Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO FACULDADE DE EDUCAÇÃO Filosofia da Educação no Mundo Ocidental Relações entre o conceito filosófico abordado em Hemispheres e os conceitos sobre influências e impulsos apolíneos e dionisíacos tratados a partir dos estudos de Nietzsche Luiz Gustavo da Silveira Silva Rio de Janeiro, 2011 2 INTRODUÇÃO Trata-se de um trabalho acadêmico, requerido pelo professor Dr. Alexandre Barboza, como componente obrigatório para a conclusão da disciplina Filosofia da Educação no Mundo Ocidental (componente do quadro de disciplinas obrigatórias do curso de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Rio de Janeiro). Apolo e Dionísio, deuses cultuados pela população helena, na Grécia antiga, foram personagens fundamentais, embora se configurando como santidades para os gregos, para o surgimento das tragédias gregas e, posteriormente, para o modelo sofístico de educação. Hemispheres, álbum lançado em 1978 pela banda canadense Rush, traz como seu principal tema um conflito entre a razão e sentimentos ligados ao domínio afetivo e inconsciente. O presente estudo buscará relacionar, comparar e complementar os conceitos de influências apolíneas e dionisíacas, abordados por autores que utilizaram o tema citado em suas publicações (principalmente Nietzche), com o álbum Hemispheres da banda Rush, a fim de discutir relações entre a obra de Neil Peart e os conceitos citados. Conceitos apolíneos e dionisíacos, momento heleno na Grécia Clássica, conteúdo filosófico de Hemispheres (1978) e possíveis relações entre o álbum citado e os conceitos abordados por Nietzche (posteriormente estudados por Machado em 1999) são questões a serem levantadas pelo presente estudo. Na sequência, serão apresentados os seguintes tópicos de estudo: 1. O momento na Grécia clássica 2. Dionísio e o princípio dionisíaco 2.1. Dionísio 2.2. Princípio dionisíaco 3 3. Apolo e o princípio apolíneo 3.1. Apolo 3.2. Princípio apolíneo 4. Rush - Hemispheres (Hemisférios) 4.1. O álbum 4.2. A Capa 4.3. Cygnus X-1: Book II - Hemispheres 5. Relações entre o álbum Hemispheres (1978) e os conceitos dionisíacos e apolíneos. 4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA I – O momento na Grécia clássica A Grécia clássica vivia em um momento de racionalidade humana, um dos poucos instantes em que imperaram as luzes em meio a um mundo de superstição, assustado pelas malignidades sobrenaturais. Nessa época, porém, existiam elementos que faziam a sociedade grega ter outra configuração. A partir de um estudo moderno, pelos filósofos Hölderlin e Nietzsche, os mesmos vêem uma sociedade que, além do elemento racional, também estava associada ao assombroso, pela superstição, misticismo e medo do oculto (pelo menos numa escala bem maior do que suspeitavam os historiadores iluministas e positivistas do século passado). (SCHILLING, 2011) A tragédia Grega surgiu entre os séculos 500 A.C. e 400 A.C., em um momento que a sociedade grega tinha “... uma sensibilidade exarcebada para o sofrimento e uma extraordinária sensibilidade artística que caracteriza os gregos e que explica pela força de seus instintos.” (MACHADO, 1999, p.17). Nietzsche determina como “sabedoria popular”, ou “filosofia do povo”, a extrema sensibilidade, do mesmo, para o sofrimento, devido a vida levada na época, que era de grande sofrimento e violência, o que levava o povo a ser extremamente pessimista. “Diz a lenda que Midas, rei da Prígia, encontrando nos bosques o sabio Silenio, que por lá vivia bebendo, rindo e cantando, perguntou-lhe o que existe de mais desejável para o homem, isto é, qual é o bem supremo. A princípio, sem querer responder, pressionado, o sábio afinal responde: “Miserável raça de enfemeros, filhos do acaso e da pena, por que me obrigar a dizer o que não tens menor interesse em escutar? O bem supremo te é absolutamente inacessível: é nao ter nacsido, nao ser, nada ser. Em compensação, o segundo dos bens 5 tu pode ter: é logo morrer”. (MACHADO, p. 17) Com isso, a arte grega, que era intimamente ligada a religião, fez com que se tornasse possivel ou desejável a vida, com a criação da arte apolinea - a idéia que acompanha Nietzsche em sua reflexão. “A vida só é possivel pelas miragens artisticas.”, deu um novo sentido ao povo grego, fazendo mascarar os terrores e atrocidades da existência com os deuses olímpicos. A epopéia, poesia homérica, da civiliazação apolinea, fazia com que o povo pessimista da época reagisse a esse pensamento de aniquilamento da vida, e ao mal supremo, como dito pelo sábio Sileno. Para os gregos, a beleza, característica de Apolo, era tornar