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MÉTODOS-E-TÉCNICAS-DE-INTERVENÇÃO-EM-TERAPIA-OCUPACIONAL

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1 
 
SUMÁRIO 
 ANÁLISE DA ATIVIDADE ........................................................................... 2 
 PROCESSO DE AVALIAÇÃO .................................................................... 3 
 PERFIL OCUPACIONAL ............................................................................ 4 
 Análise do Desempenho Ocupacional.................................................. 7 
 PROCESSO DE INTERVENÇÃO ............................................................... 9 
 Plano de Intervenção.......................................................................... 11 
 Implementação da Intervenção .......................................................... 12 
 Revisão da Intervenção ...................................................................... 13 
 RESULTADOS ALVOS ............................................................................. 14 
 TABELAS .................................................................................................. 18 
 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................... 25 
 Artigo – Campos e núcleos de intervenção na terapia ocupacional 
social.......................................................................................................................25 
 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 39 
 
 
 
2 
 
 ANÁLISE DA ATIVIDADE 
Análise da atividade é um processo importante usado pelos profissionais da 
terapia ocupacional para compreender as demandas de atividades específicas de um 
cliente: 
Análise da atividade aborda as demandas típicas de uma atividade, a gama 
de habilidades envolvidas no seu desempenho, e os vários significados 
culturais que podem ser atribuídas a ela. Análise da atividade com base em 
ocupação coloca a pessoa em primeiro plano. Ela leva em conta os 
interesses, objetivos, habilidades e contextos da pessoa em particular, bem 
como as exigências da própria atividade. Estas considerações moldam os 
esforços do profissional para ajudar... a pessoa a alcançar suas metas 
através da avaliação e intervenção cuidadosamente desenhadas (Crepeau, 
2003, pp. 192-193). 
Profissionais de terapia ocupacional analisam as demandas de uma atividade 
ou ocupação para entender as estruturas específicas do corpo, as funções do corpo, 
habilidades de desempenho e padrões de desempenho que são necessários e 
determinam as demandas genéricas da atividade ou ocupação realizada pelo cliente. 
 
 
Fonte: www.pinterest.pt 
Atividade e demandas ocupacionais são as características específicas de uma 
atividade e ocupação que influenciam o seu significado para o cliente bem como o tipo 
e a quantidade de esforço necessário para nelas se envolverem. Atividade e 
 
3 
 
demandas ocupacionais incluem o seguinte (ver Tabela 2 para definições e 
exemplos): 
 As ferramentas e os recursos necessários para se envolver na 
atividade - Quais objetos específicos são usados na atividade? 
Quais são suas propriedades, e que tipo de transporte, dinheiro 
ou outros recursos são necessários para participar da atividade? 
 Onde e com quem a atividade ocorre - Quais são os requisitos de 
espaço físico da atividade, e quais são as demandas de interação 
social? 
 Como a atividade é realizada – Qual processo é utilizado para a 
realização da atividade, incluindo a sequência e o calendário das 
etapas, procedimentos necessários e as regras? 
 Como a atividade desafia as capacidades do cliente - Quais 
ações, habilidades de desempenho, funções do corpo e 
estruturas do corpo são exigidas do indivíduo, grupo ou 
população durante a realização da atividade? 
O significado que o cliente atribui a atividade – Quais os potenciais significados 
simbólicos, inconscientes e metafóricos que o indivíduo associa à atividade (por 
exemplo, dirigir um carro equivale a independência, preparar uma refeição no feriado 
gera vínculo com a tradição familiar, o voto é um rito de passagem para a idade 
adulta)? 
Atividade e demandas ocupacionais são específicas para cada atividade. Uma 
alteração em uma característica da atividade pode mudar a extensão da demanda na 
outra característica. Por exemplo, um aumento no número ou na sequência de passos 
em uma atividade aumenta a demanda por habilidade de atenção. 
 PROCESSO DE AVALIAÇÃO 
O processo de avaliação está focado em descobrir o que o cliente quer e 
precisa fazer; determinando o que um cliente pode fazer e tem feito; e identificando 
facilitadores e barreiras para a saúde, bem-estar e a participação. A avaliação ocorre 
 
4 
 
durante as interações iniciais e subsequentes com o cliente. O tipo e o foco da 
avaliação diferem de acordo com a configuração de prática. 
A avaliação consiste no perfil ocupacional e de uma análise do desempenho 
ocupacional. O perfil ocupacional inclui informações sobre as necessidades do cliente, 
problemas e preocupações relacionadas ao desempenho ocupacional. A análise do 
desempenho ocupacional está focada na coleta e na interpretação de informações 
para identificar mais especificamente os facilitadores e as barreiras relacionadas ao 
desempenho ocupacional e identificar os resultados que são alvo. 
A maneira com que terapeutas ocupacionais coletam as informações do cliente 
é influenciada pelas necessidades dos clientes, pelos cenários de prática e pelos 
quadros de referência ou modelos de prática. As informações referentes ao perfil 
ocupacional são coletadas durante o processo de terapia ocupacional. 
 PERFIL OCUPACIONAL 
O perfil ocupacional é um resumo da história ocupacional e experiências, dos 
padrões de vida diária, interesses, valores e necessidades de cada cliente. 
Desenvolver o perfil ocupacional proporciona ao profissional da terapia ocupacional 
uma compreensão do ponto de vista do cliente e de seu passado. 
 
 
Fonte: www.reabvita.com.br 
 
5 
 
Usando uma abordagem centrada no cliente, o profissional reúne informações 
para entender o que é atualmente importante e significativo para o cliente (ou seja, o 
que ele ou ela quer e precisa fazer) e identificar as experiências passadas e interesses 
que possam contribuir para a compreensão dos problemas e das questões atuais. 
Durante o processo de coleta de informações, o cliente, com a assistência do 
profissional de terapia ocupacional, identifica as prioridades e os resultados desejados 
que proporcionarão seu envolvimento em ocupações que apoiam a participação na 
vida. Apenas os clientes podem identificar as ocupações que dão sentido às suas 
vidas e selecionar as metas e prioridades importantes para eles. Ao valorizar e 
respeitar as informações dos clientes, os profissionais ajudam a promover o seu 
envolvimento e podem orientar de forma mais eficiente as intervenções. 
Profissionais de terapia ocupacional coletam informações para o perfil 
ocupacional logo no contato inicial com os clientes para estabelecer resultados 
centrados no cliente. Com o tempo, os profissionais coletam informações adicionais, 
refinam o perfil, e garantem que as informações adicionais motivam alterações aos 
resultados alvo. O processo de completar e aperfeiçoar o perfil ocupacional varia de 
acordo com a definição e o cliente. As informações reunidas no perfil podem ser 
concluídas em uma sessão ou durante um período mais longo, enquanto se trabalha 
com o cliente. Para clientes com dificuldades de participar desse processo, seus perfis 
podem ser compilados através da interação com os familiares ou outras pessoas 
importantes em suas vidas. 
A obtenção de informações para o perfil ocupacional através de técnicas 
formais de entrevistas e conversas informais é uma maneira de estabelecer relação 
terapêutica com os clientes e com sua rede de apoio. As informações obtidas através 
do perfil ocupacional levam a uma abordagem individualizada nas fases de avaliação, 
planejamento de intervençãoe implementação da intervenção. A informação é 
recolhida nas seguintes áreas: 
 Por que o cliente solicita o serviço, e quais são as preocupações 
atuais do cliente em relação ao seu envolvimento em ocupações 
e atividades da vida diária? 
 Em quais ocupações o cliente se sente bem-sucedido, e quais 
barreiras afetam o seu sucesso? 
 
6 
 
 Quais aspectos de seus ambientes ou contextos o cliente vê 
como facilitadores a participação em ocupações desejadas, e 
quais aspectos estão inibindo seu envolvimento? 
 Qual é a história ocupacional do cliente (por exemplo, 
experiências de vida)? 
 Quais são os valores e os interesses do cliente? 
 Quais são os papéis da vida diária do cliente? 
 Quais são os padrões de envolvimento do cliente em ocupações, 
e como eles mudaram ao longo do tempo? 
 Quais são as prioridades do cliente e os resultados alvo quanto 
ao desempenho ocupacional, à prevenção, participação, 
competência em papéis, saúde, qualidade de vida, bem-estar e 
da justiça ocupacional? 
 
