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UNIVERSIDADE DO CONTESTADO – UnC CURSO DE DIREITO 9° FASE DOCENTE: PAULO SILAS TAPOROSKI FILHO CAROLINE RIBEIRO BATISTA COMO NÃO SE FAZ UM TRABALHO DE CONCLUSÃO – SALO DE CARVALHO . CANOINHAS 2021 Como não fazer um trabalho de conclusão: A obra não versa sobre os métodos condizentes com as normas da ABNT, pelo contrário o livro foi escrito justamente pelo autor detestar metodologia e julga-la maçante. Acredita na desnecessidade de existir uma disciplina descrita como ‘’metodologia da pesquisa’’ haja vista que o correto é efetuar investigação, é necessário discussão em todas as aulas e entre orientando e orientador. Formalizar a metodologia significa agregar valor aos procedimentos e não ao conteúdo propriamente dito. É possível notar a problemática das formas convencionais de criar uma monografia, demonstra os erros encontrados quando se valoriza mais o procedimento do que a investigação do tema. Bem como, propõe soluções para extirpar o procedimento burocrático, que tem sido responsável pela paralisação nas pesquisas. Dividido em duas pautas, o trabalho conta como não fazer uma pesquisa. Em momento posterior aponta saídas possíveis para realmente fazer uma pesquisa, com base em suas experiências, momento que explana apresentação de casos de trabalho de conclusão que entende ser relevantes em termos de análise. Demonstrando assim. Outros meios além da revisão bibliográfica. Espera assim, que através do livro os acadêmicos possam diagnosticar o problema com a percepção de novas formas de investigação a fim de promover uma discussão qualificada entre orientador e orientando. Relata sobre um grupo de alunos que trabalham a serviço da assessoria jurídica gratuita da faculdade, eles lhe pediram bibliografias sobre um tema específico. Ao examinar a biblioteca separou dissertações de mestrados e teses de doutorado, objetivando leitura especializada, haja vista que através disso é possível obter acesso a obras que certamente colaborariam com a construção do de pensamento teórico-crítico. Notou que havia diversos trabalhos semelhantes no que tange a sua estrutura. Para problematizar o tema apresenta assim um sumário exemplificativo, apontando o vício do método, que impede que possamos realmente avançar no tema específico. Adiante, demonstra dois problemas, 1. como os temas de pesquisas que deveriam ser cuidados pelos estudantes e professores são negligenciados. 2. A estrutura universal, abordagem que permite a estagnação do tema de pesquisa, se mostrando como a razão de inexistir avanço em pesquisas. Dessa maneira, fica demonstrado a necessidade de se respeitar a história, trabalhos conseguem percorrer séculos em páginas, não se tem dimensão da impossibilidade de tratar de períodos históricos como blocos harmônicos, não se leva em consideração que o período anterior esteve em constante movimento, com alterações de interpretações, mutações no texto normativo, vícios que se mantém nas pesquisas, como cita Foucault, ‘’sobretudo porque é sempre falho olhar para o passado e interpretá-lo com as ferramentas intelectuais que temos na atualidade’’. Tratar dessa forma, reduz a história a uma entidade sem vida, a história fica conceituada como um passeio turístico superficial, junto a isso tem-se a falsa percepção de que o conhecimento da história se apresenta em etapas, uma delas seria revisionista, onde se corrige as lacunas, e a outra que faz crítica aos modelos anteriores, constituindo alternativa metodológica os conhecimento do momento anterior. Certamente, deve se estudar história se aproximando o máximo possível dela, de forma exemplificativa seria aproveitar o conhecimento em uma cidade para se ter dimensão do estilo de vida, não se deve empilhar história sem ao menos ter conhecimento das mudanças e variações daquele tempo. Os acadêmicos costumam acreditar equivocadamente, que quanto mais elencarem no direito comparado de acordo com o sumário explicativo ‘A’ a ‘Z’ é que estará mais completo o conteúdo. Geralmente nessa espécie de comparação é reduzido o fenômeno jurídico aos dispositivos legais é a base incompleta de investigar o direito comparado. Normalmente se vê exposições com descrições legislativas sem uma compreensão de como os dispositivos legais são interpretados e qual o seu impacto no país. Não