belo, era medida, harmonia, ordem, proporção, delimitação, mas também significa calma e liberdade com relação às emoções. Nietzsche em sua obra, “O nascimento da tragédia”, defende a tese de que o ser verdadeiro tem necessidade da bela aparência para a sua libertação. Uma libertação da dor pela aparência. (MACHADO, 1999) Porém esse mundo era um mundo individual, onde a “vontade”, termo utilizado por Nietzsche, que tem como signifiacado núcleo do mundo, essência das coisas, era mascarada pelo lema apolineo: “Conhece-te a ti mesmo”. Nietzsche, então, em sua análise, afirma que os gregos tinham a aparência como um método para encobrir a “vontade”, um saber que era perigoso para eles. A apologia à arte significa, para Nietzsche, uma apologia a aparência como necessária não apenas à manutenção, mas à intensificação da vida. Porém esse mascaramento do mundo essencial, deixa de lado uma verdade que desconsidera um outro instinto estético que nao pode ser esquecido – o dionisíaco. (MACHADO, 1999) É essa cultura, uma religião ou arte, que veio com poder destruidor, trazendo o pessimismo de volta ao povo grego. As palavras do sábio Sileno retornavam a fazer sentido. O desmascaramento da verdade estava acontecendo, a essência estava vindo a tona, fazendo com que a medida, a harmonia e o individualismo dessem lugar à reconsiliação do homem com a natureza e com os outros homens. Os efeitos dionisiacos 6 faziam ser esquecidos tudo o que foi vivido e construído no passado: é uma negação do indivíduo, da conciência, do Estado, da civilização da hitória (MACHADO, 1999). Logo, com a verdade desmascarada pela essência da natureza, que mostra aos homens que o mundo belo por eles construído era, na verdade, um mundo de horror e absurdo, torna a experiência dionisiaca uma “embriageuz do sofrimento” que destroi o “belo sonho” (MACHADO, 1999). Mas nao é esse, porém, o sentido dionisíaco que Nietzsche resalta. “... é novamente pela arte que o grego é salvo do perigo representado por essa religião dionisíaca bruta, selvagem, natural, destruidora. Ou melhor, pela segunda vez a própria vida salva o grego utilizando a arte como instrumento. “A arte o salva, mas pela arte é a vida que o salva em seu proveito”, diz Nietzsche...” (MACHADO, p.23) É nessa perspectiva, da filosofia de Nietzsche, que surge a poesia épica, que dava um novo ar à estratégia artística que ao invés de tentar reprimir o culto a dionísio, ela o agregava, transformando um fenômeno natural em fenômeno estético, graças a apolo que atraiu a verdade dionisíaca para o mundo da bela aparência. Para Nietzsche, essa reconcialização tinha um efeito terapêutico, e eficaz para o ato de cura, tendo como o princípio a prática da experiência dionisíaca, através da arte, ou seja, “uma experiência de embriaguez sem perda de lucidez” (MACHADO, 1999). “... A arte dionisíaca, a arte trágica, é um jogo com a embriaguez, uma representação da embriguez que tem justamente por objetivo aliviar aembriguez:... Essa noção de jogo é fundamental para compreender a diferença entre dionisíaco orgiástico e o dionisíaco artístico e como o grego, atráves da beleza, reprimiu no dionisíaco bárbaro seus elementos destruidores, ensinando-lhe a medida e transformando-o em arte.” (MACHADO, p.24) 7 E segundo Machado (1999), em sua obra, diz que Nietzsche deixa evidente a distinção entre as duas manifestações dionisíacas, da seguinte maneira: “ Está claro também que o dinisíaco artístico não se opõe ao apolíneo, mas supera esta oposição justamente por ser artístico e implicar necessariamente aparência. E, finalmente também o dionisíaco celebrado por ele não é o culto orgiástico mas o do artista trágico.” (MACHADO, 2010) Logo a tragédia permitia a articulação entre a aparência e a essência, não se limitando ao nível da aparência, mas possibilitando uma experiência trágica da essência do mundo. Essa união dá-se através do conflito entre o apolíneo e o dionisíaco, representando derrota do saber apolíneo e a vitória do saber dionisíaco (MACHADO, 1999). Na tragédia é necessário viver uma antítese, onde o herói trágico deve perecer por onde ele deve vencer. Ou seja, na tragédia o destino do herói é sofrer, como sofreu Dionisio. Nietzsche, então, segundo o estudo de Machado (1999), faz uma leitura da tragédia como algo que trás a alegria, pois o sofrimento vivido pelo herói é o mascaramento de nossa dor, é a expressão de uma resistência ao próprio sofrimento. Na experiência trágica, que a arte proporciona, o homem se torna o próprio ser originário, sentindo o seu desejo e o seu prazer de existir. Nietzsche, por fim, afirma que não pode