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gestão empresarial
comunicação e expressão
Visão geral da noção de texto – 
conceito e tipologia: descrição
1
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de compreender 
o que é texto, conhecer as diferenças entre narração, des-
crição e dissertação e ser capaz de elaborar uma descrição.
COmpetênCias 
Compreensão do conceito de texto e do que seja descre-
ver. Ampliação do repertório.
Habilidades 
Associação dos conceitos de textualidade. Reconheci-
mento dos gêneros narração, descrição, dissertação. 
Elaboração de uma descrição.
comunicação e expressão
Visão geral da noção 
de texto – conceito e 
tipologia: descrição
ApresentAção
Descrever é uma habilidade necessária a qualquer pro-
fissional que utilize de algum modo a palavra. Pode-se 
dizer, sem medo de exagerar, que a necessidade de des-
crever bem aparece diariamente na vida profissional. 
Esta aula fornece uma introdução ao assunto, mostra os 
aspectos mais importantes e propõe exercícios que per-
mitam avaliar o domínio dessas características do texto 
descritivo.
pArA ComeçAr
É muito comum nos referirmos à palavra texto em várias 
situações, afinal ela é bastante conhecida de todos. Está 
presente no cotidiano em muitas atividades e não ape-
nas na escola. Mas o que realmente sabemos a respeito 
do texto? Veja a seguir.
Bananas abóboras lixa loira avental imponderável circunspecto 
abandono colorido imprescindível impetuosidade paráfrase co-
ronel.
Não se pode considerar, por exemplo, uma sequência 
desordenada de palavras como um texto.
O banco fechou suas portas às cinco da tarde. Árvores são parte 
integrante das praças e as cidades estão sempre bonitas, quando 
limpas.
Um aglomerado de frases sem sentido também não 
pode ser denominado como texto.
Dessa forma, duas considerações podem ser feitas:
 → Não basta sequenciar palavras ou frases para que 
o texto se constitua;
Comunicação e Expressão / UA 01 Visão Geral da Noção de Texto – Conceito e Tipologia: Descrição 4
 → Todo texto traz em si um contexto mais amplo. Em outras palavras, 
nenhum texto é uma peça isolada, nem seu autor o dono da verdade.
A palavra texto provém do latim textum, que significa “tecido, entrelaça-
mento”. Há, portanto, uma razão etimológica que não devemos esquecer 
de que texto resulta de um trabalho, a ação de tecer, entrelaçar unidades 
e partes a fim de formar um todo.
Assim, podemos falar também em textura ou tessitura de um texto, 
que é a rede de relações internas que garantem sua coesão, sua unidade.
O produtor de textos escritos executa um trabalho que pressupõe qua-
tro princípios: a repetição, a progressão, a não contradição e a relação.
A repetição é o princípio segundo o qual um texto coerente produz 
retomadas de elementos (palavras, frases e sequências). Tais retomadas 
são feitas por meio de pronomes e pelas terminações verbais que os indi-
cam ou por sinônimos. É preciso cuidado ao utilizar a repetição da mesma 
palavra, pois o texto pode perder o ritmo ou ficar cansativo.
Triste história
Há palavras que ninguém emprega. Apenas se encontram nos dicionários como velhas 
caducas num asilo. Às vezes uma que outra se escapa e vem luzir-se desdentadamente, 
em público, nalguma oração de paraninfo. Pobres velhinhas... Pobre velhinho!
— Mário Quintana, Triste História
O autor utiliza várias formas de retomar e não repetir o termo “palavras”. 
Ora utiliza o pronome (elas) oculto, ora as adjetiva (velhas caducas, pobres 
velhinhas), ora se vale de expressões (uma que outra). A repetição, dessa 
forma, enriquece o texto.
A progressão, em um texto coerente, ocorre por meio de novas infor-
mações que são adicionadas ao que já foi dito. Serve para complementar 
a repetição, que garante a retomada de elementos passados, sem que o 
texto se limite a repetições indefinidas.
Nenhum homem é uma ilha
Nenhum homem é uma ilha, porque por mais solitário que ele seja, sempre terá al-
guém ao seu lado, dando aquela força. O homem nunca poderia ser uma ilha, pois 
está sempre procurando novas coisas, novas emoções, sempre se envolvendo com 
gente nova, por mais desconhecido que seja. Mesmo que a pessoa fosse muito soli-
tária, nunca poderia ser comparada a uma ilha. Na verdade, nem mesmo a ilha está 
sempre solitária. Por mais feia e sombria que seja, sempre terá algo por perto: as aves, 
as pedras, as árvores, a água do mar, os peixes... Por isso e por muitas outras coisas, 
um homem não pode ser ilha, porque ele acima de tudo é um ser humano e por ele 
Comunicação e Expressão / UA 01 Visão Geral da Noção de Texto – Conceito e Tipologia: Descrição 5
ser um ser humano sempre terá alguém o amando ou o querendo bem, por mais longe 
que esteja ou por mais feio e sombrio que ele seja.
— Aluno de ensino médio. Disponível em: http://www.fotolog.com.br/flores_
msg/16792230. Acesso em abril de 2010
Após colocar o tema, o autor utiliza palavras e expressões que introduzem 
novos fatos e conceitos para, com isso, fazer o texto avançar. Note que 
progressão e repetição ocorrem simultaneamente: o surgimento de novas 
informações é acompanhado pela retomada ao tema.
A não contradição é o princípio que impede que elementos contradi-
tórios façam parte do texto para que a coerência seja mantida. Contradi-
ções podem destruir o texto, quando tomam como verdadeiro aquilo que 
já foi considerado como falso. Colocar em um mesmo texto frases como 
“O país atravessa um momento difícil” e “O país não atravessa um perío-
do difícil” só faria sentido se o escritor pretendesse enfatizar que, apesar 
das dificuldades, o país ainda tivesse perspectivas ou se quisesse negar a 
existência daquela dificuldade. Veja um texto contraditório:
[...] mas foi a Alemanha nazista, durante a Segunda Guerra Mundial, que realizou as 
experiências mais aterradoras. Só que as cobaias eram seres humanos. Prisioneiros 
de guerra, principalmente judeus, foram submetidos a todos os tipos de crueldades.
— O Estado de S. Paulo, 3 out 1991 Disponível em: https://aplicweb.feevale.br/site/
files/documentos/doc/16220.doc. Acesso em março de 2010
A notícia diz que as experiências foram aterradoras porque as cobaias 
eram seres humanos. Porém ao utilizar a expressão só que, destrói o 
vínculo lógico da causa.
É preciso muito cuidado ao produzir um texto para não criar uma con-
tradição e destruir a argumentação do texto.
A relação precisa estar presente para que o texto seja coerente, ou seja, 
fatos e conceitos devem estar relacionados. Não basta listar os elemen-
tos que se vai utilizar. É necessário que haja um encadeamento entre as 
ideias, e que elas se aproximem, fortalecendo umas às outras.
O espírito democrático da criança não conhece hierarquia: ele sofre da mesma forma 
diante da fadiga do trabalhador, da fome de um camarada, da miséria de um burro 
de carga, do suplício de uma galinha sendo degolada. O cachorro e o pássaro são 
seus próximos, a borboleta e a flor seus iguais. Ela descobre um irmão numa pedra ou 
numa concha. Ela se dessolidariza de nós em seu orgulho de novo-rico; ignora que só 
o homem possui alma.
Nós não respeitamos a criança porque ela tem muitas horas de vida pela frente.
https://aplicweb.feevale.br/site/files/documentos/doc/16220.doc
https://aplicweb.feevale.br/site/files/documentos/doc/16220.doc
Comunicação e Expressão / UA 01 Visão Geral da Noção de Texto – Conceito e Tipologia: Descrição 6
Enquanto nossos passos tornam-se passados, nossos gestos interesseiros, nossa 
percepção e nossos sentimentos empobrecem, a criança corre, salta, olha em sua vol-
ta, se maravilha e interroga em pura gratuidade. Ela desperdiça suas lágrimas e pro-
digaliza seu riso generosamente. [...]
— Blog da creche São Vicente de Paulo – Disponível: http://crechesvpvotorantim.blo-
gspot.com/2010/04/o-direito-da-crianca-ao-respeito.html. Acesso em agosto de 2010.
Perceba que o texto começa com o tema “espírito democrático da crian-
ça”. Veja que há um avanço ao acrescentar outras ideias, mas todaspro-
curam se relacionar com a intenção de fortalecer o tema. Ao dizer, por 
exemplo, que “o cachorro e o pássaro são seus próximos”, mostra, com 
outras palavras, que a liberdade desses animais é a mesma da liberdade 
da democracia; ao se irmanar com a pedra e concha, reforça o espírito 
democrático da igualdade. Como vê, todo o texto se relaciona.
Atenção
A natureza do texto supõe alguns conceitos. Supõe ainda: 
estrutura, assunto, espaço, tempo, figuras, relações entre 
diferentes textos, contexto...
Consideradas as diferenças que distinguem os textos, é possível classificá-
-los de diversas maneiras. Assim, encontramos textos: poéticos, literários, 
científicos, políticos, religiosos, jurídicos, didáticos e vários outros.
Nesta aula e na próxima, trataremos de uma classificação bastante útil 
para a leitura e para a produção de texto, que é sua divisão em: descri-
tivos, narrativos e dissertativos. É preciso lembrar que dificilmente esses 
gêneros se apresentam em estado puro. É comum encontrar narração e 
descrição dentro de uma dissertação, descrições em narrações e assim 
por diante.
Por vezes acontece de a descrição conter muito significado em poucas 
palavras.
Leia os textos a seguir:
No 1
Os companheiros de classe eram cerca de vinte; uma variedade de tipos que me di-
vertia. O Gualtério, miúdo, redondo de costas, cabelos revoltos, mobilidade brusca 
e caretas de símio – palhaço dos outros, como dizia o professor; [...] o Maurílio, ner-
voso, insofrido, fortíssimo na tabuada: cinco vezes dois, noves fora, vezes sete?... lá 
estava Maurílio, trêmulo, sacudindo no ar o dedinho esperto... olhos fúlgidos no rosto 
http://crechesvpvotorantim.blogspot.com/2010/04/o-direito-da-crianca-ao-respeito.html
http://crechesvpvotorantim.blogspot.com/2010/04/o-direito-da-crianca-ao-respeito.html
Comunicação e Expressão / UA 01 Visão Geral da Noção de Texto – Conceito e Tipologia: Descrição 7
moreno, marcado por uma pinta na testa; o Negrão, de ventas acesas, lábios inquie-
tos, fisionomia agreste de cabra, canhoto e anguloso, incapaz de ficar sentado três 
minutos, sempre à mesa do professor e sempre enxotado, debulhando um risinho de 
pouca-vergonha [...]
— Raul Pompeia, O Ateneu
Este texto, predominantemente descritivo, tem como característica prin-
cipal apresentar a imagem de pessoas em seus traços mais marcantes 
e típicos, captados por meio dos sentidos. Tal caracterização obedece a 
uma delimitação espacial.
No 2
Baleia assustou-se. Que faziam aqueles animais soltos de noite? A obrigação dela era 
levantar-se e conduzi-los ao bebedouro. Franziu as ventas, procurando distinguir os 
meninos. Estranhou a ausência deles. Não se lembrava de Fabiano. Tinha havido um 
desastre, mas Baleia não atribuía a esse desastre a impotência em que se achava nem 
percebia que estava livre de responsabilidades. Uma angústia apertou-lhe o pequeno 
coração. Precisava vigiar as cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar 
pelas ribanceiras, rondar as moitas afastadas. Felizmente os meninos dormiam na 
esteira, por baixo do caritó onde Sinhá Vitória guardava o cachimbo.
— Graciliano Ramos, Vidas Secas
Este segundo texto, de caráter narrativo, constitui uma sequência tempo-
ral de ações desencadeadas por personagens envolvidas em uma trama 
normalmente esclarecida ao final.
No 3
[...] Todo especialista em marketing e em propaganda sabe que a cor é fundamental 
na apresentação e na aceitação do produto e, mais ainda, que isto é também condi-
cionado ao sexo, idade ou extrato sociocultural do comprador visado. Um produto que 
se destina, principalmente, ao mercado feminino deverá ter, por exemplo, embalagem 
em que predominem cores “femininas”, isto é, que lembrem suavidade e delicadeza; já 
naquele que busque despertar no homem o desejo de comprar as cores serão “mas-
culinas”, traduzindo agressividade e força. O efeito psicológico das cores pode, neste 
campo, ter grandes implicações. Não nos esqueçamos da pouca receptividade que, 
inicialmente, tiveram as geladeiras pintadas de vermelho, uma cor “quente”, pois as 
donas de casa não acreditavam que gelassem tão bem como as brancas...
— Roberto Verdussen, Ergonomia: a racionalização humanizada do trabalho
Este último, dissertativo, consiste na exposição lógica de ideias. Comporta 
um tema principal, argumentos e contra-argumentos. Ao final, o leitor é 
Comunicação e Expressão / UA 01 Visão Geral da Noção de Texto – Conceito e Tipologia: Descrição 8
conduzido a uma conclusão. Sua principal característica é a argumentati-
vidade.
Como vocês podem verificar, os três exemplos apresentam característi-
cas bem marcantes, que caracterizam cada um dos gêneros comentados.
DicAs
Narrar x descrever x dissertar
A narração é marcada pela temporalidade; a descrição, pela 
espacialidade; e a dissertação, pela racionalidade.
Agora vamos nos aprofundar nas características da Descrição.
FundAmentos
Descrever é caracterizar uma cena, um estado, um momento vivido ou 
sonhado através de nossa percepção sensorial e de nossa imaginação 
criadora. A visão, o tato, a audição, o olfato e o paladar – nossos cinco 
sentidos – constituem os alicerces da descrição. (AMARAL, Patrocínio & 
SEVERINO, Antonio, 1999, p. 17)
Descrição é o tipo de texto em que se relatam as características de 
uma pessoa, de um objeto ou de uma situação qualquer, inscritos num 
certo momento estático do tempo. [...] Como os fatos reproduzidos numa 
descrição são todos simultâneos, nesse tipo de texto não existe obvia-
mente relação de anterioridade ou posterioridade entre os seus enuncia-
dos. (FIORIN & SAVIOLI, 2009, p. 298)
Descrever é um processo no qual se empregam os sentidos para cap-
tar uma realidade e reprocessá-la num teto. Para a elaboração de texto 
final, concorrem a sua habilidade linguística [...] e as finalidades a que ele 
se propõe: informar ao leitor, convencê-lo, transmitir-lhe impressões ou 
comunicar-lhe emoções. (SCIPIONE, 2006, p. 136)
Observando os conceitos comentados, é possível estabelecer que a 
descrição é um texto, literário ou não, em que se caracterizam seres, coi-
sas e paisagens.
Alguns itens podem ser verificados em relação à descrição:
Comunicação e Expressão / UA 01 Visão Geral da Noção de Texto – Conceito e Tipologia: Descrição 9
1. O qUe desCrever
Conforme já vimos, a descrição tem base sensorial. Assim, é possível des-
crever o que vemos (e que está próximo), o que imaginamos (conhece-
mos, mas não está próximo no momento da descrição) ou o que criamos 
com a imaginação (qualquer ser imaginado).
Observe os três textos descritivos a seguir e perceba a sensação que 
cada um desperta em você.
Há, desde a entrada, um sentimento de tempo na casa materna. As grades do portão 
têm uma velha ferrugem e o trinco se oculta num lugar que só a mão filial conhece. O 
jardim pequeno parece mais verde e úmido que os demais, com suas palmas, tinhorões 
e samambaias que a mão filial, fiel a um gesto de infância, desfolha ao longo da haste.
É sempre quieta a casa materna, mesmo aos domingos, quando as mãos filiais se 
pousam sobre a mesa farta do almoço, repetindo uma antiga imagem. Há um tra-
dicional silêncio em suas salas e um dorido repouso em suas poltronas. O assoalho 
encerado, sobre o qual ainda escorrega o fantasma da cachorrinha preta, guarda as 
mesmas manchas e o mesmo taco solto de outras primaveras. As coisas vivem como 
em prece, nos mesmos lugares onde as situaram as mãos maternas quando eram mo-
ças e lisas. Rostos irmãos se olham dos porta-retratos, a se amarem e compreenderem 
mudamente [...]
— Vinicius de Morais, A casa materna
Prédio talvez um pouco antigo, porém limpo; desde o portão da chácara pressentia-se 
logo que ali habitava gente fina e de gosto bem-educado [...] bolhas de vidro de várias 
cores com pedestal de ferro fosco, e lampiões de três globos que surgiam de peque-
ninos grupos de palmeiras sem tronco, e banco de madeira rústica, e tamboretes de 
faiança azul-nanquim, alcançava-seuma vistosa escadaria de granito, cujo patamar 
guarneciam duas grandes águias de bronze polido, com as asas em meio descanso, 
espalmando as nodosas garras sobre colunatas de pedra branca. Na sala de entrada, 
por entre muitos objetos de arte, notava-se, mesmo de passagem, meia dúzia de telas 
originais, umas em cavaletes, outras suspensas contra a parede por grossos cordéis de 
seda frouxa; e, afastando o soberbo reposteiro de redes verdes que havia na porta do 
fundo, penetrava-se imediatamente no principal salão da casa.
— Aluísio Azevedo, O Homem
De um dos cabeços da Serra dos Órgãos desliza um fio d’água que se dirige para o nor-
te, e engrossado com os mananciais, que recebe no seu curso de dez léguas, torna-se 
rio caudal. É o Paquequer: saltando de cascata em cascata, enroscando-se como uma 
serpente, vai depois se espreguiçar na várzea e embeber no Paraíba, que rola majes-
tosamente em seu vasto leito. Dir-se-ia que vassalo e tributário desse rei das águas, o 
pequeno rio, altivo e sobranceiro contra os rochedos, curva-se humildemente aos pés 
Comunicação e Expressão / UA 01 Visão Geral da Noção de Texto – Conceito e Tipologia: Descrição 10
do suserano. Perde então a beleza selvática; suas ondas são calmas e serenas como as 
de um lago, e não se revoltam contra os barcos e as canoas que resvalam sobre elas: 
escravo submisso, sofre o látego do senhor [...] Aí o Paquequer lança-se rápido sobre o 
seu leito, e atravessa as florestas como o tapir, espumando, deixando o pelo esparso 
pelas pontas do rochedo e enchendo a solidão com o estampido de sua carreira.
— José de Alencar, O Guarani
2. COmO desCrever
Observando os textos, vemos que é possível escolher um entre os aspec-
tos a seguir, para efetuar a descrição ou mesmo a associação de dois e até 
três aspectos. São eles:
 → Pormenorização: detalhamento das características daquilo que que-
remos descrever (Aluísio de Azevedo);
 → Dinamização: captação dos movimentos dos objetos e seres (José de 
Alencar);
 → Impressão: interpretação subjetiva dos elementos observados (Vini-
cius de Morais)
É possível, em uma descrição, utilizarmos todos os órgãos dos sentidos, 
alguns deles ou apenas um. O importante, e que define a descrição, é que 
os sentidos são utilizados.
PAPo técnico
A descrição compreende algumas fases: enumeração de 
elementos, levantamento sensorial, comparação, imagi-
nação criadora. Leva em conta, ainda, um sujeito e suas 
perspectivas.
3. elementOs predOminantes na desCriçãO
Caso utilizarmos os sentidos, visão, audição, gustação, olfato e tato, as 
sensações são os elementos predominantes na descrição. Como a des-
crição está ligada à experiência sensorial física e percepção subjetiva, é 
natural que os órgãos dos sentidos sejam utilizados em parte ou na sua 
totalidade. As descrições relacionadas aos órgãos dos sentidos (mais vi-
suais, mais táteis...) são marcadas por certa objetividade, e aquelas que 
transmitem tristeza, dor, amor, fome, cansaço, são o veículo da subjetivi-
dade. E há as descrições que misturam sensações:
Comunicação e Expressão / UA 01 Visão Geral da Noção de Texto – Conceito e Tipologia: Descrição 11
Os sons se sacodem, berram, lutam, arrebentam no ar sonoro dos ventos, vaias, kla-
xons, aços estrepitosos. Dentro dos sons movem-se cores, vivas, ardentes, pulando, 
dançando, desfilando sob o verde das árvores, em face do azul da baía no mundo 
dourado. Dentro dos sons e das cores, movem-se os cheiros, cheiro de negro, cheiro 
mulato, cheiro branco, cheiro de todos os matizes, de todas as excitações e de todas as 
náuseas. Dentro dos cheiros, o movimento dos tatos violentos, brutais, suaves, lúbri-
cos, meigos, alucinantes. Tatos, sons, cores, cheiros se fundem em gostos de gengibre, 
de mendubim, de castanhas, de bananas, de laranja, de bocas e de mucosa.
— Graça Aranha, A Viagem Maravilhosa
Como você sabe, o som não é uma propriedade das cores ou dos cheiros. 
Mas no texto de Graça Aranha, os cinco sentidos se misturam, se fundem 
com a intenção de provocar uma sensação de completude.
Veja, no esquema a seguir, a ligação entre sujeito, base sensorial e cria-
tividade.
conceito
Descrever é um processo em que se capta a realidade por 
meio dos sentidos; é caracterizar uma cena, um estado, um 
momento vivido ou sonhado através da percepção sensorial 
e da imaginação criadora.
objeto
(percebido)
imaginação
criadora
sujeito
(percebedor)
base
sensorial
percepção
O esquema mostra que descrever envolve a percepção do objeto pelo su-
jeito por meio da relação entre a base sensorial [representada pelos cinco 
sentidos: tato, visão, audição, olfato e visão] e a imaginação criadora.
Figura 1. Descrição.
Comunicação e Expressão / UA 01 Visão Geral da Noção de Texto – Conceito e Tipologia: Descrição 12
4. FigUras de lingUagem e desCriçãO
A utilização de figuras de linguagem serve para facilitar a caracterização 
dos elementos que se quer descrever. As mais utilizadas são: metáfora 
(uso de uma palavra com sentido diferente daquele que lhe é próprio), 
comparação (confronto de duas ideias por meio de uma conjunção com-
parativa: como, tal qual...), prosopopeia (atribuição de características ani-
mais a seres inanimados [animação] e características humanas a seres 
não humanos [personificação]), sinestesia (cruzamento de sensações fí-
sicas ou psicológicas diferentes), onomatopeia (imitação aproximada de 
ruídos e sons de qualquer natureza), assim como outras figuras de lingua-
gem podem reforçar os sentidos nas descrições.
Leia novamente o texto em que José de Alencar descreve o rio Paque-
quer. Observe como é rico em metáforas, comparações, prosopopeias, si-
nestesias. E perceba como essas figuras facilitam a visualização desse rio.
De um dos cabeços da Serra dos Órgãos desliza um fio d’água que se dirige para o nor-
te, e engrossado com os mananciais, que recebe no seu curso de dez léguas, torna-se 
rio caudal. É o Paquequer: saltando de cascata em cascata, enroscando-se como uma 
serpente, vai depois se espreguiçar na várzea e embeber no Paraíba, que rola majes-
tosamente em seu vasto leito. Dir-se-ia que vassalo e tributário desse rei das águas, o 
pequeno rio, altivo e sobranceiro contra os rochedos, curva-se humildemente aos pés 
do suserano. Perde então a beleza selvática; suas ondas são calmas e serenas como as 
de um lago, e não se revoltam contra os barcos e as canoas que resvalam sobre elas: 
escravo submisso, sofre o látego do senhor [...] Aí o Paquequer lança-se rápido sobre o 
seu leito, e atravessa as florestas como o tapir, espumando, deixando o pelo esparso 
pelas pontas do rochedo e enchendo a solidão com o estampido de sua carreira.
— José de Alencar, O Guarani
Uma COnstataçãO
No Brasil, em pleno século XXI, as empresas se queixam da dificuldade 
de encontrar pessoas que escrevam bem. Particularmente importante é 
a habilidade de redigir descrições que sejam facilmente inteligíveis, que 
não desperdicem palavras e, na medida do possível, que sejam agradáveis 
de ler. Por exigências de políticas de qualidade cada vez mais sofisticadas 
e abrangentes e de necessidade de certificações (várias modalidades de 
ISO, Green Buildings e outras validações de produtos), há uma tendência 
da valorização de profissionais capazes de escrever descrições concisas e 
corretas. Assim, empenhe-se.
antena 
pArAbóliCA
Até meados dos anos 70, o recrutamento de profissionais 
por empresas usava a intuição como principal ferramenta. 
Hoje, há parâmetros que tornam a escolha de colaborado-
res mais eficiente. Entre eles, está a descrição de cargos e 
funções. Pense nessa descrição como uma fotografia instan-
tânea de um conjunto de atividades. Essa descrição precisa 
comunicar de forma clara e concisa as responsabilidades 
e tarefas e também indicar as qualificações fundamentais 
exigidas. Se possível, deve até mostrar os atributos que sus-
tentam um desempenho de excelência.
Lembre-se
A descrição está presente em situações coti-
dianas e sua utilizaçãoé tão comum que não 
nos damos conta que a estamos praticando. 
É largamente empregada nas organizações: 
especificação de produtos, serviços, locais, 
reuniões, projetos, relatórios e em várias ou-
tras. outras instâncias...
e AgorA, José?
Agora que você já sabe o que é texto e conhece um pouco 
do gênero “descrição”, chegou o momento de dar mais um 
passo e verificar como contar um fato, um acontecimento, 
um evento. Para isso você aprenderá na próxima aula, o 
que é uma narração e como elaborá-la. Aprenderá também 
como o fato de conhecer a estrutura da narrativa poderá 
auxiliá-lo. Boa sorte!
Comunicação e Expressão / UA 01 Visão Geral da Noção de Texto – Conceito e Tipologia: Descrição 14
reFerênCiAs
AMARAL, E.; SEVERINO, A.; PATROCÍNIO, M. F. 
 Português: Redação, gramática, litera-
tura e Interpretação de Texto. São Paulo: 
Nova Cultural, Círculo do Livro, 1999.
FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Para Entender o 
Texto: Leitura e Redação. São Paulo: Áti-
ca, 2009.
SCIPIONI, U. Do Texto ao Texto – Curso práti-
co de leitura e redação. São Paulo: Editora 
Scipioni, 2006.
VERDUSSEN, R. Ergonomia: a racionalização 
humanizada do trabalho. Rio de Janeiro: 
Livros Técnicos e Científicos, 1978.
Gestão empresarial
comunicação e expressão
Visão geral da noção 
de texto: narração
2
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de compreen-
der o que é narração, as diferenças práticas entre narra-
ção e descrição e ser capaz de elaborar uma narração.
COmpetênCias 
Compreensão do conceito de narração e ampliação do 
repertório.
Habilidades 
Associação dos conceitos de descrição e narração. Reco-
nhecimento dos gêneros narração, descrição, disserta-
ção. Elaboração de uma narração.
comunicação e expressão
Visão geral da noção 
de texto: narração
ApresentAção
Descrever é basicamente estático: descreve-se um mo-
mento, uma situação, um objeto ou um sistema. Narrar 
é dinâmico: narra-se uma sequência de eventos. Ainda 
que haja essas diferenças, é comum que se confunda 
descrição e narração. Esta aula se ocupa das técnicas 
de narração, úteis ao se apresentar ações sequenciais 
(como o desenvolvimento de um sistema) muito comuns 
na prática empresarial.
pArA ComeçAr
Agora que você já aprendeu o que é texto e sobre as 
diferenças entre os gêneros: descritivo, narrativo e 
dissertativo; agora que já sabe como identificar uma 
descrição, está na hora de conhecer o que é narração 
e como elaborar uma.
O ato de escrever é prazer, diversão. É a sensação de poder, de 
domínio. Criar gente, fabricar fantasias, inventar cidades, dar 
vida e dar morte, criar um terremoto ou furacão, fazer o que eu 
quiser. Escrever é um jogo, brincadeira. Conseguir segurar, pren-
der uma pessoa, mantê-la atrelada a si (é o leitor diante do livro: 
sua sensação divina).
— Ignácio de Loyola Brandão
As histórias apareceram junto com a linguagem e com 
a capacidade de simbolizar — a Antropologia utiliza as 
histórias como ferramenta importante para o estudo 
de qualquer cultura. As pinturas rupestres nas cavernas 
pré-históricas, primeira manifestação artística conheci-
da, eram formas primitivas de narração existentes de-
zenas de milhares de anos antes da invenção da escrita. 
Escrituras sagradas, como os Vedas da Índia e a própria 
Bíblia judaico-cristã apresentam grande quantidade de 
narrativas. As histórias da mitologia greco-romana, os 
contos de fadas da Europa medieval recolhidos pelos 
Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 4
Irmãos Grimm, a mitologia brasileira (saci, caipora, negrinho do pastoreio) 
são exemplos de narrativas. De maneiras diversas, contam histórias e dão 
forma a fantasias.
Atenção
Narrar é um ato inerente à natureza do homem. Desde que 
descobriu o poder de encantamento da palavra, ele deu 
asas ao pensamento e passou a criar mundos, divindades, 
crenças.
Descrever e narrar são experiências muito próximas, que se misturam e 
se complementam. Às vezes precisamos introduzir descrições para escla-
recer uma história. Outras, contamos histórias para ilustrar uma descri-
ção. Lugar, tempo e personagem são elementos típicos da narração, po-
rém é relativamente comum utilizarmos a descrição desses dados dentro 
de uma narração.
As narrações se apresentam de diversos estilos, mas alguns elementos 
presentes em todos eles são: narrador, personagens, ação, tempo e lugar.
Leia os textos a seguir:
Sopa de Pedras
Pedro ia andando por um caminho e sentiu muita fome. Catou umas pedras brancas, 
de cristal, lavou bem e levou para uma velha cozinhar. É para fazer uma sopa. E como 
é que se faz? Coisa fácil demais, Sá dona! Refoga as pedras com tempero e sal com 
alho, cebolinha verde, Tomate. Garra um punhado de macarrão, umas batatas, meia 
dúzia de ovos, uns pedaços de toicinho e de pele de porco, mistura tudo, deixa ferver, 
deixa cozinhar. E pronto. A mulher fez. Tudo em ordem, Pedro, só o que tem é que as 
pedrinhas estão duras. Não tem nada não, Sá dona! Eu como assim mesmo. Bateu 
bem pra dentro dois pratarros da sopa de pedra, largou as pedrinhas na panela e 
foi embora, que já estava na hora do homem dela voltar da roça. Quando o marido 
chegou, que ela contou tudo, tintim por tintim, ele falou: “Mulher burra! Já foi na onda 
do Pedro”.
— Ruth Guimarães, A Saga de Malazarte
Tragédia Brasileira
Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade, conheceu Maria Elvira na Lapa, 
— prostituída, com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os dentes em 
petição de miséria. Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Está-
cio, pagou médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria. Quando Maria 
Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 5
Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado. Misael não queria 
escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. Não fez nada disso: mudou de 
casa. Viveram três anos assim. Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael 
mudava de casa. Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, 
Olaria, Ramos, Bonsucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, 
Rua Clapp, outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, 
Inválidos... Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e de inte-
ligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, 
vestida de organdi azul.
— Manuel Bandeira, Estrela da Vida Inteira
Chapeuzinho Vermelho
Uma menina chamada Chapeuzinho Vermelho foi visitar sua avó que morava distante 
e estava doente. Sua mãe queria notícias da velha senhora e mandou a filha fazer-lhe 
uma visita, levando alguns doces. O caminho era longo e passava por uma floresta. 
Matreiro o Lobo-Mau, dizendo ser o guarda da floresta abordou a menina no caminho, 
fingindo ser amigo, pois sua intenção era comer a neta e a avó. Ao chegar à casa da 
avó Chapeuzinho Vermelho foi tomada de surpresa, pois achou-a um tanto diferente 
de como a conhecia. O Lobo-Mau já tinha comido a velhinha e vestido sua roupa, 
metendo-se em sua cama esperava para dar o bote final na menina.
— Irmãos Grimm — adaptação
Como podem verificar, os três exemplos apresentam os elementos bási-
cos da narração: narrador, personagens, ação, tempo e espaço.
DicAs
Quase sempre a narração se baseia em um conflito de in-
teresses ou desejos entre as personagens que se dividem 
em protagonistas e antagonistas. Há também histórias com 
personagens-auxiliares.
Agora vamos nos aprofundar nas características da Narração.
FundAmentos
Narrar é fundamentalmente contar uma história ou mostrar uma se-
quência de eventos encadeados. Essa sequência de ações apresenta 
Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 6
personagens em tempos e espaços determinados. Os exemplos são mui-
tos, da Bíblia às novelas de TV, passando pelas histórias em quadrinhos, 
notíciasna mídia e tantos outros. Na organização, um exemplo de narra-
tiva é a ata de reunião, que apresenta todas as características citadas.
É possível criar uma narrativa a partir de uma única frase, como “o ôni-
bus chegou atrasado” ou “minha sogra ficou avó” (Oswald de Andrade). 
Existe uma narrativa moderna, a chamada twitteratura, que consiste de 
microcontos com exatamente 140 caracteres, como:
Acordou com gosto de cabo de guarda-chuva na boca. O sonho, de lembrança muito 
vaga, tinha a ver com alguma situação aborrecida e prosaica.
— Twitter bruno_andreoni.
É de se notar que há ações, personagens e um narrador, que, ainda que 
possa não aparecer, sempre existe — as frases têm de ser enunciadas 
por alguém.
No caso da frase de Oswald de Andrade, o narrador é o genro, os per-
sonagens, além do próprio genro, são a sogra e o neto, a ação é a passa-
gem da situação de não avó para a de avó e o tempo é o passado, marca-
do pelo verbo ficar no pretérito perfeito (ficou).
Atenção
Perguntas respondidas durante a narração: quem, o quê, 
quando, onde, como, por quê.
Alguns itens podem ser verificados na narração:
1. tipOs de disCUrsO
Como você já sabe, existe um narrador que conta a história. Ele pode 
contá-la de duas maneiras: de modo direto ou indireto. No modo direto, 
o narrador descreve a personagem, apresenta diretamente suas carac-
terísticas físicas, psicológicas, ideológicas. No modo indireto, a história é 
percebida por meio do diálogo; ela é construída.
Observe os textos narrativos e perceba a diferença.
No 1
Frederico Paciência era aquela solidariedade escandalosa. Trazia nos olhos grandes 
bem pretos, na boca larga, na musculatura quadrada da peitaria, em principal nas 
mãos enormes, uma franqueza, uma saúde, uma ausência ruja de segundas intenções. 
Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 7
E aquela cabelaça pesada, quase azul, numa desordem crespa. Filho de português e 
de carioca. Não era beleza, era vitória. Ficava impossível a gente não querer bem ele, 
não concordar com o que ele falava.
— Mário de Andrade, Contos Novos
No 2
Relicário
No baile da Corte
Foi o Conde D’Eu quem disse
Pra Dona Bemvinda
Que farinha de Sururu
Pinga de parati
Fumo de Baependi
É comê bebè pitá e caí
— Oswald de Andrade, Poesias Reunidas
O texto 1 utiliza a apresentação direta: o narrador diz o que pensa a res-
peito da personagem. O texto 2 apresenta as personagens por meio do 
diálogo (indiretamente) e é necessário construí-las.
2. FOCO narrativO
O ato de narrar pressupõe que o narrador tome uma posição em relação 
ao acontecimento. Ele pode assumir três pontos de vista:
a. O narrador participante ou personagem faz parte da história como 
principal ou secundário. É como se estivesse “dentro” do evento e 
“vê” as ocorrências de dentro para fora. A narrativa é elaborada em 
1a pessoa do singular ou plural.
b. O narrador observador apenas efetua um relato dos fatos, registra as 
ações e o que dizem as personagens. Ocupa o lugar de espectador 
em uma história vivida por outros. A narrativa, neste caso, é escrita 
em 3a pessoa.
c. O narrador onisciente ou onipresente, uma testemunha invisível que 
conhece toda a ação e tudo o que os personagens pensam e sentem.
3. OrganizaçãO
Você já sabe que as histórias se baseiam em um ou mais conflitos, mas 
relatá-los não é difícil, afinal fazemos isso o tempo inteiro. Desde mui-
to pequenos reproduzimos eventos que nos acontecem. São narrações. 
Se pensarmos assim, somos grandes contadores de histórias. Ao narrar, 
exercitamos o relacionamento entre situações e indivíduos que participam 
Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 8
das nossas vidas. Os elementos fundamentais das nossas narrativas são 
as personagens e os acontecimentos (as ações).
É preciso lembrar que não “contamos” de forma desordenada tudo o que 
nos acontece: estabelecemos uma ordem, para que nos compreendam.
Essa organização do enredo ou tessitura da narrativa pode ser traduzi-
da em respostas a perguntas essenciais: o que aconteceu, quem ou com 
quem, como, onde, quando, por quê.
Releia o texto “Tragédia Brasileira”, de Manuel Bandeira. Perceba se res-
ponde às perguntas colocadas no parágrafo anterior. Escreva as respostas.
O ato de narrar implica em passar de um estado inicial de equilíbrio 
para um estado de desequilíbrio, que normalmente está representado 
pelo(s) conflito(s) e, por fim, o equilíbrio é restabelecido, embora de forma 
diferente daquele inicial.
Reveja a “Tragédia Brasileira”: há um equilíbrio inicial representado 
pelo encontro de Misael e Maria Elvira e pelas ações positivas ou eufóricas 
resultantes desse encontro. Em seguida, estabelece-se um desequilíbrio, 
mostrado nas ações negativas ou disfóricas de Maria Elvira para com Mi-
sael. Depois de várias tentativas de resolução, o equilíbrio é restabelecido, 
mas não como o início: as disforias cessam, mas Maria Elvira morre.
PAPo técnico
A narração está marcada por um estado inicial de equilíbrio 
que se rompe com a existência de um ou mais conflitos. 
Após a resolução dos conflitos, o equilíbrio é restabelecido, 
embora a situação seja diferente da inicial.
4. a estrUtUra dO textO narrativO
Normalmente a narração segue uma estrutura formada por apresentação 
ou introdução, desenvolvimento (também chamado de enredo, entrecho, 
intriga, complicação, urdidura), clímax e desfecho (conclusão ou desenlace).
A introdução é o momento em que se apresentam os personagens e 
são expostas algumas circunstâncias da história, como tempo e lugar. 
Evidentemente existem narrativas que não possuem a introdução — são 
aquelas que começam pela ação, pelo conflito, em pleno desenvolvimen-
to. Neste caso, as personagens serão mostradas no decorrer da história.
O desenvolvimento é marcado pelo estabelecimento de um ou mais 
conflitos — o momento da ação, que dá origem às transformações do 
estado inicial.
Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 9
Após essa observação, podemos dizer que os enunciados ocorrem na 
narrativa de duas maneiras: os de estado e os de ação. Os enunciados de 
estado são os que estabelecem uma relação de posse ou privação entre 
um sujeito e um objeto qualquer.
a. O agronegócio é exportador [um sujeito (agronegócio) está de posse 
de um objeto (exportação)];
b. A indústria eletroeletrônica não consegue competir [o sujeito está 
privado do objeto].
Os enunciados de ação mostram a passagem de um estado inicial para 
um estado final — há vários exemplos no texto “Tragédia Brasileira”. A 
frase a seguir é um exemplo interessante que utiliza o mesmo contexto 
de um dos exemplos de enunciado de estado:
A Rússia passou a comprar carne bovina do Brasil.
Nessa frase, você deduz que havia uma situação inicial (não exportação) 
que foi modificada por um sujeito (Rússia) para nova situação (exporta-
ção). No caso foi necessária uma ação, representada pelo verbo (comprar).
Embora pareça que a narração está associada aos textos ficcionais, não 
se restringe a eles, como se vê nos exemplos dos parágrafos anteriores. 
Quando você comunica que a empresa obteve um contrato ou colocará 
um produto no mercado, utiliza o formato narrativo. Quase tudo é “con-
tado”. Evidentemente nem tudo será ação, mas sempre haverá narrador, 
personagem, tempo e ação/estado.
conceito
Fazem parte do texto narrativo: uma situação inicial eufó-
rica, um ou mais conflitos, o clímax e o desfecho, em que 
o conflito é resolvido. A resolução do conflito restabelece a 
calma inicial, porém trata-se de situação nova.
O clímax é o ponto da narrativa em que a ação atinge seu momento críti-
co, tornando inevitável seu desfecho.
O desfecho ou desenlace é a solução do conflito produzido pelas 
ações dos personagens. O equilíbrio é restabelecido e pode haver espaço 
para uma avaliação de tudo o que foi narrado. Às vezes é inesperado, 
como acontece em textos de humor como o da charge mostrada a seguir.
Comunicação e Expressão/ UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 10
Não quero fazer como nossas mães, 
que aprendiam costura e tricô. 
Somos a geração da liberação, 
da tecnologia! Também acho! 
Quando crescer, vou querer uma 
máquina de tricô eletrônica!
4.1 Tipos de narração
Como narramos desde criança, é fácil imaginar que existam vários tipos de 
narração. Comentaremos os mais comuns, mas eles não se esgotam aqui.
Notícia de Jornal
No último domingo, sob a acusação de ter tentado furtar dinheiro da Igreja Nossa 
Senhora do Brasil, no Jardim América, foi detido e encaminhado ao 15o Distrito, o 
meliante Emílio Santino Alves, de 68 anos que alegou estar fazendo uma oferenda 
àquela instituição pia. Segundo os fiéis, o sexagenário, aparentemente embriagado, 
tentava pescar o dízimo arrecadado durante a missa, usando um arame para retirá-lo 
do cofre.
— E. Amaral, et al.
Como você pode notar, o texto inicia com uma breve exposição do fato 
(tentativa de roubo), seguido da prisão do acusado (ação). Alguns fatos 
podem ser deduzidos pelo leitor, mas estão presentes todas as caracte-
rísticas narrativas: há o narrador (repórter), que apresenta, por meio do 
discurso indireto:
 → As ações (tentativa de furto e detenção);
 → O tempo (no último domingo — para saber a que domingo se refere, 
basta verificar a data do jornal);
 → As personagens (Emílio Santino, aquele que o deteve, fiéis).
Existe aí uma estrutura narrativa: ainda que a notícia não apresente uma 
sequência de eventos, há aspectos descritivos. De um estado inicial de 
equilíbrio, acontecido quando Emílio tentava pescar o dinheiro, passou-se 
a um conflito, quando aquele estado foi modificado pelo aparecimento da 
Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 11
polícia. Emílio foi preso, e a detenção levou a outro estado de equilíbrio 
diferente do inicial.
O cartum
Veja o seguinte exemplo de cartum: http://www.allposters.com/-sp/I-ve-
already-told-Mom-about-my-day-ask-her-New-Yorker-Cartoon-Posters_
i9171783_.htm
Cartum é uma história divertida contada em um quadro ou uma tira. As 
charges são cartuns que fazem um comentário ou crítica sobre algo atual. 
Esse quadro ou tira traz, ainda que muitas vezes de modo não totalmente 
claro, o processo narrativo em sua inteireza: personagens, ação, estado 
inicial de equilíbrio.
Note que existe um narrador que estabelece dois tempos: o presente, 
representado no desenho da chegada do pai e do filho diante da TV; e o 
passado, representado pelos verbos (disse, foi). Está implícito um conflito 
entre a pergunta (subentendida) do pai e a resposta do filho. O desfecho 
está na resposta do filho.
Poema/Canção
Poemas e canções podem comportar narrativas quando ajustam a conci-
são às informações necessárias a esse gênero:
Valsinha
Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a dum jeito mais quente do que comumente costumava olhar
E não falou mal da poesia como mania sua de falar
E nem deixou-a só num canto; pra seu grande espanto disse: vamos nos amar...
Aí ela se recordou do tempo em que saíam para namorar
E pôs seu vestido dourado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como a gente antiga costumava dar
E cheios de ternura e graça foram para a praça e começaram a bailar...
E logo toda a vizinhança ao som daquela dança foi e despertou
E veio para a praça escura, e muita gente jura que se iluminou.
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouviam mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu em paz.
— Vinicius de Moraes, Chico Buarque
Observe que todos os elementos narrativos estão aí presentes. Encontre-
-os, escreva-os e comente. Procure outro poema e faça o mesmo.
http://www.allposters.com/-sp/I-ve-already-told-Mom-about-my-day-ask-her-New-Yorker-Cartoon-Posters_i9171783_.htm
http://www.allposters.com/-sp/I-ve-already-told-Mom-about-my-day-ask-her-New-Yorker-Cartoon-Posters_i9171783_.htm
http://www.allposters.com/-sp/I-ve-already-told-Mom-about-my-day-ask-her-New-Yorker-Cartoon-Posters_i9171783_.htm
Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 12
DicA
Experimente narrar uma história amorosa e uma de terror. 
Elabore conflitos. Observe personagens e tempo. Se pos-
sível, descreva o local. Não se esqueça de que o clímax e o 
desfecho são muito importantes.
Fábula
Fábulas são narrações de caráter alegórico que possuem um preceito mo-
ral. Caracterizam-se pela linguagem simples que, no entanto, articulam 
um universo complexo, embora fantasioso.
A Raposa e as Uvas
Uma raposa, morta de fome, viu, ao passar diante de um pomar, penduradas nas 
grades de uma viçosa videira, alguns cachos de uvas negras e maduras.
Ela então usou de todos os seus dotes e artifícios para pegá-las, mas como estavam 
fora do seu alcance, acabou se cansando em vão, e nada conseguiu.
Por fim, deu meia volta e foi embora, e consolando a si mesma, meio desapontada 
disse: “olhando com mais atenção, percebo agora que as uvas estão todas estragadas, 
e não maduras como eu imaginei a princípio”.
Moral da História: é mais fácil desprezar o que não se pode obter.
— Esopo
Veja que todos os elementos da narração estão presentes. Assim como 
a fábula, os contos de fadas e as chamadas histórias da carochinha são 
narrativas.
Narração organizacional
Todos os dias as crianças da Creche-Escola tiveram aulas regidas pelas professoras 
cedidas através de convênio, com o apoio de duas dinamizadoras e uma orientado-
ra psicopedagógica. Após o almoço as crianças faziam a sesta de uma hora e meia. 
À tarde, as crianças, ainda com as monitoras, receberam orientações socioeducati-
vas, reforço escolar, lazer interno, muitos momentos lúdicos dirigidos à sociabilidade, 
orientação e exercício de higiene pessoal e ambiental, músicas e outros temas contidos 
no currículo escolar.
— Relatório de atividades do Centro Comunitário São Lucas, DF.
Embora de maneira diferente, pois não se trata de ficção, a narrativa orga-
nizacional também conta um fato, um evento, um acontecimento.
Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 13
Estrutura da Narração
O esquema a seguir mostra que a narrativa envolve uma complexidade 
bem maior do que percebemos quando contamos nossas histórias. Tal 
estrutura é inerente à narrativa, qualquer que seja sua origem.
a história
Equilíbrio 
inicial
Ação/ 
conflito Desfecho
Novo 
equilíbrio
Tempo
Espaço
Personagens
narrador
Discurso
Direto
Indireto
Foco narrativo
Participante ou Personagem
Observador
Onisciente
O esquema difere a História do Narrador e explicita:
 → Toda história começa com um equilíbrio inicial, parte para a ação/
conflito até seu desfecho se instaurando então um novo equilíbrio;
 → Ela envolve tempo, espaço e personagens;
 → O narrador pode utilizar o discurso direto ou indireto;
 → Seu foco narrativo pode ser participante ou personagem, um obser-
vador ou ser onisciente.
Figura 1. Estrutura 
de Narração.
antena 
pArAbóliCA
Até o final dos anos 50, as narrativas em jornais eram 
feitas em estilo rebuscado e não havia muito empenho 
em verificar as fontes e confirmar as histórias. Em um 
pequeno jornal do Rio, o Diário Carioca, uma equipe que 
incluía professores da Universidade do Brasil (que hoje 
é a UFRJ) efetuou uma verdadeira revolução e implantou 
a linguagem jornalística de hoje. Em alguns anos, aque-
la equipe, capitaneada por Danton Jobim e Pompeu de 
Souza, mudou-se para o Jornal do Brasil. Só no início da 
década de 70 os outros grandes jornais do Rio de Janeiro 
(como O Globo) e de São Paulo (O Estado de S. Paulo, a Fo-
lha de S. Paulo) — logo seguidos pela imprensa de todo 
o País — adotariam algumas das normas de redação e 
narrativa lançadas pelo Diário Carioca e fixadas no Jornal 
do Brasil.