há duvidas que quanto ao direito legislado e o direito na prática existem lacunas, todavia esquecendo-se disso são feitos vários trabalhos acadêmicos, expondo a lei vigente como se refletisse sua eficácia. Portanto, sendo necessário o estudo comparado acerca de outros países, deve-se levar em consideração as formas e formulas jurídicas de outros países, investindo-se em um único problema. Em relação aos princípios, percebe-se que geralmente os princípios são abordados no inicio do trabalho em capitulo exclusivo, não há negação desse assunto pela parte do autor, todavia sua compreensão deve ser feito a partir de análises do tema, complementando o texto, os princípios que norteiam o trabalho não podem ficar desconectados dos problemas. O tema deve estar embasado pelos princípios, e os problemas de interpretação e aplicação devem estar tensionados a partir dos princípios. A forma expostas nos trabalhos, mantém os princípios em lógica apartada, no momento de realizar a crítica a sua violação não consegue perceber sua força. Compreender a necessidade de abordagem sobre outro ângulo em relação aos princípios tem sido um dos problemas nos trabalhos acadêmicos. Sobre conceitos dogmáticos tem sido usada constantemente, a conceituação do seu instituto, definição de sua natureza jurídica, classificação e a diferenciação dos seus institutos análogos, espécies, definição dos efeitos derivados. Na área do direito penal, geralmente inicia-se pela reconstrução histórica do bem jurídico e pela descrição das teorias da pena, veja-se que a delimitação de estruturação é específica, bem jurídico, critérios de imputação, causas que autorizam o injusto, formas de responsabilidade do injusto. O autor exemplifica uma estruturação sobre o tema assistência familiar, os crimes contra a assistência familiar, conceito, classificação e diferenciação, tipicidade objetiva (objeto material e bem jurídico). Sujeito ativo e passivo, consumação e tentativa, dolo e culpa, causas de exclusão de tipicidade, penal e jurisprudência. Modelo totalmente utilizado, porém definido como síndrome manual, traduz a confusão, isso considerando que não se trata de um material reflexivo e sim um manual de consulta rápida, explica-se da seguinte forma: não há como se ter conhecimento a partir de uma fragmentação como essa. A verdade cientifica é possível de ser encontrada a partir de quatro operações metodológica, isolar o objeto, fragmentar o objeto no maior número de partes possíveis, investigar isoladamente o fragmento em toda a sua extensão, reconstruir o objeto fragmentado a partir de conclusões obtidas nas fases anteriores (Descartes, 2004). Ocorre que o fragmento do problema, em grande parte impede a compreensão plena da do problema, a soma de várias partes não expressa um todo, tanto que alguns fenômenos só podem ser apreciados em sua integralidade. O autor propõe que seja utilizada a dogmática como instrumento interpretativo que mantenha diálogo com a principiologia constitucional. Conforme a ancoragem: O uso de jurisprudência na atualidade tem se tornado com mais relevância em relação as proposições doutrinárias, por se tratar de produto dos tribunais. Os quais sempre ofereceram conteúdo relevante. O uso da jurisprudência como instrumento por um acadêmico para sustentar sua tese, haja vista que tornará o trabalho um mero apêndice de pesquisa. De outro sentido, é coerente essa utilização por um advogado, uma vez que se trata de um parecer,prática legitima no cotidiano forense. O autor entende a possibilidade de duas formas de trabalho com jurisprudência, no primeiro caso trata-se de um método em que o acadêmico irá criar um banco de dados com julgados semelhantes, verificando os argumentos utilizados, analisando o perfil decisório dos julgados sobre os temas relacionados. O segundo caso, seria a seleção de decisão de referência que indica a consolidação das posições divergentes, em qualquer um dos casos cabe ao investigador analisar detalhadamente os argumentos que são basilares da decisão, a exposição dos fundamentos teóricos utilizados pelos julgadores, o que é utilizado é os próprios julgados como objeto de investigação e não um argumento entre tantos. Sobre fontes bibliográficas, justifica-se a ausência de bibliografia pela dificuldade de acesso, argumento que não se sustenta, a CAPES (periódicos) possibilita acesso aos principais periódicos científicos, a agência criou banco de teses que permitem que haja verificação de todas as investigações sobre o tema, que muitas vezes não foram publicadas. A partir disso o pesquisador consegue ter um parâmetro do que há de mais avançado na sua área. Possibilidade de fazer um trabalho de conclusão: É possível perceber que a valorização da harmonia do sistema tem superado qualquer preocupação com a realidade das pessoas que buscam amparo do direito. A questão a ser debatida existente é a optação de manter um sistema isento de lacunas e de contradições, no lugar de oferecer respostas efetivas aos problemas das pessoas. Em decorrência da verdade que move a racionalidade formal-burocrática, passa pelo sacrifício dos direitos e das garantias, mesmo que o caso demonstre resposta favorável. A tendência do acadêmico é elaborar uma narrativa abstrata, simples revisão bibliográfica de conceitos. Quando se utiliza interação viva com a jurisprudência, os estudos de casos parecem fornecer perspectivas inovadoras para a academia jurídica, rompendo assim com a ideia de que a pesquisa de direito vire mera revisão de bibliografia. Por outro lado, torna-se ilógico ver acadêmicos com medo de tornar seu trabalho sem consistência. O autor demonstra a necessidade de iniciar um projeto de pesquisa enfrentando o problema concreto ao invés de iniciar com o contexto histórico, narrando sua manifestação legislativa no maior número de países. A ideia de abordar o problema remetendo sempre no museu histórico, ou para o tratamento da legislação estrangeira, não há como avançar na pesquisa por somente explorar o contexto histórico, o que ocorre é que após nos encontramos sem energia para o que realmente importa, o ponto inicial. O erro ocorre em função da metodologia burocrática, que nos faz ficarmos estagnados na pesquisa. Não entenda que não é necessário utilizar relatório bibliográfico, porém não se justifica a elaboração de um trabalho somente através de um relatório de pesquisa. O que ocorre geralmente são duas patologias, reduz a pesquisa à exclusiva análise dos autores; a segunda restringe a investigação ao mero levantamento de dados. Note-se que em ambos os casos trata-se apenas de um relatório de pesquisa. O levantamento bibliográfico não constitui um trabalho teórico e sim de profundas reflexões, o estudante deve realizar algo além do mero relatório, seja bibliográfico ou empírico. Preferencialmente que produza uma reflexão teórica problematizada do tema. O autor explana textos que considera relevante e inovadores, os quais apresentam profunda capacidade de problematização, de forma alguma podem ser qualificados como mero levantamento bibliográfico ou relatório teórico, na grande maioria são trabalhos que cruzam com outras áreas das humanidades, notadamente a filosofia, a literatura, a sociologia, a antropologia, a psicologia; as possibilidades de investigar as ciências sociais ultrapassam a análise dos julgados. Lembre-se trabalho de conclusão de curso não é peça processual, análise de decisões no trabalho é importante, mas deve receber tratamento específico. A pesquisa jurisprudencial necessita de um tratamento metodológico que torne possível refletir sobre determinadas tendências, divergências ou inovações. Dentro os mais úteis procedimentos de pesquisa para a área de direito, temos o que realizam análise de discurso e tendência. Estudos que permitem ao leitor visualizar as principais linhas de interpretação dos tribunais. Dessa forma, primeiramente o pesquisador estabelece critérios para escolha dos julgados, delimitando o tema e definindo os problemas, que formam banco de dados e depois cria um instrumento de interpretação que verifique várias correntes jurisprudenciais. Os procedimentos mais úteis são aqueles que realizam análise de discurso e de tendências. O aluno precisa compreender que o trabalho objetiva a compreensão de um problema e não a defesa de uma tese processual. Para criação de banco de dados, é necessário delimitar o tema, e definir problemas e objetivos. Essa forma de pesquisa se encaixa no exemplo: Projeto de Monografia – analise de discursos jurisprudenciais sobre o aborto de fetos anencefálicos. É necessário compreender que o trabalho de conclusão possui como intuito a compreensão de um