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Marcos Hiller BRANDING A arte de construir marcas EQUIPE EDITORIAL Editora responsável | Helena Trevisan Coordenadora editorial | Juliana Quintino de Oliveira Projeto gráfico e diagramação | Alfredo Carracedo Castillo Revisora | Marcia Nunes Capa | Fischer & Friends PRODUÇÃO Trevisan Editora Alameda Campinas, 463, 13 andar São Paulo, SP – 01404-902 tel. (11) 3138-5169 editora@trevisaneditora.com.br www.trevisaneditora.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Hiller, Marcos Branding [livro eletrônico]: a arte de construir marcas/Marcos Hiller. -- São Paulo: Trevisan Editora Universitária, 2012. 900 Kb; PDF Bibliografia ISBN 978-85-99519-40-0 1. Clientes – Contatos – Administração 2. Marcas de produtos 3. Marcas de produtos – Administração 4. Marcas de produtos – Marketing I. Título. 12-09818 CDD-658.827 Índices para catálogo sistemático: 1. Marcas comerciais : Marketing: Administração de empresas 658.827 A Trevisan Editora agradece o envio de correções e comentários de seus livros, inclusive de erros tipográficos, de formatação ou outros. Por gentileza, faça uma cópia da página que contém o erro e envie por e-mail para editora@trevisaneditora.com.br. Os livros da Trevisan Editora estão disponíveis com descontos para quantidades especiais destinadas a promoções de venda e prêmios ou para uso em programas de treinamento corporativo, além de outros programas educacionais. Para mais informações, entre em contato conosco. Direitos reservados desta edição à Trevisan Editora Alameda Campinas, 463, 13 andar São Paulo, SP – 01404-902 tel. (11) 3138-5169 mailto:editora@trevisaneditora.com.br http://www.trevisaneditora.com.br/ mailto:editora@trevisaneditora.com.br editora@trevisaneditora.com.br www.trevisaneditora.com.br © Trevisan Editora, 2012 mailto:editora@trevisaneditora.com.br http://www.trevisaneditora.com.br/ Dedico esse livro a meus pais. Sumário Agradecimentos Prefácio Touch down! Os elementos que formam uma marca Vamos estender a marca Apple Store, uma experiência que inspira consumo Bombardeio = dinheiro no lixo Mensurar é preciso Luzes, câmera, criação! Fator Hyundai A queda de Mubarak influencia sua marca? Claro! Mr. President, the “capoeira” does not represent our place branding Coitados dos cigarros Onde estão as promoções de vendas? Mestres das marcas Propaganda, você está no corredor da morte! Desculpe, eu acho que mereço mais que um chope Marketing é envolver todos e analisar o mercado iPad 1, iPad 2, iPad 3... iPad 17 Garçom, traz a mais gelada! Por que não é fácil praticar branding? A marca “Obama” agradecea morte de “Osama” Quer crescer no mercado? Compre seu vizinho! As marcas mudam de mãos, mas não saem da mente dos consumidores Por que amamos a Coca-Cola? O diabo veste Zara? Steve Jobs, paixão e intuição Vinte superdicas antes de “brincar” com a sua marca nas redes sociais Unbranding Blue branding Pôneis malditos. Malditos mesmo! I want to be part of it, New York, New York! Na comunicação da marca, o foco é o receptor Afinal, o que é branding? Abercrombie & Branding California branding iWant the iPhone 4S Ronald, vai para o divã! O “risco” Neymar Pôneis versus branding BBB 12: estupro e altíssimo risco do anunciante Morte no parque e o impacto na marca Hopi Hari Se o mundo é dos NETs, coitado do mundo! Um minuto de silêncio Por que não vai mais a museus? Eliminar a sacolinha é só o primeiro passo Merchandising, não! O certo é: product placement Minha primeira vez no Campus Party A falsa ilusão do dedo polegar para cima Dia do Consumidor deveria ser os 365 dias do ano Vendo iPad 2 em bom estado Como enxergar a marca no segmento fitness? A mais nova simbiose do mundo digital: Facebook & Instagram Posfácio Referências bibliográficas Agradecimentos Escrever um livro é um desafio e tanto. Escrever um livro é, acima de tudo, uma grande responsabilidade. Nesse meu primeiro livro, tenho que agradecer o apoio, o comprometimento e principalmente a confiança de muitos com quem convivi, convivo e conviverei. Em primeiro lugar, agradeço a Jesus Cristo por iluminar e alicerçar todos os meus passos ao longo desses 33 anos. Agradeço também imensamente à minha família, uma espécie de torcida organizada, que vibra junto comigo em tudo que faço. Sou um homem muito privilegiado. Agradeço à professora Isabel Italiano, a minha primeira coordenadora e quem me deu a oportunidade de lecionar para uma sala de aula pela primeira vez, na UNIP, na rua da Paz, em uma turma de tecnólogos, na disciplina Mercadologia. Ali começou uma nova jornada, nasceu a minha nova profissão, que eu amo e que me vejo fazendo isso pelo resto da vida. Agradeço aos seguintes coordenadores de curso por terem me dado a oportunidade de conhecer pessoas incríveis e lugares fantásticos: Elias Albarello, Marcus Ignatti, Olavo Furtado, Márcia Auriani, Antônio Giuliani, Aldo Nuss, Gilberto Pinzetta, Karlan Muniz, Antonio Murara, Décio Camargo, Claudia Ruas, Edison Aurélio, Vanessa Arantes, Dirceu Miranda, Paulo Batista, Antonio Cabañas, André Fassa, Sandro Pinto, Carlota Moura, Hector Arango e Calil Farra. Um agradecimento mais que especial a toda equipe da Unitoledo de Araçatuba por acreditar em mim nos mais diversos projetos: Emiliana Vezozzo, Bruno Toledo, Ângela Liberatti, Samuel Stábile, Jessica Batistella, Emiliana Terra, Aloysio Pereira e Silvia Souza. Moçada do bem, competente e amiga. O meu muito obrigado às incríveis Helena Trevisan e Juliana Quintino de Oliveira, da Editora Trevisan, pelo envolvimento neste projeto. E agradeço imensamente a Antonio Fadiga e Bru, da Fischer & Friends, pelo apoio e pelo inspirador prefácio desta obra. Agradeço demais a todos os cerca de 2217 queridos alunos que, em algum momento, fizeram parte da minha vida e que muito mais me ensinaram do que eu ensinei a eles. Um beijo em cada um. Meus sinceros agradecimentos a outros amigos, colegas, parceiros, que nunca hesitaram em me ajudar em aulas, palestras e outros projetos malucos que já fiz: Lillian Vidigal, Cezar Bianchi, Vicka Suarez, Aline Magnoli, Robson Harada, Juliana Ribeiro, Karol Sapiro, Erik Galardi, Cristiano Amaral, Christiano Ranoya, Rodrigo Stoqui, Paulo Milreu, Igor Caitano, André Gonçalves, Marcelo Miyashita, Reinaldo Cirilo, Cássio Brandão, Emerson Fonseca, Jaime Jimenez, Fabio Flatschart, Deny Batista, Rodrigo Bol, Renato Mesquita, Marcia Ledo, Marcio Okabe, Rodrigo Stoqui, Nino Carvalho, Ricardo Sapiro, Juliana Galliotti, Lucas Bueno, Martha Gabriel, Sandra Turchi, Márcia Siqueira, Antônio Roberto de Oliveira, Ariane Landim, Michele Diaz, Fulvio Corrales, Tiago Urdan, Marcelo Alves, Simone Lettieri, Fernando Feitoza, Carlos Nomura, Márcia Nascente, Raquel Gonzaga e Helio Moreira. Um abraço muito especial e meu agradecimento aos inesquecíveis professores: Clotilde Perez, Edson Crescitelli, Guilhermo Orozco, Augusto Nascimento, Gilberto Strunck, Wellington Coelho, Francisco Serralvo, Elza Ajzenberg, Ricardo Fasti, Lucio Gomes Machado, Paulo de Lencastre, Karen Perrotta, Gisela Castro e Luiz Peres Neto. Um fortíssimo abraço e o meu muito obrigado a amigos com os quais, infelizmente, não consigo falar diariamente, mas sempre estão no meu pensamento: Ricardo Abreu, Fernando Schmiegelow, Roberto Souza, Carlos Silva, Carolina Sabo, Hermínio Muchon, Guilherme Torres, Sérgio Rykovsky, Fábio Maeda, Renato Moraes, Renato Diniz, Cris Soares, Fernanda Avelar, Sidão, Sil Ricco, Lu Volante, Anne Votta, Solange Zonta, Ricardo Müller, Ademir Barqueiro e Bianca Jordão. Por último, agradeço à Teka, o grande amor da minha vida, com quem me reencontrei em Buenos Aires e que celebra comigo todas as minhas conquistas. Prefácio Branding O que uma agência de propaganda tem a ver com isso? Um livro que trata de branding Quando fomos procurados pela Editora Trevisan para apoiar seu novo projeto editorial, a ideia nos pareceuno mínimo lógica. Afinal, desde sempre – e olha que lá se vão mais de 30 anos de história –, a Fischer tem sido uma agência conectada às marcas de seus clientes, reconhecida por dar forma e voz a manifestações que se tornaram verdadeiros patrimônios das marcas. Sempre estivemos ligados ao branding, mesmo quando esse termo mal era falado no Brasil. Durante boa parte de nossa trajetória, essa conexão se deu como agência de comunicação. O que, a nosso ver, significa criar formas poderosas de comunicação capazes de transmitir ao consumidor e aos demais públicos estratégicos a imagem desejada pela marca. E imagem que não espelha identidade, como ensina a teoria e comprova a prática, é cilada. Marcas que comunicam o que não são capazes de entregar estão com os dias contados. Pois é, se sempre orientamos nosso trabalho pautado por essas noções, nada mais natural do que sermos procurados para apoiar uma iniciativa de branding. É verdade também que pesou para o convite o fato de, em 2011, termos criado formalmente uma área específica para desenvolver projetos de branding. Mais uma iniciativa que reforça a importância que damos ao tema. Importância que vai além do discurso e vira prática todos os dias, nos vários projetos que temos desenvolvido desde o nascimento dessa área. Mais prática e menos blablablá. É assim que encaramos nossos desafios diários. Contribuir para o aprimoramento dos negócios de nossos clientes e ajudar cada ação desenvolvida a ser um espelho de identidades críveis e relevantes são passos para fortalecer os vínculos com as pessoas que compram seus produtos ou serviços, que trabalham para você, que falam de você, que, em síntese, escolhem a sua marca. Cada vez mais e de forma irreversível, as pessoas têm um mundo de opções para escolher. E farão essa escolha com base no que mais falar a seus olhos, seu cérebro e seu coração. O tangível e o intangível trabalhando para criar valor. Que este livro e o olhar parcial do Hiller consigam, mais do que ensinar, fazer você, leitor, refletir sobre todas as implicações de ter e manter uma marca digna, que alimentará sua paixão pelo negócio. A