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DESCRIÇÃO Programas e projetos estratégicos no campo da Saúde Pública. Políticas públicas de Saúde. Políticas sociais e desafios atuais. PROPÓSITO Compreender os principais conceitos dos programas e projetos estratégicos do SUS no campo de saúde individual e coletiva, bem como os desafios atuais de implementação de políticas públicas de Saúde no Brasil. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar as principais características dos programas de Saúde Pública do SUS MÓDULO 2 Apontar os desafios encontrados no campo da Saúde Coletiva INTRODUÇÃO O Brasil passou por intensas transformações ao longo dos últimos anos. A crescente urbanização decorrente desse período trouxe diversas transformações no âmbito da Saúde Coletiva e uma reestruturação do sistema de saúde do país. Os movimentos sociais surgiram nesse cenário de mudanças devido à falta de políticas populacionais. Como reflexo, grande parte dos trabalhadores viram-se obrigados a construir suas moradias em áreas de risco, que resultaram em favelas. Consequentemente, houve aumento na ocorrência de agravos à saúde da população devido à precariedade sanitária e a políticas de saúde voltadas apenas para o modelo biomédico da época. Nesse contexto, uma expressiva parcela da população começou a reivindicar melhores condições de saúde para a massa que se desenvolvia ao redor das grandes cidades. A partir dessas manifestações, foram criados conselhos com participação popular, quando puderam ser identificadas características econômicas, sociais e ambientais baseadas nas necessidades das camadas mais carentes. Tais acontecimentos permitiram a criação do campo da Saúde Coletiva, que originou ações no sentido de minimizar os problemas de saúde no campo individual e coletivo por meio de prevenção e promoção da saúde. Desse modo, a partir da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), foram implementados programas e projetos no campo da Saúde Coletiva que proporcionassem melhoria da qualidade de vida da população. MÓDULO 1 Identificar as principais características dos programas de Saúde Pública do SUS POLÍTICAS PÚBLICAS E POLÍTICAS DE SAÚDE NO CAMPO SOCIAL As políticas públicas consistem em resoluções e ações distribuídas entre os níveis federal, estadual e municipal. Em teoria, abrangem a comunidade como um todo, na proposição de intervenções que visam o bem-estar do cidadão sem distinção, em sua totalidade e de forma igualitária. Na prática, as parcelas da população que necessitam de atuação no âmbito da educação, saúde, habitação, alimentação, previdência e transporte carecem de ações efetivas na resolução dos problemas sociais. No Brasil, essa disparidade entre a formação e a efetivação das políticas públicas ocorre devido a um processo histórico desajustado, em que os interesses econômicos foram priorizados em relação às reais necessidades da sociedade. Fonte: Shutterstock.com Sobre as responsabilidades das políticas públicas no país cabem medidas preventivas, de proteção e promoção em saúde. Dispõem também sobre as vigilâncias, que se desdobram por meio da elaboração de programas com características específicas, de acordo com as necessidades de cada grupo social, como veremos neste módulo. Fonte: Shutterstock.com Dessa maneira, desenvolveu-se a política de saúde no país com ações voltadas para a resolução de problemas nos serviços de saúde, determinados por riscos, agravos ou doenças correspondentes a cada território. Isto significa que, por meio da prevenção, podem orientar a população quando à obtenção de hábitos que viabilizem a saúde em detrimento das doenças e supervisionem a construção e a divisão de bens e serviços. Fonte: Shutterstock.com O principal impasse da política de saúde no Brasil consiste na dificuldade de acesso da população de menor renda, de forma igualitária e em sua totalidade, às questões relativas as suas reais demandas de saúde. Em outras palavras, manifesta a deficiência de uma gestão mais efetiva na atenção básica com ações e serviços em saúde que garantam cobertura total dentro da sua complexidade. Podemos dizer que essa política objetiva a preservação do direito à saúde, determinado pela Constituição Brasileira de 1988. Nessa perspectiva, a Saúde Coletiva tem se consolidado ao longo dos últimos anos no controle de doenças, promovendo melhoria da qualidade e aumento da expectativa de vida, contribuindo também para a organização dos serviços de saúde. Assim, foi a partir desse pensamento de caráter social que surgiu o SUS, composto da associação das ciências sociais com as políticas de saúde pública. O FORTALECIMENTO DAS POLÍTICAS DE SAÚDE NA SOCIEDADE OCORREU A PARTIR DOS MOVIMENTOS SOCIAIS, CONHECIDOS COMO ESPAÇOS IGUALITÁRIOS QUE POSSIBILITARAM AÇÕES COLETIVAS E QUE EXPRESSAVAM OS INTERESSES DA SOCIEDADE. Em síntese, os movimentos sociais colaboraram com a construção do SUS como política pública social, atuando anteriormente à legislação que estabelecia os direitos à saúde. Somente por meio da exposição dos problemas e desigualdades seria possível estabelecer uma sociedade com menos injustiças. Por isso, o propósito do SUS dedica-se a assegurar a igualdade e a universalidade na atenção à saúde e a preservação do bem-estar social e dos direitos do cidadão. PRINCIPAIS PROGRAMAS DE SAÚDE PÚBLICA DO BRASIL ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) Implantado em 1994 pelo Ministério da Saúde (MS), com o nome de Programa de Saúde da Família (PSF), é um conjunto de serviços multidisciplinares em benefício das comunidades por meio da Atenção Básica, que é a porta de entrada do indivíduo ao SUS. A Saúde da Família é uma estratégia prioritária para a organização da atenção básica, pois atua de forma eficaz no território por meio de planejamento, de acordo com o diagnóstico situacional e integrado na comunidade. Como resultado de um processo de desospitalização e