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SÍNTESE - SAÚDE E DIREITOS HUMANO

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SÍNTESE: SAÚDE E DIREITOS Humanos CAMILA SANTIAGO 
 
 
SÍNTESE: SAÚDE E DIREITOS HUMANOS | medicina 
SÍNTESE: SAÚDE E DIREITOS HUMANOS 
 
 INTRODUÇÃO 
 Em 1947, quando a Declaração Universal dos Direitos (DUDH) Humanos foi 
adotada pela Organização das Nações Unidas, foi reconhecido um parâmetro ético 
universal que delineia o modo de agir que deve ser seguido por governos, instituições e 
indivíduos. Seus princípios vão além do amparo individual das pessoas, abrangendo 
toda a coletividade para a partir de então, eles serem tidos como direitos fundamentais. 
 A partir da segunda metade do século XX a noção de direitos humanos foi ampliada, 
reconhecendo-se, vários direitos sociais, econômicos e culturais que seriam 
complementares e necessários para a efetivação dos direitos civis e políticos. Em 1966 
foram firmados dois principais Pactos Internacionais: os de Direitos Civis e Políticos e 
os de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Esses, foram assumidos como 
universais – a condição de pessoa deve ser o único requisito para a titularidade desses 
direitos – e indivisíveis – os direitos civis e políticos devem ser conjugados aos direitos 
econômicos, sociais e culturais, possibilitando o exercício da liberdade e da convivência 
com justiça social, eliminando os obstáculos que são estabelecidos pela tratamento 
desassociado desses direitos e a sua complementariedade obrigatória. 
 A DUDH é regida e norteada pelo princípio da dignidade da pessoa humana, isso, 
pois ela deve conceder o desenvolvimento da personalidade de cada indivíduo em seus 
diferentes contextos sociais. Aliado a isso, o princípio da igualdade garante o igual 
respeito e consideração moral, social e jurídica aos intuitos pessoais e coletivos de vida 
de todas as pessoas, limitando a realização somente de projetos que violem a dignidade 
de outras pessoas. Por outro lado, o princípio de liberdade deve garantir a todos as 
condições objetivas para realização de escolhas pessoais, legítimas e justas, e, dessa 
forma, o exercício desses direitos. Já o princípio da equidade, tem como objetivo 
conjugar igualdade e justiça, devendo garantir o equilíbrio necessário nas relações e nas 
condições de pessoas e/ou grupos, para que todos possam vivenciar os direitos 
afirmados, considerando-se que as desigualdades sociais e pessoais estão presentes nos 
diversos contextos sociais. 
 Ao falar da efetivação dos direitos humanos na sociedade, fala-se do ‘’papel do 
Estado’’ e dos organismos e redes internacionais de proteção a esses direitos, tendo eles 
o papel de assegurar o acesso das populações aos seus direitos reconhecidos de forma 
integral e progressiva. O Poder Judiciário, em sua função de prestação de justiça comum 
e de poder político, deve adequar e/ou implementar políticas públicas para que haja a 
efetivação de direitos, reduzindo a falta de participação do governo no âmbito das 
políticas públicas e aumentando a proteção e controle social nesse sentido. 
 Além do fortalecimento dos sistemas nacionais de justiça, é constituído um sistema 
internacional de justiça com Comissões, Comitês e Cortes Internacionais e Regionais de 
Direitos Humanos para o monitoramento do cumprimento desses direitos pelos países. 
A partir dos anos 90, com o ciclo de Conferência das Nações Unidas, há um esforço de 
se estabelecer metas para a efetivação desses direitos, e um intenso fortalecimento das 
Cortes Internacionais, firmando-se protocolos adicionais nos quais os países signatários 
SÍNTESE: SAÚDE E DIREITOS Humanos CAMILA SANTIAGO 
 