gente recomenda. Antonio Fadiga CEO FISCHER & FRIENDS Touch down! Nasceu meu primeiro livro. Reúno aqui artigos sobre branding, marketing, comunicação, tendências e consumo, os quais escrevi ao longo de 2011 e 2012 no meu blog. Fundamentalmente, a reunião desses artigos tornou-se um guia sobre marcas, esse valioso ativo intangível e com riqueza de significado, que ajuda a compor nosso estilo de vida. Se eu começar a descrever aqui, por exemplo, as minhas marcas favoritas de desodorante, plano de saúde, automóvel, pasta de dente, celular e cerveja, é possível ter uma noção de quem sou eu, correto? Sim. Hoje as marcas ajudam a compor nossa identidade e construir o que alguns autores chamam de statement of yourself. Que este livro seja de grande utilidade para estudantes, profissionais, pesquisadores e interessados pelo estudo da marca. E quando falamos de marcas, é interessante que olhemos o mundo que nos rodeia e como as atuais transformações no âmbito social, cultural, econômico, político e tecnológico estão afetando de modo contundente e irreversível a forma como nos relacionamos com as marcas e com o mundo dos negócios. Hoje o mundo está mudado. E está mesmo. Enquanto Nizan diz que “propaganda é o negócio da alma”, a cada dia leio novos artigos e pesquisas que mostram a enorme descrença dos meios tradicionais de propaganda na atualidade. E o pior é que somos bombardeados diariamente com mensagens de todos os lados. Quanto menos esse negócio funciona, quanto menos esses tiros são eficazes em nos atingir, mais propagandas são feitas a ponto de incinerar os orçamentos de marketing das marcas. Vai que uma hora nos acertam. Peca-se pelo excesso. E eu não sou conivente com esse movimento. Paralelo a isso, estamos em meio a uma revolução tecnológica jamais vista. Os chamados gadgets, como BlackBerry, GPS, iPhone, iPod, iPad, Android, Token e PlayStation 3, começam a se transformar em aparelhos absolutamente vitais em nosso dia a dia. As chamadas Redes Sociais, como Twitter, Facebook, YouTube, Foursquare, Orkut, MSN e LinkedIn, são plataformas tecnológicas que fazem parte de nossas vidas de forma cada vez mais próxima e se tornam a extensão de nossa vida real. Todos esses dispositivos estão impactando a forma como nós e novas gerações entendemos e enxergamos o mundo. Crianças que são literalmente viciadas em videogames, por exemplo, têm uma mobilidade motriz nos polegares que nós não temos. O curioso disso tudo é que as mídias digitais estão na moda. De tudo que se investe em comunicação no Brasil, apenas 10% das verbas das empresas vão para esse setor. Eu acho pouco pelo tanto que se fala e pelo tanto de palestras e livros sobre esse assunto hoje em dia. Esse país é um grande paradoxo: nem 50% da nossa população tem e-mail, mas quase 100% das pessoas têm celular. Conheço gente que tem quatro celulares. Pode isso? O fato é que estamos todos no mesmo barco, em um processo de aprendizagem mútua. Nunca os executivos de marketing estiveram diante de tantas dúvidas. O nível de exigência do consumidor atinge um nível jamais visto. O nosso cliente está mais bem preparado do que nunca. Mais que isso, ele tem uma ampla decisão de escolha e um poder nunca antes visto. E infelizmente grande parte das empresas limita seus diferenciais a uma tola guerra de preço, sendo que é no processo de encantamento de clientes em que se obtêm diferenciais realmente competitivos e se abocanha market share. É mais ou menos nesse contexto que este livro está aterrissado. Espero que você aprecie a leitura e qualquer comentário, crítica, sugestão ou elogio não hesite em me tuitar (@MarcosHiller). Ah, quer conhecer melhor este quem vos escreve? Então vamos lá: meu desodorante é Rexona da Unilever, meu plano de saúde é Unimed, meu carro é um Renault Sandero, minha pasta de dente é Crest, meu celular é um iPhone da Apple e a cerveja que eu mais bebo hoje é a Heineken. May the force be with us! Os elementos que formam uma marca Quando olhamos para um logo da Coca-Cola, do símbolo da Nike, do ícone do Android ou até mesmo para o boneco gordinho da Michelin, esquecemos que aquilo representa uma empresa. Na verdade, tudo isso são exemplos de elementos que compõem uma marca. Alguns autores já chegaram a listar até 40 elementos que podem formar a identidade de uma marca. Eu vejo sete grandes elementos que compõe uma marca e menciono aqui o que são cada um desses elementos, para que servem e como enxergá-los com a sua devida importância: Nome: você já reparou que toda santa marca tem um nome? Claro! O nome é o principal elemento que identifica uma marca, seja ela qual for: Danone, Guaraná Jesus, Casas Bahia, Pampers, Facebook, entre outros milhões de marcas. Muito mais do que simplesmente identificar e comunicar o que representa, o nome da marca na contemporaneidade deve ter sonoridade, ser bonito de ver, de escrever, de digitar e gostoso de pronunciar, como é o caso de Häagen Dazs ou BlackBerry. Logotipo: é a forma como se escreve ou a tipologia que se usa para escrever o nome da marca. E a escolha da fonte deve obedecer à essência de sua marca, ou seja, uma fonte mais chapada como Brastemp ou uma fonte e variações de cores que a Google usa, ou então algo mais caligráfico e rebuscado como é o caso da Coca-Cola. O fato é, dependendo da tipologia adotada, a percepção da marca pelo consumidor pode ser mais distinta do que se imagina. Vale a pena perder um pouco de tempo com isso. Símbolo: é a imagem ou figura que representa sua marca. É a parte que pode ser identificada, mas não lida pelo consumidor. Como exemplo, temos a maçã da Apple, ou o swoosh da Nike, ou o jacaré da Lacoste, ou então o ninho de passarinhos da Nestlé. E por que quase todas as marcas que conhecemos sempre elegem um símbolo para se identificar e se comunicar conosco? Simplesmente pelo motivo de que nosso cérebro memoriza melhor a imagem do que apalavra. Pode ser mesmo uma questão de psicologia cognitiva, pois o ser humano reconhece e grava melhor um símbolo do que palavras. Apenas isso. Mascote: é aquele ser que representa a sua marca, como, por exemplo, o Ronald McDonald’s; o Assolino, da Assolan; os Minus, da Minuano, ou então os três personagens do Blue Man Group, que representam a marca TIM. E por que grandes marcas se utilizam desses seres, na maioria das vezes, um tanto quanto esquisitos? Por que essas criaturas carregam aspectos lúdicos, que se conectam conosco de forma ainda mais intensa. Assim como o símbolo da marca, criar uma mascote intensifica ainda mais o processo de memorização da marca por parte de seu público- alvo. Embalagem: é a roupa da sua marca, é o invólucro que se elege para vestir um produto e sua marca. E quando falamos de embalagem, desde o material até o design escolhido, ela também carrega potentes elementos de identidade e diferenciação de uma marca. Registro: tão importante quanto selecionar nomes, símbolos, logotipos, mascotes e embalagem para sua marca, a sua proteção legal é uma etapa de fundamental importância. Criou um nome para sua marca? Vá ao site do INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) e consulte se há registros dos elementos que você criou. Brand equity (valor de marca): o autor Joel Axelrod definiu com perfeição o conceito de brand equity: “É a importância a mais que um consumidor paga para obter a sua marca preferida e não um produto parecido sem o nome de sua marca”. Podemos dizer que a DIESEL, por exemplo, tem um brand equity fantástico, pois, quando alguém paga cerca de R$ 2 mil para ter uma calça jeans, a pessoa poderia comprar outra, fisicamente parecida, por módicos R$ 79,90. Dessa forma, todo esforço de branding que você imprime na sua marca deve visar ao aumento do brand equity do produto. Vamos estender a marca Você conhece a Nestlé? Claro! Você conhece o Leite Moça Nestlé? Sim. E o Moça Fiesta? Muito bom. E o picolé Moça Fiesta? Certamente que sim. Como uma marca consegue ser tão forte a ponto de se estender até três níveis de categorias de produtos? A Nestlé consegue e faz bem feito. Eu considero a Nestlé como a marca que melhor trabalha a técnica de branding, chamada “extensões de marca”, atualmente, no Brasil. Em 1991, o professor David Aaker, da Universidade de Berkeley (Califórnia), cunhou o termo “brand extension” ou “extensões de marca” para batizar o fenômeno de as marcas conseguirem transferir seus valores e sua essência para produtos de categorias completamente distintas e, com isso, fortelecer o binônio marca-consumidor. Quando falo sobre extensões de marca, gosto muito do exemplo da marca Bic. As canetas Bic fazem parte de nossa vida ao longo dos anos. O incomparável Jerry Seinfeld chegou a fazer um stand-up comedy completamente dedicado às “Bic Pens”. A caneta Bic é um produto barato, de boa qualidade, com baixo envolvimento com seu usuário e principalmente descartável. Essas são as características que formam a essência, ou seja, o DNA da marca Bic. E partir do dia que a Bic decidiu fazer extensões de marca, ela carregou todos esses valores e teve uma boa extensão ou, como Aaker chamou, “good extension”. Um belo dia a Bic decide lançar sua linha de isqueiros. O que tem a ver isqueiro com canetas? Nada, são categorias completamente distintas. Mas se trata de um ótimo exemplo de extensão que funcionou bem pelo simples fato de o isqueiro também ser barato, de qualidade muito boa e, acima de tudo, descartável. Assim como o aparelho de barba da Bic, que também é uma ótima extensão da marca. No final da década de 1980, um “gênio” da Bic resolveu lançar perfumes da Bic. Perfumes da marca Bic? Sim, isso mesmo. Não preciso nem falar que foi por água abaixo, certo? Sim, não decolou. Pelo simples fato de um perfume não ser um item de baixo envolvimento, muito menos descartável. Certamente, o gerente que liderou esse projeto na época não colocou no seu currículo esse dado trágico. Outras várias marcas também fazem o trabalho de extensão de forma sublime. Yamaha, por exemplo, estende sua marca para motores de barco, para