humanização do sistema, a ESF valoriza diversos aspectos com base na saúde além do ambiente hospitalar. Quem nunca visitou uma Clínica da Família (CF) ou recebeu um Agente Comunitário de Saúde (ACS) em sua casa? Os ACS são o vínculo da Clínica da Família com a comunidade. Eles são de extrema importância, muitos são residentes da própria comunidade e conhecem o território de maneira a saber claramente quais são os problemas enfrentados por aquelas pessoas. As equipes que a compõem são multiprofissionais (médico, enfermeiro, odontólogo, técnico enfermagem, ACS, entre outros) e suas unidades disponibilizam aos usuários consultas, exames, vacinas, radiografias, educação em saúde, apoio diagnóstico etc. Por isso, possuem responsabilidade sobre um número determinado de famílias situadas em território geográfico delimitado chamado de microárea. Assim, atuam na manutenção da saúde da comunidade por meio de ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, além da recuperação e reabilitação dos agravos mais comuns. Cabe falar que essas ações têm caráter contínuo e integral. As áreas estratégicas das equipes de Saúde da Família compreendem um território delimitado, podendo intervir a partir de ações educativas em prol da qualidade de vida, controle de imunização, enfoque nos grupos de risco como hipertensos, diabéticos, idosos, entre outros. Além disso, contam com o cumprimento da Política Nacional de Humanização, incluindo o acolhimento. As unidades de saúde estão preparadas para atuar no suporte de urgências médicas e odontológicas. Possibilitam também a cooperação dos demais profissionais da equipe na organização e no desempenho das intervenções, incorporando projetos sociais e outros setores, focados na promoção em saúde e no apoio a estratégias de gestão local e de domínio social. Fonte: Shutterstock.com Fonte: Shutterstock.com A característica estrutural dos sistemas municipais de saúde direcionados a partir das ESF tem encorajado uma renovação do modelo de atenção do SUS. A Saúde da Família busca executar as políticas da atenção primária, sendo o primeiro contatoda população com as ações e serviços de saúde. Assim, a ESF direciona os usuários na rede de serviços atuando com maior racionalidade na utilização dos níveis assistenciais, sendo considerada a principal porta de entrada do SUS. NÚCLEO AMPLIADO DE SAÚDE DA FAMÍLIA E ATENÇÃO BÁSICA (NASF-AB) O NASF-AB foi instalado pelo Ministério da Saúde em 2008 para tornar mais estável a Atenção Básica no Brasil, expandindo as ofertas de saúde na cadeia de serviços, o que resulta em um sistema mais resolutivo e abrangente no foco das ações. A estrutura é composta por equipes multiprofissionais (nutricionista, psicólogo, assistente social, farmacêutico, fisioterapeuta, entre outros), que agem de forma participativa junto às equipes de Saúde da Família e de Atenção Básica para populações específicas (consultórios na rua, equipes fluviais e ribeirinhas) e com o Programa Academia da Saúde. A equipe do NASF surge para dar suporte clínico e esse dinamismo cria visibilidade para a ESF. As duas equipes multidisciplinares organizam o cuidado em relação ao serviço especializado necessário para um determinado território. Por isso, recebe a denominação de clínica ampliada — por proporcionar maior cobertura a partir de suas especialidades e por reconhecer algumas formas de cuidado fora do campo da saúde. Essa assistência heterogênea permite manter discussões de casos clínicos e atendimento compartilhado entre diferentes profissionais, tanto no local das unidades como nas visitas domiciliares. Além disso, permite ações intersetoriais com foco preferencial na promoção e prevenção da saúde e implantação de projetos terapêuticos partilhados na ampliação e qualificação das atividades no território e na saúde de grupos da população. A partir de 2012, o Ministério da Saúde ampliou o serviço das equipes de NASF para qualquer município no Brasil. No entanto, é necessário ter ao menos uma equipe de Saúde da Família por território. POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL O avanço da política de saúde mental no Brasil colaborou fortemente na formação do SUS, pois promoveu a transferência de responsabilidades na administração da saúde, gerando valorização dos profissionais nessa área e transformações sociais no país. A política de saúde mental foi consolidada pelo papel dos hospitais psiquiátricos, definido pelo declínio na qualidade da assistência e transgressão dos direitos humanos. O sistema psiquiátrico passou por importante reforma na década de 1970, o que contribuiu para o avanço de um processo ajustado de acordo com as particularidades do cenário brasileiro, cooperando significativamente para a idealização da saúde mental como atualmente a conhecemos. SAIBA MAIS Em princípio, a reforma apontou benefícios para as condições de vida nesses hospitais e promoveu um regime de desinstitucionalização. Assim, ocorreu uma transição gradual das instituições psiquiátricas, tornando-as foco de serviços comunitários, incluindo-as como eixo da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que tiveram influência pela assistência dos centros de saúde mental italianos e de outros países europeus. No Brasil, após os progressos gerados no sistema psiquiátrico, as práticas em saúde mental foram valorizadas sob a ótica do cuidado aos pacientes com transtorno mental, aos familiares e indivíduos em uso de substâncias psicoativas por meio de ações com abordagem clínica e reabilitação psicossocial. A publicação da Lei nº 10.216/2001 da reforma psiquiátrica permitiu a garantia dos direitos da pessoa com transtorno mental, a participação de suas famílias no tratamento e sua defesa contra qualquer forma de abuso. Dessa forma, ocorreram diversas ações específicas voltadas para melhor assistência aos pacientes nas instituições de longa permanência, como foi o caso do desenvolvimento do Serviço