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Saúde, Segurança do Trabalho e Meio ambiente 
Aula 1 – Conceito de saúde, segurança e meio ambiente.
Saúde do trabalhador
A organização deve estabelecer ações que permitam garantir ao trabalhador condições adequadas para que ele exerça suas funções. 
A produtividade é afetada quando não se tem boas condições trabalhistas, logo, se diminui o rendimento tanto do colaborador, quanto da empresa.
· Segurança do trabalho
Depende das pessoas e dos meios/elementos de um processo produtivos. As ações voltadas para esse item são importantes para:
- Evitar acidentes de trabalho e das suas consequências
- Atender aspectos legais
- Melhorar processos de trabalho
· Meio ambiente
Existe uma relação de causa e efeito, pois o meio ambiente é impactado direta ou indiretamente pelas empresas.
O conceito de sustentabilidade deve ser presente na conduta das empresas, sendo vinculado á estratégias ecologicamente corretas, viáveis no âmbito econômico e socialmente justas.
Considerando que o trabalhador está atrelado simultaneamente à empresa, à comunidade e ao meio ambiente, ele é capaz de promover ações que gerem um futuro sustentável, desde que esteja devidamente orientado.
Ao proteger o trabalhador, a empresa assegura o equilíbrio entre as variáveis econômicas, sociais e ambientais, que são base do conceito de sustentabilidade.
1 Saúde do trabalhador
O mercado globalizado e competitivo demanda das organizações uma multiplicidade de ações para atingir os seus objetivos estratégicos. Essas ações normalmente envolvem as relações com clientes, acionistas, fornecedores, sindicatos, governo e com os próprios colaboradores, que são o principal ativo deles. Como os colaboradores têm um papel fundamental para que as ações sejam realizadas com eficiência e a eficácia, é primordial que a organização tenha um cuidado especial com a saúde desses trabalhadores.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o termo “saúde” remete a “um estado completo de bem-estar físico, mental e social e que não consiste somente na ausência de doença ou enfermidade”. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 7o , que trata da proteção à saúde e ao bem-estar do trabalhador, assegura aos trabalhadores urbanos e rurais direitos que garantem o bem-estar e condições de trabalho que favoreçam a autonomia e a integridade do indivíduo.
Vale ressaltar a reflexão apresentada por Barbosa Filho (2009) sobre o conceito apresentado pela Organização Mundial da Saúde: 
• Estado completo: não pode ser parcelado, tomado por partes ou ser observado de forma não integral. 
• Físico, mental e social: o corpo, a mente e as relações sociais entre pessoas, grupos e comunidade na qual estão inseridos. 
• Não é apenas a ausência de doença ou enfermidade: a essas, geralmente associamos a observação de sintomas. Se não estão presentes, quer dizer que não há doença? Se não há doença, quer dizer que haverá saúde? Será que poderemos assim concluir? Não podemos! Se assim o fizéssemos, iríamos de encontro à própria definição apresentada. Por ser complexa e integral, há a possibilidade de não existirem doenças ou enfermidades, até mesmo por não percebê-las ou por desconhecimento de seus mecanismos, segundo a visão clínica clássica.
No Brasil, o aspecto legal que trata o conceito de saúde do trabalhador é a Lei no 8.080/1990, que, em seu artigo 6o , parágrafo 3o , define: 
- Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho [...].
Para Barbosa Filho (2009), adotando uma visão sistêmica, a má gestão desses aspectos poderá trazer os seguintes desdobramentos: 
• o trabalhador poderá sofrer com a perda de sua capacidade de trabalho em virtude da perda de sua saúde. Isso poderá trazer consequências diretas em seus rendimentos, que poderão ser reduzidos, e poderá impactar a renda familiar e a qualidade de vida da família. 
• a organização deverá contratar um novo colaborador e, com isso, terá de arcar com todos os custos envolvidos, desde o recrutamento e a seleção do funcionário até a capacitação para o desenvolvimento de suas competências. 
• para a economia e a sociedade, o maior impacto está relacionado aos valores pagos pela Previdência ao trabalhador durante o período em que estiver afastado.
Para Wachowicz (2012), quanto maior a segurança, menor a probabilidade de ocorrer de danos, acidentes, lesões, mutilações ou mesmo mortes.
1 Segurança do trabalho
Segundo Barsano, Barbosa e Soares (2014), podemos definir segurança do trabalho como a ciência que estuda as possíveis causas dos acidentes do trabalho, bem como suas tecnologias de prevenção em controle. Todo o complexo de instruções, procedimentos e normas que buscam garantir a integridade física e psíquica dos colaboradores durante a intenção laborativa, seja por meio de ações educativas, administrativas ou até mesmo legais (leis, decretos, resoluções, portarias, ordens de serviço, etc.), governamentais ou não, está relacionado com a segurança do trabalho. Além disso, destaca que segurança é a característica a ser buscada nas pessoas e nos meios ou elementos de um processo produtivo.
Chiavenato (2009) destaca que a segurança do trabalho se ocupa de assegurar um ambiente de trabalho salubre, ou seja, em condições adequadas e livre de acidentes do trabalho. Em conjunto com a higiene empresarial, as atividades dessas áreas intrinsicamente relacionadas têm um único foco, ou seja, o trabalhador.
Prevenir significa preparar-se para as prováveis perspectivas de um futuro incerto, agir antecipadamente, no sentido de que as ocorrências desse futuro se alinhem ou, se possível, coincidam com os interesses estabelecidos.
2 Meio ambiente
Buscando embasamento na legislação brasileira, a Constituição Federal, em seu artigo 7o , ressalta os direitos dos trabalhadores em relação à sua proteção e bem-estar, e, no artigo 225, destaca que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. A Política Nacional do Meio Ambiente destaca em seu texto não só a definição de meio ambiente, mas também a relação direta com a saúde e a segurança do trabalhador. 
A Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, define em seu artigo 3o para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
1, meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;
2, degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente;
3, poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:
a. prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b. criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c. afetem desfavoravelmente a biota;
d. afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e. lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;
4, poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;
 5, recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.
Considerando os aspectos apresentados pela lei, pode-se relacionar a segurança e a saúde do trabalhador com o meio ambiente, destacando que as organizações são sistemas abertos e que interagem o tempo todo com o meio ambiente externo. Dessa forma, proteger o meio ambiente do trabalho significa proporcionar proteção aos trabalhadores e saúde às populações externas à empresa.
Gerenciar as estratégias da organização com uma visão sistêmica, considerando todas as questões que envolvem a saúde,a segurança e o meio ambiente com foco direto nas pessoas, é fator preponderante para a competitividade, pois impacta diretamente sobre os recursos permanentes da empresa.
3 Sustentabilidade
Para Elkington (2012), sustentabilidade é o princípio que assegura que nossas ações de hoje não limitem a gama de opções econômicas, sociais e ambientais disponíveis para as futuras gerações. Uma estratégia bem-sucedida para a sustentabilidade é diferente e vai muito além de ser simplesmente “verde”: deve levar em conta cada dimensão do ambiente em que a empresa atua – a dimensão social, econômica e cultural, e não apenas o ambiente natural
O conceito de sustentabilidade do negócio está intimamente ligado ao conceito de sustentabilidade da própria sociedade, uma vez que as organizações vivem e interagem com a sociedade. 
Segundo Oliveira (2009), a sustentabilidade depende basicamente de três tipos de recursos:
• Econômico-financeiros: relacionados com os investimentos em infraestrutura e em produção, visando ao lucro ou a outro resultado que atenda aos interesses de seus acionistas ou proprietários; ou seja, é uma relação entre o recurso financeiro investido e o resultado econômico-financeiro obtido. A gestão da organização busca atender à satisfação dos clientes e aos requisitos regulamentares relacionados aos produtos e serviços gerados, estando diretamente ligada à utilização desses recursos. 
• Ambientais: relacionados com a utilização dos recursos naturais renováveis ou não renováveis disponíveis e com o impacto de atividades. A gestão ambiental está diretamente ligada à utilização desses recursos. 
• Sociais: relacionados com o ser humano e com sua vida no trabalho e em sociedade. A gestão da segurança no trabalho e da saúde ocupacional e a gestão de políticas de respeito aos direitos humanos estão diretamente ligadas à utilização desses recursos.
Portanto, a sustentabilidade depende do equilíbrio resultante da correta utilização desses recursos pelas empresas de maneira a assegurar a viabilidade do negócio pelo equilíbrio entre os recursos econômico-financeiros e ambientais, pela preservação das condições de vida atuais e futuras, pela preservação dos recursos naturais e pela manutenção de um meio ambiente saudável que não comprometa adversamente os recursos sociais e a relação justa entre os interesses econômico-financeiros e os interesses da sociedade como um todo.
A prevenção demanda ações que possibilitem boas condições de trabalho aos colaboradores e que promovam melhorias constantes nos processos, visando sempre a um ambiente de trabalho saudável.
Para Dejours a condição de trabalho abarca “toda e qualquer variável presente ao ambiente de trabalho capaz de alterar e/ou condicionar a capacidade produtiva do indivíduo, causando ou não a agressão ou depreciação à saúde do trabalhador”.