motos, para piano e baterias. Qual o fio condutor que amarra todos esses produtos? É a marca Yamaha, que tem como essência precisão, alta performance e sonoridade. E tudo que a Yamaha desenvolve carrega esses atributos. Já a também oriental Mitsubishi tem na sua história um caso fracassado de extensão de marca – latas de sardinha. Não vendeu. Por último gostaria de mencionar a Unilever, que vende Omo, até Chicabon; vende Dove até Caldo Knorr; vende Arisco até Shampoo Clear. E a Unilever conseguiu amarrar e envolver todas essas marcas (de diversas categorias de produto) em uma única missão: Nós desenvolvemos todos os dias produtos que atendem a necessidades de higiene, cuidados pessoais e nutrição, com marcas que ajudem as pessoas a se sentir bem, parecer bem e aproveitar melhor a vida. Apple Store, uma experiência que inspira consumo Poucos fenômenos do mundo são tão impactantes quanto o primeiro contato de um indivíduo com a cidade de Nova York, mais precisamente com a intersecção da Broadway com a Sétima Avenida, mais conhecida como Times Square. Bastam poucos segundos de apreciação ao local para observar a supremacia das marcas. São inúmeros prédios que são obrigados a ter instalados neles letreiros com o propósito de comunicar. Junto a isso tudo, o que mais se evidencia é a onipresença de grandes marcas, todas disputando os ávidos olhares dos consumidores de todos os cantos do planeta. Entrando pela Quinta Avenida e indo em direção ao Central Park, os olhos do consumidor se encontram com a Apple Store, localizada em uma ampla esquina – um dos metros quadrados mais valorizados da charmosissíma ilha de Manhattan. O que se evidencia são as reações de encantamento do consumidor. O próprio projeto arquitetônico da fachada da Apple Store ironiza a polêmica pirâmide localizada na entrada do Museu do Louvre de Paris. Lá você não encontra a belíssima pirâmide de vidro, mas sim um cubo de vidro idealizado por Mr. Steve Jobs e sua equipe – valioso capital intelectual. Sob a ótica do processo de Marketing de Experiência, a Apple Store não concorre apenas com outros varejos do mesmo setor, como Best Buy ou Sony, mas sim com Starbucks, McDonald’s, Forever 21, Disney, Macy’s, Abercrombie & Fitch, Nike Town e Jamba Juice. Uma experiência de marketing bem feita liga a marca com o estilo de vida do consumidor, fazendo com que suas atitudes de compra componham um contexto social mais amplo. Dentro da loja, o layout é arrebatador. Uma loja espaçosa, bem resolvida e bem iluminada. Móveis bem dispostos e fabricados em madeiras claras e prateleiras de aço inox escovado, e uma série de ícones que remetem à tecnologia. Todo o portfolio de produtos da família Apple ficam superexpostos e convidativos ao toque, ao uso e à experimentação. Centenas de iPod devidamente ligados a músicas e vídeos interessantes. Dezenas de MacBooks conectados à internet Wireless ultraveloz e gratuita. Inúmeros iPhones habilitados para fazer chamadas locais e interurbanas para quaisquer locais dentro dos Estados Unidos. Notam-se pessoas respondendo a e-mails, ligando para clientes, realmente trabalhando. E tudo gratuito. É a manifestação da experiência de marca no seu sentido mais pleno. Novamente, pode-se perceber que são ações de encantamento e que resultam em uma futura divulgação gratuita e exponencial da marca a amigos, parentes, alunos, colegas e conhecidos. Os projetistas da Apple Store usaram o bom senso de não instalar cadeiras perto das bancadas, pois certamente os clientes ficariam muitas horas na frente dos equipamentos, impedindo que outros consumidores degustassem também os produtos Apple. Sim, o verbo é esse mesmo que você leu: degustar. Os flashes das máquinas fotográficas e celulares não se limitam à linda fachada da loja. No interior da Apple Store, eles continuam com um ritmo ainda mais intenso. Os consumidores querem registrar aquele momento:que seus Facebook, Twitter e álbuns de viagens sejam a prova daquele momento mágico da experiência de consumo. No ambiente da loja, percebe-se a democratização do espaço. São os mais diversos personagens sociais que habitam o ambiente da loja, desde altos executivos de empresas, ou turistas altamente entusiasmados com o consumo, até pessoas solitárias, e até mesmo mendigos transeuntes mixando músicas no Garage Band. Todos são bem-vindos, ninguém é hostilizado. Quanto maior o tempo que se permanece dentro de uma loja, maior é a propensão que o consumidor não saia de mãos vazias. A postura passiva, porém amistosa dos vendedores, denota com expressão o posicionamento da Apple. Uma empresa jovem, pós-moderna e eclética. Pessoas jovens em sua maioria, com um nível técnico altíssimo. A não abordagem por parte do vendedor é uma característica bastante evidente. Entretanto, a qualquer sinal de que o consumidor necessita de suporte, o onipresente vendedor surge ao lado. E o sujeito sabe absolutamente tudo do produto. Os dizeres das camisetas usadas pelos vendedores confirmam uma mistura de informalidade, bom humor, humanização e, logicamente, estímulo ao consumo. Atrás das camisetas, leem-se frases aleatórias, como, por exemplo: “I could talk hours about these stuffs” (eu poderia falar horas sobre essas coisas), ou então “I know people” (Eu conheço pessoas), ou até mesmo “No pain, all gain” (Sem dor, todos ganham), ironizando a famosa frase “No pain, no gain” (Sem dor, sem ganhos). Um fenômeno que aconteceu na finada loja Virgin da Times Square anos atrás, acontece hoje na Apple Store. É o sonho de qualquer jovem profissional nova-iorquino trabalhar como vendedor da Apple Store. Bombardeio = dinheiro no lixo Estudos de Harvard constataram que cerca de 1500 mensagens publicitárias tentam impactar um consumidor em um dia, sejam elas spots de rádio, outdoors, anúncios televisivos, pop-ups que a gente fecha em segundos etc., das quais o consumidor é atingido apenas por 80, mas realmente lê e presta atenção em 15. Esses números impressionantes ratificam que existe hoje um verdadeiro bombardeio de mensagens dirigido aos consumidores. E não é preciso muita capacidade técnica para chegar à conclusão óbvia: uma pessoa normal simplesmente não consegue decodificar esse volume de informações. A nossa capacidade de absorção é limitada e cabe aos bem pagos profissionais, que planejam essas mensagens, o dever de minimizar esse desperdício de esforço e dinheiro. Sim, o resultado disso é dinheiro na lata de lixo. O fato é que existe hoje uma nova e irreversível ordem no mundo da comunicação de marketing, mais precisamente no modelo clássico de comunicação, que antes era uma via de mão única, ou seja, emissor emitindo uma mensagem a um receptor, e agora esse receptor não é mais um mero receptor, pois ele não só reduziu sua capacidade de recepção como também se transformou em um emissor com as mesmas prerrogativas de emissor clássico. Com a avassaladora revolução tecnológica, que presenciamos hoje, o nosso antigo receptor agora produz informação, gera conteúdo e planeja mensagens, canais, frequência, buzz (podemos citar aqui o emblemático caso do Sr. Borelli com a sua Brastemp). Os planejadores de comunicação devem levar em consideração essa nova dinâmica, e mais que isso, onde já se exigiam grandes esforços, nesse novo cenário, os esforços agora devem ainda mais ter fundamento científico. A convergência de mídias, a portabilidade e a mobilidade são personagens que protagonizam esse novo momento, e ter métricas de avaliação claras e bem desenhadas torna-se um dos desafios mais difíceis no universo midiático. Mensurar é preciso Vou direto ao ponto e se você, leitor, ficar apenas com a seguinte mensagem gravada, já me dou por satisfeito: De nada adianta um esforço de comunicação de marketing, por menor que seja, se não houver um modelo racional bem estruturado de como será a avaliação de desempenho da ação. Não é à toa que, na grande maioria das empresas, a questão da mensuração e avaliação de retorno de uma ação é uma etapa acessória no processo, do tipo: “Ah, deixe aí no plano, isso é importante, se der a gente avalia o retorno do investimento no final”. Durante os 10 anos que atuei exclusivamente no mundo corporativo, ouvi essa frase dezenas de vezes. É necessário ter um processo de avaliação bem construído, mas pouquíssimas empresas lhe dão importância. Por quê? Podemos listar uma série de hipóteses: não sabem medir, medir leva tempo ou medir é chato, e o meu negócio é criar. Pense em um livro de marketing que trata dessa importante questão nos primeiros capítulos. Não existe! O fato de a grande maioria dos autores deixar essa importante etapa para os últimos capítulos do livro apenas confirma a hipótese de como esse assunto é encarado de forma coadjuvante pelo mercado. Dá-se importância muito mais ampla para etapas como escolha da mídia e processo criativo, por exemplo, e percebe-se uma abordagem tímida e pouco incisiva no que tange à estratégica fundamental da avaliação. Tem que medir. Tem que medir. Tem que medir. Isso é um mantra! E não precisa ser nada supermega científico não. É importante medir a performance de vendas enquanto evoluem as ações de propaganda. “As simple as this!” Tem que medir. Tem que medir. Tem que medir. Isso é um mantra! Compre baton! Luzes, câmera, criação! O que realmente motiva o processo criativo no mundo da comunicação? O desenvolvimento da criatividade hoje é cercado por diversas técnicas e métodos, que conduzem esse importante processo à melhor conexão com os consumidores. Durante o processo de planejamento de uma estratégia criativa, os profissionais de criação são subsidiados por inúmeras ferramentas, desde as mais científicas com base na antropologia e psicologia, até novos métodos de pesquisa de mercado. Um dos grandes problemas da pesquisa, por exemplo, é que todas as empresas fazem pesquisa, e às vezes, ouvem os mesmos clientes. E uma outra dúvida: pesquisa funciona? Steve Jobs nunca fez uma sessão de focus group com os consumidores da Apple. E indo mais distante, Henry Ford também