Residencial Terapêutico (SRT), que veremos a seguir. REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (RAPS) Por meio da reforma psiquiátrica, o país avançou nas políticas de saúde, o que levou à elaboração da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Esse programa de atenção à saúde foi normalizado pela Portaria nº 3.088/2011, por meio da adesão a serviços estratégicos, como o Serviço Residencial Terapêutico (SRT), o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), o Ambulatório de Saúde mental, leitos em hospitais gerais, hospitais-dia etc. Nesse contexto, os serviços demandaram prioridade no trabalho multidisciplinar, geralmente compostos por médico, enfermeiro, assistente social, psicólogo, terapeuta ocupacional, entre outros, que realizam ações e atividades de acolhimento, orientação dos pacientes de forma individualizada, em grupos e com os familiares. Assim, surgiu uma nova organização dos serviços e estratégias, que estabeleceu a integração e a continuidade do cuidado por meio de um diálogo entre os serviços e a formação de vínculos entre profissionais e pacientes. Isso ocorreu em oposição ao modelo de gestão anterior, que apresentava fragmentação das práticas clínicas e dos programas, ofertando ações curativas isoladas entre os serviços e as especialidades. CONSULTÓRIO NA RUA A população em situação de rua apresenta condições ruins de saúde e nível social, inclusive no que diz respeito ao alcance aos direitos sociais básicos e previstos na Constituição. A privação das camadas marginalizadas pela falta de ingresso no mercado de trabalho formal, acesso à educação qualificada, atendimento nos serviços de saúde e a vários outros serviços públicos, favorecem a construção da imagem social negativa desses indivíduos. Tudo isso interfere no comportamento dos profissionais, prejudicando as interações na atenção e no cuidado, produzindo estigma e preconceitos com relação a essa parcela da população. O Consultório na Rua surgiu como uma estratégia de acolhimento e cuidado à saúde da população em situação de rua, o qual oferece suporte social, envolvimento e expectativas de transformações para a população atendida. Além disso, auxilia nos desafios experimentados pela população em situação de rua, entre eles a dificuldade de acesso aos serviços públicos associados ao preconceito e à discriminação por parte de profissionais nas Redes de Atenção à Saúde. Nesse programa, realizam-se ações de forma itinerante, ou seja, que se deslocam de um lugar para outro. Tais atividades são desenvolvidas por equipes multiprofissionais que olham o indivíduo integralmente, observando todas as suas necessidades. Caso seja necessário, essas atividades podem ser articuladas em parcerias com as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do território. Fonte: Shutterstock.com SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA DOMICILIAR (SAD) A visita domiciliar é um método utilizado por diferentes profissionais, que tem como finalidade o atendimento ou acompanhamento dos usuários em suas residências. As visitas podem servir para a criação vínculos com pacientes, preferencialmente os que possuem dificuldade de locomoção ou que são acometidos de depressão, tendo como ponto positivo a familiarização dos profissionais no cenário onde os sujeitos estão inseridos. A partir do vínculo construído com os usuários, tais visitas oferecem relevância à dimensão subjetiva das práticas em saúde, das vivências dos usuários e dos trabalhadores da saúde, gerando ambientes de comunicação entre conhecimento e prática, além de novo sentido para o cotidiano. No Brasil, a visita domiciliar existe como uma ação praticada dentro do SUS por profissionais das equipes de ESF, e atualmente pelo NASF. Nesse sentido, atua na composição de novos métodos de formação do processo de saúde e cuidado, visto que, por meio dessa atividade, o profissional passa a entender os problemas de saúde dos indivíduos no ambiente no qual eles estão estabelecidos. Nesse contexto, a proximidade dos profissionais da saúde pode propiciar maior entendimento sobre o processo de saúde e doença. Fonte: Shutterstock.com ACADEMIA DA SAÚDE O programa Academia da Saúde foi criado em 2011 por meio de repasse de recurso federalcomo estratégia de fortalecimento da promoção em saúde e construção do cuidado nas comunidades, atuando em locais públicos conhecidos como sedes do programa. Esses espaços oferecem infraestrutura, equipamentos para exercício físicos e profissionais qualificados para o acompanhamento. Portanto, as Academias da Saúde são compostas por estrutura e suporte de profissionais que as qualificam em relação aos tradicionais serviços de saúde, pois visam principalmente as práticas corporais e atividades físicas como recursos complementares na promoção da saúde das comunidades. Recentemente, o programa teve seu objetivo ampliado contribuindo para um comportamento de vida saudável da população, completando o cuidado e fortalecendo as práticas de promoção da saúde, vinculado a outros programas e ações de saúde como a ESF, os NASF- AB e de Vigilância em Saúde. O trabalho desenvolvido no programa deve ser adaptado ao território, com abrangência das práticas corporais (dança, esportes, musculação, natação) e atividades físicas, atividades de vida saudáveis, alimentação saudável, práticas integrativas e complementares, práticas artísticas e culturais, educação em saúde e mobilização da comunidade. Fonte: Shutterstock.com HUMANIZASUS A Política Nacional de Humanização (PNH), também chamada de HumanizaSUS, foi elaborada em 2003 pelo Ministério da Saúde a partir da observação de vivências contemporâneas e consistentes que integram o SUS. A metodologia da PNH promove e assegura o relacionamento entre pessoas, instituições, práticas, saberes, poderes, entre outros elementos, para a criação coletiva de enfrentamentos em comum. A PNH promoveu transformações em atenção e gestão