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FICHA DESTAQUES / REFERENTE DE OBRA/ARTIGO/ ENSAIO EM FICHAMENTO: 1. NOME COMPLETO DO AUTOR DO FICHAMENTO: Juliano Chagas Mohr 2. OBRA/ARTIGO/ ENSAIO EM FICHAMENTO: SALO, Carvalho. Como não se faz um trabalho de conclusão. Editora Lumen Juris. Rio de Janeiro, 2011. 3. ESPECIFICAÇÃO DO REFERENTE UTILIZADO: Selecionar e registrar formulações da Obra/Artigo/Ensaio em fichamento, transcrevendo-as literalmente no item 4 desta Ficha, tendo como critério de escolha a sua contribuição para o estudo e auxílio de como começar o trabalho de conclusão de curso. "Como (não) se faz um trabalho de conclusão - provocações úteis para orientadores e estudantes de Direito (especialmente das Ciências Criminais)". 4. DESTAQUES CONFORME O REFERENTE: 4.1 “O primeiro alerta que gostaria de fazer é o da necessidade de se respeitar a história. Impressiona como nossos trabalhos acadêmicos conseguem percorrer séculos em páginas, movidos pelo sincero sentimento de que estão narrando o desenvolvimento histórico do tema escolhido. (...) O modelo corrente de iniciar os trabalhos de conclusão não permite ao seu autor perceber minimamente que é impossível tratar determinados períodos históricos como blocos harmônicos e monopolísticos. Como se o direito romano da antiguidade não houvesse sido vivo e em constante movimento...”. (p. 08) 4.2 (...) Não restam dúvidas de que entre o direito legislativo e o direito vivo existem lacunas e contradições muitas vezes insuportáveis, Todavia, esquecendo esta premissa básica ensinada pela sociologia do direito e embriagados pelo fetiche legalista, inúmeros trabalhos de conclusão expõe a lei vigente no país como se refletisse sua eficácia. (...) No formato em que as pesquisas jurídicas se consolidaram no Brasil é praticamente impossível um trabalho de conclusão não apresentar o rol de princípios que fundamentam e/ou que informam o tema. E não invariavelmente estes princípios são dispostos de forma isolada, em capítulo exclusivo, normalmente no início dos trabalhos. De forma alguma estou negando a importância dos princípios orientadores, sejam os constitucionalmente dispostos ou os supraconstitucionais. (p. 13) 4.3 (...) os princípios devem percorrer transversalmente a análise do tema, proporcionando espécie de costura ao texto. Assim, não há como dissociar o tema da sua principiologia fundadora. O tem de pesquisa deverá ser, a todo instante, refundado pelos princípios que os sustentam e, paralelamente, os problemas de interpretação e de aplicação do direito deverão ser tensionados ao máximo a partir dos princípios. Os valores e os princípios que norteiam o tema que constitui o trabalho não podem, portanto, ficar isolados, desconectados dos problemas que o trabalho apresentará. (p. 14) 4.4 O uso acadêmico da jurisprudência, portanto, não pode ser exclusivamente instrumental, inserido apenas como mais um argumento para amparar a hipótese central defendida no trabalho. Se assim for, a inserção da fonte jurisprudencial será um mero apêndice da pesquisa. Entendo que são no mínimo duas as formas de trabalho possíveis com decisões judiciais: a exploração de temas a partir de correntes jurisprudenciais ou estudo de casos jurisprudenciais de referência. (p. 20) 4.5 Na atualidade, com as ferramentas de pesquisa disponíveis, qualquer tentativa de justificação da ausência de bibliografia atualizada é inválida. O acesso a informação possibilitado pela internet simplesmente torna inadmissível que o pesquisador não tenha conhecimento pleno e atualizado das pesquisas que estão sendo produzidos sobre o seu tema nos principais centros de investigação no mundo. (p. 22) 4.6 Fundamental destacar, portanto, com muita clareza para que este texto não seja mal compreendido, que o mero levantamento bibliográfico não