As condições de trabalho e meio ambiente contemplam uma abordagem de saúde individual e coletiva. É praticamente impossível eliminar todos os riscos inerentes ao ambiente e às condições de trabalho; porém, se a empresa adotar uma estratégia voltada à prevenção e à sustentabilidade, poderá reduzir as causas de acidentes do trabalho e as suas possíveis consequências, como o afastamento do trabalhador ou até seu falecimento. Dentre os elementos formadores que compõem a condição de trabalho, podemos destacar (BARBOSA FILHO, 2009): 
• a mobília, a utilização do espaço físico e as áreas;
 • o ambiente térmico com suas variáveis (temperatura, umidade, velocidade do ar, etc.); 
• a prescrição e o conteúdo das tarefas; 
• as relações interpessoais; 
• as informações, a maquinaria, as ferramentas e a intervenção sobre estas.
Portanto, antecipar-se aos fatos estabelecendo medidas preventivas em relação a saúde, segurança do trabalho e meio ambiente torna-se uma questão primordial para uma organização implementar uma estratégia alinhada ao conceito de sustentabilidade.
Aula 2 – Trajetória da Saúde e do Trabalho
Legislação Brasileira para Saúde e Segurança do trabalho
A CLT foi criada pelo Decreto Lei n°5.462 de 1° de maio de 1943 e sancionada pelo presidente Getúlio Vargas durante o Estado Novo.
A consolidação unificou toda a legislação toda a legislação trabalhista ao Brasil e foi um marco por inserir de forma definitiva os direitos trabalhistas na legislação. Seu objetivo principal é regulamentar relações individuais e coletivas do trabalho. Surgiu como uma necessidade constitucionais, após a criação da Justiça do Trabalho.
A CF 1988 que trata dos Direitos Sociais (Art7) dispõe, especificamente, sobre a Segurança e Saúde dos Trabalhadores, e em seu inciso XXII destaca a necessidade de normas de saúde e de segurança para a redução dos riscos inerentes.
Em 1977, a lei n°6.514 , regulamentada pela Portaria 3.214/78 deu uma nova redação ao capítulo V da CLT, avançando nas exigências prevencionistas.
Essa Portaria aprovou Normas Regulamentadoras ao capítulo V, título II, relativas á Segurança e Medicina do Trabalho. Atualmente, temos 36 normas aprovadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, regulamentando as mais variadas formas de atividades.
As normas regulamentadoras utilizam com referência técnicas as normas nacionais publicadas (ABNT) e normas internacionais quando não existem referências nacionais ou suficientes para regulamentação.
Conforme o Ministério do Trabalho, as Normas Regulamentadoras relativas á segurança e saúde do trabalho são de observância obrigatórias pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos na administração direta e indireta, bem como os órgãos públicos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho.
Temos também a Lei n°8.123 de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre os planos de benefícios da Previdência Social que por sua vez também regulamenta o acidente de trabalho.
"Trajetória da saúde do trabalho"
Sabemos que houve uma grande evolução tecnológica em nossa sociedade, principalmente no último século. Parte das inovações trouxe muitos avanços e benefícios para o conhecimento humano. No entanto, essas inovações também trouxeram alguns contratempos, como o aumento dos riscos, principalmente aqueles relacionados ao trabalho ou aos processos de trabalho.
1 Evolução histórica do trabalho
Para Torreira (1999), o trabalho está tão ligado à vida do homem que é praticamente impossível conceber sua existência sem o exercício do trabalho. Ferreira ,quando desenvolveu o Dicionário Aurélio, definiu trabalho como “atividade coordenada de caráter físico e/ou intelectual, necessária à realização de qualquer tarefa, serviço ou empreendimento”. Com base nesse conceito de trabalho, Barbosa Filho extraiu as seguintes reflexões:
• Atividade coordenada: planejada, com intuito definido, não acidental. 
• Caráter físico e/ou intelectual: obtido por este ou aquele esforço ou por ambos. 
• Necessário à realização de qualquer tarefa, serviço ou empreendimento: presente em toda atividade humana, sem exceção.
Porém, nem sempre o trabalho foi considerado uma atividade nobre e elevada. Houve tempos em que o trabalhador era considerado um ser desprezível.
Aranha e Martins explicam que a concepção de trabalho sempre esteve predominantemente ligada a uma visão negativa. Na Antiguidade grega, todo trabalho manual era desvalorizado e realizado por escravos (não cidadãos), cujas tarefas estavam associadas aos serviços de ferreiro, carpinteiro, alfaiate, costureira, bem como às tarefas da casa, da agricultura e aos favores sexuais .
Segundo Wachowicz (2012), filósofos como Pitágoras, Sócrates, Aristóteles, Arquimedes, entre tantos outros, nunca precisaram trabalhar, pois o pensamento filosófico – o ato de especular a origem da natureza, do mundo físico e das coisas, por meio da matemática, da física, da astronomia, da ética, da conduta, da moral da sociedade, etc. – era reconhecido como trabalho digno e nobre.
A principal razão pelo forte preconceito em relação ao trabalho manual/braçal nessa época se deve ao fato de a escravidão ter sido legalizada, o que criouuma inevitável correlação entre trabalho, patrimônio e escravo.
Na Idade Média, Santo Tomás de Aquino procurou reabilitar o trabalho manual, defendendo que todos os trabalhos se equivaliam, mas a ideia central de valorizar o trabalho intelectual em detrimento do trabalho manual/braçal ainda perdurava.
No período medieval, a estrutura social foi constituída pela centralização dos interesses dos senhores feudais, que agiam em função da proteção de seus patrimônios. O trabalho ocorria de forma servil e era realizado em pequenas comunidades, muitas vezes autossuficientes, as quais visavam ao cultivo ou à criação de animais e, quase sempre, ficavam distantes do mercado da cidade e nesse mesmo período, a crença religiosa e o misticismo assumiram grande importância social, a ponto de todas as ações políticas, sociais, culturais e econômicas serem dirigidas e controladas pelos “representantes de Deus”. Assim, o domínio da Igreja Católica era uma condição imposta à população em geral, pois a nobreza compactuava com os preceitos católicos vigentes.
Carmo destaca que, na Idade Média, não havia uma obrigação de se ter um ritmo acelerado de trabalho. Na verdade, as pessoas não trabalhavam mais do que a metade dos dias do ano devido à grande quantidade de feriados oficiais e de dias de santos.
Outro aspecto que norteava o tempo de trabalho eram as condições climáticas. No verão, jornadas de trabalho mais longas; no inverno, jornadas mais curtas. Como prevalecia o trabalho artesanal, não havia nenhum tipo de controle na produção. Geralmente o trabalhador tinha ajuda de sua família, caracterizando uma indústria doméstica. Havia uma valorização do trabalho manual/braçal, pois “trabalhar passou a constituir a própria finalidade da vida.”
Nos âmbitos social, econômico, político, cultural e religioso ocorreram, concomitantemente, grandes transformações que determinaram a passagem do feudalismo para o capitalismo: o aperfeiçoamento das técnicas, o desenvolvimento do processo de acúmulo de capital e, consequentemente, a ampliação dos mercados
Com o surgimento de um comércio mais próspero e o acúmulo de capital, comerciantes passaram a comprar matérias-primas e máquinas. Nesse período, surgiram os primeiros barracões, que se tornariam as futuras as fábricas. Os burgueses tornaram-se uma classe em ascensão e a palavra “burguesia” passou a ser sinônimo de pessoas abastadas. O fascínio exercido pelas máquinas fez com que as pessoas que trabalhavam na agricultura (feudos) migrassem para as cidades em busca de melhores oportunidades e condições de vida.
Com a sistematização da produção, fez-se necessária uma voz de comando para assegurar a eficiência da produção. Surgiram então os chefes de seção e os encarregados para fiscalizar as formas mecânicas de rotinização do trabalho.
Nesse novo sistema com hierarquia definida, o trabalhador deixou de ter o domínio sobre o processo produtivo, pois produtor e produto – na atividade industrial – foram separados pela subdivisão do fluxo de produção em pequenas tarefas. O trabalho passou a ser dividido entre aqueles que mandam e aqueles que executam.
De acordo com Dejours o regime taylorista imposto ao trabalho bloqueou o funcionamento espontâneo da atividade mental, pois esse regime não tinha o controle sobre o processo de trabalho, ou seja, não criava uma identificação com o conteúdo das tarefas, além de serem tarefas repetitivas e monótonas, gerando, inicialmente, a fadiga e o estresse. Ele, Abdoucheli e Jayet destacam que as conquistas para as melhorias das condições de trabalho foram lentas. As lutas operárias marcaram todo o século XIX e o início do século XX.
Conforme Wachowicz , a crítica feita à administração científica ressalta a “desapropriação do saber” que essa teoria impõe. Trata-se da limitação da identidade e da liberdade do indivíduo em função do posto, da tarefa, da organização do trabalho e da cultura organizacional vigente.
