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Constitucionalismo e sua Evolução DIREITO CONSTITUCIONAL 1 Constituição Para ser uma constituição é necessário a organização fundamental do Estado e direitos humanos (conceito moderno da Constituição). - A Constituição é o documento formal, não necessariamente escrito. Constitucionalismo É o movimento social político e jurídico que tem por objetivo limitar o poder do Estado por meio de uma Constituição. - é uma concepção moderna que se cristalizou a partir das primeiras constituições do final do século XVIII. - Constitucionalismo = luta contra o absolutismo. Por que o constitucionalismo é chamado de movimento social? -> busca a limitação do poder do Estado e o reconhecimento de direitos fundamentais. - movimentos populares e sociais; (ex: Revolução Francesa). Por que o constitucionalismo é chamado de movimento jurídico? -> busca a limitação do poder estatal, uma vez que este poder passa a ser traçado nas Constituições, rompendo com o regime absolutista até então vigente, passando o povo a ser o titular das decisões. O movimento jurídico consistente na construção de teorias, desde a busca inicial pela força normativa da Constituição, capaz de alterar a realidade e limitar o poder estatal, até as teorias jurídicas mais modernas. Como disse André Ramos Tavares, “o aspecto jurídico revela-se pela pregação de um sistema dotado de um corpo normativo máximo, que se encontra acima dos próprios governantes – a Constituição”. Constitucionalismo Antigo Karl Loewenstein, foi um dos primeiros a identificar que as primeiras demonstrações do constitucionalismo podem ser encontradas na Antiguidade, primeiramente junto ao povo hebreu, máxime na conduta dos profetas, responsáveis por verificar se os atos do poder público eram compatíveis com o texto sagrado. -> se organizava politicamente pelo regime teocrático (regime religioso; representante do poder divino), no qual os detentores de poder estavam limitados pela lei do Senhor. Marco histórico: povo hebreu. - Na Grécia Antiga também houve o começo do constitucionalismo; (local de nascimento e desenvolvimento da democracia). >> que influenciaram o constitucionalismo atual. - Havia uma ampla participação dos governados na condução do processo político (democracia direta). -> As cidades-Estado de Atenas e Esparta que dominavam este período. Vigoravam nas cidades-Estado gregas um conjunto de costumes, tradições, estatutos, que, reunidos, formavam o que os gregos entendiam como “constituição”. - os gregos eram movidos pela razão. (em razão do surgimento dos filósofos). -> A Grécia foi conquistada por Roma, que possuía uma política expansionista. A sociedade romana ofertou para o constitucionalismo: (i) apresentação de um esboço da concepção da separação dos poderes; e (ii) avanço para os direitos individuais. 2 Constitucionalismo Medieval: Início da Idade Média e o surgimento do feudalismo. Na Inglaterra, sob reinado do João Sem-Terra, originou-se à Magna Carta, de 1215, que obrigava o monarca a respeitar certos direitos dos nobres ingleses. -> O que a Magna Carta garantia: - o direito do cidadão de não ser privado de sua propriedade e de sua liberdade sem que houvesse um processo, um julgamento de acordo com as leis da terra/indivíduo. -> (devido processo legal). - garantia da liberdade de locomoção (direito de ir e vir). Resumindo...: No reinado do João Sem Terra, uma revolução entre os nobres, onde eles cobravam mais direitos e menos impostos. Ele se submeteu a essa decisão, por medo dos franceses invadirem a Inglaterra. Com isso, ele assinou um documento (Magna Carta) >> o embrião da Constituição (o início). -> A Magna Carta garantia os direitos, os deveres e a obrigação do Estado. (A Magna Carta tinha o objetivo de limitar o poder do João Sem-Terra). Marco jurídico: Magna Carta de 1215; (constou a necessidade de representação, para que o rei os tributasse era necessário uma autorização da classe burguesa no próprio parlamento inglês). Pode-se citar outros importantes pactos firmados posteriormente: Petition of Right (1628); Habeas Corpus Act (1679); Bill of Rights (1689); e Act of Settlement (1701). Bill of Rights: também surgiu na Inglaterra (1689); surgiu para garantir o poder do parlamento, a limitação da coroa (monarca) passando o poder ao parlamento. - monarquia parlamentarista; - monarca x parlamento. Constitucionalismo Moderno: - Constituição norte-americana de 1787 (primeira constituição