haver dionisíaco sem o apolíneo. É um equilibrio entre a ilusão e a verdade, entre a aparência e a essência, o único modo de superar a radical oposição metafísica de valores. II - DIONÍSIO E O PRINCÍPIO DIONISÍACO 2.1 - Dionísio: 8 Filho de Zeus e da princesa Semele, era o único deus olimpiano que era filho de uma mortal, fato este que o tornava um deus grego diferente dos demais. Dionísio era o deus dos ciclos vitais, das festas, das orgias, do vinho, da embriaguez, da insanidade, mas, especificamente, do frenesi que provoca um estado de desordem e inconsciente. Assemelha-se ao Deus Baco, da mitologia romana, pela ligação ao estado alcoólico. Segundo Machado (1999), Dionísio era considerado um deus estrangeiro, pertencente à outra religião. Mas seu culto seduziu os gregos e, de pouco-a-pouco, fora ganhando espaço no povo heleno. 2.2 - Princípio Dionisíaco: A essência dos cultos a Dionísio eram as festividades nas quais os indivíduos se utilizavam de substâncias inebriantes, que na maioria das vezes era o álcool que havia no vinho que era bebido. Essas substâncias tinham o propósito de induzir a transes que anulassem as inibições e que fizessem com que as pessoas se entregassem ao êxtase místico das comemorações dionisíacas. (DALBY, 2005) A antítese que mostra os cultos dionisíacos em contraposição aos princípios apolíneos indica que um complementa o outro, de forma que, o que falta a um tem no oposto. (MACHADO 1999) Podemos exemplificar o parágrafo anterior com o seguinte fragmento: “Pretendendo substituir o mundo da verdade, ou a verdade do mundo, pelas belas formas, a arte apolínea deixa de lado algo essencial; virando as costas para a realidade, dissimulando a verdade, ela desconsidera o outro instinto estético da natureza que não pode ser esquecido - o dionisíaco.” (MACHADO, 1999, p. 20) Outra característica na qual podemos diferir os dois seriam as concepções de indivíduo, onde Machado (1999) diz: 9 “A experiência dionisíaca, em vez de individuação, assinala justamente uma ruptura com o principium individuationis e uma total reconciliação do homem com a natureza e os outros homens,[...] que abole a subjetividade até um total esquecimento de si...” (p. 21) Pode-se constatar esse princípio da falta de individualização dentro do teatro, que começou a se desenhar dentro das festividades dionisíacas, em Atenas. Eram organizados festivais, denominados de Dionísias Urbanas, onde haviam competições que eram apresentadas tetralogias, que eram constituídas de três tragédias e uma sátira. Os atores das peças executadas, que eram todas em honra a Dionísio, utilizavam máscaras, que significavam a submersão de suas identidades. A perda da identidade, inclusive, era demonstrada não apenas pela utilização das máscaras, mas também era percebida pelo coro, nos quais os membros dançavam e cantavam em uníssono, onde cantavam as mesmas palavras. Toda a força de vontade e a individualidade eram ofertadas a Dionísio. Além de ser sugerido que o herói que morre em cada peça é o próprio Dionísio, onde o festival estaria honrando o deus ao reproduzir a sua morte. (DALBY, 2005) III - APOLO E O PRINCÍPIO APOLÍNEO 3.1 – Apolo: De acordo com a mitologia grega, o deus Apolo nasceu de Leto (deusa do anoitecer), ao pé de uma palmeira, no pobre e deserto rochedo de Delos. Seu nascimento foi sinalizado por sete cisnes, que deram sete voltas ao redor de Delos cantando e, na oitava volta, desta vez sem cantar, Leto deu luz a Apolo. Por conta disto, dá-se sua forte ligação com os cisnes. (POUZADOUX, 2001, p.31) Esta ligação de Apolo com os cisnes pode explicar a escolha de Neil Peart pelo nome (“Cygnus” pode ser traduzido como “Cisne”) do personagem fictício do qual o utilizará no decorrer na estória contada na faixa Cygnus X-1: Book II – Hemispheres. 10 Na mitologia grega, Apolo era considerado o Deus da clareza, da razão, por fim, da ordem. Nietzsche considera, então, que esse espírito apolíneo se interliga com o ‘’mundo dos sonhos’’, sendo ele visto na forma da beleza definida e estabelecida, na estética vazia, nas formas superficiais dotadas de extremo individualismo, assim então mascarando de bela uma realidade que, de fato, não é assim. 3.2 - Apolíneo: Enquanto o princípio dionisíaco vem arrebatar as concepções de forma, realidade e racionalidade, como se fosse um estado de embriaguez, o princípio apolíneo tem por caracterização: o equilíbrio, a sobriedade, a racionalidade, a ordem. Vejamos essa dualidade no fragmento: ‘’Apolíneo e dionisíaco devem ser pensados como tendências ou impulsos artísticos antitéticos; e a natureza de qualquer arte, em qualquer época, varia conforme o [impulso ou tendência] que é operativo.” (SILK & STEM, 2011, p.63).’ Para Nietzsche, foi na Grécia Socrática onde ocorreu essa separação e valorização apolínea em detrimento ao princípio dionisíaco. Por uma racionalização extrema do pensamento, relegando todo e qualquer pensamento que quebrasse com essa amarração e seqüenciamento de idéias, o ‘’espírito’’ dionisíaco foi tido como algo que viesse em perturbação a essa aparente paz apolínea. (COTRIM, 2000) Embora opostos, estes dois espíritos/princípios, compõem a tragédia. A razão apolínea, sendo antídoto dos devaneios da embriaguez dionisíaca. O conhecimento da verdade não só por aparências, mas sim através de experiências que mostram a mostram em sua totalidade, que é a significância da união dos dois princípios. (MACHADO, 1999) União essa que observamos mais diretamente no fragmento: ‘’A arte trágica contra o que há de desmesurado no instinto dionisíaco como se Apolo ensinasse a medida a Dionísio. ’’ (MACHADO, 1999, p. 24) IV - RUSH - HEMISPHERES (HEMISFÉRIOS) 11 4.1 - O álbum: O álbum Hemispheres, da banda canadense Rush, foi lançado no dia 14 de dezembro de 1978 por Mercury Records e Anthem Entertainment, gravado no estúdio de Rockfield, no País de Gales em junho de 1977. (RUSH, 1978) Este álbum se dá na continuação da última faixa do álbum anterior ao mesmo, o A Farewell to Kings, cuja faixa se chama "CygnusX-1 Book I". Todas as letras contidas nas faixas do álbum foram escritas pelo baterista da banda, Neil Peart. Melodias e arranjos por Alex Lifeson e Geddy Lee. (Rush, 1978) Cygnus X-1 conta a história de um buraco negro e termina com a frase "to be continued", que pode ser traduzida, para o português, como "a continuar". A Farewell to Kings foi lançado em 1977, antecedendo o álbum Hemispheres. Hemispheres contém 4 faixas: Cygnus X-1: Book II - Hemispheres (18' 05'') (I) Prelude (II) Apollo/Dionysus (III) Armageddon (IV) Cygnus (V) The Sphere Circumstances (3' 41'') The Trees (4' 46'') La Villa Strangiato (9' 45'') A primeira, e principal, faixa do álbum leva o título da obra (Hemispheres). É a continuação de Cygnus X-1: Book I - The Voyage. A faixa conta uma estória sobre um duelo entre Apolo e Dionísio (personagens míticos helenos) e suas características; Circumstances, segunda faixa do álbum, traz uma reflexão sobre a "verdade" da vida; The Trees conta sobre um desentendimento entre um carvalho e um bordo (árvores) em 12 função da ocupação de um lugar onde as árvores possam receber a luz solar; La Villa Strangiato é uma faixa inteiramente instrumental. (RUSH, 1978) 4.2 - A Capa: A arte contida na capa deste álbum trata-se de um homem nu e um homem de terno sobre um cérebro, cada um em um lado do mesmo. Por meio da observação de pacientes com lesões cerebrais, a ciência, aos poucos, descobriu que uma lesão ocorrida no hemisfério esquerdo, dependendo da sua intensidade, pode provocar a perda da fala. Isso ocorre porque, ao que tudo indica, a capacidade de falar e o domínio da linguagem oral estão relacionados ao hemisfério esquerdo e este, por sua vez, compreende a capacidade de raciocínio, pensamento e desempenho das atividades intelectuais. (PEYCHAUX, 2008, p.14) Ao lado esquerdo do cérebro, contido na imagem que retrata a capa do álbum Hemispheres, há um homem de camisa, paletó, gravata, chapéu, bengala e sapatos, portando um traje linear e que se é montado sob uma determinada seqüência de peças de roupa (camisa, gravata, paletó); Um traje que é usado conforme um molde padronizado (questão de medidas e formas) e pode ser relacionado ao hemisfério esquerdo do cérebro, segundo os estudos de Peychaux (2008), levando em consideração a função de assimilar conhecimentos através da racionalidade e de dimensionamento de proporções. 13 Ainda comprovou-se que o hemisfério direito, que é não verbal, experimenta sensações e reações emocionais, processando a informação por sua própria conta; como se atuassem duas pessoas numa só. E o que isso tudo tem a ver com o mundo da imagem? A resposta é muito simples. O lado direito se especializa na percepção da imagem da forma global e sua função consiste, principalmente, em sintetizar a informação que recebe através da modalidade visual. (PEYCHAUX, 2008, p. 15) Ao lado direito do cérebro, exposto na figura que representa a capa do álbum Hemispheres, há um homem nu, sem nenhuma vestimenta, sem nenhum acessório que esteja fundamentado num método racional de existência de algo. Ele está de uma forma natural, sem portar traços inorgânicos que remetem a uma seqüência baseada em formas, medidas e ordem. Não é necessária uma análise de