funcionários da empresa e ocupar funções 
em seus departamentos mais sensíveis. 
Mas quais seriam esses departamentos sensíveis, e qual o papel do Compliance nesse processo de contratação? 
Pode-se considerar como sensível, por exemplo, o setor da empresa que lida com servidores públicos, que atua nos 
processos licitatórios, na celebração de contratos com a administração pública ou ainda nos departamentos da empresa 
em que ocorre fiscalização do poder público. Em resumo, considera-se sensível o departamento onde suas atividades 
têm maiores chances de expor a empresa a determinados tipos de riscos, e que por isso são setores que devem ter 
medidas de proteção para não deixar que se torne vulnerável. 
http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/etica-e-integridade/arquivos/integridade-para-pequenos-negocios.pdf
 
A atuação do Compliance nesse processo é uma ação típica de Contrainteligência, visando sempre à proteção 
(prevenção) da empresa, buscando conhecer ao máximo o candidato a exercer função tão importante. 
 
A atividade de Compliance nesse caso não se confunde com o processo de recrutamento e seleção realizado pelo setor 
de Recursos Humanos da empresa, e sim, um trabalho de apoio que ocorre paralelamente ao do RH, e que ao final de 
tudo poderá contraindicar ou não aquele candidato a determinada vaga de emprego. 
 
O profissional de Compliance deve pesquisar sobre o futuro funcionário em sites ou bases de dados que contemplem 
informações de Tribunais de Justiça, Receita Federal, sites cadastrais ou ainda em possíveis listas restritivas. O intuito 
é detectar se o candidato à vaga possui seu nome vinculado a alguma atividade ilícita ou até mesmo se está figurando 
como réu em algum processo criminal relacionado a crimes econômicos. 
Na verdade, pretende-se com essas pesquisas prevenir e combater crimes que envolvam a lavagem de dinheiro, 
corrupção e fraudes nas empresas, preservando assim a imagem da organização. Existem empresas de consultoria 
especializadas em Compliance no mercado que utilizam softwares voltados para a busca e o cruzamento de 
informações disponíveis de pessoas físicas e jurídicas envolvidas em crimes econômicos ou ainda em ilícitos de outra 
natureza. 
É bem interessante a possibilidade de a empresa conhecer seu futuro funcionário e até mesmo seu futuro cliente. 
Medidas como essa, de obtenção e análise de informações de pessoas que se pretende contratar, visam sempre à 
salvaguarda, ou seja, à proteção da empresa. Para isso, o Departamento de Compliance deve estar sempre atento ao 
gerenciamento do risco reputacional daqueles com quem a empresa irá se relacionar. 
Outra questão tão importante quanto a contratação é o desligamento de funcionários, que também deve ser tratada pelo 
Compliance. 
Uma vez que tenham restado motivos para a demissão de um funcionário que trabalha num setor sensível da empresa, 
mais uma vez o profissional de Compliance deve adotar medidas de Contrainteligência a fim de prevenir possíveis 
vazamentos. 
Saiba que, no mundo corporativo, grandes empresas disputam entre si a posição de liderança no oferecimento de um 
produto ou de um serviço. 
Pense que não deve ser nada fácil desenvolverum produto de qualidade e manter em segredo sua fórmula para impedir 
que seus concorrentes copiem seu produto de sucesso. 
 
 Fonte: pixabay.com 
Agora, imagine o que poderia fazer um empregado que tenha ficado suficientemente ressentido ou magoado com sua 
demissão. Independentemente de qualquer valoração de caráter das pessoas que compõem o quadro de funcionários da 
empresa, pois não é o caso aqui, e sim de se preservar a imagem, o lucro, o bom andamento dos negócios da empresa, 
bem como a lisura nas relações com a administração pública. 
Sendo assim, havendo o risco de que informações sigilosas que dizem respeito aos negócios da empresa, bem como 
assuntos de ordem interna que possam interessar aos seus concorrentes ou que não devem ser expostos publicamente, 
devem os mesmos ser protegidos. 
Para tanto, uma vez que foi tomada a decisão pela empresa de demitir tal funcionário, o Departamento de Compliance 
deve gerenciar a interrupção dos acessos de quem será demitido de todos os canais e sistemas da empresa, de modo a 
impedir que ele faça download ou copie quaisquer arquivos, processos ou relatórios da empresa 
Exemplo 
Se porventura a pessoa utilizar notebook ou qualquer outro aparelho da empresa como ferramenta de trabalho, ela 
pode, por exemplo, antes da comunicação de seu desligamento, “convidá-lo” a comparecer a sua sede para instalação 
ou atualização de algum software em seu equipamento, mas, na verdade, tal convite representa um disfarce da sua 
verdadeira intenção, que é reter o aparelho. 
Caso haja algo de pessoal do funcionário no aparelho, somente deverá ser retirado dele com a supervisão do 
Departamento de Compliance. Essa medida tende a preservar os assuntos da empresa. A organização deve sempre 
procurar tomar medidas como essas, convidando seus funcionários à sede para que eles não desconfiem, caso esse 
convite um dia esteja relacionado com sua demissão. 
Monitoramento de e-mails corporativos utilizados por 
funcionários da empresa 
As ações de Inteligência e de Compliance visam sempre à prevenção de qualquer conduta desabonadora que possa 
macular sua instituição ou sua empresa, por isso são perenes. Neste sentido, outra medida importante que deve ser 
levada a efeito pelo Departamento de Compliance nas empresas é o monitoramento dos e-mails corporativos utilizados 
pelos funcionários. 
Diante do que vimos sobre esse tipo de monitoramento, cabe uma indagação: há algum impedimento legal que proíba a 
empresa de monitorar os e-mails corporativos utilizados pelos seus empregados? 
Pois bem, há quem entenda que esse monitoramento viola a privacidade do funcionário e que, por isso, não deve ser 
realizado. Entretanto, não há conteúdo privado nesse tipo de comunicação, não havendo assim nenhum tipo de 
violação. 
O e-mail corporativo é uma ferramenta de trabalho, disponibilizado pela empresa 
ao funcionário, que deverá utilizá-la somente para essa finalidade, sendo vedado o 
uso do correio eletrônico corporativo para fins pessoais. Para isso, o empregado 
deve ter ciência dessas disposições, bem como de que essa comunicação é 
monitorada. 
A questão é alvo de várias discussões no meio jurídico, havendo quem entenda que essa fiscalização pela empresa 
atenta contra a privacidade do trabalhador. 
Em consulta ao artigo intitulado A empresa pode monitorar o e-mail corporativo?, é possível constatar que a questão 
está bem esclarecida, sendo apresentado o entendimento de que o e-mail corporativo é um canal único e exclusivo de 
contato do funcionário com os demais funcionários da empresa, com os clientes ou ainda com terceiros para tratar 
estritamente assuntos de trabalho. 
Logo, não há veiculação de conversas com conteúdo privado, não havendo assim proteção legal desse canal, e 
consequentemente, a monitoração desse correio eletrônico não viola nenhuma norma legal. 
Em consulta ao site Jusbrasil, foi possível verificar que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) se posicionou a respeito 
desse tema, conforme se pode ver no julgado TST-AIRR-1640/2003-051-01-40.0, a saber: 
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA - E-MAIL 
CORPORATIVO - ACESSO PELO EMPREGADOR SEM A 
ANUÊNCIA DO EMPREGADO - PROVA ILÍCITA NÃO 
CARACTERIZADA. 
Consoante entendimento consolidado neste Tribunal, o e-mail corporativo 
ostenta a natureza jurídica de ferramenta de trabalho, fornecida pelo 
empregador ao seu empregado, motivo pelo qual deve o obreiro utilizá-lo 
de maneira adequada, visando à obtenção da maior eficiência nos serviços 
que desempenha. Dessa forma, não viola as artes. 5º, X e XII, da Carta 
Magna a utilização, pelo empregador, do conteúdo do mencionado 
instrumento de trabalho, uma vez que cabe àquele que suporta os riscos 
da atividade produtiva zelar pelo correto uso dos meios que proporciona 
aos seus subordinados para o desempenho de suas funções. Não se há de 
cogitar, pois, em ofensa ao direito de intimidade do reclamante. Agravo de 
instrumento desprovido. 
 
http://www.bortolotto.adv.br/blog/index.php/20816/03/31/a-empresa-pode-monitorar-o-e-mail-corporativo/
https://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/2189474/agravo-de-instrumento-em-recurso-de-revista-airr-1640408620035010051-164040-8620035010051/inteiro-teor-10418662?ref=juris-tabs
A questão também é pacífica no que diz respeito ao monitoramento de e-mails corporativos de servidor púbico, de 
acordo com jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a qual afirma a finalidade do correio eletrônico corporativo 
para fins profissionais, e não pessoais, como podemos ver a seguir: 
As informações obtidas por monitoramento de e-mail corporativo de 
servidor público não configuram prova ilícita quando relacionadas com 
aspectos "não pessoais" e de interesse da Administração Pública e da 
própria coletividade, especialmente quando exista, nas disposições 
normativas acerca do seu uso, expressa menção da sua destinação somente 
para assuntos e matérias afetas ao serviço, bem como advertência sobre 
monitoramento e acesso ao conteúdo das comunicações dos usuários para 
cumprir disposições legais ou instruir procedimento administrativo. STJ. 
2a Turma. RMS 48.665-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 15/9/2015 
(Info 576). 
 
Diante do exposto, afirma-se que o monitoramento de e-mails corporativos, seja o funcionário trabalhador privado ou 
servidor público, é uma das formas que a organização ou instituição tem de prevenir condutas ilícitas de seus 
empregados ou servidores, afastando assim a probabilidade de casos de fraude ou de corrupção. Para isso, deve haver 
uma previsão expressa da obrigatoriedade de se utilizar esse canal de comunicação exclusivamente para fins laborais. 
Análise de risco 
Como foi exposto, as atividades de Inteligência e de Compliance andam lado a lado. A análise de riscos é mais uma 
importante ação de Inteligência, de natureza preventiva, que também é de vital importância para o Compliance. 
Veja o que diz o site da Agência Brasileira de Inteligência sobre a avaliação de riscos: 
A avaliação de riscos constitui-se um dos pilares da atividade de 
Contrainteligência da ABIN, centrada na proteção de infraestruturas 
críticas e na segurança de grandes eventos. Os relatórios de avaliação de 
riscos são produzidos com base em metodologia própria desenvolvida pela 
ABIN [...], que orienta análise de ameaças e vulnerabilidades e estabelece 
medidas corretivas para aperfeiçoar os sistemas de proteção de instalações 
físicas, sistemas de comunicação e gestão de pessoal. 
 