Curiosamente, o antigo estilo de narrativa subsiste em 
colunas sociais de jornais interioranos. Deve ser evitado 
com cuidado profissionais de qualquer área que escre-
vamquando do exercício de suas funções.
Lembre-se
A narração está presente em situações co-
tidianas e sua utilização é tão comum que 
não nos damos conta que a estamos pra-
ticando. É empregada nas organizações 
para expor fatos, propor serviços, infor-
mar sobre ocorrências, mostrar resultados 
após ações.
e AgorA, José?
Agora que você já sabe o que é texto e conhece o gêne-
ro “narração”, é o momento de dar outro passo. Você 
aprenderá na próxima aula o que é uma dissertação e 
como elaborá-la. Boa sorte!
Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 15
glossário
Antropológico: (do grego anthropos, “ho-
mem”, e logos, “razão”/“pensamento”) é a 
ciência preocupada em estudar o homem e 
a humanidade de maneira totalizante, ou 
seja, que abrange todas as suas dimensões. 
A antropologia como ciência da humanidade 
e da cultura, tem um campo de investigação 
extremamente vasto: abrange todas as po-
pulações socialmente organizadas.
Eufórico: termo que serve para designar situa-
ções e sentimentos positivo.
Disfórico: oposto de eufórico.
Enunciado: tudo que se diz ou escreve ante-
riormente a qualquer análise linguística ou 
lógica.
reFerênCiAs
AMARAL, E.; SEVERINO, A.; PATROCÍNIO, M. F. 
 Português: Redação, gramática, litera-
tura e Interpretação de Texto. São Paulo: 
Nova Cultural, Círculo do Livro, 1999.
SCIPIONI, U. Do Texto ao Texto – Curso prá-
tico de leitura e redação. São Paulo: Sci-
pioni, 2006.
FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Para Entender o 
Texto: Leitura e Redação. São Paulo: Áti-
ca, 2009.
 Relatório de atividades do Centro Comu-
nitário São Lucas. Distrito Federal, 2007. 
Disponível em: www.cecosal.org.br/site/
imagens/.../RELATORIO_ATIV_2007.doc. 
Acesso setembro de 2010.
http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_grega
http://pt.wiktionary.org/wiki/antropo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Raz%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pensamento
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Homem
http://pt.wikipedia.org/wiki/Humanidade
http://www.cecosal.org.br/site/imagens/.../RELATORIO_ATIV_2007.doc
http://www.cecosal.org.br/site/imagens/.../RELATORIO_ATIV_2007.doc
gestão empresarial
comunicação e expressão
Visão geral da noção 
de texto: dissertação
3
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final desta aula o aluno deverá ser capaz de estru-
turar e redigir dissertações com coerência e clareza de 
apresentação de ideias.
COmpetênCias 
Capacidade de definir, ordenar e discutir com precisão 
informações e ideias, valendo-se dos recursos apropria-
dos à construção de textos dissertativos informativos ou 
polêmicos.
Habilidades 
Dar expressão a informações e ideias na modalidade 
textual estudada, em linguagem adequada à situação de 
produção do texto.
comunicação e expressão
Visão geral da noção 
de texto: dissertação
ApresentAção
Nesta aula, você aprenderá a estruturar e redigir uma 
dissertação, partindo do reconhecimento da organização 
e da natureza essencialmente argumentativa desse tipo 
de texto. Aprenderá também a expor e relacionar ideias 
em cada uma das partes da dissertação; dominando es-
sas informações, você poderá realizar tarefas de com-
posição textual exigidas nos ambientes profissional e 
acadêmico.
pArA ComeçAr
Veja o link desta tirinha da página Geekcats.com.
Na situação representada nesses quadrinhos, o gato 
preto e o malhado reagem com estranheza à fala do 
branco, certamente por que a linguagem deste é abstra-
ta, com jeito de especulação filosófica... Ele fala como se 
dissertasse acerca de um tema cuja complexidade con-
trasta visivelmente com os temas singelos comentados 
pelos outros dois.
Por certo você já deparou com a necessidade de re-
digir um texto de dissertação. Enganam-se aqueles que 
pensam que ela pode ser improvisada; esse tipo de texto 
tem uma organização muito precisa, para que seja real-
mente eficaz. Ao longo desta aula, você poderá perceber 
que se trata de um gênero discursivo de extrema impor-
tância, que merece sua atenção, de modo especial.
Trataremos de questões que devem facilitar a reda-
ção de textos dissertativos, presentes em atividades de 
caráter acadêmico (artigos, monografias) e das organiza-
ções empresariais (relatórios, pareceres).
Vamos lá?
https://scontent.fgig1-3.fna.fbcdn.net/v/t31.0-8/337457_413535108696303_1604715079_o.jpg?oh=6e513ac9653477e73bb033f952c2d735&oe=58EACF67
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Comunicação e Expressão / UA 03 Visão Geral da Noção de Texto: Dissertação 4
FundAmentos
Essa modalidade de texto é temática e toma por objeto teses em torno 
das quais se instala uma polêmica, com a exposição de pontos de vista e 
argumentos que lhe dão suporte; as partes componentes do texto disser-
tativo são lógicas, havendo diversas formas de ordenamento das sequên-
cias textuais responsáveis pela significação do todo.
A rigor, o texto dissertativo desprende-se de situações concretas e pro-
põe-se como análise destas, ultrapassando o particular, o único, e esten-
dendo-se a muitos casos, pessoas e situações.
A construção do raciocínio do enunciador do texto para defender e 
combater teses dá-se pela seleção de um léxico no qual predominam vo-
cábulos abstratos (daí o principal elemento de que decorre a natureza 
temática desse tipo de texto). Isso não significa que não se encontrarão na 
dissertação termos concretos; eles estarão presentes nela, mas somente 
para dar suporte à abstração.
As teses do enunciador e os argumentos de que se vale para prová-
-las são fundadas na realidade histórica, política e humana na qual ele se 
insere; seu repertório (valores, leituras, estudos, experiências de vida) 
fornece-lhe os elementos de que necessita para desenvolver seu texto; 
seu objetivo sempre será conseguir a adesão do outro às ideias que de-
fende; seu fazer é, pois, um fazer crer no que diz. Esse aspecto da disser-
tação confere particular relevância às relações que se estabelecem entre 
o enunciador do texto e aquele a quem o texto se dirige, os enunciatários. 
O enunciador assume a responsabilidade sobre a afirmação / negação 
dos valores inscritos no texto e empreende a busca da adesão do enun-
ciatário. O sucesso daquele será tanto maior quanto maior for a crença 
que este depositar tanto no discurso do enunciador quanto no objeto 
desse discurso. O reconhecimento da inscrição das estruturas de realida-
de e dos valores de cultura no texto é fundamental para que as teses apa-
reçam alicerçadas e, portanto, passíveis de passar por testes de validade.
Nesse quadro, as relações que se estabelecem entre as partes do texto 
serão lógicas – e não cronológicas; caberá, por conseguinte, ordenação 
textual por restrição, paralelismo, inclusão, alternância, causa-efeito, con-
tradição, enumeração, entre outras formas de ordenação. Além disso, a 
referência a tempo e espaço no texto dissertativo tem função de deflagrar 
o comentário que dele se abstrai.
As mudanças, as transformações presentes no texto dissertativo não 
são apenas relatadas; são interpretadas.
Comunicação e Expressão / UA 03 Visão Geral da Noção de Texto: Dissertação 5
estrUtUra da dissertaÇÃO
É lugar-comum apresentar a estrutura da dissertação como sendo cons-
tituída de Introdução, Desenvolvimento e Conclusão. Esses títulos são ge-
néricos, aplicando-se, de resto, não somente à dissertação, mas a todo 
gênero de texto que pretenda objetividade, unidade de apresentação e 
coerência. Para que essa estrutura ganhe significação, é preciso saber que 
elementos caracterizam cada uma de suas partes e como desenvolvê-las.
1. Limitando o assunto e encontrando o tema
Antes mesmo de pensar na Introdução, será preciso definir o recorte do 
assunto e o ângulo do qual será abordado – será necessário acertar o 
foco, fixar-se num aspecto do assunto, pois o mais das vezes ele apresen-
ta uma generalidade tal, uma multiplicidade de opções de enfoque, que 
há risco de o redator perder-se no genérico e tratar o assunto superficial-
mente, deixando escapar aspectos de real importânciapara uma polêmi-
ca frutífera e criativa.
Pensemos em uma sugestão de assunto como “problemas urbanos”, 
apresentado objetivamente como proposta de redação ou abstraído da 
leitura de outros textos. Esse assunto inicialmente se apresenta de for-
ma bastante vaga para o redator, sendo, portanto, necessário limitar sua 
abrangência, definir seus contornos, selecionando, entre vários, o aspecto 
que será desenvolvido. Para abordá-lo, abrem-se várias possibilidades, 
tais como:
 → Objeto a ser considerado: metrópoles; qualquer cidade; os dois tipos 
de cidade, comparativamente;
 → Problemas: de infraestrutura (moradia, transportes, abastecimento 
etc.); socioculturais (educação, violência, lazer etc.).
Feita a escolha, terá sido especificado, delimitado o tema e a dissertação 
se desenvolverá com contornos nítidos, expondo a real capacidade de 
análise e de crítica do redator. Este, por sua vez, terá muito maior segu-
rança e possibilidade de mostrar domínio do tema, lastro para tratá-lo, 
habilidade para expor ideias e construir argumentos.
Segue-se, daí, que o primeiro passo para começar a estruturar uma 
dissertação é fazer o recorte do assunto, delimitar seus contornos, definir 
o tema. Isso é condição para que se passe à introdução, já que esta apre-
sentará o tema ao leitor e, desde logo, apontará o ponto de vista adotado 
no tratamento desse tema.
Comunicação e Expressão / UA 03 Visão Geral da Noção de Texto: Dissertação 6
2. PreParando a introdução
É comum que se diga que a introdução explicita a hipótese que o texto 
quer provar; de fato, é nas primeiras linhas do texto que se configuram 
o tema e o enfoque escolhidos pelo autor. Esse enfoque fica mais bem 
definido se o redator traça um objetivo claro; por exemplo, se o tema da 
dissertação for “a crise econômica no Brasil”, o objetivo do texto pode ser 
definido como “mostrar de que maneira a crise econômica mundial afeta 
os brasileiros”.
Observe os três exemplos a seguir:
Exemplo 1
Entender como Tolstoi constrói sua narração não é fácil. Aquilo que tantos narradores 
mantêm à mostra – esquemas simétricos, vigas mestras, contrapesos, dobradiças – 
nele permanece oculto. Oculto não significa inexistente: a impressão que Tolstoi dá de 
levar tal e qual para a página escrita “a vida” (esta misteriosa entidade que para ser 
definida nos obriga a partir da página escrita) não passa de um produto da arte, isto 
é, de um artifício mais complexo que tantos outros.
— CALVINO, I. ‘Dois Hussardos’. In: Por que ler os clássicos. São Paulo: Cia. das Letras, 
1993. p. 162.
Nota-se que a hipótese que deverá ser provada no texto de Calvino está 
explicitada na primeira linha do texto: não é fácil entender como Tolstoi 
constrói sua narração; em seus textos, os recursos construtivos não estão 
evidentes.
Exemplo 2
Os modelos educacionais implantados no País e institucionalizados pelas políticas go-
vernamentais em um sistema nacional de Educação demonstram uma clara desvincu-
lação do trabalho produtivo.
— M.NETO, P. E. Universidade: ação e reflexão. Fortaleza: UF do Ceará, 1983. p. 32.
Nesse texto, a hipótese é a de que no Brasil não há vínculo entre os mo-
delos educacionais e o trabalho produtivo; em outras palavras, que a edu-
cação não se põe a serviço do trabalho.
Exemplo 3
A constatação é geral e pode ser percebida por qualquer professor (ao menos, por 
qualquer professor de Letras): o nível intelectual dos alunos que ingressam nas 
Comunicação e Expressão / UA 03 Visão Geral da Noção de Texto: Dissertação 7
faculdades vem baixando a cada ano. Vez por outra, mas não com suficiente clareza 
e jamais com a energia que seria de esperar, fala-se na incapacidade dos alunos, em 
especial na sua incapacidade de redigir. Como solução, tem-se sugerido redação nos 
vestibulares e cursos de composição nas faculdades. Isto é tangenciar o problema e 
abordá-lo apenas de um lado. Não é só o aluno que está em causa; o professor tam-
bém, como adiante veremos.
— LINS, O. Reflexões sob um Quadro-Negro. In: Do ideal e da glória: problemas in-
culturais brasileiros. São Paulo: Summus, 1977. p. 79.
O que o texto se propõe demonstrar é que se deve considerar também o 
trabalho do professor para avaliar o problema das dificuldades em redigir 
apresentadas pelos alunos.
Tratemos um pouco da importância da introdução de um texto disser-
tativo para estabelecer o vínculo com o leitor. Reportemo-nos a nossas 
próprias experiências com leituras iniciadas e logo abandonadas e pode-
remos encontrar, entre os vários e insondáveis motivos que nos levaram 
a deixar de lado um texto de revista, jornal ou livro, a falta de entusiasmo 
ocasionada pela natureza “morna” do texto, pelo início pouco atraente, 
que deixou de cooptar-nos, deixou de instigar nosso intelecto.
Uma introdução pouco (ou nada) desafiadora, que não desperte o exer-
cício intelectual do leitor pode condenar um texto que teria boa sequência 
a ser desprezado antes de a sequência ser conhecida.
3. redigindo a introdução
Ao introduzir um assunto, podemos / devemos empregar recursos para 
atrair a atenção do leitor. Entre os muitos recursos disponíveis, lembra-
mos os seguintes: Interrogação, citação, asserção polêmica, frase de 
efeito, definição, afirmação categórica, aforismo, generalização, referên-
cia histórica.
Vamos examinar alguns deles. Por sua natureza, podemos dizer que 
a referência histórica, a citação, o aforismo e a generalização constituem 
formas de introduzir o tema assentadas no conhecimento de algo que 
se supõe seja partilhado com o leitor, podendo, por isso, fazer nascer o 
interesse pela argumentação em que se sustentará a hipótese suposta-
mente partilhada.
Reportemo-nos à frase introdutória do parágrafo, já citado, de Osman Lins:
A constatação é geral e pode ser percebida por qualquer professor (ao menos, por 
qualquer professor de Letras)...
Comunicação e Expressão / UA 03 Visão Geral da Noção de Texto: Dissertação 8
Trata-se de uma frase contendo uma generalização que abrange o pró-
prio leitor, que está incluído na asserção do autor (a constatação é geral). 
Com esse recurso, o autor laça o leitor, que é desafiado a conferir como 
será desenvolvido o argumento de que ele próprio seria enunciador.
Vamos observar, a seguir, o efeito de sentido da afirmação categórica, 
que se combina com um desafio à experiência do leitor, na introdução de 
texto dissertativo de Angélica de Moraes, publicado no Caderno 2/Cultura, 
de O Estado de S. Paulo de 14/5/2000, p. 10:
Nada melhor para entender a extensão de um desastre do que seu avesso, ou seja, 
o sucesso que ocorre quando as coisas são feitas como podem e devem ser feitas. 
Experimente sair de alguma das áreas de maior abuso cenográfico da Bienal do Re-
descobrimento para outras onde houve o fundamental respeito às qualidades das 
obras expostas.
O que se pode concluir é que a afirmação categórica pressupõe um co-
nhecimento quase inquestionável, dado ao qual se soma o chamamento 
à experiência do leitor, para que faça constatações.
Um outro exemplo:
Claro que a história não se repete. Mas o reprimido sempre volta em nova roupagem, 
enquanto não é elevado à consciência e superado junto com suas condições. Europa, a 
mãe da modernidade capitalista, também deu à luz o fascismo e, com a versão alemã 
do nacional-socialismo, inaugurou o crime contra a humanidade.
— KURZ, R. K. A síndrome neofascista da Fortaleza Europa. In: Mais! Folha de S. 
Paulo, 14/5/2000. p. 14.
Efeito análogo provoca o aforismo, por remeter a um conhecimento anô-
nimo, assentado na ciência popular:
“Lobo velho perde o pelo, mas não perde a manha”, ensina velho ditado que aprendi 
na Argentina. Serve à perfeição para o Sr X, ou ao menos para o artigo que publicou 
ontem nesta Folha.
Nele, esse senhor entoa um hino de amor à democracia e posa de campeão da luta 
pela liberdade no Brasil. Falso como nota de R$ 7,50.
— ROSSI, C. As digitais de Maluf. In: Folha de S. Paulo, 20/8/ 1996. Texto adaptado.
Observe,ainda, o efeito de sentido da citação na introdução do texto 
dissertativo:
Comunicação e Expressão / UA 03 Visão Geral da Noção de Texto: Dissertação 9
O pensamento tornou-se mais imortal que nunca; ficou volátil, intangível, indestrutível. 
Mistura-se ao ar... Ele se transforma, agora, em revoada de pássaros, dispersa-se aos 
quatro ventos e escapa de uma só vez todos os pontos do ar e do espaço.
Quem fala assim não é um apologista da Internet, e sim um entusiasta do livro. É 
Victor Hugo, que num capítulo de “Notre Dame de Paris” intitulado “Ceci Tuera Cela”, 
“isto matará aquilo”, afirma que a imprensa, levando a razão a todos os recantos 
da terra, expulsará os últimos resíduos da tirania e da superstição. Em seu conteúdo 
descritivo, as palavras de Hugo aplicam-se perfeitamente à nova era da comunicação 
digital. Mais do que nunca, o pensamento se desmaterializa, faz-se ar, voa, dispersa-
-se, anula o tempo e o espaço. Mas Hugo não estava elogiando uma nova tecnologia. 
Estava tomando posição num debate político.
— ROUANET, S. P. Da pólis digital à democracia cosmopolita, in Mais! Folha de S. 
Paulo, 21/5/2000, p. 15.
A citação faz referência a uma personalidade consagrada pela cultura 
como especialista num determinado assunto e, com isso, a hipótese lan-
çada pode conduzir o leitor a partilhar o reconhecimento do argumento.
Os trechos a seguir exemplificam a introdução utilizando frase de efei-
to, chocando a opinião do leitor, pelo conteúdo às vezes agressivo e sem-
pre polêmico:
O bazar de sandices culturais que Ziraldo Alves Pinto, presidente da Funarte, enviou 
ao ministro da Cultura, Aluísio Pimenta, contém seis equívocos básicos – além dos que 
deles derivam –, a saber: (...)
— SUZUKI Jr., M. Um ideário confuso. In: 20 textos que fizeram história. São Paulo: 
Folha de S. Paulo. p. 183.
Na barbárie se está atolado até o pescoço. Ninguém põe em dúvida a brutalidade 
do cotidiano, vivendo como está as agruras da cidade e a opacidade das relações 
humanas.
— GIANOTTI, J. A. A universidade em ritmo de barbárie. São Paulo: Brasiliense, 1986. 
p. 9.
É interessante observar que a polêmica frase introdutória de Gianotti vem 
precedida dos seguintes comentários, feitos nas “Preliminares” de seu li-
vro: Escrevi este texto como um panfleto, fazendo das ideias armas de com-
bate. Dessa forma, bem apropriado a tal objetivo é o emprego de uma fra-
se de efeito para introduzir as ideias polêmicas sobre as quais discorrerá.
A interrogação é outra maneira de introduzir texto que lança ganchos 
sobre o leitor: havendo uma pergunta, espera-se uma resposta; e posta 
aquela, cria-se a simulação de um diálogo no texto, cujo efeito de sentido 
Comunicação e Expressão / UA 03 Visão Geral da Noção de Texto: Dissertação 10
será uma interação de saberes – o texto se mostrará como o espaço de 
construção do conhecimento.
Uma amostra:
Que busca o escritor? O verdadeiro escritor, isto é: o que faz da palavra escrita sua 
razão de viver.
— LINS, O. L. Op. cit., p. 43.
4. o desenvoLvimento do texto
Com o desenvolvimento começa mais especificamente o trabalho de ar-
gumentação em torno da hipótese lançada na introdução. Essa fase pode 
resumir-se a um único parágrafo, de uma dissertação breve, ou estender-
-se por páginas e páginas de texto. Num e noutro caso, não importa a 
extensão, no texto haverá uma ordem lógica presidindo as sequências de 
ideias. E, se adentramos o terreno da lógica, devemos atentar para as de-
clarações com as quais argumentamos, pois nossos argumentos podem 
estar baseados em fatos, em julgamentos ou em inferências.
Caso argumentemos com base em inferências, teremos como resul-
tado apenas certezas relativas ou presunções. Quanto aos julgamentos, 
guardam muito de subjetivismo, são meras declarações de aprovação ou 
desaprovação e, por isso mesmo, tendem a levar a declarações vagas e 
lugares-comuns que compõem o repertório popular. Finalmente, vêm os 
fatos, que são acontecimentos verificáveis e, portanto, dispensados de 
questionamento.
Vejamos como uma declaração tem maior ou menor peso argumenta-
tivo dependendo do suporte que a ela se dá:
Fulano é um homem de sólida formação cultural
a. Porque há muitos livros nas estantes de sua casa.
ou
b. Porque pertence a uma geração mais bem preparada.
ou
c. Porque estudou e diplomou-se na Universidade “X”.
Na construção (a), a declaração se apoiou numa inferência, sendo, pois, 
baixa a probabilidade de a asserção ser verdadeira e, por consequência, 
menor o peso argumentativo. Em (b), a base do que se declara é um jul-
gamento, uma opinião, bastante improvável, sendo também baixo o peso 
do argumento. Em (c), referem-se fatos para sustentar a declaração, o que 
garante a probabilidade e confere maior peso ao argumento apresentado.
Comunicação e Expressão / UA 03 Visão Geral da Noção de Texto: Dissertação 11
Como já afirmamos, a construção das sequências de ideias obedece à 
lógica de concatenação de argumentos, e essa concatenação pode eviden-
ciar, entre outras, as seguintes relações de sentido:
Oposição, restrição, ressalva
Com persistência rara, para o Brasil, 68 ainda povoa o nosso imaginário coletivo, mas 
não como objeto de reflexão. É uma vaga lembrança que se apresenta, ora como to-
tem, ora como tabu: ou é a mitológica viagem de uma geração de heróis, ou a proeza 
irresponsável de um “bando de porralocas”, como se dizia então.
Na verdade, a aventura dessa geração não é um folhetim de capa e espada, mas 
um romance sem ficção. O melhor do seu legado não está no gesto – muitas vezes de-
sesperado; outras, autoritário –, mas na paixão com que foi à luta, dando a impressão 
de que estava disposta a entregar a vida para não morrer de tédio. Poucas – certamen-
te uma depois dela – lutaram tão radicalmente por seu projeto, ou por sua utopia. Ela 
experimentou os limites de todos os horizontes: políticos, sexuais, comportamentais, 
existenciais, sonhando em aproximá-los todos.
— VENTURA, Z. 1968 – o ano que não terminou. Texto com adaptações.
Enumeração
O problema é que medidas como essas causam espécie, primeiro, pelos excessivos 
prazos de carência para que entrem em vigor, e que são quase sempre prorrogados. 
Essa nova resolução do Conama só valerá a partir de janeiro de 2013, para os veículos 
a diesel, e a partir de janeiro de 2014, para os movidos a gasolina e álcool. Não serve 
de consolo o “antes tarde do que nunca”, porque o “tarde” quase sempre vira “nunca”. 
Em segundo lugar, desanima saber que mesmo daqui a três ou quatro anos, quando 
a poluição veicular no Brasil – nos carros novos apenas – será mais de um terço me-
nor, ainda assim estará muito acima da que é tolerada, hoje, na Europa e nos Estados 
Unidos...
— Tolerância com envenenamento. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/
estadaodehoje/20090908/not_imp430947,0.php>. Acesso em: maio de 2010.
Interrogação
Uma das características fundamentais do conhecimento contemporâneo é o seu uti-
litarismo.
Em que sentido o conhecimento utilitário das economias globalizadas na sociedade 
do conhecimento difere da utilidade ética constitutiva de todo conhecimento?
Procurar responder a essa questão é também procurar entender, na lógica de 
funcionamento das tecnociências, como as grandes transformações tecnológicas 
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090908/not_imp430947,0.php
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090908/not_imp430947,0.php
Comunicação e Expressão / UA 03 Visão Geral da Noção de Texto: Dissertação 12
influenciam a ciência e como a ciência, ela própria, propicia novas tecnologias e ino-
vações que dinamizam os mercados e ativam o consumo das novidades dos produtos 
delas decorrentes.
— VOGT, C. Ética e conhecimento. Com Ciência- Revista Eletrônica de Jornalismo Cien-
tífico – SBPC. Disponível em: <http://www.comciencia.br>. Acesso em: junho de 2007.
Paralelismo
O debate sobre a utilidade econômica e social da pesquisa está longe de ter-se encer-
rado. Alguns pretendem queas descobertas científicas são a fonte essencial da tecno-
logia e do progresso econômico e social que dela decorre. Em suma, os pesquisadores 
revelariam as leis da natureza, publicariam artigos, e os engenheiros e as empresas 
os transformariam, em seguida, em objetos ou equipamentos úteis. Daí resulta que a 
sociedade em geral, e os governos em particular, devem financiar a pesquisa funda-
mental, fator insubstituível de progresso econômico e social.
No outro extremo, alguns pensam que os resultados da pesquisa fundamental, no 
pior dos casos, são quase inúteis e, no melhor, tendo em vista o fato de que sua publi-
cação é um “bem gratuito”, estão disponíveis a quem quer que os deseje utilizar. Con-
sequentemente, os governos deveriam financiar a pesquisa fundamental nas mesmas 
bases que a arte, o esporte ou as outras formas da atividade cultural.
— PAVITT, K. Tem a pesquisa uma utilidade econômica? In: WITKOWSKI, Nicolas 
(coord.). Ciência e Tecnologia Hoje. São Paulo: Ensaio, 1995, p. 85-6.
Por fim, vejamos um exemplar de desenvolvimento por contraste:
Ética e política não convergem com muita frequência na história do Brasil e do mundo. 
Esse enigma moral do processo histórico leva a indagar: pode a política ser conforme 
à época? A essa pergunta o realismo político, tal como formulado, por exemplo, por 
Maquiavel, no capítulo 15 de “O Príncipe”, responde pela negativa. A esta mesma e 
sempre recorrente pergunta André Franco Montoro deu uma clara resposta afirmativa, 
no percurso de sua fecunda e bem-sucedida vida pública. São precisamente as razões 
do seu sim à convergência entre ética e política o que me proponho discutir neste texto, 
que é uma homenagem à sua memória e uma celebração da importância de sua lição.
— LAFER, Celso. Ética e política em Franco Montoro. Mais! Folha de S. Paulo, 
14/5/2000. p. 17.
Note-se a riqueza de recursos presentes na introdução desse trecho de 
Celso Lafer: há uma declaração inicial que remete à história, há interroga-
ção, há citação (argumento de autoridade), todos esses elementos refor-
çando, dando destaque ao contraste que se evidencia no desenvolvimen-
to, a partir da frase: A essa pergunta...
Comunicação e Expressão / UA 03 Visão Geral da Noção de Texto: Dissertação 13
5. a concLusão do texto
Também chamada desfecho, a conclusão do texto dissertativo deve re-
presentar, de modo lógico, o tratamento dado ao tema na fase de de-
senvolvimento do texto. Será lógica a conclusão que, em decorrência dos 
argumentos apresentados, expressar a opinião do redator sobre o tema 
em discussão. Da mesma forma, será lógica a conclusão que resgatar os 
argumentos distribuídos no texto, apresentando uma súmula deles, com 
destaque para a informação central visada pelo autor.
Seja de uma ou de outra espécie a conclusão escolhida, devem-se evi-
tar certas soluções consideradas clichês ou fórmulas, quais sejam, os fi-
nais forçadamente éticos, dos quais se extrai uma “moral”, um preceito, 
uma “lição de vida” a seguir; também os encerramentos que incitem o 
leitor a tomar posição, assumir compromissos, levantar e/ou portar ban-
deiras ideológicas... Essas são todas soluções que, quase invariavelmente, 
caem no lugar-comum e, pior, ultrapassam os limites do tema, projetando 
conteúdos não incluídos na proposta textual escolhida.
Evitem-se, pois, as referências a soluções mágicas, que se evocam para 
neutralizar ou anular o problema discutido (por exemplo, a classe políti-
ca, as leis, o governo...); evitem-se, finalmente, os apelos à consciência, 
ao humanitarismo, à solidariedade, à adoção de medidas, à mudança de 
atitudes... são clichês que roubam ao texto toda originalidade de que ele 
tenha se revestido nas etapas anteriores.
Conclua, como foi dito, com uma referência-síntese do conteúdo do de-
senvolvimento, ressaltando os principais argumentos expostos. Isso será 
lógico e revestirá de naturalidade o encerramento do texto.
antena 
pArAbóliCA
Nas atividades de estudo, assim como nas profissionais 
e sociais, deparamos com a necessidade de lançar hi-
póteses, expor teses e sustentar nossos pontos de vista 
com argumentos. Nos estudos, o suporte bibliográfico 
das disciplinas demanda o contato com textos de ciência 
e/ou tecnologia elaborados segundo a matriz da disser-
tação. Como se pode notar, trata-se de um gênero dis-
cursivo muito presente nas várias atividades de nosso 
dia a dia. Portanto, dominar as condições de produção e 
recepção desse gênero é de grande importância para o 
sucesso de várias de nossas ações.
e AgorA, José?
Bem, agora você já desenvolveu a habilidade de plane-
jar e executar atividades de produção de textos disser-
tativos, sejam eles opinativos ou informativos. Você já 
aprendeu as etapas de planejamento do texto e conta 
com recursos para compor o desenvolvimento adequa-
do ao tema sobre o qual discorrerá, bem como para 
concluir coerentemente o texto. Esses elementos serão 
extremamente úteis para outras atividades de produção 
textual, especialmente para a elaboração de textos per-
tinentes à área administrativa, tais como Propostas, Pro-
jetos, Pareceres e Relatórios empresariais, assuntos de 
que trataremos em aulas posteriores.
Coloque em prática seus novos conhecimentos, com-
petências e habilidades!
Comunicação e Expressão / UA 03 Visão Geral da Noção de Texto: Dissertação 15
glossário
Afirmação categórica: declaração de caráter 
assertivo, geralmente indiscutível.
Aforismo: ditado popular; frase, reflexão ou má-
xima que sintetiza um princípio ou uma regra 
de caráter prático, moral ou costumeiro.
Citação: referência a ideia ou manifestação, es-
crita ou oral, de outrem.
Asserção: proposição de intenção declarativa 
de sentido completo, que pode ser afirmati-
va ou negativa, verdadeira ou falsa.
Generalização: operação intelectual que con-
siste em reunir um conjunto de fatos, 
fenômenos ou seres semelhantes em uma 
classe, termo ou proposição geral.
Inferência : Processo pelo qual se chega a uma 
proposição, afirmada na base de uma ou ou-
tras mais proposições aceitas como ponto de 
partida do processo. (COPI, Irving. Introdu-
ção à lógica. São Paulo: Mestre Jou, 1977). 
Operação intelectual por meio da qual se 
afirma a verdade de uma proposição em de-
corrência de sua ligação com outras já reco-
nhecidas como verdadeiras. (Dicionário Ele-
trônico Houaiss da língua portuguesa 1.0.7).
reFerênCiAs bibliográFiCAs
ABREU, A. S. �Curso de redação. São Paulo: Áti-
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BECHARA, E. �Moderna gramática língua por-
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BELLINE, A. H. C. DISSERtAção. 4A ED. São PAU-
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GIANottI, J. A. �A universidade em ritmo de 
barbárie. São Paulo: Brasiliense, 1986. p. 9.
gestão empresarial
comunicação e expressão
Variação Linguística: 
diferenças e contextos
4
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final da aula o aluno deverá ser capaz de utilizar dife-
rentes registros da variedade linguística, sabendo ade-
quá-los às circunstâncias das situações comunicativas de 
que participa.
COmpetênCias 
Adequação dos diferentes registros da variedade linguís-
tica a situações comunicativas.
Habilidades 
Conhecer as variantes linguísticas da Língua Portuguesa 
e seus diferentes graus de formalismo; Distinguir as 
peculiaridades das situações comunicativas de que par-
ticipa; Adequar a linguagem à situação comunicativa.
comunicação e expressão
Variação Linguística: 
diferenças e contextos
ApresentAção
Nesta aula, você aprenderá o que é variação linguística. 
Descobrirá que a Língua Portuguesa possui diferentes 
registros e que é necessário adequá-los às situações co-
municativas de que participamos.
pArA ComeçAr
Você já paroupara pensar que dentro da Língua Portu-
guesa falada no Brasil existem várias outras línguas?
Você sabe que a Língua Portuguesa, como todas as lín-
guas do mundo, não é utilizada da mesma forma em todo 
o território brasileiro? Seu uso varia de acordo com a épo-
ca, com a região, com a classe social dos falantes e com 
a situação em que eles se encontram. Isso significa que 
até individualmente as variações acontecem. Uma mesma 
pessoa pode, por exemplo, utilizar diferentes variedades 
da língua, dependendo do contexto em que se insere.
Neste capítulo aprenderemos o que são essas varia-
ções, como se manifestam e como podem ser adequa-
das às necessidades dos falantes. Vamos lá?
FundAmentos
Todos nós começamos a aprender a Língua Portuguesa 
em casa, no contato com nossa família e imitando o que 
ouvimos, tanto do ponto de vista do vocabulário utiliza-
do quanto das estruturas e combinações da língua.
À medida que entramos em contato com outras pes-
soas e grupos sociais na rua, na escola, no trabalho, 
observamos que nem todos falam da mesma maneira, 
embora tenham nascido no mesmo país. Há pessoas 
que falam de modo diferente por serem de cidades ou 
regiões diferentes, por terem idade diferente da nossa, 
por serem de outro sexo ou por pertencerem a outro 
Comunicação e Expressão / UA 04 Variação Linguística: Diferenças e Contextos 4
grupo social ou cultural. Essas diferenças são chamadas de variações 
linguísticas.
ConCeito
Variações linguísticas são as diferenças que uma língua apre-
senta, de acordo com as condições sociais, culturais, regio-
nais e históricas em que essa língua é utilizada.
Do ponto de vista estritamente linguístico, é importante que você saiba 
que não há variedades linguísticas cujas características nos permitam 
classificá-la como melhor ou pior que outra. Todas as variedades são per-
feitamente adequadas para a expressão das necessidades comunicativas 
dos falantes que as utilizam. Considerar determinada variedade como 
melhor e depreciar outra, corresponde a emitir um juízo de valor sobre 
os falantes dessa variedade, utilizando as diferenças linguísticas como um 
pretexto para a discriminação social. Sendo assim, o preconceito linguís-
tico é uma forma de discriminação que deve ser fortemente combatida.
Atenção
Não existe variedade linguística que possa ser considera-
da certa ou errada. As variedades podem ser consideradas 
adequadas ou inadequadas a uma determinada situação 
comunicativa.
De acordo com essa adequação, a língua é considerada um poderoso ins-
trumento de ação social. A linguagem que utilizamos não transmite ape-
nas nossas ideias, mas transmite também um conjunto de informações 
sobre quem somos socialmente: a região do país em que nascemos, nos-
so nível social e escolar, nossa formação, nossas características pessoais. 
Nesse sentido, a língua pode tanto facilitar quanto dificultar nosso relacio-
namento com as pessoas e a sociedade de modo geral.
tipOs de variaçãO lingUístiCa
Existem dois tipos de variedades linguísticas: os dialetos e os registros 
(CALLOU, 1995).
Os Dialetos são variedades que ocorrem em função das pessoas que 
utilizam a língua e são determinados pelo lugar do qual elas provêm, pela 
Comunicação e Expressão / UA 04 Variação Linguística: Diferenças e Contextos 5
faixa etária, pelo sexo, pela classe social e cultural na qual elas se inserem 
e pela evolução da própria língua.
Veja, a seguir, alguns exemplos dessas variedades:
1. Variedade determinada pelo lugar 
de proVeniência dos falantes:
Tipos de ladrão1
Assaltante mineiro: Ô sô, prestenção. Issé um assarto, uai! Levantus bra-
çu e fiketin quié mió pucê. Esse trem na minha mão tá chein di bala… 
Mió passá logo os trocado que eu num to bão hoje. Vai andano, uai! 
Xispa daqui!!! Tá esperanuquê, sô?!
Assaltante baiano: Ô meu rei… (pausa). Isso é um assalto… (longa pau-
sa). Levanta os braços, mas não se avexe não… (outra pausa). Se num 
quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado. Vai passando a 
grana, bem devagarinho (pausa pra pausa). Num repara se o berro está 
sem bala, mas é pra não ficar muito pesado (pausa maior ainda). Não 
esquenta, meu irmãozinho, (pausa) vou deixar teus documentos na en-
cruzilhada.
Assaltante carioca: Aí, perdeu, mermão! Seguiiiinnte, bicho. Isso é um 
assalto, sacô? Passa a grana e levanta os braço rapá … Não fica de caô 
que eu te passo o cerol. Vai andando e sem olhar pra trás senão o tam-
bor vai rodar pro seu lado …
Assaltante paulista: Isto é um assalto, meu! Erga os braço! Pô, meu… 
Passa logo a grana, meu. Mais rápido, mais rápido, meu, que eu ainda 
preciso pegar a bilheteria aberta pru jogo de futebol, meu … Pô, agora 
se manda, meu, vai… vai..
Assaltante gaúcho: O gurí, ficas atento… isso é um assalto. Levanta os 
braços e teaquieta, tchê ! Não tentes nada e cuidado que esse facão 
corta uma barbariiidaaade, tchê. Passa as pilas prá cá ! Tri-legal! Agora, 
te mandas, senão o quarenta e quatro fala.
2. Variedade determinada pela idade dos falantes:
a. Jovem (cerca de 18 anos): – É cara. Tô azarando uma mina que é 
mó da hora e tem um papo supercabeça!
b. Homem (cerca de 40 anos): – Estou interessado numa mulher mui-
to bonita, elegante e inteligente.
1. Disponível em: 
http://search.
creativecommons.
org/?q=brasil+dife
ren%E7as+regionai
s&format=Image
http://search.creativecommons.org/?q=brasil+diferen%E7as+regionais&format=Image
http://search.creativecommons.org/?q=brasil+diferen%E7as+regionais&format=Image
http://search.creativecommons.org/?q=brasil+diferen%E7as+regionais&format=Image
http://search.creativecommons.org/?q=brasil+diferen%E7as+regionais&format=Image
http://search.creativecommons.org/?q=brasil+diferen%E7as+regionais&format=Image
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3. Variedade determinada pelo sexo dos falantes:
a. Homem: – Cara. Vamos numa festa comigo? Péraí. Vou trocar de 
camisa.
b. Mulher – Gentem!! Fui convidada para uma festa hoje em um lugar 
fashion. Preciso comprar uma roupa nova, ir ao cabeleireiro e fazer 
as unhas.
Gíria
A gíria ou jargão é um dos dialetos de uma língua. Trata-se de uma forma 
de linguagem baseada em um vocabulário especialmente criado por um 
determinado grupo ou categoria social com o objetivo de se criar uma 
identidade entre os membros do grupo, distinguindo-os dos demais fa-
lantes da língua (CEREJA, 2004).
Os Registros são variedades de estilo que ocorrem em função do uso 
que se faz da língua, dependendo do receptor, da mensagem e da situa-
ção. Nesse sentido, envolvem o grau de formalismo da comunicação (lin-
guagem formal, coloquial ou informal), o modo de expressão da lingua-
gem (oral ou escrito) e a sintonia entre os interlocutores.
Grau de formalismo
Veja a seguir um exemplo da diferença no grau de formalismo na linguagem:
 → Formal: linguagem cuidada, na variedade culta e padrão.
Exemplo: “Houve uma grande confusão na faculdade e muitos bri-
garam.”
 → Informal: linguagem utilizada entre membros da família ou amigos 
íntimos, marcada pelo uso de abreviações, vocabulário de conheci-
mento geral e construções simples.
Exemplo: “Aconteceu o maior rebu na facul e o pau quebrou.”
Modo de expressão: oralidade e escrita
Enquanto a modalidade oral da linguagem é aprendida espontaneamente 
pelos falantes, a modalidade escrita exige um longo processo de instrução 
formal.
PAPo téCniCo
O ensino (...) da escrita pressupõe a exposição a diferentes 
tipos de textos escritos, assim como a apresentação organi-
zada dos recursos formais e de conteúdo que permitem não 
Comunicação e Expressão / UA 04 Variação Linguística: Diferenças e Contextos 7
só a produção de textos (...), mas também a boa compre-
ensão da leitura de textos mais elaborados (...) é por esse 
motivo que todos precisamos aprender redação na escola. 
(ABAURRE, M. L. et al., Coleção base: português. São Paulo: 
Moderna, 2000, p. 10.)
Vale lembrar que, na linguagem oral (língua falada), há uma relação dire-
ta entre falante e ouvintee a produção e execução do texto ocorrem de 
forma simultânea. Isso faz com que o texto oral seja marcado por pausas, 
interrupções, retomadas, correções auxiliadas pelo uso de gestos e ex-
pressões faciais.
Por outro lado, a linguagem escrita, geralmente, é marcada pela au-
sência de um dos participantes do processo comunicativo, o que impede 
a interação direta entre os interlocutores. O texto escrito se apresenta 
acabado, já que houve um tempo para sua elaboração, impossibilitando 
interferências do produtor no momento da leitura.
Sintonia entre interlocutores
A Sintonia pode ser entendida como o ajustamento ou adequação que o 
falante realiza a partir do conhecimento que tem sobre seu interlocutor. 
Podem ser considerados exemplos de sintonia:
 → O registro usado por uma mãe ao falar com seu filho e o registro 
que ela utilizará para falar com seu chefe. Em ambos os casos as 
diferenças ocorrerão em função do grau de intimidade que o falante 
mantém com seu interlocutor;
 → Um especialista de um determinado assunto usará registros diferen-
tes ao falar com um outro especialista da área e ao falar com um pú-
blico de pessoas interessadas pelo assunto, mas que não o dominam;
 → Diferentes registros podem ser observados também em função do 
grau de dignidade que o falante julga apropriado ao seu interlocutor 
(seu superior ou seu subordinado) ou à ocasião. Serão usados re-
gistros diferentes se se tem como interlocutor alguém que, em uma 
hierarquia, for seu superior ou seu subordinado. O mesmo ocorrerá 
se o falante se encontrar em uma situação formal como um velório 
ou informal como um churrasco;
 → Registros diferentes também serão utilizados por um jovem ao es-
crever um bilhete para sua namorada, ao redigir uma carta, solici-
tando emprego, ao dirigir-se a uma pessoa idosa e ao requerer algo 
de seu chefe.
antena 
pArAbóliCA
Você certamente já deve ter se divertido ao ouvir frases, 
geralmente pronunciadas por pessoas idosas e prove-
nientes do meio rural como, por exemplo, “Cumi arguma 
coisa hoje que me fez mar. Tô cuma baita dor de estam-
bo”. Se isso já aconteceu com você, cuidado! Você come-
teu preconceito linguístico.
Preconceito linguístico é a atitude que consiste em 
discriminar uma pessoa por meio da sátira ou do debo-
che devido ao seu modo de falar. Então, tenha cuidado 
com sua atitude da próxima vez que ouvir uma variante 
diferente daquela que você utiliza.
e AgorA, José?
Agora que você já sabe o que é variação linguística, seus 
tipos e os fatores que a determinam, chegou a hora de 
aprender como utilizar esse conhecimento no proces-
so de leitura e análise de textos. Para tanto, na próxima 
aula, você aprenderá a identificar os contrastes e seme-
lhanças entre textos e a depreensão de seus temas ar-
gumentos.
Comunicação e Expressão / UA 04 Variação Linguística: Diferenças e Contextos 9
glossário
Variação: consequência da propriedade da lin-
guagem de nunca ser idêntica em suas for-
mas em virtude da multiplicidade de usos e 
situações.
Dialetos: variedades que ocorrem em função 
das pessoas que utilizam a língua.
Registros: variedades que ocorrem em função 
do uso que se faz da língua, dependendo do 
receptor, da mensagem e da situação.
Jargão: forma de linguagem baseada em um 
vocabulário especialmente criado por um 
determinado grupo ou categoria social.
reFerênCiAs
ABAURRE, M. L. Et AL. Coleção base: portu-
guês. São Paulo: Moderna, 2000.
CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, t .C. Gramática re-
flexiva: texto, semântica e interação. São 
Paulo: Atual, 2004.
CALLOU, D. VARiAçÃO E nORMA. in: Anais do 
II Simpósio Nacional do GT de Sociolin-
guística da ANPOLL. Rio de Janeiro, UFRJ/
CNPQ. 1995.
MOiSÉS, M. A literatura portuguesa através 
dos textos. 29a ed. São Paulo: Cultrix, 2004.
tRAVAGLiA, L. C. Gramática e interação: uma 
proposta para o ensino de gramática no 
primeiro e segundo graus. São Paulo: Cor-
tez, 1996.
Gestão empresarial
comunicação e expressão
Leitura e anáLise de texto: 
contraste e semeLhanças 
entre textos
5
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de comparar 
e identificar estruturas, temas e características de per-
sonagens com a intenção de perceber semelhanças e 
diferenças.
COmpetênCias 
Desenvolvimento da capacidade de leitura e interpreta-
ção de texto. Ampliação do repertório literário. 
Habilidades 
Associar informações a textos.
comunicação e expressão
Leitura e anáLise de 
texto: contraste 
e semeLhanças 
entre textos
ApresentAção
A interpretação de textos requer entendimento de cer-
tos princípios e uso de técnicas. Embora textos simples 
possam ser compreendidos de modo intuitivo, nem sem-
pre a intuição é suficiente para a compreensão de do-
cumentos complexos. Nesta aula você verá princípios e 
técnicas que aprimoram a percepção textual à medida 
que sua cultura e experiência se desenvolvem.
pArA ComeçAr
Existem dois provérbios bastante conhecidos que apre-
sentam sentidos diferentes. Leia os provérbios a seguir:
Quem espera sempre alcança.
Quem espera desespera.
Embora as duas frases pareçam semelhantes na forma, 
é possível perceber diferenças de sentido.
 → A semelhança, mostrada na estrutura da frase, no 
sujeito e no verbo levam a pensar, nos dois casos, 
em indivíduos que supostamente estão em posição 
de aguardar e não de fazer.
 → A diferença está no sentido, que aparece na con-
clusão do enunciado: a primeira frase é otimista e 
a segunda é pessimista.
Agora leia a letra da música Bom Conselho, de Chico 
Buarque. Pense em provérbios que, de algum modo, o 
texto faz lembrar. Você é capaz de perceber contrastes 
entre a letra e os provérbios? E semelhanças?
Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Comunicação e Expressão / UA 05 Leitura e Análise de Texto: Contraste e Semelhanças Entre Textos 4
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança
Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar
Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade
— Chico Buarque, Bom Conselho
O autor, por meio de jogo de palavras, faz uma paródia das expressões e 
dos provérbios a seguir:
 → Se conselho fosse bom não se dava, vendia;
 → Não espere sentado (ou “espere sentado”, dito em tom irônico);
 → Quem espera sempre alcança;
 → Quem brinca com fogo se queima;
 → Faça o que eu digo e não o que eu faço;
 → Pense duas vezes antes de agir;
 → Devagar se vai ao longe;
 → Quem semeia vento, colhe tempestade.
Ao observar um texto, percebemos diferenças de sentido que podem 
ocorrer ao mudarmos alguns termos. Encontramos semelhanças temá-
ticas e de sentido em gêneros textuais diferentes. As diferenças e seme-
lhanças, no entanto, não se restringem a isso. Tanto diferenças como 
semelhanças podem aparecer marcadas por classes de palavras, pelo 
contexto, pela forma, pelo sentido.
Neste capítulo aprenderemos como compreender melhor os textos a 
partir de semelhanças e diferenças.
Comunicação e Expressão / UA 05 Leitura e Análise de Texto: Contraste e Semelhanças Entre Textos 5
Atenção
Semelhanças e diferenças textuais dependem de vários re-
quisitos. Uma mesma forma pode conter vários sentidos; 
um sentido pode ser escrito de várias formas. Um mesmo 
tema pode ser escrito de várias formas e sentidos diferentes.