formas/medidas para entender que a pessoa retratada está nua, pois não há o que medir, verificar ou avaliar. Este fato pode ser relacionado ao hemisfério direito do cérebro, segundo os estudos de Peychaux (2008), pois não há processamento com critérios avaliativos sobre a vestimenta do personagem. Ele está de forma natural, como realmente é. 4.3 - Cygnus X-1: Book II - Hemispheres "Cygnus X-1 Livro II: Hemisférios I. Prelúdio Quando nosso esgotado mundo era jovem A batalha dos ancestrais começou Os deuses do Amor e da Razão Procuraram sozinhos Para governar o destino do Homem Eles batalharam através das eras Mas ainda nenhuma força iria se entregar As pessoas estavam divididas Cada alma era um campo de batalha II. Apollo: Aquele que traz Sabedoria 14 “Eu trago verdade e entendimento, Eu trago juízo e justa sabedoria Dons preciosos além de comparação Nós podemos construir Um mundo de maravilhas, Eu posso deixá-los todos atentos Eu encontrarei comida e abrigo para você Mostrar-lhe a chama para mantê-lo quente Através da interminável Tempestade de inverno Você pode viver em encanto e conforto No mundo que você transforma.” As pessoas estavam encantadas Vindo à frente para reclamar seu prêmio Eles correram para construir suas cidades E conversar entre os sábios. Mas um dias as ruas ficaram silenciosas, Ainda que eles não soubessem O que estava errado O desejo de construir tais belas coisas Não parecia ser tão forte Os homens sábios foram consultados, E a Ponte da Morte havia sido atravessada Em busca de Dionysus. Para descobrir o que eles haviam perdido III. Dionísio: Aquele que traz Amor “Eu trago amor para lhe dar conforto Na escuridão da noite, No Coração da luz eterna Você precisa apenas Confiar em seus sentimentos; Apenas o amor pode guiá-lo corretamente Eu trago risadas, eu trago música, Eu trago alegria e eu trago lágrimas Eu irei acalmar seus medos primitivos Jogue fora as correntes da razão E sua prisão desaparece” 15 As cidades foram abandonadas, E as florestas ecoaram canções. Eles dançaram e viveram como irmãos; Eles sabiam que o amor Não poderia estar errado Eles tinham comida e vinho à vontade E eles dormiam sob as estrelas As pessoas estavam contentes E os Deuses os observavam ao longe Mas o inverno caiu sobre eles E os pegou despreparados Trazendo lobos e fome gelada E os corações dos homens se desesperaram IV. Armageddon: A Batalha do Coração e da Mente O Universo dividido Enquanto o Coração e a Mente colidiram, Com as pessoas deixadas desguiadas Por tantos anos problemáticos Em uma nuvem de dúvidas e temores Seu mundo estava quebrado Separado em vazios Hemisférios Alguns lutaram consigo mesmos, Alguns lutaram contra outros Muitos apenas seguiram um outro Perdidos e sem objetivos como seus irmãos, Pois seus corações estavam tão obscuros, E a verdade não poderia aparecer Seus espíritos estavam divididos Entre cegos Hemisférios Alguns que não lutaram Trouxeram contos para velhos iluminarem Meu Rocinante navegou pela noite Em seu vôo final Para o coração da terrível força de Cisne 16 Nós marcamos nosso destino Giramos através de tempo sem tempo Para este lugar imortal V. Cisne: Aquele que traz Equilíbrio Eu tenho memória e consciência Mas eu não tenho forma Como um espírito sem corpo Eu estou morto e ao mesmo tempo não nasci Eu passei para dentro do Olimpo Como contado em contos de velhos, Para a cidade dos Imortais, Mármore branco e o mais puro ouro Eu vejo os deuses de batalha enfurecerem-se Raios através do céu Não posso me mover, Não posso me esconder Eu sinto um grito silencioso se formar Então de uma vez o caos cessou Uma calmaria surgiu, uma paz repentina Os guerreiros sentiram meu choro silencioso E pararam sua batalha, mistificados Apollo estava surpreso Dionísio achou que eu estava louco Mas eles ouviram minha história E eles pensaram, e eles estavam tristes Olhando para baixo do Olimpo Em um mundo de dúvidas e medo Sua superfície estilhaçou Em tristes Hemisférios Eles sentaram em silêncio por algum tempo E finalmente eles viraram-se para mim “Nós o chamaremos de Cisne, O deus do equilíbrio você será.” 17 VI. A Esfera: Um Tipo de Sonho Nós podemos andar em nossa estrada juntos Se nossos objetivos são os mesmos Nós podemos correr sozinhos e livres Se nós perseguimos um objetivo diferente Deixe a verdade do amorse iluminar Deixe o amor da verdade brilhar claramente Sensibilidade, armada com senso e liberdade Com o Coração e a Mente Unidos em uma única e perfeita Esfera." (PEART, 1974) A primeira faixa do álbum Hemispheres, da banda Rush, conta sobre um duelo entre Apolo e Dionísio. Como citado anteriormente neste