No universo corporativo, a análise de riscos, de acordo com Negrão e Pontelo (2017, p. 321), consiste em entender o 
nível de determinado risco, bem como sua natureza, definindo prioridades e opções de respostas a serem utilizadas no 
tratamento de tais riscos. 
É de suma importância ter conhecimento da probabilidade de determinado risco ocorrer, calculando os consequentes 
impactos para a empresa, sob a ótica financeira, operacional, quanto a suaimagem e do ponto de vista legal. 
Reconhecem as autoras que ter conhecimento dos riscos não é suficiente. Uma vez conhecidos, há a necessidade de 
gerenciamento deles com efetivo controle e, consequentemente, muitos dos problemas e imprevistos gerados poderão 
ser neutralizados. 
Veja que a análise de riscos é uma imprescindível ferramenta de Inteligência e de Compliance, visto que atua 
diretamente na prevenção de ameaças, cabendo a sua realização a qualquer empresa, não importando o tamanho de 
seus negócios. 
Você deve estar se perguntando: na prática, como se faz uma análise de riscos? Pois bem, essa análise se faz com 
algumas perguntas, que podem ajudar a empresa a minimizar seus riscos. Veja alguns exemplos de perguntas que 
podem ser feitas: 
1 
Minha empresa está vulnerável em algum aspecto? Do que ela precisa se proteger? 
2 
Existe a chance de que sócios ou funcionários cometam ações antiéticas, por exemplo, oferecendo ou pagando 
propinas? 
3 
Será que minha empresa já praticou atos fraudulentos ou poderá praticá-lo em alguma licitação? 
4 
Será que minha empresa tem condições de cumprir com os acordos e os orçamentos realizados? 
5 
Conheço bem meus funcionários? Conheço bem meus parceiros de negócios? 
Sendo assim, pergunto a você: em que momento a análise de riscos deve ser realizada? Pois bem, deve ser realizada 
antes da estruturação de um programa de integridade. É a análise de riscos que vai nortear a elaboração desse 
programa. 
O primeiro passo antes da estruturação de um programa de integridade já foi superado, e você já aprendeu que a 
análise de riscos precede sua implementação. Agora você deve saber que os riscos não são iguais para todas as 
empresas, logo depreende-se que, em razão da área de atuação de determinada empresa, existe especificidade quanto à 
ocorrência de riscos a que ela pode ser exposta. 
Sendo assim, o que pode ser considerado risco para uma empresa pode não ser considerado para outra. O levantamento 
dos riscos de uma empresa deve ser feito de forma individualizada. 
De acordo com o Manual sobre Programa de Integridade: Diretrizes para Empresas Privadas, publicado pela 
Controladoria Geral da União, a análise de riscos deve levar em consideração as particularidades da área de atuação da 
empresa. 
Essa análise deve levar em conta a possibilidade de ocorrerem fraudes e/ou atos de corrupção, principalmente em 
contratos ou processos licitatórios, bem como o impacto de tais atos lesivos nas operações da organização. Uma vez 
identificados os riscos, desenvolvem-se regras, procedimentos e políticas visando a sua prevenção, detecção e 
neutralização 
A Cartilha de Integridade para Pequenos Negócios trata do levantamento dos riscos de uma empresa de uma maneira 
bem didática. Ela traz um passo a passo bem interessante, bastando apenas fazer alguns questionamentos; veja: 
1 
Inicie os trabalhos com uma análise dos setores da empresa que já apresentaram algum tipo de problema. 
Por exemplo, algum setor da empresa já se envolveu com propina ou corrupção? Já houve pedidos de presentes ou 
agrados? A empresa já foi multada, após fiscalização, pela administração pública? Já houve alguma conduta imprópria 
por parte de funcionários? 
2 
Uma vez identificados os problemas ocorridos, levante circunstâncias, prováveis ou reais, de contato de seus 
funcionários com servidores públicos ou com a administração pública. 
Faça perguntas, como por exemplo: os funcionários da empresa costumam ir rotineiramente a algum órgão público? A 
empresa participa de licitações ou firmou contrato com administração pública? A empresa recebe fiscalização de 
órgãos públicos frequentemente? Sua receita em grande parte é proveniente do capital público? 
3 
Após a identificação de problemas ocorridos e de contato dos funcionários com servidores públicos, projete 
cenários em que podem acontecer situações que representem riscos consideráveis à empresa. 
Por exemplo, a área de atuação da empresa é uma área sensível, onde ocorrem as práticas de solicitação ou de 
pagamento de propinas? A empresa levanta informações de novos funcionários ou busca referências deles? Existe, na 
empresa, algum setor de controle interno? Existe algum canal sigiloso de denúncias, onde funcionários ou terceiros 
possam relatar alguma irregularidade, sem que estes precisem se identificar? 
4 
São feitas reuniões frequentes com os funcionários? Os assuntos sobre integridade costumam ser nivelados com 
eles? 
Identificadas todas as situações de risco, realize uma análise detalhada de tudo o que foi levantado. É fundamental 
saber como os erros aconteceram ou podem vir a acontecer, identificando as áreas ou situações mais propensas. 
Verifique em que setor da empresa, em qual período do dia ou ainda em quais tipos de contrato que a empresa celebrou 
ou poderá celebrar. Reflita também sobre os valores envolvidos. 
5 
É chegado o momento de priorizar os riscos. Mas de que forma? Identificando em que escala de probabilidade 
esses riscos podem ocorrer, se a chance é alta, média ou baixa. Os riscos considerados altos devem ser 
priorizados e receber tratamento especial. 
Após a identificação, análise e classificação de prioridades, a empresa já pode estruturar seu programa de Compliance. 
Gestão de Pessoas e Compliance 
Antes de apresentar você à estruturação de um programa de Compliance, é importante abrir um espaço para a reflexão 
sobre o tema gestão de pessoas, no qual cabe uma questão: gestão de pessoas é o mesmo que gestão de Recursos 
Humanos? Respondo a você que não são a mesma coisa. 
Veja o que dizem Negrão e Pontelo (2017, p. 148) sobre o que vêm a ser esses dois termos: 
A diferença entre os dois é que o termo “gestão de recursos humanos” tem 
um fator mais técnico e mecânico — suas atividades se baseiam em 
recrutamento, seleção, remuneração e desligamento de profissionais — e o 
termo “gestão de pessoas” traz uma preocupação maior com o 
desenvolvimento e valorização do profissional como ser humano, enquanto 
exerce atividade na organização. Portanto, gerir pessoas é muito mais que 
um fator sistêmico, metódico e técnico. 
 
Logo, pensar que encaminhar um documento circular aos diversos setores da organização é o suficiente para que os 
funcionários realizem tudo exatamente da forma como se descreve no documento é pura ilusão. 
Pessoas não são máquinas. Sendo assim, crie vínculos com os funcionários da 
empresa, aproxime-se, envolva-os nos projetos sobre integridade. Faça com que eles 
se sintam componentes imprescindíveis no funcionamento dessa engrenagem. 
Atividade 
1. Sobre o acompanhamento de contratação e de desligamento de funcionários, pode-se afirmar que: 
a) A contratação de funcionários pode ser realizada somente pelo setor de Compliance. 
b) A contratação para uma vaga na empresa tem relação com as medidas de controle externo 
c) O setor de Compliance e o de RH exercem a mesma função na contratação de funcionários. 
d) O profissional de TI deve pesquisar sobre o futuro funcionário em sites cadastrais. 
e) A atividade de Compliance é um trabalho de apoio que ocorre paralelamente ao trabalho do RH. 
 
Gabarito 
2. Assinale a alternativa correta no que diz respeito ao monitoramento de e-mails corporativos: 
a) É uma medida que deve ser evitada, pois é muito invasiva. 
b) Esse monitoramento viola a privacidade do funcionário, e por isso não deve ser realizado. 
c) O e-mail corporativo é uma ferramenta de trabalho da empresa, que deverá usada somente para esse fim, sendo 
vedado seu uso para fins pessoais. O empregado deve ter ciência do monitoramento. 
d) Esse e-mail é um canal de contato do funcionário com a empresa, que poderá ser utilizado para fins pessoais, em 
situações eventuais. 
e) Não há necessidade de avisar ao funcionário do monitoramento desse e-mail, pois o fato dele ser corporativo já 
é o suficiente. 
 
Gabarito 
3. Sobre a análise de riscos, assinale a opção correta: 
a) A análise deriscos é uma ação preventiva de auditoria e importante para o Compliance. 
b) Essa análise consiste em entender o nível de determinado risco, bem como sua natureza, não definindo suas 
prioridades e respostas. 
c) É uma importante ferramenta de Inteligência e de Compliance, que atua diretamente na prevenção de ameaças, 
para qualquer empresa, não importando o tamanho de seus negócios. 
d) Deve ser realizada antes ou durante a fase de estruturação de um programa de integridade. 
e) Nunca leva em consideração a possibilidade de ocorrer fraude em licitação. 
 
Gabarito 
4. Cite uma finalidade das medidas de controle interno. 
 
Gabarito 
5. Correlacione a subordinação do setor de Compliance à alta direção da empresa com a efetividade do programa de 
integridade. 
 
Gabarito 
6. Cite uma ação de Compliance para a redução de riscos à empresa. 
 
Gabarito 
Créditos 
 
Redator: Aderbal Bezerra 
Web Designer: Roberto Bindes Jr 
Designer Instrucional: Eduardo Passos 
Programador: Rostan Luiz 
 
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Disciplina: Investigação, Compliance e Lei Anticorrupção 
Aula 7: Implementação do Programa de Integridade – parte 1 
Apresentação 
Quero iniciar a apresentação desta aula buscando a sua reflexão a partir de um caso concreto. Imagine uma situação 
hipotética em que determinada instituição governamental esteja fazendo pesquisas de mercado a respeito de um 
produto de seu interesse. 
Para tanto, essa instituição contatou três empresas que comercializavam esse tipo de produto, havendo algumas 
diferenças entre elas. Cabe esclarecer que essa fase de pesquisa mercadológica antecede a fase licitatória, e o 
documento pertinente a essa fase é o Termo de Referência (TR). 
O servidor responsável por essas pesquisas de mercado recebeu um “presente” do representante de uma das empresas 
interessadas em contratar com a administração pública, a fim de influenciá-lo em sua decisão. 
Ao elaborar o TR, o servidor público produziu o documento de forma tendenciosa, de maneira a beneficiar a empresa 
da qual recebeu o “presente”. 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula6.html
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Por conta disso, as outras empresas acabaram por ficar excluídas do processo licitatório e, já na fase do pregão, a 
empresa beneficiada participou de todo o processo sem nenhuma outra concorrente. Qual o resultado dessa história? 
Essa empresa venceu o pregão, até mesmo porque não havia outra empresa competindo, com as mesmas características 
do seu produto, e ela enfim celebrou contrato com aquela instituição governamental. 
Agora, eu pergunto a você, algum desses dois personagens foi antiético na sua conduta? Algum dos dois cometeu 
crime? Qual dos dois está passível de responsabilização criminal? Imagine que a empresa desconhecia a atitude de seu 
funcionário e esse caso veio à tona, com grande repercussão na mídia. A empresa está isenta de qualquer 
responsabilidade pelo ato do seu empregado ou responderá também? 
Você aprenderá também nesta aula sobre a política referente à oferta de hospitalidade ou presentes a servidores 
públicos, e quero que você se lembre desse caso para melhor compreensão do conteúdo que você estudará. Ok? Bons 
estudos! 
 