não fazia pesquisa para nada: “Se eu fosse perguntar a meus consumidores o que eles queriam, certamente iriam dizer que queriam um cavalo mais veloz”, dizia o pai do belíssimo Ford T. Em contrapartida, raras são as empresas que enxergam a semiótica, por exemplo, com uma ferramenta estratégica, que pode guiar um processo criativo e levar ao efeito de sentido que uma mensagem pode gerar. Já a associação com personagens, celebridades e seres lúdicos torna-se uma tendência muito presente nas mensagens publicitárias hoje em dia. Grande parte dos anunciantes se utiliza de uma boa dose de ludicidade e de bichinhos e seres sobrenaturais para se conectar com o consumidor, desde bancos, telefonia, até mesmo grandes montadoras. Será que esse é o caminho? Na prática, evidencia-se que os profissionais da criação são forçados por seus clientes a calibrar seu esforço criativo de acordo com um orçamento predeterminado, levando-os a empregar uma inédita saturação de mensagens que implica a não decodificação do receptor e, principalmente, a descrença geral dos consumidores em relação a meios tradicionais de comunicação. A gente sabe que estão tentando nos bombardear com algo, nos enfiar algo goela abaixo, e eu não quero! Percebem-se, no universo midiático, formas muito previsíveis e pragmáticas para se conectarem ao consumidor e, nesse contexto, chegar a uma big idea torna-se uma tarefa cada vez mais complexa. Conclusão: jogue o termo “Cannes Lions” no YouTube e inspire-se! Fator Hyundai Nextel que até outro dia era marca de um rádio comunicador de pessoas dentro de empresas, hoje é um celular moderninho e que todo mundo quer. Heineken que até outro dia era cerveja amarga consumida por homens mais velhos, hoje é cerveja saborosa do jovem que assiste aos jogos da Champions League. E Hyundai, que até outro dia era carro de coreano careta, hoje é item de desejo de gente sofisticada e que nãoaceita esperar meses por um carro novo na concessionária. Os autores criaram um nome para isso: reposicionamento. Por meio de um conjunto de ações de comunicação bem feitas e bem articuladas, essas marcas conseguiram mudar a percepção dos consumidores sobre elas. Promover essa mudança brusca de sentimento no “chip” dos consumidores não é tarefa fácil, pois leva tempo e não custa pouco. Nesse contexto, o exemplo mais contundente para mim é, sem dúvida, o da marca Hyundai. A Hyundai no Brasil pertence ao grupo CAOA, uma potência no segmento de concessionárias de carro. E a receita desse bolo Hyundai tem dois ingredientes básicos: Para cuidar do design dos novos lançamentos de carros da Hyundai, foi contratado profissionais da área de design da Audi, uma das marcas de carros de luxo mais aspiracionais e valiosas do mundo (segundo o último ranking da Millward Brown). Investiu-se em ações de comunicação algo na linha de R$ 2 bilhões (um verdadeiro caminhão de dinheiro). É possível estimar que, em cada automóvel Hyundai que vemos na rua, foi gasto em comunicação cerca de R$ 12 mil. Uma bela cifra, não? Eles contrataram o prestigiado locutor Ferreira Martins como a voz da marca em seus comerciais. Nos últimos anos, a Hyundai comprou espaços de propaganda em praticamente todas as primeiras páginas dos principais jornais do Brasil: O Estado de São Paulo e Folha de S.Paulo. O resultado não poderia ser outro. Marcas supertradicionais como Ford, Fiat, GM e Volkswagem que, até então, reinavam absolutas no competitivo mercado brasileiro, hoje temem a coreana. As curvas de vendas de carros da Hyundai, como o belíssimo i30, por exemplo, cresce de forma exponencial. O fato é que a Hyundai deu uma nova ordem ao mercado automotivo no Brasil e já conquistou um market share que deixaria os coreanos mais pessimistas de olhos bem abertos. Veloster, Santa Fé, Vera Cruz, Sonata, Tucson, Elantra, Azera, i30, ix35. Esses são os protagonistas dessa novela marcante que a Hyundai está escrevendo no mercado automotivo do Brasil. E cabe aos executivos de marketing e de branding da Hyundai gerenciar de forma cuidadosa toda essa arquitetura para continuar a tirar o sono dos executivos de outras grandes montadoras. A queda de Mubarak influencia sua marca? Claro! A queda de Mubarak representa muito mais que a simples queda de um ex- líder egípcio. Representa a vitória da liberdade. A população mundial assistiu on-line como a democracia ainda tem uma força arrebatadora. Esse fato histórico (que a Veja não deu destaque na capa, diga-se de passagem) reverberou em todo o mundo, deu impulso às populações e mostrou que tudo é possível, nada é para sempre. Afetou os padrões de comportamento de todo o mundo. Por exemplo, após a histórica ‘pulada de cerca’ de Bill Clinton quando ainda era presidente dos Estados Unidos, toda a população americana tornou-se mais desconfiada com tudo. Um grande líder, um exemplo a ser seguido, um ex-aluno de Yale, o homem mais poderoso do planeta também era falível. Isso contribuiu para que a população, que nada mais é que um grande mercado consumidor, ficasse automática e inconscientemente desconfiada de todos os setores, inclusive das promessas de marcas. O fato de termos uma mulher governando o nosso país pela primeira vez também mudará os padrões de comportamento do mercado. As mulheres que já ganharam um papel de destaque, com todo o mérito, de décadas para cá, ganharão uma força e uma evidência muito, mas muito maior. Tudo está interligado. Fazendo uma analogia rápida, o mercado pode ser visto como um grande organismo formado por bilhões de moléculas. Quando uma única molécula se move, todas as demais se movem também. No mercado acontece da mesma forma. No entanto, os grandes anunciantes ainda gastam milhões com pesquisas de mercado convencionais, sendo que deveriam conversar com os marqueteiros da Dilma, do Serra, da Marina, do Tiririca... Esses estrategistas não entendem somente de política, mas também de comportamento humano, de megatendências e de mudança de padrão de estilo de vida do brasileiro. Nosso papel, como profissionais de marketing, brand managers e gestores de mercado, é acompanhar, monitorar e observar todas essas mudanças de forma muito próxima. O diapasão de toda essa história é nossa habilidade de observar e agir de forma adequada. Mr. President, the “capoeira” does not represent our place branding Texto curto, porém incisivo. Tudo bem que nosso país ainda tem alguns números lamentáveis como: metade de nossos prefeitos é semianalfabeta; apenas 12% de nossos jovens cursam o ensino superior, sim só 12%; só 45% de nosso país acessa a internet; nenhuma universidade brasileira está entre as 200 maiores universidades do mundo (em um dos recentes rankings do Financial Times), e por aí vai. Mas temos outros números simplesmente espetaculares, como, por exemplo: hoje somos a sétima economia do mundo e, em 2016, seremos a quinta. E somos megaexportadores de café, soja, aviões e publicidade. O que me deixa mais indignado é como nosso país é estereotipado. Quando líderes mundiais pisam nosso solo, são apresentadas a eles algumas práticas não representativas da população. Nada contra as pessoas que praticam capoeira. Mas por que diabos levaram Obama e família, em visita ao Brasil em 2011, para a Cidade de Deus assistir a crianças praticantes de capoeira? Qual é a porcentagem de jovens brasileiros que pratica capoeira? OK, era o esporte praticado pelos escravos etc. Mas acho que temos outras “marcas” que precisariam ser enaltecidas numa visita desse quilate. Era o primeiro presidente negro dos Estados Unidos visitando o Brasil a ser recebido pela primeira presidente mulher. No meu ponto de vista, o que fizeram naquele final de semana foi um unbranding de nosso país. E ainda tiveram a ideia de trazer da Argentina o quadro Abaporu, de Tarsila do Amaral. Sim, o dono do museu Malba, de Buenos Aires, é o proprietário dessa belíssima obra moderna brasileira. Por que essa obra de arte não está aqui? O fato é que nosso país vai muito além desses clichês, como capoeira, tucano e samba. Somos exportadores de publicidade, aviões, automóveis, soja, suco de laranja, e por aí vai. Pode escrever aí: em 2014 e 2016 colocarão Gilberto Gil, Daniela Mercury e as mulatas do Sargentelli dançando e sambando no Maracanã, com cenografia de tucanos, araras e favelas ao fundo. Coitados dos cigarros Vou levantar um ponto bastante polêmico. Por que tanta proibição contra a indústria tabagista? De anos para cá, em virtude de medidas legais, marcas de cigarros não podem mais se comunicar com o mercado. O único meio de comunicação com seu público é pelas embalagens (que são belíssimas, na minha opinião), pelo merchandising (promoção no ponto de venda) e pelo marketing direto, sim marketing direto. Quer receber mala direta de sua marca favorita? O processo é simples: entre no site de Marlboro, fale que você quer receber malas diretas deles, depois disso você deve mandar pelo correio um termo com seu RG anexo dizendo que você aceita receber malas diretas. Simples, não? A questão central que levanto perpassa por uma bela de uma discussão ética da propaganda: por que apenas as marcas de cigarro não podem fazer propaganda? A resposta mais lógica é: por que cigarro mata. Pois bem. E a indústria de bebida alcoólica não mata os consumidores e destrói famílias também? E pode comunicar à vontade. Se eu não me engano a Ambev é o maior anunciante do país. Colocam Beto Barbosa dançando “Adocica”, a Devassa coloca a cantora Sandy em seus comerciais, e por aí vai. E outros vários exemplos que martelam nossas cabeças todos os dias: deu duro, tome um Dreher, ou o vinho Salton – todas as noites na taça do Ronnie Von, e até mesmo a verdinha Heineken, na Champions League. McDonald’s pode se comunicar à vontade, e gera obesidade e mata. Coca-Cola pode se comunicar à vontade, e gera obesidade também e mata. Cartão de Crédito chega a cobrar 14% de juros ao mês, e pode comunicar à vontade. E por que apenas os coitadosdos cigarros são massacrados por legislações? Coitados dos criativos publicitários