estudo, Apolo é significado de razão (formas, medidas) e Dionísio é significado de embriaguez, luxúria, ausência do logus... Com a imagem contida na capa do álbum, é possível relacionar os dois personagens citados a Apolo e a Dionísio. "A arte apolínea é a arte da beleza: se os deuses olímpicos não são necessariamente bons ou verdadeiros - como o deus das religiões morais depois analisadas por Nietzsche -, eles são belos. Para o grego beleza é medida, harmonia, ordem, proporção, delimitação mas também significa calma e liberdade com relação às emoções, isto é, serenidade." (MACHADO, 1999, p. 21) Tendo como base os estudos de Peychaux (2008) e a citação de Machado (1999), pode- se depreender que o personagem que porta um traje composto por paletó, gravata e etc. faz uma menção à racionalidade ligada ao hemisfério direito do cérebro (posição na qual o personagem está sobre), logo produzindo uma alusão ao aspecto apolíneo. "A experiência dionisíaca, em vez de individuação, assinala justamente uma ruptura com o principium individuationis e uma total harmonia universal e um sentimento místico de unidade; em vez de autoconsciência significa uma desintegração do eu, que é superficial, e 18 uma emoção que abole a subjetividade até o total esquecimento de si; em vez de medida é a eclosão da bybris, da desmesura da natureza considerada como verdade e 'exultando na alegria, no sofrimento e no conhecimento'; em vez de delimitação, calma, tranqüilidade, serenidade, é um comportamento marcado por um êxtase, por um enfeitiçamento, por uma extravagância de frenesi sexual que destrói a família, por uma bestialidade natural constituída de volúpia e crueldade, de força grotesca e bruta; em vez de sonho, visão onírica, é embriaguez, experiência orgiástica." (MACHADO, 1999, p. 21-22) Tendo como base os estudos de Peychaux (2008) e a citação de Machado (1999), pode-se depreender que o personagem que está nu na imagem (capa) está relacionado com o dionisíaco que, deste modo, está nu (sem acessórios que remetem idéias de formas, delimitações, proporções e ordens) e sobre o hemisfério esquerdo do cérebro, que, segundo Peychaux (2008), é responsável por assimilar aspectos sem avaliar formas, proporções, medidas e etc. V - Relações entre o álbum Hemispheres (1978) e os conceitos dionisíacos e apolíneos. Como citado, anteriormente, neste estudo, a capa do álbum Hemispheres (1978) já faz menções aos conceitos apolíneos e dionisíacos, através do uso do conhecimento sobre os hemisférios cerebrais e ilustrações de dois homens, cada um com uma determinada aparência. A relação da capa do álbum, e toda sua carga filosófica, com o conteúdo contido nas letras musicais (mais precisamente a faixa Cygnus X-1: Book II - Hemisferes) de Hemispheres (1978), pode ser entendida através de estudos que buscam proporcionar o entendimento dos conceitos dionisíacos e apolíneos. A faixa Cygnus X-1: Book II - Hemispheres, como citada anteriormente neste estudo, é a única faixa que do álbum que faz menção direta aos conceitos de Apolo e Dionísio. Circumstances se trata de uma faixa que fala sobre verdade, assunto explorado por Machado (1999) através dos conceitos escritos por Nietzche. 19 The Trees aborda uma história de um conflito entre duas árvores. Segundo comentários do documentário Rush - Hemispheres to Exit Stage Left (GRIFFITHS & CARRUTHERS, 2004), a banda (Rush) sempre é perguntada sobre a existência de uma crítica ao sistema governamental canadense contida na letra da música e, como resposta, Neil Peart (autor da faixa) nega a alusão e diz que a canção trata somente de um simples conflito entre duas árvores. Mas vale a pena ressaltar que a música aborda um tema conflituoso, assim como o tema abordado na primeira faixa (conflito entre Apolo e Dionísio). La Villa Strangiato, por ser uma faixa instrumental, não se pode considerar alguma alusão direta aos conceitos abordados por Machado (1999) assim como as outras faixas do álbum. Relações da primeira faixa do álbum com os conceitos apolíneos e dionisíacos são claros, na medida em que já se tem conhecimento dos conceitos anteriormente retratados neste estudo. A seguir serão compararados/relacionados os versos contidos na faixa Cygnus X-1: Book II – Hemisferes, que é dividida em sete trechos/partes, com os conceitos dionisíacos e apolíneos a partir de estudos promovidos por autores que abordaram os conceitos citados em suas publicações. No início, havia sim a divisão entre os dois deuses, o da razão (Apolo) e o do amor (Dionísio). Cada qual com seu princípio, sua cultura, mas os dois com o mesmo objetivo de ter nos homens a sua própria imagem. Cada homem optava por qual destino tomar, onde dentro de si, essa decisão seria angustiante e dolorosa. Essa primeira parte da faixa se diz respeito ao confronto entre os dois deuses; Apolo que representava a beleza, e Dionísio, que representa essência. Porém, pode-se discutir, segundo a visão de Nietzsche, a afirmação de que, na tragédia, não pode haver dionisíaco sem o apolíneo. É um equilibrio entre a ilusão e a verdade, entre a aparência e a essência, o único modo de superar a radical oposição metafísica de valores.