Objetivos 
• Identificar a importância da ética no contexto das ações de conformidade; 
• Averiguar as fases de elaboração de um programa de integridade; 
• Reconhecer o direcionamento das ações voltadas para a redução dos riscos, desenvolvidas pelo Departamento de 
Compliance. 
Implementação do Programa de Integridade 
O ponto central desta aula se concentra na execução de um Programa de Integridade de uma empresa, devendo-se 
sempre levar em consideração a previsão do Decreto nº 8.420 de 18 de março de 2015, especificamente no parágrafo 
único do art. 41, verdadeiro balizador de um efetivo programa de integridade. 
Exemplo 
O parágrafo único supracitado traz tópicos importantes que direcionam os trabalhos realizados pelo departamento 
responsável pelo programa; veja: 
• A construção efetiva de um programa de integridade único e individualizado, o qual deve ser rigorosamente seguido 
por todos na empresa, voltado unicamente para o alcance de seus objetivos, dispensando-se um programa permeado 
pelas generalidades que buscam atender várias empresas pelo mesmo programa; 
• Individualização da análise de riscos para cada organização, demonstrando que cada empresa tem suas 
peculiaridades e consequentemente seus próprios riscos; 
• Uma vez instrumentalizado o programa de integridade, este não pode ficar desatualizado na empresa, devendo 
sempre ser atualizado no que diz respeito aos novos riscos que porventura possam surgir. Um bom programa de 
integridade é aquele em constante atualização, com monitoramento constante das áreas ou situações sensíveis que 
expõem a organização. 
Não diria a você que o conteúdo do parágrafo único do Art. 41, bem como o caput do próprio artigo, sejam princípios. 
Entretanto, suas orientações norteiam e iluminam a caminhada do profissional de compliance em uma organização. 
Elementos básicos de um Programa de Integridade 
Feita a análise introdutória do conteúdo que será tratado nesta aula, vamos dar prosseguimento à implantação do 
programa de integridade com elaboração de suas regras e as ferramentas que estão disponíveis para o alcance dos seus 
objetivos. 
Lembre que cada empresa tem seu próprio negócio com suas respectivas 
peculiaridades, e por consequência seus próprios riscos também. Sendo assim, o que 
será apresentado é uma orientação básica que deverá ser direcionada às 
características específicas, bem como aos riscos a que cada empresa está sujeita. 
Você será apresentado agora aos elementos básicos que devem conter um programa de integridade, quais sejam: 
código de ética e de conduta, regras, políticas e procedimentos de redução de riscos, comunicação e treinamento, 
canais de denúncias, medidas disciplinares e ações de remediação. 
Código de ética e de conduta 
Dentro do que se pode chamar de elementos básicos do programa de integridade, tem-se, inicialmente, a elaboração e 
implementação de um código de ética e de conduta organizacional. 
Este documento vai nortear as ações e comportamentos dos funcionários da empresa, trazendo em seu bojo alguns 
aspectos como a missão da organização, valores éticos, as condutas que se esperam naquele ambiente de trabalho, bem 
como os comportamentos que são terminantemente proibidos pela organização. 
Como falar de um código de ética sem trazer à discussão o seu significado? Veja o que é ética, de acordo com o site 
Código de Ética: 
Ética vem do grego ethos e significa caráter, comportamento. O estudo da 
ética é centrado na sociedade e no comportamento humano. As reflexões 
sobre esse tema começaram na antiguidade; os filósofos mais famosos, 
como Demócrito e Aristóteles, falaram sobre a ética como meio de 
alcançar a felicidade. 
Com a introdução do cristianismo como religião oficial no ocidente, a ética 
passou a ser interpretada a partir dos mandamentos documentados nas 
leis sagradas. 
O pensamento ético busca julgar o comportamento humano, dizendo o que 
é certo e errado, justo e injusto. A busca pela ética se traduz pelas escolhas 
que o homem faz. As opções certas leva-nos a um caminho de virtude, 
verdade e às relações justas. 
O estudo da éticanão é só explorado pela filosofia, mas diversos 
profissionais se dedicam a ela (sociólogos, antropólogos, psicólogos, 
biólogos, médicos, jornalistas, economistas etc.) principalmente pelo fato 
de cada área ter um código para delimitar as ações daquela profissão. 
A função do pensamento ético, portanto, é manter a ordem social. Embora 
não mantenha relação direta com a lei propriamente dita, a ética é 
construída ao longo da história, galgada nos valores e princípios morais de 
determinada sociedade. 
Os códigos éticos visam proteger a sociedade das injustiças e do 
desrespeito em qualquer esfera social, seja no ambiente familiar ou 
profissional. 
 
O termo “ética” está relacionado aos valores morais e princípios que orientam a conduta humana em sociedade. A ética 
contribui para o equilíbrio e o bom funcionamento social, objetivando o bem da coletividade. Sob a ótica filosófica, a 
ética é a ciência responsável por estudar valores e princípios morais de determinada sociedade, apontando o que é o 
bem e o que é o mal, o que é o comportamento certo e o que é o errado. 
Uma vez que a ética está relacionada à integridade da ordem social, baseada em valores e princípios morais de 
determinada sociedade, trazendo esses aspectos para a ética corporativa, pode-se dizer que, do ponto de vista ético de 
determinada empresa, seus valores e princípios visam manter a lisura, a transparência nos negócios, sob pena de 
macular sua reputação. 
Indicar para o funcionário que sua conduta traz reflexos à organização, positiva ou negativamente, é uma das formas 
que se tem de conscientizá-lo de seu papel. Fazê-lo entender que seu comportamento ético e profissional é fundamental 
para o sucesso do programa de integridade é uma das atribuições do profissional de compliance. 
Segundo os dizeres de Negrão e Pontelo (2017, p. 164), as empresas, por meio dos regulamentos internos em vigor, 
norteiam os trabalhos realizados sob o ponto de vista da ética, com ações educativas, atualizando e aperfeiçoando suas 
normas internas, bem como da apuração e aplicação das penas cabíveis nos casos de infrações éticas. De acordo com as 
autoras. 
Muitos esforços são empreendidos para conseguir que cada empregado 
tenha consciência da importância da ética no trabalho e na sua postura 
perante a realização de suas atividades 
 
Veja que não basta a criação de um “gelado” código contendo normas imperativas para toda a empresa. É necessário 
que este código seja apresentado de forma que o funcionário seja estimulado a cumpri-lo. 
De acordo com o Manual de Programa de Integridade: Diretrizes para Empresas Privadas, é de grande importância que 
“tais padrões de comportamento sejam claros, sejam seguidos por todos e que se encontrem também amplamente 
acessíveis ao público externo, em especial aos parceiros de negócios e clientes”. 
Tomando por base a Lei Anticorrupção, o código de ética a ser implementado pela empresa deve conter importantes 
itens, dentre os quais podemos citar: 
1 
Princípios e valores ligados ao código de ética e de conduta. 
2 
Políticas da organização no tocante à prevenção de fraudes e de outros tipos de ações ilícitas, principalmente em 
situações que envolvam o relacionamento da empresa com órgãos públicos. 
3 
Vedações expressas a atos que dizem respeito a oferta, ainda que indiretamente, de vantagem indevida a servidor 
público. 
4 
Proibição de fraudar licitações e contratos celebrados com o poder público, bem como oferecer qualquer vantagem 
indevida a licitante concorrente 
5 
Ampla divulgação da existência e funcionamento de um canal de denúncias anônimo, disponível para funcionários, 
bem como para terceiros. Este canal deve conter ainda norma proibindo qualquer tipo de conduta que atente contra ele 
ou a quem dele fizer uso, bem como o amplo esclarecimento de medidas de proteção para quem utilizá-lo; 
http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/etica-e-integridade/arquivos/programa-de-integridade-diretrizes-para-empresas-privadas.pdf
6 
Previsão de sanções disciplinares para os casos de descumprimento das normas da organização. 
 
 Fonte: Freepic 
Regras, políticas e procedimentos de redução de riscos 
O código de ética e de conduta deve prever as regras, as políticas, bem como os procedimentos da empresa, no que diz 
respeito à prevenção e detecção de irregularidades, tomando por base os riscos levantados anteriormente, na análise de 
riscos. 
O Manual de Programa de Integridade: Diretrizes para Empresas Privadas apresenta alguns exemplos de políticas de 
redução de riscos que podem ser utilizados na elaboração do código de ética e de conduta da organização. Entretanto, 
deverá sempre ser considerado tanto o seu perfil organizacional quanto os seus riscos ao estruturá-las, como segue. 
 Clique nos botões para ver as informações. 
Política referente ao relacionamento com órgãos e servidores públicos 
Política referente à oferta de hospitalidade ou presentes a servidores públicos 
Política referente a registros e controles contábeis 
http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/etica-e-integridade/arquivos/programa-de-integridade-diretrizes-para-empresas-privadas.pdf
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula7.html#collapse1
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula7.html#collapse2
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula7.html#collapse3
Política referente à contratação de terceiros 
Política referente a fusões, reestruturações e aquisições societárias 
Due Dilligence de Compliance 
É importante ressaltar que, da mesma forma que se faz necessário o acompanhamento no processo de contratação de 
um futuro funcionário a fim de prevenir atos de corrupção, e consequentemente impedir a responsabilização da 
empresa por crimes praticados por seus funcionários, esse dever de cuidado também é necessário quando se tratar de 
contratação de terceiros ou ainda de fusão ou aquisição societária. 
Para tanto, é imprescindível o que se tem conhecido como Due Diligence de Compliance, ou seja, a devida diligência 
no sentido de evitar vulnerabilidades que exponham a riscos à imagem da empresa. 
Em consulta ao site Jota, verifica-se que a Due Diligence de Compliance, além da análise jurídica de processos e 
documentos, para prevenção de possíveis riscos, deve também, e principalmente, mapear os relacionamentos da 
empresa “alvo” e de seus colaboradores com servidores públicos, autoridades e com a própria administração pública, 
se essa relação for rotineira por conta de setores tais como concessões, energia e educação. 
A atividade de Due Diligence de Compliance é tão importante que pode influenciar diretamente na decisão da empresa 
em contratar ou adquirir uma nova empresa para a realização de suas atividades. 
Em consulta ao texto intitulado Compliance e Due Diligence: Conhecendo melhor os parceiros comerciais, verificou-
se um conceito bem interessante dessa atividade de assessoramento e prevenção: 
A expressão inglesa Due Diligence, em tradução literal, significa 
“diligência prévia”. Seu procedimento se trata de uma avaliação de risco 
prévia a uma contratação, uma aquisição, uma celebração de parceria, a 
formação de um consórcio de empresas, enfim, sempre que se tenha um 
relacionamento jurídico e comercial relevante entre partes. 
 