das agências de propaganda, que têm de se virar nos trinta para ‘driblar’ a legislação e criar formas de conecção com seu público-alvo. Indústria automobilística pode fazer propaganda à vontade. E acidentes de carro matam mais que cigarro no mundo. Esse critério é, no mínimo, esquisito. E apesar de tudo isso, eles ainda são fortes: no último ranking da Millward Brown, a marca Marlboro aparece entre as 10 mais valiosas do mundo. Não estou fazendo apologia ao fumo. Fumar hoje é old-fashioned. E entre as centenas de substâncias que contém o cigarro, até pólvora você encontra. Eu apenas acho que, claramente, a indústria tabagista é um belo de bode expiatório. E eu não sou fumante. Onde estão as promoções de vendas? Você reparou que não fazem mais promoções como se faziam antigamente? Junte e troque. Tampinhas. Tazos. Cupons. Pelúcias. Garrafinhas de Coca- Cola. Sorteios no Faustão. As minhas principais hipóteses são: Fazer promoção custa caro e dá trabalho. Toda promoção exige um respaldo legal que às vezes não é fácil conseguir. As mecânicas de promoções são facilmente entendidas por pessoas de má-fé, que trapaceiam e “matam” o encanto da promoção. Há autores que afirmam que “90% dos produtos lançados fracassam no primeiro ano pelo fato de não ter um suporte promocional que o sustente”. Partindo dessa constatação, podemos fazer uma análise crítica bastante contundente acerca do que vemos hoje no Brasil e no mundo no que tange a estratégias de promoção de vendas. Uma promoção que deu certo em um determinado país não significa que dará certo em outro. O mercado brasileiro vê com muito bons olhos o uso de brindes para estimular vendas, já o mercado norte-americano tem empatia com cupons. O europeu é mais cético quando o assunto é sorteio. Seja qual for sua região de atuação, uma boa pesquisa de marketing pode lhe dar insights bem interessantes. As pessoas que planejam promoção de vendas devem estar atentas a absolutamente tudo. De nada adianta uma oferta fantástica se não houver uma amarração financeira consistente em sua promoção. De nada vale uma mecânica superfácil se o seu back-office não estiver devidamente treinado para receber ligações do cliente. O sucesso ou o fracasso de promoções de vendas reside exatamente nos detalhes, associados a uma nova ordem no que diz respeito ao comportamento do consumidor. Uma nova dinâmica promocional está se formando de anos para cá. Mudanças ágeis de layout, porém sutis, impulsiona vendas. Quanto maior o tempo que o consumidor passar dentro do ponto de venda melhor, o que aumentará sua propensão de não sair da loja de mãos vazias. E o consumidor gosta de se sentir parte do processo e, com isso, o varejista elimina intermediários e custos. O fato é: promoção de vendas é uma das mais fantásticas ferramentas de marketing, mas se usada com moderação e de forma planejada. Mestres das marcas Ao longo da vida acadêmica, nós nos deparamos não somente com bons professores, mas também com alguns que deixam a desejar. Esse é um processo natural e faz parte de nossa educação, o que contribui para aperfeiçoar nossa criticidade perante o mundo. Elenco a seguir alguns dos professores e autores com quem conversei sobre MARCAS e que foram decisivos para ajudar a formar quem eu sou, ou pelo menos, quem eu pretendo ser. Sérgio Zyman Eu gosto de gente polêmica, e o mexicano Sérgio Zyman foi polêmico até demais. Brilhante, ácido, um gênio, ele foi VP de Marketing da Coca- Cola e pai de um dos maiores erros de marketing (que ele não assume) de todos os tempos: o lançamento da New Coke. Era o terror das agências da Madison Avenue, em Nova York. Passou por Harvard e hoje vive como consultor. Escreveu um livro que eu adoro, tenho autografado por ele e sempre recomendo: O fim do marketing como nós conhecemos, que hoje se encontra mais fácil em sites como <www.estantevirtual.com.br>. Caso você queira o capítulo 1 desse livro escaneado, envie-me um e-mail. Clotilde Perez Eu afirmo com tranquilidade que a Clotilde é uma das melhores pesquisadoras de marcas do Brasil hoje. Escreve de forma brilhante, que cativa os leitores. Tem um olhar apuradíssimo, mesmo porque é uma semioticista do mais alto quilate. Ela me deu um curso de semiótica de marcas em 2009, na ECA-USP, instituição onde ela é livre-docente. Pena que ela publica muito pouco no twitter (@cloperez). Paulo de Lencastre Eu me arrisco a dizer que foi o melhor professor de marcas que tive. Paulo é professor da Universidade Católica do Porto e um exímio http://www.estantevirtual.com.br/ pesquisador. Fez doutorado na Bélgica e vem sempre ao Brasil para dar minicursos. Estive com ele na ECA-USP (no período do curso da Clotilde) e foram tardes de discussões espetaculares sobre Unilever, Nestlé, BIC e Benetton. Palmas para o professor Lencastre. Guilhermo Orozco Participei de um minicurso sobre “Comunicação, Tecnologia e Visualidades”, na ECA-USP, em 2009, com o professor Orozco. Titular da Universidade de Guadalajara no México e com doutorado em Harvard, ele nos mostrou como funciona o processo de aprendizagem dos jovens adolescentes diante dos fenômenos midiáticos que nos cerca e apresentou como nós, consumidores, transitamos na pós-modernidade e devemos lidar com essa capacidade de decodificação cada vez mais limitada. Augusto Nascimento Esse é o autor do livro Os 4 Es do Marketing e do Branding. Conheci o professor Nascimento em uma palestra ministrada por ele em 2010, na Livraria Cultura. Por meio de uma abordagem leve, ao mesmo tempo, dinâmica e cheia de conteúdo, Nascimento mostrou todo o seu vasto conhecimento no mundo do Branding. Vale a pena ler esse livro. Edson Crescitelli Em 2010, passei um semestre inteiro na FEA-USP conversando sobre Comunicação de Marketing com o Professor Crescitelli e demais colegas. Logicamente, o estudo da marca estava na nossa pauta. Discutimos, debatemos e nos debruçamos em diversos assuntos relacionados ao estudo da marca e tendências contemporâneas de branding, tudo sob a batuta do exímio pesquisador Edson Crescitelli. Foram cerca de 22 inesquecíveis manhãs e que “banho de loja” de branding eu tomei. David Aaker Por último, mas não menos importante, deixo o pai de toda essa história. Se não fosse o livro “Brand Equity Management” (1991), do professor Aaker, acho que toda discussão sobre marcas hoje não existiria. Aaker está na ativa até hoje, é professor emérito da Universidade de Berkeley, na Califórnia. Sim, ele tem twitter (@davidaaker), mas acho que quem publica os tweets dele é algum ghost writer. Quem está mais na ativa hoje é a filha dele, Jennifer Aaker (@aaker) com quem já troquei tweets. Propaganda, você está no corredor da morte! Toda vez que converso com amigos, professores, consultores, donos de agências e anunciantes, percebo hoje um eixo comum em toda a discussão que envolve propaganda. O resumo da ópera é: a propaganda clássica, aquela que foca somente o consumidor por meio de propaganda tradicional, funciona cada vez menos. E o curioso é que quanto menos esse negócio funciona, mais se investe nele. O diagnóstico é simples: sob a ótica dos donos de agência, é na propaganda onde se ganha mais receita, certo? Muito mais que uma mera ferramenta do processo de comunicação de marketing, a propaganda assume hoje uma responsabilidade bastante peculiar e, nesse contexto, eu acho que se as agências não acordarem para mudança (ou a maioria das agências tradicionais), a propaganda está sim com seus dias contados. Diante desse cenário inédito, os planners e criativos de uma agência de publicidade devem ter como mote central de suas discussões de briefing o real papel dessa ferramenta e como será feita a mensuração, algo que pouquíssimas agências fazem para valer. No entanto, o que vemos frequentemente é a preocupação central baseada em premiações ou objetivos individuais – ou simplesmente para agradar o chefe. Paralelo a isso, nosso consumidorestá visivelmente em mutação, as relações de consumo estão em mudança e novas mídias surgem a cada dia (de forma irreversível), atingindo o chip do consumidor de forma mais direta. E a maioria dos responsáveis pela propaganda no Brasil ainda não percebeu claramente esse movimento sem volta. Ou até podemos entender que perceberam, pois vemos hoje em dia associações como a ABAP (Associação Brasileira das Agências de Publicidade) e a ABA (Associação Brasileira de Anunciantes) “fazendo propaganda” da própria propaganda, sinal de que essa poderosa indústria se sente ameaçada e com toda a razão. Desculpe, eu acho que mereço mais que um chope Na Vejinha SP, de maio de 2011 (http://bit.ly/fuVWmy), saiu uma matéria a respeito de como as empresas, do varejo alimentício basicamente, estão utilizando o Foursquare (Rede Social de Geolocalização) para promover suas marcas, conquistar novos clientes e gerar audiência. Mas eu simplesmente não concordo com a condição que a maioria das empresas impõe para premiar seus geoclientes, e acho que deveriam planejar melhor suas ações. Por exemplo, o burocrático Spoleto e o aprazível Zena Caffé, dois restaurantes mencionados no artigo, premiam apenas os “prefeitos” (mayor). Para uma pessoa virar “prefeito” de um local, é necessário que ela dê inúmeros check-ins e tenha boa frequência, ou seja, é muito trabalhoso. Todos esses check-ins realizados significam que a pessoa está fazendo propaganda grátis e divulgando a marca dezenas de vezes. No Zenna, por exemplo, ganham-se apenas míseros 10% de desconto por isso. É pouco! Outros locais apenas premiam quem fizer três check-ins: o Melograno oferece chope grátis e, no Brie Resto, ganha-se sobremesa. Eu também acho que três visitas dá muito trabalho, você paga valet, leva a namorada junto, aumenta substancialmente o ticket-médio no restaurante, faz muita propaganda, muito buzz, e seu “presente” por esse trabalho todo é mal recompensado. Deveria dar, no mínimo, o jantar inteiro grátis, com vinho bom, sobremesa e espresso saindo fumacinha. Oras, fazer check-in significa que você já está fazendo propaganda