 
Fonte: nosoyasistenta.com 
Após a coleta de dados de perfil, os terapeutas ocupacionais visualizam as 
informações e desenvolvem uma hipótese de trabalho sobre as possíveis razões para 
os problemas e preocupações identificados. As razões podem incluir deficiências nos 
fatores do cliente, nas habilidades de desempenho e padrões de desempenho ou 
barreiras dentro do contexto e ambiente. Os terapeutas, então, trabalham com os 
 
7 
 
clientes para estabelecer metas preliminares e medidas de resultado. Além disso, os 
terapeutas observam os pontos fortes e facilitadores em todas as áreas, porque estes 
podem informar o plano de intervenção e afetar os resultados futuros. 
 Análise do Desempenho Ocupacional 
Desempenho ocupacional é a realização da ocupação selecionada resultante 
da transação dinâmica entre o cliente, o contexto e o ambiente, e a atividade ou 
ocupação. Na análise do desempenho ocupacional, a queixa e os problemas ou 
potenciais problemas do cliente são mais especificamente identificados por meio de 
instrumentos de avaliação destinados a observar, medir e informar sobre os fatores 
que facilitam ou impedem o desempenho ocupacional. Resultados alvo também são 
identificados. A análise do desempenho ocupacional envolve uma ou mais das 
seguintes atividades: 
 Sintetizar informações do perfil ocupacional para então focar nas 
ocupações específicas e nos contextos que precisam ser 
abordados 
 Observar o desempenho de um cliente durante as atividades 
relevantes às ocupações desejadas, ressaltando a eficácia das 
habilidades de desempenho e padrões de desempenho 
 Selecionar e usar avaliações específicas para medir habilidades 
de desempenho e padrões de desempenho de forma adequada 
 Selecionar e administrar informações, se necessário, para 
identificar e avaliar mais especificamente os contextos e 
ambientes, demandas de atividades e fatores que influenciam as 
habilidades de desempenho e os padrões de desempenho do 
cliente 
 Selecionar as medidas de resultados 
 Interpretar os dados de avaliação para identificar o que facilita e 
o que impede o desempenho 
 Desenvolver e refinar hipóteses sobre os pontos fortes do 
desempenho ocupacional do cliente e suas limitações 
 
8 
 
 Estabelecer em colaboração com o cliente objetivos que gerem 
os resultados desejados 
 Determinar procedimentos para medir os resultados da 
intervenção 
 Delinear uma abordagem potencial de intervenção ou 
abordagens baseadas nas melhores práticas e evidências 
disponíveis. 
Vários métodos frequentemente são utilizados durante o processo de avaliação 
para analisar cliente, ambiente ou contextos, ocupação ou atividade e desempenho 
ocupacional. Os métodos podem incluir uma entrevista com o cliente e outras pessoas 
importantes, observação do desempenho e do contexto, revisão de dados e avaliação 
direta de aspectos específicos do desempenho. Podem ser utilizados instrumentos de 
avaliação formal e informal, estruturado e não estruturado, com critérios padronizados 
ou não-referenciados. Quando disponíveis, avaliações padronizadas têm preferência 
para fornecer dados objetivos sobre diversos aspectos do domínio que influenciam o 
envolvimento e o desempenho. O uso de avaliações válidas e confiáveis para a 
obtenção de informações fidedignas pode também justificar e colaborar para a 
necessidade de serviços de terapia ocupacional (Doucet & Gutman, 2013; Gutman, 
Mortera, Hinojosa, & Kramer, 2007). 
Implícitos em qualquer avaliação utilizada por profissionais de terapia 
ocupacional estão os sistemas de crenças dos clientes e as premissas relativas ao 
seu desempenho ocupacional desejado. Terapeutas ocupacionais selecionam uma 
avaliação pertinente às necessidades e objetivos dos clientes, congruentes com o 
modelo teórico de prática do profissional e com base no conhecimento das 
propriedades psicométricas de medidas padronizadas ou ainda de acordo com a 
lógica e os protocolos de medidas não padronizadas, estruturadas e as evidências 
disponíveis. Além disso, a percepção de sucesso do cliente ao envolver-se com as 
ocupações desejadas é vital para qualquer avaliação de resultados (Bandura, 1986). 
 
9 
 
 PROCESSO DE INTERVENÇÃO 
O processo de intervenção consiste nos serviços especializados prestados por 
profissionais de terapia ocupacional em colaboração com os clientes para facilitar o 
envolvimento em ocupações relacionadas à saúde, bem-estar e participação. Os 
profissionais usam os princípios teóricos e as informações sobre os clientes 
acumuladas durante a avaliação para dirigir a intervenção centrada na ocupação. A 
intervenção é então fornecida para ajudar os clientes a alcançar um estado de bem-
estar físico, mental e social; para identificar e realizar aspirações; para satisfazer as 
necessidades; e também para mudar ou enfrentar o ambiente. Os tipos de 
intervenções de terapia ocupacional são discutidos na Tabela 1. 
 
 
Fonte: cettaipas.wordpress.com 
A intervenção se destina a promover a saúde, o bem-estar e a participação. A 
promoção da saúde é “o processo de capacitação da comunidade para melhorar e 
aumentar o controle sobre a saúde” (WHO, 1986). Wilcock (2006) afirmou: 
Seguindo uma abordagem de promoção da saúde com foco em ocupação 
para o bem-estar abrange uma crença de que o potencial alcance do que as 
pessoas podem fazer, ser, e se esforçar para se tornar é a principal 
preocupação, e que a saúde é um subproduto. Um estilo de vida ocupacional 
variado e completo coincidentemente manterá e melhorará a saúde e o bem-
estar, caso capacite as pessoas para serem criativas e aventureiras 
fisicamente, mentalmente e socialmente (p. 315). 
 
10 
 
As intervenções variam de acordo com o cliente - pessoa, grupo ou população 
- e com o contexto da prestação de serviços (Moyers & Dale, 2007). O próprio termo 
usado para clientes ou grupos de clientes que recebem terapia ocupacional varia entre 
os cenários de prática e os modelos de prática. Por exemplo, quando se trabalha em 
um hospital, a pessoa ou grupo pode ser nomeado de paciente ou pacientes, e em 
uma escola, os clientes podem ser estudantes. Ao fornecer consultoria a uma 
organização, os clientes podem ser chamados de consumidores ou usuários. O termo 
pessoa inclui outros que podem ajudar ou serem atendidos indiretamente, como 
cuidador, professor, familiares, empregador ou cônjuge. 
As intervenções previstas para os grupos e populações são dirigidas a todos 
os membros em conjunto e não de maneira individual para pessoas específicas dentro 
do grupo. Profissionais direcionam suas intervenções em relação a condições 
incapacitantes atuais ou potenciais com o objetivo de aumentar a saúde, o bem-estar 
e a participação de todos os membros do grupo coletivamente. O foco da intervenção 
está em atividades de promoção da saúde, autogerenciamento, serviços educacionaise modificações no ambiente. Por exemplo, os profissionais de terapia ocupacional 
podem fornecer orientação sobre prevenção de quedas e o impacto do medo de cair 
a um grupo de moradores em um centro de vida assistida, ou podem prestar apoio a 
pessoas com alterações psiquiátricas enquanto elas aprendem a usar a internet, isso 
a fim de identificar e coordenar recursos da comunidade que atendam suas 
necessidades. Os profissionais podem trabalhar com uma grande variedade de 
populações que vivenciam dificuldades em acessar e se envolver em ocupações 
saudáveis por causa de suas condições, tais como pobreza, falta de moradia, e 
discriminação. 
O processo de intervenção é dividido em três etapas: (1) plano de intervenção, 
(2) implementação da intervenção, e (3) avaliação da intervenção. Durante o processo 
de intervenção, a informação da avaliação é integrada com a teoria, os modelos de 
práticas, quadros de referência e as evidências. Esta informação orienta o raciocínio 
clínico dos profissionais de terapia ocupacional no desenvolvimento, implementação 
e revisão do plano de intervenção. 
 
11 
 
 Plano de Intervenção 
O plano de intervenção, que direciona as ações dos profissionais de terapia 
ocupacional, descreve as abordagens terapêuticas ocupacionais selecionadas e os 
tipos de intervenções a serem utilizados no alcance de determinados resultados dos 
clientes. O plano de intervenção é desenvolvido em colaboração com clientes ou com 
seus procuradores e é guiado por: 
 Objetivos, valores, crenças e necessidades ocupacionais do 
cliente; 
 Saúde e bem-estar do cliente; 
 Habilidades de desempenho e padrões de desempenho do 
cliente; 
 Influência coletiva do contexto e do ambiente, demandas da 
atividade e os fatores do cliente sobre o próprio cliente; 
 Contexto da prestação de serviços em que a intervenção é 
fornecida; e 
 Melhor evidência disponível. 
 
 
Fonte: leticia2606dornelas.wixsite.com 
 
12 
 
A seleção e o delineamento dos objetivos e do plano de intervenção levam em 
consideração a situação atual e potencial dos clientes relacionados ao envolvimento 
em ocupações ou atividades. Planejamento de intervenção inclui as seguintes etapas: 
 
a) Desenvolvimento do plano, que envolve a seleção de: 
 
 Metas e objetivos mensuráveis focados na ocupação, além de 
prazos estabelecidos; 
 Abordagem ou abordagens de intervenção da terapia 
ocupacional, tais como criar ou promover, estabelecer ou 
restaurar, manter, modificar e prevenir (Tabela 3); e 
 Métodos para a prestação de serviços, incluindo quem irá 
fornecer a intervenção, os tipos de intervenções, e modelos de 
prestação de serviços a serem utilizados. 
b) Considerar potenciais mudanças nas necessidades e nos planos. 
 
c) Fazer recomendações ou encaminhamentos para outros profissionais 
quando necessário. 
 Implementação da Intervenção 
Implementação da intervenção é o processo de colocar o plano de intervenção 
em ação. As intervenções podem se concentrar em um único aspecto do domínio, 
como uma ocupação específica, ou em vários aspectos do domínio, tais como 
contexto e ambiente, padrões de desempenho e habilidades de desempenho. 
Tendo em vista que os aspectos do domínio estão interligados e se influenciam 
mutuamente, em um processo contínuo e dinâmico, os profissionais de terapia 
ocupacional esperam que a capacidade de um cliente para se adaptar, mudar e 
desenvolver-se em uma área afetará outras áreas. Devido a esta inter-relação 
dinâmica, avaliação e planejamento de intervenção continuam durante todo o 
processo de implementação. 
Implementação da intervenção inclui as seguintes etapas: 
 
 
13 
 
a) Determinar e executar a(s) intervenção(ões) terapêutica(s) 
ocupacional(is) a serem utilizadas (ver Tabela 1), o qual pode incluir o 
seguinte: 
 O uso terapêutico de ocupações e atividades 
 Métodos preparatórios (por exemplo, órteses, tecnologia 
assistiva, mobilidade sobre rodas) e tarefas preparatórias 
 Educação e treinamento 
 Advocacia (por exemplo, direito, auto-advocacia) 
 Intervenções em grupo. 
b) O monitoramento da resposta do cliente em relação a intervenções 
específicas, com base em avaliação contínua e reavaliação de seu 
progresso em direção às metas. 
 Revisão da Intervenção 
Revisão da intervenção é o processo contínuo de reavaliação e revisão do 
plano de intervenção, de sua eficácia, e do progresso relacionado aos resultados. 
Durante o planejamento da intervenção, esse processo inclui a colaboração do cliente, 
com base em metas identificadas e nos progressos relacionados aos resultados 
associados. Reavaliação e revisão podem levar a alterações no plano de intervenção. 
A revisão da intervenção inclui as seguintes etapas: 
 1. Reavaliação do plano e da maneira como ele é implementado 
em relação aos resultados propostos 
 2. Modificação do plano conforme a demanda 
 3. Avaliação de necessidade de continuar ou interromper os 
serviços de terapia ocupacional e de encaminhamento para 
outros serviços. 
 
