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GUIA_PARA_DEMONSTRAÇOES_CONTABEIS_2009-10

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GUIA PARA AS 
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
2009-2010
Inclui toda a atualização da legislação tributária federal e 
os pronunciamentos do CPC até 31 de dezembro de 2009
GUIA PARA AS 
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
2009-2010
Inclui toda a atualização da legislação tributária federal e 
os pronunciamentos do CPC até 31 de dezembro de 2009
GUIA PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2009-2010
Sócio-diretor responsável pelo projeto: Henrique Herbel de Melo Campos.
EQUIPE RESPONSÁVEL:
Coordenadores do projeto: Elizabeth Campos Martins Fontanelli e Humberto Tamarini Perez.
Corpo de sócios: Antônio de Pádua Soares Pelicarpo, José Luiz de Souza Gurgel e Marcelo Pereira Gonçalves (revisores); 
Eduardo Vieira Cipullo, Esmir de Oliveira, Jorge Alberto da Cunha Moreira, José Luiz Sanches, Lúcio Abrahão Monteiro 
Bastos, Luiz Carlos de Carvalho, Marcelo Faria Pereira, Marcelo Nogueira de Andrade, Marcello Palamartchuk, Márcio 
Serpejante Peppe, Mateus de Lima Soares, Orlando Octávio de Freitas Júnior, Paulo Ricardo Pinto Alaniz, Phelipe e Silva 
Linhares e Ricardo Bonfá de Jesus.
Corpo de diretores: Mariana Macedo Leme Carissio e Iêda Aparecida Patrício Novais.
Corpo de gerentes: Alcides Afonso Louro Neto, Carla Eliane Aguiar Lima, Dário Vieira de Lima, Diego Feliciano Irineu, Eduardo Luiz Rota, 
Eliardo Araújo Lopes Vieira, Fábio dos Santos Alonso Martins, Fernanda Lima Bezerra Berna, Fernando Eduardo R. dos Santos, Itor Itsuo 
Takayama, Juliana Leonam Braga, Leonardo da Silva Vilar Gomes, Luciano de Oliveira Sertório, Luiz Carlos Soares da Silva, Marcelo Fichera 
Lourenzi, Patrícia Isabel Soares da Silva Centeno, Phelipe Gouveia Dias, Renato Abranches de Almeida, Ricardo José Patine Filho, Robinson 
Meira, Robson Nunes Moura, Ronaldo Reimberg Lima, Ronaldo Silva dos Santos, Sérgio Yassunori Ishikawa, Suzana de Cássia Lopes.
Corpo de supervisores: Christian Carlo Cândido, Livia Yanasse Trajano dos Santos, Régis Eduardo Baptista dos Santos e Shaila Santos da Silva. 
Equipe de apoio: Antônio Donizete Pereira, Luciene dos Anjos Gonçalves Perez e Silvia Luiza Lakatos Varuzza.
RESPONSABILIDADE FINAL PELO PROJETO: COMITÊ TÉCNICO
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Índice para catálogo sistemático:
 1. Demonstrações contábeis : Elaboração : Contabilidade 657.3
Guia para as demonstrações contábeis : 2009-2010 / Comitê Técnico da BDO. 
Henrique Herbel de Melo Campos. Organizador. 
 São Paulo : Trevisan Editora Universitária, 2010.
ISBN: 978-85-99519-22-6
 1. Demonstrações contábeis I. Comitê de Qualidade e Técnica 
da BDO-CQT
 CDD-657.3
08-00238
CONTATO
Tel.: 11 3138 5314
relacionamento@bdobrazil.com.br
www.bdobrazil.com.br
BDO Auditores Independentes, uma empresa brasileira de sociedade simples, 
é membro da BDO International Limited, uma companhia limitada por 
garantia do Reino Unido, e faz parte da rede internacional BDO de firmas 
membro independentes.
BDO é o nome comercial para a rede BDO e cada uma das Firmas 
Membro BDO
Esta publicação foi cuidadosamente preparada, no entanto, foi escrita em 
termos gerais e deve ser considerada somente como uma orientação geral. A 
publicação não poderá servir de base para cobrir situações específicas e não 
recomendamos agir ou deixar de agir com base nas informações contidas na 
publicação sem obter aconselhamento profissional específico. Favor contate 
a BDO Auditores Independentes para discutir esses assuntos no contexto 
de suas circunstâncias particulares. A BDO Auditores independentes, 
seus sócios, profissionais e agentes não aceitam ou assumem quaisquer 
responsabilidades ou obrigações por qualquer dano decorrente de 
qualquer ação tomada, ou não tomada, por qualquer pessoa com base nas 
informações desta publicação ou por quaisquer decisões nela baseadas.
EQUIPE EDITORIAL
Editor responsável: Antonio Carlos Porto Araujo. 
Projeto gráfico: CG Studio (atendimento@cgstudio.com.br).
Direção de Arte: Cristiana Serpa.
Assistentes de Arte: Antonio Bacci Neto, Fabio Hideki Komido, Américo 
Buono, Rodolpho Araujo Lopes.
A Trevisan Editora Universitária agradece o envio de correções e comentários 
sobre seus livros, inclusive sobre erros tipográficos, de formatação ou outros. 
Por gentileza, faça uma cópia da página que contém o erro e envie fax para 
55 11 3138 5228, ou e-mail para editora@trevisaneditora.com.br.
Os livros da Trevisan Editora Universitária estão disponíveis com descontos 
para quantidades especiais destinadas a promoções de venda e prêmios 
ou para uso em programas de treinamento corporativo, além de outros 
programas educacionais. Para mais informações, entre em contato conosco.
Trevisan Editora Universitária
R. Bela Cintra 934, 7º andar, CEP 01415 000
São Paulo, SP
tel. 11 3138 5265
fax 11 3138 5228
e-mail: editora@trevisaneditora.com.br
Home page: www.trevisaneditora.com.br
 3
APRESENTAÇãO
O ano de 2009 
começou sob o signo 
da crise econômica 
mundial. Havia 
incertezas em relação 
ao futuro, retração de 
crédito, adiamento 
de projetos e quebras 
de instituições 
financeiras no 
exterior. Em 
contrapartida, o 
mundo que experimentara, nos anos anteriores, 
uma geração de riquezas sem precedentes, 
parecia ter finalmente encontrado seus limites. 
O cenário era pouco animador, mas a BDO 
deu sequência a seus planos. Graças a esse 
posicionamento firme e otimista (mas nem por 
isso isento de prudência e ética) alcançamos 
resultados bem consistentes: até setembro de 
2009, a receita combinada de todas as firmas 
membro BDO (1.138 escritórios em 115 países) 
atingiu o montante de US$5,1 bilhões de dólares.
No Brasil, os resultados foram ainda 
melhores, pois crescemos 11% em relação ao 
exercício de 2008, com um faturamento de 104 
milhões de reais. Foi um desempenho mais tímido 
do que aquele alcançado em outros períodos, 
quando crescíamos ao ritmo de 30% ao ano. 
Mas, tendo em vista o ambiente pouco favorável 
à realização de negócios do primeiro semestre do 
ano, não há motivos para reclamação.
Atravessar as labaredas da crise sem sofrer 
queimaduras graves só foi possível porque a BDO 
não esmoreceu na busca da qualidade e permaneceu 
focada na conquista e na fidelização de clientes. 
Atenta a essas diretrizes, a BDO implantou 
o projeto single name nos países em que se faz 
presente. Assim, a partir de 2010 todas as firmas 
membro da BDO estão abandonando seus 
eventuais nomes compostos, inclusive no Brasil 
— nossa equipe foi uma das primeiras a incorporar 
os novos padrões, em 1º de outubro. Com o 
País tornando-se um grande ‘player’ mundial, a 
adoção do single name ganha relevância neste 
momento em que, para podermos atender às 
novas demandas contábeis, principalmente a 
de convergir para o IFRS (International Financial 
Reporting Standards), damos mostras de que 
possuímos uma estrutura mundial à plena 
disposição de nossos clientes de hoje e de amanhã.
 Convém ressaltar que não nos 
distanciamos do nosso passado como Trevisan 
e, posteriormente, BDO Trevisan. Nós ainda 
somos os mesmos profissionais que construíram 
uma história de credibilidade e sucesso, e 
fazemos questão de deixar isso bem claro para 
o mercado. O iniciador de tudo, Antoninho 
Marmo Trevisan, com seus 38 anos de atuação 
profissional, permanece como presidente de 
nosso Conselho Consultivo.
Novos desafios nos aguardam em 2010 e, 
determinados a prestar serviços com cada vez 
mais qualidade, superando as expectativas 
4 GUIA PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2009-2010
de nossos clientes e agregando valor a toda a 
sociedade, com o objetivo maior de produzir 
conhecimento para o desenvolvimento 
sustentável do Brasil e do Mundo, apresentamos 
o Guia para as Demonstrações Contábeis 
2009-2010, que compila as principais mudanças 
contábeis e tributárias, descreve as perspectivas 
econômicas para 2010 e incorpora as novidades 
relativas à governança corporativa.
Ressaltamos, porém, que este material não 
substitui as pesquisas, leituras e conclusões a serem 
efetuadas, pois nossa responsabilidadereferente 
às conclusões somente pode ser obtida após as 
consultas oficiais que nos são encaminhadas. Assim, 
assuntos pontuais devem ser analisados de forma 
detalhada. Nossos especialistas estão à disposição, 
em nossos 15 escritórios no Brasil e nos demais 
escritórios do mundo.
Boa leitura!
Atenciosamente,
Eduardo Augusto Rocha Pocetti
CEO — Chief Executive Officer
Janeiro de 2010
 5
SUMÁRIO
ASPECTOS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA
 BDO em 2009 ........................................................................................................................... 9
 Perspectivas econômicas 2010 ................................................................................................. 11
 por Luiz Nelson Porto Araujo, consultor da BDO
 Governança Corporativa e Gestão de Riscos ............................................................................ 21
 Responsabilidade Social Corporativa e Sustentabilidade ......................................................... 23
ASPECTOS CONTÁBEIS
 CPC .......................................................................................................................................... 27
 CVM .......................................................................................................................................... 87
 BACEN....................................................................................................................................... 89
 SUSEP ....................................................................................................................................... 92
 ANEEL ....................................................................................................................................... 95
 SPC .......................................................................................................................................... 103
 ANS .......................................................................................................................................... 107
 CFC .......................................................................................................................................... 115
 IBRACON .................................................................................................................................. 119
 IASB .......................................................................................................................................... 121
 FASB .......................................................................................................................................... 129
ASPECTOS TRIBUTÁRIOS
 Panorama tributário brasileiro em 2009 ................................................................................... 143
 por Lúcio Abrahão Monteiro Bastos, sócio-diretor da BDO
 Lei 11.941 .................................................................................................................................. 147 
Legislação Federal ..................................................................................................................... 149
 Legislação Trabalhista e Previdenciária ..................................................................................... 157
 Legislação Aduaneira ................................................................................................................ 161
 Jurisprudência ........................................................................................................................... 165
ASPECTOS DE 
GOVERNANÇA 
CORPORATIVA
 9
BDO EM 2009
BDO NO MUNDO
Até setembro de 2009, a receita total combinada 
de todas as firmas membros que compõem a rede 
mundial BDO foi de €3,710 bilhões (US$5,026 
bilhões). O aumento foi de 4,5% em relação ao 
exercício anterior. 