escrita) e Francesa de 1791; (movimento durante o Iluminismo e concretizado como uma contraposição ao absolutismo reinante, por meio do qual se elegeu o povo como titular legítimo do poder. Constitucionalismo Moderno: constituição escrita; o Constitucionalismo moderno foi divido em duas fases: Constitucionalismo Liberal: É marcado pelo surgimento das primeiras constituições escritas que se preocuparam em positivar direitos individuais (direitos de liberdade). -> no qual simbolizam a luta pela liberdade e pela ampliação da participação política na superação do Estado absolutista. - (com o objetivo de afastar o Estado e governantes para possibilitar a não intervir nos direitos individuais). - limitação do poder estatal. (Estado intervencionista, um monarca absolutista); - Foi quebrada a partir das Constituições escritas. - prever direitos liberais. - a constituição liberal não atendeu a demanda de igualdade. Após as Revoluções Liberais (EUA - 1776 e França - 1789), o poder saiu das mãos do monarca e passou a se concentrar nas mãos do povo. -> Evolução dos direitos conforme o esquema abaixo: Dimensão dos Direitos Humanos: 1ª Geração – liberdade; 2ª geração – igualdade; 3ª geração – fraternidade. Curiosidade: A primeira constituição do Brasil foi outorgada por D. Pedro I em 25 de março de 1824. (ela se limitava nos direitos de liberdade). 3 Constitucionalismo Social: - O afastamento do Estado gerou concentração de renda e exclusão social, fazendo com que o Estado passe a ser chamado para evitar abusos e limitar o poder econômico. -> O Constitucionalismo Social surgiu da verificação da necessidade do Estado atuar positivamente para a promoção de certos direitos, para assegurar uma existência digna para as pessoas. (direitos sociais). - promover a igualdade; - Marcado pela positivação dos direitos sociais que se caracterizaram por impor obrigações de fazer ao Estado. - começa a tratar dos direitos do trabalho; tempo de descanso; o salário mínimo; educação; saúde; - Constituição do México (1917) – 1ª Constituição Social; - Constituição de Weimar (1919) – Constituição alemã. -> Constitucionalismo Social – 2ª geração – igualdade; Neoconstitucionalismo - Um movimento surgido após a 2º Guerra Mundial que busca incorporar os princípios ao texto constitucional, alçando as condições de normas jurídicas. -> trabalha com os princípios; -> não existe leis contrárias à constituição. - não se admite mais violação de princípios. (!!!) O que motivou o surgimento do neoconstitucionalismo: a preservação de direitos humanos e humanitários e proteção contra arbitrariedade das leis. O objetivo do neoconstitucionalismo: garantir a eficácia das normas constitucionais, principalmente dos direitos fundamentais. - mudanças de paradigmas; Marco histórico: Pós-Segunda Guerra Mundial; Marco filosófico: Pós-Positivismo; Marco teórico: força normativa da constituição. - neoconstitucionalismo = pós-moderno; pós positivismo. - o neoconstitucionalismo busca não somente limitar o poder político, mas acima de tudo, busca-se a eficácia da constituição. (passando a ser mais efetivo na concretização dos direitos fundamentais). -> O caráter ideológico do constitucionalismo moderno era apenas o delimitar o poder, o caráter ideológico do neoconstitucionalismo é o de concretizar os direitos fundamentais. - Constitucionalismo Moderno: hierarquia entre normas; limitação do poder; - Neoconstitucionalismo: hierarquia entre normas não apenas formal, mas também axiológica (questão de valores); concretização dos direitos fundamentais. (dignidade da pessoa humana, igualdade, Estado Democrático de Direito e etc). -> abre o debate da moral e da implementação de políticas públicas. Marco Filosófico: O positivismo jurídico é marcado pelo próprio positivismo científico que tem por objetivo trazer para a ciência uma maior objetividade ao estudo científico. > isso vem para o direito também. - só é considerado direito aquilo que foi posto por uma fonte legítima (autoridade legítima), podendo ser um legislador, judiciário e etc. - o positivismo não se reduz apenas a letra da lei, as regras. - o positivismo estuda o objeto posto, se limitando a escrever aquele objeto no estudo (podendo ser a lei, jurisprudência e etc). Positivismo jurídico exegético: teoria segundo a qual o juiz é a “boca da lei”, e em que sobreleva a “proibição de interpretar”. - O positivismo exegético – França; século XIX ; 4 - direito x moral; além de confundir texto e norma, lei