Vamos nos aprofundar na leitura e interpretação de alguns textos e verifi-
car de que maneira os temas se aproximam ou se distanciam.
FundAmentos
Entendemos semelhança como “a apreensão intuitiva de certa afinidade 
entre duas ou mais grandezas, a qual permite reconhecer entre elas, sob 
certas condições e com a ajuda de procedimentos apropriados, uma rela-
ção de identidade” (GREIMAS & COURTÉS, 2008, p. 440) e diferença como 
“a distância entre duas grandezas [...]”(op. cit., 140), que só pode ser re-
conhecida a partir de semelhanças que lhe sirvam como suporte. Em ou-
tras palavras, só existe a diferença quando existe uma possibilidade de 
semelhança.
Dessa forma, semelhanças e diferenças podem ser consideradas como 
relações dentro de uma mesma categoria. Nesse sentido, são inúmeras as 
relações textuais que podem ser observadas.
Vamos escolher, a título de ilustração, algumas relações possíveis. Lem-
bre-se que não são todas.
1. Oralidade e esCrita.
Apesar de haver correspondência entre textos falados e escritos, escrever 
apresenta características bastante diferentes de falar. Enquanto o interlo-
cutor está presente durante o ato da fala, está ausente no momento em 
que escrevemos. Dessa forma, como localizar aquele para quem escre-
vemos? Quem é nosso leitor? Como seremos compreendidos? Essas são 
algumas perguntas que nos ocorrem diante da escrita.
Quando falamos, alguns problemas de interpretação ou compreensão 
podem ser percebidos e corrigidos com a interrupção daquele a quem 
estamos nos dirigindo. É possível, no momento da fala, retomarmos e 
dizermos de outras maneiras, com outras palavras até que sejamos com-
preendidos. O evento da fala pressupõe algumas formas de comunicação 
Comunicação e Expressão / UA 05 Leitura e Análise de Texto: Contraste e Semelhanças Entre Textos 6
não verbais que servem de apoio à compreensão: gestos, expressão fa-
cial, olhares, entonação...
Por outro lado, ao escrever, esses elementos nos faltam e precisamos 
pressupor o entendimento do interlocutor apenas pela escolha lexical. 
Não é possível introduzir gestos no texto escrito ou supor que as palavras 
alcancem o mesmo significado. Dessa forma, escrever precisa de cuida-
dos adicionais.
Apesar das diferenças entre oralidade e escrita, as semelhanças permi-
tem que sejam compreendidas. Vejamos dois textos que, embora apare-
çam escritos, marcam diferentemente fala e a escrita.
Texto I (falado)
“Ela tava ali, lindinha e nos conformes, 
cara... Fiquei olhando, imaginando um 
jeito de dizer, bem, você sabe né? De di-
zer aqueles negócios que fico pensando 
sem ela. Era hora, agora, vou lá, dou uma 
chavecada nela, buzino umas no ouvidi-
nho dela, tá na minha... Bom, tava faltan-
do coragem, puxa, foi me dando um frio, 
uma coisa, um estado... Virei as costas, 
meu irmão, e me mandei.”
Texto II (escrito)
“Digo a você que ela estava lá, diante dos 
meus olhos. Perfeita. Olhei-a imaginando 
um jeito de dizer o quanto era importan-
te para mim, dizer o que pensava dela 
quando estava a sós comigo mesmo. Pen-
sei ser a hora certa, conversa: Mas me fal-
tou coragem. Fugi.”1
Como você pode observar, o texto escrito precisa apresentar um todo 
semântico, com as partes bem concatenadas. Uma de suas característi-
cas é que seja desprovido das marcas de oralidade: repetições, pausas, 
inserções, expressões vulgares ou continuações. Há exigências que não se 
fazem no texto oral: regras gramaticais específicas para garantir a clareza, 
grafia das palavras, acentuação, coesão, coerência...
Apesar dessas diferenças, um texto escrito que represente a fala (com 
marcas de oralidade) pode ser compreendido perfeitamente. Veja o texto 
a seguir.
Caçador de paturis
- Cumpadi, cumé que ocê costuma caçá paturi?
- Cumo quarqué pessoa. Caçando nos mato. Que pergunta mais estapafúrdia, cum-
padi.
- Espera aí, cumpadi. Que é caçando, eu sei, mas quero sabê com o quê ocê custuma 
caçá.
1. As diferenças 
entre Fala e Escrita. 
Disponível em: 
http://www.
algosobre.com.
br/redacao/as-
diferencas-entre-fala-
e-escrita.html. Acesso 
em 16/5/2010.
http://www.algosobre.com.br/redacao/as-diferencas-entre-fala-e-escrita.html
http://www.algosobre.com.br/redacao/as-diferencas-entre-fala-e-escrita.html
http://www.algosobre.com.br/redacao/as-diferencas-entre-fala-e-escrita.html
http://www.algosobre.com.br/redacao/as-diferencas-entre-fala-e-escrita.html
http://www.algosobre.com.br/redacao/as-diferencas-entre-fala-e-escrita.html
Comunicação e Expressão / UA 05 Leitura e Análise de Texto: Contraste e Semelhanças Entre Textos 7
- Com o que haverá de? Com a minha espingarda de cartucho, ué? Ocê sabe que a 
carga é grande. Intão na hora que eu puxo o gatío, eu chaqueio o braço pra móde 
espaiá a porta. Derrubo uns 10 paturi só com um tiro da bicharêda.
- Pois eu faço diferente. Caço de noite e sem espingarda nenhuma. A minha lanterna 
é daquelas que tem um facho grandão de luz que parece olofróte dos campo de 
aviação.
- Ara! Já to querendo sabê como é isso. Caçá de noite e só com a lanterna, pra mim é 
nova, cumpadi.
- Espia só. Os paturi chegam em bando e vão se aninhando naquela arve frondosa.
Ficam ali apinhocado mais de 200. Tudo pronto pra drumi. Pois bem. Eu chego quieti-
nho com a minha lanterna no escuro, aprumo pra riba, pra perto da arve e acendo 
o facho de luz, pro rumo do céu. Aí eu começo a rodopiá aquele facho de luz. De 
repente, os paturi percebe e entra naquele facho de luz que formou ansim quiném 
um anér. E entra mais outro, e mais outro. Eu continuo rodando aquele anér de 
luz... E quando a roda toda ta cheia de paturi... aí eu, num solavanco de surpresa, 
rodopio ao contrário. Os paturi trombam tudo uns nos ôtro e cai aquele despropó-
sito no chão. Tudo tonto co as cabeçada que deram!
— Rolando Boldrin, Contando Causos, Nova Alexandria, 2001
De qualquer forma, mesmo esse texto, por estar escrito segue algumas 
regras específicas. É preciso uma apresentação formal: os parágrafos ini-
ciam com letra maiúscula, as palavras devem ser separadas umas das 
outras por espaços em branco, as orações são pontuadas e as palavras 
seguem a ortografia oficial.
Atenção
Não basta que o autor siga exigências ortográficas e de sin-
taxe para que você leia com facilidade. As ideias precisam ser 
transpostas com clareza, o que é obtido por meio da coesão 
e coerência textuais.
O assunto é bastante complexo e vasto e não podemos abranger todas as 
suas especificidades. Podemos afirmar, no entanto, que a própria oralida-
de apresenta diferenças em situações diversas: um apresentador de tele-
jornal, alguém que fale ao telefone, crianças conversando, adolescentes, 
homens de negócios, vendedores, professores universitários... Em cada 
uma dessas situações marcadas pela oralidade os textos são diferentes. 
Se escritos, mais diferentes ainda.
Comunicação e Expressão / UA 05 Leitura e Análise de Texto: Contraste e Semelhanças Entre Textos 8
2. gênerOs e tipOs
Antes de passarmos às diferenças e semelhanças, é preciso primeiro es-
tabelecer o que seja tipologia textual e gênero textual, pois existe certa 
confusão teórica a esse respeito.
É comum encontrarmos em livros de gramática a divisão de textos 
em três gêneros: narração, descrição e dissertação, o que veremos mais 
adiante. No entanto, e devido ao aparecimento de diversas mídias com 
formas comunicativas novas e próprias, aconteceu uma mistura que de-
safia as relações entre oralidade e escrita.
Ainda por conta disso, diferentes tipos de texto até então desconheci-
dos passaram a existir e houve necessidade de uma divisão.
Alguns teóricos consideram tipologia textual o que comumente se cha-
mava gênero. Assim, os tipos (e não os gêneros) seriam: narração, descri-
ção e dissertação e a palavra gênero passou a denominar as diversas ma-
nifestações textuais que apresentam características sociocomunicativas 
definidas. São inúmeras: cartas, romance, bilhete, reportagem, reunião, 
notícia, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio, ins-
truções, cartazes, inquérito, resenha, edital, gênero jornalístico, televisivo, 
piada, conversação, conferência, e-mail, propaganda, novela, aula virtual...
Além dos gêneros e dos tipos, existem os chamados domínios discursi-
vos que propiciam discursos específicos. Assim, temos: discurso jurídico, 
religioso, jornalístico.
As características de cada um dos gêneros e mesmo dos tipos são di-
ferentes. As semelhanças que podem ocorrer, nessescasos, residem nos 
temas.
Tomemos a cerveja como exemplo. É possível encontrar: propaganda, 
notícia, história da cerveja, conversa sobre cerveja, receita culinária com 
cerveja. Mas serão enfoques e leituras diferentes. A interpretação será 
efetuada de acordo com cada gênero.
Lembre-se
Os tipos de textos seriam: narração, descrição e disserta-
ção. O gênero passou a caracterizar diversas manifestações 
textuais que apresentam características sociocomunicativas 
definidas, como cartas, romance, bilhete, reportagem, reu-
nião, notícia, receita culinária, bula de remédio. E os domí-
nios discursivos que propiciam discursos específicos são os 
discursos jurídico, religioso, jornalístico.
Comunicação e Expressão / UA 05 Leitura e Análise de Texto: Contraste e Semelhanças Entre Textos 9
Leia a seguir um artigo opinativo publicado na Folha de S. Paulo. Compare-
-o com o texto poético de Carlos Drummond de Andrade. Estabeleça as 
semelhanças e as diferenças.
Um novo José
Josias de Souza
Calma José.
A festa não começou,
a luz não acendeu,
a noite não esquentou
O Malan não amoleceu, mas se 
voltar a pergunta:
E agora, José
Diga: ora Drummond,
agora Camdessus.
Continua sem mulher,
continua sem discurso,
continua sem carinho, ainda não 
pode beber,
ainda não pode fumar, cuspir 
ainda não pode,
a noite é fria,
O dia ainda não veio,
o riso ainda não veio,
não veio ainda a utopia,
o Malan tem miopia,
mas nem tudo acabou,
nem tudo fugiu,
nem tudo mofou.
Se voltar a pergunta:
E agora, José?
Diga: ora Drummond, Agora FMI.
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
O Malan nada faria,
mas já há quem faça.
Ainda só, no escuro,
qual bicho do mato, ainda sem 
teogonia,
ainda sem parede nua, pra se 
encostar,
ainda sem cavalo preto,
que fuja a galope,
você ainda marcha José!
Se voltar a pergunta:
José para onde?
Diga: ora Drummond,
Por que tanta dúvida?
Elementar, elementar,
sigo pra Washington
e, por favor, poeta,
não me chame de José.
Me chame Joseph.
Comunicação e Expressão / UA 05 Leitura e Análise de Texto: Contraste e Semelhanças Entre Textos 10
José
Carlos Drummond de Andrade
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho do mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Aproveitando esse exemplo, podemos passar para o próximo item: dife-
renças e semelhanças na forma com que os textos se apresentam.
3. FOrma
Como você viu, as diferenças entre textos orais e escritos residem na es-
colha lexical, no cuidado com a escrita em relação à fala e suas semelhan-
ças podem ser observadas no tema. Ou seja, você pode conversar sobre 
determinado assunto – e utilizará propriedades da linguagem oral – ou 
escrever sobre esse mesmo assunto – e precisará empregar certas regras 
da linguagem escrita.
As diferenças entre os gêneros, assim como oralidade e escrita, tam-
bém estão na maneira de dizer: propagandas, cartazes apresentam 
uma linguagem mais visual, em comparação a uma carta ou romance. 
Comunicação e Expressão / UA 05 Leitura e Análise de Texto: Contraste e Semelhanças Entre Textos 11
As semelhanças também se encontram no assunto. Pode-se falar de um 
mesmo assunto em diferentes gêneros.
E a forma?
As formas textuais estão ligadas mais à escrita. As formas levam em 
conta a estrutura escolhida para veicular determinado tema. Poema e 
prosa são diferentes formas, que seguem regras específicas no momento 
de sua criação.
Observe a seguir, a forma como se apresenta a letra de uma música 
(versos) e uma crônica (prosa), sobre o mesmo tema, a chuva.
Chuva de Prata
Ed Wilson / Ronaldo Bastos
Se tem luar no céu
Retira o véu e faz chover
Sobre o nosso amor...
Chuva de prata
Que cai sem parar (refrão)
Quase me mata
De tanto esperar
Um beijo molhado de luz
Sela o nosso amor...
Basta um pouquinho
De mel pra adoçar
Deixa cair
O seu véu sobre nós
Oh Lua!
Bonita no céu
Molha o nosso amor...
Toda vez
Que o amor disser:
Vem comigo!
Vai sem medo
De se arrepender...
Você deve acreditar
No que eu digo
Pode ir fundo
Isso é que é viver...
Cola seu rosto no meu
Vem dançar
Pinga seu nome no breu
Pra ficar
Enquanto se esquece de mim
Lembra da canção...
Toda vez
Que o amor disser:
Vem comigo!
Vai sem medo
De se arrepender...
Você deve acreditar
No que eu digo
Pode ir fundo
Isso é que é viver...
Chuva de prata ... (refrão)
Um beijo molhado de luz
Sela o nosso amor
Enquanto se esquece de mim
Lembra da canção
Oh Lua!
Bonita no céu
Molha o nosso amor!...
Comunicação e Expressão / UA 05 Leitura e Análise de Texto: Contraste e Semelhanças Entre Textos 12
Herói em dia de chuva
Sonia Madruga
Susto também passou a minha 
mãe nesta noite de tanta chuva.
Ela mora aqui perto, em uma casa 
grande, com suas acompanhantes. 
Escurecia quando um som 
abafado fazia crer que alguma 
coisa tinha caído no jardim 
dos fundos. Misteriosamente, 
momentos depois, a campainha 
de trás começou a tocar 
intermitentemente.
Todas se assustaram: ninguém 
entraria pelo jardim dos fundos 
e, por mais que perguntassem: 
Quem é? Quem é? ... não havia 
nenhuma resposta. Cheias de 
iniciativa, chamaram a polícia, mas 
assoberbados, não puderam dar 
atenção. Às 8 da noite, já à beira do 
pânico, me ligaram narrando o fato.
Alguém no jardim, sem poder sair 
(é um jardim interno), durante 
todas aquelas horas debaixo de 
tanta água... é uma cena dantesca. 
Falei com Lauro Henrique e, 
homem varonil e decidido, pegou 
sua bengala, o guarda-chuva e foi 
lá dar apoio e averiguar.
Para atravessar a rua, teve que ir 
de carro, tamanha a correnteza e 
volume de água. Ninguém queria 
abrir a porta dos fundos debaixo 
daquele temporal, por motivos 
óbvios. Fiquei monitorando pelo 
celular, fiz mil recomendações, e 
estava toda apavorada: que estava 
acontecendo?
O cara da guarita aqui da rua 
negou fogo: melhor aguardar 
a polícia... Lauro entrou pela 
frente da casa, que tem entrada 
independente, verificou com sua 
potente lanterna o jardim, do 
segundo andar da casa e, depois 
de entrevistar os “mordomos”, 
e observar os toques espaçados 
da campainha, que obedeciam 
ao ritmo da chuva, chegou à 
sherlockiana conclusão de que se 
tratava de pequeno curto-circuito 
na tecla da campainha, causado 
pelo volume de água!
Aliviadas, mas sem abrir a porta 
de jeito nenhum, a alegria voltou 
a reinar. Lauro Henrique voltou 
para casa perto da meia noite, 
tendo colocado a conversa em 
dia com minha mãe, falado de 
música e cantarolado o samba 
de breque de Moreira da Silva – 
CIDADE LAGOA. Todas dormiram 
um sono sossegado, mesmo com 
a campainha tocando por toda 
a noite.
Embora possamos perceber diferenças na forma escolhida para a criação 
de um mesmo tema, é preciso lembrar que as possibilidades são inúmeras.
Comunicação e Expressão / UA 05 Leitura e Análise de Texto: Contraste e Semelhanças Entre Textos 13
Lembre-se
São muitas as semelhanças entre os textos; inúmeras as 
diferenças. Entre semelhanças e diferenças, os textos são 
universos em construção. O papel do leitor é desvendar tais 
universos...
4. sentidOJá se falou em forma, conteúdo, escolha lexical, tipos de texto, gêneros. 
Agora vamos comentar um pouco a respeito dos sentidos que se apresen-
tam nos textos.
Muitas palavras têm um significado genérico, mas podem ser utilizadas 
com outro sentido. Tomemos um exemplo bastante simples: a palavra 
manga tem alguns significados, conforme o dicionário Aurélio (1999): 1) 
parte do vestuário onde se enfia o braço; 2) filtro afunilado para líquidos; 
3) qualquer peça de forma tubular que reveste ou protege outra peça; 4) 
parte do eixo de um veículo que se encontra dentro da caixa de graxa. 
Ainda segundo o mesmo dicionário, significa: 5) fruto da mangueira e, 
com sentidos derivados do espanhol: 6) espécie de corredor com paredes 
de varas, que conduz a um rio ou igarapé e serve para guiar os bois que 
embarcam; 7) pastagem cercada onde se guarda o gado; 8) parte da rede 
de pescar que fica nas extremidades.
Como você vê, uma mesma palavra pode trazer muitos significados, 
que só serão percebidos pela leitura e conhecimento do leitor. Em síntese, 
o leitor também constrói o texto.
Além desses significados, os textos possuem um sentido, ou seja, os 
produtores de texto têm uma intenção, ao escrever. É possível que tenha 
mais de uma intenção e nesse caso, seu texto poderá ser interpretado de 
várias maneiras, apresentará mais de uma leitura.
Escrever implica em deixar marcas para que seja compreendido de 
acordo com os sentidos de quem o escreveu.
Ler o texto implica em decifrar as marcas e sinais deixados pelo autor 
para compreender o sentido ou sentidos. Assim, o leitor precisa não só 
conhecer os significados genéricos que as palavras possuem e que podem 
ser encontrados nos dicionários, mas entender porque o escritor as esco-
lheu e porque as dispôs daquela forma.
Não vamos aqui descobrir como se constrói o sentido de um texto ou 
de que recursos o escritor dispõe para expressá-los ou até mesmo quais 
elementos ele pode utilizar. Porém sabe-se que esse sentido não se forma 
apenas pela decifração das marcas e sinais deixados pelo autor. Segundo 
uma Ingedore Koch, uma especialista importante em análise de textos, O 
Comunicação e Expressão / UA 05 Leitura e Análise de Texto: Contraste e Semelhanças Entre Textos 14
leitor também é um construtor de sentido, pois para essa construção são 
acionados: seu conhecimento de mundo, suas crenças, suas leituras; o 
contexto, o conhecimento comunicacional e interacional, os gêneros.
Como você pode perceber, compreender os textos faz parte de uma 
atividade complexa. O leitor precisa estar atento a várias instâncias e ain-
da ser um cocriador, ou seja, recriar o que o autor pretendeu dizer e al-
cançar os significados pretendidos.
Quanto mais aberto a interpretações for o texto, ou seja, quanto mais 
sentidos ele possuir, mais diferenças poderão ser encontradas e mais di-
fícil será alcançar a que realmente o autor pretendeu dizer.
Histórias em quadrinhos são um bom exemplo de que o leitor precisa 
construir o sentido, ou não entenderá a mensagem do autor.
O leitor precisa ir além do que está escrito. É preciso acessar seu co-
nhecimento de mundo, suas leituras, o contexto comunicacional. Há im-
plícitos (subentendidos, pressupostos) que precisam ser desvendados 
para a compreensão do texto.
ConCeito
Implícitos são inferências, implicações, alusões e insinuações. 
Ducrot (1992) estabeleceu os dois implícitos que são consi-
derados mais importantes: pressuposto e subentendido.
5. COnteúdO/tema
Conforme se viu anteriormente, existem diferentes formas, gêneros e ti-
pos de veicular os mesmos conteúdos. Por outro lado, conteúdos diferen-
tes podem ser escritos em formatações iguais ou diferentes. As possibi-
lidades são infinitas, cabe a cada um escolher a melhor forma, o melhor 
meio de dizer e compreender os textos.
A letra da música “Chuva de Prata” e a crônica “Herói em dia de chuva” 
são exemplos de temas semelhantes escritos de formas diferentes.
DiCA
Uma mesma palavra pode trazer muitos significados, que só 
serão percebidos pela leitura e conhecimento do leitor. Em 
síntese, o leitor também constrói o texto...
antena 
pArAbóliCA
A Universidade de Harvard publicou há alguns anos os 
dez mandamentos do e-mail, que são desde então muito 
falados, muito badalados, mas nem sempre seguidos. É 
interessante procurar esses mandamentos na Internet. 
Vamos focar aqui um aspecto: o emprego do e-mail, que 
é de uso muito ácil, para assuntos que ficariam melhor 
em uma conversa face a face ou mesmo em um telefo-
nema. Praticamente todos os que trabalham em empre-
sa conhecem pelo menos uma história de e-mail desas-
troso. A lição que fica é que a multiplicidade de meios de 
se comunicar obriga a pensar para escolher como cada 
comunicação deve ser feita.
e AgorA, José?
Agora que você já conhece as semelhanças e diferenças 
entre diversos tipos e gêneros textuais, vale a pena apro-
fundar seus conhecimentos sobre temas. Bons estudos!
Comunicação e Expressão / UA 05 Leitura e Análise de Texto: Contraste e Semelhanças Entre Textos 16
glossário
Implícito: a maior parte dos enunciados tem, 
além de seu conteúdo explícito, literal, um 
ou vários conteúdos implícitos. O enuncia-
do “faz calor” pode significar apenas que a 
temperatura ambiente está quente. Mas em 
um ambiente fechado com muitas pessoas, 
e dependendo do contexto em que for dito, 
pode significar, por exemplo, “abra a janela”, 
“posso tirar o casaco?”, “ desligue o aquece-
dor”, “ligue o ar condicionado”.
Subentendido: um dos tipos de conteúdo im-
plícito definidos por Ducrot que, entre ou-
tros fenômenos linguísticos estudou os im-
plícitos. Se alguém pergunta: “poderia abrir 
a janela?”, nem sempre espera a resposta 
literal “Sim” ou “Não”, mas sim que seu in-
terlocutor abra a janela. Trata-se, neste caso, 
de uma resposta indireta a uma pergunta 
subentendida. A pergunta subentende um 
pedido.
Pressuposto: é o tipo de conteúdo implícito 
que se caracteriza por algo que está coloca-
do antes do “posto”. Quando se diz: “Pedro 
parou de fumar” (este é o posto), há a pres-
suposição que ele fumava. Só para de fumar 
quem já fumou...
Escolha lexical: trata-se da escolha das pala-
vras que o escritor/falante faz para enunciar 
seus textos.
reFerênCiAs
AMARAL, E.; SEVERINO, A.; PATROCÍNIO, M. F. 
 Português: Redação, gramática, litera-
tura e Interpretação de Texto. São Paulo: 
Nova Cultural, Círculo do Livro, 1999.
BOLTRIN, R. Contando Causos. São Paulo: Nova 
Alexandria, 2001.
CHARAUDEAU, P.; MAINGHENEAU, D. Dicionário 
de Análise do Discurso. São Paulo: Con-
texto, 2004.
FERREIRA, A. B. H. Dicionário Aurélio da Lín-
gua Portuguesa. Curitiba: Positivo, 2010.
FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Para Entender o 
Texto: Leitura e Redação. São Paulo: Áti-
ca, 2009.
GREIMAS, A. J,; COURTÉS, J. Dicionário de Semi-
ótica. São Paulo: Contexto, 2008.
KOCH, I. V. Desvendando os Segredos do tex-
to. 2a ed. São Paulo: Cortez, 2003.
gestão empresarial
comunicação e expressão
Leitura e anáLise 
de texto: temas
6
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final da aula o aluno deverá ser capaz de reconhecer 
elementos temáticos presentes nos textos.
COmpetênCias 
Compreensão e análise crítica de textos com base na 
identificação de temas, em diferentes níveis de leitura.
Habilidades 
Aplicar as técnicas de leitura adequadas aos textos temá-
ticos, vistos em suas relações com diferentes contextos e 
com outros textos.
comunicação e expressão
Leitura e anáLise 
de texto: temas
ApresentAção
Nesta aula, você desenvolverá habilidades de leitura en-
volvidas na construção de sentido dos textos pelo reco-
nhecimento de seus elementos temáticos. Aprenderá a 
compor relações de sentido baseadas nos contextos ex-
plícito e implícito, e em diálogos temáticos – as leituras 
intertextuais.
pArA ComeçAr
É comum que, ao sairmos de uma sala de cinema ou de 
um espetáculo de teatro, comentemos o que acabamos 
de ver. Mas, será que nosso comentário selimita a “gos-
tei, não gostei, foi legal, foi chato, não entendi...”?
Por certo nossa intenção vai mais além; queremos ex-
pressar nossa análise do que vimos, nossa compreensão 
daquele produto cultural.
Para isso, precisamos desenvolver algumas habilida-
des de leitura e análise, com foco nos temas propostos 
pela obra em questão. É o que vamos aprender nesta 
importante aula, que certamente vai tornar mais aguça-
da nossa percepção dos textos que nos cercam.
FundAmentos
A leitura e a análise de um texto pressupõem a apre-
ensão de seus temas, sua compreensão crítica, estabele-
cendo-se relações de significação com o universo suge-
rido por aquele.
O trabalho de leitura compreende, inicialmente, a de-
codificação dos signos distribuídos pelo texto, mobilizan-
do o léxico e as estruturas de língua, que o leitor deve 
reconhecer e dominar para configurar um primeiro ní-
vel de compreensão – o do significado literal das frases, 
enunciados e parágrafos do texto.
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 4
Vencida essa etapa, a leitura deve reconhecer o tipo predominante do 
texto; com isso, mobilizam-se informações que fornecem chaves para a 
compreensão da natureza daquele e dos signos que o tipo ostenta. Assim, 
caso se trate de um texto no qual predomina a descrição, saberá o leitor 
que terá de identificar os termos responsáveis pela caracterização do ser ou 
objeto descrito, terá de observar a adjetivação, os detalhes. Diferentemente, 
se predominar o tipo dissertativo, terá o leitor de trabalhar com as teses pre-
sentes no texto, buscando a relação entre asserções, opiniões e argumentos 
e, ainda, com o contexto histórico-social que dialoga com tais teses. Final-
mente, se estiver diante de um texto narrativo, deverá o leitor preparar-se 
para encontrar e decodificar o conjunto de figuras e de eventos que consti-
tuem os núcleos de sentido responsáveis pela organização da trama.
Finalmente, a leitura captará a constituição temática do texto e, para 
isso, o leitor estabelecerá diversas ordens de relações de significação, que 
incluem seu repertório (isto é, as informações que detém sobre o assun-
to tratado), as informações novas que lhe são apresentadas e – muito 
importante – a(s) rede(s) de significação que se tece(m) no texto graças à 
interação deste também com o contexto implícito.
Os temas do texto são depreendidos da escolha de palavras nele pre-
dominante. Um bom exemplo está na passagem a seguir:
Rescendia por toda a catedral um aroma agreste de pitangueira e trevo cheiroso. 
Pela porta da sacristia lobrigavam-se de relance padrecas apressados, que iam e 
vinham na carreira, vestindo as suas sobrepelizes dos dias de cerimônia. Havia na 
multidão um rumor impaciente de plateia de teatro. O sacristão, cuidando dos per-
tences da missa, andava de um lado para o outro lado, ativo como um contrarregra 
quando o pano de boca vai subir.
Afinal, à deixa fanhosa de um padre muito magro que aos pés do altar desafina-
va uns salmos de ocasião, a orquestra tocou a sinfonia e começou o espetáculo. Cor-
reu logo o surdo rumor dos corpos que se ajoelhavam; todas as vistas convergiram 
para a porta da sacristia; fez-se um sussurro de curiosidade, em que se destacavam 
ligeiras tosses e espirros, e o cônego Diogo apareceu, como se entrasse em cena, 
radiante, altivo, senhor do seu papel e acompanhado de acólito que dava voltas 
frenéticas a um turíbulo de metal branco.
E o velho artista, entre uma nuvem de incenso, que nem um deus de mágica, e 
coberto de galões e lantejoulas, como um rei de feira, lançou, do alto da sua solenida-
de, um olhar curioso e rápido sobre o público, irradiando-lhe na cara esse vitorioso 
sorriso dos grandes atores nunca traídos pelo sucesso.
— Aluísio Azevedo, O mulato.
Trata-se de um texto descritivo de ações, no qual se reconhecem pelo me-
nos dois percursos temáticos: um deles centrado no tema da religiosidade 
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 5
(observe as palavras em negrito); o outro, no tema do espetáculo teatral 
(observe as palavras sublinhadas). A convivência desses dois percursos 
temáticos na descrição do mesmo conjunto de seres e ações leva à leitura 
crítica: o narrador descreve a missa, os que dela participam e seus rituais 
como um espetáculo teatral, com o intuito de ridicularizá-los para o leitor.
Vamos agora observar aspectos textuais vinculados aos temas que fa-
zem a leitura produzir significações.
1. as relações entre partes de Um textO 
devem COmpOr Uma Unidade.
A unidade do texto se expressa no vínculo de sentido entre suas partes: 
estas devem manter-se fiéis à temática selecionada, garantindo a sequ-
ência das ideias. Tal sequência nem sempre se mostra como mera expan-
são adesiva da temática escolhida; muitas vezes, o texto cria a sequência 
para instalar contrastes ou contradições que visam a estimular discussões 
entre polos divergentes de ideias, e instalar a polêmica; noutras vezes, 
simula-se uma mudança de rumos, introduzindo “outro assunto” que, de-
pois, se mostrará como base para o desenvolvimento do tema. Um pe-
queno trecho do denso ensaio denominado “A invenção do saber” – que 
dá nome ao livro de Gerardo Melo Mourão, de onde se extraiu – , permite 
observar a progressão das partes do texto em torno de sua unidade.
O primeiro parágrafo começa por imitar uma situação de diálogo, pro-
pondo perguntas ao leitor. O efeito de sentido dessa estratégia textual é 
criar a expectativa em torno das respostas e, ao mesmo tempo, excitar 
o conhecimento do interlocutor virtual, para que a elas responda. Assim, 
espera-se que as respostas surjam na sequência respondidas, seja para in-
formar o leitor, seja para confirmar as respostas que ele tenha antecipado.
Em princípio e afinal, que é o saber? Quando, onde e por que sua invenção incorpo-
rou-se à história do mundo como a mais fascinante e a mais perigosa das aventuras 
ousadas pelo homem?
— Gerardo Mello Mourão, A invenção do saber. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983, p. 9.
Para responder à primeira pergunta, será preciso criar outros suportes 
temáticos, cujo desenvolvimento adiantará os recursos necessários à ple-
na compreensão da sequência. Assim, o segundo parágrafo surpreende 
o leitor com uma afirmação que desloca o prestígio da história e parece 
pouco conectada ao tema:
A história, como caminho para o passado, isto é, para as fontes inaugurais de nos-
sa pobre e estupenda raça planetária, é apenas um beco sem saída. Os próprios 
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 6
historiadores sabem disso. Quando não conseguem dar mais um passo, no limiar 
dos caminhos imemoriais, costumam dizer que, daí para lá, as coisas “se perdem 
na noite dos tempos”.
— Gerardo Mello Mourão, A invenção do saber. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983, p. 9.
Mas, a falta de conexão é apenas aparente: esse trecho é passagem obri-
gatória ao prosseguimento do tema e prepara outra sequência, que forne-
cerá as respostas pretendidas. Os próximos parágrafos ligam os anterio-
res às perguntas iniciais e garantem a possibilidade de dar-lhes resposta: 
a rigor, os parágrafos quinto e sexto vão respondendo ao “quando”, “por 
quê”, e “onde”:
Não é, pois, a história que nos há de ajudar, mas exatamente esse denso espaço de 
mistérios onde não entram os historiadores - a noite dos tempos. É dentro dela, de 
resto, que nasce o tempo histórico. Para lá dele – “ailleurs” – .... “irgendwo” – situa-se 
o tempo mítico, o tempo auroral do ser e do existir do homem.
Não é por acaso que todos os profetas vão buscar a substância elementar de suas 
profecias nos acontecimentos ao mesmo tempo virginais e prístinos do tempo mítico. 
O mito precede a história e, pois, preside a história. O próprio materialismo histórico 
sabe disto, e Marx mergulha a teoria da luta de classes na madrugada do tempo míti-
co, quando Caim, o primeiro senhor de terras e o pai da agroindústria, assassina seu 
irmão Abel, bucólicopastor do país primevo. Caim teria sido o braço dominador da 
classe industrial, que esmagou Abel, o primeiro representante da economia pastoril.
Foi também no tempo auroral do mito que o homem se arriscou à invenção do 
saber. O saber foi sua primeira aventura humana, seu primeiro gesto de liberdade, 
seu primeiro anelo de grandeza e dominação, sua primeira rebelião contra os deu-
ses, sua primeira aliança com o Demônio, o primeiro passo e o primeiro desafio ao 
perigo, para sentar-se ao lado da Divindade como Senhor do Mundo. Está no mito do 
Paraíso Terrestre, no Livro do Gênesis: “não comereis do fruto da árvore da ciência 
do bem e do mal”. E a voz da serpente: “por que não? No dia em que o comerdes, 
serei como deuses, tendo o saber de tudo”. A tentação do saber foi mais poderosa do 
que a ordem divina: o fruto era belo e deleitoso. Os pais da raça humana, investindo-
-se pela primeira vez da própria liberdade, do privilégio do livre arbítrio, comeram e 
ficaram, desde então, de olhos abertos diante do mundo.
A invenção do saber está marcada pelo mesmo sentido de rebelião contra os deu-
ses em todas as mitologias. Bastem, para o entendimento de nossa cultura judaico-
-helênica do mundo ocidental, os episódios da Bíblia e da mitologia grega. Pois, tam-
bém na Grécia, o facho do saber é arrebatado aos deuses por Prometeu, no mesmo 
gesto de desafio e de audácia de Adão e Eva, sendo igualmente castigado pela cólera 
dos deuses.
— Gerardo Mello Mourão, A invenção do saber. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983, p. 9-10.
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 7
E garantem a resposta à pergunta “Em princípio e afinal, que é o saber?”, 
a qual é fornecida, inicialmente, pelo sétimo parágrafo:
Parece claro, assim, que o saber é uma invenção do homem. Mais do que isto: a 
invenção, a única invenção, a invenção por excelência, de que foi capaz a criatura 
humana.
— Gerardo Mello Mourão, A invenção do saber. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983, p. 10.
O texto prossegue, aprofundando o conceito de saber, para tratar das 
relações entre saber e Universidade.
2. as relações entre as partes dO textO 
sãO neCessariamente fUndadas nUma 
Ordem de COesãO e COerênCia1
A coesão se reconhece na conexão entre as sequências constituintes do 
texto e os enunciados que as constituem; identificada uma determinação 
de sentido pretendida entre tais sequências e enunciados, selecionam-se 
palavras de nossa língua responsáveis pelas relações de sentido visadas. 
Esses elementos de coesão podem fazer referência a termos que lhes são 
anteriores ou posteriores (caso dos pronomes, p.ex.) ou estabelecer vín-
culos entre sequências (caso dos conectivos).
Na passagem a seguir, o pronome “outros”, que determina “interes-
ses”, remete ao contexto anterior, a interesses que o texto já mencionou 
e que se contrapõem aos que entram em jogo; além disso, o conectivo 
“no entanto” estabelece, na sequência, um vínculo de sentido que reitera 
a contraposição contida em “outros interesses”, mais uma vez vinculando 
o sentido da presente sequência ao sentido da anterior.
Começam a entrar em jogo, no entanto, outros interesses, que estavam latentes des-
de 1976...
—Ricardo Kotscho. Uma chaga de ouro na selva. In: 20 textos que fizeram história. 
São Paulo: Folha de S. Paulo. p. 114.
A coerência vincula-se especificamente à unidade do texto, sendo garan-
tia de sua interpretabilidade, porquanto cuida de compatibilizar o sentido 
de informações, argumentos e níveis de linguagem.
Um texto que tratasse de representar, por exemplo, uma praça de 
guerra, compatibilizaria as imagens componentes do cenário em torno de 
objetos pertinentes ao campo de significação de “guerra”: armamentos, 
tanques, combatentes etc. Outro que tematizasse as relações de mem-
bros de um grupo de falantes jovens representaria uniformemente seu 
1. Estão expostas 
aqui apenas algumas 
noções sobre coesão 
e coerência, pois esse 
assunto é tratado 
detalhadamente 
em outra aula.
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 8
falar em estruturas e vocabulário próprios desse grupo, num nível de lin-
guagem popular, possivelmente com registro de termos de gíria.
3. O COntextO explíCitO e O COntextO implíCitO 
sãO determinantes dO sentidO dO textO.
A unidade de sentido textual nasce, principalmente, do vínculo que o tex-
to mantém consigo mesmo e com o contexto de sua produção, seja ele 
explícito (a própria expressão verbal) ou implícito (a situação em que se 
produz).
O contexto explícito é a própria unidade linguística maior em que se 
insere a unidade linguística menor. É da relação de um parágrafo com o 
restante do texto, ou de uma frase com o parágrafo, por exemplo, que 
surge o sentido. Observe-se a notícia de jornal:
Jatene pede resistência à equipe econômica
O ministro Adib Jatene (Saúde) pediu no Senado a volta do Imposto Provi-
sório sobre Movimentação Financeira e disse que “o Congresso não deve se 
vincular aos interesses da equipe econômica do Governo”.
Jatene quer utilizar em sua área os recursos do IPMF, que vigorou em 94 e 
descontava 0,25% de qualquer movimentação bancária. A equipe econômica 
é contra.
Folha de S. Paulo
Subtraído do contexto explícito, o título da matéria será lido com base 
na sintaxe do verbo “pedir”, que evidencia seus dois componentes com-
plementares: “o quê” e “a quem”, como na frase: “João pede dinheiro aos 
amigos”. No contexto explícito, essa leitura é desmentida: a economia 
própria dos títulos de matéria jornalística apostou numa supostamente 
útil concisão, ao trocar uma frase oracional por uma frase nominal e criou, 
no mínimo, uma ambiguidade, que só o contexto explícito desfez, dando a 
direção de sentido ao enunciado-título da matéria. Efetivamente, a regên-
cia incompleta de “pede” e de “resistência” destaca as seguintes leituras:
 → Jatene pede que a equipe econômica resista - e não se diz a 
que(m).
 → Jatene pede (a alguém, que não se diz quem seja) resistência (= que 
resista) à equipe econômica.
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 9
Esse aspecto pode ser desastroso, se não tiver havido predeterminação 
para produzir o duplo sentido; ou pode render alguns lucros, se tiver sido 
calculado para produzir, por exemplo, os efeitos da falácia semântica cha-
mada ênfase.
Posta no contexto, a frase – Jatene pede resistência à equipe econômica 
– tem outro sentido – e este, sim, é o visado pelo autor: Jatene pedia que 
o Congresso resistisse aos interesses da equipe econômica, contrários às 
pretensões do então ministro.
O contexto implícito não tem manifestação linguística – é a própria 
situação na qual o texto se produz. Muitos de nós recordamos a compo-
sição Samba de Orly, de Chico Buarque, Vinícius de Moraes e Toquinho. A 
letra reedita um tema que foi caro aos românticos – o exílio – e remete aos 
tempos da ditadura de 64, no Brasil, quando muitos de nossos intelectuais, 
políticos e artistas tiveram de refugiar-se em outros países, pois aqui eram 
considerados personae non gratae. A composição reporta a essa situação, 
que lhe é externa, mas imprescindível para definir seu sentido.
Vai, meu irmão, pegue esse avião
Você tem razão de correr assim desse frio
Mas veja o meu Rio de Janeiro
Antes que um aventureiro lance mão
Pede perdão pela duração desta temporada
Mas não diga nada que me viu chorando
E pros da pesada diz que eu vou levando
Vê como é que anda aquela vida à toa
E se puder me mande uma notícia boa.
— Chico Buarque, Toquinho, Vinícius de Moraes
Você pode acompanhar essa música pelo ambiente virtual.
4. afirmar Um tema para negar OUtrO
Nem sempre o texto se enuncia exclusivamente no momento e do ponto 
de vista de sua enunciação: é muito comum que remeta a concepção di-
versa da que defende, vindo a organizar seus temas dialeticamente. Essa 
tradição do texto-contraponto é comumente identificada nas estéticas li-
terárias, nas quais se apresentam temáticas representativasde pontos de 
vista em oposição, para negar ou para afirmar. Lembremo-nos de algu-
mas das teses realistas e vejamos como elas se afirmam negando outras 
(no caso, românticas), no texto de Machado de Assis:
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 10
Capítulo XXVII / VIRGÍLIA?
Virgília? Mas então era a mesma senhora que alguns anos depois? ... A mesma; era 
justamente a senhora, que em 1869 devia assistir aos meus últimos dias, e que antes, 
muito antes, teve larga parte nas minhas mais íntimas sensações. Naquele tempo 
contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da 
nossa raça e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a pri-
mazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isso não é romance, em que 
o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também 
não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, 
fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o 
indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação. Era isso Virgília, 
e era clara, muito clara, faceira, ignorante, pueril, cheia de uns ímpetos misteriosos, 
muita preguiça e alguma devoção – devoção, ou talvez medo; creio que medo.
Aí tem o leitor, em poucas linhas, o retrato físico e moral da pessoa que devia 
influir mais tarde na minha vida; era aquilo com dezesseis anos. Tu que me lês, se 
ainda fores viva, quando estas páginas vierem à luz, – tu que me lês, Virgília amada, 
não reparas na diferença entre a linguagem de hoje e a que primeiro empreguei 
quando te vi? Crê que era tão sincero então como agora; a morte não me tornou 
rabugento, nem injusto.
– Mas, dirás tu, como é que podes assim discernir a verdade daquele tempo, e 
exprimi-la depois de tantos anos?
Ah! Indiscreta! ah! ignorantona! Mas é isso mesmo que nos faz senhores da terra, 
é esse poder de restaurar o passado, para tocar a instabilidade das nossas impres-
sões e a vaidade dos nossos afetos. Deixa lá dizer Pascal que o homem é um caniço 
pensante. Não; é uma errata pensante, isso sim. Cada estação da vida é uma edição, 
que corrige a anterior, e que será corrigida também, até a edição definitiva, que o 
editor dá de graça aos vermes.
— Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas
Pontifica, no texto machadiano, a polêmica que contrapõe a visão idea-
lizada à visão realista da mulher amada, da perspectiva de um narrador 
que promove a revisão de suas ideias de jovem. É a perspectiva dialética 
assumida pelo texto que o inscreve na história que o leitor reconhece, ao 
reconhecer as diferentes perspectivas de enunciação.
5. diálOgOs temátiCOs – a intertextUalidade
A intertextualidade é um dos aspectos da composição temática muito im-
portante para o ato de leitura e análise textual. Trata-se, em palavras mui-
to simples, de um diálogo de textos, atuando na construção de percursos 
temáticos, percursos de significação na leitura. Sendo diálogo, envolvem 
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 11
vozes que se alternam no texto, evidenciando pontos de vista acerca de 
determinados assuntos ou estilos, pela imitação.
Assim, haverá sempre um texto imitado e outro que o imita, e, depen-
dendo da natureza dessa imitação, fala-se em paródia e em estilização 
– uma e outra são modalidades dialógicas de texto, pois colocam em evi-
dência pontos de vista sobre um estilo, pela imitação.
Há duas espécies de imitação: a estilização e a paródia, as quais va-
mos estudar na sequência.
5.1. Estilização
Na estilização, o texto coloca em evidência um tema ou um estilo de compo-
sição textual, pela imitação reverencial, de seus traços; capta, portanto, o es-
tilo imitado para reafirmá-lo. O recurso consiste numa revitalização de temas 
ou de traços estilísticos próprios de uma corrente estética, gênero ou autor.
Novamente remetemos você à obra de Chico Buarque de Holanda, à 
letra da composição “João e Maria”, com música de Mestre Sivuca, e cuja 
interpretação você pode acompanhar acessando o ambiente virtual.
Agora eu era o herói
e o meu cavalo só falava inglês
a noiva do cowboy
era você
além das outras três
eu enfrentava os batalhões
os alemães e seus canhões
guardava o meu bodoque
e ensaiava um rock
para as matinês
Agora eu era o rei
era o bedel e era também juiz
e pela minha lei
a gente era obrigada a ser feliz
e você era a princesa
que eu fiz coroar
e era tão linda de se admirar
que andava nua pelo meu país
Não, não fuja não
finja que agora eu era o seu brinquedo
eu era o seu pião
o seu bicho preferido
sim, me dê a mão
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 12
a gente agora já não tinha medo
no tempo da maldade
acho que a gente nem tinha nascido
Agora era fatal
que o faz de conta terminasse assim
pra lá deste quintal
era uma noite que não tem mais fim
pois você sumiu no mundo
sem me avisar
e agora eu era um louco a perguntar
o que é que a vida vai fazer de mim
— Chico Buarque de Holanda, João e Maria
A temática dessa letra remete a diversos produtos da cultura; a base é a 
ficção, o faz de conta que o narrador assume e que tem passagem por 
figuras associadas a temas de vários outros textos: dos contos de fada 
(eu era o rei / você era a princesa que eu fiz coroar), ligados à lenda anglo-
-saxônica de Lady Godiva2 (e era tão linda de se admirar / que andava nua 
pelo meu país); dos jogos infantis (eu era o seu brinquedo / eu era o seu 
pião / o seu bicho preferido); dos bangue-bangues (agora eu era o herói / e 
o meu cavalo só falava inglês / a noiva do cowboy era você ...); dos filmes de 
guerra (eu enfrentava os batalhões, alemães e seus canhões).
Assim, ao ouvir ou ler a letra da composição, o leitor deverá analisar seu 
conteúdo pela referência ao diálogo entre esses temas diversos, mas uni-
ficados na imaginação do narrador, descobrindo a riqueza da composição.
Como se depreende, a intertextualidade não está restrita ao texto ver-
bal e há bons exemplos dela também no cinema (o filme “Cliente morto 
não paga” dialoga com o chamado “cinema noir”), na pintura, como mos-
tram as telas de Édouard Manet (Almoço na relva - 1863) e de Pablo Picas-
so (Almoço na relva – 1960 – uma das 26 releituras da obra), na música 
(quem não se lembra das hilariantes paródias produzidas pelos Mamonas 
Assassinas?).
5.2. Paródia
ConCeito
Modalidade que também estabelece um diálogo textual, o 
texto paródico imita o estilo para subvertê-lo, valendo-se, 
para isso, da revisão crítica ou irônica de seus temas, esti-
los, valores.
2. Conheça a lenda, 
do séc, XI, fazendo 
uma pesquisa 
na internet.
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 13
Vamos conhecer a imitação por paródia pela observação 
de dois poemas: “Vou-me embora pra Pasárgada”, de Ma-
nuel Bandeira e “Vou-me embora de Pasárgada”, de Mil-
lôr Fernandes.
Vou-me embora pra Pasárgada
Manuel Bandeira
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha falsa e demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcaloide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
– Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora praPasárgada
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 14
Que Manoel Bandeira me perdoe, mas
Vou-me embora de Pasárgada
Millôr Fernandes
Vou-me embora de Pasárgada
Sou inimigo do Rei
Não tenho nada que eu quero
Não tenho e nunca terei
Aqui eu não sou feliz
A existência é tão dura
As elites tão senis
Que Joana, a louca da Espanha,
Ainda é mais coerente
Do que os donos do país.
