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RESUMO CRÍTICO - FILOSOFIA DO DIREITO DOS GREGOS AO PÓS-MODERNISMO DE WAYNE MORRISON docx

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RESUMO CRÍTICO DA OBRA “FILOSOFIA DO DIREITO DOS GREGOS AO
PÓS-MODERNISMO” DE WAYNE MORRISON
Com base nas concepções de Wayne Morrison, em sua obra Filosofia do Direito dos
gregos ao pós-modernismo, busca-se no presente trabalho apresentar uma visão
crítica da filosofia de Hegel abordada por Morrison nas páginas 197 - 212 da obra
referida.
De acordo com Leandro Konder (1991), Georg Wilhelm Friedrich Hegel nasceu em
1770 na Alemanha, tendo se empolgado com as ideias revolucionárias da
Revolução Francesa, propagando sobre a liberdade e igualdade. “Uma questão
teórica delicada que se apresentava a Hegel, na época, consistia em combinar
adequadamente a fé cristã em que fora criado (...) com aquilo que havia de válido
no Iluminismo, no movimento das ‘luzes’ intelectuais (...)” (KONDER, 1991, p 3).
Assim, tendo em vista que Locke, Montesquieu, Diderot e Rousseau havia apontado
o caminho de desenvolvimento da sociedade, Hegel precisava com base neles
“revitalizar a consciência cristã” (p 4), isto é, repensar o cristianismo a partir de um
novo panorama, tendo com isso publicado obras (por exemplo, Fragmentos sobre
religião popular e cristianismo, Vida de Jesus e A Positividade da religião Cristã).
(KONDER, 1991)
Hegel acreditava que ao mesmo tempo que a religião precisava ser emocionante,
também deveria ser racional, mantendo uma perspectiva diferente de outros
Iluministas, dizia que:
‘as doutrinas devem ser necessariamente formuladas de tal modo que,
mesmo sendo sua autoridade baseada numa revelação divina, venham a
ser devidamente autorizadas pela razão humana em geral’. (...) realizando
o casamento da razão com a vontade humana e a ação histórica.’ (APUD
KONDER, p 5)
Também entendia que o enriquecimento da consciência religiosa estava vinculada
ao enriquecimento da consciência política, devendo a primeira influenciar no
desenvolvimento do modo de agir das pessoas, de acordo com suas vontades.
(KONDER, 1991)
O lado radical existente na Revolução Francesa, como as execuções, fez com que
Hegel ficasse “chocado com o terror” (p. 8), passando a repensar sobre tal
revolução, tendo entendido posteriormente que as ideias ‘iluministas’ deveriam ser
substituídas por uma perspectiva da época em que a filosofia seria mitológica
enquanto o povo racional. (KONDER, 1991)
Já introduzindo sobre a filosofia de Hegel e o idealismo alemão, Hegel entende que
tudo é mutável e dinâmico (a consciência, as ideias, a racionalidade) e que vivemos
em um devir constante, através do desenvolvimento de uma dialética da luta entre
contrários. Ele diz que a realidade em si está nesse movimento: existe uma TESE
(afirmação) e uma ANTÍTESE (negação/contradição), sendo que essas duas se
confrontam até dar origem a algo novo, chamado de SÍNTESE (o que surge dos
opostos). (ANDERSON, 2020)
Diante dessa lógica, o movimento do devir se dá pelo fato da síntese de um ciclo se
transformar na tese do próximo ciclo, sendo essa constante repetição a maneira que
a história se movimenta. (ANDERSON, 2020) Assim, apresenta todo
desenvolvimento, inclusive da justiça social, do Estado constitucional racional e do
direito, como fruto da dialética apresentada.
Mas, como abordado por Morrison (1991), a ideia de movimento com o choque de
ideias antagônicas nos faz questionar se, de fato, em algum momento teríamos a
superação de todos os conflitos ou se o fim dos conflitos seria sempre gerar novos
conflitos, tendo em vista o constante movimento de tudo com o ciclo repetitivo da
tese, antítese e síntese - da realidade, da justiça social, das pessoas.
