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Ponto 01 Pontos Iniciais de Direito Constitucional

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- Pontos Iniciais de Direito Constitucional. 
- Atualizado em 05/09/2022: questões de concurso (as últimas questões de concurso, em especial, os concursos da Magistratura Estadual e MP Estadual).
- Fontes: Aulas dos Cursos G7 Jurídico; Curso de Direito Constitucional do professor Marcelo Novelino e Bernardo Gonçalves.
Atualização em 26/09/2020: Item 15.9 (histórico das Constituições brasileiras); item 6.1.1. (preâmbulo); 12.2.1. (Promulgação de Emendas Constitucionais). Itens novos (Item 15, 16, 17, 18 – Constituição Simbólica; Constituição Chapa-branca; Constituição Liberal-Patrimonialista)
1. Constitucionalismo
	Inicialmente, abordaremos dois aspectos envolvendo o Constitucionalismo: definição e evolução histórica do constitucionalismo.
1.1. Definição
	Canotilho identifica vários constitucionalismos, como o inglês, o americano e francês, preferindo falar em “movimentos constitucionais”. Em seguida, define-o constitucionalismo como uma “... teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social de uma comunidade. Neste sentido, constitucionalismo moderno representará uma técnica específica de limitação do poder com fins garantísticos. O conceito de constitucionalismo transporta, assim, um claro juízo de valor. É, no fundo, uma teoria normativa da política, tal como a teoria da democracia ou a teoria do liberalismo”.
Kildare Gonçalves Carvalho, por seu turno, vislumbra tanto uma perspectiva jurídica como sociológica: “... em termos jurídicos, reporta-se a um sistema normativo, enfeixado na Constituição, e que se encontra acima dos detentores do poder; sociologicamente, representa um movimento social que dá sustentação à limitação do poder, inviabilizando que os governantes possam fazer prevalecer seus interesses e regras na condução do Estado”.
Segundo André Ramos Tavares, o termo “constitucionalismo” é empregado com 4 (quatro) diferentes sentidos. No primeiro, o constitucionalismo é visto como um movimento político-social cujo objetivo é a limitação do poder estatal. No segundo, como a imposição de que os Estados adotem cartas constitucionais escritas. Na terceira acepção, o constitucionalismo serve para indicar a função e a posição das constituições nas diversas sociedades. Por último, o “termo “constitucionalismo é também usado para se referir à evolução histórico-constitucional de um determinado Estado”.
Normalmente, em concursos públicos, as bancas examinadoras utilizam primeira acepção, referindo-se ao constitucionalismo como sendo, na verdade, um movimento político-social.[footnoteRef:1] [1: (MPGO-2014): O constitucionalismo nasceu, política e filosoficamente, inspirado por ideias libertárias, com a nítida intenção de afiançar a limitação do poder dos governantes e o respeito aos direitos dos governados. ] 
Segundo Marcelo Novelino, o Constitucionalismo costuma ser referido em dois sentidos diversos: amplo e estrito. Vejamos, detalhadamente, abaixo cada um deles.
1.1.1. Sentido amplo: existência de constituição.
	O constitucionalismo corresponde a existência de uma constituição, independentemente do momento histórico ou do regime político adotado. 
	Ainda que a Constituição em sentido moderno tenha surgido apenas a partir das Guerras Religiosas dos séculos XVI e XVII, pode-se dizer que todos os Estados – mesmos os absolutistas ou totalitários – sempre possuíram uma norma básica, expressa ou tácita, responsável por legitimar o poder soberano. Enfim, todo o Estado para existir precisa ter uma Constituição, uma estrutura básica. Entretanto, esse sentido na atualidade não é o mais utilizado, sendo que a doutrina o utiliza um sentido estrito.
Quando se vê em alguma obra, costuma-se adotar o constitucionalismo em um outro sentido, sentido mais estrito, porque Constituição todo o Estado sempre teve. Não existe Estado sem constituição, mesmo que ela não seja escrita. O Estado precisa se estruturar e isso somente possível graças a constituição. 
 1.1.2. Sentido estrito: garantia de direitos + limitação do poder
	Esse sentido envolve duas ideias centrais, quais sejam, a garantia de direitos e limitação do poder (separação de poderes).[footnoteRef:2] [2: (DPEES-2012-CESPE): Na perspectiva moderna, o conceito de constitucionalismo abrange, em sua essência, a limitação do poder político e a proteção dos direitos fundamentais.
(DPEPR-2012-FCC): O constitucionalismo fez surgir as Constituições modernas que se caracterizam pela adoção de princípio do governo limitado pelas leis, separação de poderes e proteção de direitos e garantias fundamentais.] 
O Karl Loewenstein costuma dizer que o constitucionalismo é a busca do homem político pela limitação do poder absoluto. E ela ocorre somente através da garantia de direitos aos indivíduos. 
Nesse sentido, o constitucionalismo se contrapõe ao absolutismo. Ele surge como uma tentativa de se impor os Estados Absolutistas que reinavam até o final do século XVIII.
Para LOEWENSTEIN, a história do constitucionalismo “não é senão a busca pelo homem político das limitações do poder absoluto exercido pelos detentores do poder, assim como o esforço de estabelecer uma justificação espiritual, moral ou ética da autoridade, em vez da submissão cega à facilidade da autoridade existente”.
Assim, o constitucionalismo exige que o poder seja limitado e que haja uma justificação espiritual, moral ou ética para o exercício do poder. 
Em outras palavras, o constitucionalismo se contrapõe ao absolutismo. É uma busca do homem político pela limitação do poder, uma busca contra o arbítrio do poder do Estado. 
É a partir dessa ideia de constitucionalismo estrito que serão analisadas as fases de evolução do constitucionalismo.
Dentro da sua evolução histórica, o constitucionalismo passou inúmeras fases. A maioria dos Manuais apresenta apenas duas etapas (moderno e o contemporâneo). Faremos um estudo mais abrangente, já que o tema é aprofundado pelas bancas de concurso. Trataremos, portanto, do constitucionalismo antigo. 
2. Evolução Histórica do Constitucionalismo
2.1. Constitucionalismo antigo (Antiguidade até o século XVIII)[footnoteRef:3] [3: (Cartórios/MS-2009-VUNESP): Assinale a alternativa que contém uma afirmativa correta a respeito do constitucionalismo: É possível identificar traços do constitucionalismo mesmo na antiguidade clássica e na Idade Média.] 
	Essa fase do constitucionalismo tem como principal característica a existência de constituições consuetudinárias, ou seja, baseadas em costumes e em precedentes judiciais. Não havia nessa época constituições escritas. Existiam até documentos escritos, mas não um documento formal.
	Mesmo nesse período é possível identificar aquelas ideias centrais acima tratadas: a garantia de direitos perante o soberano e a limitação do poder. Em razão da presença dessas duas ideias centrais é que mesmo antes do surgimento das constituições escritas, é possível se falar na existência de um constitucionalismo. 
	Foi a primeira experiência constitucional. Essa primeira fase começa na Antiguidade e vai até aproximadamente o final do século XVIII, no qual se destacaram as experiências constitucionais do Estado hebreu, da Grécia, de Roma e da Inglaterra:
2.1.1. Estado Hebreu: Estado teocrático[footnoteRef:4] [4: ##Atenção: Caiu na prova do TJRO-2019.] 
	Segundo Karl Loewenstein (Teoría de la Constitución), na Antiguidade Clássica, o nascimento do constitucionalismo se deu com os Hebreus. Portanto, foi a primeira experiência do constitucionalismo. O Estado hebreu era considerado um estado teocrático. Nele, os dogmas religiosos limitavam não apenas os súditos, mas também o soberano. Estava presente esta ideia de limitação do poder por dogmas religiosos. 
	Embora eles não tivessem uma constituição escrita, como o Estado era teocrático, os dogmas religiosos limitavam não apenas os súditos, mas também os soberanos. Logo, essa ideia do constitucionalismo de limitação do poder já estava presente no Estado hebreu, pois os soberanos eramlimitados pelo poder religioso, isto é, o governo era limitado através de dogmas consagrados na Bíblia. Por isso, são considerados a primeira experiência constitucional de que se tem notícia na história, no sentido de estabelecer limites ao poder político dentro de uma determinada organização estatal. Segundo Karl Loewenstein, ao estabelecer limites para o soberano, este teria sido o marco histórico do nascimento do constitucionalismo.[footnoteRef:5] [5: (Cartórios/TJCE-2011-IESES): Acerca da história do constitucionalismo, é correto afirmar que Karl Loewenstein identificou indícios do seu surgimento entre os hebreus durante a Antiguidade, por ter lá encontrado certas limitações ao poder político, mormente aquelas que asseguravam aos profetas a legitimidade para fiscalizar os atos governamentais que extrapolassem os limites bíblicos.] 
Destaque-se, ainda, que, no sistema hebreu, os profetas possuíam legitimidade para fiscalizar os atos dos governantes que extrapolassem a lei do Senhor. Considerando-se que todo e qualquer Estado tem uma Constituição, a lei do Senhor pode ser vista como uma verdadeira Constituição em sentido material. [footnoteRef:6] [6: (MPRN-2009): A origem do constitucionalismo remonta à antiguidade clássica, especificamente ao povo hebreu, do qual partiram as primeiras manifestações desse movimento constitucional em busca de uma organização política fundada na limitação do poder absoluto. ] 
	
2.1.2. Grécia: Democracia constitucional[footnoteRef:7] [7: ##Atenção: Tema cobrado nas provas: i) PCGO-2013; ii) TJRO-2019 (VUNESP).] 
	Durante dois séculos, a Grécia foi um estado político plenamente constitucional. Foi aonde se adotou a forma mais avançada de governo, a chamada democracia constitucional, vindo a influenciar toda a cultura ocidental. 