A gente só faz ginástica
Nos velhos trens da Central
Se quer comer todo dia
A polícia baixa o pau
E como já estou cansado
Sem esperança num país
Em que tudo nos revolta
Já comprei ida sem volta
Pra qualquer outro lugar
Aqui não quero ficar.
Vou-me embora de Pasárgada
Pasárgada já não tem nada
Nem mesmo recordação
E nem fome nem doença
Impedem a concepção
Telefone não telefona
Drogas são falsificadas
E prostitutas aidéticas
São as nossas namoradas.
E se hoje acordei alegre
Não pensem que vou ficar
Nosso futuro já era
Nosso presente já foi
Dou boiada pra ir embora
Pra ficar não dou um boi .
Dou quase nada, coisa pouca,
Somente uma vaca louca.
Os traços da paródia são identificados na negação – a visão ideal da Pa-
sárgada de Bandeira é negada na paródia de Millôr; no primeiro, trata-se 
do espaço da evasão, para o qual se deseja partir, visto como lugar agra-
dável; já no segundo, trata-se do lugar em que se está e do qual se deseja 
fugir. Pode-se notar que a perspectiva idílica da Pasárgada imitada altera-
-se substancialmente, para uma perspectiva política e de crítica social na 
paródia.
Seja na estilização seja na paródia, devemos reconhecer os traços e te-
mas do estilo imitado, sob pena de não se captarem os efeitos de sentido 
visados pelo autor das recriações.
Existe homologia entre a formação textual e as estruturas sociais.
O tempo histórico e suas ideologias têm suas estruturas ressoando 
nos temas presentes nos textos produzidos por seus sujeitos; como há, 
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 15
inevitavelmente, diversidade de ideologias, de interesses e de captação da 
realidade, a presença dos temas nos textos homologa essa diversidade, 
testemunhando as nuances das concepções de mundo que convivem e 
contrastam num mesmo tempo historicamente circunscrito.
antena 
pArAbóliCA
Em praticamente todas as situações de nosso dia a dia 
estamos diante da necessidade de reconhecer os temas 
de nossas conversações, dos textos que lemos nos jor-
nais, nas notícias que ouvimos, nos comandos que da-
mos ou recebemos, nos textos organizacionais que te-
mos de redigir. É pela seleção e identificação dos temas 
que compomos as relações de sentido necessárias à co-
municação eficaz.
e AgorA, José?
Agora que você já sabe como trabalhar os temas e suas 
conexões de sentido, é chegado o momento de conhe-
cer os argumentos que poderá utilizar na construção de 
textos e aqueles que você deverá identificar nos textos 
produzidos por outros. Essa passagem para a próxima 
unidade é fundamental para lidar com situações diver-
sas dentro das organizações. Bons estudos!
Comunicação e Expressão / UA 06 Leitura e Análise de Texto: Temas 17
glossário
Sentido literal: é o sentido próprio das pala-
vras, por oposição ao sentido figurado.
Homologia: semelhança, relação fundada em 
reconhecimento.
Polêmica: debate de ideias; controvérsia.
Perspectiva dialética: em sentido amplo, tipo 
de abordagem baseada em discussão, con-
tradição, contraposição de ideias.
reFerênCiAs
FIORIN, J. L; SAVIOLI, F. P. Lições de texto: lei-
tura e redação. 2a ed. São Paulo: Ática, 
1997.
_____. Para entender o texto: leitura e reda-
ção. São Paulo: Ática, 1997.
gestão empresarial
comunicação e expressão
Leitura e anáLise de 
texto: argumentação
7
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final da aula o aluno deverá ser capaz de reconhecer 
os diferentes recursos argumentativos utilizados em um 
texto e suas formas de elaboração.
COmpetênCias 
Compreensão e análise crítica de textos caracterizados 
pela utilização de recursos argumentativos.
Habilidades 
Conhecer as técnicas de leitura adequadas aos textos 
argumentativos, Reconhecer a funcionalidade desses 
textos e suas formas de composição.
comunicação e expressão
Leitura e anáLise de 
texto: argumentação
ApresentAção
Nesta aula, você conhecerá as principais técnicas de lei-
tura adequadas aos textos argumentativos e aprenderá 
sobre a funcionalidade desses textos e suas formas de 
composição.
pArA ComeçAr
Você já se deu conta de quantas vezes na vida somos 
convencidos a fazer algo que, a princípio, não quería-
mos? Veja um exemplo dessa situação:
Esta é
minha
banana! A banana
é tua...
Não, a banana
é minha!
Eu quero
essa banana.
Me dá a
banana ou
eu chamo o
meu amigo.
Na cena apresentada anteriormente, vemos o diálogo 
entre dois personagens: um homem e um macaco, dis-
putando uma banana. Nessa disputa, cada um deles faz 
uso de argumentos diferentes para defender o mesmo 
ponto de vista, qual seja, o direito de ficar com a banana. 
No entanto, observamos que, enquanto o homem se li-
mita a dizer que a banana lhe pertence (“Minha banana”), 
usando essa afirmação como argumento por duas vezes, 
o macaco utiliza dois argumentos: o primeiro baseia-se 
no seu desejo (“Eu quero”), o segundo, mais convincente, 
fundamenta-se em uma relação de causa e consequência 
que pode ser explicitada da seguinte forma:
causa consequência
Dar a banana Sair ileso
Não dar a banana Chamar o amigo gorila para resolver a situação
Comunicação e Expressão / UA 07 Leitura e Análise de Texto: Argumentação 4
Esse exemplo demonstra o poder que pode ter um argumento quando se 
caracteriza pela qualidade, consistência e capacidade de fundamentar e 
aprofundar o ponto de vista de quem o utiliza.
Geralmente, pensa-se que comunicar é simplesmente transmitir infor-
mações. No entanto, a comunicação somente se realiza com eficiência 
quando o emissor da mensagem consegue agir sobre o receptor. Nesse 
sentido, quando se comunica não se pretende apenas que o receptor re-
ceba e compreenda a mensagem, pretende-se, principalmente, que ele 
acredite nela e faça o que nela se propõe. Para tanto, a utilização de argu-
mentos é fundamental.
Neste capítulo aprenderemos o que é um argumento, quais são os ti-
pos de argumentos existentes e quais são as principais estratégias argu-
mentativas utilizadas na produção de textos. Vamos começar?
FundAmentos
Argumento é todo procedimento linguístico que tem por objetivo persu-
adir, fazer o receptor aceitar o que lhe foi comunicado, crer no que foi 
dito e fazer o que foi proposto (FIORIN, 2003). Quando bem feita, a argu-
mentação dá consistência ao texto, produzindo sensação de realidade ou 
impressão de verdade.
No entanto, a boa argumentação não garante a veracidade e fidedig-
nidade das ideias apresentadas no texto. Pode-se convencer uma pessoa 
de alguma coisa utilizando raciocínios que não são logicamente demons-
tráveis, mas são plausíveis. Isso quer dizer que se pode argumentar uti-
lizando como prova não só aquilo que é necessariamente certo ou real, 
mas também o que é provável, plausível, possível, lógico, racional. Daí a 
importância da habilidade do leitor capaz de detectar os argumentos uti-
lizados em um texto e sua forma de composição.
ConCeito
A palavra argumento vem do latim argumentum cujo signi-
ficado é prova, indício. Portanto, argumentar significa apre-
sentar fatos, ideias, razões, provas que comprovem uma 
afirmação, um ponto de vista ou uma tese.
Comunicação e Expressão / UA 07 Leitura e Análise de Texto: Argumentação 5
tipOs de argUmentOs
Existem inúmeros tipos de argumentos. Entre eles destacam-se o argu-
mento de autoridade, o argumento baseado no consenso, o argumento 
baseado em provas concretas, o argumento baseado no raciocínio lógico, 
o argumento baseado na competência linguística, o argumento baseado 
na comparação e o argumento baseado na alusão histórica (CEREJA, 2004).
1. argUmentO de aUtOridade
O argumento de autoridade baseia-se na apresentaçãodo ponto de vista 
de autores renomados ou de uma pessoa reconhecida na área do assunto 
em discussão. Geralmente, essa apresentação é feita por meio de citações 
que, por um lado, criam a imagem de que o falante conhece profunda-
mente o assunto que está apresentando e, por outro lado, torna as pes-
soas citadas fiadoras da veracidade do ponto de vista apresentado.
Observe a utilização desse tipo de argumento no fragmento apresen-
tado a seguir:
Sociedade do conhecimento1
(...) Pouco antes de falecer, Peter Drucker disse que a educação é o setor 
que mais crescerá nos próximos 20 anos. O motivo da expansão é o fim 
da sociedade industrial, caracterizada pelo dinheiro como capital, e o iní-
cio da sociedade de serviços, cujo bem maior é o conhecimento. “Drucker 
referia-se essencialmente à educação continuada e sua afirmação está 
revelando-se uma realidade”, destaca Carlos Monteiro, diretor-presidente 
da CM Consultoria. (...)
Para validar o ponto de vista apresentado no texto que ressalta a impor-
tância da educação na sociedade contemporânea, o autor recorre a duas 
autoridades no assunto: Peter Drucker, filósofo e economista austríaco, 
considerado pai da administração moderna, e Carlos Monteiro, diretor-
-presidente de uma empresa de consultoria para instituições de ensino 
superior.
Atenção
Para ter validade, um argumento de autoridade deve obe-
decer a duas regras: a autoridade citada tem de ser reconhe-
cidamente especialista do assunto em questão e não deve 
1. Herança do 
bem. Disponível 
em: http://www.
aprendervirtual.com.
br/noticiaInterna.
php?ID=63&IDx=52
http://www.aprendervirtual.com.br/noticiaInterna.php?ID=63&IDx=52
http://www.aprendervirtual.com.br/noticiaInterna.php?ID=63&IDx=52
http://www.aprendervirtual.com.br/noticiaInterna.php?ID=63&IDx=52
http://www.aprendervirtual.com.br/noticiaInterna.php?ID=63&IDx=52
Comunicação e Expressão / UA 07 Leitura e Análise de Texto: Argumentação 6
haver discordância significativa entre a opinião expressa por 
essa autoridade e as de outros especialistas da área.
2. argUmentO baseadO nO COnsensO
Argumentos consensuais são aqueles que se baseiam em máximas e 
proposições universalmente aceitas como verdadeiras e que, portanto, 
não exigem demonstração.
Por exemplo:
Quando se mantém o jovem na escola, além de tirá-lo da rua e reduzir o risco de 
envolvimento com a violência, pode-se apostar (pelo menos apostar) que ele tenha 
menos dificuldade de obter um emprego.
— Dimenstein, Gilberto. A melhor bolsa de Lula. Folha de S. Paulo, 28/8/ 2007.
Embora esse tipo de argumento seja muito utilizado, não se deve confun-
di-lo com o lugar-comum, expressões que são repetidas abusivamente, 
carentes de base científica e de validade discutível.
3. argUmentO baseadO em prOvas COnCretas
Todo e qualquer ponto de vista poderá ser questionado e terá pouca va-
lidade se não vier apoiado em fatos comprobatórios. Sendo assim, ar-
gumentos baseados em provas concretas consistem na apresentação de 
dados estatísticos, resultados de enquetes, dados objetivos, cifras, estatís-
ticas, dados históricos, fatos da experiência cotidiana etc.
Veja um exemplo:
Na crise, banco lucra US$ 5 milhões por hora
O grupo financeiro JPMorgan lucrou US$ 5 milhões por hora no primeiro trimestre 
deste ano. Dá praticamente R$ 9 milhões, o que significa que um trabalhador bra-
sileiro de salário mínimo levaria cerca de 1.500 anos para receber o que um grupo 
como esse ganha em uma hora.
O JPMorgan não está sozinho em ganhos tão siderais: o Goldman Sachs registrou 
lucros de pelo menos US$ 25 milhões em cada um dos 63 dias úteis do ano (R$ 44 
milhões).
No total, os 14 maiores bancos de investimento tiveram uma receita conjunta de 
US$ 78,8 bilhões no primeiro trimestre, os melhores números em três anos, apenas 
US$ 1,2 bilhão abaixo do pico de US$ 80 bilhões registrado no primeiro trimestre de 
2007 (antes da eclosão da crise chamada então de crise das “subprimes”).
— ROSSI, Clóvis. Folha de S. Paulo. Caderno Dinheiro, 12/5/2010.
Comunicação e Expressão / UA 07 Leitura e Análise de Texto: Argumentação 7
4. argUmentO baseadO nO raCiOCíniO 
lógiCO (CaUsa e COnseqUênCia)
Argumentos baseados no raciocínio lógico são responsáveis pelo estabe-
lecimento de relações de causalidade entre as ideias apresentadas em um 
texto e a tese defendida por seu autor.
Observe como esse tipo de argumento é construído no texto apresen-
tado a seguir:
Violência epidêmica
A violência urbana é uma enfermidade contagiosa. Embora possa acometer indivíduos 
vulneráveis em todas as classes sociais, é nos bairros pobres que ela adquire caracte-
rísticas epidêmicas. A prevalência varia de um país para outro e entre as cidades de 
um mesmo país, mas, como regra, começa nos grandes centros urbanos e se dissemi-
na pelo interior. A incidência nem sempre é crescente, mudança de fatores ambientais 
e medidas mais eficazes de repressão, por exemplo, podem interferir em sua escalada.
As estratégias que as sociedades adotam para combater a violência flutuam ao 
sabor das emoções, raramente o conhecimento científico sobre o tema é levado em 
consideração. Como reflexo, a prevenção das causas e o tratamento das pessoas 
violentas evoluíram muito pouco no decorrer do século 20, ao contrário dos avanços 
ocorridos no campo das infecções, câncer, diabetes e outras enfermidades.
A agressividade impulsiva é consequência de perturbações nos mecanismos bio-
lógicos de controle emocional. Tendências agressivas surgem em indivíduos com di-
ficuldades adaptativas que os tornam despreparados para lidar com as frustrações 
de seus desejos.
A violência urbana é uma doença com múltiplos fatores de risco, dos quais os 
mais relevantes são a pobreza e a vulnerabilidade biológica.
Os mais vulneráveis são os que tiveram a personalidade formada num ambiente 
desfavorável ao desenvolvimento psicológico pleno.
A revisão dos estudos científicos já publicados permite identificar três fatores princi-
pais na formação das personalidades com maior inclinação ao comportamento violento:
1. Crianças que apanharam, foram abusadas sexualmente, humilhadas ou despre-
zadas nos primeiros anos de vida.
2. Adolescência vivida em famílias que não lhes transmitiram valores sociais altruís-
ticos, formação moral e não lhes impuseram limites de disciplina.
3. Associação com grupos de jovens portadores de comportamento antissocial.
Na periferia das cidades brasileiras vivem milhões de crianças que se enquadram 
nessas três condições de risco. Associados à falta de acesso aos recursos materiais, à 
desigualdade social, à corrupção policial e ao péssimo exemplo de impunidade dado 
pelos chamados criminosos de colarinho-branco, esses fatores de risco criam o caldo 
de cultura que alimenta a violência crescente nas cidades.
Comunicação e Expressão / UA 07 Leitura e Análise de Texto: Argumentação 8
Na falta de outra alternativa, damos à criminalidade a resposta do aprisionamen-
to. Embora pareça haver consenso de que essa seja a medida ideal e de que lugar 
de bandido é na cadeia, não se pode esquecer que o custo social de tal solução está 
longe de ser desprezível. Além disso, seu efeito é passageiro: o criminoso fica impe-
dido de delinquir apenas enquanto estiver preso. Ao sair, estará mais pobre, terá 
rompido laços familiares e sociais e dificilmente encontrará quem lhe dê emprego. 
Ao mesmo tempo, na prisão, terá criado novas amizades e conexões mais sólidas 
com o mundo do crime.
Construir cadeias custa caro; administrá-las, mais ainda. Para agravar, obrigados 
a optar por uma repressão policial mais ativa, aumentaremos o número de prisio-
neiros a ponto de não conseguirmos edificar prisões na velocidade necessária para 
albergá-los. As cadeias continuarão superlotadas, e o poder dentro delas, nas mãos 
dos criminosos organizados.
Seria mais sensato investir o que gastamos com as cadeias em educação, para 
prevenir a criminalidade e tratar os que ingressaram nela. Mas, como reagirdiante 
da ousadia sem limites dos que fizeram do crime sua profissão sem investir pesado 
no aparelho repressor e no aprisionamento, mesmo reconhecendo que essa é uma 
guerra perdida? Estamos nesse impasse!
Na verdade, não existe solução mágica a curto prazo. Precisamos de uma divisão 
de renda menos brutal, motivar os policiais a executar sua função com dignidade, 
criar leis que acabem com a impunidade dos criminosos bem-sucedidos e construir 
cadeias novas para substituir as velhas, mas isso não resolverá o problema enquan-
to a fábrica de ladrões colocar em circulação mais criminosos do que nossa capaci-
dade de aprisioná-los.
Só teremos tranquilidade nas ruas quando entendermos que ela depende do en-
volvimento de cada um de nós na educação das crianças nascidas na periferia do 
tecido social. O desenvolvimento físico e psicológico das crianças acontece por imi-
tação. Sem nunca ter visto um adulto, ela andará literalmente de quatro pelo resto 
da vida. Se não estivermos por perto para dar atenção e exemplo de condutas mais 
dignificantes para esse batalhão de meninos e meninas soltos nas ruas pobres das 
cidades brasileiras, vai faltar dinheiro para levantar prisões.
Enquanto não aprendemos a educar e oferecer medidas preventivas para que os 
pais evitem ter filhos que não serão capazes de criar, cabe a nós a responsabilidade 
de integrá-las na sociedade por meio da educação formal de bom nível, das práticas 
esportivas e da oportunidade de desenvolvimento artístico.
— VARELA, Drauzio. Folha de S. Paulo. 9/3/2002.
Partindo da tese de que a violência é epidêmica, ou seja, como uma epi-
demia, atinge (contagia) simultaneamente um grande número de indiví-
duos, o autor fundamenta seus textos apresentando fatos que corres-
pondem às causas dessa epidemia: ambiente familiar desfavorável ao 
Comunicação e Expressão / UA 07 Leitura e Análise de Texto: Argumentação 9
desenvolvimento psicológico pleno, falta de acesso a recursos materiais, 
desigualdade social, corrupção policial e casos de impunidade aos chama-
dos criminosos de colarinho-branco.
Na análise da utilização desse tipo de argumento, você deve prestar 
atenção em alguns defeitos que geralmente o acometem: a fuga do tema 
e a tautologia que consiste em demonstrar uma tese, repetindo-a com pa-
lavras diferentes. Por exemplo: A poluição faz mal à saúde porque prejudi-
ca o organismo (prejudicar o organismo é exatamente fazer mal à saúde).
5. argUmentO baseadO na COmpetênCia lingUístiCa
Esse tipo de argumento é utilizado em situações que exigem a utilização 
da variante culta da língua como forma de garantir maior confiabilidade 
ao que se diz. Nesse caso, a utilização de um vocabulário adequado à situ-
ação comunicativa em que o falante se encontra dá maior credibilidade às 
informações veiculadas e pode impressionar o interlocutor (KOCH, 2000).
Veja por exemplo a frase apresentada a seguir:
A terapia teve um efeito idiossincrático com prognóstico favorável em caso de pronta 
supressão.
— Língua e Poder. Disponível em http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=10929
Essa frase, aparentemente enigmática para as pessoas que desconhecem 
o vocabulário médico, significa que “o remédio teve efeito contrário, mas 
não causará problemas se for suspenso logo”. Embora seu significado seja 
facilmente compreendido pela maior parte dos falantes de Língua Portu-
guesa, a maneira como ela foi apresentada no exemplo dado conferiu-lhe 
maior imponência e importância.
6. argUmentO baseadO na COmparaçãO
O argumento baseado na comparação estabelece um confronto entre duas 
realidades diferentes, seja no tempo, no espaço, nas características etc.
Por exemplo:
Julgamento do último ditador da Argentina lembra que por lá a auto-
anistia não funcionou2
Anthony W. Pereira
O julgamento de Bignone é um forte lembrete das diferenças entre o últi-
mo regime militar argentino e a ditadura brasileira. (...)
2. Disponível em: 
http://search.
creativecommons.or
g/?q=compara%E7%
E3o+brasil+e+argen
tina&format=Text
http://search.creativecommons.org/?q=compara%E7%E3o+brasil+e+argentina&format=Text
http://search.creativecommons.org/?q=compara%E7%E3o+brasil+e+argentina&format=Text
http://search.creativecommons.org/?q=compara%E7%E3o+brasil+e+argentina&format=Text
http://search.creativecommons.org/?q=compara%E7%E3o+brasil+e+argentina&format=Text
http://search.creativecommons.org/?q=compara%E7%E3o+brasil+e+argentina&format=Text
Comunicação e Expressão / UA 07 Leitura e Análise de Texto: Argumentação 10
Uma segunda diferença importante em relação ao Brasil foi que a ten-
tativa de autoanistia dos militares argentinos fracassou. (...) Uma terceira 
diferença é que, após a anistia ser anulada, os julgamentos dos perpetra-
dores de violência sob o regime militar foram uma marca da democracia 
argentina. (...)
7. argUmentO baseadO na alUsãO HistóriCa
O argumento baseado na alusão histórica retoma acontecimentos do pas-
sado para explicar fatos do presente. Veja como esse tipo de argumento é 
utilizado no texto apresentado a seguir:
A crise de 1929 e a de agora, 80 anos depois3
Além de errarem na avaliação e na duração da crise que começou nos 
EUA, os economistas cometeram 62 cálculos equivocados, o que garante 
a todos eles um possível ou suposto Prêmio Nobel da idiotice, combinado 
com o da imprudência e da incompetência. Só que, apesar de tudo, são 
ouvidos e seguidos. Também insistem em comparar 1929 com 2009, Roo-
sevelt com Obama. Algumas coisas são parecidas, mas o que vale mesmo 
é a dessemelhança (“O quão dessemelhante”). 80 anos depois, juram que 
as crises são iguais. São parecidas pelo fato de envolverem muito dinhei-
ro, aventureiros financeiros e nenhuma fiscalização.
Todo o resto é diferente, inteiramente diferente.
3. Disponível em: 
http://search.
creativecommons.or
g/?q=compara%E7%
E3o+brasil+e+argen
tina&format=Text
http://search.creativecommons.org/?q=compara%E7%E3o+brasil+e+argentina&format=Text
http://search.creativecommons.org/?q=compara%E7%E3o+brasil+e+argentina&format=Text
http://search.creativecommons.org/?q=compara%E7%E3o+brasil+e+argentina&format=Text
http://search.creativecommons.org/?q=compara%E7%E3o+brasil+e+argentina&format=Text
http://search.creativecommons.org/?q=compara%E7%E3o+brasil+e+argentina&format=Text
antena 
pArAbóliCA
Bons cenários para a observação de disputas argumen-
tativas são os debates políticos. Um argumento político 
é um exemplo de uma argumentação lógica aplicada à 
política. Portanto, da próxima vez que assistir a um de-
bate, preste atenção nos discursos pronunciados pelos 
candidatos, verificando se são exemplos de argumenta-
ção ou de persuasão. Não se deixe enganar!
e AgorA, José?
Agora que você já sabe o que é argumentação, seus ti-
pos e seu processo de construção nos textos, chegou a 
hora de aprender como utilizar esse conhecimento no 
processo de Produção de textos da área administrativa. 
Para tanto, na próxima aula, você aprenderá a produ-
zir os principais textos referentes à sua área de atuação 
profissional como resumos, resenhas, paráfrases, cor-
respondências organizacionais, propostas e projetos.
Bons estudos e até a próxima aula!
Comunicação e Expressão / UA 07 Leitura e Análise de Texto: Argumentação 12
glossário
Argumento: todo procedimento linguístico que 
tem por objetivo persuadir, fazer o receptor 
aceitar o que lhe foi comunicado, crer no que 
foi dito e fazer o que foi proposto.
Subprimes: mercado obrigacionista/de crédito 
imobiliário de menor qualidade.
Alusão: referência.
reFerênCiAs
CEREJA, W. R.; MAGALHÃES, T. C. �Gramática re-
flexiva: texto, semântica e interação. São 
Paulo: Atual, 2004.
FIORIN, L. J.; SAVIOLI, F. P. �Lições de texto: lei-
tura e redação. 6a ed. São Paulo: Ática, 
2003.
KOCH, I. V. �Argumentação e linguagem. 6a ed. 
São Paulo: Cortez, 2000.
gestão empresarial
comunicação e expressão
Produção de textos da área 
administrativa: resumo, 
resenha e Paráfrase
8
ObjetivOs da Unidade de aprendizagemAo final da aula o aluno deverá ser capaz de distinguir 
formas de composição de textos citantes.
COmpetênCias 
Conhecimento e capacidade de utilização da modalidade 
de textos citantes, como forma de resgatar, sintetizar, 
criticar e interpretar informações.
Habilidades 
Produção de textos a partir de outros textos, utilizando 
as técnicas de elaboração de resenhas de textos e fatos, 
resumos e paráfrases explicativas.
comunicação e expressão
Produção de textos da 
área administrativa: 
resumo, resenha 
e Paráfrase
ApresentAção
Nesta aula, você conhecerá técnicas envolvidas na com-
posição textual que tem como ponto de partida a com-
preensão e a apreensão de textos alheios. As modalida-
des envolvidas pertencem ao gênero dos textos citantes, 
mobilizando domínio de vocabulário e habilidade de dis-
tinguir ideias e informações principais e secundárias.
pArA ComeçAr
Você se lembra daquele livro de muitas páginas que você 
devia ler e utilizar como base de um trabalho na escola? 
Lembra-se de como tentou fazer um resumo, que aca-
bou ficando tão extenso que rivalizou com o tamanho 
do livro? Quem sabe você desistiu no começo da em-
preitada e buscou “ajuda mágica” na internet... Se isso 
aconteceu, você não foi conquistado nem pelo livro, nem 
pela atividade que lhe foi proposta. Faltou, quem sabe, 
conhecer a importância das técnicas de aproximação e 
apreensão dos textos, que facilitam o desenvolvimento 
de várias tarefas, na escola ou no ambiente profissional.
Vamos aprender, nesta aula, como trabalhar com tex-
tos sobre outros textos – os resumos, as resenhas e a pa-
ráfrase. Você vai constatar que já sabe muita coisa sobre 
o assunto e que não é nenhum bicho de sete cabeças.
FundAmentos
Vamos começar entendendo que essas três espécies de 
texto, os resumos, as resenhas e a paráfrase, têm uma 
característica comum: são textos que podem referenciar 
outros textos, ou seja, textos que contém citações de 
outros autores, isso é, exigidos sempre que houver ne-
cessidade de registrar informações importantes contidas 
em outros textos, ou, no caso das resenhas, também em 
Comunicação e Expressão / UA 08 Produção de Textos da Área Administrativa: Resumo, Resenha e Paráfrase 4
fatos. Sua aplicação é bastante ampla: nas atividades acadêmicas, faze-
mos uso dessas modalidades textuais quando temos de entender, com-
pilar e reproduzir informações e ideias contidas em textos de várias mí-
dias (livros, jornais, revistas, CD, CDV...) as quais mencionamos em nosso 
próprio texto. O mesmo ocorre nas organizações, quando preparamos 
uma apresentação de assuntos técnicos, quando interpretamos um ma-
nual, registramos as ocorrências de uma reunião... enfim, serão diversas 
as ocasiões em que faremos uso desses textos.
Vamos conhecer cada um deles.
1. resUmO
Todos nós certamente já vivemos alguma situação em que precisamos 
resumir algo: pode ter sido naquele dia em que você teve de contar a seus 
pais por onde você andou, chegando a casa só depois das três da manhã.
Sua habilidade em resumir foi demonstrada, pois você relatou o essen-
cial de suas ações, de seus percurso e permanência fora de casa. Você de-
monstrou habilidade em suprimir informações supérfluas, impertinentes 
ou indesejáveis, focando-se no principal.
Na vida profissional, temos o desafio de resumir quando colocamos em 
uma ou duas folhas de papel as informações a nosso respeito, fazendo 
nosso Curriculum Vitae, ou quando nos apresentamos a um entrevista-
dor, relatando a ele nossas qualificações profissionais, dados pessoais e 
habilidades.
Então: sabemos ou não resumir?
Em sua forma escrita e quando tem por fonte (ou objeto) um texto, o 
resumo é parte componente de Relatórios, Pareceres da correspondência 
organizacional (modalidades de texto que você estudará na Aula 9), bem 
como das atividades de estudo, nos cursos superiores.
Vamos manter o foco na forma escrita do resumo, pois se trata de 
um método de estudo que aponta nossa maior ou menor capacidade de 
apreensão e compreensão de informações e conceitos.
Os resumos se propõem apresentar com fidelidade às ideias ou aos 
fatos essenciais contidos num texto; as opiniões do autor do texto resu-
mido são levadas em conta, devendo-se evitar comentário ou julgamento 
do texto-objeto. O resumo deve buscar o essencial e apresentá-lo com 
fidelidade. Mas deve-se evitar, a todo custo, a reprodução de trechos do 
texto resumido. Se o texto é narrativo, reduz-se ao essencial, o encade-
amento de ações e relações entre personagens, expondo-se o esqueleto 
da intriga; se o texto é dissertativo, acompanha-se o desenvolvimento das 
ideias nele contidas.
Comunicação e Expressão / UA 08 Produção de Textos da Área Administrativa: Resumo, Resenha e Paráfrase 5
Há um aspecto subjetivo na atividade de resumir: o leitor interage com 
o texto-fonte e seleciona aquilo que se mostrou mais importante; em ou-
tras palavras, a mente do leitor escolhe informações, com base em sua 
capacidade de apreensão e, até, em suas preferências. Pode-se dizer que 
aquilo de que nos lembramos ao final da leitura de um texto já é um resu-
mo dele formatado por nós.
Quais estratégias podemos utilizar para produzir bons resumos?
1.1. Selecionar o eSSencial.
Essa estratégia consiste em fazer da leitura do texto-fonte uma operação 
de “limpeza” do que não interessa. E como se faz isso? Destacando as in-
formações principais, tais como conceitos e exemplos, seja copiando-as 
ou sublinhando-as no texto-fonte.
1.2. reeScrever o trecho ou texto, com 
baSe no eSSencial Selecionado.
Vamos ao exemplo.
Crise e oportunidade são representadas pelos mesmos ideogramas chineses, como 
se ouve muito em palestras inspiradoras para empresários. Segundo a velha sabedo-
ria chinesa, o azar de uns pode ser a sorte de outros; o que, para uns, é desastre, 
para outros, é bênção.
Quando querem dar uma ideia da crise econômica na Alemanha durante a re-
pública de Weimar, sempre recorrem à mesma imagem: a hiperinflação era tama-
nha que, para se comprar um pão na padaria, era preciso levar marcos num car-
rinho de mão. O valor de tudo era medido em carrinhos de mão cheios de marcos, 
e eram necessários cada vez mais carrinhos de mão para carregar os marcos cada 
vez mais desvalorizados. É possível imaginar os carrinhos de mão engarrafando o 
trânsito nas ruas de Berlim. E todos se queixando da situação, dizendo que aquilo 
não podia continuar, que era preciso um governo forte para acabar com aquilo, que 
assim não dava mais, etc.
Todos, menos o Kurt. O Kurt estava feliz. Enquanto à sua volta os outros per-
diam dinheiro e se lamentavam, o Kurt prosperava e exultava. Sua pequena in-
dústria crescera e não parava de crescer. Em vez de desempregar, Kurt empregava. 
E enriquecia em meio à crise. Como aquilo era possível?
Kurt, claro, tinha a única fábrica de carrinhos de mão da Alemanha.
— Luís Fernando Veríssimo, Crise e consequência. Bom Dia, 19/4/2009. Texto adaptado.
Os trechos em negrito são o resultado da operação “limpeza” – as infor-
mações essenciais estão destacadas. Para completar o ciclo, a próxima 
Comunicação e Expressão / UA 08 Produção de Textos da Área Administrativa: Resumo, Resenha e Paráfrase 6
operação da estratégia é reescrever, isto é, produzir o resumo. E ele nasce 
facilmente:
Crise e oportunidade andam juntas, pois aquilo que é prejudicial a uns 
pode beneficiar outros. Exemplo disso ocorreu na Alemanha durante a 
República de Weimar, num período em que a inflação altíssima fazia as 
pessoas transportarem o dinheiro até à padaria em carrinhos de mão; 
mas nessa crise, um comerciante prosperou: o fabricante dos carrinhos.
Podemos notar claramente que, nesse resumo, o essencial do texto foi 
mantido e as informações secundárias foram descartadas.
Vamos observar, agora, o resumo de um texto da área de gestão.
Milhares de pessoas dentro do universo empresarial estão insatisfeitas com a 
sua situação. Ou ganham pouco ou estão desajustadas no ambiente de traba-
lho, têm atritos com chefesou mesmo frustram-se ante as remotas possibilida-
des de crescimento profissional. Abate-se sobre elas uma terrível frustração, que vai 
corroendo seu ânimo e exaurindo suas energias. Que fazer? Deixar que o processo 
de obsolescência acabe por mergulhar a pessoa em uma depressão profunda, tomar 
uma grande decisão e mudar completamente de rumo ou encontrar meios e for-
mas que, integradamente, possam tirar a pessoa do estado letárgico em que se 
encontra? Pessoalmente, sou favorável à última alternativa. É arriscado mudar 
radicalmente de posição, aconselhando-se o bom sendo de se procurar via mais ló-
gica de medidas que venham soerguer paulatinamente a pessoa.
— TORQUATO, Gaudêncio. O marketing do profissional. In: _____. Cultura, poder, comu-
nicação e imagem – fundamentos da nova empresa. São Paulo: Pioneira, 2003. p. 91.
Os trechos sublinhados indicam o essencial, que se resume a:
Há, no meio empresarial, pessoas insatisfeitas, por causa de sua remune-
ração, desajustamento, atritos com seus superiores ou falta de perspectiva 
de ascensão profissional. Diante disso, entre deixar essas pessoas se depri-
mirem, levá-las a mudar completamente de rumo e encontrar meios de fazê-
-las reerguer-se, o autor indica sua preferência pela terceira opção.
Nossas considerações sobre os resumos devem ser completadas com 
a norma da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) sobre o as-
sunto – a NBR 6028/2002, que traz a regulamentação da elaboração de 
resumos em trabalhos como monografias, artigos, relatórios e teses. De 
acordo com essa NBR, tais resumos devem ser redigidos em um único 
parágrafo, vir acompanhado de palavras-chave e ter número de palavras 
definido em função do tipo de trabalho (até 500 palavras, nas teses, dis-
sertações e relatórios; até 250 palavras, nas monografias e artigos; até 
100 palavras nas notas e comunicações breves).
Comunicação e Expressão / UA 08 Produção de Textos da Área Administrativa: Resumo, Resenha e Paráfrase 7
Ainda segundo a NBR 6028/2002, os resumos podem ser informativos 
ou indicativos. Os informativos são aqueles que fornecem ao leitor infor-
mações suficientes para que o leitor conheça o fundamental, mesmo sem 
ler o texto citado; é mais completo, portanto. Já os resumos indicativos 
não fornecem pormenores, apenas prestam algumas informações sobre 
o texto-fonte – é o caso dos resumos utilizados para dar notícia de pros-
pectos, produtos (industriais ou comerciais), catálogos, manuais.
Dica
Conheça o texto integral da NBR 6028/2002. Ele é muito 
importante, pois, como norma, deverá direcionar o desen-
volvimento de suas atividades acadêmicas.
2. resenHa
Denomina-se resenha o texto elaborado com a finalidade de prestar in-
formações acerca de fatos ou de outros textos. Encontram-se, portanto:
 → Resenhas de fatos, que se reportam a referentes reais, tais como 
reuniões, eventos (jogos, atos públicos, reuniões etc); e
 → Resenhas de textos, que se reportam a referentes textuais, como 
livros, artigos, filmes.
As do tipo (1) são as resenhas descritivas, entre as quais estão as atas 
de reuniões e assembleias, os relatos (por exemplo, os acontecimentos, 
os acidentes), as descrições (de lugares, objetos, processos).
Pode-se dizer que as resenhas do segundo tipo são textos que sinteti-
zam e comentam outro texto.
Na aula 9 você conhecerá com detalhes as atas, principal texto organi-
zacional pertencente à categoria das resenhas descritivas; hoje, vamo-nos 
dedicar ao tipo (2), às resenhas que têm por objeto os textos – também 
chamados textos-fonte.
No âmbito acadêmico, emprega-se o termo “resenha” para designar 
um tipo de texto produzido por cientistas e por estudantes: estes costu-
mam fazer resenha como parte do exercício de compreensão e de crítica 
de um texto; aqueles têm por tarefa escrever resenhas de livros. Tais rese-
nhas permitem fazer a seleção bibliográfica, parte das mais importantes 
na fundamentação dos trabalhos acadêmicos.
Nesse caso, espera-se que uma resenha informe o leitor sobre o as-
sunto tratado no livro, suas características especiais (se as tiver), o modo 
Comunicação e Expressão / UA 08 Produção de Textos da Área Administrativa: Resumo, Resenha e Paráfrase 8
como o assunto é tratado, se é interessante e agradável, se o leitor deve 
possuir algum conhecimento prévio para lê-lo, se a organização do livro 
é boa, se terá utilidade para quem o ler, se tem vínculos com outros tex-
tos. É nesse sentido que se diz que uma resenha é crítica, não porque ela 
traz comentários irônicos ou mordazes. Nessa modalidade de resenha, o 
autor analisa o texto resenhado, comentando-o, apontando qualidades, 
falhas, filiações ideológicas etc.
Recomenda-se que os pontos mais importantes do texto resenhado 
estejam no início da resenha, que deve conter os seguintes dados: título 
(e subtítulo) do livro, nome(s) do(s) autor(es) ou do(s) organizador(es), data 
de publicação, número da edição (a partir da segunda), editora, local da 
publicação, número de páginas, número de tabelas, figuras e fotos, preço 
da obra.
Mas não é só o texto-livro que pode ser resenhado. Por certo você já 
leu uma resenha que tem por objeto um game, um CD de sua banda pre-
ferida, um DVD recém-lançado, etc. Os diversos gêneros midiáticos têm 
produtos que originam resenhas críticas – é com base nelas que nos inte-
ressamos ou não pelo objeto, decidindo se vale ou não a pena comprá-lo 
ou fruí-lo.
Note que, para fazer uma resenha, você deve saber como fazer um re-
sumo, visto que há uma substancial participação do resumo na apresen-
tação do produto-texto ao leitor da resenha. Por isso você primeiramente 
aprendeu a compor resumos.
Vamos comentar, agora, um tipo de texto muito útil para a realização 
de atividades acadêmicas – a Ficha de leitura; também chamada de Fi-
cha de Documentação Bibliográfica, combina descrição e resumo.
A parte descritiva contém:
 → Título da obra ou artigo;
 → Nome do(s) autor(es);
 → Editor ou publicação e coleção (se for o caso);
 → Lugar e data de publicação;
 → Número de volumes e de páginas (quando for o caso);
 → Descrição sumária da estrutura (divisão em livros, capítulos) e;
 → Indicação de língua original (quando estrangeira) e nome do tradutor 
(em caso de tradução).
A parte resumitiva é constituída de:
 → Indicação sumária do assunto tratado (conteúdo da obra);
 → Ponto de vista adotado pelo autor (tom, método, gênero);
Comunicação e Expressão / UA 08 Produção de Textos da Área Administrativa: Resumo, Resenha e Paráfrase 9
 → Resumo expondo o essencial, de acordo com o plano geral do texto;
 → Comentários pessoais ou observações, se necessário.
3. parÁFrase
Segundo o dicionário Houaiss Eletrônico, paráfrase é “interpretação ou tra-
dução em que o autor procura seguir mais o sentido do texto que a sua 
letra”, “interpretação, explicação ou nova apresentação de um texto”. O 
termo vem do grego para-phrasis (repetição de uma sentença).
Na Antiguidade clássica empregava-se a paráfrase para transpor em 
prosa um texto em verso, desenvolvendo-o ou abreviando-o. Hoje, a pa-
ráfrase é o desenvolvimento explicativo, interpretativo, de um texto.
O termo é empregado para designar o desenvolvimento explicativo de 
um texto, de uma expressão ou de outra palavra. Pode-se considerar a 
paráfrase uma espécie de “tradução” dentro da própria língua – é, pois, 
um texto que esclarece o conteúdo de outro, conservando as informações 
essenciais do original.
Note que o conteúdo do texto parafraseado permanece. O que muda é 
apenas a forma, o modo de dizer – mudam as palavras, mas se preservam 
as informações do texto parafraseado.
Reiterando: paráfrase é citação do conteúdo do discurso alheio, mu-
dando-se as palavras, o estilo (vocabulário e estrutura de frase). Observar 
que a paráfrase deve evidenciar o pleno entendimento do texto original.
antena 
pArAbóliCA
Utilize as técnicas que aprendeu nesta aula para praticar 
a elaboração de fichas de leitura, resumos e paráfrases, 
no contexto de seustrabalhos acadêmicos durante as 
outras disciplinas e trabalhos que terá pela frente.
e AgorA, José?
Muito bem. Agora que você já domina as informações 
e técnicas de apropriação de outros textos pelas mo-
dalidades estudadas nesta unidade (resenha, resumo e 
paráfrase), você poderá conhecer textos da área admi-
nistrativa que demandam o domínio prévio dessas téc-
nicas. Nas próximas aulas, você terá contato com tais 
textos, para desempenhar da melhor maneira possível 
suas atividades profissionais nas corporações em que 
vier a atuar. Bons estudos!
Comunicação e Expressão / UA 08 Produção de Textos da Área Administrativa: Resumo, Resenha e Paráfrase 11
glossário
Artigo: texto que constitui uma unidade numa 
publicação; texto de caráter científico ou 
tecnológico para publicação em livros, revis-
tas, anais de congressos etc.
Dissertação: neste contexto, denominação da 
monografia produzida no final de cursos de 
pós-graduação, a qual o aluno tem de de-
fender diante de uma banca para obter o 
título de Mestre.
Monografia: trabalho escrito acerca de um de-
terminado assunto.
Tese: denominação da monografia produzida no 
final de cursos de pós-graduação, a qual o 
aluno tem de defender diante de uma banca 
para obter o título de Doutor.
reFerênCiAs
ANDRADE, M. L. O. �Resenha. São Paulo: Paulis-
tana, 2006.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 
�Resumos. NBR 6028/2002. Rio de Janeiro.
GARCIA, O. M. �Comunicação em prosa moder-
na. 18a ed. Rio de Janeiro: FGV, 2000.
LEITE, M. Q. �Resumo. São Paulo: Paulistana, 
2006.
gestão empresarial
comunicação e expressão
CorrespondênCia organizaCional: 
Carta ComerCial, ata e e-mail
9
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final da aula o aluno deverá ser capaz de distinguir 
as várias formas de comunicação organizacional e suas 
situações de uso.
COmpetênCias 
Conhecimento e capacidade de utilização das várias for-
mas de comunicação organizacional como ferramenta 
estratégica nas relações profissionais.
Habilidades 
Compreender a importância da comunicação nas organi-
zações, saber utilizar as diferentes formas da comunica-
ção organizacional para o marketing pessoal, networking 
negociação e gerenciamento de conflitos.
comunicação e expressão
CorrespondênCia 
organizaCional: Carta 
ComerCial, ata e e-mail
ApresentAção
Nesta aula, você conhecerá a importância da comunica-
ção nas organizações. Além disso, aprenderá a utilizar as 
diferentes formas da comunicação organizacional para 
o marketing pessoal, networking negociação e gerencia-
mento de conflitos.
pArA ComeçAr
Você já percebeu como uma pequena falha no proces-
so de comunicação dentro de uma empresa pode gerar 
consequências desastrosas?
Embora, muitas vezes, pareça irrelevante, o modo 
como o processo de comunicação organizacional é ad-
ministrado está diretamente relacionado com o padrão 
de eficácia de uma empresa, sendo fundamental para 
que se alcancem as metas relacionadas à produtividade 
e à longevidade.
Por isso, neste capítulo aprenderemos o que é comu-
nicação organizacional e três dos principais documentos 
desse tipo de comunicação: a carta comercial, a ata e o 
e-mail. Vamos começar?
FundAmentos
A comunicação organizacional é a comunicação pratica-
da nas organizações para conduzir as ações e alcançar os 
resultados desejados, sendo parte integrante da maioria 
das atividades realizadas pelos colaboradores que nelas 
atuam.
Esse tipo de comunicação pode ser utilizada nos am-
bientes internos e externos à organização. Internamente, 
é usada entre funcionários e se caracteriza pela nature-
za administrativa e operacional, destinando-se a produ-
zir ações e provocar resultados. No ambiente externo, 
Comunicação e Expressão / UA 09 Correspondência Organizacional: Carta Comercial, Ata e E-mail 4
caracteriza-se pela natureza administrativa e negocial, sendo praticada na 
comunicação com clientes, fornecedores, concorrentes e quaisquer ou-
tras entidades com as quais a organização se relaciona.
A comunicação organizacional praticada no ambiente interno das em-
presas é responsável por manter a união e a coesão dos recursos huma-
nos em torno das atividades produtivas e na direção das metas estabele-
cidas (MACHADO NETO, 2003).
ConCeito
A comunicação organizacional compreende um conjunto de 
atividades, ações, estratégias, produtos e processos desen-
volvidos para criar e manter a imagem de uma organização 
junto aos seus públicos de interesse.
Carta, ata e e-mail
A carta comercial, a ata e o e-mail são três dos principais documentos 
utilizados na comunicação empresarial. A opção por um desses documen-
tos depende do objetivo da mensagem e de seu destinatário, conforme 
veremos a seguir.
1. Carta COmerCial
A carta comercial é um tipo de comunicação escrita endereçada a uma ou 
várias pessoas com o objetivo de transmitir uma mensagem que seja facil-
mente compreendida e leve o receptor à ação. Portanto, deve ser escrita 
em linguagem clara, simples, objetiva, concreta, correta e sua elaboração 
deve obedecer a uma série de regras que regulamentam a confecção des-
se tipo de documento (MEDEIROS, 2001).
1.1 Formato
Quanto ao formato, a carta comercial deve seguir as seguintes orienta-
ções:
 → Papel de 21 x 29,7 cm, ou 215,9 mm x 279,4 mm.
 → O texto deve ser impresso em um só lado do papel.
 → Margem direita: 2 cm; margem esquerda: 3 cm; margem superior: 
2 cm; margem inferior: 2 cm.
 → Espaço: 1 e ½. Entre os parágrafos, é costume duplicar esse espaço 
interlinear.
Comunicação e Expressão / UA 09 Correspondência Organizacional: Carta Comercial, Ata e E-mail 5
 → O vocativo de uma carta, a expressão utilizada para chamar o inter-
locutor, deve vir acompanhado de dois-pontos.
Tendo em vista a objetividade e a rapidez exigidas nos dias de hoje, é 
fundamental que o texto prime pela clareza, pela apresentação das ideias 
em uma sequência lógica e pelo vocabulário exato. Sendo assim, é impor-
tante que, antes de iniciar a redação, você:
 → Tenha um objetivo em mente;
 → Coloque-se no lugar de quem vai receber a carta;
 → Tenha à disposição informações suficientes sobre o assunto a ser 
tratado;
 → Planeje a estrutura do texto, seu começo, meio e fim;
 → Conheça o significado de todas as palavras utilizadas;
 → Saiba tratar o assunto com propriedade, conhecendo-o profunda-
mente;
 → Selecione fatos para usar como argumentos;
 → Evite o uso de opiniões e julgamentos pessoais;
 → Reflita adequada e suficientemente sobre o assunto;
 → Seja natural, conciso e correto;
 → Use linguagem de fácil compreensão;
 → Responda a todas as perguntas que eventualmente tenham sido fei-
tas pelo destinatário.
Atenção
A linguagem empolada, rebuscada é causa, muitas vezes, 
de obstáculo à comunicação. Portanto, o redator de cartas 
comerciais deve optar por palavras conhecidas e formas sim-
ples para ser compreendido e obter uma resposta. Seu obje-
tivo é ser claro mais do que causar boa impressão.
Depois de redigir o texto, você deve considerá-lo como um rascunho que 
deve ser lido e corrigido até se encontrar uma forma adequada e que seja 
compreensível ao receptor.