Neste ponto não conseguimos ter uma ideia clara se em algum momento tal ciclo
teria um fim - e qual seria - ou se a essência da ideia seria de que nunca ficaríamos
sem conflitos. Apesar de não ser abordado conjuntamente no assunto por Morrison,
importante ter em mente a ideia de que para Hegel o objetivo do devir seria chegar
ao espírito absoluto e, assim, o surgimento do Estado como algo maior que os
próprios indivíduos vivendo e em consciência uns dos outros, considerado o “ápice
do sistema hegeliano” (ANDERSON, 2020) com o Estado como forma de
concretização da Idéia ética. (MORRISON, 1991)
Relacionando os dois últimos assuntos, tomando como base a obra de Morrison
(1991), concluímos que para Hegel a realidade é um processo histórico com base
na dialética e que a liberdade seria responsável por guiar o fim da humanidade,
sendo que tal liberdade não era entendida como um desenvolvimento individual
como os liberais, mas sim de maneira mais ampla, como uma liberdade “de vir a
ser; o homem deve desenvolver uma consciência de si próprio como parte de um
processo sócio histórico que se volta para o objetivo da liberdade absoluto.” (p 195)
A chegada da referida “liberdade absoluta” seria com o surgimento de um
autoconhecimento do todo e de um algo maior, acontece que esse processo
também se dá através da dialética com uma expansão da consciência (espírito).
“Então, o espírito vai tomando consciência de si e depois do outro, para depois
tomar a consciência do todo”. (ANDERSON, 2020)
Nessa perspectiva, classificamos, respectivamente, em espírito subjetivo
(individual), espírito objetivo (coletivo) e espírito absoluto (autoconsciência).
(ANDERSON, 2020) Sendo que a chegada ao estado de espírito absoluto e da
autoconsciência da totalidade é o momento em que surge o Estado, o qual deve ser
ético e racional. (MORRISON, 1991)
Morando na ideia de espírito, a crítica que Morrison (1991) e Anderson (2020)
narram de Hegel sobre o liberalismo é de que, enquanto este enxerga na liberdade
algo individual e atomizado, para Hegel isso não existe, pois o ser está dentro de
uma coletividade, então toda tomada de decisão com base na liberdade do indivíduo
está sendo algo socialmente construído e não uma ideia individualizada.
De forma a corroborar, Morrison (1991, p 199) diz: “O indivíduo só pode ser
preservado como uma força de vida real se se admitir que a individualidade
depende de uma totalidade social organizada no entorno da progressão dialética do
particular e do universal, do individual e do social”, assim a ideia de defesa do
universal.
No tocante a ideia de não existir um eu sem o social, conseguimos encontrar
coerência ao estudarmos a própria sociologia e criminologia, toda pessoa pertence
a vários grupos sociais (médicos, veganos, advogados, estudantes, atletas) e cada
grupo social possui suas regras e desvios próprios, buscando cada indivíduo se
adequar a tais regras. Ou seja, nossa liberdade de escolha é moldada de acordo
com os grupos sociais que somos inseridos. O eu é inerente ao social.
Tal ideia é a essência da teoria das subculturas criminais de Cohen e das
associações diferenciadas de Sutherland, as quais derrubam a ideia do princípio do
bem e do mal vinculado ao sistema penal, pois quem determinará o que é
considerado como uma conduta boa ou má será o grupo social/subcultura que o
indivíduo está inserido.
Outra crítica feita por Hegel, também abordada pelos supracitados autores, é a
negação da ideia do surgimento do Estado ser fruto de um contrato social e da
liberdade natural, pois ilógico existir um pacto/contrato social se ainda não existia
uma sociedade, sendo a base da legitimidade do Estado e governo a moralidade
política. Ele entende que o surgimento do Estado se deu da seguinte forma: ocorreu
a constituição das famílias, internamente surgiram os conflitos entre os indivíduos,
sendo que esses conflitos vão passar a se desenvolver na sociedade civil, a qual
não consegue resolver conflitos complexos, irradiando a necessidade do surgimento
do Estado como forma de síntese do processo e para solucionar os conflitos
existentes.