grátis para seus contatos e, cerca de 30% das vezes, significa que você está compartilhando seu check-in com todos seus amigos do Facebook e todos seus seguidores do Twitter. No meu caso, por exemplo, sempre compartilho meus check-ins nessas duas redes sociais e, quando faço isso, faço propaganda grátis para meus 2114 seguidores do Twitter e para meus 2389 amigos do Facebook, e o overlaping entre esses dois públicos é baixo. Desculpe-me, acho que mereço mais que um chope. http://bit.ly/fuVWmy Marketing é envolver todos e analisar o mercado Tenho percebido uma interdependência cada vez mais obrigatória entre a área de marketing e as demais áreas da empresa, e isso é fator essencial para obtenção de sucesso em qualquer negócio. Em contrapartida, isso chega a ser utópico, visto que marketing tem como objetivo harmonizar as relações de troca e, ironicamente, marketing tradicionalmente não se harmoniza com áreas de vendas, e vice-versa. A sincronia de marketing com todas as áreas da empresa, prioritariamente com as áreas de negócio, traz ganhos imensuráveis para a empresa como um todo. Profissionais de marketing devem ser os olhos do mercado e dos clientes dentro da empresa, assim como os olhos da empresa no mercado. Em processo de desenvolvimento de uma mala-direta, por exemplo. O fato de envolver áreas de vendas, operações e até mesmo áreas legais traz uma série de contribuições para a peça. Por mais que profissionais dessas áreas não tenham uma visão de negócio tão apurada, procure tirar o máximo proveito dos olhares deles, logicamente com ponderação. A prática de um profissional de marketing sair semanalmente com um vendedor externo proporciona uma riqueza de aprendizados para ambas as áreas. Quando um comercial a ser veiculado na TV passa pelo crivo de um gerente de vendas, podem ocorrer insights extremamente relevantes, que uma caríssima pesquisa de mercado não chegaria a abordá-los. Outra questão muito valorizada e exigida de um gerente de marketing hoje em dia é a habilidade financeira. Isso faz com que ações de marketing ganhem uma abordagem mais científica e menos empírica no que diz respeito à mensuração de retorno sobre o investimento. Com isso, a contribuição de marketing e o valor de seu envolvimento são priorizados, em qualquer discussão que envolva o negócio. Diga-se de passagem, um dos mais notáveis profissionais de marketing, Odilon Almeida, com quem lidei até hoje não tinha formação mercadológica. Ele é engenheiro, foi diretor da Coca-Cola Company e vice-presidente de Marketing do saudoso BankBoston. iPad 1, iPad 2, iPad 3... iPad 17 Ao mesmo tempo em que o mago Steve Jobs demitia funcionários no elevador da Apple em Cupertino/Califórnia, de lá são lançados novos gadgets, que causam um habitual frisson em todo o mundo. Quando um dos mais recentes filhotes de Jobs, o iPad 2, mal chegou ao Brasil, esgotou-se rapidamente. Produção não preparada para atender a feroz demanda, ou uma proposital lentidão para causar ainda mais desejo. Eu fico com a segunda opção. O iPad 2 é o filé mignon do novíssimo mercado de tablets e item de desejo de uma boa parcela de consumidores. Em relação ao primeiro modelo, ele é mais leve, mais fino e mais rápido. No que diz respeito ao design, encontra-se no estado da arte, com extrema atenção aos detalhes e tudo muito intuitivo. Nunca mexemos, mas parece que já sabemos onde as coisas estão. Todo produto da Apple é assim. O iPad 2 logicamente não possui manual de instruções, pois aprendemos a operá-lo sozinho. Mas se você é da geração X e gosta de ler manuais, sem problemas. Vá ao site da Apple e baixe o PDF. Os livros digitais e o mercado de e-Books crescem de forma avassaladora. A maior evidência disso é o pedido de falência da gigante Borders (simplesmente a segunda maior livraria dos Estados Unidos), e uma das grandes razões da falência se deve ao fato de a empresa não ter angariado de forma agressiva o segmento de e-Books. Os livros físicos estão com os dias contados. Além de ocuparem andares e mais andares de bibliotecas, os livros físicos são ecologicamente incorretos e pesam nas nossas mochilas. Os livros digitais não pesam nada, são facilmente compartilhados e gostosos de ler. A natureza agradece. A chegada do iPad 2 no Brasil mostra como a Apple, que dita a vanguarda tecnológica, gera uma rápida obsolescência de produtos. O iPad 1 que, até o ano passado, estava na crista da onda, hoje já é velho. Em alguns anos, será item de museu. Não me resta dúvida de que Steve Jobs e seu brilhante time de engenheiros e designers já estão com o iPad 3 pronto, o iPad 4 já no protótipo e o iPad 17 já idealizado. E cabe a nós, consumidores, cada vez mais ávidos por engenhocas tecnológicas, sermos engolidos por esse tsunami de gadgets. Garçom, traz a mais gelada! Quando o assunto é mercado de cerveja, reúna todo aquele conhecimento que se adquiriu na faculdade, como os 4 Ps de marketing, promessa de marca, construção de posicionamento etc., e jogue fora. Atualmente, o processo de comunicação do segmento de cerveja é regido por uma ordem que não se encontra facilmente nos livros de marketing. Hoje em dia, muito mais que tentar vender meros atributos racionais ou emocionais do produto, a comunicação de marcas de cerveja procura se basear em aspectos lúdicos, irracionais e até mesmo incompreensíveis. Hoje ligamos a TV e vemos Beto Barbosa cantando Adocica, ou então Sandy dançando em cima de um balcão de bar ou então duas “loiras” gringas da marca nordestina Proibida (sediada no município de Pindoretama/CE). Todas essas são formas e exemplos de como indústrias cervejeiras estão se utilizando de munição de marketing para se conectar aos consumidores. O que boa parte deles não sabe é que o ganho de market share no feroz mercado de cerveja depende de variáveis mais complexas e estratégicas, como gestão disciplinada de força de vendas, capilaridade de pontos de distribuição, entreoutras. Vale a pena lembrar aqui o polêmico caso da cerveja Devassa que utilizou a, literalmente, devassa Paris Hilton no lançamento da marca. Há quem diga que, no comercial com a participação de Paris Hilton, os executivos da Devassa propositalmente passaram do ponto quanto à sensualidade do comercial justamente para ser vetado pelo Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) e, com isso, ganhar visibilidade e buzz marketing para a marca. E mais recentemente quem estrelou a campanha da marca foi a recatada filha de Xororó, Sandy, que não bebe cerveja. Não adianta, market share de cerveja não decola assim. No caso mais recente da marca Proibida, a estratégia de utilizar redes sociais foi uma das principais formas encontradas pela empresa para concorrer com as gigantes do mercado. O que os executivos da empresa talvez não saibam é que apenas cerca de 20% dos brasileiros tem acesso a essas plataformas tecnológicas. Já o programa “Pânico na TV!”, da Rede TV!, mesmo sendo patrocinado por uma marca de cerveja concorrente, mostrou as loiras da Proibida por dez semanas no reality “As Tchecas do Brazil”, sem saber que se tratava de uma campanha publicitária. O programa “Pânico na TV” tomou conhecimento da armação pelo jornal Folha de S.Paulo. Não adianta, market share de cerveja não cresce assim. Eles poderiam ter pegado uma parte dos R$ 60 milhões de reais que estão investindo na marca e destinar isso para comissão da equipe de vendedores. Certamente, o ponteiro de vendas da marca ficaria mais feliz. Para entrar nesse mercado e disputar com gigantes como Ambev (simplesmente a maior cervejaria do mundo), ou Heineken, não basta ter um produto de qualidade, um sabor único nem um preço que o consumidor esteja disposto a pagar. Logicamente são variáveis importantes a serem analisadas, mas, no fundo, no fundo, o que realmente conta é o processo de vendas e distribuição ou a preocupação com o hábito do consumidor de cerveja no bar, que se resume no: “Garçom, traz a mais gelada!”. Por que não é fácil praticar branding? Em primeiro lugar, vamos conceituar: branding nada mais é que uma postura empresarial, ou uma filosofia de gestão que coloca a marca no centro de todas as decisões da empresa. Lembrando que a marca não é aquele símbolo no topo da sua loja, não é aquele logo no canto superior esquerdo de seu site, a marca é o sentimento que os consumidores têm pela sua empresa. Na verdade, uma marca é composta por dezenas de elementos, como nome, símbolo, slogan, mascote, fama, tradição, história, jingle e embalagem. Nosso desafio como donos de marca é: como calibrar todos esses elementos para que estejam devidamente alinhados. O branding prega que tudo comunica a marca. Por exemplo, a cor dos caminhões da empresa está comunicando a marca de sua empresa, a forma como os funcionários se vestem está comunicando a marca, o jeito que a recepcionista atende o telefone está comunicando a marca, o que você conversa sobre a empresa com seu colega durante um chope está comunicando a marca, ou seja, tudo comunica a marca de sua empresa. Por isso, todas as interferências sobre uma marca devem ser cuidadosamente planejadas e executadas. Ações de branding bem ou malsucedidas são automaticamente refletidas na imagem que o consumidor tem da marca. E todos os passos referentes à marca devem sempre levar em conta resultados de longo prazo. Vender a filosofia do branding, ou seja, inserir no chip de um empresário brasileiro toda essa importância que a marca carrega é um dos desafios mais árduos que se vê nos dias de hoje. Percebe-se que pouquíssimas marcas executam o BRANDING em sua forma mais plena. A concorrência cada vez mais feroz, a dificuldade de ser percebido como diferente e uma exigência cada vez maior dos consumidores no Brasil força os empresários a não insistir em uma postura e uma identidade única por muito tempo. De seis em seis meses, as marcas adquirem uma cara nova, um posicionamento novo e associações novas. Todos esses movimentos, por mais bem-intencionados que sejam, vão ao contrário do que prega o branding. Queremos