problema. O autor cita que definiu com o acadêmico que separaria o material, e formaria banco de dados, em junção faria relato dos casos julgados pelo tribunal. A partir daí têm-se o primeiro capítulo, com a descrição metodológica de cada caso e a formação do banco de dados e relatórios dos casos julgados. A descrição dos casos constrói naturalmente a segunda parte do trabalho, haja vista que depois as divergências e os critérios de decisão vão aparecendo, o que possibilita a problematização do tema. O Segundo acontece com a apresentação das divergências e dos critérios de decisão do tribunal sobre o assunto, o terceiro trata de um diálogo com a doutrina, com a principiologia que orienta a inaplicabilidade das causas de exclusão. Trata-se de 3 capítulos construídos a partir de casos concretos, em pesquisa representativa, pois foi realizada com todos os julgados de um Estado. Possibilitando um diagnóstico do entendimento da corte, e como as decisões estariam alinhadas aos argumentos. No caso 2, pesquisa acadêmica – investigação dos discursos jurisprudenciais sobre as circunstâncias de aplicação de pena. Considerado um dos maiores incentivadores da pesquisa, o Ministro de Justiça, através da secretaria de assuntos legislativos. Explana a respeito de projeto da área pena mínima, o projeto foi intitulado; Dos critérios da aplicação da Pena no Brasil: análise doutrinária e jurisprudencial da conveniência da determinação da pena mínima, o objetivo foi avaliar os critérios que orientam os tribunais superiores na interpretação das circunstâncias que regem a aplicação da pena, juntamente com o diagnóstico acerca dos critérios da aplicação da pena no Brasil e as formas de controle de atividade judicial. Para criar o banco de dados de julgados, usou-se: quais as circunstâncias de aplicação de pena que mais influenciam o juiz e quais os critérios mínimos que impedem sua aplicação no mínimo ou abaixo do mínimo cominado?. O autor então chama a atenção para esse exemplo, uma vez que é possível uma análise ampla, tendo assim o diagnóstico, os problemas, e as tendências com formas diferentes de análises, bem como a fim de apresentar inúmeras reflexões ao tema. Trabalhos como esse se tornam importante por diagnosticarem as formas de julgamento e de representar a posição dos membros. Caso 5: Ensaio – caso de referência sobre interceptações telefônicas. Uma forma diferente de abordar a jurisprudência, trabalho oriundo de levantamento documental, pode ser centralizado na série de decisões que definiu determinada posição jurisprudencial, exemplo julgados que deram origem a determinada súmulaou decisões altamente inovadoras que rompem com a tradição jurídica em determinada área ou que projetam novas concepções sobre temas relativamente novos ainda não enfrentados pelos Tribunais. O diagnóstico é necessário, a questão é utilizar confronto entre dispositivos legais e constitucionais apresentado pela doutrina de forma simplificada, normalmente em capítulos que não se conectam, produzindo assim congelamento do problema. Se eximindo assim da análise crítica do tema na complexidade do sistema constitucional (seus valores, seus princípios configuradores e a suas regras de aplicabilidade). Quando o acadêmico se propõe a realização de análise mais aprofundada, os vícios metodológicos que permitem que a conclusão seja apenas limitada a crítica do legislador que não observou determinados princípios constitucionais ou do judiciário que não realizou o efetivo controle de constitucionalidade. Nessa hipótese ficam direcionado, as condições de construção das leis (plano do dever-se) e aos critérios de interpretação no caso concreto (plano do ser), circunstância que transforma o trabalho em uma espécie de oráculo, um discurso de verdade sobre como as leis deveriam ser elaboradas e interpretadas. Estudos documentais de casos processuais mediados por observação (passiva e participativa). A observação participativa identifica procedimento de pesquisa que realiza efetivamente imersão no campo. Um exemplo seria o pesquisador integrar o grupo convivendo e experimentando as situações no cotidiano, o envolvimento permite o conhecimento, diferente da observação passiva na qual o investigador procura ao máximo passar despercebido na cena investigada. A técnica apontada participativa fomenta encontros e diálogos com a diversidade. Caso 06: dissertação – análise comparativa de casos julgados pelo Tribunal do Júri. As cidade eleitas foram Santa Cruz do Sul, de colonização alemã e Ro Pardo com formação cultural lusitana. A questão chave foi ‘’quem são os julgadores que condenam ou absolvem?’’ para responder essa questão se deve averiguar as condições socioeconômicas e profissionais do corpo de jurados e o número de vezes em que tiveram participação em julgamento. A conclusão permitiu o autor deslocar o eixo de interpretação e desmitificar a ideia naturalizada de que a comunidade portuguesa por ser mais tolerante absolveria; ao contrário da comunidade alemã. Caso 07: Dissertação – análise de casos e observação participativa em processos de porte de drogas ilícitas. O autor procurou mapear os significados atribuídos aos diferentes usos de drogas no espaço urbano, como ferramenta metodológica utilizou como pesquisa o juizado especial criminal em caso de porte de drogas para consumo pessoa, objetivando diagnosticar as respostas penais atualmente adotadas e seus efeitos sociais decorrentes, além da análise dos processos sobre drogas, o autor procurou criar condições para encontrar e estabelecer diálogo com os sujeitos processados que acabam silenciados pelo sistema penal. Em hipótese inicial foi verificado os casos penais relativos a esse tema, almejava analisar os discursos envolvidos no caso penal (autor do fato, policiais, promotores, advogados, juízes), contudo deparou-se com a escassez de dados, uma vez que foi possível encontrar processos mecânicos com discursos de audiência praticamente semelhante sem considerar especificidades. Dessa forma, traçou panorama das relações entre uso de drogas, desvio e reação social formal e informal. Através de entrevistas com usuários de drogas. Todas aceitaram a transação penal e tiveram a punibilidade extinta. Também realizou pesquisa com pessoas usam drogas e que nunca foram selecionadas pelo sistema penal, nesse caso a etnografia teve lugar na rotina do pesquisador. O levantamento dos dados qualitativos permitiu o quadro geral dos dados sobre o tipo de droga mais frequente flagrada, os locais de consumo e o perfil dos selecionados, além dos dados processuais, foi possível concluir que o sistema penal não possui nenhuma capacidade de lidar com o fenômeno. Haja vista que funciona de modo automático, oferecendo-se a mesma receita para todos. Caso 09: dissertação – pesquisa documental em processos de execução sobre tráfico de drogas. A pesquisadora busca refletir sobre a produção das sensibilidades jurídicas e os dispositivos de poder presentes nas práticas judiciais de execução penal, sobretudo na tensão entre os discursos dos atores que habitam este campo, as especificidades das práticas e dos saberes que modelam a execução das penas. A proposta foi verificar os pedidos de progressão de regime que produziram recursos aos condenados por tráfico de entorpecente. A razão se deu pelas representações sociais aqueles que cometem esse delito e a sensibilidade em torno da categoria traficante em decorrência do aumento de número de crimes. A pesquisa foi abordada pela forma etnográfica, como foco as especificidades das narrativas burocráticas. A questão dos laudos aparece como estruturante dos julgamentos, os julgadores, decidem pautados pela noção de criminoso trazida pelos técnicos penitenciários, cujas noções são culturalmente construídas, distintas daqueles que são exigidas na execução das penas de prisão. O conteúdo geralmente extrapola os limites discursivos permitidos pelo direito, fornece regras para avaliações morais dos condenados, situação que reproduz e reforça estereótipos mascarados por cientificidade. Pesquisa em direito comparado e comparação de experiências jurídicas. Grande parte do que é identificado como direito comparado é na verdade descrição de legislação estrangeira há uma enorme diferença entre narrar dispositivos legais e verificar a forma pela qual esta legislação se efetiva no cotidiano. A pesquisa de direito comparado é complexa e implica no estudo da forma pela qual a doutrina e a jurisprudência de determinado país efetivam a lei. Caso 10: Tese – pesquisa de direito comparado sobre cultura de emergência. Objetiva compreender a emergência da emergência do fenômeno descrito como pânico