Sendo assim, ainda na Antiguidade, é possível identificar, como exemplo de democracia constitucional, as cidades-estados gregas, nas quais vigorava um regime em que havia ampla participação dos governados na condução do processo político. Vigorava, nessas cidades-estados, a chamada democracia direta, regime em que os governados participam ativos diretamente do processo decisório nacional. [footnoteRef:8] [8: (PGEPA-2011): Sobre o constitucionalismo, assinale a alternativa correta: Não obstante seu uso recente, as ideias centrais abrigadas em seu conteúdo remontam à Antiguidade Clássica, mais notadamente ao ambiente da polis grega, por volta do século V a.C.] 
##Atenção: ##TJRO-2019: ##VUNESP: Esparta e Atenas, duas sociedades contemporâneas, mas absolutamente diversas. O constitucionalismo espartano era extremamente militar. Por outro lado, o constitucionalismo ateniense foi marcado por uma organização política de base civil e democrática (governo do povo, que participava das polis/cidades), embora haja críticas de quem seria o real "povo" neste período. Portanto, em Esparta, adotou-se uma organização política militarista, condicionando a liberdade individual às exigências de defesa do território.
Obs.: “Graphé paranomom” - A evolução histórica do controle de constitucionalidade segundo Sylvio Motta e William Douglas tem suas raízes na Grécia “que no século IV a C., em Atenas, foi instituído o graphé paranomon (argüição de inconstitucionalidade), de forma que todos os cidadãos se tornavam responsáveis pela defesa das leis e da Constituição”.[footnoteRef:9] É o antecedente mais remoto do controle de constitucionalidade, segundo Uadi Lammêgo Bulos, consistindo em uma acusação pública contra os proponentes de uma lei, visando verificar se ela foi editada para atender os seus interesses pessoais ou os da população. Por essa ação da Grécia Antiga, um júri, escolhido por sorteio, poderia reverter e até anular a lei “inconstitucional”, punindo seu respectivo autor. [9: (MPCE-2009-FCC): No constitucionalismo antigo, mormente o ateniense, a graphe paranomon - que permitia verificar a correção da lei votada pela assembléia popular em face do Direito ancestral - é antecedente remoto do controle de constitucionalidade.] 
2.1.3. Roma: Democracia e liberdade (Jhering)
	Também aqui se adotou a democracia, mas não exatamente igual a grega. Em Roma, além da democracia, foi desenvolvido alguns elementos conceituais extremamente importantes como, por exemplo, a ideia de res publica (coisa pública). A própria ideia de liberdade, segundo Jhering, alcançou a forma mais perfeita, correta e digna no Direito Romano. 
2.1.4. Inglaterra: Magna Carta (1215); Petition of Rights (1628); Habeas Corpus Act (1679); Bill of Rights (1689), Act of Settlement (1701)
	Na Idade Média, uma importante manifestação do constitucionalismo foi Magna Carta inglesa (1215), que representou uma limitação ao poder monárquico, que, antes, podia tudo o que quisesse. A vontade do rei estaria, a partir de então, limitada pela lei.[footnoteRef:10]-[footnoteRef:11] [10: ##Atenção: Tema cobrado na prova do PCGO-2013.] [11: (DPERS-2018-FCC): De acordo com a historiadora americana Lynn Hunt, os direitos permanecem sujeitos a discussão porque a nossa percepção de quem tem direitos e do que são esses direitos muda constantemente. A revolução dos direitos humanos é, por definição, contínua (A Invenção dos Direitos Humanos; uma história. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 270). Em relação à evolução histórica do regime internacional de proteção dos direitos humanos, considere a assertiva a seguir: A Magna Carta (1215) contribuiu para a afirmação de que todo poder político deve ser legalmente limitado.
##Atenção: A Magna Charta Libertatum, datada de 1215, continha um rol de disposições de proteção dos nobres ingleses contra os arbítrios de João Sem Terra. Neste sentido, pode-se afirmar que este documento contribuiu para a consolidação da ideia de limitação legal do poder político.] 
A experiência inglesa é, até hoje, muito importante (foi objeto de uma questão de prova do MP/MG). Na Inglaterra, uma experiência importantíssima foi a chamada “rules of law”, que deve ser traduzida por “governo das leis”. Na Inglaterra, o governo das leis surgiu em substituição ao “governo dos homens”. Esta experiência constitucional inglesa contribuiu com duas ideias fundamentais: 
1) governo limitado e 
2) igualdade dos cidadãos ingleses perante a lei. 
Essas são as duas ideias principais do “rule of law”. Essas ideias do constitucionalismo inglês surgiram na Idade Média. Na Inglaterra, não existe uma Constituição escrita, mas desde aquela época já havia documentos de grande valor constitucional, como a Magna Carta de 1215, por exemplo, o Bill of Rights e o Petition of Rights. 
Jorge Miranda separa a formação evolutiva do direito constitucional britânico desta época em duas fases, a saber, “a fase dos primórdios, iniciada em 1215 com a concessão da Magna Carta (pela primeira vez, porque diversas outras vezes viria a ser dada e retirada consoante fluxos e refluxos de supremacia do poder real) e a fase de transição, aberta em princípios do século XVII pela luta entre o Rei e o Parlamento e de que são momentos culminantes a Petição de Direito (Petition of Rights) de 1628, as revoluções de 1648 e 1688 e a Declaração de Direitos (Bill of Rights) de 1689”.[footnoteRef:12] [12: ##Atenção: ##TJRO-2019: ##VUNESP: Revolução Gloriosa e a Declaração de Direitos de 1689 (Bill of Right) – Idade média: como ponto culminante da assim chamada revolução gloriosa, pode ser considerada como um dos principais “momentos constitucionais” da Inglaterra, visto que representou a necessidade de estabelecer, demarcar e limitar, inclusive mediante um texto escrito, os poderes da legislatura e do monarca.  Tal evolução, por sua vez, naquilo que legou ao mundo o modelo parlamentar e um primeiro sistema de liberdades civis e políticas, pode ser considerada como a grande contribuição inglesa ao constitucionalismo e para a história das instituições políticas. (Fonte: Sarlet)] 
O primeiro deles é a Magna Carta de 1215, no período da Idade Média. Ela foi fruto de um pacto, acordo do Rei João Sem-Terra e seus súditos. Em seguida,já na Idade Moderna, tivemos o Petition of Rights (1628), que foi um acordo firmado entre o Parlamento e o Rei Carlos I, além de outros vários documentos, Habeas Corpus Act (1679),[footnoteRef:13] Bill of Rights (1689) e Act of Settlement. [13: (DPERS-2018-FCC): De acordo com a historiadora americana Lynn Hunt, os direitos permanecem sujeitos a discussão porque a nossa percepção de quem tem direitos e do que são esses direitos muda constantemente. A revolução dos direitos humanos é, por definição, contínua (A Invenção dos Direitos Humanos; uma história. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 270). Em relação à evolução histórica do regime internacional de proteção dos direitos humanos, considere a assertiva a seguir: O Habeas Corpus Act (1679) criou regras processuais para o habeas corpus e robusteceu a já conhecida garantia.
##Atenção: O Habeas Corpus Act (1679), segundo Ramos, formaliza o mandado de proteção judicial em favor das pessoas que eram injustamente presas. No entanto, é importante lembrar que esta proteção já era conhecida pelo direito consuetudinário inglês, de modo que é correto afirmar que a garantia já existia antes da criação do documento de 1679.] 
Todos esses foram documentos que garantiram proteção aos direitos fundamentais da pessoa humana, limitando a ingerência estatal na esfera privada.
O marco que deu a origem a um novo constitucionalismo foram as constituições escritas. Até esse período, todas as constituições eram costumeiras, embora existissem documentos escritos como no caso da Inglaterra. 
Essas foram as experiências ocorridas no constitucionalismo antigo.
Nessa primeira fase não existiam ainda as constituições escritas, sendo que as constituições eram consuetudinárias, ou seja, a Constituição nessa época não era um documento formal aprovado por uma Assembleia Constituinte onde os temas são organizados em títulos, capítulos e sessões.
Existiam Constituições, normas que estruturavam o Estado, mas que não estavam formalizadas em um documento único, sendo que eram baseadas nos costumes de cada povo, de cada sociedade, e muitas delas em precedentes do poder judiciário. Algumas tinham documentos escritos como a da Inglaterra, mas não existia um documento formalizado como se tem hoje. 
OBS1: Nos EUA, também é possível identificar alguns embriões do constitucionalismo, notadamente os contratos de colonização e a Declaration of Rights do Estado de Virginia (1776).[footnoteRef:14] [14: (MPSP-2017): A primeira Carta de Declaração de Direitos moderna, assim definida por conferir a suas normas eficácia jurídico-positiva mais elevada, inserindo as garantias das liberdades individuais em documento constitucional que delimitava a própria atuação reformadora do Poder Legislativo, foi a Carta da Colônia Americana da Virgínia. 
##Atenção: ##Justificativa da Banca pela manutenção do gabarito: Não se tratava, porém, de um movimento reestruturador dos antigos direitos e liberdades e da English Constitution porque, entretanto, no corpus da constituição britânica, se tinha alojado um tirano – o parlamento soberano que impõe impostos sem representação. Contra esta ´onipotência do legislador´, a constituição era ou devia ser inspirada por princípios diferentes” (op. cit., p. 58). Nessa linha, pese a evolução significativa que representaram, notadamente no trato dos Direitos Humanos, tanto a Magna Carta do Rei João Sem Terra quanto a Bill of Rights inglesa de 1689 não trouxeram ou previram qualquer mecanismo de imunização contra o arbítrio e o poder de reforma inerentes à supremacia do legislativo, donde não constituem documentos integrantes do denominado constitucionalismo moderno. Demais disso, Gilmar Ferreira Mendes e Paulo Gustavo Gonet Branco afirmam que são “princípios fundamentais do constitucionalismo moderno, além da supremacia da Constituição, a soberania popular, os direitos fundamentais e o postulado do governo limitado, a que se ligam os princípios da separação de poderes, a independência do Judiciário e a responsabilidade política dos governantes, princípios acolhidos pioneiramente pela Declaração de Direitos da Virgínia de 1776” (cf. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 49). No mesmo sentido o escólio doutrinário de Fábio Konder Comparato (A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 1999, p. 8), Alexandre de Moraes (Direitos Humanos Fundamentais. São Paulo: Atlas, 2000, p. 24), José Afonso da Silva (Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 172), Luiz Alberto David Araujo e Vidal Serrano Nunes Júnior (Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 82), André de Carvalho Ramos (Curso de Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 42).] 
