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Dinâmica Demográfica e Estrutura Populacional

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Disciplina: Geogra�a da População
Aula 4: Dinâmica Demográ�ca e Estrutura Populacional
Apresentação:
Os séculos XIX e XX foram momentos de grandes transformações na organização do espaço mundial, que tiveram impacto sobre a dinâmica
populacional do planeta.
Após a Segunda Guerra Mundial, sobretudo nos países de economia periférica, mas não apenas nesses países, as populações tiveram um forte
crescimento que, em algumas regiões, foi acompanhado pelo rápido processo de urbanização.
Dessa forma, a estrutura das populações se alterou algumas vezes. Países que apresentavam um fraco crescimento demográfico, com a
urbanização e o acesso a melhores condições de saúde viram a mortalidade declinar e a população crescer rapidamente; países de população
jovem se viram em meio a um processo de transição que os fará serem considerados países envelhecidos em poucas décadas.
A dinâmica demográfica tem consequências para a economia e para o desenvolvimento social e será estudada nessa aula.
Objetivos:
Analisar a dinâmica demográfica das populações ao longo do tempo;
Identificar as pirâmides etárias;
Relacionar a estrutura demográfica com o nível de desenvolvimento socioeconômico.
Fases do crescimento demográ�co e estrutura populacional
Como já estudamos, o comportamento da população mundial é de crescimento constante e o ritmo desse crescimento se acentuou
após a Segunda Guerra Mundial.
Mas, o aumento da população não significa que o ritmo de crescimento seja o mesmo em todas as partes. Ou seja, o comportamento
demográfico não é igual em todos os países ou continentes.
Existem países nos quais a população cresce rapidamente, outros em que ela está estável, e alguns em processo de envelhecimento e
diminuição populacional. Por isso, devemos nos dedicar a entender quais são os fatores que influenciam o aumento da população ou
sua diminuição nos diferentes lugares.
 Projeção de crescimento da população mundial. Fonte: FAO - ONU - Food and Agricultural Organization (2015). Disponível em: https://goo.gl/poAVjS
<http://blogs.canalrural.com.br/danieldias/2017/01/17/somos-75-bilhoes-de-habitantes-na-terra-em-2050-seremos-9-bilhoes-quem-vai-alimentar-o-mundo/> Acesso em: 21 mar.
2018.
Ao analisarmos o gráfico, percebemos que a população do planeta demorou 123 anos para chegar ao seu segundo bilhão de habitantes,
passando de 1 bilhão de pessoas em 1804, para 2 bilhões em 1927. No entanto, foram necessárias mais de três décadas para o planeta
ganhar mais um bilhão de pessoas, e apenas 24 anos para chegar a 4 bilhões de habitantes.
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Atenção
Segundo o relatório da Divisão de População da ONU de 2017, esse crescimento continuará, mesmo com a queda da taxa de
fertilidade em várias partes do mundo. A ONU estima que o mundo ganhe 83 milhões de habitantes todos os anos, fazendo com
que, em 2050, sejamos 9,8 bilhões de pessoas na Terra.
As taxas de crescimento vegetativo . não são as mesmas em todos os países, nem mesmo em todos os continentes. Atualmente o
número de habitantes no mundo é de aproximadamente 7,6 bilhões, mas, se analisarmos como essa população está distribuída,
percebemos que somente a China e a Índia, juntas, possuem mais de 2,7 bilhões de pessoas, o que corresponde a 37% da população
mundial. Todos os 28 países pertencentes à União Europeia possuem em seu conjunto apenas 12% da população mundial. Por que isso
acontece?
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http://blogs.canalrural.com.br/danieldias/2017/01/17/somos-75-bilhoes-de-habitantes-na-terra-em-2050-seremos-9-bilhoes-quem-vai-alimentar-o-mundo/
file:///C:/inetpub/wwwroot/geografia_da_populacao/aula4.html
 Rua em Shanghai, China. (Fonte: Shutterstock)
Como estudamos na aula 3, fatores naturais e históricos explicam a distribuição da população pelos diferentes continentes e países. No
caso do crescimento vegetativo, os fatores históricos têm um peso muito mais expressivo do que os fatores naturais.