2 A história da saúde e segurança do trabalho
Segundo Fantazzini a preocupação com o ambiente de trabalho data de muitos anos atrás. Há referências ao tema na antiga sociedade egípcia, no chamado Papiro Seler, de 2360 a.C., que alude às condições de trabalho de operadores de fornos, tecelões, pedreiros e lavadeiras.
Plínio (23-79 d.C.) noticiou o que talvez seja a iniciativa pioneira no uso de equipamentos de proteção individual (EPI), ao relatar que escravos utilizavam tecidos (bexigas de carneiro) sobre a face para evitar a inalação de partículas decorrentes da exposição ao chumbo em minas. De acordo com Miranda, em 1556, Georg Bauer, conhecido como Georgius Agricola, abordou em primeira mão a relação saúde/trabalho no livro De Re Metallica. Vários problemas foram relacionados com os processos de extração e fundição de ouro e prata, tendo como foco os acidentes e as doenças mais comuns entre os mineiros.
Em 1700, o médico italiano Bernardino Ramazzini (1633-1714) passou a estudar as doenças de cinquenta categorias profissionais diferentes (mineiros, químicos, pintores, ferreiros, trabalhadores de fumo, parteiras, coveiros, lavadeiras, pedreiros, pescadores, carregadores, joalheiros, confeiteiros, tipógrafos, saboeiros, cloaqueiros, salineiros, etc.). Ele analisou os problemas trabalhistas por meio de uma metodologia de sistematização e classificação das doenças, de acordo com a natureza e o grau de nexo com o trabalho. Com base nesses estudos, Ramazzini pôde sugerir prescrições médicas preventivas ou curativas contra as doenças dos operários. Sua contribuição foi tão importante que hoje ele é considerado o pai da medicina do trabalho e o resultado dos estudos foi a obra De morbis artificium diatribe, publicada em 1700, onde ele descreve as várias ocupações e suas doenças relacionadas.
A partir de então, o tema relacionado à saúde e às doenças ocupacionais ficou esquecido por décadas e só voltou a ganhar importância com a Revolução Industrial, que impulsionou transformações positivas, como a automatização de tarefas, a expansão dos centros urbanos e a tecnologia, mas também modificou o cenário homem-trabalho com Trajetória da saúde do trabalho 29 implicações negativas, como as longas jornadas de trabalho e a constante busca por lucro em detrimento do capital humano.
Segundo Saliba (2012), não há registros assertivos referentes à ocorrência de doenças e acidentes gerados pelo exercício do trabalho no período da Revolução Industrial. Essa ausência de registros se deve principalmente porque nesse período os trabalhadores realizavam trabalhos manuais ou eram sujeitos a trabalho escravo e conforme Wachowicz (2012), não havia documentos que registravam o número de acidentes causados nesse contexto, mas devido a uma soma de fatores, como postos de trabalho, ferramentas utilizadas, extensas jornadas, inexistência de intervalos e falta de treinamento para execução das tarefas, é possível deduzir que o número de acidentes tenha sido alto.
Em 1802, foi aprovada, na Inglaterra, a primeira lei de proteção aos trabalhadores: “A lei de saúde e moral dos aprendizes”, que estabelecia um limite de 12 horas de trabalho por dia, proibia o trabalho noturno, tornava obrigatória a ventilação do ambiente de trabalho e a lavagem das paredes das fábricas duas vezes por ano.
Em 1833, foi publicado o Factory Act, que se aplicava às indústrias têxteis que usassem força hidráulica ou a vapor. Dentre suas medidas, houve proibição de trabalho noturno a menores de 18 anos, obrigatoriedade de escolas nas fábricas para os trabalhadores menores de 13 anos, limitação de jornada, entre outras providências
Conforme Pereira (2015), somente após a Primeira Guerra Mundial foram iniciados os primeiros esforços com natureza científica para a proteção do trabalhador, abarcando a prevenção como objetivo maior a ser alcançado com relação a acidentes ou doenças do trabalho.
Em 1919, foi criada a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que, alguns anos depois, viria a definir uma lista de doenças de etiologia reconhecidamente ocupacional. A utilização das listas para o estabelecimentode nexo causal entre trabalho e adoecimento se mantém até hoje, embora tenham ocorrido muitas transformações tanto em sua composição como em sua aplicação. Como resultado da Conferência Internacional do Trabalho promovida pela OIT, em 1959, foi divulgada a Recomendação no 112 a respeito dos Serviços de Medicina do Trabalho. Suas diretrizes passaram a servir como referencial para a elaboração da legislação de diversos países, inclusive do Brasil:
(...) os Serviços de Medicina do Trabalho devem situar-se em local próximo à atuação dos trabalhadores e ter como função assegurar a proteção dos mesmos contra os riscos presentes nas atividades, contribuir para a adaptação e a adequação dos trabalhadores e contribuir para o estabelecimento e a manutenção dos níveis mais altos possíveis de bem-estar físico e mental dos mesmos. 
As convenções da OIT ratificadas pelo Brasil incorporam-se à legislação interna do país. As convenções sobre a proteção à saúde e integridade física do trabalhador que foram ratificadas pelo Brasil são apresentadas na tabela 1:
CONVENÇÃO DESCRIÇÃO 
103 AMPARO A MATERNIDADE
115 PROTEÇÃO ÁS RADIAÇÕES IONIZANTES 
127 PESO MÁXIMO DAS CARGAS
134 PREVENÇÃO DE ACIDENTES DE TRABALHOS MARÍTMOS
136 PROTEÇÃO AOS RISCOS DE INTOXICAÇÃO PROVOCADOS PELO BENZENO
139 PREVENÇÃO E CONTROLE DE RISCOS PROFISSIONAIS CAUSADOS POS SUBSTÂNCIAS CANCERÍGINOS
148 PROTEÇÃO CONTRA OS RISCOS DE CONTAMINAÇÃO DO AR, RUÍDOS E VIBRAÇÕES DO LOCAL DE TRABALHO
152 SEGURANÇA E HIGIÊNE NOS TRABALHOS PORTUÁRIOS
155 SAÚDE E SEGURANÇA DOS TRABALHADORES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO
159 REABILITAÇÃO PROFISSIONAL E EMPREGO DE PESSOAS DEFICIENTES
161 SERVIÇOS DE SAÚDE NO TRABALHO 
162 UTILIZAÇÃO DO ABSTESO COM SEGURANÇA
163 PROTEÇÃO DA SAÚDE E ASSISTÊNCIA MÉDICA AOS TRABALHADORES MARÍTMOS
167 SEGURANÇA E SAÚDE NA CONSTRUÇÃO
170 SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS QUÍMICOS 
182 PROIBIÇÃO DAS PIORES FORMAS DE TRABALHO INFANTIL E AÇÃO IMEDIADA PARA SUA ELIMINAÇÃO
Como defende Wachowicz, as leis trabalhistas foram de extrema importância para o bem-estar e para a saúde dos trabalhadores. As primeiras indústrias eram grandes galpões, estábulos ou velhos armazéns fétidos e insalubres, com pouca iluminação e ventilação, muito lixo e sujeira decorrente do próprio processo fabril. Não havia refeitórios pois os operários comiam ao lado das máquinas para evitar desperdiçar o tempo de trabalho.
2.1 Histórico das leis voltadas à saúde e à segurança do trabalho no Brasil
O histórico das leis trabalhistas no Brasil se caracteriza pela morosidade – isso porque os portugueses não estavam muito preocupados em desenvolver a nova colônia, mas em explorar as riquezas minerais, vegetais e animais que aqui encontravam. Além disso, os engenhos de cana-de-açúcar e a mineração das pedras preciosas e do ouro eram as atividades mais usuais do período colonial. Somente com a vinda da corte portuguesa ao Brasil, em 1808, em decorrência do quadro político e econômico da Europa, é que começaram a surgir as primeiras fábricas.
Saliba destaca a data de 15 de janeiro de 1919 como sendo um marco para o surgimento da legislação pertinente a segurança ou acidente do trabalho. Nessa ocasião, foi promulgado o Decreto no 3.724, considerado a primeira medida legal para proteger o trabalhador brasileiro. Esse decreto introduziu o conceito de risco profissional e determinou o pagamento de indenização ao segurado ou à família, proporcional à gravidade das sequelas do acidente.
Em 1934, foi criada a Inspetoria de Higiene e Segurança no Trabalho, que se transformou, ao longo dos anos, em Serviço, Divisão, Departamento e, posteriormente, na atual Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST/MTb). A questão foi novamente esquecida por décadas, e somente a partir de 1970 começaram a surgir, espontaneamente, os primeiros serviços de empresa, instalados em grandes estatais ou multinacionais.
A Constituição Federal de 1967 estatizou o Seguro contra Acidentes do Trabalho (SAT), transferindo o risco individual à sociedade e também trouxe, em seu artigo 7o , a preocupação em assegurar os direitos sociais e individuais estabelecendo os direitos dos 34 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente trabalhadores tanto urbanos como rurais.