Política referente a doações e patrocínios 
Uma empresa que tem seu programa de Compliance deve estar sempre alerta para não ser responsabilizada por práticas 
de fraude ou de corrupção. Para tanto, se a empresa vai realizar algum patrocínio, financiamento ou doação, é 
importante checar o histórico do beneficiado; dessa forma, é possível prevenir aborrecimentos futuros. Sobre a política 
de doações e patrocínios, veja o que estabelece a Política de doações, contribuições e patrocínio da Engepack: 
Para os fins dessa política, quando forem realizadas quaisquer 
contribuições e/ou doações sem caráter político-partidário, os 
procedimentos a serem observados são os seguintes: 
a) Toda contribuição/doação deverá ter a avaliação formal do 
Departamento de Compliance e aprovação da Diretoria da Engepack; 
b) Os pedidos devem ser cuidadosamente analisados, para que se verifique 
que a contribuição e/ou doação não redundarão em benefício pessoal de 
agente público ou de qualquer pessoa que tenha relação direta ou indireta 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula7.html#collapse4
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula7.html#collapse5
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/coluna-do-tauil-chequer/compliance-anticorrupcao-em-due-diligence-de-ma-24112017
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/colunas/coluna-do-tauil-chequer/compliance-anticorrupcao-em-due-diligence-de-ma-24112017
http://www.engepack.com.br/politicaintegridade/doacoes.pdf
com o agente público e se a instituição beneficiada está devidamente 
registrada nos termos da legislação aplicável; 
c) Toda contribuição e/ou doação deve ser feita à instituição devidamente 
registrada nos termos da legislação aplicável; 
d) É vedada que a contribuição e/ou doação destinada à instituição de 
caridade seja feita em nome de pessoa física e, em nenhuma circunstância, 
o pagamento poderá ser feito em dinheiro ou depósito bancário em conta 
corrente pessoal; e 
e) É obrigatória a obtenção de comprovante de recebimento da 
contribuição e/ou doação beneficente detalhado e assinado pelo 
administrador legalmente constituído da instituição que deverá ser 
arquivado na Engepack. 
 
A empresa deve atuar sempre com transparência, detalhando o que foi doado, para quem foi doado e de que forma 
ocorreu a doação, de modo a prevenir a prática de atos ilícitos nesses repasses. 
Atividade 
1. Marque a alternativa incorreta: 
ACESSIBILIDADE: A+ A- 
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Disciplina: Investigação, Compliance e Lei Anticorrupção 
Aula 8: Implementação do Programa de Integridade – parte 2 
Apresentação 
Você sabe o que é comunicação? E treinamento? Certamente sim! Nesta aula, você aprenderá o que vêm a ser 
comunicação e treinamento em um programa de integridade e sua importância para o êxito desse programa. 
Ao longo desta aula, você entenderá que esses dois assuntos são interdependentes e que, caso um deles seja feito de 
forma deficiente, os objetivos do programa provavelmente não serão alcançados. Quer conhecer mais? Avante! 
 
Objetivos 
• Enumerar as fases de elaboração de um programa de integridade; 
• Reconhecer a importância das ações desenvolvidas pelo Departamento de Compliance, voltadas para a redução 
dos riscos; 
• Identificar a importância da prevenção da imagem da empresa, por meio do combate à fraude e à corrupção. 
Implementação do Programa de Integridade 
Comunicação 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula8.html
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula8.html
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula8.html
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/galeria/aula1/anexo/aula1.pdf
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula8.html
Dando continuidade ao tema “implementação do programa de integridade”, vamos tratar a partir de agora da 
importância da comunicação e do treinamento. Os temas “comunicação e treinamento” geralmente compõem um único 
assunto de estudo. Os programas de integridade de algumas empresas apresentam tanto a comunicação quanto o 
treinamento em um mesmo tópico; entretanto, para fins didáticos e para a sua melhor aprendizagem, estes temas serão 
tratados em tópicos distintos. 
Por falar em comunicação, você sabe o que é comunicação? Pois bem, de acordo com o dicionário do Aurélio, 
comunicação tem os significados a seguir: 
1 
Pôr em comunicação. 
2 
Participar, fazer saber. 
3 
Pegar, transmitir. 
4 
Estar em comunicação. 
5 
Corresponder-se. 
6 
Propagar-se. 
7 
Transmitir-se. 
Logo, podemos entender “comunicação” como fazer saber, transmitir ou propagar alguma norma, orientação ou 
determinação. O sucesso ou não do programa de integridade está relacionado também com a forma como ele é 
difundido ao corpo de funcionários da empresa. 
É muito importante que você sempre se lembre de que a comunicação é uma via de mão dupla. Nela existem alguns 
elementos necessários a esse processo. Por exemplo: há o emissor e o receptor da mensagem, a mensagem 
propriamente dita e o canal pelo qual ela se propagará. 
Podemos dizer em suma que a mensagem deve ser enviada pelo emissor e entendida pelo receptor. Se houver nesse 
canal de transmissão alguma coisa que impeça ou prejudique a compreensão da mensagem pelo receptor, dizemos que 
houve ruído na comunicação. 
Esse ruído faz com que a mensagem chegue distorcida ao receptor, que 
consequentemente fará uma interpretação equivocada dela. Saiba que o ruído, uma 
vez que tenha ocorrido, prejudica a comunicação, que deixa de ser eficaz. 
Agora pense: se precisamos da comunicação para que o programa de integridade de uma empresa tenha sucesso, que 
sucesso terá esse programa se a mensagem não for bem compreendida pelo receptor? Uma boa maneira de verificar se 
a mensagem transmitida foi bem compreendida se dá por meio do feedback. Você sabe o quer dizer feedback? Veja o 
que diz o site Significados. 
https://www.significados.com.br/feedback/
Na área da comunicação, o feedback é um dos elementos presentes no 
processo de comunicação, no qual um emissor envia uma mensagem para 
um receptor, através de um determinado canal. A mensagem poderá ser 
alterada por algum tipo de barreira (ruído), condicionando então sua 
interpretação por parte do receptor. Depois de interpretada, o receptor 
termina o processo de comunicação com o feedback - a resposta ou reação 
do receptor à mensagem enviada. 
 
Portanto, lembre-se de que o feedback — resposta ou reação do receptor à mensagem enviada — é fundamental para 
avaliar a eficácia da comunicação. 
Quanto ao elemento comunicação, integrante de qualquer programa de integridade, Negrão e Pontelo (2017, p. 179) 
ensinam que, para que um determinado programa de integridade atinja os objetivos que foram traçados, é essencial que 
haja comunicação. Entretanto, essa comunicação deve acontecer de forma constante, do corpo de funcionários à alta 
direção da empresa, alcançando até mesmo o seu presidente. Mas o que vem a ser essa “comunicação”? Seria ela a 
transmissão de alguma mensagem, de um emissor a um determinado receptor? 
Na verdade, a comunicação, de que trata este tópico da aula, se refere ao exercício de divulgação do código de ética e 
de conduta da empresa, da atividade de Compliance para os funcionários, da importância de se observar políticas, 
regras e procedimentos, devendo-se expor também os benefícios de se cumprir o que foi estabelecido e as penalidades 
impostas aos que não cumprirem. 
Nessa comunicação, inclui-se também a prestação de contas semanal ou anual do trabalho realizado pelo departamento 
de Compliance e os resultados alcançados. 
Agora que você sabe o que é comunicação, pergunta-se: como essa comunicação deve se realizar? Pois não é razoável 
que se tenha um código de ética atualizado com boas políticas, com regras e procedimentos eficazes voltados para a 
mitigação dos riscos que uma empresa esteja sujeita se esse conjunto de atos planejados pelo Departamento de 
Compliance da empresa não estiver tangível. 
Em outras palavras, esse conjunto de ações deve estar acessível a todos os funcionários, com uma linguagem que pode 
ser compreendida por todos da empresa. A veiculação desse conjunto deve ser possível também. Não basta que se 
tenha um código de ética bem atualizado, políticas, regras e procedimentos bem definidos se todo esse material não 
estiver ao alcance dos funcionários. 
Não basta ter toda essa coletânea, fazer a divulgação dela e não verificar a receptividade dos empregados da 
organização. É fundamental, nesse caso, que se tenha o feedback dos receptores desse código e de todas as normas 
envolvidas. 
Com essa resposta dos funcionários, que são os receptores nesse processode comunicação, deve ser feito, caso haja 
necessidade, o ajuste da linguagem utilizada para transmitir o que é importante, desde a escolha do melhor canal de 
veiculação das mensagens até a identificação de alguma outra barreira que esteja prejudicando ou possa vir a prejudicar 
todo esse ciclo. 
Leia o texto O que a Siemens faz para (tentar) evitar fraudes na empresa. Veja que interessante a maneira como a 
empresa busca obter o feedback de seus funcionários: 
A comunicação interna é feita por meio de gibis, e-mails semanais com 
simulações de casos e uma gincana de Compliance online que teve uma 
adesão voluntária de 2,4 mil funcionários da companhia. Ao todo, eles são 
cerca de 10 mil. Já os treinamentos, que abrangem toda a equipe da 
empresa, contam com provas para certificar se o conhecimento foi 
https://exame.abril.com.br/negocios/o-que-a-siemens-faz-para-tentar-evitar-fraudes-na-empresa
absorvido e está sendo colocado em prática. Se nada disso funcionar, a 
Siemens conta com algumas ferramentas para identificar suspeitas de 
irregularidades. 
 
O Programa de integridade: Diretrizes para empresas privadas retrata de forma bastante clara como a comunicação, ora 
tratada, deve ser e estar acessível a todos da empresa. 
De acordo com o referido manual, os documentos relacionados ao programa de integridade devem estar disponíveis e 
acessíveis a todos, por exemplo, no site da empresa ou em sua rede interna. 
Deve-se considerar ainda que nem todos os funcionários tenham acesso a computadores, devido ao tipo de trabalho que 
desempenham. Por isso, a organização deverá disponibilizar material impresso contendo toda a documentação 
pertinente ao assunto, a qual deverá estar posta ou afixada em local visível a todos. 
A comunicação a que se refere este tópico diz respeito à acessibilidade, que nesse caso, não se trata apenas de estar 
visível e palpável a todos, e sim que esta coletânea de documentos deve possuir uma linguagem clara e interativa de 
modo a alcançar todos os funcionários dos mais variados segmentos da empresa, não deixando margens para dúvidas 
ou interpretações equivocadas. 
Sugere ainda esse manual que a veiculação de todo esse conteúdo pode se dar por “jornais internos, cartazes, e-mails e 
notícias na rede corporativa”. Os funcionários e clientes devem saber que a empresa possui um canal de denúncias, 
bem como de uma política de preservação daqueles que vierem a fazer algum tipo de denúncia. 
Treinamento 
Tema muito importante também na implementação de um programa de Compliance, diz respeito ao treinamento de 
todos os funcionários da empresa. Nenhuma ação ou processo terá efetividade se não houver treinamento. Não basta 
ter um conjunto de normas, orientações e políticas se o pessoal da empresa não sabe como cumpri-lo. 
Negrão e Pontelo (2017, p.180) afirmam que todo treinamento de Compliance deve ser direcionado para toda a 
empresa, dos empregados à alta direção, para clientes e fornecedores também. Não há obrigatoriedade de que o 
treinamento seja presencial; pode ocorrer também à distância. O conteúdo e a linguagem do material elaborado para o 
treinamento deverá ser adequado ao público que dele se utilizará. 
O treinamento do pessoal (Recursos Humanos) é imprescindível 
para que o código de ética seja cumprido, que as normas sejam 
observadas, enfim, para que o programa de integridade da empresa 
tenha êxito, e que assim, os casos de fraude e de corrupção, entre 
outras situações que possam lesar a administração pública, sejam 
evitados ou reprimidos. 
 
