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“a pena é um mal que se impõe por causa da prática de um delito. Conceitualmente, a pena é um castigo.” Alf Ross; “sem a pena não seria possível a convivência na sociedade de nossos dias.” Muñoz Conde; Teoria absoluta ou Retributiva da pena É atribuída à pena, exclusivamente, a difícil incumbência de realizar a justiça. A pena tem como fim fazer Justiça, nada mais. A culpa do autor deve ser compensada com a imposição de um mal, que é a pena, e o fundamento da sanção estatal está no questionável livre arbítrio, entendido como a capacidade de decisão do homem para distinguir entre o justo e o injusto. • A necessidade de restaurar a ordem jurídica interrompida; • O Estado, tendo como objetivo político a teoria do contrato social, reduz sua atividade em matéria jurídico-penal à obrigação de evitar a luta entre os indivíduos agrupados pela ideia de consenso social; • A culpa do autor deve ser compensada com a imposição de um mal que é a pena; • Defensores dessa teoria: Carrara, Petrocelli, Maggiore e Bettiol na Itália, Binding, Maurach, Welzel e Mezger na Alemanha, mas, principalmente, Kant e Hegel. • Entre os defensores das teses retribucionistas da pena destacam-se dois dos mais expressivos pensadores do idealismo alemão: Kant e Hegel; *Enquanto em Kant a fundamentação da pena é de ordem ética, em Hegel é de ordem jurídica. Kant • Kant entendia que o réu deve ser castigado apenas por ter delinquido, pois quem não cumpre as disposições legais não é digno do direito de cidadania. Kant compreendia a lei como um imperativo categórico, isto é, como aquele mandamento que representasse uma ação e si mesma, sem referência a nenhum outro fim, como objetivamente necessária. • A visão kantiana não estabelece nenhuma consideração sobre a utilidade da pena. Hagel • Sua tese sobre a pena resume-se em sua conhecida frase: “a pena é a negação da negação do direito”. Hegel também é partidário de uma teoria retributiva da pena. O fundamento da pena em Hegel é jurídico, já que ela se destina à restabelecer a vigência da vontade geral, que é a lei, negada que fora pela vontade do delinquente. • Obs: Em verdade, Kant e Hegel atribuem à pena um conteúdo talional. Método Dialético hegeliano aplicado à ideia do Direito Penal: TESE: está representada pela vontade geral, pela manutenção da ordem jurídica; ANTÍTESE: resume-se no delito como a negação do mencionado ordenamento jurídico; SÍNTESE: vem a ser a negação da negação, ou seja, a Pena como castigo do delito. Teorias Preventivas da Pena “Nenhuma pessoa responsável castiga pelo pecado cometido, mas sim para que não volte a pecar”. (Sêneca) Nas duas teorias (retributiva e preventiva), a pena é considerado um mal necessária. No entanto, para as teorias preventivas, essa necessidade de pena não se baseia na ideia de realizar justiça, mas na função de inibir, tanto quanto possível, a prática de novos crimes. Prevenção Geral: Feuerbach foi o formulador da “teoria da coação psicológica”, uma das primeiras representações jurídico-científicas da prevenção geral. Segundo esta teoria, a pena é, efetivamente, uma ameaça da lei aos cidadãos para que se abstenham de cometer delitos; é, pois, uma coação psicológica com a qual se pretende evitar o fenômeno delitivo. • Destacam-se entre os defensores da teoria da prevenção geral da pena, entre outros, Beccaria, Bentham, Feuerbach, Filangieri e Schopenhauer; • As Ideias prevencionistas desenvolveram- se no período do iluminismo, na transição do Estado absoluto ao Estado liberal. Neste momento é substituído o poder físico sobre o corpo pelo poder sobre a alma, sobre a psique. O pressuposto antropológico supõe um indivíduo racional, que a todo momento pode comparar, calculadamente, vantagens e desvantagens da realização do delito e da imposição da pena; • A prevenção geral fundamenta-se em duas ideias básicas: a ideia da intimidação e da utilização do medo, e a ideia da ponderação da racionalidade do homem; • Para esta teoria, a ameaça da pena produz no indivíduo uma espécie de motivação para não cometer delitos. • A teoria em exame não demonstrou os efeitos preventivos proclamados. É possível aceitar que o homem médio