moral. Dessa forma, verificar como o medo modela formas de gestão e de controle dos desvios puníveis através de legislações tipicamente de exceção, assim fica demonstrado como germens autoritários são cultivados e sutilmente infiltrados no Estado de Direito, ocasionando a sobreposição nas regras de valores constitucionais, tornando existente a exceção. Denominado servilismo acadêmico, trata-se de tendência de pesquisadores que interpretam a cultura jurídica nacional como inferior às tradições dos países centrais, propondo a transposição dos países centrais, propondo a transposição como ferramenta inovadora. Assim o pesquisador buscou identificar quais garantias fundamentais se tornaram alvo de ataque da cultura emergencial nos processos de conhecimento, cautelar e de execução. O diagnóstico permitiu verificar que há a incidência de institutos desvirtuados na legislação brasileira, a exposição do direito comparado demonstra a incidência reiterada da cultura emergencial, foi incorporado ao direito pátrio o arrependido; incrementou-se a prisão temporária em casos emergenciais; alteraram-se as normas prisionais; a constituição passa a ser exceção. Caso 11: dissertação – pesquisa de campo com análise de experiência comparada sobre tratamento de drogas. Propõe avaliar formas de tratamento de saúde para usuário de drogas em distintos modelos políticos-criminais. Embora tenha sido determinada a impossibilidade de submissão do usuário de drogas ilícitas ao sistema carcerário, foi mantido a lógica criminalizadora, confrontado com a experiência antiproibicionista espanhola, no país ibérico o porte não constitui delito. O trabalho de campo no ALBA foi orientado por uma postura etnográfica, pela técnica de observação, com acréscimo do levantamento de documentos(relatórios e memoriais explicativos) e de entrevistas com profissionais usuários dos serviços. A autora procurou desenvolver pesquisa similar no CIARB. Após construir o problema das toxicomanias, a pesquisadora confronta as suas experiências como respostas possíveis em caso de uso problemático de drogas. O que significa um trabalho teórico? Como demonstrado através dos casos exemplificados necessitam de uma base, de um instrumental teórico para que se possa refletir sobre o tema. Do contrário uma pesquisa empírica, se não tiver amparada de uma estrutura teórica de compreensão, o trabalho será um mero relatório, todavia a pesquisa com profundidade gera maior sustentação as hipóteses. Pode ser considerado que a pesquisa inicia pelo estado de arte que se concentra no relatório, porém não se esgota a partir disso. É muito visto professores que não permitem que o aluno explane suas posições no trabalho, porém esse modelo impede a reflexão e a crítica, transformando alunos que se limitam a repetir fórmulas e preencher formulários. Logicamente que não se trata de expor opinião sem sustentação teórica. Trabalho teórico implica em reflexão sobre temas, de forma a produzir problematizações, gerar dúvida, operar desconstruções, realizar rupturas ou propor avanços. Caso 12: dissertação – aplicação de teoria criminológica em problema empírico. Crime e cidade: violência urbana e a escola de Chicago. O tema é a pesquisa de violência urbana e como problema de investigação as possibilidades de controle nas grandes metrópoles da atualidade. Projeta sua pesquisa com objetivo de encontrar alternativas à redução das violências a partir do controle social informal. Utilizando um problema muito bem definido, a criminalidade violenta na cidade de São Paulo, sustentada através de relatórios. O autor propõe estratégia de intervenção (otimização dos mecanismos informais). A proposta é prevenir a violência com estratégias e não reprimi-la, através da escola Chicago, com intervenções urbanísticas e intervenções de reforço do controle social informal. O ponto de enfoque é que é possível verificar importante diagnóstico com ótimo referencial teórico, e posteriormente apresentado interessante estratégia, sem referir intervenções no campo penal e processual penal, proposta que inevitavelmente nos faz refletir sobre a necessidade de mudança do eixo e foco de análise do problema de criminalidade e da violência. A pesquisa falha quando o campo é demasiado hostil: Qualquer pesquisa pode apresentar problemas que em determinados momentos