14 
 
 RESULTADOS ALVOS 
Os resultados alvos representam o resultado final do processo de terapia 
ocupacional; eles descrevem o que os clientes podem alcançar através da intervenção 
da terapia ocupacional. Os benefícios da terapia ocupacional são multifacetados e 
podem ocorrer em todos os aspectos do domínio. Os resultados estão diretamente 
relacionados com as intervenções previstas e ocupações, os fatores do cliente, as 
habilidades de desempenho, os padrões de desempenho e com os contextos e 
ambientes almejados. Os resultados também podem ser acompanhados para a 
melhoria da relação transacional entre as áreas do domínio que resultam na 
capacidade dos clientes de se envolverem em ocupações desejadas que são 
secundárias às habilidades melhoradas relacionadas ao fator do cliente e as 
habilidades de desempenho (Tabela 4). 
Além disso, os resultados podem estar associados a impressões subjetivas dos 
clientes em relação a meta a ser alcançada, tais como a melhoria das perspectivas, 
confiança, esperança, diversão, auto-eficácia, sustentabilidade das ocupações 
valorizadas, resiliência e bem-estar percebido. Um exemplo de resultado subjetivo de 
intervenção é a maior percepção dos pais sobre sua paternidade através de uma nova 
compreensão do comportamento de seu filho após receber serviços de terapia 
ocupacional (Cohn, 2001; Cohn, Miller, & Tickle-Degnen, 2000; Graham, Rodger, & 
Ziviani, 2013). 
As intervenções também podem ser projetadas para cuidadores de pessoas 
com demência com o intuito de melhorar a qualidade de vida tanto de quem recebe o 
cuidado quanto do cuidador. Os cuidadores que receberam intervenção relataram 
menor perda no desempenho ocupacional, reforço na maestria e habilidade, maior 
senso de auto-eficácia e bem-estar, além de menor necessidade de ajuda para 
dispensar o cuidado (Gitlin & Corcoran, 2005; Gitlin, Corcoran, Winter, Boyce, & 
Hauck, 2001; Gitlin et al., 2003, 2008;. Graff et al., 2007). 
Resultados para grupos podem incluir melhora na interação social, aumento da 
auto-consciência através do apoio, uma maior rede social ou o aumento da 
produtividade no local de trabalho com menos lesões. Os resultados para as 
populações podem incluir a promoção da saúde, da justiça ocupacional e auto-
advocacia, assim como acesso a serviços. O impacto dos resultados e a forma como 
 
15 
 
eles são definidos são específicos para os clientes e para outras partes interessadas, 
tais como os contribuintes e reguladores. Os resultados e a documentação desses 
resultados específicos variam de acordo com o local da prática e são influenciados 
pelas partes interessadas em cada configuração. 
O foco nos resultados é tecido ao longo do processo de terapia ocupacional. 
Terapeutas ocupacionais e clientes colaboram durante a avaliação para identificar 
resultados iniciais do cliente relacionadosao envolvimento em ocupações valorizadas 
ou atividades de vida diária. Durante a implementação e reavaliação da intervenção, 
os clientes, terapeutas ocupacionais, e, quando apropriado, os assistentes de terapia 
ocupacional podem modificar os resultados para acomodar as mudanças necessárias, 
os contextos e as habilidades de desempenho. A medida que análises mais 
aprofundadas sobre o desempenho ocupacional e sobre o desenvolvimento do plano 
de intervenção ocorrem, terapeutas e clientes podem redefinir os resultados 
desejados. 
A implementação do processo de resultados inclui os seguintes passos: 
1. Seleção dos tipos de resultados e medidas, incluindo, mas não 
limitando o desempenho ocupacional, prevenção, saúde, 
qualidade de vida, participação, competência papel, bem-estar e 
justiça ocupacional (ver Tabela 4). 
As medidas dos resultados devem ser: 
 Selecionadas no início do processo de intervenção (ver sessão 
sobre “Processo de Avaliação); 
 Válidas, confiáveis e com sensibilidade adequada para detectar 
as mudanças no desempenho ocupacional dos clientes; 
 Consistentes com os resultados alvo; 
 Congruentes com os objetivos dos clientes; e 
 Selecionadas com base na sua capacidade real ou suposta para 
prever resultados futuros. 
 
2. Usando os resultados para medir o progresso e ajustar metas e 
intervenções através de 
 
16 
 
 Comparação do progresso em direção a realização do objetivo 
para resultados ao longo do processo de intervenção e 
 Avaliação do uso dos resultados para tomada de decisões sobre 
a direção futura da intervenção (por exemplo, prosseguir, 
modificar ou interromper intervenção, fornecer acompanhamento, 
encaminhar para outros serviços). 
Os resultados e outros aspectos do processo de terapia ocupacional 
encontram-se resumidos no quadro abaixo. 
 
Operacionalização do Processo de Terapia Ocupacional 
Avaliação Intervenção 
Resultados 
Alvo 
Perfil 
Ocupacional 
Análise do 
Desempenho 
Ocupacional 
Plano de 
Intervenção 
Implementação 
da Intervenção 
Revisão da 
Intervenção 
Resultados 
Identificar o 
seguinte: 
 
*Por que o 
cliente solicita 
o serviço, e 
quais são as 
preocupações 
atuais do 
cliente em 
relação ao 
envolvimento 
em atividades 
e ocupações? 
 
*Em quais 
ocupações o 
cliente se 
sente bem-
sucedido, e 
quais 
barreiras 
estão 
afetando o 
seu sucesso? 
 
* Que 
aspectos dos 
contextos ou 
ambientes o 
cliente vê 
como 
facilitador e 
barreira no 
envolvimento 
* Sintetizar as 
informações 
do perfil 
ocupacional 
para focar em 
ocupações e 
contextos 
específicos. 
 
*Observar o 
desempenho 
do cliente 
durante as 
atividades 
relevantes 
para as 
ocupações 
desejadas. 
 
*Selecionar e 
utilizar as 
avaliações 
específicas 
para identificar 
e medir os 
contextos ou 
ambientes, a 
atividade e as 
exigências da 
ocupação, os 
fatores do 
cliente e as 
habilidades de 
desempenho e 
padrões. 
 
1. Desenvolver o 
plano, que 
envolve a 
seleção de: 
 
* Metas e 
objetivos 
mensuráveis 
focados na 
ocupação, além 
de prazos 
estabelecidos; 
 
 *Abordagem ou 
abordagens de 
intervenção de 
terapia 
ocupacional, 
tais como criar 
ou promover, 
estabelecer ou 
restaurar, 
manter, 
modificar ou 
prevenir; e 
 
 * Métodos para 
a prestação de 
serviços, 
incluindo quem 
irá fornecer a 
intervenção, os 
tipos de 
intervenções, e 
modelos de 
 1. Determinar e 
executar a(s) 
intervenção(ões) 
terapêutica(s) 
ocupacional(is) a 
ser(em) 
utilizada(s) que 
podem incluir: 
 
 * O uso 
terapêutico de 
ocupações e 
atividades 
 
 * métodos e 
tarefas 
preparatórias 
 
 * Educação e 
treinamento 
 
 * Advocacia 
 
 * Intervenções em 
grupo 
 
 2. Monitorar a 
resposta do 
cliente através de 
avaliação e 
reavaliação em 
curso. 
 1. Reavaliar o 
plano e a 
implementaçã
o em relação à 
obtenção de 
resultados. 
 
 2. Modificar o 
plano 
conforme a 
demanda. 
 
 3.Determinar a 
necessidade 
de 
continuação 
ou interrupção 
dos serviços 
de terapia 
ocupacional e 
de 
encaminhame
nto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 1. No início do 
processo de 
intervenção, 
selecionar 
resultados e 
medidas que 
sejam 
 
 *válida, 
confiáveis, 
sensíveis a 
mudanças, e 
consistentes 
com os 
resultados 
 
• *congruentes 
com os 
objetivos do 
cliente 
 
• *Baseados em 
sua capacidade 
real ou suposta 
de prever 
resultados 
futuros 
 
 2. Aplicar os 
resultados para 
avaliar o 
progresso e 
ajustar metas e 
intervenções. 
 
 
17 
 
em ocupações 
desejadas? 
 