Os números de profissionais e a quantidade 
de escritórios da rede também subiram em 
escala mundial: de 44 mil profissionais em 
2008, passamos para 46 mil em 2009, e os 
escritórios da rede aumentaram de 1.095 para 
1.138 no mesmo período.
Jeremy Newman, CEO da BDO 
International, afirma que os resultados mostram 
o poder de recuperação da rede “Nossas 
receitas foram afetadas por difíceis condições 
do mercado, particularmente nas economias 
de nossas maiores firmas membros, e pela 
redução significativa em atividade baseada 
em transações”, explica, acrescentando que 
os resultados também foram afetados pelas 
variações cambiais, “Mas estamos bastante 
satisfeitos com o crescimento das receitas 
gerais em euro e pelo fato de as receitas gerais 
expressas em dólares terem sofrido uma redução 
bem pouco significativa”, assinala o CEO. “É 
particularmente agradável saber que, numa 
época em que muitas outras redes de auditoria 
estão apresentando um declínio nas receitas, as 
nossas cresceram quase 5% com a exclusão do 
efeito de variações cambiais”. 
Segundo Newman, a resistência da BDO 
deve-se, entre outros fatores, ao crescimento 
em muitas firmas membros, bem como 
das novas firmas no Camboja, na Geórgia e 
na Índia. A rede também passou a ter uma 
presença consideravelmente mais forte na 
China, “Esse crescimento é uma demonstração 
de nosso compromisso com nossos clientes e 
nossa gente, e mostra que oferecemos serviços 
consistentes e de alta qualidade em cada país 
no qual estamos presentes”.
Desde o final de seu exercício fiscal, a BDO 
anunciou o acréscimo de outros cinco países em 
sua rede, por meio da admissão de novas firmas 
na África Oriental (Quênia, Tanzânia e Uganda) 
e Caribe Oriental (St. Lucia e St. Vincent). 
Portanto, no início de 2010, a rede BDO passa a 
ter firmas membros em 115 países.
 RESULTADOS CONSOLIDADOS 
Faturamento até setembro de 2009 =
US$5,026 bilhões 
Profissionais = 46 mil
Países = 115
Escritórios = 1.138
10 GUIA PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2009-2010
BDO NO BRASIL
O crescimento será de aproximadamente 
11%: dos R$94 milhões de faturamento em 
2008, passamos para R$104 milhões em 2009, 
“Estávamos crescendo a um ritmo de 30% ao 
ano, mas consideramos que esse resultado foi 
bom, pois seria impossível escapar dos reflexos 
da crise mundial”, pondera o CEO da BDO no 
Brasil, Eduardo Pocetti.
Em 1º de outubro, a BDO no Brasil, conhecida 
até então pelo nome BDO Trevisan, passa a 
se chamar BDO. Com isso reafirmamos nosso 
compromisso em fornecer serviços com o mesmo 
padrão de qualidade a todos os clientes em 
qualquer parte do mundo.
Trata-se do resultado de muitos anos de 
investimento e engajamento, estratégicos 
e operacionais, e confirma nossa posição de 
concorrente não só das maiores firmas, mas 
também de todas que operam em nosso mercado.
Antoninho Marmo Trevisan fundou a empresa 
Trevisan, liderando-a por mais de 25 anos. Nesse 
tempo, a Trevisan se tornou uma das maiores 
firmas de auditoria do País em quantidade de 
clientes e em faturamento. 
Em outubro de 2004, a Trevisan se uniu à 
rede internacional BDO, quinta maior do mundo 
no segmento de auditoria. Para melhor viabilizar 
o modelo de gestão tradicionalmente praticado 
pelas grandes empresas mundiais de auditoria, 
o fundador optou por passar a sociedade a um 
grupo de profissionais (sócios), que assumiram a 
empresa, agora em um modelo de partnership.
Ao sair da sociedade, Antoninho Marmo 
Trevisan assumiu o posto de presidente 
do Conselho Consultivo da BDO. Ele não 
exerce atividade executiva na empresa, mas 
continua contribuindo com sua experiência no 
assessoramento das ações estratégicas da firma.
Para 2010, é vislumbrado um cenário que 
inspira o mais puro otimismo. Está claro que o 
Brasil alcançará vitórias significativas e que a BDO 
terá condição plena de crescer, de superar novos 
desafios e de ampliar presença no mercado.
 RESULTADOS CONSOLIDADOS 
Faturamento em 2009 =
R$104 milhões
Profissionais = mais de 800
Escritórios = 15 instalados em 11 Estados
 11
O Brasil é, hoje, 
a décima maior 
economia do mundo, 
com previsão de ser 
a quinta antes do 
final desta década. 
É o segundo maiorexportador de produtos 
alimentícios, um dos 
maiores produtores 
de petróleo e minerais 
e o quinto maior mercado automobilístico. 
Nossa economia é a principal referência política 
e econômica de toda a América Latina. Nossa 
estrutura de governança é cada vez mais sólida e a 
democracia parece ter fincado raízes profundas no 
seio do sistema político e social. Recentemente, 
no âmbito das discussões sobre a atual crise 
econômica, o País foi promovido a interlocutor 
privilegiado no FMI, no G-20 e em outros fóruns 
mundiais. Sem dúvida, um conjunto de atributos 
que sinalizam um processo sustentado de 
crescimento a taxas elevadas, superiores a 5% a.a. 
para os próximos anos.
Este Guia tem acompanhado o desempenho 
da economia e formulado trajetórias para a 
economia mundial e brasileira, com maiores 
detalhes para a segunda. Em todos esses anos, 
sempre observamos um evento marcante, 
que acabou por balizar a trajetória esperada. 
O mesmo se repetiu em 2009. Nesse 
caso, a fantástica resistência da economia 
brasileira à crise financeira internacional. 
Por outro lado, também sempre apontamos 
os grandes desafios que acabam por 
condicionar, negativamente, nosso processo de 
desenvolvimento. Essa abordagem é, mais uma 
vez, seguida no artigo deste ano.
ECONOMIA MUNDIAL
As principais economias e seus respectivos 
mercados financeiros estão se recuperando 
lentamente do tumulto iniciado há 18 meses 
nos Estados Unidos. No entanto, os efeitos da 
desaceleração do crescimento nessas economias 
devem continuar a deteriorar as perspectivas 
de crescimento global, mesmo considerando a 
recuperação econômica dos BRIC (Brasil, Rússia, 
Índia e China), ou seja, não será capaz de suprir o 
hiato de demanda derivado dos Estados Unidos e 
das economias da União Europeia.
O funcionamento dos mercados financeiros 
ainda é limitado e as restrições aos fluxos de 
crédito, decorrentes de incertezas em relação 
à estrutura regulatória e à saúde financeira dos 
potenciais tomadores de empréstimos, estão 
impedindo a retomada dos financiamentos ao 
consumo e os investimentos.
Neste ano, em continuação ao observado ao 
final de 2009, os dois principais temas na agenda 
econômica mundial são: 1) a desmontagem dos 
mecanismos de incentivo — principalmente de 
origem monetária — adotados pelos diversos 
países (particularmente os Estados Unidos) para 
PERSPECTIVAS ECONÔMICAS 2010
Por Luíz Nelson Porto Araujo *
12 GUIA PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2009-2010
mitigar os efeitos da crise; e 2) a discussão dos 
possíveis efeitos inflacionários gerados por ela.
Desde o início da crise, o Federal Reserve 
Bank — Fed expandiu maciçamente a liquidez 
do sistema financeiro norte-americano, 
injetando mais de US$2 trilhões na economia 
e suavizando o aperto de crédito. Sua atuação 
como emprestador de última instância 
contribuiu para mitigar o risco sistêmico, não 
apenas nos Estados Unidos, como também 
em outros grandes centros financeiros. 
Mais ainda, a partir de setembro de 2007, 
o Federal Open Market Committee — FOMC 
iniciou um processo de redução da chamada 
federal funds rate. Em dezembro de 2008, 
esse Comitê tomou uma decisão histórica, 
definindo uma meta para o intervalo de zero 
a 0,25% e anunciando a expectativa de que 
a frágil situação econômica manteria a meta 
a níveis historicamente baixos por algum 
tempo. Ao final de 2009, essa meta mantinha-
se inalterada, apesar da fraca sinalização de 
elevação em algum momento em 2010.
Com relação à estabilidade do patamar 
inflacionário, existe uma possibilidade de o excesso 
de liquidez implicar em um surto inflacionário, 
com desdobramentos sobre a desvalorização do 
dólar nos próximos anos. Isso causa apreensão não 
apenas aos consumidores mas, particularmente, 
aos investidores com volumes consideráveis de 
ativos denominados em dólar.
Com o objetivo de minimizar os riscos desse 
surto, o Fed anunciou a criação de um fundo no 
qual os bancos locais poderão depositar, como 
aplicações, o que avaliarem como excesso de 
reservas bancárias. A expectativa é que sejam 
“enxugados” do sistema mais de US$1 trilhão. O 
mecanismo deve ser adotado em alguns meses, 
quando se considerar que a recuperação da atividade 
econômica nos EUA mostrar sinais mais robustos.
Um terceiro tema, também recorrente, é 
o desmonte dos mecanismos de incentivo de 
origem fiscal, que foram adotados quando as 
perspectivas econômicas eram, literalmente, 
sombrias. O custo desses incentivos (muitos deles 
ainda não totalmente quantificados) foram muito 
inferiores aos efeitos multiplicadores positivos 
que tiveram sobre a produção e o emprego. No 
entanto, implicaram em uma mudança estrutural 
nas finanças públicas dessas economias, cujos 
efeitos — muito mais importantes — ainda não 
foram totalmente compreendidos. Conhece-se, 
apenas, a significativa deterioração da posição 
de endividamento e, em alguns casos, o eventual 
questionamento da condição de solvência pública.