▶
No início do século XIX, a curva de crescimento demográfico mundial iniciou forte inflexão positiva, sobretudo no continente europeu, e
a população do planeta começou a crescer rapidamente.
▶
A Revolução Industrial no século XVIII foi o início desse processo, que se espalhou pelo mundo inteiro nos séculos subsequentes,
promovendo a industrialização e a urbanização, impactando as estruturas demográficas mundiais, que começaram a vivenciar fases
distintas de crescimento, estabilização e envelhecimento de suas populações.
▶
O processo de industrialização sempre causa grandes transformações na organização interna dos países. A concentração industrial e
dos empregos atrai grande parte da população rural, que busca emprego e melhoria de vida nas cidades industrializadas.
Teoria da Transição Demográ�ca
Relaciona o crescimento populacional com o desenvolvimento socioeconômico. De acordo com essa teoria, a modernização das
sociedades, fruto dos processos de industrialização e de urbanização, é a explicação para as modificações das taxas de natalidade  e de
mortalidade das populações ao longo do tempo.
Segundo os defensores da Teoria da Transição Demográfica, as taxas de natalidade e mortalidade apresentam três fases que são
consequências do grau de desenvolvimento industrial, da urbanização, dos avanços da medicina e da elevação do nível educacional da
população.
1ª Fase da Transição Demográ�ca
Há uma forte queda nas taxas de mortalidade enquanto as taxas de natalidade continuam elevadas. Dessa forma, há um forte
crescimento populacional e a estrutura etária da população torna-se jovem.
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Antes da Revolução Industrial do século XVIII, no período pré-transição demográfica, as altas taxas de natalidade eram
acompanhadas pelas altas taxas de mortalidade da população rural. Por isso, o crescimento vegetativo da população mundial era
muito lento.
Como ocorreu?
Nas primeiras décadas após a Revolução Industrial, na Inglaterra, o processo de migração campo-cidade transferiu grande parte
da população rural para as cidades. As precárias condições de trabalho nas fábricas estimularam o aumento da taxa de natalidade
já que as leis da época permitiam que crianças a partir dos sete anos fossem admitidas como trabalhadoras fabris, o que
significava a possibilidade de aumento da renda familiar.
Com as taxas de mortalidade acontecia justamente o contrário. Fatores como a modernização do campo, que possibilitou maior
oferta de alimentos e diminuição da fome; os avanços da medicina com a descoberta de vacinas contra várias doenças; e a
melhoria da infraestrutura urbana, sobretudo a distribuição de água e a coleta de esgoto, levaram a uma drástica redução das
taxas de mortalidade.
Como crescimento vegetativo é o resultado da taxa de natalidade menos a taxa de mortalidade, após o processo de
industrialização e urbanização a população na Europa apresentou taxas de crescimento muito elevadas.
2ª Fase da Transição Demográ�ca
Há uma redução dos níveis de natalidade enquanto persiste a queda dos níveis de mortalidade. O crescimento populacional
continua, porém em ritmo muito mais lento. A expectativa de vida . aumenta gradativamente e tem início o processo de
envelhecimento da população. Nessa fase, o percentual de pessoas em idade ativa (PEA) é grande no conjunto da população.
Como ocorreu?
No final do século XIX e início do século XX, avanços da medicina fizeram com que a expectativa de vida ao nascer aumentasse.
As famílias puderam ter menos filhos pois a mortalidade infantil foi reduzida. As lutas dos operários proporcionaram ganhos
trabalhistas como folgas e melhores salários e a proibição do trabalho infantil.
Assim, houve a melhoria na qualidade de vida e as crianças não eram mais consideradas como uma fonte de renda para a família.
Posteriormente, a entrada da mulher no mercado de trabalho e a disseminação de métodos contraceptivos reduziram fortemente
as taxas de natalidade.
3ª Fase da Transição Demográ�ca
As taxas de natalidade e as de mortalidadesão muito baixas. A população em idade ativa diminui, há um aumento da expectativa
de vida e o envelhecimento da estrutura etária do lugar.
Como ocorreu?