em situações normais, seja influenciado pela ameaça da pena, mesmo assim, há exceções. Prevenção Especial: procura evitar a prática do delito, mas, ao contrário da prevenção geral, dirige-se exclusivamente ao delinquente em particular, objetivando que este não volte a delinquir. A prevenção especial não busca a intimidação do grupo social nem a retribuição do fato praticado, visando apenas àquele indivíduo que já delinquiu para fazer com que não volte a transgredir as normas jurídico-penais. • Tendo como uma das bases a Teoria da Nova Defesa Social, a prevenção especial tinha como interesse jurídico-penal não a intimidação da dos membros da sociedade ou a restauração da ordem jurídica. A pena, segundo esta nova concepção, deveria concretizar-se em outro sentido: a defesa da nova ordem, a defesa da sociedade. O delito não é apenas a violação à ordem jurídica, mas antes de tudo, um dano social, e o delinquente é um perigo social. Teoria Mista ou Unificadora da Pena Sem desprezar os principais aspectos das teorias absolutas e relativas, como é intuitivo, as teorias mistas ou unificadoras buscam reunir em um conceito único os fins da pena. • A doutrina unificadora defende que a retribuição e a prevenção, geral e especial, são distintos aspectos de um mesmo fenômeno que é a pena. • as teorias unificadoras acolhem a retribuição e o princípio da culpabilidade como critérios limitadores da intervenção da pena. Prevenção Geral Positiva: As teorias unificadoras não obtiveram o êxito desejado junto aos doutrinadores da época, que continuaram os estudos e pesquisas para uma perfeita teoria sobre os fins da pena. Da insatisfação reinante, dos estudos e pesquisas que nunca cessaram, surge a teoria da prevenção geral positiva, que se apresenta com duas subdivisões: prevenção geral positiva fundamentadora e prevenção geral positiva limitadora. Prevenção Geral Positiva Fundamentadora: É denominada como ideia de reafirmação do ordenamento jurídico. Cria para o direito penal uma função ético-social de garantia de valores e para a pena a função de reafirmar a ordem violada, reforçando junto aos membros da coletividade a validade das normas. Conforme aponta o autor, esta concepção aproxima-se da teoria hegeliana, para a qual a pena é negação da negação do direito. Prevenção Geral Positiva Limitadora: A defesa dessa orientação, baseia-se fundamentalmente, que a prevenção geral deve expressar-se com sentido limitador do poder punitivo do Estado. A pena deve manter-se dentro dos limites do Direito Penal do fato e da proporcionalidade, e somente pode ser imposta através de um procedimento cercado de todas as garantias jurídico-constitucionais. Criminologia Crítica e o Mito da Função Ressocializadora da Pena • A partir do século XIX a prisão torna-se a principal resposta penológica; • Acreditou-se que poderia ser um meio adequado para conseguir a reforma do delinquente; • Durante anos imperou um ambiente otimista, predominando a firme convicção de que a prisão poderia ser um instrumento idôneo para realizar todas as finalidades da pena, e que dentro de certas condições, seria possível reabilitar o delinquente; • O otimismo inicial desapareceu, predominando, atualmente uma atitude pessimista sobre os resultados que se possa conseguir com a prisão tradicional; • Pode-se afirmar que a prisão está em crise, e tal crise abrange o objetivoressocializador da pena privativa de liberdade; • Grande parte das críquestionamentos que se fazem à prisão refere-se à impossibilidade (absoluta ou relativa), de obter algum efeito positivo sobre o apenado; • A criminologia crítica não admite a possibilidade de que se possa conseguir a ressocialização do delinquente numa sociedade capitalista; • A instituição carcerária, que nasceu junto com a sociedade capitalista, tem servido como instrumento para reproduzir a desigualdade e não para obter a ressocialização; • A estigmatização e o etiquetamento que sofre o delinquente com sua condenação torna muito pouco provável sua reabilitação; • Depois de iniciada uma carreira delitiva é muito difícil conseguir ressocialização; • Como ressocializar aquele que não se socializou?
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