Nesse processo de correção, vale atentar para alguns enganos costu-
meiros que devem ser evitados:
 → Estilo: evitar vocabulário rebuscado, períodos excessivamente longos, 
neologismos, estrangeirismos e frases de efeito (sobretudo latinas);
Comunicação e Expressão / UA 09 Correspondência Organizacional: Carta Comercial, Ata e E-mail 6
 → Abreviações: sempre que possível, as abreviações devem ser evita-
das. Escreva por extenso;
 → Frases feitas: são expressões desaconselháveis, porque são inúteis 
como, por exemplo: venho por meio desta;
 → Escrita de algarismos: o procedimento de digitar o número seguido 
do numeral entre parênteses é inútil. Ou uma coisa ou outra, mas a 
preferência é pelo número;
 → Despedida: evitar expressões como não tenho nada mais para o mo-
mento, que se constitui uma obviedade;
 → Pontuação: Deve-se colocar ponto finalapós local e data e dois-pon-
tos ou vírgula após a saudação inicial (Prezado Senhor:);
 → Gramática: Devem-se evitar expressões como: Em anexo; Face à e 
Pedimos para. Tais expressões devem ser substituídas, respectiva-
mente, por: Anexo(a); Em face de e Solicitamos que.
Veja, a seguir, um exemplo de uma carta comercial redigida como respos-
ta a uma consulta feita a uma empresa:
São Paulo, 20 de outubro de 2020.
Senhores:
Em atenção a sua consulta sobre imóveis industriais, 
temos o prazer de anexar à presente relatório de alguns 
imóveis que se acham à venda por intermédio de nosso 
escritório.
Maiores esclarecimentos a respeito dos imóveis 
relacionados poderão ser prestados pelo Sr. Fulano de Tal, 
que está pronto para atendê-lo.
Queremos ainda frisar que as condições constantes no 
relatório estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.
Atenciosamente,
Sicrano de Tal,
Diretor.
Comunicação e Expressão / UA 09 Correspondência Organizacional: Carta Comercial, Ata e E-mail 7
2. ata
A ata é um documento no qual se registra o que se passou em uma reu-
nião, assembleia ou convenção (MARTINS, 2000). Há dois tipos de ata: a 
ordinária e a extraordinária.
A ata ordinária é aquela que resulta de reuniões estabelecidas em es-
tatutos ou convocadas com regularidade. A extraordinária ocorre fora das 
datas costumeiramente previstas.
Como a ata é um documento de valor jurídico, sua elaboração deve 
obedecer a algumas normas:
 → Deve ser lavrada em livro próprio ou em folhas soltas de tal modo 
que impossibilite a introdução de modificações;
 → Quando lavrada em livro próprio, este deve conter um termo de 
abertura e um termo de encerramento, assinados pela autoridade 
máxima da entidade;
 → Deve sintetizar de maneira clara e precisa as ocorrências verificadas 
na sessão;
 → Na ata do dia, são consignadas as alterações feitas à ata anterior;
 → O texto, digitado ou manuscrito, não pode apresentar rasuras;
 → O texto deve ser compacto, sem parágrafos ou com parágrafos nu-
merados, mas não se deve fazer uso de alíneas;
 → Se manuscrito, nos casos de erros constatados no momento de redigi-
-la, emprega-se a partícula corretiva “digo”, retificando o pensamento;
 → Quando o erro for notado após a redação de toda a ata, recorre-se 
à expressão “em tempo”. Exemplo: Em tempo: na linha 10 onde se lê 
“pote”, leia-se “bote”;
 → Os números devem ser grafados por extenso e as abreviações de-
vem ser evitadas;
 → Quando ocorrem emendas à ata ou alguma contestação oportuna, a 
ata só será assinada após aprovadas as correções;
 → A ata deve ser redigida por um secretário efetivo. No caso de sua 
ausência nomeia-se outro secretário (ad hoc) designado para essa 
ocasião;
 → A ata deve ser assinada por todas as pessoas presentes à sessão ou, 
quando deliberado, apenas pelo presidente e pelo secretário.
Comunicação e Expressão / UA 09 Correspondência Organizacional: Carta Comercial, Ata e E-mail 8
2.1 termo de abertura
Contém este livro 100 (cem) folhas numeradas a máquina de 1 
(um) a 100 (cem), por mim rubricadas, e se destina ao registro 
das Atas das Reuniões da Diretoria da Sociedade ����, com sede, 
nesta capital, na Rua ��������������������������������������, nº ������ .
A minha rubrica é a seguinte: ������������������������������������������
São Paulo, ����������� de ������������������ de �����������
Presidente: ����������������������������������������������������������������
(Assinatura)�������������������������������������������������������������������������������
(Nome em letra de forma)
2.2 termo de Fechamento
Contém este livro 100 (cem) folhas numeradas a máquina de 1 
(um) a 100 (cem), que, rubricadas pelo Presidente ����������������� 
������������������������������������� destinaram-se ao registro das 
Atas das Reuniões da Diretoria da Sociedade ����������������������� 
������������������������������������� conforme se lê no Termo de 
Abertura.
São Paulo, ����������� de ������������������ de �����������
Presidente: ����������������������������������������������������������������
(Assinatura)�������������������������������������������������������������������������������
(Nome em letra de forma)
Devem constar de uma ata:
 → Dia, mês, ano e hora da reunião (por extenso);
 → Local da reunião;
 → Declaração do presidente e do secretário;
 → Ordem do dia;
 → Fecho;
 → Assinatura de presidente, secretário e participantes.
Comunicação e Expressão / UA 09 Correspondência Organizacional: Carta Comercial, Ata e E-mail 9
2.3 modelo de Fecho
… Nada mais havendo a tratar, Fulano de Tal agradece a presença do Senhor X, do Senhor Y, das 
demais autoridades presentes declara encerrada a reunião, da qual eu, ������������������������������, 
Secretário em exercício, lavrei a presente ata, que vai assinada pelo Senhor Presidente e por mim.
São Paulo, ����������� de ������������������ de �����������
Fulano de Tal, Presidente.
Fulano de Tal, Secretário.
Veja, a seguir, um exemplo de ata:
ATA DA REUNIÃO DA DIRETORIA
RAZÃO SOCIAL: ��������������������������������������������������������������������������������������
CNPJ: ��������������������������������������������������������������������������������������������������
Aos _____________ ( ____ ) dias do mês de __________________ de 20____  , às ___________________ 
( �������� ) horas, na sede social, sita nesta capital, na rua �����������������������������
���������������� , nº ������� , reuniram-se os diretores de ������������������������������� 
, sob a presidência do Sr. ��������������������������������������������������������� , Diretor-
Administrativo, que convidou a mim, ��������������������������������������������������������� 
, para secretariar a sessão. Abrindo os trabalhos, o Sr. Presidente fez ampla exposição 
da situação da sociedade e da necessidade de ampliar as suas atividades e aparelhar-
se para melhor atender ao seu crescente desenvolvimento, dizendo da necessidade 
de instalar-se uma filial na cidade de ______________________________________ . Com a palavra, o 
Sr. ��������������������������������������������������������� , Diretor-Comercial, tendo por base 
a exposição do Sr. Presidente, propôs que se abrisse uma filial no ________________________
�������������� , já estando a Diretoria em entendimentos para a locação do prédio onde 
irá funcionar a referida filial, o de nº _______ da rua __________________________________________ , 
tudo conforme proposta já apresentada e em poder da mesa, sugerindo e propondo 
também que se atribuísse o capital de R$ ������������������ ( ����������������������������
_____________________________ reais) para a filial. Posta em discussão a proposta, sobre a 
mesma falou o Sr. ��������������������������������������������������������� , Diretor-Financeiro 
da sociedade, apoiando-a e fazendo sentir à Diretoria que o assunto era de caráter 
urgente, pois a expansão da sociedade estava a exigir medidas concretas e urgentes 
para o seu desenvolvimento. Posta em votação a proposta do Sr. ������������������������
��������������������������������� , foi ela aprovada por unanimidade. Nada mais havendo a 
tratar, o Sr. Presidente suspendeu os trabalhos pelo tempo necessário para a lavratura 
desta ata. Reabertos os trabalhos, foi esta ata lida e, achada conforme, aprovada por 
todos os presentes.
������������������������������������������������� , ����������� de ������������������ de �����������
������������������������������������������������� (Diretor Administrativo)
������������������������������������������������� (Diretor Comercial)
Comunicação e Expressão / UA 09 Correspondência Organizacional: Carta Comercial, Ata e E-mail 10
3. e-mail (mensagens eletrôniCas)
E-mail é um método que permite compor, enviar e receber mensagens 
por meio de sistemas eletrônicos de comunicação. O termo e-mail é apli-
cado tanto aos sistemas que utilizam a Internet, como àqueles sistemas 
conhecidos como intranets, que permitem a troca demensagens dentro 
de uma empresa ou organização.
Por ser um veículo de comunicação relativamente novo nas organi-
zações, sua linguagem adequada ainda não possui regras ou princípios 
estabelecidos. Isso faz com que poucas organizações se preocupem em 
normalizar o uso desse veículo de comunicação. O resultado é que a co-
municação por correio eletrônico vem sendo feita, muitas vezes, de forma 
desordenada e desestruturada, causando sérios prejuízos à imagem das 
organizações e seus colaboradores (MEDEIROS, 2001).
Tendo isso em vista, são apresentadas a seguir algumas orientações 
que devem guiar a elaboração de uma mensagem eletrônica.
 → Tenha foco: o mais importante é saber o que se tem a comunicar e 
qual o objetivo;
 → Considere o nível de conhecimento de seu interlocutor: saiba 
que incorreções na escrita podem trazer sérios prejuízos a você, pois 
transmitem uma imagem ruim de sua pessoa;
 → Linguagem: utilize uma linguagem coloquial, mas respeitosa e gentil;
 → Priorize a objetividade: quanto mais curta uma mensagem melhor 
ela é, evitando-se o risco de ser obscuro, repetitivo e irrelevante. Se 
a mensagem ultrapassar o limite de três parágrafos, seu veículo ade-
quado não é o e-mail, mas uma carta;
 → E-mail para alguém de um nível hierárquico superior ao seu: seja 
breve e diga apenas o necessário, sem formalismo, mas com res-
peito e polidez. Em geral, essa comunicação é feita para comunicar 
ações já realizadas e seus resultados. Se precisar de mais do que 
dois parágrafos para redigi-la, cuidado! Você corre o risco de estar 
comunicando o que interessa a você e não ao seu leitor;
 → E-mail para alguém de um nível hierárquico igual ao seu: vá dire-
to ao ponto. Quanto mais objetivo e direto, melhor. Tome cuidado 
apenas para não parecer impositivo e formal em demasia;
 → E-mail para alguém de um nível hierárquico inferior ao seu: nes-
se caso a dica também é ser breve e dizer apenas o necessário, sem 
formalismo, mas com respeito e polidez. Geralmente, essa comuni-
cação é feita para solicitar informações ou orientar subordinados 
sobre ações em andamento. Se o texto precisar de mais de dois 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Eletr%C3%B4nica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Internet
http://pt.wikipedia.org/wiki/Intranet
Comunicação e Expressão / UA 09 Correspondência Organizacional: Carta Comercial, Ata e E-mail 11
parágrafos para ser escrito, faça um memorando ou uma circular e 
envie como Anexo;
 → Estrutura: o texto deve apresentar um assunto, ter um vocativo 
(saudação inicial), a mensagem propriamente dita, uma despedida 
respeitosa e assinatura (nome do remetente);
 → Clareza: a mensagem não pode ser excessivamente aberta, com ter-
mos imprecisos, como semana que vem, depois do feriado, final do 
mês, de manhã etc. Substitua todas as expressões que você perceber 
que podem gerar dúvidas;
 → Formatação: evite o excesso de destaque, como o uso de letras 
maiúsculas, itálico, sublinhado, negrito, aspas, fontes coloridas e 
outros recursos que podem ofuscar o objetivo da mensagem.
antena 
pArAbóliCA
O mau uso dos meios de comunicação empresarial pode 
acarretar sérios problemas para as organizações e seus 
colaboradores. Como profissional você estará sujeito a 
cometer essas falhas e dependendo do grau do proble-
ma ocasionado pode gerar até demissões por justa cau-
sa, para evitar que isso ocorra, seja cuidadoso, atencioso 
e tenha bom senso ao se comunicar em seu trabalho.
e AgorA, José?
Agora que você já sabe o que é comunicação organiza-
cional e como se escrevem cartas comerciais, e-mails e 
atas, chegou a hora de aprender outros tipos de docu-
mentos utilizados nas organizações. Para tanto, na pró-
xima aula, você aprenderá a produzir também Relatórios 
e Pareceres.
Até a próxima aula!
Comunicação e Expressão / UA 09 Correspondência Organizacional: Carta Comercial, Ata e E-mail 13
glossário
Rebuscado: bastante aprimorado; esmerado, 
requintado.
Neologismo: emprego de palavras novas, deri-
vadas ou formadas de outras já existentes, 
na mesma língua ou não.
Estrangeirismo: palavra ou expressão estran-
geira.
Alínea: primeira linha de um novo parágrafo.
Ad hoc: pessoa designada, nomeada para exe-
cutar determinada tarefa.
Memorando: mensagem escrita, breve e infor-
mal, usada como instrumento de comunica-
ção administrativa, em impresso apropriado, 
geralmente em correspondência interna nas 
organizações.
Circular: comunicação escrita de interesse co-
mum, que é reproduzida em vários exem-
plares e transmitida a diferentes pessoas ou 
entidades.
reFerênCiAs
MACHADO NETO, O. Competência em comu-
nicação organizacional escrita: o manu-
al da comunicação escrita utilizada nas 
empresas: novas técnicas, parâmetros e 
princípios para o planejamento e a pro-
dução da comunicação escrita na ativi-
dade profissional. Rio de Janeiro: Quality-
mark, 2003.
MARTINS, D. S.; ZILBERKNOP, L. S. Português 
instrumental. 21. ed. Porto Alegre: Sagra 
Luzzatto, 2000.
MEDEIROS, J. B. Correspondência: técnica de 
comunicação criativa. 14a ed. São Paulo: 
Atlas, 2001.
gestão empresarial
comunicação e expressão
CorrespondênCia 
organizaCional: relatório, 
pareCer, proposta e projeto
10
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final da aula o aluno deverá ser capaz de distinguir 
as várias formas de comunicação organizacional e suas 
situações de uso.
COmpetênCias 
Conhecimento e capacidade de utilização das várias for-
mas de comunicação organizacional como ferramenta 
estratégica nas relações profissionais.
Habilidades 
Compreender a importância da comunicação nas 
Organizações e saber utilizar as diferentes formas da 
comunicação organizacional para o marketing pessoal, 
networking, negociação e gerenciamento de conflitos. 
Transformar conjuntos de ideias em textos realistas e 
consequentes.
comunicação e expressão
CorrespondênCia 
organizaCional: 
relatório, pareCer, 
proposta e projeto
ApresentAção
Gestores escrevem bastante, mas habilidades e compe-
tências na comunicação e na expressão escrita são tes-
tadas e exercidas ao máximo na redação de documentos 
organizacionais. 
Nesta aula, você aprenderá as várias formas de comu-
nicação organizacional e suas situações de uso. Apren-
derá ainda a elaborar Relatórios, Pareceres, Propostas 
e Projetos, documentos que podem ser utilizados como 
ferramentas estratégicas nas relações organizacionais. A 
redação desses tipos de documentos deve ser concisa, 
organizada e clara. Em relação à elaboração de Proposta 
ou de Projeto é indispensável, por exemplo, situar esses 
documentos em um contexto sem despender mais que 
algumas frases. Esta aula mostra algumas técnicas en-
volvidas nessa redação e fornece roteiros básicos.
pArA ComeçAr
Você já parou para pensar em quantas pessoas altamen-
te qualificadas estão desempregadas nos dias de hoje? 
Com a grande oferta de mão de obra em algumas áreas, 
hoje é comum os funcionários serem selecionados pela 
demonstração de sua competência mais do que por um 
currículo extenso.
Na área administrativa, uma das competências mais 
exigidas na contratação de um funcionário corresponde 
à sua capacidade de comunicação por meio da utilização 
da correspondência organizacional. Depois de estudar-
mos a carta, a ata e o e-mail, chegou a hora de reconhe-
cer e de aprender a elaborar outros documentos igual-
mente importantes: o Relatório, o Parecer, a Proposta e 
o Projeto. Vamos começar? 
Comunicação e Expressão / UA 10 Correspondência Organizacional: Relatório, Parecer, Proposta e Projeto 4
FundAmentos
Entre as características exigidas dos documentos que fazem parte da cor-
respondência organizacional estão a clareza e a brevidade.
Tão importante quanto a clareza e a brevidade são o respeito e a poli-
dez ao se relacionar com seus colegas de trabalho. Portanto, essas serão 
também características exigidas ao se elaborarem Relatórios e Pareceres, 
documentos que têm em comum o fato de apresentarem uma visão bas-
tante pessoal dos fatos relatados.ConCeito
Relatório é uma exposição minuciosa dos fatos colhidos por 
meio da observação de uma determinada situação.
Parecer é a opinião dada por alguém acerca de determi-
nado assunto.
1 relatóriO
O Relatório é um documento por meio do qual se expõe um ou vários 
fatos, em que se discriminam seus aspectos e elementos. É, geralmente, 
dirigido ao superior hierárquico e dele consta exposição circunstanciada 
sobre atividades em função do cargo que exerce o relator.
Depois de lido e examinado, esse documento é arquivado. Desse 
modo, ele constitui-se um documento importante, disponível, a qualquer 
tempo, para consulta da organização. Decorre daí a necessidade de as 
pessoas encarregadas de sua elaboração aprimorarem ao máximo sua 
execução, obedecendo a algumas normas básicas que darão coerência ao 
documento, tornando-o claro, fácil de ser consultado e substancial (MAR-
TINS, 2000).
1.1 Normas para elaboração de um relatório
 → Questões essenciais: antes de redigir o Relatório, o autor deve ela-
borar um esquema, respondendo às seguintes questões: O quê? Por 
quê? Quem? Onde? Quando? Como? Quanto? E daí?
 → Extensão: a extensão do relatório vai depender da importância dos 
fatos relatados. No entanto, sempre que possível, convém evitar a 
elaboração de documentos muito longos, pressupondo que ele é 
feito exatamente para economizar o tempo da pessoa que o lê.
Comunicação e Expressão / UA 10 Correspondência Organizacional: Relatório, Parecer, Proposta e Projeto 5
 → Formato: deve-se usar, preferencialmente, papel com as seguintes di-
mensões: 21 x 29,7 cm. A impressão deve ser feita de um só lado do 
papel. As margens superiores e inferiores deverão ter 2,5 cm; à esquer-
da, 4 a 4,5 cm, para permitir a perfuração e a colocação em pastas, e, 
à direita, 2 cm. O título deverá ser grafado sempre em letra maiúscula.
 → Linguagem: sem omitir qualquer dado importante, a linguagem 
deve ser objetiva, despojada, precisa, clara e concisa.
 → Redação: o documento deve ser redigido de modo simples, com boa 
pontuação e ortografia padrão.
 → Objetividade: deve-se evitar, ao redigir o documento, a utilização 
de rodeios, floreios de linguagem e literatices, pois sua qualidade 
essencial deve ser a clareza.
 → Exatidão: as informações devem ser precisas, não deixando quais-
quer dúvidas quanto aos dados apresentados.
1.2 partes de um relatório
Uma sugestão para a montagem de um relatório é dividi-lo nas seguintes 
partes (MACHADO NETO, 2003):
 → Título: sintético e objetivo, deve dar uma ideia do todo;
 → Objeto: introdução ao problema, objetivo do trabalho;
 → Delimitação: mencionar o que deixou de ser abordado e por quê;
 → Referências: fontes de consulta;
 → Texto principal: observações, dados, números, comentários;
 → Conclusões: resumo, resultados e constatações;
 → Sugestões: providências recomendadas.
1.3 tipos de relatório
Relatórios Organizacionais podem ser basicamente de dois tipos: Relató-
rios Gerenciais e Relatórios de Projetos.
1.3.1 Relatórios Gerenciais
Os Relatórios Gerenciais são diretos, concisos, objetivos e podem conter 
uma recomendação ou uma conclusão. São apresentados a seguir quatro 
tipos mais comuns de Relatórios Gerenciais: situacional, de reunião, de 
auditoria e de viagem.
Comunicação e Expressão / UA 10 Correspondência Organizacional: Relatório, Parecer, Proposta e Projeto 6
1.3.2 Relatório Situacional (status report)
 → Descrição: documento de caráter informativo que descreve o que 
ocorreu em um determinado período, em relação a uma ou mais 
ações, projeto, tarefa ou atividade, de rotina ou especial.
 → Estrutura:
 → Abertura: resumo da situação anterior, o que deveria acontecer 
no período e por quê.
 → Corpo: o que foi realizado e por quê.
 → Fechamento: o que aconteceu e como está agora; em que fase se 
encontra; quais foram os resultados alcançados; o que falta alcan-
çar; qual é o prognóstico em relação ao alcance da meta fixada.
1.3.3 Relatório de Reunião
 → Descrição: documento de caráter informativo que descreve o resulta-
do de uma reunião, o que foi discutido, definido e os próximos passos.
 → Estrutura:
 → Abertura: a finalidade da reunião e sua pauta;
 → Corpo: o que foi decidido para cada item da pauta; quais os res-
ponsáveis designados para conduzir as ações e os prazos estabe-
lecidos; quais os resultados esperados;
 → Fechamento: próximos passos para que se alcance o resultado.
1.3.4 Relatório de Auditoria ou Inspetoria
 → Descrição: documento que detalha os trabalhos de verificação rea-
lizados para avaliar se operações, processos e procedimentos estão 
em conformidade com normas, regulamentos e políticas.
 → Estrutura:
 → Abertura: a finalidade do relatório;
 → Corpo: o que foi verificado em relação a cada item e o que foi 
encontrado;
 → Fechamento: as conclusões específicas do auditor sobre suas 
verificações, os responsáveis por efetuar correções e os prazos 
alocados a cada um.
Comunicação e Expressão / UA 10 Correspondência Organizacional: Relatório, Parecer, Proposta e Projeto 7
1.3.5 Relatório de Viagem
 → Descrição: documento de caráter informativo que descreve os acon-
tecimentos principais de uma viagem de trabalho.
 → Estrutura:
 → Abertura: finalidade da viagem e o programa de trabalho;
 → Corpo: o que foi realizado em relação a cada item do programa e 
os resultados alcançados;
 → Fechamento: conclusões gerais, eventuais responsáveis por 
conduzir as ações e os prazos estabelecidos para isso, os próxi-
mos passos para que se alcancem os resultados que motivaram 
a viagem.
 → Processo de produção do corpo do relatório gerencial
 → 1º parágrafo: deve ser iniciado com um período com frases posi-
tivas e polidas sobre a empresa. Isso demonstra reconhecimento 
e favorece a recepção da mensagem.
 → 2º parágrafo: é constituído por dois até quatro períodos sobre o 
problema ou a situação que originou o relatório, descrevendo-o 
resumidamente.
 → 3º parágrafo: é a descrição do objetivo do relatório. A frase inicial 
deve ser “O objetivo deste relatório é...”.
 → 4º parágrafo: aborda os principais aspectos ligados ao problema 
ou situação. Contém exemplos explicações, testemunhos, compa-
rações e contrastes, dados e fatos e, principalmente, os resulta-
dos provocados pelo problema ou situação. Ao citar cada aspecto, 
o redator deve sempre procurar comprová-lo, o que pode ser fei-
to com quadros, gráficos, tabelas etc.
 → 5º parágrafo: é reservado às recomendações. A frase que inicia o 
período é “O Relatório recomenda que...”. O texto que o completa 
explica as razões que justificam a recomendação.
1.3.6 Relatórios de Projetos
Diferentes dos Relatórios Gerenciais, os Relatórios de Projetos são instru-
mentos de controle da alta administração. São longos, descrevem por-
menorizadamente uma situação ou um problema e oferecem ao leitor 
todos os aspectos relacionados sob a forma de informações e ideias. Po-
dem ser Reativos quando oferecem uma recomendação para a solução 
do problema ou situação. Podem ser Conclusivos quando diagnosticam 
Comunicação e Expressão / UA 10 Correspondência Organizacional: Relatório, Parecer, Proposta e Projeto 8
determinada situação ou problema e oferecem conclusões. Geralmente, 
são utilizados por consultorias profissionais.
Os Relatórios de Projetos são redigidos em uma ordem diferente: pri-
meiro a parte intermediária, o corpo; depois a parte final, o fechamento; 
por último, a parte inicial, a abertura.
O corpo é redigido primeiro porque é a parte na qual o redator insere 
e desenvolve as ideias e informações que constituem o assunto-chave do 
relatório e porque é a parte mais árdua e mais trabalhosa do relatório, 
exigindo mais tempo e raciocínio.
 → Estrutura
O Relatório de Projetos é estruturado em seis segmentos, chamados seções:
a. Seção do Problema ou Situação: é a primeira a ser redigida.
i. Deve ser iniciada por um título interessante e esclarecedor so-
bre o problema ou situação (onde surgiu, como surgiu, por quesurgiu, o que afetou ou está afetando).
ii. Após o título, deve-se descrever o problema ou situação deta-
lhadamente.
iii. Terminada a descrição, devem-se abordar em detalhes os as-
pectos ligados ao problema ou à situação, utilizando-se exem-
plos, explicações, testemunhos, comparações etc.
iv. Ao final dessa seção, deve-se encerrar com a descrição dos re-
sultados provocados pelo problema ou situação.
b. Seção da Solução: é a segunda a ser redigida.
i. Deve ter um título interessante e esclarecedor sobre o caminho 
da solução apresentada.
ii. O primeiro período dessa seção deve mostrar de onde surgiu a 
solução, como surgiu e o que ela fará em benefício da solução 
do problema.
iii. Após esse período deve-se descrever a solução em detalhes, 
antecipando todas as objeções e respondendo a todas as per-
guntas que o leitor possa fazer.
iv. Ao final dessa seção, deve-se encerrar descrevendo cada um 
dos benefícios que serão alcançados. Tais benefícios devem ser 
redigidos na ordem do mais para o menos importante, sempre 
apoiados com o seu porquê.
Comunicação e Expressão / UA 10 Correspondência Organizacional: Relatório, Parecer, Proposta e Projeto 9
c. Seção da Introdução: é o início do corpo do relatório e a terceira 
parte a ser redigida.
i. Deve ser curta, tendo, no máximo, três parágrafos.
ii. O texto deve esclarecer o assunto ao leitor, por meio de um 
breve histórico sobre o que originou o problema.
d. Fechamento: quarta parte a ser redigida
i. Deve colocar em evidência os principais pontos descritos no 
corpo do relatório.
ii. Deve listar os principais pontos do problema e, em seguida, os 
pontos da solução
iii. A conclusão deve ser redigida em um único parágrafo.
e. Recomendações: é a quinta parte a ser redigida.
i. Deve dizer claramente ao leitor o que deve ser feito.
ii. Deve ser escrito de maneira afirmativa para não deixar dúvidas.
iii. Seus períodos devem começar com verbos no infinitivo (reali-
zar, crescer, mudar etc).
iv. As recomendações devem ser escritas em forma de lista.
f. Abertura: é a última parte a ser redigida e contém o sumário do 
relatório.
i. Sumário: é composto por cinco parágrafos, obedecendo à estru-
tura do corpo do Relatório Gerencial apresentado anteriormente.
2. pareCer
Parecer é um documento que apresenta a análise de um caso, apontando 
uma solução favorável ou contrária ao processo analisado. Enquanto uma 
informação fornece os fatos, o Parecer os interpreta, indicando de forma 
fundamentada, em dispositivos legais e informações diversas, a melhor 
solução para o caso analisado.
É um procedimento administrativo que, por meio da análise e apresen-
tação de um ponto de vista fundamentado, esclarece dúvidas e emite a 
opinião do parecerista acerca do problema que lhe coube analisar (ME-
DEIROS, 2001).
Comunicação e Expressão / UA 10 Correspondência Organizacional: Relatório, Parecer, Proposta e Projeto 10
estrutura
O Parecer é composto pelas seguintes partes:
 → Título: parecer, seguido do número de ordem, dia, mês e ano;
 → Assunto: objeto de análise do parecerista;
 → Contexto: exposição detalhada do assunto;
 → Conclusão: ponto de vista do redator sobre o assunto analisado, 
apresentando posicionamento favorável ou desfavorável;
 → Fecho: data, assinatura e cargo do parecerista.
Lembre-se
Profissionais de empresas e organizações têm nos relatórios 
e pareceres a oportunidade de demonstrar como conduzi-
ram as tarefas sob sua responsabilidade e quais foram os 
resultados alcançados.
3. prOpOsta
Escrever no dia-a-dia dos trabalhos de uma empresa requer correção gra-
matical e ortográfica, coerência, coesão e estilo, isso sem falar em evi-
tar erros, como o “onde” que erradamente substitui qualquer pronome 
relativo. Além disso, há técnicas específicas para produzir determinados 
documentos. Entre eles, estão as Propostas – técnicas e comerciais – e os 
Projetos.
Não é exagero dizer que o desembaraço em produzir esses tipos de 
documentos vai aumentar de modo significativo seu valor de mercado: 
propostas bem feitas, que expliquem de modo claro e agradável o que 
está em oferta têm melhor chance de sucesso que textos confusos e que 
demandam esclarecimentos; relatórios mal feitos podem colocar a perder 
esforços de estudo e projetos tecnicamente bem feitos. 
De todas as qualidades que propostas e projetos devem ter (além de 
correção ortográfica e gramatical) uma se destaca: concisão, a economia 
de termos. A preocupação com volume é legítima e mais adiante é mos-
trado como lidar com ela, mas a linguagem tanto de propostas como de 
relatórios, deve ser enxuta, econômica. A prática dessa qualidade ajuda 
todas as outras, como a exatidão e o estilo. 
Em relação à elaboração de uma Proposta, imagine a situação: 
Suponha que você trabalhe como consultor. Formou-se, é esperto e 
aprendeu bastante. Conhece uma empresa que tem problemas em sua 
administração e sabe que ela deve fazer. Você faz uma visita ao dono da 
Comunicação e Expressão / UA 10 Correspondência Organizacional: Relatório, Parecer, Proposta e Projeto 11
empresa e consegue convencê-lo de que precisa de ajuda. Ele, então, so-
licita uma proposta.
O que ele quer? Elaborar uma proposta, embora ela tenha uma carta 
de encaminhamento, é muito diferente de confeccionar uma carta.
Seu cliente em potencial quer saber:
a. Como você entendeu o problema;
b. O que, exatamente, você oferece;
c. Quais os resultados que ele pode esperar;
d. Quanto vai custar;
e. De que modo ele vai pagar.
Uma boa proposta é aquela que, sem desperdiçar palavras, aborda de 
modo bem-sucedido todas essas questões. O item c é importante e deve 
ser feito com cuidado, porque nem sempre é possível prometer resulta-
dos. Por exemplo, os funcionários de seu cliente podem não fazer o que 
você sugeriu. Assim, no item b a proposta precisa explicar muito bem o 
que sua empresa vai fazer, de modo a que seu cliente possa perceber que, 
se fizer o prescrito, obterá os resultados que deseja.
Vamos, então, examinar como você deve desenvolver a proposta de 
consultoria.
Em âmbito de empresa, uma proposta é a:
 → Descrição de um fornecimento de produtos ou serviços;
 → Apresentação das condições em que esse fornecimento será efetuado.
A importância do desenvolvimento de boas propostas dificilmente pode ser 
exagerada: sem vender, a empresa não sobrevive; se vender mal, também 
não. A proposta na maioria dos casos é o documento contratual de referên-
cia e não deve deixar dúvidas sobre escopo e condições de fornecimento.
A proposta, portanto deve ser:
 → Bem escrita:
 → Sem erros de ortografia ou gramática;
 → Clara e sem margem a diferentes interpretações;
 → Em estilo direto – deve-se evitar a voz passiva (que enfraquece 
o texto) e o gerundismo (“vamos estar fazendo”), vício grave que 
denota falta de compromisso.
 → Concisa:
 → Sem palavras desnecessárias e sem repetições.
Comunicação e Expressão / UA 10 Correspondência Organizacional: Relatório, Parecer, Proposta e Projeto 12
 → Atraente:
 → Graficamente bem feita e com realce aos méritos do produto ou 
serviço.
A tabela a seguir mostra como o nível de compromisso é alterado de acor-
do com a maneira de dizer.
quando a pessoa diz o que quer dizer nível de Compromisso
Farei o que estiver 
ao meu alcance para 
resolver seu problema.
É uma questão de 
honra para mim. Compromisso máximo.
Resolverei seu problema. A solução será dada em algum futuro. Compromisso forte.
Vou resolver seu problema. Se tudo der certo, eu resolvo. Garantia relativa.
Estarei resolvendo 
seu problema. Não conte com isso. Compromisso mínimo.
1.1 proposta técNica e proposta comercial
Geralmente, as propostas se dividem em técnica, que descreve o que o 
proponente quer fornecer e comercial, que basicamente fornece o cro-
nograma de desembolso pelo cliente. A proposta técnica consome maior 
tempo de redação.
DiCa
A preocupação com o volume da proposta é legítima – pro-
postas com poucas páginas podem dar a impressão de pou-
co esforço ao fazê-las.Para contornar esse problema sem 
sacrificar a concisão do texto use anexos, figuras, tabelas e 
textos ilustrativos.
1.2 partes da proposta
A proposta basicamente consiste em:
 → 1.2.1 Objetivo;
 → 1.2.2 Sumário executivo;
 → 1.2.3 Antecedentes;
 → 1.2.4 Descrição do fornecimento;
 → 1.2.5 Exclusões;
Tabela 1: Escala 
de compromisso.
Fonte: PAULA, 2008
Comunicação e Expressão / UA 10 Correspondência Organizacional: Relatório, Parecer, Proposta e Projeto 13
 → 1.2.6 Cronograma e prazo;
 → 1.2.7 Proposta comercial.
Dependendo da proposta exclusões e sumário executivo são opcionais.
1.2.1 Objetivo (e escopo de serviço)
O objetivo deve mostrar concisamente a que a proposta se destina. No 
caso da consultoria administrativa, você pode colocar:
 → O objetivo desta proposta é apresentar detalhes e condições sobre os 
serviços de consultoria em organização que a empresa X fornecerá à 
empresa Y.
Uma variação muito usada em propostas de serviços é a colocação do 
escopo de serviço (uma descrição precisa) junto com o objetivo. Para este 
caso, o título da seção deve ser: objetivo e escopo de serviço. Por exemplo:
 → O objetivo desta proposta é apresentar detalhes e condições sobre os 
serviços de consultoria em organização que a empresa X fornecerá à 
empresa Y. Esses serviços consistirão de:
 → Definição das unidades de produção;
 → Estudo dos métodos ora utilizados e sugestões de melhoria;
 → Desenvolvimento de manuais detalhados;
 → Treinamento de pessoal.
1.2.2 Sumário executivo
Em propostas longas, como em outros tipos de documentos, é interessan-
te colocar um sumário executivo imediatamente após o objetivo. O sumá-
rio executivo leva em conta o fato de que a pessoa responsável por decidir 
sobre a liberação da verba ou sobre a proposta vencedora raramente tem 
tempo para ler a proposta em sua inteireza.
1.2.3 Antecedentes
Os antecedentes são também chamados de background, palavra em in-
glês – é uma metáfora que significa “plano de fundo”. Os antecedentes 
descrevem a situação que levou o cliente a querer contratar o serviço 
ou produto.
Deve-se prestar muita atenção para não depreciar o cliente e mencio-
nar, por exemplo, melhorias em vez de solução de problemas. O back-
ground é uma descrição breve do contexto em que o fornecimento será 
Comunicação e Expressão / UA 10 Correspondência Organizacional: Relatório, Parecer, Proposta e Projeto 14
realizado. Por exemplo, aquisição de maquinário para uma expansão. No 
caso da consultoria mencionada, o background deve:
 → Apontar os problemas mais notórios;
 → Não usar adjetivos. Não escrever que um procedimento é ineficien-
te, mas apontar os problemas causados;
 → Escrever que a empresa pode se beneficiar de uma consultoria que 
aperfeiçoe os processos.
1.2.4 Descrição do fornecimento
A descrição do fornecimento deve se equilibrar entre duas necessidades 
aparentemente opostas:
 → Concisão, ou seja, economia de palavras e incentivo à clareza, que 
fica comprometida quando há prolixidade;
 → Inteireza: especificação de todos os dados para evitar que algo fique 
fora da proposta.
DiCa
Há necessidade de consistência. Não se pode, por exemplo, 
escrever no objetivo que se oferecerá o quanto for necessá-
rio de treinamento de funcionários para, na descrição, incluir 
que esse treinamento será de no máximo uma semana.
A descrição do fornecimento deve ser realizada em tópicos, com o uso de 
diagramas onde for necessário. No caso da proposta de consultoria, veja 
um exemplo extraído de empresa M&B Consultoria:
Comunicação e Expressão / UA 10 Correspondência Organizacional: Relatório, Parecer, Proposta e Projeto 15
Os serviços serão efetuados segundo os tópicos descritos a seguir1.
a. Processos:
 → Identificação dos processos;
 → Levantamento dos procedimentos relativos a cada processo;
 → Fluxograma detalhado de cada processo, contendo as etapas e 
ligações entre elas, como no exemplo a seguir, que trata de rece-
bimento de mercadorias:
Administração 
envia
Analisa pedido 
de material para 
esperar fornecedor
Recebe caminhão do 
fornecedor e pega 
as N.F.
Relatar eventuais 
problemas.
Ok
Anexa ao respectivo 
pedido de material
Orienta local para 
descarregar material
Verifica se N.F. e 
materiais conferem
Arquiva
Pedido de material
N.F. 2ª via
N.F. 1ª via
Pedido de 
material
N.F. 2ª via
N.F. 1ª via
Ok? Sim
Não
Envia N.F. e 
Pedido de 
material para 
balcão
Pedido de 
material
N.F. 2ª via
N.F. 1ª via
Processo 
de reposição e 
estocagem
Problemas possíveis
Produto 
faltando; 
Produto errado; 
Caixas abertas 
ou estragadas
Produto a mais 
ou sem prazo de 
validade
1. Exemplo cedido 
pela empresa M&B 
Consultoria S/C Ltda.
Comunicação e Expressão / UA 10 Correspondência Organizacional: Relatório, Parecer, Proposta e Projeto 16
b. Identificação de problemas:
 → Gargalos;
 → Perdas de informação;
 → Trabalhos duplicados.
c. Soluções:
 → Automação de processos;
 → Escolha de softwares;
 → Entradas e saídas de cada módulo automatizado;
 → Novos fluxogramas.
d. Instruções e treinamento:
 → Manual de instruções;
 → Treinamento de até 5 funcionários, com a duração de 15 horas.
Note que a descrição dos serviços poderia ser sucinta, conforme o que 
verá no quadro seguinte:
Os serviços incluirão:
a. Identificação e investigação de processos;
b. Descrição das soluções;
c. Manual e treinamento.
Essa segunda descrição não está errada, mas proporciona multiplicidade 
de interpretações. Certamente causaria problemas, porque o cliente po-
deria entender diferentemente do fornecedor a respeito do que seja, por 
exemplo, investigação de processos. Poderia pensar que o treinamento 
incluiria a presença do fornecedor até que os funcionários do cliente se 
declarassem satisfeitos, o que deixaria o fornecedor à mercê do humor 
dos funcionários. Em outras palavras, a descrição precisa ser muito clara, 
com o maior detalhe possível.
Comunicação e Expressão / UA 10 Correspondência Organizacional: Relatório, Parecer, Proposta e Projeto 17
ConCeito
A descrição do fornecimento deve ser detalhada de modo a 
não deixar dúvidas sobre o que está sendo oferecido.
1.2.5 Exclusões
Sempre que houver possibilidade de dúvidas em relação ao escopo de 
serviço, deve-se mostrar claramente o que não faz parte dele.
No caso-exemplo da consultoria, as exclusões seriam:
 → Fornecimento de software;
 → Treinamento para mais de 5 pessoas e/ou além de 15 horas.
1.2.6 Cronograma e prazo
Em propostas simples, com fornecimentos de pequeno porte, basta mos-
trar o prazo. Em trabalhos de maior complexidade, coloca-se um crono-
grama com as etapas e prazo de cada uma.
Existem programas especializados que é possível construir planilhas 
bem detalhadas, mas é possível que elas sejam criadas também em for-
mato de tabelas mais simplificas em qualquer editor de texto.
A proposta comercial, conforme mencionado, consiste basicamente em 
um cronograma de desembolso.
O desembolso é baseado em eventos. É comum haver um pagamento 
inicial de 10% do valor. Sempre existe uma retenção, ou seja, o final do 
pagamento sempre se dá com a conclusão do fornecimento.
1.3 cartas de eNcamiNhameNto
As propostas são sempre acompanhadas de uma carta de encaminha-
mento. Os termos são simples e a carta costuma ter dois ou três pará-
grafos. O corpo dessa carta simplesmente diz que determinada proposta 
para fornecimento do produto ou serviço está sendo encaminhada. In-
forma também qual o fornecimento. É comum que o último parágrafo 
expresse confiança em que a proposta atenderá aos objetivos do cliente.
1.4 cartas-proposta
A carta-proposta costuma ser utilizada para trabalhos de pequeno porte. 
Combina a carta de encaminhamento e a proposta propriamente dita 
em um único documento. O número máximo de páginas se situa em 
torno de 10.
Comunicação e Expressão / UA 10 Correspondência Organizacional: Relatório, Parecer, Proposta e Projeto 18
A seguir, um exemplo2:
À
Smart SLG Comércio de Sistemas de Automação LtdaAv. Luis Carlos Prestes, 410 sl 307 - Barra da Tijuca
22775-050 Rio de Janeiro, RJ
At.: Eng. Norberto Maresca
Assunto: Proposta técnica e comercial
Cachoeira Paulista, 1º de dezembro de 2005
Prezado Eng. Norberto:
É com satisfação que lhe enviamos nossa proposta técnica e comercial para execução de telas para um 
sistema supervisório em uso em uma indústria farmacêutica.
Temos certeza de poder executar um bom serviço. Segue o texto da proposta.
Objetivo
Esta proposta se destina a apresentar as condições de fornecimento de telas para efetuar a Interface 
Homem-Máquina de um sistema supervisório para ar condicionado em uma indústria farmacêutica.
Antecedentes
Em uma indústria farmacêutica, o sistema de ar condicionado é muito importante, por assegurar, além 
do conforto aos técnicos e engenheiros, temperatura e umidade adequadas ao processamento de 
medicamentos e ausência de contaminação no ar. Na fábrica de vacinas da Fundação Oswaldo Cruz o 
ar condicionado é controlado através de um sistema de telas gráficas, que necessita ter figuras e layout 
melhorado.
Escopo de serviço
O escopo de serviço está no aprimoramento de telas existentes e confecção de novas telas conforme 
padrões fornecidos pelo cliente, e em conformidade com a norma ASM, incluindo cores e layout. O limite do 
número de telas para este escopo é de 25, entre aprimoradas e originais.
Se desejado, poderão ser também efetuados os links com o banco de dados, bastando para tal que 
sejam fornecidas as instruções, documentada ou verbalmente.
Coordenação e prazos
O serviço será executado conforme as seguintes etapas:
d. Reunião com o cliente e com o usuário, definindo o objetivo e características das telas;
e. Entrega pelo cliente da lista de telas, com a tela correspondente a aperfeiçoar ou descrição de 
variáveis e instruções gerais de layout para as telas novas.
f. Entrega, em 20 dias corridos, de até 25 telas prontas, para comentários do cliente.
g. Ajustes, se houver, em até 5 dias.
Durante a execução, haverá uma ou mais reuniões com o cliente e/ou o usuário, para resolução de dúvidas 
e tomadas de decisão sobre alternativas que venham a surgir.
Remuneração
A remuneração será de R$ 2.200,00 (dois mil e duzentos reais), aí incluídos os serviços e todas as despesas, 
inclusive de viagem.
Os pagamentos estarão assim distribuídos:
 → Início dos serviços: 10%
 → Entrega e aceitação final dos trabalhos: 90%
O serviço poderá ser iniciado imediatamente. Em V. Sª assim desejando, poderá marcar a reunião de kickoff 3 
no Rio ou em S. Paulo.
Com cordiais saudações,
______________________________________________________
Luiz Eduardo Pedregal
M&B Consultoria
3. Reunião de kickoff 
é a reunião de início 
dos trabalhos, 
menção comum em 
propostas de serviços.
2. M&B Consultoria 
S/C Ltda.
Comunicação e Expressão / UA 10 Correspondência Organizacional: Relatório, Parecer, Proposta e Projeto 19
1.5 a revisão fiNal
Em tudo o que se escreve e particularmente em propostas, deve ser feita 
uma revisão final do texto. Quase sempre se descobrem erros durante 
essas revisões.
2. prOjetOs
O que você pensa que seja um projeto?
Você de algum modo sabe, pois projetos fazem parte do cotidiano. 
Quando a mãe de uma criança, por exemplo, prepara uma festa de ani-
versário, ela desenvolve um projeto. Pode ser até que não esteja conscien-
te disso, mesmo que capriche como a autora do bolo.
Um projeto é um empreendimento:
 → Não repetitivo;
 → Caracterizado por uma sequência clara e lógica de eventos;
 → Com início, meio e fim;
 → Dotado de objetivo claro e definido;
 → Conduzido por pessoas dentro de parâmetros predefinidos de tem-
po, recursos e qualidade.
O diálogo a seguir mostra o que acontece quando as coisas não estão 
bem estabelecidas.
Chefe: Valdir, temos um novo projeto para nos empenhar e você será o 
responsável.
Funcionário: Muito bom, e quem eu devo comandar?
Chefe: Não se preocupe que eu faço isso.
Funcionário: Quanto eu tenho disponível para investir no projeto?
Comunicação e Expressão / UA 10 Correspondência Organizacional: Relatório, Parecer, Proposta e Projeto 20
Chefe: Hum, bem eu vou ter que aprovar todas as despesas.
Funcionário: Está bem, vou começar a traçar o projeto então.
Chefe: Fique tranquilo, isto já está predefinido na minha cabeça.
Funcionário: Uma pergunta, caso algo dê errado quem responderá pelo 
projeto?
Chefe: Bem, você está responsável pelo projeto.
Existem duas acepções comumente usadas para projeto. A primeira trata 
do projeto propriamente dito. Por exemplo, a elaboração do conjunto de 
documentos e desenhos que orientam a construção de uma usina hidre-
létrica. A segunda define o resultado do projeto, no caso a hidrelétrica 
construída, como na frase “Itaipu é um projeto monumental”.
Aqui não trataremos do projeto como resultado, mas como um em-
preendimento que se destina a atingir um objetivo. Os exercícios serão 
pequenos projetos de pesquisa. Nas empresas e em administração, esse 
tipo de atividade é muito comum e será importante, para sua atuação 
como profissional de gestão, saber desenvolver e apresentar resultados 
de uma investigação.
Um bom projeto se define por um encadeamento lógico das seguintes 
etapas, que devem ser bem definidas:
 → Formulação precisa do problema a resolver;
 → Estrutura bem organizada, incluindo os tópicos discutidos mais 
adiante.
Como no caso da proposta (e, na verdade de qualquer texto) certas quali-
dades devem ser observadas tais como linguagem correta e adequada, sem 
erros de ortografia ou gramática, linguagem clara e sem margem a diferen-
tes interpretações e estilo direto – aquele que escreve precisa evitar duas 
construções que enfraquecem o texto: a voz passiva e o gerúndio.
Quem apresenta o projeto deve adicionar cuidados com estrutura, for-
mato e linguagem concisão.
2.1 partes de um projeto
A apresentação de um projeto é subdividida em:
2.1.1. Objetivo;
2.1.2. Sumário Executivo;
2.1.3. Antecedentes;
2.1.4. Desenvolvimento;
Comunicação e Expressão / UA 10 Correspondência Organizacional: Relatório, Parecer, Proposta e Projeto 21
2.1.5. Resultados;
2.1.6. Conclusão;
2.1.7. Documentação.
Dependendo da proposta é aconselhável confeccionar um sumário exe-
cutivo.