possuem obstáculos na conclusão. A pesquisa teórica pode levar a uma má compreensão das categorias do autor ou da pressuposição equivocada de alguma hipótese da investigação. As pesquisas empíricas podem gerar situações que levam os pesquisadores a um estado de pânico. O fato preponderante é que obstáculos se bem trabalhados, podem revelar algo diferente e transformar o projeto com virtudes maiores ainda, conforme o caso de cinco amigos que sonham em chegar ao cume do Monte Sarmiento localizado no extremo sul da Patagônia Chilena, na terra do fogo em que uma experiência falha resultou em um documentário de sucesso pela emocionante dificuldade de se obter êxito, considerando os desafios e perigos encontrados. Caso 15: dissertação – trabalho de campo e entrevista com agentes penitenciários. O trabalho foi: relações de violência e existência no trabalho do agente penitenciário. A proposta central foi dar voz e visibilidade aos profissionais que atuam nessa área, buscando demonstrar como o processo de prisionalização não atinge apenas os condenados, mas todo o seu entorno afetivo, bem como os profissionais. A partir disso a autora buscou por agentes que narrassem o a sua trajetória, através de entrevistas, todavia o plano foi frustrado, pela perda de vínculo entre a pesquisadora e os agentes e pessoas altamente desconfiadas em prestar informações sobre seu ambiente institucional, após essa dificuldade decidiu a pesquisadora em restringir a apenas um agente. Todavia em momento posterior o entrevistado desiste da autorização que havia firmado, após diversas reuniões o agente autoriza a publicação da entrevista, mas caso ele não autorizasse, ainda assim a pesquisa teria uma excelente dissertação a partir da dificuldade de construção de interlocução com os agentes penitenciários. O trabalho metodológico também constitui pesquisa, sendo assim cabe aos orientadores e orientados traçarem estratégias para que a trajetória fique visível no trabalho. Assim um projeto falho, se transforma. Tela em branco: como iniciar o trabalho de conclusão? Não se inicia um trabalho do zero, o trabalho exige que o acadêmico tenha ao menos conhecimento prévio sobre o assunto, que conheça minimamente os problemas inerentes ao tema e os autores de referência. O trabalho não deve ser iniciado com objetivo de começar o aprendizado, o real sentido é aprofundar temas que tenha sido trabalhado ao longo do curso. Não deve ser o início de uma trajetória e sim o encerramento de um percurso. Então assim, vê- se a importância dos grupos de pesquisas, uma vez que o acadêmico já está em ambiente familiarizado, se não houve trabalho de pesquisa, o orientador deve questionar o orientando a respeito do domínio do tema, quais livros lidos e consultados, principais artigos sobre o tema, quais as principais teses e dissertações, quais os problemas que o tema envolve e quais as implicações da escolha. Se o aluno não tiver domínio do tema, o correto é direcionar para a área que tenha afinidade de forma a harmonizar os conhecimentos e habilidades adquiridos na graduação. Depois da escolha do tema, o problema é habitual: como iniciar o trabalho? Inicialmente o aluno deve possuir o hábito de trabalhar frequentemente em seu projeto, até mesmo nos momentos de falta de inspiração. Mesmo que isso seja elaborar a bibliografia, organizar citações, formatar o trabalho, não se deve terceirizar essas funções, uma vez que isso reforça o contato. É recomendado somente a correção de português, pois isso revela o respeito com o leitor. A primeira exposição que o acadêmico deve redigir é a justificativa do trabalho, depois o problema da análise, para realizar essa tarefa o acadêmico precisa ter muito claro o seu tema. Essa narrativa será utilizada diversas vezes, sobretudo na introdução e conclusão. A justificativa serve para definir a trajetória do trabalho de maneira a impedir que haja algum desvio de tema. É comum os acadêmicos transformarem variáveis em problemas, embora sejam importantes, não devem ser aprofundadas nesse momento, assim se torna importante ter claro o problema de investigação. Após tratar da justificativa o caminho enfrentar diretamente tema e problema, sem receio ou protelações. Uma das formas de enfrentar o problema é através de relatório, logicamente que a pesquisa não deve se resumir a