Ocorreu a partir da segunda metade do século XX, nos países desenvolvidos. O elevado nível educacional da população; o sistema
médico avançado e acessível à maioria; a participação ativa da mulher no mercado de trabalho; e a possibilidade das famílias
decidirem sobre suas configurações fizeram com que as taxas de natalidade e de mortalidade apresentassem um equilíbrio que
levou a um quadro de crescimento vegetativo muito baixo ou negativo e a um forte envelhecimento da população.
Teoria da Transição Demográ�ca nos países pobres
A Teoria da Transição demográfica é, hoje, aceita no meio acadêmico e utilizada de modo prospectivo para a formulação de políticas
públicas econômicas, de saúde ou sociais.
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Como o comportamento das taxas de crescimento demográfico varia de acordo com o nível de desenvolvimento socioeconômico de
cada país, no caso dos países pobres, que se industrializaram tardiamente, a passagem da 1ª fase da transição demográ�ca para as
fases subsequentes aconteceu na segunda metade do século XX com velocidade maior do que a dos países ricos, e sem que o
crescimento econômico acompanhasse a modificação na estrutura etária da população.
Ao mesmo tempo em que a população se urbanizava, os avanços da medicina eram disseminados.
Campanhas de vacinação em massa, controle das epidemias, distribuição de medicamentos como os
antibióticos e a melhoria nos serviços de saneamento básico �zeram com que as taxas de mortalidade,
sobretudo a infantil, declinassem rapidamente.
Houve diminuição das taxas de natalidade, em ritmo muito mais lento, como observado na Figura abaixo.
(N° de pessoas que nascem por 1000 habitantes durante 1 ano)
 Brasil - Taxas de natalidade e mortalidade. Fonte: IBGE. (Fonte: https://goo.gl/ex1uE8
<https://teen.ibge.gov.br/biblioteca/274-teen/mao-na-roda/1726-fecundidade-natalidade-
e-mortalidade> ). Acesso em: 21 mar. 2018.
A queda das taxas de mortalidade nos países pobres, em um momento em que as taxas de natalidade permaneciam altas, teve como
consequência a explosão demográfica mundial, como verificamos na Projeção de crescimento da população mundial no início desta
aula.
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A passagem para a 2ª fase da transição demográ�ca também aconteceu de forma rápida. Poucas décadas após a explosão
demográfica nos anos 1960 e 1970, a maior parte dos países pobres industrializados já tinha reduzido suas taxas de natalidade. A
exceção é o continente africano que, no século XXI, continua apresentando taxas de natalidade elevadas enquanto as de mortalidade
diminuem fortemente.
(N° de pessoas que nascem por 1000 habitantes durante 1 ano)
 Taxa da natalidade por continentes, 2001. (Fonte: IBGE. Disponível em
https://goo.gl/3dXUon <https://teen.ibge.gov.br/biblioteca/274-teen/mao-na-roda/1726-
fecundidade-natalidade-e-mortalidade> . Acesso em: 21 mar. 2018)
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A chegada à 3ª fase da transição demográ�ca em grande parte dos países pobres é, segundo analistas, uma questão de poucas
décadas. Mas, se nos países ricos a transição para uma fase de equilíbrio nas taxas de crescimento populacional foi uma consequência
do desenvolvimento econômico combinado com a ampliação de uma rede de seguridade social, nos países pobres a realidade é outra.
O equilíbrio populacional poderá significar uma diminuição no percentual de pessoas em idade ativa e uma sobrecarga para o serviço
previdenciário.
https://teen.ibge.gov.br/biblioteca/274-teen/mao-na-roda/1726-fecundidade-natalidade-e-mortalidade
https://teen.ibge.gov.br/biblioteca/274-teen/mao-na-roda/1726-fecundidade-natalidade-e-mortalidade
De qualquer forma, com o fraco crescimento demográ�co apresentado pelos países desenvolvidos e
com as populações dos países pobres aproximando-se do equilíbrio, o ritmo de aumento da população
do planeta tende a diminuir a partir da segunda metade do século XXI.