ECONOMIA BRASILEIRA
Ao contrário da análise conjuntural apresentada 
nos guias anteriores, decidimos por incluir, a partir 
deste ano, a discussão de temas que possuem uma 
dimensão mais estrutural. Assim, a análise que 
se segue trata, inicialmente, de alguns “desafios 
estruturais” e, em seguida, do desempenho 
recente e das perspectivas para o crescimento, 
os investimentos, a inflação e juros, as finanças 
públicas, o comércio exterior e a taxa de câmbio.
DESAFIOS ESTRUTURAIS
O Brasil, como outras economias emergentes, se 
depara com uma série de desafios econômicos, 
políticos e sociais de natureza estrutural. Esses 
desafios estão diretamente relacionados com 
a evolução histórica do país, sua inserção no 
sistema mundial de governança e os gargalos 
e disparidades econômicas e sociais que, há 
séculos, definem a nossa sociedade.
A identificação desses desafios é uma tarefa 
muito mais simples do que a decisão política e a 
alocação de recursos, físicos e financeiros, para a sua 
superação. Não é objetivo deste artigo hierarquizar 
GUIA BDO 2009-2010 13GUIA PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2009-2010
as demandas da sociedade, identificar e caracterizar 
o processo decisório, avaliar as estratégias e ações 
adotadas para superá-los, mas é importante 
observar quatro itens particularmente relevantes: 
1) as eleições majoritárias deste ano; 2) a Copa do 
Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 e 3) o 
bônus demográfico.
Eleições 2010
Neste ano, o Brasil terá eleições majoritárias. 
Desde a redemocratização, em 1985, iremos 
eleger, pela sexta vez consecutiva, o presidente 
da República. Dessa vez, como em 2006, o atual 
mandatário não pode ser candidato à reeleição. 
A impossibilidade de permanência no poder por 
dois mandatos sucessivos foi uma das regras 
mais estáveis do nosso sistema político, tendo 
sido mantida durante o regime autoritário após 
o golpe militar de 1964, e permanecido na 
Constituição de 1988.
O sucesso do Plano Real e as mudanças 
estruturais na economia, exigidas para sua 
manutenção, levaram à ideia de que quatro 
anos é um período curto para a execução de 
um programa de governo. Assim, em 04/06/97, 
por meio da Emenda Constitucional nº 16, foi 
aprovado o instituto da reeleição para presidente 
da República, governadores e prefeitos. Em 
1998, foram realizadas as primeiras eleições 
para a presidência e para os governos estaduais 
sob vigência dessa nova regra. Em 2000, o 
instituto da reeleição foi aplicado pela primeira 
vez em eleições municipais. Em todos os casos 
constatou-se certa tendência de permanência 
dos candidatos que já estavam exercendo o 
cargo. Assim, o presidente Fernando Henrique foi 
reeleito, em 1998, e Lula em 2002.
A teoria econômica estuda, há décadas, os 
chamados ciclos político-econômicos. Uma 
proposição fundamental desta teoria é a de 
que os políticos, conhecedores dos efeitos do 
momento econômico sobre os votos dos eleitores, 
manipulam as variáveis macroeconômicas, com 
o objetivo de serem eleitos (ou reeleitos). Assim, 
com a proximidadedas eleições, os principais 
instrumentos de política econômica — fiscais 
e monetários — são direcionados à expansão 
da economia. Depois do período eleitoral, são 
adotadas medidas contracionistas a fim de reverter 
os efeitos adversos da política expansionista 
adotada anteriormente.
Não há muitas dúvidas de que a disputa nas 
eleições deste ano será, particularmente, muito 
intensa. Os ativos em jogo — a presidência da 
República, os governos estaduais e 2/3 do Senado 
— irão, com certeza, impactar as estratégias da 
política econômica adotadas pelos candidatos e 
seus partidos. Os efeitos sobre a economia serão, 
em um primeiro momento, bastante benéficos 
e — espera-se — estruturantes. O problema é 
a ressaca que pode se seguir logo a partir dos 
primeiros meses de 2011.
Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas 2016
Em maio de 2009, a Fifa anunciou que Belo 
Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, 
Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de 
Janeiro, São Paulo e Salvador foram escolhidas 
como cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. 
Sediar a Copa significa hospedar 32 equipes e 
suas comitivas durante um mês e criar estrutura 
para a realização de 64 partidas, que serão 
transmitidas pra todo do mundo, no maior 
evento midiático do planeta (estima-se que 
durante a Copa de 2014 cerca de três bilhões de 
telespectadores assistam às transmissões).
A infraestrutura e a segurança devem ser 
os maiores desafios para o sucesso desses dois 
eventos. Estimativas ainda preliminares apontam 
que a Copa demandará investimentos superiores 
14 GUIA PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2009-2010
a US$5 bilhões de dólares. Os valores para as 
Olimpíadas são inferiores — e devem ser reduzidos 
por aqueles que serão gastos em 2014 —, mas 
também são relevantes. Os maiores gastos com 
infraestrutura nas cidades onde acontecerão os 
jogos são: reforma e construção de estádios/vilas 
olímpicas, obras em rodovias, aeroportos, hospitais 
e sistemas de telecomunicações.
A realização da Copa e das Olimpíadas é uma 
grande oportunidade para antecipar e adensar 
os investimentos necessários para superar 
as carências crônicas das cidades-sede, com 
efeitos multiplicadores sobre toda a economia. 
O grande desafio, para que os investimentos 
sejam, de fato, estruturantes, é não repetir os 
problemas observados quando da realização 
do Pan 2007, no Rio de Janeiro: 1) orçamentos 
iniciais superados pelos custos reais; 2) ajuda 
emergencial do Estado para conclusão das obras; 
e 3) não melhora da infraestrutura no entorno 
dos estádios e das cidades.
Mais ainda, o Brasil não pode perder a 
oportunidade de se valer desses dois eventos 
para alavancar sua projeção no cenário mundial, 
para melhorar as condições de acessibilidade e 
mobilidade urbanas e para expandir as condições 
de acesso a serviços de saneamento, energia, 
transporte e telecomunicações.
Bônus Demográfico
A demografia pode ser um dos principais indutores 
do crescimento do Brasil nas próximas três 
décadas. A nossa situação é mais favorável agora 
do que foi nas cinco décadas passadas. De fato, 
existe um “bônus demográfico” — que só acontece 
uma vez e somente uma vez pode ser utilizado 
— que, caso estrategicamente utilizado, pode 
alavancar as condições socioeconômicas do País.
O período de crescimento econômico anterior 
(1950—1980), caracterizado pelo intenso 
processo de urbanização e industrialização, 
lançou as bases da transição demográfica, isto 
é, redução das taxas brutas de mortalidade 
e natalidade. Como as taxas de mortalidade 
caíram primeiro e em ritmo mais rápido do que 
as taxas de natalidade, houve uma aceleração do 
crescimento populacional em relação a todos os 
períodos anteriores.
Projeções derivadas do IBGE e das Nações 
Unidas mostram que estamos iniciando um 
processo de transição demográfica, que se estende 
de 1950 a 2030. Nos próximos 20 anos, as taxas 
brutas de mortalidade vão ficar praticamente 
estáveis, enquanto as taxas brutas de natalidade 
vão continuar caindo, o que irá reduzir o ritmo de 
crescimento vegetativo da população.
Uma das principais consequências dessa 
transição é a alteração da estrutura etária da 
população, reduzindo a participação relativa 
das crianças e aumentando, inicialmente, a 
participação dos adultos e, posteriormente, a 
participação dos idosos. Assim, o primeiro efeito 
da transição demográfica é reduzir as taxas de 
dependência demográfica. Somente a partir de 
2025 as taxas de dependência deverão se elevar, 
ou seja, a “carga econômica” da dependência é 
muito menor nesse início de século, do que foi 
em qualquer outro momento da nossa história. 
Essa menor carga tem impactos econômicos 
relevantes, em particular, o potencial de aumento 
da poupança, condição fundamental para a 
elevação dos investimentos.
CRESCIMENTO
Desde a adoção do Plano Real, em 1994, se 
discute o crescimento sustentado da economia 
brasileira. A discussão, sem dúvida, aprofundou-
se ao final da década passada e deve ser um tema 
recorrente nesse início de século. O cerne dos 
debates diz respeito aos condicionantes internos 
GUIA BDO 2009-2010 15GUIA PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2009-2010
da economia brasileira. Será que as próximas 
décadas podem ser tão positivas em termos de 
crescimento quanto os “trinta anos de ouro” 
(1950—1980) da economia brasileira?
Naquele período, nossa economia cresceu 
aproximadamente 7,0% a.a., enquanto a 
população cresceu menos de 3,0% a.a. Assim, a 
renda per capita cresceu 4,2% a.a. Esses 30 anos 
marcaram o melhor período de crescimento de 
toda a história brasileira, mesmo levando-se em 
consideração que o país partiu de uma base — e 
uma matriz econômica — muito baixa e contou 
com um intenso processo de transformação que 
implicou na passagem de uma sociedade rural e 
agrária para uma sociedade urbana e industrial. 
Os deslocamentos da população do campo 
para as cidades e a importação de tecnologias 
avançadas, de países mais desenvolvidos, 
possibilitaram um salto significativo do PIB e 
da produtividade do trabalho, a despeito da 
crescente desigualdade na distribuição da renda e 
da manutenção das disparidades regionais.
As duas décadas subsequentes (1980—2000) 
foram marcadas, principalmente, por crises 
econômicas, alta inflação, perda de dinamismo 
social e um agravamento da violência e da 
insegurança. O foco estava na tentativa de 
estabilização da inflação e do controle das contas 
externas. Essas duas “décadas perdidas” lançaram 
sérias dúvidas sobre a capacidade da economia 
brasileira de retomar o desenvolvimento econômico 
e melhorar as condições de vida da população, 
particularmente o acesso aos bens públicos básicos.
Os resultados obtidos na década passada — 
sem dúvida, decorrentes da condução da política 
macroeconômica interna, mas, também, das 
excepcionais condições dos mercados externos 
— resgataram o discurso do “Brasil potência”. O 
desempenho do País na recente crise econômica 
global — que ainda assola as economias mais 
desenvolvidas e, localmente, outras economias 
— e as recentes descobertas de óleo e gás no 
pré-sal apenas contribuiu para o fortalecimento 
do discurso ufanista.
Mais ainda, o crescimento da economia 
internacional tem ajudado a recuperação 
brasileira e é um fator condicionante do futuro. 
Atualmente, existe um otimismo mundial com o 
desempenho dos países emergentes, em especial 
com os países do BRIC.