*Qual é a 
história 
ocupacional 
do cliente? 
 
*Quais são os 
valores e os 
interesses do 
cliente? 
 
*Quais são os 
papéis da vida 
diária do 
cliente? 
 
*Quais são os 
padrões do 
cliente de 
envolvimento 
em 
ocupações, e 
como eles 
mudaram ao 
longo do 
tempo? 
 
*Quais são as 
prioridades do 
cliente e os 
resultados 
desejados 
com relação 
ao 
desempenho 
ocupacional, à 
prevenção, 
participação, 
na 
competência 
de papéis, à 
saúde, 
qualidade de 
vida, bem-
estar e da 
justiça 
ocupacional? 
 
*Selecionar 
medidas de 
resultados. 
 
*Interpretar 
dados de 
avaliação para 
identificar 
facilitadores e 
barreiras para 
o 
desempenho. 
 
*Desenvolver 
e refinar 
hipóteses 
sobre os 
pontos fortes 
do 
desempenho 
ocupacional 
do cliente e 
suas 
limitações 
 
*Criação de 
metas em 
colaboração 
com o cliente 
que 
contemplem 
os resultados 
desejados. 
 
*Determinar 
procedimentos 
para medir os 
resultados da 
intervenção. 
 
*Delinear uma 
intervenção 
potencial com 
base nas 
melhores 
práticas e 
evidências 
disponíveis. 
 
prestação de 
serviços. 
 
2. Considerar 
potenciais 
mudanças nas 
necessidades e 
planos. 
 
3. Fazer 
recomendações 
ou 
encaminhament
os para outros 
profissionais 
quando 
necessário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 *Comparar o 
progresso em 
direção ao 
alcance do 
objetivo dos 
resultados ao 
longo do 
processo de 
intervenção. 
 
 *Avaliar a 
utilidade dos 
resultados para 
tomar decisões 
sobre o futuro 
direcionamento 
da intervenção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Contínua renegociação dos planos de intervenção e dos resultados alvo. 
Interação constante entre avaliação, intervenção e resultados ocorre ao longo do processo. 
 
 
18 
 
 TABELAS 
Tabela 1 -Tipos de intervenções de terapia ocupacional 
Categoria Descrição Exemplo 
Tarefas preparatórias 
Ações selecionadas e fornecidas 
ao cliente voltadas para fatores 
de clientes ou habilidades de 
desempenho específicas. 
Tarefas envolvem a participação 
ativa do cliente e, por vezes, 
incluem envolvimento no uso de 
diversos materiais para simular 
atividades ou componentes de 
ocupações. Tarefas preparatórias 
em si não possuem significado 
inerente, relevância ou utilidade 
percebida como entidades 
autônomas. 
O cliente 
* Dobrar toalhas retiradas de um 
carrinho de roupa limpa visando 
a amplitude de movimento do 
ombro 
* Participar em ambiente 
sensorial estruturado (por 
exemplo, através do movimento, 
sensações táteis, perfumes) para 
promover um estado de alerta 
* Utilizar imagem visual e 
respiração rítmica para promover 
descanso e relaxamento 
* Realizar em casa um 
treinamento para 
condicionamento usando pesos 
* Fazer exercícios de 
fortalecimento de mão usando 
massa terapêutica, bandas 
elásticas, exercitadores e 
prendedores de roupa 
* Participar de um programa de 
treinamento de assertividade 
para se preparar para a auto-
advocacia 
 
 
EDUCAÇÃOE TREINAMENTO 
 
Educação 
Compartilhar conhecimentos e 
informações sobre ocupação, 
saúde, bem-estar e participação, 
permitindo ao cliente adquirir 
comportamentos úteis, hábitos e 
rotinas que podem ou não exigir 
aplicação no tempo da sessão de 
intervenção 
O profissional 
 
* Oferecer orientação sobre 
modificaçõesna casa e nas 
atividades para o cônjuge ou 
familiares da pessoa com 
demência visando máxima 
independência 
* Educar gestores sobre o valor e 
sobre estratégias para fazer 
caminhada e trilhas de ciclismo 
acessíveis para todos os 
membros da comunidade 
* Educar cuidadores de pessoas 
que sofreram traumas no uso de 
estratégias sensoriais 
* Oferecer orientação para as 
pessoas com problemas de 
saúde mental e seus familiares 
sobre os fatores psicológicos e 
sociais que influenciam o 
envolvimento em ocupação 
 
 
19 
 
Treinamento 
Facilitar a aquisição de 
habilidades concretas para 
atender objetivos específicos em 
uma vida real e a situações 
aplicadas. Neste caso, 
habilidades referem-se a 
componentes mensuráveis de 
função que permitem melhora. O 
treinamento é diferenciado de 
educação por seu objetivo estar 
relacionado ao oferecer melhor 
desempenho, em oposição à 
melhor compreensão, embora 
esses objetivos, muitas vezes, 
andem de mãos dadas (Collins & 
O’Brien, 2003). 
O profissional 
 
* Instrui o cliente em como operar 
um dispositivo de controle 
universal para gerenciar 
eletrodomésticos 
* Instrui membros da família no 
uso e manutenção da cadeira de 
rodas motorizada do pai 
* Instrui o cliente na utilização de 
amplitude de movimento ativa 
como uma técnica preparatória 
para evitar contraturas articulares 
de punho 
* Instrui o cliente no uso de 
dispositivo eletrônico portátil e 
aplicativos para lembrá-lo e 
gerenciar as atividades semanais 
e medicamentos 
* Instrui o cliente em como se 
direcionar o cuidador para ajudá-
lo com as atividades de 
autocuidado 
* Treina pais e professores a se 
concentrar nos pontos fortes de 
uma criança para promover 
comportamentos positivos 
 
 
ADVOCACIA: Esforços voltados para a promoção da justiça ocupacional e capacitar os clientes a 
procurar e obter recursos para participar plenamente nas ocupações da vida diária. Os resultados da 
advocacia e auto advocacia dão suporte à saúde, bem-estar e participação ocupacional em nível 
individual ou de sistemas. 
 
Advocacia 
Esforços de defesa de direitos 
desenvolvidos pelo profissional. 
O profissional 
 
* Colabora com uma pessoa a 
adquirir acomodações razoáveis 
em um local de trabalho 
* Fazer parte de conselho de 
política de uma organização para 
adquirir apoio em moradias 
visando acomodar pessoas com 
incapacidades 
* Fazer parte da diretoria de um 
bairro com parque local para 
incentivar a inclusão de crianças 
com incapacidades em 
programas de esportes do distrito 
quando possível 
* Colaborar com adultos que têm 
doenças mentais graves para 
conscientizar o público para o 
impacto do estigma 
* Colaborar com e educar 
profissionais para fontes de 
financiamento federal para as 
pessoas com condições 
incapacitantes 
 
 
20 
 
 
Tabela 2 - Demandas da atividade e da ocupação 
Demandas da atividade e da ocupação são os componentes das atividades e ocupações que os 
profissionais de terapia ocupacional devem considerar durante o processo de raciocínio clínico. 
Dependendo do contexto e das necessidades do cliente, essas demandas podem ser consideradas 
barreiras ou facilitadores para a participação. Conhecimento específico sobre as demandas de 
atividades e ocupações auxilia os profissionais na seleção de atividades para fins terapêuticos. 
Demandas da atividade ou ocupação incluem a relevância e a importância para o cliente, objetos 
utilizados e suas propriedades, as exigências de espaço, as demandas sociais, o sequenciamento e o 
tempo, ações necessárias e as habilidades de desempenho que exigem as funções do corpo e 
estruturas do corpo subjacentes. 
Tipo de Demanda Descrição Exemplo 
Relevância e importância para 
o cliente 
Alinhamento com os objetivos, 
valores, crenças e necessidades 
e utilidade percebida do cliente 
 
* Dirigir um carro equivale à 
independência. 
* Preparar uma refeição no 
feriado conecta com a tradição 
da família. 
* Voto é um rito de passagem 
para a idade adulta. 
 
Objetos usados e suas 
propriedades 
Ferramentas, materiais e equipa-
mentos necessários no processo 
de realização da atividade 
 
* Ferramentas (por exemplo, 
tesouras, pratos, sapatos, bolas) 
*Materiais (por exemplo, tintas, 
leite, batom) 
*Equipamento (por exemplo, 
bancada, fogão, cesta de 
basquete) 
*Propriedades inerentes (por 
exemplo, pesado, duro, forte, 
colorido, alto, amargo) 
 
Demandas espaciais 
(relacionadas ao ambiente 
físico) 
Ambiente físico exigido pela 
atividade (por exemplo, tamanho, 
arranjo, superfície, iluminação, 
temperatura, ruído, umidade, 
ventilação) 
 
* Espaço aberto grande, ao ar 
livre, para um jogo de beisebol 
* Porta do banheiro e box com 
largura suficiente para acomodar 
cadeira de rodas 
*Ruído, iluminação e controle de 
temperatura para uma biblioteca 
 
Demandas sociais 
(relacionadas ao ambiente 
social e ao contexto virtual e 
cultural) 
Elementos do ambiente social e 
contextos virtuais e culturais que 
podem ser exigidos pela 
atividade 
 
* Regras de um jogo 
* Expectativas de outros 
participantes da atividade (por 
exemplo, compartilhar materiais, 
utilizar linguagem apropriada 
para uma reunião, decoro virtual 
apropriado) 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
Tabela 3 - Abordagens para intervenção 
Abordagens para intervenção são estratégias específicas selecionadas para direcionar o processo de 
avaliação e plano de intervenção, seleção e implementação baseados nos resultados desejados pelo 
cliente, nos dados coletados na avaliação e na evidência. As abordagens estão relacionadas com os 
modelos de prática, quadros de referência ou com as teorias da prática. 
Abordagem Descrição Exemplo 
Criar, promover (promoção de 
saúde) 
 Método de intervenção que não 
preconiza a presença de 
incapacidade ou quaisquer 
fatores que possam interferir no 
desempenho. Este método é 
designado para promover 
atividades e experiências 
vivenciais que favorecerão o 
melhor desempenho para todas 
as pessoas no ambiente natural 
de suas vidas (adaptado de 
DUNN, MCCLAIN, BROWN, & 
YOUNGSTROM,1998, p.534). 
 