constitui um trabalho teórico. Trabalhos teóricos implicam reflexões profundas sobre temas e problemas e são muito bem vindos na academia. No entanto, não se pode confundir trabalho teórico de reflexão e tensão de problemas, com mera revisão bibliográfica. Assim como não se pode confundir relatório de pesquisa com pesquisa empírica. (p. 31) 4.7 (...)uma das formas de enfrentar tema e problema de pesquisas é através do relatório. Conforme antecipei na primeira parte deste texto, de forma alguma uma pesquisa acadêmica pode ser restringida ao relatório. Mas seja um relatório de pesquisa teórica (revisão bibliográfica) ou um relatório de pesquisa empírica, é esta descrição inicial que permitirá, posteriormente, que o aluno problematize o tema, contribua academicamente e, sobretudo, desenvolva suas habilidades de reflexão. Assim, uma das formas mais simples e eficazes de iniciar-se a redação é a descrição do caso. (p. 114) 4.8 Outra dica que creio ser bastante útil é a de trabalhar como arquivos simultâneos. Inegavelmente o pesquisador, durante a etapa inicial do trabalho (narrativa), será interpelado por dúvidas, problemas e conclusões parciais. São circunstâncias naturais de pesquisa e absolutamente necessárias para o desenvolvimento do trabalho. (p. 115) 4.9 Importa repetir, porém, que em face da profundidade e da extensão da crise, os centros de excelência – e não apenas os brasileiros (importante que se diga em razão da subserviência teórica exercida por parte significativa da doutrina nacional) – se encontram consumidos por esta lógica de pasteurização da construção do saber. Não por outro motivo que o discurso jurídico – seja dos atores que atuam no cotidiano forense (operadores do direito), seja dos pensadores que definem os parâmetros acadêmicos (professores) – encontram-se cada vez mais distante da realidade, apegado a questões que na maioria das vezes pouco importam às pessoas que efetivamente necessitam de respostas para os seus problemas e que aportam ao judiciário. (p. 117) 4.10 A redação de um trabalho de pesquisa deve construir-se como atividade lúdica, que envolva e implique orientador e orientando. As fórmulas e padronizações que têm sido universalidades como ‘os’ modelos de trabalhos de conclusões refletem o extremo oposto: pesquisas entediantes e sem vida. Assim, a principal dica que eu poderia oferecer ao final desse texto é: “escolha um tema eu te mova, que te empolgue, que te faça sair do lugar comum; problematize este tema sem pudores, mergulhe com vivacidade na pesquisa.” (p. 123) SOBRE OS DESTAQUES SELECIONADOS E SUA UTILIDADE PARA A PESQUISA E/OU A APRENDIZAGEM EFETIVA HAVIDA COM O FICHAMENTO: Como (não) se faz um Trabalho de Conclusão, procura problematizar as formas usuais de redação das monografias de graduação. O autor procura demonstrar como a redação do trabalho de conclusão pode ser prazerosa e que a sua monografia não seja uma mera repetição de trabalhos de referência. O livro procura apontar os inúmeros equívocos derivados da supervalorização dos procedimentos de investigação e propor algumas alternativas viáveis para romper com esta herança burocrática que é uma das responsáveis pela estagnação da pesquisa. Dessa forma, o autor contribui com dicas valiosas, a fim de enfrentar as barreiras iniciais do trabalho de conclusão e, que são questões centrais da pesquisa como tema, problema, objetivos, justificativa e metodologia. Ao final, enfatiza a importância de buscar um tema que se tenha real afinidade, para que a redação do trabalho de pesquisa seja desenvolvida de forma lúdica entre orientador e orientando, que esta, contribua academicamente e, sobretudo, desenvolva suas habilidades de reflexão. 7. OUTRAS OBSERVAÇÕES: Não há. Balneário Camboriú, 05 de setembro de 2018. ____________________________ Juliano Chagas Mohr