e direito, pois se tratava, como mencionado, da crença em torno da proibição de interpretar. O positivismo jurídico tinha por finalidade impedir a atuação ativa do juiz. (o parlamento faz as leis, e essas leis já trazem todas as suas hipóteses de incidência, de modo que não é necessário que o juiz fique interpretando ou inventando modos de aplicação da lei). (pois a lei já traz todas as suas hipóteses de aplicação; o legislador já faz a lei). – o legislador faz a lei perfeita, somente basta o juiz aplicá-la. – O positivismo normativista (Kelsen) – em que não há proibição de interpretar, apenas não há preocupação com isso, porque o ato aplicativo envolve uma razão prática de difícil manuseio. - divisão da ciência do direito x direito. - na ciência do direito, o Hans Kelsen separava a ciência de moral; - no direito, separava a moral do direito. - Teoria Pura de Kelsen -> ciência do direito; (é o objeto de estudo do jurista, ele estuda o direito posto sem fazer nenhum juízo moral ou político). - Kelsen não separa o direito de moral, ele não se preocupava com a decisão judicial. (ele se preocupava apenas com o estudo do objeto). Para Kelsen, não havia como controlar o juiz. Marco Histórico: O neoconstitucionalismo é um movimento social, político e jurídico surgido após a Segunda Guerra Mundial, tendo origem nas constituições italiana (1947) e alemã (1949). Um dos exemplos mais tristes da História dos riscos do positivismo jurídico foi a edição das “Leis de Nuremberg”, de 1935, na Alemanha. O governo nazista buscou criar um critério objetivo de definição de quem seria judeu e quem teria “sangue puro alemão”. - A principal referência inicial desse movimento foi a Constituição alemã de 1949 (conhecida como “Lei Fundamental de Bonn”) e a Constituição da Itália, de 1947. A Lei Fundamental de Bonn foi o embrião do neoconstitucionalismo, servindo de paradigma de um novo Estado de Direito: um Estado Constitucional de Direito. -> Até a segunda guerra mundial prevalecia o pensamento positivista, na qual a lei era a principal fonte do direito; o juiz era a boca da lei. (havia uma supremacia do legislador). -> Após a segunda guerra mundial houve uma mudança de paradigma, impulsionada por textos constitucionais, carregados de normas programáticas de elevada carga valorativa/axiológica. (surgindo um novo papel ao judiciário >> intérprete da constituição; com isso, diminuindo o papel do legislador. (em prol do juízo interpretativo ao poder judiciário). Obs: a força normativa da constituição, permite que o poder judiciário ganhe um papel mais ativo. (aplicabilidade direta da constituição pelo juiz >> com o objetivo de responder demandas sociais, ex: saúde). - não reguladas pelo legislador. Marco Teórico: - eficácia dos princípios; (normatividade dos princípios). - expansão da jurisdição constitucional; (o entendimento de que as cortes constitucionais têm o poder de dar a palavra final sobre a interpretação da Constituição.) > (STF). - a criação de uma nova hermenêutica constitucional; (métodos tradicionais de interpretação; (foram acrescentadas novas técnicas de interpretação: ponderação; uso das cláusulas gerais; reconhecimento dos princípios como normas constitucionais). - maior eficácia das normas constitucionais; (força normativa da constituição); - (o reconhecimento de que a Constituição possui uma força jurídica interna que as diferencia das demais normas jurídicas); 5 - maior protagonismo do poder judiciário. Estado Constitucional de Direito a) importância dada aos princípios e valores como elementares do sistema jurídico; b) ponderação como método de interpretação e aplicação dos princípios e de resolução dos conflitos de valores e bens constitucionais; c) compreensão da Constituição como norma que irradia efeitos por todo o ordenamento jurídico, condicionando toda a atividade jurídica e política dos poderes do Estado e até mesmo dos particulares nas relações privadas; d) protagonismo dos juízes em relação ao legislador na tarefa de interpretar a Constituição; e) aceitação de conexão entre Direito e moral. Como assinala Jorge Miranda, “a Constituição de Bona, como era de esperar depois do nacional-socialismo e da guerra, faz uma clara profissão de fé na dignidade da pessoa humana e admite, implícita ou explicitamente, que o Direito natural limita o poder do Estado”. Obs: no Estado Constitucional de Direito – não pode contrariar a constituição.
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