(MACHADO, 1999). Pode-se observar que, no trecho II, parte da letra da faixa, que aborda o tema dionisíaco, Peart procurou retratar como os indivíduos se sentiam em relação às festividades dionisíacas, onde um grande torpor tomava 20 conta da população, a que se refere à canção, e as pessoas acabam interagindo umas com as outras, fazendo com que a individualidade tivesse menor importância, como afirmava Machado (2005), e após o estado inebriante passar, eles se sentiam esgotados fisicamente, devido às extravagâncias cometidas enquanto não estavam sóbrios. Assim como diz Machado: "A experiência dionisíaca, em vez de individuação, assinala justamente uma ruptura com o principium individuationis e uma total harmonia universal e um sentimento místico de unidade; em vez de autoconsciência significa uma desintegração do eu, que é superficial, e uma emoção que abole a subjetividade até o total esquecimento de si; em vez de medida é a eclosão da bybris, da desmesura da natureza considerada como verdade e 'exultando na alegria, no sofrimento e no conhecimento'; em vez de delimitação, calma, tranqüilidade, serenidade, é um comportamento marcado por um êxtase, por um enfeitiçamento, por uma extravagância de frenesi sexual que destrói a família, por uma bestialidade natural constituída de volúpia e crueldade, de força grotesca e bruta; em vez de sonho, visão onírica, é embriaguez, experiência orgiástica." (MACHADO, 1999, p. 21-22) Percebe-se que Machado (1999) demonstra, nesse trecho, a mesma abordagem que Neil Peart (1978) retratou, evidenciando o quão avassalador os impulsos dionisíacos podem ser, mostrando que ele é “o estado alcoólico”, e que o mesmo acaba por tomar controle das pessoas, fazendo com que elas se deleitem em luxúria, onde a embriaguez, enquanto influenciando as mesmas, as fazem ter experiências sublimes e frenéticas. No terceiro trecho da faixa explorada, em que Neil Peart cita Apolo e suas características e efeitos de suas influências, Apolo é citado como aquele que vem como quem que traz a razão, que traz a possibilidade da construção do belo, ou ainda que vem acolher as angústias existenciais de cada ser individual. Podemos relacionar esse fragmento da música diretamente com este trecho de Machado: 21 ‘’Apoloé o brilhante, o resplandecente, o solar; ao mesmo tempo, conceber o mundo apolíneo como brilhante significa criar um tipo específico de proteção contra o sombrio, o tenebroso da vida: a proteção pela aparência’’(MACHADO, 2005) Ao final deste mesmo fragmento, observa-se essa idéia de opostos entre Apolo e Dionísio. Há uma mudança do comportamento apolíneo, por parte das pessoas, deixando de lado a ‘’segurança’’ e o ‘’abrigo’’ de Apolo, para entrarem na ‘’alma’’ dionisíaca, imbuídos de um espírito de curiosidade por experiências que transcendessem as aparências, rumo ao doce inebriante caos de prazer de Dionísio. Segundo o conteúdo apresentado no trecho IV, da faixa explorada neste estudo, que se chama Armageddon, o povo abordado no contexto apresentado por Neil Peart em Cygnus X-1: Book II – Hemispheres tem o sentimento de desgaste em função das repetitivas conversões de cultos entre dionisíaco e apolíneo. Machado (1999) diz, em seu estudo, que os impulsos dionisíacos vinham e ofuscavam os princípios apolíneos. Logo, pode-se propor a existência de uma relação entre o trecho de Neil Peart e as idéias de Nietzsche contidas na obra de Machado (1999). Então, Peart cita um personagem criado pelo próprio para, então, tentar resolver esta questão das conseqüentes conversões de cultos exercidas pelo povo em questão, que geraram desgaste e conflitos. Peart chama seu personagem de ”Cygnus”, que pode ser traduzido, para o português, como “Cisne” (possível alusão à ligação de Apolo com os cisnes). No trecho V, da faixa em questão neste estudo, Peart (autor) exibe seu personagem criado, o “Cygnus”, e o mostra como um ser abstrato que irá propor um equilíbrio entre os impulsos dionisíacos e apolíneos. Peart ainda diz que Apolo e Dionísio se redimem ao “Cygnus” e percebem que, ao haver a repulsão entre os dois