 Fonte:Pixabay 
O Manual de programa de integridade: Diretrizes para empresas privadas orienta que, em casos de prevenção a fraudes 
e corrupção em licitações e contratos, ou ainda em relação ao controle dos registros contábeis, é conveniente que a 
empresa faça treinamentos específicos para o setor que lida com esse tipo de atividade. 
Durante o treinamento, o funcionário deve ser colocado em contato com atividades práticas e com estudos de caso que 
o façam solucionar problemas que porventura ocorram. 
Da mesma forma, não basta que o funcionário seja treinado uma vez apenas. O treinamento deve acontecer de maneira 
periódica, de modo que, ao mesmo tempo em que os novos funcionários são treinados, os mais antigos se mantenham 
atualizados. 
Esse treinamento não é facultativo: a empresa pode obrigar que seus funcionários participem dele. 
Entretanto, por mais que o Compliance obrigue o funcionário a realizar os treinamentos, o Compliance officer, que é o 
responsável pelo Departamento de Compliance da empresa, deve agir com muita habilidade; ele deve ter poder de 
convencimento do corpo de funcionários. 
Simplesmente impor todas as normas e procedimentos, puramente porque se deve cumprir, não é a melhor maneira. O 
ideal é criar, em cada pessoa que realiza o treinamento, a consciência de que a sua ação individual associada à ação 
individual do outro, e do outro, e do outro, ao final, cria um conjunto de boas ações que beneficia a todos. 
 
 Fonte:Pixabay 
Uma estratégia que pode ser utilizada é motivar os empregados a realizar o treinamento, atrelando a ascensão 
profissional do funcionário, por exemplo, à realização do treinamento em períodos regulares. 
A empresa deve procurar atrair o interesse do funcionário ao treinamento, mostrando-lhe a importância e os benefícios 
que essa capacitação lhe trará. O sentimento de pertencimento é uma boa estratégia para trazer o funcionário para as 
ações de conformidade. Porém, ele deve estar ciente de que ações incompatíveis com as políticas e regras da empresa 
são passíveis de sanções. Veja o que diz o Programa Petrobras de Prevenção da Corrupção sobre o treinamento de seus 
funcionários: 
Disseminamos a cultura de controle e conformidade por meio de ações 
institucionais, que incluem cursos presenciais, palestras, 
videoconferências, campanhas, comunicados, publicações, entre outras 
modalidades e formas, as quais contêm assuntos comuns a todos os 
empregados, de todos os níveis hierárquicos, e específicos aos que 
desenvolvem atividades com maior exposição ao risco de fraude, 
corrupção e lavagem de dinheiro. 
Nosso objetivo é aprofundar o conhecimento dos empregados quanto às 
exigências e responsabilidades legais, bem como quanto às diretrizes 
corporativas, capacitando-os a identificar, prevenir, tratar e comunicar 
situações de risco ou com indícios de fraude, corrupção ou lavagem de 
dinheiro nos negócios da companhia. 
http://transparencia.petrobras.com.br/sites/default/files/02_Manual%20PPPC%20Portugue_s%20-%20072016.pdf
Como você pode ver, a Petrobras procura fazer com que seus funcionários “adquiram” a cultura de Compliance. Essa é 
a ideia: fazer com que as coisas sejam feitas, não somente porque se tem que fazer, e sim porque há um consenso 
coletivo da importância de se estar em conformidade. 
Como você pode ver, segue mais um exemplo da Petrobras: o texto Treinamento em Compliance é uma estratégia 
essencial, disponível no site Época Negócios, indica as várias maneiras que a Petrobras tem buscado capacitar seu 
pessoal. Essa capacitação pode ocorrer por meio de palestras e campanhas, cursos presenciais, videoconferências e 
publicações, visando difundir a “cultura” de controle (prevenção) e conformidade (Compliance). 
Outra forma de capacitação que a Petrobras tem utilizado é aquela realizada por meio de plataforma virtual de ensino a 
distância, objetivando robustecer as condutas positivas, apresentando situações de rotina da empresa, possíveis ciladas 
e escolhas. A holding busca abordar temas importantes e atuais, como por exemplo, os que tratam de recebimento e 
oferecimentos de presentes e brindes, a utilização de informações privilegiadas, o pagamento ou recebimento de 
propinas, entre outros. 
As empresas têm se esforçado cada vez mais para preparar seu corpo de funcionários de modo a prevenir, ao máximo, 
ações que envolvam fraude e corrupção. 
O artigointitulado Treinamento em Compliance é estratégia essencial, que traz o professor do curso de Compliance da 
Faculdade de Negócios e Administração Pública da Universidade Drake, situada em Iowa, Doug Bujakowski, defende 
que “as corporações precisam de educação em Compliance”. 
Essa afirmação do professor Bujakowski é bem interessante e encontra voz também no texto Educação e Compliance: 
o combate à corrupção no Brasil. 
Esse artigo diz que o Compliance é o que se tem de mais rápido e direto, atualmente, para fiscalizar o âmbito interno 
de uma empresa, prevenindo-se assim os casos de corrupção praticados em conluio com servidores públicos. Com a 
reeducação dos funcionários, ainda segundo o texto, é provável que consigamos trabalhar “em ambientes 
completamente transparentes e éticos, acabando com o famoso ‘jeitinho brasileiro’ de resolução de problemas e 
conflitos”. 
Atividade 
1. Sobre a Comunicação, assinale a alternativa INCORRETA: 
a) Pode-se compreender “comunicação” como fazer saber, transmitir ou propagar alguma norma, orientação ou 
determinação. 
b) A comunicação é uma via de mão dupla, na qual existem alguns elementos necessários a esse processo. Por 
exemplo: há o emissor, o receptor, a mensagem e o canal pelo qual ela se propaga. 
c) Pode-se dizer que a mensagem deve ser enviada pelo emissor e compreendida pelo receptor. Se houver algo que 
impeça ou prejudique a compreensão da mensagem pelo receptor, dizemos que houve ruído na comunicação. 
d) O ruído faz com que a mensagem chegue distorcida ao receptor, que consequentemente fará uma interpretação 
equivocada desta. 
e) Uma boa maneira de verificar se a mensagem transmitida foi bem compreendida se dá por meio do treinamento. 
 
Gabarito 
2. Assinale a alternativa correta: 
a) Para que um programa de integridade atinja os objetivos que foram traçados, é essencial que haja reflexão. 
Entretanto, essa reflexão deve acontecer de forma constante, do corpo de funcionários à alta direção da empresa, 
alcançando até mesmo o seu presidente. 
b) O treinamento em um programa de integridade se refere ao exercício de divulgação do código de ética e de 
conduta da empresa, da atividade de Compliance para os funcionários, da importância de observar políticas, regras e 
procedimentos, devendo-se expor também os benefícios de se cumprir o que foi estabelecido e as penalidades impostas 
aos que não cumprirem. 
http://epocanegocios.globo.com/Publicidade/Petrobras/noticia/2017/12/treinamento-em-compliance-e-estrategia-essencial.html
http://www.boardplace.com.br/artigos/treinamento-em-compliance-e-estrategia-essencial/
http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI270843,21048-Educacao+e+compliance+o+combate+a+corrupcao+no+Brasil
http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI270843,21048-Educacao+e+compliance+o+combate+a+corrupcao+no+Brasil
c) Na comunicação de um programa de integridade, inclui-se também a prestação de contas diária ou semanal do 
trabalho realizado pelo departamento de auditoria e seus resultados alcançados. 
d) Em se tratando de comunicação, é importante que se tenha um código normativo atualizado com boas políticas, 
com regras e procedimentos eficazes voltados para a identificação dos riscos s que a empresa esteja sujeita. 
e) Não basta possuir um programa de integridade, fazer a divulgação dele e não verificar a receptividade dos 
empregados da organização. É fundamental, nesse caso, que se tenha o feedback dos receptores desse código e de 
todas as normas envolvidas. 
 
Gabarito 
3. Assinale a opção INCORRETA: 
a) Nenhuma ação ou processo terá efetividade se não houver treinamento. Não basta que a empresa tenha um 
conjunto de normas, orientações e políticas se o pessoal não sabe como cumpri-lo. 
b) Todo treinamento de Compliance deve ser direcionado para toda a empresa, dos empregados à alta direção, para 
clientes e fornecedores também. 
c) Não há uma obrigatoriedade que o treinamento seja presencial; ele pode ocorrer também a distância. 
d) O conteúdo e a linguagem do material elaborado para o treinamento deverá ser o mais formal possível, devendo 
ser observadas todas as normas gramaticais da língua portuguesa. 
e) Durante o treinamento, o funcionário deve ser colocado em contato com atividades práticas e com estudos de 
caso que o façam solucionar problemas que porventura possam ocorrer. 
 
Gabarito 
4. Comente sobre a importância do feedback em um programa de integridade. 
 
Gabarito 
5. O que vem a ser a Comunicação em um programa de integridade? 
 
Gabarito 
6. Qual a importância do treinamento para a efetividade do programa de integridade de uma empresa? 
 
Gabarito 
Créditos 
 
Redator: Aderbal Bezerra 
Web Designer: Roberto Bindes Jr 
Designer Instrucional: Eduardo Passos 
Programador: Rostan Luiz 
 
Referências 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula8.html
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula8.html
 
 
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Disciplina: Investigação, Compliance e Lei Anticorrupção 
Aula 9: Implementação do Programa de Integridade – parte 3 
Apresentação 
Nesta aula, você aprenderá sobre os últimos elementos básicos de um programa de integridade e verificará também 
sobre a importância de um canal de denúncias, no qual o funcionário ou qualquer pessoa que tome conhecimento de 
alguma prática fraudulenta ou de corrupção cometida por um empregado da empresa possa relatar sobre o que sabe 
com segurança e confidencialidade. 
Você estudará ainda sobre as medidas disciplinares a que estão sujeitos os funcionários que venham a praticar algum 
crime durante o seu exercício profissional. Por fim, aprenderá o que fazer naquelas situações em que determinado 
funcionário já tenha realizado alguma prática de fraude ou de corrupção, que são as chamadas ações de remediação. 
 