ConCeito
A apresentação de um projeto em uma empresa tem dife-
renças importantes em relação a um projeto acadêmico.
2.1.1 Objetivo
O objetivo é a formulação do problema. Deve ser escrito com brevidade. 
Por exemplo:
 → O objetivo deste estudo é formular um conjunto de procedimentos 
para o setor de compras da empresa X.
Como se pode perceber, não parece necessário escrever nenhuma outra 
palavra para definir a que o estudo se propõe.
2.1.2 Sumário Executivo
É muito frequente que o responsável pela decisão, por exemplo, da libe-
ração de verbas não tenha tempo ou mesmo paciência de ler um relatório 
inteiro. O sumário executivo destina-se a essas pessoas. Trata-se de um 
resumo do conteúdo com os principais resultados e mostra claramente 
as conclusões.
2.1.3 Antecedentes
Consistem em uma descrição breve do contexto que tornou necessário o 
desenvolvimento do projeto.
Por exemplo, um mercado em expansão que leva a um estudo de via-
bilidade para ampliação de uma fábrica.
Os antecedentes, tais como aparecem em propostas e projetos são às 
vezes chamados de background, conforme mencionado anteriormente.
Comunicação e Expressão / UA 10 Correspondência Organizacional: Relatório, Parecer, Proposta e Projeto 22
2.1.4 Desenvolvimento
É o coração do projeto, e quem escreve um relatório deve ter isso em 
mente. Precisa ser realizado em tópicos cuidadosamente subdivididos, 
com o uso de diagramas e tabelas onde for necessário.
DiCa
Um bom modo de confeccionar o desenvolvimento é pri-
meiro listar os tópicos, e depois escrever os textos. Ao cor-
rer do trabalho, a estrutura pode mudar.
2.1.5 Resultados
Os resultados devem ser apresentados com simplicidade. Deve-se cuidar 
para não colocar palavras ou números desnecessários.
2.1.6 Conclusão
As conclusões constituema resposta ao problema formulado no objetivo.
2.1.7 Documentação
Geralmente apresentada em anexos. No caso de trabalhos acadêmicos, é 
necessário mostrar uma bibliografia segundo critérios rígidos.
antena 
pArAbóliCA
Hoje é muito comum, ao assistir a um noticiário político 
na televisão, tomarmos conhecimento da instauração de 
mais uma CPI. CPI é uma Comissão Parlamentar de In-
quérito instaurada como um organismo de investigação 
e apuração de denúncias com o objetivo de proteger os 
interesses da população.
A CPI é uma investigação conduzida pelo Poder Le-
gislativo (Câmara de Deputados Federais e Estaduais ou 
Vereadores), que transforma a própria Câmara Parla-
mentar em uma comissão. Tal comissão é nomeada pe-
los membros da Câmara e age em nome da instituição, 
realizando um inquérito ou uma investigação. Concluída, 
a CPI elabora um Relatório que aponta, ou não, os cul-
pados e suas penalidades.
Em relação à Proposta, muitas vezes uma proposta 
mal feita pode levar uma firma à falência. Em 2001, uma 
firma de engenharia que havia sido líder em Engenha-
ria Industrial no país construiu uma instalação para uma 
grande indústria. 
Como não ficou claro o que havia sido realmente ofe-
recido, a empresa, temendo desgaste, tentou fazer o que 
o cliente desejava. Acabou perdendo dinheiro e credibili-
dade, pois não teve recursos para terminar a obra.
É muito comum que o pessoal de vendas prometa 
muito por um preço baixo (afinal, o objetivo é vender) e 
influencie quem desenvolve as propostas. É necessário 
tomar muito cuidado com isso.
e AgorA, José?
Assim como é importante aprender a desenvolver pro-
postas e redigir relatórios de projetos, você também 
deve ser capaz de fazer uma boa apresentação. É o que 
verá na próxima aula. 
Comunicação e Expressão / UA 10 Correspondência Organizacional: Relatório, Parecer, Proposta e Projeto 24
glossário
Situacional: referente à situação.
Auditoria: processo de exame e validação de 
um sistema, atividade ou informação.
Parecerista: pessoa responsável pela elabora-
ção de um Parecer.
reFerênCiAs
JAY, R; GOZZI, R. �Como Redigir Propostas. São 
Paulo: Pearson, 2008.
LARA, F. A. �Manual de Propostas Técnicas. 
São Paulo: Pini, 2002.
MACHADO NETO, O. �Competência em comu-
nicação organizacional escrita: o manu-
al da comunicação escrita utilizada nas 
empresas: novas técnicas, parâmetros e 
princípios para o planejamento e a pro-
dução da comunicação escrita na ativi-
dade profissional. Rio de Janeiro: Quality-
mark, 2003.
MARTINS, D. S.; ZILBERKNOP, L. S. �Português 
instrumental. 21a ed. Porto Alegre: Sagra 
Luzzatto, 2000.
MEDEIROS, J. B. �Correspondência: técnica de 
comunicação criativa. 14a ed. São Paulo: 
Atlas, 2001.
MOREIRA, F; SILVA, B. �Microsoft Project 2007 - 
Gestão E Desenvolvimento De Projetos. 
São Paulo: Relativa, 2008.
PAULA, L. Q. �Vícios de linguagem. Encontre-
-se.com 1º Encontro Regional em Ges-
tão e Secretariado das FATEC’S. Indaiatu-
ba. 2008. Palestra. Disponível em: http://
www.fatecindaiatuba.edu.br/encontre-se/
encontrese/slides_1encontrese/palestra_
leda.ppt
http://www.fatecindaiatuba.edu.br/encontre-se/encontrese/slides_1encontrese/palestra_leda.ppt
http://www.fatecindaiatuba.edu.br/encontre-se/encontrese/slides_1encontrese/palestra_leda.ppt
http://www.fatecindaiatuba.edu.br/encontre-se/encontrese/slides_1encontrese/palestra_leda.ppt
http://www.fatecindaiatuba.edu.br/encontre-se/encontrese/slides_1encontrese/palestra_leda.ppt
Tecnologia em Processos gerenciais
comunicação e expressão
CorrespondênCia 
organizaCional: 
relatório e pareCer
11
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final da aula o aluno deverá ser capaz de distinguir 
as várias formas de comunicação organizacional e suas 
situações de uso.
COmpetênCias 
Conhecimento e capacidade de utilização das várias for-
mas de comunicação organizacional como ferramenta 
estratégica nas relações profissionais.
Habilidades 
Compreender a importância da comunicação nas organi-
zações, Saber utilizar as diferentes formas da comunica-
ção organizacional para o marketing pessoal, networking 
negociação e gerenciamento de conflitos.
comunicação e expressão
CorrespondênCia 
organizaCional: 
relatório e pareCer
ApresentAção
Nesta aula, você aprenderá as várias formas de comuni-
cação organizacional e suas situações de uso. Aprende-
rá ainda a elaborar Relatórios e Pareceres, documentos 
que podem ser utilizados como ferramentas estratégicas 
nas relações organizacionais.
pArA ComeçAr
Você já parou para pensar em quantas pessoas altamen-
te qualificadas estão desempregadas nos dias de hoje? 
Com a grande oferta de mão de obra em algumas áreas, 
hoje é comum os funcionários serem selecionados pela 
demonstração de sua competência mais do que por um 
currículo extenso.
Na área administrativa, uma das competências mais 
exigidas na contratação de um funcionário corresponde 
à sua capacidade de comunicação por meio da utilização 
da correspondência organizacional. Depois de estudar-
mos a carta, a ata e o e-mail, chegou a hora de aprender 
como elaborar dois outros documentos igualmente im-
portantes: o Relatório e o Parecer. Vamos começar?
FundAmentos
Entre as características exigidas dos documentos que 
fazem parte da correspondência organizacional estão a 
clareza e a brevidade.
Tão importante quanto a clareza e a brevidade são o 
respeito e a polidez ao se relacionar com seus colegas de 
trabalho. Portanto, essas serão também características 
exigidas ao se elaborarem Relatórios e Pareceres, do-
cumentos que têm em comum o fato de apresentarem 
uma visão bastante pessoal dos fatos relatados.
Comunicação e Expressão / UA 11 Correspondência Organizacional: Relatório e Parecer 4
ConCeito
Relatório é uma exposição minuciosa dos fatos colhidos por 
meio da observação de uma determinada situação.
Parecer é a opinião dada por alguém acerca de determi-
nado assunto.
1 relatóriO
O Relatório é um documento por meio do qual se expõe um ou vários 
fatos, em que se discriminam seus aspectos e elementos. É, geralmente, 
dirigido ao superior hierárquico e dele consta exposição circunstanciada 
sobre atividades em função do cargo que exerce o relator.
Depois de lido e examinado, esse documento é arquivado. Desse 
modo, ele constitui-se um documento importante, disponível, a qualquer 
tempo, para consulta da organização. Decorre daí a necessidade de as 
pessoas encarregadas de sua elaboração aprimorarem ao máximo sua 
execução, obedecendo a algumas normas básicas que darão coerência ao 
documento, tornando-o claro, fácil de ser consultado e substancial (MAR-
TINS, 2000).
1.1 Normas para elaboração de um relatório
 → Questões essenciais: antes de redigir o Relatório, o autor deve ela-
borar um esquema, respondendo às seguintes questões: O quê? Por 
quê? Quem? Onde? Quando? Como? Quanto? E daí?
 → Extensão: a extensão do relatório vai depender da importância dos 
fatos relatados. No entanto, sempre que possível, convém evitar a 
elaboração de documentos muito longos, pressupondo que ele é 
feito exatamente para economizar o tempo da pessoa que o lê.
 → Formato: deve-se usar, preferencialmente, papel com as seguintes di-
mensões: 21 x 29,7 cm. A impressão deve ser feita de um só lado do 
papel. As margens superiores e inferiores deverão ter 2,5 cm; à esquer-
da, 4 a 4,5 cm, para permitir a perfuração e a colocação em pastas, e, 
à direita, 2 cm. O título deverá ser grafado sempre em letra maiúscula.
 → Linguagem: sem omitir qualquer dado importante, a linguagem 
deve ser objetiva, despojada, precisa, clara e concisa.
 → Redação: o documento deve ser redigido de modo simples, com boa 
pontuação e ortografia padrão.
 → Objetividade: deve-se evitar, ao redigir o documento, a utilização 
de rodeios, floreios de linguagem e literatices, pois sua qualidade 
essencial deve ser a clareza.
Comunicação e Expressão / UA 11 Correspondência Organizacional: Relatório e Parecer 5
 → Exatidão: as informações devem ser precisas,não deixando quais-
quer dúvidas quanto aos dados apresentados.
1.2 partes de um relatório
Uma sugestão para a montagem de um relatório é dividi-lo nas seguintes 
partes (MACHADO NETO, 2003):
 → Título: sintético e objetivo, deve dar uma ideia do todo;
 → Objeto: introdução ao problema, objetivo do trabalho;
 → Delimitação: mencionar o que deixou de ser abordado e por quê;
 → Referências: fontes de consulta;
 → Texto principal: observações, dados, números, comentários;
 → Conclusões: resumo, resultados e constatações;
 → Sugestões: providências recomendadas.
1.3 tipos de relatório
Relatórios Organizacionais podem ser basicamente de dois tipos: Relató-
rios Gerenciais e Relatórios de Projetos.
1.3.1 Relatórios Gerenciais
Os Relatórios Gerenciais são diretos, concisos, objetivos e podem conter 
uma recomendação ou uma conclusão. São apresentados a seguir quatro 
tipos mais comuns de Relatórios Gerenciais: situacional, de reunião, de 
auditoria e de viagem.
1.3.2 Relatório Situacional (status report)
 → Descrição: documento de caráter informativo que descreve o que 
ocorreu em um determinado período, em relação a uma ou mais 
ações, projeto, tarefa ou atividade, de rotina ou especial.
 → Estrutura:
 → Abertura: resumo da situação anterior, o que deveria acontecer 
no período e por quê.
 → Corpo: o que foi realizado e por quê.
 → Fechamento: o que aconteceu e como está agora; em que fase se 
encontra; quais foram os resultados alcançados; o que falta alcan-
çar; qual é o prognóstico em relação ao alcance da meta fixada.
Comunicação e Expressão / UA 11 Correspondência Organizacional: Relatório e Parecer 6
1.3.3 Relatório de Reunião
 → Descrição: documento de caráter informativo que descreve o resulta-
do de uma reunião, o que foi discutido, definido e os próximos passos.
 → Estrutura:
 → Abertura: a finalidade da reunião e sua pauta;
 → Corpo: o que foi decidido para cada item da pauta; quais os res-
ponsáveis designados para conduzir as ações e os prazos estabe-
lecidos; quais os resultados esperados;
 → Fechamento: próximos passos para que se alcance o resultado.
1.3.4 Relatório de Auditoria ou Inspetoria
 → Descrição: documento que detalha os trabalhos de verificação rea-
lizados para avaliar se operações, processos e procedimentos estão 
em conformidade com normas, regulamentos e políticas.
 → Estrutura:
 → Abertura: a finalidade do relatório;
 → Corpo: o que foi verificado em relação a cada item e o que foi 
encontrado;
 → Fechamento: as conclusões específicas do auditor sobre suas 
verificações, os responsáveis por efetuar correções e os prazos 
alocados a cada um.
1.3.5 Relatório de Viagem
 → Descrição: documento de caráter informativo que descreve os acon-
tecimentos principais de uma viagem de trabalho.
 → Estrutura:
 → Abertura: finalidade da viagem e o programa de trabalho;
 → Corpo: o que foi realizado em relação a cada item do programa e 
os resultados alcançados;
 → Fechamento: conclusões gerais, eventuais responsáveis por 
conduzir as ações e os prazos estabelecidos para isso, os próxi-
mos passos para que se alcancem os resultados que motivaram 
a viagem.
Comunicação e Expressão / UA 11 Correspondência Organizacional: Relatório e Parecer 7
 → Processo de produção do corpo do relatório gerencial
 → 1º parágrafo: deve ser iniciado com um período com frases posi-
tivas e polidas sobre a empresa. Isso demonstra reconhecimento 
e favorece a recepção da mensagem.
 → 2º parágrafo: é constituído por dois até quatro períodos sobre o 
problema ou a situação que originou o relatório, descrevendo-o 
resumidamente.
 → 3º parágrafo: é a descrição do objetivo do relatório. A frase inicial 
deve ser “O objetivo deste relatório é...”.
 → 4º parágrafo: aborda os principais aspectos ligados ao problema 
ou situação. Contém exemplos explicações, testemunhos, compa-
rações e contrastes, dados e fatos e, principalmente, os resulta-
dos provocados pelo problema ou situação. Ao citar cada aspecto, 
o redator deve sempre procurar comprová-lo, o que pode ser fei-
to com quadros, gráficos, tabelas etc.
 → 5º parágrafo: é reservado às recomendações. A frase que inicia o 
período é “O Relatório recomenda que...”. O texto que o completa 
explica as razões que justificam a recomendação.
1.3.6 Relatórios de Projetos
Diferentes dos Relatórios Gerenciais, os Relatórios de Projetos são instru-
mentos de controle da alta administração. São longos, descrevem porme-
norizadamente uma situação ou um problema e oferecem ao leitor todos 
os aspectos relacionados sob a forma de informações e ideias. Podem 
ser Reativos quando oferecem uma recomendação para a solução do 
problema ou situação. Podem ser Conclusivos quando diagnosticam de-
terminada situação ou problema e oferecem conclusões. Geralmente, são 
utilizados por consultorias profissionais.
Os Relatórios de Projetos são redigidos em uma ordem diferente: pri-
meiro a parte intermediária, o corpo; depois a parte final, o fechamento; 
por último, a parte inicial, a abertura.
O corpo é redigido primeiro porque é a parte na qual o redator insere 
e desenvolve as ideias e informações que constituem o assunto-chave do 
relatório e porque é a parte mais árdua e mais trabalhosa do relatório, 
exigindo mais tempo e raciocínio.
 → Estrutura
O Relatório de Projetos é estruturado em seis segmentos, chamados seções:
a. Seção do Problema ou Situação: é a primeira a ser redigida.
Comunicação e Expressão / UA 11 Correspondência Organizacional: Relatório e Parecer 8
i. Deve ser iniciada por um título interessante e esclarecedor so-
bre o problema ou situação (onde surgiu, como surgiu, por que 
surgiu, o que afetou ou está afetando).
ii. Após o título, deve-se descrever o problema ou situação deta-
lhadamente.
iii. Terminada a descrição, devem-se abordar em detalhes os as-
pectos ligados ao problema ou à situação, utilizando-se exem-
plos, explicações, testemunhos, comparações etc.
iv. Ao final dessa seção, deve-se encerrar com a descrição dos re-
sultados provocados pelo problema ou situação.
b. Seção da Solução: é a segunda a ser redigida.
i. Deve ter um título interessante e esclarecedor sobre o caminho 
da solução apresentada.
ii. O primeiro período dessa seção deve mostrar de onde surgiu a 
solução, como surgiu e o que ela fará em benefício da solução 
do problema.
iii. Após esse período deve-se descrever a solução em detalhes, 
antecipando todas as objeções e respondendo a todas as per-
guntas que o leitor possa fazer.
iv. Ao final dessa seção, deve-se encerrar descrevendo cada um 
dos benefícios que serão alcançados. Tais benefícios devem ser 
redigidos na ordem do mais para o menos importante, sempre 
apoiados com o seu porquê.
c. Seção da Introdução: é o início do corpo do relatório e a terceira 
parte a ser redigida.
i. Deve ser curta, tendo, no máximo, três parágrafos.
ii. O texto deve esclarecer o assunto ao leitor, por meio de um 
breve histórico sobre o que originou o problema.
d. Fechamento: quarta parte a ser redigida
i. Deve colocar em evidência os principais pontos descritos no 
corpo do relatório.
ii. Deve listar os principais pontos do problema e, em seguida, os 
pontos da solução
iii. A conclusão deve ser redigida em um único parágrafo.
Comunicação e Expressão / UA 11 Correspondência Organizacional: Relatório e Parecer 9
e. Recomendações: é a quinta parte a ser redigida.
i. Deve dizer claramente ao leitor o que deve ser feito.
ii. Deve ser escrito de maneira afirmativa para não deixar dúvidas.
iii. Seus períodos devem começar com verbos no infinitivo (reali-
zar, crescer, mudar etc).
iv. As recomendações devem ser escritas em forma de lista.
f. Abertura: é a última parte a ser redigida e contém o sumário do 
relatório.
i. Sumário: é composto por cinco parágrafos, obedecendo à estru-
tura do corpo do Relatório Gerencial apresentado anteriormente.
2. pareCer
Parecer é um documento que apresenta a análise de um caso, apontando 
uma solução favorável ou contráriaao processo analisado. Enquanto uma 
informação fornece os fatos, o Parecer os interpreta, indicando de forma 
fundamentada, em dispositivos legais e informações diversas, a melhor 
solução para o caso analisado.
É um procedimento administrativo que, por meio da análise e apresen-
tação de um ponto de vista fundamentado, esclarece dúvidas e emite a 
opinião do parecerista acerca do problema que lhe coube analisar (ME-
DEIROS, 2001).
estrutura
O Parecer é composto pelas seguintes partes:
 → Título: parecer, seguido do número de ordem, dia, mês e ano;
 → Assunto: objeto de análise do parecerista;
 → Contexto: exposição detalhada do assunto;
 → Conclusão: ponto de vista do redator sobre o assunto analisado, 
apresentando posicionamento favorável ou desfavorável;
 → Fecho: data, assinatura e cargo do parecerista.
Lembre-se
Profissionais de empresas e organizações têm nos relatórios 
e pareceres a oportunidade de demonstrar como conduzi-
ram as tarefas sob sua responsabilidade e quais foram os 
resultados alcançados.
antena 
pArAbóliCA
Hoje é muito comum, ao assistir a um noticiário político 
na televisão, tomarmos conhecimento da instauração de 
mais uma CPI. CPI é uma Comissão Parlamentar de In-
quérito instaurada como um organismo de investigação 
e apuração de denúncias com o objetivo de proteger os 
interesses da população.
A CPI é uma investigação conduzida pelo Poder Le-
gislativo (Câmara de Deputados Federais e Estaduais ou 
Vereadores), que transforma a própria Câmara Parla-
mentar em uma comissão. Tal comissão é nomeada pe-
los membros da Câmara e age em nome da instituição, 
realizando um inquérito ou uma investigação. Concluída, 
a CPI elabora um Relatório que aponta, ou não, os cul-
pados e suas penalidades.
e AgorA, José?
Agora que você já sabe o que é comunicação organiza-
cional e como se escrevem cartas comerciais, e-mails, 
atas, relatórios e pareceres, chegou a hora de aprender 
a elaborar outros tipos de documentos igualmente im-
portantes. Para tanto, na próxima aula, você aprenderá 
sobre o processo de elaboração de Propostas e Projetos.
Até a próxima aula!
AtividAdes
Acesse a disciplina de Comunicação e Expressão no am-
biente virtual de aprendizagem e realize as atividades lá 
proposta para exercitar o que aprendemos nesta aula.
Comunicação e Expressão / UA 11 Correspondência Organizacional: Relatório e Parecer 11
glossário
Situacional: referente à situação.
Auditoria: processo de exame e validação de 
um sistema, atividade ou informação.
Parecerista: pessoa responsável pela elabora-
ção de um Parecer.
reFerênCiAs
MACHADO NETO, O. Competência em comu-
nicação organizacional escrita: o manu-
al da comunicação escrita utilizada nas 
empresas: novas técnicas, parâmetros e 
princípios para o planejamento e a pro-
dução da comunicação escrita na ativi-
dade profissional. Rio de Janeiro: Quality-
mark, 2003.
MARTINS, D. S.; ZILBERKNOP, L. S. Português 
instrumental. 21a ed. Porto Alegre: Sagra 
Luzzatto, 2000.
MEDEIROS, J. B. Correspondência: técnica de 
comunicação criativa. 14a ed. São Paulo: 
Atlas, 2001.
gestão empresarial
comunicação e expressão
Coesão e CoerênCia em 
diferentes gêneros 
disCursivos: ConCeituação
12
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Fornecer ao aluno instrumentos para preparar apresen-
tações em público, em função de diferentes situações de 
comunicação.
COmpetênCias 
Preparação de palestras e exposições orais em geral, 
com a seleção de técnicas comunicacionais voltadas aos 
diversos objetivos das apresentações em público.
Habilidades 
Apresentar ideias e projetos em público, valendo-se de 
recursos adequados à interação com diferentes públicos 
e à eficácia da comunicação.
comunicação e expressão
Coesão e CoerênCia 
em diferentes 
gêneros disCursivos: 
ConCeituação
ApresentAção
Nesta aula, você aprenderá a utilizar os mecanismos de 
coesão e coerência para o processo de leitura, compre-
ensão e produção de textos.
pArA ComeçAr
Na primeira aula da disciplina Comunicação e Expressão 
de nosso curso, você foi apresentado ao conceito de tex-
to. Naquela aula, você viu que texto é uma sequência de 
palavras que forma um todo significativo para um deter-
minado grupo de pessoas, em uma determinada situa-
ção. Isso significa que um texto, como unidade de sen-
tido, não é apenas a soma do resultado de suas partes. 
Um texto pressupõe uma organização interna específica, 
como, por exemplo, a sequência das partes e a relação 
existente entre as ideias e as palavras.
Juntando todas as partes do texto, é possível perceber 
que as relações existentes entre palavras, frases e ideias 
é que fazem com que o texto seja um todo significativo e 
não um aglomerado de palavras e frases desconexas. Ao 
conjunto de características que fazem com que um texto 
seja um texto dá-se o nome de textualidade.
Entre os fatores que contribuem para formar a textu-
alidade, há dois que serão estudados nesta aula: coesão 
e coerência. Vamos conhecê-los?
FundAmentos
1. COesãO textUal
A ligação textual obtida por meio de elementos linguísti-
cos específicos chama-se coesão textual.
Para tornar mais claro esse conceito, imagine duas si-
tuações: a construção de uma casa e as placas de sinali-
zação de trânsito.
Comunicação e Expressão / UA 12 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Conceituação 4
Coesão: a “argamassa” textual
Pense na construção de uma casa: Como você sabe, as paredes são es-
truturas fundamentais nessa construção. Para construí-las, utilizam-se 
tijolos. No entanto, não basta dispor os tijolos lado a lado para que as 
paredes sejam construídas. É necessário ligá-los por meio de argamassa 
para que constituam uma estrutura firme e harmoniosa.
O mesmo ocorre com a construção de um texto. A base de construção 
de um texto são as palavras e frases que, por sua vez, expressam ideias. 
No entanto, não basta dispor palavras e frases lado a lado para que um 
texto seja produzido e apresente sentido. É preciso encontrar elementos 
que estabeleçam uma ligação entre as várias partes do texto, da mesma 
maneira que a argamassa vai unindo os tijolos de uma casa.
À ligação textual obtida por meio de elementos linguísticos específicos, 
chamamos de coesão textual.
Coesão: um sistema de sinalização textual
Imagine agora o trânsito de uma grande cidade. Com o aumento no nú-
mero de veículos circulando pelas metrópoles, percebeu-se a necessidade 
da criação de um conjunto de símbolos que pudessem orientar e instruir 
os motoristas, de modo a organizar a locomoção de todos. Pense no que 
aconteceria se alguém, por brincadeira, invertesse todas as placas de 
trânsito de uma cidade durante a noite. Certamente, na manhã seguinte, 
quando os motoristas saíssem à rua, encontrariam um cenário caótico.
Situação semelhante pode ser observada na elaboração de um texto. 
As palavras responsáveis pela ligação entre as várias ideias de um texto 
Comunicação e Expressão / UA 12 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Conceituação 5
funcionam como um sistema de direcionamento e controle de sua leitura. 
Sendo assim, a utilização inadequada desses elementos de ligação pode 
deixar o leitor confuso e desorientado, sem saber exatamente como ler o 
texto que tem em mãos. Por ser a coesão textual responsável pela ligação 
dos elementos de um texto, problemas na sua construção têm um efei-
to desarticulador sobre o texto, dificultando não apenas sua leitura, mas 
também sua compreensão.
Com base nessa comparação, vamos agora observar em um pequeno 
parágrafo como funcionam essas “placas de trânsito” textuais.
Empreendedor deve gostar do que faz ou fazer o que gosta?1
“Os empreendedores bem-sucedidos geralmente gostam do que fazem, 
dedicam-se de corpo e alma ao negócio e acabam por ser especialistas no 
seu setor. É a máxima que prega 99% de transpiração e 1% de inspiração. 
Isso é bem fácil de identificar, basta você olhar ao seu redor e notar como 
se comportam os empreendedores que você conhece e osquais você con-
sidera bem-sucedidos. Mas há exceções e precisamos entender que para 
termos mais chances de sucesso devemos gostar do que fazemos (...)”
Vamos imaginar que pudéssemos associar algumas das placas de trân-
sito, comuns em nosso cotidiano, com os elementos coesivos que estão 
estabelecendo as relações entre as várias partes do texto apresentado. 
Considere que essas placas devem ser entendidas da seguinte forma:
Adicione a ideia que vem a seguir ao que foi dito antes.
Volte ao trecho já lido e procure a expressão 
a que essa última palavra se refere.
O raciocínio vai mudar de direção.
Agora leia o trecho com as indicações:
1. DORNELAS, J. 
Disponível em: 
http://www.
josedornelas.
com.br/artigos/
empreendedor-
deve-gostar-do-
que-faz-ou-fazer-
o-que-gosta/
http://www.josedornelas.com.br/artigos/empreendedor-deve-gostar-do-que-faz-ou-fazer-o-que-gosta/
http://www.josedornelas.com.br/artigos/empreendedor-deve-gostar-do-que-faz-ou-fazer-o-que-gosta/
http://www.josedornelas.com.br/artigos/empreendedor-deve-gostar-do-que-faz-ou-fazer-o-que-gosta/
http://www.josedornelas.com.br/artigos/empreendedor-deve-gostar-do-que-faz-ou-fazer-o-que-gosta/
http://www.josedornelas.com.br/artigos/empreendedor-deve-gostar-do-que-faz-ou-fazer-o-que-gosta/
http://www.josedornelas.com.br/artigos/empreendedor-deve-gostar-do-que-faz-ou-fazer-o-que-gosta/
http://www.josedornelas.com.br/artigos/empreendedor-deve-gostar-do-que-faz-ou-fazer-o-que-gosta/
Comunicação e Expressão / UA 12 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Conceituação 6
Os empreendedores bem-sucedidos geralmente gostam do que fazem, 
dedicam-se de corpo e alma ao negócio e acabam por ser 
especialistas no seu setor. É a máxima que prega 99% de transpira-
ção e 1% de inspiração. Isso é bem fácil de identificar, basta 
você olhar ao seu redor e notar como se comportam os empreendedores 
que você conhece e os quais você considera bem-sucedidos. Mas 
 há exceções e precisamos entender que para termos mais chances 
de sucesso devemos gostar do que fazemos (...).
Você deve ter notado que todas as placas foram utilizadas para fazer 
o leitor voltar ao texto e procurar algo que já foi dito. No primeiro período, 
por exemplo, elas remetem à expressão “empreendedores bem-sucedi-
dos” (os empreendedores bem-sucedidos dedicam-se, acabam e o setor 
ao qual o texto se refere é o setor dos empreendedores bem-sucedidos). 
No caso da placa , sua utilização não foi feita para remeter o leitor a 
algo já dito no texto, mas para estabelecer um vínculo entre duas ideias 
(“99% de transpiração e 1% de inspiração”). Em relação à placa , seu 
uso indica que o texto não seguirá na mesma direção em que se encontra 
até o momento. Será estabelecido um contraste, uma oposição entre o 
que foi dito antes e o que será dito depois da placa.
Comunicação e Expressão / UA 12 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Conceituação 7
Com base nesses exemplos, podemos assim definir coesão textual:
ConCeito
Coesão textual são as articulações gramaticais existentes 
entre palavras, orações, frases, parágrafos e partes maiores 
de um texto que garantem sua conexão sequencial. (CEREJA, 
Magalhães, p. 36)
2. COerênCia textUal
Além da coesão, outro fator que contribui para a textualidade, ou seja, 
para fazer com que um texto seja um todo significativo, é a coerência 
textual.
Você, sem dúvida, já disse ou já ouviu alguém dizendo “isso é incoe-
rente”, “aquilo não faz sentido”. Isso ocorre porque, de um modo geral, 
sempre procuramos atribuir significados ao que lemos ou ouvimos, recor-
rendo aos nossos conhecimentos.
Assim, enquanto a coesão diz respeito ao aspecto formal, linguístico 
do texto, sendo alcançada pela escolha de palavras cuja função é justa-
mente estabelecer referências e relações; a coerência textual estabelece 
uma articulação no plano das ideias e conceitos. Estando no âmbito da 
significação, a coerência se manifesta pela reunião de ideias, informações 
e argumentos compatíveis entre si.
Sempre que produzimos um texto, nossa intenção é informar, divertir, 
explicar, convencer, discordar, ordenar, ou seja, o texto é uma unidade de 
significado produzida sempre com uma determinada intenção. Da mesma 
maneira que uma frase não é uma simples sucessão de palavras, o texto 
também não é uma simples sucessão de frases, mas um todo organizado 
capaz de estabelecer contato com nossos interlocutores, influindo sobre 
eles. Quando isso ocorre, temos um texto em que há coerência.
A coerência é resultante da não contradição entre as várias partes que 
compõem um texto as quais devem estar encadeadas logicamente. Cada 
segmento textual pressupõe o segmento seguinte de modo sucessivo, 
formando assim uma cadeia em que todas as partes estejam concatena-
das harmonicamente. Quando há quebra nessa relação harmoniosa entre 
as partes, ou quando um segmento atual está em contradição com um 
anterior, perde-se a coerência textual. Veja como isso ocorre no outdoor 
apresentado a seguir:
Comunicação e Expressão / UA 12 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Conceituação 8
A incoerência no exemplo apresentado decorre da flagrante oposição en-
tre as ideias presentes no texto. A informação expressa pela frase: “Aber-
to todos os dias” pressupõe que o estabelecimento anunciado tem nor-
malmente funcionamento ininterrupto e contínuo, ou seja, não é fechado 
em nenhum dia da semana. No entanto, essa ideia é contrariada ao se 
informar que terça-feira é o dia da semana escolhido para descanso dos 
funcionários e, consequentemente, fechamento da empresa.
Vejamos outra situação:
Joãozinho, se você 
não me xingar mais 
eu prometo que não 
corro mais atrás de 
você e ainda te dou 
um beijo.
Sua chata, 
cabeça de ET, 
balofa...
Após a leitura, o que podemos dizer do texto? Ele não é de todo coeren-
te? É verdade que a última cena nos causa estranheza, mas, se conside-
rarmos que se trata de um gênero textual caracterizado pelo humor, a 
própria “estranheza” é propiciadora da coerência. Além disso, vejamos as 
informações que podem ser depreendidas do texto:
 → A menina propõe não bater mais em Joãozinho e ainda lhe dar um 
beijo, se ele parar de xingá-la;
 → Essa proposta se mostra adequada ao perfil feminino, comumente 
associado à afetividade;
Comunicação e Expressão / UA 12 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Conceituação 9
 → Após ouvir a proposta, Joãozinho xinga a menina;
 → A reação de Joãozinho à proposta da menina leva-nos à conclusão de 
que ele prefere continuar apanhando a ganhar um beijo;
 → A postura de Joãozinho é condizente com o que, em geral, se asso-
cia ao perfil masculino, marcado por racionalidade e masculinidade, 
qualidades consideradas próprias do homem.
Com base nessas considerações, podemos afirmar que a noção de coe-
rência não se aplica, isoladamente, ao texto, nem ao autor, nem ao leitor, 
mas se estabelece na relação entre esses três elementos. Desse modo, 
não é possível apontá-la, destacá-la ou sublinhá-la no texto, mas somos 
nós, leitores, em efetivo processo de interação com o autor e o texto, 
baseados nas pistas que nos são dadas e nos conhecimentos que possu-
ímos, que construímos a coerência.
ConCeito
Coerência textual é o resultado da articulação das ideias de 
um texto; é a estruturação lógico-semântica que faz com 
que numa situação discursiva palavras e frases componham 
um todo significativo para os interlocutores. (CEREJA, Maga-
lhães, 1999, p. 36)
3. COesãO e COerênCia
Embora a coesão seja um elemento importante na estruturação de tex-
tos, ela não é condição necessária nem suficiente para o estabelecimen-
to da coerência.
Vejamos um exemplo disso:
Coesão sem Coerência
Fui à praia me bronzear, porque estava nevando. Quando isso ocorre, o 
calor aumenta, o que faz com que sintamos frio.
Na construção do fragmento apresentado, podemos observar a utilização 
de vários elementos de coesão. No primeiro período, há a presençada con-
junção “porque”, utilizada para estabelecer uma relação de causalidade en-
tre duas orações. No segundo período, o pronome “isso” remete à ideia de 
Comunicação e Expressão / UA 12 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Conceituação 10
estar nevando. Como você pode observar, a presença desses elementos 
conectores não assegura a inteligibilidade do texto, ou seja, sua coerência.
Vejamos agora um exemplo contrário:
Coerência sem Coesão
O pulso (Titãs)
(...) Reumatismo, raquitismo
Cistite, disritmia
Hérnia, pediculose
Tétano, hipocrisia
Brucelose, febre tifoide
Arteriosclerose, miopia
Catapora, culpa, cárie
Câimba, lepra, afasia...
— Arnaldo Antunes
Composta por uma relação de nomes de doenças apresentadas em forma 
de lista, o texto composto por Arnaldo Antunes não apresenta nenhum 
elemento de conexão entre as palavras. No entanto, o texto cumpre sua 
função comunicativa ao inserir comportamentos e sentimentos humanos, 
como a hipocrisia e a culpa, no rol das doenças apresentadas. Sendo as-
sim, observamos que a coerência não se encontra no texto em si, não 
pressupõe, necessariamente, no plano da materialidade linguística, a li-
gação entre os enunciados de forma explícita, mas constrói-se a partir do 
texto. Na e para a produção de sentido do texto, é necessário que o leitor 
ative conhecimentos previamente constituídos e armazenados na memó-
ria, construindo sentido para o que lê.
Lembre-se
A coesão por si só não é responsável pela coerência textual, 
porque a coerência não está no texto, mas é constituída pelo 
leitor com base em seus conhecimentos e na materialidade 
linguística do texto. Sempre que nos for possível construir 
um sentido para o texto, este será, em uma dada situação 
de interação, um texto coerente. (KOCH, Elias, 2009, p. 187)
antena 
pArAbóliCA
Como vimos, a noção de coerência não se aplica, isola-
damente, ao texto, mas se estabelece na relação entre 
texto, leitor, autor e contexto. Isso pode, muitas vezes, 
ser observado na criação de anúncios publicitários em 
que uma certa “estranheza” – ruptura da lógica – é criada 
propositalmente para chamar a atenção do consumidor, 
assim como em charges, histórias em quadrinhos etc.
e AgorA, José?
Agora que você já sabe o que é Coesão e Coerência, 
chegou a hora de aprender alguns mecanismos que 
contribuem para a coesão em um texto. Para tanto, na 
próxima aula, você aprenderá como os pronomes de-
monstrativos podem contribuir para a elaboração de 
textos organizacionais.
Até a próxima aula!
Comunicação e Expressão / UA 12 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Conceituação 12
reFerênCiAs
CEREJA, W. R.,; MAGALHÃES, T. C.; Gramática re-
flexiva: texto, semântica e interação. São 
Paulo: Atual, 1999.
FIORIN, L. J.; SAVIOLI, F. P. Lições de texto: lei-
tura e redação. 6a ed. São Paulo: Ática, 
2003.
KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e escrever: estra-
tégias de produção textual. São Paulo: 
Contexto, 2009.
______ Ler e compreender: os sentidos do tex-
to. São Paulo: Contexto, 2009.
LEITE, R. ET AL. Novas palavras: literatura, 
gramática, redação e leitura. São Paulo: 
FTD, 1997.
gestão empresarial
comunicação e expressão
Coesão e CoerênCia em 
diferentes gêneros 
disCursivos: Coesão referenCial
13
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final da aula, o aluno deverá reconhecer os dois tipos 
de coesão referencial — por retomada e por antecipação 
— e os elementos que os provêm.
COmpetênCias 
Redigir textos com a seleção adequada dos elementos 
coesivos lexicais e gramaticais responsáveis pela reto-
mada e pela antecipação.
Habilidades 
Selecionar e empregar, em contextos dados ou de sua 
própria elaboração, elementos coesivos de diferentes 
espécies, em particular pronomes pessoais, termos rela-
cionados por sinonímia, hiperonímia, hiponímia e conti-
guidade de sentido.
comunicação e expressão
Coesão e CoerênCia em 
diferentes gêneros 
disCursivos: Coesão 
referenCial
ApresentAção
Nesta aula, você aprenderá o que é a coesão referencial, 
reconhecendo os recursos linguísticos disponíveis para 
retomar e para antecipar ideias e informações no texto, 
garantindo a progressão das sequências de texto. Você 
conhecerá a coesão lexical (aquela que envolve o em-
prego do estoque de palavras associadas pelo sentido) e 
a gramatical (a que emprega termos gramaticais, como 
pronomes, por exemplo).
pArA ComeçAr
Atente para os termos empregados no título desta notí-
cia de jornal:
Bolas paradas e coesão devem marcar a estreia da 
seleção na Copa
O time do técnico Dunga demonstra unidade e discrição 
nos treinos e nas entrevistas coletivas. O recurso das bo-
las paradas pode ajudar em partidas contra times meno-
res que apostam mais na defesa.
— Bom Dia Brasil, de 15/6/2010.
Importante palavra esta: coesão...
Você já notou como os esportes nos quais nós, os bra-
sileiros, somos campeões exigem a união de forças, a 
soma de talentos individuais? Isso é traduzido na ima-
gem das mãos entrelaçadas dos jogadores da equipe 
brasileira de vôlei — tantas vezes campeã — e no texto 
do jornal. Coesão é imprescindível no vôlei, no futebol e 
nos demais esportes coletivos. O desportista que ima-
gina que pode fazer tudo sozinho rompe a corrente e 
prejudica os resultados de sua equipe. Coesão, portanto, 
é isto: vínculo das partes com o todo, entrelaçamento 
e unidade.
Comunicação e Expressão / UA 13 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Coesão Referencial 4
Não é diferente a coesão na apresentação de ideias: elas devem estar 
vinculadas, associadas, solidárias. Tal qual nos esportes, se elas são ex-
postas de forma desarticulada, fragmentada, sem vínculos umas com as 
outras, o resultado é negativo. Você já foi apresentado a esse assunto na 
Aula 14. Então, tenha em mente os conceitos nela veiculados, como forma 
de acompanhar mais satisfatoriamente a aula de hoje, que vai acrescentar 
informações àquelas que você já obteve.
Observe, no texto seguinte, os elementos de coesão que garantem a cla-
ra exposição das ideias e, por consequência, sua compreensão pelo leitor.
O burro e a flauta
Jogada no campo estava desde faz tempo uma Flauta que já ninguém tocava, até que 
um dia um Burro que passeava por ali soprou forte nela fazendo-a produzir o som 
mais doce de sua vida, quer dizer, da vida do Burro e da Flauta.
Incapazes de compreender o que tinha acontecido, pois a racionalidade não era o 
seu forte e ambos acreditavam na racionalidade, se separaram rapidamente, enver-
gonhados do melhor que um e outro tinham feito durante toda a sua triste existência.
— MONTERROSO, A. A ovelha negra e outras fábulas. Rio de Janeiro: Record, 1983. p. 65.
Agora note os entrelaçamentos e a progressão das informações na fábula:
Uma Flauta
(apresentação da informação 
ao leitor, com o artigo 
indefinido: até este 
momento, trata-se de 
uma Flauta qualquer...)
... que já ninguém tocava — a palavra que substitui a 
palavra Flauta (ninguém tocava a Flauta).
... soprou forte nela (isto é, soprou forte na Flauta).
... fazendo-a produzir o som (fazendo a Flauta produzir o som).
... da vida da Flauta (trata-se de um termo que já foi introduzido ao 
leitor, portanto passa a ser mencionado com o artigo definido — a).
... de sua vida (vida da Flauta).
... a racionalidade não era o seu forte (o forte da Flauta).
... ambos (a Flauta e o Burro).
... se separaram (a Flauta separou a Flauta do Burro).
... um e outro (a Flauta e o Burro).
... sua triste existência (a existência da Flauta).
Um Burro
(apresentação da informação 
ao leitor, com o artigo 
indefinido: até este momento, 
trata-se de um Burro qualquer)
... que passeava — a palavra que substitui a palavra 
Burro (um Burro passeava por ali).
... de sua vida (vida do Burro).
... da vida do Burro (trata-se de um termo que já foi introduzido ao leitor, 
portanto passa a ser mencionado com o artigo definido — o).
...a racionalidade não era o seu forte (o forte do Burro).
...ambos (a Flauta e o Burro).... se separaram (o Burro separou o Burro da Flauta).
... um e outro (a Flauta e o Burro.
... sua triste existência (a existência do Burro).
No campo ...ali (no campo).
Comunicação e Expressão / UA 13 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Coesão Referencial 5
Você percebeu que os termos que fazem referência a Flauta, Burro e no 
campo evitam a repetição dessas palavras e são os responsáveis pela pro-
gressão das ideias nessa fábula? Eles são alguns dos elementos de coesão 
que usamos na produção de nossos textos — de todos eles, sem exce-
ção. É muito importante, portanto, conhecer e empregar com precisão os 
elementos coesivos existentes em nossa língua. Conhecendo-os e empre-
gando-os bem, podemos garantir que nossas comunicações do dia a dia, 
pessoais ou profissionais, orais ou escritas, sejam adequadas e eficazes. 
Vamos agora desenvolver esse tema da aula de hoje, para aprender quan-
do e como empregar alguns dos mais importantes elementos de coesão.
FundAmentos
COesÃO teXtUal
Para recolocar em cena o tema acima, leia este belo poema de João Cabral 
de Melo Neto, da obra Fazendeiro do ar.
Tecendo a manhã
1
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzam
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
2
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã que plana livre de armação).
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
— João Cabral de Melo Neto
O poema de Cabral pode ser lido como uma espécie de “definição po-
ética” da construção de um texto, do entrelaçamento das ideias que o 
compõem. O elemento do poema que permite desencadear essa inter-
pretação é a palavra tecido, que provém do latim textus; como se nota, 
trata-se da mesma palavra que originou, em nossa língua, o termo texto. 
Interessante, não é?
Existe nesse poema a sugestão de uma analogia entre os cantos inte-
grados dos galos (os quais se sucedem e harmonizam até que a luz do dia 
Comunicação e Expressão / UA 13 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Coesão Referencial 6
se firme) e a ordenada amarração de palavras, frases, períodos, parágra-
fos e pausas que formam o texto escrito ou falado.
Então: sabemos que a coesão é a responsável pela articulação orgâni-
ca, pela concatenação que deve existir entre os enunciados; e que ela não 
resulta apenas das relações sintáticas, mas das relações de sentido esta-
belecidas entre os enunciados. São tais relações, sintáticas e de sentido, 
que dão aos textos as necessárias coesão e coerência.
Na aula de hoje, vamos tratar de mais algumas dessas relações: as que 
se baseiam na retomada e na antecipação de informações dentro do 
texto, promovendo a adequada progressão de seu tema. Esses dois pro-
cessos também são chamados, respectivamente, de anáfora e catáfora.
COESÃO POR RETOMADA
Como o nome sugere, a coesão dessa espécie é baseada em termos que 
recuperam outros termos precedentes.
Vamos ilustrá-la com um trecho de uma crônica de Carlos Drummond 
de Andrade, “A manhã do Dia do Poeta”.
Chego atrasado para registrar a passagem do Dia do poeta, que ocorreu na última 
quinta-feira. Absorvido pelo cotidiano miúdo, nem reparei nele. Para o meu ami-
go Horácio, entretanto, a data não passou em branca nuvem (também, com esse 
nome...). Horácio já produziu três livros de poemas e costuma ser indigitado em seu 
círculo de relações como “o poeta”. Ganhou mesmo certa notoriedade, a ponto de, 
uma ocasião, pretendendo assistir a um filme pornô muito badalado, ser reconheci-
do pela bilheteira, que lhe sorriu, dizendo:
— Como vai o ilustre poeta?
Manhã cedo, três vigilantes associações de poetas telefonaram para ele, convi-
dando-o a participar de tardes comemorativas, onde leria versos com fundo musical 
e tomaria chá com bolinhos:
— O meu amado poeta não pode faltar, pois não?
— Reservamos um lugar de honra para o admirável bardo.
— Distinto aedo, contamos com a sua presença.
Eram três mulheres, secretárias das três sociedades, o que não é de estranhar, 
sabido que, na faixa dos 15 aos 55 anos, o número de poetas femininos é considera-
velmente superior ao de poetas masculinos. Depois dos 55, cresce a percentagem de 
poetas varões. Todos insexualmente, como fez questão de acentuar em entrevista à 
TV Educativa, uma inspirada cultora do verso:
— Não há nem pode haver distinção de sexos na poesia. Essa discriminação de 
poetisa, algo deprimente para nós, já era. (...)
Horácio acabou prometendo que não faltaria às festividades, uma na Tijuca, 
outra no Leme, a terceira no centro, todas no mesmo horário. E já matutava que 
Comunicação e Expressão / UA 13 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Coesão Referencial 7
desculpa daria pela ausência, sempre por motivo de força maior (variado), quando 
tocou o representante da geração-xerox:
— Poeta, eu sei que o Dia do Poeta é todo dia, em todo lugar, inclusive na rua, 
onde vendo os meus livros, aliás com tremendo sucesso. Mas hoje é mais dia do 
que outro dia qualquer, entende? E você, irmão mais velho, receba o meu abraço 
fraternal.
— In: Boca de Luar. Rio de Janeiro: Record, 1984, p. 163-4.
Você notou quantas vezes o narrador se refere à personagem Horácio? 
Notou que essa personagem é referida por expressões sempre diferen-
tes? No caso, o texto emprega termos que pertencem ao campo de sig-
nificação da palavra poeta, a partir da referência ao conhecido poeta lati-
no Horácio.