ver resultados rápidos, mas geralmente não é possível acontecer na mesma velocidade e ansiedade que o mercado responde. Eu não sou da Herbalife, mas quer fazer branding na sua empresa? Pergunte-me como! A marca “Obama” agradecea morte de “Osama” Em 2008, em meio à maior crise econômica de todos os tempos, os Estados Unidos conheceram seu primeiro presidente negro, com sobrenome muçulmano e com 20% da verba de campanha destinada às mídias digitais. Barack Hussein Obama, um havaiano com pai queniano, elegia-se o homem mais poderoso do planeta e o mais novo presidente dos Estados Unidos da América. A campanha de marketing político que o elegeu foi o maior fenômeno midiático que o mundo contemporâneo já assistiu. Obama é uma marca invejável, um homem carismático, com um currículo irretocável, um exemplo de pai de família e um exímio orador, que mobiliza e emociona multidões. Essa marca era tudo que o partido democrata precisava para desbancar o velho John McCain e os oitos anos de George W. Bush. Obama adotou o slogan “Yes, we can” como mensagem central de toda a campanha e tudo associado ao “change”, ou seja, Obama era a mudança que os Estados Unidos da América necessitava para voltar a ser um país admirado pelo mundo. Na ocasião, o partido democrata utilizou-se do que havia de mais moderno e impactante quanto a estratégias de comunicação de marketing político. Os eleitores foram informados via torpedo SMS que o vice- presidente seria Joe Biden. Em videogames de jogos de basquete, viam-se placas publicitárias de Obama. Comerciais de 30 segundos, documentários, ações em mídias sociais como YouTube, Twitter, aplicativo de iPhone, Facebook, e tudo mais que uma ação convencional de marketing de uma marca faz para angariar consumidores, mas nesse caso, eleitores. O resultado não poderia ser outro. Obama tornou-se presidente e a campanha de marketing que o elegeu ganhou Leão no aclamadíssimo Festival de Cannes, na categoria “Titanium” ou campanha de marketing integrado, que se utiliza do maior número de ferramentas do processo de comunicação e propaganda. Nesse contexto, a morte de Osama Bin Laden cai como uma luva para a marca Obama e para a sua, até então, tímida campanha de reeleição, pleito a ser realizado no final de 2012. Sua marca já entra na disputa fortalecida, Barack já entra com o rótulo do “presidente que caçou e eliminou Bin Laden”. Esse fato dá um impulso contundente para o desenrolar de toda a campanha, e não há dúvida de que Obama e o partido democrata utilizarão esse fato para capitalizar popularidade e, consequentemente, intenções de voto dos americanos. Uma prova disso são as fotos que foram divulgadas e que mostram Obama e toda a sua equipe na sala de comando do Governo Americano na noite que o terrorista chefe da Al Qaeda foi abatido. Fotos muito bem produzidas, muito bem feitas, que servirão como um prato cheio para serem utilizadas pela equipe de marqueteiros de Obama em todas as peças de comunicação. Cabe a nós acompanhar a continuidade dessa história e ver como a campanha de reeleição se tornará ainda mais histórica que a primeira. Quer crescer no mercado? Compre seu vizinho! Qual empresa não quer crescer no mercado? Quem não quer conquistar mais e mais consumidores? Qual companhia não quer agradar acionistas? Todo mundo, correto? Sim, só que o grande desafio é como fazer isso. E hoje em dia as empresas dispõem das mais diversas munições mercadológicas para atingir essas ambições. Por exemplo: vamos crescer organicamente, vamos dobrar nossa equipe de vendedores, vamos paras as ruas conquistar clientes, vamos acompanhar o crescimento vegetativo de um mercado qualquer ou, então, investir milhões em propaganda e aguardar nossa loja encher. No entanto, o que vemos de forma mais frequente de anos para cá é uma forma de crescer mais simples: comprar outras empresas. Nos últimos 20 anos, assistimos a um gigante volume de fusões e aquisiçõesde grandes marcas no mercado, e o caso mais recente foi a fusão do Carrefour com o Pão de Açúcar em 2012. Comprando outra marca, é possível ganhar market share de forma menos cansativa e menos desgastante. Sobretudo, é uma forma cara de crescer, pois comprar outra empresa significa integrar sistemas, conter o ruído com clientes leais à marca, unir culturas organizacionais diferentes, sem contar o alto gasto trabalhista com possíveis demissões. Em praticamente todos os segmentos de mercado, percebemos esse movimento. Há 10 anos, a Unilever comprou a Kibon no Brasil e mais recentemente a Arisco. A Hypermarcas adotou uma estratégia mais arrojada, que é comprar marcas mais antigas como Rastro, Avanço, Olla e Epocler. A gigante JBS comprou o Frigorífico Bertin, a Swift e a Friboi. E, dessa forma, vão arrebanhando novos consumidores. O segmento bancário merece uma atenção especial, pois, nesse setor, as fusões e aquisições de marcas ocorrem com uma frequência acima da média. O Banco Nacional era uma marca de muito prestígio no segmento (patrocinava o clássico boné azul do piloto Ayrton Senna) e foi comprada pelo Unibanco, que a eliminou do mercado. Mais recentemente, o Banco Itaú comprou o mesmo Unibanco, e já concluiu o processo de morte da marca dos Moreira Salles. A saudosa marca BankBoston, que era uma das mais admiradas no segmento financeiro, foi engolida pelo Itaú. Vale lembrar que o Banco Itaú também já havia comprado o Banerj. O Banco Real (que já tinha comprado o Sudameris), também era uma marca muito tradicional no setor bancário brasileiro, e foi abduzida pelos espanhóis do Santander, que, por sua vez, já tinham absorvido a marca Banespa, Meridional, Noroeste, Banco Geral do Comércio e Bozano Simonsen. Essa é a dinâmica do mercado. É assim que a bola rola. A razão desse extermínio súbito de marcas tão tradicionais e tão fortes é simples: operacional e financeiramente falando, custa caro manter duas marcas no mercado. São dois nomes, duas marcas, dois símbolos, dois slogans, dois posicionamentos, duas papelarias e duas equipes de gestão de marca. Tudo isso não custa pouco para a empresa compradora. É uma decisão mais sensata e mais inteligente (sob a ótica de custo) manter uma única marca no mercado. Por mais que trackings de pesquisa ainda percebam um forte elo do consumidor com a marca que será eliminada, compensa mais, financeiramente falando, manter uma única marca. Resumo da ópera: quer crescer no mercado de forma rápida e que atenda à expectativa dos acionistas? Bota a mão no bolso, faça a sua oferta e compre seu vizinho. As marcas mudam de mãos, mas não saem da mente dos consumidores A tão comentada fusão entre Carrefour e Pão de Açúcar aparentemente fracassou, pelo menos por enquanto. Na paralela, o gigante Walmart diz que não quer entrar no páreo, pois pretende crescer “organicamente” – uma estratégia de crescimento legítima, mas lenta. Em meio a essa discussão, a mais nova fusão aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) foi entre as empresas Sadia e Perdigão. Por um lado, trata-se de uma fusão contundente, pois duas empresas que surgiram literalmente no fundo do quintal de seus fundadores décadas atrás hoje se juntam e formam a BRFoods, um dos maiores conglomerados da indústria alimentícia do planeta. Por outro lado, o “pedágio” que o Cade cobra para assumir essa gigante musculatura no mercado é retirar temporariamente do mercado algumas marcas bastante famosas, como a mortadela Batavo. A suspensão aumenta para quatro anos no caso de salames e para cinco a venda de lasanhas, pizzas congeladas e quibes. Já outras marcas infelizmente devem ser vendidas, como Tekitos, Patitas, Fiesta, Freski, Doriana e Delicata. Certamente Hypermarcas e JBS, que assumidamente arrebanham marcas pelo mercado, já devem estar de olho nesse movimento e a fazer contas. Essas marcas podem sumir do mercado ou podem mudar de mãos, mas ainda residirão nas mentes dos consumidores. Nesse momento me lembro de um acontecimento. Estava chegando a uma pequena cidade do interior de Goiás, e um cidadão, ao ser perguntado por mim sobre quais bancos havia na cidade, disse: “Aqui temos todos os bancos, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Bamerindus”. Veja que para o discreto morador da cidade o HSBC ainda é o Bamerindus, uma marca que não existe no mercado há mais de uma década. A marca Bamerindus e a sua famosa Poupança Bamerindus são tão fortes que ainda transitam no nosso dia a dia. Outro exemplo famoso é o do creme dental Kolynos, que foi comprado pela Colgate Palmolive anos atrás. Com a determinação do Cade de suspender temporariamente a marca Kolynos, a Colgate agiu rápido e lançou a marca Sorriso. O que nem os mais pessimistas imaginavam aconteceu: a marca Sorriso deu certo, e os fiéis consumidores da pasta de dente amarelinha migraram para a Sorriso. Kolynos nem precisou ser relançada. Por último, cito um exemplo que me ficou marcado na edição 11 do Big Brother Brasil na TV Globo. Uma das provas do líder foi patrocinada pelo “Meu Frango Assado”, novo produto da marca Knorr, que pertence à Unilever. Foi uma prova de resistência, em que os brothers ficaram envolvidos por um invólucro plástico, assim como o novo produto da Knorr sugere à dona de casa: envolver o frango assado para absorver melhor o novo tempero. No meio da madrugada, um dos brothers, na tentativa de “agradar” o anunciante Knorr/Unilever, começa a cantar um famoso jingle: “De Leste a Oeste, De Norte a Sul, a onda é a dança da Galinha Azul”. Acontece que a Galinha Azul era a mascote da Maggi, que pertence à Nestlé (concorrente mundial da Unilever). O que podemos concluir são três coisas: 1) o consumidor confunde completamente as marcas, ele não sabe quem é dono de quem; 2) a força de uma mascote (a Galinha Azul não é mais usada pela Maggi/Nestlé há anos), que ainda reside na mente dos consumidores; 3) um executivo de marketing que planeja uma ação dessas (e certamente não paga pouco) não poderia prever que um dos brothers, com a melhor das intenções do mundo, começaria a cantar o jingle de