 
SÍNTESE: SAÚDE E DIREITOS HUMANOS | medicina 
reconhecem o poder judicial dessas instâncias, aceitando acatar as decisões dessas 
Cortes sobre possíveis denúncias de descumprimento das leis internacionais de direitos 
humanos. 
 Ao se tratar do Brasil, a Constituição Brasileira (1988) integrou todos os princípios, 
normas e mecanismos contemporâneos de efetivação dos direitos humanos, e tem se 
utilizado este panorama para pautar as discussões sobre a atuação governamental, 
político-partidária e das organizações e grupos sociais. 
 É possível afirmar que há um respectivo consenso sobre a importância dos direitos 
humanos para os avanços políticos e a melhoria das condições pessoais e sociais, 
sobretudo para os grupos que foram historicamente discriminados e que até hoje são 
vulneráveis – negros, mulheres, crianças - às violações de direitos básicos. Também há 
concordância sobre a importância das leis e políticas públicas nacionais e internacionais 
como instrumentos necessários para a efetivação desses direitos. Ainda assim, são 
muitos os empecilhos para se estabelecer os acordos necessários em relação ao conteúdo 
dessas leis e políticas, e sua aplicação, de forma que atenda a todas as pessoas, de forma 
satisfatória, nos diversos contextos sociais e políticos 
 Entretanto, não obstante dos obstáculos, ainda há críticas ao modelo atual de 
organização política centrada no discurso dos direitos humanos e nas novas formas de 
representação coletiva. Há uma vertente que considera que este modelo vem 
enfraquecendo o papel ideológico e funcional do Estado como elaborador das 
estratégias sociais. Essa crise é fortemente alavancada pela atuação judicial nas questões 
de políticas públicas, uma vez que desloca para o Judiciário as demandas sociais, 
provocando uma falta de representatividade política nas instâncias do Legislativo e 
Executivo, que devem expressar as reivindicações coletivas. Dessa forma, a 
consequência é um desajuste entre o ritmo da expansão das demandas sociais em face 
da capacidade do sistema político e dos recursos disponíveis pelo Estado para processá-
la, resultando em problemas de governabilidade. Sendo assim, defende-se a necessidade 
de que sejam desenvolvidos novos mecanismos sociais e institucionais de justiça social, 
que reúnam direitos individuais e coletivos, direitos-liberdade e direitos-credores, que 
fortaleçam o Estado como instrumento democrático de planejamento, regulação e 
controle social. 
 
SAÚDE COMO UM DIREITO HUMANO 
 O direito à saúde é reconhecido como um direito humano voltado à preservação da 
vida e dignidade humana. Dessa forma, acredita-se que o respeito e a proteção à vida e à 
saúde são obrigações morais e legais simples de serem cumpridas. Em 1948 a ideia de 
direito à saúde aparece na DUDH, no artigo 25, ela afirma que toda pessoa tem direito a 
um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, incluindo 
alimentação, vestuário, habitação e cuidados médicos. Posteriormente, em 1966, o Pacto 
Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais reafirma a ideia e dispõe 
em seu artigo 12 que os Estados-partes reconhecem a toda pessoa o poder de desfrutar 
desse direito em sua totalidade, trazendo indicações mais precisas sobre as medidas a 
serem adotadas para assegurá-lo. 
SÍNTESE: SAÚDE E DIREITOS Humanos CAMILA SANTIAGO 
 
 
SÍNTESE: SAÚDE E DIREITOS HUMANOS | medicina 
 A princípio, a proteção dos direitos humanos foi marcada pela temática da proteção 
geral, abstrata, com base na igualdade formal. Posteriormente, surge a necessidade de se 
reconsiderar cada sujeito dentro da sua individualidade, de se produzir uma igualdade 
que vá reconhecer as diferenças existentes entre os sujeitos, uma diferença que não 
produza, alimente ou reproduza as desigualdades. E, foi neste contexto que surge a 
afirmação e o reconhecimento do direito à diferença ao lado do direito a igualdade, que 
permite consolidar o caráter bidimensional da justiça como instrumento de 
redistribuição e como reconhecimento de identidades. 
 Portanto, o direito à saúde, garantido pelo Estado, comporta uma dimensão 
individual – exige que o Estado não promova ações, leis ou políticas que invadam ou 
limitem sem justificativa a autonomia pessoal, e garanta que não ocorra a violação, 
dispondo de mecanismos legais que coíbam seu descumprimento - e outra coletiva.O Comitê de Direitos Sociais, Econômicos e Sociais fixa os seguintes elementos 
essenciais para exata aplicação do direito à saúde: disponibilidade, acessibilidade, 
aceitabilidade, qualidade, integralidade. 
 A expressão dos direitos humanos permite uma ampliação e adequação constante do 
conteúdo desses direitos, que sejam aplicados para proteger diferentes interesses em 
diferentes esferas. Seu grande desafio é conseguir identificar o alcance desses direitos e 
como eles devem aparelhar as políticas públicas. 
 Existem duas consequências importantes trazidas pelo direito internacional dos 
direitos humanos para o campo político. 
1. Revisão da noção tradicional de soberania absoluta do Estado, podendo admitir 
intervenções no plano nacional em prol da proteção dos direitos humanos e 
monitoramento e responsabilização internacional, quando esses direitos forem 
violados. 
2. Reconhecimento de que os indivíduos têm direitos protegidos na esfera 
internacional como sujeitos de direitos contra seus próprios países ou qualquer 
outro que viole direito fundamental. 
Sendo assim, estas duas consequências permitem ampliar as possibilidades políticas 
de criação de novos instrumentos democráticos internacionais de planejamento, que 
busquem uma equidade entre as nações, construindo-se uma sociedade global mais 
justa e igualitária. 
 
 
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SÍNTESE: SAÚDE E DIREITOS Humanos CAMILA SANTIAGO 
 
 
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