* Criar uma classe de pais de 
“primeira viagem” para auxiliá-los 
a envolver seus filhos no 
desenvolvimento apropriado do 
brincar 
* Promover grupos de prevenção 
de quedas para idosos no centro 
comunitário para encorajar a 
mobilidade segura fora do 
ambiente domiciliar 
 
Estabelecer, restaurar 
(restauração, remediação) 
 Um método de intervenção 
designado para modificar 
variáveis do cliente e estabelecer 
uma nova habilidade ou 
capacidade (ainda não 
desenvolvida) ou restaurar uma 
habilidade ou capacidade que 
tenha sido perdida (adaptado de 
DUNN et. al., 1998, p.533). 
 
* Restaurar a movimentação do 
membro superior de um cliente 
para capacitá-lo a mover a louça 
da máquina de lavar louças para 
a prateleira superior do armário 
* Desenvolver um calendário 
estruturado, segmentando as 
tarefas visando diminuir o risco 
de estar sobrecarregado quando 
se depara com muitas 
responsabilidades em suas 
atividades cotidianas 
* Colaborar com o cliente para 
estabelecer rotinas matinais 
necessárias para que chegue 
nas horas certas ao trabalho ou 
escola 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
Tabela 4 - Resultados 
O resultado alvo é o objetivo final esperado do processo de terapia ocupacional; eles descrevem o 
que os clientes podem obter através da intervenção da terapia ocupacional. Os resultados 
terapêuticos ocupacionais podem ser descritos de duas maneiras. Alguns resultados são 
mensuráveis e utilizados na elaboração do planejamento de intervenção, no monitoramento e na 
previsão de alta. Estes resultados refletem o alcance das metas de tratamento que se relacionam 
com o envolvimento em ocupação. Outros resultados são experimentados pelos clientes quando 
esses percebem os efeitos do envolvimento na ocupação, sendo capazes de retornar aos seus 
hábitos, rotinas, papéis e rituais desejados. Os exemplos listados abaixoespecificam como o amplo 
resultado relacionado à saúde e à participação na vida pode ser operacionalizado e não se destina a 
ser os únicos. 
Categoria Descrição Exemplo 
Desempenho ocupacional 
 Ato de realizar e alcançar uma 
ação selecionada (habilidade de 
desempenho), uma atividade ou 
ocupação (Fisher, 2009; Fisher 
& Griswold, 2014; Kielhofner, 
2008) e os resultados da 
relação dinâmica transacional 
entre o cliente, o contexto e a 
atividade. Melhorando ou 
possibilitando habilidades e 
padrões para o desempenho 
ocupacional que conduz ao 
envolvimento em ocupações ou 
atividades (adaptado em parte 
de Law et al., 1996, p. 16). 
 
Veja nos tópicos “melhoria” e 
“aprimoramento” 
 
Melhoria 
 Resultados alcançados quando 
há uma limitação de 
desempenho. Estes resultados 
refletem um aumento no 
desempenho ocupacional da 
pessoa, do grupo ou da 
população. 
* A criança com autismo que 
joga de forma interativa com um 
colega (pessoa) 
* Um idoso que retorna a uma 
situação de vida desejada em 
sua casa após sair de uma 
internação em instituição 
(pessoa) 
* Diminuição da incidência de 
lesão lombar em enfermeiros 
como resultado de um programa 
de educação no serviço 
referente à mecânica corporal 
para a realização de funções de 
trabalho que exijam abaixar, 
levantar e assim por diante 
(grupo) 
* Construção de parques 
acessíveis a todas as crianças 
nas praças da cidade 
(população) 
Aprimoramento 
 Resultados alcançados quando 
não há mais uma limitação de 
desempenho. Estes resultados 
refletem o desenvolvimento de 
habilidades de desempenho e 
padrões de desempenho que 
melhoram o desempenho atual 
nas ocupações. 
* Aumento da confiança e 
competência de mães 
adolescentes na criação de 
seus filhos como resultado de 
grupos sociais estruturados e 
classes de desenvolvimento 
infantil (pessoa). 
* Aumento da participação no 
centro de idosos como resultado 
da expansão do bem-estar 
 
23 
 
social e programas de 
exercícios (grupo). 
* Aumento da capacidade dos 
funcionários de uma escola para 
lidar e gerenciar a violência 
juvenil de alunos em idade 
escolar como resultado do 
treinamento de resolução de 
conflitos para lidar com o 
bullying (grupo). 
* Aumento das oportunidades 
para adultos mais velhos 
participarem nas atividades da 
comunidade através de 
programas de passeio 
compartilhado (carona) 
(população) 
Prevenção 
 Esforços em educação e 
promoção de saúde destinados 
a identificar, reduzir ou prevenir 
o aparecimento e/ou reduzir a 
incidência de condições 
insalubres, fatores de risco, 
doenças ou lesões (AOTA, 
2013b). Terapia Ocupacional 
promove um estilo de vida 
saudável para o indivíduo, o 
grupo, a comunidade (social) e 
em nível governamental ou 
político (adaptado de AOTA, 
2001). 
* Assento e área de recreação 
apropriados para uma criança 
com alterações ortopédicas 
(pessoa) 
* Implementação de um 
programa de lazer e atividades 
educacionais para um centro de 
acolhimento para adultos com 
doença mental grave (grupo) 
* O acesso aos serviços de 
terapia ocupacional em áreas 
carentes, independente de 
fatores como origem cultural ou 
étnica (população). 
Saúde e bem-estar 
 Não é o objetivo de se viver, 
mas são recursos para a vida 
cotidiana. No âmbito do 
indivíduo, a saúde é um estado 
de bem-estar físico, mental e 
social, bem como um conceito 
positivo que enfatiza os 
recursos sociais e pessoais e as 
capacidades físicas (WHO, 
1986). Saúde para grupos e 
populações inclui estes 
aspectos individuais mas inclui 
também a responsabilidade 
social de membros para com o 
grupo ou população como um 
todo. Bem-estar é “um processo 
ativo por meio do qual as 
pessoas [ou grupos ou 
populações] se tornam 
conscientes e fazem escolhas 
em direção a uma existência 
mais bem sucedida “(Hettler, 
1984, p. 1117). Bem-estar é 
mais do que a falta de doença 
ou sintomas; é um estado de 
equilíbrio físico e mental e 
aptidão (adaptado de Taber 
Cyclopedic Medical Dictionary, 
1997, p. 2110). 
* A participação de uma pessoa 
com alteração psiquiátrica em 
um grupo de advocacia e 
capacitação para melhoria dos 
serviços em uma comunidade 
(pessoa). 
* Implementação de um 
programa na empresa para que 
os funcionários identifiquem 
problemas e soluções quanto ao 
equilíbrio entre o trabalho, lazer 
e a vida familiar (grupo). 
* Diminuição da incidência de 
obesidade infantil (população). 
 
 
24 
 
Qualidade de vida 
 Apreciação dinâmica da 
satisfação do cliente com sua 
vida (percepções do progresso 
em direção às metas), 
esperança (crença real ou 
percebida de que se pode 
mover em direção a um objetivo 
através de caminhos 
selecionados), o auto-conceito 
(a associação de crenças e 
sentimentos sobre si mesmo), 
saúde e funcionamento (por 
exemplo, condições de saúde, 
capacidade de autocuidado), e 
fatores sócio-econômicos (por 
exemplo, vocação, educação, 
renda; adaptado de Radomski, 
1995). 
* Participação plena e ativa de 
uma criança surda em atividade 
recreativa junto a uma família 
sem alteração de audição 
(pessoa). 
* Moradores sendo capazes de 
se preparar para passeios e 
viagens de forma independente 
como resultado do treinamento 
de habilidades em prol de uma 
vida independente para 
prestadores de cuidados 
(grupo). 
* Formação de uma rede de 
trabalho para apoiar 
oportunidades nas redes 
sociais, atividades de 
advocacia, e compartilhar 
informações científicas para 
indivíduos com acidente 
vascular encefálico e seus 
familiares (população). 
Participação 
 Envolvimento em ocupações 
desejadas de forma que levem à 
satisfação pessoal e sejam 
congruentes com as 
expectativas dentro da referida 
cultura. 
* Uma pessoa que recupera a 
capacidade de exercer as 
funções essenciais de seu 
trabalho depois de uma lesão 
do tendão flexor (pessoa). 
* Uma família que desfruta de 
férias durante a viagem pelo 
país em sua van adaptada 
(grupo). 
* Todas as crianças dentro de 
um estado com acesso ao 
programa de esporte escolar 
(população). 
Desempenho de papéis 
 Capacidade de atender com 
eficácia as demandas de papéis 
em que o cliente se envolve. 
* Um indivíduo com paralisia 
cerebral ser capaz de tomar 
notas ou digitar para atender às 
demandas do papel de 
estudante (pessoa) 
* Implementação do sistema de 
revezamento de funções em 
uma fábrica, o que permite 
alternar tarefas de maior 
demanda para atender às 
necessidades da função do 
trabalhador (grupo) 
* Melhoria da acessibilidade dos 
locais de votação para todas as 
pessoas com incapacidade a 
fim de atender às demandas do 
papel de cidadão (população) 
Bem-estar 
 O contentamento com a saúde, 
auto-estima, sentimento de 
pertencimento, segurança e 
oportunidades para a auto-
determinação, significado, 
papéis e ajuda ao próximo 
(Hammell, 2009). Bem-estar é 
“um termo geral que abrange o 
* Uma pessoa com esclerose 
lateral amiotrófica fica satisfeita 
com sua capacidade de 
encontrar sentido no 
cumprimento do papel de pai 
através de estratégias 
compensatórias e modificações 
no ambiente (pessoa). 
 