Ademais, as instituições da família e sociedade civil seriam anteriores ao próprio
indivíduo, logo, elas não existiriam com o fim de promover os interesses pessoais
dos membros. “Portanto, Hegel caracterizava o verdadeiro Estado como uma
comunidade ética (...), que incorporava bense valores morais intrínsecos a seu
sistema formal de regras, leis e procedimentos institucionais”. (MORRISON, 1991, p
197)
Por fim, ponto importante da filosofia de Hegel, já pincelado indiretamente, é a ideia
da racionalidade, que podemos resumir como:
Para o equacionamento entre esses antípodas, o Estado racional
compreende as instituições, enquanto espaços da razão, para uma efetiva
mediação entre esses interesses, na contrapartida da atividade reflexiva
das consciências, enquanto agentes da razão, que fazem valer o sentido
dessas instituições. (PERTILLE, 2011, p 24)
Tal essência da racionalidade contida na citação supra resume a ideia também
abordada por Morrison (1991) em sua obra, tendo como um dos meios de mediação
o próprio direito e, como consequência, a constituição. A figura de Deus e do direito
natural é substituída pelo desejo e racionalidade humana.
Todavia, de forma reiterada - e coerente - Morrison (1991) indaga de que maneira
se tem a garantia que o Estado justo é alcançável e como o reconheceríamos como
tal, descrevendo que a partir do momento que o direito natural, a ideia teleológica e
Deus desaparecem e passa a orientação com base nos ideais da filosofia do direito,
nós temos a essência do positivismo jurídico, por exemplo, da teoria jurídica do
século XIX:
Com a modernidade, todo direito que se postula como direito torna-se real,
torna-se direito propriamente dito. Quando a consciência jurídica - em sua
crítica do direito natural - torna-se uma forma incipiente de positivismo
jurídico, a capacidade de distinguir o direito justo do injusto não é inerente à
capacidade de reconhecer o direito, mas passa para a esfera da
capacidade de dizer o que o direito deve (vir a ) ser. (p 212)
Criticando, Morrison (1991) diz que o direito passaria a ser, na verdade, um
instrumento dos sonhos do profeta filosófico, em que Hegel “pede que nos livremos
do medo que subjaz ao liberalismo para podermos vir a ser” (p 212), como se o
medo fosse fruto de um pesadelo individualista e que devemos sonhar ser para,
então, nos convertermos no que sonhamos. O caráter crítico da própria conclusão
encontra-se desde seu título: “Conclusão: Hegel e o sonho de uma modernidade
plena.”
Como forma de concluir, interessante abordar crítica feita por alguns autores às
ideias de Hegel, este afirmava que “O real é racional e o racional é real”,
considerando que o Estado é racional, tal raciocínio seria uma forma de justificar
atrocidades e guerras como sendo algo racional, logo, correto e justificável pois
estariam dentro do plano racionalidade e do Estado absoluto. (ANDERSON, 2020)
REFERÊNCIAS:
ANDERSON, Filosofia Total com Prof., Hegel - Idealismo Alemão | Prof. Anderson.
Youtube, 6 ago. 2018. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=IB4sDbtPpFo&ab_channel=FilosofiaTotalcomProf
.Anderson
PERTILLE, José Pinheiro. O estado racional hegeliano. Véritas. Porto Alegre, RS.
Vol. 56, n. 3 (set./dez. 2011), p. 9-25, 2011.
KONDER, Leandro. Hegel: a razão quase enlouquecida. Rio de Janeiro: Ed. 1991.
https://www.youtube.com/watch?v=IB4sDbtPpFo&ab_channel=FilosofiaTotalcomProf.Anderson
https://www.youtube.com/watch?v=IB4sDbtPpFo&ab_channel=FilosofiaTotalcomProf.Anderson

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