Observe, no quadro a seguir, como se dá a progressão de ideias no 
trecho dessa crônica, pela retomada de informações:
expressões 
iniciais
dia do 
poeta horácio
três 
mulheres
poetas 
femininos
poetas 
masculinos
o representante 
da geração-xerox
expressões 
de 
retomada
• Data
• Nele
• Tardes 
comemorativas
• Festividades
• Uma
• Outra
• A terceira
• Todas
• Seu (círculo)
• “O poeta”
• Lhe
• O ilustre poeta
• Ele 
(convidando)-o
• O meu amado 
poeta
• O admirável 
bardo
• Distinto aedo
• Você
• Irmão mais velho
• poeta
• Secretárias 
das três 
sociedades
• Cultora 
do verso
• Poetisa
• Nós
• Poetas 
varões
• Todos
• Eu
• Meus
• Meu
Podemos constatar que os termos que retomam as expressões iniciais 
são de diversos tipos: ora são pronomes (ele, nele, lhe, o, você, nós, seu, 
eu, meu, todos); ora são artigos e numerais (uma, outra, a terceira) ora são 
termos que se associam àqueles referidos graças a uma relação de con-
tiguidade que permite aproximar os sentidos das palavras e expressões 
(dia, data, tardes, festividades; poeta, bardo, aedo; mulheres, secretárias; 
poetas femininos, poetisas; poetas masculinos, poetas varões). Noutras 
ocorrências, há aproximações de caráter subjetivo (irmão mais velho, re-
presentante da geração-xerox).
Comunicação e Expressão / UA 13 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Coesão Referencial 8
COESÃO POR ANTECIPAÇÃO
O nome dado a essa espécie de coesão já indica que se trata do emprego 
de termo que sintetiza informação ou informações, colocando-se antes 
dela(s). Esse emprego está exemplificado nas frases:
 → Há três setores envolvidos: RH, Compras e Expedição.
 → As autoridades prestigiaram o evento: o Governador e o Prefeito 
fizeram questão de comparecer.
 → Tudo já está decidido — o tipo de evento, a data e os palestrantes.
 → Os interessados estavam ali: padre, juiz, delegado...
Partindo desses conceitos e exemplos, vamos tratar dos diferentes tipos 
de coesão, por retomada e por antecipação.
1. COesÃO leXiCal
Ocorre esse tipo de coesão quando se empregam as palavras da língua 
que correspondem às denominações (substantivos, adjetivos, verbos, ad-
vérbios) dos dados de realidade.Obtém-se coesão lexical por meio de 
dois processos: a reiteração e a colocação.
1.1. REITERAÇÃO
Há reiteração quando se repete o mesmo item lexical (a mesma palavra), 
ou quando se empregam sinônimos, hiperônimos, hipônimos e nomes 
genéricos. Para entender a diferença, vamos examinar os exemplos.
1.1.1. Reiteração pela repetição de palavra ou expressão
É sempre no passado aquele orgasmo,
é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.
É sempre no meu peito aquela garra.
É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela guerra.
É sempre no meu trato o amplo distrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.
É sempre nos meus pulos o limite.
É sempre nos meus lábios a estampilha.
Comunicação e Expressão / UA 13 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Coesão Referencial 9
É sempre no meu não aquele trauma.
Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.
— Carlos Drummond de Andrade, O enterrado vivo. In: Fazendeiro do ar.
A rigor, na quase totalidade dos textos, a reiteração — ou repetição — só 
se justifica por absoluta necessidade, devendo ser evitada, para garantir 
a concisão, a objetividade do texto. Já na linguagem da poética (caso do 
exemplo dado), serve para produzir um efeito de sentido; no poema de 
Drummond, trata-se do reforço da ideia do inexorável, da falta de saída, 
da fatalidade das situações que nunca mudam.
1.1.2. Emprego de sinônimos:
Empregamos termos sinônimos para retomar a informação anterior:
 → Queria esclarecer umas dúvidas e procurei o professor, mas o mes-
tre recusou-se a atender-me.
 → Era um menino esforçado, garoto de bons princípios.
1.1.3. Emprego de hiperônimos.
Antes do exemplo, uma explicação: hiperônimos são termos de sentido 
mais amplo do que aqueles a que fazem referência. São exemplos, entre 
muitos outros, a relação entre vegetal e flor, entre flor e rosa.
Note a relação entre o termo inicial e aquele que o retoma, seu hete-
rônimo:
 → O liquidificador fazia um barulho muito estranho. O aparelho ron-
cava feito um carro velho. (Aparelho designa um gênero de objetos 
do qual faz parte liquidificador.)
1.1.4. Emprego de hipônimos
O hipônimo é um termo de sentido mais restrito do que o termo que ele 
retoma; é o caso da relação entre celular e telefone, MP4 em relação a 
eletroeletrônico, entre outros exemplos, como nas frases:
A organização resolveu contratar novos profissionais. Os tecnólogos 
em gestão iniciarão suas atividades ainda nesta semana. (Tecnólogo em 
gestão é um entre vários tipos de profissionais.)
Comunicação e Expressão / UA 13 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Coesão Referencial 10
1.1.5. Emprego de nomes genéricos:
São palavras de sentido amplo, que podem se referir a outras de sentidos 
diferentes.
Veja como as palavras evento e acontecimento se colocam em re-
lação a expressões de sentidos tão diferentes como exposição de arte, 
acidente, Copa do Mundo, feijoada beneficente...
 → A exposição de arte chamou a atenção da imprensa internacional. 
Foi o evento/ acontecimento mais comentado na mídia.
 → O acidente na Via Anhanguera deixou muitos feridos. O triste aconte-
cimento / evento mobilizou o Corpo de Bombeiros de várias cidades.
 → A Copa do Mundo monopoliza a atenção de todos nós, sendo com 
certeza o maior evento / acontecimento esportivo do ano.
 → Essa instituição religiosa promove uma feijoada beneficente, acon-
tecimento / evento que desperta a solidariedade dos habitantes 
da cidade.
 → Depois da morte do filho, a pobre moça definhou. É lamentável ver 
uma pessoa acabar-se depois de um acontecimento triste.
Um outro exemplo, no qual se destaca o termo genérico treco:
Aluno: Professora, quer ver meu celular novo?
Professora: Não! Quero que você desligue e guarde esse treco.
1.2. COLOCAÇÃO
Também conhecida por contiguidade, a colocação ocorre quando se uti-
lizam termos pertencentes ao mesmo contexto de significação, de infor-
mação. Observe-se, no exemplo abaixo, como os termos grifados rela-
cionam-se por contiguidade, por aproximação, pois estão no contexto de 
assuntos, de temas compatíveis:
Comunicação e Expressão / UA 13 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Coesão Referencial 11
 → O acidente bloqueou a rodovia, ali chegando muitas ambulâncias e 
carros do Corpo de Bombeiros. Os vários feridos foram transpor-
tados para hospitais de Campinas.
 → Preciso trocar meu fogão; o forno não funciona, os queimadores 
estão entupidos, os acendedores não funcionam mais...
2. COesÃO pOr termOs gramatiCais
Nesse caso, a referência (retomada ou antecipação) é feita por itens da 
língua que não têm significado próprio, sendo sua interpretação sempre 
feita pela remissão a outros itens do enunciado. É o caso de:
2.1. REfERêNCIA PRONOMINAL,
É feita pelos pronomes pessoais, indefinidos e possessivos:
 → Minha irmã e eu dissemos a Jofre: Você vai gostar de viajar conosco.
 → Pedro e José são muito amigos; eles se conhecem desde meninos.
Filha: Mãe, por que o papai tem que sair todo dia de manhã?
Mãe: Ora, filha! Porque ele precisa de dinheiro para cuidar da gente, para 
passear, dar-lhe uma boa educação, vestimenta, comida...
Observe, no texto da cena anterior, a referência pelos pronomes ele (re-
ferindo-se a papai) e lhe (referindo-se à interlocutora Filha).
 → Li vários livros sobre o assunto, e cada qual me forneceu preciosos 
subsídios para a elaboração de meu trabalho.
Comunicação e Expressão / UA 13 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Coesão Referencial 12
 → Convidou todos os colegas e professores para sua festa, mas ne-
nhum compareceu.
 → Paulo me contou que entrou ladrão na loja dele.
 → A camiseta do uniforme de Mariana está impecável. A minha, ao 
contrário, está toda amarrotada.
Um outro exemplo de coesão pronominal pelo possessivo, que pode ser 
visto na frase:
 → O livro dos 30 anos do JN: uma reflexão inédita sobre sua histó-
ria. (Sua: do JN)
2.2. REfERêNCIA POR NuMERAIS
 → Renato, Valéria e Hilda são funcionários do setor de RH; os três cui-
dam da seleção de candidatos a funções na empresa.
 → A Comissão julgadora atribuirá prêmios aos melhores contos. O pri-
meiro será uma bolsa de estudos no exterior.
 → Lúcia e Paulo foram premiados: a primeira, com uma viagem à Áfri-
ca, o segundo (ou o último), com um passeio ao Butantã.
 → No mês passado, gastei R$ 200,00 em compras de alimentos; neste 
mês, gastei o dobro!
 → A verba será distribuída da seguinte forma: um terço para novos 
projetos e dois terços para treinamento de pessoal.
2.3. REfERêNCIA POR vERbOS
Compreendem os verbos fazer e ser, em construções como:
 → Prometeu ajudar-me, mas até agora não o fez. (Isto é: não me ajudou...)
 → Vamos apoiar seu projeto, mas é porque a ideia é realmente boa. 
(Note que a palavra “é” equivale a “vamos apoiar seu projeto”.)
2.4. REfERêNCIA DEMONSTRATIvA
É realizada por meio de pronomes demonstrativos (assunto que você es-
tudará mais detalhadamente na próxima aula, a de número 16), de advér-
bios indicativos de lugar, entre outras classes de palavras. Observe esse 
tipo de referência nas frases seguintes:
 → Tudo está corretamente elaborado: projetos, orçamentos, contratos.
 → Poucos se manifestaram contra a medida — apenas os habituais 
críticos e os adversários políticos.
Comunicação e Expressão / UA 13 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Coesão Referencial 13
 → Realizei os meus desejos, menos este: ter um filho.
 → Conheço Pedro e Paulo há muitos anos... Este eu conheço da escola; 
aquele, do clube.
 → O professor costumava gritar com os alunos, e isso os irritava pro-
fundamente.
 → Entre as consequências da política econômica apontam-se as se-
guintes: recessão, inflação, queda do poder aquisitivo.
 → Ponha os livros aí de novo, na estante de onde você os retirou.
 → Tenho saudade da cidadezinha;lá fiz diversos bons amigos.
 → Vamos considerar o seguinte: (...)
 → Observe-se acima o que se disse dos equipamentos.
 → Viajou para a Itália no ano passado, e não o vejo desde então.
3. COesÃO pOr sUbstitUiÇÃO
Na substituição, emprega-se um item em lugar de outro elemento (ou de 
outros elementos) da frase ou, ainda, em lugar de uma oração inteira: As 
palavras gramaticais que fazem a substituição são: também, assim, o(a) 
mesmo(a).
 → Já entreguei meu relatório, e Júlia, também. (Isto é: já entregou o 
relatório.)
 → Carlos acredita que a situação do país vai melhorar, mas Vânia não 
pensa assim. (Ou: desse modo, de forma semelhante.)
 → Já que o técnico elogiou o equipamento, nós fizemos o mesmo. (Isto 
é: elogiar o equipamento.)
4. COesÃO pOr elipse
Ocorre elipse quando se tem uma substituição por zero, isto é, omite-
-se uma palavra, uma oração ou um enunciado inteiro, sendo possível 
recuperá-los pelo contexto.
 → — O gerente já saiu?
— (0) Já (0).
Observe que na econômica frase — Já — foram suprimidas as palavras o, 
gerente e saiu (O gerente já saiu).
Outro exemplo:
 → — Mariana vai entregar o relatório?
— (0) Vai (0).
Comunicação e Expressão / UA 13 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Coesão Referencial 14
Para concluir, vamos tratar, com mais detalhes, dos elementos de coesão 
denominados pronomes pessoais. Recordando:
Os pronomes (em geral) substituem outras palavras dentro de um enun-
ciado. Os chamados pronomes pessoais expressam as pessoas do discurso: 
o emissor ou os emissores (primeira pessoa), o receptor ou os receptores 
(segunda pessoa) e o assunto, objeto da conversação (terceira pessoa).
Conforme a função que desempenham no enunciado, esses pronomes 
mudam de forma. Vejamos como isso funciona, na prática.
 → Pedro é um bom profissional. Pedro respeita os colegas.
Na segunda frase, Pedro é sujeito de respeita; empregando-se um prono-
me para substituir o nome Pedro temos:
 → Pedro é um bom profissional: ele respeita os colegas.
O pronome ele, que representa Pedro, também é sujeito de respeita.
 → Pedro é um bom profissional, e os colegas respeitam Pedro.
Na segunda frase, Pedro é complemento (objeto direto) de respeitam; 
empregando-se um pronome para substituir o nome Pedro, temos:
 → Pedro é um bom profissional, e os colegas o respeitam.
O pronome o, que representa Pedro, é o complemento de respeitam 
(cujo sujeito é os colegas).
Atenção
Se o pronome o/a/os/as aparecerem depois de r, s ou z, 
mudam para lo/la/los/las.
O/a/os/as vindos depois do som nasal, devem ser mu-
dados para no/na/nos/nas.
a. Se os pronomes o/a/os/as aparecerem depois de r, s ou z, mu-
dam para lo/la/los/las, eliminando-se aquelas consoantes:
 → Gostei desse projeto: vou aprová-lo imediatamente. (aprovar o 
projeto / aprovar + o = aprová-lo)
Comunicação e Expressão / UA 13 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Coesão Referencial 15
 → Foi João que fez este projeto; fez o projeto quando trabalhava em 
nosso setor.
 → Foi João que fez este projeto; fê-lo quando trabalhava em nosso 
setor. (fez o projeto / fez + o = fê-lo)
b. Vindo depois de som nasal, os pronomes o/a/os/as devem ser 
mudados para no/na/nos/nas:
 → Se os relatórios estão prontos, coloquem-nos na mesa do Gerente 
(coloquem os relatórios / coloquem+ os = coloquem-nos);
 → Precisamos das plantas do imóvel. Peçam as plantas do imóvel 
ao proprietário. Precisamos das plantas do imóvel. Peçam-nas ao 
proprietário (peçam as plantas / peçam+ as = peçam-nas).
Percebe-se que, dependendo da função sintática, o pronome adquire uma 
forma específica. Vamos conhecer tais formas, por meio do quadro seguinte.
substituem 
palavras com 
função de sujeito
substituem palavras com 
função de complemento 
objeto direto
substituem prep. + palavras 
com função de complemento 
objeto indireto
eu
Talvez eu aceite 
a proposta.
me
Seu argumento me convenceu.
me
Ele me confiou a tarefa.
(prep. +) mim
Ele confiou a mim a tarefa.
comigo
Pode contar comigo.
você(s)
Querem que você 
assuma o cargo.
o(s) / a(s)
Ninguém o / a criticou. 
lhe(s)
A empresa lhe atribui uma 
nova responsabilidade.
(prep. +) você
A empresa atribui a você uma 
nova responsabilidade..
ele, ela
Creio que ele será 
promovido.
se
Ele se dedicou muito à empresa.
o (lo) (no) / a (la) (na)
Eu o encontrei há pouco.
Pretendemos promovê-lo.
Os técnicos procuravam uma solução e 
encontraram-na num antigo projeto.
se
Ele se prometeu uma semana de descanso.
(prep. +) si
Não confia em si mesmo.
lhe
Entreguei-lhe os documentos.
consigo
Leva consigo os documentos pessoais.
nós
Esperam que nós 
apresentemos a palestra.
nos
Espero que nos mencionem no relatório.
nos
Não nos deu chance de explicar o acontecido.
(prep. +) nós
Espero que lute por nós.
conosco
Trabalhe conosco.
Comunicação e Expressão / UA 13 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Coesão Referencial 16
substituem 
palavras com 
função de sujeito
substituem palavras com 
função de complemento 
objeto direto
substituem prep. + palavras 
com função de complemento 
objeto indireto
eles, elas
Elas têm plenas 
condições de 
assumir o cargo.
se
Eles se comprometem com 
os objetivos da empresa.
o (lo) (no) / a (la) (na)
Todos na empresa o respeitam.
A investigação pode comprometê-los.
Querem boas funcionárias e buscam-
nas nos bancos de currículos.
se
Eles se permitem errar!
(prep. +) si
Não confiam em si mesmos, 
por isso não dão palpite.
lhe
Entreguei-lhes os documentos.
consigo
Levam consigo os documentos pessoais.
antena 
pArAbóliCA
Nossas atividades de produção de linguagem envolvem 
o bom domínio da língua, falada ou escrita, para garantia 
de eficácia. Como comunicar é tornar comum uma ideia, 
um sentimento, um desejo, é muito importante que a 
linguagem verbal utilize mecanismos linguísticos que ga-
rantam esse compartilhamento. Você deve ter notado 
que os elementos de coesão que estudamos são usuais 
no dia a dia, fazem parte de todas as nossas comunica-
ções verbais. Portanto, conhecê-los e saber como utilizá-
-los irá garantir o aprendizado e o bom desempenho em 
outras disciplinas, o sucesso nas relações interpessoais, 
na recepção e na decodificação de textos. Como você 
pode notar, não se pode negar a importância desse tema 
para o ser social e profissional que cada um de nós é.
e AgorA, José?
Bem, agora que você já conhece os tipos de coesão refe-
rencial tratados nesta unidade, está pronto para estudar, 
em nossas próximas unidades, dois mais importantes ele-
mentos responsáveis pela coesão num texto — os prono-
mes demonstrativos e os pronomes relativos. Até lá!
Comunicação e Expressão / UA 13 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Coesão Referencial 18
glossário
Coesão lexical: relação entre palavras que per-
tencem ao vocabulário da língua; é o reper-
tório, o acervo linguístico.
Palavras gramaticais: palavras da língua que 
são usadas como relacionadores das palavras 
do léxico, caso das preposições, das conjun-
ções, dos pronomes.
Sinonímia: relação entre palavras de significa-
ção próxima, de tal forma que uma possa ser 
usada pela outra no contexto, sem prejuízo 
de sentido.
Hiperonímia: relação que se estabelece entre 
palavra de sentido mais genérico e outra 
de sentido mais específico, com base na 
existência de traços comuns de significação 
(p.ex. felino é hiperônimo para tigre).
Hiponímia: relação que se estabelece entre pa-
lavra de sentido mais específico e outra de 
sentido mais genérico, com base na existên-
cia de traços comuns de significação (p. ex. 
cão é hipônimo de animal).
Elipse: supressão de um termo que pode ser 
identificado graças ao contexto.
Contiguidade: relação de proximidade de sen-
tido entre palavras, que se podem associar 
numa sequência dada.
reFerênCiAs
FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Lições de texto: leitu-
ra e redação. 2a ed. São Paulo: Ática, 1997.
_____. Para entender o texto: leitura e reda-
ção. São Paulo:Ática, 1997.
KOCH, I. V. A Coesão textual. 2a ed., São Paulo: 
Contexto, 1990.
gestão empresarial
comunicação e expressão
Coesão e CoerênCia em diferentes 
gêneros disCursivos: uso de pronomes 
demonstrativos em textos organizaCionais
14
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final da aula o aluno deverá ser capaz de reconhecer 
e empregar os pronomes demonstrativos como elemen-
tos coesivos responsáveis pela reativação do referente 
em um texto.
COmpetênCias 
Conhecimento e capacidade de utilização adequada dos 
pronomes demonstrativos para a produção e intelecção 
de textos.
Habilidades 
Habilidade na manipulação das diversas formas de refe-
rência pronominal associadas às diferentes possibilida-
des de se dirigir a interlocutores em diferentes contextos 
de comunicação.
comunicação e expressão
Coesão e CoerênCia 
em diferentes 
gêneros disCursivos: 
uso de pronomes 
demonstrativos em 
textos organizaCionais
ApresentAção
Nesta aula, você aprenderá a empregar os pronomes 
demonstrativos como elementos coesivos utilizados na 
produção e intelecção de textos.
pArA ComeçAr
Muitas vezes, você já deve ter sido solicitado a demons-
trar algo a alguém. De origem latina, o verbo “demons-
trar” significa exatamente aquilo que você deve ter feito 
nessas ocasiões, ou seja, “fazer ver, dar a conhecer ou 
indicar”.
Pensando no significado desse verbo, veja com aten-
ção a cena apresentada a seguir:
Homem: Eu nunca fiz isto antes, me ajude.
Mulher: Tudo bem vá lavando esse arroz, eu vou falando 
como deve fazer.
Observe que:
As palavras “isso” e “esse” usadas são pronomes de-
monstrativos. Com base nisso, perguntamos: você 
sabe a diferença entre elas? Elas podem ser usadas 
Comunicação e Expressão / UA 14 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Uso de Pronomes Demonstrativos em Textos Organizacionais 4
indistintamente em qualquer situação? Você sabe quando deve optar pelo 
uso de uma ou de outra?
É exatamente isso que vamos aprender nesta nossa aula. Vamos lá?
FundAmentos
prOnOmes demOnstrativOs
Os pronomes demonstrativos são aqueles que situam a pessoa ou a coisa 
demonstrada em relação às três pessoas do discurso. Essa localização, 
indicando proximidade ou distanciamento, pode se dar no tempo, no es-
paço ou no próprio texto.
dica
As três pessoas do discurso ou pessoas gramaticais são:
 → 1a pessoa (falante): eu (singular) / nós (plural);
 → 2a pessoa (ouvinte): tu (singular) / vós (plural);
 → 3a pessoa (assunto): ele, ela (singular) / eles, elas (plural).
No que se refere à 2a pessoa do discurso, você dificilmente utiliza o prono-
me “tu” ou “vós” no seu dia a dia, não é mesmo? Então, vai aí um lembrete 
importante:
lembre-se
Os pronomes “você” e “vocês” substituem os pronomes “tu” 
e “vós” em muitas regiões do país. Por isso são considerados 
também pronomes de 2a pessoa, apesar de exigirem o verbo 
na 3a pessoa.
Tendo isso em vista, os pronomes demonstrativos podem ser apresenta-
dos de acordo com a seguinte tabela:
Comunicação e Expressão / UA 14 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Uso de Pronomes Demonstrativos em Textos Organizacionais 5
pessoas
variáveis
invariáveismasCulino feminino
singular plural singular plural
1a este estes esta estas isto
2a esse esses essa essas isso
3a aquele aqueles aquela aquelas aquilo
Os pronomes demonstrativos podem ocorrer combinados com as pre-
posições de e em, do que resultam as formas deste (e suas flexões), disto, 
nisso; desse (e flexões), nesse (e flexões), disso, nisso; daquele (e flexões), 
naquele (e flexões), daquilo, naquilo.
Os pronomes aquele(s), aquela (s) e aquilo podem também combinar-se 
com a preposição “a”, caso em que recebem o sinal indicativo da ocorrên-
cia de crase: àquele(s), àquela(s), àquilo. Observe a frase:
 → Enviamos a correspondência àqueles candidatos, solicitando seu 
comparecimento à empresa.
Classificam-se também como pronomes demonstrativos as palavras, o, a, 
os, as, quando equivalem a isso, isto, aquele, aquela, aqueles, aquelas. Veja 
na cena a seguir:
Menino: Olha só o que eu achei.
Na cena, a frase “Olha só o que eu achei!”, temos a palavra “o” como cor-
respondente de “aquilo”.
Também são considerados pronomes demonstrativos os vocábulos 
mesmo e próprio, quando reforçam pronomes pessoais ou fazem refe-
rência a algo expresso anteriormente:
Tabela 1. Pronomes 
Demonstrativos.
Comunicação e Expressão / UA 14 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Uso de Pronomes Demonstrativos em Textos Organizacionais 6
Administração do tempo – parte 31
(...) Quem trabalha como empregado está, na realidade, vendendo ao em-
pregador parte de seu tempo (e do uso de sua inteligência, de suas com-
petências, de seu esforço) em troca de um salário (dinheiro). Isso quer di-
zer que o uso de nosso tempo durante o horário de trabalho é, em parte, 
determinado pelo nosso empregador, não por nós mesmos. (...)
 → (nós mesmos)
Podem ainda ser classificadas como pronomes demonstrativos as pala-
vras tal e semelhante, quando equivalentes a esse, essa, aquela. Veja:
(...) Infelizmente, a realidade é que este mesmo jovem não está ainda pre-
parado para se inserir profissionalmente no mercado de forma autônoma 
e empreendedora. Tal situação é resultado tanto do sistema educacional 
brasileiro, como de valores da nossa sociedade, que ainda impregnam 
nossos jovens com a “síndrome do empregado”, mesmo percebendo que 
este elemento, o emprego, está desaparecendo no contexto de um mun-
do globalizado. (...)2
 → (Tal = essa)
empregO dOs prOnOmes demOnstrativOs
1. Em rElação ao Espaço
a. Este(s), esta(s) e isto: são pronomes utilizados para fazer referência 
a algo que se encontra perto da pessoa que fala:
 → Este caderno que está aqui é meu.
Observe que essa proximidade é reforçada pelo advérbio aqui.
b. Esse(s), essa(s) e isso: são pronomes utilizados para fazer referência 
a algo que se encontra perto do ouvinte:
 → Esse caderno na sua mão é seu?
1. Disponível em: 
http://www.acresa.
com.br/site/?p=864
2. MAMEDE, R. 
R. Educação em 
empreendedorismo 
como fator de 
desenvolvimento 
econômico: uma 
proposta para 
o município de 
Campo Grande-
MS. Disponível em: 
http://www.oei.
es/etp/educacao_
empreendedorismo_
fator_
desemvolvimento_
economico.pdf
http://www.acresa.com.br/site/?p=864
http://www.acresa.com.br/site/?p=864
http://www.oei.es/etp/educacao_empreendedorismo_fator_desemvolvimento_economico.pdf
http://www.oei.es/etp/educacao_empreendedorismo_fator_desemvolvimento_economico.pdf
http://www.oei.es/etp/educacao_empreendedorismo_fator_desemvolvimento_economico.pdf
http://www.oei.es/etp/educacao_empreendedorismo_fator_desemvolvimento_economico.pdf
http://www.oei.es/etp/educacao_empreendedorismo_fator_desemvolvimento_economico.pdf
http://www.oei.es/etp/educacao_empreendedorismo_fator_desemvolvimento_economico.pdf
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Na frase o pronome esse indica que o objeto (caderno) que estava próxi-
mo de seu interlocutor.
c. Aquele(s), aquela(s) e aquilo: são pronomes utilizados para fazer 
referência a algo que se encontra longe do falante e do ouvinte:
 → Aquela moça é muito bonita.
No exemplo, foi usado o pronome aquela para referir-se a uma moça (bo-
nita) que se encontrava distante do interlocutor e do seu ouvinte.
dicas
Na utilização dos pronomes demonstrativos para indicar a 
localização espacial, há geralmente uma correlação natural 
com os advérbios de lugar: aqui, ali e lá. Veja:
 → Proximidade com o falante: Isto aqui.
 → Proximidade com o ouvinte: Isso ali.
 → Proximidade com o assunto: Aquilo lá.
Em sua prática profissional, será muito comum a utilização desses prono-
mes na redação de documentos empresariais. Você utilizará, por exem-
plo, nesta (carta, empresa, cidade etc), quando o foco estiver no emissor 
do documento ou nessa (carta, empresa, cidade etc), quando o foco esti-ver no destinatário ou receptor do documento.
2. Em rElação ao tEmpo
a. Este(s), esta(s) e isto: indicam o tempo presente em relação à pes-
soa que fala:
Fofoqueiro está sujeito a demissão3
Uso de meios digitais para espalhar boatos sem identificação é crime.
Segundo especialistas, profissionais podem ser rastreados e prejudicar a 
carreira; defesa nessas situações é “difícil”.
Mesmo quando as mensagens são postadas ou enviadas anonimamen-
te, o funcionário está sujeito a penalidades previstas na Constituição, no 
3. Texto adaptado 
do jornal Folha de 
S. Paulo, de 13/6/ 
2010. Disponível 
em: http://www1.
folha.uol.com.br/
fsp/empregos/
ce1306201002.htm
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/empregos/ce1306201002.htm
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/empregos/ce1306201002.htm
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/empregos/ce1306201002.htm
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/empregos/ce1306201002.htm
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Código Civil e na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), que podem le-
var à demissão por justa causa, ao pagamento de indenização e, no limite, 
à detenção.
Segundo o perito digital Wanderson Castilho, uma mensagem de e-mail 
enviada anonimamente pode render demissão por justa causa.
De janeiro a maio deste ano, Castilho diz ter identificado e trabalhado 
com 19 ocorrências de mensagens eletrônicas enviadas anonimamente 
para falar mal de outras pessoas ou empresas.
Tendo em vista a data de publicação da matéria apresentada (13/6/2010), 
a expressão deste (ano) usada pelo redator remete ao momento presente 
em que ele se encontra, ou seja, o ano de 2010.
b. Esse(s), essa(s) e isso: indicam o tempo passado ou futuro, mas re-
lativamente próximo à época em que se situa a pessoa que fala. Ve-
jamos:
Após longos anos pertencendo ao setor privado (até meados da década 
de 60), o sistema de telefonia brasileiro consolidou seu processo de esta-
tização em 1972 com a criação da Telebrás. Durante praticamente duas 
décadas, mais precisamente até 1998, essa holding ditou as regras e regula-
mentou a comunicação no Brasil. Exatamente nesse ano se iniciou a criação 
do cenário de telefonia móvel celular no Brasil, tal qual conhecemos hoje.4
No fragmento apresentado, o pronome esse (presente na expressão “nes-
se ano”) é utilizado para fazer referência a um passado relativamente pró-
ximo (ano de 1998) em relação à época em que ocorreu a produção do 
texto (2006).
c. Aquele(s), aquela(s) e aquilo: indicam um afastamento no tempo, 
um passado vago ou muito remoto.
A pedra angular do pensamento de Gary Hamel é a importância vital da 
inovação. “Defendo a teoria de que, quanto maiores forem as dificulda-
des econômicas, maior a tentação de cortar despesas, mas é nesses mo-
mentos que a inovação radical se torna o único modo de avançar. Em um 
mundo descontínuo, apenas a inovação radical conseguirá criar riquezas 
4. BRASIL, R. A. S., 
Gestão empresarial 
por processos de 
negócio e seis sigma: 
estudo de caso 
aplicado ao segmento 
de telefonia móvel 
celular. Disponível 
em: http://www.
leansixsigma.
com.br/ACERVO/
ACERVO_14112414.
PDF
http://www.leansixsigma.com.br/ACERVO/ACERVO_14112414.PDF
http://www.leansixsigma.com.br/ACERVO/ACERVO_14112414.PDF
http://www.leansixsigma.com.br/ACERVO/ACERVO_14112414.PDF
http://www.leansixsigma.com.br/ACERVO/ACERVO_14112414.PDF
http://www.leansixsigma.com.br/ACERVO/ACERVO_14112414.PDF
Comunicação e Expressão / UA 14 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Uso de Pronomes Demonstrativos em Textos Organizacionais 9
novas. Apesar do naufrágio das empresas ponto.com, basta analisar o 
que aconteceu na última década para concluir que a maioria das recentes 
riquezas foi criada por estreantes no setor ou por empresas jovens. A 
única conclusão a que se pode chegar é que a inovação move a criação de 
riquezas”, afirma Hamel.(...)
Hamel compara a atual visão da inovação com o conceito de qualidade 
que predominava no mundo dos negócios na década de 1970. Naquela 
época, as pessoas reconheciam a importância da qualidade, mas desco-
nheciam os processos ou sistemas que permitiriam sua concretização.5
Como o texto faz referência a um passado remoto (década de 1970), o 
pronome demonstrativo utilizado para indicá-lo foi “aquela”, presente na 
expressão “naquela época”.
dicas
Os pronomes demonstrativos também podem ser usados para 
indicar uma relação de posse, deixando claro se o possuidor é o 
falante, o ouvinte ou o ser que serve como assunto. Veja:
 → Falante: Esta ideia é minha.
 → Ouvinte: Esse seu argumento não me convence.
 → Assunto: Aquele relatório é dele.
3. Em rElação às rEfErências a sEgmEntos do tExto
a. Este(s), esta(s) e isto: esses pronomes são utilizados quando se 
quer fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se vai falar. 
Vejamos:
Em todos os cursos de negociação ouvem-se frases como esta: “em 
uma negociação o cliente é quem tem o poder”; mas, O que é nego-
ciar? Qual o verdadeiro objetivo de uma negociação? (...)6
No parágrafo apresentado, o pronome esta faz referência à frase 
que será mencionada a seguir, qual seja, “em uma negociação o 
cliente é quem tem o poder”.
5. O laboratório de 
inovação em gestão. 
Disponível em: 
http://br.hsmglobal.
com/adjuntos/14/ 
documentos/000/ 
061/0000061637.pdf
6. Três fatores 
de sucesso para 
aumentar a 
efetividade de 
uma negociação. 
Disponível em: 
http://site.suamente.
com.br/tres-
fatores-de-sucesso-
para-aumentar-
a-efetividade-de-
uma-negociacao/
http://br.hsmglobal.com/adjuntos/14/
documentos/000/
061/0000061637.pdf
http://br.hsmglobal.com/adjuntos/14/
documentos/000/
061/0000061637.pdf
http://br.hsmglobal.com/adjuntos/14/
documentos/000/
061/0000061637.pdf
http://br.hsmglobal.com/adjuntos/14/
documentos/000/
061/0000061637.pdf
http://site.suamente.com.br/tres-fatores-de-sucesso-para-aumentar-a-efetividade-de-uma-negociacao/
http://site.suamente.com.br/tres-fatores-de-sucesso-para-aumentar-a-efetividade-de-uma-negociacao/
http://site.suamente.com.br/tres-fatores-de-sucesso-para-aumentar-a-efetividade-de-uma-negociacao/
http://site.suamente.com.br/tres-fatores-de-sucesso-para-aumentar-a-efetividade-de-uma-negociacao/
http://site.suamente.com.br/tres-fatores-de-sucesso-para-aumentar-a-efetividade-de-uma-negociacao/
http://site.suamente.com.br/tres-fatores-de-sucesso-para-aumentar-a-efetividade-de-uma-negociacao/
http://site.suamente.com.br/tres-fatores-de-sucesso-para-aumentar-a-efetividade-de-uma-negociacao/
http://site.suamente.com.br/tres-fatores-de-sucesso-para-aumentar-a-efetividade-de-uma-negociacao/
http://site.suamente.com.br/tres-fatores-de-sucesso-para-aumentar-a-efetividade-de-uma-negociacao/
http://site.suamente.com.br/tres-fatores-de-sucesso-para-aumentar-a-efetividade-de-uma-negociacao/
http://site.suamente.com.br/tres-fatores-de-sucesso-para-aumentar-a-efetividade-de-uma-negociacao/
Comunicação e Expressão / UA 14 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Uso de Pronomes Demonstrativos em Textos Organizacionais 10
b. Esse(s), essa(s) e isso: esses pronomes são empregados quando se 
quer fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou. Observe:
A arte da negociação7
Em todos os cursos de negociação ouvem-se frases deste tipo:
 → “Em uma negociação o cliente é quem tem o poder.”
 → “Os vendedores não tem outra opção que aceitar as preten-
sões dos clientes.”
 → “É necessário outorgar condições favoráveis aos clientes.”
Isso faz com que muitas vezes nos esqueçamos de qual é o verdadei-
ro objetivo de uma negociação.
Lendo atentamente o texto, podemos observar que enquanto o pro-
nome este, presente na expressão “deste tipo”, remete a algo que 
ainda será mencionado no texto, o pronome Isso retoma toda a ideia 
mencionada anteriormente. Nesse sentido, Isso corresponde a “ou-
vir as frases mencionadas nos cursos de negociação”. É, pois, ouvir 
tais frases o que “faz com que muitas vezes nosesqueçamos de qual 
é o verdadeiro objetivo de uma negociação”.
c. Este e aquele: esses pronomes são ambos utilizados num mesmo 
enunciado quando se faz referência a termos já mencionados, usan-
do-se aquele para o termo mencionado em primeiro lugar e este 
para o último termo mencionado. Veja:
Muitos teóricos da área de gestão ressaltam, na definição do perfil 
do líder contemporâneo, a diferença entre os conceitos de poder e 
liderança. Enquanto aquele é definido como uma faculdade pela 
qual se exige um subordinado faça a vontade de seu chefe, mesmo 
que isso seja contrária a sua própria vontade; esta se define como 
uma habilidade pela qual se motiva as pessoas a fazerem o que é 
necessário, de boa vontade, por inspiração e conhecimento de sua 
verdadeira finalidade.
7. Três fatores 
de sucesso para 
aumentar a 
efetividade de 
uma negociação. 
Disponível em: 
http://site.suamente.
com.br/tres-
fatores-de-sucesso-
para-aumentar-
a-efetividade-de-
uma-negociacao/
http://site.suamente.com.br/tres-fatores-de-sucesso-para-aumentar-a-efetividade-de-uma-negociacao/
http://site.suamente.com.br/tres-fatores-de-sucesso-para-aumentar-a-efetividade-de-uma-negociacao/
http://site.suamente.com.br/tres-fatores-de-sucesso-para-aumentar-a-efetividade-de-uma-negociacao/
http://site.suamente.com.br/tres-fatores-de-sucesso-para-aumentar-a-efetividade-de-uma-negociacao/
http://site.suamente.com.br/tres-fatores-de-sucesso-para-aumentar-a-efetividade-de-uma-negociacao/
http://site.suamente.com.br/tres-fatores-de-sucesso-para-aumentar-a-efetividade-de-uma-negociacao/
http://site.suamente.com.br/tres-fatores-de-sucesso-para-aumentar-a-efetividade-de-uma-negociacao/
http://site.suamente.com.br/tres-fatores-de-sucesso-para-aumentar-a-efetividade-de-uma-negociacao/
http://site.suamente.com.br/tres-fatores-de-sucesso-para-aumentar-a-efetividade-de-uma-negociacao/
http://site.suamente.com.br/tres-fatores-de-sucesso-para-aumentar-a-efetividade-de-uma-negociacao/
http://site.suamente.com.br/tres-fatores-de-sucesso-para-aumentar-a-efetividade-de-uma-negociacao/
Comunicação e Expressão / UA 14 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Uso de Pronomes Demonstrativos em Textos Organizacionais 11
No fragmento apresentado, o pronome aquele se refere a “poder” 
termo mencionado em primeiro lugar no texto, enquanto esta se 
refere a “liderança”, último termo mencionado.
atenção
Embora seja comum na leitura de diversos textos a observa-
ção do uso indistinto dos pronomes demonstrativos, a ina-
dequação na utilização desses pronomes pode comprometer 
a inteligibilidade e clareza do texto.
antena 
pArAbóliCA
Como vimos, os pronomes demonstrativos são aqueles 
que situam a pessoa ou a coisa demonstrada em relação 
às três pessoas do discurso, ou seja, fazem ver, dão a 
conhecer ou indicam algo. Em virtude dessas caracterís-
ticas, tais pronomes são muito utilizados em anúncios 
publicitários, cuja função primordial é justamente apre-
sentar ou demonstrar determinado produto.
Preste atenção da próxima vez que você ver um anún-
cio publicitário. Certamente, encontrará um dos prono-
mes estudados nesta aula.
e AgorA, José?
Agora que você já sabe quais são os pronomes demons-
trativos e como utilizá-los adequadamente na elabora-
ção de um texto, chegou a hora de aprender sobre outro 
tipo de pronome: os pronomes relativos. Para tanto, na 
próxima aula, você aprenderá como os pronomes relati-
vos podem também contribuir para a elaboração de tex-
tos organizacionais.
Até a próxima aula!
Comunicação e Expressão / UA 14 Coesão e Coerência em Diferentes Gêneros Discursivos: Uso de Pronomes Demonstrativos em Textos Organizacionais 13
reFerênCiAs
CEREJA, W. R.,; MAGALHÃES, T. C.; Gramática re-
flexiva: texto, semântica e interação. São 
Paulo: Atual, 1999.
FIORIN, L. J.; SAVIOLI, F. P. Lições de texto: lei-
tura e redação. 6a ed. São Paulo: Ática, 
2003.
KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e escrever: estra-
tégias de produção textual. São Paulo: 
Contexto, 2009.
_____ Ler e compreender: os sentidos do tex-
to. São Paulo: Contexto, 2009.
LEITE, R. ET AL. Novas palavras: literatura, 
gramática, redação e leitura. São Paulo: 
FTD, 1997.
gestão empresarial
comunicação e expressão
Coesão TexTual: 
Pronomes relaTivos
15
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final desta aula, o aluno deverá conhecer os prono-
mes relativos da língua portuguesa e as condições de 
uso dessa classe de palavras.
COmpetênCias 
Reconhecer os pronomes relativos adequados às rela-
ções coesivas que garantem a progressão das ideias no 
texto.
Habilidades 
Selecionar e empregar, em contextos dados ou de sua 
própria elaboração, elementos coesivos da classe dos 
pronomes relativos, construindo sequências textuais 
adequadas, nas diferentes modalidades de texto.
comunicação e expressão
Coesão TexTual: 
Pronomes relaTivos
ApresentAção
Nesta aula, você aprenderá a empregar os pronomes re-
lativos como elementos coesivos utilizados na produção 
e intelecção de textos. Conhecerá as especificidades de 
uso desses pronomes nos contextos em que aparecem, 
podendo, com isso, para fazer a seleção adequada dessa 
espécie de coesivo.
pArA ComeçAr
Você conhece o poema “Quadrilha” de Carlos Drum-
mond de Andrade?
João amava Teresa
	 ↓
 QUE amava
 Raimundo
	 ↓
 QUE amava
 Maria
	 ↓
 QUE amava
 Joaquim
	 ↓
 QUE amava
 Lili
	 ↓
 QUE não amava 
ninguém.
Notou que a construção da quadrilha é baseada numa 
cadeia de amores e desamores? E que essa cadeia tem 
seus elos na palavra QUE, referindo-se a diferentes pes-
soas? Isso é possível porque estamos lidando com o cha-
mado pronome relativo. Note como se forma o encade-
amento de amores e desamores no poema:
Comunicação e Expressão / UA 15 Coesão Textual: Pronomes Relativos 4
Nesta aula, conheceremos melhor essa classe de palavras em suas es-
pecificidades e diferentes empregos em nossa língua. Vamos lá!
FundAmentos
A classe dos pronomes relativos é um dos principais elementos de coesão 
num texto que produzimos. É necessário, inicialmente, compreender a 
função de pronome, para, depois, entender a função de relativo (isto é, 
responsável por relações).
Os pronomes, de modo geral, têm função substitutiva (“pro” = em lugar 
de); assim, ocupam na cadeia do enunciado o lugar de um conteúdo que 
se queira expressar, sem repetir a forma dada a tal conteúdo, isto é, sem 
repetir a palavra ou expressão daquele conteúdo.
A referência do pronome pode ser linguística (de palavra, ou palavras) 
ou extralinguística (referindo-se à realidade extraverbal, às coisas, ideias 
e seres do universo abarcado pelo conhecimento).
Há pronomes que se referem ao mundo extralinguístico, representan-
do, no enunciado, as figuras do emissor, (aquele que fala) e do receptor 
(aquele a quem fala o emissor). Esses pronomes são eu e nós (para o 
emissor) você(s) (para o receptor).
Já vimos, em nossa aula anterior, vários pronomes capazes de fazer a 
retomada de informações precedentes, como ocorre nas seguintes frases:
 → O Gerente saiu, e o Supervisor foi com ele.
 → Apanhe o folheto, guarde-o na gaveta e não deixe de levá-lo à escola, 
amanhã.
Observe-se, agora, o enunciado abaixo.
 → O professor nos indicou um livro, e o livro é muito interessante.
Nele, fica clara uma repetição desnecessária da palavra livro; numa pri-
meira etapa, poder-se-ia substituir livro por ele:
 → O professor nos indicou um livro, e ele é muito interessante.
Mas o resultado ainda não é a forma ideal, de um enunciado de elabora-
ção sintático-semântica fluente. A “fluência” só será atingida quando se 
Comunicação e Expressão / UA 15 Coesão Textual: Pronomes Relativos 5
empregar um termo que associe as funções de substituição e de nexo, de 
elo entre as partes do período.
Esse termo, capaz de reunir essas funções (de substituto e de relator), 
é exatamente o pronome relativo, cujo emprego dá ao enunciado a se-
guinte feição:
 → (1) O professor nos indicou um livro, (2) que é muito interessante.
Como se percebe,o responsável, ao mesmo tempo, pela substituição de 
livro e pela ligação entre as orações (1) e (2) é o pronome relativo que.
A escolha do relativo adequado para a frase que estivermos elaboran-
do deverá ser feita a partir da análise de diversos fatores; um deles - que 
é primordial – é o antecedente do pronome, isto é, a palavra que o pro-
nome substituirá na frase. A análise desse antecedente levará em conta 
se ele é animado ou inanimado, humano ou não humano, compatível com 
algum tipo de palavra (por exemplo, lugar). Esse critério baseado na defi-
nição da natureza do antecedente é um dos mais importantes para definir 
a escolha adequada do pronome relativo.
Outro elemento de importância nessa escolha é o sentido do próprio 
relativo. Há relativos que têm sentido próprio: é o caso de onde, que guar-
da o significado de “lugar”, de cujo, que tem sentido de “posse” (seu, sua, 
dele), de quem, que identifica “pessoa”, e de quanto(s)(as), com sentido 
próprio de “quantidade”. Entre esses, quem, onde e quanto(s)(as) po-
dem ser usados sem antecedente expresso, (o chamado uso absoluto), 
exatamente porque o relativo traz seu próprio sentido à frase. Observe:
 → O funcionário a quem encaminhei a proposta demitiu-se.
 → “Quem eu quero não me quer...”
 → Vejo que a casa onde mora é luxuosa.
 → “Onde me espetam, fico.”
 → “Tenho tudo quanto quero.”
 → Livros? Compro sempre quantos posso.
É preciso, ainda, verificar a combinatória dos pronomes relativos com ou-
tras palavras da frase: enquanto alguns relativos podem-se combinar com 
qualquer tipo de palavra (caso de cujo e quanto, e suas flexões), outros 
combinam com preposições monossilábicas (que), com preposições não 
monossilábicas (caso de o qual e suas flexões, que se usado sem prepo-
sição estará distanciado de seu antecedente).
Imaginemos enunciados em “estado bruto”, cujas partes deverão ser 
ligadas por pronomes relativos:
Comunicação e Expressão / UA 15 Coesão Textual: Pronomes Relativos 6
a. A reunião foi muito proveitosa. Compareci à reunião ontem.
b. Não conheço a pessoa. Você diz que encontrou os documentos na 
sala dela.
c. Estivemos no edifício daquela empresa. Nele ocorreu um incêndio.
Na frase 1, o antecedente do pronome é a palavra reunião: portanto, o 
antecedente é inanimado, não humano; será substituído pelo relativo na 
frase onde ocorre o verbo comparecer, verbo, como se vê, acompanhado 
de preposição monossilábica. Nessas condições, a resposta será: o relati-
vo é que:
a. A reunião a que compareci ontem esteve muito animada.
(Note a “quebra” da primeira parte da declaração, para a inclusão da 
frase contendo o pronome relativo: isso sempre ocorrerá para manter-se 
o relativo o mais perto possível de seu antecedente.)
Na frase 2, o antecedente é a palavra pessoa, retomada pelo pronome 
possessivo dela = a sala da pessoa. Existe aí uma indicação claríssima de 
posse; portanto, só pode caber na frase CUJA, concordando com sala. A 
declaração 2 realiza-se com o pronome relativo da forma seguinte:
b. Não conheço a pessoa em cuja sala você diz que encontrou os 
documentos.
Finalmente, o enunciado 3; nele existe um antecedente compatível com 
lugar: edifício da empresa. Para lugar, usa-se onde:
c. Estivemos no edifício daquela empresa onde ocorreu um incêndio.
Vamos agora fazer uma descrição mais pormenorizada de cada um dos 
pronomes relativos.