25 
 
universo total de domínios da 
vida humana, incluindo aspectos 
físicos, mentais e sociais 
“(WHO, 2006, p. 211). 
* Os membros de um grupo 
ambulatorial de apoio à 
ansiedade e à depressão se 
sentindo seguros em relação ao 
pertencimento e ao mesmo 
tempo mostrando capacidade 
de se ajudarem mutuamente 
(grupo). 
* Moradores de uma cidade 
comemorando o início das 
obras de reconstrução de uma 
escola após catástrofe natural 
(população). 
Justiça ocupacional 
 O acesso integral e participação 
em toda a gama de ocupações 
significativas e enriquecedoras 
oferecidas a todos, abrangendo 
oportunidades para a inclusão 
social e disponibilidade de 
recursos visando a participação 
em ocupações que buscam a 
satisfação de necessidades 
pessoais, de saúde, e relativas 
à sociedade (adaptado de 
Townsend & Wilcock, 2004). 
* Um indivíduo com uma 
incapacidade intelectualparticipando de um conselho 
consultivo para estabelecer 
programas oferecidos por um 
centro de recreação da 
comunidade (pessoa). 
* Trabalhadores com horário de 
almoço longo o suficiente para 
poder almoçar com os filhos na 
creche (grupo). 
* Aumento da sensação de 
empoderamento e habilidades 
de auto-advocacia em pessoas 
com doença mental crônica, 
permitindo-lhes desenvolver 
uma campanha anti-estigma 
promovendo o envolvimento nas 
políticas públicas (grupo) e 
opções de habitação adaptada 
para que adultos mais velhos 
possam envelhecer em suas 
casas. (população). 
 
 LEITURA COMPLEMENTAR 
 Artigo – Campos e núcleos de intervenção na terapia ocupacional social 
Ana Paula Serrata Malfitano 
 
 
RESUMO: O presente trabalho discute o papel profissional do terapeuta 
ocupacional enquanto técnico em atuação no campo social. Apresenta-se um breve 
histórico da terapia ocupacional nesta área e a demanda atual de sua inserção e 
desenvolvimento de projetos, para os quais defende-se uma intervenção calcada nos 
 
26 
 
conceitos de autonomia, cidadania e direito. Compreende-se o campo social enquanto 
uma área interdisciplinar e intersetorial que pauta para diversas categorias 
profissionais, dentre elas para os terapeutas ocupacionais, a necessidade de 
aprimoramento de reflexões e metodologias para que se criem e/ou se fortaleçam as 
redes pessoais e sociais de suporte de pessoas e comunidades, população-alvo de 
tais intervenções. Defende-se que as diretrizes implantadas direcionem-se para o 
conceito de trabalho em equipe e constituição de rede, estruturada em diferentes 
níveis de assistência. Trabalha-se a partir dos conceitos de campo e núcleos de 
saberes, entendendo-se o campo enquanto um espaço interdisciplinar de atividades 
comuns e o núcleo como centro específico de cada profissional. O desafio encontra-
se na necessária junção entre intervenção técnica e política, tarefa constante no 
campo, bem como na soma que redefine as contribuições dos diferentes núcleos 
presentes. O terapeuta ocupacional intervém no campo e também disponibiliza as 
especificidades nucleares da terapia ocupacional – a partir do uso da atividade e da 
mediação para compreensão destas como meio e não ‘apenas’ fim. Discute-se, nesse 
contexto, o papel profissional do terapeuta ocupacional no campo social. 
 
DESCRITORES: Terapia ocupacional/tendências. Terapia 
ocupacional/história. Papel profissional. Estudos de informação. Planejamento em 
saúde comunitária. Redes comunitárias. Desinstitucionalização. Organização 
comunitária. Relações comunidade-instituição. 
 
INTRODUÇÃO 
As reflexões aqui apresentadas nascem da conjunção de experiências 
terapêutico ocupacionais acumuladas nos últimos anos no campo social, 
principalmente direcionada às crianças e aos adolescentes, bem como da 
sistematização de tais reflexões no interior do Projeto Metuia1 e debatidas na forma 
de dissertação e artigos. 
Nossa dissertação referenciou-se em um trabalho de campo qualitativo, 
realizado no período de 1999 a 2003, a partir dos procedimentos metodológicos 
baseados na Pesquisa Participante, na observação participante e em entrevistas com 
 
1 “Grupo interinstitucional de estudos, formação e ações pela cidadania de crianças, adolescentes e adultos em processo de 
ruptura das redes sociais de suporte, formado por docentes, discente e profissionais da área de terapia ocupacional ligados às 
universidades: Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-CAMPINAS), Universidade Federal de São Carlos 
(UFSCar) e Universidade de São Paulo (USP) ” (BARROS et al., 2002b, p.365). 
 
27 
 
atores locais (MALFITANO, 2004). Nesta ocasião tivemos a oportunidade de 
entrevistar terapeutas ocupacionais em intervenção no campo social a partir de um 
projeto em parceria entre a associação de moradores locais e Universidades 
(BARROS et al., 1999), ofertando nos elementos nos quais baseamos as reflexões 
que aqui seguem. Esta discussão não foi objeto central da dissertação em questão, 
porém apresentamos seus desdobramentos por considerar o tema de grande 
relevância, principalmente para o diálogo com os profissionais da área. 
Considerando a situação de precariedade e vulnerabilidades extremas de 
grande parcela da população brasileira na sociedade contemporânea, principalmente 
em grandes centros urbanos (SPOZATI, 2001), torna-se um desafio para os 
profissionais, entre eles o terapeuta ocupacional, criar metodologias, reflexões e 
estratégias de intervenção para atuação no campo social. 
Apoiamo-nos nos conceitos ofertados por Castel (1994, 1997), que 
compreende as redes sociais e pessoais de suporte como elementos fundamentais 
na definição de maior ou menor vulnerabilidade daquele que tem uma integração 
precária ao mundo do trabalho, como elementos que podem impedir o que esse autor 
denomina de desfiliação. Para Castel (1994), a inserção deve ser analisada a partir 
de dois eixos: o da relação de trabalho (com uma gama de posições, do emprego 
estável à ausência completa de trabalho) e o da inserção relacional (entre a inscrição 
nas redes sólidas de sociabilidade e o isolamento social total). O recorte desses dois 
eixos circunscreve zonas diferentes do espaço social: zona de integração – onde se 
dispõe de garantias de um trabalho permanente e pode-se mobilizar suportes 
relacionais sólidos; zona de desfiliação – onde se conjuga ausência de trabalho e 
isolamento social, implicando uma dupla ruptura das redes de sociabilidade e 
participação; zona de vulnerabilidade – que associa precariedade do trabalho e 
fragilidade relacional. 
A atuação no campo social prevê projetos que se dediquem a criar e/ou 
fortalecer tais redes sociais de suporte, no âmbito individual e coletivo, a partir do 
contexto microssocial que o sujeito está envolvido, realizando o trilhar sempre 
constante com a macroestrutura presente. 
 
 
 
 
28 
 
Terapia Ocupacional no Campo Social 
A terapia ocupacional conhece as primeiras discussões a respeito da 
intervenção no campo social durante a década de 1970, momento em que os 
movimentos sociais passaram a articular proposições sobre o Estado, a sociedade 
civil e os seus respectivos papéis, sendo que alguns profissionais, atentos a estes 
movimentos, desenvolveram a reflexão sobre sua função político-social (BARROS et 
al., 2002a). 
Acompanhando a dinâmica dos movimentos sociais inicia-se um relevante 
debate sobre os processos de desinstitucionalização, principalmente no campo da 
saúde mental. Os terapeutas ocupacionais passaram a integrar tais discussões uma 
vez que realizavam ações no interior das instituições totais, exercendo um papel 
definido por Galheigo (1997) como o de “promotores de adaptação social”. 
A desinstitucionalização, acompanhada de intervenções no âmbito territorial, 
impulsiona o repensar a prática profissional e insere o eixo da cidadania na 
composição do escopo da visão do terapeuta ocupacional. 
Esta nova proposição espera que o profissional rompa os limites estabelecidos 
pelos muros da instituição, que acesse o usuário em seu território, que promova ações 
para além dos limites institucionais. A noção de território aqui considerada baseia-se 
não só na delimitação geográfica de uma região, mas pressupõe também sua 
constituição histórica e as relações socioeconômicas e culturais ali desenvolvidas 
(OLIVER; BARROS, 1999). 
Nele [o território] pode-se observar diferentes maneiras de existir, sonhar, 
viver, trabalhar e realizar trocas sociais. Essa noção exige que se tenha a 
compreensão de intervenção em saúde que supere a noção de risco, que 
isola e escolhe determinadas variáveis, geralmente de ordem biológica, para 
o desenvolvimento das ações de saúde. A intervenção em saúde deve estar 
pautada pela noção de chances de vida, que busca trabalhar a partir de uma 
visão do ambiente ecológico e social em que estas vidas se tecem.Dessa 
maneira entende-se que as chances de vida determinam as chances de 
saúde das pessoas (BARROS et al., 2002a, p. 100). 
A contextualização territorial traz outros âmbitos para o desenvolvimento do 
trabalho, possibilitando que o processo proposto pela terapia ocupacional possa ser 
ampliado para a construção de novas abordagens, para a utilização de novos 
espaços, para as dimensões macroestruturais, co-relacionando aspectos que na 
prática não se isolam, são permeados uns pelos outros. 
 