Estimativas preliminares indicam que o 
PIB real deve ficar próximo de zero no ano de 
2009, reduzindo a média observada nos últimos 
anos, mesmo considerando a expansão dos 
últimos três trimestres do ano. Para 2010 e, 
ao menos até a metade desta década, todas as 
expectativas são extremamente positivas, com 
um crescimento esperado superior a 5,0% a.a. 
Esse intervalo — grande — decorre de incertezas 
de origens externas e internas. Externamente, 
a maior incerteza decorre, principalmente, da 
dinâmica da crise mundial. Ainda não se sabe se 
os efeitos associados às restrições de crédito e à 
queda dademanda agregada e dos investimentos 
chegaram ao seu limite inferior nas economias 
desenvolvidas e, em consequência, se os efeitos 
nas economias emergentes já se manifestaram 
em sua totalidade. Internamente, a incerteza 
decorre dos limites colocados pelas medidas de 
ajuste à crise financeira, pela infraestrutura física, 
pela elevada e regressiva carga tributária, pela 
péssima distribuição da renda e pelo baixo nível 
de escolaridade da população (especialmente 
aquela de baixa renda e das regiões menos 
desenvolvidas do País).
Entre as principais medidas adotadas pelo 
executivo federal no enfrentamento da crise 
financeira, temos as seguintes: 1) garantia 
de capital de giro às empresas da construção 
civil; 2) aumento do capital do BNDES 
16 GUIA PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2009-2010
(aporte de R$80 bilhões, que se somou ao 
crédito de R$100 bilhões ao final de 2008); 
3) aumento da oferta de crédito com recursos 
dos depósitos compulsórios; 4) apoio ao 
setor exportador; e 5) desoneração fiscal de 
setores específicos da economia. Todas essas 
medidas, de caráter estritamente conjuntural, 
buscaram atender às necessidades e pressões 
pontuais. Na verdade, o Brasil ainda carece 
da implementação de ajustes importantes 
— que só podem ser operacionalizados por 
meio de reformas estruturantes (tributária, 
trabalhista, regulatória e política) — e de uma 
estratégia de desenvolvimento que contemple 
a intensificação da inovação tecnológica, o 
adensamento das principais cadeias produtivas, 
a internacionalização das empresas brasileiras 
de classe mundial, o aumento dos níveis de 
escolaridade da população (especialmente 
daquela mais carente), a redução das disparidades 
regionais (a concentração geográfica do PIB nas 
regiões sul e sudeste do País e nos 50 maiores 
municípios é particularmente relevante), o 
combate à corrupção e o fortalecimento das 
estruturas de governança pública.
INVESTIMENTO
A formação bruta de capital fixo (investimento 
bruto) é um dos principais componentes 
da demanda. Um dos efeitos positivos do 
investimento é aumentar a capacidade instalada 
da economia, o que permite um crescimento 
mais acelerado sem pressões inflacionárias. 
Desde 2003, a participação do investimento 
como proporção do PIB corrente tem crescido e a 
expectativa é de que em 2009 tenha sido de 19% 
(versus a média de 16,4% entre 2001 e 2007 e 
18,9% em 2008).
A execução do Programa de Aceleração do 
Crescimento (PAC), anunciado em 22/01/07, 
teve efeitos importantes sobre o PIB de 2009 
— particularmente em face da retração dos 
investimentos privados —, mas muito inferiores 
ao esperado (e mesmo inferiores àqueles 
associados aos gastos correntes): atrasos no 
cronograma de várias obras acabaram por limitar 
os efeitos multiplicadores desses investimentos. 
Esses atrasos decorreram, principalmente, de 
problemas de gestão e enxurrada de ações 
judiciais (desapropriação, licenciamento 
ambiental, leilões de concessão, etc.) contra as 
obras do Programa.
Com a aceleração do crescimento, o aumento 
da demanda e a diminuição da capacidade ociosa 
irão contribuir para o aumento dos investimentos 
no setor privado que, somados aos investimentos 
públicos, devem aumentar não apenas o nível, 
mas também a participação relativa no PIB 
(podendo atingir até 20%).
O agente mais importante na manutenção 
de níveis elevados de investimento é o BNDES. 
Essa instituição tem um papel estratégico 
cada vez mais relevante no financiamento da 
infraestrutura nacional e deve continuar a tê-lo 
em 2010, mesmo com o abrandamento das 
restrições ao crédito por parte das instituições 
financeiras privadas. No ano passado, o volume 
de desembolsos do banco somou R$137 bilhões 
(versus R$92,2 bilhões em 2008) e a expectativa 
é de que se empreste R$126 bilhões em 2010 
(uma redução de 8%).
Por fim, a percepção do investidor 
estrangeiro sobre o estado da economia e 
as perspectivas de crescimento estão ainda 
mais positivas do que em 2009, apesar do 
reposicionamento dos investimentos e dos 
fluxos de capitais nos mercados globais em 
decorrência da crise financeira. Desde 2003, 
o fluxo de investimento direto para o Brasil 
tem crescido e em 2008 atingiu o seu pico 
GUIA BDO 2009-2010 17GUIA PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2009-2010
histórico (US$45 bilhões). No ano passado, 
as estimativas são de que os investimentos 
atingiram US$25 bilhões. Para 2010, a 
expectativa é de que esse fluxo seja próximo 
ao recorde observado em 2008 devido à 
exploração do pré-sal, à Copa de 2014 e às 
Olimpíadas de 2016.
INFLAçãO E JUROS
Em 2009, as taxas de inflação medidas por 
diversos índices e instituições apresentaram 
uma reversão em suas respectivas trajetórias 
de ascensão. O IPCA, por exemplo, que baliza 
o regime de metas de inflação, foi de 4,5% em 
2007, 5,9% em 2008 e, pelas estimativas desse 
início de ano, foi pouco superior a 4% em 2009. 
O limite superior da meta é de 6,5% ao ano. Já 
o IGP-M, que indexa os contratos de serviços 
públicos (água, energia elétrica e telefone), foi 
de 7,8%, em 2007, 9,8% em 2008 e -1,7% em 
2009, apresentando a sua primeira deflação 
desde que foi calculado pela primeira vez, pela 
FGV, em 1989). Essa trajetória deve implicar em 
um resíduo deflacionário importante nas tarifas 
públicas e aluguéis em 2010. Todos os resultados 
do ano encerrado superaram a maioria das 
expectativas do mercado.
É importante enfatizar, como temos feito 
anualmente neste Guia, que todo processo de 
desenvolvimento econômico sustentado exige 
uma taxa de inflação baixa e pouco volátil. A 
conjugação de produção, investimento e geração 
de emprego com inflação elevada só existe no 
mundo da fantasia. Não existe, na moderna teoria 
e boa prática econômica, qualquer argumento 
plausível para que a taxa de inflação seja elevada. 
Pior ainda, o aumento da taxa de inflação 
penaliza não apenas as decisões de investimento, 
como também — e principalmente — a população 
mais carente do País.
O comportamento dos índices em 2010 
não deve exigir mais atenção da autoridade 
monetária, apesar de as pressões associadas ao 
ciclo econômico-político e a crise nos mercados 
de crédito internacionais exigirem dela atenção 
redobrada. O grande desafio que se apresenta 
é uma eventual expansão da economia a taxas 
superiores a 6% a.a. por alguns anos, dados os 
gargalos assombrosos na capacidade instalada e 
na infraestrutura nacional.
Em 2008, a taxa Selic aumentou de 11,25% 
para 13,75% a.a., em movimento contrário ao 
observado nos dois anos anteriores. Em 2009, ela 
reduziu-se significativamente, atingindo apenas 
8,75% a.a. Essa foi uma grande surpresa para 
a maior parte do mercado, com efeitos muitos 
positivos sobre as demais taxas praticadas. A 
grande incógnita de 2010 é a trajetória da taxa 
básica de juros. O intervalo para a taxa Selic 
situa-se entre 9,5% e 11,75% a.a., contrastando 
com os intervalos bem mais estreitos estimados 
para outros indicadores macroeconômicos.
A incerteza também diz respeito à trajetória 
de ajuste que será adotada pelo Banco Central, 
mas existe o consenso de que ao final do primeiro 
semestre a taxa deva ser mais elevada do que 
aquela de dezembro. Dada a defasagem da 
política monetária (período entre a redução 
da taxa e o impacto final sobre os preços) de 
pelo menos seis meses, a dúvida é se o Banco 
irá aguardar a confirmação da aceleração do 
crescimento antes de elevar a taxa básica.
FINANçAS PúBLICAS
Os gastos públicos em 2009, nas três esferas de 
governo, contribuíram positivamente para mitigar 
os efeitos adversos da crise econômica e devem 
continuar neste ano. A expectativa é de que as 
despesas não financeiras dos governos federal, 
estadual e municipal continuarão em alta, mas a 
18 GUIA PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2009-2010
um ritmo inferior ao observado no ano passado. 
Somadas, essas despesas correspondem a quase 
um terço do PIB.
A carga tributária foi reduzida neste ano 
devido aos efeitos da crise econômica: de 
um lado, aatividade econômica contraiu-se 
fortemente no primeiro trimestre do ano e, de 
outro, as desonerações tributárias foram adotadas 
para diversos setores de atividade. A confusão 
momentânea na estrutura de governança da 
Receita Federal do Brasil também contribuiu para 
a diminuição da receita. Mais recentemente, foram 
anunciadas e implementadas diversas medidas 
administrativas e normativas com o objetivo de 
diminuir a evasão e elisão tributária e aumentar 
a receita. Os resultados observados a partir do 
último trimestre de 2009 são bastante positivos.
A razão “dívida pública/PIB” ficou próxima 
de 45% em dezembro de 2009, comparada com 
38,8% em 2008, 42,7% em 2007 e 44,7% em 
2006. Com a perspectiva de um crescimento 
de 5% ou mais e um superávit primário de 2% 
a 2,5% do PIB, essa razão deve voltar a diminuir 
em 2010, fechando o ano ao torno de 43%. 
Outros indicadores, como a necessidade de 
financiamento primário (o chamado superávit/
déficit primário) e de financiamento nominal 
também foram positivos, mas com um 
desempenho inferior ao observado em 2008.
Em 2009, a meta do superávit primário foi de 
2,5% do PIB, com permissão de abatimento de 
investimentos de até 0,94% do PIB. Para 2010, 
a meta é de 3,3% do PIB, com possibilidade de 
desconto de até 0,65%. A expectativa é de que a 
arrecadação aumentará — por conta da expansão 
da atividade econômica — e o aumento das 
despesas correntes não ocorrerá com a mesma 
intensidade do ano passado, na medida em que 
os efeitos da crise econômica forem praticamente 
dissipados no Brasil.