ao propor uma reflexão no contexto da saúde pública no Brasil, promovendo mudanças coparticipativas entre trabalhadores, gestores e usuários. O HumanizaSUS mobiliza o sistema de saúde, contribuindo para manter a cidadania e a resolução dos desafios enfrentados na rede que o sustenta, envolvendo governo federal, estadual e municipal. Nesse sentido, a PNH contrastou das demais políticas de saúde em sua busca pela totalidade das práticas do cuidar, procurando solucionar sua fragmentação ao ressaltar a dependência entre atenção e gestão. Para exercer a humanização, é imprescindível que os participantes dos processos em saúde reconheçam-se como responsáveis por suas práticas, a fim de assegurar a universalidade do acesso, a integralidade do cuidado e a equidade nas ofertas de saúde. POLÍTICA NACIONAL DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES DO SUS (PNPIC) No Brasil, a formação das práticas integrativas e complementares de atenção à saúde teve início a partir da criação do SUS. A relação dessas práticas executadas nas unidades de saúde compreende modalidades que integram medicina tradicional chinesa, homeopatia, fitoterapia, práticas corporais e meditativas, entre outros. Imagem: Ministério da Saúde Cartaz da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares PNPIC de 2013. Essa modernização na forma de fazer saúde ocorreu a partir de um movimento caracterizado por ideias inovadoras de aprendizado e práticas da saúde multidisciplinares e direcionadas. Tais ideias trouxeram uma percepção tecnológica de saúde que domina a sociedade de mercado, regida por convênios de saúde cujo objetivo é fragmentar o cuidado ao paciente em especialidades que não consideram uma abordagem integral e preventiva. Nesse contexto, as práticas integrativas podem colaborar para a inclusão de gênero interdisciplinar, ou seja, possibilitam esclarecer que se trata de ações sustentadas e de acentuada importância para práticas que se destacam no trabalho de saúde pública. A utilização dessas práticas no SUS requer reflexão ao explorar sua adoção na política nacional brasileira, pela inclusão de métodos tecnológicos cada vez mais refinados e caros. Esses sistemas caracterizam-se por procedimentos que estimulam a prevenção de agravos e recuperação da saúde com destaque na escuta receptiva, no crescimento do vínculo terapêutico, na interação do ser humano com o meio ambiente e a sociedade, na visão amplificada do processo saúde-doença e o estímulo ao cuidado humano, especificamente ao autocuidado. As Práticas integrativas e Complementares (PIC) foram implementadas a partir de 2006, quando a política foi criada. Em 2006 eram cinco: Acupuntura, Termalismo, Antroposofia, Fitoterapia e Homeopatia. Em 2017 foram incluídas mais catorze PIC: Ayurveda, Arteterapia, Biodança, Meditação, Dança Circular, Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia, Reiki, Yoga, Quiropraxia, Reflexologia, Shantala e Terapia Comunitária. Já em 2018 a lista foi complementada por Aromaterapia, Apiterapia, Constelação Familiar, Cromoterapia, Geoterapia, Ozonioterapia, Imposição de Mãos, Terapia de Florais, Hipnoterapia e Bioenergética. Assim, hoje somam-se 29 PICs ofertadas pelo SUS. Contudo, ainda é necessária a ampliação para todos os estados e municípios, além de profissionalização e capacitação nessas práticas nos serviços de saúde. REDE CEGONHA A Rede Cegonha é composta por um conjunto de ações com o objetivo de garantir um serviço qualificado, seguro e humanizado para todas as mulheres. O propósito consiste em ofertar, com a cobertura do SUS, assistência no planejamento familiar, desde a confirmação da gravidez, na fase pré-natal, parto, nos 28 dias de puerpério, até os dois anos de idade do bebê. PRINCIPAIS DIRETRIZES DA REDE CEGONHA: Garantia de atendimento para avaliação e classificação de risco e vulnerabilidade, de forma a ampliar o acesso e melhorar a qualidade da fase pré-natal. Fidelização da gestante à unidade realizadora do parto. Bons hábitos na atenção ao parto e nascimento. Cuidado à saúde das crianças de 0 a 2 anos a fim de promover e manter o alcance sobre as ações de planejamento familiar. O programa busca a sistematização da assistência à saúde da mulher e da criança, promovendo um modelo novo de atenção ao cuidado desde o parto até o nascimento, crescimento e desenvolvimento das fases iniciais da criança. Dessa forma, a rede de atenção materna-infantil estaria organizada e com a garantia de total acesso, amparo, resolução e redução da mortalidade, com destaque para assistência neonatal. Fonte: Shutterstock.com PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA (PSE) O PSE destaca-se por ser uma das principais políticas públicas para infância e adolescência. Tem por objetivo oferecer uma variedade de intervenções preventivas, de promoção e atenção à saúde da criança, adolescentes e jovens que cursam o ensino básico público. Esse acompanhamento ocorre em conjunto com as escolas públicas e as equipes de ESF durante a realização de atividades direcionadas aos alunos. ELEMENTOS QUE COMPÕEM O PROGRAMA: Avaliação clínica, nutricional, oftalmológica. Instrução sobre alimentação saudável. Ações de educação sobre atividade física e cultura no ambiente escolar. Inserção de temas de educação em saúde no plano pedagógico das escolas. O PSE objetiva auxiliar na educação dos estudantes por meio de ações de prevenção, promoção e atenção à saúde para o completo desenvolvimento de crianças e jovens da rede pública de ensino. Dessa forma, a atuação ocorre dentro do território das ESF e abrange não só os estudantes da rede básica de ensino, mas também gestores, profissionais da educação e saúde e da organização escolar. A promoção da saúde no contexto escolar deve ocorrer como um processo permanente e contínuo para que as ações de prevenção se tornem cada vez mais eficientes. POLÍTICA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO (PNAN) Com a publicação do Decreto nº 7.508/2011 deu-se a regulamentação de protocolos clínicos e terapêuticos que possibilitaram progressos no domínio do SUS sobre a organização e oferta de práticas alimentares e nutricionais. Essas ações levaram aos princípios e diretrizes da PNAN no exercício de uma melhor abordagem em saúde e segurança alimentar-nutricional. A PNAN objetiva a melhoria dasações relacionadas a alimentação, nutrição e saúde da população brasileira por meio da promoção de rotinas alimentares corretas e saudáveis, da prevenção e do cuidado a agravos relacionados à alimentação e à nutrição. A atenção nutricional deve ser capaz de identificar deficiências na saúde da população pela qual é responsável, colaborando na organização de ações sobre as reais necessidades dos usuários. No atual cenário brasileiro, são prioridades ações de prevenção e tratamento de obesidade, carências nutricionais, desnutrição e doenças crônicas não transmissíveis. É também importante o cuidado aos indivíduos portadores de necessidades alimentares especiais, como os transtornos alimentares, distúrbios alimentares genéticos, entre outros. No campo da Atenção Básica, as equipes referenciadas devem ser sustentadas por equipes multiprofissionais, com a presença de técnicos e especialistas da área de nutrição, que deverão coordenar outros profissionais no aperfeiçoamento das ações nessa dimensão. Fonte: Shutterstock.com A IMPORTÂNCIA DOS PROGRAMAS DE SAÚDE PÚBLICA NA QUALIDADE DE VIDA DA POPULAÇÃO A especialista Raphaela Alves Cipriano contextualiza a importância dos programas de Saúde Pública para promoção da saúde e prevenção de doenças. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. OS PROGRAMAS DE SAÚDE FAZEM PARTE DE UMA REDE QUE CONTRIBUI PARA A FORMAÇÃO DO SUS, IMPULSIONANDO A SOCIEDADE NA BUSCA DE FORTALECIMENTO DE SEUS DIREITOS COMO CIDADÃOS E NAS RESPOSTAS SOBRE OS IMPASSES QUE AFETAM O SETOR SAÚDE. SOBRE OS PROGRAMAS DO SUS É INCORRETO AFIRMAR QUE: A) No ano de 2012, o Ministério da Saúde ampliou o serviço para qualquer município no Brasil aplicar o serviço das equipes de NASF; para isso, precisa ter ao menos duas equipes de Saúde da Família por território. B) A Saúde da Família é uma estratégia prioritária para a organização da atenção básica, pois atua de forma eficaz no território por meio de planejamento de acordo com o diagnóstico situacional e integrado na comunidade. C) A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) foi normalizada pela Portaria nº 3.088/2011, a partir da adesão a serviços estratégicos, como Serviço Residencial Terapêutico (SRT), Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Ambulatório de Saúde mental, leitos em hospitais gerais, entre outros. D) A publicação da Lei nº 10.216/2001, da reforma psiquiátrica, permitiu a garantia dos direitos da pessoa com transtorno mental, participação de suas famílias no tratamento e sua defesa contra qualquer forma de abuso. E) O Consultório na Rua surgiu como uma estratégia de acolhimento e cuidado à saúde da população em situação de rua, que oferece suporte social, envolvimento e expectativas de transformações para a população atendida. 2. ASSINALE A OPÇÃO CORRETA SOBRE OS PROGRAMAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DO SUS: A) No Brasil, a visita domiciliar existe como uma ação praticada dentro do SUS somente pelo agente comunitário de saúde das equipes de ESF e, atualmente, pelo NASF. B) A metodologia da Política Nacional de Humanização promoveu transformações na atenção e na gestão ao propor uma reflexão sobre o contexto da saúde pública no Brasil, promovendo mudanças coparticipativas entre trabalhadores, gestores e usuários. C) A Rede Cegonha é composta por um conjunto de ações que consiste em ofertar assistência ao planejamento familiar, passando pela confirmação da gravidez, pré-natal, parto, 28 dias de puerpério, até um ano de vida da criança, com cobertura do SUS. D) O Programa Brasil Sorridente estabeleceu uma sequência de critérios que buscam a garantia de práticas preventivas e de promoção/recuperação da saúde bucal dos brasileiros, focada no tratamento de extração dentária. E) O Ministério da Saúde, em conjunto com o ParticipaSUS, criou, em 2019, a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. GABARITO 1. Os programas de saúde fazem parte de uma rede que contribui para a formação do SUS, impulsionando a sociedade na busca de fortalecimento de seus direitos como cidadãos e nas respostas sobre os impasses que afetam o setor saúde. Sobre os programas do SUS é incorreto afirmar que: A alternativa "A " está correta. O correto seria ter ao menos uma equipe de Saúde da Família por território. 2. Assinale a opção correta sobre os programas de atenção à saúde do SUS: A alternativa "B " está correta. O HumanizaSUS mobiliza o sistema de saúde, contribuindo para manter a cidadania e a resolução dos desafios enfrentados pela rede que o sustenta, envolvendo governo federal, estadual e municipal. MÓDULO 2 Apontar os desafios encontrados no campo da Saúde Coletiva POLÍTICA NACIONAL DA SAÚDE DOS POVOS INDÍGENAS O objetivo dessa política é assegurar o acesso à saúde integral pelos povos indígenas, em concordância com os princípios e diretrizes do SUS, considerando as desigualdades históricas às quais essa população foi exposta, tornando-a mais susceptível a danos à saúde. A política visa a superação desse passado histórico e busca considerar a competência da medicina para os povos indígenas e a legitimação de sua cultura. As comunidades são atendidas nos chamados polos-base, que podem estar localizados na comunidade indígena ou no município referenciado, conhecidos como modelos para os agentes indígenas de saúde que atuam nas aldeias. Geralmente, correspondem à unidade básica de saúde já existente na rede de serviços de determinado município, à qual cabe a resolução da maioria dos agravos à saúde. GARANTIR A EFETIVIDADE