impulsos (apolíneos e dionisíacos), há a geração de conflitos e desequilíbrio. Então, Peart diz que Apolo e 22 Dionísio, já num domínio fictício, dão ao “Cygnus” o título de “Deus do Equilíbrio”. No último trecho (VI) da faixa citada, Neil Peart propõe, em sua letra, o equilíbrio entre os impulsos dionisíacos e apolíneos, dizendo que há a possibilidade de se conviver usufruindo de ambos os cultos. Peart chama, em Cygnus X-1: Book II – Hemispheres, nos trechos II e III, Dionísio de “quem traz o amor” e, Apolo de “quem traz a verdade e entendimento”. No trecho VI, Peart diz “Deixe a verdade do amor se iluminar. Deixe o amor da verdade brilhar claramente” (PEART, 1978). “Luz” pode significar "verdade", assim como os iluministas consideram o sentido da palavra desta forma usada. Então, Peart sugere, desta forma, o equilíbrio e uso de ambas as influências, tanto emotivas quanto fundamentadas na razão, “unidas numa única e perfeita esfera” (PEART, 1978). Peart não cita as tragédias gregas no corpo do texto da faixa, mas Machado (1999, p. 24) diz que a tragédia grega é a união entre as tendências dionisíacas e apolíneas. “A arte dionisíaca, a arte trágica é um jogo com a embriaguez, uma representação da embriaguez que tem justamente por objetivo aliviar a embriaguez; ou, em outras palavras, não propriamente embriaguez ou orgia, mas idealização da embriaguez ou da orgia. [...] O servidor de Dionísio deve estar em estado de embriaguez e ao mesmo tempo permanecer postado atrás de si como um observador. Não é na alternância entre lucidez e embriaguez, mas em sua simultaneidade, que se encontra o estado estético dionisíaco”. (MACHADO, 1999, p.24) Estado estético é conceito relacionado a formas e medidas, propriedades estas ligadas ao conceito apolíneo. E já que este estado estético se encontra na arte dionisíaca, pode-se entender a tragédia como 23 uma arte em que há a união de ambos os impulsos, dionisíacos e apolíneos. Desta forma, pode-se classificar a tragédia grega como uma “única e perfeita esfera” (PEART, 1974), já que, para Peart (1974), esta esfera é composta pelo equilíbrio entre as forças dionisíacas, “do amor e da natureza”, e apolíneas, da “verdade e do entendimento”. CONCLUSÃO Como levantado na introdução deste estudo, o presente trabalho acadêmico teve como objetivo relacionar, comparar e complementar os conceitos de influências apolíneas e dionisíacas, abordados por autores que utilizaram o tema citado em suas publicações (principalmente Nietzche), com o álbum Hemispheres da banda Rush, a fim de propor a existência de uma relação entre a obra de Neil Peart e os conceitos citados. À partir de um levantamento bibliográfico, de maioria baseados em obras de Nietzche, pôde-se comparar e depreender uma possível existência de relação entre o álbum Hemispheres, da banda Rush, com os conceitos sobre influências e impulsos apolíneos e dionisíacos, já que o álbum traz a estória de um conflito entre Apolo e Dionísio, abordando suas conseqüências sobre uma determinada população. A partir desta temática, pôde-se, com citações publicadas sobre influências apolíneas e dionisíacas, relacionar, comparar e complementar o conteúdo filosófico da obra de Neil Peart com o conteúdo filosófico levantado a partir das referências bibliográficas utilizadas neste presente estudo. 24 REFERÊNCIAS COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. 15ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2000. DALBY, Andrew. The Story of Bacchus, Oxford, British Museum Press, 2005. Documentário cinematográfico: Rush - Hemispheres to Exit to Stage Left. Direção por CARRUTHERS, Bob. Produção por: GRIFFITHS, Rachael. Indústia brasileira: Rock Story, 2004. MACHADO, R. Nietzsche e a Verdade. 2ª edição. Rio de Janeiro: Graal, 1999. MACHADO, R. Nietzsche e o renascimento trágico. Kriterion, Belo Horizonte, v. 46, n. 112, 2005 POUZADOUX, Claude. Contos e Lendas da Mitologia Grega. São Paulo: Cia. das Letras, 2001. p.31. PEART, Neil. Hemispheres. Anthen Entertainment. Rockfield Studios, Wales: Mercury Records, 1978. PEYCHAUX, Lidia. Acessando o Hemisfério Direito do Cérebro - A Arte como Ferramenta para Desenvolver a Criatividade. Rio de Janeiro: Papel Virtual, 2008. RUSH, Official Website: Disponível em <http://www.rush.com/rush/>. Acesso em 12 de julho de 2011. SCHILLING, Voltaire. História por Voltaire Schilling – A Tragédia Grega: Terra, 2011. Disponível em: < http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/tragedia_grega1.htm> Acesso em 13/07/2011. 25 SILK, M.S. & STERN, J.P. Nietzsche on Tragedy. Cambridge, Cambridge University Press, 1995.
Compartilhar