Por força da Lei no 6.514, de 22 de dezembro de 1977, foi inserido na Consolidação das Leis do Trabalho o capítulo V, título II, relativo a segurança e medicina do trabalho, legislação que foi regulamentada pela Portaria no 3.214, de 8 de junho de 1978, que aprova as normas regulamentadoras relativas à segurança e à medicina do trabalho . Em 1988, foram aprovadas as Normas Regulamentadoras Rurais (NRRs), mediante a Portaria no 3.067 
No Brasil, as Normas Regulamentadoras (NR’s) regulamentam e fornecem orientações sobre procedimentos obrigatórios relacionados à segurança e à medicina do trabalho; portanto, são de observância obrigatória para toda organização que admite funcionários regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), para os órgãos públicos da administração direta e indireta e para os órgãos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário que também têm funcionários regidos pela CLT. Essas normas surgiram com o intuito de dar um formato final às Leis de Segurança do Trabalho. Foram citadas no capítulo V, título II, da Consolidação das Leis do Trabalho. Sempre que necessário, as normas são alteradas por portarias.
Em 2012 foi instituída, pelo Ministério da Saúde, a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. Essa política é classificada como o instrumento definidor da atuação do Sistema Único de Saúde no campo da saúde do trabalhador e adota os seguintes referenciais: a promoção e a proteção da saúde; a vigilância das condições dos ambientes, dos produtos e dos processos de trabalho; a vigilância epidemiológica dos agravos à saúde deles decorrentes e a articulação das ações de cuidado individual às ações coletivas
O objetivo principal dessa política é diminuir acidentes e doenças ligadas ao trabalho, com o uso de ações de promoção, reabilitação e vigilância na área de saúde. Ela também tem o objetivo de fortalecer a Vigilância em Saúde do Trabalhador, por meio de:
• identificação das atividades produtivas da população e das situações de risco à saúde; 
• análise de necessidades, demandas e problemas de saúde dos trabalhadores; 
• intervenção nos processos e ambientes de trabalho; 
• produção de tecnologias de intervenção e monitoramento; 
• controle e avaliação da qualidade dos serviços e programas de saúde do trabalhador
Aula 3 – Príncipios da Segurança do Trabalho
A cultura da Segurança do Trabalho
Cultura organizacional se refere a maneira pela qual os funcionários percebem as características da cultura da empresa e não ao fato de gostar ou não delas, é definido como um sistema ou valores compartilhados pelos membros de uma organização. É um padrão de pressupostos básicos considerados válidos e que são ensinados aos novos membros como a maneira de perceber, pensar e sentir na organização.
Cultura de segurança pode ser considerada como aquela que impacta no comportamento dos trabalhadores dentro das empresas, sob a ótica da segurançado trabalho.
COMO DESENVOLVER UMA CULTURA DE SEGURANÇA
Normalmente, este desenvolvimento é norteado pelos fundamentos da empresa, sendo que o ideal seria se estes tivessem preocupação com a segurança do trabalho desde a criação do negócio.
Para o desenvolvimento desta cultura, a organização deve adotar um processo de socialização, ou seja, implementar estratégias que permitam ao colaborador uma maior compreensão da cultura de segurança adotada pela empresa.
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DA ESSÊNCIA DA CULTURA DE SEGURANÇA DE UMA ORGANIZAÇÃO
Inovação > CO: inovar e assumir riscos CS: inovar visando eliminar ou reduzir riscos de acidentes 
Atenção aos detalhes > CO: demonstrar precisão, análise e atenção CS: análise detalhada as condições de trabalho.
Orientação para resultados > CO: focar mais em resultados do que técnicas e processos CS: perigosa pele detrimento das condições de trabalho e gerenciamento dos riscos
Foco na pessoa > CO: considera o efeito dos resultados sobre as pessoas CS: foca o impacto dos processos de produção em cada trabalhador
Foco na equipe > CO: atividades organizadas em torno das equipes CS: práticas coletivas
Agressividade > CO: pessoas competitivas e agressivas CS: pode acarretar em situações inadequadas de segurança
Estabilidade > CO: ênfase na manutenção do estado quo CS: deve ser priorizada pois foca na coletividade
PRÍNCIPIOS DA SEGURANÇA DO TRABALHO
A saúde, o bem-estar e o trabalho são fenômenos que se inter-relacionam, podendo afetar não apenas o empregados, mas também a organização. O tema está em constante evolução e a medida que novas funções são criadas no mercado, também são gerados novos desafios.
Em uma economia globalizada, o conhecimento é a principal moeda para o desenvolvimento, a busca de inovações técnicas e de práticas eficazes de gestão também deve ter como foco a saúde e a segurança do trabalho.
O objetivo da segurança do trabalho é evitar a ocorrência de acidentes por meio de ações adequadas para a realização da atividade laboral, sem causar possíveis lesões corporais ou perturbações que gerem a redução da capacidade ou até a morte do trabalhador.
Para Zocchio, atuar com segurança é aplicar medidas e ações de caráter técnico, educacional, médico, psicológico e motivacional, além de ser uma obrigação legal da empresa.
Conforme Barbosa Filho, a prevenção demanda m planejamento adequado onde se possa prever os possíveis cenários e as incertezas, e assim tentar antever as situações que possam acarretar danos á empresa e ao colaborador.
Pode-se dividir o estudo com foco no binômio saúde-trabalho com 3 categorias:
- De natureza sociológica, sobre os fatores sociais do trabalho que interferem na saúde
-Provenientes da área da saúde ocupacional, sobre os efeitos físicos do ambiente de trabalho na saúde
- Desenvolvidos pela psicologia ocupacional, que estuda características psicológicas e psicossociais que afetam a saúde, como as relações com os colegas.
A Organização Internacional do Trabalho destaca os seguintes fatores:
- Promover o mais alto grau de bem-estar físico, mental e social em toda as ocupações, observando o conceito de saúde do trabalhador.
- Prevenir os desvios de saúde causados pelas condições do trabalho, ressaltando a importância das boas condições do ambiente de trabalho, assim como seu impacto direto na saúde do trabalhador.
- Proteger os trabalhadores, em suas atividades contra riscos resultantes de fatores e agentes prejudiciais á saúde
- Colocar e manter os trabalhadores em um lugar adequados as suas aptidões fisiológicas e psicológicas.
Em uma organização e também nas relações que sem mantém com o meio, ocorrem fenômenos de diferentes naturezas:
Físicos: movimento de máquinas, passagem de corrente elétrica, transferência de calor, emissão de luz e ruído, choque mecânico.
Biológicos: movimento de pessoas, respiração, suor, digestão, batimento cardíaco, enfermidade, sangramento, hemorragia, morte.
Psicológicos: desconfiança, agressão, medo, alegria, raiva.
Culturais: saudação, vestimenta, canto, ritual, linguagem, valores.
Sociais: greve, ausência em feriado, eleição, mudanças econômicas.
O mecanismo da produção de danos resulta de dois conjuntos de forças opostas:
Fatores de risco: atuam no sentido de produzir o dano.
Função de segurança: atua para evitar o dano.
No Brasil há basicamente dois modelos de exploração de trabalho. As chamadas empresas de ponta, que oferecem empregos com melhores salário e mais qualificação profissional, geralmente são empresas multinacionais, onde vigora a reestruturação produtiva e a flexibilização das relações de trabalho, nelas também são comuns o uso de tecnologias de controle de processos de trabalho, o que pode acabar criando danos psicológicos e/ou existenciais. Outro grupo de empesas são as precárias, onde se tem salários baixos e diminuição de constante aos direitos trabalhistas, sendo que quanto mais distante das regiões metropolitanas, maior a possibilidade de se ter condições precárias de trabalho.
RESPONSABILIDADE DAS EMPRESAS 
- ASPECTOS LEGAIS
A Constituição da República de 1988, estabelece em ser art. 7° inciso XXII que: “é direito do trabalhador a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança.”
A Norma Regulamentadora 1 tem fundamentação legal nos art. 154 á 159 da Consolidação das Leis do Trabalho e traz a definição de empregado como: “empresa individual ou coletiva que, assumindo os riscos da atividade econômica, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços. Equiparam-se ao empregador os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas e outras instituições sem fins lucrativos que admitem trabalhadores como empregados.”
Essa mesma norma estabelece como deveres do empregador:
a. Cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre a segurança e medicina do trabalho.
b. Elaborar ordens de serviço sobre a segurança e saúde no trabalho, dando ciência aos empregados por comunicados, cartazes ou meios eletrônicos.
c. Informar sobre:
- os riscos profissionais que podem se originar nos locais de trabalho
- os meios para prevenir a limitar tais riscos e medidas adotadas pela empresa
- resultados de exames médicos e exames complementares ou diagnóstico dos quais os trabalhadores forem submetidos
- os resultados das avaliações ambientais realizados no local de trabalho
 d. Permitir que representantes dos trabalhadores fiscalizem os preceitos legais e regulamentares sobre a segurança e medicina do trabalho.
 e. Determinar procedimentos que devem ser adotados em casos de acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho.