DESSA POLÍTICA EXIGE A UTILIZAÇÃO DE UM MODELO SUPLEMENTAR E PARTICULARIZADO QUE COMPONHA OS SERVIÇOS, GARANTINDO ESPAÇO PARA OS INDÍGENAS NO DESEMPENHO DE SEU PAPEL COMO CIDADÃOS. PORTANTO, É FUNDAMENTAL A CRIAÇÃO DE UMA REDE DE SERVIÇOS NO TERRITÓRIO INDÍGENA PARA MINIMIZAR A CARÊNCIA DE COBERTURA, ACESSO E ACEITAÇÃO DO SUS. Nesse sentido, é fundamental a prática de ações que permitam melhorias no desempenho e regulação do sistema de saúde, tornando possível a utilização de tecnologias pertinentes por meio de planejamento de serviços. A atenção básica nas aldeias é desempenhada regularmente por meio de agentes indígenas de saúde e por equipe multidisciplinar, de acordo com a organização de suas ações. Fonte: Shutterstock.com POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE INTEGRAL DA POPULAÇÃO NEGRA De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2015 os dados apontaram que 53,9% da população brasileira se reconhecia de cor ou raça preta ou parda. SAIBA MAIS O Ministério da Saúde compreende a condição de desigualdade e fragilidade que afeta a saúde da população negra, altos índices de mortalidade materna e infantil, óbitos precoces, alto predomínio de doenças crônicas e infecciosas e elevados casos de violência. Assim, admite que o preconceito que muitas pessoas negras sofrem recai negativamente nesses preceitos, prejudicando seu ingresso aos serviços públicos de saúde, causando diversas situações para a introdução dos indivíduos nos diferentes círculos da sociedade de forma idônea, que permita sua autossuficiência como cidadãos. Nesse contexto, o Ministério da Saúde, em conjunto com o ParticipaSUS, criou em 2009 a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. Esse programa tem como objetivo o enfrentamento ao racismo e às injustiças étnico-raciais, combate ao racismo nas instituições e no SUS, buscando progresso na equidade em relação à saúde. ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DAS PESSOAS NO SISTEMA PRISIONAL Em 2014, o Ministério da Saúde apresentou a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP). Tal política foi desenvolvida com o propósito de ampliar as ações de saúde do SUS para a população em reclusão, transformando cada unidade básica de saúde prisional com processos que podem impactar diretamente no resultado da Rede de Atenção à Saúde. Fonte: Shutterstock.com O programa visa garantir o acesso dessa população ao SUS, de acordocom a lei dos direitos humanos e de cidadania, caracterizando a atenção básica na esfera prisional, e vinculado a outros recursos dessa rede no território. As unidades do programa carcerário deverão ter Unidade Básica de Saúde Prisional composta por equipes multiprofissionais, que apresentarão ações de promoção à saúde e prevenção a agravos. Se não for possível sua instalação na unidade prisional, a Unidade Básica de Saúde do território poderá se responsabilizar. A PNAISP surgiu após dez anos de execução do Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário (PNSSP), na constatação de seu enfraquecimento pelo não cumprimento de suas proposições destinadas ao programa carcerário como as cadeias públicas, delegacias e distritos policiais, colônias agrícolas ou industriais e penitenciárias federais. Consequentemente, essas transformações apontaram benefícios na defesa dos direitos humanos no Brasil. TELESSAÚDE BRASIL REDES O Ministério da Saúde criou em 2006 um projeto piloto de Telessaúde, com a determinação de auxiliar a ESF em nove estados brasileiros. Esses núcleos servem para dar apoio ao diagnóstico em regiões distantes do país contribuindo para a garantia do bem-estar da população onde geralmente existe carência de profissionais. O MÉDICO ATENDE O PACIENTE USANDO A CONSULTA POR INTERMÉDIO DE TECNOLOGIAS DISPONÍVEIS, COM PRONTUÁRIO ELETRÔNICO, POR MEIO DA PLATAFORMA DE TELESSAÚDE. ESSA AÇÃO OCORRE DE FORMA DIGITAL, REALIZADA COM O APOIO DE TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DE COMUNICAÇÃO. Recentemente, o Ministério da Saúde, por meio da Portaria nº 2.546/2011, ampliou o programa, que passou a ser chamado Programa Telessaúde Brasil Redes. Assim, sob a ótica de uma gestão participativa, foi ampliado para quase todos os estados brasileiros. TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DE COMUNICAÇÃO javascript:void(0) Através de chamadas telefônicas ou atendimento remoto por videochamadas. SISTEMA DE INFORMAÇÃO (DATASUS) DATASUS significa Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, criado em 1991 por meio da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Tem o compromisso de difundir melhorias e modernidade apor meio da tecnologia da informação para apoiar o SUS. No período de transição, a fundação começou a realizar o controle e o tratamento dos dados referentes à saúde, que eram da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (DATAPREV). O DATASUS tem como função abastecer o SUS com sistemas de informação e suporte de informática, fundamentais para o planejamento, a execução e a monitorização. Atualmente, o serviço é um extenso fornecedor de soluções de software para as secretarias estaduais e municipais de saúde, moldando seus processos de acordo com as necessidades dos gestores e inserindo novas tecnologias na medida em que a descentralização do poder público se concretiza. POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE BUCAL - BRASIL SORRIDENTE Há algumas décadas, o alcance dos brasileiros em relação à saúde bucal era consideravelmente complexo e restrito. Além disso, a dificuldade na procura a atendimento em conjunto com a limitação dos serviços odontológicos ofertados fazia com que o principal tratamento oferecido pela rede pública fosse a extração dentária, mantendo uma imagem adulterada sobre odontologia e do dentista, com exercício focado apenas na atenção clínica. Diante disso, em 2003, o Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Saúde Bucal, chamada