Apesar do cenário de expansão das 
despesas e da contração das receitas, o risco de 
insolvência do setor público está fora de todos os 
cenários traçados para os próximos anos. Uma 
âncora importante da solvência fiscal é a Lei 
Complementar nº 101 (Lei de Responsabilidade 
Fiscal), de 04/05/00, que pressupõe dos entes 
federativos uma ação planejada e transparente 
com vistas ao controle das contas públicas.
COMÉRCIO ExTERIOR E TAxA DE CâMBIO
O ano de 2009 deve ser uma referência 
importante na análise das contas externas do 
País. O principal motivo é que estamos passando 
por uma mudança estrutural, com uma tendência 
de queda dos superávits comerciais e um déficit 
em transações correntes, que deve se intensificar 
nos próximos anos. Os efeitos dessa mudança 
são relevantes, com impactos sobre a taxa de 
câmbio, o nível das reservas internacionais, a 
matriz produtiva e a geração de empregos. Até 
o momento, não é vislumbrado um cenário de 
deterioração acentuada que comprometa a 
própria estabilização da economia, mas, sem 
dúvida, a luz amarela se acendeu.
Desde o pós-guerra, o saldo da balança 
comercial é superavitário (as principais exceções 
foram nos anos iniciais do Plano Real). Em 2006, o 
saldo foi de US$46,5 bilhões, caindo para US$40 
bilhões em 2007, US$24,9 bilhões em 2008 e 
US$24,6 bilhões em 2009. A balança comercial 
brasileira fechou o ano de 2009 com o pior saldo em 
sete anos. Com a crise econômica, as exportações 
sofreram a maior queda percentual desde 1950. No 
ano passado, as exportações atingiram US$152,2 
bilhões e as importações US$127,6 bilhões (versus 
US$197,9 bilhões e US$172,9 bilhões no ano 
anterior, respectivamente). A redução do fluxo 
comercial — de quase 24% — decorreu diretamente 
da crise econômica global. No segundo semestre, 
GUIA BDO 2009-2010 19GUIA PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2009-2010
com a retomada do crescimento (no mercado local 
e em alguns mercados internacionais), tanto as 
exportações quanto as importações cresceram. Por 
fim, é importante observar que a evolução da taxa 
de câmbio também teve efeitos negativos sobre o 
saldo comercial.
O fluxo comercial deve crescer este ano, mas 
não são esperadas variações significativas no 
saldo da balança comercial, novamente devido 
ao câmbio e ao crescimento mais acelerado do 
mercado doméstico. De fato, o saldo comercial em 
2010 deve continuar a cair devido ao crescimento 
mais rápido das importações (principalmente 
volume) e da menor expansão das exportações 
(preço e volume): a expectativa é de um saldo 
inferior a R$10 bilhões, podendo ser negativo.
A conta de serviços deve manter seu déficit 
estrutural, dadas as despesas com o pagamento 
de empréstimos externos, as remessas de lucros 
e dividendos, o turismo e os fretes e seguros. 
O crescimento da atividade econômica e a 
manutenção da taxa de câmbio são variáveis 
explicativas importantes do saldo dessa conta.
O saldo em transações correntes (que, 
do ponto de vista econômico, corresponde 
ao excesso do consumo e investimento sobre 
o produto, ou o excesso dos investimentos 
sobre poupança doméstica e, do ponto de vista 
contábil, é o excesso de importações sobre as 
exportações de bens e serviços) continua positivo, 
mas em queda: em 2006 foi US$13,6 bilhões, em 
2007 foi US$1,7 bilhões e, em 2008, foi negativo 
em US$33,9 bilhões. Para 2009, a estimativa é 
que o saldo negativo tenha piorado ainda mais e 
que o mesmo ocorra em 2010.
Com o acirramento da crise cambial, em 
setembro de 2008, o real iniciou um processo 
acelerado de valorização (juntamente com uma 
maior volatilidade). Os resultados parciais para 
2009 mostram, como no ano anterior, que o real 
foi a moeda que mais se valorizou no mundo 
(seguida do dólar, do rand, do peso chileno e do 
dólar neo-zelandês) e a moeda mais volátil entre 
um conjunto de países das Américas (Argentina, 
Bolívia, Chile, Colômbia, Estados Unidos, 
México, Peru e Venezula).
O resultado do balanço de pagamentos e, 
principalmente, da balança comercial deve definir 
a taxa de câmbio R$/US$ no biênio 2010—
2011. Desde 2006, a taxa média de câmbio é 
decrescente. Para o final de 2010, espera-se uma 
taxa pouco superior a R$1,7 (algumas estimativas 
colocam o câmbio a R$1,6 no fim deste ano) e 
ainda inferior a R$1,85 em 2011. Essa trajetória é 
esperada mesmo com a pressão adicional sobre o 
câmbio decorrente da regulamentação do Fundo 
Soberano do Brasil (FSB), feita pelo governo ao 
fim de dezembro do ano passado.
Por fim, é importante observar na área externa 
que, desde 2002, com os saldos comerciais 
em crescimento e a estabilidade nos mercados 
internacionais, as reservas internacionais do 
Brasil cresceram bastante: de US$32,8 bilhões 
para US$239 bilhões ao final de 2009. Entre os 
países do BRIC, o Brasil foi o que mais aumentou 
proporcionalmente a suas reservas internacionais, 
23,4% — correspondentes a US$45,2 bilhões). 
A expectativa é de que as reservas continuem 
a aumentar em 2010, podendo atingir mais de 
US$275 bilhões. 
CONCLUSÕES
Nossa avaliação e conclusão sobre o desempenho 
recente e as trajetórias esperadas para a 
economia mundial e brasileira em 2010 podem 
ser sumarizadas da seguinte maneira: 
CENÁRIO ExTERNO
A crise econômica e financeira mundial é mais 
profunda e generalizada e seus efeitos serão mais 
20 GUIA PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2009-2010
duradouros do que se imaginava. A crise continua 
a se desenrolar e suas causas e intervenções serão, 
sem dúvida, objeto de debate por muitos anos. 
Ainda não temos respostas para todos os problemas 
e, em muitos casos, não sabemos sequer quais 
são as perguntas pertinentes. Apesar disso, já 
observamos o início da retomada do crescimento 
econômico — geográfica e setorialmente limitada, é 
claro — ao final do ano passado.
CENÁRIO INTERNO
A continuidade da política econômica deve ser 
assegurada pelo executivo federal, pois implica 
no reconhecimento de que a estabilidade 
macroeconômica é condição fundamental para o 
desenvolvimento e a inserção social de milhões 
de brasileiros. Essa estabilidade se resume ao 
controle da inflação, à disciplina fiscal e monetária, 
à gestão pública eficiente e aos programas sociais 
focados na população mais carente. É óbvio que 
intervenções pontuais em determinados setores 
de atividade e o uso de políticas anticíclicas 
inteligentes devem ser defendidas. No entanto, 
isso não implica na generalização de medidas 
descontínuasde ajustes, populistas e de baixa 
eficiência e eficácia — apesar de todas as pressões 
políticas em sentido contrário.
O cenário atual brasileiro é um dos mais 
favoráveis do mundo, em praticamente todos 
os setores de atividade econômica. É claro 
que a crise financeira mundial deve continuar 
limitando a produção e o emprego local. No 
entanto, a participação do setor público e a 
demanda doméstica compensam seus efeitos 
negativos e asseguram um crescimento 
sustentável a taxas elevadas.
*Luíz Nelson Porto Araujo
Consultor da BDO
 21
GOVERNANçA CORPORATIVA: 
UM PROCESSO EVOLUTIVO
Estamos vivenciando o final de um ano de ricas 
experiências para todos os setores do mercado. 
A maior lição de todas nesse ano de 2009 foi que 
toda crise passa e que precisamos estar sempre 
preparados para ultrapassar as adversidades e 
aproveitar as oportunidades. 
O ano de 2009, além do ambiente de 
gerenciamento de crise e retomada do mercado, 
foi marcado por importantes fatos ligados à 
governança e gestão, tais como:
Revisão do código de melhores práticas •	
pelo Instituto Brasileiro de Governança 
Corporativa (IBGC).
Publicação pelo Banco Central para as •	
novas regras de gestão de riscos de crédito 
para as instituições financeiras. 
Consolidação do processo de convergência •	
contábil do Brasil para o padrão 
internacional IFRS. 
Nossa experiência em projetos desenvolvidos 
para avaliar gestão, riscos e controles demonstrou 
certa carência nas empresas de pequeno e médio 
porte, sobretudo aquelas de controle familiar.
Em linhas gerais, as fragilidades encontradas nas 
empresas têm duas características bem distintas, a 
primeira delas diz respeito à forte evidenciação das 
ineficiências nos momentos de menor volume de 
negócios. Nessas ocasiões, gastos e desperdícios 
se tornam mais aparentes, bem como a ausência 
de uma adequada gestão para conter custos, 
aperfeiçoar processos e estruturas internas das 
organizações. Quando tudo está indo muito bem, é 
natural negligenciar controles. Contudo, se pagará 
um preço caro no futuro. 
A segunda fragilidade se constata nos 
momentos de forte crescimento. O que de 
fato acontece é um distanciamento entre 
as curvas de ascensão dos negócios e do 
nível de amadurecimento dos processos e 
controles, ou seja, há uma defasagem no 
modelo de governança e gestão que, se não 
tratado tempestivamente, poderá facilmente 
comprometer todo o crescimento da organização. 
Reforçamos neste ponto a necessidade de 
diagnosticar em qual dessas duas situações a 
empresa se encontra e qual a melhor solução.
Vislumbrando as expectativas promissoras 
para o mercado em 2010 e resgatando 
as experiências de 2009, resta reforçar a 
importância de avaliar o estágio de maturidade 
dos processos organizacionais, principalmente 
no que diz respeito ao nível de confiança das 
informações para tomada de decisão, aos 
controles de proteção dos ativos, às estruturas 
que garantem o cumprimento de regras e aos 
processos que refletem a eficiência e a eficácia 
das operações.
Pensar em governança pode ser traduzido em 
observar a organização em camadas que precisam 
de uma adequada comunicação e sinergia. 
GOVERNANÇA CORPORATIVA E 
GESTãO DE RISCOS
22 GUIA PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2009-2010
Podemos exemplificar uma parte disso na figura abaixo:
Outra forma de tratar a governança é 
segmentá-la em áreas de atuação, como 
governança tributária, em tecnologia da 
informação, ambiental, em contratos, etc. 
Em linha com essa tendência, a BDO lançou 
estudo inédito no Brasil em conjunto com a 
Associação Nacional dos Gestores de Contratações 
(ANGC). O objetivo do trabalho foi conhecer as 
práticas e as ferramentas de governança utilizadas 
pelas organizações para gerir o ciclo de vida de seus 
contratos. Os resultados podem ser obtidos por 
solicitação via e-mail linhares@bdobrazil.com.br.