29 
 
Nessa direção, na saúde coletiva se coloca o debate sobre a construção de 
uma “clínica ampliada”, a busca do protagonismo do sujeito, e não apenas da doença, 
do território em que está inserido, ampliando o setting terapêutico, em prol de uma 
clínica do sujeito (CAMPOS, 2001). Desenvolve-se a compreensão de que o trabalho 
profissional não deve se restringir a uma clínica tradicional protegida pela instituição. 
Pauta-se a necessidade de ir ao encontro do sujeito, promover seu acesso aos 
serviços, realizar abordagens que sejam contextualizadas em sua realidade, história 
e cultura, criando novas formas de produção de saúde. 
Para a construção desta clínica do sujeito faz-se necessário tecer o trânsito 
entre o individual e o coletivo, assim como entre o institucional e o político. É na 
promoção desta articulação que se encontra a complementaridade indissociável entre 
os aspectos que influenciam a vida do sujeito. 
Debate-se também a contribuição das diversas áreas de atuação para a 
composição do campo social. No campo da saúde questiona-se quais contribuições 
serão dadas para a busca de respostas aos problemas da sociedade contemporânea, 
como a violência, o uso abusivo de substâncias psicoativas, o desenvolvimento de 
crianças e adolescentes nas ruas, dentre tantos outros exemplos. Para tais questões, 
não basta a produção de dados epidemiológicos, o tratamento clínico ambulatorial e 
as internações. Desafiam-nos a criação de novas formas de abordagem e 
‘tratamentos’ que não se encerram na clínica e que demandam a ampliação e criação 
de novas metodologias. 
Na educação discute-se os limites da educação formal e os procedimentos 
excludentes adotados pela escola; na área da educação não-formal tenciona-se para 
que se supere o modelo de escolarização complementar (GARCIA, 2003). 
Já para a assistência social, historicamente relacionada a ações coletivas de 
caráter compensatório (MESTRINER, 2001), aponta-se o questionamento da 
necessária inserção do sujeito individual, numa abordagem à família que supere as 
formas tradicionais, podendo ampliar a abordagem sistêmica. 
No campo da justiça espera-se a real promoção dos direitos de forma 
igualitária. 
Na área da cultura as atividades culturais podem assumir um caráter de 
promoção de lazer e não apenas de formação e divulgação profissional de artistas. 
 
30 
 
Nesse contexto, o trabalho permanece como categoria central sendo a geração 
alternativa de renda ainda um desafio para o estabelecimento de uma economia 
solidária (SINGER; SOUZA, 2000) que também seja voltada para lidar com as 
diferenças (GHIRARDI, 2004) 
Portanto, a constituição de intervenções no campo social é composta por uma 
diversidade de áreas que têm internamente discussões a realizar para ofertar as suas 
contribuições. O terapeuta ocupacional, ao ingressar neste campo, apresenta limites 
e possibilidades e deve debater alguns pontos chave de sua atuação, tais como: os 
limites da clínica, as possibilidades da promoção da convivência, o caminhar entre o 
individual e o coletivo e entre o técnico e o político. 
O terapeuta ocupacional tem uma capacidade de articular o macro e o micro, 
ele se propõe a falar de ações territoriais (...) está no contato com as pessoas, 
no cotidiano, no dia-adia. Acredito que nossa história, por vir da saúde, ou 
por vir de um cuidado mais individual, permite que façamos a articulação 
entre o coletivo e o individual, que talvez outros profissionais não façam (...). 
A discussão da ação no território, no contexto social, no bairro, na 
comunidade, articulado a proposições de mudança, de ação, de pautar é 
importante. O terapeuta ocupacional propõe esta composição de articulação 
da ação coletiva e da individual, do macro e do micro (...) podendo também 
contextualizar uma abordagem individual dentro de um coletivo (LOPES, 
2003, p. 8-9) 
Neste campo, o profissional é chamado, para além do desenvolvimento do 
trabalho individual e institucional, para assumir também um papel de articulador social, 
sendo sua demanda a reflexão e produção de intervenções que estejam relacionadas 
ao domínio “macro-estrutural e conceitual, o político-operacional e o da atenção 
pessoal e coletiva” (GALHEIGO, 1999, p. 24). 
Pensar políticas públicas, conhecer leis específicas do grupo populacional com 
quem se está intervindo, construir propostas, atuar no âmbito público, passam a ser 
demandas de trabalho para o terapeuta ocupacional. 
Enfatiza-se, portanto, a necessária incorporação do aspecto político no 
cotidiano do trabalho profissional, compreendendo-o como uma demanda que deve 
fazer parte integrante das tarefas diárias. O profissional precisa estabelecer um 
diálogo entre a microestrutura – seu cotidiano de ações com sua população-alvo – e 
a macroestrutura – no aspecto das políticas sociais – articulando uma política que 
viabilize o acesso aos direitos para esta população. 
 
 
 
31 
 
Campos e núcleos de intervenção 
O campo social implica em uma gama de ações que apresentam uma 
diversidade de núcleos a serem desenvolvidos por diferentes saberes, compondo um 
espaço que envolve dois âmbitos de atuação. O primeiro, que denominamos de 
campo, com um caráter mais geral e interdisciplinar, envolve diferentes atores; o 
segundo é composto por núcleos específicos nos quais se encontram a atuação de 
uma dada área, com um dado profissional, dentro de uma certa especificidade. 
Campos (2000) desenvolve a idéia de campo e núcleo de saberes ao discorrer 
sobre a saúde pública e suas interfaces. A partir dos mesmos princípios, 
compreendemos o campo social enquanto esfera interdisciplinar com interfaces com 
diversos núcleos, cujos projetos exigem a intervenção, a comunicação e o trabalho 
conjunto entre os diferentes atores para composição de uma rede de intervenção. 
Não se trata de priorizar o campo ou algum núcleo, tem-se estes diferentes 
componentes atuando em um mesmo contexto, demandando ações realizadas em 
rede que se traduzam numa maior efetividade para a população atendida. 
Propomos na Figura 1 a visualização gráfica daquilo que compreendemos 
enquanto intervenções no campo social contendo alguns dos núcleos que o 
compõem, ressaltando a não completude do gráfico. Este campo de ação prevê uma 
gama de intervenções, individuais e coletivas, direcionadas para a promoção do direito 
e da cidadania, e que buscam viabilizar aquilo que o sujeito deseja, necessita e/ou 
possibilitar a ampliação de vivências e repertórios socioculturais para a sua vida. 
 
 
 
 
Figura 1 – Campo social e núcleos de saberes 
 
32 
 
No nível da macroestrutura são também esperados “trabalhos” no campo 
social, tais como: as ações de coordenação de serviços e projetos, a discussão para 
a constituição de políticas sociais, a defesa de direitos, dentre outras. Espera-se que 
os profissionais possam contribuir com ações interdisciplinares efetivadas no campo, 
bem como desenvolver um trabalho em equipe e no contexto de uma rede de 
atendimento. 
A comunicação e ação conjunta dos vários núcleos têm se denominado 
intersetorialidade, princípio que compreendemos como essencial para a realização de 
políticas, programas e projetos no campo social. Terapeutas ocupacionais que 
entrevistamos apontam a intersetorialidade enquanto o meio mais efetivo para o 
desenvolvimento de novas propostas de trabalho. Contudo, observa-se que a 
intersetorialidade se coloca aindacomo proposição, como um indicativo futuro de 
diretriz, pois há pouco acúmulo de experiências e concretizações, o que limita o campo 
social a ações fragmentadas que não são interconectadas, diminuindo suas 
potencialidades e possibilidades. 
A implementação de propostas de natureza intersetorial exige a discussão 
sobre financiamento e administração de equipamentos que comportem diferentes 
núcleos, que no poder público são representados por diferentes órgãos e secretarias, 
na proposição de uma atuação conjunta (LOPES, 2003). 
Exige também o debate sobre a integração da divisão dos saberes e a 
segmentação burocrática das intervenções públicas. 
O cotidiano do trabalho mostra que as experiências que buscam a ampliação 
do leque de atuação, não se restringindo apenas a um núcleo de saber, têm a 
dificuldade de sua compreensão e responsabilização pelo poder público, o que limita 
suas possibilidades. 
Deve-se notar também, no contexto neoliberal, o enxugamento de gastos 
sociais em prol de um Estado interventor mínimo. Nessa lógica, os escassos recursos 
públicos existentes são direcionados para situações emergenciais, compondo ações 
isoladas, descontextualizadas, desconectadas do campo social na qual estão 
inseridas (DRAIBE, 1993). 
Investe-se “apenas” – sublinhando este “apenas” por se tratar de intervenções 
relevantes e necessárias – no trabalho com problemáticas caracterizadas pelo 
agravamento da situação social, que demonstram a ausência do Estado naquilo que 
 