OBS2: Percebe-se que o conceito de constitucionalismo está ligado, em um primeiro momento, à necessidade de se limitar e controlar o poder político, garantindo-se a liberdade dos indivíduos perante o Estado. Não havia, nesse primeiro momento do constitucionalismo (o denominado constitucionalismo antigo), a obrigatoriedade/imposição de que existissem Constituições escritas. Essa é uma característica que aparece no momento seguinte do constitucionalismo: o constitucionalismo moderno.
2.2. Constitucionalismo moderno (fim da 2ª Guerra Mundial em diante)[footnoteRef:15]-[footnoteRef:16] [15: ##Atenção: Tema cobrado nas provas: i) MPM-2013; ii) TJMT-2018 (VUNESP); iii) TJAC-2019 (VUNESP).] [16: (DPERS-2018-FCC): De acordo com a historiadora americana Lynn Hunt, os direitos permanecem sujeitos a discussão porque a nossa percepção de quem tem direitos e do que são esses direitos muda constantemente. A revolução dos direitos humanos é, por definição, contínua (A Invenção dos Direitos Humanos; uma história. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 270). Em relação à evolução histórica do regime internacional de proteção dos direitos humanos, considere a assertiva a seguir: O processo de universalização, sistematização e internacionalização da proteção dos direitos humanos intensificou-se após o término da 2ª Guerra Mundial.
##Atenção: Ainda que o processo que levou à sua criação tenha começado antes do final da Segunda Guerra Mundial, a criação da Organização das Nações Unidas é formalizada em 1945; já no ano seguinte, os trabalhos que resultaram na elaboração da Declaração Universal dos Direitos Humanos tiveram início e esta foi aprovada, em forma de Resolução, pela Assembleia Geral da ONU, em 1948. A partir daí, tem-se a estruturação do Sistema Global de Proteção de Direitos Humanos. É válido lembrar que a Declaração Americana sobre Direitos e Deveres do Homem também data de 1948 e que ela é o ponto inicial da evolução do Sistema Interamericano de Direitos Humanos.] 
Essa segunda fase começa no final do século XVIII e vai até o final da 2ª Guerra Mundial, por volta de 1945.
Todavia, no final do século XVIII, com as revoluções liberais – francesa e norte-americana - , surgem as primeiras constituições escritas, rígidas e formais[footnoteRef:17]. É esta a principal característica que levou a transição do constitucionalismo antigo para o constitucionalismo moderno.[footnoteRef:18] Cumpre destacar que o constitucionalismo moderno foi utilizado para conter o arbítrio estatal, tendo como marcos históricos as Constituições Americana de 1787 e Francesa de 1791. [17: (TJSP-2015-VUNESP): O constitucionalismo moderno, com o modelo de constituições normativas, tem sua base histórica a partir das revoluções americana e francesa.
 (PCGO-2013): Nos estudos sobre a formação do direito constitucional, verifica-se que o constitucionalismo representou um importante movimento político e filosófico, com manifestações distintas, nos diferentes períodos da história. Os teóricos desse ramo do direito apresentam classificação do constitucionalismo, identificando características próprias a cada período. Assim, o constitucionalismo moderno, identificado nas Constituições dos Estados Unidos da América de 1787 e da França de 1791, caracteriza-se pela vinculação à ideiade constituição escrita e rígida, com força para limitar e vincular os órgãos do poder político.] [18: (TJAC-2019-VUNESP): Assinale a alternativa correta a respeito do constitucionalismo: A transição da Monarquia Absolutista para o Estado Liberal, em especial na Europa, no final do século XVIII, que traçou limitações formais ao poder político vigente à época, é um marco do constitucionalismo moderno.
(DPU-2015-CESPE): Com referência ao conceito de Constituição, julgue o item a seguir: Embora o termo Constituição seja utilizado desde a Antiguidade, as condições sociais, políticas e históricas que tornaram possível a universalização, durante os séculos XIX e XX, da ideia de supremacia constitucional surgiram somente a partir do século XVIII.
(PCGO-2013-UEG): Nos estudos sobre a formação do direito constitucional, verifica-se que o constitucionalismo representou um importante movimento político e filosófico, com manifestações distintas, nos diferentes períodos da história. Os teóricos desse ramo do direito apresentam classificação do constitucionalismo, identificando características próprias a cada período. Assim, o constitucionalismo moderno, identificado nas Constituições dos Estados Unidos da América de 1787 e da França de 1791, caracteriza-se pela vinculação à ideia de constituição escrita e rígida, com força para limitar e vincular os órgãos do poder político.] 
Já havia, anteriormente, alguns documentos escritos, mas que não chegavam a ser Constituições, como é o caso dos pactos (Magna Carta, Bill of Rights, Petition of Rights), forais, cartas de franquia e contratos de colonização. Considera-se que esses documentos são embriões do constitucionalismo moderno e das constituições escritas.[footnoteRef:19] [19: ##Atenção: ##PROVA MPF-2008: O conciliarismo pode ser considerado um antecedente remoto do constitucionalismo moderno (CORRETO).
##Questiona-se: O que vem a ser o “conciliarismo”? O conciliarismo é uma doutrina (uma heresia, na verdade), surgida entre os séculos XIV e XV, que propugnava que os concílios (a reunião dos bispos da Igreja Católica, convocada geralmente para discutir alguma questão doutrinária) deveriam possuir mais poder do que o Papa (o líder máximo da Igreja Católica). Logo, choca-se com a autoridade do Papa, e também com o dogma da infalibilidade papal (daí ser uma heresia). Como se trata de um movimento destinado à limitação do poder religioso, pode ser considerado um precursor do constitucionalismo moderno (que tem como ideia central a limitação do poder político).] 
Nós tivemos nesse período duas fases: 
2.2.1. Primeira fase: Constituições liberais:
2.2.1.1. Experiência estadunidense: 
	Nos EUA, duas ideias sempre estiveram presentes na evolução do Direito Constitucional, as quais não faziam parte inicialmente do Direito Europeu. De um lado, a ideia de supremacia da constituição, e, de outro, adeia de garantia jurisdicional desta supremacia. Os americanos escolheram o Poder Judiciário para ser o guardião da supremacia constitucional. 
	A garantia da supremacia constitucional é atribuída ao Poder Judiciário em razão de sua neutralidade, fator que o tornaria o mais indicado para se manter à margem do debate político.
	A onipotência do Parlamento inglês como origem de graves ofensas aos direitos históricos explica a desconfiança dos revolucionários estadunidenses em relação ao Legislador. A ideia de que o Parlamento pode exorbitar os limites de suas atribuições é a premissa da Judicial Review.
	A constituição norte-americana tem uma característica peculiar, pois ela é sintética, concisa. Ela simplesmente se propõe a estabelecer as regras do jogo político. Como ela é responsável por isso, por uma questão lógica, ela deve estar acima daqueles que participam do jogo, isto é, do legislativo, do executivo e do judiciário. É essa a ideia de supremacia constitucional no direito norte-americano.
	A constituição norte-americana traz uma série de contribuições:
1) Primeira constituição escrita, rígida e dotada de supremacia:[footnoteRef:20] [20: (Especialista em Regulação/ANP-2013-CESPE): A supremacia formal ou jurídica somente existe nas constituições rígidas.] 
A primeira constituição escrita da história foi a norte-americana, criada em 1787. Até 1787, as constituições eram costumeiras. 
2) Controle de constitucionalidade: 
Como decorrência do surgimento de uma constituição dotada de supremacia, surge o controle de constitucionalidade exercido pelo judiciário.
Se a constituição é a suprema, é necessário que alguém exerça o controle de constitucionalidade dos demais atos e dos demais poderes para que esta supremacia não seja violada. 
O modelo de controle de constitucionalidade surgido nos EUA é o difuso em 1803 no caso Marbury vs. Madison, na decisão mais conhecida de todos os tempos. 
O controle de constitucionalidade norte-americano não tem previsão na constituição e em nenhuma lei. É uma criação jurisprudencial. O juiz Marshall, diante de um caso politicamente complicado, adotou uma solução na qual evitou o conflito com o Executivo, afirmando ser a Constituição a norma suprema à qual todos os poderes estavam submetidos. Note que através dessa decisão é que surge o controle de constitucionalidade.
3) Sistema presidencialista de governo: 
O Presidencialismo é uma criação dos americanos, para substituir a figura do rei, já que nos EUA não existia monarquia.
O modelo desenvolvido por Montesquieu foi baseado na Inglaterra. Espelhado na Inglaterra, Montesquieu formulou um procedimento de criação legislativa com a participação das três potências sociais através de três órgãos legislativos. O poder legislativo propriamente é bicameral para permitir a representação de duas potências sociais: a câmara alta - composta por nobres escolhidos pelo critério hereditário e a câmara baixa - composta pelo povo, cujos representantes serão eleitos. [footnoteRef:21]-[footnoteRef:22] [21: https://jus.com.br/artigos/19114/montesquieu-e-a-constituicao-da-inglaterra ] [22: (DPERS-2018-FCC): Montesquieu, ao analisar a Constituição da Inglaterra, descreve o princípio da separação de poderes e sustenta que o poder legislativo será composto por dois corpos distintos, que deliberarão em separado.] 