Pirâmides etárias
É uma maneira de apresentar a estrutura etária de uma população, assim como sua fase de transição demográfica, a distribuição da
população por sexos, a relação entre taxa de natalidade, taxa de mortalidade e a expectativa de vida. A pirâmide etária é um gráfico no
qual podemos observar a distribuição da população tanto por idade quanto por sexo.
Uma pirâmide etária possui alguns componentes que precisam ser analisados quando buscamos informações sobre a estrutura da
população de um lugar.
Eixo de abscissas - indica a quantidade de pessoas em valores absolutos ou porcentagem. No lado direito da pirâmide estão os
valores referentes às mulheres e no lado da esquerdo estão os valores referentes aos homens.
Eixo de ordenada - são as faixas de idade da população.
Base - quantidade de jovens no conjunto da população.
Corpo - quantidade de adultos no conjunto da população.
Ápice - quantidade de idosos no conjunto da população.
Observe os componentes na pirâmide a seguir:
 Pirâmide etária absoluta - Brasil 1960. (Fonte: Criação do autor a partir da pirâmide
etária do IBGE)
De acordo com o envelhecimento da população e a maior expectativa de vida, os limites das classes de jovens, adultos ou idosos pode
ser alterada por organismos internacionais ou pelos países para possibilitar melhores interpretações ou estudos. Os intervalos mais
utilizados são:
Jovens - População entre 0 e 15 anos
Um país é considerado de população jovem quando as taxas de natalidade são muito elevadas e a expectativa de vida é baixa.
Nesse caso, a maior parte da população está entre 0 e 15 anos de idade.
A pirâmide etária jovem apresenta uma base muito larga que se afunila rapidamente e tem pouca altura. É o desenho
característico de países que estão começando seu processo de industrialização e urbanização de sua população, nos quais os
avanços da medicina reduziram a mortalidade infantil, mas a mortalidade entre adultos e idosos ainda é muito alta. Ou seja, a 1ª
Fase da Transição Demográfica.
 Pirâmide jovem. (Fonte: https://goo.gl/TmitxE <https://goo.gl/TmitxE> . Acesso
em 21 mar. 2018)
Adultos - População entre 16 e 60 anos
Um país é considerado de população adulta quando o percentual de adultos - pessoas entre 16 e 60 anos - é elevado. Essa faixa de
idade compreende a População Economicamente Ativa (PEA). É a faixa etária que está em idade produtiva, gerando riqueza para
que os Estados consigam sustentar os jovens - que estão em idade escolar - e os idosos - que estão aposentados. Corresponde à
2ª Fase da Transição Demográfica na qual as taxas de natalidade começam a diminuir e a expectativa de vida se eleva.
 Pirâmide adulta. (Fonte: https://goo.gl/sSFcU5 <https://goo.gl/sSFcU5> . Acesso
em 21 mar. 2018)
Idosos - Acima de 60 anos
Um país é considerado envelhecido quando há elevado percentual de idosos no conjunto de sua população, a natalidade é baixa e
a expectativa de vida é elevada. São países desenvolvidos, cuja a população possui uma elevada qualidade de vida, com acesso à
educação e a um bom sistema de saúde.
https://goo.gl/TmitxE
https://goo.gl/sSFcU5
 Pirâmide envelhecida. (Fonte: https://goo.gl/bLRveh <https://goo.gl/bLRveh> .
Acesso em: 21 mar. 2018)
Assista à animação do Jornal Nexo sobre as mudanças na pirâmide etária brasileira.
 Mudanças na pirâmide etária brasileira. (Fonte: https://goo.gl/d3Beu5
<https://goo.gl/d3Beu5> . Acesso em: 21 mar. 2018) https://www.youtube.com/watch?v=PoxndG1Yyd0
Estrutura etária e os problemas socioeconômicos
As pirâmides etárias são muito importantes para conhecermos a estrutura etária de uma população.
A análise sequencial, década após década, proporciona informações sobre mudanças sociais importantes, ou até mesmo conflitos, que
podem contribuir para o aumento ou a diminuição do número de jovens, ou de homens, ou de mulheres no conjunto da população.
https://goo.gl/bLRveh
https://goo.gl/d3Beu5
Países que vivenciam crises econômicas ou conflitos armados geralmentese transformam em países de emigrantes. Dessa forma, as
pirâmides etárias apresentam uma redução no número de jovens, sobretudo de homens, que falecem ou imigram com maior frequência.