seu principal concorrente. Por essas e outras razões que o mundo do marketing é tão fascinante. Mas o fato é que não gostaria de estar na pele desse executivo da Unilever na manhã seguinte do programa para prestar esclarecimentos por que a ação não funcionou. Por que amamos a Coca-Cola? Quem já tomou esse líquido preto hoje? Eu! Quem tinha uma garrafa de Coca-Cola na mesa de seu aniversário de 1 ano? Eu! Quem ama Coca-Cola? Eu! Coca-Cola não muda seu logotipo há décadas, correto? Errado! Coca- Cola tem guardiões de marca e de design que fazem ajustes sutis frequentemente, quase imperceptíveis aos nossos olhares. Eles seguem à risca o que diz o sociólogo polonês Zygmunt Bauman em seu livro Vida para consumo (Ed. Zahar, 2008): “Ter uma identidade fixa nesse mundo fluido é uma decisão, de certo modo, suicida”. Coca-Cola muda sim, senhor! Há quem diga que Coca-Cola conversa com a gente todo santo dia. E eu não tenho dúvida disso. Conversa mesmo. Seja na nossa mesa, seja nos restaurantes, nas propagandas, nos nossos álbuns de aniversário, nos filmes, nos seus caminhões devidamente pintados de vermelho pantone RGB 7403. A palavra que dita a identidade visual da marca da Coca-Cola hoje em dia é simplicidade. Pegue na mão uma latinha de Coca-Cola e veja como ficou de anos para cá: simples, clean e sem elementos como bolinhas de gás (criadas pelo mestre @mgobe) etc. Coca-Cola tem três grandes drives de comunicação muito bem travados. O formato clássico e curvilíneo de sua garrafa está lá protegido e travado, ninguém mexe. Seu logotipo, idealizado por Frank Robinson, o contador da Coca-Cola, que já era reconhecido pela minha sobrinha quando tinha 2 aninhos, é irretocável. E o seu pantone do vermelho, ninguém toca, ninguém questiona e ninguém ousa mexer. Eles travam esses três drives, e o restante pode ser mexido à vontade, seja com urso polar, seja com Papai Noel, seja com a Plant Bottle. Há quem critique o próprio nome Coca-Cola,mas é um nome belo, delicioso de falar, gostoso de pedir e fácil de pronunciar. Outras marcas vão meio nessa linha hoje em dia: BlackBerry: quer dizer amora em inglês, não tem nenhum link com tecnologia, mas é um nome muito gostoso de falar, de escutar. Não é à toa que a marca BlackBerry é a 25a marca mais valiosa do mundo hoje segundo um dos últimos rankings de valor de marca da Millward Brown. A Coca-Cola vale um pouco mais, é a sexta marca no ranking, valendo módicos US$ 79 bilhões. A primeira do ranking é uma outra fruta (mordida) – Apple. O diabo veste Zara? Dezesseis de agosto de 2011. Uma noite para Don Amancio Ortega, dono da Zara, esquecer. Nessa noite, o programa A Liga da Band mostrou de forma contundente uma denúncia de trabalho escravo na linha de produção da marca Zara, que repercutiu no twitter levando a marca a atingir os Trend Topics de todo mundo. E certamente não saiu do topo da lista naquela semana. O programa A Liga de @RafinhaBastos (o homem mais influente do twitter do mundo, segundo o jornal The New York Times) mostrou uma reportagem sobre trabalho escravo, em que acusa a Zara de ter empregado bolivianos morando em condições terríveis e trabalhando mais de 10 horas por dia por míseros dois reais a 8 reais por peça fabricada. Em menos de uma hora, a página da Zara no Facebook foi bombardeada por comentários de espectadores, e a marca escalou os Trend Topics no twitter por conta da repercussão negativa da reportagem. A hashtag #Zara bateu em menos de uma hora o primeiro lugar entre os assuntos mais comentados no mundo no microblog. Pronto! Chegou a vez da Zara. Dono da Zara e o homem mais rico da Espanha, Don Amancio Ortega ficou com o sono afetado ou não? Eu acho que não. Já foi a vez de Brastemp, Arezzo, Alpino para beber etc., etc., etc. Eis mais um escândalo nas redes sociais com marca famosas e renomadas. A Zara é uma marca espanhola de moda do segmento de varejo de moda e atua no modelo do chamado “fast fashion”, ou “moda rápida”, ou seja, a Armani lança essa semana um novo modelo de terno nas passarelas de Milão, e a Zara consegue acompanhar essa tendência, “copiar” esse estilo de paletó, por exemplo, e colocar em todas as suas araras de todo o mundo em poucos dias. Isso é benchmark em termos de processo de produção e logística. Roupas com que nível de qualidade? Prefiro não opinar. Aqui no Brasil, há quem diga que a Riachuelo faz algo similar. Aconteceu com a Zara. E pelo simples fato de ser uma empresa falível, assim como todas as empresas do planeta. Não existe empresa perfeita, impecável e sem falhas. Longe disso. Todas as empresas do mundo são falíveis: Zara, Apple, Santander, Nestlé, IBM, Microsoft, Vale e até o trailer de hot dog da esquina. Todas as empresas do mundo têm processos e pessoas, que têm imperfeições. E basta um nó desatado cair nas graças das redes sociais que o megafone do Twitter está a postos. Uma boa dúvida para reflexão: esse tipo de fenômeno subtraiu consumidoras das lojas Zara nos dias seguintes? Eu acho que sim, mas muito pouco. Outro ponto fundamental: o que a Zara deve fazer diante de uma crise instaurada como essa? Pois é. Trata-se de um clássico caso de crise nas redes sociais. O fato é que não há “receita de bolo” a fazer diante de uma crise instaurada como essa. Cada caso é um caso. E certamente, na manhã seguinte, estará reunido em uma sala de reunião o comitê de crise da companhia, que eu imagino ser formado pelo diretor da Zara Brasil, com sua jornalista responsável, com o advogado da Zara e com o RP da marca para traçar as estratégias a serem adotadas. Agir rápido, com transparência, coerência e bom senso não faz mal em momento ruidoso como esse. Steve Jobs, paixão e intuição O planeta acordou triste na manhã de 6 de outubro de 2011. O mago Steve Jobs faleceu após uma longa, histórica e bem-sucedida jornada à frente do mundo da tecnologia. Após cerca de sete anos de luta, foi vencido por um dos mais letais tipos de câncer. Ele foi um gênio, e todo gênio que se preza sobra em alguns aspectos e deixa a desejar em outros. Ao mesmo tempo em que demitia funcionários dentro dos elevadores da Apple, em Cupertino/Califónia, de lá eram lançados produtos como o Mac OS X, sobre o qual disse: “Os botões da tela ficaram tão bonitos que o usuário terá vontade de lambê-los”. Jobs não fazia pesquisa com consumidores para lançar seus produtos, mas sim levava seus designers para conhecer a Casa da Cascata de Frank Lloyd Wright, na Pensilvânia, para estimular o processo criativo. Com a maior naturalidade, disse que o trabalho de mil engenheiros que se debruçaram em um projeto durante três anos de nada valeu e lançou um MP3 com apenas um botão no meio, e é líder de categoria no segmento. Se eu tivesse a dura missão de resumir Steve Jobs em poucas palavras, eu me limitaria a dizer: paixão pelos detalhes e intuição privilegiada. Tudo que a Apple fez, faz e fará carrega esses dois valores de modo sublime. Todos os produtos da empresa são feitos com extrema atenção aos detalhes, tudo muito bem calibrado, bem pensado, e todo novo design tem um racional fortíssimo por trás. O cabo de energia é preso com imã ao computador, pois, se você tropeçar no fio, não jogará seu trabalho no chão. O botão de liga/desliga fica sempre atrás. Assim, caso você esbarre nele, isso não deletará todo seu projeto. Tudo é muito intuitivo. Nunca mexemos em um iPad, mas quando pegamos um parece que já sabemos onde as coisas estão. Jobs deixa um legado incomparável. Há quem compare o que ele fazia com algo parecido com religião. Ele era o messias, a Apple Store, a Meca da tecnologia mundial, e nós não somos meros consumidores, mas verdadeiros seguidores e adoradores. Vale lembrar que ele era rodeado por outros gênios. Um deles é Jonathan Ive, que, ao mesmo tempo em que passeia em seu Aston Martin pelas praias da Califórnia, também desenha produtos como o iMac. Jobs foi um gênio provocativo. Qual CEO (Chief Executive Officer) no mundo hoje que senta com funcionário de chão de fábrica para discutir o processo de abrir a caixa dos produtos da Apple pelo consumidor? Ele fazia isso, pois entendia que aquele era um momento mágico. Desafiou o mercado editorial com os e-Books, que vieram para ficar e crescem de maneira avassaladora. Os livros físicos estão com os dias contados. Na manhã de 6 de outubro, comecei a aula com meus alunos com um minuto de silêncio e dediquei toda nossa aula a Steve Jobs e a seu brilhante legado à frente da Apple. Ao final, aplaudimos. Acho que essa é a melhor forma de homenageá-lo. Thanks, Steve! Vinte superdicas antes de “brincar” com a sua marca nas redes sociais 1. No twitter, você pode personalizar sua comunicação junto a seu público-alvo, e surpreendê-lo. 2. Enviar convites de seus eventos por meio do Facebook é um modo rápido, mensurável, eficiente e impactante. Tente fazer! 3. É interessante usar o Foursquare para fazer promoções e atrair consumidores. Mas faça uma promoção simples e prepare sua equipe de atendimento, até como pronunciar corretamente “foriscuér”. 4. Convém hospedar no YouTube e no SlideShare absolutamente tudo que você fizer de relevante. Você será encontrado e logo acionado. 5. Ter muito cuidado com o que você lê e retweeta é essencial. Ainda há muita, mas muita bobagem sendo publicada na web. 6. Quer se especializar e está em dúvida? Junto com o boom das redes sociais, novas profissões surgem a cada dia, como analista de redes sociais e gerente de crises 2.0. Estude e capacite-se investindo em bons cursos. 7. Pesquise as grandes instituições, como a Trevisan Escola de Negócios, por exemplo, que estão lançando MBAs na área digital. Matricule-se! 8. Usar redes sociais como forma de comunicação de marca pode ser mais envolvente e contundente que mídias off-line, desde que bem planejado, claro. 9. Quer usar o Foursquare? Tenha critério para o check-ins. Dar check-in em casa, por exemplo, nem pensar. A não ser que você deseje ser sequestrado. 10. Não crie nas redes sociais uma atitude
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