Objetivos 
• Enumerar as fases de elaboração de um programa de integridade; 
• Identificar a necessidade de implantar um programa de integridade na empresa; 
• Reconhecer a importância das ações desenvolvidas pelo Departamento de Compliance, voltadas ao combate da 
fraude e da corrupção. 
Implementação do Programa de Integridade 
Canais de denúncias 
Dando continuidade à implementação do programa de integridade, você estudará a partir de agora como se dá a 
estruturação do canal de denúncias, das medidas disciplinares e das ações de remediação em um programa de 
integridade. 
Saiba que um elemento fundamental de um programa de integridade, tanto em um órgão público quanto em uma 
empresa privada, chama-se canal de denúncias. Na verdade, no lugar de um canal, a empresa deve se valer de vários 
canais com a finalidade de receber denúncias de irregularidade, fraude ou prática de corrupção. Tais canais devem ser 
de amplo acesso de funcionários, terceiros e do público externo de maneira geral. 
Veja a seguir que a utilização de um canal de denúncias tem previsão legal, no inciso VIII do art. 7º da Lei 
12.846/2013, a saber: 
A existência de mecanismos e procedimentos internos de integridade, 
auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e a aplicação efetiva de 
códigos de ética e de conduta no âmbito da pessoa jurídica. 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula8.html
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula8.html
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula8.html
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http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula9.html
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http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula9.html
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/galeria/aula9/anexo/aula9.pdf
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula9.html
Da mesma forma, o canal de denúncias encontra amparo legal também no inciso X do Art. 42 do Decreto 8.420/2015. 
Canais de denúncia de irregularidades, abertos e amplamente divulgados 
a funcionários e terceiros, e de mecanismos destinados à proteção de 
denunciantesde boa-fé. 
Verifique, ainda, que a Controladoria Geral da União elaborou um manual de programa de integridade para empresas 
privadas. Esse manual é bem claro no sentido de que o sucesso de um programa de integridade em uma empresa 
depende da existência de um espaço que permita que qualquer pessoa, seja ela funcionária da própria empresa ou 
pessoa externa a ela, possa denunciar com segurança e confiabilidade qualquer tipo de conduta irregular ou prática de 
corrupção ou fraude que tenha sido realizada por qualquer integrante da empresa: 
A empresa pode também prever regras de confidencialidade, para 
proteger aqueles que, apesar de se identificarem à empresa, não queiram 
ser conhecidos publicamente. O bom cumprimento pela empresa das 
regras de anonimato, confidencialidade e proibição de retaliação é um 
fator essencial para conquistar a confiança daqueles que tenham algo a 
reportar. Além disso, é desejável que a empresa tenha meios para que o 
denunciante acompanhe o andamento da denúncia, pois a transparência 
no processo confere maior credibilidade aos procedimentos. 
É importante que você saiba que a Lei 12.846/2013 e, por consequência, o Decreto 8.420/2015 do manual de programa 
de integridade para empresas privadas sofreram influência de um instituto previsto em lei na Europa e nos Estados 
Unidos, conhecido como whistleblower. 
Ainda que as normas que tratam do combate à corrupção tenham sofrido inspiração do whistleblower e que nelas exista 
a previsão da criação do canal de denúncia, bem como da proteção que deve ser dada ao denunciante de boa-fé, aqui no 
Brasil ainda há um movimento de conscientização para que ele faça efetivamente parte do nosso ordenamento jurídico. 
Mas você deve estar mais uma vez se perguntando: se já existe a previsão da criação do canal de denúncias e a 
proteção ao denunciante, tudo isso previsto em lei, ainda assim se faz necessária a inclusão da figura 
do whistleblower no ordenamento pátrio? 
A resposta é sim, ainda assim essa proteção legal é necessária. Se fizermos uma comparação com o reportante nacional 
com o reportante dos EUA, por exemplo, o de lá tem uma série de leis que o amparam, e não é só isso, o reportante, 
como também é conhecido whistleblower, recebe uma recompensa pelos relatos feitos. 
Atualmente, nos EUA, se uma pessoa relata algum caso de corrupção que tomou conhecimento, dentro da sua empresa, 
ela recebe, por lei, proteção do Estado, tendo assim sua identidade preservada, evitando assim qualquer tipo de 
represália. Protege-se assim de punições ou prejuízos à sua vida profissional, como por exemplo, deixar de ser 
promovido ou até mesmo ser demitido. 
Voltando ao canal de denúncias propriamente dito, note que a empresa deve estar preparada para receber denúncias de 
práticas ilícitas por parte de funcionários, de diferentes formas, que incluem canais de denúncias pela internet, por 
telefone ou ainda por urnas, considerando que nem todos os funcionários têm acesso à internet, devido à natureza do 
trabalho que realizam. 
Leia o texto O que a Siemens faz para (tentar) evitar fraudes na empresa, que já foi apresentado a você na aula 8. Ele 
fala especificamente sobre o canal de denúncias daquela empresa, principalmente da relação de confiança que os 
funcionários depositam no departamento de compliance: 
O “coração” desse “sistema de detecção” é o canal de denúncias. Para que 
ele seja eficiente, a empresa diz que é preciso mais do que manter um e-
https://exame.abril.com.br/negocios/o-que-a-siemens-faz-para-tentar-evitar-fraudes-na-empresa
mail e número de telefone para relatos anônimos. Assim, ela diz ter 
construído uma ponte com os funcionários para que eles se sintam 
confiantes em procurar o time de compliance pessoalmente. 
Perceba como os fundamentos de Inteligência estão inseridos nas ações de Compliance. Note a expressão utilizada 
pelo Diretor de Compliance da Siemens para a América do Sul, Wagner Giovanini, quando se refere, neste fragmento 
de texto, ao canal de denúncia da empresa: “o coração desse sistema de detecção”. 
Conforme você já aprendeu em aulas passadas, a detecção é uma das medidas de Contrainteligência. Especificamente 
falando, a detecção é a primeira medida de segurança ativa, tendo por consequência sua segunda medida: a de 
neutralização da ação adversa, que no caso da nossa aula se refere às práticas ilícitas de corrupção envolvendo 
servidores públicos ou fraudes em licitações. 
É muito importante que você aprenda estes conceitos passados nas aulas e saiba identificar como a Inteligência está 
intimamente presente no dia a dia do Departamento de Compliance de qualquer empresa. 
Negrão e Pontelo (2017, p. 181) ensinam que pôr esses canais de denúncia em funcionamento não é uma faculdade 
para a empresa, uma vez que esta só tem a ganhar com eles. Porém, para que esses canais sejam ativados, o 
responsável por essa implantação deve responder algumas questões, como por exemplo: 
• Como as denúncias serão recebidas? 
• Como as denúncias recebidas serão registradas? 
• Quem irá investigar as denúncias chegadas: o Departamento de Compliance ou um setor próprio para isso? 
• Como será o feedback ao denunciante? 
É fundamental que o denunciante se sinta confortável e seguro para fazer a denúncia, devendo ser preservado o sigilo 
neste canal, pois ele deve atuar anonimamente. A confidencialidade deve ser regra nesta atividade, de modo que o 
empregado ou quem quer que utilize os canais de denúncias tenha confiança para relatar o que quiser sem correr o 
risco de ser identificado e sofrer qualquer tipo de retaliação. 
Considerando que os canais de denúncias poderão apontar diversas áreas da empresa que poderão estar com 
problemas, é conveniente fazer uma triagem e encaminhar o conflito para o setor que irá sanar o problema. 
Negrão e Pontelo defendem que o canal de denúncias é de vital importância para fazer a aproximação entre os 
funcionários da empresa com o Departamento de Compliance. Para isso, é necessário que haja confiança por parte de 
quem denuncia. Não apenas casos de fraudes ou de corrupção poderão ser denunciados, e sim qualquer fato que cause 
desequilíbrio ético no clima organizacional. 
Atenção 
Atente para um ponto muito importante e que deve ser levado em consideração e para sua vida profissional também: o 
feedback deve ser dado a quem faz uma denúncia. Essa ação gera confiança e segurança em quem denunciou, podendo 
fazer com que esses canais passem a ser utilizados com regularidade, devido a credibilidade desses canais, que tende a 
sempre aumentar. 
Medidas disciplinares 
As medidas disciplinares de um programa de integridade têm sua previsão legal no inciso XI do artigo 41 do Decreto 
nº 8.420/2015, devendo as mesmas ser aplicadas nos casos em que houver violação das regras do referido programa. 
Mas o que vem a ser uma medida disciplinar? 
De acordo com o artigo Medidas disciplinares e justa causa, medida disciplinar é a aplicação de uma sanção a um 
funcionário de determinada empresa. Essa medida poderá ser na forma de advertência, suspensão ou dispensa, em 
razão de uma conduta violadora do código de ética da empresa ou de seu regulamento interno. 
De acordo com o artigo referenciado, a medida disciplinar possui dupla finalidade: ao mesmo tempo que é punitiva, é 
também orientativa. Isso significa que ela deve ser proporcional à irregularidade praticada e produzir efeito psicológico 
capaz de coibir futuras ações inadequadas, seja no funcionário sancionado, seja em outros funcionários ou 
colaboradores que estejam sob a égide do código de ética e de conduta da empresa. 
Neste tópico da aula, trago para você mais um exemplo do Código de Conduta da Siemens, nesse caso, o seu código de 
conduta profissional, que prevê que o Compliance é um dever de todos os seus colaboradores. Esse código de conduta 
dispõe que todo e qualquer colaborador que agir com conduta irregular sofrerá as penalidades disciplinarespor 
consequência de seus atos. 
Veja também, na página 3 desse código, que a Siemens prega que tão importante quanto o cumprimento das normas 
legais é o cumprimento das normas éticas. Logo, ainda que as medidas disciplinares estejam previstas para os casos de 
violações do dever profissional, o que se pretende de cada funcionário, nesse caso, é uma conduta negativa, um “não 
fazer”. 
Vamos mencionar mais um pouco a Siemens, trazendo mais um exemplo. Ainda sobre o texto O que a Siemens faz 
para (tentar) evitar fraudes na empresa, a responsabilização de funcionários que venham a cometer alguma 
irregularidade é bastante incisiva: 
Comprovada a irregularidade, a Siemens aplica aos responsáveis punições 
que podem ir de medidas disciplinares a demissão e denúncia à polícia. 
Tudo depende da gravidade do problema e da posição dos infratores na 
hierarquia da empresa — quanto mais alta ela for, mais fortes são as 
consequências”. 
Já o Manual de programa de integridade para empresas privadas dispõe que as medidas disciplinares decorrentes da 
transgressão das regras do programa estejam previstas, de forma que essa previsão garante a integridade, a retidão do 
programa. 
Não basta a “previsão” de punição: tão importante quanto é a certeza da punição nos casos em que restou comprovada 
a prática de irregularidades. 
Nesse sentido, a cartilha Integridade para pequenas empresas trata esse tópico de maneira bem interessante. 
Ela traz um caso hipotético em que o funcionário de uma empresa teria transgredido uma regra relativa a processo 
licitatório, sem autorização de seu escalão superior, oferecendo presentes aos responsáveis em conduzir uma licitação, 
a fim de influenciar a decisão daqueles em favor de sua empresa. 
https://w3.siemens.com.br/home/br/pt/cc/Compliance/Documents/findIT_CL_CO_AT_55.pdf
https://exame.abril.com.br/negocios/o-que-a-siemens-faz-para-tentar-evitar-fraudes-na-empresa
https://exame.abril.com.br/negocios/o-que-a-siemens-faz-para-tentar-evitar-fraudes-na-empresa
http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/etica-e-integridade/arquivos/integridade-para-pequenos-negocios.pdf
 