O maior problema enfrentado por países envelhecidos é a redução da População Economicamente Ativa (PEA). O alto número de idosos,
na maioria dependentes da previdência privada estatal, faz com que os gastos públicos aumentem.
Para cobrir esse gasto, os governos elevam os impostos sobre a população que está no mercado de trabalho, o que faz com que os
custos desses trabalhadores também aumente para as empresas.
Com uma PEA menor, os salários tendem a ser mais altos, já que a lei de oferta e procura também incide sobre o
mercado de trabalho. Esse cenário pode fazer com que as empresas se desloquem para países que apresentem
populações mais jovens e quali�cadas.
Os países subdesenvolvidos de industrialização tardia apresentam alto percentual de adultos no conjunto de sua população combinado
com uma drástica queda da natalidade e elevação da expectativa de vida.

Atenção
Esses países se encontram, atualmente, na 2ª Fase da Transição Demográfica, mas ao contrário dos países ricos, a
industrialização e o crescimento econômico não erradicaram a pobreza, não elevaram os níveis educacionais para o conjunto da
população, não têm independência tecnológica nem universalização dos serviços de saúde de qualidade.
Desse modo, o alto percentual de população em idade ativa não significa aumento de arrecadação para o Estado, pois grande
parte dessa população sofre com o desemprego e o subemprego.
O desafio dos Estados é gerar um crescimento econômico capaz de incluir o grande quantitativo de jovens na economia formal,
promovendo maior arrecadação e elevação da qualidade de vida da população, antes que esses países comecem o processo de
envelhecimento de sua população.
Os países que possuem a estrutura etária de país jovem são, na maioria, países muito pobres e não industrializados da África, Ásia e
América Latina, cuja população tem qualidade de vida precária e baixa expectativa de vida ao nascer.
Os jovens desses países só terão possibilidade de construir um futuro melhor tanto para as suas gerações quanto para as futuras
quando houver acesso à educação, à alimentação e aos serviços médicos, o que depende do crescimento econômico do país e da
elevação de suas riquezas.
 Crianças indianas. (Fonte: Shutterstock)
Envelhecimento da População no Brasil e no Mundo
O envelhecimento da população mundial e brasileira é uma conquista das sociedades que deve ser comemorada. Contudo, é inegável
que os Estados possuem condições socioeconômicas diferentes para lidar com essa nova realidade do envelhecimento populacional.
A tendência ao envelhecimento demográfico, durante muito tempo, foi considerada uma realidade apenas dos países ricos, que já
passaram por todas as fases de transição demográfica. Mas, a redução das taxas de natalidade e de mortalidade é hoje uma realidade
também de países em desenvolvimento, como o Brasil.
De uma forma em geral, o mercado de trabalho é profundamente impactado com essa mudança, pois um número mais elevado de
idosos nas populações é sinônimo de maior número de aposentados, o que representa um aumento nos gastos previdenciários do
Estado. Se esse cenário é contornado com investimentos em tecnologia industrial ou, até mesmo, maior taxação dos idosos, que pode
ser tolerada pelas populações dos países ricos, nos países pobres a realidade é muito mais complexa.
 Grupo de idosos (Fonte: Shutterstock)
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Exemplo
Na década de 1970, a média de filhos por mulher no Brasil era de 5,8. Essa média apresentou um drástico declínio em menos de 40
anos, passando para 1,87 filho por mulher brasileira. Esse número está abaixo do mínimo necessário para que a população do país
se mantenha estável, não aumentando nem diminuindo, que é de 2,01 filho por mulher. Como consequência imediata, é esperada a
forte redução da população economicamente ativa brasileira. Se essa redução vier acompanhada de um crescimento econômico,
do maior investimento na qualificação profissional, do desenvolvimento tecnológico, da diminuição do desemprego e do
subemprego, a arrecadação previdenciária poderá garantir a qualidade das aposentadorias. Contudo, em um cenário de
desigualdade educacional, desemprego e fraco crescimento econômico, o desafio para o Estado será muito maior.