Ocorre que na Europa as monarquias elas tinham os Reis, figura ausente nos EUA. Para substituir a figura do Rei, dentro da ideia de separação dos poderes, criou-se a figura do Presidente da República.
4) Forma federativa de Estado: 
A forma federativa não é uma criação norte-americana. 
Todavia, o modelo de federação criado pelos EUA influenciou muito os Estados modernos, porque na época adotava-se uma forma unitária de Estado. O primeiro grande país a adotar a federação foram os EUA. É inegável que o modelo de federação criado pelos norte-americanos influenciou os Estados modernos.
##EM RESUMO: ##TJMT-2018: ##VUNESP: O constitucionalismo estadunidense criou o sistema de governo presidencial, o federalismo, o controle difuso de constitucionalidade (dando importância a figura dos juízes), mecanismo sofisticados de freios e contrapesos e uma Suprema Corte que protege a Constituição, sendo sua composição uma expressão do sistema controle entre os poderes separados.
 2.2.1.2. Experiência francesa: 
É oposto da experiência dos EUA. A constituição francesa era vista como um instrumento de interferência nos projetos políticos, não apenas estabelecer as regras do jogo como a norte-americana. [footnoteRef:23] [23: (TJPI-2007-CESPE): Com o movimento constitucionalista francês, a partir da Revolução Francesa, sedimentou-se a visão de direitos individuais do homem, em oposição à visão do homem como integrante de um segmento estamental, adotada pelo movimento constitucionalista inglês.] 
Não havia a ideia de supremacia da constituição, mas sim a supremacia do Parlamento. 
O controle de constitucionalidade repressivo (após o surgimento da lei) só foi introduzido na França em 2010. Até então só existia o controle preventivo feito pelo Conselho Constitucional. Embora os modelos francês e norte-americano sejambem diferentes um do outro, contribuíram muito para o desenvolvimento do atual modelo que temos de constitucionalismo. 
##Atenção: ##TJAC-2019: ##VUNESP: John Locke, Montesquieu e Rousseau são reconhecidos como os principais precursores do constitucionalismo moderno, visto que ligados ao "século das luzes" (XVIII) e que marcaram fundamentalmente, através da aplicação da razão, a derrubada - ou limitação, no caso da Inglaterra, por exemplo - das monarquias absolutistas.
A constituição francesa traz uma série de contribuições:
1) Constituição prolixa: 
A constituição francesa já seguia o modelo de constituição que já conhecemos muito bem atualmente. De 1791, quando surgiu a primeira constituição escrita na França até 1795, eles tiveram três constituições na França. É o modelo adotado pela maioria dos países. 
2) Distinção entre Poder Constituinte Originário e Derivado (Emmanuel Joseph Sieyès): 
Na França havia uma distinção entre Primeiro Estado (Nobreza), o Segundo Estado (Clero) e o Terceiro Estado (Povo). A nobreza e o clero se aproveitavam dos impostos que eram pagos pelo povo. A Revolução Francesa veio justamente para extirpar com esses privilégios da nobreza e do clero. E a ideia de poder constituinte, segundo Sieyès, era de que esse poder tinha como verdadeiro titular a nação, ou seja, aquelas pessoas que formam o Terceiro Estado na França. Por isso que o livro do Sieyès se chama “O que é o Terceiro Estado?”, aonde ele trata exatamente dessa questão do poder constituinte tendo como titular o povo ou a nação. E fazendo a divisão entre o titular do poder constituinte, aquele que cria a constituição e aquele poder responsável por modificar a constituição, que é chamado de poder derivado.[footnoteRef:24] [24: (MPPB-2018-FCC): A distinção entre poder constituinte e poder constituído, sendo aquele exercido pela nação, por meio de representantes para tanto investidos, é devida a Emmanuel-Joseph Sieyès, na obra “O que é o Terceiro Estado?”.] 
Com a revolução francesa o poder constituinte assume o caráter de um poder supremo com um titular, o povo ou nação, que passa a deter um poder constituinte que permite querer e criar uma nova ordem política e social, dirigida ao futuro, mas, simultaneamente, de ruptura com o antigo regime. A Constituição francesa de 1791 construiu um sistema fundado na supremacia do legislativo, restando ao executivo a função de dispor dos meios aptos a aplicação da lei. Nessa época, o parlamento ganha força e junto com ele, a lei ganha força, tornando impensável um controle judiciário das leis. [footnoteRef:25] Além disso, neste período, o papel do juiz, dada a aversão à sua figura pelos revolucionários, decorrente de sua forte vinculação com a nobreza, restou reduzido a de mero emissor da voz da lei, conforme resta claro no artigo 3º, título III, capítulo V da Constituição francesa de 1791: [25: (TJMT-2018-VUNESP): Assinale a alternativa correta a respeito da Constituição e do Constitucionalismo: A Constituição francesa de 1791 construiu um sistema fundado na supremacia do legislativo, restando ao executivo a função de dispor dos meios aptos à aplicação da lei.] 
Artigo 3. - Os tribunais não podem, nem interferir com o exercício do Poder Legislativo, ou suspender a execução das leis, nem desempenhar as funções administrativas, ou convocar diante deles os administradores por razão de suas funções. (tradução livre)
3) Separação de Poderes: 
Não é uma exclusividade do direito francês. Também foi adotada pela constituição norte-americana. 
A separação de poderes é o mecanismo criado para a limitação do poder, que é uma das ideias centrais do constitucionalismo. A separação de poderes só surge com o constitucionalismo moderno. No constitucionalismo antigo não havia separação de poderes, embora houvesse a limitação do soberano naquelas experiências estudadas acima. 
Tem um artigo muito importante da Declaração Universal dos Direitos do Homem (1789), o art. 16, que refere que toda a sociedade na qual não é assegurada a garantia de direitos, nem determinada a separação de poderes, não tem uma verdadeira constituição.[footnoteRef:26] [26: (TCEMG-2005-FCC): Do ponto de vista histórico, o denominado conceito de Constituição liberal foi expresso pela Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789.] 
	OBS: O constitucionalismo moderno nasce com um forte viés liberal, consagrando como valores maiores a liberdade, a proteção à propriedade privada, a proteção aos direitos individuais (evidenciando o voluntarismo) e a exigência de que o Estado se abstenha de intervir na esfera privada (absenteísmo estatal). Para Canotilho, “o constitucionalismo moderno representa uma técnica específica de limitação do poder com fins garantísticos.”[footnoteRef:27] Complementando, Pedro Lenza define como constitucionalismo liberal, marcado pelo liberalismo clássico e valores ligados ao individualismo, absenteísmo estatal, valorização da propriedade privada e proteção do indivíduo[footnoteRef:28]. [27: (MPRN-2009): O constitucionalismo moderno representa uma técnica específica de limitação do poder com fins garantidores.
(PGEPE-2009-CESPE): O constitucionalismo pode ser definido como uma teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social de uma comunidade. Nesse sentido, o constitucionalismo moderno representa uma técnica de limitação do poder com fins garantísticos.] [28: LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado, 2016, p. 66.] 
Nessa primeira fase do constitucionalismo surge um modelo de Estado em contraposição ao Estado de Polícia, que era aquele estado que podia tudo (estado absolutista). 
É o Estado de Direito ou Estado Liberal, sendo muitas vezes utilizados como sinônimos. Nós tivemos antes das revoluções liberais várias concretizações do Estado de Direito. Vejamos:
	1ª fase – Estado de Direito (Estado liberal)
a) Rule of law (Inglaterra), Reschsstaat (antiga Prússia) e État Légal (França); État du Droit = Verfassungsstaat 
	O Estado de Direito, tal como conhecemos hoje, uma sistematização coerente do Estado de Direito só ocorre com o fim antigo regime, ou seja, com o advento das revoluções liberais, embora tenham tido outras concretizações, tais como Rule of law. Reschsstaat e État Légal.
	Nos dias de hoje, o Estado Democrático de Direito na França corresponde ao État du Droit e, na Alemanha, é o Verfassungsstaat (Estado Constitucional). 
b) Características do Estado de Direito: 
1) Abstencionista: 
É um Estado que não intervém nas relações sociais, econômicas e laborais. As questões econômicas e sociais são separadas das questões políticas. O Estado cuida das questões políticas, enquanto as questões econômicas e sociais ficam na esfera individual (cuidada pelos particulares). É um estado mínimo, que intervém na menor medida possível. É um contraponto ao Estado de Polícia. 
Adam Smith, ícone do liberalismo econômico, afirmava que o Estado deve ter apenas três deveres: 
a) proteger a sociedade contra a agressões ou a invasões estrangeiras; 
b) cuidar da administração da justiça; 
c) responsabilizar-se por aqueles bens e instituições que não são de interesse particular (privado), porque não gera um lucro. 
2) Direitos fundamentais 
Os direitos que a constituição consagrava no Estado de Direito são os direitos de liberdade, igualdade formal (todos são iguais perante a lei)[footnoteRef:29], vida e propriedade. São os direitos clássicos da burguesia.[footnoteRef:30] [29: (MPT-2017): Considerada a evolução histórico-legislativa do constitucionalismo, pode-se afirmar que o Estado Liberal Originário, seja na Europa Ocidental, seja nas Américas, não estabeleceu regras firmes e claras com relação à liberdade em sentido real e com relação à igualdade em sentido material. Tais regras somente começaram a ingressar, ainda que em parte, no constitucionalismo a partir das primeiras décadas do século XX, com a Constituição do México, de 1917, e a Constituição de Weimar, de 1919,além do papel de impacto, nessa área, cumprido pela Organização Internacional do Trabalho, a partir de 1919.] [30: (TJRO-2019-VUNESP): O constitucionalismo representa uma série de movimentos históricos, culturais, sociais e políticos cujo objetivo central é a limitação do poder estatal mediante o estabelecimento de uma Constituição. Sobre a sua evolução histórica e caraterísticas, é correto afirmar: as Revoluções liberais do Século XVIII e início do Século XIX, promovidas na Europa Ocidental, são fruto do denominado constitucionalismo moderno, e foram caracterizadas, dentre outros elementos, pela consagração das liberdades individuais e defesa da igualdade em sentido formal.] 