33 
 
deveria ser garantido para os seus cidadãos. Exemplo disso são as ações destinadas 
a crianças e adolescentes, as consequências da violência doméstica, aos 
adolescentes infratores, as crianças e jovens em situação de rua, à exploração sexual 
etc. 
Assim, não se visualiza uma política pública de cuidado que se organize em 
diferentes níveis de atenção e ofereça assistência efetiva na área social. Depara-se 
com um campo desenraizado e fragmentado direcionado para intervenções que são, 
na maioria dos casos, ações compensatórias, não se configurando em um ‘nível 
primário de intervenção’. Geralmente os projetos direcionados a grupos populares não 
são desenvolvidos com um caráter público, assim como não são enquadrados como 
direito de cidadania. 
Investe-se precariamente nas situações emergenciais quando a população se 
encontra já no campo da desfiliação, sem realizar propostas para a mesma quando 
esta se encontra na zona de vulnerabilidade social, buscando auxiliá-la para que a 
transposição dentre estas porosas zonas não venha a se efetivar. 
Contudo, o campo social apresenta desafios para os profissionais que atuam 
neste escopo. Trata-se de intervir num campo interdisciplinar e intersetorial que requer 
ações políticas que o fortaleça, pautando-o como prioritário para intervenção, 
realizando ações comuns e socializando-as com os demais profissionais presentes, 
bem como criando métodos nucleares com a população para a qual se destina o 
trabalho. 
 
Terapia Ocupacional: contribuições do núcleo na proposição do trabalho 
no campo social 
Para a discussão do núcleo de intervenção da terapia ocupacional no campo 
social, partimos do princípio de que suas ações buscam a autonomia e cidadania do 
sujeito, interferindo em seu cotidiano para promoção de mudanças. 
A terapia ocupacional é um campo de conhecimento e intervenção em saúde, 
em educação e na ação social, que reúne tecnologias orientadas para a 
emancipação e a autonomia de pessoas que, por razões ligadas a 
problemáticas específicas (físicas, sensoriais, psicológicas, mentais e/ou 
sociais), apresentam, temporária ou definitivamente, dificuldades de inserção 
e participação na vida social (BARROS et al., 2002b, p. 366). 
 
34 
 
Para que se efetive o trabalho do núcleo da terapia ocupacional no campo 
social parte-se do princípio de que é necessário que haja o reconhecimento do outro 
como interlocutor do processo e que se promova: 
 1. descentramento do saber do técnico para a idéia de saberes 
plurais diante de problemas e de questões sociais; 
 2. descentramento das ações da pessoa (considerada corpo / 
mente doente ou desviante) para o coletivo, a cultura da qual a 
pessoa não pode ser separada; 
 3. descentramento da ação: do enquadramento (setting) para os 
espaços de vida cotidiana; 
 4. descentramento do conceito de atividade como processo 
individual para inseri-lo na história e cultura de um grupo ou de 
uma pessoa (BARROS, 2002a, p. 100). 
O uso da atividade enquanto recurso terapêutico é um instrumento de trabalho 
historicamente utilizado pela terapia ocupacional com diferentes grupos 
populacionais. No campo social, principalmente em trabalho direcionados para 
crianças e adolescentes, o recurso grupal, através de oficinas artísticas e/ou culturais, 
é utilizado enquanto elemento constante para efetivação do trabalho. 
Em grande parte dos projetos sociais não encontramos a presença do 
terapeuta ocupacional compondo as equipes de trabalho. Cabe a este profissional, a 
partir das oportunidades que lhe são ofertadas, apresentar suas contribuições, 
apontando o uso de seus recursos enquanto elemento meio, que visam o fim de 
produção de autonomia, configurando assim seu instrumental de intervenção, 
colocando o uso de atividades enquanto ações relevantes para intervenções que se 
inserem em um campo interdisciplinar. 
Partindo-se da concepção da atividade enquanto meio de formação de vínculo, 
aproximação, intermediação para que se possa iniciar a construção conjunta de novos 
projetos de vida; interpreta-se tais abordagens enquanto núcleo de ação do terapeuta 
ocupacional. 
Você precisa de profissionais que consigam transitar entre o que é uma 
oficina de capoeira e o que é expressão de descontentamento, de revolta, ou 
de um mau comportamento, ou um comportamento esquivo que apareça nos 
grupos; e o que é que essa pessoa, essa criança, esse jovem está dizendo? 
O que é o mundo dela na esfera do trabalho e da família? E poder pensar 
 
35 
 
essa oficina cultural, por exemplo, na relação com o conjunto daquilo que ela 
é, do que ela vive, das possibilidades e impossibilidades que ela têm, então 
nesse sentido acho que o terapeuta ocupacional seria de grande valia porque 
ele pode ser este elo, saber ler os símbolos daquilo que é a atividade de 
capoeira e compreender aquilo que é a representação e a valorização desta 
atividade por quem a freqüenta, e colocar essas duas coisas, ou essas duas 
instâncias, no conjunto da vida e, sobretudo, das dificuldades que 
eventualmente confluem para que ela não consiga produzir a sua autonomia 
mínima que se espera de uma pessoa na sociedade, a partir de sua idade 
(BARROS, 2003, p. 5-6). 
O terapeuta ocupacional dedica-se a uma leitura do cotidiano e seus contextos, 
a intermediação entre a estrutura macro e microssocial, a ressignificação do fazer, a 
intervenção individual e coletiva, desenvolvendo estratégias que buscam o 
fortalecimento das redes pessoais e sociais de suporte, com o objetivo de que essas 
venham a se traduzir em uma maior sustentabilidade autônoma do sujeito na 
complexa estrutura social em que está inserido (GALHEIGO, 2003; BARROS et al., 
2002a). 
Compreendemos, portanto, que o terapeuta ocupacional é um dos profissionais 
que compõem, a partir do seu núcleo de saber, o campo social, demandando para a 
efetividade de seu trabalho a atuação entrelaçada com outros profissionais, a partir 
de uma concepção intersetorial. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Em nossa visão, o campo social é um campo interdisciplinar e intersetorial que 
demanda, enquanto função social dos profissionais na sociedade contemporânea, 
reflexões e intervenções que se dediquem à produção e/ou ao fortalecimento das 
redes sociais de suporte de grupos populacionais em situação de vulnerabilidade 
social, bem como em situação de desfiliação. 
Para que se direcione os esforços no sentido de fomentar a produção dasredes 
sociais de suporte é necessário que haja uma mudança de paradigmas, revisão de 
metodologias e abordagens, que reconheçam o campo social enquanto um complexo 
escopo que demanda a articulação de trabalhos. Pautamos algumas reflexões para 
as quais o terapeuta ocupacional pode dedicar-se enquanto profissional do campo 
social. 
Os diversos núcleos profissionais apresentam diferentes limites para os quais 
se faz necessário a superação de paradigmas enraizados. Ressaltamos assim, dentre 
outras questões, a relevância do debate sobre os limites da clínica, as possibilidades 
 
36 
 
de promoção da convivência, a indissociabilidade entre ação técnica e política e o 
trânsito sempre constante entre o individual e o coletivo, a macro e a microestrutura. 
Contudo, a produção deste campo não deve estar restrita a discussão sobre o 
papel do técnico, mas também, e de forma extremamente relevante, a concepção e 
prática das políticas sociais. 
As experiências que se observam não se encontram enraizadas em princípios 
interdisciplinares e intersetoriais, conforme citado acima, sendo, na maioria das vezes, 
projetos isolados e fragmentados tendo como diretriz única a dinâmica institucional na 
qual se inserem, afastando-se da proposição de formulação de uma política 
intersetorial. 
Estas intervenções demonstram, em sua maioria, produção de resultados, 
podendo vir a criar modificações nas redes sociais de suporte de determinados 
grupos, sem a necessidade de alto investimento tecnológico e de recursos materiais, 
porém com uma ênfase pontual e focal. O grande investimento necessário centra-se 
na capacitação de recursos humanos que se responsabilizem pelo desenvolvimento 
de ações complexas, sendo necessário, para tanto, que estejam inseridos em projetos 
políticos diretivos que tenham, baseados na clareza e prioridade de políticas e 
gestores, os recursos necessários para a promoção de novos métodos no campo 
social. 
Sendo assim, por se tratar de um campo interdisciplinar e, portanto, requerente 
de uma diversidade de ações técnicas e políticas e composta por núcleos de saberes 
entrelaçados que buscam a composição de um todo, assinalamos o papel do 
profissional da área de terapia ocupacional. 
Por fim, destacamos que os profissionais que se dedicam à intervenção no 
campo social têm o desafio de articular ações de campo e núcleo, em um cotidiano 
de trabalho de grandes demandas, buscando novas formas de abordagens que 
inovem as já existentes, criando novas metodologias que fortaleçam 
significativamente as redes sociais de suporte da população em atendimento. 
Apresentamos aqui o resultado do debate de uma prática dedicada ao campo 
social, que é composta por uma enormidade de desafios e questionamentos, que 
acreditamos ser o motor de impulsão para o desenvolvimento de intervenções 
técnicas, profissional, que se dediquem à promoção da autonomia e cidadania 
daqueles que se encontram destituídos de seus direitos. 
 
37 
 
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