Vale ressaltar que o não cumprimento dessas disposições pode acarretar a aplicação de penalidades previstas na legislação pertinente. De acordo com o art. 156 CLT , compete as delegacias regionais de trabalho promover a fiscalização do cumprimentos das normas de segurança e medicina do trabalho e impor as penalidades cabíveis ao descumprimento.
O Serviço Especializado de Segurança e Medicina (SESMT) é responsável pelo desenvolvimento, administração e inspeção das atividades prevencionistas, dando cumprimento aos dispositivos legais vigentes, orientando e assistindo ás pessoas e aos setores técnicos e administrativos, garantindo o bom desemprenho de cada programa estabelecido.
A Comissão Interna de Prevenção á Acidentes (CIPA) também exerce papel importante, cumprindo com suas atribuições legais em harmonia com a política de segurança da campanha.
Aula 4 – Acidente do trabalho
Conceito ou competência aplicada á segurança do trabalho.
Competência é o conjunto de conhecimento, habilidades e atitudes correlacionadas que, em ação, agregam valor ao indivíduo e a organização ao que denominamos de entrega.
Conhecimento é o saber. Engloba todos os saberes aprendidos sobre a segurança do trabalho envolvendo normas, leis e procedimentos.
Habilidades é o saber fazer. É a dimensão prática desenvolvida pelo trabalhador á medida que emprega o conhecimento adquirido sobre segurançado trabalho.
Atitude é o querer fazer. É a predisposição pessoal em fazer ou não alguma ação prevencionista.
Entrega é o fazer. É colocar em prática as ações prevencionistas e é aqui onde está o maior desafio, pois sob a ótica de segurança este fazer contribuirá para a redução das condições inseguras, dos possíveis acidentes e doenças ocupacionais.
Neste capítulo, será apresentado o conceito legal e prevencionista de acidente do trabalho e as suas causas: ato inseguro, condição insegura e fator pessoal de insegurança.
1 Acidente do trabalho
Segundo Barsano, Barbosa e Soares (2014), a palavra “acidente” tem origem latina – accidens (acaso) –, e pode ser definida como qualquer fato inesperado e indesejado que interrompe o andamento normal de um acontecimento, causando naquele que sofre a ação um determinado dano, seja à integridade física, ao patrimônio ou a ambos e definem acidente do trabalho como um evento indesejado, inesperado, cuja principal característica é provocar no trabalhador lesão corporal ou perturbação funcional que causa a morte, ou a perda ou a redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho.
 Para Raul Torreira (1999, p. 25), acidente é definido como “todo acontecimento casual, fortuito, imprevisto; acontecimento infeliz casual ou não, do qual resulta ferimento, dano, estrago, prejuízo, avaria, ruína, etc.” e para ele esta é a sequência a ser seguida na prevenção de acidentes, que deve ser observada para que no futuro estes não aconteçam:
- ocorrência do acidente, ou seja, a constatação e o registro do evento;
 - investigação das possíveis causas do acidente, pois sabemos que um acidente é sempre consequência da combinação de mais de uma causa; 
- análise das causas apresentadas, para tentar chegar o mais próximo da causa raiz do acidente;
 - implementação da ação preventiva, e avaliação da eficácia da ação implementada. (TORREIRA, 1999, p. 31)
Wachowicz (2012) destaca a importância de se esclarecer a diferença entre acidentes e incidentes. Os incidentes, ou quase acidentes, são ocorrências que apresentam características e potencial para causar algum dano, mas que não chegam a fazê-lo, de forma que não deixam marcas como os acidentes.
Segundo Rojas (2015), as causas dos acidentes e os estudos e as investigações sobre essas causas são primordiais para que as empresas aprimorem seus métodos de gestão e consigam criar barreiras que impeçam sua ocorrência.
3.1 Conceito legal
A Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social, define em seu artigo 19:
- Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, ou a perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho. (JUSBRASIL, 1991)
De acordo com essa mesma lei, também são considerados acidentes do trabalho os seguintes tipos de doenças (JUSBRASIL, 1991): 
• Doença profissional: doença produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social. 
• Doença do trabalho: doença adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e que com ele se relacione diretamente, e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social.
A partir do momento em que ocorre um acidente do trabalho, a empresa precisa tomar uma série de providências, dentre elas comunicar a Previdência Social, órgão governamental incumbido de avaliar os acidentes e as doenças ocupacionais. 
Conforme o artigo 21 da Lei no 8.213, a Previdência Social classifica como acidente do trabalho: 
I. o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do trabalhador, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; 
II. o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de:
 a. ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho;
 b. ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho;
c. ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; 
 d. ato de pessoa privada do uso da razão; e. desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior;
III. a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; 
IV. o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:
 a. na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; 
b. na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; 
c. em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo, quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão de obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; 
d. no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. (JUSBRASIL, 1991)
Wachowicz (2012, p. 58), apoiada na legislação, define percurso como “o trajeto da residência ou do local de refeição para o trabalho ou deste para aqueles, independentemente do meio de locomoção, sem alteração ou interrupção voluntária do percurso habitualmente realizado pelo segurado”. Vale destacar que o empregado também será considerado no exercício do trabalho no período destinado à refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local de trabalho ou durante este.
3.2 Conceito prevencionista
Do ponto de vista prevencionista, o acidente do trabalho é o mais abrangente, englobando também os quase acidentes (incidentes) e os acidentes que não provocam lesões, mas perda de tempo ou danos materiais. (SALIBA, 2012, p. 19).
Conforme Barsano, Barbosa e Soares (2014), o conceito prevencionista aborda não só o acidente do trabalho como uma causa de dano real ao trabalhador ou ao patrimônio, mas principalmente uma previsão, antecipação de algum evento que, sob o olhar prevencionista dos profissionais envolvidos com a segurança do trabalho na empresa, possa desencadear, através de diversos incidentes (quase acidentes), uma pequena lesão, uma grave lesão ou até mesmo um acidente fatal (morte do trabalhador).
Para Torreira (1999), o termo “acidente” evoca considerações acerca dos efeitos ou consequências indesejáveis, ou seja, sugere à maior parte das pessoas uma instantaneidade entre causa (evento) e efeito.
Saliba (2012) destaca que nos locais de trabalho há inúmeras situações de riscos passíveis de provocar acidentes do trabalho. Logo, a análise de fatores de risco em todas as tarefas e nas operações do processo será fundamental para a prevenção
3.3 Causas de acidentes do trabalho
. As causas de um acidente do trabalho são, na maioria das vezes, complexas, porém existem fatores que diretamente ou indiretamente atuam no desencadeamento de qualquer acidente: ato inseguro, condição insegura e fator pessoal de insegurança (BARSANO, 2014)
a. Ato inseguro Para Zocchio é o ato praticado pelo indivíduo, em geral: 
• consciente: quando o indivíduo sabe que está se expondo ao perigo. 
• inconsciente: quando o indivíduo desconhece o perigo a que se está expondo. 
 • circunstancial: quando algo mais forte leva a pessoa a praticar uma ação insegura
Algumas situações que caracterizam os atos inseguros são: ficar junto ou sob cargas suspensas; colocar parte do corpo em lugar perigoso; usar máquinas sem habilitação; lubrificar, ajustar e limpar máquinas em movimento; tentar ganhar tempo; fazer brincadeiras e praticar exibicionismo; usar roupas inadequadas ou acessórios desnecessários; não usar proteção individual; ter excesso de confiança.Barsano, Barbosa e Soares (2014) complementam explicando que são atos voluntários ou involuntários do trabalhador que, por negligência, imprudência ou imperícia, acabam concorrendo para o desencadeamento de determinado acidente
b. Condição insegura
Pode-se definir condição insegura como os fatores ambientais de risco que o trabalhador está exposto, sem exercer nenhuma influência para sua ocorrência. 
Segundo Zocchio, “é o ambiente físico de trabalho que expõe a perigo ou risco a integridade física do trabalhador e a própria segurança das instalações e equipamentos”. Há situações que caracterizam as condições inseguras nas empresas. Dentre elas, podemos destacar:
• a falta de ordem e de limpeza no local de trabalho; 
• ventilação e/ou iluminação inadequadas; 
• escassez de espaço, prejudicando a mobilidade dos trabalhadores; 
• passagens perigosas; 
• falta de proteção em máquinas e equipamentos; 
• defeitos nas edificações, como vazamentos e instalações danificadas; 
• desvios ou improvisação nos processos ou falta ou falha de manutenção – as famosas e indesejáveis “gambiarras”, que infelizmente ocorrem no dia a dia de muitas empresas.
c. Fator pessoal de insegurança
Podemos citar como fator pessoal de insegurança quando o trabalhador executa suas tarefas laborais desmotivado, em más condições físicas, sem nenhuma experiência, etc. Outro exemplo seria um trabalhador embriagado ou com alguma deficiência física ou psíquica para o trabalho que irá exercer.
O objetivo da segurança do trabalho é eliminar ou pelo menos minimizar as condições e os atos inseguros, promovendo saúde e bem-estar aos trabalhadores.