O debate sobre o modelo previdenciário será constante em várias regiões do mundo. Se no passado a quantidade de jovens no mercado
de trabalho garantia recursos para a manutenção de uma quantidade pequena de idosos, hoje essa proporção não é mais positiva.
Em países como Portugal, em algumas décadas, a proporção de trabalhadores por número de idosos será de dois jovens para um
aposentado, o que pode fazer com que a qualidade das aposentadorias caia fortemente.
Essa realidade, tanto mundial quanto brasileira, fará com que a revisão dos valores sociais, das políticas públicas e das prioridades de
investimentos governamentais e privados tenham que ser realizados imperativamente.
Setores como saúde, educação para a terceira idade, transporte, lazer e até mesmo publicidade terão que passar por
reestruturação que inclua o idoso como um ator de destaque na sociedade.
 Projeção de população residente em Portugal entre 2012-2060. Fonte: Instituto
Nacional de Estatística de Portugal. Projeções de População Residente de 2012-2060.
(Fonte: https://goo.gl/hprVGH <https://goo.gl/hprVGH> . Acesso em 25/12/2017)
https://goo.gl/hprVGH
Atividade
1. Leia o texto a seguir e depois marque a alternativa correta.
“O número de mulheres que decidem não ter filhos cresce cada vez mais no Brasil e atingiu o maior índice dos últimos 10 anos. Em
2014, 38,4% das brasileiras não eram mães. A escolha é difícil para algumas, que sofrem com a cobrança da família e da
sociedade. Se de um lado, o direito de não ter filhos ganha força entre as brasileiras, de outro reflete diretamente na demografia. O
número de idosos já é o dobro do de crianças e tende a crescer. Em 2060, um em cada três brasileiros terá mais de 60 anos.”
Rádio CBN, 16 jul. 2016. Disponível em: https://goo.gl/nvBzYZ <https://goo.gl/nvBzYZ> . Acesso em: 21 mar. 2018.
A redução do número de filhos por mulher e o envelhecimento da população brasileira é um processo que parece não ter volta na
sociedade brasileira. Esse processo decorre sobretudo:
 a) Da desconcentração industrial e migração de retorno da população para as áreas rurais do país.
 b) Da piora do sistema de saúde brasileiro e dificuldade de acesso à métodos contraceptivos.
 c) Do maior acesso à previdência social por parte da população idosa.
 d) Da urbanização e entrada da mulher no mercado de trabalho.
 e) Da diminuição da escolaridade da população brasileira.
https://goo.gl/nvBzYZ
2. Analise as pirâmides etárias.
 Estrutura populacional do Brasil. Fonte: Adaptado de BOLIGIAN, L; BOLIGIAN, A.T.
A. Geografia, espaço e vivência. São Paulo: Atual, 2011. (Fonte: https://goo.gl/TPKoDR
<https://goo.gl/TPKoDR> . Acesso em: 21 mar. 2018)
Tendo como base as pirâmides etárias, leia as assertivas.
I. Em 2020, o Brasil terá completado sua fase de transição demográfica e teremos um país com muitas crianças devido à melhoria
nas condições de saúde da população.
II. A pirâmide de 1980 apresenta uma base larga que indica um percentual elevado de jovens no conjunto da população devido à
alta natalidade.
III. Na pirâmide de 2000 houve uma redução da diferença entre a largura da base e a largura do topo, significando uma redução da
natalidade e o envelhecimento da população.
IV. Na pirâmide de 1990 há uma grande quantidade de idosos na população, o que faz com que as políticas de saúde tenham que
ser intensificadas.