 23
SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL
A MUDANçA NA VISãO DE SER 
SOCIALMENTE, AMBIENTALMENTE E 
FINANCEIRAMENTE RESPONSÁVEL
A busca pela responsabilidade social tem 
deixado de ser encarada como uma despesa 
ou um ônus e tem passado a ser vista como 
um bom investimento, reduzindo custos 
e aumentando a receita. Os empresários 
passaram a se preocupar cada vez mais com 
toda a sua cadeia produtiva, repensando 
seus produtos, fornecedores, processos e 
tecnologias utilizados na produção, e até 
mesmo no cliente final. 
Os administradores estão constatando 
que ser social e ambientalmente responsável 
traz enormes benefícios, como a melhora da 
performance financeira, por meio da redução 
de riscos e custos, e o consequente aumento 
nas vendas e continuidade do negócio e da 
distribuição de riqueza, além da melhoria 
do rating e da obtenção de menores taxas 
de financiamento e do acesso facilitado ao 
mercado de capitais.
Tudo isto é fruto da conceituação 
e estruturação de uma área específica, 
do constante diálogo com os diversos 
stakeholders e com a crescente preocupação 
de manter uma comunicação ética e 
transparente, por meio de relatórios de 
sustentabilidade.
COMPROMISSO NACIONAL — 
SETOR SUCROALCOOLEIRO
Durante o exercício de 2009 foi assinado, 
voluntariamente, por mais de 300 empresas do 
setor o Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as 
condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar, o qual visa 
a garantir novos direitos e qualidade de vida para os 
trabalhadores da lavoura de cana-de-açúcar.
De acordo com o divulgado, os signatários 
deste Compromisso constituirão a Comissão 
Nacional de Diálogo e Avaliação do Compromisso 
Nacional e terão as seguintes atribuições:
I. Estabelecer critérios e procedimentos 
para implementar, acompanhar e avaliar 
os resultados do Compromisso Nacional, 
inclusive com a possibilidade de autorizar 
auditoria independente para o exercício 
das atividades de monitoramento do 
cumprimento das práticas empresariais.
II. Divulgar o Compromisso Nacional e 
estimular a adesão das empresas do setor 
sucroalcooleiro.
III. Propor e definir mecanismos para eventuais 
ajustes na adesão e permanência de empresas 
aos termos do Compromisso.
IV.Deliberar sobre o estabelecimento 
e a divulgação de mecanismo de 
reconhecimento das empresas que aderirem 
e cumprirem as práticas empresariais 
estabelecidas no Compromisso.
V. Propor e debater a revisão do Compromisso. 
RESPONSABILIDADE SOCIAL 
CORPORATIVA E SUSTENTABILIDADE
24 GUIA PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2009-2010
ISO 26000
A ISO 26000 será a norma internacional de 
responsabilidade social e deverá ser lançada 
no 4º trimestre de 2010. A participação na 
elaboração da ISO 26000 é multistakeholder, 
sendo representados seis segmentos sociais: 
consumidores, empresas, governo, organizações 
não governamentais (ONGs), trabalhadores e 
o último segmento que é formado por serviço, 
suporte, pesquisa e outros. 
Em 2009, a norma passou para o estágio DIS 
(Draft International Standard) o que significa que 
o conteúdo já está bem consolidado e poucas 
alterações deverão ocorrer no texto. Os membros 
que participam da ISO votarão sua aprovação e 
os resultados sairão em março de 2010, seguindo 
para a próxima fase mais protocolar e rápida, 
a FIDIS (Final Draft International Standard). A 
próxima reunião internacional ocorrerá em maio 
de 2010, em Copenhagen, na Dinamarca, e a data 
esperada para a publicação da norma ISO 26000 
é setembro de 2010.
COP 15
O Acordo de Copenhagen sobre mudança 
climática foi selado entre Estados Unidos, Brasil, 
China, Índia e África do Sul, em dezembro de 
2009, em Copenhagen, na Dinamarca. Em 2010 
esse Acordo deverá ser transformado em tratado, 
com valor legal.
Um dos principais pontos previstos neste 
Acordo é o de reconhecimento da necessidade de 
se limitar o aumento das temperaturas globais a 
2ºC acima dos níveis pré-industriais.
A implementação do Acordo de Copenhagen 
será revista em 2015.
 CRONOGRAMA DE CONSTRUçãO DA NORMA ISO 26000 ATÉ 2009
Setembro de 2002•	 — Conselho da ISO cria o SAG (Strategic Advisory Group)
Junho de 2004•	 — ISO decide pelanormatização
Janeiro de 2005•	 — início dos trabalhos do grupo de Responsabilidade Social da ISO — ABNT/SIS
Março de 2005•	 — I Reunião Internacional — Salvador, Brasil
Setembro de 2005•	 — II Reunião Internacional — Bangkok, Tailândia
Maio de 2006•	 — III Reunião Internacional — Lisboa, Portugal
Janeiro de 2007•	 — IV Reunião Internacional — Sidney, Austrália
Novembro de 2007•	 — V Reunião Internacional — Viena, Áustria
Setembro de 2008•	 — VI Reunião Internacional — Santiago, Chile
Maio de 2009•	 — VII Reunião Internacional — Quebec, Canadá
ASPECTOS CONTÁBEIS
 27
Em 10 de novembro de 2000 foi iniciada a tramitação 
do Projeto de Lei nº 3.741, cujo objetivo era modernizar 
o capítulo de práticas contábeis da lei das sociedades 
por ações (Lei nº 6.404 de 1976), sendo aprovada e 
publicada no dia 28 de dezembro de 2007, na forma 
da Lei nº 11.638, vigorando a partir do dia 1º de janeiro 
de 2008. Considerando que muitas de suas alterações 
CPC
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS
trazem consigo também mudanças culturais, o tempo 
para adaptação foi curto. Adicionalmente, para incluir 
os reflexos das mudanças contábeis nas questões 
tributárias, fizeram-se necessárias mais algumas 
alterações, trazidas pela Lei nº 11.941/09. As leis nº 
11.638 e nº 11.941 trazem em seu bojo como principais 
alterações comparativas:
ANTES DEPOIS
Publicação da DOAR (Demonstração das Origens e 
Aplicações de Recursos).
Publicação da DFC (Demonstração dos Fluxos de Caixa).
As companhias fechadas com patrimônio líquido não 
superior a R$1 milhão eram desobrigadas a publicar a DOAR.
As companhias fechadas com patrimônio líquido inferior a 
R$2 milhões são desobrigadas a publicar a DFC.
A DVA (Demonstração do Valor Adicionado) não era exigida. DVA (Demonstração do Valor Adicionado) exigida para as 
companhias abertas.
A escrituração contábil era efetuada de acordo com 
os princípios de contabilidade geralmente aceitos e 
pela legislação comercial, podendo registrar nos livros 
comerciais ou em livros auxiliares os ajustes decorrentes 
da legislação tributária ou de legislação específica sobre 
a atividade da sociedade.
A escrituração contábil é efetuada de acordo com as práticas 
contábeis adotadas no Brasil. Eventuais alterações oriundas 
da legislação tributária ou legislações especiais devem 
ser mantidas em livros auxiliares sem prejuízo às práticas 
contábeis que serão adotadas.
A CVM expedia normas contábeis de acordo com os 
princípios de contabilidade geralmente aceitos.
A CVM deve expedir normas contábeis em consonância 
com os padrões internacionais de contabilidade (IFRS — 
International Financial Reporting Standards).
Não havia obrigatoriedade de aplicação, pelas 
companhias fechadas, das normas e resoluções da CVM.
As companhias fechadas podem optar por observar as 
normas contábeis emanadas da CVM.
Os efeitos de ajustes contábeis (com algumas exceções 
previstas na legislação tributária) eram considerados na 
base de incidências dos impostos.
Os efeitos de ajustes contábeis decorrentes da mudança 
de norma contábil não podem ser considerados na base de 
incidências dos impostos.
O ativo permanente era dividido em: investimentos, 
ativo imobilizado e ativo diferido.
O grupo de ativo permanente foi extinto e os novos 
grupamentos são: investimentos, imobilizado e intangível.
O patrimônio líquido era dividido em: capital social, 
reservas de capital, reservas de reavaliação, reservas de 
lucros e lucros ou prejuízos acumulados.
O patrimônio líquido deve ser dividido em: capital social, 
reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de 
lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados.
28 GUIA PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2009-2010
ANTES DEPOIS
Os prêmios recebidos na emissão de debêntures, bem 
como as doações e as subvenções para investimento, 
podiam ser registrados como reservas de capital.
Os prêmios recebidos na emissão de debêntures, bem 
como as doações e as subvenções para investimento devem 
integrar o resultado do exercício.
Aumentos de valores nos saldos de ativos eram registrados 
como reserva de reavaliação, no patrimônio líquido.
Aumentos ou diminuições de valores nos saldos de ativos 
e passivos decorrentes de avaliações a preço de mercado 
devem ser registrados na conta de ajustes de avaliação 
patrimonial, no patrimônio líquido.
Os ativos eram avaliados pelo seu custo ou pelos seus 
valores de mercado, dos dois o menor, sempre deduzido 
de provisões para perdas, amortização, depreciação ou 
exaustão.
Os ativos devem ser avaliados pelo custo ou mercado, dos 
dois o menor, sempre deduzido de provisões para perdas. Para 
rubricas específicas, é aceita a contabilização pelo valor de 
mercado. Para os ativos de longo prazo, devem ser efetuados 
ajustes a valor presente. O produto de operações com 
instrumentos financeiros deve ser registrado em consonância 
com as regras especificadas da lei. Periodicamente, a entidade 
deve avaliar a recuperação dos valores dos ativos imobilizado, 
intangível e diferido e, sempre que necessário, devem ser 
ajustados aos seus valores de realização.
Os passivos eram avaliados de forma conservadora e 
acrescidos de todos os encargos, juros, multas, correções 
e variações cambiais cabíveis.
Os passivos serão avaliados de forma conservadora, 
acrescidos de todos os encargos, juros, multas, correções 
e variações cambiais cabíveis. Os passivos de longo prazo 
serão ajustados ao seu valor presente e aos saldos de curto 
prazo, quando houver efeito relevante.
Nas operações de incorporação, fusão ou cisão, os saldos 
vertidos podiam ser registrados pelos valores contábeis.
Nas operações de incorporação, fusão ou cisão, a CVM 
determinará os critérios contábeis a ser praticados.