3.4 Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT)
A Comunicação de Acidente de Trabalho é um documento emitido para reconhecer tanto um acidente do trabalho ou de trajeto bem como uma doença ocupacional. A empresa é obrigada a informar à Previdência Social todos os acidentes do trabalho ocorridos com seus empregados, mesmo que não haja afastamento das atividades, até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência. Em caso de morte, a comunicação deverá ser imediata.
Para entender melhor o amparo legal, apresentamos o que estabelece a Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, em seu artigo 22: A empresa deverá comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o 1o (primeiro) dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário de contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social. (JUSBRASIL, 1991) 
Após preencher a CAT, o trabalhador, com as respectivas testemunhas, deve se dirigir a um serviço de saúde (ambulatório da empresa, hospital, etc.), no qual um médico preencherá o laudo de exame médico (verso da CAT). Se o acidente promover um afastamento superior a 15 dias, o trabalhador adquire estabilidade de 12 meses, contados a partir do seu retorno ao trabalho, não podendo ser dispensado, salvo em caso de justa causa. Dessa forma, o acidentado deverá se dirigir ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para promover a caracterização do acidente do trabalho.
Se a empresa não fizer o registro da CAT, o próprio trabalhador, o dependente, a entidade sindical, o médico ou a autoridade pública (magistrados, membros do Ministério Público e dos serviços jurídicos da União e dos estados ou do Distrito Federal e comandantes de unidades do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar) poderão efetivar a qualquer tempo o registro deste instrumento junto à Previdência Social, o que não exclui a possibilidade da aplicação da multa à empresa. (BRASIL, 2016)
Segundo Wachowicz (2012), pode-se afirmar que a CAT apresenta uma série de limitações que não permitem a completa compreensão das causas dos acidentes e das doenças do trabalho:
 • Não abrange todos os trabalhadores, só os que estão sob regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), ficando excluídos todos aqueles que não têm carteira assinada. 
• Não é preenchida por todos os empregadores, de acordo com o pressuposto de que não há interesse em relatar os casos leves cujo tratamento dure menos de 15 dias, nos quais a responsabilidade pelo tratamento médico e pela indenização do acidentado permanece com o empregador. 
• Muitas vezes é preenchida incorretamente, seja pela inobservância de alguns campos, seja pela falta de legibilidade, principalmente do laudo de exame médico.
• Não apresenta um conteúdo adequado em termos de sua utilização para a prevenção de acidentes – enquanto alguns campos são desnecessários, outros que seriam importantes estão ausentes.
Apesar dessas limitações, a CAT é um documento oficial padronizado, cuja abrangência nacional talvez só se assemelhe a do atestado de óbito, constituindo-se, então, em uma importante fonte de informações sobre os acidentes do trabalho.
Aula 5 - "Classificação dos tipos de acidentes segundo a Previdência Social"
(AVERIGUANDO POIS NÃO CONSEGUI ABRIR O VÍDEO DESTE CONTEÚDO)
Reflexos os acidentes de trabalho
1 Danos causados pelo acidente do trabalho
O acidente do trabalho é um evento não programado e não desejado que pode causar reflexos diretos na vida do trabalhador. Esses reflexos podem resultar em danos físicos e até mesmo na morte do trabalhador, ou danos materiais e econômicos para a empresa.
Baseado nesse conceito e tentando encontrar uma relação de causa e efeito para os diversos eventos em diversas empresas, muitos autores já realizaram estudos sobre a frequência dos acidentes e incidentes do trabalho. Eles chegaram à conclusão de que havia uma relação proporcional entre os tipos de eventos, ou seja, entre a ocorrência de incidentes e os acidentes com ou sem afastamento. Dentre os autores, vale destacar Herbert William Heinrick, que trabalhava em uma empresa de seguros e realizou seus estudos com base nos documentos enviados por empresas à seguradora para a obtenção de benefícios. Outro profissional que realizou estudos com base nos trabalhos de Heinrick foi Frank E. Bird. Nos anos 1960, ele analisou as ocorrências de acidentes em mais de 250 empresas de 21 tipos diferentes de indústrias. A consolidação dos dados obtidos por Frank E. Bird é a conhecida relação 1-10-30-600, que se refere aos incidentes e acidentes investigados por ele.
Quando estudamos um acidente, adotamos enfoques distintos considerando as variáveis que envolvem a ocorrência do evento. Segundo Guimarães os acidentes do trabalho podem apresentar quatro enfoques:
· Enfoque social: é a incapacidade permanente ou mesmo temporária da vítima, o sofrimento do acidentado e de sua família. O acidente influencia a vida social do acidentado, fazendo com que a vítima inicie uma trajetória de sofrimento e humilhação decorrentes do tipo de assistência que passa a receber, somando-se à sua fragilidade emocional e ao abatimento moral por que passa toda a sua família. Esses fatores podem ser mais críticos em função da gravidade do acidente, da incapacidade permanente da vítima e do falecimento do trabalhador. 
· Enfoque econômico: envolve os custos do acidentado, da equipe, do transporte, do equipamento e do material danificado, dos supervisores, além das despesas jurídicas, dos danos à imagem da empresa, da redução da competitividade, da redução do moral dos funcionários e da dor e do sofrimento do acidentado e sua família. 
· Enfoque jurídico: refere-se às leis que definem e punem os acidentes do trabalho. Essas leis, em geral, não são cumpridas, ficando o empregador sem a devida punição, e o trabalhador à mercê da sua própria sorte. 
· Enfoque epidemiológico: relaciona-se à descrição da localização e da classificação das lesões decorrentes do acidente do trabalho e das doenças profissionais.
1.1 Dia do acidente
Considera-se como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizadoo diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro.
Quando um trabalhador sofre um acidente de trabalho que resulte em lesão, doença, transtorno de saúde, distúrbio, disfunção, síndrome, evolução aguda ou doença crônica, precisa passar por uma perícia médica para obter o afastamento remunerado pelo INSS. Em caso de óbito do trabalhador, os familiares precisam apresentar os documentos solicitados para receber o benefício (pensão). A perícia identificará o nexo entre a tarefa executada pelo trabalhador e determinará sua gravidade e ele sempre obedecerá aos códigos da Classificação Internacional de Doenças e de Problemas Relacionados à Saúde (CID).
A CID é publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e visa padronizar a codificação de doenças e outros problemas relacionados à saúde, fornece códigos relativos à classificação de doenças e de uma grande variedade de sinais, sintomas, aspectos anormais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas para ferimentos ou doenças. A cada estado de saúde é atribuída uma categoria única, que corresponde a um código CID 10.
Vale destacar que, conforme a Lei no 6.367, de 19 de outubro de 1976, que dispõe sobre o seguro de acidentes do trabalho, o seguro obrigatório contra acidentes do trabalho é previsto para os trabalhadores segurados do regime da Previdência Social, os trabalhadores temporários, trabalhadores avulsos (aquele que presta serviços em diversas empresas), bem como o presidiário que exerce trabalho remunerado.
Não são consideradas doenças do trabalho: 
• doença degenerativa 
• doença inerente a grupo etário 
• doença que não produz incapacidade laborativa 
• doença endêmica adquirida por segurados habitantes de região onde ela se desenvolva, salvo se comprovado que resultou de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho
2 Responsabilidades legais do empregador
2.1 Responsabilidade trabalhista
“O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente da percepção do auxílio acidente.”
Aqui, precisamos esclarecer uma dúvida que normalmente surge nas empresas, pois a lei previdenciária prevê dois tipos de benefícios com a mesma denominação: auxílio-doença e auxílio-acidente.
a. Auxílio-doença
 O auxílio-doença é um benefício por incapacidade devido ao segurado do INSS acometido por uma doença ou acidente que o torne temporariamente incapaz para o trabalho e será devido ao segurado que ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.
Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral da Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão e será devido ao segurado empregado a contar do décimo sexto dia do afastamento da atividade, e, no caso dos demais segurados, a contar da data do início da incapacidade e enquanto permanecer incapaz.
b. Auxílio-acidente
Esse auxílio será concedido como indenização ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia, o auxílio-acidente mensal corresponderá a 50% do salário de benefício e será devido até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou até a data do óbito do segurado, a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria.
O recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exceto de aposentadoria, não prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-acidente.
Importante destacar que a perda de audição, em qualquer grau, somente proporcionará a concessão do auxílio-acidente quando, além do reconhecimento da causalidade entre o trabalho e a doença, resultar comprovadamente na redução ou perda da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.
A diferença entre os tipos de benefícios está nas suas causas: um está relacionado à ocorrência de acidentes, o outro tem origem em fatores externos ao trabalho, como idade e doença inerente à faixa etária.
2.2 Responsabilidade tributária
As empresas são responsáveis pelo pagamento do Seguro de Acidentes do Trabalho (SAT) que é uma contribuição paga à Previdência Social para cobrir as despesas com benefícios decorrentes de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais.
A contribuição é feita na forma de tributo, que incide sobre a remuneração paga pela empresa aos seus empregados e trabalhadores avulsos e a alíquota do SAT a ser paga é definida pela Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) em uma tabela que estabelece o grau de risco de cada empresa de acordo com a sua atividade.