isso, todavia é essa descrição inicial que permitirá que o acadêmico problematize o tema e a partir disso possa desenvolver reflexões. Assim, para iniciar o trabalho é eficaz, descrever o caso, por exemplo no caso do aborto anencefálico, o primeiro passo após a justificativa e a coleta de julgados (banco de dados) foi descrever os acórdãos de referência s, expor os casos narrando 1 - as decisões e as especificidades dos casos, 2 – os argumentos utilizados pelo juiz na sentença 3 – teses que originaram os recursos, hipóteses apresentadas pela defesa 4- conclusões dos desembargadores em cada caso específico. Essa descrição irá construir provavelmente o primeiro capítulo do trabalho, isso funciona de modo que nos próximos capítulos os leitores vão estar por dentro do assunto de maneira a realizarem reflexões. Outra dica é trabalhar com arquivos simultâneos, no inicio do trabalho o acadêmico irá se deparar com dúvidas, problemas e conclusões,contudo quando se está na descrição do tema não deve se expor essas questões nessa fase do trabalho. Todavia para que o aluno não se esqueça essas memórias, poderá criar arquivo simultâneo que identificará o caso e os apontamentos. Se o pesquisador for disciplinado e anotar tudo que se questionar, notará que no final da redação do capítulo (relatório) terá questionamentos suficientes para explorar a conclusão. As 3 fases de redações sugeridas não apenas esboçam uma monografia, como desenham sua estrutura, capítulo inicial justificativa, se refere a importância do tema, contexto que motiva a pesquisa e estado de investigações sobre o tema. Capítulo de desenvolvimento, narrativa dos casos, das teorias dos autores de referência, capítulo conclusivo, problematização com questionamentos e conclusões possíveis. Questões centrais na pesquisa: Tema, problema, objetivos, justificativa, metodologia. Os motivos apresentados ao longo desse texto explana a justificativa do trabalho. O ponto de partida de qualquer trabalho precisa ser o problema de pesquisa, ao longo dos anos verificando o modelo burocratizado de pensamento das faculdades, relacionado ao ensino jurídico ou da metodologia jurídica, especificamente no tema de monografia, foi possível estruturar um problema central. Como delimitação do tema, alternativas à padronização dos trabalhos. Já quanto a objetivos pretendeu explanar como a burocratização, se materializa nos trabalhos, em objetivos específicos, identificar os padrões que orientam a elaboração do trabalho, descrever as formas habituais de redação, localizar vícios nas abordagens, propor a apresentação de casos como forma alternativa, e ao fim demonstrar as virtudes de um trabalho empírico com devidamente fundamentado. A fim de desenvolver a estrutura, foi feito a divisão em duas partes, inicialmente a partir de um sumário fictício identificar os principais vícios de elaboração, posteriormente problematização das questões, justificar o motivo pelo qual entendo equivocado determinada construção. Na segunda parte, procurou demonstrar como é possível a elaboração a fim de transformar trabalhos. No momento principal do trabalho utilizaram-se como forma de abordagem ou estratégia metodológica os estudos de caso, de forma possibilitar visualização concreta de possibilidade de inexistir trabalho entediante e sem vida. Ademais, o orientando deve escolher seu tema e seu problema, a fim de mergulhar com vivacidade na pesquisa. Com objetivo de concluir o autor explana sobre métodos e fetiches metodológicos, a problemática da prevalência da forma em detrimento do conteúdo, a criminologia enfrenta profunda crise em decorrência do método. Conforme antecipou Nietzsche ‘’a ciência deveria ser ensinada como uma concepção entre muitas e não como o único caminho para a verdade e a realidade.’’ É injustificável que as aulas de metodologias se limitem a apresentação de técnicas burocráticas de preenchimento de formulário, sobretudo por haver diversas maneiras de transformar abordagens metodológicas através de experimentos. Essa escrita se objetivou através do modus habitual das faculdades, do ponto de vista do autor essa forma, não favorece o desenvolvimento da pesquisa, pelo contrário só reforça uma estagnação de pesquisa, dessa maneira cabe aos pesquisadores proporem alternativas.
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