1. prOnOme relativO: QUe
Que é um pronome do tipo “doador universal”, visto que pode ocorrer 
substituindo palavras de naturezas as mais diferentes, pode-se combinar 
– ou não – com preposições, pode ser usado em lugar de outros relativos. 
Essa propriedade desse pronome se deve principalmente a sua neutrali-
dade. Observe que ele não tem flexão de gênero (masculino / feminino) 
nem de número (singular / plural); também é vazio de sentido – seu signi-
ficado na frase será sempre o significado de seu termo antecedente.
Veja essas características nos contextos a seguir:
Comunicação e Expressão / UA 15 Coesão Textual: Pronomes Relativos 7
 → O homem que caiu do telhado ficou muito ferido.
 → A moça que caiu do telhado ficou muito ferida.
 → Os gatos que caíram do telhado ficaram muito feridos.
 → A antena que caiu do telhado ficou completamente destruída.
 → As telhas que caíram do telhado ficaram completamente que-
bradas.
Você pôde perceber que o relativo que substitui diferentes antecedentes, 
adquirindo, portanto, diferentes sentidos:
O	homem	ficou	muito	ferido ...	o	homem	caiu	do	telhado
A	moça	ficou	muito	ferida ...	a	moça	caiu	do	telhado
Os	gatos	ficaram	muito	feridos ...	os	gatos	caíram	do	telhado
A	antena	ficou	completamente	
destruída ...	a	antena	caiu	do	telhado
As	telhas	ficaram	
completamente	quebradas ...	as	telhas	caíram	do	telhado
Veja, agora, esse mesmo pronome em combinação com preposições:
 → A atividade escolar de que mais gosto é a leitura.
 → Essa é a atividade em que pretendo investir e a que dedico mais 
tempo.
Por fim, note como ele pode ser usado em lugar de outros relativos.
Não	conheço	o	funcionário	
a quem	você	se	refere.
Não	conheço	o	funcionário	
a que	você	se	refere.
A	rua	onde	moro	é	muito	
movimentada.	
A	rua	em que	moro	é	
muito	movimentada.
Os	objetivos	pelos quais 
luta	são	nobres. Os	objetivos	por que	luta	são	nobres.
2. prOnOme relativO: O QUal, a QUal, Os QUais, as QUais
Esses pronomes também não têm sentido próprio; podem substituir an-
tecedentes animados (humanos e não humanos) e inanimados. As con-
dições de emprego deles são muito semelhantes às condições de uso do 
relativo que. O que pode diferenciá-los, então?
Em primeiro lugar, a distância entre o antecedente e o relativo. No 
desenvolvimento da frase, o antecedente e o relativo devem estar o 
mais próximos possível – em geral, o antecedente é a palavra vizinha do 
Comunicação e Expressão / UA 15 Coesão Textual: Pronomes Relativos 8
pronome. Mas, se as condições em que se apresenta a informação não 
permitem essa proximidade, é necessário criar uma referência mais pre-
cisa, o que se faz flexionando o relativo na mesma forma do antecedente. 
Vamos ver como isso ocorre na prática.
Se alguém afirma:
 → Não gostei da proposta desse novo diretor, que me parece mui-
to indecente!
É possível perguntar: afinal, quem é indecente: a proposta ou o diretor? 
Essa ambiguidade não existiria se o relativo escolhido tivesse as marcas 
do seu antecedente.
Assim sendo, se a indecência for atributo do diretor, a frase será:
 → Não gostei da proposta desse novo diretor, o qual me parece 
muito indecente!
Já, se a indecência for atributo da proposta, a frase será:
 → Não gostei da proposta desse novo diretor, a qual me parece 
muito indecente!
Definida a questão, acaba a dúvida!
Cabe ainda observar que há um critério de ordem subjetiva que leva ao 
emprego desse relativo; trata-se da entonação, daquilo que nosso ouvido 
entende como uma combinatória sonora harmoniosa. É um tanto quanto 
difícil “afinar” esse critério, razão pela qual é preferível observar combina-
tórias com preposições tônicas, monossilábicas ou não, com as quais esse 
relativo (também tônico) soa melhor:
 → Estes são os critérios mediante os quais foram escolhidos os can-
didatos à vaga.
 → Houve obstáculos, diante dos quais suspendemos a execução do 
projeto.
 → Há opiniões segundo as quais o mercado de ações voltará a equili-
brar-se.
3. prOnOme relativO: QUem
Esse relativo tem sentido próprio, como se afirmou: ele carrega consigo 
a carga semântica de pessoa, ser humano. Logo, seu antecedente tem de 
ter esse atributo, como nas frases:
Comunicação e Expressão / UA 15 Coesão Textual: Pronomes Relativos 9
 → João foi o funcionário a quem se atribuiu a função de Supervisor. 
Afinal, ele é a pessoa em quem o Diretor da empresa deposita total 
confiança.
Você percebeu que antes desse pronome há sempre uma preposição? 
Pois é: isso sempre ocorre quando ele tem o antecedente expresso. Nes-
sas duas ocorrências, o relativo quem possui antecedentes, respectiva-
mentefuncionário e pessoa.
Mas é possível empregá-lo também sem antecedente, já que ele tem 
sentido próprio. Note essa propriedade em:
 → Quem souber do paradeiro dela deve avisar a polícia.
Essa particularidade de quem está presente nos ditos populares, com 
sentido de generalização da ideia de pessoa, equivalendo a toda pessoa 
que. Eis alguns exemplos:
 → Quem tudo quer nada tem.
 → Quem espera sempre alcança.
 → Quem com ferro fere com ferro será ferido.
 → Quem vê cara não vê coração.
4. prOnOme relativO: CUjO, CUja, CUjOs, CUjas
Afirmamos que esse relativo expressa a informação de posse. Vamos per-
ceber que o mecanismo de seu emprego é um pouco diferente daqueles 
dos demais relativos, porque cujo(a)(s) mantêm uma dupla relação: com 
um termo antecedente e com um termo consequente. Como isso se dá?
Em toda relação de posse, existe um possuidor e uma coisa possuída, 
certo? São esses os dois elementos que esse pronome relaciona: o possui-
dor é o antecedente; a coisa possuída é o consequente.
Na frase:
 → Elogiei o funcionário deste setor. O projeto do funcionário foi 
premiado.
Possuidor: o funcionário. Coisa possuída: o projeto.
Na relação entre esses dois termos, temos:
 → Elogiei o funcionário cujo projeto foi premiado.
	 ↓	 ↓
 possuidor coisa possuída
Comunicação e Expressão / UA 15 Coesão Textual: Pronomes Relativos 10
Agora note a flexão desse relativo:
 → Elogiei o funcionário cuja proposta foi premiada.
 → Elogiei o funcionário cujos projetos foram premiados.
 → Elogiei o funcionário cujas propostas foram premiadas.
Percebeu que esse pronome relativo concorda com a coisa possuída, com 
o consequente?
Uma última e muito importante observação:
Atenção
Nunca use artigo (o, a, os, as) depois de cujo, cuja, cujos, 
cujas! O artigo está embutido na flexão nominal do pronome.
5. prOnOme relativO: Onde
Esse relativo também tem sentido próprio. Onde significa lugar em que... 
assim, só pode ser usado quando o antecedente dele tiver sentido de lu-
gar, como ocorre em:
 → A rua onde moro, a cidade onde vivemos...
Rua e cidade são referências espaciais, são lugares.
É preciso ficar alerta para não fazer uso indevido desse pronome; aliás, 
ele tem sido uma espécie de “muleta de frase”, entrando em contextos os 
mais esquisitos, só para ligar uma frase com outra, independentemente 
do que se diz!
Fuja de ocorrências como – Eles fizeram um estudo onde concluíram que 
a empresa deve investir em agronegócio. Afinal, estudo não é um lugar...
DicA
Existe aonde?
Sim, essa forma nada mais é do que o relativo onde com-
binado com a preposição A.
Essa forma ocorre sempre que existe na frase um verbo 
com sentido de direção, por exemplo, o verbo ir:
Comunicação e Expressão / UA 15 Coesão Textual: Pronomes Relativos 11
 → Vou aonde me mandam...
 → Não sei aonde eles foram.
 → A montanha aonde se dirigem os alpinistas é muito perigosa.
Também se pode encontrar a forma donde, que nada mais é do que de 
onde (aliás, uma construção mais contemporânea...); essa forma aparece 
com verbos que têm sentido de procedência:
 → O lugar donde vieram os tiros ainda não foi determinado pela 
perícia.
Você notou que nessas duas frases o relativo onde foi empregado sem an-
tecedente expresso? Isso ocorre pelo fato de ele ter sentido próprio de lu-
gar (da mesma maneira que ocorre com o relativo quem, conforme vimos).
6. prOnOme relativO: QUantO(a)(s)
Esse é um relativo que só se usa quando existe a noção de quantidade. 
E há uma diferença entre ele e os demais: ele tem antecedentes fixos, 
em número limitado. Ele se refere às palavras tudo, todos, todas, tanto, 
tantos, tantas.
Veja os exemplos:
 → Ele tem tudo quanto desejou na vida.
 → Comprou os DVDs e assistiu a todos quantos “couberam” num só 
dia...
 → Realizou as tarefas, tantas quantas lhe foram exigidas.
Também se admite o emprego absoluto desse relativo:
 → Saibam quantos estão aqui presentes que nossa empresa vai ex-
pandir suas atividades.
DicA
Na sequência, você encontrará um quadro que resume a 
descrição dos pronomes Relativos; ele traz os elementos 
que definem a seleção do pronome adequado, partindo da 
observação e da análise de antecedente, combinatória, 
sentido e uso absoluto. Para resolver seus exercícios, ou 
para produzir seus textos, acadêmicos, empresariais ou de 
Comunicação e Expressão / UA 15 Coesão Textual: Pronomes Relativos 12
qualquer outro gênero, use o quadro – ele vai ajudá-lo a 
fazer a escolha adequada do pronome relativo.
relativo antecedente combinatória sentido uso absoluto
que
• Animado (humano 
ou não humano);
• Inanimado.
1. Sem preposição.
2. Com preposição 
pura / monossilábica 
(a, de, em, por).
Não tem sentido 
próprio. Não é possível.
o	(a)
qual
os	(as)
quais
• Animado (humano 
ou não humano);
• Inanimado.
1) Com ou sem 
preposição, se o 
antecedente estiver 
distanciado.
2) Com preposição 
ocasional / não 
monossilábica (com, 
sem, mediante, para, 
segundo, etc.).
Não tem sentido 
próprio. Não é possível.
quem Humano Com antecedente e preposição Pessoa
É possível, sem 
preposição.
cujo(s)
cuja(s)
• Animado (humano 
ou não humano);
• Inanimado.
É livre Posse Não é possível.
onde Compatível com lugar.
1. Sem preposição.
2. Com preposições 
(a: aonde, de: 
donde / de onde).
Lugar É possível.
quanto(s)	
quanta	(s)
Todos, todas, 
tanto(s), tantas, tudo É livre. Quantidade É possível.
Tabela 1. Quadro dos 
pronomes relativos.
antena 
pArAbóliCA
Tal como comentado em nossa aula anterior, o adequa-
do emprego dos pronomes relativos é garantia de efi-
cácia do texto, pois permite que o circuito de comunica-
ção se estabeleça de tal maneira que emissor e receptor 
compartilhem a mesma informação. O correto uso des-
ses pronomes dará a todos os textos que você produzir, 
nas atividades de estudo, profissionais ou sociais, a cer-
teza de que você está se comunicando bem!
e AgorA, José?
O desenvolvimento de incontáveis atividades em seu 
cotidiano vai demandar os recursos de língua que você 
estudou nesta unidade. Os elementos coesivos aqui tra-
tados são imprescindíveis à produção de qualquer gêne-
ro textual e também da compreensão de textos – afinal, 
eles são portadores de informações que circulam pelos 
textos em geral. Compreendê-los, saber analisá-los e 
empregá-los é um grande passo para seu desempenho 
nas mais diversas situações de comunicação. Agora você 
já está preparado para isso!
Comunicação e Expressão / UA 15 Coesão Textual: Pronomes Relativos 14
glossário
Sintático-semântico: termo composto que se 
refere aos dois tipos de relação que pode 
haver no texto: a relação sintática é própria 
das relações hierárquicas e da organização 
dos termos entre si (sujeito X verbo; verbo X 
complemento; palavra de ligação x comple-
mento etc.); a relação semântica é referente 
aos vínculos de sentido entre as palavras no 
contexto. Atualmente, não se separam essas 
duas importantes propriedades que devem 
estar presentes em frases, períodos e textos.
Antecedente: termo que vem antes do prono-
me relativo e cujo conteúdo é retomado por 
este.
Consequente: termo que vem depois do relati-
vo “cujo(a)(s)” e que designa a coisa possuí-
da, numa relação de posse.
reFerênCiAs
BECHARA, E. Moderna gramática língua por-
tuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001
MARTINS, D. S. ; ZILBERKNOP, L. S. Português 
Instrumental. 25a ed. São Paulo: Atlas, 
2004.
gestão empresarial
comunicação e expressão
Coesão e CoerênCia em 
doCumentos empresariais 
e em textos midiátiCos
16
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de identificar 
falta de coesão e coerência em textos noticiosos e em 
propagandas, filtrar informações e ainda escrever um 
texto empresarial mantendo a coerência e a coesão. 
COmpetênCias 
Compreensão do processo de identificação de falhas de 
coesão e coerência em textos midiáticos.
Habilidades 
Compreensão do processo de identificação de falhas de 
coesão e coerência em textosmidiáticos
comunicação e expressão
Coesão e CoerênCia 
em doCumentos 
empresariais e em 
textos midiátiCos
ApresentAção
É comum, no ambiente empresarial, que textos causem 
excelente impressão sem que o leitor saiba exatamente 
por quê. É o caso de textos que, além de coerentes, são 
coesos. Coerência é um conceito simples de entender e 
atendê-la requer, sobretudo domínio do assunto trata-
do e atenção. Coesão é, ao menos a princípio, uma ideia 
menos intuitiva, mas muito importante, como demons-
tra esta aula. E, em relação aos textos midiáticos, essa 
aula também examina coerência e coesão na mídia, es-
pecialmente no texto noticioso. Esse estudo auxiliará o 
gestor a exercer um olhar crítico sobre o que lê e reforça 
os conceitos de coerência e coesão.
pArA ComeçAr
É muito comum que erros sejam cometidos em empre-
sas por redação defeituosa de textos, com consequente 
dificuldade de compreensão. Mas o que torna um tex-
to organizacional inteligível? Algumas características do 
bom texto são fáceis de entender: termos claros e bem 
definidos, construção direta sempre que possível e au-
sência de palavras desnecessárias. Outras propriedades 
do texto organizacional adequado não são tão óbvias, 
inclusive e principalmente a coerência e a coesão.
Um texto coerente, como já foi visto, é o texto livre de 
inconsistências e contradições. É muito importante no 
mundo empresarial ser lógico e consistente.
Parece fácil, não? Mas não é exatamente. A falta de 
coerência nem sempre é óbvia, como será demonstrado 
ainda nesta aula.
O conceito de coesão é mais complexo, como você 
já percebeu nas aulas anteriores. Mas certamente você 
já viu muitas e muitas vezes, por exemplo, cartas que 
começavam na 3ª pessoa (a empresa decidiu...) e lá pe-
las tantas mudava para a 1ª pessoa (resolvemos que as 
ações serão...). Outro exemplo é o uso indiscriminado de 
Comunicação e Expressão / UA 16 Coesão e Coerência em Documentos Empresariais e em Textos Midiáticos 4
singular e plural com a intenção de significar exatamente a mesma coisa, 
como um relatório que menciona “o gerente” em um determinado pará-
grafo e “os gerentes” um pouco mais adiante.
Vamos, então, ver como reconhecer essas armadilhas que se põem no 
caminho da coerência e da coesão dos textos empresariais. 
É importante ressaltar que muitos desses textos organizacionais são 
muito comuns em formato midiático. O texto midiático é também muito 
utilizado nas organizações e tem particular importância. Embora vários 
sejam os gêneros a ele associados (publicitário, ficcional – novelas, políti-
co), vamos fixar no noticioso que, de certa maneira, é capaz de esclarecer 
o modo como certas características se desenvolvem nos textos da mídia. 
É claro que uma notícia tem de ser escrita com coerência. Imagine um 
jogo de futebol noticiado como tendo acontecido na estação espacial or-
bital: evidentemente, lá não há espaço para isso... Ou um anúncio que 
prometa emagrecimento de 50 quilos por dia. Existem certas incoerências 
grosseiras – as mencionadas, por exemplo. Fáceis de perceber. Ninguém 
acreditaria na possibilidade do tal jogo em espaço tão pequeno e, ainda 
por cima, sem a força da gravidade. Da mesma forma, qualquer pessoa, 
por menos esclarecida que seja, tem consciência da impossibilidade de 
perder 50 quilos em um único dia. Mas, às vezes, o que é claro para um 
não o é para o outro. 
Nesta aula vamos estudar a forma como a coerência é construída nos 
textos empresariais e midiáticos, jornalísticos e publicitários. A coesão 
também será observada como forma de melhoria textual. 
Dica
Ter cuidado evita problemas!
Erros de coerência e coesão são detectáveis e podem ser 
corrigidos a partir do entendimento dos conceitos e atenção 
ao produzir o texto.
FundAmentos
Fávero e Koch (1998) afirmam que todo falante de uma língua é capaz 
de distinguir um texto coerente de um aglomerado incoerente de enun-
ciados e esta é especificamente uma competência linguística em sentido 
amplo. 
Comunicação e Expressão / UA 16 Coesão e Coerência em Documentos Empresariais e em Textos Midiáticos 5
Lembremos que coesão e coerência são fatores de textualidade com-
plementares e nem sempre aparecem separados. Para alguns autores 
como Koch (2000), a coesão é um fenômeno distinto que diz respeito ao 
modo como os elementos linguísticos presentes na superfície textual se 
encontram interligados. Para esta autora, a coesão se constitui sobree 
duas bases: a remissão e a sequenciação. A primeira ocorre no texto por 
meio da referenciação anafórica ou catafórica, formando cadeias coesivas 
mais ou menos longas – são elementos que retomam referentes princi-
pais ou temáticos e estão presentes, geralmente, no texto inteiro. Você já 
estudou esse assunto na aula 14, lembra?
A coerência se configura em um aspecto externo ao texto, uma vez que 
está relacionada aos contextos de situação. Nesse sentido, estão envolvi-
dos os diversos fatores interpessoais, além e outras formas de influência 
recebida pelo falante em situação de comunicação. Isso significa dizer que 
o contexto no qual está inserido o falante é significativo para a construção 
da coerência textual. 
Os erros de coerência e coesão no texto organizacional são, na maior 
parte das vezes, parecidos uns com os outros. É nos erros mais comuns 
que vamos nos concentrar de modo a que você possa aperfeiçoar seu 
método de análise e produção de textos.
conceito
A coesão refere-se à forma como os elementos gramaticais 
se relacionam no texto e a coerência refere-se ao contexto.
1. COerênCia
Os aspectos da coerência que vamos examinar são:
1.1. Causalidade;
1.2. Certeza;
1.3. Consequência.
1.1 Causalidade
A causalidade é tornada evidente quando se estabelecem relações de cau-
sa e efeito; seus nexos são: porque, já que, pois, por causa de, suposto que, 
como que.
Um erro comuníssimo em textos empresariais acontece quando se es-
creve que algo é importante (ou mesmo muito importante) sem explicar 
o motivo. Por alguma razão, as pessoas que cometem esse erro gostam 
http://pt.wikilingue.com/es/Nexo
Comunicação e Expressão / UA 16 Coesão e Coerência em Documentos Empresariais e em Textos Midiáticos 6
muito da expressão “é fundamental”. Praticamente todos os que traba-
lham em organizações já viram isso.
Segue exemplo de e-mail extraído de uma empresa de engenharia:
 → Seu relatório omite informações importantes. Pedimos que o revise.
Nesse caso real, a frase entre aspas não menciona quais as informações 
importantes que foram omitidas e cuja ausência provoca a necessidade 
de revisão. Explicitar as relações de causa e efeito, nesse caso, evitará 
dúvidas e retrabalho.
O texto correto seria:
 → Seu relatório omite informações importantes como: (mencionar as in-
formações importantes). Solicitamos (ou pedimos) que o revise.
Outro caso, na mesma empresa:
 → É fundamental que o relatório não ultrapasse duas páginas.
Trata-se de erro frequente. Não foi explicado o motivo da limitação do 
número de páginas do relatório.
O correto seria mencionar a(s) causa(s) dessa importância. Exemplos:
 → É fundamental que o relatório não ultrapasse duas páginas para ga-
rantir que seja lido na sua totalidade.
 → É fundamental que o relatório não ultrapasse duas páginas por ser 
esta a norma da empresa.
atenção
A afirmação de importância ou relevância de determinado 
assunto ou fato desacompanhada das causas dessa impor-
tância transmite falta de real conhecimento do assunto ou 
desleixo ao produzir o trabalho.
Outro erro comum envolvendo causalidade é a inversão de causa e efeito. 
Trata-se de uma inconsistência particularmente comum em discussões 
entre clientes e fornecedores.
Veja este caso: uma empresa de grande porte na área de construção 
enviou uma carta a um cliente importante alegando que “[...] os atrasos 
Comunicação e Expressão / UA 16 Coesão e Coerência em Documentos Empresariais e em Textos Midiáticos 7
na obra foram provocados pelas medidas tomadas pela fiscalização”. O 
clientepode entender que a fiscalização agiu por causa dos atrasos. Isso 
configura uma inversão de causa e efeito.
Quem escreve em ambiente empresarial deve ter atenção a afirmações 
que, não explicadas, passem por inversão de causa e efeito.
Um modo correto de escrever seria, por exemplo, “os atrasos na obra 
foram provocados por exigências da fiscalização fora do escopo de con-
trato: relatórios diários, apresentação de procedimentos escritos antes de 
se executar os trabalhos e testes não usuais.” Aqui não há possibilidade 
de duplicidade de interpretação.
1.2 Certeza
A certeza reforça as ideias que o autor apresenta no texto, ou seja, signifi-
ca uma afirmação que não admite ser contestada. Seus nexos são: eviden-
temente, seguramente, de fato, claro, ademais. Colocada em um documen-
to organizacional, deve ter base sólida, ou poderá destruir a credibilidade 
do texto. Leia o exemplo retirado de um relatório técnico:
 → Nossa experiência permite afirmar conclusivamente que existe ine-
ficiência operacional.
Essa frase (elaborada por gerente de empresa metalúrgica) concluiu um 
relatório em que eram somente apontados sinais de má operação, sem 
nada de conclusivo. Nesse caso, a certeza foi utilizada com improprieda-
de. Melhor seria dizer:
 → Nossa experiência permite apontar para indícios de ineficiência ope-
racional.
De um modo geral, as afirmações de certeza devem ser evitadas e subs-
tituídas por fatos. Quando em maio de 2010 o presidente da Telefônica 
disse, sobre a compra da Vivo: “Nós não temos nenhuma dúvida de que 
os acionistas da Portugal Telecom aprovarão a venda”, ele substanciou a 
informação com um fato: “A oferta é impecável. Ambas as companhias 
se beneficiarão com o acordo”. Ainda que se entenda que um negócio de 
grande porte provoque envolvimento emocional do presidente da empre-
sa compradora, aquele executivo faria melhor se tivesse falado somente 
nas vantagens para as duas organizações e não mencionasse a certeza, 
dispensável. Aliás, o negócio acabou se complicando...
http://pt.wikilingue.com/es/Nexo
Comunicação e Expressão / UA 16 Coesão e Coerência em Documentos Empresariais e em Textos Midiáticos 8
1.3 ConsequênCia
A consequência relaciona a continuidade das ideias, conforme o encade-
amento de frases, orações ou parágrafos. Alguns de seus nexos são: pois, 
deste modo, depois, portanto. Os erros mais comuns de consequência, 
presentes com frequência em textos de propostas organizacionais, estão 
listados e comentados a seguir.
a. Afirmação do consequente: ocorre quando o consequente não é re-
sultado de um argumento baseado no antecedente. Por exemplo, 
“como se sabe, uma boa proposta leva à vitória em licitações. Como 
vencemos a licitação, podemos concluir que desenvolvemos uma 
boa proposta”. Quem trabalhou em empresas sabe que, às vezes, 
uma proposta é mal escrita e mesmo assim a empresa vence a con-
corrência. Esse tipo de erro é particularmente pernicioso, pois difi-
culta as melhorias nos textos.
b. Negação do antecedente: acontece quando o antecedente é negado 
com recurso à ausência do consequente. Por exemplo, “se perdemos 
a licitação, isso significa que nossa proposta foi mal feita”. Aplicam-se 
aqui observações análogas às do item anterior, ou seja, o fato de per-
der não significa que o texto da proposta tenha sido mal elaborado.
c. Argumento de antiguidade: é muito comum que se justifique uma ati-
tude ou ação a partir da tradição como único argumento. Veja, por 
exemplo este texto: “a empresa está no mercado há 40 anos – se re-
solveu cortar mão de obra operacional, deve estar certa”. Um texto 
correto seria: “a empresa, que está no mercado há 40 anos, detectou 
excesso de mão de obra e resolveu cortá-lo por estar segura de que 
esse corte não afetará sua capacidade operacional.” A antiguidade 
pode até compor a argumentação, mas não pode ser o único argu-
mento.
d. Non sequitur (não segue): conclusão que não se sustenta nos an-
tecedentes. Veja, por exemplo, este texto: “Esse gerente tem nome 
alemão. Deve ser muito competente”. Nesse caso, mesmo em uma 
multinacional de origem alemã, o fato de um indivíduo ser alemão 
não lhe confere competência.
e. Apelo à autoridade: bastante comum em organizações, trata-se de 
conclusão a partir de apelo à autoridade como único argumento. Por 
exemplo, observe esta construção:
 → Se o diretor disse que é indispensável que trabalhemos todos os 
sábados, deve estar com a razão.
Comunicação e Expressão / UA 16 Coesão e Coerência em Documentos Empresariais e em Textos Midiáticos 9
A autoridade concedida ao diretor não esclarece o motivo da neces-
sidade do trabalho fora de horário normal. Melhor seria dizer, por 
exemplo:
 → O diretor disse que é indispensável que trabalhemos todos os sá-
bados para recuperar o atraso no projeto.
2. COerênCia nO textO jOrnalístiCO
Leia o texto a seguir:
Texto no 11
Tem melhor data para o Dia dos Namorados que um sábado à noite? Pois 
vocês já sabem: restaurantes, bares e até botecos lotadíssimos.
Como vocês podem perceber, esse primeiro texto apresenta uma impro-
priedade lógica: se bares, restaurantes e botecos estão lotadíssimos no 
sábado à noite, aqueles não seriam os melhores lugares para namorados 
festejarem, afinal é de se supor que eles prefiram ambientes mais aconche-
gantes que uma fila enorme. Haverá barulho, confusão, demora no aten-
dimento, o que também não combina com a intimidade esperada para a 
data. Esse é um exemplo de falta de coerência em um texto jornalístico.
Clareza é uma das características indispensáveis dos textos jornalísti-
cos. Para que sejam coerentes, é preciso evitar implícitos que os tornem 
inconsistentes.
Texto no 22
Seminário “Novos Cenários para a Política Nacional Antidrogas”
Com o objetivo de promover o debate sobre a condução da Política Na-
cional Antidrogas, está sendo realizado o Seminário “Novos Cenários para 
a Política Nacional Antidrogas”, nos dias 26 e 27 de março corrente, no 
Auditório do Palácio Itamaraty.
O Seminário, promovido pela Secretaria Nacional Antidrogas do Gabi-
nete de Segurança Institucional, conta com a participação de representan-
tes de órgãos do Governo Federal, da comunidade científica e da socie-
dade civil, presidentes e membros dos Conselhos Estaduais e Municipais 
Antidrogas/Entorpecentes, entre outros.
1. Giacomo Mancini, 
Correio da Bahia, 
em 6/6/2010.
2. Disponível em 
www.itamaraty.gov.br 
/sala-de-imprensa/
notas-a-imprensa/ 
2003/03/27/
Comunicação e Expressão / UA 16 Coesão e Coerência em Documentos Empresariais e em Textos Midiáticos 10
Ao final do Seminário, no dia 27 de março, às 18h30, será realizada Con-
ferência de Imprensa, na Assessoria de Comunicação Social do Itamaraty.
O texto no 2 é claro e apresenta todos os dados referentes ao seminário, 
tema da notícia. Não há espaço para duplas interpretações. Há coerência 
entre tema e corpo da notícia.
Texto no 33
O Movimento Socialista Pan-helênico (Pasok), liderado por Giorgio Papan-
dreu, obteve hoje a maioria absoluta nas eleições parlamentares gregas, 
segundo as primeiras pesquisas de boca de urna. O Pasok recebeu até 
44% dos votos, com o apoio de 159 dos 300 deputados do Parlamento.
Uma conta muito simples mostra que o número 159 corresponde a 53% 
de 300, e não a 44%. E 53% é mais da metade do número de deputados, 
o que obviamente não acontece com 44%, que não é maioria absoluta... 
Provavelmente a porcentagem refere-se ao número de votantes, dos 
quais 44% votaram no partido, mas isso não fica claro. Se fosse dito que 
os votos proporcionaram a eleição de 159 dos 300 deputados ficaria claro.
É preciso lembrar que números, por serem exatos, parecem demons-
trar confiabilidade e emprestam credibilidade aos textos. No entanto, a 
propósito de seu emprego na mídia jornalística, os profissionais da área 
costumam ter uma formação que não privilegia os números. Isso provoca, 
muitas vezes, impropriedades textuais que causam incoerências.
Vejamos exemplos específicos de incoerências na utilização dosnúme-
ros na mídia jornalística.
Exemplo 1:
 → Pesquisadores anunciam um novo remédio que é 50% mais efetivo 
que o remédio tradicional.
Como não está claro sobre qual valor incidem os 50%, é possível que o 
leitor pense que 50% do total de pacientes terão seus problemas resol-
vidos. No caso, o remédio tradicional funcionava em 4% dos casos. Se o 
desempenho do medicamento melhorou 50%, isso significa que o novo 
medicamento atinge 6% dos pacientes e não 50% como é a impressão 
inicial do leitor desavisado.
3. Agência EFE, 
4/10/2009.
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Se outros números fossem colocados na reportagem, os resultados 
seriam:
 → 30% tomaram um placebo, sem qualquer tratamento médico, e 
melhoraram;
 → 34% dos que usaram o remédio antigo melhoraram;
 → 36% dos que usaram o novo remédio melhoraram.
Um jornalista com desembaraço com números se sentiria seguro para 
perguntar o que, afinal, significariam os tais 50% e poderia fornecer a in-
formação ao leitor sem produzir incoerência entre o fato e a notícia.
Exemplo 2:
 → Entre 1985 e 1994, 62 por cento das fêmeas de urso polar estu-
dadas escavaram tocas na neve. De 1998 a 2004, apenas 37 por 
cento o fizeram.
Esses são os únicos números fornecidos pela reportagem e o leitor aten-
to questiona vários pontos: por cento de quanto? Dez ursos? Mil ursos? 
O primeiro período (1985 a 1994) cobre dez anos, mas o segundo somen-
te sete anos. E o que aconteceu em 1995, 96 e 97? Se o período integral 
de dez anos for mostrado, quais os resultados? É preciso que a notícia 
apresente elementos conclusivos, ou coloque claramente uma questão 
não respondida para evitar que o leitor tenha interpretação equivocada. 
Faltam dados, ou seja, falta coerência. A coerência exige completude de 
informação. Essa notícia apareceu em vários jornais norte-americanos do 
modo como apresentado em itálico. Nenhum jornalista fez os questiona-
mentos que aparecem no final do parágrafo precedente.
A incoerência verificada, motivada pela incompletude das informações, 
não permite que apresentemos a você uma correção.
Texto no 44
[...] Engaiolado, espremido, na classe econômica, você termina a viagem 
- seja qual for a opção - com os ossos moídos. E já desce do bonde andan-
do, porque não há tempo para o descanso: é preciso ir às ruas (lugar de 
repórter) e observar, conversar, ouvir histórias.
(Isso – alô estudantes de jornalismo! – faz parte do romanceado gla-
mour da vida de correspondentes internacionais).
4. Bernardo Pombo, 
Globo On-Line, 
19/6/2010.
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Mas, enfim, isso aqui não é uma queixa: apenas um registro sobre a 
melhor profissão do mundo.
O texto número 4 mostra um tipo bastante interessante de incoerência 
proposital que necessita de esforço do leitor para sua compreensão. Trata-
-se da figura de linguagem ironia. Compare o primeiro parágrafo, que fala 
de problemas e das inúmeras tarefas do profissional de jornalismo, com o 
segundo e terceiros parágrafos, que mostram, ironicamente, a opinião que 
se tem sobre o correspondente internacional. Como você pode observar, 
glamour não combina com engaiolado, espremido, ossos moídos, falta de 
tempo para descanso... Da mesma forma, não faz sentido considerar uma 
profissão com tantos percalços, como a melhor do mundo. O que o jornalis-
ta quis dizer, em mensagem implícita, é que os benefícios da profissão são 
suficientemente importantes para que se relevem os malefícios.
Dica
Coesão e Coerência: dois fatores de textualidade que não 
podem ser desprezados durante a construção do texto midi-
ático, sob pena de comprometerem sua compreensão.
3. COesãO
Você já sabe o que é coesão. Os erros mais comuns no texto empresarial 
estão relacionados a:
2.1. Arranjo formal;
2.2. Sequenciamento e ordenação;
2.3. Uso de conectivos;
2.4. Encadeamento de frases.
3.1 arranjo formal
Todos os textos empresariais devem ter, de algum modo: uma introdu-
ção, com os objetivos do texto; uma explicação sobre os antecedentes 
(contexto que levou à produção do documento); um desenvolvimento e 
uma conclusão. Isso se aplica mesmo a e-mails, em que o objetivo pode 
estar, por exemplo, no título; ou em uma carta, em que o objetivo pode 
vir declarado formalmente no início, ou ao menos em uma linha, na apre-
sentação do assunto. Como se sabe, uma carta deve ter, depois da data, 
o destinatário e, em seguida, uma linha com a apresentação do assunto.
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São comuns textos em que não se explica o objetivo no início. Isso faz 
com que, às vezes, o leitor chegue ao final da leitura sem saber o que o 
autor realmente pretendia. Infelizmente, essa falha é muito comum em 
relatórios.
Lembre-se
Um relatório deve iniciar com uma explicação concisa do ob-
jetivo, para que o leitor saiba, imediatamente e sem muito 
esforço, sobre que assunto vai ler.
Segue um exemplo de e-mail cujo título era “impacto no projeto”, elabora-
do por empresa de mineração:
 → Em tempo adequado, foram identificadas dificuldades que impac-
taram no projeto. Esses impactos foram ajustados, absorvidos e 
consolidados nos aditivos contratuais emitidos. A dinâmica do em-
preendimento, no entanto, não permitiu o cumprimento das metas. 
Constantes adaptações, ajustes e principalmente modificações de 
última hora introduzidas pela fiscalização, acabaram por impactar 
no desenvolvimento do projeto.
Esse texto está tão confuso, que não se sabe se solicitava mais prazo, 
outro aditivo contratual ou se era simplesmente um relato. Além de não 
evidenciar o objetivo, que esclareceria parte do texto, a falta de coesão 
representada pela má escolha de termos compromete ainda o entendi-
mento. Exemplos de mau uso de palavras: “tempo adequado” – não é 
apropriada ao contexto; “dinâmica do empreendimento” – expressão que 
não explica a que se refere; “no entanto” – termo deslocado. O texto afir-
ma que dificuldades impactaram o projeto, mas não diz quais foram essas 
dificuldades. Não se sabe se os impactos da primeira e da última frase são 
os mesmos. Se o autor tivesse explicitado um objetivo, talvez fosse possí-
vel entender o que quis dizer.
Outro item do arranjo formal que pode ser fonte de equívocos é o ta-
manho dos parágrafos, que não devem ser curtos ou compridos demais. 
Propostas e relatórios extensos podem ter, após a declaração de objeti-
vos, um sumário executivo, que se destina à leitura rápida de quem está 
interessado no assunto, mas não tem tempo para ler os detalhes. Esse 
sumário pode consistir de um único parágrafo longo ou ser dividido em 
parágrafos menores.
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3.2 sequenCiamento e ordenação
O sequenciamento é uma das fontes mais comuns de erros de coesão no 
texto organizacional. Um exemplo mostra como esse tipo de erro acon-
tece. Veja a seguir, uma enumeração de itens retirada de um texto orga-
nizacional:
a. A pesquisa dos antecedentes é necessária;
b. Desenvolver um plano de ação;
c. Cálculo de custos;
d. Benefícios.
Ainda que essa lista esteja coerente, há algo errado com ela: cada item da 
enumeração está escrito de um modo diferente. Não se sabe, por exem-
plo, se a pesquisa de antecedentes, que é necessária, já foi feita. Não se 
sabe, também, o que será feito a respeito dos benefícios: se serão só lis-
tados ou se também calculados.
De qualquer modo, a diferença entre as maneiras de escrever os itens 
não dá fluência à ideia de ações sequenciais. A maneira correta de enu-
merar passa pela coesão dos elementos iniciais de cada item. Se você 
escolher elencar com verbos no infinitivo, faça-o em todos os itens, con-
forme exemplo a seguir, que elimina as incertezas comentadas:
a. Pesquisar os antecedentes;
b. Desenvolver um plano de ação;
c. Calcularos custos;
d. Listar e calcular os benefícios.
Note que não há, agora, dúvida sobre o encadeamento dos itens. Enu-
merações e sequências devem, pelas razões citadas, obedecer à mesma 
forma gramatical, em um procedimento que se denomina paralelismo.
Como exercício, troque por substantivos os verbos que aparecem no 
Infinitivo na lista apresentada. Elabore as adequações necessárias.
atenção
A mensagem que se passa ao leitor, usando construções di-
ferentes em uma sequência ou enumeração é a de que os 
itens não pertencem à mesma ação.
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3.3 uso de ConeCtivos
Os conectivos, como visto em aulas anteriores, são elementos importan-
tes de coesão. Os erros mais comuns no texto organizacional relaciona-
dos ao uso desses elementos são listados e comentados a seguir. Todos 
os exemplos foram extraídos de documentos reais.
a. Uso de elementos de outra categoria gramatical, com destaque para 
má utilização do pronome relativo “onde”. Exemplo:
 → Esta é uma proposta para um cliente importante, onde deve ser 
feita com cuidado.
O pronome relativo onde só pode ser usado quando se refere a lu-
gar, conforme você já observou em aula anterior. O certo é:
 → Esta é uma proposta para um cliente importante, portanto deve 
ser feita com cuidado; ou
 → Esta é uma proposta para um cliente importante e deve ser feita 
com cuidado.
Outra palavra muito usada de maneira inadequada é “entretanto” 
para significar “no entanto”. Exemplo:
 → Trabalhamos durante todo o fim de semana, entretanto o traba-
lho não ficou pronto.
O correto seria:
 → Trabalhamos durante todo o fim de semana, no entanto, o traba-
lho não ficou pronto.
b. Uso de conectivos inadequados para estabelecimento de uma rela-
ção lógica. Por exemplo:
 → O projeto originalmente definido no processo licitatório mostrou-se 
inexequível desde limitações do hardware fornecido pelo cliente.
O certo é:
 → O projeto originalmente definido no processo licitatório mostrou-se 
inexequível devido a limitações do hardware fornecido pelo cliente.
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c. Ausência de conectivos necessários. Por exemplo, um e-mail de 2010 
com justificativa de atraso para uma reunião importante diz: “che-
gamos atrasados à reunião tivemos problemas no trânsito”. Como 
você pode observar, faltou um conectivo e o leitor sente claramente 
a ausência de um termo de ligação. Como exercício, formule a frase 
de forma correta.
d. Uso de gerúndio para evitar conectivos: essa imprecisão coesiva não 
é exatamente um erro gramatical, mas certamente empobrece o tex-
to empresarial.
Por exemplo: “foram realizadas ações de marketing melhorando a 
perspectiva de vendas”.
Mais correto será escrever “foram realizadas ações de marketing 
que melhoraram a perspectiva de vendas”. Note-se que a perspecti-
va de venda poderia ter sido melhorada por outra providência e que 
as ações de marketing poderiam ter outra finalidade. O conectivo 
elimina qualquer dúvida!
Dicas
Como o gerúndio se tornou hábito para a maioria das pes-
soas, revise seu texto procurando “ndo” com a ferramenta 
de procura do Word. Em cada gerúndio encontrado, procure 
possibilidades de uso de conectivos. Dá certo!
3.4 enCadeamento de frases
A digitação de textos em computador trouxe benefícios importantes, mas 
trouxe também, entre outras possibilidades de erros, as frases soltas. O 
texto é modificado, às vezes com pressa, e permanecem as tais frases sol-
tas. Como em outros aspectos relativos à coesão, revisões antes do texto 
final são, na maior parte dos casos, suficientes para evitar esse tipo de fa-
lha. Segue um exemplo retirado de uma carta, de 2009, relativa a contrato 
que envolvia quantias elevadas.
 → Após a ocorrência dos problemas citados, foi nomeado um novo fiscal 
com poderes decisórios e foram modificadas as atribuições do geren-
te do contrato. Papel de observador sem interferir em decisões.
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A última frase, solta, não mostra se o papel de observador é só do gerente 
ou se de mais alguém. Aliás, não há certeza de que a última frase pertença 
ao contexto.
O certo seria:
 → Após a ocorrência dos problemas citados, foi nomeado um novo fis-
cal com poderes decisórios e foram modificadas as atribuições do 
gerente do contrato, que passou a exercer o papel de observador 
sem interferir em decisões.
4. COesãO nO textO jOrnalístiCO
A seguir, vamos observar problemas de coesão no discurso jornalístico. 
Você vai, na análise dos textos, perceber a aplicação do que aprendeu até 
agora em aulas anteriores. Lembre-se de que a coesão ocorre na super-
fície textual, por meio de conectivos e outros elementos de ligação corre-
tamente colocados.
Texto no 15
Rio – Defeito em uma das portas do trem do metrô, que seguia para 
a Central do Brasil, na manhã desta sexta feira, fez com que a empresa 
retirasse os passageiros e embarcassem em outro trem.
Há aqui um desvio de foco e de sintaxe, provocado por utilização equi-
vocada de conectivo. O texto correto deveria ser: “Defeito em uma das 
portas do trem do metrô, que seguia para a Central do Brasil, na manhã 
desta sexta-feira, fez com que a empresa retirasse os passageiros para 
que embarcassem em outro trem”.
Texto no 26
Mas a paixão por Júlio Cesar é tanta que Daiane Cristina não quer nem 
arriscar quem vai fazer os gols.
O texto no 2 fala de uma leitora do jornal, que se apresenta como grande 
fã de Júlio Cesar, goleiro da seleção brasileira de futebol. Na redação des-
se texto, observa-se a falta do verbo principal: dizer. Falta também uma 
vírgula. Da forma como está escrito, não fica claro se Daiane não quer 
arriscar errar um prognóstico ou arriscar a integridade do jogador. Para 
5. Jornal O Dia, 
18/6/2010.
6. Jornal O Dia, 
18/6/2010.
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evitar essa duplicidade de entendimento, o texto deveria ficar da seguinte 
forma: “Mas a paixão por Júlio Cesar é tanta, que Daiane Cristina não quer 
nem se arriscar a dizer quem vai fazer os gols.
Texto no 37
Na última rodada, a Dinamarca enfrenta o Japão e Camarões, a Holanda.
Conforme já comentado, o discurso jornalístico deve, a bem da clareza, 
evitar duplos sentidos, assim é preciso especial atenção aos problemas 
de coesão, que ocorrem também por erros da pontuação. No texto 3, que 
fala dos jogos da Copa do Mundo 2010, não fica claro, em uma primeira 
leitura, que a Dinamarca enfrenta o Japão e que Camarões enfrenta a Ho-
landa. Do jeito como aparece, a primeira impressão é de erro grosseiro 
ou de deslocamento indevido da vírgula. Lê-se que a Dinamarca enfrenta 
Japão e Camarões. Nesse caso, a Holanda estaria fora do contexto. Só 
em uma segunda leitura, com esforço, se torna claro o que realmente o 
repórter quis dizer. A questão se resolve com a pontuação adequada do 
texto. Veja: “Na última rodada, a Dinamarca enfrenta o Japão, e Camarões, 
a Holanda”.
5. COerênCia nO textO pUbliCitáriO
Se de um lado, o discurso jornalístico necessita da coesão e da coerência 
para evitar duplicidade de compreensão, por outro, o discurso da propa-
ganda às vezes apela propositalmente à incoerência para justamente pro-
vocar tal duplicidade. Como se trata de um discurso passional, com forte 
apelo ao desejo de consumir, não mostra claramente sua pretensão, mas 
deixa pistas sobre aquilo que quer provocar no consumidor.
Uma propaganda de cerveja que mostre um cidadão rodeado de 
mulheres deslumbrantes e extremamente satisfeitas sugere que con-
sumir aquela marca de cerveja faz com que lindas moças sejam atraí-
das pelo indivíduo. É evidente que a mensagem não é verdadeira e que 
os consumidores têm consciência disso. Mas essa é justamente a men-
sagem que permanece no inconsciente do consumidor.A intenção do 
anunciante é essa ação sobre o inconsciente. Onde está a incoerência? 
No fato de que consumir qualquer marca de cerveja não atrai mulheres 
bonitas (nem feias).
7. Jornal O Dia, 
18/6/2010.
antena 
pArAbóliCA
Com as necessidades de certificação de qualidade que de-
ram um salto na primeira década do século XXI, indústrias 
como a de medicamentos e a de construção passaram a 
exigir documentação cada vez mais apurada. As empresas 
de projetos e obras não demoraram a perceber que tinham 
em seus quadros engenheiros eficientíssimos em projetar e 
construir, mas que escreviam mal. Documentos foram rejei-
tados e pagamentos atrasados por falta de documentação 
apropriada. As empresas procuraram professores de Por-
tuguês para melhorar seus textos e experimentaram outra 
dificuldade: os professores nem sempre conseguiam en-
tender a tecnologia envolvida. A partir daí, engenheiros que 
escrevem bem passaram de personagens semifolclóricos a 
peças importantes naquelas organizações.
E em relação aos textos midiáticos, a propaganda enga-
nosa tem sido uma preocupação da sociedade desde que 
a propaganda existe. Apesar disso, nessa mídia, a falácia 
ainda aparece com certa frequência. Diferentemente do 
que se possa pensar, esse fato ocorre mundialmente, inclu-
sive em países desenvolvidos. Ficou famosa a punição da 
empresa que fabrica as sopas Campbell que, para mostrar 
que a sopa possuía muitos pedaços de alimentos sólidos, 
fez um ator esvaziar diante das câmeras uma lata de sopa 
cheia de... bolas de gude! No Brasil, a indústria da propa-
ganda criou, para evitar ações judiciais que se arrastassem 
por anos, o CONAR, Conselho Nacional de Autorregulação. 
Trata-se de entidade privada que tem suas decisões sempre 
respeitadas.
e AgorA, José?
Você viu como utilizar conceitos de coerência e coesão em 
textos empresariais. Também aprendeu a identificar esses 
mesmos conceitos em textos midiáticos. Agora é importan-
te repassar todas as aulas para sedimentar esse conteúdo 
em sua aprendizagem.
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reFerênCiAs
CHARAUDEAU, P. �Discurso das Mídias. São 
Paulo: Contexto, 2006.
CHAVES, M. G. D. �Manual Prático de Redação 
Empresarial. São Paulo: Edifieo, 2007.
AVERO, L. Coesão e Coerência Textuais. São 
Paulo: Ática, 2004.
FAVERO, L. L.; KOCH, I. V. �Línguística Textual – 
Introdução. 3a ed. São Paulo: Cortez, 1994.
FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. �Para Entender o 
Texto: Leitura e Redação. São Paulo: Áti-
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KOCK, I. V. �Coesão e Coerência Textuais. São 
Paulo: Contexto, 2008.
SCIPIONI, U. �Do Texto ao Texto – Curso práti-
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Scipioni, 2006.
TABOADA, M. T. Building Coherence and Co-
hesion. Amsterdam: John Benjamins, 2004.

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