Vale destacar que esse benefício é de natureza estritamente previdenciária, não sendo sua causa de pagamento determinada pela ocorrência de um acidente ou doença do trabalho, vinculando-se apenas à existência de agentes nocivos no ambiente de trabalho que possibilitem ao trabalhador pleitear o benefício da aposentadoria com menor tempo de contribuição.
2.3 Responsabilidade civil
A finalidade principal da responsabilidade civil é fazer com que o ofensor indenize os prejuízos causados à vítima por sua conduta causadora de prejuízos. Sob o ponto de vista econômico, espera-se que o acidente seja indiferente econômica e financeiramente para a vítima.
Há basicamente dois tipos de compensações financeiras as quais o trabalhador tem direito se sofrer um acidente do trabalho: 
a. Indenização por responsabilidade civil a cargo da empresa empregadora: Nesse caso, é necessária a prova de culpa da empresa e não se avalia se o trabalhador ficou incapaz de exercer sua atividade laboral, mas somente a prova do dano. 
b. Recebimento dos benefícios e serviços por parte da Previdência Social, representada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Nessa situação, não é necessária a prova de culpa da empresa, mas se exige a prova de incapacidade ou óbito do trabalhador.
2.4 Responsabilidade penal
Pode ser caracterizada não só pela ocorrência de acidentes do trabalho, mas também pelo descumprimento de normas de higiene, saúde e segurança do trabalho, expondo a riscos e perigo a vida dos trabalhadores, caracterizando os crimes de homicídio, lesões corporais ou de perigo comum por conduta dolosa ou culposa do empregador ou dos responsáveis pela segurança do trabalhador, previstos no Código Penal Brasileiro, mais especificamente nos artigos 121, 129 e 132.
Vale destacar que a responsabilidade penal é pessoal (do empregador, do tomador de serviços, do preposto, do membro da Cipa, do engenheiro de segurança, etc.).
Aula 6 – Fatores geradores de estresse no ambiente de trabalho
SÍNDROME DE BURNOUT
O Burnout é considerado um dos desdobramentos mais importantes do estresse profissional. O termo ganhou destaque á medida que as situações de trabalho dos profissionais que têm contato direto com outra pessoas passaram a ser estudadas com maior profundidade. O Burnout está associado ao mundo trabalho e ocorre quando o processo de estresse se torna crônico, acarretando consequências negativas nos âmbitos individual, profissional, familiar e social. Este seria a resposta emocional a situações de estresse crônico ocasionando relações intensas com outras pessoas, também é observado em indivíduos em que são depositadas grandes expectativas em relação ao desenvolvimento e á dedicação profissionais, mas que, por diversos motivos, não alcançaram o retorno esperado.
ASPECTOS BÁSICOS DA SÍNDROME DE BURNOUT
A ocorrência da síndrome pode ser relacionada a três aspectos básicos:
- A exaustão emocional, que ocorre quando o esgotamento deixa o profissional pode tolerante, muito nervoso e amargo não só no ambiente de trabalhomas também fora dele, agindo da mesma forma com os amigos e familiares.
- A despersonalização, ou distanciamento emocional, que o profissional manifesta como frieza, indiferença diante das necessidades dos outros, insensibilidade e postura desumana, agido com visão e atitudes negativas.
- A redução do grau de realização pessoal e profissional, que é consequência da deterioração da qualidade da atividade, levando a sentimentos de decepção e frustração, á baixa autoestima e até depressão.
Diferença entre Burnout e estresse
O Burnout é a resposta a um estado prolongado de estresse, quando os métodos de enfrentamento falharam ou foram insuficientes. Ele tem caráter negativo, tornando crônica a reação e está relacionado ao ambiente de trabalho e a determinado tipo de atividade exercida pelo trabalhador.
Já o estresse é a forma como o corpo corresponde a qualquer tipo de demanda e pode apresentar efeitos positivos ou negativos.
Fatores geradores de estresse no ambiente de trabalho
1 Estresse e o afastamento do trabalho
O termo “estresse”, na forma como tem sido utilizado nas empresas, vem da física, e significa o grau de deformidade que uma estrutura sofre quando é submetida a algum tipo de esforço. Para Hans Selye “estresse é o conjunto de reações que ocorrem em um organismo quando está submetido a um esforço de adaptação”.
Embora não exista um consenso entre os especialistas sobre o assunto, podemos dizer que o estressor é a pessoa ou o evento que desencadeia a reação ao estresse, ou seja, é o estímulo que desencadeia todo o processo. Há estudos que classificam os estressores em dois tipos distintos:
1. Estressores por desafio: associados com a carga de trabalho, pressão para a finalização das tarefas e urgência. 
2. Estressores por obstáculo: impedem o alcance de seus objetivos, como a política da empresa, excesso de burocracia e confusões com relação às responsabilidades no trabalho
Já o estresse, ou resposta ao estresse, é a preparação inconsciente para enfrentar ou se esquivar quando o indivíduo enfrenta alguma demanda, ou seja, é a resposta diante de um estímulo considerado como o processo de estresse.
Quando temos uma resposta negativa, ou seja, quando é desencadeado um processo adaptativo inadequado, podendo causar até algum tipo de doença, o processo é chamado de “distresse” e pode ser definido como as consequências psicológicas, físicas, comportamentais e organizacionais adversas que podem ocorrer em função de eventos estressantes.
Nota-se que normalmente o estresse aparece associado a demandas ou recursos. Como demandas, podemos caracterizar as responsabilidades, pressões, obrigações e até incertezas que os indivíduos enfrentam no ambiente de trabalho. Os recursos estão sob o controle de uma pessoa e podem ser usados para resolver as demandas.
1.1 Fontes de estresse no ambiente de trabalho
As variáveis que costumam provocar o estresse são mais psicológicas e principalmente psicossociais do que físicas, e quase todas estão sendo intensificadas nos trabalhadores em virtude de uma economia globalizada e repleta de novos desafios.
Podemos destacar quatro tipos de demandas que ocasionam o estresse no ambiente de trabalho:
Demandas de tarefas: ocorrem devido a mudanças drásticas no trabalho que acabam gerando incertezas em relação às atividades e às 90 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente tarefas executadas pelo trabalhador, o que provoca pressão e estresse no ambiente de trabalho. 
Demandas de papéis: podemos destacar duas grandes categorias de estresse no trabalho: o conflito de papéis e a ambiguidade de papéis. O conflito normalmente resulta de expectativas inconsistentes e incompatíveis. Já a ambiguidade é observada quando a pessoa experimenta incerteza com relação às expectativas alheias. Essa ambiguidade pode ser causada por mal-entendidos, por não saber como fazer algo ou não saber o resultado de um fracasso ao fazer determinada tarefa.
Demandas interpessoais: podemos destacar como exemplos de demandas interpessoais as toxinas emocionais, como o assédio sexual e uma liderança fraca. Normalmente as toxinas emocionais são causadas por pessoas com personalidade abrasiva. As organizações estão se preocupando mais para combater o assédio sexual, uma demanda interpessoal que cria um ambiente de trabalho desconfortável tanto para a pessoa assediada como para os demais funcionários, e que tem como vítimas principalmente trabalhadores do gênero feminino. Nesse ponto, vale destacar o assédio moral nas modalidades ascendente e colateral como uma das principais causas do estresse no plano interpessoal. A fraca liderança organizacional e um estilo gerencial exigente se destacam como causas de estresse no trabalho, pois falta um fator primordial: a confiança entre gestor e subordinados.
Demandas físicas: normalmente são causadas por ambientes extremos, atividades extenuantes, substâncias perigosas e viagens de longa distância. Normalmente as demandas físicas de trabalho são específicas de cada cargo, por isso a identificação e a redução desses estressores podem gerar economia para a empresa e alavancar a produtividade de seus funcionários.
As demandas do lar e demandas pessoais podem interferir no ambiente de trabalho, ou vice-versa, e normalmente são impostas por aspectos da vida pessoal do trabalhador e por restrições estabelecidas por ele mesmo, sendo elas:
Demandas do lar: os vários tipos de composição familiar presentes na sociedade contemporânea geraram grande diversidade no âmbito das demandas do lar. Há famílias com casais e filhos, casais sem filhos, pessoas que moram sozinhas, pessoas que moram com os pais de idade avançada, pais solteiros, casais separados, dentre as situações mais comuns. Cada um apresenta demandas específicas, de acordo com a sua realidade, e o estresse poderá ser causado por situações bem distintas: perda da creche para os filhos, atenção e cuidado com os filhos ou com os pais de idade avançada, ou seja, a tensão entre a família e o trabalho pode desencadear uma verdadeira batalha pelo equilíbrio. Outro fator a ser considerado é o superendividamento do trabalhador, o que também pode gerar crises familiares com reflexos no ambiente de trabalho, além de desmotivação e depressão.