Os outros direitos sociais não fazem parte desse modelo de Estado. 
3) Limitação do Soberano: 
Essa limitação do Estado pelo Direito se estende ao soberano, ou seja, num Estado de Direito ninguém está acima da lei, da Constituição. Todos estão limitados pelo ordenamento jurídico, inclusive, o soberano, o que não acontecia com as experiências anteriores ao Estado de Direito. 
4) Princípio da Legalidade: 
A atuação da Administração Pública é uma atuação sublegal, tal nós conhecemos hoje. A Administração Pública só pode agir quando a lei determina. É diferente dos particulares, que só é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa se houver uma previsão em lei. 
Nessa primeira fase, há um grupo de direitos fundamentais que é consagrado nas constituições. 
	Geração de Direitos Fundamentais: 
· Karel Vazak; Norberto Bobbio; Paulo Bonavides.
· Foi Karel Vazak que criou a teoria das gerações/dimensões dos direitos fundamentais. Foi difundida mundialmente pelo Norberto Bobbio. No Brasil, tal teoria teve uma grande projeção na obra de Paulo Bonavides, que não apenas reproduziu a teoria de Karel Vazak, como modificou em alguns e modificou a geração de direitos fundamentais. 
	Karel Vazak criou essa teoria por acaso. As três gerações criadas por Vazak referem-se ao lema da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade (ou Solidariedade).[footnoteRef:31] Dentro dessa ideia de gerações, naquele período do constitucionalismo, na primeira fase, que nós podemos delimitar aqui do surgimento das primeiras constituições escritas até o fim da Primeira Guerra Mundial, nesta fase as constituições, em regra, eram liberais. Eram constituições que consagravam direitos fundamentais que o Karel Vazak vai denominar de Direitos Fundamentais de 1ª Geração, ligados ao valor Liberdade. [31: (PGESP-2009-FCC): Liberdade, Igualdade e Fraternidade, ideais da Revolução Francesa, podem ser relacionados, respectivamente, com os direitos humanos de primeira, segunda e terceira gerações.] 
	
	Direitos Fundamentais de 1ª geração
· Que tipos de Direitos são considerados de 1ª Geração? São de duas espécies: os direitos civis e direitos políticos. Esses direitos têm características um pouco diferentes. 
1. Direitos Civis: 
Quando se fala em direitos civis, são o direito à vida, o direito à liberdade, a igualdade e a propriedade. São os direitos liberais clássicos.[footnoteRef:32] Esses direitos têm como característica o caráter negativo no sentido de exigir do Estado uma atuação negativa, uma abstenção. [footnoteRef:33] Os direitos civis são direitos de defesa do indivíduo contra o arbítrio do Estado. Foi por isso que as revoluções liberais ocorreram, para limitar o arbítrio estatal. [32: (PGEGO-2013): Quanto às dimensões dos direitos fundamentais, é correto afirmar que os direitos fundamentais de primeira dimensão se filiam a uma concepção político-econômica liberal de Estado.
(PCPR-2013): Sobre os direitos fundamentais, assinale a alternativa correta: Os denominados direitos fundamentais individuais são aqueles que reconhecem autonomia aos particulares, garantindo a iniciativa e a independência aos indivíduos diante dos demais membros da sociedade política e do próprio Estado.] [33: (PGEGO-2013): Quanto às dimensões dos direitos fundamentais, é correto afirmar que os direitos fundamentais de primeira dimensão exprimem a exigência de prestações “negativas” por parte do Estado.] 
2. Direitos Políticos:
Ao lado desses direitos civis, as constituições liberais consagram também os direitos políticos. Não são direitos de defesa. São considerados como direitos de participação. 
São considerados como direitos de participação, por possibilitarem a participação dos indivíduos na vida política do Estado.[footnoteRef:34] [34: (Analista Legislativo/CD-2014-CESPE): Os direitos de primeira dimensão, ou direitos de liberdades, têm por titular o indivíduo, são oponíveis ao Estado, traduzem-se como faculdades ou atributos da pessoa, ostentando a subjetividade como traço característico, e são considerados direitos de resistência ou de oposição perante o Estado.] 
2.2.2. Segunda fase: Constituições sociais:
- Constituição mexicana/1917
	- Constituição de Weimar/1919
Essa segunda fase começa mais ou menos no final da 1ª Guerra Mundial. Ela serviu como um marco para o declínio do Estado de Direito. Aí surge a ideia de Estado Social. 
Tivemos constituições que serviram de paradigma para o Estado Social: a constituição mexicana e a constituição de Weimar.[footnoteRef:35] [35: ##Atenção: Tema cobrado na prova do PCGO-2013.] 
As exigências e reclamos sociais fizeram com que o Estado adotasse uma nova postura: ao invés de, simplesmente, deixar de intervir na vida privada (absenteísmo estatal), era necessário que o Estado ofertasse prestações positivas aos indivíduos, garantindo-lhes os chamados direitos sociais.
2ª fase – Estado Social
1) Intervencionista: 
O Estado social é uma transformação da estrutura do Estado liberal. O Estado Social é aquele que intervém nas relações econômicas, sociais e laborais. 
Cuidado para não confundir Estado Social e o Estado Socialista, pois o primeiro adere ao capitalismo e o segundo não. 
2) Papel decisivo na produção e distribuição de bens: 
O Estado Social chama para si muitas questões que antes ficavam na esfera individual. No Estado Social, o Estado desempenha um papel decisivo na produção e distribuição de bens.
3) Garantia de bem-estar mínimo: 
No Estado social existe a garantia de bem-estar social. Ou seja, o Estado se preocupa com condições mínimas de existência digna ao cidadão.[footnoteRef:36] [36: (TRF1-2009-CESPE): O estado de bem-estar social é aquele que provê diversos direitos sociais aos cidadãos, de modo a mitigar os efeitos naturalmente excludentes da economia capitalista.] 
Alguns chamam de Estado de Bem-Estar Social. É uma ideia ao que nós conhecemos hoje do mínimo existencial. Ex.: Benefício de Prestação Continuada, que independe de contribuição. 
Nessa segunda fase surgem os direitos fundamentais de 2ª geração/dimensão. 
Direitos Fundamentais de 2ª geração
ATENÇÃO: Esta geração não substitui a 1ª geração. Por isso, alguns autores preferem utilizar o termo “dimensão”. [footnoteRef:37] [37: (PGESP-2009-FCC): Os direitos humanos de primeira geração foram construídos, em oposição ao absolutismo, como liberdades negativas; os de segunda geração exigem ações destinadas a dar efetividade à autonomia dos indivíduos, o que autoriza relacioná-los com o conceito de liberdade positiva e com a igualdade.] 
1. Valor: Igualdade.
O principal valor aqui é a igualdade material, ou seja, aquela que impõe aos poderes públicos o dever de reduzir as desigualdades fáticas existentes. Ela exige do Estado não uma abstenção, mas uma atuação positiva visando a redução dessas desigualdades.
2. Direitos: sociais, econômicos e culturais.
Os direitos de 2ª geração são chamados de direitos sociais, econômicos e culturais, que são direitos prestacionais ou direito a prestações. Esses direitos exigem do Estado uma atuação positiva para assegurar esses direitos.[footnoteRef:38] [38: (DPEAM-2018-FCC): Os Direitos Humanos de segunda geração ou dimensão, dada a sua natureza prestacional, exigem uma atuação positiva do Estado para a sua efetivação.
(MPBA-2015): No que diz respeito aos direitos sociais, é correto afirmar que:Os direitos sociais podem ser considerados direitos fundamentais de segunda geração, realizáveis por meio de políticas públicas estatais, e normalmente descritos em normas programáticas.
(MPBA-2015): No que diz respeito aos direitos sociais, é correto afirmar que: Os direitos a prestações possuem um caráter essencialmente positivo, impondo ao Estado o dever de agir. Objetivam a realização de condutas ativas por parte dos poderes públicos, seja para a proteção de certos bens jurídicos contra terceiros, seja para a promoção ou garantia das condições de fruição desses bens.
(PGEGO-2013): Quanto às dimensões dos direitos fundamentais, é correto afirmar que os direitos fundamentais de segunda dimensão cobram uma maior intervenção do Estado no domínio econômico, social e cultural.] 
Ex.: Moradia; Educação (construir escolas, contratar professores, adquirir material escolar); Saúde (construir hospitais, adquirir medicamentos, etc.).
É por isso que esses direitos de segunda geração tem uma efetividade menor do que os direitos de primeira geração, porque eles exigem do Estado um custo maior, dificultando a implementação integral de muitos deles. 
Nessa segunda fase surgem as garantias institucionais para proteger aquelas instituições consideradas importantes para a sociedade. Ex.: família; imprensa livre, funcionalismo público. 
2.3. Constitucionalismo contemporâneo ou neoconstitucionalismo (Antiguidade até o século XVIII)
Com o fim da 2ª Guerra Mundial, tivemos o surgimento de um novo paradigma, embora alguns autores critiquem o chamado constitucionalismo contemporâneo, dizendo que não há nada que justifique falar em uma nova etapa ou em um novo constitucionalismo. 
2.3.1. “Neoconstitucionalismo” [footnoteRef:39]-[footnoteRef:40] [39: ##Atenção: Tema cobrado na prova do PCGO-2013.] [40: Aprofundamento sobre o tema, ler Capítulo 2 do Livro do Professor Marcelo Novelino.] 