As controladas deviam ser avaliadas pelo método da 
equivalência patrimonial.
As controladas, sociedades que fazem parte do mesmo 
grupo que estejam sob controle comum, devem ser avaliadas 
pelo método de equivalência patrimonial.
As companhias abertas eram obrigadas a publicar as suas 
demonstrações contábeis devidamente auditadas.
As companhias fechadas eram obrigadas a publicar suas 
demonstrações contábeis.
As companhias abertas são obrigadas a publicar suas 
demonstrações contábeis devidamente auditadas. As 
companhias fechadas são obrigadas a publicar suas 
demonstrações contábeis. As empresas (ou grupo de empresas 
sob controle comum) enquadradas como sociedades de grande 
porte, ou seja, com receita bruta anual superior a R$300 
milhões ou ativo total superior a R$240 milhões, mesmo que 
não constituídas como sociedades por ações, estão obrigadas 
a observar as práticas contábeis previstas na lei ou na CVM, 
incluindo a auditoria de suas demonstrações contábeis.
CPC A CVM, o BACEN e demais órgãos e agências reguladoras 
podem celebrar convênio com órgãos técnicos de 
contabilidade no intuito de emitir normas contábeis. Apesar 
de o seu nome não estar descrito na lei, o órgão que está 
desempenhando a função de emitir normas contábeis em 
consonância com os IFRS e em convênio com a CVM e o CFC é 
o CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis).
GUIA BDO 2009-2010 29GUIA PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2009-2010
E sobre esta última alteração que diz 
respeito ao CPC, foi com certeza uma das 
principais mudanças, objetivo deste capítulo. 
É importante ressaltar que a lei não cita 
diretamente ou institui o CPC, porém o CFC 
(Conselho Federal de Contabilidade) adiantou-
se em 7 de outubro de 2005 criando-o, cujos 
trabalhos iniciaram. Fazem parte do CPC não 
somente os representantes dos preparadores 
de DCs (CFC, Ibracon e Fipecafi), mas também 
dos usuários (Apimec e Bovespa) e dos 
tomadores de decisão (Abrasca), para dar-lhe 
um fórum amplo de discussão.
A CVM, o Bacen e a Susep, desde 2007 (ou 
seja antes da aprovação da Lei nº 11.638/07), 
definiram que as companhias sob supervisão 
deveriam apresentar as DCs de 2010 em IFRS 
preparados pelo IASB. Nesse sentido, o CPC 
preparou uma agenda de pronunciamentos aserem emitidos com o intuito de adequar as 
praticas contábeis adotadas no Brasil com o IFRS 
e até 31 de dezembro de 2009 cumpriu com este 
compromisso, exceto pelos pronunciamentos 
(CPCs) nº 34, nº 41 e nº 42 que, para aplicação no 
Brasil, fazem-se necessárias algumas mudanças 
nos textos originais do IASB, devidamente 
sugeridas, porém até o momento não houve 
posicionamento do IASB.
Com isso, o Brasil passa a adotar a mesma 
métrica contábil que está sendo adotada ou em 
fase de adoção por mais de 100 países, tendo, 
assim, os mais modernos princípios contábeis 
mundiais. Para um melhor entendimento, o 
CPC emite: pronunciamentos, interpretações 
e orientações. Os pronunciamentos e as 
interpretações têm correlação direta com o 
IFRS e o IFRIC do IASB, respectivamente. As 
orientações são emitidas somente em casos de 
especificidades brasileiras, não tendo correlação 
com documentos emitidos pelo IASB.
A seguir segue quadro sintético dos 
pronunciamentos:
CPC 
Pronunciamentos
IASB 
Pronunciamentos
DESCRIÇãO CVM* CFC*
CPC 00 Framework Estrutura Conceitual para a 
Elaboração e Apresentação das 
Demonstrações Contábeis
539/08 1.121/08
CPC 01 IAS 36 Redução ao Valor Recuperável de 
Ativos
527/07 1.110/07
CPC 02 IAS 21 Efeitos das Mudanças nas Taxas 
de Câmbio e Conversão de 
Demonstrações Contábeis 
534/08 1.120/08 e 1.164/09 
CPC 03 IAS 7 Demonstração dos Fluxos de Caixa 547/08 1.125/08
CPC 04 IAS 38 Ativo Intangível 553/08 1.139/08 e 1.140/08
CPC 05 IAS 24 Divulgação sobre Partes Relacionadas 560/08 1.145/08
CPC 06 IAS 17 Operações de Arrendamento 
Mercantil 
554/08 1.141/08
CPC 07 IAS 20 Subvenção e Assistência 
Governamentais 
555/08 1.143/08
30 GUIA PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2009-2010
CPC 
Pronunciamentos
IASB 
Pronunciamentos
DESCRIÇãO CVM* CFC*
CPC 08 IAS 39 - partes Custos de Transação e Prêmios 
na Emissão de Títulos e Valores 
Mobiliários
556/08 1.142/08
CPC 09 - Demonstração do Valor Adicionado 
- DVA
557/08 1.138/08 e 1.162/09
CPC 10 IFRS 2 Pagamento Baseado em Ações 562/08 1.149/09
CPC 11 IFRS 4 Contratos de Seguro 563/08 1.150/09
CPC 12 - Ajuste a Valor Presente 564/08 1.151/09
CPC 13 - Adoção Inicial da Lei no. 11.638/07 e 
da Medida Provisória no. 449/08
565/08 1.152/09
CPC 14 R1 IAS 32/39 - partes Instrumentos Financeiros: 
Reconhecimento, Mensuração e 
Evidenciação 
608/09 1.240/09
CPC 15 IFRS 3 Combinação de Negócios 580/09 1.175/09
CPC 16 IAS 2 Estoques 575/09 1.170/09
CPC 17 IAS 11 Contratos de Construção 576/09 1.171/09
CPC 18 IAS 28 Investimento em Coligada e em 
Controlada
605/09 1.241/09
CPC 19 IAS 31 Investimento em Empreendimento 
Controlado em Conjunto (Joint 
Venture) 
606/09 1.242/09
CPC 20 IAS 23 Custos de Empréstimos 577/09 1.172/09
CPC 21 IAS 34 Demonstração Intermediária 581/09 1.174/09
CPC 22 IFRS 8 Informações por Segmento 582/09 1.176/09
CPC 23 IAS 8 Políticas Contábeis, Mudança de 
Estimativa e Retificação de Erro 
592/09 1.179/09
CPC 24 IAS 10 Evento Subsequente 593/09 1.184/09
CPC 25 IAS 37 Provisões, Passivos Contingentes e 
Ativos Contingentes 
594/09 1.180/09
CPC 26 IAS 1 Apresentação das Demonstrações 
Contábeis
595/09 1.185/09
CPC 27 IAS 16 Ativo Imobilizado 583/09 1.177/09
CPC 28 IAS 40 Propriedade para Investimento 584/09 1.178/09
CPC 29 IAS 41 Ativo Biológico e Produto Agrícola 596/09 1.186/09
CPC 30 IAS 18 Receitas 597/09 1.187/09
CPC 31 IFRS 5 Ativo Não Circulante Mantido para 
Venda e Operação Descontinuada 
598/09 1.188/09
GUIA BDO 2009-2010 31GUIA PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2009-2010
CPC 
Pronunciamentos
IASB 
Pronunciamentos
DESCRIÇãO CVM* CFC*
CPC 32 IAS 12 Tributos sobre o Lucro 599/09 1.189/09
CPC 33 IAS 19 Benefícios a Empregados 600/09 1.193/09
CPC 35 IAS 27 Demonstrações Separadas 607/09 1.239/09
CPC 36 IAS 27 Demonstrações Consolidadas 608/09 1.240/09
CPC 37 IFRS 1 Adoção Inicial das Normas 
Internacionais de Contabilidade 
609/09 1.253/09
CPC 38 IAS 39 Instrumentos Financeiros: 
Reconhecimento e Mensuração 
604/09 1.196/09
CPC 39 IAS 32 Instrumentos Financeiros: 
Apresentação
604/09 1.197/09
CPC 40 IFRS 7 Instrumentos Financeiros: 
Evidenciação 
604/09 1.198/09
CPC 43 IFRS 1 Adoção Inicial dos Pronunciamentos 
Técnicos CPC 15 a 40
610/09 1.254/09
CPC PME IFRS - SMES Contabilidade para Pequenas e 
Médias Empresas
- 1.255/09
I-CPC 01 IFRIC 12 Contratos de Concessão 611/09 1.261/09
I-CPC 02 IFRIC 15 Contrato de Construção do Setor 
Imobiliário 
612/09 1.266/09
I-CPC 03 IFRIC 4 e SICs 15 e 27 Aspectos Complementares das 
Operações de Arrendamento 
Mercantil
613/09 1.256/09
I-CPC 04 IFRIC 8 Alcande do Pronunciamento Técnico 
CPC 10 - Pagamento Baseado em 
Ações 
614/09 1.257/09
I-CPC 05 IFRIC 11 Pronunciamento Técnico CPC 10 
- Pagamento Baseado em ações - 
Transações de Ações do Grupo e em 
Tesouraria
615/09 1.258/09
I-CPC 06 IFRIC 16 Hedge de Investimentos Líquidos em 
uma Operação no Exterior
616/09 1.256/09
I-CPC 07 IFRIC 17 Distribuição de Lucros in Natura 617/09 1.260/09
I-CPC 08 - Contabilização da Proposta de 
Pagamento de Dividendos
601/09 1.195/09
I-CPC 09 - Demonstrações Contábeis 
Individuais, Separadas, Consolidadas 
e Aplicação do Método de 
Equivalência Patrimonial
618/09 1.262/09
32 GUIA PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2009-2010
* Número da Deliberação CVM ou a Resolução do CFC, exceto quando descrito de outra forma.
Seguem as explicações sintetizadas de todos 
os pronunciamentos emitidos: 
PRONUNCIAMENTOS
CPC 00 — PRONUNCIAMENTO CONCEITUAL 
BÁSICO — ESTRUTURA CONCEITUAL PARA 
A ELABORAçãO E APRESENTAçãO DAS 
DEMONSTRAçÕES CONTÁBEIS
Em 11 de janeiro de 2008, o CPC (Comitê 
de Pronunciamentos Contábeis) divulgou o 
pronunciamento conceitual básico intitulado 
“Estrutura conceitual para a elaboração e 
apresentação das demonstrações contábeis”, 
correlacionado às normas internacionais 
de contabilidade descritas no documento 
emitido pelo IASB, denominado Framework 
for the Preparation and Presentation of 
Financial Statements.