Demandas pessoais: dentre as demandas pessoais que induzem ao estresse, podemos destacar o vício em trabalho. Os primeiros sintomas desse tipo de demanda pessoal incluem comprometimento total com o trabalho, incapacidade de desfrutar férias e folgas, preocupação com os problemas relacionados ao trabalho mesmo quando fora da empresa, além da insistência em levar trabalho para fazer em casa. Outro tipo 92 Saúde, segurança do trabalho e meio ambiente de demanda pessoal são as relacionadas às atividades cívicas, trabalhos voluntários e comprometimento com instituições religiosas e organizações públicas. Essas demandas podem se tornar estressantes dependendo da compatibilidade ou não com o trabalho, vida familiar e capacidade de oferecer satisfação para o trabalhador.
Podemos concluir que o estresse não é um acontecimento isolado, mas um processo complexo e normalmente de longa duração. Bernal destaca que o processo do estresse segue cinco fases principais:
Fase 1: o estresse começa no ambiente de trabalho com uma série de demandas objetivas e uma incapacidade de o trabalhador atendê-las de forma satisfatória. 
Fase 2: é a percepção que o trabalhador tem das demandas do ambiente (avaliação primária). 
Fase 3: relacionada à fase anterior, pois consiste na percepção que o trabalhador tem de seus próprios recursos e de suas capacidades (avaliação secundária). Dessa forma, se o trabalhador se considera capaz de enfrentar a situação, a resposta de estresse e as emoções negativas associadas serão muito menores do que se ele se considerar incapaz de fazer algo para tentar controlá-las. 
Fase 4: o trabalhador deve escolher a resposta ou o comportamento que será adotado diante das demandas percebidas, ou seja, não fazer nada, fugir ou enfrentá-las e controlá-las. De acordo com o tipo de postura e condutaadotadas, o organismo sofrerá impactos diferentes e é nessa fase que os transtornos podem ocorrer.
 Fase 5: nessa fase o processo foca as consequências das condutas assumidas e realizadas pelo trabalhador na gestão da situação estressante. Se a conduta de enfrentamento consegue eliminar ou solucionar a situação estressante, uma diminuição da ativação fisiológica é Fatores geradores de estresse no ambiente de trabalho 93 produzida; em contrapartida, se o processo for interrompido em qualquer uma das fases apresentadas, uma manutenção constante dessa ativação é produzida, o que causa os transtornos.
1.2 As consequências do estresse
Podem ser positivas ou negativas: o estresse positivo irá gerar um ambiente de trabalho saudável, já o estresse negativo irá gerar um desgaste moral, uma queda no desempenho do trabalhador e uma tensão constante.
Estresse positivo: O estresse eleva o desempenho a um nível excelente, mas a partir de determinado ponto, ele passa a ter um efeito prejudicial. A partir do ponto médio da curva, o desempenho entra em queda pela crescente dificuldade de realizar a tarefa e o bem-estar psicológico contribui positivamente para o desempenho no trabalho.
Distresse individual: A extrema preocupação com o trabalho pode resultar em distresse individual agudos e os sintomas mais comuns do distresse psicológico são depressão, esgotamento e disfunções psicossomáticas (doenças físicas cuja origem é psicológica).
Distresse organizacional: Os problemas de participação incluem absenteísmo, atrasos, greves e paralisações, bem como rotatividade de funcionários, já a queda de desempenho se refere aos custos provenientes da baixa qualidade ou da baixa produtividade, queixas e paralisações, bem como consertos de máquinas não agendados e as indenizações são custos organizacionais resultantes de ações judiciais motivadas por situações de distresse no ambiente organizacional.
1.2 Diferenças individuais na relação estresse-tensão
As diferenças individuais, como gênero e comportamento padrão tipo A, enfatizam a vulnerabilidade à tensão em condições estressantes; já outras diferenças individuais, como personalidade resistente e autossuficiência, reduzem a vulnerabilidade e a tensão em condições de estresse.
a. Padrão de comportamento tipo A
 Esse padrão de comportamento é uma combinação de personalidade e características comportamentais, e inclui competitividade, urgência de tempo, insegurança sobre status social, agressividade, hostilidade e busca de conquistas. Também pode ser chamado de comportamento propenso a problemas coronários.
b. Personalidade resistente
 Podemos caracterizar as pessoas com personalidade resistente como aquelas que suportam reações tensas quando sujeitas a situações estressantes de forma mais eficaz do que as pessoas de personalidade forte. São características desse tipo de personalidade: comprometimento, controle e desafio.
c. Autoconfiança
 É um padrão de comportamento saudável, seguro e interdependente, relacionado à maneira como as pessoas formam e mantêm relações de apoio umas às outras.
1.3 Gestão preventiva do estresse
A gestão preventiva do estresse deve ser uma filosofia organizacional segundo a qual as pessoas e as organizações assumem suas responsabilidades para promover o bem-estar e, assim, tentar evitar ao máximo o distresse e a tensão.
Segundo Nelson e Quick ,a gestão preventiva do estresse pode seguir três passos de prevenção, aplicáveis tanto no contexto da medicina preventiva como no contexto organizacional, eles classificam a prevenção em primária, secundária e terciária:
Prevenção primária: Etapa do gerenciamento preventivo do estresse desenvolvida para reduzir, modificar ou eliminar a demanda ou fator causador do estresse (estressor). O trabalhador deve ter sempre um pensamento positivo; ser otimista e pensar e agir de forma positiva ajudam a reduzir a depressão. Outro fato importante é fazer uma boa gestão do tempo, pois ajudará no planejamento e na execução das tarefas. Além disso, também é essencial buscar o equilíbrio entre as atividades do trabalho e outras atividades não relacionadas ao trabalho.
Prevenção secundária: Etapa do gerenciamento preventivo do estresse desenvolvida para alterar ou modificar a reação do indivíduo ou da organização diante de uma demanda ou fator causador do estresse. Nessa situação, o trabalhador deve priorizar a realização de atividades físicas, que contribuem diretamente para o bom funcionamento cardiovascular e a flexibilidade muscular. É recomendada também a utilização de técnicas de relaxamento e uma dieta alimentar, que vão contribuir para a melhora da saúde do trabalhador.
Prevenção terciária: etapa do gerenciamento preventivo do estresse desenvolvida para curar os sintomas individuais ou organizacionais de distresse e tensão. Uma alternativa é a busca de apoio de um profissional para aconselhamento psicológico. Um aconselhamento de carreira, tratamento médico e técnicas terapêuticas também poderão ajudar muito o trabalhador.
 Aula 7 – Doenças ocupacionais 
O ciclo econômico da saúde
Quanto mais baixo é o nível de saúde, maior será o desperdício de recursos que deveriam ser usados para alavancar e fortalecer a economia. Tanto a saúde quanto a doença, podem ser representadas por meio de um ciclo vicioso no caso da doença ou virtuoso no caso da saúde.
O ciclo vicioso da doença apresenta uma relação direta entre produção e doença e por meio dele se observa a relação de causa e efeito entre eles. A pobreza ou escassez de recursos faz com que o trabalhador tenha menos energia, assim produz em menor quantidade. Todavia, trabalhadores doentes demandam altos gastos em tratamentos e habitação, isso faz com que se reduza o investimento em saneamento e prevenção, o que ocasiona ainda mais doenças e gera incapacidade e menor sobrevida.
O ciclo virtuoso da saúde podemos destacar que quanto maior for sua riqueza ou recursos, maiores serão suas possibilidades de ter uma melhor alimentação, o que lhe dará mais energia e capacidade, sua produtividade será maior e sua empresa poderá recompensá-lo melhor, logo, ele gerará baixos gastos em tratamentos e poderá ter um maior investimento em saneamento e prevenção, o que dará a ele maior saúde e assim uma maior sobrevida.
1 Saúde e doença
Para entender o conceito de saúde, devemos recorrer à Constituição da Organização Mundial da Saúde (OMS), elaborada em 1946, a qual estabelece que a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou de enfermidade (DIREITOS HUMANOS USP, 2017). A OMS também estabelece que gozar do melhor estado de saúde possível constitui um dos direitos fundamentais de todo ser humano. Esses direitos fundamentais são informados pelo princípio maior da dignidade da pessoa.
A Constituição Brasileira, publicada em 1988, estabelece, no artigo 6 do capítulo II – Dos Direitos Sociais que “são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados”
Podemos definir doença como um conjunto de sinais e sintomas específicos que afetam um ser vivo, alterando o seu estado normal de saúde. Em geral, quando dizemos que uma pessoa está doente, ela não está em condições adequadas de saúde, o que impacta diretamente o desempenho em sua atividade profissional; dessa forma, as organizações devem proporcionar condições de trabalho que mantenham a integridade de cada funcionário. Quando falamos em integridade do funcionário, estamos tratando da preservação de sua capacidade de trabalho.
Segundo Limongi-França e Rodrigues, para entendermos melhor o funcionamento do corpo humano, devemos utilizar uma abordagem psicossomática, segundo a qual o ser humano reage sempre como um todo complexo, que depende da inter-relação das dimensões biológica, psicológica e social. Vejamos o que cada uma delas diz:
Dimensão biológica: está associada às características físicas, herdadas ou adquiridas durante a vida; isso inclui o metabolismo, as resistências

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