	É um termo que tem sido muito utilizado no Brasil e em países europeus, especialmente aqueles de origem latina (Portugal, Espanha, Itália). 
O neoconstitucionalismo, também chamado por alguns de constitucionalismo contemporâneo, constitucionalismo avançado ou constitucionalismo de direitos, tem como marco histórico o pós-Segunda Guerra Mundial. Ele representa uma resposta às atrocidades cometidas pelos regimes totalitários (nazismo e fascismo) e, justamente por isso, tem como fundamento a dignidade da pessoa humana.[footnoteRef:41]-[footnoteRef:42] [41: (PFN-2015-ESAF): Sobre “neoconstitucionalismo”, é correto afirmar que se trata de expressão doutrinária, que tem como marco histórico o direito constitucional europeu, com destaque para o alemão e o italiano, após o fim da 2ª Guerra mundial.
(PGESP-2009-FCC): A positivação da dignidade humana nas Constituições do pós-guerra foi uma reação às atrocidades cometidas pelo regime nazista e uma das fontes do conceito pode ser encontrada na filosofia moral de Kant.] [42: (DPEMS-2008-VUNESP): Quando se fala em Direitos Humanos, considerando sua historiciedade, é correto dizer que a internacionalização dos Direitos Humanos surge a partir do Pós-Guerra, como resposta às atrocidades cometidas durante o nazismo. ] 
Esse novo pensamento se reflete no conteúdo das Constituições. Se antes elas se limitavam a estabelecer os fundamentos da organização do Estado do Poder, agora passam a prever valores em seus textos (principalmente referentes à dignidade da pessoa humana) e opções políticas gerais (redução das desigualdades sociais, por exemplo) específicas (como a obrigação do Estado de prover educação e saúde).
Luís Roberto Barroso, de forma bem objetiva, nos explica que o neoconstitucionalismo identifica um amplo conjunto de modificações ocorridas no Estado e no direito constitucional. 
	OBS:	O constitucionalismo hoje é uma síntese da experiência francesa e da experiência norte-americana.[footnoteRef:43] [43: (PGEAC-2017-FMP): Considerando-se que a tradição constitucional norte-americana se encontra cifrada, ainda que não de forma total e absoluta, na ideia de Constituição como regra do jogo da competência social e política, assim como na afirmação e garantia da autonomia dos indivíduos como sujeitos privados e como agentes políticos, cuja garantia essencial é a jurisdição, enquanto que a tradição europeia é preponderantemente marcada por um forte conteúdo normativo que supera o limiar da definição das regras do jogo organizando o poder, afirmando-se como um projeto político delineado de forma a participar diretamente do jogo, condicionando decisões estatais destinadas a efetivar um programa transformador do Estado e da sociedade, seria correto afirmar que  o Neoconstitucionalismo resulta da aproximação entre os dois modelos, tanto ao adotar a ideia - tipicamente europeia - de constituição como um texto jurídico supremo destinado a instrumentalizar um programa transformador, quanto ao deferir à jurisdição - o que é característico do modelo norte-americano - a tarefa de implementar tal programa quando o legislador não o faz, de que é exemplo a inconstitucionalidade por omissão tal como existente no sistema constitucional brasileiro.] 
	
2.3.2. Características do constitucionalismo contemporâneo[footnoteRef:44] [44: (AGU-2015-CESPE): No neoconstitucionalismo, passou-se da supremacia da lei à supremacia da Constituição, com ênfase na força normativa do texto constitucional e na concretização das normas constitucionais.
(DPPA-2014-FMP): É correto afirmar que o neoconstitucionalismo, que pode ser entendido tanto como uma teoria do Direito, quanto como uma teoria do Estado, na primeira das acepções apresenta como uma de suas características essenciais: a sobre interpretação constitucional, forma de integração constitucional, assim entendida como uma interpretação extensiva da constituição, de forma que de seu texto se possam extrair normas implícitas de molde a se afirmar que ela regula todo e qualquer aspecto da vida social e política, disso resultando a existência de espaços vazios de normatização constitucional relativamente aos quais a atividade legislativa não estaria previamente regulada ao nível constitucional.
(MPGO-2014): Operando uma mudança paradigmática, o neoconstitucionalismo opera substancial mudança no Princípio da Legalidade, tornando o Princípio da Constitucionalidade uma ideia central que traz, consequentemente, o reconhecimento da força normativa da Constituição e da força normativa dos princípios.
(PGEPA-2012): Assinale a alternativa que cite apenas conceitos próprios da Teoria dos Direitos Fundamentais ou do Neoconstitucionalismo: razão prática, ponderação como técnica decisória e força normativa da constituição.
(MPF-2012): Para o neoconstitucionalismo, todas as disposições constitucionais são normas jurídicas ,e a Constituição, além de estar em posição formalmente superior sobre o restante da ordem jurídica, determina a compreensão e interpretação de todos os ramos do Direito.
(MPF-2011): No neoconstitucionalismo preconiza-se a abertura da hermenêutica constitucional aos influxos da moralidade crítica.] 
a) força normativa da constituição[footnoteRef:45]: Konrad Hesse. [45: (PGEGO-2010): Expressa uma das características do neoconstitucionalismo o reconhecimento da força normativa dos princípios constitucionais.] 
A constituição, na experiência estadunidense, sempre foi reconhecida como um documento jurídico. Todavia, no direito europeu, até meados do século passado, era vista como instrumento eminentemente político.
Hoje não se reconhece na constituição nada que não seja norma jurídica. Tudo que está no texto da constituição é norma, seja ela norma-princípio, seja norma do tipo regra. Tirando o preâmbulo, que é a parte introdutória da constituição e que não tem valor normativo, os artigos que a constituição possui, todos eles, são considerados como consubstanciadores de normas jurídicas. A constituição não possui conselhos, avisos, missões morais, ela contém normas jurídicas vinculantes e obrigatórias.
b) Rematerialização dos textos constitucionais: 
É uma influênciafrancesa. As constituições nos dias de hoje costumam ser prolixas, que tratam de vários assuntos, e não apenas das matérias constitucionais (clássicas). 
Direitos fundamentais, estrutura do estado e organização dos poderes são consideradas matérias constitucionais (norma materialmente constitucional). As demais normas contidas na constituição são apenas normas formalmente constitucionais, tendo como exemplo o art. 242 da CF/88, que fala do Colégio Pedro II, que será mantido na órbita federal (não trata de matéria constitucional). 
Outros exemplos de matéria não constitucional: Administração Pública, Sistema Tributário Nacional; Ordem Social. 
As constituições atuais se rematerializaram porque elas não tratam apenas das matérias constitucionais, mas de vários assuntos que não são típicos do Direito Constitucional. Por isso que elas são constituições prolixas. 
c) Centralidade da Constituição e dos direitos fundamentais = Dignidade da Pessoa Humana: 
Após a 2ª Guerra Mundial, a dignidade da pessoa humana passou a ser o valor constitucional supremo, como o núcleo axiológico das constituições ocidentais democráticas. 
As constituições anteriores à Segunda Guerra, é raro encontrar a referência sobre a dignidade da pessoa humana. Nos textos constitucionais posteriores a 2ª guerra mundial quase todos fazem menção à dignidade da pessoa humana. 
Na Constituição Brasileira de 1988, a dignidade da pessoa humana está prevista no art. 1º como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. 
Além disso, ocorreu a centralidade das constituições. Um fenômeno decorrente dessa centralidade é a chamada constitucionalização do direito.[footnoteRef:46] Esse fenômeno envolve três aspectos: [46: (DPEES-2016-FCC): A “despatrimonialização” do Direito Civil, conforme sustentada por parte da doutrina, é reflexo da centralidade que o princípio da dignidade da pessoa humana e os direitos fundamentais passam a ocupar no âmbito do Direito Privado, notadamente após a Constituição Federal de 1988.
(TJSP-2015): A expressão “constitucionalização do Direito” tem, de modo geral, sua origem identificada pela doutrina na Alemanha, especialmente sob a égide da Lei Fundamental de 1949.] 
1) a consagração de normas de outros ramos do direito na constituição; 
2) interpretação conforme – a interpretação das normas de outros ramos deve passar pelo filtro constitucional (filtragem constitucional[footnoteRef:47]); [47: ##Atenção: ##TJBA-2019: ##CESPE: O que se entende por filtragem constitucional? “Ontem os Códigos; hoje as Constituições: a revanche de Grécia contra Roma”. (Paulo Bonavides e Eros Grau). Essa frase que soa à primeira vista bem poética ilustra bem o conceito de filtragem constitucional que, de acordo com Luís Roberto Barroso, consiste no fenômeno segundo o qual toda a ordem jurídica deve ser lida e aprendida sob as lentes da Constituição, de modo a realizar os valores nela consagrados. Assim, sob a égide do neoconstitucionalismo, a Constituição assumiu posição de centralidade no ordenamento, cujos preceitos são dotados de normatividade e se irradiam para os outros ramos do Direito, devendo, inclusive, os Códigos serem interpretados à sua luz.] 
3) eficácia horizontal dos direitos fundamentais (aplicação dos direitos fundamentais entre particulares). [footnoteRef:48] [48: (PCMS-2017-FAPEMS): A eficácia horizontal trata da aplicação dos direitos fundamentais entre os particulares, tendo na constitucionalização do direito privado a sua gênese.
(DPEAL-2017-CESPE): Acerca do movimento da constitucionalização do direito, julgue o item a seguir: Uma das consequências da constitucionalização do direito é a chamada eficácia horizontal dos direitos fundamentais.] 