Assinale a alternativa correta.
 a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
 b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
 c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
 d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
 e) Somenteas afirmativas II, III e IV são corretas.
https://goo.gl/TPKoDR
3. A base larga e o topo estreito são características de pirâmide etária:
 a) Europeia - as políticas de incentivo à natalidade e combate ao envelhecimento da população estão tendo sucesso e há um
alto número de nascimentos.
 b) Americana - os problemas no setor de saúde pública e previdência excluem dos cuidados médicos a maior parte da
população, provocando uma alta taxa de mortalidade.
 c) Brasileira - o Brasil sempre foi considerado um país de população jovem com baixa expectativa de vida e sem problema de
envelhecimento da população.
 d) Africana - a baixa escolaridade da maior parte da população e a dificuldade do acesso ao sistema de saúde faz com que tanto
a natalidade quanto a mortalidade sejam altas.
 e) Japonesa - as fortes correntes migratórias em direção ao Japão fazem com que a população jovem cresça e apresente uma
alta taxa de natalidade.
4. A queda na taxa de fecundidade da mulher brasileira faz com que deixemos de ser um país com a maioria de jovens no conjunto
de sua população. Reflita sobre os impactos dessa mudança na economia, na PEA, e no sistema previdenciário brasileiro. Será que
deveríamos estar preocupados com essa nova realidade demográfica brasileira?
 Queda de fecundidade brasileira. (Fonte: https://goo.gl/sKq8oM
<https://goo.gl/sKq8oM> . Acesso em: 21 mar. 2018)
Crescimento natural ou vegetativo
É a diferença entre o número de nascimentos e número de mortes. O crescimento natural pode ser:
Positivo: taxa de natalidade maior do que a de mortalidade.
Negativo: taxa de natalidade menor que a taxa de mortalidade.
Nulo: taxa de natalidade igual a de mortalidade.
Taxa de Natalidade
É a quantidade de nascimento em população durante um ano. É expressa por mil habitantes.
Taxa de Mortalidade
É a quantidade de mortes em uma população durante um ano. Expressa por mil habitantes.
Expectativa de vida
Quantidade de anos de vida que se espera que seja alcançado por uma pessoa no momento de seu nascimento.
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https://goo.gl/sKq8oM
Referências
ALVES, José Eustáquio Diniz. As novas projeções da ONU sobre a população brasileira e mundial. Juiz de Fora: Laboratório de Demografia e
Estudos Populacionais, 2018. Disponível em: http://www.ufjf.br/ladem/2017/06/28/as-novas-projecoes-da-onu-sobre-a-populacao-brasileira-e-
mundial-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves <http://www.ufjf.br/ladem/2017/06/28/as-novas-projecoes-da-onu-sobre-a-populacao-brasileira-
e-mundial-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves> . Acesso em 25 jan. 2018.
DAMINANI, Amélia. População e Geogra�a. São Paulo: Contexto, 1998.
ERVATTI, Leila Regina; BORGES, Gabriel Mendes; JARDIM, Antonio de Ponte (org.). Mudança Demográ�ca no Brasil no Século XXI - Subsídios
para as projeções da população. Série Estudo e Análises. Rio de Janeiro: Editora do IBGE, 2015.
JACQUAR, Alberto. A explosão demográ�ca. São Paulo: Ática, 1998.
Próximos Passos
Conceito e exemplo de políticas populacionais mundiais;
Os Estados e o desenvolvimento das políticas populacionais;
Políticas populacionais no Mundo - o caso chinês.
Explore mais
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Leia os textos:
A população �ca mais velha? Dá para tirar vantagem disso <https://exame.abril.com.br/revista-exame/o-valor-das-horas-de-voo/> .
Assista aos vídeos:
Desa�o do envelhecimento da população brasileira é tema do NBR Entrevista, com Maria Cristina Hoffman <https://youtu.be/M0IgGU0R0QE> .
Os desa�os causados pelo envelhecimento populacional no Brasil <https://youtu.be/oRowYa7uzLk> .
Palestra do demógrafo José Eustáquio Alves no Senado Federal sobre o processo de Transição Demográ�ca da população brasileira ao longo
dos anos <https://youtu.be/yE587ksFBO0> .
http://www.ufjf.br/ladem/2017/06/28/as-novas-projecoes-da-onu-sobre-a-populacao-brasileira-e-mundial-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves
https://exame.abril.com.br/revista-exame/o-valor-das-horas-de-voo/
https://youtu.be/M0IgGU0R0QE
https://youtu.be/oRowYa7uzLk
https://youtu.be/yE587ksFBO0

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