Esse funcionário agiu consciente a todo o tempo, pois recebeu treinamento de como deveria pautar sua conduta acerca 
da política da empresa sobre licitações e contratos. Ele conhecia o código de ética da empresa e ainda assim violou as 
regras. 
E aí, o que deve ser feito neste caso? É evidente que a punição deve ser aplicada, de modo a sancioná-lo pela conduta 
inadequada que praticou, servindo de exemplo para que outros funcionários não o façam, bem como mostrar a 
efetividade do programa de integridade. 
A empresa não deve tolerar práticas como essa. Punições como advertência, suspensão ou demissão devem ser 
adotadas em casos como esse e, dependendo da gravidade da conduta do funcionário, eleva-se a intensidade da 
penalidade. Tais punições devem ser aplicadas a qualquer funcionário, até mesmo àqueles que ocupam altos cargos de 
direção. A regra vale para todos. 
Ações de remediação 
Uma vez detectados os indícios de práticas lesivas à administração pública, segundo o Manual de programa de 
integridade: Diretrizes para empresas privadas, a empresa deve realizar uma investigação interna. Deve haver uma 
previsão de normas na própria empresa dispondo de procedimentos que deverão ser adotados por ocasião da 
investigação, tais como prazos previstos para a conclusão da apuração, responsável por investigar e o destinatário dos 
resultados das investigações. 
De acordo com o manual, a empresa pode ser cientificada das irregularidades 
praticadas por seus funcionários ou colaboradores, por diversos canais, tais como: 
denúncias anônimas, investigações internas, constatação em auditorias e resultados 
dos monitoramentos do programa de integridade. 
Uma vez detectada a prática de ilícitos, durante as investigações, é necessário que a empresa adote medidas para 
interromper as irregularidades praticadas e tome providências no sentido de reparar os danos causados por elas. 
É recomendável também a atualização do programa de integridade, para impedir que essas ações lesivas à 
administração pública ocorram novamente. Além dessas medidas, deve a empresa informar as autoridades 
competentes, bem como cooperar com elas, comunicando-lhes o que restou apurando por conta da investigação interna 
realizada. 
O art. 7º, inciso VII da Lei 12.846/2013 prevê que a cooperação das pessoas jurídicas para a apuração das infrações 
será levada em consideração no caso de aplicação de sanções à empresa, as quais poderão ser diminuídas por conta 
dessa cooperação. 
A presente lei objetiva a constante vigilância por parte da empresa sobre a atuação de seus funcionários, de forma a 
prevenir e reprimir atos de qualquer natureza que possam lesar a administração pública, seja na realização de contratos 
com entes públicos ou em licitações. 
Pretende-se com tais medidas o resgate da ética e da boa-fé nas relações entre os setores públicos e privados, sendo 
necessário para isso que as empresas atuem em conformidade com as leis e normas previstas, sendo de suma 
importância a atuação efetiva do Departamento de Compliance. 
Atividade 
1. Assinale a alternativa INCORRETA: 
a) O canal de denúncia deve ser de amplo acesso a funcionários, terceiros e público externo, de uma maneira geral. 
b) O sucesso de um programa de integridade em uma empresa depende da existência de um espaço que permita 
que qualquer pessoa, seja ela funcionária da própria empresa ou externa a ela, possa denunciar com segurança e 
confiabilidade qualquer tipo de conduta irregular. 
c) O whistleblower, também conhecido como reportante, nada mais é do que o denunciante de boa-fé, ou seja, 
aquela pessoa que tomou conhecimento de alguma irregularidade ou crime e decidiu relatar espontaneamente sem 
nenhum interesse ou vantagem pessoal, simplesmente para cumprir seu dever de cidadão. 
d) O bom cumprimento pela empresa das regras de anonimato, confidencialidade e proibição de retaliação é um 
fator relativo para conquistar a confiança daqueles que tenham algo a reportar. 
e) O feedback deve ser dado a quem faz uma denúncia, ação que gera confiança e segurança em quem denunciou. 
 
Gabarito 
2. Assinale a alternativa INCORRETA: 
a) As medidas disciplinares de um programa de integridade têm sua previsão legal no inciso XI do artigo 41 do 
Decreto nº 8.420/2015, devendo as mesmas ser aplicadas nos casos em que houver violação das regras do referido 
programa. 
b) A medida disciplinar é a aplicação de uma sanção a um funcionário de determinada empresa, que poderá ser na 
forma de advertência, suspensão ou dispensa, em razão de uma conduta violadora do código de ética da empresa ou de 
seu regulamento interno. 
c) A medida disciplinar possui dupla finalidade, ao mesmo tempo em que é punitiva, é também orientativa. 
d) A medida disciplinar deve ser proporcional à irregularidade praticada e produzir efeito psicológico capaz de 
coibir futuras ações inadequadas, seja no funcionário sancionado, seja em outros funcionários ou colaboradores que 
estejam sob a égide da empresa. 
e) A medida disciplinar tem dupla finalidade: ao mesmo tempo em que é punitiva, é também repressiva. 
 
Gabarito 
3. Assinale a opção INCORRETA: 
a) Uma vez detectados os indícios de práticas lesivas à administração pública, a empresa deve realizar uma 
investigação interna. 
b) Deve haver uma previsão de normas na própria empresa dispondo de procedimentos que deverão ser adotados 
por ocasião da investigação, tais como prazos previstos para a conclusão da apuração responsável por investigar e o 
destinatário do resultado das investigações. 
c) A empresa pode ser cientificada das irregularidades praticadas por seus funcionários ou colaboradores por 
diversos canais, tais como: denúncias anônimas, investigações internas, constatação em auditorias e resultados dos 
monitoramentos do programa de integridade. 
d) Uma vez detectada aprática de ilícitos durante as investigações, é necessário que a empresa delegue a terceiros 
as medidas para interromper as irregularidades praticadas e tome providências no sentido de reparar os danos causados 
por elas. 
e) É recomendável também a atualização do programa de integridade para impedir que essas ações lesivas à 
administração pública ocorram novamente. 
 
Gabarito 
4. Cite os elementos básicos que compõem o programa de integridade que você estudou nesta aula e, de maneira 
objetiva, comente sobre a contribuição de cada um deles para o sucesso do programa. 
 
Gabarito 
5. Cite de forma objetiva uma finalidade de implantar um programa de integridade no âmbito da empresa. 
 
Gabarito 
6. Comente sobre o canal de denúncias e sobre as formas como ele pode ser utilizado, considerando que este deve ser 
acessível a qualquer pessoa que queira relatar alguma irregularidade. 
 
Gabarito 
Créditos 
 
Redator: Aderbal Bezerra 
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Designer Instrucional: Eduardo Passos 
Programador: Rostan Luiz 
 
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Disciplina: Investigação, Compliance e Lei Anticorrupção 
Aula 10: Crimes Envolvendo a Atividade do Setor de Compliance/ Integridade 
Apresentação 
Nesta aula, falaremos sobre os crimes com que o setor de Compliance pode se deparar no desempenho de suas 
atividades. Alguns deles têm como autores os agentes que trabalham no próprio setor. Outros, contudo, são cometidos 
por terceiros, mas interferem nas conclusões das atividades investigatórias. Alguns dos crimes a serem estudados, por 
exemplo, são o falso testemunho, falsa perícia, autoacusação falsa e a denunciação caluniosa. 
Desta forma, o objetivo desta aula é familiarizar você com as condutas que possam caracterizar crimes durante uma 
investigação, processo ou atividade pericial, alertando sobre como proceder diante de tais situações. Você deve ter em 
mente que uma perícia ou investigação de tais crimes pode levar a conclusões equivocadas e, o pior, acusar pessoas 
inocentes. 
 
Objetivos 
• Identificar os crimes previstos no Código Penal, assim como os previstos na legislação especial. 
Denunciação caluniosa 
A denunciação caluniosa visa impedir que se movimente a máquina pública investigativa e/ou judicial 
desnecessariamente. Além disso, ao investigado, uma eventual acusação falsa pode gerar um inquérito ou mesmo um 
processo que vai prejudicar a sua imagem e honra. 
Imagine o prejuízo para uma empresa em ter uma investigação com fulcro na Lei Anticorrupção baseada em um fato 
falso? Veja que este tipo penal não se refere apenas ao processo criminal ou investigação em inquérito policial. As 
investigações administrativas, nas quais consta o Processo Administrativo de Responsabilização – PAR, também estão 
incluídas. 
Veja que a denunciação caluniosa também requer que a imputação do crime provoque a instauração de investigação 
policial, de processo judicial, de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa. Se 
a imputação do crime não chegar a gerar a instauração de um desses procedimentos (houve a comunicação, mas a 
autoridade decidiu não instaurar o PAR), teremos uma tentativa. 
Veja a definição e a pena para denunciação caluniosa de acordo com o Código Penal, em seu decreto 2.848. 
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo 
judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou 
ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime 
de que o sabe inocente: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de 
anonimato ou de nome suposto. 
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de 
contravenção. 
Comunicação falsa de crime 
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Este crime é parecido com a denunciação caluniosa, porque ambos se referem ao uso indevido das autoridades 
públicas. Contudo, elas se diferem principalmente porque há a imputação de crime a determinada pessoa/ empresa na 
denunciação caluniosa, enquanto há apenas comunicação do crime no Art. 340 do Código Penal, como pode ser visto a 
seguir. 
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência 
de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado: Pena - 
detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Na comunicação falsa de crime, também não há a necessidade de instauração de procedimento investigativo, bastando 
apenas haver a ação da autoridade em sentido amplo (diligências, por exemplo). No momento em que a autoridade atua 
(toma alguma providência mandando agentes verificarem as informações, por exemplo), o crime se consuma. 
Autoacusação falsa 
A falsa autoacusação é uma limitação à ampla defesa e ao contraditório. Em nosso ordenamento, o réu pode mentir, 
negar a autoria, invocar excludentes de ilicitudes falsas, dentre outras, mas não pode se autoacusar de um crime que 
não praticou. 
Não se reconhece tal hipótese como exercício do direito de defesa. Essa autoacusação falsa, contudo, só será crime se 
for cometida perante uma autoridade, a qual deve ser entendida como aquela que tenha atribuição para apurar crimes, 
como um policial, juiz, membro do Ministério Público etc. Se feita perante um amigo, ela é atípica. Essa acusação não 
precisa ser pessoal, podendo ser por escrito, por exemplo. 
Veja a definição e a pena para autoacusação falsa de acordo com o Código Penal, em seu decreto 2.848. 
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou 
praticado por outrem: 
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa. 
Falso testemunho ou falsa perícia 
Neste tipo penal, somente algumas pessoas podem cometê-lo. Doutrinariamente, é chamado de crime de mão própria, 
já que apenas determinadas pessoas estão aptas a praticá-lo. 
Por exemplo: uma pessoa que não é perita está inabilitada a emitir laudos, de maneira que, se alguém assinar em seu 
lugar um laudo falso, estará cometendo o crime de falsidade (Art. 298). No presente tipo, apenas testemunhas ou 
peritos são sujeitos ativos. 
Art. 342 - Fazer afirmação falsa ou negar ou calar a verdade como 
testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, 
ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada 
pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)> 
 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela 
Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) 
 