de Programa Brasil Sorridente. Esse programa estabeleceu uma sequência de critérios que buscam a garantia de práticas preventivas e de promoção/recuperação da saúde bucal dos brasileiros, que são essenciais para a saúde em geral e para a qualidade de vida da população. O propósito da política é a restruturação das condutas e a da qualidade das ações e serviços ofertados, constituindo um conjunto de práticas em saúde bucal voltadas para os usuários de várias faixas etárias, ampliando o alcance ao tratamento odontológico gratuito dos brasileiros por meio do SUS. Assim, o programa possibilitou o acesso da população às suas ações, que tem as seguintes recomendações: Reconstrução da atenção básica em saúde bucal. Expansão e qualidade da atenção especializada. Incorporação de flúor aos canais de tratamento de águas de distribuição pública. Fonte: Shutterstock.com POLÍTICA NACIONAL DE GESTÃO ESTRATÉGICA E PARTICIPATIVA NO SUS A principal função dessa política é a orientação em relação a ações de promoção, qualificação de gestão estratégica e igualitária das políticas públicas na esfera do SUS. Por isso, todos os indivíduos que estão envolvidos nas ações de gestão podem participar do processo de decisão e compartilhar competências e responsabilidades. Essa metodologia democrática e descentralizadora proporciona igualdade às ações. Por isso, necessita que sejam adotadas práticas e estratégias eficientes para a participação dos profissionais da área de saúde e da comunidade em consonância com os gestores públicos. A gestão participativa é um método perspicaz, existente nos processos comuns na gestão do SUS, que torna possível a definição e a discussão no processo de controle social, pois determina a escolha de práticas e estruturas que realizem a participação dos profissionais de saúde e da comunidade. A gestão estratégica prevê a expansão dos espaços públicos e coletivos para a prática do diálogo e da aceitação das diferenças, de maneira a formar um conhecimento partilhado sobre saúde, mantendo as características individuais existentes na relação entre os indivíduos inseridos na coletividade. A gestão estratégica e participativa do SUS é formada por uma rede de atividades direcionadas ao aperfeiçoamento do trabalho na gestão. Esse modelo de gestão busca efetividade a partir de ações que abrangem: Apoio à participação da população no processo de controle e criação de políticas de saúde. Apoio à educação que promove o apoio popular. Empenho em razão da equidade, a partir de ouvidoria e auditoria. Comando da ética nos serviços públicos de saúde. Assim, a ampliação do movimento e do controle social podem ocorrer com o auxílio de outras formas de comunicação entre a comunidade e o governo. Por exemplo, a partir da promoção da educação popular, conselheiros, qualificação de lideranças, associações de classe e atividades populares articuladas, baseando-se no princípio da equidade em saúde e buscando a atenção às particularidades de cada indivíduo. ATENÇÃO É extremamente importante que os gestores conheçam os problemas que acontecem no pleno exercício da gestão para que possam enfrentá-los. A falta de planejamento, quando acontece, coloca em risco a eficiência de todo o processo de trabalho, necessitando de ações ou gastos desnecessários. Para o gerenciamento do trabalho com equipe multiprofissional, é necessário gestores atentos, que tenham o intuito de evitar conflitos. A qualidade no atendimento deve ser um objetivo constante da gestão para que o planejamento esteja comprometido com o alcance da universalidade. Além disso, o financiamento dos serviços precisa de um cuidado minucioso dos gestores, porque é por meio dele que se torna possível a realização de ações e projetos. Assim, é imprescindível o conhecimento das questões financeiras para que o gestor tenha condição de administrar bem e de desenvolver estratégias que tragam resolução. O Pacto pela Saúde do SUS, como veremos a seguir, é a confirmação da importante participação no controle social nos processos. As estruturas que o compõem incentivam a organização da sociedade para um desempenho efetivo do controle social na saúde, impulsionam a participação social e personalizam a gestão participativa do SUS, tendo pela frente a tarefa de assumir a construção de modelos de atenção e gestão da saúde, regido pela ótica das necessidades, demandas e direitos de toda a população. Fonte: Shutterstock.com PANORAMA E DESAFIOS DO SUS NO CENÁRIO ATUAL No Brasil, o propósito do Pacto pela Saúde constitui-sesobre a necessidade de reduzir as desigualdades sociais, causadas por razões determinantes e condicionante como hábitos de vida, educação, trabalho, habitação, cultura, ambiente, lazer, acesso a bens e serviços essenciais, entre outros. Entre os diversos desafios sobre realizar saúde pública com qualidade em um país como o Brasil, existem as reais vulnerabilidades do SUS. A principal ameaça na reorganização da Política Nacional de Atenção Básica é o modelo assistencialista brasileiro. Para sua execução, é fundamental o envolvimento de todos os atores relevantes para o campo da saúde. Ao longo dos últimos anos, podemos observar o enfraquecimento do trabalho em saúde, com ausência de políticas eficazes do governo federal. O ideal seria o reconhecimento dos profissionais da atenção básica, buscando a valorização do trabalho em saúde, com políticas de pessoal e de dedicação exclusiva nos estabelecimentos do SUS. Certamente, isso contribuiria para uma atenção básica autêntica e inabalável quanto a qualidade. O SUS é o maior sistema público de saúde do mundo, no entanto diversos problemas fazem com que o sistema não seja tão eficiente quanto deveria. Vejamos a seguir uma tabela com os principais desafios e possíveis soluções para um sistema de saúde brasileiro mais efetivo. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE PRINCIPAIS DESAFIOS POSSÍVEIS SOLUÇÕES Melhorias na produtividade dos profissionais da saúde. - Promover treinamentos para a integração de novos profissionais. - Fornecer constantes capacitações e palestras atualizadas sobre as inovações na área. - Estabelecer metas qualitativas e quantitativas juntamente com as equipes para estimular o trabalho e a produtividade. - Oferecer gratificações por desempenho com base nos resultados obtidos. Alto custo de aquisição e manutenção de equipamentos e medicamentos. - Indicar bons gestores em todas as áreas. - Suprir necessidades de acordo com o diagnóstico do território, reduzindo as deficiências locais; esta ação deve ser realizada pelo gestor municipal. - Acompanhar e cobrar resultados e cumprimento das metas estabelecidas. - Utilizar um sistema de gerenciamento em saúde de armazenamento de informações com histórico de pacientes. - Utilizar um sistema de informação que permita gerenciar todas as unidades. Aliviar o atendimento em prontos-socorros. - Incentivar a cultura de prevenção para evitar pressão sobre esse tipo de atendimento. - Propor mutirões para orientação de prevenção de doenças ou, por exemplo, de vacinação. - Investir no Programa Saúde da Família, Programa Remédio em Casa e acompanhamento psicossocial. - Controlar agendamentos, atendimentos, medicamentos e exames realizados pelos estabelecimentos de saúde do SUS, por meio do software da Betha Saúde Cidadão. Diminuir a espera na recepção. - Informatizar a rede com um sistema de gestão hospitalar. - Coletar dados a partir de prontuários eletrônicos para agilizar o atendimento e reduzir chance de erros. - Utilizar ficha informatizada, onde são disponibilizados aos profissionais dados que auxiliem em futuros tratamentos, com a possibilidade de serem acessadas remotamente. Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Principais Desafios e Possíveis Soluções do SUS. Fonte: Rafaela Brito de Moraes DESAFIOS DE IMPLEMENTAÇÃO E AVANÇO DOS PROGRAMAS E ESTRATÉGIAS DE SAÚDE DO SUS. A especialista Raphaela Alves Cipriano apresenta os desafios enfrentados atualmente pelos profissionais na implementação e avanços dos programas do SUS. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. SOBRE A POLÍTICA NACIONAL DE GESTÃO ESTRATÉGICA E PARTICIPATIVA NO SUS É CORRETO AFIRMAR: A) A principal função é a orientação em relação as ações de promoção, qualificação e aprimoramento da gestão estratégica e igualitária das políticas públicas, na esfera do SUS. B) É uma estratégia prioritária para a organização da atenção básica. C) As equipes que a compõem são multiprofissionais com médico, enfermeiro, odontólogo, técnico enfermagem, entre outros. D) A gestão estratégica prevê a expansão do conhecimento partilhado sobre saúde, mantendo somente as características individuais dos indivíduos como prioridade. E) Não faz parte das políticas de saúde que compõem o Sistema Único de Saúde. 2. AS AFIRMAÇÕES A SEGUIR CORRESPONDEM AOS DESAFIOS DO SUS NO CENÁRIO ATUAL, EXCETO: A) Reduzir as desigualdades sociais. B) Valorização do trabalho em saúde. C) Aliviar o atendimento em pronto-socorro. D) Diminuir a espera na recepção. E) Promoção do modelo assistencialista. GABARITO 1. Sobre a Política Nacional de Gestão Estratégica e Participativa no SUS é correto afirmar: A alternativa "A " está correta. A principal função dessa política é a orientação em relação às ações de promoção, qualificação da gestão estratégica e igualitária das políticas públicas na esfera do SUS. Por isso, todos os indivíduos que estão envolvidos nas ações da gestão podem participar do processo de decisão e compartilhar competências e responsabilidades. 2. As afirmações a seguir correspondem aos desafios do SUS no cenário atual, exceto: A alternativa "E " está correta. O modelo assistencialista ou biomédico é centrado na doença, enquanto o SUS promove um modelo de atenção integral à saúde com foco em promoção, prevenção e recuperação de doenças. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo dos últimos anos, a vivência do Brasil na realização de uma política de saúde trouxe profundas transformações do sistema nacional de saúde e melhorias significativas no acesso e na qualidade dos cuidados dessa área. Embora tenham ocorrido vários progressos no campo da saúde coletiva, ainda existem muitos desafios importantes, que só poderão ser confrontados se houver a definição de uma política centralizada, atualizada e alinhada com os direitos universais, em relação às demandas de saúde da população brasileira. Nesse sentido, todo o empenho deverá ser proposto na construção de um consenso amplo, que provoque a continuação dos progressos já obtidos nos programas e políticas de saúde do SUS, criados para garantir e melhorar a saúde individual e coletiva em determinado território. Portanto, podemos concluir que a saúde pública é heterogênea, constituída por diversos setores que formam uma rede complexa de atendimentos e serviços, cabendo aos gestores municipais a responsabilidade de ajustar os recursos decorrentes dessa produção frente as necessidades dos usuários do SUS. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS ABREU, D.; OLIVEIRA, W. F. Atenção à saúde da população em situação de rua: um desafio para o Consultório na Rua e para o Sistema Único de Saúde. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 33, n. 2, e00196916, 2017. Consultado em meio eletrônico em: 10 dez. 2020. ALMEIDA, J. M. C. Política de saúde mental no Brasil: o que está em jogo nas mudanças em curso. Cad. 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Produção do cuidado no Programa da Família: olhares analisadores em diferentes cenários. Desafios para a Saúde Coletiva no século XXI. Conheça a Política Nacional de Humanização — HumanizaSUS — na área de Ações e Programas do portal do Ministério da Saúde. CONTEUDISTA Rafaela Brito de Moraes CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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