Esse importante pronunciamento estabelece 
os conceitos que fundamentam a preparação 
e a apresentação de demonstrações contábeis 
destinadas a usuários externos, não devendo 
haver qualquer conflito entre o estabelecido 
nesta estrutura conceitual e os pronunciamentos 
técnicos emitidos pelo CPC.
A finalidade da estrutura conceitual é:
Dar suporte ao desenvolvimento de •	
novos pronunciamentos técnicos e à 
revisão de pronunciamentos existentes, 
quando necessário. 
Dar suporte aos responsáveis pela •	
elaboração das demonstrações contábeis 
na aplicação dos pronunciamentos 
técnicos e no tratamento de assuntos 
que ainda não tiverem sido objeto de 
pronunciamentos técnicos. 
CPC 
Pronunciamentos
IASB 
Pronunciamentos
DESCRIÇãO CVM* CFC*
I-CPC 10 - Interpretação sobre aplicação inicial 
ao Ativo Imobilizado e a Propriedade 
para Investimento
619/09 1.263/09
I-CPC 11 IFRIC 18 Reconhecimento em Transferência de 
Ativos dos Clientes 
620/09 1.264/09
I-CPC 12 IFRIC 1 Mudanças em Passivos por 
Desativação, Restauração e Outros 
Passivos Similares
621/09 1.265/09
O-CPC 01 - Entidades de Incorporação Imobiliária 561/08 1.154/09
O-CPC 02 - Esclarecimentos sobre as 
Demonstrações Contábeis de 2008
Ofício-
Circular 
CVM/SNC/
SEP nº 
01/2009
1.157/09
O-CPC 03 - Instrumentos Financeiros: 
Reconhecimento, Mensuração e 
Evidenciação
Ofício-
Circular 
CVM/SNC/
SEP nº 
03/2009
1.199/09
GUIA BDO 2009-2010 33GUIA PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2009-2010
Auxiliar os auditores independentes a •	
formar opinião sobre a conformidade 
das demonstrações contábeis com os 
pronunciamentos técnicos. 
Apoiar os usuários das demonstrações •	
contábeis na interpretação de informações 
nelas contidas, preparadas em conformidade 
com os pronunciamentos técnicos.
Proporcionar, aos interessados, informações •	
sobre o enfoque adotado na formulação dos 
pronunciamentos técnicos.
Essa estrutura conceitual básica, ao longo de 
seu texto, aborda:
O objetivo das demonstrações contábeis.•	
As característicasqualitativas que •	
determinam a utilidade das informações 
contidas nas demonstrações contábeis.
A definição, o reconhecimento e a •	
mensuração dos elementos que compõem as 
demonstrações contábeis.
Os conceitos de capital e de manutenção do •	
capital.
CPC 01 – REDUçãO AO VALOR 
RECUPERÁVEL DE ATIVOS
O pronunciamento define procedimentos 
visando assegurar que os ativos (ou conjunto 
de ativos relevantes relacionados às atividades 
industriais, comerciais e de serviços) não 
estejam registrados contabilmente por 
um valor superior àquele passível de ser 
recuperado no tempo por uso nas operações 
da entidade ou em sua eventual venda. Caso 
existam evidências claras de que os ativos estão 
registrados por valor não recuperável no futuro, 
a entidade deverá imediatamente reconhecer 
a desvalorização, por meio da constituição de 
provisão para perdas.
A entidade deve avaliar, no mínimo em cada 
data de balanço, se há alguma indicação de que 
um ativo possa ter sofrido desvalorização. Se 
houver alguma indicação, a entidade deve estimar 
o valor recuperável do ativo.
O valor recuperável é determinado para 
um ativo isolado, a menos que o ativo não gere 
entradas de caixa provenientes de uso contínuo, 
que são em grande parte independentes daquelas 
provenientes de outros ativos ou de grupos de 
ativos. Se esse for o caso, o valor recuperável é 
determinado para a unidade geradora de caixa à 
qual o ativo pertence, a menos que:
 (a) o valor líquido de venda do ativo seja maior 
do que seu valor contábil; ou
 (b) o valor em uso do ativo possa ser estimado 
como sendo próximo do valor líquido de 
venda e este possa ser determinado.
Uma unidade geradora de caixa do ativo é 
o menor grupo de ativos que inclui o ativo em 
uso e que gera entradas de caixa, que são em 
grande parte independentes das entradas de caixa 
provenientes de outros ativos ou grupos de ativos. 
A identificação de uma unidade geradora de caixa 
requer bom senso. Se o valor recuperável não 
puder ser determinado para cada ativo, a entidade 
identificará o menor grupo de ativos que geram 
entradas de caixa, em grande parte independentes.
CPC 02 – EFEITOS DAS MUDANçAS NAS 
TAxAS DE CâMBIO E CONVERSãO DE 
DEMONSTRAçÕES CONTÁBEIS
 Objetivo
Determinar como incluir transações em •	
moeda estrangeira e operações no exterior 
nas DCs de uma entidade no Brasil;
Definir como converter as DCs no exterior •	
para a moeda de apresentação das DCs no 
34 GUIA PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2009-2010
Brasil para fins de registro da equivalência 
patrimonial e consolidação;
Definir como converter as DCs de entidade no •	
Brasil para outra moeda.
Moeda Funcional
O conceito de moeda funcional trazido à 
legislação brasileira pelo CPC 02 está em linha 
com as regras aplicadas internacionalmente. 
Denomina-se moeda funcional aquela do 
ambiente econômico em que a entidade opera, 
devendo-se considerar, para sua definição, os 
seguintes fatores:
Primários (devem ser priorizados):
A moeda que mais influencia preços de bens e •	
serviços (receitas);
A moeda do país cujas forças competitivas •	
e regulamentos mais influenciam na 
determinação do preço de venda;
A moeda que mais influencia mão-de-obra, •	
material e outros custos.
Secundários:
A moeda pela qual são obtidos os recursos de •	
suas atividades financeiras;
A moeda na qual são acumulados os valores •	
recebidos de atividades operacionais;
Se as atividades da empresa são •	
desenvolvidas como uma extensão da 
controladora, adota-se a moeda funcional da 
controladora; 
Se a empresa vende e compra basicamente da •	
controladora;
Se os fluxos de caixa da empresa são •	
dependentes da controladora.
As transações no Brasil em moeda 
estrangeira devem ser contabilizadas, em seu 
reconhecimento inicial, na moeda funcional, 
aplicando-se a taxa de câmbio na data da 
transação, à importância em moeda estrangeira. 
Nas datas subsequentes, devem-se apresentar 
os itens monetários convertidos usando-se a 
taxa de fechamento, os itens não-monetários ao 
custo histórico (convertidos usando-se a taxa da 
data da transação) ou ao valor justo (convertidos 
usando-se as taxas da data em que o valor justo 
for determinado).
Com relação à divulgação dessas transações, 
a entidade deve:
Demonstrar as variações cambiais líquidas, •	
classificadas em conta específica do PL, e a 
conciliação dos montantes de tais variações 
cambiais, no começo e no fim do período e 
mencionar a partir de que data está aplicando 
esse procedimento;
Quando a moeda de apresentação for •	
diferente da funcional, esse fato deverá ser 
citado, juntamente com a divulgação da 
moeda funcional e a razão para utilização de 
uma moeda de apresentação diferente;
Quando uma entidade apresenta suas DCs em •	
uma moeda que não a sua moeda funcional 
ou a moeda de apresentação das DCs, deve: 
a) identificar claramente as informações 
como suplementares; 
b) divulgar a moeda utilizada; e 
c) divulgar a moeda funcional e o método 
de conversão para as informações 
suplementares.
CPC 03 – DEMONSTRAçãO DOS FLUxOS DE CAIxA
As informações sobre os fluxos de caixa de uma 
entidade são úteis para proporcionar aos usuários 
das demonstrações contábeis uma base para 
avaliar a capacidade da entidade de gerar caixa 
e equivalentes de caixa e as necessidades da 
entidade para utilizar esses recursos. O formato 
GUIA BDO 2009-2010 35GUIA PARA AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 2009-2010
adotado para a DFC é o de classificação das 
movimentações de caixa por grupo de atividades.
A classificação dos pagamentos e recebimentos 
de caixa relaciona-se, normalmente, com a 
natureza da transação que lhe dá origem. Assim, 
por exemplo, a compra de matéria-prima para a 
produção é uma ‘atividade operacional’; a compra 
de uma máquina utilizada na geração de outros 
produtos é uma ‘atividade de investimento’; e a 
compra (resgate) de ações da própria empresa é 
uma ‘atividade de financiamento’.
A natureza da transação deve levar em 
consideração a intenção da empresa para fins de 
classificação. Os desembolsos de caixa efetuados 
em investimentos adquiridos com a intenção 
de revenda (títulos, máquinas, terrenos, etc.) 
não devem ser classificados como atividades de 
investimento, mas como atividades operacionais.
Atividades operacionais: •	 envolvem todas 
as atividades relacionadas com a produção 
e entrega de bens e serviços e os eventos 
que não sejam definidos como atividades de 
investimento e financiamento. Normalmente, 
relacionam-se com as transações que 
aparecem na Demonstração dos Resultados.
Atividades de investimentos: •	 relacionam-se 
normalmente com o aumento e diminuição 
dos ativos de longo prazo que a empresa 
utiliza para produzir bens e serviços. Incluem 
a concessão e recebimento de empréstimos, a 
aquisição e venda de instrumentos financeiros 
e patrimoniais de outras entidades e a 
aquisição e alienação de imobilizado.
Atividades de financiamentos:•	 relacionam-
se com os empréstimos de credores e 
investidores à entidade. Incluem a obtenção 
de recursos dos sócios ou acionistas e o 
pagamento a estes de retornos sobre seus 
investimentos ou do próprio reembolso do 
investimento; incluem também a obtenção 
de empréstimos junto a credores e a 
amortização ou liquidação destes; e também 
a obtenção e pagamento de recursos de/a 
credores via créditos de longo prazo.
Existem dois tipos de demonstrações de 
fluxo de caixa, sendo que as demonstrações 
podem ser elaboradas pelo “método direto e 
método indireto”. Nos apêndices anexos ao 
CPC3 estão divulgados modelos de DFC para 
entidades que não são instituições financeiras e 
para instituições financeiras.
CPC 04 – ATIVOS INTANGÍVEIS
Para fins do Pronunciamento Técnico CPC 04, ativos 
intangíveis são ativos não monetários identificáveis 
e sem substância física. Este Pronunciamento 
estabelece critérios para quando uma entidade 
deva reconhecê-los, como apurar o valor contábil e 
exigências quanto a divulgações específicas. 
Apesar de serem tratados por não possuírem 
substâncias

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