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado 
mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a 
produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte 
entidade da administração pública direta ou indireta. (Redação dada pela 
Lei nº 10.268, de 28.8.2001) 
 
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que 
ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade. (Redação dada 
pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) 
Neste tipo penal, somente algumas pessoas podem cometê-lo. Doutrinariamente, é chamado de crime de mão própria, 
já que apenas determinadas pessoas estão aptas a praticá-lo. 
Por exemplo: uma pessoa que não é perita está inabilitada a emitir laudos, de maneira que, se alguém assinarem seu 
lugar um laudo falso, estará cometendo o crime de falsidade (Art. 298). No presente tipo, apenas testemunhas ou 
peritos são sujeitos ativos. 
 Clique nos botões para ver as informações. 
Admite-se coautoria ou participação? 
As testemunhas descompromissadas podem cometer este crime? 
O Art. 203 se refere exatamente ao compromisso de dizer verdade, o que é dispensado para algumas testemunhas. 
Neste caso, mentindo em juízo, não comete crime, tendo em vista a autorização legal. 
Os meios de se praticar o falso testemunho ou falsa perícia são em geral a manifestação verbal ou escrita. Contudo, 
também pratica o crime quem se cala. Ou seja, o silêncio também é considerado uma figura típica. 
A mentira deve ser sobre fato relevante ao processo, de maneira que possa influenciar na conclusão do juiz ou 
autoridade. Uma declaração falsa sobre algo secundário (se estava nublado ou não, por exemplo) é em princípio 
irrelevante e, por carecer de potencial lesivo à administração da justiça, é atípico. 
É importante destacar que a consumação se dá com a declaração ou entrega do laudo à autoridade ou juiz (veja que não 
é exatamente no momento em que assina o laudo). O fato de causar algum prejuízo não é requisito para a consumação 
do delito. 
Portanto, um laudo com declaração falsa com o intuito de inocentar alguém terá a sua consumação independentemente 
da absolvição ou condenação do beneficiado. Isto ocorre porque estamos diante de um crime formal. 
Corrupção ativa de testemunha 
Este tipo não possui muita controvérsia e é de fácil compreensão. Para a sua consumação, basta dar, oferecer ou 
prometer o dinheiro/ vantagem, não importando se houve ou não aceitação. 
Trata-se de um crime formal; ou seja, não requer um resultado para que seja consumado. Desta forma, a “afirmação 
falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação” a que se refere o tipo não 
precisa acontecer para a sua consumação. 
Por último, o parágrafo único traz uma causa de aumento de pena quando a conduta ocorrer em processo penal ou 
quando a Administração Pública direta ou indireta (autarquias, fundações, sociedades de economia mista ou empresas 
públicas) forem parte em processo de natureza cível. 
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem 
a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer 
afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, 
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cálculos, tradução ou interpretação: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 
28.8.2001) 
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 
10.268, de 28.8.2001) 
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o 
crime é cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em 
processo penal ou em processo civil em que for parte entidade da 
administração pública direta ou indireta. 
Coação no curso do processo 
O presente tipo não é aplicado apenas ao processo judicial, mas também ao administrativo e arbitral. Nos processos 
administrativos (tais como o Processo Administrativo de Responsabilização – PAR), é possível a ocorrência dessa 
figura típica. 
A pessoa contra quem a violência ou grave ameaça é praticada pode ser desde o juiz até a testemunha, perito ou 
funcionário do órgão de fiscalização (CGU, por exemplo) responsável pelo andamento do processo. Por fim, veja que o 
próprio tipo prevê o concurso material do Art. 344 com o crime resultante da violência (lesão corporal). 
Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer 
interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte ou qualquer outra 
pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial 
ou administrativo, ou em juízo arbitral: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena 
correspondente à violência. 
Fraude processual 
Inovar significa introduzir uma novidade. Portanto, neste crime, o agente deve introduzir circunstâncias afetas ao 
estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito. Essa inovação deve ser relevante 
e deve ser apta a enganar. Uma inovação que não leve a conclusão alguma ou irrelevante conduzirá à atipicidade. Um 
exemplo deste crime seria a alteração do balancete da empresa com o fim de criar determinada transação e, então, 
enganar as autoridades responsáveis pelo PAR. 
Note que, caso um funcionário venha a cometer o presente delito, você, na condição de integrante de um programa de 
Compliance, pode auxiliar as autoridades do PAR na averiguação deste problema e, assim, fazer com que a empresa se 
beneficie das vantagens previstas na Lei Anticorrupção. 
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou 
administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de 
induzir a erro o juiz ou o perito: 
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. 
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo 
penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em dobro. 
O acusado pode ser autor deste crime? 
Prevalece que não, pois ao réu é admitido o amplo direito de defesa. Esta hipótese seria a modificação das 
características de uma arma ou a arrumação da casa para dificultar o trabalho do perito. Portanto, este crime se destina 
somente àquele que não é réu. 
Exploração de prestígio 
Na exploração de prestígio, alguém solicita dinheiro ou qualquer vantagem para influir, mas isso não significa que ele 
tenha alguma autoridade no processo. Daí o crime se consumar apenas com a solicitação ou recebimento da vantagem/ 
dinheiro, não necessitando que realmente se opere a influência prometida. 
Cabe destacar que a exploração de prestígio se distingue do tráfico de influência . Neste último, o agente influi em ato 
praticado por qualquer funcionário público. 
Na exploração de prestígio, entretanto, influi-se no ato praticado apenas por juiz, jurado, órgão do Ministério Público, 
funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha. Apenas para esclarecimento, por órgão do Ministério 
Público, entende-se ser o promotor ou procurador de justiça. Cuidado para não confundir os crimes! 
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a 
pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, 
funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou 
insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das 
pessoas referidas neste artigo. 
Lei de Interceptação Telefônica 
Segundo a Lei de Interceptação Telefônica, somente o juiz pode autorizar a interceptação de comunicações telefônicas, 
de informática ou telemática. 
Qualquer interceptação feita sem a autorização judicial configura prova obtida por meio ilícito e, consequentemente, 
deve ser anulada e desconsiderada pelo juiz. E essa proteção decorre de previsão constitucional, na medida em que se 
trata de uma invasão à privacidade das pessoas 3 . 
Daí o rigor em apenas ser possível essa invasão quando houver autorização judicial e apenas no bojo de um processo 
criminal (não é possível a autorização em um processo cível, por exemplo). 
Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações 
telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça, 
sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei. 
 
Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa. 
http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon951/aula10.html
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Uma interceptação realizada por um agente sem autorização judicial ou com 
objetivos não autorizados em lei configura o tipo aqui estudado. Os objetivosprevistos em lei são aqueles pertinentes à investigação de crimes. Portanto, uma 
interceptação para um processo de investigação de paternidade não está abarcado 
pela legislação como uma hipótese autorizativa. 
Por comunicações de informática ou telemática, entendem-se aquelas feitas via meios informáticos, como o 
computador, bem como meios telemáticos, que consistem na comunicação à distância de um ou mais conjuntos de 
serviços informáticos por meio de uma rede de telecomunicações. 
A interceptação mencionada neste tipo não inclui captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos. 
Ou seja, a escuta ou gravação ambiental feita em um restaurante sem autorização judicial não configura o presente 
crime, embora se caracterize como prova ilícita e imprestável ao processo. As diferenças entre elas serão mais bem 
trabalhadas no módulo “Investigação - Interceptação Telefônica”, ocasião em que será explicado como se operam na 
prática. 
Atividade 
1. (2010 - FCC - Analista do Judiciário - TRE-AL) Sobre a denunciação caluniosa, é correto afirmar: 
a) A pena é diminuída da metade, se a imputação é de prática de crime de menor potencial ofensivo. 
b) Consiste em provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que 
sabe não se ter verificado. 
c) As penas aumentam de um sexto a um terço se, em razão da denunciação falsa, a pessoa injustamente acusada 
vem a ser condenada por sentença transitada em julgado. 
d) O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo que tramita contra a pessoa injustamente acusada, 
o agente se retrata ou declara a verdade. 
e) A pena é aumentada da sexta parte, se o agente se serve de anonimato. 
 
Gabarito 
2. (2012 - FCC TRE-PR) O crime de comunicação falsa de crime ou contravenção: 
a) Não admite a forma culposa. 
b) Não pode ser praticado por funcionário público no exercício de suas funções. 
c) Exige a formalização da falsa comunicação através de documento escrito. 
d) Só ocorre se a comunicação tiver sido dirigida a autoridade policial. 
e) Só se consuma quando tiver sido instaurado inquérito policial a respeito. 
 
Gabarito 
3. Qual a diferença entre tráfico de influência e exploração de prestígio? 
 
Gabarito 
4. (2004-ESAF CGU) "F", com 19 anos de idade, dirigindo um automóvel em excesso de velocidade, atropelou um 
pedestre que, em razão dos ferimentos, veio a falecer. Seu pai, "G", em atitude altruísta, assume a autoria do crime. 
"G" teria, em tese, praticado o crime de: 
a) Autoacusação falsa. 
b) Denunciação caluniosa. 
c) Comunicação falsa de crime. 
d) Calúnia. 
e) Favorecimento pessoal. 
 
Gabarito 
5. (2013 - FCC TCE-SP) O crime de coação no curso do processo: 
a) Não se caracteriza quando da violência empregada contra a testemunha para forçá-la a não dizer a verdade não 
resultaram lesões corporais. 
b) Só pode ser praticado pelas partes, jamais por estranhos à relação processual ou pelo advogado de qualquer 
delas. 
c) Exige apenas o dolo genérico, sendo desnecessária a finalidade de favorecer interesse próprio ou alheio. 
d) Não se caracteriza quando o autor do delito ameaça de morte o escrivão de polícia no curso do inquérito 
policial, com o fim de impedir o seu indiciamento. 
e) Consuma-se com a prática da violência ou grave ameaça, pouco importando se o agente conseguiu ou não a 
abstenção ou omissão da vítima em declarar ou apurar a verdade. 
 
Gabarito 
6. Qual a diferença entre tráfico de influência e exploração de prestígio? 
 
Gabarito 
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Redator: Aderbal Bezerra 
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