Na lição de Daniel Sarmento e Cláudio Pereira de Souza Neto, o fenômeno da constitucionalização do direito se bifurca em duas vertentes de compreensão, quais sejam, a constitucionalização-inclusão e a constitucionalização-releitura. [footnoteRef:49] [49: (DPEAL-2017-CESPE): Acerca do movimento da constitucionalização do direito, julgue o item a seguir: A constitucionalização do direito engloba a constitucionalização-inclusão e a constitucionalização-releitura.] 
A chamada constitucionalização-inclusão consiste no “tratamento pela Constituição de temas que antes eram disciplinados pela legislação ordinária ou mesmo ignorados”. Exemplo: a tutela constitucional do meio ambiente e do consumidor, algo até então inédito nas Constituições pretéritas. Essa inflação de assuntos no texto constitucional, marca das constituições analíticas, faz com que qualquer disciplina jurídica, ainda que dotada de autonomia científica, encontre um ponto de contato com a Constituição, cuja onipresença foi cunhada pela doutrina de ubiquidade constitucional. 
A constitucionalização-releitura traduz “a impregnação de todo o ordenamento pelos valores constitucionais”. Neste caso, os institutos, conceitos, princípios e teorias de cada ramo do Direito sofrem uma releitura, para, à luz da Constituição, assumir um novo significado. Portanto, a Constituição, que era mera coadjuvante, se torna protagonista na interpretação do direito infraconstitucional. Na feliz expressão de Paulo Bonavides, “Ontem, os Códigos; hoje, a Constituição”. 
Outros juristas adotaram uma classificação diferenciada para o fenômeno da constitucionalização do Direito. Não existe classificação certa ou errada, mas sim classificação útil ou inútil. 
Em provas de concursos públicos, devemos conhecer as principais. Quando se trata da constitucionalização do Direito, uma das mais célebres classificações é trazida por Louis Favoreu. O jurista francês elenca três grupos: 
i) constitucionalização-elevação: aquela pela qual opera-se um deslizamento de assuntos, até então confinados no compartimento infraconstitucional, para elevarem-se ao texto constitucional. 
ii) constitucionalização-transformação: aquela que impregna e transforma os demais ramos do Direito, para convertê-los em um Direito Constitucional Civil, Direito Constitucional Ambiental. 
iii) constitucionalização juridicização: traduz o surgimento da força normativa da Constituição. Crítica: a força normativa da Constituição é um pressuposto para a constitucionalização do Direito, não exatamente uma categoria autônoma desse fenômeno. 
d) Fortalecimento do Poder Judiciário: 
É uma característica do constitucionalismo norte-americano. Atualmente, temos visto esse fortalecimento do Judiciário – Judicialização das relações políticas e sociais. 
Hoje o juiz é o principal protagonista, e NÃO MAIS o legislador. Por exemplo: se o legislador faz uma lei contrária à constituição, o judiciário irá afastar essa lei. 
	Estado Democrático de Direito (ou Estado Constitucional Democrático)
	As duas expressões são usadas como sinônimas, no sentido que o Estado Constitucional Democrático seria uma espécie de Estado Democrático de Direito da modernidade. [footnoteRef:50] [50: (MPRN-2009): O neoconstitucionalismo caracteriza-se pela mudança de paradigma, de Estado Legislativo de Direito para Estado Constitucional de Direito, em que a Constituição passa a ocupar o centro de todo o sistema jurídico.] 
	Esse modelo de Estado tenta sintetizar a conquista dos dois modelos anteriores (estado liberal e o estado social) e superar as suas deficiências. 
A democracia é um forte componente desse tipo de Estado. A soberania popular[footnoteRef:51] é uma das vigas-mestras do Estado Democrático de Direito, porque não basta que haja uma limitação do poder pelo direito, é necessário saber que direito é este, quem produziu este direito. Para ser democrático essas normas devem ser feitas por representantes do povo. [51: (PCSP-2013-VUNESP): É característica essencial do Estado Democrático de Direito: a soberania popular.] 
	Estado Democrático de Direito: Remete a ideia de império da lei ou do direito. 
	Estado Constitucional Democrático: O paradigma é um pouco diferente. Remete a ideia de força normativa da constituição. 
##Atenção: ##CESPE: ##TJBA-2019: ##CESPE: Diferenças apontadas pela doutrinaentre Estado de Direito, Estado Democrático de Direito e Estado Constitucional de Direito:
O conceito de Estado de direito é relacionado ao poder do Estado, já que as decisões a serem tomadas pelos governantes são limitadas pelos conjuntos das leis, pelo direito. O Direito, através da legislação, vai definir o que pode ou não pode ser feito, tanto em relação aos governantes como em relação aos cidadãos.
A diferença entre o Estado de direito e o Estado democrático de direito é ligada à proteção dos valores e princípios que são garantidos aos cidadãos pela Constituição e por outras leis.
No Estado democrático de direito, assim como acontece no Estado de direito, as decisões dos governantes devem ser tomadas com base na lei e dentro dos limites que são estabelecidos pela legislação do país. A principal diferença é que no ESTADO DE DIREITO não existe a preocupação com a garantia dos direitos fundamentais e sociais dos cidadãos por parte do Estado, basta cumprir a lei e no ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO, além do poder de decisão continuar a ser limitado pela lei, ele também deve levar em consideração os valores sociais e os princípios fundamentais da Constituição.
Já o Estado Constitucional de Direito pauta-se no respeito às hierarquias nacionais, assim como aos direitos fundamentais dos cidadãos. Ele se opõe ao uso arbitrário do poder, em que se violam os direitos fundamentais conquistados. A Constituição dá suporte ao exercício e cumprimento das leis, além de dar limites a elas para que não sejam arbitrárias, ilegítimas ou maculem os direitos fundamentais. Em decorrência da normatividade da constituição, a relação entre poder político e direito passou a ter um novo enfoque: a passagem do Estado legislativo para o Estado constitucional, com a transferência da garantia contra o uso arbitrário do poder do Legislativo para o Judiciário, órgão este encarregado de assegurar a Constituição e a unidade do ordenamento jurídico. Portanto, no atual modelo de Estado constitucional de direito, o papel do Judiciário é primordial na garantia dos direitos.
	Características do Estado Democrático de Direito (ou Estado Constitucional Democrático):
a) Direitos fundamentais: efetividade/conteúdo: 
Há preocupação com a efetividade e o conteúdo dos direitos fundamentais, ou seja, que eles sejam cumpridos e realizados pelos poderes públicos. A igualdade e a liberdade não são meramente formais, passam a ser também materiais.
Exemplo: a Constituição brasileira de 1969 previa colônia de férias para trabalhadores, mas não existe nenhuma colônia de férias para trabalhadores, custeada pelo governo.
b) Limitação do Poder Legislativo: 
Essa limitação do Poder Legislativo antes era uma limitação meramente formal. Kelsen, por exemplo, quando da elaboração da Constituição Austríaca (1920), introduziu a ideia de controle por um Tribunal Constitucional, mas apenas admitia o controle de aspectos formais (modo de produção das leis).
Hoje o controle de constitucionalidade evoluiu. Ao lado do controle de constitucionalidade formal, há também o controle material e de omissões inconstitucionais.
Exemplo: art. 1.783 do CC (união estável). Pela redação do dispositivo, apenas pessoas de gêneros diversos é que poderiam contrair a união estável. O STF, através de uma interpretação conforme a Constituição, fixou um novo sentido para o dispositivo, de modo a adaptá-lo aos valores consagrados no texto constitucional.
c) Democracia substancial: 
É a vontade da maioria. 
O conceito de democracia substancial abrange a vontade da maioria, mas também engloba o respeito aos direitos de todos (inclusive das minorias).
No Estado Democrático de Direito, a Democracia não é meramente formal; não é sinônimo da vontade da maioria (democracia formal). 
O conceito atual é mais amplo, abrangendo, é claro, a vontade da maioria, porque isso é a essência do conceito democrático, só ao lado da vontade da maioria, também há a proteção dos direitos das minorias. É essa a compreensão da democracia substancial. 
	Direitos fundamentais que surgem no pós-guerra: 
No constitucionalismo contemporâneo, surgem novas gerações de direito, não só a terceira geração mencionada por KAREL VAZAK, mas para alguns autores, até 4ª e 5ª gerações de direitos fundamentais. 
Se entre a 1ª e a 2ª geração de direitos há um consenso da maioria da doutrina, a partir da 3ª geração já não mais esse consenso. Há uma grande divergência de quais direitos que compõem a terceira, quarta e quinta gerações de direitos fundamentais. 
	Faremos uma análise com base na obra do professor PAULO BONAVIDES, porque é ele que trata de maneira mais profunda desse tema e também porque nos concursos públicos, em especial a CESPE, cobram a classificação do professor BONAVIDES. 
	Direitos fundamentais de 3ª geração:
1. Valor: fraternidade/solidariedade: Existem vários direitos mencionados como direitos 3ª geração. 
2. Exemplos: O rol não é exaustivo (numerus clausus), mas meramente exemplificativo (numerus apertus). Exemplos citados por PAULO BONAVIDES: direito ao desenvolvimento (ou direito ao progresso), ao meio ambiente,[footnoteRef:52] de autodeterminação dos povos (é um dos princípios que regem o Brasil nas relações internacionais), sobre o patrimônio comum da humanidade e de comunicação. [footnoteRef:53] [52: (TJPR-2019-CESPE): Considerando-se o surgimento e a evolução dos direitos fundamentais em gerações, é correto afirmar que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é considerado, pela doutrina, direito de terceira geração. BL: art. 225, CF.
(TJPA-2019-CESPE): Segundo a jurisprudência do STF, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado constitui um direito fundamental de terceira geração, pautado na solidariedade. BL: art. 225, CF.
(TJSP-2013-VUNESP): O direito ao meio ambiente, como direito de terceira geração ou terceira dimensão, apresenta uma estrutura bifronte, cujo significado consiste em contemplar direito de defesa e direito prestacional. 
##Atenção: #MPRO-2010: #TJPA-2019: #TJPR-2019: #CESPE: O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é exemplo de direito de terceira geração/dimensão, com expressa previsão na CF/88. Trata-se de um direito de defesa (ou seja, que busca defender o meio ambiente por meio de proibições às pessoas) e prestacional (exige prestações comissivas ou positivas do Estado e da coletividade).] [53: (PGEGO-2013): Quanto às dimensões dos direitos fundamentais, é correto afirmar que os direitos fundamentais de terceira dimensão ligam-se a direitos transindividuais, como o direito ao meio ambiente equilibrado, e podem ser tutelados coletivamente.] 
3. Outros: Alguns autores citam ainda como exemplo o direito do consumidor, direito da criança e dos idosos. Seriam direitos transindividuais.[footnoteRef:54] [54: (MPSC-2021-CESPE): Considerando a teoria geral dos direitos fundamentais, julgue o item seguinte: Os direitos fundamentais associados à solidariedade são marcados pela titularidade transindividual, caracterizada pela proteção de bens jurídicos de grupos sociais, como o patrimônio histórico e cultural e o meio ambiente ecologicamente equilibrado.
(MPGO-2019): Segundo doutrina de Samuel Sales Fonteles, “em toda a história do Direito Constitucional, jamais a Constituição recebeu tanto protagonismo como nos dias atuais. Hoje, todos os ramos da árvore jurídica gravitam em torno da Constituição, de onde emana uma força irradiante, o que se pode denominar de constitucionalização do Direito”. Tendo por base tal assertiva, é correto afirmar: Os interesses metaindividuais, seus institutos, princípios e normas, estão diretamente ligados aos Direitos Fundamentais, o que marca uma das características do neoconstitucionalismo.
Seguindo Lenza, “Nas palavras de Walber de Moura Agra, “o neoconstitucionalismo tem como uma de suas marcas a concretização das prestações materiais prometidas pela sociedade, servindo como ferramenta para a implantação de um Estado Democrático Social de Direito. Ele pode ser considerado como um movimento caudatário do pós-modernismo.Dentre suas principais características podem ser mencionadas: a) positivação e concretização de um catálogo de direitos fundamentais; b) onipresença dos princípios e das regras; c) inovações hermenêuticas; d) densificação da força normativa do Estado; e) desenvolvimento da justiça distributiva”. (Lenza, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 23. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2019).
(TRF3-2018): Um novo paradigma para o constitucionalismo surgiu entre o final do século XX e o início do século XXI. Procura ser uma resposta teórico-prática para a necessidade de se obterem eficácia e efetividade para as normas constitucionais, sobretudo as portadoras de direitos sociais. Implanta, no Brasil, modelo normativo-axiológico, com adoção expressa de valores e opções pela efetivação de políticas públicas com sede constitucional. Muitas destas bastante específicas, como os serviços de saúde, educação e assistência social a hipossuficientes. Esse paradigma constitucional possui algumas notas típicas, dentre as quais se encontram: Os direitos constitucionais incorporam uma ordem objetiva de valores. Esses direitos e valores tornam-se onipresentes com “efeito irradiante” sobre os demais ramos do direito.
(DPEMA-2018-FCC): Podem ser considerados exemplos de direitos humanos de terceira geração ao meio ambiente, ao desenvolvimento e à autodeterminação dos povos.] 
	Direitos fundamentais 4ª geração:
1. PAULO BONAVIDES: Ex.: Democracia, direito à informação e pluralismo. 
a. A democracia, é claro que ela não surge após a 2ª Guerra Mundial, só que ela ganha uma nova feição após esse período. Por isso ela é elencada como direito de 4ª geração. Que feição é essa? São dois aspectos: a) o sufrágio universal, ou seja, aonde todos que reúnam as condições formais (nacionalidade, idade mínima, alistamento) possam participar desse processo; b) a volta dos mecanismos de participação popular direta: plebiscito, referendo e iniciativa popular, além do recall (previsto em alguns países), que são mecanismos de participação popular direta na vida política do Estado. Por isso a democracia essa feição substancial, sendo considerado um direito 4ª geração.[footnoteRef:55] [55: (TJBA-2019-CESPE): “O Estado constitucional, para ser um Estado com as qualidades identificadas com o constitucionalismo moderno, deve ser um Estado de direito democrático. Eis aqui as duas grandes qualidades do Estado constitucional: Estado de direito e Estado democrático. Estas duas qualidades surgem muitas vezes separadas. Fala-se em Estado de direito, omitindo-se a dimensão democrática, e alude-se a Estado democrático, silenciando-se a dimensão do Estado de direito. Essa dissociação corresponde, por vezes, à realidade das coisas: existem formas de domínio político em que esse domínio não está domesticado do ponto de vista de Estado de direito, e existem Estados de direito sem qualquer legitimação democrática. O Estado constitucional democrático de direito procura estabelecer uma conexão interna entre democracia e Estado de direito.” J. J. Gomes Canotilho. Direito constitucional e teoria da Constituição. 7.ª ed., Coimbra: Almedina, 2003, p. 93 (com adaptações). Tendo o texto precedente como referência inicial, assinale a opção correta, a respeito do Estado democrático de direito: No Estado constitucional, os direitos políticos implicam limites à maioria parlamentar.
##Atenção: Sem dúvida, a Constituição limita a maioria Parlamentar, quando, por exemplo, impõe cláusulas pétreas. A concessão de direitos políticos não é incondicionada, mas garantia dúplice: de representação democrática e de atuação conforme os limites da constituição. Nesse sentido, explicam SARLET, MARINONI e MITIDIERO que “os direitos políticos, ainda mais quando assumem a condição de direitos fundamentais (vinculando os órgãos estatais, incluindo o Poder Legislativo), exercem, nesse contexto, dúplice função, pois se, por um lado, são elementos essenciais (e garantes) da democracia no Estado Constitucional – aqui se destaca a função democrática dos direitos fundamentais –, por outro representam limites à própria maioria parlamentar, já que esta, no campo de suas opções políticas, há de respeitar os direitos fundamentais e os parâmetros estabelecidos pelos direitos políticos, de tal sorte que entre os direitos políticos e os direitos fundamentais em geral e a democracia se verifica uma relação de reciprocidade e interdependência, caracterizada por uma permanente e recíproca implicação e tensão”. (edição 2017).] 
b. O direito à informação abrange três aspectos: a) o direito a informar, que na nossa CF/88 está prevista nos arts. 220 a 224; b) o direito de se informar, que também está consagrado na nossa CF/88, no art. 5º, inciso XIV; c) o direito de ser informado, previsto no art. 5º, XXXIII da CF/88. Esses três direitos são que fazem parte do direito à informação. 
c. O pluralismo é fundamento da República Federativa do Brasil, que faz parte da estrutura do Estado. O que significa pluralismo político? Previsto no art. 1º, inciso V da CF/88, não é um apenas um pluralismo de partidos políticos, é muito além disso. Quando se fala em pluralismo político, abrange um pluralismo religioso, artístico, cultural, de ideologias políticas, de orientações, ou seja, o pluralismo exige um respeito à diversidade, que é uma das maiores riquezas que o nosso povo possui. E o pluralismo não é só fundamento. Lá no preâmbulo da Constituição Federal refere: “construir uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos”. E lá no art. 3º da CF/88, na parte dos objetivos fundamentais refere: “promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo”. Ou seja, essa ideia de pluralismo político está relacionada ao respeito as diferenças, a diversidade e respeito ao outro. Tem uma frase de BOAVENTURA DE SOUZA SANTOS, sociológico português, relacionada ao direito à diferença que, afirma: “Temos o direito de ser iguais quando a diferença nos inferioriza; temos o direito de ser diferentes quando a igualdade nos descaracteriza”. Ou seja, quando a diferença é um fator de inferiorização, por exemplo, uma diferença social, econômica, nós direitos de ser iguais. Entra a ideia de igualdade material. O Estado tem que agir positivamente para reduzir essas desigualdades fáticas. Agora, muitas vezes, a diferença é um fator de caracterização do indivíduo, no caso dos índios, por exemplo. O objetivo não é que os índios se tornem as demais pessoas, mas sim que as diferenças culturais sejam respeitadas. Por isso, o pluralismo é tão importante. 
2. Outros: Outros autores citam como exemplos de direitos de 4ª geração os direitos relacionados à biotecnologia e à bioengenharia; identificação genética do indivíduo. Não há um consenso sobre esses direitos.
Direitos fundamentais 5ª geração:
	BONAVIDES cita como exemplo a paz, que era na classificação de VAZAK um direito de 3ª geração. Não há consenso sobre esta 5ª geração de direitos. 
##Questiona-se: O que vem a ser o totalitarismo constitucional? A expressão "totalitarismo constitucional" foi forjada por Uadi Lanmêgo Bulos para se referir aos textos constitucionais amplos, extensos e analíticos, que encarceram temas próprios da legislação ordinária, característica do constitucionalismo contemporâneo, da qual a nossa Constituição de 1988 é exemplo, de modo que é equivocado dizer que a CRFB/88 "veda" o totalitarismo constitucional, , uma vez que se trata de lei suprema. Portanto, o totalitarismo não se refere ao Estado e sim a Constituição. Ademais, este "totalitarismo" está ligado diretamente com a ideia de constituição dirigente (ou programática).
2.4. Panconstitucionalização e liberdade de conformação do legislador
Embora uma das principais características do neoconstitucionalismo seja a defesa da constitucionalização do Direito, parte da doutrina defende que tal fenômeno deva ocorrer com parcimônia. Isso porque a excessiva constitucionalização do Direito, conhecida como panconstitucionalização, poderia gerar um viés antidemocrático no ordenamento jurídico de determinado

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